TFG Arquitetura USF: Complexo de Bem-Estar Animal

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HH PE PE

complexo de bem-estar Animal

Paula

Trabalho Final de Graduação Arquitetura e Urbanismo

Campinas | 2022 complexo de bem-estar Animal Paula Cristina Gomes

HH PE PE

Orientadora:MirelaPilonPessatti

Universidade São Francisco

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à bancada examinadora da Universidade São Francisco como requisito para obtenção do título de Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Figura01:CãesdisponíveisparaadoçãoemCampinas/Maio2022

Fonte:PortalAnimalCampinas,adaptadopelaautora

LEO RANGER LAURINHA KITTY BARTÔ GILDA ARNALDO NICO
quércia
LILEU
BARUK KLEBER MARIO zigui tiberio magali marlon
VITOR dylan GAIA JADE
SPARROW

Obs:Todasasilustraçõespresentesnestecadernode cãesegatosforamretiradasdobancodeimagensda plataformaCanvaOnline

agradecimentos

Respeitarosanimaiséumaobrigação,amá-losé umprivilégio.

A compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana.

Primeiramente, agradeço a Deus, por ter estado sempre comigo durante todo esse processo.

Agradeço a eles, que me proporcionaram estar realizando esse o objetivo e que mesmo à distância, não mediram esforços para me proporcionar todo o suporte que tive ao longo desses cinco anos de trajetória, por terem sempre acreditado no meu potencial: meus pais, Verônica e José Paulo. Muito obrigada! Essa conquista também é de vocês. Agradeço também ao meu irmão caçula Leonardo. Sou muito grata em tê-los como a minha família.

Agradeço aos meus filhos de quatro patas, Yoshi e Yuki, obrigada por me mostrarem o verdadeiro altruísmo, me inspirando profundamente neste trabalho. Eu amo vocês!

Agradeço todos os meus amigos que a Arquitetura me deu, por lutarem comigo em nosso sonho em comum, por toda troca e apoio, pelas frases de motivação e até mesmo pelos puxões de orelha. Por tornarem tudo mais leve. Vocês foram essenciais em minha jornada. Destaco aqui minhas amigas Bianca e Cristina, que lembrarei para o resto da minha vida.

Ao meu noivo, Paulo, por compreender todas as minhas angústias, os meus dias ausentes e as noites viradas, por sempre ter compartilhado palavras de suporte e incentivo, amor e tanto cuidado. Não sei nem como te retribuir por tanto. Obrigada por tudo.

Por fim, agradeço a todos os meus docentes que contribuíram para a minha formação acadêmica. Em particular, agradeço a minha orientadora Mirela Pilon, que compartilhou comigo o seu grande amor pelos animais e todo seu conhecimento ao longo do desenvolvimento deste trabalho. Obrigada por disponibilizar seu tempo, por me guiar durante esse processo com todo zelo e paciência do mundo. Agradeço também a professora Patricia Marcucci Kulaif, indispensável para eu ter chegado até aqui. Por fim, agradeço ao meu orientador metodológico Diego Fonseca Vianna. Obrigada pelas valiosas contribuições.

resumo

O trabalho de conclusão presente demonstra o quão inseridos estão os animais no nosso dia-a-dia. Em contrapartida, observa-se muita negligência e a quantidade de cães e gatos que sofrem maus tratos ou são abandonados ainda é grande e vem avançando. Assim, buscando atender todos os condicionantes legais, físicos e urbanísticos, o objetivo deste trabalho de conclusão de curso é desenvolver um projeto arquitetônico de um Complexo de Bem-estar Animal para o município de Campinas/SP, do qual a cidade carece, de modo a proporcionar assistência a cães e gatos abandonados, perdidos ou oriundos das ruas, para estes se encontrem, após devidos amparos, em boas condições para uma futura adoção responsável, garantindo o bem-estar animal. Ademais, visa proporcionar o cuidado médico veterinário a todos os animais, pretendendo, com isso, democratizar o acesso a esse serviço e ao direito animal, evitando, portanto, que novos casos de vulnerabilidade surjam.

The following undergraduate thesis demonstrates that despite the fact of how animals are included in our daily routines, the number of cats and dogs abandoned or suffering from mistreatment to this day is still high and rising. Thus, in order to provide a solution to this predicament, the key purpose of this term paper is the proposal of a Health Center and Shelter for Animals, located in the city of Campinas (Brazil, SP), providing assistance to abandoned, lost, mistreated or in street condition animals, in order for those, after due support, meeting all legal, physical and urban conditions, be granted the chance of responsible adoption, ensuring animal welfare. In addition, this project also aims to provide veterinary medical care to all animals, in an attempt to democratize access to this service and animal rights, hence preventing new cases of vulnerability from arising.

ABSTRACT
sumário 10 10 Capítulo1 APRESENTAÇÃO Capítulo4 ESTUDOS DE CASO 89 89 Capítulo2 LOCAL 28 28 Capítulo3 TEMA 72 72 Capítulo5 PROJETO 108 108 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 152 152 LEGISLAÇÃO 147 147 Anexo

objetivo específicos OBJETIVOS

objetivo geral

Desenvolver uma proposta arquitetônica para um Complexo de Bem-estar Animal na cidade de Campinas-SP.

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

Formar um embasamento teórico referente ao tema, entendendo a relação do ser humano com o animal doméstico; Buscar referências para a edificação proposta através de estudos bibliográficos e correlatos projetuais, que servirão de alicerce para compreender as necessidades específicas do projeto; Analisar as características da área de estudo e do terreno proposto a fim de obter a indicação de fatores importantes para estratégias de implantação;

Desenvolver um anteprojeto que suporte a demanda atual por abrigos e de apoio veterinário; Promover um espaço que seja convidativo para que a sociedade sintase envolvida pelo projeto; Promover a interação e a ressocialização entre os animais e seres humanos;

Propiciar áreas de lazer, tanto para os pets, quanto para seus donos e visitantes do local;

01 01

APRESENTAÇÃO

A presença dos animais domésticos no cotidiano da população se expande no decorrer dos anos. Nas últimas décadas, observa-se o estreitamento da relação homem x animal. Com isso, surge-se a necessidade de serviços de apoio dedicados à atenção da saúde animal.

Entretanto, um lar com atenção e cuidados não está sendo a realidade de todos os animais, apesar de todas as leis de proteção existentes. Conforme dados atualizados pelo Instituto Pet Brasil, em 2018, o número de animais domésticos chegou a quase 140 milhões, sendo as espécies mais predominantes cães (54,2 milhões) e gatos (23,9 milhões), destes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 30 milhões estão em situação de abandono, ou seja, 21,43% do total de animais domésticos.

Amarerespeitarosanimaissignifica amarerespeitartodososanimais, não apenas aqueles que compartilhamosnossolar.

Percebeu-se que em Campinas essa realidade também é presente. Dessa forma, veremos que a demanda por esse local se faz justificativa deste projeto.

Perante ao fato, o tema deste Trabalho Final de Graduação surgiu devido à sensibilização pessoal em relação aos animais que vivem nessa conjuntura, que em grande parte, nascem e morrem nas ruas, sendo uma situação crescente e constante nas cidades.

A RELAÇÃO DO HOMEM COM os animais 1.2

Todas as espécies de animais que são de alguma forma submetidas ao domínio do ser humano precisam de mais atenção e cuidado, no entanto, esse trabalho vai focar nos animais domésticos, que estão mais presentes na cidade, especificamente cachorros e gatos.

Apresentando elementos de análise e pesquisa que buscam compreender a relevância de um Complexo de Bem-Estar Animal, busca-se através do projeto formar um apoio para o tratamento de animais da comunidade.

Com este espaço, os animais errantes terão a oportunidade de ter um lar para doar e receber amor e a comunidade, um espaço de cuidados aos seus cães e gatos, bem como de lazer. Essa é a minha premissa. Lançou-se um olhar para como cabe a arquitetura pensar em espaços mais democráticos para os animais, já que esses, sobretudo gatos e cães, são amplamente parte da vida de nossas cidades.

Assim, a fim de amenizar a problemática, providenciando espaços de prevenção e tratamentos veterinários, buscando prover para todos os animais domésticos condições adequadas de vida e garantir que todas as pessoas, independente de seu poder aquisitivo ou classe social, estejam aptas a possuírem um animalzinho de estimação, aqui exponho o meu trabalho.

A convivência entre seres humanos, cães e gatos é relatada há milênios como um comportamento de abrangência global (BECK, 1973)*. A etologia nos explica a aproximação entre seres humanos e animais, nas palavras de Bernard & Demaret (1996).

Esses autores colocam que, no passado, cães e gatos primordial e eram especificamente mantidos para desempenharem funções práticas. Porém, desde que o animal foi domado, amansado, para depois ser domesticado, sua interação com o ser humano foi mudando: o papel destes logo evoluiu para incluir também a companhia, sendo essa sua principal função atualmente.

Para Serpell (2004), hoje a interação com os animais não é mais apenas instrumental (no sentido de que prestam serviços a nós, somente), mas também afetiva. Isso mostra que, ao longo dos anos, as relações com os animais passaram por uma evolução, modificando o valor deles para o homem.

introdução 1.1
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Com isso, esses animais de estimação estão tendo cada vez mais uma importância significativa em nossas vidas, ganhando espaço na sociedade e estando cada vez mais presente nas famílias de várias localidades do mundo. Constata-se, por exemplos, que os cães já estão presentes em cerca de 2/3 dos lares brasileiros na atualidade. (fonte: mypetbrasil.com). Esses dados oferecem sustentação à ideia de que a vida humana, compartilhada com os animais, está instituída como uma nova forma de existência, que atende as necessidades atuais de determinados grupos de pessoas (Faraco et all, 2004).

Em decorrência da convivência mais próxima estabelecida nos dias atuais entre as pessoas e os animais, “o animal doméstico ganhou status de membro da família”, contextualizando um novo arranjo familiar, passando inclusive a serem disputados em alguns processos de divórcio. Essa nova modalidade familiar, chamada de multiespécie, é formada por uma pessoa, alguns membros ou um casal e o animal de estimação, com integração humano-animal. Atualmente, eles passaram a ser considerados pelas famílias que os adotam como um “integrante” do grupo — e ver-seá que é assim mesmo que eles se sentem (SOS Animal).

A interação humano-cão (Canis familiaris) é bastante notória na nossa rotina contemporânea. Para observar essa circunstância, basta sairmos para caminhar pelas ruas, passear num parque ou até mesmo ir ao shopping. Os cães exercem várias funções na sociedade: são companheiros no nosso dia a dia, detectam narcóticos e explosivos (Goldblatt, Gazit, & Terkel, 2009; Jezierski et al., 2014), auxiliam pessoas com deficiência visual e auditiva, identificam sinais de epilepsia (Catala et al., 2019), atuam no pastoreio, realizam resgates, estão presentes em sessões de terapia e em asilos (Fernworn, 2009; Haubenhofer, 2009; Helton, 2009; Sachs-Ericsson & Merbitz, 2009), entre outras. De acordo com Kotrschal (2018), eles também são “catalisadores sociais”, estimulando a comunicação e o contato entre as pessoas.

Nos últimos anos, os gatos também vêm conquistando o coração dos brasileiros e fazendo sucesso. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente a população de gatos domésticos no país é de 23,9 milhões de indivíduos. A previsão é de que este total chegue a 30 milhões de indivíduos até 2022. Embora o cão ainda seja maioria dentre os animais de estimação (são 54,2 milhões no total), a população felina cresce proporcionalmente mais do que a população canina. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET), a quantidade de gatos cresceu 8,1% em 2019, enquanto a quantidade de cães cresceu apenas 3,8%.

Assim, não é difícil encontrar cães e gatos sendo considerados como membros da família. Nesse caso, a relação humano-cão se assemelha, em muitos aspectos, àquela estabelecida entre pais e filhos, havendo, portanto, características de apego (Bowlby, 1984; Palmer & Custance, 2008; Zilcha-Mano, Mikulincer, & Shaver, 2012). Como cita Lima (2009):

Os afetos são representados por meio de expressões populares aos vocabulários de donos de cães e gatos, os preferidos dentre os animais de esmação, como “meu melhor amigo”; “amor verdadeiro”; “só falta falar”; “é quase gente”, além de várias demonstrações de extrema afevidade, tais como conversar com os animais, chamar de filho, abraçar, beijar, cuidar, dar presentes, fazer festas de aniversário etc. (...) Nesse contexto, os animais de esmação assumem um papel diferenciado nas relações intrafamiliares nas residências, de modo que o proprietário idenfica o seu animal como membro da família, parcipando das avidades diárias de seus donos. (LIMA, 2009).

Devido a isso, nos últimos anos a preocupação com o bem-estar e saúde dos animais de companhia está aumentando a procura por serviços médicos veterinários. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos mostrou que 41% dos proprietários levam seus animais de estimação a um médico veterinário de uma a duas vezes por ano, e 32% afirmaram fazer a visita ao médico de três a quatro vezes (BIRGEL ; DEVELEY, 2014).

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Já no Brasil, pesquisas mostram que 79% dos proprietários consideram importantes os cuidados com a saúde, e mostra que os produtos mais utilizados são as vacinas, com 63%, e as idas ao veterinário, com 44% (SPC BRASIL, 2017), demonstrando que os atendimentos são buscados não somente quando se encontra alguma patologia, e sim um cuidado e acompanhamento contínuo.

Hoje, a maioria dos donos quer dar o maior conforto e bem-estar ao seu animal, e para isso não poupam gastos, seja com alimentação, produtos de beleza, ou medicamentos. Segundo Silva e Massuquetti (2014), a partir do século XXI, houve um aumento de animais de estimação presentes nas famílias e essa cultura aumenta a cada dia, sendo que o Brasil é um dos países em que mais se tem gastos com animais de estimação. O mercado voltado aos animais de companhia é um dos maiores do Brasil. Uma pesquisa realizada pela Euromonitor International revela que o mercado de cuidados com pets cresceu 66% na última década, e em âmbito global, o faturamento do setor foi de 124,6 bilhões de dólares.

Desta forma, o mercado brasileiro está bastante aquecido. Segundo o Instituto Pet Brasil (IPB), em 2018 foram movimentados 34,4 bilhões de reais na indústria pet no país. O setor de pet shops vem apresentando um crescimento, em média, de 17% ao ano, desde 1995, segundo a Associação dos revendedores e prestadores de Serviços ao mercado Pet – ASSOFAUNA (Cemignani, 2003).

Além dos medicamentos e alimentação aos animais de companhia, encontra-se também argos voltados a beleza animal, o chamado Pet Care, que conta com roupas, coleiras, brinquedos, entre outros (SANTOS, 2012) (VAL; TATIBANA, 2011).

É grande variedade de produtos e alimentos voltados aos animais, trazendo a possibilidade do tutor comprar cada vez mais itens e colocar o seu animal como consumidor também (Bernard e Demaret, 1996, citado por Delarissa, 2003).

Uma das razões do aumento desse mercado, além da necessidade de companheirismo e fidelidade, é a modificação dos padrões familiares e de moradia. Vivemos uma conjuntura onde os espaços residenciais estão cada vez mais compactos, devido ao processo de verticalização das habitações. Muitas pessoas optam por viverem em apartamentos, devido à segurança, praticidade e custos. Além disso, outro fator seria a redução da taxa de mortalidade e natalidade, com a longevidade, levando a novos arranjos monoparentais, como casais sem filhos, colocando assim esse papel no animal.

Esse fato costuma ocorrer principalmente em países desenvolvidos onde as mulheres conseguem se inserir no mercado de trabalho e preferem ter menos filhos para usufruir da liberdade.

Essa queda da natalidade também está ligada ao processo de urbanização, ao aumento do planejamento familiar, a propalação da utilização de métodos contraceptivos, a melhoria nas condições de educação, casamentos tardios e, mais recentemente, ao alto custo de vida nas cidades e também aos gastos, cada vez maiores, que os pais têm para educar os filhos. As famílias brasileiras estão menores, muitas vezes, por imposição da economia.

Pesquisas mostram que o crescimento de cães vem excedendo até mesmo à quantidade de crianças nas famílias. De acordo com um levantamento do IBGE (2013), a cada 100 famílias brasileiras, 44 criavam cachorros, enquanto 36 tinham crianças. Nas últimas pesquisas do Radar Pet (2021), vemos que os grupos de casais sem filhos vem aumentando, é uma tendência.

Gráfico01:Projeçãoestimadado crescimentodenúmerosdecães emrelaçãoàscriançasnoslares brasileiros

Fonte: IBGE, adaptado pela autora

2013 52 62 71 45 43 41 2017 2020 cães crianças
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Deste modo, é notório como aumenta o número de lares que incorporam como cohabitantes seres de outras espécies que não a humana: cães, gatos, iguanas, hamsters, pássaros, peixes, serpentes.

Em relação aos cães, nota-se maior representatividade nos estados de São Paulo (24,5%) e Minas Gerais (10,0%). O mesmo ocorre na concentração de aves, também é maior nesses estados. A maior concentração de peixes ocorre em São Paulo (47,1%), Santa Catarina (9,8%) e Minas Gerais (9%).

O Brasil possui cerca de 74,3 milhões de animais de estimação em residências, entre cães e gatos (ABINPET, 2013). Em 2013, a Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE estimou que cerca de 44,3% dos domicílios do Brasil possuíam pelo menos um cachorro e 17,7% pelo menos um gato (IBGE, 2013). Este dado revela que no Brasil, as discussões sobre os espaços de atendimento veterinário são relevantes, considerando a demanda existente.

AVES CANORAS E

ORNAMENTAIS OUTROS CÃES

139,3 milhões

Figura01:Dadosde2018sobrea populaçãoanimalnoBrasil Fonte:Abinpet,adaptadopelaautora

ORNAMENTAIS

Os dados mencionados se confirmam através da pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013 (pesquisa quinquenal) e apontam que na época ao nível mundial, o Brasil era o 4º em número de animais de estimação (132 milhões), o 2º em número de cães, gatos e aves canoras e ornamentais, o 9º em número de répteis e pequenos mamíferos e o 10º em número de peixes ornamentais.

Para Ana Beatriz Rosa, a maioria dos tutores de pets sabe a alegria imediata que eles conseguem oferecer, proporcionando, na maioria dos casos, elevada importância emotiva para a espécie humana, mas muitos nem imaginam os benefícios para o próprio organismo. Torna-se oportuno dizer que, com essas conexões mais profundas entre nós, esses animais proporcionam vários benefícios, que podem funcionar como incentivo à obtenção de um novo companheiro de vida.

Embora a relação entre o homem e o animal seja antiga, percebe-se que o conhecimento a respeito dos benefícios dos animais domésticos na vida do ser humano é recente. Ele começou a ser percebido por volta da década de sessenta, tanto em situações especiais, quanto em instituições (prisioneiros, deficientes físicos e mentais), ou em momentos importantes da vida, como infância, adolescência, separação, viuvez e velhice. Desde então, acumulou-se um vasto conhecimento sobre a relação humano-pets ao nível familiar e social, bem como o significado de pets em nossas vidas.

O levantamento do Instituto Pet Brasil também mapeou em 2018 onde estão os pets por estado e regiões do Brasil. Em 2018, a maior concentração de animais de estimação esteve na região Sudeste, com 47,4%. Também é possível traçar um perfil da concentração de animais por unidade e por categoria, entre cães, gatos, aves e peixes. A maior concentração de gatos no país está nos estados de São Paulo (21,6%), Rio de Janeiro (9,1%), Minas Gerais (7,2%) e Rio Grande do Sul (7,2%).

Estudos demonstram que a interação do homem com animais de estimação pode ter efeitos positivos na saúde e comportamento humano e que, em alguns casos, esses efeitos são relativamente duradouros (Serpell,1993). E, com isso, podem-se desenvolver técnicas utilizando cães como co-terapeutas em terapias individuais e familiares (Coutinho et all, 2004). Segundo esse autor, a interação homem e animal de estimação, principalmente os cães, tem sido benéfica para a saúde do ser humano, tanto para saúde mental, como para saúde física. Esses benefícios vão desde o relaxamento e o carinho que o animal de estimação oferece a pessoa, até a zooterapia e os serviços prestados pelos cães aos deficientes físicos. Recentemente, pesquisadores relataram à melhora psicológica e emocional do convívio homem e animal de estimação, revelando que a maioria dos proprietários de cães e gatos afirmou que a qualidade de vida melhorou após a introdução dos animais de estimação, observado também, uma diminuição das tensões entre os membros da família, aumentando a compaixão inclusive no convívio social (Barker, 1998).

39,8 milhões GATOS PEIXES
54,2milhões 19,1 milhões 2,3 milhões 23,9 milhões
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A relação com esses animais estimula a liberação de hormônios que concedem ao ser humano a sensação de felicidade, como endorfina, ocitocina, dopamina e serotonina, aumentando o nosso bem-estar, diminuindo a sensação de solidão e auxiliando, inclusive, em doenças como a depressão e o transtorno de ansiedade.

Também já se foi observado um importante papel no desenvolvimento intelectual das crianças: as que tem contato com animais, aprendem mais rápido, além de desenvolverem maior senso de responsabilidade.

Pesquisas recentes também mostram que pessoas que convivem com cães e gatos tem menos gastos com a saúde, pois a convivência faz com que diminua o estresse da família e reduza as chances de problemas cardíacos. Uma revisão sistemática publicada por pesquisadores do Centro de Tecnologias Cardiovasculares da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, analisou parte das evidências disponíveis sobre o tema. Em suma, o estudo indica que os tutores de pets, em especial, os de cachorros, têm comportamentos menos sedentários, taxas de colesterol e pressão arterial mais baixa, além de menor risco para arritmias.

Nota-se outras vantagens em virtude desse contato afetivo, as crianças desenvolvem a interpretação por meio da observação da linguagem corporal; despertam a capacidade de compreender os fundamentos da vida, nascer, crescer e morrer; demonstram atitudes humanitárias em relação ao animal, pois ao cuidar desse, ajuda a criar responsabilidade com o ser vivo (VACCARI; ALMEIDA, 2007).

Além disso, a presença deles em nossas vidas encoraja a atividade física, é uma ótima forma de se conhecer novas pessoas, aumenta a sensação de segurança e exercita a memória. Assim, percebe-se que os animais de estimação, além de doarem amor e companheirismo as pessoas, também atuam como fontes de prevenção e tratamentos de diversas doenças, acarretando melhora e prolongamento da vida humana.

A relação entre idosos e animais não poderia ser diferente. Com o aumento da expectativa de vida, novos desafios são colocados, em todo o mundo. Podemos afirmar que a terceira idade também pode se beneficiar pela companhia de pets. Os efeitos da companhia de animais de estimação para a saúde da população idosa, uma população que vem crescendo cada vez mais no Brasil, demonstra benefícios para o momento de envelhecimento. Isto posto, constata Costa et al (2009), a ausência da companhia humana concerne em sérios fatores que tendem comprometer as relações sociais do idoso, estimulando uma solidão constante e manifestando doenças psicológicas e físicas.

Uma revisão sistemática publicada por pesquisadores do Centro de Tecnologias Cardiovasculares da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, analisou parte das evidências disponíveis sobre o tema. Como conclusão, o estudo indica que os tutores de pets, em especial, os de cachorros, têm comportamentos menos

Contudo, o contato carinhoso e afetivo de um animal de estimação visa uma sensação de preenchimento dessa lacuna e aumenta a autoestima dos idosos. Além disso, os animais quando inseridos nos primeiros anos de vida de uma pessoa, reduzem o risco de desenvolvimento de alergias, uma vez que fortalecem o sistema imunológico.

Os cães terapêuticos são recomendados por médicos e psicólogos para pacientes durante a reabilitação de diversos quadros. Alguns pacientes também são incentivados a adotar o seu próprio pet para ter esse cuidado contínuo com o animal de estimação, para continuar tendo os benefícios para a saúde mental e física em sua casa.

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Para CARDOSO (2013), a Zooterapia, e a Cinoterapia são outros exemplos de tratamentos praticados com os animais. Além de representarem fonte de apego e afeto, os animais de estimação desempenham inúmeros papéis, seja para o indivíduo, no círculo familiar ou num contexto social mais amplo.

Entre os muitos papéis representados pelos animais estão os mais óbvios e conhecido como: cão para caça, para guarda, pastores de rebanhos, no trabalho policial, guia de portadores de necessidades especiais e outros papéis, ainda objetos de estudos e discussões (Serpel, 1993).

Por isso, esses animais merecem a nossa admiração pela sua contribuição em nossa sociedade. As profissões exercidas por cachorros são diversas e podem salvar nossas vidas em alguns casos.

O contato com os animais pode auxiliar o homem em sua busca pelo conhecimento de si, no estabelecimento de sua identidade e na descoberta de suas próprias “realidades animais”.

Se os animais dependem dos humanos hoje, é devido da demanda que o humano tem de viver com esses seres que amam, sofrem e que levam benefícios a vida de muitos. Assim sendo, ser responsável é trata-lós dignamente e atuar em sua defesa ao longo dessa história juntos. A necessidade que temos uns dos outros, em parte espiritual, em parte física, ajuda-nos a ser felizes e saudáveis. Por isso, precisamos respeita-lós, provendo suas necessidades fisiológicas, biológicas e psicológicas.

Eles podem representar a única ponte de ligação do homem com um mundo autêntico, sem hipocrisias, corporativismo ou mediocridade (Odendall, 2000). Forma-se um vínculo entre as interespécies mostrando lealdade, companheirismo e autenticidade, em que, nas relações humanas, nem sempre se encontra.

Esse apanhado mostra claramente o valor dos animais para os humanos. É importante também ressaltar as expressões de uma dependência do homem para os cães e gatos, já que o processo histórico domesticação resultou na adaptação desses animais junto da vida humana, incapacitando-os de viver por si só novamente na natureza.

abandono animal 1.3

A interação e dependência dos animais com o homem trouxe também consequências negativas que crescem desordenadamente a cada dia, sendo elas o abandono e os maus tratos, tornando comum nas ruas a presença de animais, sem o conforto que teriam em um lar. (WALDMAN, 2013).

Faraco (2008), por exemplo, cita que o cão, que antes vivia como seus antepassados lobos, em matilhas, perde sua liberdade para o homem em um processo que os tornas totalmente dependentes de seus cuidados.

Esses animais comprovadamente possuem senciência — a capacidade de sofrer ou sentir prazer (CURY, 2011 apud SINGER, 2002, p. 54), como veremos mais adiante e embora tão queridos por tantas famílias brasileiras, sofrem com essa problemática social do abandono. Isso por si só já causaria comoção nas pessoas, mas a problemática vai, além disso, como veremos ainda neste capítulo.

Assim, o ser humano tem perante a esses seres uma responsabilidade de fornecer as condições adequadas de bem-estar animal, que exige que se previnam suas enfermidades e que sejam administrados tratamentos veterinários apropriados; que sejam protegidos, manejados e alimentados corretamente — e isso tudo só pode ser realizado através da nossa ajuda.

Com o aumento do número de animais, mesmo com declarações, leis ao nível federal, estadual e municipal, que disciplinam e protegem os animais, também aumentam os números de abandono e os maus tratos, que infelizmente são presentes e acontecem de forma recorrente. Há uma realidade dura presente em nossas cidades. Segundo a WVA - World Veterinary Association (2016), há cerca de 200 milhões de cães abandonados no mundo.

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No Brasil, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) são 30 milhões de animais vivendo nas ruas, entre estes estão estimados 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães (SEMAD, 2020).

Segundo este estudo, nas cidades de porte grande, para cada cinco habitantes há um cachorro, onde 10% destes estão em abandono. Já em cidades do interior, os animais abandonados chegam a ser equivalentes a ¼ da população humana.

A gravidade dessa questão depende do grau de desenvolvimento do país. As necessidades sociais, legais, financeiras e éticas influenciam as estratégias utilizadas pelos governos para o manejo das populações de cães abandonados (Acha &Szyfres, 1980, apud GARCIA, CALDERÓN, GREGOR, 2012).

Para Schultz (2009), estima-se que no Brasil, de dez animais abandonados, oito já tiveram um lar. São animais que, por um motivo ou outro, foram rejeitados, não atenderam às expectativas de seus donos ou cresceram demais, adoeceram, não foram educados o suficiente, geraram gastos e aborrecimentos e por isso, foram descartados.

“O animal é tudo na vida de muitos donos, até que adoeça; até que comece a latir demais; até que morda alguém. A partir daí, passa a ser um problema, e como todo problema, tende a ser dispensado” (SCHULTZ, 2009).

A atual situação da pandemia do coronavírus aumenta ainda mais esse problema, diante de uma nova realidade mundial, que alteram paisagem das grandes cidades, deixando as ruas de todo o mundo mais vazias, porém, com mais animais domésticos abandonados. A situação se agravou com a pandemia da SARS-Cov2 (LACERDA, 2020).

O cenário é confirmado por organizações não-governamentais, pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária e até mesmo pela SaferNet Brasil, organização que monitora conteúdos que violam direitos na internet. Levantamento da ONG AMPARA Animal, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que presta ajuda às ONGs e aos protetores independentes da causa animal, concluiu que o número de bichos abandonados no Brasil subiu 61,6%.

Gráfico02:Relaçãodecãesegatos abandonadosnoBrasil

Fonte:OMS,adaptadopelaautora

30 milhões de animais abandonados

24% 76%

Recente estudo promovido pela Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPAWorld Society for the Protection of Animals) demonstrou-nos que cerca de 75% dos cães e gatos do mundo estejam em situação de rua, o que vem a enfatizar uma preocupante falha na gestão dessa população, no tocante à sociedade, e isso, indiscutivelmente, faz gerar sérias consequências tanto para a saúde pública quanto, para o bem-estar animal.

O abandono é um grave problema de saúde pública e de bem-estar animal, relacionado a fatores religiosos, culturais e socioeconômicos que gera complicações nos aspectos demográficos, ecológicos e biológicos.

A crise econômica e social que o Brasil enfrenta exacerbou um problema antigo: a falta de responsabilidade das pessoas com os animais, aumentando as causas para o abandono. Ainda, existem casos onde há de fato a incapacidade de manter o animal. As mudanças de vida ocasionadas pelo novo cenário global (mudança de casa, de cidades, separações, perda de emprego e principalmente por questões econômicas) também levam a mais donos de animais de estimação se desfazerem dos seus outrora melhores amigos (BBC).

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Outro fator aliado à pandemia que tem sido abordado de forma irresponsável por essas pessoas: a informação de que os pets — cães e gatos — transmitem a COVID19, que se espalharam pela China e Europa e chegaram ao Brasil. A notícia sem nenhum fundamento científico tem levado muita gente a abandonar seus companheiros peludos à própria sorte nas ruas, ou a sacrificá-los. (Conexão Planeta).

São vários os outros motivos que levam as pessoas a abandonarem seus animais de estimação de acordo com entidades de cuidado animal.

Conforme estudo realizado pela Afinity PetCare no Brasil, em 2010, os principais motivos de abandono foram: morte do proprietário, mudança de casa, ninhadas inesperadas, fatores econômicos, perda de interesse pelo animal, comportamento do animal ou alergia de algum membro da família.

A população carente também possui animais de companhia, que muitas vezes vivem nas ruas em contato com esgoto e água parada. E esta população sofre, pois como não possui acesso à informação e tratamentos, os animais acabam contraindo doenças e transmitindo ao seu tutor, tornando o assunto um caso de saúde pública. (MORAES, 2013). O tratamento muitas vezes não é realizado e os animais acabam sendo abandonados, fazendo com que muitos animais errantes fiquem nas ruas (GOMES, 2013).

Latedemais 10.7%

Requeratenção 10.9%

Muitoativo 11.4%

Gráfico03:Porcentagemdemotivos queocasionamoabandonodecães Fonte:RevistaFolha(2007),adaptado pelaautora

O abandono de animais é uma forma de maus-tratos, sendo considerado crime por lei. Está tipificado, no Brasil, no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), que foi recentemente modificada, em setembro de 2020, pela Lei 1.095/2019. Santos (2020) descreve que “conforme a nova legislação, a pena agora vai de dois a cinco anos de prisão, além de multa e a proibição de guarda de novos bichos''.

Gráfico04:Porcentagemdemotivos queocasionamoabandonodegatos Fonte:RevistaFolha(2007),adaptado pelaautora

Sujaacasa 18.4%

Destrutivoforadecasa 12.5%

Agressividade 12.1% Vícioemfugir 11.6%

Requeratenção 6.8%%

Morde 9.7% Sujaacasa 37.1%

Destrutivoemcasa 14.4% Destrutivoforadecasa 11.2%

Agressividade 16.6%

principais motivos que ocasionam o abandono de cães
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principais motivos que ocasionam o abandono de gatos

O novo texto modifica o antigo artigo de lei''. No entanto, na maioria das vezes, quem pratica esse ato ainda acaba impune. De acordo com o delegado da Delegacia Especializada em Proteção ao Meio Ambiente (DEPREMA) de Natal, Márcio Delgado (2018), “a sentença aos criminosos costuma ser de uma cesta básica ou prestação de serviços comunitários”.

O baixo número de ocorrências, não é compatível com o número de animais abandonados nas ruas. Na maioria das vezes, as pessoas não formalizam boletim de ocorrência, optam pelo anonimato, e evidentemente as vítimas diretas — os animais — não tem como denunciar seu abandono.

Há animais domésticos que se veem obrigados a sobreviver na cidade de forma independente, existem também aqueles que possuem um “tutor”, porém são maltratados.

Assim, é importante destacar que existem outras ações que podem ser classificadas como maus-tratos, conforme a seguir transcrito do Site Âmbito Jurídico. Podemos dizer que os animais que estão nas ruas são apenas uma parte do total que necessitam de resgate.

“Abandono; Agressões físicas, como: espancamento, mutilação, envenenamento; Manter o animal preso a correntes ou cordas; Manter o animal em locais não-arejados – sem ventilação ou entrada de luz; Manter o animal trancado em locais pequenos e sem o menor cuidado com a higiene; Manter o animal desprotegido contra o sol, chuva ou frio; Não alimentar o animal de forma adequada e diariamente; Não levar o animal doente ou ferido a um veterinário; Submeter o animal a tarefas exaustivas ou além de suas forças; Utilizar animais em espetáculos que possam submetê-los a pânico ou estresse; Capturar animais silvestres.”

Ainda, outras causas que podem ser destacadas, segundo a WSPA são:

Ignorância: ou seja, o pouco conhecimento sobre bem-estar e comportamento animal, sobre a transmissão de doenças e responsabilidades, como vacinação e identificação.

Questões governamentais: ou por falta de dinheiro público, ou por não ser prioridade tratar a questão do manejo populacional de cães e gatos.

Guarda irresponsável de cães: Segundo Santana et al (2004) a guarda irresponsável de animais de companhia resulta no abandono em avenidas, parques, imediações de clínicas veterinárias e outros espaços públicos.

Destaca-se a falta de responsabilidade e conhecimento envolvendo os animais. O ato é consequência de uma adoção irresponsável, onde as pessoas adotam ou compram por impulso o animal e quando começam a apresentar problemas, os descartam. São reproduzidos, vendidos, comprados, explorados ou descartados de acordo com sua “utilidade”, os benefícios ou prejuízos gerados, considerados muitas vezes como objetos, usados em experimentos, vendidos como mercadoria, roubados para realizações de trabalhos forçados, etc. (SANTANA, 2004).

Reprodução irresponsável de cães: Atualmente, há uma fábrica de filhotes, com criadores ilegais. Esses animais são reproduzidos, vendidos, comprados, explorados ou descartados de acordo com sua “utilidade”, os benefícios ou prejuízos gerados e ainda hoje são tratados como produtos meramente materiais e empregados como fonte de renda na nossa sociedade.

Legislação deficiente: ausência ou falha de fiscalização da legislação nacional, ou local de bem-estar animal.

Reprodução descontrolada de cães e gatos soltos: o alto índice de procriação destes animais aumentam gradativamente o número de animais abandonados nas ruas. E sabe-se que quanto maior o número de animais abandonados, maior o número de contaminação por estes, sendo assim, a preocupação com o controle populacional de cães e gatos vêm sendo cada vez mais destacada.

Conforme estimativas, uma cadela pode ter até 16 filhotes em um ano, e uma gata pode ter até 12 filhotes, e considerando que estes mesmos filhotes terão anualmente a mesma quantidade cada a partir dos 6 meses de vida, gerando assim um aumento populacional desordenado.

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O crescimento de animais pode ser representado por uma função exponencial, isso se caracteriza por um aumento percentual e constante de um ser vivo em determinado período de tempo (ORTEGA; ZANGHETIN, 2007).

Gráfico05:Crescimentodeanimaispor casal

Fonte:AmericanHumanAssociation, adaptadopelaautora

DESCENDÊNCIA D

Cão:2gestaçõesporano 2a8filhotesporgestação

Considerando que em cada gestação de dois meses uma fêmea pode ter cerca de 3 a 7 filhotes, ao final de um ano, apenas uma fêmea poderia gerar 30 filhotes (UNIVERSO DE GATOS, s/d).

Além disso, outra característica biológica destes animais que deve ser considerada é que após 12 meses de vida, um gato obtém a capacidade de se reproduzir. Se esses trinta filhotes gerados por uma fêmea se reproduzissem, depois de um ano, teria 900 filhotes (UNIVERSO DE GATOS, s/d). Nas pesquisas, não se coloca em consideração que os animais morrem, devido a motivos naturais ou condições precárias, essa última atingindo sobretudo a população abandonada de animais domésticos, onde se passa por condições degradantes desde o nascimento, baixando-se, então, o número da função exponencial (SOS BICHOS, 2006).

Gato:2a3gestaçõesporano comaté8filhotesporgestação

Tendo em vista que atualmente são mais de 30 milhões de animais domésticos abandonados no Brasil (SOUZA, 2017), o crescimento populacional desses seria ainda mais alarmante, mesmo com as mortes, para vários autores (SOS BICHOS, 2006, por exemplo) é extremamente necessário que haja um maior investimento na castração dos animais para que o número não continue crescendo. Um levantamento realizado pela ARCA mostrou que no Brasil apenas 10% dos cachorros e gatos são castrados, evidenciando o descontrole populacional existente e a falta de meios para conter os riscos de zoonoses.

No caso dos cães, uma cria de uma única cadela, durante nove anos, pode gerar cerca de treze milhões de outros cães, isso é um crescimento exponencial (SOS BICHOS, 2006). Segundo o gráfico feito pela American Human Association que foi publicado no site SOS Bichos, uma fêmea fica prenha duas vezes por ano, gerando em média cinco filhotes por gestação; quando esses filhotes estão com cerca um ano de idade, já podem se reproduzir e, assim, gera-se mais filhotes.

Dificuldade de auxílio veterinário coordenado: dificuldade de veterinários e autoridades de procurar prefeituras, veterinários privados e outros atores. Falta de suprimentos e treinamento de veterinários profissionais relacionados.

Comércio ilegal e tráfico de cães: comércio de carne e transporte ilegal de cães de raças específicas, cães de rinha e cães para adoção internacional.

O ciclo se repete muitas vezes, durante anos, aumentando cada vez mais a população desses animais (SOS BICHOS, 2006) (RAMOS, s/d).

Assim como os cães, os gatos também têm o crescimento exponencial, sendo que o seu crescimento é favorecido pela plasticidade comportamental da espécie, isto é, os gatos vivem em colônia, com forte capacidade social entre eles (RAMOS, s/d).

consequências do abandono animal 1.4

Os centros urbanos possuem um fenômeno que vêm se intensificando preocupantemente e começa a chamar a atenção da população: a falta de cuidados com os animais abandonados (BARROS).

Os gatos se reproduzem quando a fêmea entra no cio, o que ocorre vinte vezes ao ano por um período de 3 a 4 dias.

Acharya e Dhakal (2015) chegaram à conclusão que o abandono dos animais, aparentemente, é a razão preponderante da persistência populacional de cães de rua e que ele ocorre por razões teoricamente simples, que podem ser contornadas.

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Devido à irresponsabilidade de alguns tutores de cães e gatos e a procriação descontrolada, o crescimento populacional destes animais é alto e passou a constituir problemas sociais e causar implicações para a saúde pública, dentre estas, a transmissão de zoonoses e a superlotação dos CCZs (SANTANA & OLIVEIRA, 2006).

Os animais vadios sofrem com condições de sobrevivência insuficientes. Segundo Barros, a vulnerabilidade e as condições físicas e psicológicas dos animais abandonados na rua são facilmente notadas. Sem donos, eles andam dia e noite pela cidade procurando comida, água ou apenas alguém que lhe dê atenção e abrigo.

Segundo a presidente da Comissão de Saúde Pública do Conselho Federal de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), Adriana Vieira (2019), o contato direto com esses animais pode expor o indivíduo a riscos elevados de zoonoses, ou seja, doenças que são transmissíveis aos seres humanos, como a raiva, leishmaniose visceral, leptospirose, toxoplasmose, doença de Lyme e também as parasitoses.

Estes estão sempre a mercê de maus-tratos devido a uma percepção negativa dos animais. de rua, falta de comida e água (gerando a subnutrição) e doenças contagiosas/feridas, facilitadas pelo ambiente. Esses fatores prejudicam o bem-estar e saúde dos cães e gatos e encurtam a sua expectativa de vida.

De acordo com Souza (2013) as consequências do abandono para os animais são enfatizadas e descritas principalmente baseadas na senciência, relacionada ao sofrimento físico (fome, dor, frio) e emocional (medo, solidão, tristeza).

Como ao serem abandonados, os animais estão expostos à essas doenças, casos de mortes e contaminações no ser humano continuam aumentando. Ao mesmo tempo em que a população é responsável pelo abandono dos animais, a mesma também é responsável pela disseminação de zoonoses. Por isso, podemos dizer que os cuidados adequados com esses animais são, além de uma questão ética, um problema urbano.

Apenas essas doenças já representam um enorme risco à saúde humana e a prevenção delas deve ser de interesse público. “Segundo estudos, a cada R$ 1 investido na saúde animal, são poupados R$ 27 na saúde pública", ressalta Cristiane Leite” (MUTIIS, 2013).

Outros perigos que ameaçam esses animais vulneráveis são os métodos brutais de controle populacional, uma eliminação desumana e insuficiente.

Além dos comprometimentos descritos, quando os animais estão sem cuidados também existe uma ameaça à saúde humana e ambiental. (CFMV, 2017). Assim, esse ato, além de ser uma crueldade, acarreta uma série de consequências e não são apenas os animais que sofrem as mesmas: a população também é afetada. Desta forma, tal cenário não se limita apenas ao sofrimento gerado ao animal, os problemas em torno dessa situação vão além disso.

Por isso, não obstante, geram-se efeitos para o governo, visto que a situação gera custos econômicos associados ao manejo das populações feninas e caninas como o tratamento de zoonoses, o custo de profilaxias, a remoção de carcaças, os cuidados veterinários e de saúde, etc., criando uma reputação governamental negativa, caso medidas não sejam tomadas.

Os cães e gatos desabrigados vagam pelas ruas sem qualquer controle de sua população e saúde, como com tratamento de doenças, vacinação e castração. Existem órgãos que possuem a função de fazer esse controle, como o Centro de Zoonoses, porém, não é possível que seja feito um trabalho eficiente com o número crescente de animais abandonados nas ruas (MARIA, s/d) (MUTIIS, 2013). Animais submetidos a essa condição podem ser muito prejudiciais para as pessoas e para os próprios animais que mantém contato com eles, criando um ciclo de proliferação de doenças, tornando-se um problema na saúde pública (MEUS ANIMAIS, 2015).

Ao revirarem lixeiras buscando alimentos e ao espalharem seus dejetos nas vias, ocasionam-se transtornos como mau cheiro e desordem, além de ser possível que os animais contraiam essas doenças com os detritos ou que haja proliferação de insetos e bactérias no local (ZAFFANI, GIELFE, 2018), contaminando até mesmo quem não entrou em contato direto com os pets, mas cruzou com os dejetos (MOUTINHO, SERRA, VALENTE, 2019).

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Além desses problemas mencionados, a superpopulação dos animais pode causar problemas em outras áreas do setor público. Para Ottoni e Costa (2019), outro contratempo são os ataques de fúria contra pedestres nas ruas, havendo o risco de contaminação de doenças. Cães não são naturalmente violentos (OSÓRIO, 2011), porém, devido aos possíveis traumas, problemas psicológicos, pode ser desencadeado uma reação agressiva, gerando a insegurança na mobilidade das pessoas.

Os gatos tendem a ficar mais agressivos que os próprios cães após o abandono. Lewgoy afirma que como eles não são totalmente domesticados, sendo propensos a ficarem completamente antissociais após serem deixados, isso os torna ainda mais perigosos para essas mordeduras, que geram uma lesão física e mental a essas pessoas atingidas, custo econômico para famílias, fora o potencial de transmissão.

No trânsito, os animais podem atrapalhar o tráfego nas vias públicas e causar acidentes e atropelamentos, causando danos tanto para eles próprios quanto para os condutores, que podem se machucar nos acidentes ou colidir com pedestres ao tentar desvios (PARRA, BATTAINI, 2017).

No Brasil, todo ano ocorrem 63 mil acidentes de trânsitos envolvendo cães, sendo que desses acidentes, 11.700 são fatais e envolvem cães (SOUSA, s/d).

Para Osório (2013), há também as adversidades relacionadas à depredação de patrimônio público e privado, gerando um incômodo às pessoas.

Diante disso, a população deve ter consciência para não prejudicar a vida dos animais, e a vida deles próprios. (Wageningen University & Research, 2018).

campinas: o contexto projetual 1.4

A metrópole campineira também é assolada por casos de maus-tratos e abandono e isso é notável ao se caminhar pela cidade. O fato foi comprovado pelo relato de Rodrigo Antônio Araújo Pires, coordenador do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA), em 24 de março para o Uol. Segundo ele, a crise econômica que atinge o Brasil tem provocado o aumento de abandono de animais na cidade de Campinas em algumas regiões. A área central é uma delas. Antônio relata que o perfil dos pets recolhidos nas ruas mostram que muitos são animais que já passaram por atendimento veterinário e são cães de raças.

Ao abrigar esses animais, parques públicos, terrenos baldios, construções abandonadas, campos universitários, acabam ficando comprometidos em questão de higiene, proliferação de pragas, entre outras depredações decorrentes de comportamentos destrutivos dos mesmos, gerando a impressão de ruas sujas. Também gera-se os latidos e barulhos, constituindo-se a poluição sonora.

O alto número de animais abandonados nas vias públicos atua também como um problema de imagem da cidade. “A paisagem urbana é, para além de outras coisas, algo para ser apreciado, lembrado e contemplado” (LYNCH, KEVIN. 1960). Problemas de abandono de animais em vias públicas transforma a imagem da cidade, tornando algo desagradável, desconfortável e perigoso. Desta forma, podemos concluir que o abandono, presente em nossa realidade, gera sérias consequências tanto para a saúde pública quanto, para o bem-estar animal.

Segundo Damasceno et al. (2019, p. 130), atualmente, no país, o controle populacional é de responsabilidade de órgãos públicos, como os Centros de Controle de Zoonoses (CCZs), porém, devido ao grande número de animais reproduzindo-se em larga escala e à ausência de atendimentos clínicos públicos e de informações sobre guarda responsável, grande parte desse controle fica a cargo de Organizações Não-Governamentais (ONGs) e protetores independentes. O levantamento do Instituto Pet Brasil (2019) apurou a existência de 370 ONGs atuando na proteção animal e obteve o levantamento de 172,1 mil animais sob tutela, ou seja, apenas 12% dos animais em situação de abandono. Desses 46%, ou 169 ONGs, estão na região Sudeste, o que significa que há 79.166 animais abrigados. Assim, as ONGs acabam por ter enorme parcela de importância no combate a esse problema, abraçando um grande encargo e acabando por fazer a maior parte do que deveria ser de competência de órgãos do governo.

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Como a demanda da cidade é enorme, acaba que enquanto essas pessoas e/ou grupos conseguem salvar alguns, tem-se que fechar os olhos para o sofrimento de muitos outros, consequentemente, ainda são encontrados diversos animais em situação de vulnerabilidade.

Na cidade de Campinas, esse quadro se repete. Muitos animais abandonados são acolhidos por ONGs. Porém, muitas relatam lotação e dificuldade para receber mais moradores (EPTV, 2022). Uma delas, a ONG Amor de Bicho, reúne 150 bichos e está sem capacidade para novos moradores.

Outros programas e políticas públicas no município, envolvendo os animais domésticos e silvestres que podem ser citados são: a castração em unidade móvel, a microchipagem e cadastramento de animais domésticos, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Animal e a existência de diversas campanhas de conscientização da importância da adoção e contra o abandono.

Inclusive, o Samu Animal, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência a cães e gatos de rua em situação de alto risco em Campinas é um serviço pioneiro e, desde sua implantação, já recebeu o pedido de informações e visitas de pelo menos 56 prefeituras de várias regiões do país. (Portal Campinas)

Apesar disso, recebe pedidos de acolhimento diariamente. A cidade apresenta diversas clínicas veterinárias particulares, mas não possuí nenhum hospital veterinário ou clínica pública, o que agrava a situação infortuna. Além disso, foi possível perceber que muitos abrigos e ONG's não foram projetados para esse fim e por isso, são frequentemente instalações improvisadas, estruturas não adequadas e capacitadas para comportar o acolhimento desses cães e gatos, devido à inúmeras as limitações. Ainda, muitas dessas organizações não possuem sede própria e os voluntários tentam conciliar as atividades da vida pessoal, com as atividades da ONG, provendo um lar temporário. Tendo esse quadro em vista, destaca-se a importância de se adotar a saúde animal como uma questão de política pública, pois só assim será possível desintricar a problemática destacada, já que as soluções encontradas pelos protetores da cidade são paliativas e não conseguem abarcar todos os casos encontrados na localidade.

Por isso, pode-se dizer que enquanto a estratégica não for prioridade da política de governo da cidade, a situação só irá ser maquiada e não resolvida.

Percebe-se que a cidade de Campinas está caminhando para reverter o cenário na localidade e vem desenvolvendo diversas ações que envolvem a questão do resgate e adoção dos animais, como a criação do Estatuto dos Animais (2017), que aplica das diretrizes administrativas e permite a punição de quem maltrata cães e gatos.

Recentemente, em Abril de 2022, o prefeito Dário Saadi sancionou a lei que institui, no calendário da cidade, o Abril Laranja, que tem como objetivo sensibilizar a população sobre a importância da prevenção ao abandono, maus tratos e crueldade contra animais. O projeto é de autoria do vereador Perminio Monteiro. Para ele “Campinas já é protagonista e referência na proteção animal.

Ainda neste mês, o prefeito Dário assinou na manhã do dia 29 de abril, o decreto de regulamentação da Lei nº 16.106/2021, que criou o Banco de Rações. O órgão vai captar doações para entrega à população que enfrenta dificuldade para alimentar seus animais. O objetivo é diminuir os abandonos de cães e gatos no município.

Segundo a prefeitura, em 2017, haviam cerca de 20 mil animais morando nas ruas. Esse número, presumivelmente, no ano de 2022, 2 anos após o surgimento do novo coronavírus, SARS-CoV2, deve ser maior, já que a pandemia fez abandono de animais crescer até 60%, como visto anteriormente (CidadeON). A porcentagem foi repassada ao ACidade ON Campinas por duas ONGs que atuam no município: a Amor de Bicho e a OperaCão Resgate

A prefeitura, em 2021, teve média mensal de 235 casos de maus-tratos a animais, segundo o site A CidadeOn. Foram realizadas 2.824 ações, vistorias e fiscalizações. Dessa maneira, vemos que há uma preocupação no munícipio para a causa animal, para a prestação de serviços de proteção e cuidados, principalmente no cenário de crise vigente, onde dezenas de animais são abandonados nas ruas da cidade.

23

1.5

Assim, o tema possuí grande relevância para a melhoria da cidade, pois é imprescindível um plano de ação para o controle desses animais errantes, visto que estes, atualmente, no munícipio, se encontram à sorte e esforços do trabalho das organizações não governamentais e cuidadores informais que juntamente ao Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA) e ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), apesar de todos seus os esforços, não têm sido suficientes para suprir a grande demanda de retirada desses animais dessa conjuntura vulnerável.

À vista disso, é possível dizer que há demanda para o projeto arquitetônico e ainda, que existiria a viabilidade de concretização de uma parceria público-privada com amunicipalidade

abordagem da problemática: a proposta

Deve-se destacar que os animais de estimação necessitam de cuidados. Tendo em vista que não são todos os animais de estimação que possuem suporte, uma família responsável e um acolhimento que promova todas as suas necessidades básicas, os equipamentos arquitetônicos veterinários também devem se estender à população de animais de rua, pois milhares atualmente vivem em situações precárias e sofrem diariamente com a falta de condições de vida, lutando contra a fome, sede, doenças e riscos. Diante de todas as consequências sanitárias, sociais e humanitárias, faz-se imprescindível a implantação de políticas eficientes no munícipio para proteção desses animais que, como vimos, em contrapartida, podem trazer diversos benefícios, não só para eles, como também para a sociedade.

e de acordo com Domini (2019) “(...) há muito por fazer. Essas ações isoladas não são eficazes a médio e longo prazos. Sem um programa completo e continuo sistematizado não haverá avanços significativos”.

A ideia do projeto aqui disposto segue as diretrizes propostas no ''Manual Manejo humanitário de cães'', da World Animal Protection, que indica um programa de manejo multifacetado projetado para atender às preocupações da comunidade sobre cães e gatos criados ao ar livre e oferece uma alternativa ética e eficaz para essa problemática do abandono e de maus-tratos, gerando uma coexistência harmoniosa entre cães, gatos e pessoas.

Para a organização, esses programas normalmente são um processo contínuo e requerem um comprometimento de longo prazo. Isso porque pode haver uma recorrência dos problemas gerados por cães soltos, caso o programa seja interrompido.

Dessa maneira, uma série componentes deve ser cuidadosamente considerada para solucionar a problemática e as soluções apontam alguns caminhos, que devem ser trabalhados juntos. E o papel da arquitetura é, nesse contexto, ser um componente-físico chave essencial. Desta maneira, o projeto aqui disposto segue alguns diferentes setores, explicitados a seguir:

1)Abrigo

Segundo o presidente da Comissão de Políticas Públicas do CRMV-SP, Carlos Augusto Donini (2019), “o debate e a solução efetiva desses desafios devem envolver população, órgãos públicos, universidades e ONG’s”. Atualmente os focos de combate a esse problema concentram-se quase que unicamente na tentativa de castrações e campanhas de vacinação,

Os abrigos de animais domésticos abandonados podem ser uma solução viável e eficaz na solução destas adversidades. Para Santana e Oliveira (2006), a problemática da superpopulação e do abandono animal pode ser solucionada através da adoção do método humanitário pelo Poder Público, o qual consiste: [...] realização de amplas campanhas de educação para a guarda responsável, além da promulgação e implementação de instrumentos legais que possam efetivar a proteção à fauna, específicos à guarda responsável, além da implementação de um amplo programa de vacinação, esterilização dos animais errantes e mesmo daqueles cujos guardiões não desejem ou não possam abrigar mais crias, além de se efetuar o recolhimento seletivo, visando, também, a adoção e tratamento médico-veterinário, e só recorrer à eutanásia humanitária para os casos irreversíveis de animais doentes graves ou, então, muito agressivos (SANTANA; OLIVEIRA, 2006, p. 93).

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Por isso, na tentativa de atenuar os efeitos do abandono aos animais na cidade de Campinas/SP, busca-se a concepção de um Centro de Acolhimento e Saúde Animal.

O projeto pretende oferecer um lar, como medida protecional, que ofereça aos cães e gatos socorridos um espaço salubre, seguro, limpo e com condições de oferecer assistência médica veterinária e lazer aos mesmos.

A maioria dessas doenças não representava risco de transmissão ao tutor, eram patologias que poderiam ser tratadas, porém, os proprietários alegaram não ter condições financeiras para bancar os tratamentos. (GOMES, 2013). A população de baixa renda é a que mais sofre com as doenças dos animais. Por estarem em lugares mais precários, com menos higiene, o risco de infecção aumenta. Como possuem pouca escolaridade, esta população não tem o conhecimento sobre a saúde dos animais e o risco que há na infecção das zoonoses (MORAES, 2013).

O local deve assistir como estrutura veterinária para esterilização cirúrgica, tratamento periodontal, vacinação e outras medidas profiláticas, como a vermifugação. A ideia é que o local possa contribuir sendo uma área segura para os animais se recuperarem de doenças e/ou negligência, possibilitando posteriormente, a adoção de cães indesejados ou sem proprietários.

2)HospitalVeterinárioPúblico

O projeto tem em vista propor uma edificação que contemple o atendimento a animais de rua, mas, que, simultaneamente, democratize os serviços veterinários no município.

A assiduidade dos animais no ambiente clínico e o contato com os check-ups, vacinações, vermifugação, cirurgias eletivas preventivas é essencial para a prevenção de doenças, porém, muitas pessoas procuram um serviço clinico/hospitalar quando a doença já está evoluída.

Diante da carência de equipamentos públicos na cidade para a saúde animal, surgiu a ideia de se pensar em um abrigo com apoio hospitalar veterinário básico para gatos e cachorros de toda a população. Com a crise social e econômica que vêm nos atingindo, mais pessoas perdem seu poder aquisitivo e os mais vulneráveis, os animais, com isso sofrem, pois são os primeiros a serem cortados pelo orçamento da população.

Sendo assim, um dos métodos para acabar com as enfermidades são as consultas periódicas ao médico veterinário, buscando a prevenção das doenças e fazendo com que o animal não corra o risco de transmitir ao homem. Porém, esta visita ao veterinário muitas vezes não é realizada, por falta de condições financeiras ou falta de informação. Por esses fatores, podemos afirmar que uma das maneiras de evitar que novos casos de abandono apareçam seria justamente a oferta de clínicas populares aos tutores de pet. O local também contará com estrutura para realizar castrações. O controle reprodutivo tem sido considerado há muito tempo um dos métodos para reduzir o tamanho da população canina, pois previne filhotes indesejados.

Um dos problemas mais enfrentados é referente aos custos elevados para arcar com as despesas veterinárias, na maioria das vezes as situações de vulnerabilidade das pessoas não permite oferecer um tratamento particular, causando o abandono. Manter um animal de estimação pode consumir parte relevante do orçamento de uma pessoa ou até família. O gasto médio com cães no Brasil é de R$ 338,76, segundo o IPB. Esse custo varia conforme o tamanho do bicho. Com gatos, o custo mensal médio é de R$ 196,56, segundo o IPB. Assim, alimentar, medicar, vacinar, vermifugar cães e gatos pode não ser muito barato. E a tendência é que o gasto aumente enquanto os animais vão ficando mais velhos.

Um dos principais motivos de abandono são as doenças contraídas pelos animais. Um estudo realizado no Distrito Federal, de 2012 a 2013, mostrou que o principal motivo de abandono e entrega no Centro de Zoonoses foi justamente esse

É de conhecimento que a castração, além de evitar o abandono e servir de meio de controle de natalidade, traz inúmeros benefícios aos animais, pois diminui drasticamente o risco de doenças nas vias uterinas, câncer de mama, útero, próstata e testículos; elimina a gravidez psicológica, comum em algumas fêmeas; ameniza o risco das fugas e brigas, minimiza o ato de marcar território; entre outros, melhorando a qualidade de vida dos animais, aumentando a sua expectativa de vida.

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Muitas pessoas acham importante a castração, mas, na prática elas ainda têm resistência ao procedimento, por desconhecerem seus benefícios, pelo custo ou ainda por acreditarem que o animal castrado sofre.

Como a educação também é essencial como forma de melhorar o conhecimento, influenciar a percepção e mudar a atitude das pessoas em relação aos cães e gatos, o projeto busca torna-se também um espaço para conscientização das questões relacionadas ao bem-estar animal, encorajando a responsabilidade de proprietários e não proprietários em relação aos animais.

Apesar dos benefícios gerados por um animal de estimação, é necessário se conscientizar sobre as necessidades, características e particularidades de cada animal antes de adotá-lo, de modo a garantir que a família esteja preparada para recebê-lo. A educação sobre posse responsável é aspecto fundamental para minimizar a situação e acabar com o ciclo, evitando novos abandonos. Para os que já estão sem lar, existem diversos programas auxiliados por ONG’s que incentivam a adoção responsável (OSÓRIO A., 2011).

Além disso, o projeto também tem o objetivo de apoiar o programa de vacinação, importante para controlar as zoonoses (doenças as quais os animais são vetores). O resultado é a melhoria da saúde animal e humana através da redução ou eliminação de zoonoses. Dados divulgados pelo IBGE apontam que o Brasil vacina cerca de 75% da sua população de cães e gatos.

Segundo Patricia Iglesias, secretária estadual do Meio ambiente, no Brasil “são realizadas campanhas focadas na conscientização com o objetivo de tentar mudar essa realidade”. Ao adotar, deve-se saber que os animais necessitam de responsabilidade, provocam gastos, possuem comportamento imprevisível e vivem por muitos anos (GIOVANELLI C., 2016).

Estima-se que em 2018 mais de 59 milhões desses animais foram vacinados em todo o território nacional. Esse resultado indica que aproximadamente 19 milhões deles não foram imunizados contra raiva. A região com índice de vacinação mais alto é a Sudeste, com 84%.

3)EspaçosEducacionais

A longo prazo, requeremos uma mudança de hábitos da população, para que se possa, mudar gradualmente, transformar essa realidade, incentivando a guarda responsável de cães e gatos e a visão dos animais como seres, e não coisas, que estão aqui conosco e não para nós.

Assim, destaca-se que a conscientização da população acerca da guarda responsável de animais domésticos é o primeiro passo para diminuir os altos números de animais abandonados.

A falta de informação e expectativas não correspondidas podem gerar interações inadequadas entre o homem e o animal, o que pode resultar em maus tratos e abandono.

4)Lazer

O projeto também propõe a criação de espaços públicos para a convivência entre pessoas-pessoas, pessoas-animais, animais-animais, motivando as relações comunitárias que cumprem uma função social importante.

Por conta da relação entre humanos e animais, vem surgindo uma tendência nos últimos anos que chegou para ficar: o espaço pet. O espaço pet nada mais é do que um local projetado para os animais de estimação terem o seu momento de diversão.

Desta forma, é preciso que haja uma mobilização para conscientizar a população para que faça a devida prevenção dos animais, diminuindo assim os casos de zoonoses. (PELISARI, 2010)

Espaços como estes vem facilitando as rotinas dos donos com os seus animais, trazendo mais qualidade de vida para ambos.

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Assim, o projeto também envolve áreas acessíveis, como a existência de duas grandes praças, sendo uma delas, o Pet Park. Em um esforço de despertar o interesse em conhecer o Abrigo, visou-se proporcionar um local agradável e acolhedor e com isso, fazer com que o visitante fique mais tempo no local, impulsionando-o a se aproximar com os animais, consequentemente, incentivando a adoção.

5)PetShop,Cafeteria-Mirante,HoteleDayCare

Com fins de proporcionar um projeto sustentável economicamente, o projeto também incluí um Pet Shop, uma Cafeteria-Mirante e um Hotel e DayCare para cães, que darão suporte para o hospital veterinário público e também para o abrigo, subsidiando recursos financeiros. Esses setores têm também um propósito próximo às áreas de lazer pet: atrair a população ao local, incentivando o contato com o abrigo.

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LOCAL 02 02

localização da área de estudo

São Paulo

Figura04:MapaSãoPaulo

Fonte:ElaboradopelaautoracombasenaplataformaMapBox(2022)

Brasil

Figura03:MapaBrasil

Fonte:ElaboradopelaautoracombasenaplataformaMapBox(2022)

Para o desenvolvimento do projeto, teve-se como alvo de estudo o município de Campinas, no estado de São Paulo. Sede de sua Região Metropolitana, composta por 20 municípios, a cidade é uma das mais importantes do país e a maior da RMC, tanto em extensão territorial quanto em números de habitantes. É a primeira cidade brasileira a se tornar metrópole sem ser uma capital, exercendo significativa influência nacional.

Campinas está localizada à 98 quilômetros da capital do estado, sendo a nona cidade mais populosa do Brasil e a terceira mais populosa do estado de São Paulo. Além da cidade, o município é formado por quatro distritos: Joaquim Egídio, Sousas, Barão Geraldo e Nova Aparecida e faz divisa com os municípios: Paulínia, Jaguariúna e Pedreira, a norte; Morungaba, Itatiba e Valinhos, a leste; Itupeva, Indaiatuba e Monte Mor a sul, Hortolândia e Sumaré, a oeste.

A cidade está inserida na Bacia do PCJ (Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí). Possuí grandes corpos d'água que atravessam a cidade como: rio Jaguari; rio Atibaia, rio Capivari e o rio Capivari-Mirim.

A localização geográfica e a malha viária de Campinas são grandes potencialidades do município, já que a cidade é um dos maiores entroncamentos rodoviários do país, possuindo diversos acessos, pelos eixos: SP 348 Rodovia dos Bandeirantes, SP 65 Rodovia Dom Pedro I, SP 101 Rodovia Francisco Aguirre Proença, SP 332 Rodovia Professor Zeferino Vaz, SP 340 Dr. Ademar Pereira Barros, SP 75 Rodovia Santos Dummont e Anel Viário Magalhães Teixeira, que ligam o município com facilidade a diversas cidades e estados.

Possuí também diversos atrativos turísticos, sendo destaque no estado de SP, com valor histórico, cultural e científico, como museus, parques e teatros.

O crescimento e a diversificação da produção aliados aos fluxos migratórios progressivos permitiram que a cidade crescesse 15 vezes em território e 5 vezes em população ao longo de quatro décadas (1950/1990).

Figura05:MapaCampinas

Fonte:ElaboradopelaautoracombasenaplataformaMapBox(2022)

Campinas

Área de Estudo

Hoje, o município é o maior polo tecnológico da América Latina e é o terceiro maior polo de pesquisa e desenvolvimento, sendo responsável por mais de 15% da produção científica nacional.

2.1 29

Décima primeira cidade mais rica do Brasil, o município, segundo a Câmara Municipal de Campinas (2015): (...)'' contribui com 1% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do País e de 44,5% do PIB do Estado.'' Porém, territorialmente, o município sofre com o processo de periferização que desencadeou uma divisão territorial de duas porções: a região mais ao Norte e ao Sul da cidade. A região Norte concentra a população com mais poder aquisitivo, enquanto a Sul concentra a maior parte dos assentamentos precários do município.

ÍNDICES DO MUNICÍPIO

POPULAÇÃO DENSIDADE DEMOGRÁFICA ÁREA TERRITORIAL ESCOLARIZAÇÃO

1.223.237pessoas (2021)

Figura07:ÍndicesSocioeconômicos

Fonte:Elaboradopelaautora(2022)com basenoIBGE.

IDHM PIB

794,571km² (2021)

1 359,60hab/km² (2021) 96% (2010)

0,805 (2010) 54.710,07 (2019)

Figura08:DivisãoRegionaldeCampinas

Fonte:Elaboradopelaautora(2022)com baseGoogleEarth.

RegiãoNoroeste RegiãoLeste RegiãoNorte RegiãoCentral RegiãoSudeste RegiãoSul
30

Outros dados relevantes são que, segundo o IBGE, Campinas tem o maior PIB do RMC, está em quinto lugar no estado de SP e em décimo terceiro lugar no país.

A principal fonte econômica hoje está no setor terciário, com seus diversos segmentos de comércio e prestação de serviços, seguindo pelo setor secundário, com complexos industriais de grande porte, sendo a agricultura o setor menos relevante para a economia. Segundo o PMC, o setor de Restaurantes e outros serviços de alimentos e bebidas é o terceiro que mais emprega no município, dentre os 20 setores mais relevantes (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo/PMC 20170.

Das exportações de Campinas, os principais produtos são bens de capital e bens intermediários.

Ao extremo sul do município se encontra o Aeroporto Internacional de Viracopos, o segundo maior terminal aéreo de cargas do país, uma alternativa a São Paulo no transporte de passageiros.

A cidade ainda conta com aproximadamente 200 linhas de ônibus urbano e 100 linhas de ônibus metropolitanas e intermunicipais, além de vários terminais espalhados pela cidade, que efetuam a integração e facilitam as possibilidades de otas.

Um dos principais critérios para se determinar a qualidade de vida de uma cidade do porte de Campinas são a quantidade e a qualidade de suas áreas verdes, uma vez que a sua existência promove a melhoria da qualidade de vida. Na vegetação original do município predominam a Mata Atlântica, constituída por fragmentos isolados de florestas estacionais e poucos trechos de cerrados, matas de brejo e vegetação rupestre.

Quantitativamente, as áreas verdes urbanizadas, localizadas dentro da malha urbana de cerca de 200 km2 , perfazem uma área de 460 ha, que correspondem a 4,6 m2 por habitante. Hoje em Campinas, existem aproximadamente 500 praças urbanizadas com equipamentos (playgrounds, bancos e iluminação), 17 parques e bosques e 4 matas tombadas: Mata de Santa Genebra, Mata do Ribeirão Cachoeira, Mata da Fazenda Santa Elisa, Maciços Arbóreos do Recanto Iara e 11 Áreas Especiais de Proteção Permanente (Lei 6.743/01).

condições ambientais

Posição geográfica: Latitude 22º48’57”

Sul

Longitude 47º03’33”

Oeste Altitude 640 metros

Clima: O clima de Campinas é tropical de altitude (tipo Cwa segundo Köppen).

Vento: Calmo, predominante sudeste, com média anual de 23,5 km/h.

Chuva: Média para o mês de janeiro 280,3 mm

Temperatura:

• Média para o mês de janeiro 24,7 ºC

• Máxima média 29,7 ºC

• Máxima absoluta 36,2 ºC

• Mínima média 19,8 ºC

• Mínima absoluta 14,0 ºC

.

31
Figura 09: Mapa de Levantamento Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google Earth 2022 HOPE ESCALAGRÁFICA 0 12002400360048006000
área 2.2 legenda Clínica Veterinária Particular Áreas Verdes PetFriendly Grande Rede de PetShop Departamento
Bem-Estar
Centro
Terminal
Aeroporto Internacional de
Limite Municipal Vias principais Vias
Área de Estudo 32
escolha da
de Proteção e
Animal (DPBEA)
de Controle de Zoonoses
Rodoviário
Viracopos
secundárias

justificativa da escolha da área de estudo

O recorte de aproximadamente 10,30 km² foi delimitado pelo grupo da disciplina de Projeto Integrado. A área de estudo está localizado no município de Campinas-SP, mais especificamente na área mais central da cidade.

Campinas é uma das maiores cidades do Brasil, em termos populacionais e de extensão. Além disso, por referência em diversos setores, atraí muitas pessoas que se dirigem a cidade para trabalhar e estudar. Desta forma, visa-se implantar um Abrigo e Hospital Veterinário Públicos para atender a demanda existente na cidade.

Desse modo, a par da problemática referida, é de suma importância proporcionar uma vida saudável e de qualidade, dando o devido cuidado e tratamento que merecem, garantindo seu conforto e bem-estar.

Alguns fatores foram considerados para delimitar a área de implantação do projeto, como, por exemplo, a busca por uma localização privilegiada em seus acessos, a fim de promover o uso por pessoas de todo território Campineiro, onde a composição da malha urbana fizesse frente aos seus grandes eixos viários.

No caso, temos as avenidas John Boyd Dunlop, que estrutura toda a região noroeste da cidade, a Avenida Amoreiras (que liga o centro da cidade com a região sul) e a Rodovia Anhanguera, uma das importantes e movimentadas vias do estado de São Paulo, que faz ligação da cidade com municípios vizinhos.

Além disso, a área apresenta três estações do novo BRT, que acompanham o investimento implantado na área nos últimos anos e apresenta a circulação de diversas linhas de ônibus. Em decorrência deste nó urbano e das suas conexões, a qualidade do transporte público e seu acesso facilitado, temos um ponto forte da região, propiciando que muitas pessoas consigam presenciar e conhecer o Centro de Acolhimento.

Figura10:ÁreadeEstudo Fonte:Elaboradopelaautora(2022)com baseGoogleEarth

O terreno foi selecionado por ser uma grande área livre, o que permite desenvolver áreas de lazer aos grandes animais.

Ainda, são apenas 9km do terreno selecionado até o Departamento de Proteção e Bem Estar Animal e 4km até o Centro de Zoonoses, facilitando a possível transferência de animais acolhidos pela prefeitura para o Abrigo.

A área situada atinge as premissas da autora, em propor não um projeto isolado e afastado da cidade, mas algo convidativo, visível à população, conseguindo assim atingir a participação ativa dessas na causa animal e no local.

2.3
33

Somado a esses fatores, existe o fator histórico da região. Neste local, há apenas 52 anos, a Vila Industrial foi sede do primeiro Matadouro Municipal. O espaço do matadouro é um exemplo de visualização das constantes interações da história da humanidade com a presença de outras espécies animais. É importante perceber que na época, ocorria um processo de ''desanimalização'' dos bichos, as alterações conceituais do deslocamento dos matadouros para longe da visão da população constituíram estratégias para torná-las não violentas, devendo ser invisíveis.

A inserção do projeto nessa área também têm como provocação criar uma analogia com esse forte passado histórico, tão presente na memória da cidade.

Essa edificação não foi interpretada somente como o local onde era efetivada a operação de transformar um animal vivo em carne para consumo. Ela carrega uma transformação da estrutura urbanística da cidade, relacionadas as mudanças econômicas e geográficas e, em simultâneo, carrega as mudanças culturais nas relações entre humanos e outras espécies, instigando nossas sensibilidades em relação aos animais que passavam por esse local, demonstrando como, de fato, as questões do Bem-Estar Animal estão presente em nossos dias, pois vimos que este conceito está presente até mesmo na forma que os animais são criados para alimentação. Atualmente, até mesmo as fazendas são mais adequadas à quantidade de animais, há oferta de alimento e água, identificação dos animais, com o transporte (estrutura, processo de embarque e desembarque, duração/distância) e a forma de abate (desde a condução ao local, forma de insensibilização, e abate) mais adequados. A intenção das orientações que consideram o bem-estar animal é não causar estresse, angústia, dor e desconforto desnecessários aos animais, transformando a visão que se tem sobre os animais como “mercadoria” para considerá-los como seres sencientes que precisam ser tratados com respeito e cuidado. (BSD)

Figura11:AntigoMatadouro

Fonte:SiteArquiteturacomVillanueva

Figura12:MapaRelaçãodoprojetocomoAntigoMatadouro Fonte:MapaproduzidopelaautoracombaseMapBox 2022

O homem vem mudando sua postura frente aos animais. Culturalmente, nossa relação com os animais é de dominador e dominado. Precisamos ''virar a chave'': devemos nos relacionar com eles coexistindo.

Hoje, as diretrizes (inter)nacionais vêm caminhando para a guarda responsável, práticas eficazes, éticas e sem sofrimento. Se antes havia a presença de um espaço de matança animal centralizada sob a municipalidade, agora, haverá um Centro de Acolhimento Animal, dedicado à toda população, dedicado à ''abraçar'' os animais. Trata-se de uma nova maneira de pensar a cidade, as nossas relações e as nossas próprias narrativas histórias.

34
Registro4-AtualCanteirodeObrasdaMRV Registro6-AcessoaoCanteirodeObras 2 R au O ttPoonaivaziapa RuaCananéia R au C âdn i d o Mto a Av.JoãoBatistaMoratodoCanto 76 4 81 3 Registro1-AtualPlantãodeVendasdaMRV Registro5-CalçadadaFachada PrincipalAv.JoãoBatista MoratodoCanto Registro7-AcessoaoCanteirodeObras Registro8-Pontodeônibus maispróximoaoTerreno Figura13:Fotosdaáreadeestudo Fonte:Registropelaautora Figura14:Terrenodeprojeto Fonte:RealizadopelaautoracombasenoGoogleEarth Figura15:TerrenoPorção1 Fonte:ZoneamentoCampinas Figura16:TerrenoPorção2 Fonte:ZoneamentoCampinas 35

Figura 17: Área de Abrangência

Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google Earth Prefeitura de Campinas

Área de abrangência 2.4 legenda

Limite dos Bairros

Limite do Recorte

A área de abrangência corresponde à Vila Industrial e à Vila Teixeira e seus bairros lindeiros: Vila Satúrnia, Vila São Bernardo, Parque Industrial, Jardim Dom Nery, Parque Beatriz, Jd. Miranda, Vila Aurocan, Vila Prost Souza.

O terreno de implantação do projeto está inserido no bairro Vila Satúrnia, limitado pelas avenidas Av. João Batista Morato do Canto, Rua Ottaviano Papaiz e pela Rua Cândido Mota.

Atualmente, o terreno se encontra dividido em duas parcelas. No terreno à esquerda, cadastrado como patrimônio público, temos edificada a Guarda Municipal. Já no terreno da direita, temos a presença do Stand de vendas temporário da construtora MRV.

ESCALAGRÁFICA

HOPE

A proposta de projeto é realizar o remembramento das duas parcelas, agrupando os dois terrenos para concepção do Hope. Assim, teremos um terreno com uma grande área livre atrás da Guarda Municipal pública, que será mantida, para ser acoplada na intervenção com o projeto.

0 500
1000
2022 36

mapa utb e dados 2.5

legenda

UTB MM-60

UTB EU-27

EU-21

Para obtenção de informações socioeconômicas, foi considerado a soma entre os dados das Unidades Básicas Territoriais (UTB's) MM-60 e EU-27, por serem as regiões da área de estudo onde há a presença de população. Os dados foram coletados no Censo Demográfico 2010 do IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

O recorte apresenta um número maior de mulheres por domicílios ocupado do que de homens. A faixa etária é bem diversificada e é possível constatar que a população é predominantemente jovem, porém, os bairros São Bernardo e Parque Industrial, um dos mais antigos da cidade, apresentam uma grande quantidade de idosos resistentes.

0 500
1000
HOPE
ESCALAGRÁFICA
Earth
2022
37
UTB
Figura 18: Mapa de UTBs Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google
Prefeitura de Campinas
TotaldaPopulação 60.018 Mulheres 32.377 Homens 27.641 DivisãoporSexo Populaçãoporfaixaetária SalárioMédio Até5anos 16a25 36a45 56a65 11.800 20.550 16.900 10.750 0a1/2 1a2 3a5 10a15 +de20 2.668 7.369 9.137 2.006 181 Dados Socioeconômicos Gráfico06:DadosSocioeconômicosdaáreaestudada Fonte:ProduzidopelaautoracombaseIBGE(2010) 2022 38

evolução da mancha urbana 2.6

Mancha Urbana até 1940 Mancha Urbana até 1950

Mancha Urbana até 1960

Nota-se que já em 1940 existem bairros dispersos. Fato este que se intensifica até o registro de 1965. A partir de 1979 estes bairros vão se incorporando à mancha principal. (VICENTE DA SILVA, Ciro; Vetores de expansão urbana: análise da cidade de Campinas, out. 2017.

Figura20:Evoluçãodamanchaurbana Fonte:Silva,Ciro

HOPE 0 500 ESCALAGRÁFICA 1000
2022
Figura 19: Mapa de evolução da mancha urbana Fonte: Mapa produzido pela autora
1989 2001 2016
legenda 1842 1878 1940 1950 1965 1979
39

Formação do município a partir da abertura do ''Caminho dos Goyazes'', se tornando um (pouso) de tropeiros, por ser o centro da região açucareira paulista. Na abertura da estrada, deuse a formação de Sesmarias, que ao longo do tempo impulsionaram o comércio, formando uma Vila.

Campinas viveu o auge do ciclo do açúcar, se tornando o maior produtor do Estado de São Paulo. Porém, com a crise da produção, houve a instalação da produção cafeeira. Esta, determinaria em pouco tempo um impulso da urbanização de Campinas. Devido à grande produção, a cidade tornavase mais rica e o crescimento urbano foi inerente a esse processo.

Figura23:Estação

Fonte:

Figura

Fonte:

1872

Destaépocadata-seoMatadouro Público de Campinas, alvo de discussãomaisàfrente.

Figura22:PlantaçãodeCafé

Fonte:PrefeituradeSãoPaulo

1830

Com o apogeu da economia do café, a cidade esbarrava num problema crucial, o transporte. A solução desses problemas estava na instalação das estradas de ferro, com a inauguração da Companhia Paulista.

Começaram a nascer nas margens dos trilhos do novo complexo ferroviário novas áreas, nas proximidades do atual ‘’centro velho’’, que deram origem aos primeiros bairros de Campinas, localizados nos chamados ‘’arrabaldes’’ da cidade, o que, na época, era considerado o subúrbio.

Á medida que a economia cresceu, possibilitou=se o início do desenvolvimento do setor industrial na região. Essa nova ordem social, composta por operários, pela abolição da escravatura e pela chegada de imigrantes europeus, desencadeou a procura por bairros mais afastados do centro e com moradias mais baratas, necessária a procura por novas terras para abrigar a nova ordem social vigente. Essa população estaria ligada não só à questão da moradia, mas também à alocação dos equipamentos necessários para a manutenção de tal classe. O Matadouro e o Curtume foram inseridos em locais mais afastados do centro, pela recomendação da legislação sanitária. Nesse contexto, surge a Vila Industrial, localizada do outro lado da linha do trem, fora da malha urbana da época, próxima ao córrego do Piçarrão, que tinha como função ''abastecer'' a cidade. O novo bairro foi escolhido por estar nas imediações das linhas férreas como do centro da cidade. Cada vez mais chegavam migrantes e imigrantes, atraídos pela implantação de fábricas, de fundições, pelos próprios cortumes, de atividades de comércio, de estabelecimentos hospitalares e escolares, entre tantos outros.

1721-1830
Cultura BlogRamalFérreo 24:Campinas–VistaAéreadécadade1950 BlogThiagoSouzaRosa
histórico 2.7
Figura21:IlustraçãoTropeiros
40
Fonte:PortaldoRancho

O Parque Industrial surge como o desdobramento do processo de expansão urbana. A instalação de um ''novo parque produtivo composto por fábricas, agroindústrias e estabelecimentos nas proximidades das grandes rodovias Anhangüera (1948) e Bandeirantes (1979), estimulou a formação de um novo polo de desenvolvimento econômico na região oeste de Campinas. Esta área recebeu inúmeros habitantes que migravam para Campinas, atraídos por uma maior diversificação produtiva. Os novos bairros, originalmente formados sem auxílio de infra-estrutura, conquistaram maior urbanização entre as décadas de 1950 a 1990.'' (NASCIMENTO, Priscila, 2010)

1930

Com a crise da economia cafeeira, a cidade “agrária" de Campinas assumiu uma fisionomia mais industrial e de serviços. As atividades urbanas –comércio, indústria e serviços –superam as atividades rurais. A área urbana passa a contar com 60 mil habitantes espalhados no centro e periferia (Vila Industrial, Proença), se transformando no segundo núcleo industrial do estado, suplantado apenas pela área da capital.

Figura25:RuaFranciscoTeodorocomCasas OperáriasdaCiaPaulista(1990)

1940-60

Devido ao crescimento industrial, houve a necessidade de melhoramento dos serviços de infraestrutura, e a partir de então, uma série de transformações ocorreram pelo Plano de Melhoramentos de Campinas. Uma série de vias foram propostas, entre elas, a continuação pela estrada do Piçarrão até a praça da Vila Teixeira. Na década de 60 foi implantada a Via Anhanguera, gerando um dos principais indutores de crescimento para aquele eixo, valorizando terrenos e atraindo a

Figura27:PlantadaCidadedeCampinasem1878 Fonte:Campinasvirtual

FIgura28:RodoviaAnhangueraemconstrução

Fonte:G1 1938

Fonte:BlogArquiteturacomVillanueva

Figura26:FachadaMatadouro Fonte:BlogCampinasMeuAmor
41

Buscando a descentralização da regiãocentral,oPlanoPrestesMaia (1970) propôs a criação de polos secundários,emtornodeavenidas, como a Av. Amoreiras. Já na década de 80, os eixos de crescimento e sua estrutura viária, quedãoprioridadeaoautomóvel,já estavam bem definidos e consolidados.Entreosanos1970e 1980,osfluxosmigratórioslevaram apopulaçãoapraticamentedobrar detamanho.

''A partir de 1998, a cidade vemassistindoaumamudança acentuada na sua base econômica:perdeimportânciao setorindustrial(comamigração de fábricas para cidades vizinhas ou outras regiões do país — em parte devido à violência e dos altos impostos), e ganha destaque o setor de serviços (comércio, pesquisa, serviços de alta tecnologia e empresasnaáreadelogística)''

(Câmara Municipal de Campinas).

''Entre as décadas de 1970 e 1980, a cidade praticamente duplicou de tamanho, por conta de fluxos migratórios internos. Devido o seu grande progresso também ficou conhecida como a "Princesa d'Oeste", referência esta por estar a oeste da capital do estado'' Com a construção de grandes rodovias como a Rodovia Anhanguera (1948), a Rodovia dos Bandeirantes (1978), a Rodovia Santos Dumont (década de 1980), a Rodovia D. Pedro I, Rodovia Governador Adhemar de Barros, a Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença e a Rodovia General Milton Tavares de Souza (o Tapetão), principal acesso à REPLAN Refinaria do Planalto Paulista, Campinas consolidou-se como importante entroncamento rodoviário. Por meio de uma integração entre atividades agrícolas e industriais, o município responderia por 8,5% do PIB Brasileiro, liderando uma região produtiva do espaço'' (Câmara Municipal de Campinas).

Início das primeiras intervenções do BRT, sistema de transporte rápidoporônibus.Segundo o portal de conteúdo e notícias do interior, A Cidade On, ao todo são trêscorredores,totalizando 36,6quilômetros,18pontes e viadutos, 36 estações e sete terminais. Com custo totaldeR$451,5milhões, a obra beneficiará, diretamente, 450 mil pessoas.

A região do bairro Vila Industrial recebe 3.900 unidadeshabitacionaiseum parquelinearde90milm². OprojetodaPrefeituraem parceria com a MRV Engenharia revitalizou as vias do entorno do empreendimento, além de investir na infraestrutura área com a construção da rede de esgoto e obras paraevitarenchentes.

A região veio recebendo gradualmente novas funções, sobretudo os comércios, ligados à dinâmica da reprodução dos moradores, mas tambémserviçosecentros religiosos diversos. Não menos importante, o intenso processo de verticalização vem imprimindo novos fluxos diários.

1972:Encerramentodasatividades doMatadouroMunicipal.
2022 2018
42
2017 1998 1970-1980

Segundo Amaral (1900), a inauguração do Matadouro Municipal da cidade de Campinas foi realizada em 1881, com planta e direção de obras do arquiteto Ramos de Azevedo, nas proximidades do córrego Piçarrão, no bairro Vila Industrial. Foi um dos primeiros do gênero após a reivindicação da cidade, pois, até os animais eram criados em no meio urbano, abatidos até então costumeiramente em quintais, em praças públicas, terrenos baldios. Havia um matadouro, na Casa de Câmera e Cadeia, no centro da Cidade, mas este local passou a não atender mais o município, em termos de instalações, serviços e ao tocante do consumo de carne.. A situação não condizia com uma cidade que estava em fase de expansão e adotando modernos preceitos higiênicos e de salubridade.

A construção foi elaborada pela iniciativa de Bento Quirino dos Santos, General Francisco Glicério, a empresa foi denominada de Cia Campineira do Matadouro Municipal. A edificação e sua divisão interna e as suas instalações, deveriam obedecer às normas de higiênicas estabelecidas pela Câmara Municipal e a partir de 1894, pelo Código Sanitário do estado de SP.

A recomendação na época era que a tipologia fosse construída fora do perímetro urbano edificado e colocado próxima a cursos d'água, sendo então administrado pela municipalidade.

A construção deste modelo era uma das medidas das mudanças na administração pública, que empreendeu uma série de obras consideradas essenciais para a política urbana higienista, um movimento que se desenvolveu a partir do final do século XVIII.

Figura29:PlantadacidadedeCampinas-1900 -Caminhoparaomatadouro TratamentodeImagem:ManecoSilva Inserçãodedados:AnaVillanueva Os moradores da Vila Industrial, além de conviverem com as atividades mal vistas na cidade, sofriam preconceito dos demais campineiros, que os apelidaram de “bucheiros”, devido ao grande número de moradores que vendiam miúdos de boi comprados no matadouro municipal como forma de complementação aos salários obtidos nas companhias de estrada de ferro e demais estabelecimentos. (ROXO, Rafael; Preservar pra quem? As contradições na preservação do patrimônio urbano-industrial em Campinas, GEOgraphia, vol: 23, n. 51, 2021).

No início do século, quando o bairro mal começava a se formar, era comum as pessoas observarem, ao longe, uma grande poeira levantar-se. Era a boiada que havia chegado pelos trens da Mongiana, ou vindos do bairro da Ponte Preta. Ela descia lentamente a rua Sales de Oliveira, ainda sem pavimentação, barulhos de cascos pisando ruidosamente e a forte poeira, obrigava todos a fecharem temporariamente os estabelecimentos comerciais, portas e as janelas.''

*CONDEPACC - Processo de Tombamento 03/90)

Foi quando os governos adquiriram consciência que o estado de saúde da população deveria constituir um objetivo prioritário, para diminuir a mortalidade causada pelas epidemias. Os matadouros eram ambientes que permitiram controlar a carne animal para que essa não fosse um vetor de contaminação dos humanos.

Com a reestruturação urbano-industrial, o crescimento da cidade acaba por incorporar o Matadouro na malha urbana com o passar dos anos, passando a ser rodeado por edificações.

Além desse fator, se intensificava cada vez mais a fiscalização sobre a carne e as questões sobre a insalubridade à tona. Com o crescente aumento da população, o local ficou antiquado, pequeno, impróprio. Veio a necessidade de transferi-lo, novamente. O mesmo veio a ser demolido no ano de 1972, em uma época que, segundo o IPHAN, ainda não existia o interesse pela preservação do patrimônio industrial, que é algo relativamente recente.

história do matadouro 2.8 43

Figura30:MatadouronoiníciodoséculoXX

Fonte:BlogAnaVillanueva,acervoMuseudaImagemedoSomdeCampinas Assim, os curtumes, o matadouro e o complexo ferroviário são desativados, o que contribuiu para modificar as relações de sociais no bairro da Vila Industrial e dos seus arredores. Conforme estudos da Profa. Dra Ana Villanueva, o matadouro se localizava aproximadamente onde hoje é o cruzamento da rua general Lauro Sodré com a Avenida Prefeito Faria Lima e hoje, no local onde funcionava, existe um conjunto habitacional.

Seria concebível que as razões do fechamento do local foram praticamente as mesmas para sua instalação: afastar a construção da mancha urbana da cidade.

Figura31:ConjuntoHabitacionalconstruídonolocalondeficavaoAntigoMatadouro

RuaGeneralLauroSodré

Fonte:BlogCampinasAssim

Em 1903 aparecem as primeiras câmaras frigoríficas, desenvolvidas pela indústria de empreendedores privados e a carne resfriada do interior passa a ser uma alternativa mais adequada. Presume-se que essa ocorrência também tenha abalado o funcionamento do local.

Foi possível observar nas pesquisas relatos que os moradores dos núcleos residenciais se aborreciam com a proximidade do matadouro.

OBS: O Matadouro contribuiu para a urbanização da cidade e transformou o bairro, tendo sua importância histórica e cultural, que não podem ser descartadas.

44

Macrozona Macrometropolitana

Macrozona de Estruturação Urbana

Figura 32: Mapa de Macrozoneamento

Figura xx: Mapa de recorte da área de estudo

Fonte: Mapa produzido pela autora 2022 HOPE 0 500 ESCALAGRÁFICA 1000

Fonte: Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google Earth | Prefeitura de Campinas 2022

45
macrozoneamento 2.9 legenda

Segundo o Plano Diretor do município, a Macrozona Macrometropolitana está situada integralmente no perímetro urbano, apresenta ampla diversidade de padrões de uso e ocupação do solo e áreas de grande vulnerabilidade socioambiental. É impactada por estruturas viárias, equipamentos e atividades econômicas de abrangência regional, nacional e internacional, sofrendo influência direta e indireta pela proximidade dessas estruturas no território, que alteram dinâmicas socioeconômicas, culturais e ambientais.

Esta macrozona concentra grande capacidade de atração de novas atividades econômicas regionais, sendo estratégica para alavancar a oferta de serviços com qualidade urbanística e melhorar a integração do território.

Seus objetivos são:

Fortalecer a integração regional, através do incentivo ao desenvolvimento de atividades econômicas relevantes, especialmente ao longo das estruturas viárias.

Melhorar a integração entre as diversas regiões do município através da implantação de transposições às barreiras físicas apresentadas pela estrutura viária existente.

Preservar e qualificar as áreas residenciais consolidadas, através da promoção de maior dinâmica econômica.

Incentivar transformações estruturais nos padrões de uso e ocupação do solo através do aumento das densidades habitacionais e da mescla de atividades urbanas.

A área de estudo possuí duas macrozonas distintas: na porção norte, temos estruturado a Macrozona Macrometropolitana, enquanto ao sul, vemos a presença de um trecho que contempla a Macrozona de Estruturação Urbana.

Já a Macrozona de Estruturação Urbana, também se situa integralmente no perímetro urbano, possui áreas reconhecidamente consolidadas e outras em fase de consolidação. Apresenta desigualdade na oferta de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas, grande diversidade de usos do solo e múltiplas dinâmicas populacionais, além de áreas de fragilidade ambiental. Esta macrozona apresenta áreas ainda não parceladas e ocupadas, possibilitando seu desenvolvimento a curto e médio prazo.

Seus objetivos são:

Garantir a qualidade das áreas urbanas já consolidadas e promover a qualificação das áreas em fase de consolidação, buscando melhor distribuição da infraestrutura urbana; Compatibilizar o uso e ocupação do solo com a oferta de sistemas de transporte coletivo e de infraestrutura para os serviços públicos;

Priorizar o adensamento das áreas ociosas de acordo com a Rede Estrutural de Mobilidade; Melhorar as condições urbanísticas das áreas consolidadas ampliando a oferta de empregos, visando o equilíbrio na relação entre trabalho e moradia.

Priorizar a urbanização e regularização fundiária de assentamentos precários e irregulares existentes, ocupados pela população de baixa renda, com oferta adequada de serviços,

46

Figura 33: Mapa de Macrozoneamento

Figura xx: Mapa de recorte da área de estudo

Fonte: Fonte: Mapa produzido pela autora com base

Fonte: Mapa produzido pela autora 2022

Google Earth | Prefeitura de Campinas 2022

2.10

legenda

ZonaMista2-ZM2

Objetivo: reconhecer ou promover bairros com mistura de usos residenciais, mistos e nãoresidenciais.

ZonadeCentralidade4-ZC4

Objetivo: Reconhecer ou promover áreas com predominância de usos não-residenciais e mistos. Centro principal e nós de centralidade relevantes na estrutura urbana de Campinas.

ZonadeCentralidade2-ZC2

Objetivo: Reconhecer ou promover áreas com predominância de usos não-residenciais e mistos. Eixos de comércio e serviços e centros de bairros.

ZonadeAtividadeEconômica-ZAE1

Objetivo: Reconhecer ou promover áreas para usos industriais, logística e prestação de serviços industriais de baixo, médio e alto impactos e aqueles ligados à ciência, tecnologia e informação.

Zona Especial de Preservação Ambiental do Sistema de Espaços Livres1-ZEEL1

À ZEEL-1 correspondem todos os parques urbanos, bosques públicos, praças e canteiros vegetados ligados ao sistema viário.

Objetivo: Tem por objetivo preservar os espaços livres, o ambiente natural, os usos ambientais e socioculturais associados.

O terreno selecionado pertence à ZC4. Assim, o local permite a implantação de diversos usos, como o comercial e o de Serviços / Institucional, sendo permitido a construção do projeto na área.

HOPE 0 500 ESCALAGRÁFICA 1000
zoneamento
47

2.11

legenda

Conjunto de Imóveis à Rua Alferes Raimundo

Bairro:VilaIndustrial Resoluçãon°127de14deNovembro2013

Antigo Conjunto da Imigração

Endereço:RuaSallesdeOliveiranº1380 Resoluçãonº132de24/03/2015 Localização:R.24deMaio,477 ResoluçãodeTombamento:Resolução125/2013

Igreja São José e a Casa Paroquial

Teatro Municipal José de Castro Mendes

Endereço:PraçaCorreadeLemoss/n Resoluçãon°.46de13/05/2004

Curtume Cantúsio

Endereço:R.CarlosdeCampos,1033 Resoluçãon°.121de02/04/2012

Conjunto Arquitetônico da Vila Industrial

Bairro:VilaIndustrial Resoluçãon°.85de04/05/2009

Área Remanescente do Complexo Ferroviário Central da Antiga Fepasa

Endereço:PraçaMarechalFlorianoPeixotos/nº Resoluçãonº129de12/06/2014

Imóvel situado no Av. Sales

De Oliveira, 429 E 433

Bairro:VilaIndustrial Resoluçãonº.009de28/04/1992

Vilas Manoel Dias E Manoel Freire

Endereço: situadas entre as Ruas 24 de Maio, Barão de Monte Mor,AlferesRaimundoeSalesdeOliveira

Bairro:VilaIndustrial Resoluçãonº.19de24/11/1994

Subestação Lix da Cunha

Endereço:AvenidaLixdaCunhaentreaRuaEugênioF.Camargo epróximoaoantigoconjuntodecasasdoIAPI

Bairro:VilaTeixeira Resoluçãonº126de27/06/2013

Figura 34: Mapa de Macrozoneamento Fonte: Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google Earth | Prefeitura de Campinas 2022
0 500
1000 patrimônios
48
HOPE
ESCALAGRÁFICA

Há um número considerável de bens tombados na área, o que se justifica pela grande importância história do local frente ao processo de formação da cidade de Campinas. A região, sobretudo, A Vila Industrial, que foi uma das primeiras vilas operárias do Brasil, registra o desenvolvimento da industrialização na cidade. Essas edificações são relatos dos impactos no setor econômico e tiveram um papel fundamental na estruturação urbana do município, apresentando, portanto, grande relevância história, além de arquitetônica, por guardarem as características construtivas da época. Esses elementos ''não são imóveis representativos da pujança da elite cafeeira, como os encontrados no centro da cidade e que foram quase todos transformados em comércio, mas sim antigas indústrias, curtumes, hospitais e as casas, geminadas, de dois ou três cômodos, que abrigavam trabalhadores das proximidades.'' (Portal Unicamp). Destaca-se, ainda, a estação da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, a inaugurada em 1884, um marco na cidade e o Teatro Municipal Castro Mendes, o maior e principal teatro público da cidade deCampinas.

Figura35:CortumeCantúsio
49
Fonte:ArquiteturacomAnaVillanueva

Figura 36: Mapa de Densidade Demográfica

Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google

Earth Prefeitura de Campinas

legenda

25 a 50 hab/ha

Menor que 5 hab/ha 50 a 100 hab/ha 100 a 200 hab /ha

Acima de 200 hab/ha

Para essa análise, foi utilizado o levantamentodemográficorealizadopela FUPAM para a Prefeitura Municipal de Campinas (2015). A FUPAM em seu diagnóstico técnico, define a densidade média como de 46/hab. Tomando esse dado como referência e observando as áreaspredominantesépossíveldizerque, em praticamente todo o recorte, possui um adensamento acima da média municipal.

HOPE 0
500 ESCALAGRÁFICA 1000
2022
densidade demográfica 2.12
50

Figura 37: Mapa de Renda

Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google Earth Prefeitura de Campinas

Entre 8,1 e 44,3 salários mínimos

Entre 5,1 e 8,1 salários mínimos Entre 3,5 e 5,1 salários mínimos

Este levantamento apresenta as informações mapeadas por setor censitário referente à renda média domiciliar.Adistribuiçãosocioespacialda rendanaáreadeestudonãoapresenta grandesdiscrepâncias.

As informações foram mapeadas pelo IBGE2010 Saláriomínimoem2010:R$510,00

2022
HOPE 0 500
ESCALAGRÁFICA 1000
renda
51
média 2.13 legenda
2022 HOPE 0 500 ESCALAGRÁFICA 1000 Via Local Via
Via
Via
hierarquia
2.14
52
Figura 38: Mapa de Hierarquia Viária Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google Earth Prefeitura de Campinas
Coletora
Arterial
Expressa
viária
legenda

A área de estudo é limitada por duas vias de grande relevância, a Rodovia Anhanguera, que liga São Paulo com a região norte do estado, sendo uma das mais importantes rodovias do Brasil e uma das mais movimentadas e Avenida Lix da Cunha, que também é uma via expressa de alto fluxo de veículos e faz a ligação com outras cidades da região de Campinas. Também temos a presença da Av. John Boyd Dunlop e da Av. das Amoreiras, eixos destacados como principais da área de recorte. Estes desempenham função de vias arteriais, também apresentando um intenso fluxo de transportes, sendo os principais acessos que fazem ligação com o centro da cidade e onde se localizam estações de parada do BRT (Bus Rapid Transit, transporte rápido por ônibus). Devido a isso, o sistema viário é relativamente conturbado nesses trechos.

Além disso, destaca-se as vias coletoras, de fluxo médio de veículos que têm a função de coletar e redistribuir o trânsito pela cidade, ligando as vias arteriais e rápidas às locais. O fluxo nessas vias é intenso pela presença de determinados usos das atividades comerciais.

As ruas locais são predominantes no recorte. Auxiliam a aliviar o trânsito de veículos, sendo utilizadas para acessar locais, em geral, privados. Em poucas palavras, este tipo é formado pelas ruas tradicionais, cuja velocidade máxima é de 30 km/h.

53
Figura 39: Mapa de Transporte Público Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google Earth Prefeitura de Campinas 2022 HOPE 0 500 ESCALAGRÁFICA 1000 LINHA382 LINHA171 LINHA342 LINHA224 LINHA289 LINHA244 LINHA161 LINHA221 LINHA222 LINHA223 LINHA231 LINHA249 LINHA289 Cambuí / Campinas Shopping / Jardm Miranda / Residencial Sírius / Parque Itajaí IV / ResidencalSouzaQueiróz/ Vla Teixeira / TermnalCentra /JardmRossn TermnalCentra /Resdencia Cosmos TermnalCentral/CdadeSatéliteÍrisII Termina Central/TerminalSatélteÍris JardmFamboyant/ParquedosEucaiptos Parque taaíIV/TerminalMercadoI BRT Campo Grande BRT Ouro Verde Corredor Perimetral transporte público 2.15 legenda 54 Terminal Mercado I Shopping Dom Pedro Campinas Shopping Corredor Central Terminal Mercado I Shopping Dom Pedro Corredor Central

No recorte circulam uma boa quantidade de linhas de ônibus que facilitam o acesso e conexão dos bairros com o centro da cidade. As vias expressas e arteriais são onde se concentram a maioria e serviço do transporte público. O maior fluxo de transporte se dá em direção ao centro, porém, com a presença do BRT, a maior obra de Mobilidade Urbana já realizada no município, podemos dizer que a área de estudo se conecta praticamente com toda a cidade de Campinas

BRT Campo Grande: 17,9 km de extensão, saindo da região central, ao lado do Terminal Mercado, seguindo pelo leito desativado do antigo VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), Avenida John Boyd Dunlop, passando pelo Terminal Campo Grande e chegando ao Terminal Itajaí.

BRT Ouro Verde: 14,6 km de extensão, saindo da região central, do Terminal Central, seguindo pelas avenidas João Jorge, Amoreiras, Ruy Rodriguez, passando pelo Terminal Ouro Verde, Camucim até o Terminal Vida Nova.

BRT Perimetral: situado entre os dois corredores, tem 4,1 km de extensão, ligando a Vila Aurocan até o Campos Elíseos, seguindo pelo leito desativado do VLT.

55

Figura 40: Mapa do Sistema Ferroviário Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google Earth Prefeitura de Campinas

ferrovias 2.16 legenda

Companhia SorocabanaLinha Férrea Desativada

Companhia Paulista - Linha Férrea Ativa

2022
HOPE 0 500 ESCALAGRÁFICA 1000
56

Como vimos, as ferrovias promoveram um processo de re-estruturação urbana na cidade de Campinas e alteraram sua dinâmica de crescimento. Atualmente, com popularização do automóvel e o investimento no transporte rodoviário, o sistema ferroviário se encontra em um processo de crise, não só em Campinas, mas em todo o país. Todas as mudanças envolvendo a economia nacional, a partir da década de 1930 até o final da década de 1960, contribuíram para a estagnação do setor ferroviário brasileiro.

A malha existente em Campinas, composta por duas ferrovias, possibilita o transporte de cargas entre a capital paulista (96 km de distância), o porto de Santos (172 km de distância) e o interior do estado de São Paulo. No recorte, temos uma linha de trem ativa, por meio da MRS Logística, que utiliza os trilhos da meia-noite às 4 h da madrugada.

Porém, atualmente, ainda cerca de 75% das mercadorias produzidas em solo brasileiro são transportadas pela malha rodoviária, enquanto apenas 5,4% circulam pelas ferrovias.

Por isso, podemos afirmar que de um elemento dinâmico e estruturador, o complexo ferroviário foi perdendo a sua função original, transformando-se em uma área quase que em sua totalidade, abandonada e em desuso.

A salvaguarda legal do complexo foi somente garantida com o seu tombamento. O tombamento lhe atribuiu uma nova função: a de patrimônio e de um marco histórico importante para a configuração da memória e da identidade campineira.

Ademais, a ferrovia representa uma barreira física e social. A localização da estação e do complexo ferroviário delimita o centro em relação à porção sudoeste da cidade, que abriga as regiões mais populares e pobres de Campinas, vinculadas à vocação do eixo leste-oeste de crescimento urbano.

57
HOPE 0 500 ESCALAGRÁFICA 1000 Figura 41: Mapa de Uso e Ocupação Fonte: Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google Earth | Prefeitura de Campinas 2022 15 14 16 17 18 8 19 1 20 21 6 7 22 9 10 13 11 12 4 5 2 3 uso e ocupação S A Ú D E HospitaldoCâncer CentrodeSaúde DoutorEstimado 1. 2. E D U C A Ç Ã O 3.EMEFEJAProfaGeny Rodrigues 4.EEFelipeCantusio 5.EMEFProfVicente Rao 6.CEIProfCarlosZink 7.CentroEducacional ProfissionalKennedy 8.SESIeSenai 9.EEGuidoSegalhoe CEIDrManoelAffonso Ferreira 10.EEProfVitorioJose AntonioZamarion C O M É R C I O E S E R V I Ç O S 11.ShoppingUnimart 12.Mobly 13.ShoppingdaUtilidade 14.TerminalRodoviário P A T R I M Ô N I O 16.EstaçãoFepasa 17.TeatroCastroMendes 15.SESC 18.RepartiçãoPública Municipal 19.SecretariaMunicipal deServiçosPúblicose DepartamentodeParques eJardins 20.PenitenciáriaFeminina 21.GinásioEsportivoe AssociaçãodoServidor Público I N S T I T U C I O N A L INDUSTRIAL VAZIO USOMISTO INDUSTRIAL RESIDENCIAL Á R E A S V E R D E S 22.ParqueLinear 2.17 legenda 58

A característica do uso e ocupação do solo da área é predominantemente residencial. Porém, notaram-se outros usos em pontos específicos. Próximo à Rodovia Anhanguera, à Av. das Amoreiras e na John Boyd Dunlop, temos áreas que concentram o comércio e os serviços.

O recorte também apresenta uma grande área institucional, na sua porção central à leste, que estrutura equipamentos de atendimento a população e diversos pontos de escolas.

No bairro Jardim Dom Nery, no Parque Industrial e na Vila Teixeira, também percebemos a presença de edificações de uso misto.

Constata-se que o entorno do terreno selecionado é predominantemente residencial, porém é visível que a totalidade da área de estudo é heterogêneo, o que pode ser considerado um ponto forte na atração de pessoas ao local.

59

Figura 42: Mapa de Topografia

Fonte: Mapa produzido pela autora com base topographic-map

topografia 2.18

legenda

CurvadeNível Mestre

A topografiada área do recorte é acidentada, apresentando um desnível total de 115 metros. As cores mais quentes no mapa representam os pontos maiselevados,enquantoqueasmaisfrias equivalemaospontosmaisbaixos.Vemos entãoapresençadealgunsmorroseum e fundo de vale bem marcado, o ponto mais baixo, por onde escoam as águas daschuvas.

2022
60 HOPE 0
500 ESCALAGRÁFICA 1000

de Aspectos

2022
aspectos
2.19
61 HOPE 0 500
1000
Figura 43: Mapa
Naturais Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google Earth
Hidrografia Áreas Verdes Área de Inundação Nascente APP
naturais
legenda
ESCALAGRÁFICA

A vegetação levantada dentro do recorte é basicamente rasteiras, com árvores de pequeno porte (até 6m) distribuídas de forma dispersa nos bairros. Existem áreas de preservação sobre as margens do Córrego do Piçarrão, mas é notória a escassez de maciços verdes, para auxiliar na problemática dos ricos de suscetibilidade de inundação. Pode-se verificar também a deficiência de áreas verdes disponíveis para o respiro e lazer da população. Ainda, são encontrados muitos canteiros, que por mais que sejam considerados áreas verdes, não possuem uso. Os bairros que mais sofrem com a escassez de cobertura vegetal são a Vila Aurocan, o Jd. Miranda, o Parque Beatriz e o Jardim Dom Nery.

O Córrego fica inserido dentro da Bacia do Capivari, cortando o Município no seu eixo leste/oeste e passa por 23 bairros. Nos anos de 1988, o Piçarrão foi canalizado em um trecho de aproximadamente 5 km, que vai de sua nascente até a região próxima dos antigos curtumes, sem entretanto ter solucionado os problemas de inundações da região. Suas margens são tomadas por avenidas.

A parte de alta do córrego se encontra em uma suscetibilidade média de risco de inundações enquanto na parte baixa temos uma suscetibilidade baixa.

62

A partir da análise de cheios e vazios, percebe-se que não há a presença de muitasáreasvaziasnoentornodoterreno. Nolevantamento,épossívelverificarque o recorte de estudo possuí uma área consolidada e bem adensada. A maioria dosvazioscorrespondeàsáreas verdes de instituições e áreas de APP. Grande partedasedificaçõesrespeitamosrecuos frontais,porém,nãooslaterais.Afaltade poucoespaçoentreascasaslevamestas a ter pouca área de permeabilidade, influenciandotambémnosproblemascom alagamentosemdiasdechuvamaisfortes.

cheios e vazios
2.20
44: Mapa
Vazios
Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google Maps 2022 HOPE 0 170 85 42
63
legenda Cheios Vazios Figura
de Cheios e
do Entorno Imediato
ESCALAGRÁFICA

2.21

legenda

1 a 2 pavimentos 3 a 5 pavimentos + 5 pavimentos

Responsável por indicar o número de pavimentos das edificações, o mapa ao ladoindicaqueasedificaçõestérreassão predominante em âmbito geral, com gabaritopredominantenaáreaéde1a 2 pavimentos. Assim, a área analisada possui gabaritos baixos. As edificações térreas existem em maior quantidade na área,porserumaáreahistóricaocupada predominantemente por residências. Foi notável que independente do uso, as alturas gerais do recorte não possuem grandesvariaçõesedecertaforma,criam umaregiãohomogênea.

São poucos os edificíos que destoam desse skyline porém, com a especulação imobiliáriadolocaleumzoneamentoque incentiva a verticalização da área, esse quadro vêm se alterando. Próximo ao terrenodeestudo,vemosumprocessode verticalização intenso. Diversos vazios urbanos foram preenchidos por empreendimentosdehabitaçõesdaMRV. Esse local rompe com o padrão arquitetônicodaregião.

gabarito
Maps 2022
0 170 85 42
64
Figura
45: Mapa de Gabarito do Entorno Imediato Fonte: Mapa produzido pela autora com base Google
HOPE
ESCALAGRÁFICA

diagnóstico da área 2.22

legenda

Linhas de ônibus que passam pelo Terminal Circulação de 6 linhas de ônibus diferentes Circulação do BRT Principal acesso de ônibus ao projetoLinha 171

Ribeirão PiçarrãoÁreas Inundáveis

Ferrovia

Terminal Rodoviário

Principais Vias de Acesso ao Terreno

Área deficiente em Vegetação

Parâmetros Similares: Habitações Horizontais

Parâmetros Similares: Habitações Verticais

Parâmetros Similares: Uso Misto de Baixo Gabarito Parâmetros Similares: Uso Comercial/Serviço/Institucional de Baixo Gabarito

Parâmetros Similares: Uso Industrial Parâmetros Similares: Áreas Verdes Parâmetros Similares: Zona de Patrimônio

46: Mapa
Fonte: Mapa
2022 0 500
1000
Figura
Síntese de Diagnóstico
produzido pela autora
ESCALAGRÁFICA
1.5
HOPE
65

potencialidades e fragilidades

A fim de facilitar a leitura visual do espaço da área de recorte, criou-se um mapa síntese, onde foram inseridos as principais informações coletadas e analisadas durante o desenvolvimento do levantamento até aqui apresentado. O resultado da leitura do diagnóstico teve um enfoque em identificar as potencialidades e fragilidades da área, que orientaram a proposta para a intervenção urbana e para o projeto arquitetônico.

POTENCIALIDADES FRAGILIDADES

BOA LOCALIZAÇÃO (PROXIMIDADE DE VIAS IMPORTANTES E SERVIÇO DE TRANSPORTE PÚBLICO QUE PROMOVE O ACESSO FACILITADO A TODO O MUNICÍPIO

INFRAESTRUTURAADEQUADA

IMPORTÂNCIAHISTÓRICO-CULTURAL

ÁREASDEAPPCOMPOTENCIALPAISAGÍSTICOPASSÍVELDEUSUFRUTOPELA

POPULAÇÃO

PROXIMIDADE AO CENTRO DE ZOONOSES (FACILIDADE DE TRANSFERIR OS ANIMAISRECEBIDOSPELAPREFEITURA)

ENTRE ASPAS '''A HISTÓRIA DO MATADOURO'' - POR SER UM NÓ DE CONEXÃOCOMOTEMA

PROXIMIDADEAOCENTRODACIDADE(ÍNDICESDEABANDONOALTO)

VARIEDADE E COMPLEMENTARIEDADE DE USOS DOS BAIRROS CONGRUENTE(APESARDOUSORESIDENCIALSERMAJORITARIO)

AUSÊNCIADEESPAÇOSLIVRES

DÉFICITDEESPAÇOSPÚBLICOSDELAZER

VEGETAÇÃO DEGRADADA NO ENTORNO DO RIBEIRÃO PIÇARRÃO, PRINCIPALMENTE NOS TRECHOS ENTRE A VILA AUROCAN E O JARDIM DOM NERY

LINHA FÉRREA - BARREIRA FÍSICA, FALTA CONEXÃO VIÁRIA, CAMINHABILIDADE PRECÁRIA

PONTOSDEALAGAMENTOS

OCIOSIDADEDAMAIORIADOSPATRIMÔNIOSTOMBADOSNAÁREA PONTOSDEALAGAMENTOS

EVIDÊNCIA DE NOVOS PROCESSOS DE VERTICALIZAÇÃO E DA CONSTRUÇÃO DEESPAÇOSPRIVADOSPRÓXIMOAOPARQUELINEAR

2.23 66

Gehl (2010) defende que para cidade torna-se viva, é fundamental que as pessoas sejam convidadas a caminhar e permanecer em espaços públicos de qualidade. Como a caminhabilidade é despertada quando existem locais atraentes e seguros, a intervenção urbana volta-se à criação de uma nova praça, visando conectar o Parque Linear ao projeto do Centro de Acolhimento, incentivando o uso, o convívio social e a permanência no local.

Assim, acredita-se que a escolha do terreno objeto da intervenção urbana tem potencialidade para contribuir para a construção de um eixo permeável da espacialidade pública, instigando também o acesso ao projeto pela população da cidade de Campinas.

O conceito partiu da ideia de que os espaços livres devem ser tratados como guias para a intervenção urbanística. Segundo TARDIN (2008), esses espaços, em territórios altamente urbanizados, devem ser enxergados não como uma área não-urbanizada, mas sim, como um agente ativo da construção do território. Como observamos no levantamento e estudo da área, a dinâmica e o processo de ocupação do entorno imediato do terreno selecionado para a implantação da proposta arquitetônica evidencia um processo onde as habitações se verticalizam e se fecham em muros.

Essa, portanto, é a relação que pretende-se trabalhar na intervenção, um olhar mais atencioso à cidade, que não foca somente em um propósito micro: a criação de um novo espaço público, que ''vai contra a maré'', servindo como base para relações de interação e de sociabilidade. Propõe-se o desenvolvimento de espaços permeáveis e de convívio.

2.24
Figura47:ColagemRendersPetPark
INTERVEÇÃO-URBANA 67
Fonte:Realizadopelaautora 2022

CRIAÇÃO DE PRAÇA - ATUAL ROTATÓRIA DO BALÃO DO CÚRTUME, UM ESPAÇO VAZIO E SEM USO DESENVOLVIMENTO DE UM URBANISMO ATIVOPROPOSTA DE CONEXÃO COM O COMPLEXO

Propost a d a I n t e r v e n çã o

HOPE ESCALAGRÁFICA 0 625 125 250 500 68
PetPark Parque Linear Atravessar NOVAS FAIXAS DE PEDESTRESPROMOÇÃO DE ACESSOS MAIS SEGUROS AO PROJETO Figura48:MapaSíntesedeIntervençãoUrbana Fonte:Mapaproduzidopelaautora 2022

parque linear

Durante as visitas ao Parque Linear, foi notório que o parque Linear acaba não sendo muito utilizado, pois acaba não retendo a atenção de moradores de outros bairros para visitá-lo. Percebeu-se que o espaço se encontra atualmente vazio, com poucos mobiliários urbanos, mal posicionados pois não se encontram na sombra, o que não estimula a permanência e a atração de pessoas. Dessa forma, propõe-se um novo mobiliário, que será também utilizado no Pet Park bem como no projeto arquitetônico. Os bancos foram pensados em módulos, de modo ser possível juntar mais de um, para conseguir reunir um maior número de pessoas, possibilitando o convívio em grupo.

Figura49:MobiliárioUrbano

Fonte: Modelagem e projeto realizadopelaautora

Ainda, com o objetivo de divulgar e incentivar a adoção, propõe-se a criação de painéis, onde serão exibidas as fotos dos cães e gatos disponíveis para adoção no abrigo ao longo de todo o percurso

Também foi concebida um design de pavimentação para as calçadas do local, de modo a conectar o parque linear à praça, direcionando o pedestre ao projeto.

PavimentaçãoConectora

Figura50:RepresentaçãoPainéisdeDivulgação

Fonte:Modelagemeprojetorealizadopelaautora

Figura52:Colagemrepresentativadosnovos mobiliáriosecalçamento-ParqueLinear

Fonte:Registroecolagemfeitopelaautora

Figura53:Designdepavimentodesenvolvido paraoprojeto

Fonte:Feitopelaautora

69

ESCALAGRÁFICA

novas travessias

legenda

Pontos de inclusão de novas faixas de pedestre

As novas faixas estimadas permitem o acesso seguro à nova Praça proposta, tanto pelo Pq. Linear, quanto pelo terreno de implantação do projeto

Figura55:Colagemrepresentativafaixadepedestres Fonte:Estadão,colagemrealizadapelaautora

0 40 20 10 5
Figura 54: Mapa de Implantação de novas faixas Fonte: Mapa produzido pela autora com base no Google Earth 2022
Terreno Hope Pq. Linear 70
ImplantaçãoPetPark ACESSOPRINCIPAL ACESSOPRINCIPAL ACESSO ACESSO pet park ÁreadeEventos A.T.I Bicicletário Playground ArquibancadaLúdica PetPlace EspelhoD'Água Figura108:PerspectivaProjetoPetPark Fonte:Realizadopelaautora Figura56:ColagemRendersPetPark Fonte:Realizadopelaautora 2022
57:ImplantaçãoProjetoPetPark
Realizadopelaautora Escala:1/500 71
Figura
Fonte:

TEMA 03 03

Desde a pré-história, o método de domesticação é conhecido e operado pelos seres humanos. As descobertas dos homens ao longo do tempo permitiu contribuições para sua evolução, desse modo, aprenderam a domesticar os animais para fins auxiliares na execução de determinados trabalhos (PEREIRA, 2014).

Deste modo, esse procedimento foi trazendo, ao longo dos anos, transições de diversas particularidades dos seres domesticados, levando a diversas modificações nas características de diversas espécies ao longo dos anos e a criação de muitas raças. Segundo Araújo (2012), trata-se de uma relação ecológica denominada esclavagismo, onde os seres vivos se relacionam e ocorre o aproveitamento mútuo.

Segundo o dicionário Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis:

Hoje já é claro para os estudiosos que o cão doméstico é descendente direto dos lobos (Canis lúpus), começando a se distinguir destes há aproximadamente 14.000 anos atrás. Graças às semelhanças morfológicas e fisiológicas, os cães domésticos e os lobos sempre foram considerados, científica e empiricamente, parentes.

Desde que foi possível mapear o DNA destas espécies percebeu-se que a semelhança genética é inconfundível: apresenta cerca de 0,2% de diferenciação. (LEONARD et al., 2002) Esta proximidade biológica e histórica gerou uma teoria fortemente aceita sobre a origem dos cães domésticos: que eles teriam descendido diretamente dos lobos cinzentos através da ação do homem que selecionaram, treinaram e domesticaram exemplares de lobos e, que com sequências de acasalamentos, geraram os cães. (Serpel, 1995)

Domesticação

Prática usada pelo homem de amansar os animais selvagens para os empregar em atividades de seu próprio proveito.

O elo existente entre o homem e animais aparece fortemente desde os tempos primitivos, no período Paleolítico, sendo estabelecido na antiguidade essencialmente pela necessidade de subsistência e sobrevivência.

No entendimento de Oliveira (2018), a associação primitiva dos animais ao Homem se baseou no cumprimento de necessidades básicas como a caça para alimentação, a guarda e o fornecimento de calor, implicados na sobrevivência. Esses hábitos eram exibidos em forma de pinturas nas cavernas.

3.2

domesticação canina

Galibert, Quignon, Hitte e André (2011) sustentam, assim como outros pesquisadores, que o cão foi o primeiro animal a ser domesticado. Se foi intencional ou não, ainda não se sabe. Alguns cientistas defendem que o humano domesticou e selecionou espécies selvagens com um objectivo. Por outro lado, pode ter ocorrido uma evolução natural ou acidental por convivência entre as espécies (O meu animal.com).

Para Derr (2011), a parceria humano/cão é antiga e novos estudos genéticos defendem que os cães apareceram há pelo menos 30 mil ou 40 mil anos, quando o Homo sapiens se comportava como nômade.

Os humanos e esses animais competiram por cerca de 30 mil anos até que passaram a se associar para aumentar suas chances de sobrevivência. Uma das teses é de que os lobos menos ariscos se aproximaram de grupos de caçadores humanos para se alimentar dos restos deixados por eles. Já os homens perceberam que ter lobos por perto gerava uma proteção contra ataques de animais maiores, tornando as caçadas mais produtivas. A relação de ajuda mútua foi firmada daí em diante. Os filhotes das gerações seguintes deixaram de caçar sozinhos e passaram a se alimentar apenas em cooperação com os novos companheiros (José Francisco Botelho, 2020).

3.1
domesticação animal
74

Os lobos, saindo de seu habitat natural, passaram a enxergar no humano a sua alcateia. Os filhotes dos lobos, que iam nascendo nesse território, passaram a ter um comportamento diferente de seus ancestrais, criando um vínculo de dependência e afetividade em relação ao homem e vice-versa, se transformando gradualmente em companheiros. Com o passar do tempo já havia dois tipos de lobos: o original, totalmente selvagem e aqueles mais amigáveis, que conseguiam estabelecer certa aproximação com os humanos. Segundo Teixeira (2007), o cão foi o animal que mais se associou ao homem com uma relação de caráter utilitário, no qual acompanhavao ajudando na caça e na proteção, em troca de comida. Contudo, as necessidades do homem interviam na criação desse animal, adaptando-o na sua convivência, onde os biólogos denominam como vantagem adaptativa com maiores chances de sobrevivência através dessa permuta, praticando o processo de seleção artificial dada por Charles Darwin.

Um novo animal estava por surgir, o lobo selvagem (Canis lupus lupus) estava gradativamente dando origem aos cães (Canis lupus familiaris) (Obviousmag.org). A relação era “utilitarista”, mas igualmente guarda laços afetivos. Esses animais, além de apresentarem uma significativa mudança comportamental, também estavam adquirindo uma aparência bem distinta.

Posteriormente, para Marília (2015), os homens deixam de se alimentar somente da caça e passam a criar animais e a explorar a agricultura e, com isso, o cão perdeu a sua função, tendo que se adaptar, passando de caçadores a pastores, e surgindo assim, uma nova seleção genética. A partir daí, longos processos de cruzamento e uma seleção das características mais favoráveis gradualmente favoreceram a ligação entre cães e humanos.

57:Gravurasrupestres

Fonte:PúblicoComunicaçãoSocial SA

Cerca de 9000 anos a.C, surge um novo avanço na humanidade: a pecuária, para a qual alguns instintos dos cachorros, herdados dos lobos, foram fundamentais. Alguns cachorros eram talentosos para conduzir rebanhos, proteger ovelhas e bois. Estas habilidades viraram um grande critério de seleção entre os cães. O homem fez uma seleção artificial, provocando cruzamentos entre animais mais eficientes para execução de tarefas. A partir deste momento, os cães começaram a se diversificar, dando inicio as primeiras raças (Obviousmag.org).

Cada raça tem características comportamentais, temperamentais e morfológicas distintas: seus criadores, ao longo dos anos, foram combinando atributos dos cães para criar raças para atender demandas específicas.

Dessa aproximação inicial veio a segunda etapa de domesticação, caracterizada por sua intencionalidade — quando passamos a selecionar características caninas principalmente para o trabalho (pastoreio, vigilância, caça etc. (Galibert et al., 2011).

A lógica original da domesticação era obter benefícios de animais que eram vitais para a sobrevivência humana, seja por meio de carne, transporte, leite ou lã. No entanto, rapidamente percebemos que poderíamos tirar proveito de muitas de suas outras habilidades.

Figura
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Figura58:RaçasCaninas Fonte:ollieandhank

Para ZAFFANI e GIELFE (2018), Esses animais com o passar dos anos foram aperfeiçoando suas formas de comunicação e interação de maneira que hoje, se tornou o ser que mais possuí vínculo com o ser humano dentre todas as outras espécies animais e assim, os laços passaram a ser de amizade a afeto, como vimos na introdução da temática.

Figura59:BorderCollie pastoreandoovelhas Fonte:DogTimes

Nafoto,raçacanina do tipo collie desenvolvida na região da fronteira anglo-escocesa na Grã-Bretanhaparao trabalhodepastorear gadoovino.

Posteriormente, com o desenvolvimento do meio urbano, esse critério de seleção foi se alterando. Os animais foram selecionados não somente pela sua função, mas também pela impressão física que causava aos seus donos humanos, que iniciaram uma busca desenfreada por variedade de aparência e beleza. (Obviousmag.org). O cão foi perdendo as suas funções a medida que a humanidade foi evoluindo e foi totalmente domesticado, possuindo, assim, outras atribuições na sociedade. Existem mais de quatrocentas raças de cães no mundo exibindo grande variação fenotípica entre elas, por características artificialmente selecionadas pelos humanos nas últimas centenas de anos (Galibert et al., 2011).

Essa seleção intencional promoveu o surgimento de animais especializados em determinadas tarefas como guarda, caça, pastoreio e companhia, como já salientado. Ainda de acordo com Galibert et al. (2011), ocorreu um relevante incremento no número de raças durante o período medieval e da Renascença e, nos séculos seguintes, a continuidade da seleção realizada por nós priorizou padrões específicos de pelagem, morfologia, porte, etc., os quais satisfizeram interesses essencialmente humanos.

É possível afirmar que esse tipo de interação afetiva que hoje temos com os cães vem ocorrendo desde os primórdios da domesticação. Como evidência podemos citar Janssens et al. (2018), que reexaminaram os restos mortais do famoso “cão de Bonn-Oberkassel'' (com aproximadamente 14.223 anos). A hipótese dos autores sugere que esse cão não poderia ter sobrevivido o tempo que sobreviveu se não estivesse sob cuidados humanos.

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Há cerca de 10 mil anos, apareciam os primeiros animais das famílias dos gatos. As relações sociais entre homens e gatos selvagens inicia, certamente, na época das cavernas, o que é evidente por meio de vestígios pré-históricos (GALTER, 2014). Porém, segundo Oliveira (2013), estima-se que os primeiros registros históricos sobre sua domesticação vêm do Egito. O local também teria sido responsável pela popularização da espécie, por serem admirados pela população e possuirem grande relevância, até mesmo em sua religião e mitologia.

Durante os estudos, os cientistas buscaram compreender como surgiram os gatos domésticos e como foi essa aproximação entre homem e felinos. Como cita Gandra (2015), a história da civilização descreve o homem domesticando vários animais em seu benefício, desde as caças até as vestimentas, porém, os gatos a princípio foram os únicos animais que houve hesitações sobre os motivos para domesticá-los, devido ao fato de não apresentarem vantagens para a o indivíduo por ora.

Estima-se que a origem da espécie aconteceu entre 130 mil e 160 mil anos atrás. Entretanto, a aproximação desses felinos com os humanos é algo que mais recente.

A hipótese é que isso aconteceu há aproximadamente 10 a 12 mil anos. Foi nessa época que advento da técnica da agricultura marcou o início do sedentarismo humano. Ela está essencialmente ligada ao surgimento dos primeiros aglomerados humanos e às primeiras civilizações. Com isso, surgiram pequenos invasores que em busca de alimentos, invadiam as plantações e destruíam os alimentos armazenados. Diante dessa situação, atraídos por presas fáceis, como camundongos e outras espécies, e pelo lixo nos arredores da cidade, os gatos passaram a rondar as plantações. Essas duas principais fontes de alimento fácil atraíram os bichanos e os mostraram uma possibilidade de adaptação à vida junto aos homens. Observando a capacidade de eliminação das pragas por parte dos felinos, os humanos passaram a permitir a presença dos felinos em suas casas. Assim, foi-se adaptando o seu carácter, porque apenas os exemplares mais mansos podiam permanecer nesse meio.

Estabeleceu-se, portanto, nos caso dos gatos, também uma relação simbiótica com grande possibilidade de sucesso. Os humanos tinham suas plantações livres de invasores indesejados, e em contrapartida, os gatos mantinham-se alimentados e, melhor, sem grande esforço.

Na Idade Média, os gatos foram perseguidos depois de diferentes Papas os condenarem ao sofrimento. O gato tornou-se num objeto de superstição associado ao mal. Acreditava-se que os gatos tinham poderes de magia negra, que eram companheiros das bruxas. Após o decreto, esta mentalidade custou a vida a centenas de milhares de gatos, que foram cruelmente perseguidos, capturados e queimados em fogueiras. Foi o período da história em que ocorreu o maior decréscimo na população de gatos. (Affinity Petcare S.A)

3.3
domesticação felina
76
Figura60:GatonoEgito Fonte:PatasdaCasa

Foi também desta onda de perseguição que nasceram as superstições relacionadas com gatos, que subsistiram até ao final do século XVIII, tal como a superstição de que passar por um gato preto dá azar. Felizmente este preconceito diminuiu e durante o século XIX os gatos recuperaram a sua aceitação no seio da população. (Origem das coisas).

Entidades de proteção animal relatam algumas dificuldades para felinos serem adotados; mitos e medos provocam acúmulo de gatos nas associações voluntárias.

A maior parte das raças contemporâneas dos gatos data o século XIX, quando os ingleses surgiram com a ideia de criar profissionalmente os gatos, inclusive, desenvolvendo novas raças – igual começavam a fazer com os cães. Utilizando cruzamentos seletivos, eles reforçaram as características mais desejadas, físicas (como os pelos alaranjados do gato persa) ou comportamentais, como a docilidade.

Os antepassados do gato não são muito diferentes dos que existiram há 10.000 anos, momento da história onde aparece o Felis silvestris ou o gato-selvagem. O gato é o único animal que escolheu ser domesticado. Interessou-se pela comodidade de ter um teto para viver e alimento garantido, explicando o seu carácter naturalmente independente. Por isso nunca se sentem subservientes. Os gatos ainda são vistos pela comunidade científica como animais em processo de domesticação, já que conviveram com o homem muito tempo depois dos cachorros — algo em torno de 9.500 anos (Cintia Baio).

Pesquisas realizadas na Universidade do Estado de Oregon e Universidade Monmouth (EUA) revelaram que os gatos interagem com humanos, muito mais do que imaginam aqueles que os acusam de serem interessados apenas na comida oferecida ou no abrigo representado pela casa dos seus ‘donos’.

Depois de algum tempo isolado, sem qualquer contato e comida, grupo de gatos foi colocado diante de pessoas, objetos de sua preferência, comida e água. A grande maioria deles preferiu o contato (espontâneo) com as pessoas antes de procurar pela comida, água e objetos.

Conclui-se que não há nada realmente sério que desqualifique os “bichanos” como amigos do Homem, exceto má vontade e preconceitos deste último.

Percebe-se, ultimamente, um aumento da sensibilidade humana em relação aos gatos, porém, revisando os estudos sobre maus tratos no Brasil e nos Estados Unidos, Machado & Paixão (2004) percebem que os autores apontam uma maior incidência de atos de tortura, mutilação e envenenamento contra gatos que contra cães., sendo um alvo maior da ojeriza humana, nem sempre bem explicada.

À indagação sobre a causa da repulsa aos “bichanos”, a resposta, invariavelmente, ataca com um ou mais desses adjetivos: “bicho traiçoeiro”, “transmissor de doenças”, “não gosta do ‘dono’, e sim da casa”, “bicho do diabo”, “bicho ladrão”, “bicho nojento”, incluindo-se ainda historietas maldosamente ligadas à história da religião, contadas a crianças em processo de educação (Nylton Gomes).

Por isso, é tão importante conscientizar as pessoas sobre a necessidade de respeitar esses animais, desmitificando mitos do comportamento dos gatos como o fato deles ''não se importarem com seus donos, serem traiçoeiros, interesseiros, etc''. Gatos são animais que possuem maior autonomia dos seus donos, principalmente se comparados aos cães.

No entanto, isso não significa que eles não gostam do carinho dos seus donos e que são desapegados. São animais que também precisam de cuidados especifícos da espécie e principalmente, de respeito.

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Conclui-se que cada vez mais pessoas e famílias buscam um animal de estimação para companhia, dar e receber afeto e atenção. Esses fatos demonstram que conforme as circunstâncias humanas foram se modificando nos últimos 5000 anos, e à medida que a história avançou, essa relação humanos-animais se transformou. Estes seres estão presentes em todas as civilizações e todos os momentos históricos da evolução da humanidade, e assim como nós, eles também evoluíram ao longo dos séculos. O vínculo que estabelecemos de alguma forma foi se perpetuando, de geração em geração, por herança ecológica e/ou cultural.

história da medicina veterinária 3.4

Segundo a CRMV-SP, a Medicina Veterinária nasceu quando o homem primitivo começou a domesticar o animal. Encontrado no Egito, em 1890, o “Papiro de Kahoun” descreve fatos relacionados à arte de curar animais, ocorridos há 4.000 anos a.C., indicando procedimento de diagnóstico, prognóstico, sintomas e tratamento de doenças de diversas espécies.

Os códigos de Eshn Unna (1900 a.C.) e de Hammurabi (1700 a.C.), ambos da Babilônia, também já mencionavam a remuneração e as responsabilidades atribuídas aos “médicos dos animais”. (CFMV)

Documentos produzidos por Aristóteles (384-322 a.C) também contribuíram para o nascimento da veterinária. De acordo com pesquisadores, ele produziu uma verdadeira enciclopédia do conhecimento humano, deixando explícita sua condição de naturalista o que lhe valeu o crédito de fundador da zoologia. Foi ele quem concebeu a primeira classificação do reino animal de que se tem notícia (CFMV).

Já durante a Idade Média diminuiu o número de estudos voltados as ciências. Isso gerou uma diminuição no número de rebanhos, que foi dizimada com diversas “pestes”, logo na época em que a população cresceria drascamente e precisava de comida. Os bovinos enfermos eram tratados por pastores, boiadeiros e ferreiros, profissões de classes mais inferiores. (BIRGEL; DEVELEY, 2014) Após a idade Média, com a guerra dos 30 anos e com o iluminismo, as ciências voltadas a Medicina, inclusive a Veterinária, começaram a ganhar maior destaque no âmbito de estudos, até mesmo com aprimoramentos nos equipamentos, surge assim a necessidade do ensino da medicina veterinária, chamada na época de “alveitar”. (BIRGEL; DEVELEY, 2014)

Segundo Tainá De Sena Dressel, pode-se dizer que o início do ensino formal da Medicina Veterinária se deu no período após a Guerra dos 30 anos (início da Idade Moderna) onde houve um crescente aperfeiçoamento da Medicina, inclusive da Veterinária, resultando na necessidade de ensinar os serviçais a tratarem dos animais feridos ou enfermos.

Somente em 1761, a Medicina Veterinária passou a ser uma profissão científica, por meio da criação da primeira Escola na França e no mundo, na cidade de Lyon. A Medicina Veterinária moderna, organizada a partir de critérios científicos, começou a se desenvolver, durante o reinado de Luiz XV, em 1761

Depois disso, muitas outras se espelharam e o curso se espalhou por todo o

Até o final do século XVIII, surgiram 20 estabelecimentos de ensino veterinário

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A medicina veterinária se aperfeiçoou mais a cada ano, sempre com novidades diversificadas. Atualmente o campo dessa área do conhecimento é muito mais abrangente. Vai desde a cura de animais até a inspeção de alimentos de origem animal. O que começou com a simples domesticação de animais que apareciam nos acampamentos dos homens primitivos se tornou uma grande área da medicina.

Como na Medicina Humana, a medicina veterinária também passa por avanços tanto tecnológicos como intelectuais. As funções do médico veterinário na saúde pública e a contribuições da Medicina Veterinária para a saúde humana devem ser destacadas no cenário atual, bem como as tendências para a Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Pública. A expressão saúde pública veterinária é utilizada para designar o marco conceitual e a estrutura de implementação das atividades de saúde pública que empregam conhecimentos e recursos da veterinária para proteger e melhorar a saúde humana.

Além disso, questões ligadas ao ambiente e a sustentabilidade também são alguns fatores de maior importância tratados na atualidade, como, por exemplo, a utilização de métodos sustentáveis na produção de alimentos, degradação e perda da biodiversidade, e a prevenção de novas zoonoses. (POSSAMAI, 2011). A mesma autora ainda indica que as principais dificuldades se referem a saúde pública, as biotecnologias e o controle das infecções de origem alimentar. (POSSAMAI, 2011).

história da medicina veterinária no brasil 3.5

Esse conhecimento vincula a agricultura, a saúde animal, a educação, o ambiente e a saúde humana. O termo foi utilizado oficialmente pela primeira vez em 1946 (ROSEN, 1994) e compreende todos os esforços da comunidade que influenciam e são influenciados pela arte e ciência médica veterinária, aplicados à prevenção da doença, proteção da vida, e promoção do bem-estar e eficiência do ser humano. Seus princípios de base estão fortemente ligados nas ciências biológicas e sociais que se encontram amplamente difundidos na agricultura, na medicina e no meio ambiente (ARÁMBULO, 1991).

Quando a família real chegou ao Brasil, em 1808, a literatura e cultura científica começou a ganhar mais espaço no país, que até então não possuía imprensa, biblioteca e ensino superior. Mas o curso de medicina veterinária demoraria um pouco mais para chegar em solo brasileiro. Segundo o CFMV, as ciências agrárias já despertavam grande interesse de D. Pedro II quando, viajando à França, em 1875, ele visitou a Escola Veterinária de Alfort e se impressionou com a instituição e com uma conferência ministrada pelo médico-veterinário fisiologista Gabriel-Constant Colin (1825-1896).

Presentemente, com toda a tecnologia que temos, o enfoque dos médicos veterinários está voltado ao controle de doenças e a questões ambientais. (PFUETZENREITER, 2003).

O imperador voltou ao Brasil com o desejo de criar uma instituição semelhante. D. Pedro II foi o primeiro homem público a reconhecer a importância da formação de médicos-veterinários qualificados e, portanto, a necessidade de uma organização de ensino científico sobre a Medicina Veterinária. Também na fase de D. Pedro II, iniciou-se uma grande evolução científica. Apesar dos esforços de D. Pedro II, foi somente no início do século XX, já sob regime republicano, criadas as primeiras escolas de Medicina Veterinária do país. Em 1910, surgiram as instituições pioneiras do ensino da Veterinária no país: a escola de Veterinária do Exército, e a Escola Superior de Agricultura e Veterinária, ambas inauguradas em 1910, na cidade do Rio de Janeiro. (GERMINIANI, 1998).

Segundo Pfuetzenreiter, a proteção dos alimentos e o controle e erradicação de zoonoses permanecem as funções de maior interesse na área. Também ganham destaque outros três enfoques: os modelos biomédicos (pesquisas em animais para estudar os problemas de saúde dos seres humanos), o desenvolvimento dos serviços de saúde pública veterinária, e o ensino e formação em saúde pública. (PFUETZENREITER, 2003).

Foi no dia 09 de setembro de 1933 que o decreto nº 23.133 regulamentou a Medicina Veterinária no Brasil, sendo um grande marco para a profissão. A Escola de Veterinária do Exército foi pioneira no campo científico atuando na patologia de enfermidades, e este teve grande importância pelo fato de haver militares distribuídos por todo o país, incentivando assim a abertura de novas escolas em diferentes regiões, como Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e no Estado do Rio de Janeiro (Niterói), marcando o ensino da medicina veterinária no Brasil. (GERMINIANI, 1998).

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HISTÓRIA DOS ABRIGOS

No Brasil, atualmente, em pleno século XXI, ainda presenciamos inúmeros maus tratos com animais. No século XIX, o cenário era terrível.

Figura61:InstitutodeVeterináriadoButantan Fonte:CRMV-SP,adaptadopelaautora

Isso só começaria a mudar em 1893 com a intervenção de um suíço que estava em São Paulo a trabalho. Henri Ruegger resolveu denunciar os maus tratos que um cavalo estava sendo submetido em plena região central de São Paulo, mas então descobriu e indignou-se com o fato de no Brasil não existir até então nenhuma entidade dedicada à proteção dos animais. Segundo o jornal São Paulo Antiga, sua revolta chegou aos ouvidos da imprensa paulista e ao jornalista do Diário Popular, Furtado Filho, que acabou publicar um importante artigo sobre os maus tratos impostos aos animais e conclamou a sociedade paulistana a se unir na defesa dos direitos dos animais.

Sua revolta chegou aos ouvidos da imprensa paulista e ao jornalista do Diário Popular, Furtado Filho, que acabou publicar um importante artigo sobre os maus tratos impostos aos animais e conclamou a sociedade paulistana a se unir na defesa dos direitos dos animais.

Dois anos mais tarde, liderados por Ignacio Wallace da Gama Cochrane, um grupo de damas e cavalheiros da sociedade paulistana uniram-se para a criação daquela que hoje é a mais antiga associação civil do Brasil: A União Internacional Protetora dos Animais, ou UIPA.

Dos anos 1970 para cá o cenário da proteção animal mudou bastante. Novas instituições surgiram pelo país para aumentar a defesa dos bichos, novas leis foram escritas e novas punições foram criadas. Mesmo com estas novidades, a mais antiga instituição brasileira ligada a defesa animal sobreviveu e está até hoje atuando com muita força e garra.

Em São Paulo, a primeira instituição de ensino da Veterinária teve origem no Instituto de Veterinária do Butantan

A RELAÇÃO HOMEM E ANIMAL 3.7

Observamos que cães e gatos compõem a formação familiar da maioria dos lares do Brasil. Ressalta-se que essa interação entre o ser humano e os animais de estimação necessitam de responsabilidades. Tapper (1988), no livro What is an animal?, editado por Tim Ingold, apresenta uma importante discussão sobre esse fator, envolvendo aspectos morais e da formação das sociedades.

Em sua linha de pensamento referente à construção histórica da noção de natureza no ocidente (e sobre as mudanças na relação humana com os demais animais), cabe destacar que a filosofia e a teologia medieval e renascentista pregavam que “a natureza havia sido criada para servir aos interesses da humanidade” (Tapper, 1988, p. 48), sendo desmedidamente antropocêntricas.

Por conseguinte, “todo animal é [era] concebido para servir a algum propósito humano, se não prático, então moral ou estético” (Thomas 1983, p. 19 citado por Tapper, 1988, p. 48).

Somada a isso, a noção de que a humanidade era possuidora da razão e “feita à imagem e semelhança de Deus” autorizava que tratássemos os animais nãohumanos (tidos como essencialmente diferentes de nós) como bem entendêssemos.

A Filosofia também colaborou para a ascensão humana em detrimento a nãohumana. Um grande e conhecido exemplo foi o filósofo pré-socrático Pitágoras (480 – 410 a.C.) que enalteceu o antropocentrismo após formular o princípio do homo mensur, ou seja, o homem é a medida de todas as coisas (SANTANA, 2004, p. 535). René Descartes, no século XVI, continuou a sustentar a teoria da superioridade humana.

A
3.6
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Criou o Discurso do Método (1637), segundo o qual os animais seriam máquinas e estariam em posição inferior aos humanos, visto que, ''não possuíam alma''. Segundo Thomas (1988), a teoria cartesiana presumia que os animais não eram capazes de ter sensações e de raciocinar e devido à falta desses elementos, eram inferiores ao homem.

Nessa tese, os únicos agraciados por possuírem sentimentos e alma eram os humanos, portanto, os animais eram máquinas, sendo o homem um ser superior devido ao seu intelecto.

Esses conceitos seriam os principais fundamento morais que justificariam toda a ocorrência de abusos e maus-tratos aos animais desde a Era Moderna até os dias atuais.

O filósofo australiano Peter Singer acredita que a atitude violenta do homem para com os animais advém da superioridade que o humano acredita ter. Esse fenômeno é denominado por Singer como especicismo, ou seja, um preconceito ou atitude parcial em favor dos interesses de membros da própria espécie humana e contra os interesses dos membros de outras espécies (SINGER, 2002, p.52).

Assim, em Singer, constrói-se uma ética dos deveres humanos em relação aos animais, vez que defende a existência digna dos animais que, para autor, se assemelha à existência da dignidade do homem. Seu livro Libertação Animal (publicado originalmente em 1975) foi de uma importante influência formativa no movimento de Libertação Animal Não obstante, a filosofia moderna, representada principalmente por Tom Regan, continua a avançar e a influenciar diretamente a estrutura normativa de proteção para com os animais. Ele é universalmente reconhecido como líder intelectual do movimento pelos direitos dos animais.

A teoria moral de Tom Regan acerca dos direitos animais é considerada a precursora do movimento pela abolição da exploração animal. O autor buscou os fundamentos dos direitos humanos e, ao perquirir acerca dos critérios moralmente relevantes que autorizam o reconhecimento de direitos morais a todos os humanos indistintamente, acabou por cunhar a noção de sujeitos de-uma-vida, que abarca tanto animais humanos, quanto não-humanos.

O autor afirma que por serem sencientes, os animais são sujeitos de uma vida e possuem o que ele chama de valor inerente, ou seja, suas vidas têm um valor e fim em si. Tais afirmações são fundamentadas em pesquisas científicas sobre a consciência animal e estudos de etologia.

Enquanto Singer utiliza a via utilitarista para a defesa dos interesses dos animais, Tom Regan apregoa o abolicionismo animal. Apesar das diferenças, os posicionamentos defendidos por Peter Singer e Tom Regan constituíram-se em passos decisivos para a formulação mundial de teorias morais de defesa dos animais., oferecendo direitos para os animais não humanos (Othoniel Pinheiro Neto).

Houve tempos em que os animais eram segregados a quintais, a área externa da casa. Era comum a alimentação deles por restos de comida. Atualmente, graças à evolução da proteção animal, essas ideias já são ultrapassadas para grande parte das pessoas.

Para Maria Fernanda Baveloni e Talita Camargo, ''por milhares de anos os animais foram utilizados sem nenhuma preocupação com seu bem-estar, pois acreditavam que eles não possuíam senciência''. A senciência pode ser entendida como o nível mais básico de consciência, ou seja, é a capacidade de sentir, conscientemente, as sensações mais básicas.

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Essa filosofia retratada teve grande influência no pensamento das pessoas da época e, perdurou na história do bem-estar animal por anos, trazendo alguns efeitos negativos, como a questão dos maus-tratos e do próprio abandono, até os dias atuais. Porém, recentes pesquisas científicas mostram que os animais são sim seres sencientes, ou seja, eles têm capacidade emocional para sentir dor, medo, alegria, estresse e até mesmo, sentir saudades.

Considerando a dignidade, o sofrimento, o fato dos animais sentirem dores, eles apresentam sensações muito parecidas com a dos seres humanos. Estas descobertas induzem o homem a ter comportamentos mais sensíveis no trato com os mesmos. A comprovação de que os animais são seres sencientes traz uma inovação ao direito dos animais. Com esses fatores apresentados, presentemente, o ativismo em defesa dos animais cresceu juntamente com o número dos chamados pets, promovendo a adesão de crianças e adultos à luta em favor dos direitos dos bichos, contra a crueldade e os maus-tratos a eles infligidos. Vemos que a luta em prol dos animais não é recente e caminha em passos lentos.

bem-estar animal 3.8

A ampliação do engajamento pela proteção animal nos dias de hoje deve muito à ciência do Bem-Estar Animal (BEA), que vem crescendo ao longo do tempo e se refere ao respeito em que o animal homem deve ter no convívio com os outros animais, que nos provém alimento e companhia. Atualmente, o BEA tornou-se um tema de destaque nos últimos anos, sendo amplamente demandado, tendo relevância pela sua inserção na vida moderna, no contexto da interação homem, animal e ambiente. A violência contra animais é constante na sociedade humana que desconhece ou ignora a dignidade animal, na qualidade de ser que sente, sofre, tem necessidades e direitos (SANTANA et al. 2004). Por isso, o tema é muito relevante. Perante as circunstâncias, evidencia-se que os animais portam uma gama de necessidades, que podem ser associadas a sentimentos, essas que precisam ser supridas para promover o bem-estar. Segundo Broom e Fraser (2010), o ambiente tem efeito sobre o comportamento animal, no qual pode influenciar de forma positiva ou negativa no bem-estar destes. Quando as necessidades biológicas básicas não são atendidas, gera mudanças comportamentais, tais como a ansiedade, estresse, tédio ou frustração, assim afetando os sistemas funcionais (mentais e físicos), que controlam as interações com o meio ambiente. Quando as necessidades biológicas básicas não são atendidas, gera mudanças comportamentais, tais como a ansiedade, estresse, tédio ou frustração, assim

afetando os sistemas funcionais (mentais e físicos), que controlam as interações com o meio ambiente.

Ainda de acordo com Broom e Fraser (2010), há uma ligação entre o comportamento e a saúde, uma vez que ocorre um estado de desconforto em consequência de um ambiente insatisfatório, acaba se associando a dor, ameaçando a estabilidade mental e corporal, resultando em depressão e comportamento agressivo, por exemplo.Jeremy Bentham foi a primeira pessoa a falar sobre a importância do tema em 1789; respondendo aos pensadores do Racionalismo. O termo bem-estar animal foi definido em 1986, pelo biólogo inglês, Donald Broom. Na prática, a expressão significa oferecer aos animais condições ideais que atendam suas necessidades básicas e melhorem sua saúde em todos os níveis. Um animal encontra-se em bom estado de bem-estar, quando está saudável, seguro, em conforto, bem nutrido e capaz de expressar comportamentos naturais. Em contrapartida, o estado desconfortável (dor, medo e angústia) representam um bem-estar ruim (Broom & Molento, 2004). Esta ideia é complementada pelo pesquisador Jaromy Hurnik que indica que, quando o animal está em harmonia com o ambiente de alojamento, ele possui uma melhor qualidade de vida devido às condições físicas e respostas fisiológicas oferecidas. O Objetivo do Bem-estar Animal é conhecer, avaliar e garantir as condições para satisfação das necessidades básicas dos animais que passam a viver, por diferentes motivos, sob o domínio do homem. Desde animais de companhia, como também animais de laboratórios, selvagens e de criação (zootecnia). Os conceitos de bem-estar animal no âmbito zootécnico, para além de implicar em reconhecer aspectos éticos, humanitários e de bom senso na manutenção de animais em cativeiro ou em sistemas de produção, estão intrinsecamente relacionados às condições técnicas de ambiência e de expressão comportamental associada a indicadores zootécnicos de produção, biológicos ou bioquímicos, bem como outros desta dimensão que possam permitir a interpretação do estado de saúde dos mesmos. (Associação brasileira de Zootecnistas). Assim, a preocupação e o interesse da sociedade pelo bem-estar animal têm aumentado nos últimos anos. Existe uma preocupação em produzir de forma ética, respeitando o BEA levou à construção de regulamentações e leis que regem a produção animal em diversos países do mundo. Foi possível perceber que o tema vem ganhando força e se expandindo para novas cadeias, como, por exemplo, a dos peixes (BSD). Atualmente, busca-se um ponto de convergência sob o aspecto da senciência animal e sob o ponto de vista da produção.

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A qualidade dos produtos de origem animal é agora julgada, incluindo o impacto no bem-estar animal, e na sustentabilidade da produção, pelo âmbito jurídico e pelos consumidores. Além do aspecto ético e moral, proporcionar um ''melhor desenvolvimento desses animais, garante um equilíbrio fisiológico e controle do estresse, resultando em um produto de melhor qualidade'' (MENDONÇA, Andréia Tenório Autran).

As principais questões observadas no tema tem relação com a forma como os animais são criados (a estrutura das fazendas adequadas à quantidade de animais, oferta de alimento e água, identificação dos animais), com o transporte (estrutura, processo de embarque e desembarque, duração/distância) e a forma de abate (desde a condução ao local, forma de insensibilização, e abate). Além disso, existem orientações em relação ao uso preventivo de antibióticos e outros medicamentos para evitar o risco de surgimento de bactérias super-resistentes.

Desta forma, essa diretriz que surgiu na Europa em meados da década de 60, em linhas gerais, consiste em uma série de fatores que permitem ao animal ter qualidade de vida e desenvolvimento pleno. Ao se tratar de animais de companhia, os interessados em conviver com cães e gatos assumem o compromisso ético de desenvolver e manter hábitos e posturas de promoção e preservação da saúde e do bem-estar animal e do meio ambiente. (VIANA, Rinaldo Batista, 2019).

Os conflitos entre homem e animal e as questões de bem-estar são geralmente as principais razões do surgimento de uma população de cães e gatos de rua, já que a maioria desses animais é abandonada por seus antigos tutores (BASTOS, 2013).

O conhecimento das necessidades físicas e psicológicas dos cães e dos gatos por parte dos proprietários, permite entendê-los e tratá-los melhor (VIEIRA, 2015).

Podemos dizer que o bem-estar em animais de companhia perpassa pela responsabilidade e compromissos do tutor e membros da família. Além, disso, definir padrões aceitáveis de práticas que proporcionem aos animais uma condição de bem-estar, hoje em dia, é uma questão não somente de cuidados, mas também, ética e legal (MARQUES JUNIOR et al, 2012).

Figura62:Princípiodascincoliberdadesque determinamobem-estaranimal

Fonte:maiscarnesuina,adaptadopelaautora

Jeremy Bentham (1748 – 1832) já argumentava, no século XIX, que elegendo como base da regulação ética a dor e o prazer, a racionalidade não deve ser levada como referencial, e sim a capacidade de sofrer.

As liberdades são um instrumento reconhecido mundialmente para diagnosticar o bem-estar animal e incluem os principais aspectos que influenciam a qualidade de vida do animal.

Figura63:Princípiosdas5liberdades

Fonte:cursosbsdconsulting

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O Farm Animal Welfare Council (FAWC, 2009) preconiza cinco princípios básicos (five freedoms ou cinco liberdades) a serem atendidos em relação ao bem-estar animal.

Segundo Vanessa Boiko e Silvia Leticia Valcekoski, as tentativas para o controle dos animais de rua na história são divididas em duas fases distintas. O primeiro período, que contava com a eliminação destes, ficou conhecido como ''fase de captura e extermínio''.

Diversas medidas extremas e cruéis já foram tomadas ao longo da história visando remover os animais das vias públicas, porém segundo OSÓRIO (2013), todas se mostraram ineficazes, não extinguindo a raiz do problema, podendo até mesmo piorar o problema.

Existem três áreas a serem consideradas ao se definir o bem-estar animal. Esse conceito permeia todos os estudos de convívio com os animais e se resume ao resultado dos campos apresentados na figura xx, onde o comprometimento em uma determinada área, tende a afetar as demais áreas, segundo FRASER et al (1997)

BEM-ESTAR ANIMAL FÍSICO

Funcionamento biológicoecondição corporal

MENTAL

EstudosAfetivos, sentimentosemocionais ecognição

Para que houvesse uma efetivação desse considerável avanço sobre o assunto, foi necessário o abandono de políticas públicas comuns em nosso território nacional, como a ''carrocinha de cães''. De 1973 a 2008, cães e gatos que estivessem perambulando sem dono pelas ruas das cidades de SP eram capturados e levados ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), onde esperavam por seus tutores por 3 dias.

ADAPTABILIDADE E COMODIDADE

NATURALIDADE

Comportamentoevida natural

Figura64:Trêsabordagenspara definirobem-estaranimal Fonte:Fraseretal(1997), adaptadopelaautora

SERES SENCIENTES

Caso o responsável pelo animal aparecesse, uma multa era paga e o pet retirado. Do contrário, era realizada a eutanásia como método de controle populacional e prevenção da transmissão de doenças como a raiva para os humanos (EJAV). No Brasil, a prática foi comum em diversas cidades, estados e regiões, sobretudo no Sudeste. Seu período mais ativo foi entre os anos 70 e 90, onde se estima que milhares de animais saudáveis tenham sido exterminados em terras brasileiras (Amo vira lata). O programa cruel de recolhimento e eliminação de animais de rua é proibido hoje em dia.

3.8

FINALIDADE

bem-estar animal e a relação dos os abrigos

A legislação de 1985 contra os maus tratos citava os cães de rua como um problema urbano, chamando-os de “vagabundos” e impondo que estes fossem recolhidos e exterminados. O processo de retirada dos animais das vias públicas vem ocorrendo desde o século XIX e XX, época de modernização e desruralização das cidades. Este movimento não visava extinguir apenas os cães do meio urbano, mas também os bois, vacas e porcos (OSÓRIO, 2013).

Os métodos usados para se livrar dos animais eram de extrema crueldade, como morte em câmara de gás, asfixia, pauladas ou por eletrochoque. Através de diversas pesquisas científicas, foi possível concluir que o controle populacional de cães e gatos através da eutanásia não é um método eficaz, sendo inclusive desencorajado pela OMS.

À luz desse conhecimento e também através do movimento pela causa animal, foi sancionada em 17 de abril de 2008 a lei 12.916, que proíbe essa prática no estado de São Paulo. (EJAV)

Os princípios das cinco liberdades
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A Lei Feliciano (12.916/2008), de autoria de Feliciano Filho e aprovada no Estado de São Paulo, foi a primeira lei no Brasil que proibiu a matança indiscriminada de cães e gatos nos Centros de Controle de Zoonoses (CCZs), canis municipais e congêneres. Hoje, oito anos depois, a lei já foi reproduzida em 19 estados e é responsável por salvar a vida de milhares e milhares de animais. (Assembleia Legislativa do Estado de SP).

Os abrigos devem ser uma das estratégias que compõem um programa de manejo humanitário, que tem o objetivo de recolher, reabilitar e reintroduzir os animais em risco em lares com guarda responsável.

A qualidade desses espaços diretamente interfere nas condições para satisfação da boa ou satisfatória qualidade de vida, no comportamento e na adoção desses animais. Dessa forma, é importante avaliar os animais e a qualidade dessa arquitetura.

A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) desaconselha a prática, argumentando que o tempo de procriação dos animais é muito mais rápido do que o de captura e eutanásia. Assim, o recolhimento consiste em dinheiro público jogado fora, já que sacrificar animais não diminui a população canina e, consequentemente, o de casos de zoonoses (Gazeta do Povo).

Para que os cães mantidos em abrigos tenham um grau de bem-estar alto, suas liberdades nutricional, sanitária, ambiental, psicológica e comportamental devem ser atendidas. Para tanto, fazem-se necessárias instalações adequadas para a espécie alojada, recursos disponíveis nos recintos e boa gestão do estabelecimento.

O segundo período que foi o da conscientização sobre a guarda responsável ocorreu nos anos 90 e ficou conhecido como ''fase de proteção e prevenção ao abandono'', uma etapa que tratou a vida desses animais com maior dignifdade.

O 7º relatório de 1984 (WHO, 1992), indicou que controlar a reprodução e restringir os movimentos dos cães através do abrigo eram recomendações mais aceitáveis. O pensamento a respeito da violência e do extermínio passou a passar por mudanças e as pessoas começaram a reconhecer os maus tratos como ações deploráveis. Os abrigos de animais, que além de ser em uma solução humanitária e eficaz para a retirada dos pets das ruas, trazem benefícios tanto para os pets resgatados quanto para a sociedade, porém, para agirem com total eficácia, estes não podem ser apenas simples depósitos, devem servir também como centro de adoção, pois o ideal é que os pets resgatados fiquem apenas de passagem pelo lugar até completarem sua reabilitação e após isso devem partir para uma nova vida com uma nova família.

O Shelter Quality é uma ferramenta internacionalmente válida para esse fim, construído com base em quatro princípios (boa alimentação, boa acomodação, boa saúde, comportamento apropriado), que envolvem as cinco liberdades. Além disso, avalia, independentemente, as instalações, os recursos existentes e a gestão.

Segundo Driele Lazzarini Malgueiro, ''para que o Brasil aperfeiçoe a forma de como lida com a proteção dos animais, é importante analisarmos as boas práticas realizadas no mundo.

85

Um bom exemplo comparativo para avaliar como as políticas de bem-estar e conservação animal são realizadas nos países que mais protegem os animais do mundo é o mapa interativo elaborado em 2014, pela organização Word Animal Protection. O mapa é um ranking que examina 50 países de acordo com cinco critérios: Reconhecimento, Estruturas e sistemas de governança, Padrões de bemestar dos animais, Educação e Conscientização137, que ao final, obtêm uma nota de ‘’A’’ a ‘’G’’, onde ‘’A’’ representa a pontuação mais alta e ‘’G’’ identifica países que precisam melhorar''.

Figura65:PontuaçãodoBrasilno MapaInterativol Fonte:xxx

De acordo com o mapa, o Brasil obteve a pontuaçãogeral‘’C’’,oquesignificaquehámuito amelhorarnoqueserefereàProteçãoAnimal.

BEM-ESTAR ANIMAL

E A RELAÇÃO COM OS TUTORES 3.9

É importante considerar, além da perspectiva do homem, os benefícios e malefícios na perspectiva do animal de estimação nesta relação homem animal. Segundo Franco (2001) a interação do homem com o animal de estimação, mesmo se mostrando afetuosa, se caracteriza por uma relação de autoritarismo, visto que é o homem que decide sobre a liberdade do animal, quando quer dar carinho para ele, e se vai impedir a reprodução dele ou não, por meio da castração.

Até mesmo quando o animal é utilizado como instrumento em terapias, Dotti (2005) coloca que é importante verificar o quanto o trabalho realizado será benéfico para o animal também, não tornando uma atividade que cause estresse para ele, entre outras consequências.

Possuir um animal de estimação é um privilégio que deve resultar em um relacionamento mutuamente benéfico; significa um comprometimento durante toda a vida do animal (AVMA, 2012). Essa relação deve ser motivada principalmente por comportamentos que são essenciais para saúde e bem-estar físico, emocional, e psicológico de ambos, visto que cães e gatos estabelecem fortes vínculos emocionais para com os humanos (FARACO, 2008). Segundo Santana et al (2004), posse responsável é a condição na qual o guardião de um animal de companhia aceita e se compromete a assumir uma série de direitos e deveres centrados nas necessidades físicas, psicológicas e ambientais de seu animal, assim como, prevenir os riscos (potencial de agressão, transmissão de doenças ou danos a terceiros) que seu animal possa causar à comunidade ou ao ambiente, como interpretado pela legislação vigente.

86

Deve-se ressaltar que cada espécie animal tem seu modo de se portar, e quando as pessoas adquirem um animal doméstico acabam conhecendo seu comportamento apenas com o passar do tempo, gerando ocasionalmente um problema, pois descobrem uma incompatibilidade devido à demanda de cuidados, a mudança de rotina, a falta de tempo, etc., uma vez que, os cães e gatos apresentam necessidades diferentes do homem e precisam ser tratados de tal maneira. Para lidar com um animal é necessário ter conhecimento sobre suas habilidades, assim, os Médicos Veterinários têm um papel importante, em orientar e educar os proprietários, em razão de compreender os princípios básicos, cuidados essenciais referente ao manejo e bem-estar, assegurando a convivência segura e saudável entre o homem e o animal (TATIBANA; COSTA-VAL, 2009, s/p.).

Já segundo a lei 9.605 de 1998, a prática de maus tratos além de crime contra os animais é um crime contra o meio ambiente, e prevê penas de multas e prestação de serviços à comunidade. Conhecida como Lei dos Crimes Ambientais: que criminaliza o ato de abuso, maus tratos, ferir e mutilar animais silvestres, domésticos, domesticados, nativos ou exóticos.

Destaca-se também a Lei de Proteção à Fauna – Lei Federal nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967. Todos os animais atualmente possuem proteção da lei maior do país, sendo a Constituição da República Federativa do Brasil. No artigo 225, parágrafo 1º, inciso VII:

Muitas pessoas aproveitam os benefícios da companhia do cão ou do gato, entretanto a convivência as vezes não é bem sucedida e a relação fracassa pela falta de afeto e dedicação, um animal de estimação requer de cuidados necessários, que contam com despesas, tratamentos, adequação do ambiente, reconhecimento e tempo para interagir com esse, como cita Broom e Fraser (2010) os animais domésticos criam ligação social com o ser humano acarretando um impacto sobre o bem-estar.

Um dos problemas mais enfrentados é referente aos custos elevados para arcar com as despesas veterinárias, na maioria das vezes as situações de vulnerabilidade das pessoas não permite oferecer um tratamento particular, causando o abandono.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Para as arquitetas Patrícia Marins e Laís de Matos, as pesquisas sobre projetos arquitetônicos para Estabelecimentos Médico-Veterinários são escassas na literatura em português. A falta de informação acessível, padronizada e gráfica, que oriente os médicos veterinários e os profissionais de arquitetura e engenharia que atuam na área, dificulta a elaboração e execução de projetos mais adequados para esses espaços.

Proclamada pela UNESCO, a Declaração dos Direitos dos Animais (1978) no seu artigo 6º, considera o abandono dos animais como um ato cruel e degradante e no seu artigo 14º declara que os direitos desses devem ser defendidos pela lei, do mesmo modo que os direitos dos homens são, e os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem estar presentes ao nível governamental. No Brasil, os animais existem em nosso universo jurídico desde 1934, quando Getúlio Vargas promulgou declarou o Decreto Federal 24.645/34, que proibiu os maus tratos aos animais.

Como crime ambiental, a Lei Federal 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, julga em seu artigo 32º “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir, mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”.

É possível perceber que, além das resoluções elaboradas pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, não há um documento nacional padrão que aborde, de maneira detalhada, as diversas variáveis relacionadas aos espaços de funcionamento dos diferentes tipos de estabelecimentos veterinários.

Não há normas específicas que estabeleça a configuração física e o funcionamento de abrigos no Brasil. Para fiscalizar e regulamentar essas instituições, a base é a Resolução nº 670 do Conselho Federal de Medicina Veterinária, a qual conceitua e estabelece condições para o funcionamento de estabelecimentos médicos veterinários.

Chegaráotempoemqueohomemconheceráoíntimodeumanimal enessediatodocrimecontraumanimalseráumcrimecontraa humanidade

LEGISLAÇÃO 3.10
87
Leonardo da Vinci

Crimes praticados contra os animais são uma realidade em nosso país, por isso, é preciso o fortalecimento das leis atuais para diminuir os casos de maus-tratos. Podemos cobrar os direitos dos animais baseando-se nestes artigos da legislação brasileira.

Foram consultados estas resoluções e alguns manuais técnicos que apresentam boas práticas referentes aos ambientes de atendimento clínico veterinário, a fim de indentificar parâmetros arquitetônicos ideais para esses espaços e consolidar posteriormente, no projeto, as recomendações mais adequadas das estruturas físicas voltadas para o atendimento da saúde animal. As informações coletadas podem ser observadas no Anexo, Capítulo 7 deste caderno.

As informações coletadas podem ser observadas no Anexo, Capítulo 7 deste caderno.

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ESTUDOS DE CASO 04 04

Dog Shelter Moscou Rússia 2018 14300 m ² WE Architecture Local: Ano: Área: Escritório: FICHA TÉCNICA
4.1
Figura66:VistaAéreaDogchitecture Fonte:ArchDaily

De acordo com o COMBERG (2018), o intuito do projeto baseia-se em proporcionar a experiência de estar um ambiente saudável e inspirador. O escritório foi o finalista do concurso ''Dog Center'', em Moscou.

O projeto possuí uma estrutura simples, porém inovador. A sua edificação remete a ideia de pavilhão, permitindo a relação da mesma com o seu entorno. Implantado em uma floresta, o abrigo de um andar conta com uma série de pátios divididos por pérgolas, formando pátios que fornecem espaço externo fechado para os cães e permitem que o projeto ''evite as cercas semelhantes às cadeias, que são geralmente associadas a abrigos para cães'', fugindo, portanto, das noções tradicionais sobre abrigos para animais. Essas áreas repletas de iluminação natural com propostas destinadas ao contato dos animais com as atividades externas também elevam o bemestar animal e aproximam o público destes, favorecendo a conscientização do ato de adoção.

volumetria e forma 4.1.3

Figura56:PerspectivaexternaDogchitecture

Fonte:ArchDaily

A WE, em colaboração com o MASU Planning, espera criar um ''ambiente saudável e inspirador para os cães abrigados e para as diferentes pessoas que visitarão e trabalharão no Centro''.

A materialidade e a estrutura escolhida são fatores fundamentais para a integração do edifício com o seu entorno. Compostas por pilares de aço, vigas de madeira e paredes em concreto, que estabilizam o conjunto, visualmente, o projeto é leve em sua transição entre os conceitos dentro e fora. As vigas se estendem para sustentar uma fina cobertura, que cria a proteção solar no horário do verão e um corredor externo, que auxilia o caminhar nos dias de chuva.

Figura68:Diagramadaformabaseparaaconcepçãodoprojeto.Perceptívela clareiracentral Fonte:ArchDaily,adaptadopelaautora

Figura69:Recuosestipuladosparaavolumetriafinal Fonte:ArchDaily,adaptadopelaautora.

A volumetria desenvolve-se através da concepção de uma forma quadricular base, a qual demarca a área limite do abrigo. O projeto tem como partido uma clareira central. Essa forma, posteriormente, é trabalhada por outros recortes e recuos, que formam outras claraboias centrais. Como resultado, podemos notar o

Figura67ComposiçãodemateriaisDogchitecture

Fonte:GoogleImagens

Figura70:PerspectivaRecepçãoDogchitecture

Fonte:ArchDaily

Concreto Aço Madeira Vidro
LEGISLAÇÃO 4.1.1
materialidade e estrutura 4.1.2 91

materialidade e estrutura 4.1.4 relevância projetual 4.1.5

Eixo de circulação principal

Destaca-se o modo como os arquitetos buscaram proporcionar o bem-estar dos animais, funcionários e visitantes do abrigo, por um ''microclima'' interno criado pelos pátios internos, uma referência muito importante para o desenvolvimento do projeto. Também destaca-se a visibilidade e integração aos animais por toda a circulação, transmitindo uma estadia livres de gradis e um ambiente aconchegante.

Clareiras Centrais

Figura72:DiagramaExplodidoDogchitecture

Fonte:ArchDaily

Concentração do Programa de Necessidades

Figura71:DiagramadacirculaçãoedospátiosDogchitecture

Fonte:ArchDaily,adaptadopelaautora

O pátio central é o responsável pelo eixo de circulação principal do projeto, que conecta todas as atividades do abrigo. Sem a presença de muitos obstáculos pelo caminho, a visualização do percurso é clara e ampla. Esse desenvolvimento facilita o desenvolvimento das premissas conceituais do projeto, potencializando a interação entre humanos e animais, de modo que não os afastem em ambientes fechados e isolados.

O projeto oferece, além das necessidades mínimas e fundamentais de um abrigo, clínica Veterinária, para atendimentos médicos, salas destinadas à quarentena para casos que exijam a devida atenção e isolamento do animal, setor de Pet Shop para a prática de banho e tosa, venda de alimentos, medicações, entre outros, setor Administrativo para interação e lazer dos animais entre si e também para com os visitantes (COMBERGUE, 2018). Os setores foram divididos em: social, geral, médico veterinário, recreativo e de serviços.

Figura73:Vistaparaopátiointerno Dogchitecture

Fonte:ArchDaily

Figura74:Perspectivadopátiointerno Dogchitecture

Fonte:ArchDaily

92
G4 S6 C3 G7 P4 P4 P4 S6 G6 G2 S5 S4 S3 R4 V5 V4 V4 V4 V3 V2 V1 V6 G4 S1 S2 S3 G5 G4 G3 G2 R3 R1 R1 R1 R2 G1 G4 G1 S7 R1 R1 R1 P1 G1 G4 G1 G4 G1 G4 R4 G3 G1 S7G4 R1 G1 P3 P3 G1 Figura 75: Planta Baixa Dogchitecture Fonte: ArchDaily, adaptado pela autora

G1:Baias

G2:Recepção

G3:Escritório

G4:Salatécnica

G5: Armazenamento Alimentício

G6:ÁreadeEspera

G7:Café

G8:Auditório

SetorSocial

SetorMed.Vet

R1: Área para atividadesexternas

R2:Áreaparatreino

R3:Playground

R4:Áreaparafestivais eexibição

SetorServiços

SetorGeral

SetorRecreativo

P1:Berçário

P2:SaladeTosa

P3:ÁreadeJogo

P4: Espaço para conheceroanimal

V1:SaladeTosa

V2:SaladeExame

V3: Enfermaria de isolamento

V4:SaladeOperação -Préepós V5:SalaPrepatória

V6: Sala de

S1:Lavanderia

S2:Oficina

S3: Equipamentos de Limpeza

S4: Sala de Armazenamento

S5: Depósito de bagagens

94
Figura75:PerspectivaacessoDogchitecture Fonte:ArchDaily Figura76:PerspectivadopátiointernoDogchitecture Fonte:ArchDaily
Palm Springs Animal Care Facility Local: Ano: Área: Escritório: Palm Springs Califórnia, EUA 2010 1951.00 m ² Swatt Miers Architects FICHA TÉCNICA Figura77:FachadaprincipalemperspectivaPalmSprings Fonte:ArchDaily 4.2

Como o projeto era uma necessidade da área, fundos foram arrecadados para sua concepção pela parceria Poder Público e Privado, entre a cidade de Palm Springs, Califórnia e os Amigos do Abrigo (organização sem fins lucrativos), que coordenam o local realizado pelo escritório de Arquitetura Swatt Miers Archictects.Localizado em um terreno de três hectares em uma área urbana com um entorno residencial e de fácil acesso, está situado em frente a um parque ativamente frequentado pela população. Sua edificação possuí uma clínica veterinária, além de realizar o processo de recolhimento de animais, reabilitação, adestramento, e doação, apresentando um espaço com capacidade para abrigar 154 gatos e 91 cachorros, segundo o site do escritório. Concluído em 2011, o projeto chamou a atenção de cidades vizinhas que se interessaram pelo serviço do abrigo, resultando em uma expansão da edificação em 2012. (ARCHDAILY, 2012).

Seu lote está exatamente na divisa entre a área verde e a área árida e aberta da cidade, conforme pode-se observar por satélite. A implantação da edificação é centralizada em relação ao terreno e sua fachada principal, voltada para Vella Road, encontra-se na orientação sudoeste.

As vedações e divisórias foram construídas de bloco de concreto nas áreas de canil e adoção e nas demais áreas, foram utilizadas divisórias de sistema drywall.

O sistema estrutural é constituído por pilares e vigas de aço.

Nas áreas dos animais, foram utilizados materiais conhecidos por sua durabilidade a longo prazo, devido à frequência da limpeza, incluindo pisos e paredes de resina epóxi, tetos acústicos não absorventes e dispositivos de proteção de aço inoxidável.

A sua intenção é facilitar a adoção dos animais e, para isso, foram adotadas estratégias que o deixassem mais convidativo ao público. Houve a aposta nos programas comunitários e de conscientização da população local, instruindo e incentivando o cuidado animal.

Por a cidade estar situada próximo ao Deserto de Sonora, no sul da Califórnia, foi preciso investir em estratégias climáticas específicas. O edifício foi concebido como uma instalação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) “Silver”, com ênfase especial na conservação da água, onde a água reciclada da estação de tratamento de esgoto adjacente é usada para limpar todas as áreas de animais e

Figura78:VistaaéreaImplantaçãoPalmStrings

Fonte:ProduzidopelaautoracombasenoGoogleEarth

Na fachada principal da edificação, foram concebidos brises metálicos à frente de uma grande esquadria. Em diversos outros espaços da edificação, há a presença de outras aberturas, com caixilhos assimétricos, que priorizam a insolação natural em todo o projeto, permitem o contato visual com o externo e contribuem na questão plástica do edifício.

Foi pensado em um design diferenciado para o telhado, que sombreia às três entradas à Oeste. A edificação possui uma volumetria geométrica que reúne formas triangulares e retangulares interessantes.

Figura79:FachadaprincipalPalmSprings

Fonte:ArchDaily,adaptadopelaautora

ÁREAÁRIDA ÁREAVERDE
96
ÁREARESIDENCIAL conceito e partido 4.2.1 materialidade 4.2.2

Figura80:FachadaPrincipalPalmStrings

Fonte:ArchDaily

volumetria 4.2.3

Brises Metálicos como elementos de proteção ao sol

Fechamento em Vidro Pilar Metálico Ambientes com diversas entradas de luz, com cores atrativas

Telhado com acabamento em concreto Composição paisagística com elementos locais

O edifício possui uma volumetria que o remete às construções locais, mas destacase pelas diversas cores empregadas em sua fachada, pelos seus quadros animados dos animais, esculturas coloridas que criam um destaque visual na paisagem. O escritório responsável tem como característica própria a modernidade de seus projetos, compondo a paisagem do local. A caracterização do projeto se baseia em integrar elementos tradicionais do deserto com um design moderno.

Podemos identificar o uso predominante de duas tonalidades, que se diferenciam em um tom vermelho para as ''peles'', responsáveis pela vedação e privacidade do interior do edifício e o tom branco para os planos inclinados.

Teto em lamtec preto exposto Propõe isolamento acústico para maior conforto em relação aos ruídos emitido pelos cães

Placas em DryWall pintadas

Cores marcam diferentes áreas e seus usos

''Paraenfrentarodesafiodeoperar umabrigopúblicocomcompaixão,a Friends conta com doações, voluntários,apoiodacomunidadee, claro, ADOPÇÕES!'' (PSAnimal Shelter,2020)

Figura81:EspaçoCoolCats

Fonte:ArchDaily

Figura82:EsculturasPalmSprings Fonte:ArchDaily
97
EstacionamentoPúblico Estacionamento Funcionários 1 2 3 Figura 83: Planta Baixa Palm Strings Fonte: ArchDaily, adaptado pela autora A1 A2 A3 A4 A5 F1 A6 A5 V1 S1 S2 S2 V1 V1 V1 F2 V1 AG AG AG QG QC AC AC AC AC AC AC AC CC CC C2 C3 C4 C4 C4 C4 C4 C4 C4 C4 C4 S1 S3 S1 S1 A7

programa 4.2.4

O fluxo operacional é a base do programa de necessidades estabelecido, tendo o pátio central aberto para qual as estadias caninas são voltadas, proporcionando iluminação e ventilação natural.

C1: Admissão de AnimaisAbandonados

C2:SagãodeAdoção

C3:SalaComunitária

C4: Pátio de ConvivênciadeCães

O programa é baseado na necessidade local de atendimento diferenciado a cada espécie. Neste caso, foram criadas alas para os diferentes tipos de animais: Ala Canina, Ala Fenina e Animais Menores. Esta separação traz mais agilidade no atendimento, pois os médicos veterinários especializados ficam responsáveis por determinado setor, além do entendimento que a interação de espécies possa dificultar o atendimento primário. Conforme CUNHA (2014), quando os animais de espécies diferentes se encontram, um dos dois podem sofrer distúrbios por causa de estresse ou medo, podendo afetar seus resultados clínicos. Então, o recomendado pelo médico veterinário é separaR as duas espécies (cães e gatos), tanto no atendimento quanto no tratamento.

fluxos e acessos 4.2.5

V1:ClínicaVeterinária

SetorAdministrativo SetorComunitário

A2: Balcão de Atendimento

A3:SaladeReunião A4:ADM

A5:Armários

A6: Admissão de NovosAnimais

A7: Depósito de Doações

SetordeFuncionários SetorMed.Vet

SetorServiços A1:Diretoria

F1: Sala de FuncionárioseCopa F2:AcessoeVestiários dosFuncionários

S1:Cozinha/preparo/ apoio S2: Depósito de suprimentos S3:Banheiros

Fluxo Público Fluxo Funcionários Fluxo Veterinários

QG:Quarentenapara Gatos

QC:Quarentenapara Cães

GatildeAdoção QuarentenadeGatos QuarentenadeCães

AG:Gatosdisponíveis paraadoção

CanildeAdoção

ContençãodeCães

AC: Cães disponíveis paradoção

CC: Contenção de Cães

Acesso Público Acesso Veterinários Os acessos separados delimitam o acesso entre público e privado e permitem a organização de todo o programa de necessidades.

Acesso Funcionários ADM

99

Para o acesso da população, temos três entradas principais distintas. Observando na planta, na entrada 1, podemos observar a entrada voltada para o salão principal de adoção; a entrada 2 é voltada à admissão de novos animais e a entrada 3 é voltada às atividades comunitárias e serviços, para acesso ao centro de educação, que abriga uma sala multiuso para toda a comunidade: foi criada a circulação para as salas de aula, separadamente das usuais (serviços e clientes).

O setor de administração faz a conexão entre a área de adoção, de recebimento e de abrigo de cães e gatos, que apresenta um jardim central de convivência de cães. Todo o setor médico é reservado para funcionários e serviços, podendo a população transitar no restante dos locais. Percebe-se a presença de espaços de isolamento de cães e gatos (onde se realiza o processo de quarentena e os canis e gatis, onde ficam todos os animais saudáveis para o processo de adoção.

Figura

Estadias individuais para os animais, com face voltada para o pátio central

Pátio central destinado à recreação dos animais e microclima interno, proporcionando conforto térmico

Fonte:

Uma característica bem interessante do projeto é a circulação de visitantes, com o intuito de cativar à adoção. Entre os espaços de circulação, é possível ver por aberturas nas paredes, vedadas com vidro, os animais em seus locais de abrigo.

Conforme a implantação do abrigo, no eixo linear das baias, as faces frontais destas voltam-se para o pátio central, que possuí uma área ajardinada, que além do uso recreativo para os animais, proporciona iluminação e ventilação natural para as estadias, sombreadas por uma camada de tecido.

Fonte:

Figura85:CirculaçãoPalmSprings ArchDaily 86:ColagemareaCaninaeeixodecirculação
100
Archdaily,adaptadopelaautora

O projeto abriga o espaço cool cats. As bases em pedra na janela permitem a permanência dos gatos próximos a essas aberturas, estimulando seu comportamento natural de gostar de ficar em lugares altos, observando a natureza.

relevância projetual 4.2.6

O estudo de caso do projeto Palm Springs é uma referência que compartilha um cenário de implantação semelhante e um programa de necessidades próximo à concepção de projeto desejada para a autora. Destaca-se que além da demanda da clínica e do abrigo, há um incentivo de palestras e aulas sobre o tema animais para a população em geral. Esse setor didático de cuidado animal também será trabalhado no Hope. Os gatis coletivos tipo vitrine, possibilitando os animais terem uma visão do exterior através de rasgos na fachada, o uso da iluminação natural utilizada a favor, promovendo menor consumo energético, a setorização conforme espécies de animais, os fluxos e circulações variando em acesso são outras estratégias positivas que serão levadas ao projeto.

Fonte:

A divisa entre o estacionamento público e privado é feita através deste portão.

Figura95:JanelasemfitasPalmSprings Fonte:ArchDaily Figura87:EsquadriasPalmStrings ArchDaily Figura89:EspaçoCoolCats Fonte:ArchDaily Figura88:Espaçodepermanênciadegatos Fonte:ArchDaily Figura93:AcessoPrincipalPalmSprings
90:Estacionamento
Fonte:ArchDaily Figura
Palm Springs Fonte:ArchDaily
Figura91:RecepçãoPalmSprings Fonte:ArchDaily Figura92:FachadaLateralPalmSprings Fonte:ArchDaily
Figura94:EspaçodeconvívioPalmSprings Fonte:ArchDaily
101
Local: Ano: Área: Escritório: Santa Catarina, 2013 1.200 m ² Fantin & Siqueira FICHA TÉCNICA Figura96:FachadaprincipalemperspectivaPalmSprings Fonte:ArchDaily 4.3 Arquitetura hospital veterinário santa catarina

Foi projetado pelo escritório Fann Siqueira, de São Paulo, e segundo o arquiteto responsável, Alexandre Fann, “Era muito importante criar espaços funcionais, com as especialidades de um hospital, ao mesmo tempo, arejado e não opressivo, já que ali muitas vezes seriam vividas situações delicadas” . (FANTIN S. ARQ., 2016).

Assim, o objetivo do projeto era pensar nas espacialidades e especificidades as quais uma arquitetura hospitalar exige, prezando a marca registrada dos arquitetos: conforto e funcionalidade do espaço. De acordo com a Revista Facility Hospital, os arquitetos desenvolveram seu partido a partir da inspiração de uma arca e de um visual futurista.

localização 4.3.2 volumetria 4.3.3

O Hospital Veterinário Santa Catarina, localiza-se no Brasil, estado de Santa Catarina, na cidade de Blumenau, no Bairro Itoupava. Está a uma quadra do Rio Itajaí-Açu e fica em uma via que se origina de uma das rodovias que dá acesso ao centro da cidade, sendo esta uma mão única de fluxo intenso.

Por se encontrar na parte mais central da cidade, os usos dos prédios vizinhos são em sua maioria comerciais e instucionais.

Próximo encontra-se uma universidade, uma fundação, clubes, e comércios em geral. Grande parte dos lotes são ulizados com poucos recuos, e encontra -se poucos vazios, por se tratar de uma zona urbana e consolidada. Os gabaritos são baixos, entre um ou dois pavimentos, e a pologia predominante é a contemporânea, com materiais como aço e vidro e, nas residências, telhado aparente. Os edifícios vizinhos, por exemplo, possuem altura e volume semelhantes ao do hospital. O terreno conta com 2.500m² e 1.200m² de edificação divididas em dois pavimentos.

Há uma relação do interior com o exterior do projeto: as grandes paredes envidraçadas encontradas em diversos pontos, como na escada, sala de fisioterapia e jardim interno, conectam o ambiente interno com o exterior, e fazem com que seja possível ter a visual do entorno do hospital.

O volume do edifício é composto por um prisma retangular, com uma estrutura dividida em dois pavimentos. Sua forma contém características de uma arquitetura contemporânea. Em uma das fachadas laterais, este prisma recebe duas saliências, onde ficam a escada social e o jardim interno. Na fachada oposta ao acesso principal, há outro ressalto, referente à escada da rota de fuga.

RODOVIA
DIREÇÃOÀRODOVIA DIREÇÃOÀAV.PRINCIPAL
conceito
HOSPITAL
4.3.1
Figura97:LocalizaçãodoHospitalVeterinárioSanta Catarina
103
Fonte:FantinSiqueira Figura98:FachadaprincipalHospitalVeterinário SantaCatarina Fonte:SiteAleFantin,adaptadopelaautora

materialidade e técnica construtiva 4.3.4

A estrutura do Hospital Veterinário Santa Catarina é de concreto armado não aparente, enquanto as divisórias internas são em gesso acartonado. Como proposta ao partido projetual, os arquitetos optaram por trabalhar com placas de ACM, que além de isolantes são maleáveis à modulação, o que é interessante devido às fachadas mais abauladas.

O principal acesso do hospital, voltado aos pacientes e clientes de atendimentos cotidianos se dá pela fachada frontal noroeste.

Na lateral esquerda, se encontra uma entrada secundária, onde é feito o acesso de animais com doença infecto contagiosas e procedimentos emergenciais. Este acesso conta com recepção exclusiva e acesso direto ao consultório destinado ao atendimento desses casos, fazendo com que não haja contato do animal infectado com os demais.

As fachadas laterais são compostas por grandes peles em vidro e são responsáveis por propagar iluminação no interior de algumas instalações, como na escada, jardins internos, sala de fisioterapia, além das janelas dos ambientes.

acessos 4.3.5

A outra entrada secundária está localizada nos fundos do edifício, na fachada sudeste, por onde é feito o acesso dos funcionários. É também por esta entrada que se dá o manejo de resíduos, onde é levado do hospital até o depósito nos fundos do terreno.

Áreaequipemédica Áreapacientes

Figura99:PlantaBaixaTérreoHospitalVeterinárioSantaCatarina Fonte:SiteAleFantin,adaptadopelaautora

AcessoSocial

AcessoFuncionários Acessoespecial
104

zoneamento funcional 4.3.4

SetorSocial SetorFuncional SetordeServiço

Espaçosemi-público Espaçoprivado

O setor social é caracterizado pelas áreas de acesso ao público, como a recepção e lavabos. Esta parte está localizada no pavimento térreo.

O setor de serviços encontra-se no segundo pavimento, onde estão as salas dos funcionários, dormitórios, vestiários e salas de administração, tendo o acesso restrito aos funcionários. Além disso, o pavimento conta com um auditório para em torno de 30 pessoas, que contém um bar lounge de apoio.

circulação 4.3.5

A Fantin Siqueira Arquitetura elaborou um estudo em relação aos eixos de circulação do hospital, onde em matéria publicada a Revista Facility Hospital menciona em complemento a necessidade de conciliar espaços destinados à atendimentos diários e os atendimentos de emergência.

Podemos identificar no projeto eixos de circulação horizontais e verticais. Nos eixos horizontais temos os corredores públicos, os quais conduzem às instalações de modo eficiente e os corredores exclusivos a funcionários que promovem uma circulação interna de funcionários. Por sua vez, os eixos verticais estão distribuídos em três pontos do hospital, sendo o primeiro uma escada em modelo U, a qual conecta a recepção à administração (pavimento superior) privado o contato com o setor de serviços.

O segundo eixo, composto por um elevador, está mais central ao edifício, localizado em uma área com boa iluminação. Ele direciona os funcionários ao principal acesso ao segundo pavimento.

Já o setor funcional é composto pela área onde são realizados os atendimentos aos pacientes, como os consultórios, salas de exames, setor cirúrgico, internação, onde grande parte encontra-se no pavimento térreo.

O terceiro eixo localizado mais ao fundo do hospital é dado por outra escada, também reserva seu uso somente aos funcionários.

Figura104:Eixodecirculaçãoexclusivoparainternaçõesde doençasinfecciosas Fonte:SiteAleFantin Figura103:Recepçãodohospitalcomcirculaçãodiretaà administração Fonte:SiteAleFantin Figura102:Principaleixodecirculaçãovertical Fonte:SiteAleFantin Figura100:ZoneamentoTérreoHospitalVeterinárioSantaCatarina Fonte:FantinSiqueira,adaptadopelaautora Figura101:ZoneamentoPrimeiroPavimentoHospitalVeterinário SantaCatarina
105
Fonte:SiteAleFantin,adaptadopelaautora

relevância projetual 4.3.6

A escolha do Hospital Veterinário Santa Catarina para o estudo de caso se deu por ser de grande referência no tratamento de animais e possuir especialização em diversas áreas, sendo esse o maior do estado de Santa Catarina.

As preocupações com as doenças infectocontagiosas também foi um dos pontos que fez com que o projeto fosse escolhido. Além disso, um dos pontos mais importantes levados sobre o projeto é a localização do lixo hospitalar, que precisa ser isolado e ter fácil acesso para ser retirado.

Destaca-se também como potencialidades a preocupação com a sustentabilidade e os espaços exclusivos destinados à emergência.

Figura105:Insolaçãoeventilaçãodohospital

Fonte:SiteAleFantin,adaptadopelaautora

Ainda, percebe-se que a presença do grande jardim interno envidraçado e a presença de aberturas de vidro na sala de fisioterapia permitem uma iluminação natural na parte central do projeto. Nesta parte, também é possível encontrar o sistema de ventilação cruzada, juntamente com a recepção, onde há pequenas janelas que fazem a ventilação circular por todo o ambiente.

Mas também foram encontrados alguns pontos negativos. As salas de lavagem e antissepsia estão localizadas em um mesmo ambiente, o que não segue as disposições legislativas. As duas salas de operação apresentam apenas uma sala de esterilização comum. Cada sala deveria ter uma sala de produtos esterilizados.

Ainda, os sanitários, tanto para os pacientes, quanto para os funcionários, não seugem as normas de acessibilidade, prejudicando as pessoas que apresentam mobilidade reduzida.

O projeto também não possuí nenhum recurso para barrar a insolação e grande parte das aberturas se localizam na fachada lateral direita, a qual está voltada à noroeste, recebendo maior incidência solar durante a tarde nos consultórios e e salas de cirurgia, no primeiro pavimento, e dormitórios / admnistração no segundo pavimento.

Figura106:SaladeFisioterapia

Fonte:GaleriadaArquitetura

Figura109:MezaninodaADM

Fonte:GaleriadaArquitetura

Figura107:SaladeCirurgia

Fonte:GaleriadaArquitetura

Figura108:SaladeCirurgia

Fonte:SiteAleFantin

106
R1 R2 R2 C1 C1 C1 E1 F1 1 2 I3 I4 I3 B1 IN1 IN2 N3 U1 F1 O2 O3 O1 O5 O4 O4 EX1 EX2EX3 EX4 programa
Consultórios
Médico
Laboratório
4.3.7 107
Figura 110: Planta Baixa Térreo Hospital Veterinário Fonte: Site Ale Fantin, adaptado pela autora SetorRecepção R1:Recepção R2:BWCRecepção
C1:Consultório Emergência E1: Sala de Emergência SetordeIsolamento I1:Recepção I2:BWCIsolamento I3: Consultório Isolamento I4: Internação Isolamento Biblioteca B1:Biblioteca Internação24hrs IN1:InternaçãoCães IN2:InternaçãoFelinos IN3:Plantão U.T.I U1:U.T.I Farmácia F1:Farmácia CentroCirúrgico O1: Preparação Animal O2: Preparação
O3:CentroCirúrgico O4:SaladeCirurgia O5:Esterilização
de Análises Clínicas EX1:RaioX EX2:Laudo EX3:Ultrassom EX4:Laboratório CirculaçãodeFuncionários CirculaçãodePacientes

Figura 111: Planta Baixa Primeiro Pav. Hospital Veterinário Fonte: Site Ale Fantin, adaptado pela autora

S1 S2 S3 S4 S5 S7 S6 A1 L1 AD1 AD3 AD2 V1 V2 V3 V3
SetorFuncionários S1:Terraço S2:Manutenção S3:Cozinha S4:Almoxarifado S5:Lavanderia S6:BWCDormitório S7:Dormitório Vestiários V1:VestiárioMasculino V2:VestiárioFeminino V3: Vestiário Funcionários ADM AD1:SaladeReunião AD2:SalaTécnica AD3:ADM LoungedeConvívio L1:Lounge A1:Auditório A1:Auditório IN1:InternaçãoCães IN2:InternaçãoFelinos IN3:Plantão CirculaçãodeFuncionários 108

projeto 05 05

Figura112:MaqueteVirtual

Fonte:Realizadapelaautora

O conceito proposto para o projeto é a conexão - pensado conforme as pesquisas feitas. Ao se tratar o projeto com a cidade, o uso de locais abertos e recreativos possíveis de serem utilizados também para o público externo, busca-se comunicar sobre o trabalho realizado no abrigo, além de promover o contato dos visitantes com os animais, dessa maneira, facilitando o objetivo final do projeto: conceber um espaço que possa resgatar, reabilitar, reintegrar, ressocializar os animais resgatados.

O programa de necessidades do projeto de estudo foi dividido em 7 setores: O Setor do Hospital Veterinário, que auxilia tanto os animais recolhidos como os outros que precisam apenas de atendimento necessário diário, possuindo as áreas de atendimento clínico, diagnóstico/laboratorial e centro cirúrgico; o setor do Bloco de Apoio, responsável por toda a administração, gerenciamento do edifício e sustentação para os funcionários; o Setor do Abrigo Animal, responsável por acolher até 88 cães e 73 gatos; o Setor da Cafeteria-Mirante, com vista para o PetPark; o Setor Educacional, um espaço multiúso voltado à eventos e à ampliação da consciência da proteção animal; o Setor do Pet Shop e por fim, o Setor do Hotel e Daycare.

A partir da ideia inicial, o partido busca proporcionar o acolhimento animal. Este desenvolve-se através da implantação de uma grande praça central, onde são conectadas todas as atividades do projeto.

Com a delimitação dos acessos e caminhos, o programa de necessidades foi diluído em uma volumetria que contempla todo o terreno e que permite ao público uma travessia livre pelo local. Ainda, com a finalidade de criar um vínculo entre os visitantes com os animais, pensou-se em uma proposta para os abrigos que permite uma circulação livre entre os blocos, ora cobertos, ora descobertos, permitindo a integração das interespécies. Para isso, buscou-se proporcionar uma visibilidade e integração dos animais por toda a circulação, transmitindo uma estadia livres de gradis.

LOCAIS 170 208 208 190 DELIMITAÇÕES VIZINHOS PRAÇAS DEFINIDAS E VOLUME INICIAL DIVISÃO DE ZONEAMENTO E FLUXOS PROGRAMA FINAL ADAPTADO NA TOPOGRAFIA 111 HPE HPE
HOSPITAL VETERINÁRIO SETOREDUCACIONAL 6% 50% 3% 11% HOTELEDAYCARE 9% 18% 3% conceito e partido 5.1 C O N E X Ã O programa de necessidades 5.2
113:Esquema
Realizada
ABRIGO CAFETERIAMIRANTE BLOCODEAPOIO PETSHOP
Figura
Conceitual Fonte:
pelaautora

HOSPITALPÚBLICO

1469,57m²

BLOCODEAPOIO

520,43m²

01 CopaFuncionários 34,63m² 02 ÁreadeConvívio 46,14m² 03 SaladeReunião 34,22m² 04 Administração 34,37m² 05 VestiárioFuncionários 34,29m² 06 RecepçãoMemorial 30,22m² 07 SaladeMemorial 14,82m² 08 SaladeAtendimento 14,82m² 09 Necrotério 10,73m² 10 CâmaraFria 03,85m² 11 Necropsia 08,54m² 12 HalldeServiço 14,33m² 13 DepósitodeLixo-Orgânico 03,85m² 14 03,85m² 15 03,85m² 16 03,85m² 17 JardimdeInverno 15,67m² 18 PátioFuncionários 44,95m² 19 Lavanderia 22,52m² 20 DML 07,12m² 21 CFTV 30,24m²

DepósitodeLixo-Reciclável DepósitodeLixo-Hospitalar DepósitodeLixo-Contaminado

01 Recepção-Cães 58,03m² 02 BWC 07,12m² 03 BWCPNERecepção 05,50m² 04 Recepção-Gatos 47,57m² 05 PátiodeConvívioGatos 45,93m² 06 PátiodeConvívioCães 45,85m² 07 Fisioterapia 76,89m² 08 EsperaTriagemGatos 07,41m² 09 TriagemGatos 10,99m² 10 EsperaTriagemCães 07,70m² 11 TriagemCães 10,95m² 12 Depósito 10,82m² 13 CentrodeVacinação 14,21m² 14 BWCPNE 05,27m² 15 Lavabo 02,50m² 16 ConsultórioparaCães 22,51m² 17 ConsultórioparaGatos 22,51m² 18 HallAcessoExames 05,28m² 19 Ultrassom 10,97m² 20 Radiografia 08,78m² 21 CabinedeComando 01,90m² 22 SaladeColeta 18,67m² 23 Eletrocardiograma 10,92m²

24 Banheiro 07,12m² 25 HallCirúrgico 10,80m² 26 SaladeEscovação 10,97m² 27 SaladeParamentação 10,97m² 28 PreparaçãoPaciente 10,97m² 29 SaladeCirurgia 28,37m² 30 SalaObs.Paciente 08,97m² 31 InternaçãoCães 45,92m² 32 InternaçãoInfectoContagiosa Cães 23,53m² 33 InternaçãoGatos 45,92m² 34 23,53m² 35 DepósitodeMedicamentos 16,51m² 36 LavaboFuncionários 03,15m² 37 SaladeEsterilização 18,04m² 38 SaladeUtilidades 10,94m² 39 DepósitoLixoTemporário 14,94m² 40 RecepçãoAmbulatório 22,80m² 41 ConsultórioAmbulatório 14,77m² 42 PreparaçãoCirurgiaEmergência 14,84m² 43 SaladeCirurgiaEmergência 29,70m² 44 QuartoPlantonista 22,35m² 45 AcessoFuncionários 14,80m² 46 Antecâmara 14,84m²

InternaçãoInfectoContagiosa Gatos 47 BWCFuncionários 07,12m²

quadro de áreas 5.3 112

ABRIGO

01 Recepção 131,31m² 02 BWCPNE 02,27m² 03 BWC 06,83m² 04 CirculaçãoBloco1Pav.Inferior 245,84m² 05 Solário 45,46m² 06 CanilPorteGrande 08,10m² 07 CanilPorteMédio 05,74m² 08 CanilPorteMédio 05,23m² 09 CanilMaternidade 07,25m² 10 BanhoeTosa 22,53m² 11 AbrigoTemporárioLixo 07,12m² 12 Depósito 10,24m² 13 ÁreadeSoltura 89,38m² 14 CirculaçãoBloco2Pav.Inferior 252,13m² 15 SaladeEntrevistas 56,32m² 16 RecepçãoBloco1Pav.Térreo 43,73m² 17 CanilPorteMédio 04,12m² 18 CanilPortePequeno 02,93m² 19 Solário-Varanda 56,47m² 20 CanilPorteGrande 07,93m² 21 CanilPorteMédio 05,93m² 22 CanilPortePequeno 04,11m² 23 ÁreadeSoltura 45,95m²

PETSHOP

01 PetShop 256m² 02 BWCPNERecepção 05,50m² 03 BWC 07,12m²

HOTELEDAYCARE

01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
m² Estoque 12 28,65m² Lavanderia 13 75,68m² ÁreadeConvívio 14 45,84m² CopaeCozinha 24 GatilColetvo 45,95m² 25 GatilIndividual 34,42m² 26 ÁreadeConvíviocomGatos 198m² 4,219m² 260,26m² 774,43m²
01 Mirante 380m² 02 ObservaçãoGatil 45,95m² 03 ÁreadeSoltura 51,14m² 04 28,55m² 05 Despensa 07,06m² 06 BWCPNE 02,27m² Cozinha 873,14m² 07 BWC 06,83m² 08 DML 07,14m² SETOREDUCACIONAL 01 BWCPNE 02,27m² 02 BWC 06,83m² 03 Foyer 61,30m² 04 256m² SalaMultiuso 284,21m² 113
Recepção 46,24m²
Administração 38,77m²
BanhoeTosa 58,52m²
GatilIndividual-Fêmeas 16,23m²
ÁreadeSoltura 93,68m²
BaiaIndividual 04,93m²
GatilIndividual-Machos 16,23m²
ÁreadePreparoAlimentos 18,25m²
22,53m² Banheiro
28,62m² QuartoPlantonista
09,03
CAFETERIAMIRANTE
114 Gatos HospitalVeterinário HoteleDayCare Abrigo Infecto-Contagiosos Saudáveis 8 20 28 BaiasIndividuais GatilColetivo 28 45 28Gatos 28Gatos 73 Cães HospitalVeterinário HoteleDayCare Abrigo Infecto-Contagiosos Saudáveis 8 20 18 PortePequeno 16 44 28Cães 18Cães PorteGrande 28 quadro de capacidade receptiva 5.4 56baiasparainternação 46Hóspedes 88cãese73gatosparaadoção TOTALDEANIMAIS:161 PorteMédio Maternidade 4alas Figura114:Quadrodecapacidadequantitativadeanimaispossíveisdeseremalocadosnoprojeto Fonte:Realizadapelaautora

Figura115:MaqueteVirtual

Fonte:Realizadapelaautora

Área Total do Terreno Área Permeável Área Total Construída Coeficiente de Aproveitamento Taxa de Ocupaçãp14% 40.259,33 m² 11% 7,879 0,19 Figura 116: Implantação Fonte: Produzido pela autora 2022 implantação 5.5 Vista1 Vista 2 Vista 4 Vista1 AcessoBlocodeApoio AcessoAbrigo AcessoDayCare AcessoPetshop AcessoCafeteria-Mirante AcessoSetorEducacional AcessoHospitalVeterinário Estacionamento Total:32vagas,sendo5vagas PNE 8 16 24 HOPE ESCALAGRÁFICA 0 116

Figura 117 Planta Baixa Pavimento Inferior Fonte: Produzido pela autora 2022

8
24 HOPE ESCALAGRÁFICA
plantas baixas 5.6
16
0
117

01.RECEPÇÃO-02.BWC-03.BWCPNERECEPÇÃO-04.RECEPÇÃOGATOS-05.PÁTIODECONVÍVIOGATOS-06.PÁTIODECONVÍVIOCÃES-07. FISIOTERAPIA-08.ESPERATRIAGEMGATOS-09.TRIAGEMGATOS-10.ESPERATRIAGEMCÃES-11.TRIAGEMCÃES-12.DEPÓSITO-13.CENTRODE VACINAÇÃO - 14. BWC PNE - 15. LAVABO - 16. CONSULTÓRIO PARA CÃES - 17. CONSULTÓRIO PARA GATOS - 18. HALL ACESSO EXAMES - 19. ULTRASSOM-20.RADIOGRAFIA-21.CABINEDECOMANDO-22.SALADECOLETA-23.ELETROCARDIOGRAMA-24.BANHEIRO-25.HALLCIRÚRGICO26. SALA DE ESCOVAÇÃO - 27. SALA DE PARAMENTAÇÃO - 28. SALA DE PREPARAÇÃO DO PACIENTE - 29. SALA DE CIRURGIA - 30. SALA DE OBSERVAÇÃO PACIENTE - 31. INTERNAÇÃO CÃES - 32. INTERNAÇÃO INFECTO-CONTAGIOSA CÃES - 33. INTERNAÇÃO GATOS - 34. INTERNAÇÃO INFECTO CONTAGIOSA GATOS - 35. DEPÓSITO DE MEDICAMENTOS - 36. LAVABO FUNCIONÁRIOS - 37. SALA DE ESTERILIZAÇÃO - 38. SALA DE UTILIDADES-39.DEPÓSITODELIXOTEMPORÁRIO-40.RECEPÇÃOAMBULATÓRIO-41.CONSULTÓRIOAMBULATÓRIO-42.PREPARAÇÃOCIRURGIADE EMERGÊNCIA - 43. SALA DE CIRURGIA EMERGÊNCIA - 44. QUARTO PLANTONISTA - 45. ACESSO FUNCIONÁRIOS - 46. ANTECÂMARA - 47. BWC FUNCIONÁRIOS

Figura 116: Planta Baixa Pavimento Inferior - Hospital Veterinário

Fonte: Produzido pela autora Escala: 1/250 2022

planta baixa hospital veterinário

118

01. COPA DE FUNCIONÁRIOS - 02. ÁREA DE CONVÍVIO - 03. SALA DE REUNIÃO - 04. ADMINISTRAÇÃO - 05. VESTIÁRIOFUNCIONÁRIOS-06.RECEPÇÃOMEMORIAL-07.SALADEMEMORIAL-08.SALADEATENDIMENTO-09. NECROTÉRIO-10.CÂMARAFRIA11.NECROPSIA-12.HALLDESERVIÇO-13.DEPÓSITODELIXOORGÂNICO-14. DEPÓSITODELIXORECICLÁVEL-15.DEPÓSITODELIXOHOSPITALAR-16.DEPÓSITODELIXOCONTAMINADO-17. JARDIMDEINVERNO-18.PÁTIOFUNCIONÁRIOS-19.LAVANDERIA20-DML-21-CFTV

Figura 117: Planta Baixa Pavimento Inferior - Bloco de Apoio

Fonte: Produzido pela autora

Escala: 1/250 2022

planta baixa bloco de apoio

119

01.RECEPÇÃO-02.BWCPNE-03.BWC-04.CIRCULAÇÃOBLOCO1PAVIMENTOINFERIOR-05.SOLÁRIO06. CANIL PORTE GRANDE - 07. CANIL PORTE MÉDIO - 08. CANIL PORTE MÉDIO - 09. CANIL MATERNIDADE10. BANHO E TOSA - 11. ABRIGO TEMPORÁRIO DE LIXO - 12. DEPÓSITO - 13. ÁREA DE SOLTURA - 14. CIRCULAÇÃO BLOCO 2 PAVIMENTO INFERIOR - 15. SALA DE ENTREVISTAS - 16. RECEPÇÃO BLOCO 1 PAVIMENTO TÉRREO - 17. CANIL PORTE MÉDIO - 18. CANIL PORTE PEQUENO - 19. SOLÁRIO-VARANDA - 20. CANIL PORTE GRANDE - 21. CANIL PORTE MÉDIO - 22. CANIL PORTE PEQUENO - 23. ÁREA DE SOLTURA - 24. GATILCOLETIVO-25.GATILINDIVIDUAL-26.ÁREADECONVÍVIOCOMGATOS Planta Baixa Pavimento Inferior - Bloco Abrigo 1

Fonte: Produzido pela autora Escala: 1/250 2022

Figura 118: Planta Baixa Pavimento Inferior - Bloco Abrigo 1
120

01.RECEPÇÃO-02.BWCPNE-03.BWC-04.CIRCULAÇÃOBLOCO1PAVIMENTOINFERIOR-05.SOLÁRIO06. CANIL PORTE GRANDE - 07. CANIL PORTE MÉDIO - 08. CANIL PORTE MÉDIO - 09. CANIL MATERNIDADE10. BANHO E TOSA - 11. ABRIGO TEMPORÁRIO DE LIXO - 12. DEPÓSITO - 13. ÁREA DE SOLTURA - 14. CIRCULAÇÃO BLOCO 2 PAVIMENTO INFERIOR - 15. SALA DE ENTREVISTAS - 16. RECEPÇÃO BLOCO 1 PAVIMENTO TÉRREO - 17. CANIL PORTE MÉDIO - 18. CANIL PORTE PEQUENO - 19. SOLÁRIO-VARANDA - 20. CANIL PORTE GRANDE - 21. CANIL PORTE MÉDIO - 22. CANIL PORTE PEQUENO - 23. ÁREA DE SOLTURA - 24. GATILCOLETIVO-25.GATILINDIVIDUAL-26.ÁREADECONVÍVIOCOMGATOS

Figura 119: Planta Baixa Pavimento Inferior - Bloco Abrigo 2 - Pavimento 1

Fonte: Produzido pela autora Escala: 1/250 2022

Planta Baixa Pavimento Inferior - Bloco Abrigo 2

121

Figura 120: Planta Baixa Pavimento Térreo Fonte: Produzido pela autora 2022

HOPE ESCALAGRÁFICA
8 16 24
0
122

Figura 121: Planta Baixa Pavimento Térreo - Bloco 1

Fonte: Produzido pela autora Escala: 1/500 2022

01.RECEPÇÃO-02.BWCPNE-03.BWC-04.CIRCULAÇÃOBLOCO1PAVIMENTO1-05.SOLÁRIO-06.CANIL PORTEGRANDE-07.CANILPORTEMÉDIO-08.CANILPORTEMÉDIO-09.CANILMATERNIDADE-10.BANHOE TOSA-11.ABRIGOTEMPORÁRIODELIXO-12.DEPÓSITO-13.ÁREADESOLTURA-14.CIRCULAÇÃOBLOCO2 PAVIMENTO1-15.SALADEENTREVISTAS-16.RECEPÇÃOBLOCO1PAVIMENTO1-17.CANILPORTEMÉDIO18.CANILPORTEPEQUENO-19.SOLÁRIO-VARANDA-20.CANILPORTEGRANDE-21.CANILPORTEMÉDIO22.CANILPORTEPEQUENO-23.ÁREADESOLTURA-24.GATILCOLETIVO-25.GATILINDIVIDUAL-26.ÁREADE CONVÍVIOCOMGATOS

Figura 122: Planta Baixa Pavimento Térreo - Bloco 2

Fonte: Produzido pela autora

Escala: 1/250 2022

planta baixa PAVIMENTO TÉRREO - BLOCO 1 E 2

123

Baia Porte Grande Baia Porte Médio Baia Porte Pequeno Solário Tipologia 1 Solário Tipologia 2 Solário Tipologia 3

tIPOLOGIAS
tipologia
08,10m² 08,10m² 08,10m² 08,10m² 45,46m² 05,74m² 05,74m² 05,74m² 05,74m² 05,74m² 05,74m² 05,23m² 05,23m² 07,25m² 56,47m² 04,12 m² 04,12 m² 04,12 m² 04,12 m² 02,93 m² 02,93 m² 02,93 m² 02,93 m² 02,93 m² 02,93 m² 07,93 m² 05,93 m² 04,11 m² 05,93 m² 04,11 m² 07,93 m² 102,99m² 124 4
2
3
ABRIGO
1 tipologia 2 tipologia 3
unidades
unidades
unidades Figura 122: Planta Baixa Abrigos Fonte: Produzido pela autora Escala: 1/200 2022

01.PETSHOP-02.BWCPNERecepção-03.BWC/01.RECEPÇÃOHOTELEDAYCARE-02.ADMINISTRAÇÃO03.BANHOETOSA-04.GATILINDIVIDUALFÊMEAS-05.ÁREADESOLTURA-06.BAIAINDIVIDUAL-07.GATIL INDIVIDUAL MACHOS - 08. ÁREA DE PREPARO DE ALIMENTOS - 09. BANHEIRO - 10. PLANTONISTA - 11. ESTOQUE-12.LAVANDERIA-13.ÁREADECONVÍVIO-14.COPAECOZINHA

Figura 123: Planta Baixa Pavimento Térreo - Hotel e DayCare

Fonte: Produzido pela autora

Escala: 1/250 2022

Planta Baixa Pavimento TÉRREO- HOTEL E DAYCARE

125

Figura 124: Planta Baixa Pavimento Superior Fonte: Produzido pela autora 2022

HOPE ESCALAGRÁFICA
8 16 24
0
126

SETOREDUCACIONAL:01.BWCPNE-02.BWC-03.FOYER-04.SALAMULTIUSO/CAFETERIAMIRANTE:01.MIRANTE02.OBSERVAÇÃOGATILCOLETIVO-03.ÁREADESOLTURA-04.COZINHA-05.DESPENSA-06.BWCPNE-07.BWC08.DML

Planta Baixa Pavimento TÉRREO- HOTEL E DAYCARE
127 Figura 125: Planta Baixa Pavimento Térreo - Hotel e DayCare Fonte: Produzido pela autora Escala: 1/500 2022

Pele de vidro Platibanda com pintura tom Broto de FeijãoSuvinil

Esquadria Maxim-Ar

Esquadrias Basculantes com brises horizontais em madeira

Pórtico de Acesso ao Hospital Veterinário Envidraçamento

Cobogó Revestimento Tijolinhos

128 vISTA 1 elevações 5.7

Envidraçamento

Esquadria Maxim Ar

Revestimento Tijolinhos

Cobogó

Esquadrias de pvc em diversas cores com vidro temperado Treliça Metálica Envidraçamento

Pele de Vidro Esquadrias Basculantes

Placa Informativa Pilar em VAço Galvanizado

Porta de correr 4 folhas

Porta de correr 2 folhas Painéis em madeira

129
vISTA 2
vISTA 1 vISTA
130
2

Envidraçamento

Treliça Metálica

Esquadrias Basculantes Cobogó Cobogó Esquadria Maxim Ar Platibanda com pintura tom Broto de FeijãoSuvinil

Revestimento Tijolinhos Alvenaria com pintura tom Broto de FeijãoSuvinil

131
vISTA 3

Revestimento Tijolinhos

Envidraçamento Treliça Metálica

Platibanda com pintura tom Broto de FeijãoSuvinil

Porta de correr 4 folhas

Porcelanato Personalizado

Pilar em VAço Galvanizado

Esquadrias Basculantes

Esquadria Maxim Ar Porta de correr 2 folhas

132 vISTA 4
vISTA 3 vISTA 4 133
corte aa cortes 5.8 ESCALAGRÁFCA 0 2 4 8 16 134
Vestiário Funcionários Sala de Reunião Copa Funcionários Acesso Funcionários Antecâmara Internação Infecto Contagiosa Cães Internação Cães Baias Ultrassom Consultório Cães Pátio de convívio cães Recepção Banho e Tosa AbrigoLixo Depósito

Recepção Térreo

Tipologia 2 de Abrigo

Tipologia 2 de Abrigo

Tipologia 1 de Abrigo Banho e Tosa Abrigo

Tipologia 1 de Abrigo

Circulação Bloco 1 Pav. Inferior

Área de soltura Recepção Bloco 1 Pav. Térreo

Tipologia 3 de Abrigo

Tipologia 3 de Abrigo

BWC Banho e Tosa

Pátio de Convívio Gatos

Fisioterapia Pátio de Convívio Cães

135
4 8 ESCALAGRÁFCA 2 16
0

Sala de Atendimento Recepção Sala de Entrevistas

Administração Sala de Reunião Recepção Memorial

Gatil Coletivo Gatil Coletivo

Área de convívio com gatos CafeteriaMirante Foyer Petshop

Tipologia 1 de Abrigo Tipologia 1 de Abrigo Área de soltura

Circulação Bloco 2 Pav. Inferior

Depósito

8 0

136
16 ESCALAGRÁFCA

Ver Detalhamento 1

Foyer Sala Multiuso

Petshop

Petshop - Banho e tosa Baias Creche e Day Care

BWC BWC Copa e Cozinha

Área de Preparo de Alimentos

137
16 ESCALAGRÁFICA
8 0

Fundações e Vigas de Baldrame

Laje de Concreto Armado e = 20cm

Pilares e Vigas em Concreto Armado seção 25 cm I vão 8m

Laje Nervurada e = 24 cm

Pilares e Vigas em Concreto Armado seção 25 cm I vão 8m

Laje Alveolar e = 25cm

Treliça Metálica Plana Seção Quadrada 25x25cm

Laje Alveolar e = 15cm

Figura126:EsquemaConcepçãoEstrutural

Fonte:Realizadapelaautora

5.8
sistema estrutural
138

Figura127:MaqueteVirtualEstrutural

Fonte:Realizadapelaautora

Figura 128: Detalhamento Construtivo Escala: 1/75

Fonte: Produzido pela autora 2022

01. Pingadeira e rufo metálico 02. Camada de regularização (e= 4cm) 03. Manta impermeabilizante (e = 4mm e h = 30cm) 04. Reboco (e = 2cm) 05. Calha 06. Enchimento com vermiculita (e = 10cm) 07. Regularização argamassada com textura ripada 08. Capa de Concreto 09. Laje Alveolar tipo Roth pré-concretos (h = 15cm) 10. Pingadeira 40x30mm 11. Treliça Metálica Aço Galvanizado Seção Quadrada 250mm 12. Forro de Gesso com cortineiro e sanca para iluminação indireta 13. Esquadria de alumínio anodizado com pintura eletrostática preta fosca - tipo de abertura: de correr com trilho superior embutido no piso 14. Vidro laminado liso transparente incolor 15. Esquadria Maxim Ar de alumínio anodizado com pintura eletrostática preta fosca

Piso vinílico em tabuas tipo click

Contrapiso

Viga de concreto moldada in loco

Acabado

Isolamento Térmico

Silkaplan

Geotextil Sika PP 1800

Placa de Cobertura 24. Laje Nervurada

Alvenaria 26. Sanca de Gesso para iluminação indireta

Lâmpada Linear Fluorescente

Cobogó modelo UL

Revestimento Tijolinhos Villarica Brick - Pasinato

Piso vinílico em manta antibacteriano e antiderrapante

Laje de Concreto (e = 20 cm)

Viga de Baldrame 40x25

detalhamento

1 1 1

2

Funcionamento de abertura de janelas na treliça metálica

Envidraçamento recolhível que permite abertura total ou parcial do vão

Vidro fixo para função guarda corpo - h = 1.30m Escala 1/200

2 2 2

5.8.1
Caimentode2%emdireçãoacalha
30.
31.
32.
01 02 03 04 05
07 08
10
12 13 14 15 16 17 18
detalhamento 1
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
25.
27.
28.
29.
33. Solo Compactado
06
09
11
19 20 21 22e23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33
1 1
2
2 01.
02.

5.9 paisagismo

O paisagismo do projeto foi desenvolvido de modo a proporcionar conforto térmico, acústico, conceder espaços de permanência e sinalizar entradas e fluxos.

A paginação de piso foi pensada de modo a estabelecer fluxos no terreno. Foi executada com blocos intertravados retangulares em trama, das cores da paleta do projeto. Estes são semipermeáveis e propiciam a drenagem da água.

As espécies foram escolhidas de acordo com suas características, uma vez que nem toda espécie é adequada para ambientes onde animais frequentam.

Nome popular: Pata de Vaca

Nome científico: Bauhinia Forficata

Altura: 5 a 9 Metros

Nome popular: Flamboyant

Nome científico: Delonix regia

Altura: 8 a 12 Metros

Nome popular: Macieira

Nome científico: Pirus malus

Altura: 7,5 a 10 Metros

Nome popular: Palmeira Rabo de Raposa

Nome científico: Wodytia bifurcata

Altura: 10 Metros

Figura128:Tabeladeespéciespaisagismo

Fonte:Realizadapelaautora

Nome popular: Pau Branco

Nome científico: Auxemma oncocalyx

Altura: 12 Metros

Nome popular: Grama Esmeralda

Nome científico: Zoysia japonica

Altura: 10 a 15 cm

141

Figura128:MaqueteVirtual

Fonte:Realizadapelaautora

Fonte:

Fonte:

Figura

Fonte:

Fonte:

Figura129:MaqueteVirtual-AcessoHospitalVeterinário Realizadapelaautora Figura130:MaqueteVirtual-ComunicaçãoHospitalVeterinárioeBlocodeApoio Realizadapelaautora Figura131:MaqueteVirtual-Fachada Realizadapelaautora 132:MaqueteVirtual-AcessoAbrigo
143
Realizadapelaautora Figura133:MaqueteVirtual-AcessodeFuncionários Fonte:Realizadapelaautora Figura134:MaqueteVirtual-VistaAbrigo Fonte:Realizadapelaautora Figura135:MaqueteVirtual-AcessoCafeteriaeEspaçoEducativo Fonte:Realizadapelaautora Figura136:MaqueteVirtual-Acessopelapraça
144
Fonte:Realizadapelaautora Figura137:MaqueteVirtual-Vistaparapraçainterna Fonte:Realizadapelaautora Figura138:MaqueteVirtual-AcessoAbrigoBloco2 Fonte:Realizadapelaautora Figura139:MaqueteVirtual-Acessoàpraça Fonte:Realizadapelaautora
145
Figura140-MaqueteVirtual-AbrigoBloco1PavimentoTérreo Fonte:Realizadapelaautora

Fonte:

Figura141:MaqueteVirtual-Cafeteria-Mirante Realizadapelaautora Figura142:MaqueteVirtual-GatilColetivo Fonte:Realizadapelaautora Figura143:MaqueteVirtual-RecepçãoHospitalVeterinário Fonte:Realizadapelaautora Figura144-MaqueteVirtual-VistaSolário
146
Fonte:Realizadapelaautora

07 07

LEGISLAÇÃO

O presente capítulo busca apresentar, de maneira resumida, uma discussão atualizada sobre a legislação e recomendações de boas práticas referentes aos ambientes de atendimento clínico veterinário, a fim de identificar parâmetros arquitetônicos ideais para esses espaços e consolidar no projeto as recomendações mais adequadas das estruturas físicas voltadas para o atendimento da saúde animal.

LEGISLAÇÃO PARA ABRIGO ANIMAL 7.2

O abrigo para animais tem como finalidade ser uma edificação na qual será destinada a espécies domésticas que se encontram abandonados na rua ou em locais em que são vítimas de maus-tratos (ROCHA, 2013). Essa edificação tem como objetivo recolher, acolher, tratar, e destiná-los para adoção.

Segundo a World Animal Protection (WSPA) o número máximo de animais num canil deve ser de 100 cães, com área aproximada de 5 m² por animal.

Segundo a Resolução CRMV nº 2455, de 28 de julho de 2015, que dispõe sobre normas para manutenção de cães e gatos sob condições mínimas de bem-estar, em criadouros comerciais, nos quais são produzidos animais destinados à comercialização, destaca-se:

A. Canis e gatis devem ter área coberta; protegida de intempéries; com revestimento de parede de material lavável e passível de higienização e desinfecção;

C. Deve ser prevista área de recreação, bem como enriquecimento ambiental nos alojamentos dos cães e gatos, com o propósito de en tretê-los e possibilitar a expressão de seus comportamentos naturais, como por exemplo, mordedores, brinquedos, esconderijos, quebra-cabeça alimentar, entre outros;

D. As unidades do gatil devem ter ambientes verticalizados, com o uso de prateleiras em alturas variáveis, e as caixas/bandejas higiênicas devem ser mantidas afastadas, pelo menos um metro, do comedouro e bebedouro;

E. As instalações do canil devem incluir salas de depósito para que os vários estoques (rações, produtos de limpeza, entre outros) sejam acondicionados separadamente, mantendo condições adequadas de limpeza e higiene, em conformidade com a legislação vigente.

F. Deve-se garantir o espaço mínimo por animal, de acordo com as recomendações ao lado:

A fim de compreender mais o espaço necessário para a concepção de um abrigo, consultou-se o guia técnico para manutenção e manutenção de abrigos e canis de 2016, desenvolvido pelo CRMV-PR após a percepção que esses espaços não haviam um padrão, levando a uma série de improvisos que acabam por causar sérios problemas aos animais abrigados.

Como estrutura mínima para um abrigo é surgerido:

1) Recepção e escritório (local de administração, atendimento ao público);

B. Os ambientes devem possuir iluminação, ventilação e temperatura ambiente adequadas, de forma a manter os parâmetros fisiológicos indica dores de conforto;

2) Quarentena (Local destinado aos animais recém-chegados que serão introduzidos ao abrigo)

As baias de quarentena devem ter área coberta, estar posicionadas em sentido oposto ao vento e separadas das demais por pelo menos quatro metros de distância. Cada baia deve ter no mínimo 2,5 m² por animal, o piso deve ser impermeável e antiderrapante, e as paredes azulejadas/impermeáveis até no mínimo 1,2m de altura. O piso deve permitir a melhor limpeza dos cantos formados.

legislação 7.1
148

3) Baias com solário

As baias devem conter uma estrutura interna coberta, feitas preferencialmente em alvenaria e com área mínima de 1,5 m² por cão. A altura das paredes pode variar de 2,5 a 2,7 metros, a cobertura deve ser de preferência feita com telhas de barro e conter um forro de PVC ou gesso; o forro é importante para manutenção da temperatura do ambiente, especialmente em regiões de clima quente. O piso deve ser de fácil higienização, impermeável e antiderrapante. Se cimentado, de preferência pintar com tinta resistente à água (Epóxi) específica para piso. As paredes devem ter superfície impermeável até no mínimo 1,2m de altura. Dentro das baias deve haver utensílio com água e uma cama ou outro instrumento confortável para descanso do animal. É importante que estes objetos sejam mantidos limpos e higienizados, proporcionando bem-estar aos animais e condições sanitárias adequadas. O solário é uma área externa anexa à baia, sem cobertura ou parcialmente coberta. A área do solário deve ser de no mínimo 2,5 m² por cão. O piso ideal deve ser de fácil higienização e, se cimentado, de preferência pintar com tinta resistente à água (Epóxi); o piso deve ainda apresentar declive de 4 a 5% em direção ao ralo, que deve ser individual e do tipo escamoteado. No caso de material não impermeável, é desejável que o piso seja de pedras ao invés de grama ou terra. As paredes devem ser de alvenaria até, no mínimo, os primeiros 40 cm de altura e o restante de telas de malha quadriculada ¾. As baias podem estar integradas através de um corredor central, o que facilita o manejo diário e a construção, bem como otimiza o espaço.

Idade Espaçomínimopor animal (ÁreaCoberta)-m²

Dodesmameaté 5meses (alojamentopara gruposdeaté7 filhotes

Gatos

Espaçomínimopor animal (ÁreaSolário)-m²

Pesodocão (kg)

Cães

Espaçomínimopor animal (ÁreaCoberta)-m²

Tabela01:Espaçomínimoporcão Fonte:CRMVSP,adaptadopelaautora

Espaçomínimopor animal (ÁreaSolário)-m²

Altura mínima - m

4) Área de Lazer

Espaçomínimo necessáriopor animaladicional (ÁreaCoberta)m² 2/grupo 2,0/animal (**)

Espaçomínimo necessáriopor animaladicional (Solário)-m² 0,3 0,5 (***

Área mínima de prateleira - m²

2,0/grupo 2/grupo 0,3/animal

Adulto 1,0/animal 2,0/animal 0,3/animal Gatil Maternidade 1,0/matriz 2,0/matriz 0,5/matriz

**semanimaisadicionais,apenasmãeefilhotes

Tabela02:Espaçomínimoporgato Fonte:CRMVSP,adaptadopelaautora

É indispensável a construção de um ou dois piquetes com grama e árvores para que os cães possam realizar comportamentos naturais e se exercitarem diariamente, ainda que em sistema de rodízio. Os animais devem permanecer nesta área ao menos uma hora por dia. Além de proporcionar estímulos físicos e mentais para os animais, o uso de piquetes/cercados estimula a interação positiva entre pessoas e cães, muito importante para socializar e reabilitar os mesmos, facilitando a adoção. A área de lazer é um espaço telado de no mínimo 4 m² por cão. O programa de controle de ectoparasitas e endoparasitas deve ser executado para evitar a disseminação de parasitas, lembrando que somente animais saudáveis podem ser introduzidos nesta área.

5) Depósito de alimentos

Os alimentos devem ser estocados em sala coberta e fechada, feita em alvenaria, com boa ventilação e iluminação. As janelas devem ser teladas e a porta mantida fechada. Os pacotes de ração devem ser armazenados em estrados ou sobre bancadas. Devem ser evitados no local materiais e produtos que possam contaminar química, física ou microbiologicamente.

6) Ambulatório

De acordo com a Resolução CFMV n° 1.015/2012, os ambulatórios veterinários são as dependências para atendimento dos animais pertencentes exclusivamente ao respectivo estabelecimento, para exame clínico e curativos. Eles devem contar, no mínimo, com: mesa impermeável; pias de higienização; arquivo médico; armário de medicamentos e materiais; e geladeira com termômetro. Os procedimentos devem ser realizados exclusivamente por médico veterinário, lembrando que em ambulatórios é vedada a realização de procedimentos anestésicos e/ou cirúrgicos e a internação.

Até5 1 4 2 5até10 4 4 2 10até20 3 4 2 20a35 3 6 2 35 4 8 2 CanisMaternidade 1-4(*) 4-8(*) 2
Espaçomínimo necessárioporanimal adicional(Solário)-m² 1 1 2 3 4 (**) *deacordocomotamanhodamãe **semanimaisadicionais,apenasmãeefilhotes
149

7) Sala de Banho e Tosa

A sala de banho deve ser de alvenaria, com piso e paredes impermeáveis, preferencialmente de cerâmica. Os equipamentos necessários são: mesa de tosa com girafa; banheira grande de fibra com regulagem de altura ou feita de outro material impermeável; ponto de água potável com opção de água quente para dias frios; secador; máquina de tosa; e cortador de unhas.

8) Setor de Sustentação

Deve ser composto por: lavanderia; almoxarifado para armazenamento de produtos de limpeza; setor de descarte de resíduos; cozinha; sanitários; e sala para descanso dos funcionários.

AMBULATÓRIO

VETERINÁRIO

Segundo a resolução nº 1275, de 25 de junho de 2019 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que conceitua e estabelece condições para o funcionamento de Estabelecimentos Médico-Veterinários de atendimento a animais de estimação de pequeno porte e dá outras providências:

Ambulatórios Veterinários são as dependências de estabelecimentos comerciais, industriais, de recreação, de ensino, de pesquisa ou de órgãos públicos onde são atendidos os animais pertencentes exclusivamente ao respectivo estabelecimento para exame clínico, realização de procedimentos ambulatoriais e vacinação, sendo vedada a realização de anestesia geral e/ou de procedimentos cirúrgicos e a internação.

Segundo o art. 4º os Ambulatórios Veterinários precisam conter, obrigatoriamente:

I - arquivo médico físico e/ou informatizado;

II - sala de atendimento com unidade de refrigeração exclusiva de vacinas, antígenos, medicamentos de uso veterinário e outros materiais biológicos;

III - mesa impermeável para atendimento;

IV - pia de higienização;

V - armário próprio para equipamentos e medicamentos;

VI - balança para pesagem dos animais.

LEGISLAÇÃO PARA HOSPITAIS VETERINÁRIOS

Segundo a resolução nº 1275, de 25 de junho de 2019 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV):

I - ambiente de recepção e espera;

II - arquivo médico físico ou informatizado;

III - recinto sanitário para uso do público, podendo ser considerados aqueles que integram um Condomínio ou Centro Comercial, onde já existam banheiros públicos compartilhados, ou, ainda, quando integrar uma mesma estrutura física compartilhada com estabelecimentos médico-veterinários; IV - balança para pesagem dos animais; V - sala de atendimento contendo:

a) mesa impermeável para atendimento; b) pia de higienização; c) unidade de refrigeração exclusiva de vacinas, antígenos, medicamentos e outros materiais biológicos; d) armário próprio para equipamentos e medicamentos.

VI - setor de diagnóstico contendo, no mínimo: a) sala e serviço de radiologia veterinária de acordo com a legislação vigente, sob a responsabilidade técnica de médico-veterinário; b) equipamentos e serviços de ultrassonografia veterinária; c) equipamentos e serviços de eletrocardiografia veterinária; d) equipamentos laboratoriais básicos para atendimento de emergência que compreendam, no mínimo, centrífuga de micro-hematócrito, refratômetro, glicosímetro, lactímetro, microscópio e fitas de urinálise.

VII - setor cirúrgico dispondo de: a) ambiente para preparo do paciente contendo mesa impermeável; b) ambiente de recuperação do paciente contendo: 1. provisão de oxigênio;

2. sistema de aquecimento para o paciente. c) ambiente de antissepsia e paramentação, imediatamente adjacente à sala de cirurgia, com pia, dispositivo dispensador de detergente e torneira acionáveis por foto sensor, ou através do cotovelo, joelho ou pé; d) sala de lavagem e esterilização de materiais, contendo equipamentos para lavagem, secagem e esterilização de materiais por autoclavagem, com as devidas barreiras físicas; e) sala de Cirurgia contendo:

1. mesa cirúrgica impermeável;

2. equipamentos para anestesia;

3. sistema de iluminação emergencial própria;

4. foco cirúrgico;

HOSPITAL VETERINÁRIO

Hospitais Veterinários são estabelecimentos destinados ao atendimento de animais para consultas, tratamentos clínicoambulatoriais, exames diagnósticos, cirurgias e internações, com atendimento ao público em período integral (24 horas), sob a responsabilidade técnica, supervisão e a presença permanente de médico-veterinário.

5. instrumental para cirurgia em qualidade e quantidade adequadas à rotina;

6. mesa auxiliar;

7. paredes e pisos de fácil higienização, observada a legislação sanitária pertinente;

8. provisão de oxigênio;

9. sistema de aquecimento para o paciente;

10. equipamentos para intubação e suporte ventilatório;

7.3
150

11. equipamentos de monitoração que forneçam, no mínimo, os seguintes parâmetros: temperatura, oximetria, pressão arterial e frequência cardíaca.

VIII - setor de internação contendo:

a) mesa impermeável; b) pia de higienização; c) ambiente para higienização do paciente com disponibilização de água corrente; d) baias, boxes ou outras acomodações individuais compatíveis com os pacientes a serem internados, de fácil higienização, obedecidas as normas sanitárias vigentes; e) armário para guarda de medicamentos e materiais descartáveis necessários ao seu funcionamento; f) sistema de aquecimento para o paciente; h) sala de isolamento exclusiva para internação de doenças infectocontagiosas;

VIX - setor de sustentação contendo:

a) lavanderia, que pode ser suprimida quando o estabelecimento utilizar a terceirização deste serviço, que deve ser comprovado através de contrato/convênio com empresa executora; b) depósito de material de limpeza/almoxarifado; c) ambiente para descanso e de alimentação do médico-veterinário e funcionários; d) sanitários/vestiários compatíveis com o número de usuários; e) local de estocagem de medicamentos e materiais de consumo; f) unidade refrigerada exclusiva para conservação de animais mortos e resíduos biológicos.

§1º A recuperação dos pacientes poderá ocorrer em ambiente próprio, no ambiente cirúrgico ou na sala de internação.

§2º A sala de lavagem e esterilização de materiais pode ser suprimida quando o estabelecimento terceirizar estes serviços, comprovada pela apresentação de contrato/convênio com a empresa prestadora dos serviços terceirizados.

LEGISLAÇÃO PARA CONSULTÓRIOS VETERINÁRIOS

CONSULTÓRIO

VETERINÁRIO

Segundo a resolução nº 1275, de 25 de junho de 2019 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que conctua e estabelece condições para o funcionamento de Estabelecimentos Médico-Veterinários de atendimento a animais de estimação de pequeno porte e dá outras providências:

Consultórios Veterinários são estabelecimentos de propriedade de médico-veterinário ou de pessoa jurídica destinados ao ato básico de consulta clínica, de realização de procedimentos ambulatoriais e de vacinação de animais, sendo vedada a realização de anestesia geral, de procedimentos cirúrgicos e a internação.

São condições obrigatórias para o funcionamento dos Consultórios Veterinários que esses possuam:

I - ambiente de recepção e espera;

II - arquivo médico físico e/ou informatizado;

III - recinto sanitário para uso do público, podendo ser considerados aqueles que integram um Condomínio ou Centro Comercial onde já existam banheiros públicos compartilhados, ou, ainda, quando integrar uma mesma estrutura física compartilhada com estabelecimentos médico-veterinários;

IV - balança para pesagem dos animais;

V - sala de atendimento contendo:

a) mesa impermeável para atendimento; b) pia de higienização;

c) unidade de refrigeração exclusiva de vacinas, antígenos, medicamentos e outros materiais biológicos;

d) armário próprio para equipamentos e medicamentos.

7.4
151

REF.

BIBLIOGRÁFICA

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ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. ABNT, 2015.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9077: Saídas de emergência em edifícios. ABNT, 2016.

ABNT, 2015. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9077: Saídas de emergência em edifícios. ABNT, 2016.

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4BIRGEL, Eduardo Harry; DEVELEY, Alexandre. Medicina Veterinária: Uma profissão abrangente. Academia Paulista de Medicina Veterinária – APAMVET, 2014.

BIRGEL, Eduardo Harry; DEVELEY, Alexandre. MEDICINA VETERINÁRIA: UMA PROFISSÃO MODERNA E ABRANGENTE. Disponível em: http://apamvet.com/boletim02.pdf. Acesso em: 17 mar. 2022

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3BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administra vas derivadas de condutas e a vidades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: h_p://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm. Acesso em: 22 abr 2022.

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