QUADRO DE NOSSA SENHORA

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FESTA DE NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO 27 de julho de 2010 Reflexão proferida por Taísa Badaró

A Paroquia da Ressurreição do Senhor celebra hoje a Festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Quem é ela? Como canta Roberto Carlos, "todas as nossas Senhoras São a mesma mãe de Deus". Este quadro tão especial para nós representa Maria de Nazaré, mãe de Jesus e mãe nossa. Mas, como seria o rosto de Maria? Quais são as suas feições? Isso se não sabe. Ao considerar que a verdadeira feição e a santidade de Maria e de Jesus jamais poderão ser retratadas por mãos humanas, o ícone procura expressar a sua beleza e a sua mensagem em símbolos. Não se trata de um retrato, mas de uma iconografia, uma forma de linguagem visual que utiliza imagens para Taísa Badaró reresentar determinado tema. Isso quer dizer que o quadro da Mãe do Perpétuo Socorro, pintado em estilo bizantino da Igreja Oriental, tem como objetivo mostrar, não um cenário, uma paisagem ou pessoas bonitas, mas transmitir uma mensagem espiritual. É assim que devemos nos aproximar deste quadro. Não como quem admira a um belo retrato, uma obra de arte, mas como quem deseja se aprofundar numa leitura que ultrapassa o conhecimento humano, como quem se aprofunda na contemplação dos mistérios da nossa Redenção. Assim como procuramos fazer quando rezamos o terço, por exemplo. Mas nesse caso a contemplação se dá de forma visual. Conforme a tradição, o Papa Pio IX, no ano de 1866, confiou o quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro aos missionários redentoristas, atendendo ao pedido do superior Geral, com a incumbência de torná-lo conhecido e amado em todo o mundo e de divulgar a devoção ao Perpétuo Socorro de Maria, cuja festa é celebrada todo 27 de junho, não somente aqui na Paróquia Ressurreição do Senhor, mas pelo mundo inteiro. Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi então declarada Padroeira dos Redentoristas. E é através do trabalho dos missionários redentoristas que esse quadro se torna o ícone de tradição bizantino mais venerado em todo o mundo. Muitas cópias foram levadas com os missionários redentoristas para divulgar a devoção a partir das novas províncias instaladas em diversos países. E foi assim que o ícone chegou a esta paróquia, na qual foi instituída a Novena Perpétua. Hoje, em nossa Paroquia existem muitos servos, identificados com a fita azul. O ícone original - uma pintura sobre madeira em estilo bizantino, atribuída a um artista grego - encontra-se hoje disponível à veneração pública na igreja de Santo Afonso, construída sobre as ruínas da antiga igreja de São Mateus e de São João de Latrão, em Roma. Mas o que a gente vê quando olha para o quadro? Vamos então tratar do significado e da mensagem desse ícone tão especial traz para nós. No quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, tudo tem seu significado: as legendas, as cores, as atitudes, os detalhes. As figuras são identificadas com letras gregas. Os caracteres gregos com a abreviatura dos nomes acima de cada uma das


quatro figuras presentes: a Mãe de Deus, seu divino Filho e os arcanjos Gabriel e Miguel. A representação da Virgem Maria no referido quadro foi a meio corpo. Trata-se de uma mulher importante, de poder e de nobreza. Veste um manto azul com forro verde e uma túnica vermelha. As cores azul, verde e vermelho representam a realeza. Somente a Imperatriz podia usar essas cores. Maria é Senhora e Rainha. As letras acima da sua cabeça a proclamam Mãe de Deus (em grego). A cor de ouro do fundo da pintura evoca valores permanentes, dando à moldura um caráter de eternidade. A cor dourada simbolizava o céu na Idade Média. A estrela de oito pontas sobre a fronte de Maria foi provavelmente acrescentada por um artista posterior. Mas certamente tem sua simbologia: representa o conceito oriental de que Maria é a estrela que nos guia até Jesus. Maria está segurando Jesus Menino nos seus braços. No quadro Jesus é retratado como uma criancinha, mas suas feições são as de um menino maior, que já tem consciência. Ao seu lado estão dois anjos, São Miguel e Gabriel, arcanjos da Milícia celeste. Eles mostram os instrumentos da Paixão de Cristo: Um carrega a cruz e quatro cravos, enquanto o outro, a lança que atravessou seu lado e a vara com a esponja que os soldados ofereceram a Jesus na cruz. Jesus menino aparece assustado pela visão é acolhido pela Mãe. Prestemos atenção que o Menino Jesus está segurando com firmeza a mão da Mãe e olha assustado para cima e ao seu lado. Olhando para o quadro, sentimos que ela tem poder para interceder por nós no céu. Partilho com vocês o me chama à atenção e o que me faz querer ser devota da Mãe do Perpétuo Socorro: os olhos de Maria, cheios de compaixão, voltam-se para quem a contempla, como se num apelo para que nós evitemos o pecado, que causa a morte. Antes de tudo, eu vejo Maria, porque ela domina o quadro e porque ela olha diretamente para MIM - não para Jesus, nem para o céu, nem para os anjos aos lados. Ela olha para VOCÊ, como se quisesse lhe falar algo muito importante. Seus olhos parecem sérios, até tristes, mas chamam a nossa atenção. A mão de Maria não segura as mãos do filho assustado oferecendo proteção, mas permanece aberta, convidando a cada um de nós a pôr as nossas mãos na sua, unindo-nos a Jesus. E unindo nossas dores ao sofrimento de Jesus. Mas ainda me intriga o fato de Maria estar olhando tão atentamente para nós em vez de olhar para o seu filho. O olhar de Maria nos insere no quadro, nós participamos da sua dor. O seu olhar nos diz que, assim como Jesus voltou-se para a sua mãe e encontrou refugio, assim também nós podemos nos dirigir a Maria. Também Jesus veste as roupas da realeza. Somente o imperador podia usar a túnica verde, a faixa vermelha e o brocado de ouro que são representados na pintura. As iniciais gregas à direita do Menino proclamam que ele é "Jesus Cristo". Mas o que teria assustado tanto o Filho de Deus? Naquele instante Jesus não está olhando para nós, nem para Maria, nem para os anjos. Embora ele se agarre à sua mãe, seu olhar é distante, olha para alguma coisa que não podemos ver - algo que o fez voltar-se tão rápido para sua Mãe, que uma das suas sandálias quase caiu, algo que o faz agarrar-se a ela buscando proteção e amor. Jesus ficou conhecendo uma parte do seu destino - o sofrimento e a morte que o esperavam. Embora sendo Deus, ele também é humano e temeroso diante do seu futuro tão difícil. Voltou-se para a sua mãe, que o segura firme neste momento de pânico, do mesmo modo que ela estará a seu lado na vida e na morte. Assim como fazemos, em nossas dificuldades, em momentos de urgência, ou até mesmo quando fizemos algo de errado, recorremos à nossa Mãe. Maria não poderia evitar o sofrimento de Jesus, mas lhe dá seu amor e seu conforto. Ela é Mãe de Jesus e nossa. Obrigada Maria, pelo seu amor de Mãe! Que Nossa Senhora do Perpétuo Socorro continue sendo nosso auxílio e interceda sempre por nós. Amém!


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