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Fé e Política

Fé e Política

Loretando Paulo Sobrinho e Solange - loretando@oi.com.br Loretando

Mexeu com o Papa, mexeu comigo B em amigos do Loreto, o nosso início de ano está meio complicado, chegamos ao absurdo de questionar o Papa sobre quem ele recebe no Vaticano, com quem ele fala e sobre o que fala. Quem ele abençoa ou não, enfim, como o Papa deve agir na sua casa. O brasileiro realmente se tornou um prodígio, aquela pessoa com poder sobre tudo e sobre todos. Julgamos, condenamos, absolvemos e decidimos sobre quem vai para as trevas ou para o altar. Coisa incrível, só o Brasil mesmo para produzir essas pérolas. Para quem não está entendendo o que estou falando, vou refrescar a memória.

O Papa recebeu, numa de suas costumeiras audiências no Vaticanos o político brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. É um direito do Papa receber quem ele assim o desejar, seja por vonta de dele ou de sua assessoria. Ele não é obrigado a fazer consulta pública sobre quem ele recebe, se vai dar benção ou simples mente bater um papo. Mas alguns brasileiros se sentiram ofendidos com tal visita, como se o Papa precisasse da nossa aprovação. Desde então passaram a fazer críticas severas ao Pontífice, inclusive o agredindo com palavras e distribuindo mensagens pelas redes sociais de pessoas desconhecidas que produziram fake news sobre esse assunto. Não importava de onde vinham as ofensas, o importante era postar e encaminhar a agressão e suas notas de repúdio. Não interessava se era o Papa, o Sumo Pontífice de nossa igreja, aquele a quem foi delegado a chefia da igreja católica no mundo, o importante era seguir aqueles partidários que manipulam as notícias atualmente no país, esse mesmo pessoal que repassou mensagens em que o atual presidente concede entrevista a um tal de Malafaia, pastor re conhecidamente de baixo nível, que faz questão de faltar com o respeito a tudo e a todos em benefício próprio, aí sim toda essa gente do “bem” elevou a voz comparando o pastor com o nosso Papa, afinal, um recebeu o Lula e o outro recebeu o presidente e nesse caso, quem é contra não presta e quem está a favor é do bem.

Sei que esse assunto é muito complexo e delicado, mas já es tamos extrapolando em nossas manifestações contra e a favor. São muitos os casos de radicalismo, pessoas que se denominam a “representação do bem” porque estão do lado que acham es tar certo e os outros é que estão errados. São grupos de amigos de dissolvendo, famílias desagregando e agora a nossa igreja, nossa comunidade se dividindo. O assunto política se tornou motivo de agressões e divisões. Afinal quem ganha com isso?

O Papa por tudo que aprendi na minha vida é uma perso nalidade independente e não está obrigado a perguntar sobre o que ele deve fazer na sua casa e quem somos nós para julgá-lo. Foi muito triste ler de pessoas aqui da comunidade, palavras achincalhando com o Papa. É lamentável o estado crítico em que chegou nossa sociedade, o direito de ter opinião diferente se tornou motivo de guerra. O Papa Francisco é e continuará sendo o Chefe da nossa igreja, a Igreja Católica Apostólica Ro mana e temos muito o que ouvir e aprender. Não concordar é até um direito seu, mas daí a ofendê-lo tem uma distância mui to grande.

Vamos pensar bem sobre o que está acontecendo com nos so país, dividir entre o bem e o mal não vai ajudar em nada. Aqui não existe o dono da verdade. Não podemos perder a ca pacidade de dialogar, já temos exemplos suficientes no mundo de que o radicalismo não leva a nada, somente ao caos e ao so frimento. Pensemos nisso.

P.S. O Papa é pop, mexeu com ele, mexeu comigo. P.S. do P.S. Se chegarmos ao radicalismo militar em nos so país, o que acontecerá com quem é contra? Pensem nisso também.

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