[RELATO DE VIVÊNCIAS – ALMANAQUE PARALAPRACÁ] Autoria: Mintza Jácome Função: Diretora Instituição: CMEI Jesus Bom Pastor Município: Natal - RN Permitam-me contar aqui o meu relato acerca do Almanaque Paralapracá. Na minha opinião, bastava o Almanaque Paralapracá para se fazer o Paralapracá. É de uma criatividade ímpar, é o extrato/essência da infância, cheia de gostosuras, memórias e descobertas, que para mim foi um deleite. O Almanaque Paralapracá tem um ar mnemônico, inspirador, aguçador de cores, sons, aromas e sabores de infância, de vida. São doses homeopáticas diárias que servem para esperançar, acalmar, motivar, aliviar as dores e angústias da profissão. O Almanaque Paralapracá me faz um convite para, no alto dos meus 32 anos, já com os cabelos esbranquiçados (por debaixo da tinta), de recordar/reviver minha infância, pois só assim entenderei melhor a infância dos meus alunos. Convite parecido com este nos fez o maior de todos os pedagogos, quando disse: “Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus" – Lc. 18.16. Por isso o céu é tão bom... Assim, aceito este convite que esta enciclopédia da infância me faz, de não perder a capacidade de sonhar e reviver a minha infância na infância dos alunos do CMEI Jesus Bom Pastor e na infância dos meus filhos. Vamos falar agora da relevância pedagógica/científica do Almanaque Paralapracá. Gostaria de citar a importância das teorias da epistemologia genética e da construção do conhecimento, no que se refere à Educação Infantil. Até mesmo estes subsídios teóricos são encontrados na publicação. Vemos a ênfase no ensino e aprendizagem contextualizado e estimulador que esta publicação nos incentiva a desenvolver, e que foi muito bem resumida na página 12, quando diz: “Atenção: Tamanho não é documento!” “Ao contrário do que se costuma pensar, o cérebro de uma criança nos primeiros anos de vida está em intensa atividade e desenvolve-se numa velocidade espantosa. Aprendizados aparentemente simplórios constituem-se como oportunidades singulares de disparo das inteligências e são fundamentais para o pleno desenvolvimento do ser infantil. Para se ter uma ideia, conforme estudos da neurociência, uma criança que está começando a andar já terá formado cerca de um quatrilhão de conexões ao final do
terceiro ano, o que é o dobro do que têm os adultos, e seu cérebro normalmente é duas vezes mais ativo que o de um estudante universitário, de maneira que consegue absorver e organizar informações novas muito mais rapidamente que o cérebro de um adulto. Por isso, as atividades indicadas nessa seção merecem atenção especial dos educadores da infância e exigem que a interação com as crianças seja permeada por uma escuta sensível”. Finalizo deixando para vocês a sugestão de contemplação de um pequeno retrato de infância na página 9: “A mãe do menino o mandou ir comprar um quilo de feijão, arroz, farinha e carne. Aí o menino chegou lá numa venda e pediu:
– Moço (unf)*, me dê (unf) um quilo (unf) de feijão (unf ), arroz (unf), farinha (unf) e carne. O comerciante da loja de material de construção, achando graça, respostou prontamente: – Olhe, menino, aqui não vende isso não. Aí ele voltou pra casa e desresmungou: – Minha mãe (unf), o moço (unf) falou (unf) que lá (unf) não vende (unf) isso (unf) não. A mãe do menino, desconfiada que ele houvesse errado o endereço, explicou tudo novamente e mandou-o ir à venda mais uma vez. O menino, como havia feito anteriormente, adentrou a venda um tanto encabulado e tornou a pedir: – Moço, (unf) me dê (unf) um quilo (unf) de feijão (unf), arroz (unf), farinha (unf) e carne. Após a segunda negativa, o menino ia saindo de fininho quando o dono do estabelecimento quis saber: – Mas, menino, me diga uma coisa, por que é que você fala assim, hein? Ao que ele respondeu, prendendo a risada: – Éh (unf) pra minha (unf) meleca (unf) não (unf) cair.
*unf = fungado, como quando se está resfriado e com coriza. (15)”