Mitzi Bergallo | 2015
Al-Aldalus
As cores mouras de Granada
Exposição Empório Maria Maria | 2012
ateliê Joá
Visitei a Alhambra de Granada pela primeira vez ano passado, e percebi que valeu a pena esperar tantos anos para conhecêla. Compreendi que somente agora, com minha alma artística amadurecida e aberta, teria sido possível entregar-me ao feitiço e ao encanto emanado das mil e umas noites. Caminhei maravilhada por seus palácios e jardins, um conceito islâmico do paraíso que o Corão promete a seus fiéis. O Generalife é um poema de água, pela água e para a água, protagonista singular desse romance de jardim, flanqueada por roseiras, longas alamedas e velhos ciprestes, testemunhos de uma fertilidade mundana, plena de luzes e transparências. Absorvi o sol e a brisa quente das primaveras andaluzes, o amarelo dourado, o vermelho e o verde desbotados pelo tempo, e o constante som de água corrente, cintilando em fontes e cascatas. Al-Hamra: suas muralhas vermelhas deram abrigo a artistas e intelectuais árabes, berberes, judeus, moçárabes, cristãos e muladis, que ali buscaram refúgio no decurso das conquistas cristãs por todo Al-Andalus. Na despedida, compreendi a emoção de Boabdill, o último sultão, que chorou “como mulher” ao vislumbrar do alto do morro seu reino perdido para sempre. Então, ao deixá-la, pintei estas telas. Podem-se enxergar nelas pedaços dos tecidos dos caftans mouros, fragmentos dos gradis das sacadas de Granada, arabescos e mosaicos dos palácios, os mirtilos e as laranjeiras dos jardins serenos do Generalife, mas para mim, estão impregnadas da pujança, da força, do sentimento de uma cultura que escreveu a ferro e fogo sua história nas paredes da Alhambra.
Casa Cor Rio | 2013
Vale das Videiras, RJ
ateliĂŞ Vale das Videiras