O PARQUE DAS AVES E A MATA ATLÂNTICA Em 16 hectares de Mata Atlântica restaurada, onde foram plantadas milhares de árvores nativas e todas as construções são integradas à mata, está o Parque das Aves. Um centro de conservação integrada de espécies da Mata Atlântica, mas também uma atração turística que encanta milhares de visitantes ao ano. Onde aves resgatadas por órgãos ambientais encontram um refúgio que oferece abrigo e recuperação. Onde aves em perigo de extinção podem contar com profissionais sérios e competentes empenhados em impedir que sua espécie se perca para sempre. Onde a prioridade máxima é o bem-estar animal. Uma sala de aula em meio à mata que recebe mais de 800 mil alunos por ano que podem ser sensibilizados e estreitar sua relação com o meio ambiente. Uma relação de reciprocidade com o meio ambiente, onde você cresce com a natureza e a natureza cresce com você.
ÍNDICE O Parque das Aves e a Mata Atlântica 04
Quem somos? Por que fazemos?
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O que fazemos? De que maneira trabalhamos? Divisão de conservação Atuação do Parque das Aves em Conservação de Espécies O Parque das Aves é produto de um legado e uma história em que uma pessoa, Anna Croukamp, após o falecimento de seu marido, resolveu lutar em prol de um sonho. Hoje, o Parque das Aves segue as instruções que ela nos passou: nosso objetivo é a conservação, a nossa base é o encantamento, e crescemos e aumentamos a nossa atuação por meios sustentáveis e com responsabilidade social. Durante 2017, o Parque das Aves se tornou um Centro de Conservação Integrada de Espécies de Mata Atlântica. Tomamos a decisão por acreditar que as aves desse bioma precisam dos aliados mais fortes possíveis, e que podemos e devemos fazer uma diferença significativa. Sendo especialistas em turismo de atrativos, trabalhamos para criar uma experiência imersiva e intensa de Mata Atlântica, e fortalecer a nossa instituição junto com o meio em que vivemos. São mais de 200 colaboradores que trabalham juntos em prol do nosso objetivo, a grande maioria iguaçuense. Apresentamos uma parte do nosso trabalho em conservação aqui no intuito de deixá-lo acessível a parceiros e instituições que lutam em prol de espécies, mostrando as maneiras com as quais podemos contribuir e apoiá-las, pois esse é o nosso propósito. Mesmo assim, é apenas um patamar para ilustrar as maneiras e áreas em que trabalhamos. Tem muito mais no nosso site, parquedasaves.com.br Carmel Croukamp, CEO, Parque das Aves
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Projetos de conservação que o Parque das Aves realiza ou apoia Participação em Planos de Ação Nacionais para a Conservação de Espécies Ameaçadas do ICMBio Monitoria constante do status de conservação das aves da Mata Atlântica Case: Revisão da Lista de Espécies Ameaçadas do Paraná Case: Projeto Aves do Iguaçu Rede de Segurança para espécies sem amparo Case: Projeto Papagaio-chauá
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Ação preventiva Case: Projeto Tucano
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Case: Projeto Papagaio-verdadeiro
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Abrigo e recuperação para conservação Reprodução para conservação Case: PAN Mutum-de-alagoas Expertise em manejo e reprodução de aves Destinação de aves de espécies ameaçadas nascidas no Parque das Aves para projetos de reintrodução Case: Projeto Jacutinga Integração da equipe do Parque das Aves em Projetos de Conservação Case: Projeto Harpia Articulações interinstitucionais para a conservação Sede Nacional Brasileira do Grupo Especialista em Planejamento para a Conservação Simpósios, congressos e cursos Estágios e visitas técnicas Divisão de Pesquisa e divulgação Comunicação para conservação Educação para conservação Avaliação de prioridades: Sistema de Pontuação
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UM CENTRO DE CONSERVAÇÃO INTEGRADA DE ESPÉCIES DA MATA ATLÂNTICA e o segundo atrativo mais visitado de Foz do Iguaçu, importante destino turístico brasileiro.
QUEM SOMOS Atuamos em conservação, pesquisa e educação, com foco no bem-estar animal, além de encantarmos nossos visitantes, garantindo que tenham uma ótima experiência com a natureza. Somos uma instituição privada que não recebe recursos externos, e financiamos nossa atuação em conservação com os recursos gerados pelos mais de 800 mil visitantes por ano. A área aberta ao público representa apenas a área da nossa estrutura, pois também mantemos um Centro de Abrigo e Conservação de Fauna em uma segunda propriedade, que não está aberta à visitação pública. O bem-estar animal norteia o trabalho do Parque das Aves, que para isso conta com especialistas em áreas variadas da medicina veterinária, zootecnia e biologia, além de profissionais de outras áreas. Essas 200 pessoas contribuem para que os 1.400 animais, de mais de 150 espécies, tenham as melhores condições possíveis de vida, o mais próximo do natural. Usamos todo o nosso potencial para abrigar e salvar espécies nativas da Mata Atlântica.
Nossa missão é promover a conexão com o mundo natural e agir para salvar espécies da Mata Atlântica. 04
POR QUE FAZEMOS? A Mata Atlântica é o segundo bioma com maior número de espécies do planeta (o primeiro é a Amazônia) e o mais ameaçado do Brasil. Mas toda essa riqueza corre sério perigo: cerca de 91,5% da Mata Atlântica original já foi devastada e as taxas de desmatamento não param de crescer. Nos dois últimos anos, a desflorestação cresceu 60%, a maior taxa em 10 anos. Devido ao desmatamento e a outros problemas (como caça e tráfico de animais), muitas espécies desse bioma estão à beira da extinção. Atualmente, 120 espécies de aves da Mata Atlântica estão listadas como oficialmente ameaçadas. E esse número não para de crescer. O Parque das Aves está situado em meio ao maior remanescente de Mata Atlântica de interior do Brasil, o que permite oferecer excelentes condições de vida especialmente para espécies desse bioma. Além disso, ele tem a condição única de proporcionar uma experiência de imersão na mata e encantamento com a natureza para seus visitantes, em trilhas e viveiros dentro da floresta. Uma oportunidade de conscientização para mais de 800 mil pessoas por ano, muitas das quais habitam um dos 3.500 municípios localizados na Mata Atlântica.
Acreditamos que o encantamento é uma ferramenta poderosa de transformação, e ele é um elemento chave do nosso trabalho. A crise mais grave de extinção de espécies no Brasil está acontecendo no nosso quintal e nas florestas onde estamos integrados. Focar nossas ações de conservação em espécies de Mata Atlântica significa atuar em locais mais próximos, possibilitando desenvolver mais ações eficazes do que se formos cuidar de espécies que vivem a milhares de quilômetros. Focando em um bioma, o esforço investido para ajudar uma espécie pode beneficiar outras com as mesmas necessidades de conservação, aumentando nossa eficiência.
A MATA ATLÂNTICA
2º bioma mais biodiverso do planeta
abriga
8%
de todas as espécies do planeta
380 das 627 espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção são encontradas na Mata Atlântica
Domínios da Mata Atlântica antigamente e hoje
8,5% restante 91,5%
desmatada
72%
abriga da população brasileira (145 milhões de abriga pessoas) espécies de aves (IBGE, 2014) ameaçadas de extinção
120
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Endemismo
Espécies
Riqueza de espécies
Aves ameaçadas
Espécies
Fonte: Jenkins et al., 2015
Nosso trabalho é focado em aves da Mata Atlântica, tanto no manejo dos animais sob nossos cuidados quanto na conservação de espécies no ambiente natural. Além disso, estamos nos posicionando para sermos uma rede de segurança para espécies em perigo de extinção que ocorram nesse bioma, chamando a atenção para aquelas que atualmente estão sem amparo. Isso tudo através de parcerias com instituições e projetos de conservação em campo.
Espécies
Riqueza das 231 espécies com mapas de alcance
Riqueza das 1703 espécies com mapas de alcance
Riqueza das 152 espécies com mapas de alcance
A Mata Atlântica concentra o maior número de espécies endêmicas, ou seja, que só ocorrem naquele local. Existem 231 espécies de aves endêmicas da Mata Atlântica.
Depois da Amazônia, a Mata Atlântica é o bioma com maior riqueza de aves, com 891 espécies.
A Mata Atlântica concentra 41% das espécies de aves ameaçadas de extinção no Brasil, ou seja 120 espécies. No entanto, 234 espécies estão em alguma categoria de ameaça (mundial ou nacional).
Se nós, que somos um centro de conservação de espécies inserido na Mata Atlântica, não ajudarmos, quem vai?
Fonte: SOS Mata Atlântica
Usando nosso expertise como atrativo turístico, conseguimos proporcionar uma experiência rica, interativa e encantadora com aves da Mata Atlântica, aproximando mais o público dessas espécies e desse bioma maravilhoso. Queremos criar uma conexão e um sentido de pertencimento em nossos visitantes, que se traduza em ações em prol da conservação da Mata Atlântica. E estamos investindo todo o nosso expertise, recursos e energia nesse propósito.
Vivem na Mata Atlântica
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72%
41%
298
20.000
350
200
370
da população brasileira
das espécies de aves ameaçadas de extinção no Brasil
espécies de mamíferos
espécies de plantas
espécies de peixes
espécies de répteis
espécies de anfíbios
Jenkins, C. N.; Alves, M.A.S.; Uezu, A. & Vale, M. M. 2015. Patterns of Vertebrate Diversity and Protection in Brazil. PLoS ONE DOI: 10.1371/Journal Pone 0145064.
O QUE FAZEMOS? Abrigo para aves que precisam de um lar permanente quando o retorno para a natureza não é possível. Reprodução para conservação de espécies que precisam de uma população de segurança, genética
e demograficamente viável, que produza animais para possíveis translocações (suplementação e reintrodução) para restaurar populações.
Projetos de Conservação: desenvolvimento e participação em diversos projetos de conservação, com apoio,
expertise e financiamento em várias áreas. Cada ação que desenvolvemos ou participamos mantém o foco em manter ou ampliar populações de espécies no seu habitat natural.
Educação e comunicação para conservação: programas de educação ambiental para escolas (na
maioria das vezes gratuitos para escolas da rede pública de ensino da região); formação para professores; expertise e apoio em comunicação para conservação para projetos de campo.
Pesquisa sobre espécies da Mata Atlântica nas áreas de bem-estar, saúde, nutrição e manejo para fins de conservação.
Auxílio a espécies de outros biomas que possam se beneficiar com a nossa expertise, como o cardeal-amarelo. E como somos especialistas em psitacídeos, a arara-azul-de-lear e a ararinha-azul.
DE QUE MANEIRA TRABALHAMOS? Foco em conservação de aves, além de outros grupos animais, do bioma Mata Atlântica. Postura proativa, ágil e eficiente: trabalhar de forma estratégica e usar os nossos recursos de maneira a fazer a maior diferença possível.
Conservação integrada: usando todos os nossos meios, forças e áreas de expertise para salvar espécies da
Mata Atlântica, trabalhar de forma multidisciplinar em conjunto com outros atores, alinhando esforços para produzir e implementar um plano de conservação abrangente para espécies ameaçadas.
Agente encantador e transformador: transformar pessoas em aliados na conservação de espécies nativas da região e da Mata Atlântica através de visitação, conexão e ensino, de diversas formas. Sustentabilidade e integridade: trabalhar de maneira sustentável, minimizando nosso impacto na floresta ao nosso redor e na nossa região, e estimular nossos visitantes a consumir de forma sustentável.
DIVISÃO DE CONSERVAÇÃO A conservação é um dos pilares de ação de zoológicos modernos. Para reforçar seu comprometimento e ampliar seus esforços de conservação, o Parque das Aves criou em 2017 a Divisão de Conservação, que tem a missão de articular os esforços do Parque das Aves em conservação, de modo que a instituição dê uma contribuição excepcional para a conservação de espécies da Mata Atlântica, mobilizando os setores do Parque e direcionando suas operações para esse propósito.
Por que salvar espécies? Acreditamos no valor intrínseco de todas as formas de vida e que deveríamos proteger qualquer espécie, como resultado de milhões de anos de evolução. Além disso, a conservação da biodiversidade também é importante para nós humanos, pois disso depende nossa sobrevivência. Chamamos de serviços ecossistêmicos os benefícios que seres humanos obtêm da natureza direta ou indiretamente, através dos ecossistemas, a fim de sustentar a vida no planeta. Espécies polinizadoras possibilitam a agricultura. Dispersores de sementes promovem regeneração da vegetação e florestas saudáveis, possibilitando água limpa e condições climáticas favoráveis para a vida no planeta. Uma espécie possibilita a existência da outra, inclusive a dos seres humanos. Para cuidar dos nossos filhos, precisamos cuidar da nossa biodiversidade. Afinal, estamos todos conectados. Somos todos biodiversidade.
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ATUAÇÃO DO PARQUE DAS AVES EM CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES 08
PROJETOS DE CONSERVAÇÃO QUE O PARQUE DAS AVES REALIZA OU APOIA
Projeto de Reintrodução do Papagaio-de-peito-roxo no Parque Nacional das Araucárias
Programa Papagaios do Brasil
Projeto Tamanduaí
PLANOS DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO OU DO PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO
PAN para Conservação de Aves da Mata Atlântica
PAN para a Conservação do Mutum-de-alagoas
PAN para a Conservação dos Papagaios da Mata Atlântica
PAN para a Conservação do Mutum-do-sudeste
PAN para a Conservação dos Passeriformes dos Campos Sulinos e Espinilho
PAN para a Conservação da Arara-azul-de-lear
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MONITORIA CONSTANTE DO STATUS DE CONSERVAÇÃO DAS AVES DA MATA ATLÂNTICA
Com 91,5% de desmatamento em um bioma à beira do colapso, a monitoria e as pesquisas constantes do status de conservação das aves da Mata Atlântica é essencial. A situação está mudando rapidamente e existem várias lacunas no nosso conhecimento sobre a saúde das espécies. Por esse motivo, é essencial uma postura e estrutura que visem identificar rapidamente espécies que estejam sofrendo um declínio muito acentuado e correndo risco de extinção iminente se nenhuma medida for tomada. Trabalhamos em parceria com o ICMBio e juntamos indivíduos e instituições para agregar conhecimento. Além disso, monitoramos ativamente fontes de informação como eBird e Wikiaves, e quando necessário patrocinamos pesquisas para levantar dados. Tudo isso com o objetivo de:
Identificar tendências e possíveis casos de declínio populacional; Identificar o status correto de espécies; Conseguir proteção para essas espécies dentro da legislação; Identificar lacunas na conservação de espécies, para que as que necessitam urgentemente de ajuda possam recebê-la.
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CASE
REVISÃO DA LISTA DE ESPÉCIES AMEAÇADAS DO PARANÁ A primeira lista de fauna ameaçada de extinção no Paraná foi publicada em 1995, com revisão em 2004. E como ela direciona os esforços para as espécies em maior risco de desaparecimento em território estadual, reconhecemos a necessidade de sua atualização. Outros esforços incluem a orientação para a execução de programas de recuperação das aves que estão ameaçadas, além de impactar propostas de implantação de unidades de conservação, programas de mitigação de impactos ambientais e programas de pesquisa, sendo ainda um elemento de referência na aplicação da Lei de Crimes Ambientais. Assim, o Parque das Aves custeou e organizou a revisão da Lista de Espécies de Aves Ameaçadas do Paraná através de uma parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), para publicação em 2018.
Monitoria das aves da Mata Atlântica
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CASE
PROJETO AVES DO IGUAÇU
O Projeto Aves do Iguaçu é um projeto de conservação de aves desenvolvido e financiado pelo Parque das Aves. Ele teve início em 2017 e é desenvolvido no Parque Nacional do Iguaçu (PNI), a mais importante Unidade de Conservação de Mata Atlântica de interior, através de uma parceria com a Unioeste. Por meio de expedições mensais ao PNI, o objetivo do Projeto é determinar quais das 44 aves ameaçadas de extinção ou cinegéticas ocorrem atualmente no Parque, antes de realizar uma possível avaliação de seu status populacional e caracterização de seus ambientes de ocorrência.
Além disso, os pesquisadores aproveitam a oportunidade para fazer um levantamento da avifauna do Parque Nacional do Iguaçu, buscando complementar a lista de espécies disponível para a Unidade de Conservação. O Projeto inclui ainda um componente de avaliação sanitária das aves no entorno do PNI e um levantamento e sistematização das informações de repressão à caça, ao tráfico ilegal de aves e à retirada ilegal de palmito na região. Essas informações norteiam o Parque das Aves na identificação de ações necessárias para a conservação de populações locais de aves, além de subsidiar os gestores do PNI na elaboração de estratégias internas de fiscalização e proteção.
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Monitoria das aves da Mata Atlântica
REDE DE SEGURANÇA PARA ESPÉCIES SEM AMPARO Usando os dados obtidos na monitoria constante do status de espécies e lacunas em sua conservação, proativa e frequentemente o Parque das Aves desenvolve ações que possam ajudar espécies em perigo de extinção que não tenham nenhuma ação de conservação associada. Isso pode ser feito na forma de estruturação de um projeto de conservação ou implementação de ações emergenciais para espécies em estado crítico e totalmente sem amparo.
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CASE
PROJETO PAPAGAIO-CHAUÁ Uma grande lacuna de conhecimento na distribuição e no status populacional do papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha) foi identificada, dificultando a elaboração de estratégias de conservação. Então, o Parque das Aves financiou algumas expedições iniciais do Projeto e, desde então, tornou-se coexecutor juntamente com a Fundação Neotrópica do Brasil, criando todo o branding. Uma vez estabelecido, o Projeto pôde receber o financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção a Natureza.
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Rede de segurança para espécies sem amparo
Atualmente, o Parque das Aves apoia financeiramente o projeto e integra a equipe técnica juntamente com diversos pesquisadores. Além disso, ajuda ativamente na divulgação no Facebook, promovendo aumento do engajamento com a comunidade. No momento, o Projeto tem suas atividades direcionadas aos estados de MG e RJ com o objetivo de mapear a ocorrência e as ameaças relacionadas nesses locais onde a espécie se encontrava sem qualquer amparo.
AÇÃO PREVENTIVA Várias espécies de aves ainda não são consideradas ameaçadas, mas sofrem alta pressão humana com o tráfico e a caça. Desde a sua fundação, o Parque das Aves acredita fortemente que essas espécies precisam de uma atenção especial, e realiza ou apoia ações e projetos que visam entender melhor sua biologia e reprodução, além das ameaças que sofrem.
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CASE
PROJETO TUCANO Ranfastídeos são aves muito visadas por traficantes e caçadores. O Parque das Aves já recebeu e reproduziu muitas aves dessa família ao longo dos anos, tornando-se uma importante referência no seu manejo, pois manter essa espécie sob cuidados humanos é um desafio. Por esse motivo, o Parque desenvolve pesquisas na área de nutrição, medicina e reprodução, contribuindo tanto para a comunidade científica quanto para a manutenção dessas espécies em demais instituições conservacionistas.
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Ação preventiva
CASE
PROJETO PAPAGAIO-VERDADEIRO O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) é a espécie mais capturada na natureza para abastecer o comércio ilegal de animais de estimação, dentro e fora do Brasil. Embora ainda não esteja oficialmente ameaçado de extinção, caminha para isso se a captura de filhotes, associada à perda de habitat, continuar crescendo. Só no Mato Grosso do Sul já foram apreendidos pela fiscalização cerca de 10 mil filhotes (dados do CRAS/IMASUL), desde 1988. Entretanto, sabemos que esse número é muito maior, pois muitos são vendidos sem que fiquemos sabendo, enquanto outros morrem na captura e no transporte realizados pelos traficantes.
necessários para seu manejo e conservação, além da sensibilização das comunidades, com ações de divulgação dos resultados e estímulos à reflexão quanto à necessidade de conservação da natureza. O Projeto também atua no mapeamento do tráfico de papagaios-verdadeiros no Brasil, visando propor novas políticas públicas para a conservação da espécie e ações de geração de renda que contribuam para mudar o cenário atual de pressão sobre a espécie.
Em 1997, com o apoio financeiro do Parque das Aves, a Dra. Gláucia Seixas iniciou o Projeto Papagaio-verdadeiro, com o objetivo de gerar informações sobre a biologia e a ecologia dessa ave, auxiliando na tomada de decisões para a conservação da espécie e dos ambientes onde vive, além de mobilizar as pessoas contra o tráfico dos papagaios.
Nos últimos anos, além do Pantanal sul-matogrossense, o Projeto expandiu suas ações para a Bacia do Rio Paraná, no mesmo estado, onde a espécie sofre com a intensa e constante captura ilegal de filhotes. Nessa área, as ações se concentram na avaliação do impacto do tráfico sobre as populações naturais e a mobilização das comunidades locais. Até agora, cerca de 85% dos ninhos monitorados pelo Projeto na região tiveram filhotes capturados, demonstrando que muito ainda precisa ser feito para mudar o cenário negativo que a espécie enfrenta.
O trabalho envolve pesquisa científica, com ações que visam identificar a situação da espécie em ambiente natural, bem como conhecer os elementos biológicos
O Parque das Aves é o principal financiador do Projeto, e também participa dos trabalhos em campo e ajuda na comunicação nas redes sociais.
Fotos desta página: Victor Moriyama-Xibé
Ação preventiva
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ABRIGO E RECUPERAÇÃO PARA CONSERVAÇÃO O Parque das Aves tem um longo histórico de abrigo e recuperação de animais, principalmente de Mata Atlântica, mas também de outros biomas. Desde 2017, para fins de conservação, o Parque se compromete a oferecer abrigo a 100% das 120 espécies ameaçadas da Mata Atlântica. O Parque das Aves oferece abrigo a qualquer ave de espécie da Mata em perigo de extinção e que necessite de um lar, em todo o território nacional. Com tantas espécies de aves de Mata Atlântica em risco de extinção, consideramos importante oferecer um lar para cada ave, pois elas podem ter uma importância vital do ponto de vista genético e demográfico. Assim, além do atendimento emergencial para tentar garantir a sobrevivência desses animais, o Parque das Aves pode agrupar os indivíduos resgatados de espécies ameaçadas do bioma de forma estruturada em uma possível população reprodutiva, contribuindo para a
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conservação de diversas maneiras. O Parque das Aves busca proativamente essas aves em CETAS e também está atento a empreendimentos que realizam resgate de fauna para identificar espécies ameaçadas da Mata Atlântica que necessitem de destinação. Além disso, o Parque encoraja órgãos ambientais ou qualquer pessoa que saiba ou encontre espécies ameaçadas da Mata Atlântica a entrar em contato com a Diretoria Técnica através do e-mail diretoriatecnica@parquedasaves.com.br
REPRODUÇÃO PARA CONSERVAÇÃO A reprodução para conservação visa reproduzir espécies ameaçadas de extinção, gerando animais que possam ser importantes em uma estratégia integrada de conservação e recuperação dessa espécie. O Parque das Aves contribui com vários Planos de Ação Nacional (PAN) e projetos de conservação reproduzindo espécies para conservação e pesquisa em manejo reprodutivo. A lista inclui a arara-azul-de-lear, o cardeal-amarelo e a jacutinga, todos os três dentro de PANs.
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CASE
PAN MUTUMDE-ALAGOAS O mutum-de-alagoas (Pauxi mitu) está extinto na natureza desde a década de 1970, e sua recuperação depende do sucesso da reprodução sob cuidados humanos. Existem atualmente cerca de 250 dessas aves no mundo. O Parque das Aves integra o programa de conservação do mutumde-alagoas, dentro do Plano de Ação Nacional para a Conservação do Mutum-de-alagoas, do ICMBio, cujo alvo é reproduzir a espécie e durante 2018 reintroduzi-la em Alagoas. Em junho de 2015, o Parque das Aves recebeu os primeiros 10 casais de mutuns-de-alagoas e desde aquele ano obteve um grande sucesso reprodutivo, com mais de 20 filhotes nascidos. Além de ser o primeiro zoológico no mundo a reproduzir, manter e apresentar ao público a espécie, o Parque das Aves contribuiu para o PAN não só reproduzindo as aves, mas também refinando os protocolos de manejo, disponibilizando seu expertise em reprodução e trabalhando para conscientizar seus visitantes sobre a espécie.
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Reprodução para conservação
EXPERTISE EM MANEJO REPRODUTIVO O Parque das Aves já obteve sucesso na reprodução de 20 espécies de aves ameaçadas. Isso é muito importante, pois desenvolver e aprimorar constantemente as técnicas de reprodução sob cuidados humanos é fundamental para um programa de reprodução para a conservação. Espécies ameaçadas que reproduzimos: Jacutinga (Aburria jacutinga) Papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) Papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) Jandaia-amarela (Aratinga solstitialis) Grou-coroado (Balearica regulorum) Pomba-de-nicobar (Caloenas nicobarica) Mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii) Mutum-de-penacho (Crax fasciolata) Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus) Ararajuba (Guaruba guarouba) Mutum-do-nordeste (Pauxi mitu) Flamingo-chileno (Phoenicopterus chilensis) Marianinha-de-cabeça-amarela (Pionites leucogaster) Ararinha-maracanã (Primolius maracana) Papagaio-do-congo (Psittacus erithacus) Araçari-banana (Pteroglossus bailloni) Periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) Ema (Rhea americana) Macuco (Tinamus solitarius) Programas de reprodução para conservação eficientes buscam maximizar o sucesso reprodutivo de cada indivíduo através de manejo adequado. O Parque das Aves está desenvolvendo e aprimorando as técnicas de manejo reprodutivo de espécies ameaçadas, incluindo o cardeal-amarelo (Gubernarix cristata) e o mutum-de-alagoas (Pauxi mitu), que estão dentro de Planos de Ação Nacionais. Além disso, muitas vezes as técnicas de manejo desenvolvidas para espécies não ameaçadas podem ser replicadas para espécies ameaçadas. O Parque das Aves alcança excelente sucesso reprodutivo especialmente com os seguintes grupos: Psitacídeos - reprodução de 24 espécies Cracídeos - reprodução de 6 espécies Ramphastídeos - reprodução de 5 espécies Strigidae - reprodução de 4 espécies
O Parque das Aves é um dos poucos zoológicos no mundo que já conseguiu a reprodução de tachãs (Chauna torquata), e os resultados estão publicados para ajudar outras instituições no manejo dessas aves. 21
DESTINAÇÃO DE AVES DE ESPÉCIES AMEAÇADAS NASCIDAS NO PARQUE DAS AVES PARA PROJETOS DE REINTRODUÇÃO Os animais nascidos no Parque das Aves estão disponíveis para projetos de soltura. Propostas de parceria com projetos aprovados pelos órgãos ambientais competentes, com equipe experiente e uma boa metodologia, são sempre bem-vindos. Inclusive, o Parque já enviou aves de diferentes espécies para projetos de reintrodução. Os viveiros amplos do Parque das Aves visam criar condições para que aves cedidas a projetos de reintrodução possam estar em estado físico e comportamental ótimo para soltura, maximizando a sua chance de sobrevivência no seu habitat natural.
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CASE
PROJETO JACUTINGA A jacutinga (Aburria jacutinga) é uma espécie ameaçada de extinção, principalmente devido à caça e à degradação de seu ambiente, mas também por causa da exploração indiscriminada do palmito juçara, importante fonte alimentar da jacutinga. O Projeto Jacutinga é uma iniciativa da SAVE Brasil (Sociedade para Conservação das Aves do Brasil). Sob a coordenação de Alecsandra Tassoni, ele foi iniciado em 2014 e tem como finalidade a implementação de um programa de reintrodução e monitoramento de jacutingas, baseado em pesquisa científica, educação e articulação com órgãos de fiscalização ambiental. Neste primeiro momento, a reintrodução das aves acontece na Serra da Mantiqueira, região de São Francisco Xavier, em Caraguatatuba e também no Rio de Janeiro.
O protocolo de soltura e monitoramento póssoltura, que envolve preparação das aves, soltura e monitoramento pós-soltura, foi desenvolvido e testado. Além disso, o Projeto trabalha com envolvimento das comunidades locais com a questão da conservação da jacutinga, elaboração de material educativo e trabalho com escolas locais. O Parque das Aves se tornou parceiro do Projeto Jacutinga e envia para soltura aves que nasceram no Parque e são selecionadas por possuírem um perfil adequado que lhes garante maior chance de sobrevivência na natureza. Inicialmente, foram enviadas seis aves, e o Parque continuará a reproduzir a espécie para que mais jacutingas possam ser destinadas ao Projeto. O Parque das Aves também apoia a equipe do Projeto com a troca de conhecimento, capacitação, divulgação e arrecadação de recursos.
Participação em projetos de reintrodução
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INTEGRAÇÃO DA EQUIPE DO PARQUE DAS AVES EM PROJETOS DE CONSERVAÇÃO O Parque das Aves aderiu aos Grupos de Trabalho e Grupos Assessores de Planos de Ação Nacional para Conservação de Espécies. Por exemplo, faz parte do Grupo Assessor do PAN para Conservação das Aves da Mata Atlântica, integra o Grupo Assessor do PAN para Conservação de Papagaios, faz parte da equipe técnica do Programa Nacional para a Conservação do Papagaio-de-peito-roxo e do Programa Papagaios do Brasil. Igualmente, a equipe está sempre disponível para contribuir de forma estruturada ou pontual em projetos de conservação, com expertise em conservação integrada, manejo, veterinária, nutrição, comportamento, bem-estar e comunicações. O Parque das Aves participa em todas essas áreas, e em vários projetos: contribui, em manejo, com os PANs do Mutum-de-alagoas e do Cardeal-amarelo; em nutrição com o Projeto Tamanduaí; em comportamento animal com o PAN da Arara-azul-de-lear; e em apoio ao Projeto Ararinha na Natureza. O Parque está disponível para desenvolver ações complementárias ou coordenar componentes de projetos de conservação.
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CASE
PROJETO HARPIA Após 20 anos de existência, o Projeto Harpia agora está ampliando sua área de atuação e dando início a um programa de reprodução para a conservação da espécie. O Projeto passa então a incorporar um componente ex situ, com as seguintes finalidades: manter uma população ex situ autossustentável, como segurança contra o declínio ou extinção na natureza, manejada para produzir filhotes que possam ser reintroduzidos caso necessário; montar uma rede de segurança para que todas as harpias encontradas feridas e que forem apreendidas possam ser resgatadas, atendidas e devolvidas para a natureza se apresentarem condições de reabilitação e soltura; apoiar a realização de pesquisas in situ e ex situ que possam ajudar no manejo e conservação da espécie; valendo-se das harpias mantidas sob cuidados humanos como embaixadoras para sensibilização da população sobre a importância da sua conservação e das ameaças que a espécie enfrenta.
O Parque das Aves patrocinou a Análise de Habitat e Viabilidade Populacional (PHVA) do Projeto Harpia e já participou em atividades em campo. Como atividade ex situ consideradas importantes para a conservação da espécie, o Parque das Aves vai em 2018 virar o Centro Nacional de Resgate, Recuperação e Retorno à Natureza de Harpias. Harpias encontradas com ferimentos ou debilitadas no território nacional serão destinadas para o Centro de Conservação, fora de visitação pública, construído pelo Parque das Aves. Nesse Centro, elas receberão cuidados veterinários para possibilitar a recuperação física, treinamentos para reabilitar e estimular comportamentos naturais, como a caça por alimentos, e após serão transportados para o seu local de origem ou outro local considerado apropriado para um retorno à natureza seguro e responsável, contribuindo com a sobrevivência da espécie no seu habitat natural. O Parque das Aves também executa pesquisas relacionados com harpias como parte do seu projeto Aves do Iguaçu, dentro do Parque Nacional do Iguaçu.
Equipe em projetos de conservação
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ARTICULAÇÕES INTERINSTITUCIONAIS PARA A CONSERVAÇÃO Conservação é um processo multidisciplinar somente possível se todos os atores trabalharem de forma integrada. Por isso, o Parque das Aves busca ativa e continuamente parcerias com instituições afins que trabalhem com meio ambiente. O Parque das Aves busca ser agente ativo na conservação local, especialmente do Parque Nacional do Iguaçu. Para isso, participa de fóruns de discussão locais, dentro do Conselho Consultivo do Parque Nacional do Iguaçu (CONPARNI), e patrocina o salário integral de uma especialista em conservação de espécies, também membro do CPSG (Conservation Planning Specialist Group, parte do IUCN), para fins de planejamento estratégico e execução de ações de conservação de espécies, dentro do Parque Nacional do Iguaçu, com serviços cedidos também ao Projeto Carnívoros do Iguaçu. O Parque também atua nos níveis nacional e internacional, articulando parcerias entre governo e organizações, como entre o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres - CEMAVE, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN/ ICMBio) e o Amphibian Ark, além de organizações não governamentais, e com o IUCN.
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CASE
SEDE NACIONAL BRASILEIRA DO GRUPO ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO PARA A CONSERVAÇÃO O Grupo Especialista em Planejamento para a Conservação da IUCN (CPSG/IUCN) é uma rede global de profissionais da conservação dedicados a salvar espécies ameaçadas através do aumento da efetividade dos esforços de conservação no mundo todo. Em 2018, o Parque das Aves se tornou a Sede Nacional do CPSG. Além disso, o Parque das Aves fomenta, patrocina e apoia a metodologia e a atuação do CPSG de diversas formas. Por exemplo, através de uma parceria entre o CPSG, o Parque das Aves e o Copenhagen Zoo, em 2017 foi realizado um workshop de capacitação, “Usando as diretrizes da IUCN para o uso do manejo ex situ para a conservação de espécies no processo de planejamento integrado de conservação de espécies e como ferramenta para guiar a implementação de atividades ex situ recomendadas”. Essa capacitação ajuda zoológicos e agências governamentais que fazem o planejamento de conservação de espécies a entender e avaliar a importância do trabalho ex situ, além de aplicar as informações obtidas.
Articulações interinstitucionais
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NOSSA MISSÃO É PROMOVER A CONEXÃO COM O MUNDO NATURAL E AGIR PARA SALVAR ESPÉCIES DA MATA ATLÂNTICA.
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1 SIMPÓSIO INTEGRADA
SIMPÓSIOS, CONGRESSOS E CURSOS A integração, a troca de conhecimento e a criação de oportunidades de capacitação são importantes ferramentas para a conservação. Para possibilitar essas interações, o Parque das Aves promove e custeia simpósios, congressos e cursos de capacitação, vários por ano, de caráter local, nacional e internacional. Para cada evento realizado, várias bolsas são concedidas para permitir o acesso de mais profissionais e estudantes.
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ESTÁGIOS E VISITAS TÉCNICAS O Parque das Aves tem programas de estágio dentro das divisões de Manejo, Educação Ambiental, Veterinária, Nutrição Animal e Bem-estar animal. Além disso, recebe, mediante agendamento prévio, profissionais de áreas técnicas correlacionadas para visitas técnicas ou instituições que queiram ter uma troca de experiências mais direta, bem como aprimorar seu conhecimento técnico em uma das áreas de expertise do Parque. Visitas técnicas podem ser agendadas através do e-mail diretoriatecnica@parquedasaves.com.br, enquanto a vaga de estágio pode ser pleiteada no site do Parque das Aves (parquedasaves.com.br), na aba “Trabalho”, “Eventos e Estágios”.
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DIVISÃO DE PESQUISA E DIVULGAÇÃO O Parque das Aves tem uma Divisão de Pesquisa, com um pesquisador-veterinário em tempo integral, e atua em conjunto com pesquisadores do Brasil e do exterior em diversas linhas de pesquisa, que vão de manejo e nutrição animal à patologia animal e etologia clínica, dando elementos a técnicos de outras instituições para que melhorem a vida dos animais sob cuidados humanos. A divulgação do trabalho ocorre através de palestras e apresentações orais em congressos, assim como na forma escrita através de publicações científicas (Journal do Zoo and Wildlife Medicine, International Zoo News etc.) ou contribuições em livros texto (como no Tratado de Medicina de Animais Selvagens).
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COMUNICAÇÃO PARA CONSERVAÇÃO Para que o trabalho de um projeto de conservação possa ser realmente efetivo, ele deve ser conhecido não somente nos meios acadêmico e técnico, mas ganhar apoio da população. E uma ferramenta muito importante para a divulgação é a comunicação, que pode ajudar de diversas maneiras: dando todo o apoio multidisciplinar, desde o desenvolvendo do branding do projeto, como uma incubadora de projetos de conservação, para que se fortaleçam e atraiam apoiadores; divulgando o projeto nas diversas mídias sociais, engajando o público com o dia a dia de pesquisadores em campo, além de divulgar problemas como tráfico de animais e solicitar apoio em campanhas; gerando mídia espontânea com o envio de releases para a imprensa, redigidos com algum tipo de apelo para o público. No Parque das Aves, o Departamento de Comunicação, além de trabalhar todos esses aspectos, ainda desenvolve placas que compartilham com o público o trabalho dos projetos de conservação apoiados pelo Parque e os PANs dos quais participa, além de contar com a ajuda de monitores em trilha e materiais desenvolvidos para esse fim, como folders, flyers, placas e adesivos. Depois de implementados, os materiais são avaliados e seu impacto estudado com o auxílio da plataforma Qualia Analytics. Quando necessário, mudanças são feitas para que os materiais sejam efetivos em seu impacto.
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EDUCAÇÃO PARA CONSERVAÇÃO Baseando suas ações em pesquisa e sempre visando os melhores resultados para a conservação de espécies, o Departamento de Educação Ambiental do Parque das Aves engaja 35 mil alunos por ano, criando vínculos entre eles e os projetos de conservação. Além disso, em parceria com universidades da região e órgãos do governo, o Departamento trabalha na formação de professores da rede pública estadual de ensino através do SOS Fauna, que tem como foco a proteção à fauna e à flora do Parque Nacional do Iguaçu. O programa traz perspectivas múltiplas de profissionais e residentes locais sobre as ameaças à biodiversidade local e a situação da caça no Parque, culminando com os professores participantes, depois de 120 horas de trabalho durante o curso, desenvolvendo um projeto sobre o tema em suas salas de aula.
O Parque das Aves participa do ZooWise, um projeto de pesquisa que objetiva medir as práticas de engajamento com o público em ensino sobre biodiversidade e que compara os resultados entre vários zoológicos do mundo. O Parque das Aves acredita na importância da medição de resultados como base para alcançar alta efetividade nas comunicações e educação ambiental. Além disso, o Parque oferece ferramentas para que os projetos de conservação possam medir os resultados de suas ações de educação ambiental nas comunidades, como cursos com especialistas na área e acesso à plataforma Qualia Analytics.
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AVALIAÇÃO DE PRIORIDADES: SISTEMA DE PONTUAÇÃO O Parque das Aves usa alguns critérios para definir sua participação em esforços de conservação, e isso se aplica a:
projetos de campo
patrocínio
esforços por parte da equipe do Parque das Aves
participação em planos de ação
participação em projetos de terceiros
composição do plantel
Uma espécie somente se qualifica se ela é nativa da Mata Atlântica. O Parque das Aves participa em ações de conservação de espécies que não sejam da Mata Atlântica somente quando existe um compromisso histórico ou quando sua contribuição é excepcionalmente útil para uma espécie por uma razão específica. E isso se aplica também ao plantel: o Parque das Aves só mantém aves de espécies que não sejam da Mata Atlântica caso exista um compromisso preexistente com uma espécie, ou quando é indicado que um indivíduo fique sob os cuidados do Parque por motivos de bem-estar animal. A meta do Parque das Aves é alcançar 95% de aves de Mata Atlântica no plantel em exibição pública e 95% dos gastos em conservação vinculados a aves de Mata Atlântica, mas variações são permitidas de acordo com esses compromissos.
Critérios de pontuação: cada resposta positiva agrega um ponto. Escolha de espécies: A espécie é classificada como ameaçada de extinção? Existe suspeita forte de que seja ameaçada? A espécie NÃO tem atualmente um projeto ou ação de conservação especificamente associado a ela? A espécie é sujeita à pressão humana, como tráfico ou caça, no geral, de maneira intensiva? (pode incluir espécies não ameaçadas) As populações dessa espécie, na região do Iguaçu, estão sofrendo pressão humana? (pode incluir espécies não ameaçadas) Se um possível projeto para essa espécie for iniciado, haveria uma boa chance de ele ser assumido por outra organização que possa patrociná-lo? A espécie é encontrada localmente? (Iguaçu) A espécie é endêmica da Mata Atlântica subtropical semidecídua? O projeto associado a essa espécie seria executado localmente? A maioria das ações desse projeto, pesquisa e ação, afetam mais de uma espécie de ave da Mata Atlântica que necessita dessas ações específicas? (efeito guarda-chuva) A espécie tem um papel particularmente importante para o ecossistema?
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Valor do investimento: Esse projeto tem um alto custo-benefício? (Custo versus retorno de conservação) Esse projeto tem uma boa chance de sucesso? O projeto proposto se encaixa nas fortalezas institucionais do Parque das Aves?
Valores de conservação integrada (One Plan Approach) A espécie está em exibição no Parque das Aves? A inclusão da espécie no Parque seria recomendável para fins de reprodução para conservação? (seguindo as Diretrizes de Manejo ex situ da IUCN) A inclusão dessa espécie no Parque seria especificamente desejável para pesquisa? A inclusão desta espécie no Parque seria especificamente desejável para fins de educação? A espécie teria uma pontuação satisfatória no Plano de População? A inclusão dessa espécie não requer a construção de novas estruturas? O projeto proposto envolve uma das 10 espécies com maior pontuação no Plano de População do Parque? O projeto proposto envolve a colaboração de mais de um setor do Parque? O projeto proposto envolve a cooperação de instituições externas?
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