A escola como um parque e o parque como uma escola

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A Escola como um Parque e o Parque como uma Escola: aprendizado atravĂŠs da paisagem


A Escola como um Parque e o Parque como uma Escola: aprendizado através da paisagem

Trabalho Final de Graduação 2º semestre de 2012

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

Aluna: Paula Mar ns Vicente Orientadora: Profª Dra . Catharina P. C. dos Santos Lima Ilustração da capa: Andressa e Ygor - alunos 5ª série EMEF Rogê Ferreira


Aos meus av贸s (em mem贸ria)


A

gradecimentos

À Deus por todas as pessoas que ele colocou em minha vida e tudo o que elas puderam acrescentar em meu aprendizado.

À Paula Oliveira, que me auxiliou na conclusão do Trabalho, além de ser uma amiga para todos os momentos.

À profª Catharina Lima, que acreditou até o final que esse trabalho era possível e não me deixou desis"r em nenhum momento.

Aos meus amigos da FAU, que tornaram os momentos di#ceis muito mais suportáveis e os momentos fáceis muito mais alegres durante esse tempo de permanência na faculdade – Ana Carolina, Caio, Érica Miguita, Érika Akemi, Fernanda, Guilherme, Jéssica, Lenita, Le$cia, Mariana, Verônica, Vitor.

À profª Márcia Penha que me mostrou qual deve ser o papel do educador e me auxiliou durante as a"vidades na Escola e no Parque. Ao Fernando de Araujo, Elizabeth Toledo e toda a equipe de funcionários e professores da EMEF Rogê Ferreira.

Aos meus pais, Sonia e Roberto, e as minhas irmãs, Eloisa e Beatriz, que me ajudaram a ser a pessoa que sou hoje, me deram todo o ae sempre acreditaram em mim.

Aos arquitetos Caio Boucinhas, Raul Pereira, Rulian Noci", Aline Santos e Leandro Fontana pelos momentos de conversas e trocas de conhecimento que me auxiliaram durante o TFG.

Em especial aos meus avôs, Carmen e Walter, e à minha "a, Angela, que par"ciparam de minha vida de uma maneira muito especial e deixam muita saudades.

À Vanessa Chinen que compar"lhou comigo as “aventuras” das descobertas do Parque Pinheirinho d’Água, durante nosso projeto de Extensão Universitária.


S

umário

Introdução Caracterização da área de estudo Localização Uso do solo

Processo histórico Parque Municipal Pinheirinho d’Água O Programa Municipal 100 Parques Projeto original para o Parque

Charrete com a EMEF Deputado Rogê Ferreira Resultados da Charrete

A Escola e a construção de uma sociedade mais par cipa va Processos par cipa vos com jovens e adultos na construção do espaço público Projeto Uma Fruta no Quintal O Parquinho no Butantã Praça da Criança

9 11 11 15

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45 49

55 57 57 58 60

Referências: Escola Parque, CEUs e Parque Escola 61 Escolas Classe Escola Parque CEUs – Centros Educacionais Unificados Parque Escola de Santo André

Diretrizes de intervenção: o Projeto Os passeios e as praças Os cercamentos Os acessos As trilhas Diretrizes gerais Áreas Específicas

Sínteses e Desafios Bibliografia

61 63 64

65 69 70 71 72 73 74

101 103


I

ntrodução

O presente Trabalho Final de Graduação (TFG) aborda a relação entre a Escola Municipal de Ensino Fundamental – EMEF – Deputado Rogê Ferreira e o Parque Municipal Pinheirinho D’Água. Essa interação, ou melhor, essa pouca interação atual, merece uma atenção especial quando se pensa na construção dos espaços de uso público e educa!vos dentro da cidade. A Escola, apesar de todo o processo de implantação ter sido bastante conturbado, caracteriza-se como um espaço peculiar, pois está em uma área favorecida dentro do Parque. Analisando esse aspecto privilegiado de estar em contato direto com a natureza, com a possibilidade da realização de diversas a!vidades educa!vas dentro deste espaço e todo o seu processo de construção despertaram-me grande interesse de estudo.

“Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle (...) deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escola que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.” Rubem Alves 9


cap

C

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aracterização da área de estudo

Localização O Parque Municipal Pinheirinho d’Água e a Escola Municipal de Ensino Fundamental – EMEF – Deputado Rogê Ferreira, estão situados na porção noroeste da cidade de São Paulo, na Subprefeitura de Pirituba, mais especificamente no distrito do Jaraguá. Estão localizados nas proximidades das rodovias Anhanguera e Bandeirantes e do Rodoanel Mário Covas. As principais vias de acesso são as Estradas de Taipas e do Corredor e as Avenidas Raimundo Pereira de Magalhães, Philonília Gonçalves dos Santos e Amador Aguiar. A paisagem natural apresenta elementos tes para a cidade, como o Pico do Jaraguá e a ra. É marcada também pela presença de empresas ral – as pedreiras – e pela ocupação habitacional da

muito importanSerra da Cantareide extração mineSerra da Cantareira.

Nas proximidades da área onde estão o Parque e a Escola há um destaque para importantes parques da região: Estadual do Jaraguá, Estadual da Serra da Cantareira, Municipal Anhanguera, Municipal São Domingos, Municipal Rodrigo Gasperi, Municipal Jardim Felicidade, Municipal Jacinto Alberto e Municipal Cidade de Toronto. Apesar da relevância destes parques para a cidade de São Paulo, a área do Parque Pinheirinho d’Água é caracterizada por atender um público em uma escala menor, próxima da do bairro. Alguns dos parques citados acima apresentam um raio de abrangência muito maior, chegando até a ter um caráter de reserva natural. Além disso, eles se encontram distantes, cerca de 3 a 5 km, das moradias do entorno do Pinheirinho d’Água e da EMEF localizada dentro dele, separados pelas rodovias Anhangüera, Bandeirantes ou ambas, que se caracterizam como uma barreira ao acesso a essas áreas de lazer.

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Mapa 01 Localização (Fonte: TFG Parque-escola: Um novo olhar sobre o Parque Pinheirinho d’Água)

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O Parque Pinheirinho d’Água está localizado na sub-bacia hidrográfica do Rio Juqueri e, portanto, na bacia do Alto Tietê. Sendo cortado por três córregos importantes – Vargem Grande ou do Fogo, Poço Grande e Pinheirinho d’Água – que se juntam e desembocam no Ribeirão Perus.

Mapa 02 Córregos que passam pelo Parque Pinheirinho d’Água (Fonte: hidrografia sobre imagem do Google Earth de 2009) 1. Córrego Pinheirinho d’Água 2. Córrego Poço Grande 3. Córrego Vargem Grande ou Córrego do Fogo

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Mapa 03 Micro Bacia da รกrea de estudo (Fonte: AUP 657 - Paisagismo: Sistema de Espaรงos Livres, 2004)

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Uso do solo O uso do solo do entorno do Parque e da Escola é fortemente caracterizado por residências horizontais auto-construídas e habitações ver!cais providas pelo poder público municipal e estadual. Com o crescimento populacional, a falta de moradias e a existência de terras disponíveis, o poder público realizou vários empreendimentos habitacionais próximos ao Parque. Mais recentemente, após o ano de 2003, outros inves!mentos começaram a ser feitos na região, o mercado imobiliário iniciou construções ver!cais e horizontais, do !po condomínios fechados, e novas indústrias também se instalaram no local, atraídas pela proximidade das rodovias Anhanguera, Bandeirante e pelo Rodoanel. Nesta área, o comércio não é muito significa!vo, prevalecendo apenas alguns estabelecimentos de abastecimento e serviços locais. Próximo ao Parque, um fator que merece destaque é a quan!dade de escolas públicas existentes; no total são oito escolas de ensino municipal e estadual, que atendem a todas as faixas etárias. Apesar de nos úl!mos anos ter ocorrido um aumento significa!vo de habitações e serviços, a região ainda é bastante carente de infraestrutura básica, de transporte cole!vo, de habitações dignas, de locais de convivência e lazer, dentre outros.

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Mapa 04 Uso Predominante do Solo (Fonte: dados coletados em campo sobre imagem Google Earth 2009) Parque Residências Escolas Indústrias Comércio UBS

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Mapa 05 Escolas do entorno (Fonte: dados coletados em campo sobre imagem Google Earth 2009) 1. EMEF Dep. Rogê Ferreira 2. EE República da Argen!na 3. CEI Jaraguá 4. CEI Jardim das Orquídeas 5. EMEI Profº Antonieta de Barros 6. EMEF Dr. José Kauffmann 7. CEI Milton Santos 8. EMEF Pe. Leonel Franca 9. CEI Jardim Rincão 10. ETEC Jaraguá

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cap

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P

rocesso histórico

Segundo Paulo Gonçalves1 , a atual área do Parque Pinheirinho d’Água era, originalmente, uma grande gleba de caráter e parcelamento industrial que pertencia à Companhia City, empresa loteadora de grandes porções de terras em São Paulo. Apenas na década de 1990 é que parte desta gleba começa a ser ocupada pelo Movimento de Moradia que buscava a construção de habitações dignas naquela região. O Parque Pinheirinho d’Água foi construído com a luta do Movimento do Conjunto Vila Verde, localizado a sua frente. O projeto realizado contou com o professor Reginaldo Ronconi, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, baseado nas discussões com os futuros moradores. Os edi!cios foram construídos em regime de mu"rão com recursos do Estado e do Município e apresentam qualidade superior aos edi!cios vizinhos, que são projetos da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

1 GONÇALVES, Paulo Cássio de Moraes. Construção cole"va da paisagem: processos par"cipa"vos com comunidades escolares. Dissertação (mestrado) FAUUSP. São Paulo, 2005.

Vista do Parque junto ao Conjunto Habitacional (Fonte: acervo Charrete 2002)

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Dentro deste grupo de moradores que lutou para a construção de moradias dignas exis a a consciência de que “morar não é só da porta para dentro”, mas também deve-se pensar no entorno, nos espaços públicos de convivência e lazer. Dentro desse pensamento, os moradores do condomínio Vila Verde reservaram uma área em frente aos edi cios para futuramente ser construído um parque – o atual Parque Pinheirinho d’Água.

As discussões para a construção do Parque iniciaram-se no ano 2000. A primeira reunião teve a par cipação de representantes de parte da comunidade do entorno (especificamente do Condomínio Vila Verde), de professores da EMEF Deputado Rogê Ferreira, representantes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), da Subprefeitura de Pirituba e de polí cos interessados no assunto. Desta primeira reunião, cada um dos setores par cipantes saiu com uma função: - a comunidade ficou responsável por requerer à CDHU a transferência da posse da terra do futuro Parque para a SMMA; - os professores da EMEF ficaram encarregados de discu r questões referentes ao papel da Escola e do Parque dentro da comunidade;

Vista da área do Parque antes de sua implantação. (Fonte: acervo Charrete 2002)

- a Secretaria Municipal do Meio Ambiente se responsabilizou pelo esboço do projeto para o Parque. O diretor do DEPAVE (Departamento de Parques e Áreas Verdes) da SMMA, o arquiteto Caio Boucinhas, entrou em contato com professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP) e propôs uma ação conjunta para a elaboração de possibilidades de projetos. - a Subprefeitura de Pirituba ficou responsável pelo cercamento da gleba onde seria construído o Parque para evitar invasões.

Vista da área do Parque antes de sua implantação. (Fonte: acervo Charrete 2002)

Nos anos de 2001 e 2002, junto com a professora Nídia Pontuschka, da Faculdade de Educação da USP (FE-USP), professores de Pirituba realizaram um curso denominado “Metodologia para estudo do meio para análise de um Parque Urbano”, com o obje vo de estudar o contexto social, cultural e urbano da inserção de um Parque Municipal. Depois das reflexões desenvolvidas no curso, alguns professores iniciaram projetos em suas escolas, tendo com objeto de estudo o futuro Parque que seria implantado próximo às mesmas. Esse início do processo contou com a par cipação das escolas: EMEF Antonio Rodrigues de Campos, EMEF José Kauffmann, EMEF Pe. Leonel Franca, EMEF Prof. Luis David Sobrinho, EMEF Dep. Rogê Ferreira, EE Íta-

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lo Batarello, EE Conjunto Habitacional Voith, EE Friedrich Von Voith, EE Parque das Nações Unidas, todas localizadas nas proximidades do Parque. Em setembro de 2001 foram encaminhadas e discu!das propostas de cada escola para realizar a eleição do nome do futuro Parque. As comunidades escolares envolvidas elaboraram todo o processo eleitoral – regras, convites para a par!cipação dos vizinhos e jus!fica!vas dos nomes elencados. O nome ganhador desse processo foi “Pinheirinho d’Água”, em homenagem a uma planta aquá!ca existente nos ranchos da região e que é também nome de um dos córregos que passa pela área. No ano de 2002, o desenvolvimento do trabalho com os alunos das escolas da região teve con!nuidade com a discussão de “o que é um parque urbano?” e com visita realizada ao Parque Municipal Cidade de Toronto, com base #sica muito semelhante ao do Pinheirinho d’Água. Para entendimento do que estavam estudando, além da visita ao local, os alunos registraram pontos interessantes, elaboraram e aplicaram ques!onários para compreender como eram os usos do parque pelos moradores e também quais as alterações e melhorias que eles esperavam para esse espaço livre público. Com os dados levantados e registrados pelos alunos, foi feita uma comparação com a área do futuro Parque. Sen!u-se, então, a necessidade de estudar esta área para que pudesse atender aos desejos de lazer dos estudantes e da comunidade do entorno. Dessa a!vidade par!ciparam alunos da EMEF Dep. Rogê Ferreira, orientados pela professora Márcia Penha Rezende.

Alunos realizando visitas e estudo do meio na área do futuro Parque. (Fonte: acervo Charrete 2002)

Alunos realizando visitas e estudo do meio na área do futuro Parque. (Fonte: acervo Charrete 2002)

No segundo semestre de 2002, em parceria com a disciplina de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, coordenada pelos professores Catharina Lima e Paulo Pellegrino, foram aplicados, pelos alunos da EMEF Dep. Rogê Ferreira, ques!onários aos moradores do entorno do futuro Parque, a fim de iden!ficar quais os desejos para aquela área. Foi realizada uma oficina com os alunos da 6ª série da EMEF Dep. Rogê Ferreira para a confecção de uma maquete que auxiliasse no entendimento do relevo e das restrições existentes no terreno . Os alunos aprenderam a ler plantas e mapas e entenderam as restrições ambientais a determinados usos em áreas de proteção ambiental do Parque. Além da oficina de maquetes, foram realizadas visitas para estudo da área, nas quais os alunos foram capacitados a compreender o meio #sico em que estavam trabalhando. Depois dessas visitas foram realizados projetos que manifestavam os desejos dos alunos embasados na realidade que já estavam se familiarizando.

Leitura de foto aérea do Parque | Execução de maquete do Parque (Fonte: acervo Charrete 2002)

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Maquete desenvolvida pelos alunos (Fonte: acervo Charrete 2002)

Apresentação dos projetos elaborados (Fonte: acervo Charrete 2002)

Em outubro de 2002, foi organizada uma oficina com a comunidade do entorno do futuro Parque, com os alunos da EMEF Deputado Rogê Ferreira, com a professora Márcia Rezende, com alunos e professores do curso da pós-graduação da FAU-USP, com arquitetos e técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. O obje vo dessa oficina foi o preenchimento de um ques onário e a produção de plantas que representavam os desejos para o Parque.

O material produzido e apresentado nesta oficina foi encaminhado para a análise dos alunos da pós-graduação da FAU-USP, que durante uma semana de trabalho intenso, sinte zaram as propostas da comunidade e produziram quatro projetos. Esse processo foi chamado de Charrete, fazendo referência a um processo de imersão projetual que acontecia nas escolas de Arquitetura e Belas Artes de Paris, no final do século XIX, onde os alunos deveriam projetar em um curto período de tempo e ao final de cada prazo es pulado, uma charrete (carrinho) passava para recolher os trabalhos finalizados.

Produção do projeto durante oficina | Produção do projeto durante oficina (Fonte: acervo Charrete 2002)

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Seguem imagens dos principais cada equipe da Pós-Graduação da

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pontos desenvolvidos por FAU-USP para o projeto:

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2 Mapa 06 Proposta elaborada pelos alunos da equipe 01

1. Relação direta entre o Parque e o entorno 2. Mirante no ponto mais elevado do Parque. (Fonte: acervo Charrete 2002 )

(Fonte: acervo Charrete 2002)

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2 Mapa 07 Proposta elaborada pelos alunos da equipe 02 (Fonte: acervo Charrete 2002)

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1. Brinquedos junto ao brejo. 2. Ciclovia passando junto ao passeio de pedestres. (Fonte: acervo Charrete 2002 )


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2 Mapa 08 Proposta elaborada pelos alunos da equipe 03 (Fonte: acervo Charrete 2002)

1. Calรงadas amplas que, por vezes, formam pequenas praรงas na borda do Parque. 2. Observatรณrio de pรกssaros. (Fonte: acervo Charrete 2002 )

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Mapa 09 Proposta elaborada pelos alunos da equipe 04 (Fonte: acervo Charrete 2002)

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1. Mirantes para o Parque. 2. Caminho suspenso passando junto as copas das รกrvores. (Fonte: acervo Charrete 2002 )

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No final de 2002, as quatro equipes da pós-graduação realizaram uma exposição para a apresentação dos projetos elaborados com base nos documentos e discussões produzidos durante as oficinas e que representavam os desejos da comunidade escolar. Foi realizada uma reunião com técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente para a produção de um projeto síntese e, desde então, as lideranças começaram a lutar para dar con"nuidade ao processo já iniciado, que culminaria na implantação do Parque.

Apresentação dos trabalhos da FAU-USP para a comunidade (Fonte: acervo Charrete 2002)

Até os primeiros meses de 2004 nada havia sido feito, apenas a contratação do projeto execu"vo ao escritório do arquiteto e paisagista Raul Pereira, que também havia par"cipado das oficinas com a comunidade. Será nesse mesmo ano, devido a interesses polí"cos e desrespeitando o projeto execu"vo do Parque que estava em desenvolvimento, que outra secretaria Municipal decide subs"tuir edi#cio de la"nha – construções com estruturas e fechamentos metálicas – da EMEF Deputado Rogê Ferreira, implantando um novo edi#cio de alvenaria em uma área pertencente ao Parque, onde estava previsto uma espécie de “terreiro” (expressão usada pela população local) para apresentações e manifestações dos moradores. O projeto do edi#cio de alvenaria para abrigar a EMEF passou por muitos conflitos no diálogo com o poder público até chegar ao atual que foi implantado. A an"ga localização da Escola, em frente à atual implantação e ao Parque Pinheirinho d’Água, se dava próxima a uma nascente, que foi um dos mo"vos apresentados para não ocupar o mesmo terreno com a construção defini"va. Devido a questões polí"cas, fim do mandato na Prefeitura e a necessidade de subs"tuição de todas as escolas de la"nha, optou-se pela construção em área pertencente ao futuro Parque. Sendo assim, técnicos da EDIF (Departamento de Edificações da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras/ SIURB, da Prefeitura Municipal de São Paulo) projetaram um edi#cio suspenso para liberar o térreo da construção ao uso público e não obstruir a visão do Parque. Devido à urgência dada pela proximidade da troca de prefeitos, este projeto que vinha sendo pensado foi subs"tuído por um projeto padrão de edi#cio escolar já u"lizado pela Prefeitura. Em conversa com os arquitetos Alexandre Delijaicov, na época arquiteto da EDIF responsável pelo projeto suspenso para a Escola, e André Takyia, na época chefe de departamento da EDIF, foi informado que após a produção de um projeto diferenciado para obras públicas não há um domínio por parte do autor das etapas seguintes deste processo. Muitas vezes os projetos propostos não são implantados por questões financeiras e morosas, já que seriam necessários custos e tempo maiores para licitação e produção do

Alunos em reunião com o secretário do Meio Ambiente (Fonte: acervo Charrete 2002)

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projeto execu!vo e para o orçamento e licitação da obra, até chegar à realização da mesma, o que demoraria cerca de um ano e meio a mais quando comparado com a execução de projetos padrão implantados pela Prefeitura, onde é necessária apenas uma adequação ao terreno escolhido. Em 2005, com a troca de prefeito (mandato Marta Suplicy/ PT para mandato José Serra/ PSDB) e dos representantes das Subprefeituras e das Secretarias, uma nova reunião é marcada com a comunidade do entorno do Parque e da Escola e representantes locais, mas a revisão do projeto da Escola não tem sucesso e o processo de construção do edi"cio se finaliza até o final do mesmo ano. Em outubro de 2005 o projeto execu!vo final do Parque é apresentado para a população com a finalidade de que os moradores pudessem acompanhar e discu!r o andamento da obra. Porém, isso não ocorreu e com o passar dos anos vê-se descaso e falta de sensibilidade das úl!mas gestões para escutar os apelos da comunidade escolar, contribuindo para uma desmobilização dos moradores e a criação de um sen!mento de não pertencimento da população ao local onde vive. Em 2009 ocorre a finalização das obras e a inauguração do Parque. Entretanto, muitas das discussões, dos desejos da comunidade e do projeto execu!vo realizado não são respeitados e o Parque é entregue sem uma das suas principais caracterís!cas: as áreas de convívio formadas pelo alargamento das calçadas, que deveriam configuram “praças que abraçam o Parque”. Em 2010, constatada a insa!sfação com a implantação desrespeitosa do processo par!cipa!vo do Parque, a FAU-USP é contatada, através da professora Catharina Lima, para auxiliar no processo de apropriação do Parque Pinheirinho d’Água, agora implantado, porém em estado de abandono pela Prefeitura Municipal. Em 2011, eu, juntamente com, a também aluna da graduação da FAU-USP, Vanessa Kawahira Chinen, e sob a orientação da professora Catharina Lima, iniciamos o trabalho de Extensão Universitária no Parque – Por um Parque vivo: a luta de uma comunidade pelo espaço público – com o obje!vo de compreender os mo!vos da não formalização e da não apropriação, por parte da comunidade local, do Parque Pinheirinho d’Água, tendo em mente as questões

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sociais e territoriais ali envolvidas. Além disso, buscávamos inves!gar possíveis medidas e elaborar propostas para retomar a mobilização social já iniciada, que culminou no projeto do Parque. Uma medida adotada para resgatar esse movimento foi a u!lização do potencial da Escola para reverter o processo de abandono e descaso com o Parque, entretanto, o trabalho de Extensão não teve em seu escopo a realização de um projeto, diferentemente do TFG aqui desenvolvido. O trabalho de Extensão Universitária se desenvolveu com a metodologia da pesquisa-ação, onde ocorreu interação entre pesquisadores e pessoas envolvidas na situação estudada, resultando na escolha das prioridades dos assuntos abordados e no incen!vo às ações concretas. Segundo Michel Thiollent, “a pesquisa-ação é do po de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com uma resolução de um problema cole vo e no qual os pesquisadores e os par cipantes representa vos da situação ou do problema estão envolvidos de modo coopera vo ou par cipa vo (...), a par cipação das pessoas implicadas nos problemas inves gados é absolutamente necessária.” (THIOLLENT, 2008, p. 16-17). Após contato com o Parque e o desenvolvimento de a!vidades ali propostas, o local foi surpreendido, em maio de 2012, por um crime ambiental que a!ngiu parte da Área de Preservação Permanente (APP) de um dos córregos e de sua nascente, além de derrubar algumas árvores. Foram depositados na área do Parque terra e entulhos provenientes da construção civil que, segundo relatos não oficiais, possuem um volume aproximado à capacidade de 1000 caminhões, gerando um aterro de grandes proporções. Até o presente momento não temos informações precisas sobre os responsáveis por esse ato, mas o processo encontra-se em análise no Ministério Público.


Ă rea do crime ambiental ocorrido (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)

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cap

3

P

arque Municipal Pinheirinho d’Água

O Programa Municipal 100 Parques Segundo dados presentes no site da Prefeitura Municipal de São Paulo, o projeto do Parque Municipal Pinheirinho d’Água faz parte de um programa iniciado em 2008 que visa implantar cem parques até o final do ano de 2012. “O Programa 100 Parques para São Paulo, lançado em janeiro de 2008, levantou e reservou áreas para serem transformadas em parques em diversas regiões da cidade. A cidade nha 34 parques municipais em 2005 (15 milhões de m² de área protegida municipal), passou para 60 parques em 2009 (24 milhões de m²) e a meta é chegar a 100 parques em 2012 (50 milhões de m²). Entre estes parques, além dos tradicionais – parques com áreas de biodiversidade, lazer, cultura – temos também os parques lineares (saneamento, combate a enchentes, reurbanização e lazer) e parques naturais (proteção à biodiversidade). Além disso, os parques, antes concentrados em algumas subprefeituras, estão equilibradamente distribuídos por toda a cidade” (Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br)

Os propósitos deste programa idealizado pela Prefeitura de São Paulo, através da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, se mostram muito interessantes, entretanto, algumas considerações ao modo de implantação e à gestão desses espaços merecem ser destacadas. O programa, que inicialmente previu a construção de 100 novos parques, construiu apenas 81 destes espaços até junho de 2012, segundo campanha publicitária realizada pela Prefeitura Municipal de São Paulo. De todos aqueles já construídos, alguns foram entregues para a população sem a implantação de alguns dos equipamentos previstos, como é o caso das áreas de recreação infan"l que foram inauguradas sem os brinquedos. A gestão para manutenção destes espaços foi prejudicada, durante alguns períodos, com a finalização, sem renovação ou nova contratação, das empresas de segurança e das paralisações dos funcionários públicos responsáveis pela manutenção dos parques. A falta de inves"mento e o descaso do poder público em relação à situação #sica dos parques, os crimes ambientais e a falta de programação nestes espaços

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também é um elemento de grande crí!ca ao programa, pois muitas das áreas implantadas dentro do Programa 100 Parques (mais de 75 %) estão em porções não centrais da cidade, carentes em espaços de lazer e com grande necessidade de preservação de áreas verdes, e não recebem a devida atenção do poder público.

• região centro-oeste - 1,197 km² de espaços verdes ao ar livre (0,95 m²/hab); • zona leste tem 7,721 km² de espaços verdes ao ar livre (1,90 m²/hab); • zona norte, 10,222 km² de espaços verdes ao ar livre (4,67 m²/hab); • zona sul, 2,551 km² de espaços verdes ao ar livre (0,71 m²/hab). (Fonte: www.recanta.org.br)

No mesmo site da Prefeitura, onde é apresentado o Programa Municipal 100 Parques, há também uma menção às reformas e manutenção realizadas nos parques:

Tabela 1 Dados Programa 100 Parques (Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br) Macroregião

“Todos os parques passaram por reformas pontuais, incluindo ações como troca de gradil, revisão de instalações elétricas e hidráulicas, pintura, serviços de alvenaria, troca de piso, reforma de calçada etc. No Parque da Aclimação foram gastos R$ 4 milhões em melhorias, grande parte no lago. O Parque do Carmo ganhou, no centenário da imigração japonesa, uma escultura de granito simbolizando os laços entre Brasil e Japão, de autoria do ar sta japonês Kota Kinutani. No Parque Ibirapuera, dois importantes equipamentos cien fico-culturais foram restaurados, oferecendo acessibilidade universal: o Planetário do Ibirapuera e a Escola de Astro sica, que hoje funcionam plenamente oferecendo ao paulistano oportunidade de ampliar conhecimentos sobre as estrelas e os planetas. Os parques passam por adequações para promover acessibilidade universal. O processo começou pela reforma dos sanitários e con nuará nas reformas pontuais que forem realizadas.” (Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br)

É curioso observar que apenas parques de grande visibilidadesão citados na aplicação de verbas para obras de melhorias, enquanto que muitos dos novos parques, principalmente os localizados em áreas mais periféricas, construídos dentro do Programa 100 Parques, são esquecidos pelos inves!mentos públicos de melhorias para uso da população. Divulgado pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, foi feito um levantamento pela Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), em 2009, da área total de parques, municipais e estaduais, para cada região da cidade, apresentando os seguintes resultados:

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Zona Leste Zona Norte Zona Centro Oeste Zona Sul TOTAL

Existentes 2005 07 parques 07 parques 10 parques 10 parques 34 parques

Impalntados a par!r de 2005 20 parques 06 parques 10 parques 11 parques 47 parques

Situação Atual (abril/2012) 27 parques 13 parques 20 parques 21 parques 81 parques

Projeto original para o Parque Como já foi apresentado anteriormente, o projeto do Parque Pinheirinho d’Água é resultado da luta dos moradores e foi construído cole!vamente entre a população, a FAU-USP e a SMMA. Ele foi idealizado durante oficinas com a comunidade e escolas próximas ao Parque, !veram suas ideias expressadas através de quatro propostas realizadas por alunos da FAU-USP, que respeitaram todo o processo de discussão com a comunidade e foi aprovado pelo poder público municipal. O programa elaborado para o Parque foi resultado das sugestões apresentadas pelos moradores, onde apareciam: brinquedos, bosque de leitura, creche, centro de educação ambiental, lago, área para eventos, trilhas, mirantes, a!vidades para idosos, futebol (de campo, de salão e de areia), basquete, vôlei, pista para skate, centro de convivência, área para piqueniques, proteção da nascente, passarelas e deques sobre o brejo, local de reuniões e cursos, jardinagem; e também deveria atender as diretrizes do DEPAVE/ SMMA, como cita Caio Boucinhas: “atender ao


modelo de gestão dos parques municipais; incluir um Centro de Educação Ambiental e um Centro de Convivência; planejar o uso racional da água e luz; valorizar os recursos hídricos, a flora e a fauna locais; manter altas taxas de permeabilidade do solo; possibilitar grande diversidade de usos; valorizar os percursos de pedestres e ciclistas; definir percursos de veículos apenas para manutenção e emergências; adotar soluções simples e cria vas; assegurar um processo par cipa vo em todas as etapas de disciplina; procurar viabilizar as conexões propostas pelo Plano Diretor (corredores verdes e parques lineares)”. (BOUCINHAS, 2005, p.99) As quatro propostas elaboradas pelos estudantes da pós-graduação da FAU-USP, desenvolvidas durante a Charrete, apresentavam alguns pontos em comum, que valorizavam os elementos naturais da área e possibilitavam conexões visuais com outros pontos da cidade, como foram: as propostas de uso da água, através do contato com os córregos e da implantação de brinquedos aquá!cos; a ideia do parque-praça, onde as APPs eram preservadas, possibilitando um uso mais intenso das bordas; os mirantes, privilegiando as visuais do Pico do Jaraguá e da Serra da Cantareira; os caminhos palafitados sobre os brejos; e a preocupação em recuperar e valorizar os recursos naturais, nascentes, córregos e vegetação. Depois da elaboração dessas quatro propostas, houve uma nova discussão, junto

aos técnicos do DEPAVE, para a elaboração de um projeto síntese, que posteriormente teve seu projeto execu!vo desenvolvido pelo escritório do arquiteto e paisagista Raul Pereira e foi implantado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente. O projeto final do Parque, que foi parcialmente implantado, apresentava diretrizes de preservação ao mesmo tempo em que incen!vava o uso permanente das praças e das largas calçadas propostas para suas bordas. Foram definidas “11 áreas no entorno do parque, áreas essas com topografia mais adequada, planas e estáveis, para a vidades de usos intensivo, interligadas por alamedas arborizadas, ciclovias e trilhas, com praças, mirantes, Centro de Convivência, Centro de Educação Ambiental, quadras e campos espor vos, playgrounds, matas recuperadas, jardins e edi cios des nados à administração, sanitários e ves ários. Considero que, ao lado da necessária adequação das propostas às limitações, normas e regras próprias dos espaços públicos, acessibilidade universal, materiais mais apropriados, dimensionamentos mais precisos, edificações padronizadas, poderia ter havido um aproveitamento mais cria vo e inovador das propostas. O projeto valoriza adequadamente as áreas planas do entorno, mas não viabiliza as ligações desejáveis para interligá-las, facilitando os acessos, a circulação e os diferentes usos pelos moradores.” (BOUCINHAS, 2005, p.109)

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Mapa 10 Implantação: áreas executadas e áreas não executadas. (Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.) Áreas Executadas

Áreas Não Executadas

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Área 1 | O Terreiro

Vista do projeto realizado (Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

A implantação do edi!cio de alvenaria da EMEF Rogê Ferreira sobre a área do Terreiro. (Fonte: imagem re"rada do Google Earth)

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Área 2 | Praça da Ferradura

Vista do projeto realizado (Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

A implantação incompleta do espaço. (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)

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Ă rea 3 | Campo de futebol e Churrasqueiras

Vista do projeto realizado (Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Vista do campo de futebol. (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)

Vista das churrasqueiras. (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)

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Área 4 | Praça Paulo Reis de Magalhães

Implantação projetada (Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Vista parcial do espaço com o campo de areia (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)

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Vista da parte dos skates; problemas de drenagem e de execução das rampas (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)


Área 5 | Espaço do Centro de Educação Ambiental

Vista da área do Centro de educação Ambiental (Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Vista a par!r do Parque para o Centro de Educação Ambiental e Cancha de bocha. (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)

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ร rea 6 e 7 | Praรงas na borda do Parque Projeto de praรงa voltada para a Avenida Amador Aguiar (Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Projeto de praรงa voltada para a Avenida Amador Aguiar (Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

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Área 8 | Praça na borda do Parque

Projeto de praça voltada para a Avenida Amador Aguiar (Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Vista a par!r da Avenida Amador Aguiar sem a implantação das praças. (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)

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ร rea 9 e 10 | Praรงas na borda do Parque Projeto de praรงa voltada para a Estrada do Corredor (Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Projeto de praรงa voltada para a Estrada do Corredor (Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

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Área 11 | Praça na borda do Parque – Projeto de praça voltada para a Estrada do Corredor (Fonte: arquivo Raul Pereira Arquitetos Associados.)

Vista a par!r Estrada do Corredor sem a implantação das praças (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)

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Das 11 áreas projetadas, apenas 4 foram implantadas e, mesmo assim, não respeitaram o projeto previsto, com ausência de alguns equipamentos propostos. Após visitas ao Parque e análise do projeto proposto e do projeto implantado, foi possível fazer um balanço da situação atual desse espaço e iden!ficar os principais problemas rela!vos ao espaço natural e ao atendimento à população. O espaço natural enfrenta dificuldades em relação ao solo – deslizamentos, erosões e drenagem –, à água – poluição dos córregos pelo esgoto domés!co e lixo e a falta de visibilidade deste elemento – e à flora e fauna – não teve um plan!o respeitoso ao projeto original, falta manejo e manutenção da vegetação existente e há suspeita de animais que possam oferecer riscos aos usuários, como a presença de serpentes. O atendimento à população tem seu ponto fraco nos equipamentos implantados – ausência ou degradação de brinquedos infan!s, bancos, bebedouros, churrasqueiras, pista de skate – e na falta de programação que incen!vem o uso do Parque – poucas a!vidades culturais, espor!vas e ambientais para atrair a comunidade.

Grande área de erosão e deslizamento de terra junto à Avenida Amador Aguiar. (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)

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Vista do córrego poluído que adentra o Parque. (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)


cap

C

4

harrete com a EMEF Deputado Rogê Ferreira “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende” (Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas)

Concomitante ao estudo de assuntos mais teóricos e também fazendo parte do projeto de Extensão Universitária Por um Parque vivo: a luta de uma comunidade pelo espaço público foi realizada, na semana de 19 a 23 de março de 2012, uma semana de oficinas com todos os alunos da EMEF Deputado Rogê Ferreira. A esse processo foi dado o nome de Charrete 2012, remetendo ao procedimento, já citado anteriormente, que ocorria nas escolas de arquitetura de Paris e ao realizado pelos alunos da pós-graduação da FAU-USP, no ano de 2002, quando foi elaborado o projeto para o Parque Pinheirinho d’Água. Durante essa semana de trabalhos intensos com alunos e professores, foram produzidos desenhos, maquetes, textos, poesias, músicas e apresentações, que expressaram os desejos para a mudança do Parque. O obje"vo da Charrete era fazer com que os alunos parassem, durante uma

semana, suas a"vidades normais dentro da Escola e voltassem o estudo para o Parque que está tão próximo de suas vivências, mas muitas vezes ignorado devido à situação de abandono na qual se encontra. A proposta feita teve como obje"vo introduzir a realidade dessas crianças – no caso, o Parque – ao currículo escolar, fazendo com que a Charrete não fosse apenas um evento, mas se tornasse parte dos estudos dos alunos. Isso só foi possível devido à colaboração do corpo docente da Escola, que esteve envolvido no processo desde seu início. O programa para o desenvolvimento da semana de oficinas foi construído em conjunto com o diretor, a coordenação e alguns professores da Escola. Foi pensado em um processo onde os alunos teriam a oportunidade de pensar assuntos que envolvem temas da cidade e de suas realidades. Para o primeiro dia da Charrete – 19 de março – foi previsto para os alunos conhecerem o processo histórico de formação do Parque, todas as lutas da comunidade, a parceria com a FAU-USP e o projeto construído de forma democrá"ca e par"cipa"va. Além desse as-

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sunto, foi proposta uma construção de repertório e entendimento de parques urbanos. Algumas questões foram apresentadas para os alunos refle"rem: “o que é um parque para você?” e “o que você precisa para o lazer?”

Alunos fazendo a leitura da foto aérea da região e se localizando. (Fonte: Vanessa Espósito Gil Rabelo) Alunos visitando o Parque para estudo do meio (Fonte: Vanessa Espósito Gil Rabelo)

Conversa sobre o histórico do Parque Pinheirinho d’Água e apresentação de exemplos de outros parques urbanos. (Fonte: Elizabeth Toledo e Silva)

No segundo dia – 20 de março – foi programada a construção de uma “cartografia sen"mental” (termo sugerido em reuniões com os educadores par"cipantes), onde os alunos usaram a imagem aérea do Parque e do seu entorno imediato para se localizar; junto com essa iden"ficação, ocorreu uma produção de desenhos representando o trajeto dos alunos até a EMEF, onde eles mostraram locais, construções, sons, cheiros, pessoas, a topografia e o meio que eles interagem até chegar à Escola. Essa etapa foi importante para os alunos pensarem sobre o pedaço de cidade que eles conhecem e convivem diariamente; a cidade que está sendo construída em seu imaginário.

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Leitura da foto aérea e do mapa técnico para o desenvolvimento dos trabalhos durante as oficinas. (Fonte: Elizabeth Toledo e Silva)

Exemplo de relato feito pelos alunos, apresentando o percurso que eles realizam entre suas casas e a Escola (Fonte: Aluna Mayara, do 3º ano C)


O terceiro e o quarto dia – 21 e 22 de março – foram dedicados à produção de mapas, desenhos, maquetes e textos que expressavam os desejos para o Parque e demonstravam como a Escola poderia intervir no processo de apropriação e pertencimento desta área. Foram realizadas oficinas de projeto voltadas para a temá"ca do envolvimento do Parque nas a"vidades escolares. Uma questão aparecia de fundo nesses trabalhos: “como seriam as aulas no Parque?” Trabalho em equipe expressando os desejos de parque. (Fonte: Paula Mar"ns Vicente)

Alunos do Ensino Fundamental II durante o desenvolvimento das a"vidades propostas pela Charrete. (Fonte: Elizabeth Toledo e Silva) Alunos desenvolvendo as a"vidades propostas pela Charrete. (Fonte: Paula Mar"ns Vicente)

Alunos do Ensino Fundamental I durante o desenvolvimento das a"vidades propostas pela Charrete. (Fonte: Paula Mar"ns Vicente) Produção de painel síntese das propostas elaboradas pelos alunos. (Fonte: Paula Mar"ns Vicente)

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Alunos da educação especial desenvolvendo as a!vidades propostas pela Charrete. (Fonte: Elizabeth Toledo e Silva)

Painel síntese dos desejos para o Parque, elaborado pelos alunos dos 1ºs anos. (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)

Alunos do EJA desenvolvendo trabalhos que expressão os desejos de Parque. (Fonte: Elizabeth Toledo e Silva)

Apresentação de dança durante o encerramento da Charrete. (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)

No quinto e úl!mo dia – 23 de março – foi feita uma exposição de todos os trabalhos produzidos, com a finalidade de compar!lhar os resultados de cada sala com o restante da Escola. Além dos produtos #sicos, também aconteceram apresentações musicais, de poesias, de danças e outras manifestações ar$s!cas, finalizando a semana com o plan!o de um Ipê rosa na área do Parque, simbolizando todo esse processo. Plan!o de Ipê marcando simbolicamente a semana da Charrete. (Fonte: Paula Mar!ns Vicente)

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Essa parceria com a Universidade e a semana de oficinas só foram possíveis devido à condição singular existente na Escola, onde ocorreu o envolvimento da direção – o Prof. Fernando José M. de Araújo e Aparecida C. dos Santos –, da coordenação pedagógica – as profas. Elisabeth de T. e Silva e Sinara Maria S. Pavan –, dos professores e de todos os alunos dos três períodos de aulas. Todos, indis"ntamente, “ves ram a camisa”, vislumbrando o potencial da parceria entre todos os envolvidos. Cabe destacar, por fim, a par"cipação dos arquitetos Caio Boucinhas (reuniões preparatórias) e Raul Pereira (oficinas preparatórias com os educadores), além da presença constante e fundamental da profª Márcia Penha que embora não seja mais professora da Escola, faz parte do Conselho Gestor do Parque e tem um histórico de militância dedicada e afeto por esses espaços.

Produção da aluna Antonia Clara, do 3ºA, expressando o que ela gostaria que "vesse no Parque.

Resultados da Charrete Durante a Charrete com os alunos foram produzidos cerca de 1740 trabalhos proposi"vos. Todo esse material foi analisado e feito uma análise quan"ta"va para iden"ficar os desejos para o Parque e as formas pelas quais a Escola poderia "rar proveito de sua localização privilegiada dentro deste espaço. A análise dos trabalhos produzidos indicou uma grande incidência de desejos de brinquedos e contato com elementos naturais, como árvores (não só para contemplação, mas como um elemento que ofereça sombra, frutos e até diversão) e água (córregos, rios, lagos e piscinas). Outros elementos importantes dentro da abordagem dos espaços públicos também apareceram com bastante destaque, como foram os casos da necessidade de iluminação, segurança, manutenção e acessibilidade a pessoas com necessidades especiais.

Produção da aluna Thais, da 3ªC, expressando como ela gostaria que o Parque fosse.

Produção do aluno Pedro Artur, da 3ªC, expressando o que ele gostaria que "vesse no Parque.

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Tabela 2 Resultados da Charrete

Produção da aluna Giovanna, da 4ªA, expressando os desejos para o Parque.

Produção da aluna Gabriela, da 8 ªA, expressando como ela gostaria que o Parque fosse.

Produção do aluno Gabriel, da 4ªC, expressando novos desejos de a!vidades para o Parque.

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10 ITENS QUE MAIS APARECERAM Brinquedos Árvores (não apenas como elemento de contemplação; possibilidade de contato) Água (piscina, rio, corrégo) Bicicleta/ Ciclovia Campo de futebol Trilhas/ Pista de corrida e caminhada Skate/ Pista de skate Bancos Quadras espor!vas Flores * Total de trabalhos proposi!vos analisados = 1.737

TOTAL 962 732 532 496 432 414 351 338 321 297

Dentre todos os elementos que apareceram nos trabalhos das crianças, optou-se por fazer uma classificação entre os !pos e as formas de implantação destes itens na área do Parque.

Tabela 3 Resultados da Charrete ATRIBUTOS PAISAGÍSTICOS/ NATURAIS Árvores (em alguns desenhos há plan!o nas calçadas) Água Flores Animais Árvores fru#feras/ Coqueiros Peixes Pássaros * Total de trabalhos proposi!vos analisados = 1.737

732 532 297 295 242 152 144


Tabela 6 Resultados da Charrete

Tabela 4 Resultados da Charrete ATIVIDADES/ PROGRAMAÇÃO QUE NÃO NECESSITAM DE NOVAS CONSTRUÇÕES

Área para piquenique Museu/ Área para expor trabalhos da Escola A!vidades/ Programação/ Campeonato/ Monitoria no Parque Espaço para empinar pipa Iluminação Horta Entrada bonita para o Parque Amarelinha Rede nas árvores Divulgação do Parque Espaço para capoeira Catavento Perna de pau * Total de trabalhos proposi!vos analisados = 1.737

170 74 35 23 81 19 9 4 3 3 2 2 1

Tabela 5 Resultados da Charrete INFRAESTRUTURA Manutenção no Parque Acessibilidade para pessoas com necessidades especiais Guarda-volumes Enfermaria Centro de informações do Parque Achados e perdidos Mais funcionários no Parque Drenagem * Total de trabalhos proposi!vos analisados = 1.737

73 50 1 1 1 1 1 1

ELEMENTOS CONTEMPLADOS PELO PROJETO INICIAL, MAS NÃO IMPLANTADOS

Brinquedos Bicicleta/ Ciclovia Biblioteca/ Área de leitura Sinalização/ Placas/ Mapas/ Portões de acesso Mesa para jogos Tanque de areia Observatório de animais/ Pássaros * Total de trabalhos proposi!vos analisados = 1.737

962 496 244 159 88 48 36

Tabela 7 Resultados da Charrete ELEMENTOS PRESENTES NO PARQUE, MAS QUE PRECISAM SER MELHORADOS Campo de futebol 432 Trilhas/ Pista para corrida e caminhada 414 Skate/ Pista de skate 351 Bancos Quadras espor!vas Coleta de lixo/ Reciclagem de lixo Sanitários Quiosque Passarela/ Ponte sobre o córrego Bebedouro Equipamentos de ginás!ca Segurança Churrasqueiras Mirante Estacionamento de bicicletas Ves!ário * Total de trabalhos proposi!vos analisados = 1.737

338 321 239 227 175 173 170 160 100 85 29 29 12

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Tabela 8 Resultados da Charrete NOVOS ELEMENTOS Lanchonete/ Sorveteria Teatro Aluguel de bicicleta/ Pa!ns/ Skate Casa na árvore Palco para apresentações de músicas/ Shows/ Eventos Espaço Natureza/ Laboratório de Ciências/ Estudos Meio Ambiente Sala de jogos/ Ping-pong/ Pebolim Viveiro de plantas/ Plantações Tirolesa Estacionamento Observatório de Estrelas Espaço para estudar no Parque Parque de diversão Loja Artesanato Viveiro de pássaros Cinema/ Sala de vídeo Abrigo para animais abandonados/ Cães Espaço Cultural Atle!smo Sala para cursos Brinquedoteca Campo de paint ball Salão de festas Arvorismo Refrescador

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256 103 84 60 48 46 42 37 31 29 27 25 11 11 9 8 8 8 8 7 7 6 6 6 6 5

Telecentro Boliche Espaço para culinária Creche/ Berçário Igreja Circo Posto de saúde Shopping Center Mc Donald’s Pista de Kart Pista de esquiar Cama elás!ca Pedalinho Parede de escalada * Total de trabalhos proposi!vos analisados = 1.737

5 4 4 4 4 3 3 3 2 2 2 2 1 1

Com os resultados apresentados nos trabalhos dos alunos, foi feita uma seleção daqueles itens de maior incidência e de grande importância para uma maior u!lização do espaço. A nova proposta que foi elaborada parte do princípio de atender as necessidades apresentadas nas tabelas anteriores de “atributos paisagís!cos/ naturais”, “infraestrutura”, “a!vidades/ programação que não necessitam de novas construções” e “elementos presentes no Parque, mas que precisam ser melhorados”. A tabela de “novos elementos” foi analisada e alguns itens de baixo impacto ao Parque e itens que foram julgados interessantes como forma de apropriação do espaço foram pensados como parte do novo projeto.


Produção da aluna Luana, do 2ºC, sugerindo novos usos pela Escola no Parque.

Maquete representando os desejos para o Parque. Mapa cole!vo do 1ºA, demonstrando os usos e a!vidades propostas para o Parque.

Produção do aluno Matheus, da 5ªD, sugerindo novos usos pela Escola no Parque.

Maquete representando os desejos para o Parque.

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Além dos resultados produzidos por meio de desenhos, maquetes, músicas e outras formas de expressão, também foi importante tomar contato com a visão e as dificuldades que os professores "veram durante essa semana da Charrete. Alguns relatos de educadores se mostraram bastante interessantes e emocionantes, como os apresentados a seguir: “A Charrete foi importante porque possibilitou pensar em uma nova forma de educação, pois seguir a grande quan dade de conteúdo programá co já pré-estabelecido não dá oportunidades de abertura para a polí ca e a discussão do mundo.” “Apesar da dificuldade de realizar alguns trabalhos propostos pela Charrete com os alunos das séries iniciais do ensino fundamental I, houve um empenho e encantamento, tanto de alunos como de professores, para aprender a trabalhar e enxergar o meio ambiente que está tão próximo. A criança que chegou na Escola, saindo da educação infan l e se perguntando “o que é uma Escola?”, encontrou na Charrete uma forma de aprendizado atra vo e envolvente. Elas se mo varam bastante com as a vidades e hoje já fazem cobranças, que antes não eram feitas pelos alunos dos primeiros anos. Foi um processo bastante provoca vo e o desafio é manter a Escola nesse processo de aprendizado.” “Quando as crianças são menores elas ainda não têm um corpo escolarizado dentro dos padrões colocados pela escola, daí a necessidade de buscar e ques onar mais estudos e a vidades para entenderem o que está sendo feito. A Charrete foi importante, pois quebrou essa ideia do fechamento do aprendizado em salas e disciplina fixas, possibilitando a interação do corpo com o movimento que estava se desenvolvendo.” “As crianças só acreditam em algo quando elas interagem com o objeto. Os alunos podem ser futuros cuidadores do Parque quando o assunto é apresentado de forma prá ca e interessante.” “A ideia de realizar a Charrete com os alunos do 1º ano até a 8ª série foi um processo muito rico, pois o que é bom é cole vo, não faz sen do ser um movimento apenas em uma sala. É importante pensar o país como a casa.”

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“A Charrete foi um processo que possibilitou pensar no Parque e sair dele para pensar em questões mais amplas como a cidadania”. A a"vidade da Charrete na EMEF Rogê Ferreira possibilitou uma troca de saberes entre alunos, professores e nós, da Universidade. Não exis"u um contato apenas de captação de conhecimento, mas também de dividir o conhecimento individual com a cole"vidade. A todo momento os papéis de educadores e educandos se alternavam, possibilitando a construção de um rico aprendizado cole"vo. Nesse momento, foi possível desfazer a ideia da “criança como receptáculo de ensinamentos.” (NASCIMENTO, 2009, P.47) Segundo Nascimento, “a escola desconsidera os aprendizados que se dão fora dela, e as descobertas que se fazem através das brincadeiras dão lugar ao adestramento dos corpos e mentes, e a imposição de conhecimentos e informações. A criança é, a par r do ingresso no sistema escolar receptora de conhecimentos transferidos por adultos, configurando uma “educação bancária”, como chamava Paulo Freire.” (NASCIMENTO, 2009, P.47) Essa ideia pôde ser quebrada durante a semana de realização das oficinas na EMEF, onde pudemos perceber o quanto havia de conhecimento ‘extraescolar’ em cada aluno e como eles transmi"am esse conhecimento para os demais e propunham novas a"vidades em cima daquelas já propostas.


cap

A

5

Escola e a construção de uma sociedade mais par!cipa!va

O processo par!cipa!vo para construção do espaço público pode resultar em locais mais conservados e mais frequentados, pois os responsáveis pela produção deste espaço se envolvem nesse processo de maneira afe!va e acabam se iden!ficando com aquilo que foi construído. Quando esse processo se desenvolve em escolas, o resultado é potencializado “por serem espaços potencialmente ricos em fluxos, encontro, energias e disponibilidades. Eles condensam, em um microcosmo, todas as contradições inerentes a sociedade brasileira porque são palco, também, do conflito, do curto-circuito seco entre o pensamento e a dura concretude do dia a dia, entre a carência e a solidariedade. Não são só espaços de representação e de reflexão sobre a realidade, mas uma extensão, sem ruptura com o mundo extra-muros. Mesmo com as deficiências sicas e pedagógicas, reflexo do abandono ao qual foi relegado o ensino público do Brasil, as escolas possuem possibilidades infinitas de se transformarem em locais de mudanças e em polos de irradiação de ações cole vas e transformadoras.” (PEREIRA, R.I., In PRONSATO S. A. D., 2005, p. 53) A par!cipação das crianças na construção do espaço cole!vo não pode ser

vista de maneira apenas consul!va, pois existe uma grande diferença entre os ambientes construídos para as crianças daqueles construídos com as crianças. Quando as crianças se envolvem no processo desde as suas primeiras discussões, o processo se torna muito mais rico, pois elas expressam seus desejos e suas ideias de mundo podendo chegar até o ponto de concre!zá-las. Para isso, desenvolvem formas de reflexão, expressão, comunicação e cidadania, já que essas ideias são confrontadas até a eleição ou elaboração de um projeto comum, em que se viabilize a execução. Quando consideramos a atuação da criança como indivíduo pensante e a!vo dentro da sociedade, segundo Nascimento, citando Donald Winnico$, devemos levar em conta três realidades em que ela vive: o mundo interior – o “eu” , suas imaginações, desejos, sonhos e vontades –, o espaço potencial – cria!vidade e brincadeiras, pois o brincar é uma forma de intervenção no mundo – e o mundo real – mundo exterior e obje!vo, que são os espaços, os objetos materiais, os outros sujeitos e a sociedade. A relação e o equilíbrio entre esses três mundos dis!ntos pode levar à formas par!cipa!vas in-

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teressantes, com resultados importantes para o cole vo e para o indivíduo. Na busca de uma par cipação mais efe va e consciente dos estudantes dentro da sociedade, aparecem também as ideias presentes da Escola Cidadã, onde alguns de seus pontos principais são a construção da cidadania a par r de prá cas ligadas à pedagogia dentro do ambiente escolar, o planejamento par cipa vo e o permanente diálogo entre a escola e a cidade. “O papel da escola (cidadã), nesse contexto, é contribuir para criar as condições que viabilizem a cidadania, através da socialização da informação, da discussão, da transparência, gerando uma nova, mentalidade, uma nova cultura em relação ao caráter público do espaço da cidade.” (GADOTTI, 2006, p.55) A construção de uma Escola Cidadã pressupõe alguns princípios: “1. par!r das necessidades dos alunos e da comunidade; 2. ins!tuir uma relação dialógica professor aluno; 3. considerar a educação como produção e não como transmissão e acumulação de conhecimentos; 4. educar para liberdade e autonomia; 5. repeitar a diversidade cultural; 6. defender a educação como um ato de diálogo no descobrimento rigoroso, porém, por sua vez, imagina!vo, de razão de ser das coisas; 7. promover o planejamento comunitário e par!cipa!vo.”

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(GADOTTI, 2004, p.21) A cidade também pode ser uma Cidade Educadora. A princípio, a cidade como um elemento, por si só já apresenta um caráter educa vo, pois é nela que as pessoas aprendem a se localizar, conviver e desenvolver a cidadania. Entretanto, essa ideia pode ser reforçada “quando ela busca instaurar, com todas as suas energias, a cidadania plena, a!va, quando ela mesma estabelece canais permanentes de par!cipação, incen!va a organização das comunidades para que elas tomem em suas mãos, de forma organizada, o controle social da cidade. É a sociedade controlando o Estado e o Mercado.” (GADOTTI, 2004, p.24) Tanto a Escola Cidadã quanto a Cidade Educadora possibilitam novas formas de relação entre o aprendizado, a cidade e o indivíduo, buscando ideais de construção de cidadania e par cipação de maneira democrá ca e menos alienante. A par cipação dos jovens e dos moradores em processos de construção do espaço público, também pode ser vista como uma ideia de pertencimento ao local, evitando apropriações individuais e egoístas e discu ndo sobre qual a melhor proposta para determinado lugar. Quando essa falta de sen mento de pertencimento deixa de exis r, vemos a construção de espaços abandonados, com apropriações indevidas e atos de vandalismo relacionados, resultando nas depredações e degradações de bens públicos. (DE MARCHI, P.M., In: KON S. e DUARTE F., 2008, p.107)


cap

6

P

rocessos par!cipa!vos com jovens e adultos na construção do espaço público

“Projetos par cipa vos revelam fortes preocupações com a conquista cole va dos direitos da cidadania. Além disso, a abordagem par cipa va é profundamente permeada pela ligação afe va com o lugar. “A falta de afe vidade pelos lugares e pelo que representam é um caminho reto para a pobreza cultural”. As pessoas ficam desorientadas quando não conseguem mais entender a linguagem espacial que vivem no co diano e que lhes diz que neste presente par cular, há passados respeitáveis e futuros esperançosos”.” (SANTOS, 1984, in PRONSATO, 2005, p.47)

Projeto Uma Fruta no Quintal O Projeto Uma Fruta no Quintal foi desenvolvido entre os anos de 1993 e 1996, no município de Diadema, onde, por inicia!va do poder público e coordenação geral do arquiteto Raul Pereira, iniciou-se um projeto paisagís!co com a par!cipação de toda a rede escolar pública municipal e estadual, que visava trabalhar os espaços livres dentro das escolas, com o obje-

!vo de levantar questões rela!vas aos ambientes e aos usos do espaço escolar e extrapolar esta reflexão para as demais áreas públicas da cidade. O projeto !nha como princípio-base a criação de um sen!do de pertencimento ao local onde as crianças vivem, pois através dessa tomada de consciência seria possível construir um conhecimento embasado na apropriação dos locais de vida co!diana. “O nome Uma Fruta no Quintal remete simbolicamente a várias questões: à realidade entre a escola e o local de moradia; ao desenvolvimento, no tempo de algo que se modifica, cresce e acompanha a vida do aluno. E remete a uma contradição inerente à forma de ocupação do lote urbano em Diadema, bem como de toda região periférica da Região Metropolitana de São Paulo. Os quintais são pequenos, em grande parte impermeabilizados, e justamente, numa cidade detentora do se-

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gundo maior adensamento demográfico do Brasil.” (PEREIRA, 2007, p.115) O obje vo principal do projeto era desenvolver nas escolas uma compreensão e reflexão dos problemas relacionados com o ambiente e in mamente ligados ao co diano das pessoas na cidade. Pretendia-se que através do conhecimento, do estudo e de discussões de possíveis soluções para resolver as dificuldades encontradas, os próprios cidadãos pudessem decidir qual a melhor maneira de abordar cada problema e exigir a tudes corretas por parte do poder público para suas melhorias. Junto com as discussões e as reflexões promovidas a respeito da cidade foram realizados plan os de árvores fru"feras nos espaços livres das escolas, onde os alunos veram a oportunidade de se apropriarem de conhecimentos botânicos e de criarem afe vidade com os espaços que estavam ajudando a construir. O Projeto Uma Fruta no Quintal foi uma proposta de caráter par cipa vo, interdisciplinar e interins tucional que, de forma sistêmica e transversal adentrou o co diano das escolas dando concretude a temas ambientais urbanos por vezes abstratos, expondo conflitos e contradições que, não raro são tratados de forma distanciada da realidade. A complexidade abraçada pelo Projeto seria impossível de retratar aqui, sendo que para os nossos propósitos cumpre ressaltar a “aposta” que faz na escola como lócus privilegiado, cheio de energia e potencial para a realização de projetos dessa natureza.

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1. Plan o de árvore com os alunos e o prefeito de Diadema, José de Filippi Junior. 2. Distribuição de mudas aos alunos e à comunidade. (Fonte: arquivo Raul Pereira)

O Parquinho no Butantã O projeto para o Parquinho no Butantã, implantado em área cole va e pública pertencente ao conjunto habitacional do BNH (Banco Nacional de Habitação), nasce dos desejos dos moradores e dos vizinhos deste conjunto e da inicia va da designer Elvira de Almeida, no final dos anos de 1970, quando trabalhava desenvolvendo móveis residenciais para conjuntos habitacionais populares para o INOCOOP (Ins tuto de Orientação às Coopera vas Habitacionais).

Alunos trabalhando na Horta. (a vidade integrante do projeto Uma Fruta no Quintal) (Fonte: arquivo Raul Pereira)

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Elvira de Almeida foi uma designer de papel bastante importante na construção de brinquedos lúdicos e espaços de convívio que eram construídos com materiais inusitados; a própria ar sta dizia usar uma coleção de resí-


duos de obras humanas, resíduos estes que buscavam criar novos significados e linguagens quando usados de uma maneira diferente da tradicional. As a"vidades para a construção do Parquinho contaram com a par"cipação dos moradores, que trabalhavam na produção dos brinquedos junto com os funcionários do INOCOOP, além de realizar reuniões e discussões sobre o projeto. Segundo Andréa Nascimento, a elaboração dos conceitos dos brinquedos e dos espaços era feita por Elvira, mas o processo era complementado com as discussões entre todos os par"cipantes do processo de construção.

Moradores analisando o projeto de implantação do Parquinho junto com a designer Elvira de Almeida (Fonte: ALMEIDA, Elvira de. Arte Lúdica. São Paulo: EDUSP, 1997 )

Nesse processo as crianças não par"ciparam diretamente das discussões, escolhas e tomadas de decisões, mas elas sempre es"veram presentes e envolvidas no co"diano das obras até a inauguração grada"va dos espaços da praça. Pelo fato dos brinquedos implantados terem sido desenvolvidos especialmente para o local e serem diferente dos tradicionais parquinhos da cidade, as crianças "nham a oportunidade de inventar e explorar novas possibilidades de brincadeiras.

“A condição do espaço livre e cole!vo favorecia o acontecimento de uma experiência educacional mais espontânea e orgânica, e o lúdico não precisava aparecer como tema, já que estava explícito no próprio ambiente” .(NASCIMENTO, 2009, p.128)

“Carrossel” já implantado no Parquinho. Material u"lizado: eucalipto tratado e ar"culações com ferro mecânico rosqueado. (Fonte:Fonte: ALMEIDA, Elvira de. Arte Lúdica. São Paulo: EDUSP, 1997)

“Árvore-pássaro” já implantada no Parquinho. Material u"lizado: eucalipto tratado. (Fonte: ALMEIDA, Elvira de. Arte Lúdica. São Paulo: EDUSP, 1997 )

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Praça da Criança A Praça da Criança é outro exemplo de trabalho desenvolvido pela designer Elvira de Almeida. Esse projeto teve uma parceria com o DEPAVE e se desenvolveu entre os anos de 1989 e 1990, em Santo Amaro, e nha como caracterís ca desenvolver “projetos experimentais de esculturas lúdicas para os parques da cidade. A proposta baseava-se na reu lização de materiais abandonados em depósitos do DEPAVE, como troncos de árvores, postes de iluminação tombados, pneus e correntes, os quais Elvira chamou de ‘sucatas urbanas’, e na u lização de mão-de-obra e maquinário disponíveis nas oficinas de manutenção e de poda de árvores do Departamento. Assim, o conceito de bricolage até então explicitado em suas obras se expandiu e passou a ser desenvolvido também no plano da apropriação de uma variedade de materiais até então considerados lixo, e de sua devolução à cidade por meio de transformação em elementos lúdicos.” (NASCIMENTO, 2009, p.132)

Maquete do projeto. (Fonte: ALMEIDA, Elvira de. Arte Lúdica. São Paulo: EDUSP, 1997)

A construção desta praça nasce da necessidade de criar uma área de lazer para as crianças do bairro, que nham poucos lugares para desfrutar a infância e poucas a vidades lúdicas para realizarem. Esse espaço se desenvolve com a intenção de “(...) promover um trabalho de valorização da criança e funcionar como ponto de encontro, onde possam ocorrer experiências de solidariedade, troca e brincadeiras, que propiciem o bem estar e a sociabilidade destes jovens.” (ALMEIDA, 1992, in NASCIMENTO, 2009, p.133)

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Segundo Nascimento, o projeto da praça e a elaboração dos brinquedos não contaram com uma par cipação direta das crianças, mas, dentro do projeto, Elvira des nou um trecho do caminho central de circulação da praça para a instalação de painéis de mosaicos confeccionados pelas crianças.

Túnel de pneus. Material u lizado: sucatas de troncos de árvores, de pneus e de postes de iluminação urbana. (Fonte: ALMEIDA, Elvira de. Arte Lúdica. São Paulo: EDUSP, 1997)

Crianças realizando mosaicos para o piso da calçada. (Fonte: ALMEIDA, Elvira de. Arte Lúdica. São Paulo: EDUSP, 1997)

A Praça da Criança, atual Praça Salim Farah Maluf, se localiza próximo a Praça Floriano Peixoto e ao Largo Treze de Maio, que é fortemente marcado pela presença de ambulantes. Logo após a construção desse espaço ocorreu um uso constante das crianças, principalmente aquelas que veram alguma par cipação na construção da praça. Mas, esse uso durou pouco tempo, pois com a mudança de gestão da prefeitura, o então prefeito eleito, Paulo Maluf, desmontou as instalações desta área transformando o local em um centro para os ambulantes da região – os chamados “camelódromos”.


cap

7

R

eferências: Escola Parque, CEUs e Parque Escola

“Comecemos pelas escolas, se alguma coisa deve ser feita para ‘reformar’ os homens, a primeira coisa é ‘formá-los’.” (Lina Bo Bardi, in BASTOS, 2009) Com o intuito de criar e fortalecer a relação entre a EMEF Deputado Rogê Ferreira e o Parque Pinheirinho d’Água, fez-se necessário conhecer alguns projetos já realizados que apresentam como ideias-base as diretrizes buscadas por este trabalho.

Escolas Classe Escola Parque

A ideia das Escolas Classe - Escola Parque criada por Anísio Teixeira na década de 1930 propunha a permanência do estudante durante o dia todo nesses espaços. Em uma parte do dia o estudante ficaria na Escola Classe, onde receberia a “educação tradicional” e seria instruído. Na outra parte do dia, esse mesmo estudante iria para a Escola Parque, onde seria educado, recebendo atendimento médico, alimentação e teria a seu dispor uma série de a"vidades que poderia realizar, tais como: esportes, artes industriais ,dança, música e teatro. Esse sistema educacional foi pensado com a capacidade de 500 alunos por turno nas Escolas Classe e 2.000 alunos por turno na Escola Parque.

“A experiência da Escola-Parque foi evento único por ter resultado da conjugação bem-sucedida entre um método pedagógico criado por Anísio Teixeira e um conjunto de princípios arquitetônicos modernistas desenvolvidos pelos arquitetos Diógenes Rebouças e Hélio Duarte.(...) O principal mérito desta obra é o de ser a realização de um projeto com finalidade social, portanto de di"cil concre#zação, que teve seus obje#vos cumpridos sa#sfatoriamente.” (PEDRÃO, 1999)

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Esquema explica!vo do funcionamento das Escolas Classe Escola Parque | Exemplo do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, Bahia. (Fonte: DUARTE, Hélio. Escolas Classe Escola Parque. Edição ampliada com organização de André Takiya. São Paulo, FAUUSP, 2009)

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A base da ideia de ensino apresentada por esse sistema estava na criação de pessoas instruídas e socializadas, como uma forma de criar “um país desenvolvido, onde a democracia seria a única organização plausível, em que prosperidade e igualdade reinariam, e isto só seria possível através de uma educação altamente qualificada. Uma educação que deveria ser pública (gratuita), uniforme e obrigatória.” (PEDRÃO, 1999)

Os CEUs localizam-se nas periferias da cidade, onde há pouca disponibilidade de equipamentos públicos e abrigam de modo integrado centros de educação infan"l, de ensino fundamental e creche, somados a equipamentos comunitários, tais como quadras poliespor"vas, piscinas, teatro/cinema, biblioteca e telecentro. Esses edi#cios são centros comunitários de lazer, esporte, cultura e festas, abertos nos finais de semana.

O Centro Escola Carneiro Ribeiro (CECR), inaugurado em 1947, em Salvador, foi a concre"zação dos conceitos das Escolas Classe e Escola Parque. O programa pedagógico de Anísio Teixeira foi aplicado da maneira prevista e o complexo educacional se formou com a construção dos edi#cios – das artes aplicadas, do refeitório, do ginásio de esportes, da administração, da biblioteca, do teatro e do anfiteatro –, que complementavam as a"vidades desenvolvidas em três Escolas Classe construídas nas proximidades desta Escola Parque.

“O projeto básico dos CEUs foi elaborado por Alexandre Delijaicov, André Takiya e Wanderley Ariza, arquitetos da divisão de projetos do departamento de edificações da Secretaria de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo, sendo que o desenvolvimento do projeto e sua adaptação aos diferentes terrenos são feitos por diferentes escritórios de arquitetura. Um volume cilíndrico para a creche, um edi cio de projeção retangular longo e estreito, em geral com três pavimentos para o ensino infan l e fundamental, um edi cio que abriga teatro e instalações espor vas e ainda parque aquá co com três piscinas.

Atualmente, segundo o site do Centro Carneiro Ribeiro, as a"vidades e o programa desenvolvido por Anísio Teixeira foram adaptados à realidade dos dias atuais e con"nuam sendo realizados, “o Centro oferece ao educando, em ano le"vo, dias inteiros em a"vidades divididos em dois períodos: um turno seguindo a matriz curricular do núcleo comum e diversificada, nas Escolas-Classe e o Colégio Álvaro Augusto da Silva; e, em turno oposto, o aluno desenvolve a"vidades da parte diversificada do Currículo, efe"vadas através dos seguintes Núcleos da Escola Parque: Informação, Comunicação e Conhecimento; Núcleo de Pluralidade Ar$s"ca; Núcleo de Pluralidade Espor"va; Núcleo de Artes Visuais; Núcleo de Jardinagem; Núcleo de Alimentação; e Núcleo de Projetos Especiais”. (site oficial do CECR, acessado em 28 de junho de 2012).

Os CEUs são estruturas de grande porte, para 2.400 alunos, com a modulação bem marcada. Além da preocupação pedagógica e da de servir como praça e ponto de encontro nos finais de semana, os CEUs ainda acumulam a função de “catalisador” urbano: inseridos em áreas de construções precárias, espera-se que sua presença exerça uma marca posi va no bairro, favorecendo melhorias.” (BASTOS, 2009)

CEUs – Centros Educacionais Unificados A experiência da Escola Parque elaborada por Anísio Teixeira exerceu forte influência no projeto inicial para a construção dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) construídos a par"r do ano 2001 na cidade de São Paulo, durante a gestão da prefeita Marta Suplicy.

CEU Parque Veredas, no Itaim Paulista, Zona Leste do município de São Paulo. (Fonte: h!p://www.construbase.com.br)

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Parque Escola de Santo André O projeto do Parque Escola promove educação voltada para o ambiente, em uma área de cerca de 50.000m². Seus espaços oferecem recursos pedagógicos para es mular e despertar curiosidade sobre a temá ca ambiental, botânica, arte e reaproveitamento de materiais. O espaço possibilita a realização de visitas monitoradas aos alunos da rede municipal, estadual, par cular e universidades, além de oferecer cursos e oficinas à comunidade. Além das a vidades relacionadas diretamente ao ambiente, o Parque Escola possui espaços onde se realizam shows musicais, espetáculos teatrais, exposições de fotos e artes plás cas, além de infraestrutura de lazer, como pista de atle smo, quadra de esporte, espaço para ginás ca.

Produção de mudas no espaço da estufa do Parque Escola (Fonte: h!p://refrescante.com.br)

Segundo informações presentes no site da Prefeitura de Santo André, as instalações do Parque Escola são: bosque, bromeliário, canteiros de plantas carnívoras, estufa, horta orgânica, horto de plantas medicinais e aromá cas, jardim dos cactos e das plantas suculentas, orquidário, sala de experiência (agrupa elementos relacionados com a ecologia do Parque Escola e funciona como ferramenta educa va e de contemplação visual), ‘sucatário’ (acervo de sucata; geração de ideias e transformação de materiais reu lizados e recicláveis), e ‘sucatoteca’ (exposição de brinquedos confeccionados com sucatas).

Apresentação de teatro em espaço aberto. (Fonte: h!p://projetomariadolixo.blogspot.com.br)

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cap

D

8

iretrizes de intervenção: o Projeto

O projeto elaborado para a área do Parque Municipal Pinheirinho d’Água e da EMEF Deputado Rogê Ferreira parte da ideia de tomar a Escola como ponto de par!da para um processo de revitalização do Parque. Historicamente, foi ela um dos elementos que desrespeitou o projeto original, elaborado junto com a comunidade, no momento em que se apropriou de uma área do Parque para ali instalar seu edi"cio de alvenaria. Foi possível vislumbrar, por outro lado, o privilegio de se ter uma ins!tuição educacional assentada sobre um parque, no sen!do das oportunidades extraordinárias de um lócus pedagógico de aprendizado e pesquisa, além do potencial de par!cipação na gestão do próprio Parque por uma faixa de idade usualmente alheia a esses processos. Tornou-se, então, obje!vo primordial do projeto, reverter o impacto que a edificação escolar causou em área de fragilidade ambiental, requalificando o edi"cio e seu entorno a fim de propiciar uma relação mais viva e par!cipante entre os dois. Dessa forma, o edi"cio escolar deixa de representar o agente impactador do ambiente, além de desrespeitoso com o processo democrá!co em cur-

so, resignificando-se como o novo atributo do Parque com tantas novas funções e papeis quanto possam ser pensadas pela comunidade escolar. A ideia base das intervenções aqui propostas busca permi!r que o ambiente escolar u!lize o Parque como uma extensão da Escola para ali desenvolver parte de suas a!vidades. Nesse sen!do, o Parque deve oferecer uma série de cursos e a!vidades relacionadas ao meio ambiente para que os alunos possam desfrutar do espaço natural tão próximo de suas realidades. Inspirado nas ideias de usos e programas da Escola Parque, de Anísio Teixeira, nos CEUs da Prefeitura de São Paulo, e também no Parque Escola de Santo André, pensou-se que o Parque Pinheirinho d’Água poderia funcionar como um local onde os alunos, da EMEF Rogê Ferreira e demais escolas do entorno, realizassem a!vidades em um turno diferente daqueles em que se encontram nas Escolas-Classe, assim chamadas por Anísio Teixeira. Durante esse turno no Parque, os estudantes desenvolveriam a!vidades relacionadas ao estudo do ambiente, pesquisas no Parque, jardinagem, artes, leitura e esportes.

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Atualmente, o Parque possui severos problemas de gestão pública, com muitos conflitos de uso e áreas pra camente abandonadas e a comunidade acaba negando esse espaço por considerá-lo inseguro, com áreas de baixa manutenção e poucas a vidades propostas. O que as intervenções propostas buscam transformar é essa realidade, onde uma área muito importante como espaço natural, de estudo e de lazer fica subu lizada diante de uma grande demanda por essas a vidades. A opção por realizar o trabalho a par r da Escola se fez, além dela ter sido um ponto de desrespeito ao processo cole vo que havia sido realizado para a construção do Parque, também pelo fato de ser um ambiente propício a transformações na comunidade; nela as idades, os pensamentos, as criações e as expecta vas dis ntas são confrontadas e obrigadas a conviver em sociedade e, a par r dessas experiências, os indivíduos constroem seu caráter e sua possibilidade de atuação par cipa va na comunidade onde vivem. A escola, nesses termos, é pensada como um difusor de transformação social e não apenas vista como um elemento isolado do espaço onde ela está inserida. Quando se pensou na Escola como um elemento de revitalização e integração de suas a vidades no Parque, não se pôde esquecer que o programa pedagógico dela também deverá ser alterado. Durante a semana de desenvolvimento da Charrete, vemos contato com professores e, em conversa com esses educadores, pudemos perceber a dificuldade de ensinar dentro de uma escola pública. Além das competências educacionais que cabem à escola, hoje, este ambiente também se torna responsável por tentar resolver os problemas sociais e psicológicos decorrentes da vida familiar de cada aluno, o que, somado ao desinteresse de aprendizado por parte dos estudantes, acaba deses mulando os educadores. Vejo que uma forma de tentar reverter esse processo de deterioração do ensino pode ser es mulando o interesse por assuntos e objetos co dianos aos alunos, onde eles podem par cipar com seus conhecimentos já desenvolvidos e experiências vivenciadas, encontrando no estudo uma ferramenta

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para o aperfeiçoamento e o entendimento daquilo que lhe é familiar. Acredito que o aprendizado se torna mais simples quando se visualiza aquilo que está sendo ensinado e, depois de apreender o conhecimento dos elementos co dianos, fica mais fácil aprender aquilo que está distante do dia a dia. A Charrete teve como um de seus pontos chave essa ideia, pois colocou os alunos em contato direto com o meio que os cerca, possibilitando-os vislumbrar e entender os elementos construtores deste espaço. Esse processo pode ser pensado como uma forma de alavancar uma mudança no programa pedagógico da Escola, transformando o Parque nesse elemento co diano que desperta o interesse dos alunos. De acordo com Jacques Rancière, colocado por Nascimento, “o principal método pelo qual se pode aprender e emancipar-se é o da vontade e o da curiosidade. A vontade como mo vação para o desenvolvimento da capacidade de saber é forte, sobretudo, entre as crianças, até certo ponto ainda libertas de um ‘método da impotência’. Todo ser que começa a falar o faz pela pura vontade e pela necessidade de aprender, embora es mulado pela família.” (RANCIÈRE apud NASCIMENTO, 2009, P.52) O par do adotado para a intervenção no Parque e na Escola buscou uma mínima intervenção com novas construções, já que o lugar é ambientalmente sensível, com APPs e não suporta grandes áreas de construção, fato previsto nos termos da lei. Desta forma, pensou-se no aproveitamento dos espaços já existentes, como o CEA (Centro de Educação Ambiental), que passa grande parte do tempo ocioso, e espaços da Escola que poderão ser u lizados por novas a vidades propostas. Baseado na Lei Federal nº 4.771, de 1965, que ins tui o Código Florestal Brasileiro, art. 2º, são consideradas Áreas de Preservação Permanente: “(...) as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja: 1 - de 30m (trinta metros) para os cursos de d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 - de 50m (cinqüenta metros) para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50m (cinqüenta metros) de largura;


3 - de 100m (cem metros) para os cursos d’água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200m (duzentos metros) de largura; 4 - de 200m (duzentos metros) para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600m (seiscentos metros) de largura; 5 - de 500m (quinhentos metros) para os cursos d’água que tenham largura superior a 600m (seiscentos metros) de largura; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou ar ficiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50m (cinqüenta metros) de largura (...)”

h) rampas de lançamento de barcos e pequenos ancoradouros. § 3º O disposto no caput deste ar go não se aplica às áreas com vegetação na va primária, ou secundária em estagio médio e avançado de regeneração.

Entretanto, essas áreas de preservação não necessitam ficar isoladas e a"vidades de baixo impacto podem ser realizadas nesses espaços, como descrito na Resolução CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006, na Seção III – Da implantação de Área Verde de Domínio Público em Área Urbana, Art. 8º:

De acordo com o Código Florestal, ainda em vigor, e as áreas que ele determina como de preservação permanente (APPs), o Parque Pinheirinho d’Água possui cerca de 35 % de sua área passível de ocupação, sendo que metade desta área já possui algum uso. O restante, apesar da possibilidade de abrigar algumas a"vidades, possui restrições para isso, pois são locais de grande declividade.

§ 4º É garan do o acesso livre e gratuito da população à área verde de domínio público.” Desta forma, foi proposta a recuperação da APP junto à Escola, a recuperação do trecho que foi vi"ma do crime ambiental e usos menos agressivos nas áreas ambientalmente sensíveis.

“III - percentuais de impermeabilização e alteração para ajardinamento limitados a respec vamente 5% e 15% da área total da APP inserida na área verde de domínio público. § 1º Considera-se área verde de domínio público, para efeito desta Resolução, o espaço de domínio público que desempenhe função ecológica, paisagís ca e recrea va, propiciando a melhoria da qualidade esté ca, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de impermeabilização. § 2º O projeto técnico que deverá ser objeto de aprovação pela autoridade ambiental competente, poderá incluir a implantação de equipamentos públicos, tais como: a) trilhas ecoturís cas; b) ciclovias; c) pequenos parques de lazer, excluídos parques temá cos ou similares; d) acesso e travessia aos corpos de água; e) mirantes; f) equipamentos de segurança, lazer, cultura e esporte; g) bancos, sanitários, chuveiros e bebedouros públicos; e

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Mapa 11 Situação + Usos Possíveis Massa densa de vegetação

Brejo a ser preservado

Córregos

Área de Preservação Permanente - margem do córrego

Áreas construídas do parque

Edificações existentes - não pertencentes ao parque

Áreas de possíveis intervenções

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Os passeios e as praças Resgatando a ideia original do Parque, de criar uma borda de usos mais intensos para garan!r a preservação das APPs existentes, propõe-se a retomada do projeto de ampliação das calçadas e a implantação que não foi executada das praças previstas pelo projeto elaborado em 2002.

Mapa 12 Passeios e Praças Passeios e Praças

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Os cercamentos

Corte AA

Atualmente o gradil implantado passa no limite entre a calçada e a área vegetada do Parque. O projeto original previa o recuo deste gradil, criando uma faixa verde margeando a calçada, conferindo maior comodidade aos transeuntes, produzindo a sensação de ampliação do espaço de circulação e minimizando o caráter repressor causado pelo cercamento. O projeto aqui desenvolvido retoma a proposta original de posicionamento do gradil, resultando em espaços mais agradáveis para a circulação externa ao Parque.

Cercamentos A

A

Mapa 13 Cercamentos

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Os acessos Um dos problemas presentes atualmente no Parque que dificulta a entrada de usuários é a pequena quan"dade de acessos existentes. Excluindo aqueles presentes na Praça dos Esportes, que são em número de oito, a grande área do Parque possui nove entradas, sendo que apenas seis permanecem abertos aos frequentadores. A nova proposta elaborada pensa nos acessos como uma forma de garan"r uma maior permeabilidade de usuários nas áreas do Parque. Por isso, além das atuais entradas existentes, projetou-se mais seis e a"vou-se as três, que atualmente não são u"lizadas, totalizado quinze acessos na maior porção do Parque; reduziu-se para seis acessos na Praça dos Esportes, devido a implantação do campo de futebol em área que anteriormente exis"am acessos.

Mapa 14 Acessos Novos acessos Acessos existentes rea"vada Acessos existentes a manter Acessos existentes a re"rar

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As trilhas Outro problema iden!ficado com a implantação do Parque é a pequena quan!dade de trilhas existentes que fazem conexões importantes dentro dele. Atualmente, poucas são as trilhas que possibilitam transpor o brejo e conectar as duas áreas separadas por este. Com a proposta de maior integração das escolas com o Parque, faz-se necessário acessar todas as diferentes áreas do mesmo, transpondo o brejo, a água e o grande desnível topográfico; por isso foram projetados vários !pos de trilha: em passadiços e deques de madeira, suspensas de forma palafitada para evitar grandes intervenções no meio natural, em pisos drenantes com inclinações adequadas para garan!r a acessibilidade universal, além de escadas; também foi proposta a manutenção de algumas trilhas já existentes em terra ba!da. Uma caracterís!ca diferenciada que as trilhas adquirem quando fazem ligações com as escolas é a colocação de esculturas lúdicas que remetem a fenômenos da natureza, como uma forma de caracterizar estes espaços de maneira dis!nta dos demais.

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Mapa 15 Trilhas Trilhas | Deques | Passadiços


Diretrizes gerais • Recuperar a área que foi a!ngida pelo crime ambiental; • Recuperar áreas que se encontram degradadas ou em processo de degrada-

ção; • Realizar a despoluição dos córregos que adentram o Parque, como já está

previsto pela Operação Córrego Limpo, da Sabesp; • Realizar conserto e manutenção de todos os equipamentos existentes no

Parque e dos novos aqui propostos, como trilhas, deques, mirantes, brinquedos, bancos, mesas, sanitários, campos e quadras espor!vas, edificações, estação de skate; • Implantar os projetos de iluminação, sinalização e plan!o já especificados no projeto execu!vo do Parque, adequando-os quando necessário, às novas áreas propostas; • Implantar a ciclovia junto ao Parque, proposta no projeto original elaborado

em 2002, pensando nesse elemento como um ponto de es#mulo a implantação desse sistema de circulação que deverá ser visto também como uma infraestrutura de transporte e não apenas de lazer ;

• Implantar um projeto de drenagem que atenda todas as situações e necessidades apresentadas pelo Parque, garan!ndo espaços onde os usos sejam permi!dos durante e após períodos de chuvas; • Implantar um sistema de coleta e de separação dos resíduos sólidos; • Incorporar prá!cas par!cipa!vas à gestão do Parque, pois assim será possível manter sempre um ponto de discussão para melhorias, manutenção e par!cipação no Parque; • Desenvolver projetos com os moradores da região para criação de monitores e guias do Parque que já estejam envolvidos na área e que façam parte da história deste espaço, com a intenção de resgatar a memória do local e passá-la para as demais gerações; • Pensar nas propostas aqui apresentadas como um ponto de par!da para

novas discussões junto à comunidade, a fim de desenvolver um projeto que melhor se adapte as necessidades dos moradores.

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Áreas Específicas Para melhor compreenssão do projeto e das áreas apresentadas a seguir, vide ANEXO 01/01 – IMPLANTAÇÃO.

Área “A” A área “A” é onde está implantada a EMEF Deputado Rogê Ferreira. Este foi o ponto que desencadeou os processos de mudança no Parque, por isso seu edi"cio também passou por intervenções de adequação ao novo programa proposto, que já foi citado anteriormente.

Mapa 16 Situação atual - Implantação EMEF Edi"cio escolar Área impermeável Área permeável Passeio público Parque Pinheirinho d’Água Limite da APP do Córrego Pinheirinho d’Água

Vista do pá#o posterior da EMEF. (Fonte: Paula Ma#ns Vicente)

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O edi!cio escolar, que hoje possui dois pavimentos acima do térreo, receberá um novo andar na cobertura, que será des"nado a usos complementares aos já existentes na Escola. Esse novo pavimento terá uma sala de música – ou múl"plo uso – o Laboratório do Parque como observatório e espaço para desenvolvimento de pesquisas do Pinheirinho d’Água e região nas áreas de Paisagem e Ambiente, um mini auditório/sala para projeção de vídeos e apresentações e uma área descoberta que servirá de mirante para o Parque ou para aulas ao ar livre e ensaios ar#s"cos – música, dança, teatro. Esses novos espaços apresentam um caráter ambiental educa"vo e para isso, com a finalidade experimental e lúdica, serão implantados um sistema de captação e tratamento da água das chuvas para u"lizá-la na irrigação das plantas ali colocadas e um sistema de coletor de energia solar, que deverá fornecer abastecer os ambientes propostos nesse pavimento. Os demais pavimentos da Escola sofrerão pequenas alterações, apenas para o acréscimo de sanitários e adequação dos espaços de depósito, sala onde os estudantes colocam músicas para tocar (rádio) e grêmio estudan"l, localizados no térreo do edi!cio. A área externa da Escola foi a que mais se alterou com o intuito de se adequar melhor a proposta de integração com o Parque e resgatar o espaço cole"vo também para uso da comunidade. A atual quadra poliespor"va está localizada em uma APP do córrego Pinheirinho d’Água; com a nova proposta essa área é recuperada, ganhando um uso menos agressivo, permi"do pela legislação, tornando-se permeável e liberando a visual do Parque neste trecho. Esse espaço se transforma, assim, em um jardim com brinquedos, casinha na árvore, mesas, bancos, quiosque e esculturas que criam um diálogo com a natureza. O atual pá"o descoberto no fundo da Escola se amplia com a implantação de um deque de madeira, que pode ser usado como mirante ou espaço para apresentações ao ar livre. A construção existente nesse pá"o, que atualmente serve como depósito de materiais de limpeza, terá seu funcionamento transferido para o térreo do edi!cio escolar e será demolida, cedendo lugar para a entrada da quadra poliespor"va. O acesso ao Parque também se dará por esse pá"o nos fundos da Escola.

A quadra poliespor"va passará a ocupar o espaço do atual estacionamento de professores e funcionários da Escola e esse será colocado sob a área da quadra, aumentando sua capacidade, que é uma demanda apresentada pelos seus usuários. Um dos principais conceitos de transformação da Escola é a integração ao Parque. Para que isso se concre"zasse, alguns elementos de cercamento foram alterados; todo o gradil que, atualmente, faz a separação entre o ambiente escolar e o Parque, será subs"tuído apenas por um guarda-corpo, pois, com a nova configuração do espaço externo, o córrego e o desnível gerado pela implantação do deque de madeira formam barreiras !sicas que impedem o acesso à Escola através do Parque. A entrada principal, que está em contato direto com a rua, manterá o gradil semelhante ao do Parque, caracterizando a con"nuidade e a unidade destes espaços; entretanto, os quatro portões de acesso existentes serão trocados por portões maiores, de correr, possibilitando uma maior abertura da área. Esses acessos reformulados terão um controle durante o período de funcionamento da Escola e do Parque e serão abertos à comunidade nos períodos em que não estão sendo desenvolvidas a"vidades escolares – feriados, finais de semanas e férias. O princípio desta proposta, diferentemente do que ocorre atualmente, é integrar fisicamente a Escola ao Parque e transformá-la em uma praça pública nos momentos em que ela não está em funcionamento, possibilitando assim, o acesso da comunidade a todos os seus espaços externos. O edi!cio escolar também poderá se abrir para a praça proposta durante os dias não le"vos, oferecendo cursos, palestras, apresentações e exposições para a comunidade, se integrando as demais a"vidades oferecidas pelo Parque. A Escola poderá também ser a sede da associação dos moradores da região, des"nando para isso um espaço dentro do edi!cio.

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Mapa 17 ÁREA “A” Implantação

Elevação Rua Philonilia Gonçalves dos Santos

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Mapa 18

A

ÁREA “A” Térreo

A

Corte AA ÁREA “A”

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Piso de estacionamento EMEF Dep. Rogê Ferreira

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1° Pavimento

2° Pavimento

EMEF Dep. Rogê Ferreira

EMEF Dep. Rogê Ferreira


3° Pavimento EMEF Dep. Rogê Ferreira Implantação

Proposta para o novo pavimento projetado para a Escola. (Fonte: Paula Ma!ns Vicente)

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1

4

2

5

3 80

7

8 6

1 e 2 . Referência de brinquedos: Elvira de Almeida. (Fonte: Elvira de Almeida - Arte Lúdica) 3. Referência de casinha na árvore. (Fonte: acervo Raul Pereira Arquitetos Associados ) 4 e 5. Referência de esculturas/brinquedos: Formigas e Minhoca (Fonte: acervo Raul Pereira Arquitetos Associados ) 6.Referência de esculturas/ brinquedos: cobra (Fonte: www.blark.no ) 7.Referência de deque-mirante (Fonte: h!p://www.salto.sp.gov.br) 8.Referência de mobiliário: Colégio Santa Cruz, SP. (Fonte: acervo Raul Pereira Arquitetos Associados )


Área “B” Dentro do projeto de possibilitar que os estudantes usufruam do Parque de uma maneira educa!va, alguns usos foram propostos, criando novos espaços e garan!ndo uma vitalidade maior ao local, que hoje se encontra subu!lizado.

Mapa 19 ÁREA “B” Implantação

A

A área “B” é um espaço que já estava proposto no projeto de 2002 realizado em parceria com os moradores, o poder público e a FAU-USP. Neste local estava previsto a implantação de uma praça que faria parte de um sistema de áreas semelhantes ao longo da calçada do Parque, como uma forma de atrair os usuários para usos mais intensos e efe!vos destes espaços, preservando a área ambientalmente sensível junto aos córregos. No entanto, apesar da área ter sido terraplanada, o projeto realizado nunca foi implantado. A nova proposta feita para este espaço busca resgatar a ideia da formação da borda de atra!bilidade, com possibilidade de uso 24 horas por dia e preservação da APP dentro do Parque; para isso, o projeto da praça é adaptado à criação de um novo acesso ao Parque e à instalação de um espaço de jardinagem e horta comunitária. Este local contará com bancadas para realização de cursos e trabalhos de jardinagem e uma área de canteiros onde serão plantados temperos, ervas e verduras. Uma proposta para esse espaço é oferecer a!vidades aos moradores e alunos das escolas da região.

A

Atualmente, existe na Prefeitura de São Paulo o programa Escola Estufa Lucy Montoro com o obje!vo de “ser um espaço de vivência, educação, exercício e organização para disseminar o cuidado com o meio ambiente e o espírito comunitário, difundindo a hor!cultura, produção de mudas de espécies na!vas, espécies para paisagismo e a!vidades agrícolas.” (SOUSA, 2012)

Corte AA ÁREA “B”

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Área “C” Essa área , assim como a área “B”, também retoma o projeto de 2002 que não foi implantado, apesar das condções do terreno já estarem perparadas para a construção. A proposta atual revê o projeto anterior da praça, mantendo-a como um espaço de descanso e lazer, e prevê um novo acesso ao Parque, ligando-se a uma área de deque de madeira sobre o brejo. O deque que possibilita o acesso ao Parque foi projetado em diferentes níveis, porém pouco distantes do brejo, pretendendo manter um contato próximo a esse ecossistema, garan!ndo visuais importantes desta área. Ele foi pensado com uma estrutura palafitada de madeira, para evitar grandes interferências no ambiente. O deque proposto se conecta ao Parque através de um passadiço de madeira que con!nua percorrendo a área alagada.

Referência de deque junto ao corpo d’água: Jardim Botânico de São Paulo (Fonte: Vanessa Kawahira Chinen)

Mapa 20 ÁREA “C” Implantação

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Áreas “D” e “E” Estas duas áreas, assim como as outras duas descritas anteriormente, também fazem parte da retomada do projeto original de configuração da borda de atração aos usuários. Dentro da nova proposta de conexões e usos para o Parque, os projetos são adaptados às novas necessidades e mantém suas caracterís"cas de dis"nção – contemplação e a"vidades #sicas – para favorecer um movimento mais intenso de pessoas nestes espaços.

Mapa 21

Mapa 22

ÁREA “D” Implantação

ÁREA “E” Implantação

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Área “F” Esta área também é uma das praças que retomam e adaptam o projeto anterior às novas necessidades. O diferencial desse espaço em relação às demais praças já descritas é que ele cria um novo e importante acesso ao Parque, vencendo um desnível de 25 metros através da escadaria proposta. A escada em madeira sobre estrutura metálica fica suspensa e se abre para grandes patamares que formam praças de estar, contemplação e descanso junto às árvores que se encontram na área. Por ser uma passagem que passa em um trecho de mata densa, o projeto de cada patamar se adequou as árvores existentes, evitando grandes intervenções na área e o desmate de espécies arbóreas, resultando em espaços, situações e visuais diferentes em cada patamar. Referência de escadaria: Parque do Caracol (Fonte: h!p://blogdomilicors.blogspot.com.br)

Corte AA ÁREA “F”

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Referência de escadaria: Parque do Caracol (Fonte: h!p://www.ipernity.com)


A Referência de escadaria: Parque Renaca Norte (Fonte: Ins!tuto Monsa de Ediciones)

A

Mapa 23 ÁREA “F” Implantação

Referência de escadaria: Parque Renaca Norte (Fonte: Ins!tuto Monsa de Ediciones)

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Área “G” A área “G” é um espaço já existente no Parque com possibilidades de usos interessantes, mas, atualmente, se encontra subu lizada devido à falta de equipamentos e a vidades propostas para as escolas e a comunidade. A proposta de interferência na área fez uma retomada do projeto original, propondo a readequação dos espaços de equipamentos de ginás ca, brinquedos, mesas e bancos e, em alguns casos, propôs o sombreamento com o plan o de árvores, conforme previa o projeto que não foi implantado completamente. No projeto de 2002, elaborado junto com a comunidade, este espaço contava com uma cancha de bocha que, segundo relatos, nunca foi u lizada pela falta de pra cantes nas proximidades. Com o novo projeto e, baseado em um trabalho já realizado na área, por Vanessa Kawahira Chinen (citar fonte em rodapé), optou-se pela subs tuição da cancha por um espaço des nado a aulas de artes e artesanato, aproveitando a estrutura da cobertura já existente e conservada. As a vidades ali desenvolvidas terão como pano de fundo a ideia do reaproveitamento e reciclagem dos materiais, bem como propostas relacionadas ao meio ambiente e aos recursos naturais. Esta área apresenta também um Centro de Educação Ambiental (CEA), que hoje é pouco u lizado, mantendo-se ocioso grande parte do tempo. Com a proposta de criar espaços atraentes às escolas e aos moradores, o CEA passará pela criação de um programa de a vidades relacionadas ao estudo do Parque e da região, que possibilitará um maior usufruto deste espaço. Pensou-se em equipá-lo com livros, publicações e materiais que abordem o Parque, a região do Jaraguá e assuntos relacionados ao ambiente, criando um acervo para ser u lizado por qualquer cidadão. O CEA também abrigará uma área para a exposição de materiais produzidos sobre o Parque ou através de estudos realizados nele; será o ponto de encontro para as a vidades guiadas e monitoradas pelo Parque; terá um espaço des nado para desenvolver estudos e aprofundamento das observações coletadas em campo; oferecerá palestras e apresentações de filmes. O CEA terá uma relação direta com o Laboratório do Parque, pro-

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posto dentro da EMEF Rogê Ferreira, oferecendo a vidades complementares as desenvolvidas naquele espaço, e com o espaço de a vidades ar s cas, na área de an ga bocha, onde poderão acontecer a vidades ligadas ao meio ambiente. A área “G” receberá um espaço de leitura des nado aos estudantes e moradores e possibilitará o emprés mo de materiais existentes em seu acervo, bem como promoverá eventos para a troca de materiais entre os usuários, semelhante à Feira de Troca de Livros e Gibis, que já ocorre em alguns parques municipais da cidade de São Paulo. Como forma de maior conexão às demais áreas do Parque, haverá um novo acesso par ndo do mirante/ deque de madeira já existente, potencializando ainda mais o desenvolvimento das a vidades propostas em seus espaços. Uma segunda ligação também foi proposta, como forma de conectar este espaço à Praça dos Esportes, “área I”, do Parque.

Referência de bosque da leitura: Parque do Ibirapuera (Fonte: Paula Mar ns Vicente)


Mapa 24 ÁREA “G” Implantação

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Área “H” A área “H” é uma pequena praça de chegada ao Parque, mas que possui um papel importante na conexão dos espaços mais sensíveis ambientalmente com a Praça dos Esportes, atual Praça Paulo Reis de Magalhães, que apesar de também ser uma área do Parque, encontra-se desar!culada dele, criando uma ideia de fragmentação e não pertencimento ao conjunto.

A

Tal espaço de entrada se localiza ao lado de uma das passarelas que atravessa o córrego Vargem Grande e se prolonga, com a extensão do piso sobre o leito carroçável, até a Praça dos Esportes, como uma forma de dar a con!nuidade do Parque e mostrar para aqueles que estão motorizados a peculiaridade deste espaço.

A

Corte AA ÁREA “H”

Mapa 25 ÁREA “H” Implantação

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Área “I” A área “I”, atualmente chamada de Praça Paulo Reis de Magalhães, passaria a ser denominada como Praça dos Esportes, pois é o trecho do Parque que assume um caráter extremamente espor!vo com quadras, campos, espaço para skates, equipamentos de ginás!ca e áreas para a recreação infan!l. Esta área foi implantada, mas não completamente de acordo com o projeto original. A intervenção proposta aqui visa atender a uma nova demanda apresentada pelos moradores, devido ao pouco número de equipamentos espor!vos na região. Em reunião realizada pelo Conselho Gestor do Parque, uma das principais carências apresentadas pelos moradores é a falta de campos de futebol para a prá!ca deste esporte por !mes da região. O atual equipamento para a prá!ca de skate, implantado no Parque, não pode ser u!lizado devido à construção inapropriada e à falta de drenagem adequada no local. O que se propõe com o novo projeto é a realocação deste espaço para um local mais apropriado e que também possa se aproveitar de uma condição topográfica mais adaptada. Este novo espaço foi proposto para a área próxima à entrada principal da Praça dos Esportes, onde a topografia oferece uma situação mais adequada para a implantação.

Referência de escorregadores: Parque Madrid-Rio (Fonte: Rulian Noci!)

O local liberado pela saída do skate e os arredores deste espaço receberam um configuração especial, acomodando a implantação de um campo de futebol com os tamanhos mínimos exigidos oficialmente para a prá!ca deste esporte – 45m x 90m. Devido as grandes dimensões exigidas para a implantação do campo, este trecho da praça sofreu uma grande alteração, deslocando seus usos para outros espaços do Parque. A Praça dos Esportes também fará parte do projeto de integração entre o Parque e as escolas do entorno, oferecendo a prá!ca de diferentes modalidades espor!vas aos alunos, durante o período em que não estão nas escolas, realizando também campeonatos entre eles.

Referência de escorregadores: Parque Madrid-Rio (Fonte: Rulian Noci!)

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Corte AA ÁREA “I”

Referência de gradil com vegetação para as quadras espor!vas: Parque Madrid-Rio (Fonte: Rulian Noci!)

Referência de área para skate: Parque Madrid-Rio (Fonte: Rulian Noci!)

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Referência de gradil-biombo para as quadras espor!vas: Parque da Juventude (Fonte: www.arcoweb.com.br)



Área “J” A área “J” é uma das áreas que também foi implantada, mas que não respeitou completamente o projeto execu!vo elaborado. Hoje, ela é formada pela administração, ves!ários, um campo de futebol com dimensões dentro dos padrões oficiais – 57m x 90m –, churrasqueiras descobertas, equipamentos de ginás!ca e brinquedos recentemente instalados. No projeto aqui apresentado, o prédio da administração do Parque abrigará também um balcão de informações e uma enfermaria. A nova proposta para a área prevê a reconfiguração do espaço des!nado para a recreação infan!l, complementando-o com um trecho de brinquedos aquá!cos que serão alimentados pela água da nascente existente dentro do Parque. Para que isso aconteça, o curso natural da água proveniente da nascente deverá ser levemente deslocado com a finalidade de a!ngir a área descrita acima.

Referência de brinquedos: SESC Itaquera (Fonte: Acervo Raul Pereira Arquitetos Associados)

As churrasqueiras também serão reformuladas, recebendo coberturas sobre as mesas e configurando melhor o espaço existente. O campo de futebol, que hoje é gerido por um grupo de moradores desar!culados da gestão do Parque será retomado pelo poder público que fará a gestão deste espaço, assim como já faz dos demais espaços do Parque. Desta forma, serão organizados jogos entre os !mes da região e os alunos das escolas poderão u!lizar o espaço para a prá!ca do esporte e realização de campeonatos.

Referência de brinquedos com água: Parque Andre Citroen (Fonte: h#p:\\roede.blogspot. com.br)

Referência de brinquedos com água: SESC Itaquera (Fonte: www.sescsp.org.br)

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Mapa 27 ÁREA “J” Implantação

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Área “K” A área “K” é também conhecida como Praça da Ferradura devido ao seu formato se assemelhar a uma ferradura. O projeto original da parte civil foi implantado neste local, mas o plan!o não foi realizado em alguns canteiros e, naqueles onde as árvores foram plantadas, não houve um respeito às espécies indicadas pelo projeto. Nesta nova configuração, esse espaço receberá um deque de madeira/ mirante para possibilitar a visualização de todo o Parque, já que ele está localizado em uma das porções mais altas do terreno. Também será retomado o projeto original de plan!o e a implantação de alguns bancos que não foram realizados.

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A

Corte AA ÁREA “K”

Mapa 28 ÁREA “K” Implantação

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Área “L” A área “L” é um novo espaço criado que será responsável por fazer a transição entre as áreas externa da EE República da Argen na e do CEI Jaraguá e o Parque Pinheirinho d’Água. Atualmente não existe nenhuma relação entre essas escolas e o Parque; elas se fecham completamente para esse ambiente. A nova proposta prevê a subs tuição dos muros que delimitam esses espaços por gradis que permitam maior visibilidade. Além disso, o projeto cria uma pequena praça-mirante sobre um deque de madeira, de onde parte uma trilha suspensa que acessa o Parque. Pelo fato destas duas escolas também estarem inseridas na área do Parque, deverá ser realizado ali um projeto semelhante ao que ocorreu na EMEF Rogê Ferreira – a Charrete – para possibilitar maiores contatos com o Parque. Entretanto, apesar de ainda não ter ocorrido uma sensibilização destes alunos aos problemas do Parque, as a vidades propostas dentro dele também contemplam os alunos destas escolas.

Mapa 29 ÁREA “L” Implantação

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Área “M” A área proposta “M” está inserida em um trecho do Parque que foi a!ngido pelo crime ambiental que aterrou uma porção próxima à EE República da Argen!na para a passagem dos caminhões. Atualmente esse espaço se transformou em um ponto para o lazer dos moradores, já que se trata de uma grande área plana e livre de qualquer interferência.

A

Pensando no impacto gerado e no ambiente que foi produzido, optou-se pela manutenção desse platô para a criação de um espaço livre, onde podem ocorrer apresentações e outras a!vidades que necessitam de uma grande área livre, já que esse setor do Parque possui poucos equipamentos e uma grande demanda. A ideia da criação desse espaço livre foi retomada do projeto de 2002, quando se projetou uma área – o terreiro, no atual local da EMEF Rogê Ferreira – para livres manifestações ar"s!cas e de lazer da comunidade vizinha. A nova proposta prevê também a instalação de uma arquibancada para os usuários e a implantação de sanitários e uma escadaria que possibilita o acesso ao Parque.

Corte AA ÁREA “M”

A

Mapa 30 ÁREA “M” Implantação

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Área “N” A área “N” é um passadiço-mirante que cruza o grande brejo localizado na porção central do parque. A principal função deste espaço é a transposição dessa área alagada para possibilitar a conexão entre os dois lados do Parque, mas essa ideia não se realiza isoladamente, ela se soma à criação de um espaço para servir de observatório dos animais e da vegetação do brejo e resulta na construção de um grande deque palafitado que também serve para o estudo do meio ambiente. Essa transposição possibilita que os alunos das escolas e demais frequentadores localizados de um lado do Parque cheguem aos equipamentos propostos no lado oposto, garan ndo uma efe va movimentação dessa área. Porém, esse acesso também só é garan do pela con nuidade do passadiço que se liga a uma trilha suspensa que termina na “área G”.

Referência de passadiço de madeira sobre brejo: Parque Cidade de Toronto (Fonte: Acervo Raul Pereira Arquitetos Associados )

Mapa 31 ÁREA “N” Implantação

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Área “O” A área projetada “O” funciona como uma con!nuidade do deque-mirante – área “N” – possibilitando o acesso aos equipamentos presentes na “área G”. Ela se configura como uma trilha suspensa que a!nge, em certos pontos, a altura da copa das árvores, proporcionando um maior contato com essas espécies arbóreas e com os animais que ali vivem. Essa percurso foi pensado como um esspaço para se ter um grande contato com a natureza e possibilitar visuais de todo o Parque. Por se tratar de uma passagem em rampa com inclinação adequada e patamares intermediários, apesar de sua longa extensão, é possível ser acessada por pessoas com mobilidade reduzida.

Referência de trilha suspensa: Jardim Botânico de São Paulo (Fonte: www.ambiente.sp.gov.br)

Referência de trilha suspensa: Parque Villa Lobos (Fonte: Melina Furuta Kuroiva)

Mapa 32 ÁREA “O” Implantação

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Área “P” A área “P” será chamada de Mirante da Nascente. Atualmente esse espaço é configurado apenas por uma ponte que cruza o corpo d’água originado na nascente presente no Parque. A nova proposta amplia a passarela e cria um espaço de estar sobre um deque de madeira, voltado para a nascente, onde os usuários poderão contemplar o surgir das águas que serão u lizadas nos brinquedos aquá cos propostos na “área J”.

Referência de passadiço com vista para área alagada:Parc-de-l’Abbaye-du-Valasse (Fonte: www.landezine.com)

Mapa 33 ÁREA “P” Implantação

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cap

S

9

ínteses e Desafios

O trabalho desenvolvido possibilitou contato com uma história construída de forma democrá"ca e par"cipa"va e que vem enfrentando desafios diferentes a cada dia, mas com a vontade de transformação do local. As propostas aqui apresentadas buscaram contemplar as novas necessidades expressas pelos alunos da EMEF Rogê Ferreira e frequentadores do Parque, com a finalidade de oferecer uma possibilidade de transformação para o local e que possa servir como um novo objeto de discussões entre os moradores, usuários e Conselho Gestor do Parque. Um dos grandes problemas observados no local diz respeito a atual forma de gestão, tanto deste parque, quanto de demais espaços públicos de uso cole"vo na cidade, principalmente quando essas áreas se encontram nas periferias do município. Esse ponto se mostra bastante contraditório, já que as periferias são mais populosas e mais carentes de equipamentos públicos de lazer, cultura e esporte. Apesar de haver tal discrepância de inves"mentos, locais como o Parque Pinheirinho d’Água são construídos nas regiões mais afastadas do centro da cidade e são contemplados com o descaso municipal; ou seja, existem áreas de grande estrutura e potencialidades para uso da população, mas estão mal geridas pelo poder público, o que reforça mais o aspecto de desigualdade e inves"mentos de melhorias entre as regiões centrais e periféricas. O Parque Pinheirinho d’Água, fazendo parte do programa municipal “100 Parques”, se apresenta apenas como um número dentro dessa proposta, pois não há

qualidade no ambiente nem interesse da gestão pública em melhorias no local. Dentro da possibilidade de reverter esse processo de descaso, as escolas se colocam como um ponto privilegiado de discussão, pois nelas as opiniões também são formadas, podendo auxiliar em um processo par"cipa"vo das comunidades na construção dos espaços públicos. Daí a importância da par"cipação da Escola neste processo desenvolvido no trabalho. Entretanto, muitas questões ainda se colocam sem respostas para a con"nuidade do trabalho dentro do ambiente escolar, tais como, “como dar con"nuidade para o processo trabalhado pela Charrete?”, “como a Universidade pode con"nuar a propor e desenvolver a"vidades nas escolas, apesar de um programa didá"co já pré-estabelecido?” Essas inquietações não permanecem apenas dentro da Escola, pois finalizo o trabalho com muitas questões ainda por serem resolvidas, que antecipam o projeto aqui apresentado, tais como: “como as Secretarias Municipais – neste caso, mais especificamente, as de Educação e Meio Ambiente – poderiam se ar"cular melhor para a construção de espaços de usos educa"vos, de lazer e de preservação?”, “como reacender a chama da vontade de transformação que os moradores "nham quando batalharam para a construção do Parque?” Sem a par"cipação da população na construção, manutenção, preservação e gestão de espaços públicos, principalmente nas regiões não centrais, se torna cada vez mais di#cil construir locais democrá"cos e de uso efe"vo pela comunidade.

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B

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