Guia Congadas SSParaíso - 2018

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são sebastião do paraíso | mg


a alma da

congada!

As dádivas que o africano deu à alma do Brasil foram imensas e inúmeras. Exemplo é a congada, também conhecida por congo ou congado, rica e bela manifestação cultural e religiosa que atravessa gerações e faz história. Em São Sebastião do Paraíso, a festa de fé, ritmos e cores; desde 1821 faz ecoar a devoção popular por meio de uma dança que representa a coroação do rei do Congo, acompanhado de um belo cortejo compassado e encenado por centenas de congadeiros e moçambiqueiros, em sua maioria gente simples e trabalhadora que faz ecoar de sua alma a voz da congada. A festa organizada pela ASESSP com amplo apoio da Prefeitura Municipal atrai milhares de turistas. Que os santos cultuados pelas congadas protejam os ternos de congo e de moçambique e a todos que participam desta encantadora manifestação de fé e cultura. E cultura, é a voz da alma. Feliz Congada! PAULO HENRIQUE DELFANTE

EDITOR


Praça Comendador José Honório, palco das Congadas em Paraíso


congo

ternos de

SABIÁ

Grêmio Folclórico Terno de Congo Sabiá

SÃO BENEDITO

Terno de Congo Anjos de São Benedito

IPIRANGA

Grêmio Recreativo Ipiranga

CANÁRIOS PARAISENSE

Grêmio Folclórico Os Canários Paraisense


CHAMBÁ

Grêmio Folclórico Terno de Congo Chambá

BELA VISTA

Terno de Congo Bela Vista

UNIÃO

Grêmio Folclórico Terno de Congo União

VETERANOS

Terno de Congo Veteranos

CAÇULAS DE PARAÍSO

Terno de Congo Caçulas de Paraíso

FILHAS DE PARAÍSO

Terno de Congo Filhas de Paraíso

NOVO MILÊNIO

Terno de Congo Novo Milênio


ternos de

moçambique ZAMBIÊ DE ANGOLA

Terno de Moçambique Zambiê de Ângola

N. S. DO ROSÁRIO

Terno de Moçambique Nossa Senhora do Rosário

SANTOS DUMONT

Terno de Moçambique Santos Dumont

DIAMANTE

Terno de Moçambique Diamante

SÃO BENEDITO

Terno de Moçambique São Benedito


congada CULTURA E RELIGIÃO

Todos conhecem a Festa da Congada em São Sebastião do Paraíso e em inúmeras outras localidades Brasil afora, com seus ternos de congo e moçambique que contagiam pelas cores e ritmos e despertam a nossa fé pela devoção de seus participantes. Mas, apesar da tradição centenária, muitos ainda perguntam, especialmente os mais jovens: o que é a congada? Então vamos ao tema. A congada é um folguedo folclórico religioso de formação afro-brasileira, em que se destacam as tradições históricas, usos e costumes de Angola e do Congo, com influências ibéricas em relação à religiosidade. É um ato que reúne elementos temáticos africanos e ibéricos, cuja difusão vem do século XVII. Em Paraíso, uma das mais expressivas festas de congada do país, a manifestação folclórica e cultural também é centenária, remontando a 1821, data da fundação do próprio município. A festa paraisense envolve centenas de congadeiros e moçambiqueiros, apaixonados pela cultura e religiosidade do congado, numa tradição familiar e de amizade que supera adversidades e se confirma a cada ano como a maior festa folclórica do município, e entre as maiores do país.


Foto: José Antônio Nogueira

Acima obra da artista paraisense Paschoalina C. Souza retrata a antiga Igreja do Rosário, ao lado a nova igreja durante cerimônia de levantamento das bandeiras. Abaixo interior da Matriz de São Sebastião em dia de missa dedicada às Congadas.


levantamento das

bandeiras A festa da Congada e Moçambique de São Sebastião do Paraíso, como acontece todos os anos, tem início oficialmente no dia 8 de dezembro, feriado municipal em função do Dia da Imaculada Conceição. No final do dia acontece uma missa de levantamento das bandeiras em louvor aos santos padroeiros.

A solenidade tem lugar no interior da Igreja Matriz de São Sebastião, com a presença do padre Rodrigo Papi, dos reis, rainhas e princesas do Congo, além dos ternos comandados por seus respectivos capitães, membros da Associação Paraisense de Defesa do Folclore Brasileiro e da comunidade em geral. Após a missa é realizada a cerimônia de levantamento das bandeiras (quadros) dos santos padroeiros: Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia, São Domingos, Santa Catarina e São Jerônimo, no lugar de costume, ao lado direito e externo da igreja, em uma cerimônia acompanhada por milhares de pessoas.


féque se

fortalece A congada é uma festa eminentemente sincrética e religiosa que acontece em louvor aos seis santos da congada, também denominados Seis Santos do Natal: Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia, São Domingos, Santa Catarina e São Jerônimo. Na prática, sua organização acontece a partir de rede de dançadores que constituem os ternos, também denominados guardas ou batalhões de dançantes.


OS SANTOS PADROEIROS DA CONGADA SÃO: Nossa Senhora do Rosário São Benedito Santa Efigênia São Domingos Santa Catarina São Jerônimo


CORES, ELEMENTOS E

significados O desfile da Festa do Congado e Moçambique é marcado por costumes e atividades próprias, a principal delas é o levantamento do mastro. Outra afiguração do congo é a dança de trança de fitas como lembrança de construção de cabanas em algumas regiões de Minas, para outros representa a travessia marítima de escravos e, para outras pessoas, pode representar também a unidade familiar, antes e após a escravidão.


As bandeiras representam cada terno e firmam a identidade do grupo. Em relação ao vestuário, os ternos de congado têm determinado tipo de cores, sejam elas por ligações por santos devocionais, por empatia e beleza ou por estarem associadas à religiosidade afro-brasileira. Algumas dessas cores são:

ROSA

AMARELO

Representa o sensível e a humildade.

Espanta o mau olhado, traz riqueza e bem-estar.

AZUL PISCINA

ROXO

Simboliza a alegria dos marinheiros aos resgatar Santa Ifigênia no fundo do mar.

Uma homenagem a São Benedito, resultante de coragem contra adversidades.

VERDE PISCINA

VERDE

Traduz a felicidade dos marinheiros ao buscar Santa Ifigênia no mar de águas límpidas.

Reflete a esperança de que as crianças, os adolescentes e os jovens adultos possam continuar com os rituais do congado.


CONGADEIRO OU MOÇAMBIQUEIRO TRANSMISSÃO DE SABERES E ATRIBUIÇÃO DE FAZERES Em Paraíso, todo mundo conhece um dançador de congo ou moçambique. Aproxima o Natal e o som inconfundível dos ternos ecoam pela cidade, anunciando que um novo tempo de esperança se aproxima. Os motivos que levam homens e mulheres a participarem dos ternos são muito distintos: a religião e tradição familiar, a devoção ao santo homenageado no dia, motivos de promessa feita pela própria pessoa ou por um de seus parentes, vontade de estar com amigos ou companheiros, etc. A escolha por um terno tem a ver com a identificação da pessoa com aquele grupo específico e isso se remete ao bairro onde mora, às pessoas que assumem o comando ou que dele fazem parte, à tratativa e ao clima de união e camaradagem entre seus integrantes, e principalmente, ao pertencimento a determinados grupos de alianças familiares. É uma festa linda, emocionante, cheia de cores e de fé popular.



Durante a festa popular da Rosário em Paraíso, assim como em outras localidades, aparece o reinado e sua corte junto aos congados, acompanhando-os em posição de honra. Reis e rainhas são os personagens mais brilhantes do congado, que não cantam nem dançam, mas são cortejados com altivez mostrando a força viva da tradição afro-brasileira. Os honrosos cargos de reis e rainhas, específicos às irmandades negras, evidenciavam a rele-


o reinado E SUA CORTE

vância das articulações e distinções étnicas. Para se entender rapidamente, os desfiles ocorridos nas festas organizadas pelas irmandades de escravos por ocasião da coroação de reis e rainhas de nação, fossem africanas ou afrodescendentes, ficaram conhecidos no Brasil por congadas. Hoje a irmandade de Nossa Senhora do Rosário em São Sebastião do Paraíso é composta pelo Rei Congo, Vice-Rei Congo, Rainha Conga, Rainha Perpétua e as duas princesas, além dos mesários.


música e dança

celebrando a

M

úsicas, toadas, melodias, habilidades de tocar os instrumentos musicais, habilidades de realizar os passos de dança ao mesmo tempo em que se toca o instrumento musical e se canta, são desenvolvidas ludicamente nos ensaios e, principalmente, nos cortejos e desfiles dos ternos pelas ruas e avenidas de Paraíso durante a congada. Todas essas são importantes formas de transmissão de conhecimento entre gerações por meio das quais os congadeiros e moçambiqueiros mais velhos se fazem conhecer e ensinam aos mais novos toda uma gama de exigências e experiências, repertórios que permitem aos dançadores que se identifiquem e se nomeiem enquanto congadeiros ou moçambiqueiros pertencentes à festa da congada. Quem não se emociona com os sons da congada? É algo que toca na alma!



fé e devoção popular numa rica manifestação cultural



CONGADO

patrimônio da

huma

O Congado segue rumo a tornarse parte do patrimônio Imaterial da Humanidade. Decisão histórica que contribui para valorização e proteção dessa importante manifestação cultural da alma afrobrasileira, a essência de nossa cultura popular. O Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, de acordo com a UNESCO, órgão das Nações Unidas, compreende as expressões de vida e tradições que comunidades, grupos e indivíduos em todo o mundo recebem de seus ancestrais e repassam a seus descendentes. No Brasil, 38 manifestações culturais imateriais já foram reconhecidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Destas, cinco estão inscritas na UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. São saberes, celebrações e formas de expressões. O Congado já está sendo objeto de análise, por proposta do IPHAN, para tornar-se Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.


anidade


paraĂ­so


tradição, fé e cultura


A Congada tem um espaço permanente no Museu Municipal Napoleão Joele, instalado na Casa da Cultura. A exposição é uma forma da preservação do Patrimônio Cultural paraisense.

legado cultural

novos olhares e adeptos

A Festa no passado teve suas especificidades e tradições inegáveis, ao ponto de se organizar e deixar às gerações futuras a identidade com a batida da caixa e do pandeiro. A História se reconstrói todos os anos em todas as Festas, não consegue se manter rígida, simplesmente porque é feita de pessoas que se transformam dia a dia. Por isso cada ano ela se manifesta de forma diferente conquistando novos olhares e novos adeptos. Podemos concluir que, pela força identitária em Paraíso, teremos a continuidade da Festa da Congada e Moçambique nos próximos anos e deixaremos essa riqueza cultural para as próximas gerações, que irão recriá-la com suas características contemporâneas, ganhando novos signos, interpretações e identidades. LUCAS CÂNDIDO DE OLIVEIRA

CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CULTURA


EXPEDIENTE

Guia Congada 2018 EDITOR: Paulo H. Delfante REALIZAÇÃO: Comunicar ARTE FINAL: Vagalume Design Criativo TEXTOS: Paulo H. Delfante FOTOS: Diego Evangelista, Paulo H. Delfante, Arquivo Prefeitura Municipal TIRAGEM: 8.000 exemplares (Distribuição gratuita)


apoio cultural


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