Perfeição Rose Madeo
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Informações Editoriais Todos os Direitos Reservados © Rose Madeo, 2016 Autora: Rose Madeo Layout: Anne Mendes Diagramação e Capa: Luna Meyer
Sobre a Editora A Editora Parada Lésbica tem como foco principal ser um espaço de apoio e divulgação para a literatura voltada a mulheres homoafetivas, além de prestar apoio para as autoras deste segmento. Estamos vinculadas ao portal Parada Lésbica. Visite nosso site e saiba mais: http://editora.paradalesbica.com.br
Sobre a Autora Rose Madeo é paulistana, radicada em Maricá, Rio de Janeiro, lésbica, casada. Começou a escrever contos em 2010 e seus textos estão publicados em seu site oficial, além de ser colunista no site Parada Lésbica. Participou de 9 antologias literárias, sendo a única a participar com contos lésbicos. Duas dessas antologias foram lançadas na Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Site oficial: http://rosemadeo.com
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Capítulo 1 – O que?! Você está querendo dizer que estou demitida? – Não quero dizer, Clara! Estou dizendo. – Ah, que ótimo! Tudo porque não fiz exatamente como você queria, não é mesmo? – É mesmo. Sou seu chefe e você não soube respeitar isso. – Ah, claro! Respeitar o chefe é ter que ir pra cama com ele, levar cafezinho assim que ele chega ao escritório, sentar no colo dele, e dizer amém a tudo o que o ele diz. Eu realmente não sei respeitar isso e se for assim, jamais vou aprender. – Se eu disser que sinto muito, estarei mentindo. – Não! Não sinta! Na verdade, você está me fazendo um grande favor. Clara sai da sala do seu ex-chefe, pega suas coisas em sua ex-mesa e antes de sair, se despede de seus ex-colegas. Chega ao seu apartamento, na zona sul do Rio de Janeiro, coloca a caixa com suas coisas sobre uma mesa e vai para o quarto. Quando entra, se depara com uma cena inacreditável. – Clara? A mulher se levanta da cama, se veste, e vai em direção à Clara. – Deixe-me explicar… – Não tem o que explicar. Clara sai do quarto, voltando para a sala, sendo seguida pela mulher. – Eu ia te contar, Clara. Desculpe-me!
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Clara dá uma bofetada na mulher. – Ia me contar que você está transando com uma piranha na nossa cama? – Deixe-me falar… – Falar o que, Elenice? Meu Deus! Há quanto tempo isso está acontecendo? – Há alguns meses. – Meses? Você está me traindo há meses? E aqui? No nosso apartamento? Na nossa cama? Vagabunda! Clara esbofeteia a mulher de novo. – Pare de me bater, Clara. – Você merecia ser espancada por trair sua mulher na própria casa. – Esta casa não é sua. É minha! Lembra-se disso? Aliás, quero que você deixe o apartamento. – Como é?! – Este apartamento não é nosso, como você diz. É meu! E Bruna vai morar aqui comigo. – Sua piranha tem um nome. Que ótimo! – Deixe de cinismo. Não queria que você descobrisse assim, mas agora você já sabe. Vou te dar uma semana para arrumar um lugar para morar. – Uma semana? Muito gentil de sua parte, mas não preciso de uma semana, estou saindo agora mesmo. Clara volta ao quarto, abre as portas dos armários, pega uma mala e algumas roupas e sapatos, e coloca tudo na mala. Olha para a garota na cama, se aproxima e arranca o roupão que ela está vestindo. – Isso é meu, piranha.
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Guarda o roupão, e sai. – O que mais pode me acontecer hoje? Que droga! Entra no seu carro, pega o celular e liga para sua amiga. – Oi, Duda. Preciso de um lugar para ficar, é temporário. – O que aconteceu? – Posso ir para a sua casa? Depois te conto tudo. – Claro que pode! A faxineira está lá, vou telefonar para ela te deixar entrar. – Obrigada, amiga. Clara vai para a casa de sua melhor amiga, Maria Eduarda. No final da tarde, Maria Eduarda chega à sua casa. – O que houve, amiga? – Sabe aqueles dias em que tudo acontece de uma vez? Pois é! Hoje foi esse dia. Não fui pra cama com meu chefe, então ele me demitiu. Fui para casa e encontrei Elenice na cama com uma garota. – Que desgraçada! Ah, amiga! Sinto muito! Maria Eduarda abraça Clara, tentando confortá-la. – Você pode ficar aqui o tempo que precisar. Aliás, você até pode morar comigo! Lembra quando ainda estávamos na faculdade e combinamos de morar juntas? Eu, você e as meninas? – Obrigada! Só você mesma pra me levantar o astral.
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– E agora? Como fica nossa viagem? Clara se levanta e diz: – Não muda nada. Agora, mais do que nunca, preciso dessa viagem. Você acha que vou ficar chorando pelos cantos, me sentindo a vítima? Me lamentando? Parece que você não me conhece! – Eu sei, Clara. – Dei 5 anos da minha vida para aquela agência. Quando pensei que ia ser promovida, colocaram aquele babaca como chefe. Um incompetente, arrogante, se acha o cara mais gostoso da face da terra. Não dou 2 meses para aquela agência falir. Você vai ver. – E Elenice? Que traidora! – Essa aí também vai ter o que merece. Você precisava ver a cara da piranha. Novinha, bonitinha, mas ordinária. E para piorar, ela estava usando o meu roupão predileto. Aliás, preciso lavar e desinfetar. Mas tudo bem. Minha mãe sempre dizia que há males que vem para o bem. – Admiro essa força que você tem. Logo você consegue um novo emprego e bem melhor! Enquanto isso, pode contar comigo. – Obrigada, minha amiga! Os dias se passaram. Após receber a rescisão, Clara separou uma parte para se manter, até conseguir outro emprego, e outra parte, ela aplicou. Ela continuava morando com Maria Eduarda. Cinco amigas: Clara, Maria Eduarda, Felícia, Andréa e Bárbara. Se conheceram na faculdade, e desde então, se tornaram inseparáveis. Todo ano, nas férias, elas viajavam para diferentes lugares do Brasil. Uma semana antes da viagem, elas se reuniram na casa de Maria Eduarda. – Quer dizer então, Clara, que você agora está no nosso time – as
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encalhadas! – Pára com isso, Felícia! Não somos encalhadas, isso é uma opção. – Não foi opção de Clara, ela foi traída. – Felícia? – Repreendeu Maria Eduarda. – Ah! Desculpe-me, Clara! Eu sou uma burra mesmo! – Não tem problema, Felícia. Sobre eu ser traída, você está certa. Mas encalhada… Não sou. Nem estou. Agora só quero me divertir. Paquerar muito, beijar muito, seduzir muito e não me envolver nada. Meu relacionamento com Elenice já estava desgastado. Nos 8 anos em que ficamos juntas, posso afirmar que tivemos bons momentos, mas acabou. Gostaria que não tivesse terminado dessa maneira, mas… – Bom, vamos falar do que interessa. Nossa viagem! Estou tão ansiosa! Inverno – Gramado – Rio Grande do Sul – Nossa! O hotel é mais lindo do que nas fotos! – Nem acredito que estamos aqui! – Podemos entrar? Está muito frio! As 5 amigas fazem o check in, e são levadas para os quartos. Clara e Maria Eduarda ficaram em um quarto, e as outras 3 amigas em outro. À tarde, no mesmo dia em que chegaram ao Hotel, foram levadas para conhecer Gramado. A cidade está localizada na Serra Gaúcha e fica a 130 km de Porto Alegre. Com forte influência alemã e italiana, o que se reflete especialmente na culinária e na arquitetura urbana e rural. – Isso aqui é muito lindo! – Lindo sim! Mas muito frio. – Pare de reclamar, Felícia! – Mas eu estou com frio!
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O guia turístico leva os turistas para tomarem uma bebida quente. As amigas tomaram chocolate quente com rum. – Delícia! – E quente! O problema é sair daqui quentinha e enfrentar o frio que está lá fora. – Felícia! – Gritam as amigas. Após o passeio, quando voltam para o Hotel, elas são abordadas por uma simpática recepcionista. – Com licença, senhoras! Hoje à noite, teremos uma festa de boas vindas para os hóspedes. A festa será em uma fazenda próxima daqui e teremos carros para levar os convidados. Gostaria de saber se estão interessadas, para que eu anote os nomes de vocês, pois, há limite de convidados. – Claro! Pode anotar nossos nomes! – Espera! À noite aqui costuma fazer mais frio, não é? – Sim! E hoje a previsão é de 2 graus abaixo de zero. – O que? Vou morrer de frio! – Gritou Felícia. – Não vai morrer de frio. – Falou a recepcionista, sorrindo. – A festa será dentro da casa, que é muito aconchegante. – Tem cama e aquecedor? As amigas olham para Felícia com um olhar desaprovador. – Pode colocar nossos nomes. Iremos todas. – Falou Maria Eduarda. As amigas entram no elevador. – Caramba, Felícia! Você reclama demais!
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– Eu não gosto do frio e avisei vocês. Eu queria ter ido para o Nordeste, onde há sol e calor. – Mas o legal é isso! Moramos no Rio de Janeiro onde temos sol e calor o ano todo. Queríamos um lugar diferente, e romântico. – Falando em romantismo… Vocês viram que gracinha é a recepcionista? Será que ela dançaria comigo esta noite? – Andréa, por favor, não vai arrumar confusão como na última viagem. Lembra? – Poxa! Eu não sabia que a guia turística era casada, muito menos com homem. Ela deu mole, eu peguei. Ela era uma gostosura! E se a nossa recepcionista der mole, eu pego também. Afinal, viemos nos divertir ou não? As amigas riem. – Está bem! Mas tente saber antes, se ela é casada, ok? – Deixa comigo! – Respondeu Andréa, com um sorriso malicioso. Chegaram à fazenda. A propriedade era enorme! O jardim imenso, estava decorado magnificamente. A casa era linda! Ficava em frente a um lago e rodeada pelo jardim.
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Capítulo 2 – Meus deuses! Isso parece um castelo! – Que casa linda! Um sonho! – Quem seria o dono ou a dona dessa belezura? – Podemos entrar? Estou congelando! Ao entrarem, foram recebidas pela recepcionista que as informou sobre a festa. – Sejam bem vindas! Reservei uma mesa para vocês. Elas acompanharam a moça até um grande salão e sentaram-se. – A comida está naquela mesa, podem se servir à vontade. Vou pedir que um garçom venha anotar seus pedidos para as bebidas. Qualquer coisa que precisarem, é só me chamar. – Qual o seu nome? – Perguntou Andréa. – SAndra. – Lindo nome! – Obrigada! – Respondeu Sandra, com um sorriso encabulado, e saiu. – Viram o sorriso dela? Essa menina é linda demais! – Andréa, você prometeu saber se a garota é casada. Tome cuidado! Um garçom anotou os pedidos das 5 amigas, e retornou rapidamente. – Vou comer! Estou faminta! – Disse Clara, levantando-se e indo em direção à mesa, seguida pelas amigas.
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Elas comeram e beberam, e depois foram dançar. Uma banda tocava músicas dos Anos 70, 80, 90 e atuais. Voltaram à mesa e se sentaram. – Estão se divertindo? Precisam de alguma coisa? – Está tudo maravilhoso, Sandra! Diga-me! Quem é o proprietário dessa fazenda? – A mesma pessoa que é dona do hotel onde estão hospedadas. – E quem é essa pessoa? – Logo vocês saberão. Daqui a pouco ela estará aqui. Sandra sai e Andréa a segue. – Um momento, por favor. Você é casada, Sandra? – Não, senhora. – Tem namorado? – Também não. – Namorada? Sandra sorri e responde. – Não. – Você está livre, sem compromisso? – Meu único compromisso é com o meu trabalho. – Você poderia dançar comigo? Uma música pelo menos. – Talvez mais tarde. – Ótimo! Quando estiver pronta, é só me procurar. – Está bem. Agora preciso ir.
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Andréa volta à mesa. – Ela não é casada, não tem namorado, nem namorada. Livre e desimpedida. E disse que vai dançar comigo. Isso não é extraordinário? – Bom, pelo menos agora, você fez a coisa certa. Boa sorte, amiga! Estavam dançando, quando de repente, Clara olhou para a porta de entrada do salão e viu uma pessoa caminhando, como se estivesse em câmera lenta. Clara ficou paralisada e continuou olhando para a pessoa, que se aproximava lentamente. – Boa noite, Clara! Posso dançar com você? Era uma mulher. Alta, morena, com cabelos curtos e repicados, com alguns fios caindo sobre sua testa. Seu olhar era penetrante, e seu sorriso convincente. O vocalista da banda começou a cantar a música dos Scorpions, When You Came Into My Life. Clara aceitou o convite e se aconchegou no corpo daquela linda mulher. Elas se olhavam fixamente. Clara sentiu sua respiração mudar, como se estivesse sem ar. Mas o momento era mágico, sublime e incomparável com tudo o que ela havia vivido antes. Não trocaram uma palavra. Não precisavam. Seus olhares diziam tanta coisa! A música parou. A linda mulher beijou a mão de Clara e saiu, indo cumprimentar os convidados. A princípio, na pista de dança, depois, foi de mesa em mesa. – Clara? Você está bem, amiga?
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– Quem é ela? De onde ela surgiu? – Bem, ela está cumprimentando as pessoas, talvez ela seja a nossa anfitriã. – Ela é… Ela tem… Ela parece… – Acho que você bebeu demais, Clara. Vamos nos sentar. Maria Eduarda leva Clara para a mesa. – O que você tem, Clara? Está se sentindo mal? – Perguntou Bárbara. – Não. Estou ótima! Por que pergunta? – Você está pálida e com um olhar distante. Tem certeza que está bem? – Estou muito bem. Eu só queria saber quem é ela. – Ela quem? – Aquela mulher que dançou comigo. Ela sabia meu nome. – Como falei, talvez ela seja a nossa anfitriã e por isso sabe seu nome, deve saber o nome de todos os convidados. – Não é só isso… Tem algo a mais… Eu senti uma coisa… – Coisa? – É! Uma coisa estranha, diferente… Não sei explicar. – Clara, será que essa coisa que você sentiu não seria… Tesão? – Pára com isso, Andréa! Estou falando sério… Olha! Ela está vindo para cá. A mulher chegou acompanhada de Sandra. – Senhoritas, apresento-lhes nossa anfitriã, Alice Rubinstein. – Não falei? – Cochichou Maria Eduarda no ouvido de Clara. – É um prazer conhecê-las! Estão se divertindo? – Muito! A festa está linda, a comida é muito boa e seus vinhos são
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extremamente deliciosos. É um prazer conhecê-la, Alice! Sou Maria Eduarda, e essas são as minhas amigas Felícia, Andréa, Bárbara e… – Clara. – Disse Alice, sorrindo. – Peço que não se acanhem em pedir qualquer coisa que quiserem. Se não estiver ao nosso alcance, providenciaremos. Obrigada pela presença de vocês. Alice e Sandra estavam saindo, quando Clara a chamou. – Espere! – Depois, Clara. Depois. – Disse Alice, se dirigindo à outra mesa. – Viram? Ela falou o meu nome. – Sim! E daí? – Vocês não estão entendendo. Ela sabia o meu nome e os de vocês não. – Não sabemos dizer se ela não sabia nossos nomes. Eu falei o nome de todas e… – E ela só disse o meu. – Clara, acho que você está imaginando coisas. Relaxe e curta a festa. Venha, vamos dançar. Clara estava intrigada, mas aceitou o convite de Maria Eduarda e todas foram dançar. Algum tempo depois, Sandra falou com Clara. – Por favor, senhorita, pode me acompanhar? – Pra onde? – Por gentileza, siga-me. Clara seguiu Sandra. Saíram do salão, entraram em um pequeno hall onde havia uma grande escada, e subiram. Sandra bateu à porta de um dos cômodos.
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– Com licença, Alice. Ela está aqui. – Obrigada, Sandra! Pode ir agora e, por favor, veja se as simpáticas amigas de Clara precisam de alguma coisa. Sandra saiu. Alice pediu que Clara se sentasse e lhe ofereceu uma taça com vinho. – Obrigada. Por que estou aqui? – Acalme-se, Clara! Pedi que a trouxesse aqui para conversarmos. – Conversarmos? Sobre o que? Alice sorriu e se aproximou de Clara, abaixando-se ao lado de sua poltrona. – Você é tão linda, Clara! E o seu perfume… Hmmm! Estonteante! Clara suspirou, e levantou-se, afastando-se. – O que você quer? – Já disse! Conversar. – Fale logo! Minhas amigas vão ficar preocupadas comigo. Alice chegou perto de Clara e colocou sua mão nos cabelos dela. – Você tem cabelos lindos! E cheiram muito bem também. – Por acaso você é cabeleireira? Alice riu.
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– Não! Estou apenas te admirando e… Tentando acreditar que isso não é mais um sonho. Alice começa a beijar o pescoço de Clara, arrepiando-a. – O que está fazendo? Alice puxa Clara para seu corpo, e a abraça. Clara sente suas pernas bambas, e seu corpo estremece. Sentindo isso, Alice continua beijando seu pescoço, apertando Clara contra seu corpo e passando suas mãos por suas costas. – Se pretende me beijar, beija logo! – Disse Clara, com a voz rouca. Elas se olham. Alice sorri e a beija. Clara corresponde àquele beijo sensual e apaixonado. O beijo foi longo e excitante. As duas soltaram gemidos baixinhos, como se quisessem esconder as sensações sentidas. Alice foi empurrando Clara lentamente para o sofá e se deitaram. O beijo continuava, e Clara se deixava seduzir por essa mulher intrigante e sedutora. De repente, as duas estavam nuas e se amando. Clara gemia aos toques de Alice. Sentia arrepios por todo o corpo e tremia! Alice tocava Clara como se fosse um objeto frágil, quebrável. Suas mãos deslizavam suavemente pelo corpo de Clara e sua boca beijava cada centímetro daquele corpo tão desejado. E Clara se entregava! Sem medo… Sem pudor… Com desejo! Clara ficou sobre Alice e beijou sua boca, seu pescoço, seus seios, e foi descendo, devagar… Ao chegar em sua parte íntima, Clara olhou para Alice e sorriu maliciosamente. Alice gritou, enlouquecida.
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Depois de saciadas, elas ficaram deitadas de lado, olhando-se. – O que foi isso? – Amor, Clara! Amor! Alice abraçou Clara fortemente. Durante algum tempo, elas ficaram se olhando e sorrindo e… Felizes. – Alice… – Sim, Clara. – Temos que ir. – Não temos não. – Você talvez não, mas eu preciso. Alice se levantou. – Está bem. Elas se vestiram e, antes de saírem, se beijaram. Desceram as escadas e voltaram ao salão. – Ah! Até que enfim! Onde você estava? – Conversando com Alice. – Conversando. Sei. – Maria Eduarda sorriu. – E podemos saber qual era o assunto? Alice interrompeu. – Gostariam de almoçar comigo amanhã? – No hotel?
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– Não, aqui. Eu teria um enorme prazer se aceitassem o meu convite. – Esse convite se estende a todas nós ou é apenas para Clara? – Falou Maria Eduarda, sorrindo. – Estou convidando todas vocês. Aceitam? As amigas se olharam. Elas se entendiam muito bem pelo olhar. – Aceitamos. A que horas? – Um carro vai buscá-las no hotel às 13 horas. É muito cedo para vocês? – Não. Treze horas está ótimo. – Perfeito! Então… Até amanhã. – Até daqui a pouco, você quer dizer. Já viram que horas são? Passa das 3 horas. Estou cansada, com sono, com frio e… – Felícia! – Falaram as amigas ao mesmo tempo. Alice dá um beijo na boca de Clara e sai. Clara sente seu rosto queimando. – Meus deuses! O que foi isso? – Perguntou Andréa. Clara não responde nada, apenas sorri. Sandra providenciou um carro para levá-las de volta ao hotel. Ao chegarem, todas entraram no quarto de Clara e de Maria Eduarda, e começa um interrogatório. – Quero saber tudo o que aconteceu entre você e Alice. – Falou Maria Eduarda. – Isso mesmo! Pode ir contando tudo! Sobre o que conversaram? – Disse Andréa.
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– Conversaram uma ova! Elas transaram, tenho certeza! – Falou Felícia. – Ah! Que lindo! Como foi, Clara? Ela é carinhosa? – Disse Bárbara. Clara ri com a curiosidade das amigas. – Foi… Um sonho! – E? – É isso! Um sonho! Um sonho lindo e real! Preciso dizer mais alguma coisa? – Não. Não precisa dizer mais nada. Já entendemos, não é amigas? – Como assim? E os detalhes? – Felícia, imagine um sonho lindo e você entenderá os detalhes. Agora vamos dormir. Andréa, Felícia e Bárbara foram para os seus quartos. Clara e Maria Eduarda tomaram banho, se deitaram e dormiram rapidamente. – Não! Por favor, não! – Clara, acorde! Clara acorda chorando e abraça Maria Eduarda. – Calma! Foi só um pesadelo. – Parecia real! Meu Deus! Alice… Ele matou Alice. – Ele quem? – Um homem, ele estava vestido com roupas estranhas. Alice e eu também. Estávamos andando a cavalo, havia um grande campo e Alice e eu paramos para apreciar as flores. Foi quando este homem apareceu do nada, e atirou em Alice. Ela caiu, e quando eu cheguei perto dela, ela… Ela morreu.
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– Calma, amiga! Foi somente um pesadelo. Alice está bem e deve estar dormindo agora. Durma também. Estou aqui, fique tranquila, ficarei com você até que durma.
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Capítulo 3 Na fazenda, pouco antes do almoço. – Você tem certeza disso, Alice? – Absoluta! – Mas eu acho que você deveria conhecê-la melhor, não tiveram tempo para… – Marco Antônio… Diga-me! Quando foi que você me viu enganada com algo ou com alguma pessoa? – Nunca, mas… – Acredite! Sei do que estou falando. – Não sei, fico preocupado. – Não fique. Faça o que estou pedindo, e tudo dará certo. – É você quem sabe. Espero que você esteja certa. – Estou meu amigo. Estou. No hotel. – Clara você está melhor? Duda nos contou que você teve pesadelos durante a noite. – É verdade, mas estou bem agora. – Podemos descer? Logo o carro virá nos buscar. As amigas aguardam no saguão do hotel. Logo o carro que irá levá-las à fazenda chega. – Sejam bem vindas novamente! – Obrigada, Alice!
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Clara e Alice trocam olhares. Alice sorri. À mesa, elas conversam. – Como se conheceram? – Pergunta Alice. – Na faculdade. Clara e eu nos conhecemos primeiro. Depois vieram Felícia, Andréia e Bárbara, e desde então, nunca mais nos separamos. – Respondeu Duda. – Vocês acham que a amizade de vocês será para sempre? Que nunca vão se separar? – Fizemos um pacto. Seremos amigas para sempre. Por que a pergunta? – Por nada, apenas curiosidade. Admiro amizade assim. Também tenho amigos eternos. – Diz Alice, sorrindo. O almoço foi tranquilo, e elas puderam se conhecer melhor. Sandra também estava à mesa, e Andréa não tirava os olhos dela. Após o almoço, Alice as levou para conhecer a casa e a propriedade. – Sua fazenda é maravilhosa! Parece um sonho! – Disse Bárbara. – A fazenda era de meu avô. Ele tinha paixão por tudo isso e, antes de morrer, me fez prometer que nunca eu iria me desfazer dela. Eu também adoro essa fazenda! Quando eu me for, farei com que a pessoa que herdar, prometa que jamais vai vendê-la. “Quando eu me for…” Clara sente um arrepio na espinha ao ouvir isso. Eram 5 horas da tarde e já estava escurecendo. Quando voltaram do passeio, a mesa estava posta para o lanche. Café, leite, chocolate quente, chás, bolos, torradas, geléia, manteiga, pães…
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– Mas o que é isso? Por acaso você está querendo nos engordar? – De forma alguma, Maria Eduarda! É costume tomarmos lanche à tarde, principalmente no frio. Mas se vocês não quiserem… – Claro que queremos! – Disse Bárbara, sentando-se à mesa. Depois do lanche, as amigas disseram que precisavam ir embora. – Alice, foi uma tarde maravilhosa. Obrigada! – Venham quando quiserem. Amanhã o hotel fará uma excursão para as cidades da Serra Gaúcha. Vocês vão? – Claro que sim! Estamos loucas para conhecer tudo! – Ótimo! Irei com vocês. Estavam se despedindo, quando Alice falou para Clara. – Fique. Preciso conversar com você. – Ficar? Mas… Minhas amigas… – Creio que elas não vão se incomodar. Vão? – Pergunta Alice, olhando para as meninas. – Claro que não! Pode ficar Clara. Isso se você quiser. Clara fica pensativa, e troca olhares com as amigas. Então ela decide. – Está bem. Eu fico. As amigas entraram no carro e foram embora. Alice leva Clara para o escritório, o mesmo da noite anterior.
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– Sinto que você não está à vontade comigo, Clara. – Não estou mesmo. Tenho muitas perguntas. – Pergunte o que quiser, se eu puder responder. Clara anda de um lado para o outro da sala. Olha os livros na estante, mexe em alguns objetos sobre a mesa, e depois volta a andar. – Devo te acompanhar nessa caminhada, Clara? – O que? Ah! Sim! Desculpe. Clara pára ao lado de uma mesa com um abajur e fica olhando para ele, como se quisesse uma luz… Alice se aproxima, e a abraça por trás. – Você não pode imaginar o quanto estou feliz por você estar aqui. Clara se vira, ficando de frente para ela. – Não sei explicar porque, mas eu também me sinto feliz por estar aqui com você. Elas se beijam. – Espere! – Disse Clara, se afastando. – Você disse que precisava conversar comigo. – Exato. E você tem perguntas para me fazer. Estou ouvindo. – Ontem, na festa, quando você chegou ao salão, você falou meu nome. Você sabia os nomes de todos os convidados? – Não. Só o seu e os de suas amigas. – Só?
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– Sim. – Por quê? – Porque eu já te conhecia, Clara. E conhecia suas amigas também. – Como? De onde? – Gostaria de se sentar? Beber alguma coisa? Um vinho? – Não. Responda. – Está bem. Vou te contar uma história. Alice se senta no sofá onde fizeram amor pela primeira vez e começa a falar. – Quando eu tinha 15 anos, meus pais morreram em um acidente de carro. Além deles, eu só tinha o meu avô, que me criou. Meu avô tinha uma pequena pousada, aqui mesmo em Gramado. Quando completei 16 anos, os sonhos começaram. – Sonhos? Você diz… Sonhos dormindo? – Sonhos mesmo, Clara. Às vezes, pesadelos. Eu sonhava com uma mulher. Sempre com a mesma mulher, não importava o sonho ou o pesadelo. Quando eu a via, meu coração disparava, eu ficava sem ar, eu sentia uma alegria infinita! Mas ela era sempre tirada de mim. – Tirada de você como? Ela morria? – Não. Eu morria! Clara lembrou-se de seu pesadelo e sentou-se ao lado de Alice. – Eu cresci, estudei, me formei e construí meu primeiro hotel. O hotel onde vocês estão hospedadas era a pequena pousada de meu avô. Depois, fui construindo, comprando e me tornando sócia de vários hotéis e pousadas espalhadas pelas cidades do Brasil. E essa mulher, continuava invadindo os meus sonhos. Por causa dos meus negócios, eu viajava para muitos lugares, inclusive para o exterior. E eu a procurava. Isso virou uma obsessão… Alguém bate à porta.
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– Com licença, Alice. Desculpe, mas Marco Antônio está ao telefone perguntando se deve vir para o jantar. – Sim. Ele deve vir. Sandra saiu. Alice se levanta e se serve de uma taça de vinho. – Posso servir uma para você? – Sim. Alice entrega a taça de vinho para Clara e diz: – Vamos brindar. – A que? – Aos encontros e reencontros! Após o brinde, elas tomam o vinho. – Continue contando a sua história. – Há 3 anos, eu fui visitar um de meus hotéis em Porto Seguro, na Bahia. Meu sócio queria vender a sua parte para um empresário argentino, mas eu comprei a parte dele e fiquei com o hotel só pra mim. – Gulosa você! – Disse Clara, sorrindo com deboche. – Você ainda não viu nada. Por um momento, elas ficam se olhando, e Clara sente uma vontade louca de beijar Alice. Mas pede para que ela continue falando. – Após assinarmos a papelada da transferência do hotel para o meu nome, resolvi passear pela cidade. Apesar de viajar bastante, dificilmente eu saio para conhecer os lugares. Nesse dia, eu saí. Foi quando eu vi a mulher dos meus sonhos. Linda! Alegre! Com o sorriso mais
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cativante e mais espontâneo que eu já tinha visto em toda a minha vida. E lembrei-me do quanto eu a amava. E amo! Alice olha para Clara com ternura. – Eu precisava descobrir quem era ela. E descobri. Mas ainda não poderia me aproximar, ela era casada… Alice faz uma pausa, e levanta para pegar mais vinho. Enche a taça dela e a de Clara. – Durante esses 3 anos, acompanhei todos os seus passos, só esperando o momento em que eu pudesse me aproximar e… Tê-la em meus braços. Clara se levanta. – Espera! Essa história… Essa mulher… – É você, Clara! Você é a mulher com quem sonhei todos esses anos. Eu sei que parece estranho, mas… – Parece? É estranho! Totalmente estranho! Que brincadeira é essa? Por acaso é a historinha que você conta para todas as mulheres que quer conquistar? – Não! – Você está achando que eu sou idiota? Não pense que vou cair nesse conto de fadas, eu não… – Calma Clara! Por favor! Não estou brincando, não acho que você é idiota, e não uso isso para conquistar ninguém. Estou falando a verdade! É com você que eu sonhei durante anos… – Pare! Pelo amor de Deus, pare com isso! Alice vai até a mesa e pega uma pasta dentro de uma gaveta.
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– Olhe isso! – Não. Eu quero ir embora. – Leia Clara. Agora. Clara se assusta com o tom de voz de Alice. Pega a pasta e começa a ler. Seu nome completo e endereço estavam naquele papel. Vê fotos dela e das amigas em Porto Seguro, há 3 anos, e nos 2 anos seguintes, Fortaleza e Recife. – Por que está fazendo isso? – Porque te amo Clara. Acredite em mim, por favor! – Diga-me! Quantas mulheres você já conquistou assim? Seja sincera. – Você acha mesmo que eu preciso inventar historinhas para conquistar mulheres? Tenho consciência de que sou uma mulher atraente. E sou rica, inteligente, gentil, educada… – E muito modesta também. – Não seja debochada, Clara. Estou apenas querendo te mostrar que eu não preciso inventar pretextos para conquistar mulher alguma. Lembre-se que ontem você fez amor comigo, e você ainda nem sabia dessa história. – Isso foi um acidente de percurso. Alice dá gargalhada. – É sério! Eu estava bêbada ontem, e você se aproveitou disso. – Você sabe que isso não é verdade. Você não estava bêbada e me desejou desde o instante em que colocou seus olhos em mim. Clara… Alice pega nos braços de Clara e a puxa para seu corpo. – Você acredita em vida fora deste mundo? Acredita que depois que morremos, a vida continua em outro plano? – Não sei.
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– Está certo. Não vou mais insistir nisso. Alice se afasta e pega outra taça de vinho. Clara se senta no sofá e continua olhando a pasta. Uma foto lhe chama a atenção. – Mas o que é isso? Clara mostra a foto para Alice. – É o seu apartamento, Clara. Onde você morava. – Isso eu sei. Mas por que essa foto? Como… – Depois que te vi em Porto Seguro, contratei um detetive para saber tudo sobre você. – Você sabia que eu estava sendo traída e não me avisou? – Eu não podia interferir em sua vida, Clara. Meu propósito era não te perder, e esperar o momento certo para nos encontrarmos. – E você deixou que eu me passasse por uma idiota? – Já falei que você não é idiota. Sua ex sim é uma idiota por ter perdido você. Mas tudo acontece como deve acontecer, está escrito. Clara olha para a foto e vê Elenice entrando com Bruna no prédio onde moravam. Lágrimas escorrem pelo seu rosto. – Sinto muito por isso, Clara, mas sua ex não merece suas lágrimas. – Oito anos! Vivemos juntas durante 8 anos! Passamos por tantos preconceitos, lutamos tanto e ela se esqueceu de tudo? O que eu sou pra ela, afinal? Terminar assim, me traindo dentro de nossa casa, dentro de um lugar que pensei ser nosso lar, nosso refúgio. Não me conformo. – Você ainda a ama? – Não sei. Estou magoada.
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Alice abraça Clara com carinho. – A dor vai passar. Sempre passa. Elas ficaram abraçadas, sem falar nada. Alguém bate à porta. – Com licença. Desculpe… Marco Antônio acaba de chegar. – Obrigada, Sandra. Diga que já vamos descer. Alice passa a mão no rosto de Clara e enxuga suas lágrimas. – Você ainda quer ficar? Se preferir, te levo para o hotel. – Quero ficar. Gosto de seu abraço. Sinto-me protegida. – Hmmm… Gostei disso. Poderíamos ir para o meu quarto, jantar lá e ficarmos a noite toda abraçadas. O que acha da minha ideia? – Acho melhor não. – Respondeu Clara, agora com um sorriso. – Adoro o seu sorriso, Clara! Prometa-me que nunca vai se esquecer disso, por favor. – Prometo. Vamos descer? Seu amigo te espera. Ao chegarem à sala, Alice abraça Marco Antônio e o apresenta a Clara. – Finalmente estou te conhecendo! Ouvi falar muito de você. – Imagino. É um prazer conhecê-lo. – Com licença. Posso pedir para servir o jantar? – Pode Sandra. Por favor. O jantar é agradável. Alice e Marco Antônio contam a Clara suas aventuras desde que se conheceram. Clara pensa em tudo o que Alice lhe contou.
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“Ela diz que me ama! Será mesmo?” Depois do jantar, vão para a sala de estar para tomarem café e licor. – Diga-me, Clara! O que pretende fazer em relação a emprego? Você está sem trabalho, não é? – Sim. Ainda não procurei nada, porque não queria atrapalhar minha viagem de férias. Mas assim que eu voltar, vou providenciar isso. Por quê? Tem uma proposta para me fazer? – Tenho. Alice te contou? – Tem? Eu falei brincando. – Mas não estou brincando. Nós temos uma proposta de emprego para você. Você é Publicitária, e pensamos em te indicar para a Agência onde fazemos nossas publicidades. Parece-me que estão precisando de alguém. – Isso é sério? – Clara olha para Alice. – É sério sim. E não pense que terá privilégios porque vamos te indicar, você terá que participar da seleção como todas as outras pessoas. – Ótimo! Sou uma profissional competente, não preciso que me apadrinhem. – Não falei? – Disse Alice para Marco Antônio. – Esta Agência fica aqui em Gramado? – Eles também tem aqui. Mas pensamos em te indicar para a Agência do Rio de Janeiro, você mora lá. A não ser que você quisesse se mudar para Gramado. – Não. Se puder ser no Rio, para mim seria melhor. – Está certo. Providencie um currículo que eu mesmo vou enviar para eles. – Claro! Eu agradeço. Continuam conversando durante algum tempo e Marco Antônio se despede.
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– Ele gostou de você, Clara. – Eu também gostei dele. – Foi ele quem me ajudou com os meus sonhos. – Ajudou como? – Esta também é uma longa história. Outro dia te conto. Agora quero saber se você quer dormir comigo esta noite ou se quer ir para o hotel. – Dormir com você significa… – Significa que estou louca para fazer amor com você. Significa que desejo beijar sua boca, tocar seu corpo e ficar abraçada com você a noite toda para te proteger. – Nossa! Você é direta! Alice se aproxima de Clara, e sussurra em seu ouvido: – Quer ou não? Clara se arrepia. – Pedindo desse jeito… Hmmm… Elas vão para o quarto. Alice beija Clara, entra no banheiro e enche a banheira. Volta para o quarto e começa a beijar Clara, e a tirar a sua roupa. Clara está nua e Alice fica olhando para ela, sorrindo. – Você é linda demais, Clara! Clara beija Alice e também tira a sua roupa. – Você também é linda! Muito!
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Elas se tocam, se beijam, e o desejo vai crescendo. – Venha! Vou dar banho em você, minha pequena. – Diz Alice, levando Clara para o banheiro. Elas entram na banheira, a água está quente, e isso lhes proporciona mais prazer. Clara fica deitada, com os braços apoiados na borda da banheira, enquanto Alice passa suas mãos pelo corpo de Clara. – Como eu sonhei com isso! Todas as noites dormindo, e todos os dias acordada. Sentir teu corpo em minhas mãos, sentir teu cheiro, saboreá-la por inteira… Só minha! – Você me deixa louca, sabia? – Sabia! – Diz Alice, com um sorriso provocante. Clara delira de prazer. – Nossa! Nunca fui tocada assim… Ah, Alice! Que delícia! – Goza pra mim, Clara! Goza! Clara se senta na borda da banheira, abre suas pernas e pede: – Vem! Me faz gozar agora! Alice obedeceu com prazer! Fizeram amor na banheira, com a água quente e aconchegante. Fizeram amor na cama, e adormeceram, abraçadas. – Não! Por favor, não! Alice… – Clara… Estou aqui.
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Clara está desesperada e chorando. – Foi um pesadelo. Acalme-se, está tudo bem. – O mesmo pesadelo da noite passada. É horrível! – Quer me contar? – Você e eu estávamos andando a cavalo em um grande campo florido, e paramos para apreciar as flores. Um homem apareceu e atirou em você. Você caiu, e quando eu cheguei perto… Você… Você morreu, Alice. Não morra de novo, por favor! Não morra. – Fique calma! Foi apenas um pesadelo. Estou aqui. Clara abraça Alice fortemente, como se quisesse protegê-la. – Não me deixe nunca mais! É uma ordem, ouviu, Alice Rubinstein? – Ouvi, Clara Rosseti. Agora durma.
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Capítulo 4 Clara abre os olhos e vê Alice sorrindo para ela. – Bom dia! Não queria te acordar, mas temos um compromisso. – Que compromisso? – A excursão, lembra? Suas amigas estão nos esperando. Maria Eduarda já telefonou. – Ah! Aqui está tão quentinho! Passaria o dia todo na cama. – Proposta tentadora, mas precisamos ir Clara. A não ser que você não esteja se sentindo bem. – Não estou bem. – O que você tem? – Falou Alice, com preocupação. – Preguiça. Muita preguiça. Alice ri, beija Clara e coloca a bandeja com o café da manhã sobre a cama. – Está com fome? Eu estou! – Uau! Que delícia! As duas praticamente devoram o farto café da manhã. Depois, tomam banho, se vestem e saem. – Alice, olha isso! É neve! Que lindo! Clara se diverte pegando a neve nas mãos, e Alice se diverte com seu entusiasmo. – Vamos Clara! Você terá muito tempo para brincar com a neve.
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Chegam ao hotel. Clara vai até seu quarto para trocar de roupa e pegar mais agasalho. O dia estava muito frio. – Para onde vamos? – Perguntou Andréa. – Hoje vamos passear de trem. – Respondeu Alice. – Nossa! Acho que essa está sendo a melhor viagem que fizemos, não acha Clara? – Com certeza! É maravilhoso, Duda! Estou amando! – E eu estou morrendo de frio. Vai demorar muito para voltarmos para o hotel? Preciso de um banho quente, de… – Felícia! – Gritam as amigas. – Duda… Onde está Alice? – Não sei. Ela estava aqui agora mesmo. Clara olha para todos os lados e não vê Alice. Seu coração dispara. – Meu Deus! Onde ela está? – Calma Clara! O que há com você? – O pesadelo… Onde está Alice? As amigas ajudam Clara a procurar Alice. – Andréa também sumiu. – E Sandra também. – Ali! Elas estão ali! Clara sai correndo em direção à Alice, que está junto com Andréa e Sandra. – Onde você estava? Por que desapareceu? Por que não me avisou?
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– O que houve? Clara abraça Alice. – Não faça mais isso comigo! Não me deixe. – Não deixei você Clara, só quis te fazer uma surpresa. Perdoe-me, não sabia que você ficaria assim. – Surpresa? Que surpresa? Alice mostra os cavalos. – Quer andar a cavalo comigo? Clara começa a chorar. – Desculpe! É que eu fiquei assustada por você ter sumido. – Eu que peço desculpas, não quis te assustar. Clara olha para os cavalos. – Será que eu consigo? – Claro que consegue! Eu te ajudo, venha. – Ah! Eu também quero! – Diz Duda. – E eu também. – Fala Bárbara. – E eu vou entrar no restaurante. Que frio! – Diz Felícia. Clara, Alice, Andréa, Sandra, Duda e Bárbara saem a cavalo. – Está gostando, Clara? – Pergunta Alice.
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– Muito! É como se eu andasse a cavalo todos os dias. – São lembranças, Clara. Doces lembranças. Elas cavalgam, seguidas pelas amigas. Perto de uma árvore, Clara e Alice descem dos cavalos, e se beijam, embaixo da árvore. – É como no sonho! – Diz Alice. – É como no pesadelo. – Diz Clara. – Vocês podem parar com isso? Estamos em um lugar público, sabiam? – Já vamos, Duda. Quero curtir esse momento só mais um pouquinho. Vai andando, alcançaremos vocês. – Não vou sair daqui enquanto não te ver sentada no cavalo e andando. – Pare de ciúmes, Duda. Deixa as duas curtirem o momento. – Falou Andréa, puxando as rédeas do cavalo de Duda. Era quase noite, quando voltaram para o hotel. – Gostaram do passeio? – Maravilhoso! Amei! – Alice, você vai embora? – Não agora. Vou jantar com vocês. Posso? – Claro que pode! Deve! – E depois, vou voltar para a fazenda. Você vai comigo? – Se você quiser. – Quero. Quero muito! Clara sorri.
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– Vou tomar banho e trocar de roupa. Quer ir comigo? – Não. Nunca entro nos quartos dos hóspedes. Mas você pode ir para o meu quarto. – Você tem um quarto aqui? – Claro! Tenho um quarto em cada um dos meus hotéis. – Metida! – Diz Clara sorrindo. – Vou para o meu quarto. Nos encontraremos no restaurante, está bem? – Como quiser! Clara estava saindo, quando Alice a puxou e a beijou na boca. – Você ficou louca? – Por quê? – Me beijar assim… Na frente de todos. – E qual é o problema? Você é minha mulher. – Sua mulher? Como assim, sua mulher? Alice sorri e sai sem dizer nada. Clara vai para o quarto e ao entrar, todas as amigas estão lá. – Estávamos te esperando. Conte-nos tudo, não nos esconda nada. – Que horror! – Primeiro quero saber o que foi aquilo. – Aquilo o que Duda? – Seu desespero porque Alice saiu para pegar os cavalos. – Ah, isso! Não sei explicar, mas eu senti um medo terrível de perder Alice. É como se eu já a tivesse perdido antes. Lembrei-me do pesadelo. Duas noites seguidas, o mesmo pesadelo. – E como foi ontem na fazenda? – Bem… Alice é… Louca! Uma louca adorável!
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Clara conta tudo o que Alice lhe contou. – Concordo com você, Clara. Alice tem carteirinha de maluca? – Não exagere Felícia! Ela é maravilhosa, encantadora, gentil, divertida… Gostosa… – Quer dizer então, que ela já nos conhecia. Isso pode ser caracterizado como invasão de privacidade? – Não, Doutora Andréa. Ela não invadiu nada. Ela só queria saber de mim. – Mas se ela tem nossos dados pessoais, fotos e sabe tudo a nosso respeito, podemos processá-la. – E por que faríamos isso? – Não faríamos. Estou brincando. – Boba. – Você vai voltar para o Rio conosco, não vai Clara? – Vou Duda. Terei um emprego quando voltar. – Já está certo? Você não disse que teria que passar por uma seleção junto com outros candidatos? – Sim. Mas você tem dúvida de que eu vou passar? – Não, Clara. Dúvida nenhuma. – Ok meninas! Vamos tomar banho, Alice vai nos esperar no restaurante para o jantar. As 3 amigas saem. Clara entra no banheiro, e Duda a segue. – Posso entrar? – Pode. – Estou preocupada Clara. Acho isso tudo muito estranho. – Eu também acho Duda. Mas Alice parece estar sendo sincera. – É. Ela parece sincera mesmo, mas… Tem alguma coisa que não bate. – O que você está pensando?
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– Eu ainda não sei, mas vou descobrir. Quando Clara sai do banho, Duda a olha da cabeça aos pés. – Clara… – Sim? Duda se aproxima dela, pega a toalha de suas mãos e começa a enxugar o seu corpo. – Duda… O que está fazendo? – Deixa Clara! Por favor! Duda solta a toalha e começa a passar as mãos pelo corpo de Clara. – Você tem a pele tão macia! Seu corpo é lindo! – Duda? – Por favor, deixe-me tocá-la, só um pouco. Eu sempre senti vontade de fazer isso com você, mas nunca tive coragem. Duda tenta beijar Clara na boca, mas Clara se afasta. – Desculpe-me! Eu não sei o que me deu… Desculpe! Duda sai do banheiro e senta na cama. – Duda… O que está acontecendo? Você é a minha melhor amiga. – Eu sei. – Fale comigo.
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De repente, Duda se levantou e agarrou Clara. – Falar com você? E por acaso você vai conseguir me ouvir Clara? Você nunca prestou atenção em mim. Nos conhecemos há quanto tempo? Dez anos? E nesses 10 anos, você não percebeu que eu nunca tive um relacionamento sério? Que eu nunca quis namorar, me casar? E alguma vez você se perguntou por quê? Não! Claro que não! Você só me vê como uma amiga, a sua melhor amiga. Por isso você nunca se deu conta de que eu… Eu te amo Clara! Te amo desde a primeira vez que te vi entrando na sala de aula com uma saia curta, preta, e uma blusa azul decotada, que deixava à mostra parte de seus lindos seios. Seios que eu sonho tocar, beijar, sugar… Duda arranca a toalha do corpo de Clara e toca seus seios, apertando-os. – Eu te quero pra mim Clara. Por favor… Clara empurra Duda, que cai na cama. – Você enlouqueceu? Clara se veste rapidamente e sai do quarto, indo para o restaurante. Sozinha, Duda diz: – Não adianta fugir de mim. Você será minha, Clara.
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Capítulo 5 Ao chegar ao restaurante, Clara vê Alice sentada a uma mesa com algumas pessoas. Quando Alice vê Clara, se levanta e vai ao seu encontro. – O que houve? – Por que pergunta? – Você não está bem. Está pálida. O que aconteceu? – Nada. – Diga Clara! – Não aconteceu nada, eu já disse. Podemos nos sentar? Alice não acredita em Clara, mas não insiste. – Reservei uma mesa para nós, suas amigas e alguns hóspedes que conheci em uma de minhas viagens. Tem algum problema em ficarmos todos juntos? – Não. Tudo bem. Alice apresenta Clara aos 2 casais sentados à mesa. Clara força um sorriso. Enquanto Alice conversa com eles, fica olhando para Clara, tentando ler seus pensamentos. Ela sabia que havia algo de errado. Pouco depois, Andréa, Felícia e Bárbara aparecem. – Onde está Maria Eduarda? – Perguntou Alice. – Ela disse que está com dor de cabeça e sem fome. Pediu desculpas, mas vai ficar no quarto, descansando.
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Alice olha para Clara, e ela desvia o olhar, não querendo que Alice perceba o que aconteceu. Elas foram se servir no buffet. – Você está bem Clara? – Estou Bárbara. – Pois não parece. Você está estranha. E Duda também. Aconteceu alguma coisa entre vocês? – Não aconteceu nada. Estamos cansadas do passeio, só isso. Depois de se servirem, quando voltam à mesa, encontram Duda sentada. Clara fica nervosa. – Você não disse que não viria? – Falou Bárbara. – É. Eu disse. Mas minha dor de cabeça passou e senti fome, então, resolvi descer. Ela se levantou, ficou de frente para Clara, sorriu e foi em direção ao buffet. Clara e as amigas se sentaram. – Não vai me contar o que houve, não é mesmo? – Não houve nada, Alice. Pare de ficar me perguntando isso. – Só estou preocupada com você. – Não precisa se preocupar. Eu estou bem. – Não acredito em você, mas se prefere ficar calada, tudo bem. Duda voltou à mesa, e quis se sentar de frente para Clara, pedindo
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que Andréa trocasse de lugar com ela. Clara estava constrangida com os olhares e sorrisos de Duda para ela. – Maria Eduarda, você também é Publicitária, não é? – Sou sim, Alice. Clara e eu éramos da mesma turma. – Achei seu gesto muito bonito, quando deixou que Clara morasse com você. – Nós nos amamos, não é Clara? Clara não respondeu. – Ela me disse que você é a sua melhor amiga. – Isso mesmo! Eu sou a melhor amiga de Clara. E serei para sempre. – Como reagiria se Clara quisesse se mudar para Gramado? – Ela não fará isso. – E se fizer? – Não fará, eu sei. Por quê? É isso o que você pretende fazer? Trazer Clara para morar com você? – Se ela quisesse, eu ficaria muito feliz. – É o que você quer, Clara? – Não pensei nisso ainda. – Bom, minha amiga, se você decidir se mudar pra cá, me avise com antecedência, porque não pretendo te deixar sozinha. Sempre cuidei de você e vou continuar cuidando. – Será um grande prazer tê-la morando aqui, mas Clara não precisará de seus cuidados, Maria Eduarda, porque eu cuidarei dela muito bem. – Cuidará dela? Como Elenice cuidou? – Vocês podem parar com essa conversa? Estão falando de mim, como se eu não estivesse aqui. – Desculpe Clara. Mas foi Alice quem começou.
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– Estamos apenas conversando como duas pessoas civilizadas. O clima fica pesado. Andréa, Felícia e Bárbara, não conseguem entender nada. Depois do jantar, Alice se despede do casal de amigos e os convida para conhecerem a fazenda no final de semana. – Vou subir com você para o seu quarto. – O que? Você não disse que nunca entra no quarto dos hóspedes? – É… Eu disse. Mas estou abrindo uma exceção. – E posso saber por quê? – Se você me contar o que aconteceu entre você e Duda, talvez eu conte porque estou abrindo uma exceção. Agora pegue suas roupas e vamos embora. – Você é muito mandona. – Não estou mandando. Ainda! Clara e Alice entram no quarto. Enquanto Clara separa algumas roupas para levar, Duda aparece. – O que você está fazendo aqui? Vistoria? – Estou esperando Clara pegar suas roupas para ir comigo para a fazenda. – De novo, Clara? Isso não está certo. Você está abandonando suas amigas para ficar com uma estranha. – Alice não é uma estranha. – Posso falar com você? A sós. Clara olha para Alice, que entende o olhar.
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– Não demore Clara. Estou te esperando na porta. Alice sai. – Clara… Você seria capaz de me perdoar? Não quis te magoar, mas eu precisava falar o que eu sinto. – Por que nunca me contou? – Porque eu não tive coragem e também porque nunca achei que Elenice fosse uma ameaça, mas essa aí… – Essa aí? Você está se referindo à Alice? – Ela mesma. Clara. Não percebe a intenção dela? Ela quer você só pra ela, ela quer tirar você de nós, acabar com nossa amizade. – Você está enganada, Duda. Em nenhum momento Alice mencionou o fato de eu ter que morar aqui. Tanto que ela e Marco Antônio vão me indicar para a Agência no Rio. – Você se apaixonou por ela, não é? – Olha, eu não sei exatamente o que eu estou sentindo, mas é muito bom estar com ela. – Você acredita mesmo em tudo o que ela te contou, sobre sonhar com você durante anos e te encontrar, e reencarnação, outras vidas? É muita loucura isso! Só quero que você fique esperta. – Não é só isso, Duda. Você está com ciúmes de Alice. – Estou mesmo. Você não imagina como eu fiquei feliz quando soube que Elenice te traiu e você a deixou. Você não tem ideia da esperança que senti tendo você morando comigo, só nós duas. E agora essa aí aparece, sem mais nem menos, com uma história maluca, só para conquistar você? Ah, Clara! Nos conhecemos tão bem! Nos entendemos pelo olhar. Eu sei tudo o que você gosta, sei tudo o que te dá prazer, o que te irrita… Não vê que nascemos uma para a outra? Duda tenta abraçar Clara. – Não me toque. – Clara…
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– Não, Duda! Não acabe com o amor que sinto por você. Mas entenda que é um amor de irmã, nada mais que isso. – Talvez você ainda não saiba que esse amor que você diz ser de irmã, pode ser o mesmo amor que eu sinto por você. Por favor, não vá para a fazenda com ela. Fique aqui comigo, me dê uma chance de provar o quanto eu te amo. Dê uma chance a si mesma, para descobrir que pode me amar também. Prometo não tocar em você, só se você quiser. Por favor, Clara. – Não. Clara pegou a bolsa e quando ia sair, Duda a segurou. – Fique. – Eu já disse que não. – Está certo. Mas quero te dizer mais uma coisa. Desta vez, eu vou lutar por você. Não vou deixar que ela tire você de mim, assim como fez Elenice. Eu deixei de ter você durante todos esses anos, porque não tive coragem, mas agora nada vai me impedir. Eu quero você, Clara, e você será minha. Clara abre a porta e sai. – Está tudo bem? – Sim. Vamos sair logo daqui. No carro, Alice tenta fazer com que Clara lhe conte o que está acontecendo. Mas Clara não diz nada. Quando chegam à fazenda, Clara pede para ir direto para o quarto. – Pode subir, Clara. Irei em seguida.
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Ela sobe, se troca e deita. – Por que você fez isso, Duda? Por quê? Clara está chorando, pois, sente que magoou sua melhor amiga. Na parte debaixo da casa, Alice telefona para Marco Antônio. – Como vai, meu amigo? – Estou bem. Mas parece que você não. O que houve? – Está acontecendo, eu sinto isso. – Está falando de que? – Do meu pior pesadelo. De outra vida. Da minha vida, de Clara e do meu rival. – Certo. Quer que eu vá até aí? – Não. Mas quero te pedir um favor. Amanhã sairei novamente com Clara e suas amigas para os passeios turísticos, e gostaria que você nos acompanhasse. É possível? – Claro que é possível! Irei com vocês. Se você tem certeza do que está sentindo, então tome cuidado Alice. – Vou tomar. Obrigada, amigo! Boa noite. Alice desliga o telefone. Está preocupada, apreensiva. Quando ia subir as escadas, Sandra a chama. – Alice, posso falar com você? – Claro! – Eu gostaria de te pedir um favor. – Peça. – Posso ir com vocês ao passeio de amanhã também?
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– Pode. Aliás, deve. É esse o favor que queria me pedir? – Não só esse. Tem outra coisa. – Fale. – Depois do passeio, eu… Bem… Andréa disse que queria sair comigo, sabe, só ela e eu, então… Se você puder me dar a noite de folga, eu prometo compensar e… Alice dá risada. – Quanta cerimônia para falar comigo. Sandra, não se esqueça que antes de você trabalhar pra mim, você é minha amiga. Claro que pode tirar a noite de folga. Se quiser, enquanto Andréa está aqui, pode tirar todos os dias de folga. – Posso mesmo? – Pode, minha amiga. Mas não deixe que Andréa te machuque. Ela tem jeito de ser galinha, e das piores. Sandra se joga para abraçar Alice, quase derrubando as duas. – Obrigada, Alice! Você é um anjo! Sandra sai em direção ao seu quarto, que fica na parte de baixo da casa. Quando Alice olha para cima, no topo da escada, vê Clara com uma camisola branca, transparente e com um decote generoso. Clara está sorrindo. Alice sobe as escadas, chegando perto de Clara. – Nossa! Isso tudo é pra mim? – Claro que é! Para quem mais seria? – Então vamos rápido para a cama.
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Alice pede que Clara se deite e fica olhando para ela. – Você vai ficar aí parada? – Estou te admirando! E me admirando! Estou pensando na sorte que eu tenho, em poder ter a mulher mais linda deste e de todos os outros mundos. – Nossa! Você é poeta? – Não, mas você faz qualquer pessoa se tornar um poeta . Na verdade, você é uma poesia! Uma poesia doce, e ao mesmo tempo sensual. Uma poesia perfumada, delicada, ardente e arrebatadora. Diria até… Tentadora! Você é a mais linda poesia que nenhum poeta soube descrever. – Que lindo, Alice! – Linda é você, Clara! Elas fazem amor. Um amor louco, vibrante, intenso. Um amor que jamais sonharam ter. Nem nesta vida… Nem em outras.
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Capítulo 6 Clara teve o mesmo pesadelo durante a noite. – Bom dia, Clara! – Bom dia! – Nosso café! – Você vai me acostumar mal. Café da manhã todos os dias na cama? Muita mordomia, não acha? – Você merece! Aliás, merece muito mais que isso. Está animada para o passeio de hoje? – Tem neve – Tem. Por quê? Não vai querer sair? – Claro que vou! Acho a neve linda! E no Brasil, é tão raro de se ver. – É verdade. Vamos tomar banho? – Claro! Elas fazem amor embaixo do chuveiro. – Além do café na cama, você vai me acostumar a fazer amor todos os dias e noites. – Isso é ruim? – Isso é muito bom! Depois do banho e do amor, elas vão para o quarto se vestir. – Clara… – Sim? – O que você está sentindo por mim? Além de tesão, é claro! – Não sei dizer. É bom estar com você, sentir você, amar você. Às ve-
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zes, sinto medo de te perder e só de pensar nisso, sinto uma dor horrível no peito. É como se alguém estivesse arrancando meu coração. – Você está descrevendo o que chamamos de amor. – Amor? Não posso afirmar isso ainda. Confesso que estou confusa. Tudo está acontecendo tão rápido. É como se já nos… – Conhecíamos? Era isso o que você ia falar? – É. Desde a primeira vez em que vi você entrando naquele salão, caminhando lentamente, sorrindo para as pessoas, vindo em minha direção… Não sei explicar, mas era realmente como se eu já a conhecesse. Loucura não é? – Clara, quero te pedir uma coisa. – Sim. Pode pedir. – Na hora do jantar. – Você vai me deixar curiosa? Isso não é justo! Alice sorri. – Agora vamos para o hotel, senão o passeio vai acabar atrasando por nossa culpa. Parque Caracol – Canela – Rio Grande do Sul Clara não fala com Duda. As amigas percebem, e comentam. – Precisamos descobrir o que aconteceu entre Clara e Duda. Elas não estão se falando, e Clara está evitando ficar perto dela. – Alguém tem um palpite? Eu tenho. – Fale Felícia. – Bom, sempre desconfiei que Duda é apaixonada por Clara, e agora que Clara está envolvida com Alice, Duda está possessa, morrendo de ciúmes e com medo de perdê-la. – Será? Depois de tantos anos, só agora Duda resolveu estar apaixonada?
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– Não agora, Bárbara! Acho que esse amor platônico de Duda por Clara já vem de muitos anos. – Certo Freud. E por que Duda nunca disse nada e nunca tentou conquistar Clara? Freud explica isso também? – Elementar, minha cara Andréa! Duda não quis atrapalhar a amizade que Clara tem por ela, e como Clara era casada com Elenice, esperou o momento certo para tentar conquistá-la. Com o término do relacionamento, Duda viu sua chance, mas Alice apareceu e os seus planos de conquista foram por água abaixo. – É. Faz sentido. – Claro que faz sentido! – Não seria melhor perguntarmos isso para a Duda? Ou mesmo para Clara? – Ontem Bárbara perguntou para Clara, mas ela não quis contar nada. – Só espero que você esteja enganada, Felícia. Vai ser muito triste ver nossa amiga Duda sofrendo por amor. E pior ainda, ver a amizade delas acabar. – Tenho a leve impressão de que Duda já está sofrendo. Vejam como Clara está feliz. Ela não tinha esse brilho no olhar enquanto estava com Elenice. Isso é pura paixão! Se já não for amor! Elas param de conversar quando Duda se aproxima. – Está tudo bem, Duda? – Como pode estar tudo bem? Clara nos abandonou e agora só quer saber dessa Alice. Clara está se sentindo no País das Maravilhas. – Ué! Mas a estória não era Alice no País das Maravilhas? – Ah, cala a boca, Felícia! – Andréa, onde está a Sandra? – Ela foi ao banheiro. Clara, Alice e Marco Antônio se uniram ao grupo das amigas.
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– Estão gostando do passeio? – Nossa Alice! Gostando é pouco! Estamos amando! – Pensei que só veria neve quando viajasse para o exterior, mas Deus nos abençoou. É tudo muito lindo! – E muito frio também. Da próxima vez, quem vai fazer o roteiro sou eu. – Felícia! Duda não tira os olhos de Clara. Clara se sente desconfortável e tenta não demonstrar para Alice e para as amigas. Sandra retorna do banheiro e todos continuam a caminhada. No final da tarde, voltam para o hotel. – Clara você pode me aguardar um momento? Preciso resolver um problema com Marco Antônio. Não demoro. – Claro! Pode ir. Clara vê Duda no bar e sente uma tristeza profunda. Ela se aproxima das amigas. – Meninas, vocês poderiam ir comigo até meu quarto? Preciso pegar algumas roupas e não gostaria de ir sozinha. – Está com medo de alguma coisa, Clara? – Ou de alguém? – Não é nada disso. Vocês podem me acompanhar ou não? No quarto de Alice, ela e Marco Antônio conversam. – E então? O que achou? – Com certeza aconteceu alguma coisa entre elas. Clara fica nervosa toda vez que está perto de Maria Eduarda.
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– Eu já percebi isso também. Mas Clara não quer me contar nada. – Não insista, quando ela sentir que pode confiar, Clara vai se abrir com você. Alice, tente evitar um confronto com Maria Eduarda. Senti uma energia negativa vindo dela, ela está nutrindo um sentimento de ódio por você, e está sofrendo. Isso não é bom. – Mas você acha que ela seria capaz de… – Não. Isso não, fique tranquila. Mesmo porque, nós já sabemos como vai acontecer, não é? Aliás, você já conversou com Clara? – Ainda não tive oportunidade. É como você disse, ela ainda não confia em mim. – Vá com calma. É natural que ela se sinta insegura. Geralmente sentimos medo do desconhecido, do que não podemos explicar. – Mas o tempo está passando e ela terá que ir embora. Não posso perdê-la. – Se ela é a mulher com quem você sonhou durante todos esses anos, você não vai perdê-la. – É ela! Eu tenho certeza! Clara também está tendo pesadelos e só começaram depois que ela me conheceu. – As lembranças dela estavam adormecidas. Ao te encontrar, ela se lembrou de você, mas não consegue entender o que se passa em sua mente. Deixe as coisas acontecerem naturalmente, não force nada. – Eu sei. Obrigada, meu amigo. Não sei o que seria de mim sem você. – Não exagere Alice. – Disse Marco Antônio, sorrindo. Clara, Andréa, Felícia e Bárbara estavam no quarto. – Preciso de vocês para ajudar Duda. – Ajudar Duda em que? – O que vou lhes contar, não deve sair deste quarto. Clara conta tudo o que houve entre ela e Duda.
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– Não falei? Eu sabia! – Sabia como, Felícia? – Eu desconfiava que Duda é apaixonada por você, e isso há muito tempo. – Muito bem analisado, Freud! Parabéns! – Quero que chamem Duda até aqui, pois, precisamos conversar com ela. Eu amo Duda como uma irmã, vocês sabem disso, e estou triste com essa situação, precisamos ajudá-la. – Acho que você está certa, Clara. Eu vou telefonar para ela. Pouco depois, Duda entra no quarto. – O que é isso? Uma convenção? Duda parece estar embriagada. – Precisamos conversar com você. – Na verdade, Duda, sou eu quem quer lhe falar. – Já sei! Alice do País das Maravilhas te pediu em casamento e você aceitou. E agora, você quer me convidar para ser a sua madrinha. Acertei? – Pare de ironia, Duda. Deixe Clara falar. – Sou toda ouvidos. Pode falar princesa. – Estou preocupada com você. Nós estamos. Duda, você sabe o quanto eu amo você, o quanto você é importante pra mim. Você é verdadeiramente, a única pessoa em que sempre confiei e confio. Clara se aproxima de Duda. – Não quero que sofra. Nem por mim, nem por ninguém, por nada. E eu estou me sentindo a pior das mulheres, vendo que você está sofrendo por um amor que não posso corresponder. Talvez você esteja enganada sobre seus sentimentos, talvez você esteja confundindo o
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amor que sempre tivemos. – Não estou confusa com nada, Clara. Eu te amo, sempre te amei. E estou perdendo você. Eu sinto isso. – Você se lembra de nossa primeira viagem? Isso há 9 anos, um ano depois que nos conhecemos. Fomos para São Paulo. Estávamos em uma boate, e bebemos tanto, que mal conseguíamos ficar em pé. – Eu lembro! Pagamos o maior mico. – Sim, Bárbara! Pagamos mico, mas fizemos um pacto. De que não importava o que acontecesse, não importava se começássemos a namorar, se casássemos, se ficássemos doentes, se alguma de nós fosse obrigada a se mudar para o outro lado do mundo… Nossa amizade e cumplicidade, jamais acabariam, seríamos amigas para sempre. E no dia seguinte, sóbrias, reforçamos o pacto para garantir que o álcool não fosse o responsável por isso. – Verdade! Brindamos com água. As amigas começam a chorar. – E eu quero cumprir esse pacto. Quero todas vocês em minha vida enquanto eu viver. Por favor, Duda, não me perca, continue sendo a minha melhor amiga… Para sempre! – E o que eu faço com esse amor e com esse desejo que sinto por você? – Você soube controlar isso muito bem durante esses 10 anos. Continue fazendo isso, Duda. – Você falando, parece fácil Andréa. Pra vocês deve ser fácil, não é? – Sabemos que não será fácil, mas temos certeza de que você vai conseguir. – Ok. Já entendi. Vocês se uniram para tentarem me convencer que eu não sirvo para Clara, mas Alice do País das Maravilhas sim. – Não é nada disso, Duda! Só não queremos que você sofra. Mesmo que Alice não tivesse aparecido na vida de Clara, não acredito que ela ficaria com você, não como mulher. Ficaria, Clara? – Não. – Não podem saber. Se Clara estivesse sozinha, talvez eu conseguisse conquistá-la e… Chega! Vocês me colocaram na berlinda e isso não é
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justo. Guardei esse segredo durante muitos anos para ser exposto assim, como se eu fosse uma louca. Se você quer ficar com aquela mulher, que fique! Mas não pode me impedir de amar você, não pode me impedir de lutar por você. – Primeiro, não te colocamos na berlinda. Somos suas amigas e queremos te ajudar. Segundo, não achamos que você seja louca. Terceiro… Aceite minha amizade, meu amor fraterno, como sempre foi. Por favor! – Você está preocupada comigo ou com você? – Com nós duas. Não quero sentir remorso por não poder te amar como você deseja. E não quero que você sofra por um amor que eu não poderei te dar. – Está certo. Você já resolveu tudo sozinha, Clara. Não precisavam conversar comigo. Eu te amo e você não me ama. Ponto final, assunto encerrado. Duda se levanta, pega roupas no armário e entra no banheiro. – Nós tentamos, amiga. – Eu sei. E agradeço por isso. – Vamos esperar. Talvez, quando estiver mais calma, ela pense no assunto e vê que será inútil o seu sofrimento. O telefone de Clara toca. – Oi. Estou no meu quarto, vou pegar algumas roupas e já desço. – Era Alice? – Sim. Vou para a fazenda com ela de novo. Mas com Duda nesse estado, não sei… – Pode ir, Clarinha! Nós vamos cuidar dela. – Prometem me telefonar se acontecer alguma coisa? – Prometemos. Fique tranquila. – Obrigada! Eu amo vocês!
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Clara pega roupas para 3 dias, se despede das amigas e sai para encontrar com Alice. Elas entram no carro e seguem para a fazenda. – Você está bem, Clara? – Estou. – Não parece. – Eu estou bem. Alice não insiste mais e dirige calada. Quando chegam à fazenda, elas tomam banho e descem para o jantar. – Onde está Sandra? – Dei a noite de folga para ela. – Ah, é verdade! Ouvi vocês conversando ontem. Ela saiu com Andréa, não foi? – Sim. Me fala da sua amiga. Ela tem jeito de ser galinha. – E é. Mas é uma pessoa maravilhosa. Jamais faria alguém sofrer, é mais fácil ela sofrer. – Espero que você esteja certa. Gosto demais de Sandra para vê-la chorando pelos cantos. – Andréa sempre diz que está à procura de sua alma gêmea. Ela acredita que ainda vai encontrar. – E você? Acredita em almas gêmeas? – Não digo que acredito, mas também não digo que não acredito. Acho que na vida tudo é possível. – Mesmo? E por que quando eu te contei sobre meus sonhos, você não acreditou em mim?
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– No começo eu não acreditei, é verdade. Mas depois… Pensando em tudo o que me falou, meus pesadelos com você, e tudo o que está acontecendo… É como falei, na vida tudo é possível. – Clara… Hoje de manhã eu te falei que iria te fazer um pedido. – Sim, pode pedir. – Não vá embora, fique aqui. Case-se comigo. – Casar?! Mal nos conhecemos, Alice! – Eu já te conheço há muito, muito tempo! – Você me pegou de surpresa. Não sei o que te dizer. – Diga sim. – Você não acha que está se precipitando? Ainda é cedo para falarmos em casamento. – Não é cedo. Aliás, é tarde! Eu queria tê-la encontrado quando ainda éramos crianças, queria ter crescido com você, e… Clara… Temos tão pouco tempo para… – Pouco tempo? – Perdoe-me! Não tenho o direito de te colocar contra a parede. Pense na minha proposta e quando tiver certeza, me conte a sua decisão. Mas saiba que onde você estiver, eu estarei com você. Elas terminam o jantar e vão para o quarto. Ligam a TV. – Adoro esse filme! Vamos assistir? – Titanic?! Inédito! – Não zombe, Alice! – Está bem, se você quer assistir, vamos. Quando o filme está quase no final, Alice olha para Clara e vê que ela está chorando. – Quantas vezes você já viu esse filme e quantas vezes chorou? – Assisti umas 50 vezes e chorei em todas.
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– Ah, minha pequena romântica! – É um filme lindo, mas tão triste! – Sabe a parte que mais gosto? É quando Jack diz para Rose: “…Morrerá já muito velhinha, quentinha em sua cama…”. – Por que gosta mais dessa parte? – Porque é assim que tem que ser. Alice abraça Clara fortemente. O filme termina, e elas dormem, abraçadas. Nos últimos dias da viagem, Clara e Alice ficaram juntas o tempo todo. Nos passeios, almoços, jantares, na fazenda… No hotel, Alice conversa com os hóspedes, e Clara não tira os olhos dela, admirando-a. – Clara, você está com um brilho no olhar que eu nunca havia visto antes. – Está zombando de mim, Felícia? – Juro que não! É verdade! Você está visivelmente apaixonada. – Apaixonada? Não sei. – Não sabe ou está com medo de admitir? Clara não responde. Ela não sabe o que está sentindo, mas sabe que é muito bom. – Ela me pediu em casamento. – O que?! – Gritam as amigas. – Alice me pediu para ficar e casar com ela. – E você respondeu o que?
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– Que ia pensar. – Eu não acredito! Clara, você não percebe que está louca por Alice? Vocês não se desgrudam um só minuto. Ela pode ser a sua alma gêmea, sabia? – Eu acho que ela está se precipitando. Acabamos de nos conhecer. E se não der certo? – Se não der certo, você volta para o Rio e tudo bem. – Clara, você ama Alice? – Não sei. Eu acho que sim. – Acha? Pois eu vou te dizer uma coisa. Eu tenho certeza que você a ama, mas está com medo de admitir para si mesma. – Não é medo. É que foi tudo tão rápido. – Já ouviu falar em amor à primeira vista? – E almas gêmeas? – Parem! Vocês estão me deixando mais confusa. – Você não vai fazer isso, Clara. Você não vai ficar com ela. – Duda? Duda pega no braço de Clara e aperta. – Você me ouviu? Você vai voltar conosco para o Rio amanhã. – Solte o meu braço, está me machucando. – Solte-a, Duda. – E pensei que vocês fossem minhas amigas. Como podem querer convencer Clara a ficar com uma estranha? – Maria Eduarda, por favor, solte a Clara. – Ah! Eis que aparece Alice do País das Maravilhas. Eu sabia que você queria ficar com ela só para você. Mas eu não vou permitir, está me ouvindo? – Solte-a. Se não fizer por bem, fará por mal. Duda dá gargalhada.
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– E é você quem vai me enfrentar? – Por favor, Duda! Solte-me! Duda aperta mais o braço de Clara. – Fala pra ela que você vai voltar para o Rio comigo. – Por favor… – Fala! Clara vê Alice vindo em direção à Duda. De repente, ela fica tonta e perde os sentidos. – Clara? Você está bem? – Eu vi… É como no pesadelo. Você está bem, Alice? – Eu estou. Foi você quem desmaiou, não eu. Clara ri. – E Duda? Ela está bem? – Está sim, Clarinha. Bárbara e Felícia levaram-na para o quarto. – Você está bem mesmo, Clara? Acho melhor chamar um médico. – Não precisa! Estou bem. Clara e Alice vão para a fazenda. No carro, elas conversam. – Por que não me contou? – Não achei que fosse necessário. Duda está confusa. – Ela não me pareceu confusa, muito pelo contrário. Ela sabe bem o que quer. – Prefiro não falar sobre isso.
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– E por que não? Você está confusa em relação aos seus sentimentos por ela? – Eu não acredito que você está me dizendo isso! – Desculpe, só estou preocupada com você. Quando chegam à fazenda, vão direto para o quarto. Alice tranca a porta e encosta Clara na parede. Ela está tomada por um desejo incontrolável, selvagem. Beija Clara, arranca suas roupas e a carrega para a cama, colocando-a de bruços. – Você ficou louca? – Não! Eu sou louca! Louca por você, Clara! Alice passa sua língua pelo corpo de Clara, e no momento em que percebe que ela vai gozar, a penetra com seus dedos. – Ah, Alice! Alice se deita, e pede para Clara vir por cima. – Vou chupar você, até que goze de novo. Vem, minha delícia! Clara obedece. Fica sobre Alice, segura na cabeceira da cama e rebola, e mexe, e geme… Está extasiada de prazer. Alice passeia com suas mãos livremente pelo corpo de Clara, sentindo uma excitação louca, insaciável. Clara goza, e toma o corpo de Alice, retribuindo o prazer que sentiu. – Clara… Gostosa!
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Depois de saciadas, tomam banho. Alice pede para que sirvam o jantar no quarto. Jantam, assistem filmes, e fazem amor de novo. – Boa noite, Clara! – Boa noite, Alice. Mais uma noite, Clara acorda chorando. E desta vez, gritando. – Calma, Clara! Já passou! – Era ela! Ela era ele! – O que?! – Ela… Ele matou você! – Clara, não estou entendendo. Você está falando do que? – Duda! Duda é o homem que mata você no meu pesadelo. – Ok. Eu já entendi. Acalme-se e tente dormir de novo. Amanhã conversaremos sobre isso. – Não! Você não entendeu e não está acreditando em mim. O homem que mata você em meu pesadelo, tem o rosto de Duda. Você não pode deixar que ela a mate. Alice, me prometa que nunca vai enfrentar a Duda, não importa o que aconteça. Prometa. – Não posso prometer isso, Clara! Se Duda machucar você… – Ela não vai me machucar. Você tem que me prometer que nunca, jamais, em hipótese alguma, vai enfrentar a Duda. Por favor. – Está bem, eu prometo. Mas você também tem que me prometer que não vai deixar que ela a machuque, que vai pedir ajuda se precisar. – Prometo. Alice… Clara não consegue parar de chorar. – Fale, meu amor. – Eu amo você! – O que?! Repita isso!
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– Eu amo você! E estou sentindo tanto medo de te perder. Elas se abraçam. Alice também está chorando. O dia amanhece frio e a neve cobre o campo. Clara e Alice estão indo para o hotel, se encontrar com as amigas. – Estou me sentindo em um filme de Hollywood. Casas maravilhosas, campos, neve… Amor! Parece um sonho! – Esse sonho pode durar para sempre, Clara. Só depende de você. Quando chegam ao hotel, Andréa a está esperando, com sua mala e com a mala de Clara. – Pegou tudo, Andréa? – Sim. Tudo. – Onde ela está? – No quarto. Felícia e Bárbara estão com ela. – Ela está bem? – Acho que sim. Vou subir para avisá-las que você chegou. Pouco depois, elas descem. Duda vai falar com Clara. – O que você decidiu? – Eu vou com vocês. Duda sorri e olha para Alice, desafiando-a. No aeroporto, elas se despedem de Alice.
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– Nem sei como agradecer, foi tudo maravilhoso! – Voltem quando quiser. E da próxima vez, serão minhas hóspedes na fazenda. – Uau! Vou voltar o mais rápido possível. Andréa e Sandra estão chorando, abraçadas. – Assim que eu puder, eu volto. – Volte logo, por favor. Vou morrer de saudades. Clara e Alice ficam a sós. – Tem certeza do que está fazendo, Clara? – Sim. Tenho muitas coisas para resolver lá. Mas eu volto. – Você me prometeu. Duas semanas, no máximo. – Pode acreditar. Em duas semanas estou voltando para ficarmos juntas para sempre. Alice, você sabe o quanto eu amo os filmes românticos, não sabe? – Sei. E daí? – Diz que me ama. – Eu te amo! – Idem. Alice dá gargalhada. – Ghost – Do outro lado da vida. – Muito bem! Vejo que não sou apenas eu que gosto de filmes românticos. Elas se abraçam. O avião parte de volta para o Rio de Janeiro.
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– Do outro lado da vida… Caiu muito bem. Diz Alice, vendo o avião de Clara desaparecer no ar.
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Capítulo 7 Depois que chegam ao Rio de Janeiro, Clara vai para a casa de Andréa. – Não vou atrapalhar mesmo? – Claro que não, Clarinha! – Serão apenas duas semanas, eu prometo. – Pare de cerimônia, somos irmãs, lembra? – Obrigada, Andréa. No dia seguinte, Andréa acompanha Clara até o apartamento de Duda para pegar suas coisas. – Você não precisa sair daqui, Clara. – Preciso sim. – Você acha que eu vou fazer o que? Violentá-la? Clara olha para Duda, com o olhar de desaprovação. – Por favor, não vá! Temos tanto para conversar! – Não temos nada para conversar. O que tinha que ser dito, já foi. Tentamos ajudar você, mas você não quer nossa ajuda. – Eu não preciso de ajuda, eu só preciso de você. Clara não responde mais nada. Pega suas coisas e, antes de sair, diz: – Agradeço por me deixar ficar aqui. E só não continuo, porque… – Porque você vai morar com ela. – Não é só por isso, e você sabe o motivo. Duda…
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Clara olha com tristeza para a amiga. – Que pena acabar assim. Clara sai, deixando sua melhor amiga para trás. – Não chore Clara! Ela vai colocar a cabeça no lugar e vai ver a besteira que está fazendo. De manhã, Clara havia telefonado para Elenice, dizendo que iria buscar o resto de suas coisas. Quando chegam ao apartamento, é Bruna quem abre a porta. – O que você está fazendo aqui? – Elenice não te contou? Vim pegar minhas coisas. Clara empurrou a garota e entrou, indo para o quarto. Pegou tudo o que lhe pertencia. Roupas, sapatos, perfumes, cremes, livros, CDs, DVDs… – Seria melhor você esperar que Elenice estivesse aqui, de repente, você leva alguma coisa que não seja seu e… – Escute aqui, piranha. A única ladra que tem aqui é você. Você roubou minha mulher, minha casa, roubou tudo o que ela e eu construímos. Claro que você não tem culpa sozinha, Elenice facilitou as coisas. Portanto, esteja certa de que tudo o que eu peguei, me pertence. E se Elenice der falta de alguma coisa, mande-a me procurar. Clara empurra a garota no sofá e sai. – Boa Clarinha! – Diz Andréa, batendo palmas. – Que ódio! Quando lembro que fui traída durante meses, e com essa
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vadia… Ai! Tenho vontade de matar Elenice. Elas voltam para a casa de Andréa. Clara tenta organizar as coisas, mas se sente perdida. – Que bagunça! Não sei nem por onde começar. – Fique calma, vou agora ao supermercado conseguir umas caixas pra você. – Eu vou junto. Elas descem e conseguem muitas caixas. – Clara, pode usar o armário para guardar as coisas que você vai precisar enquanto não viaja. Vou livrar uma parte. – Obrigada, Andréa! Nem sei como agradecer. – Mas eu sei. – Fala. – Diz Clara desconfiada. Ela conhecia bem a amiga, para esperar alguma piada. – Fale com Alice e veja se ela consegue um emprego pra mim em Gramado ou em alguma cidade próxima. Se ela conseguir, me mudo com você. – O que?! Você está falando sério? – Estou. Tenho certeza de que encontrei minha alma gêmea. – Sandra? – Isso mesmo! Ah, Clara! Ela é tudo o que sempre procurei em uma mulher. Linda, meiga, gentil, inteligente, honesta, divertida, gostosa… Clara ri. – Você está apaixonada? Não acredito! Sandra conseguiu te fisgar? – Pode apostar! Estou louca por ela, e ela por mim. – Você está feliz?
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– Muito! – Então é isso o que importa. Pode deixar, eu vou falar com Alice e tenho certeza de que ela vai dar um jeito. Andréa abraça Clara com carinho. À noite, Felícia e Bárbara foram para a casa de Andréa. Pediram pizza e tomaram cerveja. – Ah, que maravilha voltar para o quentinho da minha cidade. Eu congelei em Gramado. – Mas foi uma viagem inesquecível, não foi Felícia? – Foi. Meus ossos que o digam. Elas falam dos planos de Clara e de Andréa, em morarem em Gramado. Combinam de nunca se separarem, aconteça o que acontecer. Falam também sobre Duda, e Clara faz as amigas prometerem que vão cuidar dela. Clara estava resolvendo as coisas que precisava, antes da mudança. Dois dias depois, Clara estava no Banco resolvendo sobre suas contas e cartões de créditos, quando recebeu um telefonema de Elenice. – Clara, eu preciso muito falar com você. – O que foi? Peguei alguma coisa que era sua? – Não é nada disso. Por favor, posso te ver hoje? Você está na casa de Andréa, não é? – Sim. Mas o que quer falar comigo? Não pode ser por telefone? – Não, tem que ser pessoalmente. Posso ir mais tarde te ver? – Está bem, Elenice. Passe na casa de Andréa por volta das 5 horas da tarde. Esse horário está bom pra você? – Está ótimo! Obrigada.
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Clara saiu do Banco e foi para casa. Almoçou, arrumou alguns papéis e telefonou para Alice. O celular estava desligado. Ligou em sua casa e uma das empregadas atendeu, dizendo que Alice não estava. Tentou no hotel, e lá também ela não estava. – Onde ela se meteu? Eram quase 4 horas da tarde, quando Andréa chega em casa. – Clara? Você está em casa? Tenho uma surpresa para você. Clara sai do quarto e corre para a sala. – Estou aqui. Que surpresa? Entram pela porta, Alice e Sandra. Clara se joga em Alice e a beija. – Ai! Que surpresa linda! Saudades! – Eu também, meu amor! Por isso, não resisti e vim. Na verdade, não resistimos, não é Sandra? – Fui buscá-las no aeroporto. Sandra me telefonou ontem dizendo que viriam. – E você escondeu isso de mim? Não é justo! – Era uma surpresa, Clara. Você tem um quarto aqui? – Claro que tenho! Por quê? – Andréa… – A casa é sua! Vou levar Sandra para ver o mar. Fique à vontade, Alice. Alice e Clara vão para o quarto. – Nunca mais vou ficar longe de você Clara. Senti falta do seu corpo,
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dos seus beijos… Ah! Esses seios que me deixam louca! Te quero agora! – Sou tua! Vem! Elas se tocam numa ânsia frenética. Seus desejos estavam à flor da pele. Depois que fizeram amor, ficaram deitadas, se olhando. – Eu te amo tanto, Clara! – Também te amo. – Você não sabe como me deixa feliz ao ouvir isso. Fala de novo. – Te amo, Alice! Te amo! Te amo… – Minha doce pequena! A campainha toca. – Espere! Vou ver quem é. – Não demora! Clara veste uma blusa, a calcinha e vai atender à porta. Ela olha pelo olho mágico e se lembra. – Ai, droga! Esqueci! Ela abre a porta. – Oi, Clara! – Oi.
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– Posso entrar? – Claro! Entre. – Estou atrapalhando alguma coisa? – Não. Mas se você puder ser breve, eu agradeço. Sente-se. Elenice se senta e fica olhando para Clara, sorrindo. – Estou lisonjeada. – Com o que? – Você está só de blusa e calcinha para me esperar? – Hã? Ah! Não… Espere um momento, eu vou me vestir… – Não! Fique assim. Já a vi sem nada muitas vezes, não vai ficar envergonhada, não é Clara? Clara tinha a estatura baixa, os cabelos nos ombros, lisos, grossos e castanhos claros. Seus olhos eram cor de mel, que ficavam verdes à luz do sol. Seios pequenos, cintura fina, pernas grossas, bem torneadas, e sua pele era bronzeada. Elenice olhava para Clara com desejo. – Você está mais linda, sabia? – Obrigada. – Tem alguma coisa diferente em você, eu não sei dizer o que, mas… – Elenice, diga o que você quer falar comigo, tenho um compromisso. – Clara… Elenice se levanta e coloca a mão no rosto de Clara. Ela se afasta. – Elenice, por favor, fale logo o que quer. – Eu estou tão arrependida do que fiz. Bruna não é a mulher que pen-
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sei que fosse. Ela não está me fazendo feliz. – E o que eu tenho com isso? – Quero que volte pra mim, Clara. – O que?! – Sinto tanto a sua falta! Foi preciso eu ficar sem você, para descobrir que você é a única mulher que eu amo e desejo. Só com você poderei ser feliz de novo. – Você só pode estar brincando. – Não estou brincando. Eu te amo! Eu errei ao ficar com Bruna. Era para ter sido só uma aventura, mas ela insistia para que eu deixasse você e ficasse com ela. Eu fui uma burra. – Elenice… – Por favor, não responda nada agora, pense. Eu a magoei, eu sei, mas posso reparar isso, basta você voltar pra mim. Clara olha para o corredor e vê Alice encostada na parede, com os braços e pernas cruzadas. Estava com um olhar sério. Elenice também vê Alice. – Essa não é Andréa. – Não. É Alice. – E quem é Alice? Clara se sente constrangida. – Diz pra ela quem sou eu, Clara. – Ela… Ela é minha mulher. – Sua mulher? Desde quando? – Nos conhecemos em Gramado. – Agora? Nessa última viagem que você e as meninas fizeram? – Isso. – E como ela pode ser sua mulher em tão pouco tempo? Vocês já se
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conheciam antes? – Sim. Clara e eu nos conhecemos há muito tempo. – Responde Alice. – Espera. Quer dizer então que você estava me traindo? – Não! Não foi isso que Alice quis dizer. – E o que ela quis dizer? – Você não entenderia. Elenice… Tente se acertar com Bruna, ou mande-a embora, sei lá! Faça o que você quiser, mas me esqueça. Não tem a mínima chance de eu voltar pra você. – Você se fez de vítima, chorou, me bateu, ficou indignada por eu tê-la traído, e estava fazendo o mesmo comigo. Como pôde fazer isso, Clara? – Eu nunca traí você. – E como me explica você conhecer alguém há apenas alguns dias e já falar que ela é sua mulher? – Na verdade, isso não interessa a você. Clara já lhe disse tudo o que precisava dizer, portanto, acho que você já pode ir embora. Elenice se aproxima de Alice. – Quem deveria ir embora é você. Clara é minha mulher. – Não é mais. Pelo que entendi sua mulher agora se chama Bruna. – Elenice, por favor, vai embora. Alice e Elenice se encaram. Clara, além de constrangida, fica nervosa, com medo de elas brigarem. – Por favor, Elenice. – Está bem. Vou embora, Clara. Mas gostaria que você me explicasse melhor essa história. Não vou admitir ter sido traída depois de tudo o que eu fiz por você. Clara dá gargalhada.
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– Você é hilária, Elenice. Eu posso ser traída, mas você não. Não tenho que te dar explicação nenhuma. Nunca traí você, se quer acreditar, ótimo! Senão, isso é um problema que você terá que resolver sozinha. Agora saia, por favor. – Clara… – Sai Elenice. Quando Elenice sai, Clara bate a porta. – Isso parece piada! – Acho que eu tenho muitas rivais. Tem mais alguma que eu desconheço? Se tiver, me fale para eu ficar preparada. – Você é abusada, sabia? – Abusada por quê? Por cuidar da minha mulher? – Eu sei me cuidar sozinha. Em Gramado, você provocou Duda, e agora Elenice. Não pode ser assim, precisa se controlar. Odeio brigas. – Clara… Você está brigando comigo nesse exato momento. – Não estou brigando. Só quero que você pare de provocar as pessoas, pare de ser marrenta. É perigoso. Não quero que se machuque. Alice abraça Clara. – Fico feliz que se preocupe comigo, mas não precisa. Eu luto boxe, sei me defender bem. Como acha que eu consigo manter esse corpo sarado e gostoso? – Convencida. – Vai negar? Vai me dizer que este corpinho não te deixa maluca? – Não vou negar. Seu corpinho me deixa maluca e quero que ele continue inteiro. Consegue fazer isso? – Por você, consigo fazer qualquer coisa.
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– Precisava falar que nos conhecemos há muito tempo? Você quis que ela pensasse que eu a traí, não foi? – Não tive essa intenção, mas foi engraçado ela pensar isso. Bem feito! Ela mereceu. Traiu você, te fez sofrer. A propósito, ela disse que você bateu nela. É verdade? – É. Quando cheguei em casa e vi a piranha e ela na cama, fiquei possessa. Minha vontade era espancar as duas. – Você espancou Elenice? – Não! Foram só duas bofetadas. Com força, mas só duas. – Preciso ter cuidado. Dizem que as baixinhas são as mais bravas. – É bom ter cuidado mesmo, porque se eu sonhar que você está se engraçando com alguma piranha… Nem sei do que sou capaz. – Bom, caso isso acontecesse, que é impossível, você teria que me pegar primeiro. E eu corro muito rápido. Mas você é tão pequena, tão frágil, que eu dominaria você facilmente. – Eu não teria tanta certeza disso. – Clara, olha o seu tamanho e olha o meu. – Você não é tão grande assim. E não parece tão forte. – Não me desafie. – Tai! Gostei disso! Desafio você a me dominar. – Clara! Não me provoque. – Logo vi que era só da boca pra fora. Não tem coragem, não é mesmo? – Foi você quem pediu. Alice coloca Clara nos ombros e vai para o quarto. – Pare Alice! Me ponha no chão. Alice joga Clara sobre a cama, e prende seus braços com as mãos. – Quero ver você se soltar agora.
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Clara tenta se soltar, mas não consegue. – Você não disse que eu não parecia tão forte? Por que não se solta? Nem estou apertando. – Eu vou me soltar. É só uma questão de tempo. – De quanto tempo estamos falando? Tenho coisas mais interessantes para fazer com você, do que ficar aqui te prendendo. Clara tenta… Tenta… Tenta e… – Ok, ok! Admito! Você é mais forte que eu. Alice sorri, mas não solta Clara. – Não vai me soltar? Alice, ainda segurando os braços de Clara, começa a beijar seu pescoço, morde levemente sua orelha, beija sua boca… – Ah! Alice… – Oi. – Isso está me deixando… Ai! – Quer que eu pare? – Não! Devagar, Alice solta as mãos de Clara e começa a alisar seu corpo. Os seios… A barriga… As coxas… Quando chega nas nádegas, ela aperta. – Gostosa! – Ai, Alice! Você me deixa tonta!
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Andréa e Sandra chegam da praia, Clara e Alice estão dormindo. Andréa leva Sandra para o banheiro e fazem amor, debaixo do chuveiro. Por volta das 21 horas, Alice acorda e vai falar com Andréa, que está na sala com Sandra. Elas estavam assistindo TV. – Boa noite! – Boa noite, Alice! Dormiu bem? – Como um anjo. Queria te pedir um favor. – Claro! – Gostaria de levar Clara para o meu hotel. Quero ficar com ela até viajarmos. Você se incomoda? – Lógico que não! Se ela quiser. – Obrigada. Você vai ficar aqui, Sandra? – Se não houver problema pra você. – Pode ficar. Vocês gostariam de sair para jantar? – Sim! Excelente ideia! – Diz Andréa. – Está bem. Vou acordar Clara. Ela acorda Clara com beijos. – Hmmm! Que gostoso acordar assim! – Levante-se. Combinei com Andréa e Sandra de jantarmos fora. E você vai ficar comigo no hotel até voltarmos para Gramado. – Nossa! Você já resolveu tudo e nem me consultou? Não quer saber se eu quero ir? – Você quer. E você vai. Levante-se. Clara puxa Alice e lhe beija na boca. – Desse jeito fica difícil sair da cama.
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– Não precisamos sair hoje. Poderemos pedir uma pizza, dormir aqui esta noite, e amanhã irmos para o hotel. – Mas minhas roupas estão todas no hotel, Clara. – E quem disse que você vai precisar de roupa? Clara consegue convencer Alice a ficar. Andréa e Sandra também acham uma boa ideia. Pedem pizza, comem, e depois vão para os quartos. – Alice… – Sim? – Sabe aquele jeito que você me pegou… É… Prendendo meus braços e me tocando devagar, me beijando, me dominando… – Clara você é muito safada! – Ah! Faz de novo. Faz! No dia seguinte, elas estão no hotel e Alice manda um dos empregados pegar todas as coisas de Clara na casa de Andréa. Elas sobem para o quarto exclusivo de Alice. – Uau! Que quarto é esse, meu Deus! – É o nosso quarto enquanto estivermos no Rio. Clara você já resolveu as coisas que precisava por aqui? – Quase tudo. Por quê? – Porque acho que você não precisará de duas semanas. Seria possível irmos para Gramado antes? – Acho que sim. Vou ver o que falta e te falo. Cinco dias depois. Aeroporto Tom Jobim – Galeão. – Ai, amigas! Vou sentir tanta falta de vocês! – Nós também, Clarinha! Eu vou chorar.
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Clara se despede de Andréa, de Felícia e de Bárbara. – Eu vou assim que conseguir alugar a minha casa. – Diz Andréa. – Você também vai nos abandonar. Isso não é justo! Todas se abraçam. – Vocês falaram com Duda que eu estava indo hoje? – Falamos, mas acho que ela não vem Clara. – Cuidem dela por mim. – Vamos Clara. – Diz Alice. As amigas se abraçaram mais uma vez e Clara saiu em direção ao embarque. – Clara! Ela se vira e vê Duda correndo em sua direção. Duda se aproxima e abraça Clara. – Prometa-me que vai ser feliz e que se precisar de qualquer coisa, vai me chamar. – Eu prometo. Por favor, se cuide Duda! – Vou me cuidar. Clara… Te amo! – Também amo você minha melhor amiga! Clara olha para as amigas, acena e parte, deixando para trás a sua única família.
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Capítulo 8 Clara continua tendo os pesadelos, todas as noites. – Clara? Onde você está? – No terraço. Alice vai ao terraço e abraça Clara por trás. – Acho que vou começar a levar você comigo para onde eu for. Não consigo mais ficar longe de você, bate uma saudade! Clara se vira e a abraça. – O que você tem, Clara? Clara nada responde e fica abraçada a Alice. – Aconteceu alguma coisa, Clara? – Eu não aguento mais esses pesadelos. Não os entendo, mas sinto medo. – Por que não conversa com Marco Antônio? Eu já te falei que ele pode ajudar você, assim como me ajudou. – Eu telefonei para ele hoje. O convidei para jantar conosco. Mas… Alice… Eu quero trabalhar, não estou acostumada a ficar dentro de casa, sem fazer nada. Nesse último mês, desde que me mudei pra cá, eu já li uns 50 livros. Daqui a pouco vou começar a escrever um. – Não seria uma má ideia. – Estou falando sério, você poderia me dar atenção? – Desculpe, não quis ser indelicada. Estou prestando atenção, Clara. Pode falar.
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– Você e Marco Antônio iriam me arrumar um emprego na Agência no Rio e disseram que eles também têm aqui, em Gramado. Eu poderia trabalhar lá. – Clara, quando eu quis que você viesse morar comigo e pedi para que você não trabalhasse, é porque quero ter você todo o tempo comigo, porque não podemos perder tempo. Só por isso. – Você sempre fala em tempo, perder tempo, não ter tempo… Por quê? – Porque acho que já perdemos tempo demais uma sem a outra, e quero aproveitar todos os momentos que pudermos. Juntas. – Pra você é fácil falar. Você trabalha, não precisa ficar aqui, como uma inútil. – Você não é inútil. – Mas é como eu me sinto. – Está certo. Se você quer trabalhar, pode trabalhar comigo, no hotel. – E o que eu faria no hotel? Sou uma Publicitária, Alice! Eu adoro o meu trabalho! – Tudo bem. Vou falar com os diretores da Agência de Publicidade e peço para que eles… – Você não vai pedir nada. Vai me dar o endereço da Agência e eu vou lá com o meu currículo. Sozinha. – Você é uma mulher tinhosa! Ok! Farei como você quiser. Mas agora me dê um beijo bem gostoso. À noite, antes do jantar, Marco Antônio conversava com Clara. – Você acredita em reencarnação? – Eu não sei se acredito ou não. – Para que eu possa te ajudar, você precisa confiar em mim. Caso contrário, não há nada que eu possa fazer por você. – Eu confio em você. E farei qualquer coisa para que esses pesadelos acabem. – Você aceitaria que eu a hipnotizasse?
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– Me hipnotizar? – É a maneira mais rápida para que você tenha as respostas que tanto deseja. Mas isso não vai garantir que seus pesadelos acabem. Clara olha para Alice. – Não olha pra mim! É você quem tem que decidir. – Ele a hipnotizou? – Sim. – E como é? O que acontece? – É como estar dormindo e sonhando. – E os pesadelos vão acontecer enquanto estou hipnotizada? – Isso varia de pessoa para pessoa. Não há uma regra quanto a isso. Clara fica pensando. – Clara você terá que se sentir segura, caso queira ser hipnotizada. – Se eu estiver muito assustada, ou me sentir mal, tem como me acordar? – Tem. Eu interrompo a hipnose. Ela anda de um lado para o outro, respira fundo e diz: – Eu aceito. Pode me hipnotizar. – Tem certeza, meu amor? – Tenho. Mas se eu estiver estranha, chorando, gritando… Por favor, me acordem.
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Brasil – Início do Século XIX Ana chega ao Rio de Janeiro, a fim de comprar terras. Para a época, ela era uma mulher à frente de seu tempo. Independente, e ótima nos negócios, não permitia que seu pai, o Duque Carlos Augusto Alcântara, interferisse em sua vida. E ele confiava nela. O Barão José Roberto de Gusmão era dono de uma das terras na qual Ana veio conhecer e tentar comprar. Ana e o Barão conversavam. – A senhora é casada, Duquesa? – Não, senhor Barão. – Tem pai? – Sim, claro! – Por que seu pai não veio? – Porque quem quer comprar as terras sou eu, Barão. – Desculpe-me, mas é que eu nunca fiz negócios com uma mulher. Isto não é comum. A senhora me entende, não é? – Entendo. Mas por eu ser uma mulher, o senhor não vai querer fazer negócio comigo? – De forma alguma! Se quiser comprar, eu venderei. O Barão convida Ana para almoçar e ela aceita. Quando a filha do Barão entra na sala, acompanhada de sua mãe, Ana passa seus olhos por todo o corpo da linda jovem. – Duquesa, quero lhe apresentar minha esposa, a Baronesa Maria Andrade de Gusmão. – É um prazer conhecê-la, senhora. – E esta é minha filha, Cristina.
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Ana não consegue tirar os olhos de Cristina. Fica paralisada ao olhar seus lindos olhos azuis. Ao chegar mais perto da filha do Barão para cumprimentá-la, Ana sente arrepios por todo o corpo. Cristina abaixa a cabeça, encabulada. A Baronesa dá ordens aos criados para servirem o almoço. – Quando pretende voltar para o Sul, Duquesa? – Assim que concluir o que vim fazer. – É que minha filha em breve irá se casar, e se a senhora ainda estiver por aqui, gostaria de convidá-la. – Se casar? Quando? – O casamento ainda não foi marcado, mas acredito que seja muito breve. Ana se dirige à Cristina. – Você ama seu noivo, senhorita? – Essas coisas de amor são bobagens, Duquesa. – Responde o pai de Cristina. – Foi o senhor quem escolheu com quem sua filha deve se casar? – Não. Na verdade, ela foi escolhida. O Duque Rodolfo Alfonso Gutierrez, se interessou por ela no primeiro dia em que a viu. Ele estava estudando na Europa, voltou há pouco tempo. O pai dele ofereceu uma festa para comemorar o seu retorno e para apresentá-lo à corte, e foi nessa festa que Rodolfo me contou de suas pretensões com minha filha. – E sua filha deseja se casar com o Duque? – Claro que sim! Ele é um ótimo partido! Qualquer moça da corte se sentiria lisonjeada em ser cortejada por um homem tão distinto e com tantas posses. Minha filha tirou a sorte grande. “Cristina deseja se casar ou ela é como a maioria das mulheres? Sub-
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missa!” Pensa Ana, olhando para Cristina. Ana prefere não falar mais nada sobre o assunto, por medo do Barão se aborrecer. Ela precisava fechar o negócio das terras e queria tentar se aproximar mais da linda Cristina. – Onde a senhora está hospedada? – Na casa de um grande amigo de meu pai, o Marques Castro de Almeida. – Eu o conheço! Somos amigos também. Costumamos nos reunir no clube. O Barão faz perguntas à Ana sobre a sua família. Ana responde tudo, sem conseguir parar de pensar em Cristina. “Ela é tão tímida! Adoraria vê-la sorrir.” Após o almoço, Ana sai com o Barão para conhecer as terras. Depois, volta para a casa onde está hospedada, na cidade. “Preciso arranjar um jeito de ficar a sós com Cristina.” Durante a noite, ela tem uma ideia e, no dia seguinte, conversa com a Marquesa, esposa do Marques Castro de Almeida. – Excelente ideia, Ana! Conheço Cristina, é uma jovem adorável! Há algum motivo especial para convidá-la para o almoço? – É que eu a conheci na casa do Barão, quando fui falar com ele sobre as terras, e gostaria de saber um pouco mais sobre ele. E pensei que Cristina pudesse me ajudar.
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– Sua danadinha! Quer conhecer o Barão, para conseguir uma oferta melhor, não é? – Isso mesmo! – Este almoço poderia ser amanhã? É desagradável convidar alguém para a sua casa, sem enviar um convite com antecedência. – Sem problemas, Marquesa. Faça como achar melhor. No mesmo dia, a Marquesa foi pessoalmente à casa do Barão, convidar Cristina para o almoço e o chá da tarde em sua casa. Os pais de Cristina, que conheciam e apreciavam a simpática Marquesa, aceitaram o convite. No dia seguinte, o Barão levou Cristina até a casa da Marquesa. – A que horas devo buscá-la, Marquesa? – Não precisa se preocupar, Barão. Pedirei ao Marques que leve Cristina sã e salva para sua casa. Durante o almoço, Cristina quase não falou. Apenas respondia às perguntas da Marquesa a respeito de seu futuro casamento com o Duque. Após o almoço, a Marquesa pediu licença para descansar. Sabia que Ana precisava ficar a sós com Cristina para falar com ela sobre seu pai. – Você não gosta muito de falar, não é Cristina? – Quando não tenho assunto, prefiro ficar quieta. – Não ter assunto, não é muito comum nas mulheres. Cristina sorri. – Finalmente vejo um sorriso em seus lábios!
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“Que sorriso lindo!” – Gostaria de dar uma volta? – Para onde? – Para onde quiser me levar. Não conheço a cidade. – Há um lugar que gosto muito. Costumo ir lá de vez em quando. – E onde fica? Cristina leva Ana para a floresta. – Lindo este lugar! Mas não é perigoso? Você costuma vir aqui sozinha? – Sim. É meu esconderijo. Gosto de vir aqui para pensar, para meditar. Não é perigoso. Ana se aproxima de Cristina. – Cristina… – Sim? – Você quer mesmo se casar com o Duque? – Por que pergunta? – Porque toda vez que se toca no assunto, você parece ficar triste. Cristina anda um pouco, e se senta embaixo de uma árvore. – Se não quiser falar sobre isso, eu vou entender. – Eu não quero me casar. – Você já disse isso ao seu pai? – Não tenho coragem. – Por quê?
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– Diga-me, Ana! Por que acha que meu pai está querendo vender suas terras? – Não sei. Para investir em seus negócios? – Meu pai está falido, Ana. Ninguém sabe disso. Por favor, não diga a ele que eu te contei e não comente isso com ninguém. – Não vou comentar. Mas não é justo que você se sacrifique. – Rodolfo é um bom homem e gosta de mim. – Você o ama? Cristina sorri novamente. – Não ouviu meu pai dizer que amor é bobagem? – Você também pensa assim? – Eu preciso me casar com Rodolfo. É só o que importa. – E se eu ajudasse teu pai? – Ajudar como? – Além de comprar suas terras, eu poderia investir em sua fábrica e me tornar sua sócia. Assim, você não precisaria se casar. – E por que você faria isso? – Para te ver sorrir. Você tem o sorriso mais lindo que eu já vi em toda a minha vida. E teus olhos, quando você sorri, ficam ainda mais azuis, brilham! Cristina fica olhando para Ana, tentando entender o que aquelas palavras significavam. Sem conseguir resistir, Ana beija os lábios de Cristina. Subitamente, ela levanta. – O que está fazendo? Você é louca? – Desculpe-me, Cristina! Por favor, eu não… – Deixe-me em paz!
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Cristina sai correndo de volta para a casa da Marquesa. Ana a segue. – Com licença, Marquesa. A senhora pode pedir ao Marques para me levar de volta para casa? – O que houve querida? Aconteceu alguma coisa? – Não. Eu só quero ir embora. Por favor. A Marquesa sai da sala para chamar o Marques, que estava em seu escritório. – Cristina, perdoe-me, por favor! – Não me toque. – Por favor, não faça assim. – Nunca mais chegue perto de mim. – Perdão! Eu não quis magoá-la. Cristina entra na charrete e o Marques a leva para sua casa. – O que aconteceu com Cristina? – Nada, Marquesa. – Mas ela estava pálida, parecia assustada! – Ela se sentiu indisposta. Só isso. Ana vai para os seus aposentos. “Eu a assustei! Não deveria ter ido tão depressa. Maldição!” – Cristina? Já voltou? Você não ia ficar para o chá? – Ia, mas fiquei indisposta e quis voltar para casa. – Você está bem, minha filha?
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– Estou papai. Vou para o meu quarto. Tarde da noite, Ana não consegue dormir, pensando na besteira que fez. “Preciso pensar em uma maneira de Cristina me perdoar. O que eu posso fazer meu Deus? Ajude-me!” Na casa do Barão, Cristina também pensa no que aconteceu. “Como ela pôde? Como teve coragem de me beijar? Nunca mais quero vê-la. Nunca mais!” – Meu Deus! Cristina acorda sem ar. Estava trêmula. – Que sonho é esse? Em seu sonho, ela e Ana estavam nuas. Ana a possuía e ela se entregava, tomada por um desejo incontrolável. Ela geme ao se lembrar do sonho, está excitada. Cristina se toca, pensando em Ana. E goza. No dia seguinte, logo depois do café da manhã, Ana pergunta à Marquesa onde poderia comprar flores. Ela encontra a florista, compra flores do campo e vai até a casa do Barão. – Bom dia, senhor Barão! Espero não estar atrapalhando.
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– De forma alguma! Seja bem vinda, Duquesa! Mas o que a traz tão cedo em minha casa? – Vim para conversar com o senhor sobre as terras. – Não me diga que desistiu de comprá-las? – Não, muito pelo contrário. Hoje mesmo quero fechar o negócio com o senhor. – Isso é esplêndido! Por favor, sente-se. – Senhor Barão… – Pois não? – Estava vindo para cá e vi uma florista. Achei estas flores tão lindas, e pensei em dá-las para Cristina. – Muita gentileza de sua parte. Um momento, por favor, vou mandar chamá-la. Cristina entra na sala, onde estão seu pai e Ana. – Como está, Cristina? Ela não responde. – Filha, veja quanta delicadeza da senhorita Ana. Ela lhe trouxe flores do campo. Não são as suas preferidas? Cristina pega as flores da mão de Ana e agradece. – Barão, depois que assinarmos os papéis, eu gostaria de dar um passeio com sua filha. O senhor permite? – Claro! Esteja à vontade. Ana olha para Cristina e não gosta do olhar que ela lhe lança.
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– Posso ir agora, papai? – Pode. Vou fechar negócio com a Duquesa, e assim que terminarmos mando chamá-la, para vocês darem o passeio. – Fechar negócio? – Sim, minha filha. Ela vai comprar nossas terras. Isto não é maravilhoso? – É. Com licença. Depois de tudo acertado, o Barão convida Ana para o almoço, e manda chamar Cristina. Quando elas ficam a sós, Cristina explode. – Eu não acredito que você teve a ousadia de me procurar, depois do que fez ontem. – Eu precisava me desculpar com você, Cristina. Por favor, não fique zangada comigo. Sou capaz de implorar para que me perdoe. Fico de joelhos, me jogo de uma ponte, posso ser chicoteada, faço o que você quiser, mas me perdoe, por favor! Cristina dá gargalhada. – Essa risada quer dizer o que? Que estou perdoada? – Você seria capaz mesmo, de fazer tudo isso que falou? – Pode apostar. – Hmmm… Ficar de joelhos? – Sim. – Se jogar de uma ponte? – Com certeza! – Ser chicoteada? – Sem dúvida! Cristina ri novamente.
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– Venha comigo. – Pede Cristina, pegando na mão de Ana. – Onde estamos indo? – Para o meu esconderijo. Perto da floresta, Cristina mostra uma ponte para Ana. Ela olha e vê que há um riacho embaixo dela. – Bem, ela não parece tão alta. Ana sobe na ponte, olha para baixo e pula. – Não pensei que se jogaria. – Diz Cristina, dando risada. – Nem eu. Elas vão para debaixo da árvore, onde Ana a beijou. – Agora fique de joelhos. Ana obedece. – Perdoe-me, Cristina. Nunca mais vou beijá-la, nem mesmo tocá-la. – Não? – Não. Eu prometo. Cristina se lembra do sonho e se abaixa, ficando de joelhos também. Ela coloca as mãos nas roupas de Ana. – Você está toda molhada. – Não sei se você percebeu, mas embaixo daquela ponte, há um riacho. Tem água.
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– É. Eu sei. Cristina toca os cabelos de Ana e os cheira. – Seu cabelo tem um cheiro gostoso. Ana se arrepia. – Desse jeito vai ser difícil resistir. – Não resista. – Lembre-se que ainda tenho que ser chicoteada. – Não acha que vai valer a pena? – Cristina… Não faça isso. – Fazer o que? – Você está me provocando, e desta vez, não vou pedir perdão. – Não peça e faça o que tem que fazer. Ana joga Cristina no chão, e a beija. Coloca sua mão por debaixo de seu vestido, procurando seu corpo. Aperta suas coxas e suas nádegas, com um instinto selvagem, um desejo avassalador. As duas se despem, e Cristina delira, sentindo as mesmas sensações que sentiu em seu sonho. Mas desta vez, era real. Os dias foram se passando. Cristina e Ana estavam tendo um caso secreto, e se sentiam cada dia mais apaixonadas. Certo dia, elas estavam passeando pela cidade, quando encontraram algumas pessoas.
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– Cristina? O que faz aqui sozinha? – Rodolfo! – Responda! O que veio fazer na cidade sozinha? – Não estou sozinha. Ana está me acompanhando. – E o que veio fazer aqui? – Eu… Eu vim fazer compras. – Compras? Veio comprar o que? – Meu filho, não seja indelicado. Creio que Cristina veio comprar coisas para o enxoval. Acertei? – Sim. – Está vendo, Rodolfo? Aliás, foi bom encontrá-la, Cristina. Precisamos marcar logo a data do casamento e conversar sobre os preparativos. A festa, a comida, os convidados, a viagem de núpcias. Cristina não responde nada, apenas força um sorriso. – Quem é esta jovem tão bonita? É sua irmã? – Não, mamãe. É a Duquesa Ana, ela está aqui para fazer negócios com o pai de Cristina. – Negócios? Veio com seu marido? – Não sou casada, senhora. – Com seu pai, então? – Não. Eu mesma farei negócios com o Barão. – Uma mulher de negócios? Nunca vi isso em toda a minha vida. – Desculpe-me, Duquesa, mas já estávamos indo para casa. – E onde estão suas compras, Cristina? – Minhas compras? – Sim! Não foi para isso que veio à cidade? Ana percebe que Cristina fica nervosa, e responde por ela.
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– Cristina queria comprar roupas de cama, mas não encontrou a cor que desejava, então, encomendou. A vendedora mostrou diversas cores, mas ela insistiu na cor vermelha, justamente a que a loja não tinha. Senhor Rodolfo, sinto que o senhor terá que ter muita paciência com sua noiva. – Eu tenho. Mas por que vermelho e não de outra cor? – Ah! Os homens não entendem nada dessas coisas. Fez muito bem em encomendar, afinal de contas, só se faz enxoval uma vez na vida, não é Cristina? – Sim, senhora. Por favor, peço licença, vou para casa. – Vou levá-las. – Não! Não precisa Rodolfo. Obrigada. Cristina e Ana estão na floresta, onde costumam se encontrar. – Por que você ainda não contou a ele? – Eu não tive chance. – Não teve chance ou está com medo? – Por favor, Ana! Tente compreender. – Compreender? Não vê que quanto mais você esperar, mais difícil será para você terminar com este noivado? Não vou suportar se você se casar com ele. – Eu não vou me casar com ele, Ana. É você quem eu amo. – Então fale com ele. Hoje. No máximo até amanhã. Ana encosta Cristina em uma árvore e a beija. Levanta seu vestido, e passa as mãos pelas pernas de Cristina. – Sua pele é tão sedosa! Ah, Cristina! Você me deixa louca! Com um desejo voraz, Ana possui Cristina.
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No dia seguinte, quando Rodolfo vai visitar sua noiva, Cristina diz que precisa falar com ele. Eles saem para caminhar no jardim da casa do Barão. – O que precisa falar comigo? – Rodolfo, eu… Não sei como começar. É um assunto delicado. – Aconteceu alguma coisa? Cristina não sabe como contar ao seu noivo que não vai mais se casar com ele. – Está me deixando aflito, Cristina. Fale logo! – Bem… Você é um homem gentil, educado, me respeita e sei que gosta de mim… – Eu não só gosto de você, Cristina. Eu te amo. – É. Mas eu… Eu não amo você, Rodolfo. – Eu sempre soube disso. Mas sei que depois que nos casarmos você vai aprender a me amar. – Não. Não vou. – O que está tentando me dizer? – Eu não quero me casar com você. – O que?! – Não podemos nos casar, Rodolfo. Eu serei incapaz de te fazer feliz. – Você não pode fazer isso. Todos na cidade, e até fora dela, estão sabendo do nosso noivado. O que vão dizer? – Não devemos nos importar com o que vão dizer, só com a nossa felicidade. – Minha felicidade é ter você, Cristina. – Desculpe, mas eu… – Você não sabe o quanto tenho me controlado para não possuí-la antes do casamento. Você me deixa louco toda vez que está perto de mim, eu sinto um desejo enorme de estar com você, de ver seu corpo, de tocá-lo.
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– Por favor, pare! Isso jamais vai acontecer. Rodolfo pega nos braços de Cristina e os aperta. – Não vou aceitar isso, você não vai me deixar. Vou falar com seu pai agora mesmo para marcamos a data do nosso casamento. – Não! Eu não quero me casar com você! – Por que não? – Eu já disse! Eu não te amo! – Mas vai me amar. Rodolfo beija Cristina à força. – Você vai ser minha, Cristina. Querendo ou não. Cristina sai correndo e entra em sua casa. – O que aconteceu, minha filha? Cristina! Ela entra sem falar com seu pai e vai para o seu quarto. Rodolfo chega logo em seguida. – O que aconteceu, Rodolfo? Cristina entrou correndo, não quis falar comigo. – Senhor Barão, precisamos marcar a data do casamento o mais rápido possível. – Por quê? O que você fez com minha filha? Vocês… – Não é o que está pensando. Rodolfo explica tudo para o Barão.
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– Posso marcar a data? – Pode. Você tem todo o meu apoio. Rodolfo marca a data do casamento para daqui um mês, e comunica ao Barão. Cristina está desesperada, e tenta convencer seu pai a desmarcar o noivado e o casamento. – Não, Cristina! Rodolfo é o melhor homem para ser seu marido. – Eu não quero me casar com ele! Eu não o amo! Por favor, papai! – Não insista! Você vai se casar com ele, nem que eu tenha que amarrá-la e levá-la até o altar. – Eu fujo! Eu me mato! – Pare de fazer drama, mocinha. Não vai me comover. O melhor que você tem a fazer é aceitar. – Não! Cristina sai para se encontrar com Ana. – Eu não sei mais o que fazer. Ajude-me, por favor. – Vamos para o Rio Grande do Sul, ninguém vai encontrá-la. – Como vou conseguir sair de casa com bagagens, sem ser vista? – Não precisa levar nada, quando estivermos lá, compro tudo novo para você. Não volte mais para a sua casa, vamos agora. Você quer? – Quero. Para ficar com você, faço qualquer coisa. Eu te amo, Ana! – Também te amo, Cristina! Elas se beijam. Quando estão saindo da floresta, em direção à casa da Marquesa, são impedidas por alguns homens que estão a cavalo. – O que vocês querem? Não temos dinheiro, nem jóias.
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Diz Ana, imaginando que aqueles homens fossem ladrões. Eles não respondem, e continuam impedindo a passagem delas. De repente, outro homem aparece. Ele desce do cavalo e se aproxima. – Meu Deus! Rodolfo! – Então é por isso que você não quer se casar comigo? Meretriz! Ele dá uma tapa no rosto de Cristina. Ana avança sobre ele, mas Cristina a impede. – Não, Ana! Deixe-me falar com ele. Rodolfo, agora você entende porque não podemos nos casar? Ana e eu nos amamos. Ele bate nela outra vez. Ana fica enfurecida e parte pra cima dele. Rodolfo tira uma arma de seu casaco. Cristina grita. – Por favor, não faça isso! Ele não ouve Cristina. Seu olhar era de ódio. – Rodolfo… Por favor… Ele atira e acerta Ana. – Não! Cristina se abaixa e vê que o tiro acertou o coração de Ana. – Ana, meu amor… Ana sorri e fecha os olhos… Para sempre.
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– Não! – Clara. Acorde! Ela está chorando. – Alice… – Sim, Clara! Estou aqui. Clara abraça Alice fortemente. – Você está bem Clara? – Estou. Agora eu sei… Agora entendo tudo. – Quer nos contar? Clara conta tudo o que viu, enquanto estava hipnotizada. – O que não entendo, é que nos pesadelos, Alice e eu… Ana e Cristina estão a cavalo e descem para apreciar as flores. Não foi assim que aconteceu. – Os cavalos que você vê em seus pesadelos, na verdade eram dos homens e de Rodolfo. É normal se enganar, misturar os fatos, as pessoas, os acontecimentos. Nem sempre lembramos tudo com clareza. – E Rodolfo… Ele se parecia com… – Maria Eduarda, sua amiga. – Sim. Como sabe? – Clara você compreendeu bem o que aconteceu e o que está acontecendo? – Eu não sei. É tão estranho! – O que você viu enquanto estava hipnotizada, foi uma de suas encarnações. Você era Cristina, Alice era Ana e Maria Eduarda era Rodolfo. Você passou por uma regressão. Isso significa que você voltou no tempo e teve a oportunidade rara de se ver em outra vida. Você
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acredita nisso, Clara? – Acredito. Foi tão real! Mas… – Mas? – O que aconteceu em outra vida, é possível se repetir nesta vida? Marco Antônio olha para Alice. – Não necessariamente. Isso depende. – Depende de que? – Da evolução espiritual que você, Alice e Maria Eduarda alcançaram. – E como saber disso? – Você e Alice acreditarem que já se encontraram em outras vidas, já é um bom começo. – E Maria Eduarda? Não creio que ela saiba que fez parte de minha vida e da vida de Alice em outra encarnação. – O que você quer saber exatamente, Clara? – Quero saber se é possível Maria Eduarda matar Alice de novo. – De novo? – Marco Antônio sorri. – Se é disso que você tem medo, não se preocupe. Alice não será morta por Maria Eduarda. – E como você sabe? Lembro do ódio que vi nos olhos dela, quando ela quis me afastar de Alice, no hotel. – Mas pelo que Alice me contou, no dia em que Maria Eduarda foi se despedir de você no aeroporto, ela não tinha mais aquele ódio no olhar e ainda fez você prometer que seria feliz. Ou seja, ela aceitou ter que perdê-la, para que você fosse feliz. Isso se chama desprendimento. – Você me garante que Maria Eduarda não vai matar Alice? – Bem, Clara, na vida tudo é possível. Não posso prever como uma pessoa vai agir, principalmente, quando não a conheço bem. – E o que podemos fazer para impedir que isso aconteça? – O que precisavam fazer, já fizeram. Estão afastadas dela. Quando o sofrimento de Maria Eduarda passar, ela vai conseguir ser feliz também. O que sugiro, é que vocês orem por ela, para que ela consiga
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ter paz. Clara abraça Alice novamente. – Alice, se você morrer, eu mato você! – Se eu morrer, Clara, prometo te esperar do outro lado. Eles jantaram. Marco Antônio se despediu. – Clara, vou separar alguns livros para você ler. Isso vai ajudá-la a compreender melhor tudo isso. Boa noite, minhas amigas. – Boa noite, Marco Antônio. E obrigada! Clara estava exausta. Elas se deitaram e dormiram. Clara passou a noite sem ter pesadelos.
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Capítulo 9 – Bom dia, Clara! Ela se espreguiça, abre apenas um olho e diz: – Um de meus olhos ainda está com sono. Acho que ele quer dormir mais. Alice ri e a abraça. – Tenho uma proposta para te fazer, mas antes, quero que se levante e tome o seu café da manhã. – Tenho escolha? – Não. Clara se levanta e toma o café da manhã levado por Alice. – Qual é a proposta? – Eu estava pensando no que me disse ontem, sobre você ficar em casa sozinha, se sentir inútil, querer trabalhar e resolvi te propor uma viagem. Você e eu. – Hmmm… Continue. – Quero voltar a Porto Seguro com você. Foi lá que eu a vi pela primeira vez. E depois, podemos estender nossa viagem pelo Nordeste. O que acha? – Tudo isso para eu não trabalhar? – Tudo isso para ficarmos todo o tempo juntas. Clara olha para Alice desconfiada.
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– Não me olhe assim, Clara! Estou fazendo isso por você, por nós. – Está bem. Mas com uma condição. – Qual? – Que você não vai trabalhar enquanto estivermos viajando. Será uma viagem a passeio, para nos divertirmos e estarmos juntas. Promete? – Prometo. – Se você não cumprir sua promessa e aproveitar a viagem para visitar seus hotéis e ficar metida em reuniões com sócios, empregados e com os hóspedes, eu vou embora e te largo onde você estiver. Entendeu? – Sim, senhora! Clara e Alice ficaram durante 3 meses viajando pelas cidades do Nordeste. No quarto do hotel, elas estavam se preparando para voltar para casa. Alice recebe um telefonema e Clara percebe que ela fica nervosa. – Tem certeza? Tudo bem, eu vou visitá-lo. Sim. Claro! Até logo. – Quem era? – Negócios, Clara. – Algum problema? Você me pareceu nervosa. – Problemas rotineiros. Nada que eu não possa resolver. Está tudo pronto? Podemos ir? – Sejam bem vindas de volta! – Obrigada, Sandra! Onde está Andréa? – No hotel, trabalhando. Como foi a viagem? – Foi maravilhosa! Depois contamos tudo. Tiramos tantas fotos lindas! Clara e Alice vão para o quarto. – Clara preciso ir ao hotel. Quer ir comigo? – Quero. Vou fazer uma surpresa para Andréa.
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Elas tomam banho, se vestem e vão para o hotel. – Clara! Que saudades! – Eu também Andréa. Está gostando do trabalho? – Sim! É o emprego que pedi a Deus. Onde está Alice? – Ela foi conversar com Marco Antônio, daqui a pouco ela estará aqui. – Fiquei muito frustrada quando cheguei, e Sandra me contou que vocês estavam viajando. Mas me conte! Como foi a viagem? Na sala de Marco Antônio, ele e Alice conversam. Ela conta sobre o telefonema que recebeu no hotel, antes de voltarem. – Quando você pretende ir? – Na próxima semana. – Alice, você já conversou com Clara? – Ainda não. – Não é justo com ela, você sabe, não é? – O que não é justo é preocupá-la com esse assunto. Ela está tão feliz! Não quero estragar isso. – Mas e depois? Você não acha que será pior? – Depois, você já sabe o que tem que fazer. Clara e Andréa vão para o bar tomar café. – Como estão as meninas? Sinto tantas saudades! – Elas estão bem. Duda que está diferente. – Diferente como? – Ela não sai mais, não se encontra com as meninas, não telefona. Sai de casa para o trabalho e do trabalho para casa. – Que triste! Gostaria de poder ajudá-la.
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– Ela não quer ajuda, Clara. Duda fez a sua escolha. Elas voltam para a sala de Andréa. Pouco depois, Alice chega, e ficam algum tempo conversando. Quando voltam para casa, Alice e Clara jantam e vão para o quarto. – Clara o que acha de passar o Natal em Nova Iorque? – Nova Iorque? Você quer dizer… Nova Iorque nos Estados Unidos? – Isso. – Alice ri. – Vou precisar ir pra lá na semana que vem e, como o Natal está próximo, pensei em ficarmos lá. Você não disse que acha a neve linda? Vamos torcer para que haja muita neve. – Eu em Nova Iorque! Nem acredito! Mas por que você tem que ir pra lá? – Desta vez não será apenas uma viagem a passeio. – Vai trabalhar e me deixar sozinha trancada no quarto do hotel. Acertei? – Não. Pensei em levarmos Sandra e Andréa conosco, assim, elas te fazem companhia enquanto estou trabalhando. – Amei! Nova Iorque aí vou eu! Clara conta a novidade para Andréa e para Sandra. Elas ficam animadas e fazem muitos planos. No final de semana antes da viagem a Nova Iorque, Andréa e Sandra estavam na casa de Alice e de Clara. Era sábado, hora do almoço. Um dos empregados entra na sala. – Com licença. Há uma pessoa procurando a Sra. Clara. – Quem é Felipe? – Sra. Maria Eduarda. – Duda?! Aqui?
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Clara se levanta para ir até a porta. Alice a impede. – Mande-a entrar Felipe, por favor. Duda entra acompanhada de uma linda jovem. – Desculpe-me por vir sem avisar, mas queria fazer uma surpresa. Espero que seja agradável. Clara se levanta para abraçar a amiga. – Muito agradável! Que saudades! Andréa também abraça Duda. Ela apresenta a mulher que está com ela. – Esta é Joana, minha namorada. – Namorada? – Falam Clara e Andréa ao mesmo tempo. Alice as convida para almoçar. – Chegaram quando? – Acabamos de chegar. Saímos do aeroporto direto pra cá, nem passamos no hotel ainda. – Hotel? Por que não ficam aqui? – Diz Clara. Alice olha para Clara visivelmente aborrecida. – Podemos mesmo? Não queremos atrapalhar.
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– Não vão atrapalhar. Fiquem. – Insiste Clara. – Está bem. Vamos ficar. Após o almoço, Clara leva as duas para um dos quartos de hóspedes. – Fiquem à vontade. Se precisarem de alguma coisa, é só chamar. Clara desce e, quando chega à sala, não vê Alice. – Onde está Alice? – Ela foi para o quarto. Clara acha estranho e vai para o quarto. – Por que subiu sem me esperar? – Você não deveria tê-las convidado para se hospedarem aqui. – Pensei que esta casa também fosse minha e que eu pudesse convidar quem eu quisesse. – Esta casa é sua! Mas não me sinto bem com a presença de Maria Eduarda. – Alice, ela já me esqueceu. Está até namorando! – Você não acha estranho ela vir sem telefonar, vir direto do aeroporto pra cá, sem passar no hotel? Clara, ela planejou isso. Ela sabia que você iria convidá-la para ficar aqui. Era isso o que ela queria. – Você está com ciúmes? – Não se trata de ciúmes. Apenas não confio nela. – Se quiser, peço para irem embora. – Não. Agora já está feito. Espero não termos problemas. Na hora do jantar, Duda conta como ela e Joana se conheceram. Ela
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parecia estar apaixonada e feliz. Depois do jantar, todas se recolheram aos seus quartos. – Alice… – Sim? – Vem tomar banho comigo. Clara havia enchido a banheira e elas fizeram amor. Antes de dormir, Alice falou: – Desculpe-me pelo que fiz hoje. Não quis chateá-la. É que me preocupo com você, e para ser sincera, não acredito que Maria Eduarda tenha te esquecido. É impossível esquecer uma mulher como você. – Linda! Eu te amo, Alice! – Também te amo Clara! Elas dormem, abraçadas. Século XIX – Levem o corpo e queimem. Não quero nenhum vestígio. – Sim, senhor. – Não! Deixem-na em paz! Ana! Rodolfo pega Cristina e a leva para um casebre, ali mesmo, na floresta.
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– Assassino! Você vai pagar pelo que fez. – Cale a boca! – Diz Rodolfo, esbofeteando Cristina. Ela o ataca, arranhando seu rosto. – Eu te odeio! Assassino! Ele segura suas mãos. – Vou te levar para a casa de seu pai, e ficará lá até o dia do nosso casamento. – Não vou me casar com você. – Vai sim. E não vai contar a ninguém sobre a sua amante. – Vou denunciá-lo a polícia. – Cristina, você já viu o que sou capaz de fazer. Não me provoque. Se você ama teus pais, vai fazer o que eu mandar. – Desgraçado. Cristina faz exatamente o que Rodolfo ordenou. Com medo de ele fazer algum mal para seus pais, ela fica calada e se casa com ele. Na noite de núpcias, Rodolfo tenta tocar Cristina, mas ela não deixa. – Sou teu marido, tenho direitos. – Nunca vou me entregar a você. Nunca! – Vai sim. Você agora é minha. – Não. Sou de Ana! Rodolfo se enfurece.
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– Ela está morta. – Ainda assim, sou dela. Serei para sempre. Rodolfo bate em Cristina e a toma a força. – Não! Pare! – Ah, Cristina! Como sonhei com este momento. Agora vou desfrutar de sua beleza. Rodolfo a penetra com violência. Cristina chora, sabendo que não conseguiria se livrar dele. Noites e noites de prazer para Rodolfo. E de tortura e dor para Cristina.
– Ana… – Clara. Ela abre os olhos e vê Alice. – Tive outro pesadelo. Foi horrível! Ela conta e abraça Alice. – Não quero que eles voltem! Não quero mais ter esses pesadelos. – Acalme-se e tente dormir novamente. Estou aqui com você. No dia seguinte, Clara acorda Alice com o café da manhã.
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– Nossa! Hoje é algum dia especial? Você nunca trouxe o café pra mim. – Todos os dias são especiais! Eu tenho você! Elas se beijam e tomam o café da manhã. Clara joga um biquíni sobre a cama. – Use! – O que é isso? – Um biquíni, Alice. – Que é um biquíni eu sei, mas… – Estive pensando. Você tem uma piscina maravilhosa, uma churrasqueira que acredito, nunca foi usada. Hoje faremos churrasco na piscina. Já pedi para comprarem carne, bebidas e mandei fazer saladas. Teremos como convidados, Andréa e Sandra, Duda e Joana, e Marco Antônio. Quero saber se você quer convidar mais alguém. – Você resolveu tudo e nem me consultou? – É. Aprendi com você. Clara tira o roupão e fica nua. – Hmmm… Adorei isso! Alice pula da cama e agarra Clara. – Vamos almoçar churrasco, mas antes, você será meu aperitivo. Quando Clara entrou no quarto com o café da manhã para Alice, deixou a porta entreaberta. Elas não percebem que alguém as olha fazendo amor.
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A “festa” estava animada. Anoitecia, quando Clara e Alice resolveram tomar banho. Estavam saindo, e o telefone de Alice tocou. Ela atendeu. – Pode subir Clara. Vou em seguida. Depois do banho, Clara entra no quarto e vê que Alice ainda não havia chegado. Tirou a toalha, enxugou os cabelos e começou a passar hidratante pelo corpo. – Linda demais! Clara se assusta, e quando se vira, vê Duda em seu quarto. Olha para a porta e vê que está fechada. – O que está fazendo aqui? Sai do meu quarto, agora. Duda pega Clara e a joga na cama. Começa a beijá-la e a tocar o seu corpo nu. – Pare Duda! Duda tampa a sua boca. – Não faça barulho. Vai ser rápido, eu prometo. Duda está excitada, descontrolada. – Ah, Clara! Como sonhei com este momento. Agora vou desfrutar de sua beleza. Clara se lembra das palavras de Rodolfo em seu pesadelo, e começa
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a se debater. Tentando se livrar de Duda, ela arranha o seu rosto. Mas Duda continua sobre ela, beijando-a e tocando-a, com um desejo selvagem. De repente, Duda é arrancada de cima de Clara. – Deixe minha mulher em paz. Duda dá um sorriso irônico. – Em paz? Mas ela estava gostando! Alice dá um soco em Duda. Ela cai, mas continua sorrindo. – Saia da minha casa agora. Duda se levanta e, antes de sair do quarto, diz: – Obrigada por me fazer gozar, Clara. Você é apetitosa. Alice parte pra cima dela novamente, mas Marco Antônio a impede. – Não faça isso. Cuide de Clara. Marco Antônio e Andréa acompanham Duda até o seu quarto. – O que deu em você Duda? Por que atacou Clara? – Isso não é da sua conta. – É sim. Somos amigas. – Amigas? Você e todas se voltaram contra mim. Me abandonaram e
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ficaram do lado de Alice. Vocês não tem ideia de como eu sofri vendo Clara partindo, me deixando. Ela é a mulher da minha vida e nunca vou aceitar perdê-la. – Pois terá que aceitar Duda. Ela e Alice se amam. – Clara sempre foi minha. Se Alice não tivesse aparecido, ela estaria comigo. – Minha amiga, como você mudou! Essa não é você. Duda arruma suas coisas e sai do quarto. Joana fala com Andréa e Marco Antônio. – Desculpem-me. Eu não sabia que ela faria isso. – Do que você está falando? – Duda me contratou para fingir ser sua namorada. Disse que não queria viajar sozinha, para não preocupar vocês. – Contratou você? Como assim? – Eu sou uma garota de programa. Ela disse que pagaria tudo e eu ainda poderia me divertir. Achei que não teria problema. Desculpem-me. Andréa fica abismada. – Meu Deus! Duda está pior do que eu pensava. – Por favor, peça desculpas para Clara e para Alice. Marco Antônio pediu que o motorista as levassem para o aeroporto, mas Duda não quis. Preferiu ir de táxi. Clara não consegue parar de chorar. – Calma! Já passou Clara. Ela foi embora. – Foi como no pesadelo. Eu não estava vendo a Duda, era Rodolfo.
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Andréa e Marco Antônio entram no quarto. – Como você está? – Como acha que posso estar Andréa? Minha melhor amiga se transformou em um monstro. – Eu sei. Vou telefonar para Felícia e Bárbara, e contar a elas o que aconteceu. Duda precisa se tratar. – Pobre Duda. A culpa é toda minha. – Não diga isso, Clara! Você não tem culpa de nada. – Tenho sim. Se eu tivesse percebido que ela me amava, talvez nada disso estivesse acontecendo. – Esqueça isso meu amor. Vou te dar um calmante, você precisa dormir. Clara toma o calmante e dorme rapidamente. Alice, Andréa, Sandra e Marco Antônio, conversam na sala. – Marco, quero que você mande reforçar a segurança. – Farei isso agora mesmo. Com licença. – Você acha que ela pode voltar? – Não sei Andréa, mas prefiro me prevenir. – Fiquei impressionada com o soco que você deu em Duda. Técnico e certeiro. Por acaso você é lutadora de boxe? – Sou. – Foi incrível! Clara conseguiu dormir a noite toda, mas teve um sono agitado. No dia seguinte, ela acordou e viu que Alice ainda estava dormindo. Levantou devagar, tentando não fazer barulho para não acordá-la. Vestiu o roupão e desceu, indo para a cozinha.
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– Bom dia, dona Clara! Veio buscar o café da manhã para Alice? Preparo em um minuto. – Não, Rosalva. Vou deixá-la dormir mais um pouco. Mas pode preparar o meu, por favor. Clara tomou o café da manhã, e ficou na sala, lendo um dos livros que Marco Antônio lhe emprestou. – O Livro dos Espíritos, Allan Kardec. Vamos ver o que o senhor Kardec tem para me dizer. “Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail, nasceu em 3 de outubro de 1804, em Lyon, na França. Ele foi o Codificador do Espiritismo. Nascido numa antiga família de orientação católica, tradição na magistratura e na advocacia, desde cedo manifestou propensão para o estudo das ciências e da filosofia. Livro dos Espíritos, ditado pelos próprios Espíritos, é o fundamento, a eclosão da doutrina espírita…”. Fonte: Google. Clara fica concentrada no livro e nem percebe o tempo passar. Olha no relógio e vê que passa do meio dia. – Nossa! Alice ainda está dormindo? Ela pede a Rosalva para preparar uma bandeja com o café e sobe. – Acorda dorminhoca! Já passa do meio dia. Clara passa a mão no cabelo de Alice. – Acorde, meu amor! Trouxe o seu café da manhã.
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Alice não se mexe. Clara passa a mão em seu rosto e vê que ela está quente. – Meu Deus! Você está com febre! Alice, acorde. Clara pega o telefone e liga para Marco Antônio. – Alice não quer acordar e está ardendo em febre. Chame um médico, rápido. No hospital, Clara está desesperada, sem notícias de Alice. – Marco, ela não acorda. Meu Deus! O que aconteceu com ela? – Acalme-se Clara. Ela vai ficar bem. Clara está aflita, com medo, e começa a rezar. As horas passam e Clara não tem nenhuma informação sobre Alice. – Eu não aguento mais. Por que ninguém vem falar comigo? – Tenha calma. Eles estão cuidando dela. – Marco… Alice está doente? – Eu não sei. Vamos aguardar o médico, está bem? Já era noite quando o médico veio falar com Clara e com Marco Antônio. – E então, doutor? O que ela tem? Como ela está? – Ela está bem e está acordada. – Ah! Graças a Deus! Posso vê-la? – Ainda não. Ela quer falar com o Sr. Marco Antônio.
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– Com Marco Antônio? Ela sabe que estou aqui? – Sim, ela perguntou pela senhora. – E por que não pediu para falar comigo? – Acalme-se Alice. Vou falar com ela e venho buscá-la para vê-la. Clara não entende porque Alice quis ver Marco Antônio antes dela. – Você nos deu um susto. – Eu sei. Desculpe. Como está Clara? – Desesperada e quer ver você. – Você contou alguma coisa pra ela? – Não. – Obrigada. Te chamei aqui, porque não quero que conte nada a ela. Já falei com o médico e ele não vai contar. – Alice, você deveria falar com ela. Isso não está certo, não é justo. – Não quero que ela sofra. – Ela já está sofrendo e isso vai piorar. Conte a ela, Alice. – Eu não posso. Não tenho coragem. – Se quiser, eu falo com ela. – Não. Ela não precisa saber agora. – E vai saber quando? Depois que acontecer? O sofrimento será maior, acredite. Alice começa a chorar. – Converse com ela, eu te ajudo. Alice fica pensando. – Clara está aflita, esperando para ver você.
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– Está bem. Chame-a. Marco Antônio sai do quarto e chama Clara. – Alice, meu amor! Como você está? O que aconteceu, o que você tem? – Eu estou bem. – Está mesmo? Por favor, não minta pra mim. Senti tanto medo de te perder. – Clara… Tenho uma coisa para te contar. Alice começa a falar. – Há dois anos, descobri que tenho um tumor cerebral. Ele estava estável, mas fiz outros exames e constatou que ele está se desenvolvendo rapidamente. Passei por vários médicos e todos me deram o mesmo diagnóstico. – Você está se tratando, não é? – Sim. Comecei com dores de cabeça, vômitos e tontura, por isso procurei um médico. Foi quando descobriram o tumor. Tomo remédios desde então. – Uma cirurgia não resolveria isso? – É possível. Me indicaram um especialista nos Estados Unidos, ele é fera no assunto. Por isso vamos à Nova Iorque. Foi ele quem me telefonou quando estávamos viajando, dizendo que estava com meus exames nas mãos, e que o tumor havia crescido consideravelmente. – Por que escondeu isso de mim? – Porque não queria que você sofresse. – Você acha que eu não sofri quando toquei em você e vi que estava
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ardendo em febre? Quando te chamei e você não respondia? Não acha que sofri, esperando que uma porcaria de médico aparecesse para dar alguma notícia sobre você? – Desculpe-me, Clara! Eu não tive coragem de te contar. Você estava tão feliz, não queria acabar com sua felicidade. Clara abraça Alice. – Eu te amo, e não vou te perder! Você vai ficar bem, vou cuidar de você, e meu amor vai te salvar. Estados Unidos, Nova Iorque – Feliz Natal, Clara! – Feliz Natal, Alice! Elas se beijam e depois cumprimentam Andréa e Sandra. No hotel onde estão hospedadas, há uma grande festa. Todas as pessoas se abraçam, desejando um Feliz Natal. Elas decidem passar o Réveillon em Nova Iorque. Antes do Ano Novo, fazem vários passeios pela cidade. Todas estão encantadas! Clara e Alice parecem duas crianças brincando de acertar bolas de neve uma na outra. À noite, a sós, elas se amam com um desejo intenso. Seus corpos se tornam apenas um, e suas almas se encontram, em uma sintonia perfeita. – Clara… Você é o amor da minha vida. Desta e de todas as outras… Para sempre!
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No dia seguinte, Clara acorda e fica olhando para Alice, pensando em como é feliz. – Bom dia, meu amor! Clara pega o telefone e liga para a copa, pedindo o café da manhã. Volta para a cama e começa a beijar Alice, tentando acordá-la. Brasil, Gramado Oi, meu amor! Se você está lendo esta carta, significa que nossas vidas foram separadas mais uma vez. Com certeza, você já esteve com Marco Antônio, e o testamento foi lido. Quero que cuide do meu patrimônio, pois, agora ele é seu. Marco Antônio vai te ajudar em tudo o que precisar. Confie nele. Passei anos de minha vida procurando a mulher especial que invadia os meus sonhos. Aquela que me fazia ficar sem ar, que deixava minhas pernas bambas, que me arrepiava o corpo, e que fazia bater mais forte meu coração. Procurando a mulher especial, encontrei você! E ao te encontrar, descobri que a Perfeição existe! A Perfeição de Deus sobre tudo o que criou… A Perfeição de Sua Sabedoria, em nos proporcionar tantos encontros e reencontros… A Perfeição de podermos resgatar nossos erros e corrigi-los… A Perfeição do nosso Amor!
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Clara, nossa separação é temporária, e quando chegar o momento de nosso reencontro, eu estarei aqui, te esperando. Não chore! Nunca se esqueça que você tem o sorriso mais lindo que eu já vi em toda a minha vida. Lembra-se da passagem que eu mais gosto do filme Titanic? “… Morrerá já muito velhinha, quentinha em sua cama…”. É assim que tem que ser. Continue assistindo os seus filmes românticos, mas tente não chorar. Até breve, meu amor! Para sempre sua… Alice. P.S.: Eu Te amo!
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