2 minute read
Lin Zhipeng
from PARQ_69
texto por Francisco Vaz Fernandes A fotografia de autor chinesa, esteve até aos anos 90 comprometida com o serviço ao estado. Apenas na passagem do milénio começam a aparecer fotógrafos que traçam as suas carreiras como outsiders. Este é o caso de LIN ZHIPENG que na blogosfera é conhecido por Nº223, um nick name de uma das personagens principais do Chungking Express, o polícia apaixonado, um filme de Hong Kong que o marcou em muitos aspectos, nomadamente no sentido estético. LIN ZHIPENG começa a ser conhecido, a partir das fotografias que pública no seu blog “North Latitude 23” a partir de
2003 onde encontramos imagens descomprometidas em torno das vivências que partilhava com os seus amigos. O seu trabalho fotográfico introduzia uma nova visão da China, mais intimista que esbarrava com as questões mais documentais de cariz propagandístico que o regime socialista chinês até então privilegiava. No essencial as questões em torno do "eu", que LIN ZHIPENG introduz apresentavam-se na China como algo radical e provocativo. Como referiu, encontrou na fotografia a possibilidade de se exprimir livremente e partilhar os seus sentimentos, inseguranças, experiências, alegrias, dores, receios. O sexo e a nudez foram então surgindo muito naturalmente, tornando-se os temas principais do seu trabalho fotográfico, uma questão que ainda hoje é observada no seu país com uma certa censura. Contudo como em Chungking Express de WONG KAR
Advertisement
WAI, o ambiente das imagens que produz são atravessadas por uma atmosfera quase sonhadora e lúdica, o que faz com que não seja uma fotografia provocativa e por isso tolerada apesar do evidente afastamento da linguagem oficial do regime comunista chinês. Estes artistas fora do sistema mais oficial, com projeção internacional, tem servido até de rosto da tolerância em relação a cultura juvenil.
Apesar da aura cinematográfica que alimenta o seu trabalho, as suas fotografias representam em geral instantâneos, algo pouco planeado que acontece na interação com o seu círculo de amigos. É neste aspeto que as suas fotografias ganham um valor documental. Contudo ao contrário da ilusão fabricada que antes era documentada de forma propagandista LIN ZHEPING documenta uma realidade que lhe é próxima. Apesar da distância, encontramos no seu universo, algo de paralelo ao que era então criado pelo norte americano, RYAN MCGINLEY, que em 2003, com apenas 25 anos consegue a proeza de ser consagrado numa retrospetiva produzida para o Whitney Museum de Nova Iorque.