CASA - Centro de Atividades Sociais e Artísticas

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projeto casa CENTRO DE ATIVIDADES SOCIAIS E ARTÍSTICAS



Centro Universitário Estácio de Santa Catarina Arquitetura e Urbanismo Fundamentos para o TFG Discente: Kauê Parizotto Docente: Júlia Fuiza Cercal

projeto centro atividades sociais artísticas

São José | SC 2021



Kauê Parizotto

PROJETO CASA CENTRO DE ATIVIDADES SOCIAIS E ARTÍSTICAS A ARQUITETURA E AS NOVAS CONSTRUÇÕES SOCIAIS DE APRENDIZAGEM DIRETRIZES DE ANTEPROJETO PARA EQUIPAMENTO PÚBLICO SOCIOCULTURAL EM FLORIANÓPOLIS - SC

Fundamentos para o Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo realizado em cumprimento as exigências da Disciplina CCE0909 – Fundamentos para Trabalho Final de Graduação.

Florianópolis, 23 de Junho de 2021

Professora da disciplina de Fundamentos para o Trabalho Final de Graduação Professora Júlia Fiuza Cercal Centro Universitário Estácio de Santa Catarina


À minha família, por ser a base da minha caminhada e por sempre acreditar que a educação transforma.

Aos professores, que foram fundamentais na minha formação, tanto acadêmica quanto pessoal. Aos amigos e amigas, que sempre me apoiaram durante todo o processo.

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“Arquitetura é sobre as pessoas, elas são livres para usar o espaço como se comportam, como se sentem.” (Diébédo Francis Kéré)

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resumo

A educação brasileira, historicamente, enfrenta déficits que são um grande desafio para educadoras, educadores e para toda a gestão educacional de modo geral. Tanto de forma quantitativa quanto de forma qualitativa, ou seja, a insuficiência de escolas, e/ou espaços de aprendizagem, e currículos não adequados no que diz respeito ao processo de ensinar/aprender, e que acabam por não contribuir com a criticidade dos cidadãos, tornando-os “não livres” e consequentemente não autônomos. Desse modo, surge a discussão do pensar sobre concretizar novas construções sociais de aprendizagem, ou seja, mudar a escola tradicional, democratizar a educação, e desconstruir o antigo modelo herdado. Assim, a escola passa a ser um centro sociocultural de aprendizado, voltado para o grupo social em que está inserido. Não é somente instrumento “escolar”, mas também um equipamento coletivo, social, cultural, onde a comunidade utiliza o local como espaço colaborativo, de encontros e trocas, onde a educação, a cultura e o lazer são instrumentos fundamentais para o desenvolvimento social. O objetivo geral dessa primeira etapa do trabalho final de graduação, é analisar e compreender de que forma a Arquitetura, na concepção dos espaços físicos, pode contribuir na construção de um modelo de aprendizagem livre, democrático, fraterno e humanizado, e assim desenvolver uma fundamentação, que posteriormente servirá de base para a concepção de um Equipamento Público Institucional, direcionado à educação artística e ao desenvolvimento social dos cidadãos, em Florianópolis – Santa Catarina.

Palavras-chave: Educação, desenvolvimento social.

cultura,

lazer,

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sumário

Introdução

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Parte I - Referencial Teórico 01. o que é cultura?

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02. a educação como prática de liberdade

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03. inclusão social e arte

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04. os espaços socioculturais

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Parte II – Estudo de Caso 05. parque educativo marinilla

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06. praça das artes

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07. referenciais projetuais

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Parte III – Análise do Terreno

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08. área do projeto

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09. histórico de ocupação

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10. aspectos socioeconômicos

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11. sistema viário e mobilidade

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12. análise cheios, vazios e áreas verdes

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13. análise público e privado

89

14. análise de uso e gabarito

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15. análise de equipamentos

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16. condicionantes legais

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17. condicionantes bioclimáticas e físicas

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sumário

Parte IV – Proposta 18. a proposta

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19. o usuário

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20. conceito e partido

113

21. o programa

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22. fluxograma

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23. implantação e zoneamento

118

24. estratégias bioclimáticas e sustentabilidade

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considerações finais

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cronograma TFG

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lista de figuras

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lista de mapas

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lista de gráficos

126

lista de abreviaturas e siglas

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bibliografia

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Fonte: Autor

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introdução

A educação brasileira, historicamente, enfrenta déficits que são um grande desafio para educadoras, educadores e para toda a gestão educacional de modo geral. Tanto de forma quantitativa quanto de forma qualitativa, ou seja, a insuficiência de escolas, e/ou espaços de aprendizagem, e currículos não adequados no que diz respeito ao processo de ensinar/aprender, e que acabam por não contribuir com a criticidade dos cidadãos, tornando-os “não livres” e consequentemente não autônomos. Dentro desse panorama, é fundamental ressaltar que os déficits referidos da educação causam efeito sobretudo às famílias populares, ou em vulnerabilidade social. Mesmo as crianças e adolescentes que chegam às escolas e lugares de troca e de aprendizagem, sofrem com a falta de qualidade na educação ali proposta. Desse modo, surge a discussão do pensar sobre concretizar novas construções sociais de aprendizagem, ou seja, mudar a escola tradicional, democratizar a educação, e desconstruir o antigo modelo herdado. Assim, a escola passa a ser um centro sociocultural de aprendizado, voltado para o grupo social em que está inserido. Não é somente instrumento “escolar”, mas também um equipamento coletivo, onde a comunidade utiliza o local como espaço colaborativo, de encontros e trocas. Nessa problemática, entra o papel do arquiteto e urbanista, na concepção de um espaço de aprendizado democrático, que influencie e haja diretamente no modelo de aprendizagem livre, fraterno e humanizado. Um espaço que traga em sua forma e função uma relação direta com a comunidade em que está inserido, que amplie as relações humanas e de afeto, e que leve em consideração o entorno, a história e a cultura local. Esse trabalho de pesquisa busca discutir as bases de fundamentação teórica para um Centro de Atividades Sociais e Artísticas, no bairro Monte Cristo, na parte continental de Florianópolis – Santa Catarina. O projeto visa proporcionar espaços alternativos para atividades educacionais não formais e artísticas, onde a abordagem entre os usuários envolvidos no processo educacional/cultural seja feita de forma participativa e democrática, uma troca horizontal de saberes e experiências.

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OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho é, analisar e compreender de que forma a Arquitetura, na concepção dos espaços físicos, pode contribuir na construção de um modelo de aprendizagem livre, democrático, fraterno e humanizado, e assim desenvolver uma fundamentação, que posteriormente servirá de base para a concepção de um Equipamento Público Institucional, direcionado à educação artística e ao desenvolvimento social dos cidadãos, em Florianópolis – Santa Catarina.

Entre os objetivos específicos deste trabalho, devem ser considerados os seguintes:

[A] Examinar, por meio de referenciais teóricos, qual o papel da educação e dos processos de aprendizagem na formação de pessoas livres, autônomas e com pensamento crítico; [B] Relacionar, através de referenciais teóricos, de que maneira o espaço físico pode influenciar no desenvolvimento social e nos processos de aprendizagem; [C] Verificar, através de referenciais teóricos, as normas, diretrizes e legislações relacionadas ao tema da educação, formação, arte, cultura e arquitetura; [D] Analisar. através de estudos de caso, o impacto da educação humanizada em locais onde as pessoas se encontram em estado de vulnerabilidade social; [E] Estabelecer, através de estudos de caso, de que forma os espaços físicos devem ser propostos, a fim de proporcionar uma aprendizagem livre e humanizada; e identificar soluções arquitetônicas que atendam as demandas das atividades a serem realizadas; [F] Estruturar, partido arquitetônico, programa de necessidades, prédimensionamento, fluxograma, e zoneamento do projeto a ser proposto.

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METODOLOGIA O método abordado durante o processo é o de pesquisa exploratória, onde o objetivo é a familiarização do pesquisador com o tema em questão. As análises, coletas de dados, levantamentos e informações, serão realizadas a partir de pesquisas bibliográficas em livros, artigos, sites, vídeos, normas e legislações. Serão realizados também estudos de caso e de referenciais projetuais, que auxiliarão na identificação das possíveis problemáticas e potencialidades da edificação. Os resultados serão tratados de forma qualitativa, ou seja, sem o intuito de quantificar, mas sim com o objetivo de elaborar conceitos e soluções ideais para a proposta.

ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS

O presente trabalho subdivide-se em quatro partes: Referencial Teórico, Estudo de Caso, Análise do Terreno e Proposta. etapa de Referencial Teórico consiste no levantamento de conceitos e informações acerca do tema e da problemática escolhida para o trabalho. O processo subdivide-se em quatro partes, onde é abordado questões sobre cultura, a educação como prática de liberdade, inclusão social e arte e também os espaços socioculturais. No Estudo de Caso, busca-se analisar projetos existentes que se assemelham ao tema abordado na pesquisa, afim de verificar e compreender as soluções arquitetônicas adotadas no processo de concepção dos espaços. Já a etapa de Análise do Terreno, visa compreender os aspectos gerais do terreno e seu entorno, possibilitando uma maior compreensão das dificuldades e potencialidades da área em questão. A etapa de Proposta consiste no pré lançamento, baseado nos três itens anteriores, das primeiras ideias e do conceito geral entorno do projeto.

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Parte I

Referencial Teórico

Neste capítulo serão abordadas e analisadas algumas definições, características e atividades relacionadas ás atividades educacionais e culturais afim de fundamentar teoricamente o tema e dar embasamento para o futuro lançamento e concepção do projeto.


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01. o que é cultura?

Definir o que é cultura é tarefa difícil, sobretudo pelo amplo significado que a palavra carrega, seus diferentes usos e conceitos. O termo leva consigo interesses multidisciplinares, e é estudado em campos como a sociologia, história, comunicação, antropologia, economia, entre outros. Assim, com as múltiplas interpretações do termo, vale ressaltar algumas concepções fundamentais para o entendimento da palavra. O COLETIVO E OS MODOS DE VIDA Ao criar significados e inventar regras e símbolos, os grupos sociais definem cultura, ampliando assim o seu conceito, isso torna o termo mais abrangente, onde ideias, valores e comportamentos são adotados de forma coletiva. Aqui se sobressaem os valores do patrimônio não material, ou seja, a organização social de cada comunidade, as crenças, costumes, a tradição oral, manifestações, e os modos de fazer e agir que estão diretamente ligados a determinado grupo de indivíduos. Esse modo de agir coletivo, é a produção da cultura, que se da “através da interação social dos indivíduos, que colaboram seus modos de pensar e sentir, constroem seus valores, manejam suas identidades e diferenças e estabelecem rotinas”. (BOTELHO, 2001, p.02)

Assim, o sentimento de coletividade, das atividades em grupo, é portanto produtor de cultura. Figura 01: Roda de dança e capoeira, Brasil colônia - Editado pelo autor

Fonte: Muzenza – Disponível em: https://muzenza.com.br/site/historia/ngolo-ou-danca-da-zebra/

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PRÁTICAS ARTÍSTICAS E DE ENTRETENIMENTO Essa linha de concepção traz uma visão mais restrita do termo cultura, onde é visto sobretudo como uma atividade econômica relacionada, desta vez, aos valores do patrimônio material, ou seja, às obras, práticas de arte e atividades de entretenimento. O consumo de bens e serviços que englobam o sistema de produção cultural não está relacionado ao plano da vida cotidiana do indivíduo, mas sim num espaço organizado em um âmbito especializado para esses fins. De acordo com BOTELHO (2001), é uma produção que visa alcançar um determinado público específico, e para que isso aconteça, é necessário um conjunto de fatores que deem condição para o desenvolvimento das obras e talentos, assim como canais que lhe permitam expressá-los. A relação econômica entre sociedade, cultura e mercado, serve tanto como fator de impulsão ou de resistência ao desenvolvimento econômico. Isso faz com que as atividades culturais mais tradicionais, como música, teatro, dança, literatura, arquitetura, artesanato, filme, entre outras, entrem num processo de mercantilização, ou seja, visam a distribuição em massa e o lucro comercial, mas também num outro processo, o de culturalização, onde é atribuído o valor simbólico à objetos do uso cotidiano. Ambos os processos podem se tornar fonte de renda de uma determinada comunidade ou grupo social.

Figura 02: Ensaio de peça de teatro - Editado pelo autor

Fonte: Teatro Nacional de São João – Disponível em: https://www.jn.pt/reportagens/html5/o-teatro-visto-atras-do-palco-4478555.html

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DESENVOLVIMENTO HUMANO Sob essa visão, a palavra cultura e as atividades que a circundam, são realizadas com objetivos socioeducativos, assumindo assim papel fundamental no fator de desenvolvimento social. Esse desenvolvimento está diretamente relacionado à formação de indivíduos críticos, com a atuação política, às atividades terapêuticas para pessoas com problemas de saúde, aos sistemas de aprendizagem e educação, aos enfrentamentos de problemas como a violência, a depredação urbana, o bullying e no apoio e ressocialização de pessoas em estado de vulnerabilidade social. A arte na educação como expressão pessoal e como cultura é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento. Através das artes é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. (BARBOSA, 1995, p.13)

Nessa ótica, o desenvolvimento humano e a expressão artística e pessoal caminham juntas, ampliam a percepção do individuo em relação a si mesmo e ao espaço físico e social em que está inserido. O despertar da criatividade e do senso crítico é fator primordial na formação do individuo autônomo.

Fonte: Autor

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PIERRE BOURDIEU E O CAPITAL CULTURAL Segundo Bourdieu, os indivíduos são acumuladores de capital, podendo este ser, capital social, simbólico, econômico e cultural. O capital cultural está relacionado à educação, seja ela formal ou informal, ou seja, pode ser o acúmulo de livros, diplomas, conhecimentos aprendidos e etc. Dessa maneira, o desempenho escolar do individuo está diretamente atrelado a sua origem social, valores e significados que orientam e dão personalidade a ele. O termo “Capital Cultural” tem como objetivo, explicar como a cultura em determinada sociedade dividida em classes, se transforma em uma espécie de moeda, onde as classes dominantes a utilizam como instrumento de dominação, acentuando assim as diferenças sociais, culturais, econômicas e políticas entre as classes. Pierre aponta que as principais instituições socializadoras são a família e a escola, sendo a segunda, aparentemente, democrática, onde o conhecimento é transmitido igualitariamente a todos, porém percebe-se que os indivíduos pertencentes as classes sociais mais abastadas, trazem consigo uma herança, ou seja, o capital cultural.

Na realidade, cada família transmite a seus filhos, mais por vias indiretas que diretas, um certo capital cultural e um certo ethos, sistema de valores implícitos e profundamente interiorizados, que contribui para definir, entre outras coisas, as atitudes face ao capital cultural e à instituição escolar. A herança cultural, que difere, sob os dois aspectos, segundo as classes sociais, é a responsável pela diferença inicial das crianças diante da experiência escolar e, consequentemente, pelas taxas de êxito. (BOURDIEU, 1998, p.41-42)

Assim, esses indivíduos seriam favorecidos na sua aprendizagem, já que trazem consigo uma certa bagagem de casa, frequentando museus, exposições, meios artísticos, locais de saberes e conhecimentos facilmente acessíveis para a classe dominante. Já a classe menos abastada, ficam em desvantagem, pois não tem esse contato, através da família e, portanto, não trazem consigo essa herança do capital cultural.

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Figura 03: A injustiça e o capital cultural - Editado pelo autor

Fonte: Criatividade ORG– Disponível em: https://crieatividade.org/capital-cultural

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02. a educação como prática de liberdade

A educação como processo de socialização, que promova a aprendizagem, o desenvolvimento, a felicidade e que facilite e intensifique o processo de mediação entre as pessoas, onde o individuo aprenda a se relacionar e se posicionar no mundo. Uma prática humanizada, fraterna, livre e democrática, porque “onde não há vínculo amoroso, não há aprendizagem”. (PACHECO, José, TEDxFortaleza, 2019)

A DESMILITARIZAÇÃO DA ESCOLA A escola militarizada, que foi concebida no início da Primeira Revolução Industrial, na Prússia Militar, onde o intuito era treinar jovens para a guerra, jovens obedientes, que seguissem o regime disciplinar sem questioná-lo e que sobretudo respeitassem a hierarquia imposta, foi uma das heranças do sistema educacional presente hoje no Brasil, assim como a escola da Inglaterra, do século XIX, também durante a primeira Revolução Industrial, e os conventos da França, da mesma época, todas famosas “celas de aula”, todas heranças que se perpetuam até hoje no modelo da educação brasileira. Portanto, nesse contexto, nasce a alternativa e a necessidade de desmilitarizar o processo de aprendizagem, que segundo José Pacheco, a escola não é compatível com o aprendizado por imposição, e que todo projeto humano é um ato coletivo, e partindo desse princípio, imagina-se que na educação não deva ser diferente. Que aprender em comunidade é fundamental, mas que sobretudo, a quebra de antigos modelos que não contribuem para a formação do indivíduo, se torna essencial. Há grandes críticas ao modelo tradicional que a escola se baseia, e essa desconstrução, esse novo modelo pautado na coletividade, mostra que o professor não é o foco central, que os seus ensinamentos não estão nas palavras, mas sim no seu jeito de ser e transmitir o que é. A desmilitarização da escola, propõe um projeto pedagógico que se traduz em valores, visões de mundo e de cidade de uma determinado grupo ou comunidade, e que os saberes dessa comunidade terão que fazer parte do sistema de ensino e trocas desse ambiente de aprendizagem proposto. Existe a necessidade de partir para uma nova educação, onde o aluno, o individuo, o morador da comunidade, o frequentador do espaço de aprendizagem se torne o próprio centro do aprendizado, e não apenas mais um a seguir o que lhe é imposto, apenas reproduzindo aquilo que lhe é dito, sem o senso crítico de questionar o que lhe está sendo apresentado. 24


O APRENDIZADO EM COMUNIDADE Para que a aprendizagem seja de fato humanizada, fraterna e libertadora, é indispensável modificar a organização dos meios de ensino e questionar as práticas educativas impostas.

O método hoje aplicado, causa uma falsa sensação de competência multidisciplinar, onde o trabalho é exclusivamente centrado no professor, que repasse o seu conhecimento de forma igualitária a todos, repetindo lições. Percebe-se que, a ideia de que se pode construir uma sociedade de indivíduos participantes e democráticos é um equívoco, enquanto a forma de ensinar for apenas a transmissão do conhecimento, e não a troca de saberes e experiências.

Figura 04: Centro de Aprendizagem da Comunidade Central de Taga - Editado pelo autor

Nessa troca de saberes e experiências, entra o papel da participação da comunidade junto ao espaço de aprendizagem que nela está inserido, isso propõe uma mudança do funcionamento tradicional do espaço, assim a comunidade passa a entender os processos, não apenas recebendo informações mas também tomando decisões.

Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois a muita coisa que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola chega-se até mesmo a uma divisão de responsabilidades [...]

(PIAGET, 2007, p.50)

Assim, fica evidente que o educar é uma tarefa constante, que ocorre tanto nos ambientes de aprendizagem quanto foram deles, e que os professores fazem parte do processo, tanto quanto os pais e mães, vizinhos e colegas, ou seja, a comunidade é o ambiente de aprendizado por si só, onde o aprender e a troca de saberes se faz de forma horizontal, sem hierarquia, dentro ou fora das salas de aula. Fonte: Archidaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/947030/centro-deaprendizagem-da-comunidade-central-de-tagaonishimaki-plus-hyakudayuki-architects

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O CÍRCULO DE ESTUDO Os círculos de estudo nada mais são do que um grupo reduzido de pessoas que se reúnem para discutir determinado tema, porém sem professor, sem matéria definida, mas de forma organizada. O fato de não haver professor, faz com que os participantes busquem o conhecimento, informações, ampliando assim a autonomia dos indivíduos envolvidos. Nos países nórdicos, o círculo de estudos foi o mais importante e reconhecido meio de educação de adultos, no decurso do último século. Na Suécia, por exemplo, calcula-se que mais de metade da população já tenha frequentado, pelo menos uma vez, um círculo de estudos. (PACHECO, 2008, p.21)

Ao participar dos círculos de estudo, o individuo desenvolve suas relações sociais, ele se transforma ao mesmo tempo que transforma o outro. Os círculos de estudo estão diretamente relacionados ao desenvolvimento de uma cultura mais democrática, pois abordam questões cotidianas, politicas, sociais e culturais. O número de pessoas nos círculos varia, estando normalmente entre cinco e quinze participantes e a iniciativa de faze-los parte normalmente de organizações, grupo de amigos, sindicatos e empresas. O assunto a ser debatido e estudado pode ser escolhido por diferentes razões, um problema comum aos participantes do grupo e como resolve-lo, um assunto que seja de interesse de todos, uma determinada ação a ser tomada que requer planejamento, entre outros. A estrutura do círculo, por sua vez, se difere bastante da estrutura das salas de aula ou de outras formas de aprendizado e trocar de saberes, por exemplo, no lugar do professor, existe um coordenador do círculo, o aluno se transforma em participante, a lição vira reunião, o ensino se torna estudo e o material didático é material de estudo, que fica a cargo dos participantes de pesquisarem e coletarem informações a respeito. Os Círculos de Estudo, metodologicamente, abordam preferencialmente a troca e o aprofundamento de conhecimentos do território em diferentes aspectos: naturalístico, ambiental, antropológico-cultural, econômico-produtivo, gerencial do ponto de vista normativo e do Plano de Desenvolvimento Local. Algo importante nessa metodologia é privilegiar o conhecimento recíproco com os participantes, sustentada nas experiências pessoais, no confronto de pontos de vistas diversos e na construção de ações comuns. (DEL GOBBO, 2018, p.64)

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Atualmente, os círculos são bastante comuns em alguns assuntos, como o aprendizado de línguas estrangeiras, história regional, meio ambiente e sustentabilidade, entre outros. A concepção de novos grupos, novos círculos, muitas vezes nascem da criação do próprio círculo, onde a rede de conexões entre indivíduos faz com que outros assuntos de interesse mútuo venham átona, formando-se assim novos círculos de estudos.

Figura 05: Pessoas no círculo de estudo - Editado pelo autor

Fonte: Freepik – Disponível em: https://br.freepik.com/fotos-premium/pessoas-sentadas-em-um-circulo-de-aconselhamento_3426048.htm

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03. inclusão social e arte A arte pode e dever ser vista como um instrumento valioso de inclusão social, pois em contato com a arte, o individuo desenvolve a aprendizagem e o conhecimento. Porem, cabe ressaltar, que por conta do preconceito e das desigualdades sociais do país, uma grande parcela da sociedade é privada de apreciar e/ou praticar atividades artísticas. Dessa forma, os espaços socioculturais e de educação, podem exercer o papel de mediador entre o individuo e o conhecimento, onde a prática pode proporcionar novas perspectivas e oportunidades através da arte. A criatividade tem que ver muito com uma das conotações da vida, do fenômeno vital, que é a curiosidade. (…) Assim, ao nível da experiência existencial, a curiosidade, que implica às vezes uma certa estupefação diante do mundo, uma certa admiração, uma certa inquietação, um conjunto de perguntas, indagações ou silêncios, termina nos empurrando para uma refeitura do mundo. Nós, mulheres e homens, nos tornamos seres refazedores, reconstrutores do mundo que não fizemos. E não há reconstrução sem criatividade. No fundo, a criatividade tem que ver com a remodelação do mundo. (FREIRE, 2013, p. 359-360)

Mesmo que que de forma imperceptível, a arte, de uma forma geral, está presente no cotidiano das pessoas. Seja pelos grafittis da cidade, música, propagandas visuais, e a absorção dessa produção cultural é inevitável. O desenvolvimento de atividades artísticas nos ambientes de aprendizagem, podem contribuir com a formação dos indivíduos e consequentemente com a queda das diferenças sociais. Fica evidente a importância em promover eventos artísticos, programas culturais e conscientização contínua assim como ampliar o acesso aos meios de produção artísticas e culturais.

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04. os espaços socioculturais Segundo o Dicionário Online de Português 2021, a palavra “social” na sua forma masculina, “o social”, tem como definição: “Coletivo; que pertence a um grande número de pessoas.” e “Que se refere ao povo, normalmente, aos mais desfavorecidos”. Já a palavra cultural, segundo a mesma fonte, define-se: “Normas de comportamento saberes, hábitos ou crenças que diferenciam um grupo de outro: provêm de culturas distintas.”. Assim, os espaços socioculturais são locais de encontro do coletivo, onde a troca de suas formas de comportamento e saberes resultam na construção da própria forma de agir desse determinado grupo ou indivíduo. Neste lugar criam-se bifurcações e espaços de alteridade, outras geografias e geografias dos outros, formam-se espaços sociais e políticos onde os sujeitos ganham aparência e onde os atores sociais tornam-se fenômenos de suas culturas. Aqui, surgem as diferentes concepções do Eu junto as diferentes formas do Interagir como espaços culturais. (SAHR, 2008, p.45)

A implementação de um espaço sociocultural em determinada área ou região, está diretamente associada ao meio em que isso ocorrerá, a realidade do grupo de indivíduos que ocupam essa determinada área e as atividades por eles realizadas.

... é permitir a liberdade de chegar ao conhecimento e de discuti-lo. O acesso à informação, a amplificação da informação através da discussão e da análise, o registro e a preservação da informação, a construção de informações novas e a disseminação das informações construídas estão entre as muitas ações que devem ser realizadas no interior de uma casa de cultura. (COELHO, 1986, p.124)

A ocupação desses espaços por determinados grupos e as atividades ali exercidas, independente de quais forem, estarão ligadas à discussão, análise, informação, aprendizado, construção de novas ideias, ampliando assim os conhecimentos e impulsionando o desenvolvimento da comunidade ali reunida.

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AUDITÓRIOS Alguns pré-requisitos devem ser levados em consideração na concepção dos espaços de apresentações e exibições, como auditórios, palcos, cinemas e etc. O volume tridimensional de um auditório é condicionado pela necessidade de todos os membros da plateia enxergarem plenamente a plataforma ou o palco, além de ouvir o ator, cantor, músico ou palestrante. (APPLETON & FISCHER, 2017, np)

Há uma série de cuidados a serem tomados em relação ao dimensionamento do palco e da plateia, assim como do conforto dos assentos, conforto acústico e térmico do ambiente. Deve-se levar em consideração também a densidade de assentos, as inclinações e níveis dos pisos. Todos esses fatores são determinados de acordo com o conforto visual e auditivo do público. Os assentos devem ser confortáveis para todos e ao mesmo tempo seguir um padrão, para manter uma mesma estética no ambiente. Eles devem possuir estofamento e espaldar para maior conforto do usuário. O principal objetivo é proporcionar um padrão adequado de conforto. A variação das dimensões do corpo humano é muito ampla, ainda que apenas um modelo de assento seja oferecido na maioria dos auditórios. Os níveis de tolerância variam: os jovens costumam tolerar assentos simples que são considerados menos confortáveis pelos idosos. (APPLETON & FISCHER, 2017, np) Figura 06: Eixos e níveis de observação entre palco e plateia – Editado pelo autor

Fonte: Manual do Arquiteto – Planejamento, dimensionamento e projeto. Capítulo 14

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Figura 07: Tipologias de assentos e suas características - Editado pelo autor

Fonte: Manual do Arquiteto – Planejamento, dimensionamento e projeto. Capítulo 14

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Quanto a disposição das fileiras e assentos, existem diferentes formas de fazer essa distribuição, porém deve-se atentar as angulações e os níveis, para que a observação do palco não seja prejudicada. Conforme descrito, todos os membros da plateia devem ter plenas condições de ver e ouvir tudo o que estiver acontecendo em todas as partes do palco ou da plataforma. Na prática, porem, esse ideal raramente é atingido por completo. Todavia, uma visibilidade clara generalizada da maior parte do palco ou da plataforma geralmente é possível nos auditórios modernos. (APPLETON & FISCHER, 2017, np)

Há portanto algumas distribuições possíveis que ampliam a possiblidade de maior qualidade de som e visão para a plateia de forma geral. Deve-se levar em consideração também o espaçamento entre as fileiras, há um espaçamento mínimo para a passagem de uma pessoa ao longo da fileira, e essa dimensão aumenta de acordo com o número de assentos de cada fileira.

Figura 08: Vão livre entre assentos - Editado pelo autor

Fonte: Manual do Arquiteto – Planejamento, dimensionamento e projeto. Capítulo 14

Distanciamento entre fileiras e espaço livre de passagem com assentos fixos e com assentos levantados.

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Figura 09: Tipologias de palcos para auditórios - Editado pelo autor

Fonte: Manual do Arquiteto – Planejamento, dimensionamento e projeto. Capítulo 14

Figura 10: Tipologias de palcos para auditórios - Editado pelo autor

Fonte: Manual do Arquiteto – Planejamento, dimensionamento e projeto. Capítulo 14

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GALERIAIS E EXPOSIÇÕES Os espaços de exposições devem ser amplos e livres, para que o leiaute seja adequado de acordo com cada exposição e sua determinada demanda. O leiaute de áreas públicas de um museu talvez se baseie em um conceito simples de livre circulação em torno de um espaço de exposição com planta livre ou em conceitos mais complexos, associados a estruturas interpretativas genéricas. É importante considerar a natureza das narrativas adequadas aos objetos de interesse do museu. (MATTHEWS, 2017, np)

Existe ainda a possibilidade de usar as circulações dos edifícios para tais exposições, uma vez que são locais de trânsito constante e fluxo de pessoas, dessa forma o espaço passar a ser galeria de exposição e não somente circulação.

Figura 11: Tipologias de organização para exposições – Editado pelo autor

Fonte: Manual do Arquiteto – Planejamento, dimensionamento e projeto. Capítulo 25

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Figura 12: Esquema em planta de área de exposição e serviços de apoio

Fonte: Manual do Arquiteto – Planejamento, dimensionamento e projeto. Capítulo 25


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Parte II

Estudo de Caso

Neste capítulo será feito uma análise, em formato de estudo de caso e referenciais projetuais, de obras tanto nacionais, quanto internacionais, que tenham relação com o tema em questão. Essa análise busca verificar e compreender as melhores e mais adequadas soluções arquitetônicas, que tenham como objetivo a inclusão e integração social nos espaços de aprendizagem e cultura.


ESTUDO DE CASO I

05. PARQUE EDUCATIVO DE MARINILLA

FICHA TÉCNICA: Projeto: Parque Educativo de Marinilla Arquitetos: El Equipo de Mazzanti Ano: 2015 Área da edificação: 700m² Materiais: Alumínio, aço, madeira e vidro. Localização: Marinilla, Colômbia

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O projeto do Parque Educativo de Marinillia faz parte de uma proposta do governo Colombiano, na região de Antioquia, que visa proporcionar educação pública de qualidade, promovendo disciplinas como ciência, cultura, inovação e tecnologia. A estratégia do governo procura reduzir os índices de desigualdade social,, violência, tráfico de drogas e atividades ilegais através do ensino e dos espaços públicos lúdicos e integrados a natureza local. A região de Antioquia carece de espaços públicos com essas características, razão pela qual o Parque Educativo foi elaborado com uma estrutura elevada e vazada, possibilitando que se torne um marco para os que olham para o Parque e permitindo também visadas do entorno para os usuários que estão em seu interior. Acolher e integrar a população são características fundamentais do projeto. Figura 13: Vista do Parque Educativo de Marinilla

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/875567/parque-educativo-de-marinilla-el-equipo-de mazzanti

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O programa do Parque é relativamente simples, e também bastante flexível. O Térreo, que fica ao nível do Parque em si, conta com dois acessos principais, um acesso a Leste através de escadas e outro acesso a Oeste através de rampas. Também no Térreo localizam-se as áreas técnicas, como a sala de telecomunicações, sala de bombas, sala de instalações elétricas, sala de instalações elétricas, sala contra incêndio e reservatórios de água.

Figura 14: Implantação + Pavimento Térreo do Parque Educativo Marinilla – Editado pelo autor

Legenda Acessos Área Técnica

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/875567/parque-educativo-de-marinilla-el-equipo-de mazzanti

Figura 15: Corte do Parque Educativo Marinilla

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/875567/parque-educativo-de-marinilla-el-equipo-de mazzanti

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O pavimento superior conta ainda com um terceiro acesso na área central, este nivelado com o piso do pavimento, pois a estrutura do equipamento encontra-se num terreno bastante acidentado. Nesse pavimento encontram-se as áreas educativas, que conta com uma pequena sala de administração, sala multiuso, banheiros, dois espaços de formação e uma quarta sala de aula. As salas estão dispostas de tal maneira apresenta aos usuários vistas do entorno, uma vez que a edificação encontra-se elevada do térreo do terreno.

Legenda Visadas Figura 16: Implantação + Segundo Pavimento do Parque Educativo Marinilla – Editado pelo autor

Acessos Administração Salas de Aula Banheiros

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/875567/parque-educativo-de-marinilla-el-equipo-de mazzanti

Entre as quatro salas principais, existe uma grande área de circulação, o que vem a ser o quinto e talvez mais importante ambiente do projeto, pois trata-se de uma área de uso misto e flexível, que possibilita diversas atividades como leitura, descanso, yoga, dança, arte, aulas de religião, jogos, estudos, encontros e até mesmo cultivos de flores e plantas.

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Figura 17: Vista do Parque Educativo de Marinilla – Editado pelo autor

Um dos principais elementos do projeto é a materialidade com o qual foi concebido. A malha de alumínio envolve o edifício e tanto as fachadas quanto os planos inferiores e superiores são pré-fabricados. A malha de alumínio serve como um mecanismo de fechamento permeável, que ao mesmo tempo que acolhe os usuários e os protege do entorno, permite ventilação natural e permite contato visual com exterior.

Figura 18: Sala de aula + circulação interna + malha de alumínio – Editado pelo autor

Figura 19: Vista do Parque Educativo de Marinilla + malha de alumínio – Editado pelo autor

Figura 20: Perspectiva do Parque Educativo Marinilla

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/875567/parque-educativo-de-marinilla-el-equipo-de mazzanti

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Figura 21: Revestimento vermelho das salas de aula e perímetro da vegetação – Editado pelo autor

Outra característica do projeto é o uso do revestimento vermelho nas faces exteriores das salas de aula, isso destaca os focos de atividades dentro do edifício, tornando-os visíveis para quem olha do Parque. Abaixo do edifício, em todo o seu perímetro, foi planejado uma área para plantio de vegetação, onde os próprios usuários se apropriarão do espaço, podendo cultivar e cuidar das plantas e fores, isso trará mais vitalidade para o espaço. Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/875567/parque-educativo-demarinilla-el-equipo-de mazzanti

Figura 22: Área livre interna e revestimento vermelho das salas de aula - Editado pelo autor

A área de circulação criada entre as salas serve de espaço multiuso, onde os usuários podem exercer diferentes atividades com a sensação de estarem ao ar livre, por conta da malha de alumínio permeável. Ao longo da circulação foram distribuídos itens de apoio como estante com livros e brinquedos, redes para descanso e vasos de flores para os alunos cultivarem. As diferentes formas de aprendizagem, e a interação do usuário com o espaço interno integrado ao externo, são as características mais importantes a serem analisadas nesse projeto, e que devem auxiliar na concepção do Projeto Casa.

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/875567/parque-educativo-demarinilla-el-equipo-de mazzanti

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ESTUDO DE CASO II

06. PRAÇA DAS ARTES

FICHA TÉCNICA: Projeto: Praça das Artes Arquitetos: Brasil Arquitetura Ano: 2012 Área da edificação: 28500m² Materiais: Concreto aparente, madeira e vidro. Localização: São Paulo, Brasil

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O projeto da Praça das Artes é um edifício multicultural localizado no centro de São Paulo, que abrange sedes de diferentes meios artísticos, como as Orquestras Sinfônica Municipal e Experimental de Repertório, dos Corais Lírico e Paulistano, do Balé da Cidade e do Quarteto de Cordas. Nele também ficam as Escolas Municipais de Música e de Dança, o Museu do Teatro, o Centro de Documentação Artística, e conta com restaurantes, estacionamento e áreas de convivência. O terreno do projeto encontrava-se numa área bastante degradada no centro da cidade, mas que é também um importante marco histórico e arquitetônico, onde antes existia o Antigo Conservatório Dramático Musical de São Paulo.

Figura 23: Vista da Praça das Artes – Editado pelo autor

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura

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Uma das características mais marcantes do projeto é também o mais desafiador dele, a implantação, no centro da cidade, num terreno relativamente estreito, rodeados de prédios e construções preexistentes. Porém, das dificuldades de projetar em situações adversas e espaços mínimos, nascem grandes soluções projetuais que marcam a obra como um todo. Nesse caso, é a implantação e conexão com a cidade que são protagonistas do projeto. Figura 24: Implantação da Praça das Artes – Editado pelo autor

Legenda Praça das Artes Acessos

Rua Conselheiro Crispiano Av. São João Rua Formosa

IMPLANTAÇÃO

Arquitetura

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura

A Praça das Artes abrange boa parte do quarteirão, alcançando assim três das quatro vias que o circundam, isso possibilita que a edificação funcione como o elemento principal que estabelece um novo diálogo com os edifícios ao seu redor e com a cidade em si. A implantação tem papel fundamental e estratégico na função de requalificar o espaço da área central da cidade, e por se tratar de um equipamento sociocultural, educacional e artístico, possui caráter público e fomenta a convivência e a vida urbana ao seu redor.

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O projeto funciona como uma nova via da cidade, um novo grande vazio, que permite tanto o usuário quanto o pedestre, mesmo que esse não faça uso dos ambientes internos do edifício, que atravesse de uma via à outra do centro de São Paulo, passando por dentro da Praça das Artes. Esse fator, além de proporcionar mais permeabilidade na malha urbana, aproxima as pessoas da Praça, ampliando assim a sua segurança e tornando o espaço mais diverso e democrático.

TÉRREO

Figura 25: Pavimento Térreo da Praça das Artes / Fluxos através da edificação – Editado pelo autor

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura

CORTE AA

Figura 26: Corte AA da Praça das Artes / Fluxos através da edificação – Editado pelo autor

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura

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O programa da edificação é bastante extenso e complexo, e abrange diversos usos ligados às artes musicais e do corpo, assim como educação e convivência. A Praça das Artes abriga ambientes tanto de ensaios quanto de apresentação de orquestra, dança, teatro, coral, balé, salas de exposição, museu, além de restaurantes, estacionamento subterrâneo e amplas áreas de convivência.

Figura 27: Esquema de Setorização da Praça das Artes – Editado pelo autor

Legenda Corpos Artísticos Escolas

ESQUEMA SETORIZAÇÃO

Ampliação Escolas / Auditório / Discoteca Restaurante CPDOC Apoio / Administração Sala de Concertos Estacionamento

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura

CROQUI PERSPECTIVA

Figura 28: Perspectiva / Croqui da Praça das Artes

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura

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TÉRREO

Figura 29: Pavimento Térreo da Praça das Artes – Editado pelo autor

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura

1 – Escultura Verdi 2 – Sala dos Maestros / Área de Apoio 3 – Sala Ensaio Orquestras 4 – Restaurante 5 – Hall Acesso Geral

6 –Documentação 7 – Exposições 8 – Lanchonete 9 – Praça Central 10 – Acesso / Circulação

O pavimento Térreo trata-se de um grande túnel onde alguns serviços estão presentes, serviços os quais são direcionados para a população em geral, como restaurante, lanchonete, café e banca de revistas, fator que atrai a população para que ela ocupe as áreas públicas do equipamento, pluralizando e democratizando o espaço.

11 – Auditório 12 - Café 13 – Banca de Revista 14 – Acesso Estacionamento

Figura 30: Acesso à Praça das Artes pela Av. São João – Editado pelo autor

Nesse pavimento se encontra também a sala de ensaio da orquestra, com salas de apoio, o auditório, sala de exposições, documentação e a rampa de acesso ao estacionamento subterrâneo. A disposição da planta deixa claro que a principal característica aqui é o fluxo através da Praça, e o amparo aos usuários através dos serviços oferecidos. Ambientes como o auditório e sala de exposições, que são frequentadas por um público mais geral e não tão específico, são de fácil acesso por estarem nesse nível, facilitando e minimizando o trânsito de pedestres nos demais pavimentos do edifício.

Fonte: Brasil Arquitetura – Disponível em: http://brasilarquitetura.com/#

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SEGUNDO PAVIMENTO

Figura 31: Segundo Pavimento da Praça das Artes – Editado pelo autor

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura

1 – Café 2 – Terraço Café 3 – Vazio Sala de Ensaio Orquestra 4 – Salas de Apoio e Camarins 5 – Ligação entre os Blocos

6 – Restaurante 7 – Hall de Acesso 8 – Documentação 9 – Sala de Concertos 10 – Administração Escolas

Figura 32: Sala de ensaio de dança – Editado pelo autor

11 – Cozinha 12 - Terraço 13 – Ligação entre os Blocos 14 – Salas de Ensaio Dança e Música

No segundo pavimento é oferecido um serviço de café com terraço, na fachada da Rua Formosa, isso amplia o uso do edifício por diferentes pessoas além dos artistas. As salas de apoio e camarins se concentram perto da sala de ensaio da orquestra. A passarela de ligação entre os blocos leva até a “ponte”, que é o salão do restaurante, fator bastante importante é que por ser a própria ponte de ligação entre os blocos, permite que os usuários do restaurante tenham visibilidade de ambas as entradas/saídas do túnel do térreo.

Fonte: Brasil Arquitetura – Disponível em: http://brasilarquitetura.com/#

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Próximo ao hall de acesso esta localizado a sala de concertos, ambiente frequentado pelo público geral, isso minimiza o volume de circulação nos demais ambientes do complexo, As salas de ensaio de dança e música estão locadas de forma mais isolada, o que implica diretamente na concentração dos que estão ensaiando e também na privacidade dos mesmos.


TERCEIRO PAVIMENTO

Figura 33: Terceiro Pavimento da Praça das Artes – Editado pelo autor

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura

1 – Sala Coral Lírico 2 - Sala Coral Paulistano 3 – Salas de Apoio 4 – Sala Maestros 5 – Vazio Restaurante

6 – Hall de Acesso 7 – Camarins 8 – Documentação 9 – Administração Escolas 10 – Salas Ensaio Dança

11 – Salas Ensaio Música

Figura 34: Espaços flexíveis e amplos – Editado pelo autor

O terceiro pavimento segue com um programa muito parecido com o segundo pavimento. A parte dos corais, salas de apoio e maestros, no bloco a sudeste, o salão do restaurante, que antes servia como “ponte”, agora da lugar a um grande vazio na parte central do complexo, por conta do pé direito duplo do salão, o que amplia o conforto para os usuários do restaurante. Próximo ao hall de acesso, se encontram os camarins, a sala de documentação e a administração das escolas, assim como no pavimento inferior. Mais uma vez, as salas de ensaio de dança e de música encontram-se isoladas, na face nordeste do edifício, trazendo maior privacidade para os ensaios em geral. Na foto ao lado podemos ver os amplos e flexíveis espaços, com pé direito duplo e as esquadrias distribuídas de forma não linear, característica marcante da edificação.

Fonte: Brasil Arquitetura – Disponível em: http://brasilarquitetura.com/#

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O Complexo Artístico é um grande volume de concreto armado aparente e colorido, com duas tonalidades principais, uma mais bege e amarelada e outra mais avermelhada. A ideia é que a edificação faça parte do entorno, por se tratar do centro da cidade e com muitos edifícios em concreto, mas que ainda assim se destaque na paisagem, daí o surgimento da ideia de aplicar o concreto pigmentado na fachada. A solução estrutural é bastante simples, o concreto armado é a própria estrutura, e também a vedação. Segundo Marcelo Ferraz (Galeria da Arquitetura 2014), arquiteto responsável pelo projeto, “paredes de concreto estruturais que se apoiam nas laterais dos terrenos”. A escolha do concreto traz ainda outras soluções e vantagens, além da parte conceitual do projeto. O concreto demanda pouquíssima manutenção, é resistente, cria a identidade da edificação, por isso utilizado na estrutura e vedação. (FANUCCI, Francisco, Galeria da Arquitetura, 2014)

As duas tonalidades distintas da fachada, porém próximas, criam um efeito bastante interessante na composição dos blocos da edificação. Figura 35: Vista da Praça das Artes em obra / Acesso pela Rua Formosa – Editado pelo autor

Fonte: Brasil Arquitetura – Disponível em: http://brasilarquitetura.com/#

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Outro fator bastante interessante na composição da fachada, é o grande número de janelas e a sua distribuição não linear. A ideia é trazer os acontecimentos do entorno para dentro das salas, tornando os ambientes menos monótonos, com grande incidência solar, e também levar os acontecimentos de dentro do complexo para a rua. Acabamos optando por fazer uma série de janelas nesse “bunker”, para transformar o espaço de trabalho dos profissionais e dos alunos em alguma coisa um pouso menos opressiva, um pouco menos isolado. (FANUCCI, Francisco, Galeria da Arquitetura, 2014)

Figura 36: Fachada em concreto aparente pigmentado e distribuição não linear das janelas

Fonte: Brasil Arquitetura – Disponível em: http://brasilarquitetura.com/#

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Os ambientes, por serem destinados a atividades bem específicas de dança e música, tem um tratamento de acústica bem sofisticado, onde vedações, tanto nas paredes quanto no forro foram elaboradas de acordo com essas atividades. O piso, chamado de “laje flutuante”, é concretado sobre amortecedores para evitar a transmissão de verberações às salas vizinhas, uma vez que e apresentações de corais, concertos e dança acontecem simultaneamente. Segundo o escritório que projetou a Praça das Artes, a parte que mais os impressiona é o vazio criado através da edificação, pois atividades diversas são praticadas diariamente nos vãos livres da Praça, pessoas caminham, descansam e brincam nas sombras projetadas pelos blocos, e essa apropriação do espaço por parte do público, mesmo não sendo o público que frequenta as salas de dança e música do complexo, é o fator mais importante e agregador do projeto.

Figura 37: Sala de ensaio de música da Paraça das Artes – Editado pelo autor

Fonte: Archdaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura

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Figura 38: Fachada em concreto aparente pigmentado e vidros – Editado pelo autor

Fonte: Archdaily– Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura

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07. referenciais projetuais

REFERENCIAL PROGRAMÁTICO

FICHA TÉCNICA: Projeto: IMS São Paulo – Instituto Moreira Salles Arquitetos: Andrade e Morettin Arquitetura Ano: 2017 Área da edificação: 8.660m² Materiais: Aço, concreto, piso mosaico português e basalto. Localização: São Paulo, Brasil Figura 39: Fachada frontal do IMS Paulista – Editado pelo autor

Fonte: Archdaily– Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/883093/instituto-moreira-sallesandrade-morettin-arquitetos

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Espaço cultural e museu localizado na Avenida Paulista em São Paulo que conta com um programa que vai do espaços mais aberto e permeável, como as salas de aula, exposições, biblioteca e café, até o mais restrito e controlado, como as áreas técnicas e administrativas. A setorização do programa se da através de sete grupos principais, que contam com diversos ambientes que compõem o equipamento como um todo: café e restaurante, loja, salas de exposição, auditório, salas de aula foyer, espaço multimídia e biblioteca fazem parte dos espaços públicos, mais abertos. Já a reserva técnica, docas, facilidades técnicas depósitos, salas de controle, salas administrativas, serviços e estacionamentos, fazem parte das áreas mais controladas e restritas.

Figura 40: Distribuição do programa do IMS Paulista

As áreas expositivas são generosas, uma vez que são as protagonistas no esquema do museu, e também flexíveis para que possam acomodar o acervo e as diferentes modalidades de exposição.

Fonte: Archdaily– Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/883093/instituto-moreira-salles-andrade-morettin-arquitetos

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REFERENCIAL CONCEITUAL

FICHA TÉCNICA: Projeto: Regen Villages Arquitetos: Effekt Architects Ano: 2016 Área da edificação: 15500m² Materiais: Madeira e vidro. Localização: Almere, Holanda

Figura 41: Perspectiva Regen Village – Editado pelo autor

Fonte: Effekt Architects – Disponível em: https://www.effekt.dk/regenvillages

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Como o próprio nome do projeto já diz, Regen Villages, trata-se de uma organização em forma de vila, onde os blocos e as edificações se organizam ao redor umas da outras, muito próximas, no sentido de estar ali “umas para a outras”, com o intuito de unidade, troca e coletividade. O conceito de vila, de um aglomerado populacional de tamanho médio, traz consigo o sentimento de autossuficiência, como se fosse possível viver com qualidade estando apenas naquele círculo de casas, blocos ou edifícios.


Figura 42: Isométrica e Implantação Regen Village

unidade

troca

coletividade

Figura 43: Perspectiva Regen Village – Editado pelo autor

Fonte: Effekt Architects – Disponível em: https://www.effekt.dk/regenvillages

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REFERENCIAL ORGANIZACIONAL

FICHA TÉCNICA: Projeto: Biblioteca Santa Cruz Arquitetos: Andrade e Morettin Arquitetura Ano: 2020 Área da edificação: 1.786m² Materiais: Aço, alumínio, concreto, dry-wall e vidro. Localização: São Paulo, Brasil

Figura 44: Espaços de convívio da Biblioteca Santa Cruz – Editado pelo autor

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Fonte: Archdaily– Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/960820/biblioteca-santa-cruz-andrademorettin-arquitetos-associados


O volume principal da Biblioteca fica suspenso, criando assim uma forte relação com a área livre que a circunda e também amplas varandas que se integram com o entorno. O fato de a planta se abrir para o entorno, garante a edificação a função de ponto de encontro e reunião da comunidade que a usa, pois ao se abrir para fora, ela serve também de convite para o público. O volume superior tem pé direito duplo e planta livre, tornando-o amplo e flexível, características fundamentais em espaços de encontro e aprendizado, pois exerce forte papel no conforto, tanto visual quanto lumínico, dos usuários.

Figura 45: Esquema de plantas da Biblioteca Santa Cruz– Editado pelo autor

A organização da planta em L, reforça o sentimento de amparo, de acolhimento, como se fosse um abraço naqueles que fazem o uso do espaço. Por conta do pé direito duplo, criam-se varandas no pavimento superior, transformando assim as visadas dos usuários que podem ver e contemplar a Biblioteca de cima.

Fonte: Archdaily– Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/960820/biblioteca-santa-cruz-andrademorettin-arquitetos-associados

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REFERENCIAL VOLUMÉTRICO

FICHA TÉCNICA: Projeto: Wingene Care Campus Arquitetos: Henley Halebrown Architects Ano: 2011 Área da edificação: 10.444m² Materiais: Concreto, madeira e vidro. Localização: Wingene, Bélgica

Figura 47: Perspectiva do Wingene Care Campus

Figura 46: Perspectiva isométrica do Wingene Care Campus

Fonte: Henley Halebrown Architects – Disponível em: https://henleyhalebrown.com/works/wingene-care-campus/

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Equipamento público que trata pessoas da terceira idade com fragilidades físicas e demência, traz em sua volumetria blocos distintos, porém conectados, que remetem à casas, com telhados duas águas e grandes aberturas. Com o formato de casas, faz uma relação direta com o “lar”, lugar de boas memórias, afeto, carinho, acolhimento e segurança, todos fatores que contribuem para a recuperação e cuidado dos pacientes em tratamento.

Figura 48: Perspectiva do Wingene Care Campus

Por se tratar de um equipamento público, que visa atender a amparar pessoas em vulnerabilidade social, é importante que esses sentimentos, que são cultivados no conforto de casa, sejam resgatados e de alguma forma transmitidos aos pacientes, e a volumetria pode ser um meio de alcançar esses sentimentos.

Fonte: Henley Halebrown Architects – Disponível em: https://henleyhalebrown.com/works/wingene-care-campus/

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REFERENCIAL ESTRUTURAL

FICHA TÉCNICA: Projeto: Casa Grid Arquitetos: Bloco Arquitetos Ano: 2016 Área da edificação: 400m² Materiais: Alvenaria, aço, concreto e vidro.

Figura 49: Sistema estrutural aparente em concreto armado e fechamento em alvenaria

Localização: Brasília, Brasil

Fonte: Bloco Arquitetura – Disponível em: https://www.bloco.arq.br/arquitetura/casa-grid/

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O sistema estrutural convencional, pilares, vigas e lajes, com fechamento em alvenaria para os limites com a áreas externas, traz a possibilidade de vencer vãos e a facilidade de futuras mudanças ou expansões. Além disso, existe uma grande opção de mão de obra e materiais para a construção. Outra característica fundamental é o baixo custo de manutenção do concreto armado, uma vez que tratando-se de equipamentos públicos, a frequência de manutenção é menor, pois depende dos órgãos públicos para faze-la. Vale ressaltar também que a estrutura de concreto armado é mais durável do que os outros sistemas de construção.

Figura 50: Esquema do sistema estrutural e fechamentos da edificação Fonte: Bloco Arquitetura – Disponível em: https://www.bloco.arq.br/arquitetura/casa-grid/

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REFERENCIAL MATERIAL

FICHA TÉCNICA: Projeto: Residential Hanover Arquitetos: Busch & Takasaki Architekten Ano: 2020 Área da edificação: 5.000m² Materiais: Alvenaria, aço e vidro.

Figura 51: Fachada frontal do Residential Hanover / Materialide em alvenaria aparante

Localização: Hanover, Alemanha

Fonte: Archdaily– Disponível em: https://www.archdaily.com/961134/buchholzer-grun-housing-busch-andtakasaki-architekten

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A utilização do tijolo em construções de habitação é bastante comum em áreas de baixa renda, e em muitos casos não é financeiramente possível investir em acabamentos, como o próprio reboco ou pintura, deixando as moradias apenas na alvenaria. Nesse contexto, seguir uma linguagem local se torna fator de extrema importância na concepção de espaços com equipamentos públicos de caráter social. O tijolo aparente também remete a palavra “casa”, e assim como o referencial volumétrico mostrado anteriormente, tem forte relação com o sentimento de pertencimento, de fazer parte daquele determinado espaço, e evoca mais uma vez os sentimentos do lar, de se sentir em casa e ser acolhido por aquele lugar.

Figura 52: Tipologias de alvenaria usadas no Residential Hanover

É nessa linguagem que o uso da alvenaria aparente se torna protagonista na concepção do espaço público, pois, em contrapartida, o uso de materiais muito sofisticados, acaba por segregar a edificação do seu entorno, o que pode acarretar em um certo distanciamento do público a ser atendido.

Fonte: Archdaily– Disponível em: https://www.archdaily.com/961134/buchholzer-grunhousing-busch-and-takasaki-architekten

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Parte III

Análise do Terreno

Neste capítulo será apresentado a análise do terreno no qual será desenvolvido o Anteprojeto do Centro de Atividades Sociais e Artísticas. Essa análise visa compreender, através de estudos, a legislação, o histórico, os aspectos ambientais, socioeconômicos, culturais, ambientais, assim como as condicionantes físicas e climáticas do terreno e seu entorno, proporcionando um melhor entendimento da área, suas dificuldades e potencialidades.



Fonte: Autor


08. área do projeto

O terreno em estudo situa-se na capital de Santa Catarina, Florianópolis, mais precisamente na parte continental da cidade, no bairro Monte Cristo, a aproximadamente 8km do centro da cidade. O terreno fica ás margens da Via Expressa, BR 282, principal via de ligação entre a BR 101 e as pontes que dão acesso à capital.

brasil

santa catarina

florianópolis

[mapa 01] Mapa de aproximação do terreno do projeto [fonte] elaborado pelo autor

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via expressa

centro de florianópolis

Figura 53: Mapa de localização do terreno do projeto

terreno do projeto

Fonte: Google Earth Pro – Editado pelo autor

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O bairro encontra-se junto a Via Expressa, principal via de ligação entre a BR 101 e as pontes de acesso ao centro da cidade e faz divisa com o município de São José. É uma das regiões mais carentes de Florianópolis, e conta com uma população de 14.549 pessoas (Prefeitura de Florianópolis, 2015). O terreno em estudo possui aproximadamente 22.750m².

Bairro Monte Cristo

Via Expressa Terreno do Projeto

Bairros da área continental de Florianópolis: 1. Jardim Atlântico 2. Balneário 3. Canto 4. Coloninha 5. Monte Cristo 6. Capoeiras 7. Estreito 8. Abraão 9. Coqueiros 10. Bom Abrigo 11. Itaguaçu

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[mapa 02] Divisão de bairro e localização do terreno na parte continental de Florianópolis [fonte] Google Earth Pro, elaborado pelo autor

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Um dos principais fatores de escolha do terreno é a sua proximidade com algumas das comunidades mais carentes da parte continental de Florianópolis, uma vez que a proposta do projeto visa amparar, através da educação, arte e novos meios de aprendizagem e troca, pessoas em estado de vulnerabilidade social, situação bastante presente nas comunidades abaixo mostradas.

Terreno do Projeto Chico Mendes Novo Horizonte Pasto do Gado Santa Terezinha Morro do Flamengo Morro da Caixa Vila Aparecida

[mapa 03] Comunidades carentes próximas ao terreno do projeto [fonte] Prefeitura de Florianópolis, elaborado pelo autor

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09. histórico de ocupação

2003

Figura 54: Mapa urbanização 2003 – Editado pelo autor

O bairro Monte Cristo surge , no início dos anos 1990, de uma organizada ocupação dos sem-teto, com mobilizações eficazes e processos de negociação com o poder estatal. Os primeiros anos de existência do bairro, foram marcados por intensas relações de sociabilidade e interação políticas dos moradores. Desde o início, a localidade tinha como prática a vivência e celebração dos espaços comuns, isso fazia parte do cotidiano dos moradores. A vida coletiva era bastante presente, com intensas mobilizações e encontros de troca entre os moradores da nova comunidade.

Fonte: Google Earth Pro

2011

Figura 55: Mapa urbanização 2011 – Editado pelo autor

Já no final dos anos 1990, acontece um significativo esvaziamento dos espaços de organização coletiva e convivência comunitária. Isso resulta no afastamento dos moradores entre si, num modo de vida mais individual do que coletivo, e em consequência disso o medo começa a tomar conta, juntamente com a reclamação entre vizinhos. Atualmente o bairro é visto com um dos mais perigosos e violentos de Florianópolis. A constante violência, fruto da desigualdade social, geram medo e perigo, e o sentimento de individualismo e indiferença dos vizinhos revela um processo de enfraquecimento dos laços locais.

Fonte: Google Earth Pro

2020

Figura 56: Mapa urbanização 2020 – Editado pelo autor

As imagens em anexo, demonstram a densidade de ocupação ao longo dos anos. Fica evidente a transformação da malha urbana do bairro do ano de 2003 até os dias atuais, onde anteriormente grandes espaços de terra batida se encontravam ainda vazios.

Fonte: Google Earth Pro

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A ocupação do bairro ao longos dos anos se deu de forma irregular, desordenada e sem infraestrutura adequada, fatores bastante comuns quando se trata de ocupações. Hoje o bairro encontra-se bastante ocupado, sem muitas áreas livres, conforme mostra a foto do ano de 2020.


Figura 57: Jornal das Comunidades nº5 – Julho/Agosto 1990 Fonte: IELA | UFSC – Instituto de Estudos Latinos Americanos – Disponível em: https://iela.ufsc.br/noticia/sob-ameacas-ha-30-anos-100-familias-de-florianopolis-plantaram-lutapor-moradia

O Jornal das Comunidades nº5 , datado de Julho / Agosto de 1990, retrata em sua capa a “OCUPAÇÃO”, onde segundo o jornal, cem famílias sem terra, entre os dias 28 e 29 de Julho do mesmo ano, iniciaram as ocupações. O movimento ocorreu em um terreno baldio no Pasto do Gado, as margens da Via Expressa, e foi a primeira ocupação organizada de áreas urbanas de Santa Catarina.

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10. aspectos socioeconômicos

O Monte Cristo é uma das regiões mais pobres e carentes de Florianópolis, e destoa dos índices de desenvolvimento humano da capital. Enquanto Florianópolis possui o terceiro melhor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), com 0,847 (IBGE, 2010), no Monte Cristo o índice cai para 0,763. O mesmo acontece com a renda média, que vai de 4,8 salários mínimos na capital, para 2 salários mínimos no bairro Monte Cristo. A região e seu entorno encontram-se, em boa parte dela, em estado de vulnerabilidade social, onde, segundo o Mapas Estratégicos para Políticas de Cidadania (MOPS) e o Ministério da Cidadania, de 910 famílias cadastradas no bairro, 265 famílias estão em estado de baixa renda, 148 em estado de pobreza e 227 na extrema pobreza.

Os índices ainda apontam que quase um terço das famílias do bairro recebe o beneficio do Programa Bolsa Família (MOPS, Ministério da Cidadania, Março/2019). Tais características de subdesenvolvimento e falta de oportunidades, geram desigualdades sociais que resultam em violência. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), em 2017 o bairro encontrava-se no topo da lista das localidades com mais mortes violentas em Florianópolis, totalizando 13 homicídios. O barro Ingleses, no norte da cidade, em segundo lugar com 11 homicídios e Vargem do Bom Jesus em terceiro, também no norte da cidade, com 9 homicídios.

24,95% 29,67%

31,00%

16,26%

69,00%

29,12%

[gráfico 01] Percentual nível pobreza– População bairro Monte Cristo [fonte] MOPS – Mapas Estratégicos para Políticas de Cidadania Elaborado pelo autor

Não informado

Beneficiários do Programa Bolsa Família

Extrema pobreza

Não benificiários do Programa Bolsa Família

Pobreza Baixa renda

81

[gráfico 02] Percentual de benefício do Programa Bolsa Família [fonte] MOPS – Mapas Estratégicos para Políticas de Cidadania Elaborado pelo autor


Figura 58: Imagens do bairro Monte Cristo – Editado pelo autor

Fonte: Team Caramelo UFSC– Disponível em: https://teamcaramelo.wordpress.com/2015/03/29/comunidade-chico-mendes/

82


11. sistema viário e mobilidade

A área em estudo fica muito próxima à Via Expressa, BR 282, com apenas a Rua Paralela Novo Horizonte entre a rodovia e o terreno. Além disso, o entorno do terreno se da por vias subcoletoras, com duas vias arteriais ao norte do terreno e outras duas vias coletoras a oeste. As demais vias que compõem o bairro são de menor escala e menor movimento. Vale ressaltar a importância de minimizar os ruídos e a poluição sonora vinda da Via Expressa, pois trata-se da principal via de acesso à ilha, com uma grande e constante volume de automóveis cruzando-a diariamente.

[mapa 04] Classificação das principais vias no entorno do terreno 01 [fonte01] Geoprocessamento, Prefeitura de Florianópolis [fonte02] Mapbox, elaborado pelo autor

Há importantes conexões entre vias de maior relevância com as de menor relevância no entorno, isso afeta diretamente o acesso ao terreno por quem vem de outros bairros da cidade, seja de automóvel, transporte público ou até mesmo de bicicleta, pois vias de maior relevância são mais facilmente lembradas e se tornam pontos de localização mais fáceis.

Terreno Subcoletoras Coletoras Arteriais Trânsito Rápido

83

[mapa 05] Classificação das principais vias no entorno do terreno 02 [fonte01] Geoprocessamento, Prefeitura de Florianópolis [fonte02] Mapbox, elaborado pelo autor


Terreno Sentido da via

05

01 02

04

03

06

07

08

09

10 11

12

[mapa 06] Sentido das principais vias no entorno do terreno [fonte01] Geoprocessamento, Prefeitura de Florianópolis [fonte02] Mapbox, elaborado pelo autor

01

Av. Josué Di Bernardi

07

Rua Paralela Nova Horizonte

02

Rua Elesbão Pinto da Luz

08

Servidão João Salvador Perez

03

Rua Joaquim Nabuco

09

Rua Camilo Silveira de Souza

04

Rua Prof. Egídio Ferreira

10

Rua José Antônio Tonolli

05

Rua Luiz Carlos Prestes

11

Rua Maria Júlia Ramos e Souza

06

Rua José Machado Simas

12

Via Expressa | BR 282

A grande maioria das vias de acesso e as que circundam o terreno são vias de mão dupla, o que facilita o lançamento e zoneamento da proposta, principalmente em relação aos serviços de carga e descarga e desembarque dos usuários.

84


O trajeto via ônibus, vindo do Terminal de Integração do Centro (TICEN), leva em média 33min, pode ser feito através de diferentes linhas. O ponto final varias e em alguns casos é necessário completar o trajeto com caminhada até o terreno. O percurso se da através da Ponte Colombo Sales, Avenida Ivo Silveira e a Rua Paralela Novo Horizonte.

Terminal de Integração do Centro Terreno [mapa 07] Trajeto TICEN > Terreno de ônibus [fonte] Mapbox, elaborado pelo autor

Percurso

Já de automóvel, também usando o TICEN como ponto de partida e de referência, o trajeto leva em média 8min. O percurso se da através da Ponte Colombo Sales, BR 282 e Rua Paralela Novo Horizonte. Os exemplos aqui mostrados, servem para exemplificar a distância o tempo de viagem do centro da cidade até a localização do terreno no Bairro Monte Cristo.

Terminal de Integração do Centro Terreno [mapa 08] Trajeto TICEN > Terreno de automóvel [fonte] Mapbox, elaborado pelo autor

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Percurso


Paradas | Pontos de Ônibus Terreno Limites do bairro

[mapa 09] Paradas | Pontos de ônibus do entorno [fonte] Mapbox, elaborado pelo autor

Percebe-se que a quantidade de paradas e pontos de ônibus é bem maior no entorno do bairro do que nele próprio. A áreas central do Monte Cristo, ao norte do terreno, as paradas e pontos são praticamente inexistentes, e no entorno do terreno, há apenas dois deles, e outro ponto ao sul, junto a Via Expressa. No entanto, os pontos do mapa são atendidos por diferentes linhas vindas do TICEN (Terminal de Integração do Centro), conforme mostra a tabela ao lado.

OPÇÕES DE VIAGEM | PARTIDA DO TICEN linha

tempo aprox.

caminhada

630

38min

20min - 1,.7km

631

45min

23min - 1.34km

670

26min

7min - 372m

671

29min

9min - 511m

844

42min

20min – 1.16km 86


12. análise de cheios, vazios e áreas verdes

O mapa de cheios, vazios e áreas verdes, mostra uma área bastante densa em edificações no entorno do terreno, principalmente a oeste e noroeste. Além do próprio terreno, que é hoje um extenso gramado, o mapa mostra que há pouquíssimas áreas verdes próximas ao local de intervenção.

Terreno Edificações Quadras | Lotes Áreas Verdes [mapa 10] Cheios, vazios e áreas verdes [fonte] Elaborado pelo autor

Escala: 1/7500

O histórico de ocupação do bairro pelos sem teto durante os anos 1990, resulta numa configuração desordenada de lotes e quadras, uma vez que a região não possuía plano diretor adequado e as ocupações se deram de forma ilegal. O resultado é uma forte concentração de edificações muito próximas umas das outras, sem qualquer delimitação de terreno, onde as próprias vias de menor escala dentro bairro se formam por entre essas edificações, vias estreitas e sem infraestrutura necessárias. 87


As áreas verdes, que ocupam uma pequena porção do recorte em estudo, estão localizadas predominantemente ao longo da BR 282, que caracterizam vazios urbanos e oferecem um certo perigo caso fossem ocupadas, por conta da velocidade e próxima do trânsito da Via Expressa.

Condomínio Habitacional Panorama Grande barreira visual, possui quatro pavimentos, o que o torna mais alto que o restante do bairro, que possui em geral de 1 a 2 pavimentos. Quebra de fluxo, uma vez que complexo toma conta de boa parte da quadra e é fechado com muros ao seu redor,

Área Verde Livre Praticamente a única área verde livre do entorno, amplo gramado onde ao visitar o terreno pode-se perceber crianças brincando junto ao terreno.

Estacionamento Maxxi Atacado Grande parcela da visada sudeste do terreno é o amplo estacionamento do empreendimento. Aqui, pode-se perceber também crianças brincando no estacionamento.

Vazios Urbanos Ao longo da Via Expressa há grandes vazios urbanos, área de grande potencial para plantio de vegetação que sirva de barreira natural contra o vento sul, bastante intenso na região. [mapa 11] Cheios, vazios e áreas verdes [fonte] Elaborado pelo autor

Escala: 1/7500

01

02

03

04

01 04

03 02

Figura 59: Visadas do terreno – Editado pelo autor Fonte: Google Earth Pro

88


13. análise público e privado

A relação das edificações de uso público e privado do entorno se da de forma bastante diferente dependendo da microrregião analisada. Os maiores comércios estão posicionados ao longo da Via Expressa, enquanto os menores se encontram mais adentro no bairro, assim como as escolas, creches e equipamentos de saúde.

Terreno Uso Privado Uso Público [mapa 12] Equipamentos de uso privado x público [fonte] Elaborado pelo autor

As manchas em preto, conforme mostra a legenda, indicam as edificações com função de moradia, isso inclui casas, apartamentos e conjuntos habitacionais. A maioria das moradias do entorno são casas de um ou dois pavimentos, há poucas edificações de três pavimentos ou mais. De forma geral, o entorno é predominantemente ocupado por casa.

89

Escala: 1/7500

Em amarelo são representadas as edificações de uso público, isso inclui lojas, pequenos e grandes comércios, mercados e bares, igrejas e locais de culto religiosos, creches, escolas e lugares de ensino, restaurantes e lanchonetes, postos de saúde, hospitais, clínicas, entre outros. A parte norte e noroeste do entorno conta com um grande volume de pequenos comércios locais.


Na região mais ao norte, existe uma pluralidade de equipamentos de uso público. A área conta com salão de beleza, lavação de automóveis, comércio de extintores, mercado, loja de eletrônicos, igreja, panificadora, serralheria, loja de roupas, de móveis, entre outros. A área é a mais diversificada em termos de comércio e equipamentos de uso público do entorno.

A região noroeste do recorte é marcada pela presença da Escola de Educação Básica América Dutra Machado, sua estrutura ocupa quase a totalidade de uma das quadras. Mais ao sul, na mesma região, está a Creche Chico Mendes. Essa região conta com dois dos principais equipamentos educacionais do bairro.

Na parte nordeste encontra-se o Centro de Saúde Monte Cristo, e também pelo menos três equipamentos religiosos, como o Centro de Educação e Evangelização Popular, e a Federação Espírita Catarinense, ambos equipamentos ocupam um amplo terreno, por isso o grande espaço vazio sem edificações, conforme mostra o mapa. Mais ao norte do recorte, temos o 22º Batalhão de Polícia Militar.

A região sudeste, próxima a Via Expressa, conta com grandes equipamentos comerciais, como o Maxxi Atacado, Havan e um posto de gasolina bem próximo ao terreno. O mercado, grande mancha amarela em destaque, é o maior supermercado do bairro.

Mais ao sul, assim como do outro lado da Via Expressa, a região também conta com equipamentos de comércio de médio / grande porte, sua grande maioria comércio de automóveis e motocicletas, como a loja da Jagura, Land Rover, Yamaha e Ducati. [mapa 13] Predominância e tipologia de equipamentos de uso público [fonte] Elaborado pelo autor

Escala: 1/7500

A parte norte, nordeste e noroeste do mapa é onde há uma maior relação entre os usos públicos e privados, pois nessas o comércio, as escolas, creches, igrejas e etc, se misturam às casas e moradias. Já no setor sul, sudeste e sudoeste, essa relação é bem inferior, pois os grandes comércios estão mais isolados perto da Via Expressa, quase sem contato com as casas e unidades habitacionais do recorte.

90


14. análise de uso e gabarito

Percebe-se que em grande parte do entorno o uso predominante é habitacional seguido de comercial, e que em algumas regiões específicas e pontuais, existem equipamentos educacionais e religiosos. O entorno possui poucas edificações institucionais, ao norte, e apenas um equipamentos destinado a saúde, a nordeste do terreno.

Terreno Habitação Comércio Religião Educação Saúde Instituição [mapa 14] Tipologia de uso das edificações do entorno [fonte] Elaborado pelo autor

Escala: 1/7500

Os equipamentos e seus respectivos usos, apesar das circunstâncias, são setorizados por regiões. Temos a predominância dos usos comerciais no sentido norte, sudeste e sudoeste, dos equipamentos educacionais a noroeste do terreno, o de saúde e os religiosos a nordeste enquanto os poucos equipamentos institucionais se encontram no extremo norte da região em estudo. Fica também evidente a inexistência de equipamentos culturais em toda a extensão do mapa.

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[diagrama xx] Setorização dos equipamentos e usos em relação ao terreno [fonte] Elaborado pelo autor


Área caracterizada pela predominância de equipamentos educacionais, dentre eles estão: Creche Chico Mendes, Escola de Educação Básica América Dutra Machado e o Centro Comunitário Bairro Educador. A região possui as principais fontes de educação e ensino do Bairro Monte Cristo.

Região com a maior diversidade de comércios do entorno. A área conta com três mini mercados, uma mercearia, um salão de beleza, uma loja de móveis sob medida e outra de móveis usados, duas panificadoras, uma loja de roupas, uma loja de artigos para festas, uma lavação de automóveis, uma loja de eletrônicos, uma fábrica de salgadinhos para festas e uma lotérica. A área é a de maior concentração de comércios na parte mais densa do bairro, em meio as unidades habitacionais.

Área com predominância de equipamentos religiosos, com diferentes linhas de prática. Estão locados na região o Centro de Educação e Evangelização Popular (CEDEP), a Ação Social Arquidiocesana (ASA), a Assembleia de Deus e o Lar Fabiano de Cristo.

Único equipamento de atendimento à saúde do bairro, o Centro de Saúde Monte Cristo. O equipamento encontra-se em umas das principais vias do bairro, Rua Joaquim Nabuco, via arterial que possui boas conexões com outras vias coletoras e subcoletoras que cortam o bairro, facilitando assim o acesso ao Centro de Saúde.

Essa região mais ao sudeste e sudoeste do terreno possui empreendimentos e comércios de grande escala. Ficam próximos a Via Expressa e um pouco mais afastados do terreno, principalmente os que se encontram do outro lado da via. A área conta com o amplo Maxxi Atacado, principal mercado da região, uma loja da Havan e algumas concessionárias de automóveis no lado oposto da Via Expressa. [mapa 15] Tipologia , destribuição e uso das edificações do entorno [fonte] Elaborado pelo autor

Escala: 1/7500

A análise mostra que o bairro possui amplo e diferenciado comércio, assim como escolas e creches e locais para práticas religiosas, que estão setorizados por regiões bem específicas. Fica claro a falta de equipamento de saúde, uma vez que há apenas um Centro de Saúde em toda a extensão do recorte e também a falta de equipamentos de lazer e cultura. Hoje o bairro possui um pequeno parque com duas quadras que estão inseridos no terreno em estudo, fator para levar em consideração durante a proposta, fazer a relocação, adaptação e/ou ampliação das quadras e do parque existente.

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O gabarito das edificações do entorno se divide em dois grupos, sendo o primeiro de 1 e 2 pavimentos e o segundo de 3 e 4. O primeiro grupo é o predominante, e o segundo é composto por três conjuntos habitacionais e algumas edificações espalhadas pela área. Apenas uma edificação ao norte apresenta 5 pavimentos.

Terreno 1 e 2 pavimentos 3 e 4 pavimentos 5+ pavimentos [mapa 16] Gabarito das edificações do entorno [fonte] Elaborado pelo autor

Escala: 1/7500

Figura 60: Terreno e conjuntos habitacionais do entorno – Editado pelo autor

Na foto ao lado destaque para o terreno e os três complexos habitacionais do entorno, responsáveis pelos maiorias gabaritos da região. O Condomínio Habitacional Panorama, que encontra-se logo ao lado do terreno, na face norte, possui 4 pavimentos e pode ser um obstáculo na incidência solar de algumas parcelas do terreno. Fonte: Google Earth Pro

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Figura 61: Relação terreno e entorno 01 – Editado pelo autor

O terreno possui uma relação próxima com a Via Expressa, ainda que exista uma parcela de vazio urbano e um via entre eles. Destaque para a passarela, que liga o terreno ao outro lado da BR 282, no bairro de Capoeiras. A passarela é peça fundamental na concepção do projeto, pois traz grande visibilidade para o terreno. Fonte: Google Earth Pro

Figura 62: Relação terreno e entorno 02 – Editado pelo autor

Aqui fica claro a relação topográfica do terreno e da Via Expressa, sendo o terreno mais alto que o seu entorno, o que o garante maior visibilidade, porém fica mais exposto as intempéries como o vento, por não haver barreiras na sua face sul. Podemos perceber também o grande estacionamento do Maxxi Atacado na face sudeste do terreno. Fonte: Google Earth Pro

Figura 63: Relação terreno e entorno 03 – Editado pelo autor

Aqui percebemos claramente a relação de gabarito do Condomínio Habitacional Panorama e do terreno. O condomínio faz barreira visual em toda a face norte do terreno por ter o gabarito mais alto da região, de 4 pavimentos. Essa característica deve ser levada em consideração na proposta e no zoneamento do projeto. Fonte: Google Earth Pro

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15. análise de equipamentos

Há uma grande variedade de equipamentos distribuídos pelo bairro, com uma maior concentração a oeste e noroeste do terreno. A presença de equipamentos alimentícios é bastante grande, assim como mercados, mini mercados e padarias.

Percebe-se a escassez dos equipamentos voltados para a saúde, pois há apenas o Centro de Saúde do Monte Cristo, a leste do terreno. Por outro lado, há um grande volume de equipamentos religiosos, esses por toda a extensão do bairro. É evidente também a quantidade de pequenos empreendimento de entrega de alimentos, no estilo delivery.

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Figura 64: Mapa do bairro e equipamentos de apoio a população – Editado pelo autor Fonte: Google Earth Pro


Feiras Loja de bebidas Mercados Mini Mercados Padarias Comércio Lojas Bares Lanchonetes Restaurantes Creches Escolas Igrejas Locais de culto Centro de Saúde do Monte Cristo

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16. condicionantes legais

Percebe-se que em grande parte do entorno o uso predominante é habitacional seguido de comercial, e que em algumas regiões específicas e pontuais, existem equipamentos educacionais e religiosos. O entorno possui poucas edificações institucionais, ao norte, e apenas um equipamentos destinado a saúde, a nordeste do terreno.

AVL – Áreas Verdes de Lazer ACI – Área Comunitária | Institucional ARM – Área Residencial Mista AMC – Área Mista Central AMS – Área Mista Serviços ZEIS – Zonas Especiais de Interesse Social [mapa 17] Plano Diretor uso e ocupação do solo no entorno [fonte] Geoprocessamento – Prefeitura de Florianópolis Elaborado pelo autor

ÍNDICES ÁREA COMUNITÁRIA | INSTITUCIONAL área perímetro

642.93

área mínima

-

testada mínima

-

nº pavimentos

-

índice de aproveit.

-

taxa de ocupação

-

* observação

97

22.750,27 m²

ocupação depende de parecer do IPUF


Reforçando, agora do Plano Diretor de Florianópolis, um dos principais motivos da escolha do terreno. A área em estudo conta com diversas regiões de ZEIS, essa fato atrelado a falta de equipamentos públicos que ampliem as diferentes formas de aprendizagem através de educação e cultura foram fatores primordiais na escolha do local.

[mapa 18] Plano Diretor uso e ocupação do solo no entorno [fonte] Geoprocessamento – Prefeitura de Florianópolis Elaborado pelo autor

Apesar das diversas regiões de ZEIS entorno do terreno, as regiões de ARM, em laranja, e AMC, em vermelho, são também, em sua grande maioria, residências onde as famílias, em muitos casos, se encontram estado de vulnerabilidade social. Sendo assim, ao analisar o mapa, percebemos que três das quatros orientações do terreno, leste, oeste e norte, apresentam um grande volume de residências e moradores, isso implica em potenciais usuários do equipamento público a ser proposto.

98


17. condicionantes bioclimáticas e físicas

O clima em Florianópolis é classificado como subtropical e mesotérmico úmido, ou seja, não tem estação seca e depende da Massa Polar Atlântica no inverno e outono, e da Massa Tropical Atlântica no verão e primavera, para que haja mudanças de estação e temperatura. A média anual da temperatura é de 21ºC, sendo que no verão, no mês de maior calor, varia entre 28 e 33ºC e no inverno, no mês de maior frio, varia entre 7,5 e 12ºC.

Figura 65: Gráfico de temperaturas da cidade de Florianópolis

Fonte: PROJETEEE – Disponível em: http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/

Conforme o gráfico acima pode-se perceber a queda da temperatura a partir no início do mês de março, essa queda dura até o mês de junho, onde a temperatura se estabiliza na média dos 15ºC. Ela volta a subir no início do mês de agosto, e segue subindo até o mês de dezembro, onde se estabiliza na média dos 23ºC até o início de março, onde começa todo o ciclo mais uma vez.

99


A zona de conforto dos usuário de Florianópolis fica em torno dos 20ºC aos 28ºC, ou seja, durante as estações de verão, início da primavera e final do outono, a cidade encontra-se na zona de conforto. Já no inverno, principalmente nos meses de junho e julho, o gráfico mostra uma grande queda dos índices da zona de conforto. Esse fator é bastante importante, pois fica claro que o maior desconforto térmico da população em Florianópolis ocorre durante o inverno, o que deve-se levar em consideração na elaboração da proposta e suas características de conforto ambiental. Figura 66: Gráfico de temperatura x zona de conforto da cidade de Florianópolis

Fonte: PROJETEEE – Disponível em: http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/

O gráfico ainda mostra que as temperaturas que causam desconforto térmico iniciam em maio, e que podem se estender até setembro, porém seu ponto crítico é o auge do inverno, nos meses de junho e julho.

100


Figura 67: Gráfico de chuva da cidade de Florianópolis

Fonte: PROJETEEE – Disponível em: http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/

Figura 68: Gráfico de umidade da cidade de Florianópolis

Fonte: PROJETEEE– Disponível em: http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/

101


O gráfico de chuva mostra que o período de maior precipitação se inicia por volta de setembro, com um aumento significativo entre os meses de novembro e dezembro, e que segue com um alto volume, em torno de 200mm até fevereiro, e só então entre março e abril é que os índices começar a baixar. Vale ressalta que o mês de junho , um dos meses de maior desconforto térmico, é o de menor índice de precipitação do ano, por volta de 30 a 40mm.

No gráfico de umidade relativa do ar, percebe-se uma cidade bastante úmida, onde a média durante o ano está sempre entre 80% e 90%. Percebe-se também que os meses de maior umidade, são os meses de menor calor, entre março e agosto.

Ambas as características, umidade e chuva, afetam diretamente a concepção do projeto, uma vez que se trata de um espaço público. Deve-se então levar em consideração a possibilidade da prática de atividades que seriam feitas ao ar livre, serem feitas também nos espaços internos, e que a própria edificação ampare os usuários em momentos de intempéries da natureza, como calor, frio, chuva, vento e etc.

Figura 69: Gráfico de ventos durante o dia na cidade de Florianópolis Fonte: PROJETEEE – Disponível em: http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/

Figura 70: Gráfico de ventos durante a noite na cidade de Florianópolis Fonte: PROJETEEE – Disponível em: http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/

Em Florianópolis, o ventos predominantes são os ventos norte e nordeste, esses acontecem com maior frequência, porém o vento sul, que é menos frequente, tem maio intensidade, uma vez que geralmente ocorre em dias de tempo mais instável, acompanhado de chuva, isso o torna o vento mais forte e que mais causa desconforto. Nos gráficos acima pode-se perceber também, que durante a noite os ventos mudam, onde o vento oeste passar a ser o mais frequente. As velocidades oscilam, e podem variar de 2 a 6m/s.

102


17h pôr do sol

15h

12h

09h

07h

18h

06h

19h

05h

nascer do sol

22 de junho

22 de junho

21 de março 23 de setembro

21 de março 23 de setembro

22 de dezembro

22 de dezembro

Figura 71: Carta Solar de Florianópolis inserida no terreno – Editado pelo autor Fonte: PROJETEEE – Disponível em: http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/ Fonte: Google Earth Pro

A Carta Solar indica a trajetória do sol e de que forma a sua luz incide no terreno. O terreno, por não ter edificações acima de dois pavimentos no seu entorno imediato, com a exceção da face norte, recebe sol durante todo o dia. Vale ressaltar que durante o inverno a trajetória do sol é mais baixa que no verão, isso pode acarretar num sombreamento parcial da face norte do terreno. As visadas leste, oeste e sul, devem ser valorizadas, por não possuírem muitas barreiras, podendo assim potencializar a paisagem do nascer e pôr do sol.

103


[mapa 19] Análise bioclimática [fonte] Elaborado pelo autor

Usuário no terreno; Visadas possíveis, direcionadas para o nascer e pôr do sol; O gabarito das edificações do Condomínio Habitacional Panorama pode acarretar em sombreamento parcial do terreno durante o inverno, quando o sol é mais baixo em sua trajetória;

Ventos: boa parte do vento norte e nordeste será bloqueado pelo Condomínio Habitacional Panorama, enquanto o vendo sul incide diretamente no terreno por não haver barreiras; Criação de barreiras através da inserção de vegetação. Solução contra o vento sul e contra a poluição sonora vinda da Via Expressa.

104


30m

20m

10m

17m

18m

19m

16m 10m

10m

20m

[mapa 20] Perfil topográfico do terreno e seu entorno [fonte] Elaborado pelo autor

O entorno possui uma relevo bastante acidentado, principalmente na região nordeste e sudeste, porem a área do terreno permanece quase que em sua totalidade plana, com um desnível de aproximadamente 2 metros da região mais alta a nordeste (19m), para a parte mais baixa a oeste (17m). Há um grande desnível na face sudeste, onde o terreno cai para 12 metros, porem isso ocorre apenas na borda no terreno, e não deve implicar em complicações no projeto. Nas imagens ao lado pode-se ver o terreno com seus níveis em manchas e também uma imagem real do mesmo, onde fica mais claro a compreensão da sua topografia,

105


20 metros 19 metros 18 metros 17 metros 16 metros 15 metros 14 metros 13 metros 12 metros

224m 69m

22.750m²

24m

118m 186m

[mapa 21] Perfil topográfico do terreno [fonte] Elaborado pelo autor

Figura 72: Vista 3D do terreno – Editado pelo autor Fonte: Google Earth Pro

106



Parte IV

Proposta Nesta parte, será apresentada a proposta inicial de anteprojeto para o Centro de Atividades Sociais e Artísticas. O projeto consiste na concepção de espaços para a prática de novos meios de aprendizagem, voltados para a educação e cultura, com o intuito de promover integração social e novas formas de aprendizado e troca entre os usuários da comunidade em que o equipamento será inserido.


18. a proposta

comunidade

cultura

educação

centro comunitário

parque

centro cultural

escola

novas construções sociais de aprendizagem

projeto centro atividades sociais artísticas

109

lazer


A proposta de anteprojeto de um equipamento público sociocultural no bairro Monte Cristo em Florianópolis, visa sobretudo, proporcionar à comunidade local um espaço que reúna lazer, cultura e educação. O projeto tem como objetivo a desconstrução do modelo tradicional de aprendizagem, que tem como locus a escola. A proposta traz uma visão sobre o processo de aprendizagem, que este se constrói em diferentes espaços sociais, onde o centro comunitário é cultural, onde o centro cultural é escola, onde a escola é lugar de lazer, e o lazer é comunitário. Assim nasce o Projeto CASA, um Centro de Atividades Sociais e Artísticas com ênfase no desenvolvimento social através da educação, cultura e lazer.

110


19. o usuário

Por se tratar de espaço público social e plural, e pelo edifício e seu programa contarem com diversas atividades que acabam por abraçar a comunidade como um todo, principalmente por tratar de diferentes pilares como cultura, arte, educação e lazer, o perfil do usuário é igualmente amplo. O equipamento é voltado, principalmente, para as comunidades do Bairro Monte Cristo e seu entorno, podendo claro, se expandir para um atendimento da cidade como um todo. Isso engloba famílias que queiram desfrutar de um dia no parque, pessoas de diferentes idades que queiram praticar e/ou aprender sobre arte e cultural em geral, desde aulas de dança, música, fotografia, pintura, desenho e até culinária. Crianças que queiram brincar, ler e se divertir com outras crianças num espaço pensado pra elas. Estudantes ou entusiastas de leitura, que procuram uma Biblioteca e um espaço agradável de leitura. Artistas que queiram expor ou produzir suas artes e reunião de pessoas para oficinas, debates e cursos.

Assim como o equipamento, que é multiuso, cultural e educativo, o público a ocupa-lo são pessoas a procura de cultura, educação e lazer, o que caracteriza qualquer cidadão, do bairro ou não, que esteja a procura de um espaço que proporcione tais atividades e encontros.

111


Fonte: Autor

Fonte: Autor

112


20. conceito e partido

unidade

identidade

diversidade segurança participação horizontalidade interconectividade

113


Uma das premissas do projeto é a horizontalização da educação, ou seja, uma troca direta e mais humanizada, menos hierárquica, onde se possa aprender através da arte, da cultura, do lazer, e principalmente em conjunto com a comunidade. Do encontro das palavras, horizontalidade, troca, comunidade e casa, nasce o ponto de partida e de materialização do projeto, o termo:

VILA A palavra em questão possui dois significados distintos, ainda que um geral e outro popular, porem muito semelhantes, comparados a realidade do recorte e da comunidade em estudo:

... é um aglomerado populacional de tamanho intermédio entre a aldeia e a cidade, dotado de uma economia quase autossuficiente ...

... são bairros, vizinhanças ou becos mais afastados da cidade e também mais pobres ...

Assim, o equipamento a ser proposto, busca por diversidade de espaços e atividades no bairro, por segurança para os moradores e o entorno, por participação da comunidade como um todo, por horizontalidade nas relações de ensinar e aprender e sobretudo, por interconectividade através da cultura, da arte, da educação e do lazer.

114


21. o programa

EXTERNO

ESPORTIVO

ADMINISTRATIVO

INFANTIL

EDUCACIONAL

CULTURAL

ambiente

115

área (m²)

qtd.

Auditório | Cinema

250

1

Espaço com tela para exibição de filmes, palco para shows, apresentações, palestr

Foyer

100

1

Salão onde os espectadores aguardam o início das apresentações e/ou permanece

Exposições

120

1

Salão amplo, com mobiliário flexível para se adaptar as diversas tipologias de possí

Ateliês

50

4

Salas para a prática de costura, desenho, fotografia, pintura e etc;

Sala de Dança

80

1

Salão amplo para a prática e ensaios de danças, coreografias e etc;

Sala de Música

80

1

Salão amplo para a prática e ensaios de instrumentos musicais, podendo ser indivi

Sala de Teatro

90

1

Salão amplo para a prática e ensaios de peças de teatros e apresentações de palco

Sala de Figurino

25

1

Sala para armazenamento do figurino de peças de teatro e apresentações;

Depósito

12

2

Depósito de apoio geral ao setor cultural;

Sanitários

50

1

Sanitário de apoio geral ao setor cultural;

Sala de Aula

50

4

Salas de aula flexíveis, servindo para diferentes fins de acordo com a necessidade

Sala Multimídia

60

1

Sala de aula com computadores e lousa eletrônica;

Biblioteca

100

1

Salão amplo para o armazenamento de livros e documentos de estudo, servindo ta

Sala de Leitura

50

1

Sala destinada a leitura, servindo de apoio a Biblioteca;

Estudos Gerais

80

1

Salão amplo para estudos gerais, servindo também como área de encontro e estud

Sala de Reuniões

40

1

Sala destinada as reuniões, apoio a comunidade e a administração do complexo;

Cozinha Ateliê

70

1

Cozinha de apoio para eventos do complexo e aulas sobre gastronomia;

Refeitório

200

1

Salão amplo servindo de apoio aos eventos e a comunidade;

Depósito

12

1

Depósito de apoio geral ao setor educacional;

Sanitários

50

1

Sanitário de apoio geral ao setor educacional;

Brinquedoteca

80

1

Espaço lúdico, com mobiliário infantil, voltado para brincadeiras e descanso das cr

Sala de Leitura

80

1

Sala destinada a leitura e conto de histórias infantis;

Copa

25

1

Copa de apoio para elaboração de refeições e lanches para o setor infantil;

Depósito

12

1

Depósito de apoio geral ao setor infantil;

Sanitários

50

1

Sanitário de apoio geral ao setor infantil;

Recepção

30

1

Espaço de acesso e obtenção de informações gerais sobre o complexo;

Secretaria

30

1

Espaço destinado ao trabalho dos colaboradores que fazem parte da administraçã

Sala Gerência

25

1

Sala destinada a gerência do complexo;

Sala Reuniões

40

1

Sala destinada as reuniões, apoio a administração do complexo;

Arquivo

50

1

Sala de armazenamento de documentações gerais relacionadas ao complexo;

Almoxarifado

30

1

Sala de estocagem de produtos para uso interno;

Copa | Estar Funcionários

50

1

Espaço de alimentação e descanso dos colaboradores do complexo;

Vestiário Funcionários

50

1

Espaço de banheiros e armários, apoio aos colaboradores do complexo;

Depósito Material Limpeza

25

1

Espaço de estocagem de materiais de limpeza do complexo;

Depósito

12

2

Depósito de apoio geral ao setor infantil;

Sanitários

50

1

Sanitário de apoio geral ao setor infantil;

Quadra Externa Areia ***

descrição

-

1

Quadra de areia esportiva, existente no terreno;

-

1

Quadra esportiva de cimento, existente no terreno;

Depósito

25

1

Depósito de apoio geral ao setor esportivo;

Vestiários

50

1

Espaço de banheiros e armários, apoio a comunidade em uso dos espaços esporti

Bicicletário

-

1

Área destinada ao estacionamento de bicicletas;

Carga e Descarga

-

1

Área destinada a carga e descarga de produtos relacionados ao complexo;

Embarque e Desembarque

-

1

Área destinada ao embarque e desembarque de usuários do complexo;

Parque | Praça ***

-

1

Parque | Praça existente no térreo.

Quadra Externa Cimento ***


área total (m²)

as e etc;

Ventilação forçada, tratamento acústico

250

em durante o intervalo;

Ventilação natural, iluminação natural

100

veis exposições;

Ventilação natural, iluminação natural parcial, regular umidade do ar

120

Ventilação natural, iluminação natural, (exceto sala escura)

200

Ventilação natural e forçada, iluminação natural parcial, tratamento acústico

80

dual ou em grupo;

Ventilação natural e forçada, iluminação natural parcial, tratamento acústico

80

o;

Ventilação natural e forçada, tratamento acústico

90

-

25

vos;

60

Ventilação natural, iluminação natural parcial

100

Ventilação natural, iluminação natural parcial

50

Ventilação natural e forçada, iluminação natural parcial

80

Iluminação natural parcial

40

Iluminação natural parcial Ventilação natural, iluminação natural parcial

70

33%

200

Ventilação natural, iluminação natural parcial

200

-

12

-

50 862

Ventilação natural, iluminação natural parcial

80

Ventilação natural, iluminação natural parcial

80

Ventilação natural, iluminação natural parcial

25

-

12

-

50 247

Ventilação natural

30

Ventilação natural, iluminação natural parcial

30

Ventilação natural, iluminação natural parcial

25

Iluminação natural parcial

40

-

50

-

30

Ventilação natural, iluminação natural parcial

50

-

50

-

25

-

24

-

50 404

-

25 50 75

-

-

-

-

-

-

-

2.607m²

*** Requalificação dos espaços existentes

ão do complexo;

Ventilação natural, iluminação natural

10%

ianças;

1.019

15%

dos em grupo;

50

3%

ambém como área de encontro;

24

-

-

da comunidade;

-

39%

conforto

116


22. fluxograma

SETORES:

FLUXOS:

Cultural

Usuários

Educacional

Serviços

Infantil

Usuários e Serviços

Administrativo Esportivo

Quadra Externa Areia

Exposições

Circulação

Quadra Externa Cimento

Sala de Figurino

Ateliês 4

Sala de Teatro

Ateliês 3

Brinquedoteca

Sala de Música

Ateliês 2

Sanitários

Foyer

Ateliês 1

Copa

Auditório | Cinema

Depósito 2

Sala de Reuniões

Depósito Circulação

ESTACIONAMENTOS

CIRCULAÇÃO GERAL

ACESSO PEDESTRE

Circulação

Sala de Aula

Refeitório

Sala de Aula

Cozinha Ateliê

Sala de Aula

Sanitários

EMBARQUE E DESEMBARQUE Circulação CARGA E DESCARGA DML

Depósito Sanitários

Depósito Almoxarifado

Biblioteca Sala Reuniões

Recepção

Sala Gerência

Secretaria

Circulação

Sala de Leitura Arquivo

Sala Multimídia Vestiário Funcionários

117

Vestiário

Depósito

Circulação

Estudos Gerais

Circulação

Sanitários

Depósito 1

Sala de Aula

Sala de Leitura

Copa | Estar Funcionários


23. implantação e zoneamento

1 4

4 1

6 3 5 2 3

Implantação Esc.: 1/1500

1. 2. 3. 4. 5. 6.

Estacionamentos existentes Embarque e desembarque Carga e descarga Quadras existentes Vegetação | Barreia natural Jardim Biblioteca central

* As setas indicam os fluxos através do equipamento, onde é possível acessa-lo de todas as faces do terreno;

[mapa 23] Implantação e Zoneamento no terreno [fonte] Elaborado pelo autor

Cultural Educacional Infantil Administrativo Esportivo Circulação

118


24. estratégias bioclimáticas e sustentabilidade

01. O local do projeto é atendido por meios de transporte público e alternativo, o que reduz a emissão de gases de efeito estufa, proveniente sobretudo de automóveis individuais; 02. O terreno possui boa insolação, sendo fundamental para a obtenção de energia solar passiva, assim como para o conforto e qualidade de vida dos usuários; 03. O terreno possui baixo volume de árvores, assim a proposta visa ampliar e proporcionar áreas verdes com vegetação densa, aumentando a capacidade de absorção de gás carbônico, produção de oxigênio e melhorando a umidade ambiental. A vegetação servirá também como barreira contra os ventos mais desconfortáveis (vento sul) que atingem o terreno e contra a poluição sonora causada pelo intenso tráfego da Via Expressa; 04. O equipamento a ser proposto irá contribuir diretamente para diversidade funcional do bairro, ampliando a coexistência de diferentes funções em um mesmo local, isso minimiza a necessidade de descolamentos, reduzindo assim as emissões de gases de efeito estufa; 05. O programa do edifício permite certa flexibilidade, já que serão propostos diversos ambientes de aprendizado e troca, porém em alguns casos, são salas flexíveis quanto ao uso. Isso garante uma certa durabilidade e adaptação do edifício para o futuro, possibilitando novos usos ao mesmo; 06. A disposição dos blocos e implantação do edifício no terreno, buscam criar microclimas urbanos benéficos, como espaços protegidos dos ventos, áreas ensolaradas e sombreadas, proporcionando aos usuários conforto e bem estar; 07. As águas pluviais serão coletadas e reservadas para o uso da edificação, como para as descargas dos vestiários e banheiros por exemplo; 08. Os blocos do edifício e suas áreas externas devem minimizar a impermeabilização do solo;

09. O projeto visa manter e requalificar o espaço de praça/parque existente no terreno; 10. Será priorizada a iluminação natural dos ambientes de estudo e aprendizagem; 11. Será priorizada a iluminação e a ventilação natural dos ambientes, sempre que possível; 12. As fachadas mais expostas a insolação serão devidamente protegidas, garantindo assim o conforto térmico dentro dos ambientes da edificação; 13. As coberturas da edificação serão usadas para terraços acessíveis, e quando não tiverem esse fim, será proposto cobertura verde e painéis de captação de energia solar, uma vez que todo

o terreno está exposto para o norte;

119


14. O edifício irá fazer uso de malha estrutural otimizada, onde os vãos livres permitem uma maior flexibilidade, dando lugar a diferentes formas de fechamento dos espaços e flexibilizando seus usos; 15. Os fechamentos internos serão independentes dos elementos estruturais, facilitando assim possíveis alterações de layout e planta; 16. O resfriamento natural através de efeito chaminé e da ventilação cruzada ajudará na movimentação de ar dentro dos ambientes da edificação, proporcionando assim maior conforto aos usuários; 17. O resfriamento natural através de efeito chaminé e da ventilação cruzada ajudará na movimentação de ar dentro dos ambientes da edificação, proporcionando assim maior conforto aos usuários;

120


121


considerações finais

Ao longo do processo de pesquisa sobre cultura, educação, formas de aprendizagem e espaços socioculturais, foi possível compreender de que forma tais atividades e espaços estão diretamente relacionados com o desenvolvimento social de determinada região ou comunidade. Foi possível compreender que um equipamento público de caráter social com foco no desenvolvimento dos cidadãos através da educação, da cultura e do lazer, pode oportunizar e ampliar oportunidades de vida, e que a arquitetura e o urbanismo tem papel fundamental na concepção de espaços públicos de qualidade, trazendo inúmeros benefícios a determinado bairro ou região. Conclui-se também, que o ato de aprender e ensinar vai além dos espaços tradicionais propostos, onde educação, cultura e lazer, acontecem simultaneamente, gerando assim novas formas de aprendizagem na comunidade.

cronograma TFG

122


lista de figuras Figura 01: Roda de dança e capoeira, Brasil colônia Figura 02: Ensaio de peça de teatro Figura 03: A injustiça e o capital cultural Figura 04: Centro de Aprendizagem da Comunidade Central de Taga Figura 05: Pessoas no círculo de estudo Figura 06: Eixos e níveis de observação ente palco e paleteia Figura 07: Tipologias de assentos e suas características Figura 08: Vão livre entre assentos Figura 09: Tipologias de palcos para auditórios Figura 10: Tipologias de palcos para auditórios Figura 11: Tipologias para organização para exposições Figura 12: Esquema em planta de área de exposição e serviços de apoio Figura 13: Vista do Parque Educativo de Marinilla Figura 14: Implantação + Pavimento Térreo do Parque Educativo de Marinilla Figura 15: Corte do Parque Educativo de Marinilla Figura 16: Implantação + Segundo Pavimento do Parque Educativo de Marinilla Figura 17: Vista do Parque Educativo de Marinilla Figura 18: Sala de aula + circulação interna + malha de alumínio Figura 19: Vista do Parque Educativo de Marinilla + malha de alumínio Figura 20: Perspectiva do Parque Educativo de Marinilla Figura 21: Revestimento vermelho das salas de aula e perímetro da vegetação Figura 22: Área livre e revestimento vermelho das salas de aula Figura 23: Vista da Praça das Artes Figura 24: Implantação da Praça das Artes Figura 25: Pavimento Térreo da Praça das Artes / Fluxos através da edificação Figura 26: Corte AA da Praça das Artes / Fluxos através da edificação Figura 27: Esquema de setorização da Praça das Artes Figura 28: Perspectiva / Croqui da Praça das Artes Figura 29: Pavimento Térreo da Praça das Artes Figura 30: Acesso à Praça das Artes pela Av. São João Figura 31: Segundo Pavimento da Praça das Artes Figura 32: Sala de ensaio de dança Figura 33: Terceiro Pavimento da Praça das Artes Figura 34: Espaços flexíveis e amplos Figura 35: Vista da Praça das Artes em obra / Acesso pela Rua Formosa Figura 36: Fachada em concreto aparente pigmentado e distribuição não linear das janelas Figura 37: Sala de ensaio de música da Praça das Artes Figura 38: Fachada em concreto aparente pigmentado e vidros Figura 39: Fachada frontal IMS Paulista Figura 40: Distribuição do programa do IMS Paulista Figura 41: Perspectiva Regen Village Figura 42: Isométrica e Implantação Regen Village Figura 43: Perspectiva Regen Village Figura 44: Espaços de convívio da Biblioteca Santa Cruz Figura 45: Esquema de plantas da Biblioteca Santa Cruz Figura 46: Perspectiva isométrica do Wingene Care Campus Figura 47: Perspectiva do Wingene Care Campus Figura 48: Perspectiva do Wingene Care Campus Figura 49: Sistema estrutural aparente em concreto armado e fechamento em alvenaria Figura 50: Esquema do sistema estrutural e fechamentos da edificação Figura 51: Fachada frontal do Residential Hanover Figura 52: Tipologias de alvenaria usadas no Residential Hanover Figura 53: Mapa de localização do terreno do projeto Figura 54: Mapa urbanização 2003 Figura 55: Mapa urbanização 2011 123


Figura 56: Mapa urbanização 2020 Figura 57: Jornal das Comunidades nº5 – Julho/Agosto 1990 Figura 58: Imagens do Bairro Monte Cristo Figura 59: Visadas do terreno Figura 60: Terreno e conjunto habitacionais do entorno Figura 61: Relação terreno e entorno 01 Figura 62: Relação terreno e entorno 02 Figura 63: Relação terreno e entorno 03 Figura 64: Mapa do bairro e equipamentos de apoio a população Figura 65: Gráfico de temperatura da cidade de Florianópolis Figura 66: Gráfico de temperatura x zona de conforto da cidade de Florianópolis Figura 67: Gráfico de chuva da cidade de Florianópolis Figura 68: Gráfico de umidade da cidade de Florianópolis Figura 69: Gráfico de ventos durante o dia na cidade de Florianópolis Figura 70: Gráfico de ventos durante a noite na cidade de Florianópolis Figura 71: Carta Solar de Florianópolis inserida no terreno Figura 72: Vista 3D do terreno

124


125


lista de mapas Mapa 01: Mapa de aproximação do terreno do projeto Mapa 02: Divisão de bairro e localização do terreno na parte continental de Florianópolis Mapa 03: Comunidades carentes próximas ao terreno do projeto Mapa 04: Classificação das principais vias do entorno do terreno 01 Mapa 05: Classificação das principais vias do entorno do terreno 02 Mapa 06: Sentido das principais vias do entorno do terreno Mapa 07: Trajeto TICEN > Terreno de ônibus Mapa 08: Trajeto TICEN > Terreno de automóvel Mapa 09: Paradas | Pontos de ônibus do entorno Mapa 10: Cheios, vazios e áreas verdes Mapa 11: Cheios, vazios e áreas verdes Mapa 12: Equipamentos de uso privado x público Mapa 13: Predominância e tipologia de equipamentos de uso público Mapa 14: Tipologia de uso das edificações do entorno Mapa 15: Tipologia, distribuição e uso das edificações do entorno Mapa 16: Gabarito das edificações do entorno Mapa 17: Plano Diretor uso e ocupação do solo do entorno Mapa 18: Plano Diretor uso e ocupação do solo do entorno Mapa 19: Análise bioclimática Mapa 20: Perfil topográfico do terreno e seu entorno Mapa 21: Perfil topográfico do terreno

lista de gráficos Gráfico 01: Percentual nível pobreza – População Monte Cristo Gráfico 02: Percentual de benefício do Programa Bolsa Família lista de siglas e abreviaturas ABNT IDHM IBGE MOPS NBR

Associação Brasileira de Normas Técnicas Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Mapas Estratégicos para Políticas de Cidadania Norma Brasileira

126


127


bibliografia - BUXTON, Pamela. Manuela do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. Porto Alegre, RS: Bookman. 5ª edição, 2017. - FREIRE, Paulo. A educação na Cidade. São Paulo, SP: Cortez, 2000. - Bairro Monte Cristo, uma das regiões mais carentes de Florianópolis, terá pré-incubadora - Rede de Inovação Florianópolis. Rede de Inovação Florianópolis. Disponível em: <https://redeinovacao.floripa.br/bairro-monte-cristo-uma-das-regioes-mais-carentesde-florianopolis-tera-pre-incubadora/>. Acesso em: 02 Abr. 2021. - Biblioteca Santa Cruz / Andrade Morettin Arquitetos Associados. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/960820/biblioteca-santa-cruz-andrade-morettin-arquitetos-associados>. Acesso em: 20 Mai. 2021. - BOTELHO, ISAURA. DIMENSÕES DA CULTURA E POLÍTICAS PÚBLICAS. São Paulo em Perspectiva, v. 15, n. 2, p. 73–83, 2001. - BOTELHO, Isaura. 73 DIMENSÕES DA CULTURA E POLÍTICAS PÚBLICAS N DIMENSÕES DA CULTURA E POLÍTICAS PÚBLICAS. [s.l.]: , [s.d.]. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/spp/a/cf96yZJdTvZbrz8pbDQnDqk/?lang=pt&format=pdf>. - Buchholzer Grün Housing / Busch & Takasaki Architekten. ArchDaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com/961134/buchholzer-grun-housing-busch-and-takasaki-architekten>. Acesso em: 20 Mai. 2021. - Casa Grid | Bloco Arquitetos – Escritório de Arquitetura em Brasília. Bloco.arq.br. Disponível em: <https://www.bloco.arq.br/arquitetura/casa-grid/>. Acesso em: 20 Mai. 2021. - DGI. MOPS. Mds.gov.br. Disponível em: <https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/mops/>. Acesso em: 17 Mai. 2021. - Em artigo, José Pacheco analisa a escola da violência simbólica: a escola militarizada - Movimento de Inovação na Educação. Movimento de Inovação na Educação. Disponível em: <http://movinovacaonaeducacao.org.br/biblioteca/em-artigo-jose-pachecoanalisa-a-escola-da-violencia-simbolica-a-escola-militarizada/>. Acesso em: 26 Mar. 2021. - Escola da Ponte – uma comunidade de aprendizagem | Revista Construir Notícias. Construirnoticias.com.br. Disponível em: <https://www.construirnoticias.com.br/escola-da-ponte-uma-comunidade-de-aprendizagem/>. Acesso em: 24 Mar. 2021. - Este material foi elaborado pelos concluintes da certificação de formadores em Comunidade de Aprendizagem realizado em 2015. TEMA: APRENDIZAGEM DIALÓGICA E PRINCÍPIOS. [s.l.]: , [s.d.]. Disponível em: <https://www.comunidadedeaprendizagem.com/uploads/materials/424/4283a897696d8c36fe007f4fe8a975dc.pdf>. - ESTUDOS & INFORMAÇÃO demográfica e socioECONÔMICA PESQUISAS SISTEMA DE INFORMAÇÕES E INDICADORES CULTURAIS. [s.l.]: , [s.d.]. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101687.pdf>. - GUIMARAES, Felipe. Geoprocessamento Corporativo - Prefeitura de Florianópolis. Sc.gov.br. Disponível em: <http://geo.pmf.sc.gov.br/>. Acesso em: 14 Mai. 2021. - Ibge.gov.br. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/florianopolis/pesquisa/23/25207?tipo=ranking>. Acesso em: 09 Mai. 2021. - Instituto Moreira Salles / Andrade Morettin Arquitetos Associados. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/883093/instituto-moreira-salles-andrade-morettin-arquitetos>. Acesso em: 20 Mai. 2021. - Parque Educativo de Marinilla / El Equipo de Mazzanti. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/875567/parque-educativo-de-marinilla-el-equipo-demazzanti?ad_medium=widget&ad_name=recommendation>. Acesso em: 20 Mai. 2021. - Praça das Artes / Brasil Arquitetura. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artesbrasil-arquitetura>. Acesso em: 20Mai. 2021. - REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA. A inclusão social por meio das artes: possibilidades e limites na educação. Revista Gestão Universitária. Disponível em: <http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/a-inclusao-social-por-meio-das-artes-possibilidadese-limites-na-educacao>. Acesso em: 24 Mar. 2021. - RFM EDITORES. José Pacheco: aula não ensina. É preciso partir para a nova educação. RFM Editores. Disponível em: <https://revistaeducacao.com.br/2020/08/25/jose-pacheco-nova-educacao/>. Acesso em: 24 Mar. 2021. - TAVARES, Ana ; BARBOSA, Bastos. EDUCAÇÃO� REALIDADE N EDUCAÇAO E DESENVOLVIMENTO , CULTURAL E ARTISTICO. [s.l.]: , 1995. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/viewFile/71713/40662>. - Wingene Care Campus ← Works ← Henley Halebrown. Henleyhalebrown.com. Disponível em: <https://henleyhalebrown.com/works/wingene-care-campus/>. Acesso em: 20 Mai. 2021.

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