Cartilha de agroecologia - Parque Vicentina aranha 2017

Page 1


ÍNDICE 1.

INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------01

1.1. A AGROECOLOGIA -------------------------------------------------------------------02 1.2. A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO POPULAR -------------------------------03 1.3. A ECONOMIA PELA VISÃO AGROECOLÓGICA ---------------------------------04 2. CONSTRUINDO UM SISTEMA AGROECOLÓGICO DE PRODUÇÃO --------05 2.1. O EQUILÍBRIO ECOLÓGICO E SUA IMPORTÂNCIA ----------------------------06 2.2. O SOLO: BASE DO SISTEMA PRODUTIVO ---------------------------------------06 2.3. A SAÚDE DAS PLANTAS -------------------------------------------------------------07 2.4. A BIOMASSA E A FERTILIDADE DO SOLO ----------------------------------------09 2.5. O CONTROLE BIOLÓGICO -----------------------------------------------------------10 3. AGROECOLOGIA NA PRÁTICA ------------------------------------------------------12 3.1. INSTALAÇÃO DE QUEBRA VENTOS -----------------------------------------------13 3.2. FORMAS DE ADUBAÇÃO ------------------------------------------------------------13 4. AGROECOLOGIA E A PRODUÇÃO ANIMAL --------------------------------------20 4.1. PRINCÍPIOS -----------------------------------------------------------------------------21 4.2. ALIMENTAÇÃO ------------------------------------------------------------------------21 4.3. A SAÚDE DOS ANIMAIS -------------------------------------------------------------23 4.4. O BENEFICIAMENTO DOS PRODUTOS -------------------------------------------23 4.5. A COMERCIALIZAÇÃO ---------------------------------------------------------------24 BIBLIOGRAFIA -------------------------------------------------------------------------------27

1


CAPITULO 1. INTRODUÇÃO

VAMOS CONHECER UM POUCO DA AGROECOLOGIA, SEUS CONCEITOS E PRINCÍPIOS E COMO SUA APLICAÇÃO NA AGRICULTURA PODE TRANSFORMAR A VIDA DE PRODUTORES E COMUNIDADES.

2


1.1. A AGROECOLOGIA A AGROECOLOGIA PODE SER CONSIDERADA COMO UMA NOVA CIÊNCIA, QUE GERA CONHECIMENTOS E METODOLOGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA AGRICULTURA DE BASE ECOLÓGICA. SURGIDA EM 1930, INCORPORA ASPECTOS DE DIVERSAS CIÊNCIAS COMO A AGRONOMIA, A VETERINÁRIA, A ECOLOGIA, A SOCIOLOGIA, A ANTROPOLOGIA, A PEDAGOGIA, ETC, QUE QUANDO ALIADOS A CONHECIMENTOS E PRÁTICAS TRADICIONAIS DAS COMUNIDADES PROMOVEM O DESENVOLVIMENTO DAS CHAMADAS “AGRICULTURAS DE BASE ECOLÓGICA”. AS AGRICULTURAS DE BASE ECOLÓGICA SÃO MODELOS SUSTENTÁVEIS DE AGRICULTURA COM DIVERSAS DENOMINAÇÕES, COMO POR EXEMPLO, ORGÂNICA, NATURAL, BIODINÂMICA, PERMACULTURA, CADA UMA COM SUAS CARACTERÍSTICAS PARTICULARES. A AGROECOLOGIA ENXERGA OS ELEMENTOS DA NATUREZA (O SOLO, A ÁGUA, AS PLANTAS, OS ANIMAIS INCLUINDO O HOMEM, O CLIMA) DE FORMA SISTÊMICA E COMPLEXA, ONDE TUDO ESTÁ INTERLIGADO E CADA AÇÃO INDIVIDUAL REFLETE SOBRE O TODO. ASSIM, NO PLANEJAMENTO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DEVEMOS COMPREENDER COMO OCORREM AS RELAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS NO AMBIENTE NATURAL, PARA QUE POSSAMOS CRIAR UM AGROECOSSISTEMA EQUILIBRADO E PRODUTIVO, ONDE UM SOLO FÉRTIL GERA PLANTAS SAUDÁVEIS, RESISTENTES À OCORRÊNCIA DE DOENÇAS E PRAGAS QUE PODEM PREJUDICAR SEU DESENVOLVIMENTO. VAMOS OBSERVAR ALGUMAS RELAÇÕES QUE OCORREM NATURALMENTE: - FOLHAS, FLORES E FRUTOS SÃO ALIMENTOS PARA DIVERSOS SERES VIVOS COMO AS LAGARTAS, BESOUROS, ABELHAS E PÁSSAROS, QUE POR SUA VEZ SERVEM DE ALIMENTO PARA OUTROS ANIMAIS. ASSIM, A LAGARTA QUE SE ALIMENTA DE UMA FOLHA SERVE DE ALIMENTO PARA UMA ARANHA QUE SERVIRÁ DE ALIMENTO PARA UM PÁSSARO, E ASSIM POR DIANTE, CRIANDO E MANTENDO UM EQUILÍBRIO ENTRE AS POPULAÇÕES DAS

3


DIVERSAS ESPÉCIES, EVITANDO QUE, POR UM CRESCIMENTO DESCONTROLADO, ACABE SE TORNANDO UMA PRAGA.

1.2. A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO POPULAR A AGROECOLOGIA É MUITO MAIS AMPLA QUE UM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICO, PORQUE LEVA EM CONTA TAMBÉM OS ASPECTOS SOCIAIS, CULTURAIS, ÉTICOS E POLÍTICOS DA AGRICULTURA E DAS COMUNIDADES ENVOLVIDAS. A PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA TENDE A SER MAIS DIVERSIFICADA, CONDIÇÃO NECESSÁRIA NA BUSCA PELO EQUILÍBRIO DO AGROECOSSISTEMA E LIGADA AO COMÉRCIO LOCAL, O QUE FORTALECE ECONOMICAMENTE AS COMUNIDADES. UM DOS PRINCÍPIOS DA AGROECOLOGIA É A PARTICIPAÇÃO POPULAR QUE FORTALECE AS AÇÕES DE COOPERAÇÃO MUTUA, DE TRABALHO ASSOCIATIVO NA PRODUÇÃO E NA COMERCIALIZAÇÃO PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO DE TODOS OS ENVOLVIDOS NESSE PROCESSO. RESGATAR E VALORIZAR O CONHECIMENTO TRADICIONAL QUE CADA MEMBRO DA COMUNIDADE POSSUI, ALIANDO AOS CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS NAS DIVERSAS ÁREAS E DISPONIBILIZANDO ESSES CONHECIMENTOS PARA TODOS, POSSIBILITA O DESENVOLVIMENTO DE UMA AGRICULTURA BASEADA EM PRINCÍPIOS AGROECOLÓGICOS.

AGROECOLOGIA = SABERES POPULARES + CONHECIMENTO CIENTÍFICO

4


1.3. A ECONOMIA PELA VISÃO AGROECOLÓGICA A AGROECOLOGIA DÁ ESPECIAL VALOR À CHAMADA “ECONOMIA SOLIDÁRIA”. VISANDO A CRIAÇÃO DE UM MERCADO FORTE PARA OS PRODUTOS DE BASE ECOLÓGICA, É NECESSÁRIO RESGATAR FORMAS TRADICIONAIS DE COMERCIALIZAÇÃO, APROXIMANDO O CONSUMIDOR DO PRODUTOR. AS FEIRAS, QUITANDAS E CESTAS ENTREGUES A DOMICÍLIO REPRESENTAM BEM ESSAS FORMAS DE COMERCIALIZAÇÃO. A APROXIMAÇÃO DO CONSUMIDOR AO PRODUTOR TRAZ BENEFÍCIOS MÚTUOS, PREÇOS MELHORES PARA AMBOS DEVIDO A ELIMINAÇÃO DE INTERMEDIÁRIOS, MELHOR QUALIDADE BIOLÓGICA E APARÊNCIA DOS PRODUTOS, ECONOMIA DE ENERGIA E DE RECURSOS NATURAIS. OS CONSUMIDORES EXERCEM PAPEL DE FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA NA ECONOMIA SOLIDÁRIA, DEVENDO SER ESTIMULADOS A PARTICIPAR DESSE PROCESSO.

FRUTAS/LEGUMES PRODUTOR

ALTO VALOR

CONSERVAS

BIOLÓGICO

BOLOS/DOCES/QUEIJOS

PREÇO JUSTO

5

CONSUMIDOR


CAPITULO 2. CONSTRUINDO UM SISTEMA AGROECOLÓGICO DE PRODUÇÃO

VAMOS ENTENDER MELHOR O SOLO, COMO FUNCIONAM AS PLANTAS E OS PROCESSOS DA NATUREZA PARA ADOTARMOS AS TÉCNICAS NECESSÁRIAS PARA UMA AGRICULTURA DE BASE ECOLÓGICA.

6


2.1. O EQUILÍBRIO ECOLÓGICO E SUA IMPORTÂNCIA A CONDIÇÃO BÁSICA PARA TERMOS SUCESSO NA NOSSA ATIVIDADE É O ESTABELECIMENTO DO EQUILÍBRIO ECOLÓGICO NO NOSSO SISTEMA DE PRODUÇÃO QUE SÓ SERÁ ALCANÇADO QUANDO TEMOS GRANDE DIVERSIDADE DE PLANTAS E ANIMAIS. OBSERVEMOS COMO EXEMPLO UMA FLORESTA QUE PELA ENORME DIVERSIDADE DE SERES VIVOS SE MANTÉM VIGOROSA AO LONGO DO TEMPO, SEM A NECESSIDADE DA INTERFERÊNCIA DE NENHUM FATOR EXTERNO. ALIÁS, QUASE SEMPRE QUE OCORRE ALGUMA INTERFERÊNCIA EXTERNA, COMO A AÇÃO DO HOMEM, ELA É PREJUDICADA. DEVEMOS OBSERVAR E COPIAR AS CARACTERÍSTICAS QUE ENCONTRAMOS NAS FLORESTAS PARA O NOSSO SISTEMA PRODUTIVO. QUANDO PRATICAMOS A AGRICULTURA ESTAMOS MODIFICANDO O ECOSSISTEMA ORIGINAL (FLORESTA) E CRIANDO UM AGROECOSSISTEMA MAIS SIMPLES E MENOS DIVERSIFICADO, EXIGINDO O USO CONSTANTE DE TRABALHO E INSUMOS PARA MANTÊ-LO PRODUTIVO. SE CONSEGUIRMOS CRIAR UM SISTEMA DE PRODUÇÃO COM ALTA DIVERSIFICAÇÃO, REDUZIMOS GRADATIVAMENTE A NECESSIDADE DE TRABALHO E APLICAÇÃO DE INSUMOS COMPRADOS FORA DA PROPRIEDADE. O INCREMENTO DA BIODIVERSIDADE DEVE SER PRÁTICA CONSTANTE DO PRODUTOR AGROECOLÓGICO NA BUSCA PELO EQUILÍBRIO DO AGROECOSSISTEMA PRODUZINDO COM MELHOR QUALIDADE E A CUSTOS MENORES.

2.2. O SOLO: BASE DO SISTEMA PRODUTIVO LUZ, ÁGUA E NUTRIENTES, ESTES SÃO OS ELEMENTOS BÁSICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS PLANTAS. UM SOLO VIVO GARANTE O APROVEITAMENTO EFICIENTE DESSES ELEMENTOS.

7


A QUALIDADE DE UM SOLO É INDICADA PELA SUA FERTILIDADE QUE POR SUA VEZ ESTÁ RELACIONADA DIRETAMENTE COM A INFINIDADE DE SERES VIVOS QUE HABITAM ESSE SOLO. A AÇÃO DESSES ORGANISMOS DECOMPONDO A MATÉRIA ORGÂNICA E MINERAL GARANTEM A QUALIDADE DO SOLO. MAIS VIDA = MAIS FERTILIDADE = MAIS SAÚDE PARA PLANTAS E ANIMAIS ESSA DECOMPOSIÇÃO REALIZADA PELOS FUNGOS, BACTÉRIAS, PROTOZOÁRIOS, MINHOCAS E MAIS UMA INFINIDADE DE VERMES E INSETOS QUE HABITAM O SOLO, DISPONIBILIZAM OS MACRO E MICRONUTRIENTES NECESSÁRIOS PARA OS CULTIVOS E O PRÓPRIO AUMENTO DA VIDA NO SOLO. DEVEMOS ENFATIZAR QUE O USO DE AGROTÓXICOS E ADUBOS QUÍMICOS MATAM OS SERES VIVOS DO SOLO. CADA VEZ QUE O PRODUTOR LANÇA MÃO DESSES PRODUTOS, ROMPE O PROCESSO DE INCREMENTO DA FERTILIDADE DO SOLO, CAUSANDO GRANDE DESEQUILÍBRIO E LEVANDO AO SURGIMENTO DE PRAGAS E DOENÇAS NAS PLANTAS E NOS ANIMAIS.

2.3. A SAÚDE DAS PLANTAS PRAGAS E DOENÇAS SÃO SINTOMAS, UMA LUZ VERMELHA QUE ACENDE, INDICANDO DESEQUILÍBRIO NO AGROECOSSITEMA. SÃO SINAIS QUE ALGO ESTÁ ERRADO E POSSIBILITAM AO AGRICULTOR, ATRAVÉS DO SEU ENTENDIMENTO, AGIR DE FORMA CORRETA SOBRE AS CAUSAS DESSES SINTOMAS. NOS ECOSSISTEMAS, SEJAM NATURAIS OU AGRÍCOLAS, TODO SER VIVO DESEMPENHA UM PAPEL E TEM UM SERVIÇO A PRESTAR. NUM ECOSSISTEMA MODIFICADO COMO O AGRÍCOLA, AINDA EM DESEQUILÍBRIO, O APARECIMENTO DE PLANTAS INVASORAS, PRAGAS E DOENÇAS SÃO PROBLEMAS QUASE INEVITÁVEIS. O AGRICULTOR CONVENCIONAL BASEADO NO USO DE PRODUTOS QUÍMICOS NA SUA PRODUÇÃO, QUE PRATICA UMA ATIVIDADE DE CONFLITO, QUER ELIMINAR OS

8


PROBLEMAS IMEDIATAMENTE UTILIZANDO HERBICIDAS E ADUBOS QUÍMICOS.

OS

INSETICIDAS,

FUNGICIDAS,

JÁ O AGRICULTOR AGROECOLÓGICO QUE PRATICA UMA ATIVIDADE DE HARMONIA, PROCURA ENTENDER AS CAUSAS DESSES SINTOMAS E O QUE ESTÁ PROVOCANDO DESEQUILÍBRIOS NO SEU SISTEMA. AGE BUSCANDO CORRIGIR ESSES DESEQUILÍBRIOS E EVITAR QUE PROBLEMAS SE REPITAM. VEJAMOS ALGUNS EXEMPLOS: PLANTA INVASORA

O QUE INDICAM

GUANXUMA

SOLOS COMPACTADOS

MARIA MOLE

SOLOS COM CAMADAS ADENSADAS DEFICIÊNCIA DE POTÁSSIO

SAMAMBAIA

PRESENÇA DE ALUMÍNIO TÓXICO

URTIGA

EXCESSO DE NITROGÊNIO, FALTA DE COBRE

PICÃO BRANCO

BOM NÍVEL DE NITROGÊNIO FALTA DE COBRE

CARURU

EXCESSO DE NITROGÊNIO ALTO TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA

NABISCO

DOENÇA OU PRAGA

DEFICIÊNCIA DE BORO E MANGANÊS

CULTURA

9

O QUE INDICAM


COCHONILHAS, VIRA CABEÇA,

TOMATE, FEIJÃO

MOSCA BRANCA, PONTA PRETA

E MORANGO

MÍLDIO, PODRIDÃO SECA DA

COUVE FLOR,

ESPIGA, PODRIDÃO DA CABEÇA

MILHO

INFECÇÕES BACTERIANAS

TOMATE

FALTA DE CÁLCIO

FALTA BORO

FALTA MAGNÉSIO

AS ANÁLISES DE SOLO AJUDAM A DETECTAR DE FORMA MAIS EXATA POSSÍVEIS DEFICIÊNCIAS DE NUTRIENTES NO SOLO, SENDO UMA IMPORTANTE FERRAMENTA PARA O AGRICULTOR. PORÉM, É SEMPRE BOM LEMBRAR QUE É UMA ANÁLISE QUÍMICA E NÃO LEVA EM CONTA A VIDA DO SOLO.

2.4. A BIOMASSA E A FERTILIDADE DO SOLO QUANDO PRATICAMOS A AGROECOLOGIA DEVEMOS LEVAR EM CONSIDERAÇÃO A PRESENÇA DE UMA GRANDE QUANTIDADE DE MASSA VERDE OU BIOMASSA PARA O INCREMENTO DA FERTILIDADE DO SOLO. É IMPORTANTE MANTER O SOLO SEMPRE PROTEGIDO POR COBERTURAS VIVA OU MORTA, ATRAVÉS DE AÇÕES COMO A ADUBAÇÃO VERDE, CAPINA SELETIVA OU ROÇADA DAS ERVAS INDESEJÁVEIS E COLOCAÇÃO DE PALHADA NOS CULTIVOS. BUSCANDO A SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA PRODUTIVO TEMOS QUE APROVEITAR AO MÁXIMO A BIOMASSA PRODUZIDA DENTRO DA PROPRIEDADE, EVITANDO PRINCIPALMENTE AS QUEIMADAS. O ESTERCO DE ANIMAIS PRÓPRIOS, AS FOLHAGENS SECAS, A ADUBAÇÃO VERDE, A COMPOSTAGEM, O PLANTIO DE ÁRVORES E ARBUSTOS NAS ÁREAS DE CULTIVO, SÃO EXCELENTES FORMAS DE GARANTIR A DISPOSIÇÃO DE GRANDE QUANTIDADE DE BIOMASSA PARA SER ADICIONADA AO SOLO, SEM A NECESSIDADE DE COMPRA DE INSUMOS FORA DA PROPRIEDADE.

10


2.5. O CONTROLE BIOLÓGICO QUANDO FALAMOS EM CONTROLE BIOLÓGICO PENSAMOS LOGO EM PRODUTOS COMERCIAIS A BASE DE FUNGOS, BACTÉRIAS E INSETOS PREDADORES UTILIZADOS NO COMBATE A PRAGAS E DOENÇAS NAS CULTURAS. VIMOS QUE NUM AGROECOSSISTEMA EQUILIBRADO, COM UM SOLO VIVO, ENCONTRAMOS UMA INFINIDADE DE INSETOS, FUNGOS E BACTÉRIAS. ESSES ORGANISMOS EXERCEM UNS SOBRE OS OUTROS, RELAÇÕES DIVERSAS, INCLUSIVE DE PRESA E PREDADOR. COMO EXEMPLOS: - O PULGÃO (PRAGA DAS LAVOURAS) É ALIMENTO PARA AS JOANINHAS - AS LAGARTAS (PRAGA DAS LAVOURAS) É ALIMENTO DE VESPAS E PÁSSAROS TAMBÉM OS ANIMAIS DE MAIOR PORTE AGEM NO CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS DAS LAVOURAS, ENTRE ELES OS MORCEGOS, ARANHAS, TATUS E SAPOS. EM UM AMBIENTE ADEQUADO COM ALTA DIVERSIDADE DE SERES VIVOS, O CONTROLE BIOLÓGICO REALIZADO PELOS INIMIGOS NATURAIS DAS PRAGAS E DOENÇAS DAS PLANTAS OCORRE NATURALMENTE. INCLUSIVE, A PRESENÇA DESSAS PRAGAS É IMPORTANTE PARA A MANUTENÇÃO DESSE EQUILÍBRIO. É DESTA FORMA QUE AS FLORESTAS SE MANTÉM SAUDÁVEIS E PRODUTIVAS. PORÉM, SE HOUVER A OCORRÊNCIA DE ALGUMA INFESTAÇÃO QUE COLOQUE EM RISCO A PRODUÇÃO E O RESULTADO ECONÔMICO DA ATIVIDADE, PODEMOS LANÇAR MÃO DE PRODUTOS BIOLÓGICOS PARA CONTROLE DESSA INFESTAÇÃO, SEMPRE TRABALHANDO PARA FORTALECER AS PLANTAS E CORRIGIR AS CAUSAS DO PROBLEMA, COMO JÁ VIMOS. VEJAMOS ALGUNS FATORES QUE INFLUENCIAM A PREDISPOSIÇÃO DAS PLANTAS AO ATAQUE DE PRAGAS E DOENÇAS: - ESPÉCIES NÃO ADAPTADAS AO CULTIVO NA REGIÃO OU ÉPOCA DO ANO

11


- IDADE DA PLANTA - FALTA DE LUMINOSIDADE - FALTA OU EXCESSO DE ÁGUA - TEMPERATURAS MUITO ALTAS OU MUITO BAIXAS - USO DE AGROTÓXICOS OU ADUBOS QUÍMICOS - SOLOS DESEQUILIBRADOS

12


CAPÍTULO 3. AGROECOLOGIA NA PRÁTICA

VAMOS CONHECER ALGUMAS TÉCNICAS QUE AUXILIAM A CONSTRUÇÃO DO NOSSO AGROECOSSITEMA EQUILIBRADO. É IMPORTANTE SALIENTAR QUE SÃO SUGESTÕES E CADA PRODUTOR DEVE BUSCAR DESENVOLVER SUAS PRÓPRIAS PRÁTICAS, DENTRO DAS PARTICULARIDADES DE CADA PROPRIEDADE.

13


3.1. INSTALAÇÃO DE QUEBRA VENTOS VENTOS FORTES PODEM PROVOCAR SÉRIOS DANOS PARA AS CULTURAS MAIS DELICADAS, ENFRAQUECENDO AS PLANTAS E CRIANDO CONDIÇÕES PARA O SURGIMENTO DE DOENÇAS E PRAGAS. O CULTIVO DE PLANTAS FORMANDO BARREIRAS (QUEBRA VENTOS) CONTRA A INCIDÊNCIA DE VENTOS TRAZEM IMPORTANTES BENEFÍCIOS PARA A ÁREA DE PRODUÇÃO. ENTRE ELES: - MANTÉM A UMIDADE - DIMINUI O APARECIMENTO DE DOENÇAS - PRODUZ BIOMASSA FORNECENDO ADUBAÇÃO VERDE PARA AS ÁREAS PROTEGIDAS - SERVE DE ABRIGO PARA PÁSSAROS E OUTROS ANIMAIS QUE SE ALIMENTAM DOS INSETOS QUE ATACAM AS LAVOURAS - PRODUZEM FLORES QUE ATRAEM E ALIMENTAM AS ABELHAS, RESPONSÁVEIS PELA POLINIZAÇÃO DAS PLANTAS, AUMENTANDO A PRODUÇÃO DE FRUTOS DIVERSAS ESPÉCIES PODEM SER USADAS PARA A FORMAÇÃO DE QUEBRA VENTOS COMO O CAPIM NAPIER E A CANA DE AÇÚCAR, PARA A PROTEÇÃO CULTURAS DE BAIXO PORTE, ATÉ ÁRVORES COMO A GREVÍLEA E O SANSÃO DO CAMPO PARA A PROTEÇÃO DE POMARES. DE MANEIRA GERAL, PODEMOS CONSIDERAR QUE OS QUEBRA VENTOS PROTEGEM UMA ÁREA CORRESPONDENTE A SETE VEZES SUA ALTURA.

3.2. FORMAS DE ADUBAÇÃO A AGROECOLOGIA PROPÕE FORMAS SIMPLES E BARATAS PARA ADUBAR E MELHORAR A VIDA DO SOLO. VEJAMOS ALGUMAS DESSAS FORMAS:

14


A. ADUBAÇÃO VERDE É UMA PRÁTICA UTILIZADA PARA AUMENTAR A FERTILIDADE DO SOLO ATRAVÉS DA DEPOSIÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA AINDA NÃO DECOMPOSTA, FORNECIDA POR PLANTAS CULTIVADAS EXCLUSIVAMENTE PARA ESSE OBJETIVO. AS PLANTAS UTILIZADAS PARA ADUBAÇÃO VERDE SÃO DIVIDIDAS EM DOIS GRUPOS, UM PARA PLANTIO DE VERÃO E OUTRO, DE INVERNO. O CORTE OU ROÇADA DEVE SE FEITO NO PERÍODO DE INTENSA FLORAÇÃO, QUANDO APRESENTAM MAIOR QUANTIDAE DE MATÉRIA PARA DEPOSIÇÃO NO SOLO. BENEFÍCIOS DA ADUBAÇÃO VERDE: - MANTÉM O SOLO COBERTO - REDUZ A COMPACTAÇÃO DO SOLO - RECICLA OS NUTRIENTES DAS CAMADAS MAIS PROFUNDAS DO SOLO, DISPONIBILIZANDO-OS PARA OS CULTIVOS PRINCIPAIS - MELHORA A VIDA DO SOLO - REDUZ A PRESENÇA DE ERVAS INDESEJÁVEIS

COMO PODE SER UTILIZADA: - EM CONSÓRCIO COM OS CULTIVOS PRINCIPAIS - NOS INTERVALOS ENTRE PLANTIOS - EM FAIXAS INTERCALADAS ENTRE AS LINHAS DO CULTIVO PRINCIPAL - NAS ÁREAS DE POUSIO - NAS ÁREAS NOVAS

15


ALGUNS EXEMPLOS DE PLANTAS PARA ADUBAÇÃO VERDE: ESPÉCIE

MASSA VERDE

ÉPOCA DE PLANTIO

AVEIA PRETA

30 A 60 TON

INVERNO

CROTALÁRIA

15 A 20 TON

VERÃO

FEIJÃO DE PORCO

20 A 40 TON

VERÃO

GIRASSOL

40 A 90 TON

VERÃO

MUCUNA PRETA

40 A 50 TON

VERÃO

NABO FORRAGEIRO

25 A 50 TON

INVERNO

B. OS ESTERCOS OS ESTERCOS SÃO A FORMA MAIS SIMPLES E MAIS UTILIZADA PELOS AGRICULTORES COMO ADUBAÇÃO ORGÂNICA EM VIRTUDE DA FACILIDADE COM QUE SÃO ENCONTRADOS. PODEM SER DE BOVINOS, CAPRINOS, EQUINOS, AVES, OVELHAS, ETC, E SÃO USADOS TANTO NA FORMA SÓLIDA QUANTO NA FORMA LÍQUIDA. A QUANTIDADE DE NUTRIENTES PRESENTES NOS ESTERCOS VARIA MUITO DEPENDENDO DA RAÇA E DO TIPO DE ALIMENTAÇÃO QUE RECEBEM. SEMPRE QUE POSSÍVEL É INTERESSANTE MELHORAR AS CARACTERÍSTICAS DOS ESTERCOS PELA ADIÇÃO DE NUTRIENTES E POR PROCESSOS DE COMPOSTAGEM, TORNANDO O MATERIAL MAIS EFICIENTE COMO ADUBO. VAMOS CONHECER ALGUMAS FORMAS DE UTILIZAÇÃO DOS ESTERCOS: - APLICAÇÃO DIRETA NO SOLO: É A MANEIRA MAIS COMUM E MENOS EFICIENTE, COM POUCOS RESULTADOS NO MÉDIO PRAZO. INDICADO APENAS PARA SOLOS QUE JÁ POSSUEM BOA FERTILIDADE E ABRIGAM UMA VIDA INTENSA.

16


- EM FORMA DE COMPOSTO: OS RESULTADOS SÃO MELHORES, POIS O MATERIAL JÁ APRESENTA CERTO GRAU DE DECOMPOSIÇÃO, COM GRANDE QUANTIDADE DE MICROORGANISMOS E NUTRIENTES DISPONÍVEIS PARA AS PLANTAS. - NA FORMA DE HÚMUS: O MATERIAL É DE ÓTIMA QUALIDADE APESAR DE PERMANECER POUCO TEMPO NO SOLO, PELO ALTO GRAU DE DECOMPOSIÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNCIA. INDICADO QUANDO SE REQUER RESULTADOS RÁPIDOS. - NA FORMA LÍQUIDA COMO BIOFERTILIZANTES: É MUITO INDICADO, POIS PROMOVE O AUMENTO DA FERTILIDADE DO SOLO, A NUTRIÇÃO DAS PLANTAS E SUA PROTEÇÃO CONTRA PRAGAS E DOENÇAS. PODE SER USADO DIRETAMENTE NO SOLO OU COMO ADUBO FOLIAR.

C. A COMPOSTAGEM A COMPOSTAGEM PODE SER FEITA COM OS MAIS DIVERSOS TIPOS DE MATERIAIS , DEVENDO SER ESCOLHIDOS AQUELES DISPONÍVEIS EM ABUNDÂNCIA NA PROPRIEDADE OU NA REGIÃO COM CUSTO REDUZIDO.PODEM SER UTILIZADOS OS ESTERCOS DE ANIMAIS, RESTOS DE COMIDA, VÍCERAS, PALHADA DE LEGUMINOSAS E GRAMÍNEAS, FOLHAS E RESTOS DE PODAS DE ÁRVORES, CAPINS PICADOS. A COMPOSTAGEM DEVE CONTER EM MÉDIA 1 PARTE DE MATERIAL RICO EM NITROGÊNIO PARA 3 PARTES DE MATERIAL RICO EM CARBONO. DESSA FORMA O PROCESSO DE FERMENTAÇÃO OCORRE DE MANEIRA SATISFATÓRIA, SEM APODRECIMENTO DA MASSA E NUM PERÍODO RELATIVAMENTE CURTO. O COMPOSTO FICA PRONTO EM 3 MESES EM MÉDIA, VARIANDO UM POUCO EM FUNÇÃO DA QUALIDADE DO MATERIAL, DA TEMPERATURA E DA UMIDADE. SUA APLICAÇÃO NO SOLO PODE SER FEITA A PARTIR DO MOMENTO EM QUE NÃO SÃO MAIS RECONHECIDOS OS MATERIAS DE ORIGEM DA PILHA, E A MASSA APRESENTE UM CHEIRO AGRADÁVEL LEMBRANDO O SOLO DE MATA.

17


D. OS BIOFERTILIZANTES ESSA FORMA DE ADUBAÇÃO É MUITO UTILIZADA NA AGROECOLOGIA PODENDO SER PREPARADO DE DIVERSAS MANEIRAS. DE FORMA GERAL É FEITA A DILUIÇÃO DE ESTERCOS DE ANIMAIS JUNTO COM RESTOS VEGETAIS. O MATERIAL PODE SER ENRIQUECIDO COM NUTRIENTES DE ACORDO COM AS NECESSIDADES DAS CULTURAS ONDE SERÁ APLICADO. PODE SER PREPARADO DE FORMA ANAERÓBICA (SEM A PRESENÇA DE AR) E AERÓBICA (NA PRESENÇA DE AR), DEIXANDO FERMENTAR POR ALGUNS DIAS ATÉ SUA ESTABILIZAÇÃO, PARA QUE OCORRA A AÇÃO DOS MICROORGANISMOS. VÁRIOS MATERIAIS PODEM SER UTILIZADOS PARA ENRIQUECER OS BIOFERTILIZANTES, TAIS COMO AS CINZAS DE MADEIRA, O MELAÇO, A FARINHA DE OSSOS, O PÓ DE ROCHAS, O LEITE, O CALCÁRIO, ETC. SUA APLICAÇÃO É FEITA EM VÁRIAS DILUIÇÕES EM ÁGUA, DE ACORDO COM O TIPO E ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DAS PLANTAS E O OBJETIVO QUE SER QUER ALCANÇAR, SOMENTE A NUTRIÇÃO OU O AUXÍLIO NO CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS.

E. OS SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAFs) CHAMAMOS DE SAF UMA ÁREA DE FLORESTA, NATURAL OU DE REFLORESTAMENTO, MANEJADA EM CONJUNTO COM CULTURAS COMERCIAIS DAS MAIS DIVERSAS ESPÉCIES COMO AS HORTALIÇAS, AS GRAMÍNEAS (ARROZ, MILHO), AS LEGUMINOSAS (FEIJÃO, SOJA), ÁRVORES FRUTÍFERAS, ÁRVORES PARA FORNECIMENTO DE MADEIRA, ETC. NA ÁREA PODERÃO TAMBÉM SER CRIADOS ANIMAIS PARA A PRODUÇÃO DE CARNE, LEITE, OVOS, SENDO DESEJÁVEL SUA INCLUSÃO NO SISTEMA. UM SAF PODE ASSUMIR VÁRIAS FUNÇÕES DENTRO DA PROPRIEDADE, COMO A RECUPERAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL, DAS ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE COMO NASCENTES E BEIRA DE CÓRREGOS, PARA TORNAR

18


PRODUTIVAS ÁREAS MAIS ÍNGREMES, QUE NÃO SE PRESTAM ÀS ATIVIDADES AGRÍCOLAS POR SEREM SUJEITAS A OCORRÊNCIA DE EROSÃO. O SUCESSO DE UM SAF DEPENDE DE UM BOM PLANEJAMENTO DE IMPLANTAÇÃO ONDE DEVEMOS CONSIDERAR: - PREPARAR UM CALENDÁRIO DAS ÉPOCAS DE PLANTIO DE TODAS AS CULTURAS ANUAIS QUE VAMOS PRODUZIR. - AVALIAR A DISPONIBILIDADE DE MUDAS E SEMENTES NA PROPRIEDADE E NA REGIÃO, DANDO SEMPRE PREFERÊNCIA PARA AS ÁRVORES NATIVAS E QUE PRODUZAM GRANDE QUANTIDADE DE BIOMASSA EM PERÍODO CURTO DE TEMPO. - DE ACORDO COM AS CARACTERÍSTICAS DO TERRENO, DESENHAR O SISTEMA PARA SUA IMPLANTAÇÃO. UMA SÉRIE DE BENEFÍCIOS SÃO PROPORCIONADOS PELA IMPLANTAÇÃO DE UM SAF NO SISTEMA PRODUTIVO, PODENDO SER CITADO: - AUMENTO DA BIODIVERSIDADE NA ÁREA. - REGULAÇÃO DO MICROCLIMA DA PROPRIEDADE. - PROTEÇÃO AOS RECURSOS HÍDRICOS. -GRANDE PRODUÇÃO DE BIOMASSA GARANTINDO SUSTENTABILIDADE NA ADUBAÇÃO DO SOLO PODENDO, INCLUSIVE, FORNECER MATÉRIA ORGÂNICA PARA OUTRAS ÁREAS DE PRODUÇÃO. F. O BOKASHI BOKASHI É UM TIPO DE COMPOSTAGEM ORIGINADO NO MOVIMENTO DE AGRICULTURA NATURAL NO JAPÃO. É UM ADUBO ORGÂNICO DA MAIS ALTA QUALIDADE E TEM COMO CARACTERÍSTICA A UTILIZAÇÃO DE MICROORGANISMOS CAPTURADOS NA PRÓPRIA ÁREA DA PROPRIEDADE, EM FLORESTAS OU BAMBUZEIROS. ESSES MICROORGANISMOS SÃO

19


ADAPTADOS AS CARACTERÍSTICAS DO CLIMA LOCAL E AGEM COM ALTA EFICIÊNCIA NA DECOMPOSIÇÃO DO MATERIAL. NO SEU PREPARO PODEM SER UTILIZADOS OS MAIS DIVERSOS MATERIAIS, COMO ESTERCOS, TORTAS E FARELOS DE OLEAGINOSAS E GRAMÍNEAS, PÓ DE ROCHAS, CÁLCARIO, CINZAS, RESTOS DE SEMENTE, FARINHAS DE PEIXE, SANGUE E OSSOS E TERRA DE BARRANCO. O PROCESSO DE FERMENTAÇÃO PODE SER AERÓBICO FICANDO PRONTO PARA USO EM 7 DIAS E ANAERÓBICO, FICANDO PRONTO EM 21 DIAS. POR POSSUIR CARCTERÍSTICAS DE RÁPIDO PREPARO E FERMENTAÇÃO E AINDA ALTO NÍVEL DE NUTRIENTE E MICROORGANISMOS BENÉFICOS, É UMA EXCELENTE FERRAMENTA PARA O AGRICULTOR DURANTE O PROCESSO DE INCREMENTO DA FERTILIDADE DO SOLO, NA NUTRIÇÃO DAS PLANTAS E MANUTENÇÃO DE SUA SAÚDE. PODE SER UTILIZADO NA ADUBAÇÃO BÁSICA DE PLANTIO, EM COBERTURA NO SOLO DURANTE O DESENVOLVIMENTO DAS PLANTAS E DILUÍDO EM ÁGUA PARA PULVERIZAÇÃO DA FOLHAGEM DAS PLANTAS. VÁRIAS SÃO AS FÓRMULAS DE PREPARO E O AGRICULTOR DEVE PROCURAR, COMO SEMPRE, AQUELAS MAIS ADEQUADAS ÀS SUAS CONDIÇÕES E NECESSIDADES DE SEUS CULTIVOS, LANÇANDO DE MATERIAIS DISPONÍVEIS E MAIS BARATOS.

20


CAPÍTULO 4. A AGROECOLOGIA E A PRODUÇÃO ANIMAL

VAMOS CONHECER AGORA UM POUCO DOS PRINCÍPIOS DA CRIAÇÃO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS DENTRO DA PROPRIEDADE AGROECOLÓGICA, ELEMENTO DE GRANDE IMPORTÂNCIA PARA A SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA PRODUTIVO.

21


4.1. PRINCÍPIOS A PRODUÇÃO ANIMAL BASEADA NA AGROECOLOGIA É REGIDA POR PRINCÍPIOS BÁSICOS, MUITO DELES SEMELHANTES AOS APLICADOS NA PRODUÇÃO VEGETAL. VAMOS CONHECÊ-LOS: A. ESCOLHA DE RAÇAS ADAPTADAS PARA A REGIÃO DE PRODUÇÃO. B. ADOTAR SEMPRE PRÁTICAS DE MANEJO QUE RESPEITEM O BEM ESTAR DOS ANIMAIS. C. REALIZAR UM BOM PLANEJAMENTO PARA A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS PARA A CRIAÇÃO, EVITANDO AO MÁXIMO A NECESSIDADE DE AQUISIÇÃO FORA DA PROPRIEDADE. D. ADOTAR SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO BASEADOS EM PASTAGENS. E. MANTER A SAÚDE DOS ANIMAIS COM O USO DE TÉCNICAS ALTERNATIVAS COMO A HOMEOPATIA, A FITOTERAPIA E A ACUPUNTURA. F. REALIZAR O BENEFICIAMENTO DOS PRODUTOS SEMPRE DE FORMA ECOLÓGICA, AGREGANDO VALOR PARA A PRODUÇÃO. G. VALORIZAR A COMERCIALIZAÇÃO LOCAL E REGIONAL DOS PRODUTOS, APROXIMANDO PRODUTORES E CONSUMIDORES E ELIMINANDO A PRESENÇA DE INTERMEDIÁRIOS.

4.2. ALIMENTAÇÃO A ALIMENTAÇÃO DOS ANIMAIS EM UM SISTEMA AGROECOLÓGICO DE PRODUÇÃO DEVE SER BASEADA EM PASTAGENS. O MÉTODO QUE MAIS ATENDE AOS CONCEITOS AGROECOLÓGICOS É O CHAMADO “PASTEJO RACIONAL VOISIN” (PRV). ESTE CONSISTE BASICAMENTE NA DIVISÃO DA ÁREA DE PASTO EM PIQUETES DIMENSIONADOS DE ACORDO COM AS CARACTERÍSTICAS E NECESSIDADES DO REBANHO.

22


OS ANIMAIS SÃO CONDUZIDOS A PASTEJAR POR PERÍODOS CONTROLADOS EM CADA PIQUETE, AO MESMO TEMPO QUE ADUBAM ESSES PIQUETES, URINANDO E DEFECANDO DURANTE O PASTEJO. BEM PLANEJADO E MANEJADO, O SISTEMA VOISIN PERMITE A OFERTA PERMANENTE DE ALIMENTOS DE ALTA QUALIDADE E QUANTIDADE PARA O REBANHO, COM A MÍNIMA PARTICIPAÇÃO DO PRODUTOR NO QUE SE REFERE A TRABALHO E UTILIZAÇÃO DE INSUMOS EXTERNOS À PROPRIEDADE. O SISTEMA VOISIN PODE SER ADOTADO COM SUCESSO PARA A CRIAÇÃO DE BOVINOS DE LEITE E CORTE, CAPRINOS, OVINOS, SUÍNOS E AVES. DURANTE O PERÍODO SECO E FRIO DO ANO, AS PASTAGENS NORMALMENTE NÃO PRODUZEM ALIMENTO SUFICIENTE PARA O REBANHO. TORNA-SE NECESSÁRIO QUE, DURANTE O PERÍODO CHUVOSO, SEJA PRODUZIDA E ESTOCADA UMA QUANTIDADE SUFICIENTE DE FORRAGEM PARA SUPRIR OS ANIMAIS NESSA ÉPOCA DE NECESSIDADE. A PRODUÇÃO DE MILHO, SORGO, CAPIM NAPIER, CANA FORRAGEIRA, GIRASSOL, ENTRE OUTROS, ATENDE BEM ESSA NECESSIDADE E PODE SER ESTOCADA ATRAVÉS DA SILAGEM, FENAÇÃO, ROLÃO DE MILHO E OS PRÓPRIOS GRÃOS SECOS. É IMPORTANTE LEMBRAR QUE A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS PARA OS REBANHOS DEVE SER REALIZADA SEMPRE DENTRO DOS PRINCÍPIOS DA AGROECOLOGIA, VISTOS QUANDO TRATAMOS DA PRODUÇÃO VEGETAL. A ALIMENTAÇÃO BASEADA EM PASTAGENS SEGUINDO AS ORIENTAÇÕES DO PASTEJO RACIONAL VOISIN CONSISTE NA CHAVE DO SUCESSO DA PRODUÇÃO ANIMAL AGROECOLÓGICA, PROMOVENDO VÁRIOS BENEFÍCIOS, TAIS COMO: - AUMENTO DA PRODUTIVIDADE DO REBANHO. - MELHOR SANIDADE DOS ANIMAIS FACILITANDO O CONTROLE DE PARASITAS EXTERNOS E INTERNOS. - MENOR CUSTO DE PRODUÇÃO.

23


- MAIOR CAPACIDADE DE SUPORTE (Nº DE ANIMAIS) DA PROPRIEDADE AO LONGO DO TEMPO PELA EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DOS PASTOS. - DISPONIBILIDADE DE ALIMENTO DE ALTO VALOR NUTRITIVO PARA OS ANIMAIS A BAIXO CUSTO. - AUMENTO DA FERTILIDADE DO SOLO.

4.3. A SAÚDE DOS ANIMAIS UM AMBIENTE ADEQUADO AOS ANIMAIS COM DISPONIBILIDADE DE ALIMENTOS DE ALTA QUALIDADE PERMITE QUE ELES MANIFESTEM SUAS CAPACIDADES NATURAIS DE DEFESA CONTRA AS DOENÇAS E OS PARASITAS. PORÉM, SE NECESSÁRIO ALGUM TRATAMENTO, DEVE SER FEITO PRIORITARIAMENTE ATRAVÉS DO USO DE TERAPIAS ALTERNATIVAS COMO A HOMEOPATIA, A FITOTERAPIA E A ACUPUNTURA, POR EXEMPLO. FUNDAMENTAL É A ADOÇÃO DE PRÁTICAS QUE PROMOVAM O BEM ESTAR ANIMAL, CONDENSADAS EM CONCEITOS CONHECIDOS COMO “AS CINCO LIBERDADES”. EM REBANHOS EQUILIBRADOS E PRODUTIVOS, OS ANIMAIS DEVEM ESTAR: 1. 2. 3. 4. 5. 6.

LIVRES DE FOME E DE SEDE. LIVRES DE DESCONFORTOS. LIVRES DE DOR, FERIMENTOS E DOENÇAS. LIVRES PARA EXPRESSAR SEU COMPORTAMENTO NATURAL. LIVRES DE MEDO E ESTRESSE.

4.4. O BENEFICIAMENTO DOS PRODUTOS A AGROECOLOGIA PRECONIZA O BENEFICIAMENTO DOS PRODUTOS DE FORMA ECOLÓGICA, RESPEITANDO OS REQUISITOS FUNDAMENTAIS DE HIGIENE E CONTROLE SANITÁRIO. NÃO SÃO ADICIONADAS SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS TAIS COMO

24


CONSERVANTES, ESPESSANTES E CORANTES. EXISTEM ALGUNS CONSERVANTES NATURAIS QUE PODEM UTILIZADOS. OS ALIMENTOS DEVEM SER PROCESSADOS DE FORMA A MANTER SEUS VALORES BIOLÓGICOS PARA A ALIMENTAÇÃO HUMANA, PRESERVANDO AS ENZIMAS, VITAMINAS, PROTEÍNAS, SAIS MINERAIS, ALÉM DOS MICROORGANISMOS BENÉFICOS PARA A FLORA INTESTINAL.

4.5. A COMERCIALIZAÇÃO SEGUINDO OS CONCEITOS E OBJETIVOS QUE REGEM A AGROECOLOGIA, A PRÁTICA DO CHAMADO “COMÉRCIO JUSTO” DEVE RECEBER ESPECIAL ATENÇÃO. O COMÉRCIO JUSTO PREVÊ: A. INDEPÊNCIA E VALORIZAÇÃO DO PRODUTOR. B. PARTICIPAÇÃO ATIVA DO CONSUMIDOR COM ACESSO A PRODUTOS DE ALTA QUALIDADE COM PREÇOS MAIS BAIXOS. C. COMÉRCIO LOCAL E REGIONAL REDUZINDO O TEMPO E A DISTÂNCIA ENTRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO. D. REDUÇÃO NA UTILIZAÇÃO DE ENERGIA NO TRANSPORTE, PRESERVANDO OS RECURSOS NATURAIS DO PLANETA. E. DESENVOLVIMENTO DAS COMUNIDADES LOCAIS PELO APORTE DE RECURSOS FINANCEIROS. AS AÇÕES REALIZADAS DENTRO E FORA DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO POSSUEM IMPORTÂNCIA SEMELHANTE, RESULTANDO EM SENSÍVEIS GANHOS PARA TODA A COMUNIDADE. NESTE SENTIDO, A CONSCIENTIZAÇÃO DOS CONSUMIDORES SOBRE TODOS OS BENEFÍCIOS ADVINDOS DA OPÇÃO POR ADQUIRIR PRODUTOS DE BASE ECOLÓGICA, É FUNDAMENTAL PARA QUE ESSAS AÇÕES SEJAM BRINDADAS COM O SUCESSO.

25


“ESPERAMOS QUE AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTAS PÁGINAS POSSAM AUXILIAR O DESENVOLVIMENTO DE MODELOS DE PRODUÇÃO ECOLÓGICOS E SUSTENTÁVEIS, BASEADOS NA AGROECOLOGIA. QUE POSSAM ESTIMULAR A BUSCA CONSTANTE DE NOVOS CONHECIMENTOS, SEJA PELA OBSERVAÇÃO DOS PROCESSOS DA NATUREZA, SEJA PELA CONSULTA ÀS INFORMAÇÕES GERADAS PELOS NOSSOS CIENTISTAS” “O PRODUTOR AGROECOLÓGICO É ANTES DE TUDO UM GRANDE OBSERVADOR”

ENG AGR JOÃO MARCELINO DA SILVA

26


BIBLIOGRAFIA

- ALTIERI, Miguel. AGROECOLOGIA: BASES CIENTÍFICAS PARA UMA GRICULTURA SUSTENTÁVEL. 2002 - CAPORAL, Francisco Roberto e COSTABEBER, José Antonio. AGROECOLOGIA. ENFOQUE CIENTÍFICO E ESTRATÉGICO. AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL. 2002 - PRIMAVESI, A.M. MANEJO ECOLÓGICO DO SOLO: AGRICULTURA EM REGIÕES TROPICAIS. 2002 - PRIMAVESI, A.M. AGRICULTURA SUSTENTÁVEL. 1992

27


28


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.