Pandemônio

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(pan.de.mô.nio) s.m confusão ou desordem

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contribuidores Bárbara Martins Alex Nívea

artistas

Amauri Pgs. XII, XVI, XVIII Kakao Pgs. XVII, XXII Lessa Pgs. VIII, X, XI Ju Gama Pgs. IV, V, XXII Catu Pgs XV, XXIII, XXIV

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No princípio eram sexo, drogas e rock and roll, e então disse Ian MacKaye “eu não bebo, eu não fumo, eu não fodo. Mas eu consigo pensar!” e criou-se o straight edge. Desde então, da década de 80 em Washington D.C. à atual segunda metade da segunda década do segundo milênio d.C. o straight edge ainda (r) existe, apesar das quedas, e sua crítica continua atual. Já faz alguns anos que deixou de existir uma cena sxe no Rio de Janeiro, como um nicho de pessoas, bandas, refrões e zines em um mesmo local. Porém, o straight (r)existe em algumas pessoas, como a escolha pessoal que sempre foi. O straight edge não se trata de uma vida saudável, mas de ser livre de prazeres que se tornam autodestrutivos e fazem mal à consciência e à vida de cada um. É também se posicionar de forma crítica a como pessoas próximas, nossos amores, familiares e amizades, se relacionam com drogas lícitas ou não. Pois seja em Washington na década de 80 ou na baixada fluminense, hoje, muitas vezes fazemos do que deveria ser um acompanhante ou potencializador, o nosso rolé. É disso que precimos nos afastar, é disso que o

straight edge se afasta e mostra como é possível se divertir sóbrio. Esta é a sua finalidade. E a baixada, apesar de não ter uma cena musical tão ampla e intensa como muitas pessoas gostariam, aceita, compreende e abraça mais o straight edge do que outras regiões. Seja nos bailes funk em Caxias, nos shows de hardcore punk em Nova Iguaçu, nas festas de rap de Mesquita, no rock alternativo em Queimados ou nas Rodas Culturais de Belford Roxo e São João de Meriti, haverá um straight edge que seja. Quando eu marco um x no dorso da mão, a principal forma que um straight edge tem de se identificar, eu penso em representar a certeza da possibilidade de superar nossos vícios, e de transformar nosso meio musical de motivo para viajar em uma viagem, por si só, completa. Alex

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Uma História de Samba

iniciei a minha trajetória pela Beija-Flor, Desfilei em carros alegóricos, ala coreografada e já fui passista mirim. Atualmente, sou ritmista da agremiação e isso tem sido minha grande paixão!

Meu nome é Nívea Caroline, Pela beija-Flor também partenho 24 anos e minha história ticipo de um projeto, chamado no samba vem de família. Projeto sonho do Beija-Flor, que Meu avô Walter Frutuoso (já é oferecido para jovens da comufalecido), em sua juventude foi nidade, onde tem aulas de permestre-sala da Estação primeira cussão, mestre-sala e porta-bande Mangueira e um dos fundadodeira, passista, luta e dança de res do Cacique Ramos. Meu pai salão. Além das aulas, os coore meus tios foram passistas da denadores do projeto também zeUnidos da Ponte quando crianças lam muito pela educação e estão e atualmente meu pai é diretor sempre acompanhando, querendo geral de Harmonia da União da saber como a criançada está caIlha do Governador, além de já minhando na escola. Este projeto ter feito parte da harmonia da é coordenado pela porta-bandeira Acadêmicos da Grande Rio e da Selminha Sorriso e tem também o Beija-Flor de Nilópolis. mestre Rodney que é o coordeQuando minha mãe estava grá- nador do projeto de percussão. vida, com apenas 2 meses de gra- Atualmente, a bateria da Beijavidez ela desfilou na Grande Rio, -Flor em sua maioria é formada de lá pra cá se iniciou a minha pelos jovens que participam do história no samba. E aos 7 anos projeto de percussão.

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Além da minha vivência na Beija-Flor, também faço parte da bateria da União da Ilha há 4 anos. No período de carnaval é um verdadeiro rebuliço, pois além dessas duas escolas também desfilo na escola Arame de Ricardo e Tradição, que são escolas do grupo de acesso B. O samba para mim é algo que já está enraizado e que pulsa em meu coração, no entanto, atualmente vemos que a elite quer tirar esta cultura do nosso país. O samba é um dos grandes movimentos culturais do nosso país, no qual todo ano muitas pessoas que no seu dia-a-dia são “desconhecidas” têm o seu momento para brilhar, o samba muitas vezes abre novas portas e oportunidades para os que lutam tanto tempo para ter o seu lugar ao sol, seja como passista, bailarino (o), músico, diretor etc.

guem desenvolver tão bem seu carnaval, entretanto outras que conseguem patrocínios e apoios se estruturam para chegar no tão almejado grupo especial. O samba na baixada fluminense é sem dúvida fortemente aclamado pelos seus admiradores, no entanto, também vejo que há presença do samba na zona sul entre outros lugares da high Society. Em suma, o samba era designado como coisa de “preto”, mas hoje o branco também ouve samba, o branco está no samba.

Acho que essa evolução do samba é precisa, pois é algo pertencente ao nosso país, faz parte da nossa cultura e da nossa história, o samba não é da baixada, da zona sul, do negro Algumas escolas de samba, ou do branco, o samba é de todos por falta de apoio acabam pas- nós. sando necessidade e não conse-

Nívea

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esta última já lançada no Spotify.

A Valente Records vai cativar o mundo. Como o selo de música independente de Duque de Caxias trouxe vida à própria cena. Eles tinham os amigos, tinham as bandas e curtiam muito ir aos shows da cena independente nacional que aconteciam no Rio. Esses shows, organizados e produzidos por equipes de selos musicais, fizeram com que eles – uma galera sub-18 de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense – se inspirassem a alimentar o meio cultural da própria cidade. Assim, nasceu a Valente Records, há quase um ano e com tudo que precisava para ser o que é hoje. Um selo musical serve para agrupar artistas com uma proposta em comum, o que, no caso da Valente, se dá com suas bandas fundadoras serem da Baixada Fluminense. Kasparhauser, santarosa e Ventilador de Teto formam a tríplice do catálogo atual – com

A equipe que gerencia esse projeto é composta por dezesseis pessoas entre 17 e 23 anos, que se dividem em funções desde a produção dos shows até a comunicação nas redes sociais do selo. Como de costume nos coletivos jovens que se envolvem com cenas culturais, tudo acontece de forma colaborativa e com os lucros focados em continuar promovendo os eventos. Desde o primeiro evento da Valente, em 11 de dezembro de 2016, as bandas do coletivo dividiram espaço com artistas como Vitor Brauer – grande músico da cena underground do país. Depois disso, outros nomes importantes do meio como Raça, Ventre, Baleia, El Toro Fuerte, Terno Rei e gorduratrans tocaram na Baixada Fluminense a convite da Valente. Ao trazer essas bandas para Duque de Caxias, os produtores mais jovens da cena criaram um espaço de socialização para quem não imaginava poder consumir esse tipo de entretenimento >>

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na própria cidade. Com um público fiel que sempre vai aos shows, a Valente atrai cada vez mais pessoas interessadas por eventos de música na Baixada, onde a demanda por iniciativas locais de cultura também está em ascensão. “A gente está realmente colocando Caxias no mapa”, disse Elvis Gomes, membro da Valente e integrante da Ventilador de Teto, quando se referiu ao aumento da procura por oportunidades de tocar nesse município com auxílio do selo. Dar espaço para novos artistas também faz parte do conjunto de valores promovidos pelo coletivo, que sempre procura incluir outros artistas independentes nos line-ups dos eventos. Segundo Mirella Souza, uma das produtoras e idealizadoras da Valente, no início a ideia parecia ser uma espécie de hobby para os membros, mas conforme

o aumento da proporção do projeto, todos assumiram uma postura mais séria em relação ao papel do selo na cena musical independente. Isso se refletiu na qualidade da organização dos eventos e rendeu um elogio da banda veterana gorduratrans em sua conta no Twitter: “@valenterecords dando de zero a dez em muito produtor macaco velho por aí”. Mirella acredita que, com todos os amigos da Valente conquistados pelo Brasil, a Baixada ainda vai se espalhar por território nacional em turnês futuras do selo. Afinal, toda burocracia e assuntos de “gente grande” que estão envolvidos na produção cultural não assustaram os membros. A pouca idade e a falta de experiência também não. Ao que parece, não poderiam ter escolhido tempo, espaço nem um nome melhor.

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