[AS MULTIPOSSIBILIDADES DA ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ATRAVÉS DA MÚSICA] Autoria: Ana Cristina Ferreira Função: Professora Instituição: EMEIEF Francisco Oscar Rodrigues Município: Maracanaú - CE Considerando a relevância sociocultural da música e sua eficácia diante da prática pedagógica, gostaria de relatar as experiências vivenciadas durante as ações do Eixo Assim se Faz Arte. Utilizando a bandinha de música, com o objetivo de minimizar a diferença entre o que se fala e o que se faz, levei os instrumentos para a sala. Diante dessa proposta, também pesquisei sons em áudio e vídeo, para observar a identificação feita pelas crianças, selecionei o material seguindo as categorias: sons de instrumentos musicais, ritmos, a "fala" dos bichos e sons variados como buzinas e campainhas. Também foram expostas algumas músicas com letra e áudio para que fossem executadas. Exemplo: Alecrim, Samba lê lê e Ciranda, Cirandinha. O primeiro contato foi extremamente livre, não obedecendo qualquer tipo de comando ou padrão, para a utilização dos instrumentos. Cada criança, de acordo com seu interesse, inicialmente visual, escolheu um instrumento para manipular. E foi verdadeiramente uma barulheiraaaaa!!! Algo absolutamente normal e compreensível para aquilo que tinha sido proposto. Aos poucos, ao modo que cada um foi se identificando com os sons que mais lhe agradavam, o critério de escolha foi mudando. As crianças passaram a pegar o instrumento que sentia ter mais a ver com o seu universo. E foi um momento rico de conhecimento e apropriação de saberes através da manipulação, da interatividade e da partilha com os colegas. Dentro dessa dinâmica, a gente acaba observando reações, opiniões, detalhes de comportamento, tanto tímido quanto eufórico, diante do contato com as atividades sugeridas do decorrer da realização de cada eixo. Lembro-me de uma criança da turma do PRÉ II D, o Davi. Ele agarrou a flauta e não largou mais. Se encantou tanto com o instrumento que foi difícil compartilhar com os colegas. Na verdade, isso nem chegou a acontecer, pois ele simplesmente não parava de soprar a flautinha, passando uma ideia de intimidade com o instrumento. Foi gratificante perceber o conhecimento prévio que cada criança já traz de sua experiência familiar e, também, sua leitura de mundo.
As atividades se tornaram ainda mais enriquecedoras, nos momentos de socialização, quando as crianças partilharam suas experiências já vivenciadas em casa, com a família, com osvizinhos etc. Eles demonstraram já conhecer alguns ritmos e gêneros; identificar, também, o som de alguns instrumentos musicais. Durante o momento que mostrei o áudio dos sons dos animais, alguns tiveram dificuldade de identifica-los, por não fazer parte da fauna local ou por nunca tê-los visto. Mas eles iam citando nomes de animais aletoriamente. A Emanuely, também do PRÉ II D, respondeu que o som das baleias seria dos pássaros. Claro que muitos sons foram observados e identificados com muita coerência também. Tratar a música com alunos de qualquer idade é muito bacana, mas, com a Educação Infantil, é uma experiência ímpar, cheia de surpresas e descobertas, onde tanto o professor quanto o aluno vislumbram novos horizontes, na perspectiva de ampliação do repertório. Enfim, foi delicioso a partilha de ritmos, timbres, gêneros e instrumentos musicais dentro da proposta do Paralapracá. O que posso dizer, enquanto aluna de um curso de pós-graduação de Arte, direcionado ao ensino da música, é que é, sim, de grande relevância estudar todos os elementos da música, explorar sons, descobrir e incentivar talentos. A escola pública, no Brasil, ainda está muito aquém da Lei 11.769, que determina a obrigatoriedade da música na escola. Torço para que, o quanto antes, as escolas estejam preparadas e sejam organizadas para o real exercício do estudo da música como disciplina indispensável ao currículo de todos os alunos, desde a creche à universidade. Pajuçara, 09 de agosto de 2014.