Lição de Vida - 100 histórias inspiradas no programa apresentado por Paulo Alexandre Barbosa

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Li莽茫o de Vida 100 hist贸rias de vit贸ria inspiradas no programa apresentado por Paulo Alexandre Barbosa


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Lição de Vida

Título: Lição de Vida, 100 histórias de vitória inspiradas no programa apresentado por Paulo Alexandre Barbosa Autor: Paulo Alexandre Barbosa Organizadoras da obra: Renata Ferrarezi e Viviane Pereira Editoras: Cristiana Negrão e Renata Ferrarezi Assistente Editorial: Jocelma Cruz Fotografia: Renata Ferrarezi Revisão: Lilian Miyoko Kumai e Patricia Bernardo de Almeida Projeto Gráfico: Celeiro.BMD® Ilustração: Osvaldo da Silva DaCosta

Editora Canção Nova Rua São Bento, 43 - Centro 01011-000 São Paulo SP Telefax [55] (11) 3106-9080 e-mail: editora@cancaonova.com vendas@cancaonova.com Home page: http://editora.cancaonova.com Todos os direitos reservados. ISBN: 978-85-7677-209-5 © EDITORA CANÇÃO NOVA, São Paulo, SP, Brasil, 2010


Paulo Alexandre Barbosa

Lição de Vida 100 histórias de vitória inspiradas no programa apresentado por

Paulo Alexandre Barbosa

1ª edição

São Paulo Editora Canção Nova 2010

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Dedic 6

Lição de Vida


catória Paulo Alexandre Barbosa

A minha eterna gratidão ao Monsenhor Jonas Abib, ao Eto e à Luzia

Santiago, que me proporcionaram a oportunidade de integrar o contexto de

evangelização do Sistema Canção Nova de Comunicação e de enriquecer a minha vida e o meu espírito por meio da apresentação do Programa Lição de Vida; à Glaucya Tavares pela confiança; à equipe técnica e de produção da TV Canção Nova pelo empenho e a todas as pessoas e entidades sociais que compõem este livro pelas lições de amor e solidariedade. Dedico este livro ao fundador desta grande obra, Monsenhor Jonas Abib, a toda família Canção Nova, em especial aos sócios evangelizadores, sem os quais nada seria possível.

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Sum 8

Lição de Vida

Sumário

12 Prefácio

14 Introdução

00 Programas gravados em 2007 16

Associação Equoterapia – O conhecimento aliado à natureza

18

Associação Comunitária Despertar – Amor para mudar o mundo

20

Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto – Acreditando para fazer sempre mais

22

Associação Educacional e Assistencial “Casa do Zezinho” – Devolvendo o direito de sonhar

24

Lar das Moças Cegas – Abrindo portas para um novo mundo

26

Projeto Jovem Profissional – Educação para o trabalho

28

Projeto Arrastão – Fazendo o bem

30

Casa Cactos – Devolvendo a liberdade

32

Associação Cultural Poder Negro – A força de um sonho

34

Associação da Casa dos Deficientes de Ermelino Matarazzo – ACDEM – A felicidade de ajudar

36

Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer – GRAACC – Apoio e alegria para as horas difíceis

38

Jockey Instituição Promocional – JIP – Oportunidade de vida aos jovens

40

Casa da Esperança de Cubatão – Cuidando com carinho

42

Casa do Sol – Um lugar para o bem viver

44

Obra Social Dom Bosco – Um presente divino

46

BRASCRI – Construindo relacionamento

48

Associação de Amigos dos Autistas – AMA – Trabalhando com amor

50

Associação Casa da Criança – Bom filho a casa torna

52

Casa Vó Benedita – Dedicação que muda vidas

54

Projeto Tesourinha – Das palavras à ação

56

Lar de Assistência ao Menor – LAM – Grandiosidade de abrigar os pequenos

58

Fundação Cafu – Alimentando sonhos

60

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE Cajamar – Ajuda de coração aberto

62

Especial de Natal com Lu Alckmin – Amor em cada ação

66

Especial de Ano Novo na Fundação Pagoba – Construindo hoje um novo amanhã


mário

Paulo Alexandre Barbosa

Programas gravados em 2008 70

Comunidade Assistencial Irmãos de Emaús – Casa Abrigo – A chance de recomeçar

72

Casa Crescer e Brilhar – Um novo lar

74

Fundação Educacional e Cultural de Praia Grande – Agindo pelo bem estar

76

República da Vida – Fé na caminhada

78

Unidade Vicentina Promocional – Repouso para a terceira idade

80

Creche Lar Padre Vita – Preservando as crianças

82

Casa do Amor Fraterno – Vontade de mudar o destino

84

Associação Assistencial Nosso Lar de Fernandópolis – Uma grande família

86

Obra de Serviço Social Pio XII – Presença Divina em todo lugar

88

Especial Dia Internacional da Mulher com Mônica Serra – Força feminina

90

Lar dos Velhinhos – Lugar para viver feliz

92

Centro Educacional Catarina Kentenich – Trabalho que nasceu de um sonho

94

Associação dos Amigos da Criança com Câncer ou Cardiopatia – AMICC – Uma nova família

96

Lar Nossa Senhora da Salette – Recuperando o prazer de viver

98

Recanto Vida – O resgate da dignidade

100

Creche Jesus de Nazareth – Servindo para transformar

102

Casa João Paulo II – A garantia de novas perspectivas

104

Associação de Amigos e Moradores de Áreas Verdes – AAMAVI – Cidadania para promover felicidade

106

Recanto Colônia Veneza – Promovendo união e harmonia nas famílias

108

Especial de 1º aniversário do Lição de Vida com o Eto da Canção Nova – Vencendo desafios

110

Posto Médico Padre Pio – A humanização da saúde

112

Instituto Canção Nova – Construindo homens novos para um mundo novo

114

Projeto Geração Nova – Progen – Comunicar como ato divino

116

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE Bertioga – Exemplo de persistência

118

Grupo de Apoio a Criança – GAC – Descobrindo o tesouro dos pequenos

120

Casa Abrigo Madre Assunta Marchetti – Abrigando gerações

122

Serviço Social Bom Jesus – Clube da Turma M’Boi Mirim – Criando um novo cenário

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Sum 10

Lição de Vida

124

Associação Prato de Sopa Monsenhor Moreira – Do assistencialismo à geração de renda

126

Especial Dia dos Pais – Amor paterno

128

Associação Beneficente Nossa Senhora de Guadalupe – Vidas renovadas

130

Projeto Educacional de Conscientização e Educação – PROECO – Apontando caminhos para a juventude

132

Gravação com a vencedora da promoção “Eu ajudo a construir homens novos para um mundo novo” – Momentos especiais, pessoas especiais

134

Centro de Capacitação Comunitária – CEC – Qualidade de vida para as famílias

136

Casa de Emaús – Comunidade que acolhe

138

Creche São Miguel Arcanjo – Vivenciando a caridade

140

Casa da Esperança de Santos – Uma atenção especial

142

Grupo Amigo do Lar Pobre – GALP – Preparando para a vida

144

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE São Vicente – Fé e realização

146

Lar da Bênção Divina – União para transformação

148

Especial de Natal com o Pauê – Exemplo de superação

152

Especial de Ano Novo com Elza Batalha – Nunca é tarde

Programas gravados em 2009 156

Núcleo de Amparo a Criança e Adultos com Câncer – NACAC – Estímulo para lutar com alegria

158

Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro – CAMP – Futuro promissor

160

Estrela da Mama – Força para vencer o medo

162

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE Atibaia – Uma ação elevada

164

Projeto Quixote – Da rua para a vida

166

Associação Poiesis – Experiência que faz a diferença

168

Associação Beneficente Nossa Senhora do Bom Conselho e São Luis Gonzaga – Devolvendo a força para a batalha cotidiana

170

Instituto Arte no Dique – A perfeita expressão da arte

172

ONG Pró-Viver – Uma fábrica de sonhos

174

Centro de Aprendizagem Cultural e Profissional do Perequê – Oferecendo oportunidades

176

Projeto Anjos do Senhor – Um chamado de Deus

178

Instituto Esporte & Educação – Mudando rumos

180

Instituto Neo Mama – Apoio amoroso

182

ONG Tia Lucia – Fazendo a sua parte

184

ONG Grupo da Solidariedade – Quando a dor vira amor

186

Liga Solidária – Formando novos cidadãos


mário

Paulo Alexandre Barbosa

188

Fundação Gol de Letra – A arte de realizar sonhos

190

Instituto São José – Ação pelas crianças

192

Associação Projeto TAM TAM – Inclusão pela arte

194

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais- APAE Cubatão – Superando limites

196

Vila Ponte Nova Instituição Promocional- VIP – A mulher que plantou esperança

198

Instituto Evolução – Sonho realizado

200

Instituto Dom Bosco – Formando a juventude

202

Creche Comunitária Cantinho da Criança – Proteção e aconchego para as crianças

204

Assistência Vicentina da Ilha de Santo Amaro – Promovendo alegria aos idosos

206

Educandário Anália Franco – Abrigando com o coração

208

A Alternativa – Oportunidade especial

210

ONG Cia. de Artes Tribus – Um convite à imersão no mundo da arte

212

Especial com a secretária de Assistência Social do Estado de São Paulo, Rita Passos – Cuidando do terceiro setor

214

Creche Padre Lucio Floro – Preparando o amanhã

216

Projeto Cubatão Sinfonia – Música abrindo caminhos

218

Associação Beneficente Maria da Paz – Bondade sem fronteiras

220

Creche Menino Jesus – Educação por um mundo melhor

222

Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça – Referência em responsabilidade social

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Prefá 12

Lição de Vida

RESGATE, UMA LIÇÃO DE VIDA

Durante seis anos da minha vida missionária, vivenciei uma experiência fantástica, apresentando o programa ‘Resgate Já’ pela TV Canção Nova. As gravações ocorriam todas as quartas-feiras em lugares nos quais o ser humano é chamado a um estado constante de superação, lugares como: presídios de segurança máxima, casas de apoio aos soros positivos (HIV) em fase terminal, casas para menores abandonados, idosos, bebês com síndromes etc... Esta trajetória me proporcionou um amadurecimento espiritual missionário, pois tive a oportunidade de tocar na essência do ser humano e da misericórdia de Deus, através daqueles que por algum motivo conheceram o fracasso. Por meio do programa, pude dar visibilidade nacional às obras sociais maravilhosas que receberam a solidariedade de muitas partes do Brasil e, é claro, contagiar muitas pessoas a fazerem parte dessa corrente do BEM.

Vivi essa experiência tão intensamente que Deus me presenteou com uma grande inspiração: depois de ver tanta gente lutando para recuperar um tempo perdido e/ou pagando um preço muito alto pelos erros de percurso, Deus colocou em meu coração “ENSINA ESSE POVO A DIZER NÃO AO PECADO PARA QUE NÃO NECESSITEM PAGAR NO PRÓPRIO CORPO POR AQUILO QUE JÁ PAGUEI NO MEU!”. Assim nasceu a frase “POR HOJE EU NÃO VOU PECAR”, e a sigla “ PHN”, que se tornou o maior movimento atual da juventude no Brasil, chegando a reunir na sede da Canção Nova, comunidade católica carismática em Cachoeira Paulista, cerca de 150 mil jovens, num encontro anual que representa a sede que a juventude tem de fazer a coisa certa. Esta corrente também tem sido levada aos jovens por meio dos programas de TV, rádio, Web TV, shows, blogs, twitter, entre outros meios. Minha alegria hoje é saber que o programa o qual originou tudo isso está tendo continuidade com meu amigo e parceiro nessa linda história de superação e inspiração, Paulo Alexandre Barbosa, que apresenta o mesmo formato de programa, porém com o nome “Lição de Vida”. Na condição de homem público, ele tem


ácio

Paulo Alexandre Barbosa

feito um trabalho maravilhoso, pois além de apresentar o programa, assim como eu o fiz durante seis anos, também orienta e ajuda concretamente as entidades visitadas. É bom ver que um homem bem formado, com uma família fantástica, a qual eu tive a chance de conhecer pessoalmente e que possui um histórico também de superação, traz em si uma sensibilidade ao sofrimento do próximo. Vejo que se trata de um plano fantástico de Deus se realizando na vida de alguém que resolveu se lançar em uma aventura que desinstala o homem, impulsionando-o a ir em direção ao próximo. E uma vez capacitado pelo próprio Deus, por onde passa e em todos os projetos que realiza, deixa a marca dos que foram chamados para fazer a diferença num mundo tão necessitado de exemplos de atitudes sinceras e honestas, e de preferência direcionada aos mais necessitados. Esse livro mostra a ação contínua do bem na vida de pessoas que se tornaram alvos da misericórdia e também outras pessoas que são ferramentas nas mãos de Deus para que o bem nunca deixe de ser um objetivo a ser buscado por todos os homens. Estou feliz em ver que aquilo que comecei, hoje se dá em continuidade na vida e através da vida desse homem talhado pelo exemplo de seus pais e lapidado pelas intervenções de Deus no caminho trilhado. Que o ‘Resgate’ e as ‘Lições de Vida’ continuem a acontecer através de homens e mulheres relatados nesse livro e que o mundo se contagie com a caridade que Deus plantou no coração de todo ser humano. Parabéns, Paulo Alexandre Barbosa. Estamos unidos pela força do BEM!!!

Dunga, missionário da Comunidade Canção Nova, PHN pela TV Canção Nova

cantor e apresentador do

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Introd 14

Lição de Vida

introdução

Este é um livro de história.

Em tempos de outrora, havia a estória e a história. A primeira referia-se aos contos, fábulas, ensinamentos repassados através das gerações. A segunda explicava os fatos, cronologicamente, dentro de um contexto político, econômico e social. O sentido de uma nos induzia à compreensão da outra.

As melhores estórias nem sempre ilustraram as páginas da história. Sabemos que a palavra da história fica um pouco mais ao lado daqueles que venceram suas disputas e impuseram seus interesses.

Nossa rica língua portuguesa houve por bem unificar a palavra, agregando-lhe ambos os sentidos. Ao escrever essa introdução, sinto a ausência daquela que mais combinava com as verdadeiras lições de vida.

As páginas seguintes apresentam personagens anônimos, protagonistas de fatos que merecem entrar para a história, sob o signo da Paz. Nosso cotidiano nem sempre permite o registro, e talvez a percepção, dos acontecimentos mais sublimes. Certamente, a simplicidade desses personagens não atrai a atenção da massa, pois sobre eles não recai a luz da exposição.

Melhor assim. Os grandes exemplos de dedicação, generosidade, coragem e realização são construídos sob o manto da discrição de homens e mulheres, fiéis ao pensamento de Santo Agostinho, que amaram sem medida e assim encontraram a medida do amor. O conteúdo de tais obras, entretanto, não merece resguardo,


dução Paulo Alexandre Barbosa

mas serve de motivação para o surgimento de novos personagens de mesmos ideais, exatamente como nos ensinou Jesus na passagem retratada por São Mateus (5,15) “Não se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma caixa, mas sim no candelabro, onde ela brilha para todos os que estão em casa.”

Este é o objetivo principal do livro. Retratar, ainda que em linhas gerais, a fábula de personagens reais, que modificaram o mundo ao seu redor, melhoraram as suas condições pessoais, desenvolveram suas potencialidades e nos deixam uma mensagem de otimismo e fé na capacidade de superação do ser humano.

Nosso programa “Lição de Vida”, exibido pela TV Canção Nova, desde 2007, coleciona esses aprendizados e os multiplica levando-os ao lar de milhares de pessoas. Agradecemos ao Monsenhor Jonas Abib, ao Eto e à Luzia, por esta grande oportunidade de poder testemunhar os resultados proporcionados pelo trabalho das pessoas que participaram do programa e nos servem de exemplo para o crescimento pessoal.

Agradeço também pela colaboração das jornalistas Renata Ferrarezi e Viviane Pereira, grandes personagens na história deste livro.

Bons Exemplos!

Paulo Alexandre Barbosa

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Lição de Vida Associação Equoterapia - Santos

O conhecimento aliado à natureza O que poderia ser um sonho impossível tornou-se realidade com as atitudes de uma pessoa que ousou fazer o que era possível para ajudar. Formada em pedagogia para excepcionais, a pedagoga Daniela Perrí sempre teve muito interesse e uma ligação forte com cavalos. Quando soube que havia um pessoal em São Paulo utilizando esses animais para tratar crianças com deficiência, resolveu conhecer o projeto e foi trabalhar como voluntária. Surgiu uma possibilidade de estágio em equoterapia em Milão e na Suíça e Daniela foi com um grupo. “Na Europa, o tratamento é muito difundido. Na Suíça, pouco se vê consultório de psicologia; o trabalho é muito feito ao ar livre e com cavalos. Lá eu enxerguei melhor minha área, como pedagoga, dentro da equoterapia”, conta. Depois dessa experiência de três meses conhecendo o trabalho fora do país, Daniela retornou ao Brasil decidida a levar essa alternativa para sua região, onde montou os centros de equoterapia em Santos e São Vicente. “Conseguimos essa realização porque o trabalho foi amparado por pessoas que se sensibilizaram. É importante as pessoas voltarem um pouco o olhar e ajudar a quem precisa”, diz a pedagoga. O trabalho coordenado por Daniela ajuda pessoas como Tiago, que tem deficiência e, pela segunda vez, passou pelo tratamento de um ano. Já entrosado com os animais, o menino vai de baia em baia dando comida na boca dos cavalos, fazendo carinho. “Eu sou corajoso, mas quando vou dar comida para os cavalos, digo a eles: ‘calma, calma que eu não vou fazer nada’. Também converso com eles quando ando”, conta Tiago, que adora a equoterapia. A mãe do garoto, Anália, revela que o filho é audacioso e nunca teve medo, nem na adaptação. “Eu é quem ficava com medo no começo”, revela Anália, que cita os principais benefícios conquistados por Tiago. “Melhorou muito o equilíbrio dele e tanto em casa quanto na escola melhorou a atenção, além de ajudar para a cirurgia que ele precisou fazer de alongamento do tendão. Até o comportamento dele melhorou”, comemora.

“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível.” São Francisco de Assis


Paulo Alexandre Barbosa

Método terapêutico que utiliza cavalos nas abordagens de educação, saúde e equitação, a equoterapia é usada para tratamento de portadores de necessidades especiais. Trazida para o Brasil há mais de uma década por um grupo do Exército de Brasília, que foi ao exterior aprender a técnica, a equoterapia chegou à Baixada Santista em 1997, em São Vicente. A entidade foi criada em 2000, sendo inaugurado em 2004 o centro de Santos, onde são atendidos anualmente 72 crianças e jovens, de 3 a 19 anos. Depois de um ano de tratamento, novos alunos são chamados para participar, fazendo um rodízio. Daniela Perrí explica que com esse tempo é possível trabalhar aspectos importantes do desenvolvimento, fixando o aprendizado. Assim, quando as crianças voltam, pelo sistema de rodízio, o tratamento segue de onde tinha parado. “Quem já fez o trabalho em anos anteriores começa outro processo, com maior autonomia sobre o cavalo, conduzindo sozinho; nessa fase, junto com a reabilitação, eles aprendem técnicas de equitação.”

“Atendemos crianças com comprometimento neurológico, comprometimento motor, síndromes e sequelas de meningite, entre outros casos. Elas se inscrevem na prefeitura e nossa equipe faz a seleção. É um trabalho que exige envolvimento. Nossa diretoria é toda voluntária.” Clarice Esteves, Presidente

“O primeiro ponto para tratar o cavalo é ter amor pelo animal, precisa passar carinho. Eu chego de manhã, trato, lavo, limpo a baia dele e depois monto, passo trote e galope para que fiquem mais calmos para a equoterapia.” Maciel Moreira, Tratador de Cavalos

Associação Equoterapia - Santos Local: Avenida Francisco Manoel, s/nº Jabaquara- Santos (SP) Fundação: 2004 Contato: (13) 3221-7706 Site: www.associacaoequoterapia.com.br Programa exibido em: 25/05/07

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Lição de Vida Associação Comunitária Despertar

Amor para mudar o mundo Quem ama ao próximo como a si mesmo ajuda não só ao outro, mas traz benefícios para sua própria vida. O amor ao próximo possibilita que sejam realizadas grandes transformações, como as que acontecem diariamente na Associação Comunitária Despertar. Testemunha das mudanças trazidas por esse amor, Cleusa, ex-aluna da entidade, fez vários cursos, como modelagem e costura, o que lhe permitiu conseguir um sustento. Estabilizada financeiramente, passou a ensinar, compartilhando o que aprendeu e transmitindo o amor recebido. A Despertar transformou também a vida de Maria do Carmo, ex-aluna que aprendeu na entidade diversos tipos de artesanato, como bijuteria, bordado em pedraria, tricô etc. Com o dinheiro conquistado com a venda dos produtos, ela conseguiu realizar um antigo sonho: visitar a mãe, a qual Maria do Carmo não via havia dez anos, em Salvador. A filha pagou as passagens e se manteve na cidade com o dinheiro que conseguiu com seu trabalho. Além de gerar renda com o artesanato que aprendeu a fazer nos cursos promovidos pela entidade, Neusa conquistou um bem mais precioso: a vontade de viver. Depois de aposentada, ela começou a entrar em depressão, sentia-se desanimada. Foi na Associação que encontrou a motivação que precisava, tornando-se frequentadora assídua: faz dança de salão, ginástica, alongamento. Às amigas que têm problemas em casa ou depressão, Neusa não hesita em recomendar que frequentem a entidade, para que elas despertem para um novo mundo, transformado pelo amor.

“Ame ao próximo ou porque ele é bom ou para que ele se torne bom.” Santo Agostinho


Paulo Alexandre Barbosa

Essas histórias e tantas outras ilustram como o amor ao próximo pode trazer à tona o bem que o outro tem para oferecer. Esse foi o vislumbre que a idealizadora dessa instituição, Milú Villela, teve quando pensou que gostaria de desenvolver alguma atividade na área educacional, com arte, cultura e formação, para ajudar comunidades carentes da Zona Sul de São Paulo. A entidade, que atende cerca de 3 mil pessoas por ano, promove cursos de formação profissional para adultos, ajudandoos a encontrar uma forma de geração de renda, e para adolescentes, auxiliando-os na iniciação profissional, facilitando sua inserção no mercado de trabalho. A família também é amparada com a creche da associação, na qual as crianças podem participar de atividades esportivas e culturais. Um dos destaques da Despertar é o Projeto Sociocultural Charanga, uma orquestra de percussão onde os jovens aprendem sobre várias tradições brasileiras, além de ter aulas sobre consciência, cidadania e musicalidade. A orquestra faz várias apresentações, recebendo destaque nacional e internacional.

“Nesse trabalho observamos que não há grandes problemas para realizá-lo; basta que alguém realmente tenha o desejo de oferecer algo à comunidade, que venha somar conosco. É possível implantar um trabalho assim através de soluções simples – não precisa ostentar muito e nem de grandes aparatos. Basta oferecer para a comunidade o que ela tanto necessita.” Nanci Marilena Marques Pereira Gorni, diretora

“Uma coisa que acontece no comportamento do jovem é a questão A gente os tira da ociosidade, de só ficar na escola;

da integração.

muitas vezes eles ficam na rua e no lugar disso colocamos uma atividade cultural, que traz uma brasilidade pra dentro da cabeça dele, pra poder afastar um pouco do consumismo americano. lado artístico.

Associação Comunitária Despertar Local: Rua Antonio Machado Sobrinho, nº 220 Jardim Villas Boas- São Paulo (SP) Fundação: 1994 Contato: (11) 5621-0901 Site: www.despertar.org.br Programa exibido em: 01/06/07

Outro ponto bom é a educação, que é dirigida não

só ao profissionalismo, mas para a parte educacional e esporte também.

“As alunas passam pelo curso de aperfeiçoamento e, depois que terminam, selecionamos algumas para atuar na produção. Elas vão produzir materiais e poderão gerar suas rendas.” Maria Cardoso, coordenadora pedagógica

Então,

damos um objetivo para a vida deles, um objetivo voltado para o

A gente está mudando coisas concretas, dando uma vida

melhor, mais saudável, com mais educação, uma vida com mais cultura, com mais relação cultural brasileira.”

Maurício Alves de Oliveira, professor responsável pelo projeto Charanga

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20

Lição de Vida Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto

Acreditando para fazer sempre mais Acreditar que tudo é possível é o primeiro passo para realizar. Gilberto voltou a acreditar no seu potencial, na sua vida, quando atravessou as portas do Centro Comunitário São Martinho de Lima, uma das 57 unidades do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto. Morador de rua, Gilberto foi buscar um pouco de comida, um teto e, quem sabe, alguma esperança na entidade que acolhe moradores de rua. Ficou assim alguns meses, frequentando o centro, e logo começou a ajudar na cozinha. Mostrou que era bom no serviço e por isso foi chamado para trabalhar: no começo, ganhou uma bolsa e, com o tempo, foi oficialmente contratado, com carteira assinada. Gilberto tornou-se o chefe da cozinha, responsável por preparar a refeição das mais de 500 pessoas que passam diariamente pela casa. Por ter frequentado a casa, ele sabe muito bem a importância que aquela comida tem para cada um dos que chegam ali procurando auxílio – muitas vezes a única refeição que terão em dias. Por isso, faz tudo com muito carinho; sua alegria é chegar e ver as pessoas esperando sua comida, apreciando, elogiando. “Isso dá uma grande alegria. Elaboramos cada dia um cardápio diferente, com muita higiene e carinho. Tem comida para todo mundo e para todos gostos.”

“Pois todo aquele que pede recebe, quem procura encontra, e a quem bate, a porta será aberta.” (Mt 7,7)


Paulo Alexandre Barbosa

A grandiosidade é a principal marca dessa obra criada na Zona Leste de São Paulo por iniciativa de um grupo de senhoras católicas, com apoio de Dom Luciano Mendes de Almeida. Uma das maiores obras sociais da capital paulista, o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto reúne 57 unidades de atendimento, que acolhe pessoas de várias idades e com diferentes necessidades. São realizados mais de 8 mil atendimentos, envolvendo cerca de 1 mil educadores. A orientadora pedagógica responsável por toda obra do centro social, Sueli, explica que a equipe está distribuída em todas as unidades, mas há formações mensais para disseminar os valores e a missão da organização. A entidade atende crianças de 0 a 6 anos nos centros educacionais infantis – creches –, de 6 a 15 anos nos centros educacionais comunitários, jovens nos centros pré-profissionalizantes e idosos nas casas-lares. Há ainda centros para atender a população de rua. Referência em atendimento, a entidade já ganhou inúmeros prêmios.

“Trabalhamos com o portão aberto para atender a todos. Esse é um dos nossos diferenciais. Nossa única exigência ética é o respeito à vida e à comunidade. A casa tem a tradição de acolher a todos e tem como fator principal a pedagogia da convivência e a hospitalidade. É a metodologia do nosso trabalho. Temos atividades socioeducativas, há o grupo de leitura, o espaço cidadão, reflexão ecumênica, oficina de panificação. É um espaço alternativo ao da rua. Aqui os moradores de rua encontram acolhimento, hospitalidade, convivência. É um espaço onde eles se encontram. Vemos o resultado tanto na aparência física quanto nos que conseguem deixar a situação de rua. Em média são 70 por ano que voltam para a família. Há muitos casos de pessoas que passaram a trabalhar conosco.” Sandro, coordenador do Centro Comunitário São Martinho de Lima

“Para nós é importante cuidar não só do desenvolvimento da criança, mas também propiciar uma relação de vínculo com a família, procurando o bem-estar dessa criança. Temos encontros mensais com os familiares para nos mantermos próximos e favorecer não só a criança, mas a família em geral.” Sueli, orientadora pedagógica da entidade

Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto Centro Comunitário São Martinho de Lima Local: Rua Siqueira Bueno, nº 667- Belenzinho- São Paulo (SP) Fundação: 1946 Contato: (11) 6696-3200 Site: www.acolhe.org.br Programa exibido em: 08/06/07

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Lição de Vida Associação Educacional e Assistencial “Casa do Zezinho”

Devolvendo o direito de sonhar Vontade de lutar foi o que mais motivou a pedagoga Dagmar Garroux, a agir, indignada com a situação de crianças e jovens carentes. Sua história de batalha começa na década de 1970, época da ditadura militar, quando a TV entrou na favela e começou a levar sonhos consumistas para jovens sem poder aquisitivo para comprar o que a TV estimulava. “Todo mundo via na TV uma criança comendo iogurte, escrevendo com canetinha especial, usando tênis. O jovem da favela queria participar dessa história, então o pai começa a perder a autoridade e eles começam a roubar dentro da comunidade e criar o grupo de extermínio”, recorda Dagmar, a tia Dag, como é carinhosamente chamada. “Eles colocavam no poste dentro da favela a relação de nomes das pessoas que iam morrer em sete dias – eu estou falando de crianças de 11, 12 e 13 anos.” Dagmar começou a esconder as crianças marcadas para morrer em sua casa – logo a casa começou a ficar pequena e foi preciso adquirir um imóvel. Ela notava que as crianças – filhos de negros, de índios, de imigrantes – tinham perdido sua cultura e, por isso tentava mostrar-lhes suas origens. A pedagoga conta que se uniu com cinco amigas da USP, todas com o desejo de mudar o país através da educação, e criaram a casa do Zezinho, com sete “Zezinhos”. “Nossa grande preocupação é com o menino que está preso em gueto. Você pergunta para algum menino de periferia: ‘Você é brasileiro?’ Ele responde: ‘Não.’ ‘Paulistano?’ ‘Não.’ ‘Paulista?’ ‘Não’. Então ele é periferia, ele perde a identidade primeira que é o direito civil”, diz Dagmar explicando que o objetivo da casa é fazer esses meninos atravessarem a ponte para a sociedade. “Esse jovem foi o país quem criou e agora o jovem é problema. Jovem para mim é solução; por meio do jovem vêm as grandes mudanças. Já que somos um país democrático, tem que ter democracia na educação, democracia na saúde, na moradia. Em tudo meu jovem tem que estar na mesma condição que o jovem de classe média: para competição, para o mercado de trabalho, para o que ele quer ser.” Esse é o trabalho que Dagmar desenvolve há mais de 30 anos. Esta é a missão da Casa do Zezinho: devolver a esses jovens o direito de sonhar e a esperança de um dia vencer.

“Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer.” Santo Agostinho


Paulo Alexandre Barbosa

Criada para abrigar crianças e jovens de baixa renda, a Casa do Zezinho recebe hoje mais de 1200 pessoas, de 6 a 21 anos, na sede própria que tem área construída de 2.900 m². A entidade oferece várias opções de aprendizagem, com mais de 18 oficinas e ateliês de arte, quadras poliesportivas, piscina, refeitório, padaria, cabeleireiro, auditório, ambulatório médico, consultório dentário e horta. Há oficinas de capacitação profissional, orientação em saúde e atendimento às famílias, entre outras iniciativas. “O jovem tem muita energia positiva que precisa ser canalizada e com ações como as oficinas de mosaico e esporte, realizadas na casa, a gente consegue direcionar este jovem para o caminho do bem”, conta a tia Dag.

“Na Casa do Zezinho a primeira coisa que fazemos é olhar, observar, cheirar, ouvir. Esse é o nosso primeiro ato. Afeto e carinho são muito importantes aqui e a equipe toda acredita neste projeto e vê resultados.

Hoje tenho mais de 50 Zezinhos em faculdades, Zezinhos com pós-graduação, temos Zezinhos fazendo pedagogia porque querem

Casa do Zezinho. Esta semente foi jogada e brotou; não é mais meu sonho: é o sonho de uma comunidade inteira.” Dagmar Garroux, presidente e fundadora

“Comecei aqui na casa com 12 anos, como Zezinho, e aos 16 me tornei voluntário da sala de informática. Fiquei dois anos e passei a ser educador – dei aula por quatro meses, até surgir uma oportunidade no banco, onde já trabalho há quase um ano. Agora venho todo sábado fazer trabalho voluntário.”

Marcio Gieso Rodrigues, ex-aluno

ser educadores da

“Estamos trabalhando como será nosso futuro, pensando nesta questão

“No mosaico eles focam a atenção no momento. A cada caco que colocam é um pedaço da sua vida; eles juntam suas experiências nesses pedaços e, criando coisas novas, eles criam novas possibilidades para suas vidas.” Ana Maria Sandoval, professora da oficina de artes

do meio ambiente para criar pessoas conscientes desde agora. mudar este futuro.”

Assim vamos

Vivian Venâncio Santana Souza, educadora social

Associação Educacional e Assistencial Casa do Zezinho Local: Rua Anália Dolácio Albino, nº 30 Parque Maria Helena- São Paulo (SP) Fundação: 1994 Contato: (11) 5512-0878 Site: www.casadozezinho.org.br Programa exibido em: 15/06/07

“A família pode ter, na Casa do Zezinho, uma referência de apoio, de acolhimento, de escuta, de respeito e não de julgamento; então ela se dispõe a rever as próprias atitudes no desafio que é educar, vem fazer parte desse processo e começa a se perceber, podendo intervir na própria his-

tória, no próprio destino e entender que a

dificuldade, seja ela de que ordem for, pode

sofrer todo tipo de intervenção possível. Eles vão descobrindo a possibilidade de serem autores da própria história, do próprio caminho e podem reescrever quantas vezes for preciso.”

Ana Beatriz Fernandes Nogueira, coordenadora

pedagógica

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Lição de Vida Lar das Moças Cegas

Abrindo portas para um novo mundo Saber viver é saber recomeçar, superar os obstáculos da vida e sorrir, buscando a felicidade onde quer que ela esteja. Acreditar que sempre é possível, porque a vida pode surpreender com uma boa oportunidade, uma chance de reaprender a ler o mundo ou com um grande amor. Milena Ribeiro Simões perdeu a visão aos 19 anos, por causa de diabetes. Ela precisava redescobrir a vida, recuperar sua independência e procurou o Lar para começar uma nova etapa. “Comecei a fazer os cursos e me adaptar. Uma das coisas mais importantes que eu aprendi foi andar com a bengala, ter a minha independência, porque a bengala ajuda muito”, conta a moça, com 24 anos. Além da independência reconquistada, Milena conquistou no Lar também um grande amor, quando conheceu Gilmar Ribeiro dos Santos, ex-aluno e professor da entidade. Ela descobriu que a felicidade vem para todos, independentemente das dificuldades enfrentadas. “O Lar foi uma das coisas mais importantes da minha vida depois que eu perdi a visão. Eu tenho uma deficiência, mas sou uma pessoa super feliz, pratico os esportes que eu gosto e, graças a Deus, eu conheci o Gilmar aqui, que é uma pessoa maravilhosa pra mim e me faz feliz.”

“Tudo é possível para quem crê.” (Mc 9,23)


Paulo Alexandre Barbosa

A cidade de Santos (SP) não tinha nenhum atendimento voltado aos deficientes visuais. Para preencher essa lacuna, foi fundado o Lar das Moças Cegas, que atende deficientes visuais de toda a região. No começo, a entidade atendia somente mulheres, com o tempo, foi abrangendo os homens. “Nosso atendimento vai do primeiro mês de vida até a terceira idade. Entidade que atenda dessa forma, só o Lar das Moças Cegas”, esclarece o presidente, Carlos Antonio Gomes, o Caluxo, que segue o caminho do pai, que foi presidente da instituição por 25 anos. O primeiro passo de quem entra no Lar é fazer os cursos básicos fundamentais, como o AVD – Atividade da Vida Diária, em que o deficiente visual irá reaprender a ser independente, desde a hora que acorda até deitar-se. Eles aprendem a arrumar cama, organizar gavetas e armário, utilizar fogão, ligar equipamentos eletrônicos, andar com bengala, ler no sistema braile, enfim, aprendem desde ações mais básicas do dia a dia às mais complexas. Há ainda diversas oficinas, atividades esportivas, banda, coral, além dos cursos de capacitação, como informática, telefonia, massagem, culinária, entre outros. São mais de 30 cursos.

“No curso de orientação e mobilidade a gente procura trabalhar os sentidos remanescentes - tato, audição, olfato, a percepção, que é um sentido muito importante que a gente vai trabalhar com o deficiente. Também trabalhamos o lado emocional e psicológico, até que ele se sinta seguro em estar pegando a bengala pra desenvolver as atividades dentro da escola. Ele aprende a lidar com ambientes internos e externos. A gente treina travessias, uso de transporte e comércio em geral, até que chega num ponto em que o deficiente visual esteja indo e

“No primeiro momento, quando o deficiente passa por aquela porta, o olhar dele é mais entristecido, uma postura mais comedida; e depois dos primeiros dias de aula, da convivência, a postura já muda, o olhar já muda. Ele começa a perceber que é um deficiente, mas que ele é eficiente em todos os sentidos da sua vida.” Myrina Paiva Gomes, coordenadora pedagógica

voltando da casa dele pra escola sem precisar de um guia vidente ou de usar nosso transporte. voltar pra sociedade.”

Aí ele vai estar totalmente independente pra

Gilmar Ribeiro dos Santos, professor

“Comecei a frequentar o Lar ano passado, no curso de telefonia, e tive a oportunidade de entrar no mercado de trabalho. Também decidi fazer o curso de culinária porque acho que o deficiente tem que ser independente em

“Cheguei aqui sem saber nada e aprendi o braile, a andar de bengala, a cozinhar. A gente sai daqui preparado pra enfrentar a vida lá fora. Eu já leio livros, já leio tudo.” Maria Dilma, aluna

Lar das Moças Cegas Local: Avenida Ana Costa, nº 19 Vila Mathias- Santos (SP) Fundação: 1943 Contato: (13) 3226-2760 Site: www.lardasmocascegas.org.br Programa exibido em: 22/6/07

todas as funções, desde cozinhar, trabalhar, estudar.”

Soraia Lisboa Salgado, aluna

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Lição de Vida Projeto Jovem Profissional

Educação para o trabalho Preparar o jovem para o mercado de trabalho é mais do que ensinar a profissão – é necessário ter uma visão global, como faz o Projeto Jovem Profissional. Esse é um dos segredos para o sucesso da iniciativa, que tem boa empregabilidade, oferecendo a oportunidade especial do primeiro emprego aos jovens. Pode ser um passo modesto, mas essencial para afastá-los dos problemas sociais e levá-los para o bom caminho. “A oportunidade que damos aqui muitas vezes substitui toda deficiência que a família anteriormente não pôde suprir. Eu procuro resgatar a autoestima e mostrar que se chegou até aqui, já é vencedor”, explica a psicóloga Edwiges Lucia Howath. O diferencial do projeto é trabalhar o jovem por inteiro, preparando-o tanto como profissional quanto como ser humano, comprova a coordenadora pedagógica Regina Célia. “Percebemos que quando o aluno chega à fundação, precisa ser trabalhado em seu comportamento, seu intelectual e conteúdo. Sem isso, pode encontrar dificuldades no mercado de trabalho. Por isso, trabalhamos postura, higiene, saúde e se comportar quando numa entrevista de emprego.” Com esse direcionamento, o Projeto Jovem Profissional prepara os jovens para o futuro, ajudando-os a esquecer os problemas do passado, superar as limitações da vida, além de ensiná-los a olhar para frente, para a capacidade de fazer, transformar e agir. Quem passa pela entidade aprende realmente a seguir o ensinamento do papa João 23: a caminhar em direção ao que ainda há para fazer.

“Preocupe-se não com aquilo que você tentou e falhou, mas sim com aquilo que você ainda há de fazer.” João XXIII, Papa de 1958 a 1963


Paulo Alexandre Barbosa

Criado para ajudar jovens a ingressar no mercado de trabalho, o Projeto Jovem Profissional oferece oportunidades aos adolescentes de 14 a 17 anos em três cursos: auxiliar de escritório, serigrafia e solda plana em PVC, com aulas teóricas e práticas. A entidade funciona embaixo do Viaduto 9 de Julho, em São Paulo. “Esses alunos passam o dia conosco, recebem refeições, reforço escolar, tratamento psicológico. Nossa meta é que cada vez mais jovens tenham a oportunidade na vida de serem profissionais conscientes”, afirma a presidente da entidade, Ana Maria de Andrade. A inserção dos alunos no mercado de trabalho acontece graças à parceria com mais de 100 empresas. “Os jovens começam como estagiários, mas a maioria é efetivada. Nossos ex-alunos mantêm laços fortes com a fundação através do balcão de empregos. Quando eles estão no mercado de trabalho, procuram a fundação e nós encaminhamos esses jovens.”

“A gente oferece toda preparação para que os alunos se desenvolvam na área administrativa da empresa. A gente procura qualificá-los. As oficinas abrem um leque grande de possibilidades de um futuro trabalho. Ressaltamos que o melhor estímulo é a vontade: vontade de progredir, de crescer, de evoluir, de ter um futuro melhor e, o principal, dar um futuro melhor para os pais, pois é nisso que eles pensam mais, na família.” Welma Carlos Oliveira, instrutora

“Nós vendemos o que produzimos e a renda ajuda a manter o projeto. Temos clientes fidelíssimos que compram conosco pela causa social, por manter o projeto e isso é bem explicado no primeiro contato – de que eles não estão apenas comprando o produto: estão ajudando uma causa.” Jaqueline Barros Barbosa, ex-aluna e Assistente de Vendas do Projeto

Projeto Jovem Profissional Local: Avenida Nove de Julho, 399- Bela Vista- São Paulo (SP) Fundação: 1937 Contato: (11) 3241-5588 Site: www.jovempro.org.br Programa exibido em: 29/06/07

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Lição de Vida Projeto Arrastão

Fazendo o bem Fazer o bem é a melhor forma de ver o bem se multiplicar, muitas vezes atingindo proporções inimagináveis, transformando vidas, criando histórias, como a de Denis Calazans Silva. Antes de entrar no projeto, Denis levava uma vida sem novidades: ficava em casa, assistia à televisão, ia para a escola. “Esse projeto mudou minha vida, meu jeito de falar com os amigos. É importante porque você nunca está sozinho, aprende, ensina, participa”, conta animado o garoto, que achou importante as amizades que conquistou, a convivência com o grupo e, sobretudo, o aprendizado obtido no projeto de dança e na oficina Arrasta Lata. Graças à sua participação no grupo e ao aprendizado, foi convidado para atuar em uma companhia de dança, garantindo-lhe novas experiências e uma grande oportunidade. A chance conquistada por Denis deve-se ao seu esforço pessoal e também à visibilidade do grupo Arrasta Lata, que soma em seu currículo diversas apresentações, inclusive com famosos, como o cantor Gilberto Gil e o maestro Julio Medaglia. Crianças conhecem um mundo que, pelas limitações sociais, não teriam acesso; pais e mães recebem capacitação para proporcionar uma vida melhor para as famílias. É a multiplicação de coisas boas promovida pelo Projeto Arrastão.

“Tudo posso naquele que me dá força.” (Filipenses 4,13)


Paulo Alexandre Barbosa

Criado em 1968, o Projeto Arrastão tem o objetivo de promover atividades sociais, culturais e educativas no Campo Limpo Paulista, Zona Sul de São Paulo. A entidade se destaca pela variedade no atendimento, desde crianças a idosos, somando 1200 atendimentos diretos diários e quase 5 mil indiretos. O projeto nasceu com um grupo de mães de classe alta e média que foi para a periferia a fim de capacitar mulheres para a geração de renda. Esse conceito de capacitação continua ao longo da existência da entidade, promovendo oficinas de culinária, corte e costura, entre outras. Em virtude da necessidade das mães de um local onde deixar os filhos para irem trabalhar, surgiu a ideia de acolher as crianças. Hoje, o Arrastão recebe crianças de 2 a 6 anos com projetos educacionais, brinquedoteca, crianças de 7 a 14 anos no núcleo socioeducativo, oferece formação para jovens e faz um trabalho social com a comunidade do entorno. Na área cultural, destaca-se o programa Arrasta Lata, que une música e conscientização ambiental.

“Atendemos crianças e jovens na área pedagógica; o núcleo

social e os trabalhos culturais envolvem os jovens e a comunidade.

Sempre buscamos envolver as famílias porque achamos importante chegar na casa dessas crianças. É importante essa família estar aqui conosco; é um aprendizado mútuo.” Regina M. Barros, coordenadora de comunicação “Nós unimos os conceitos da educação física, desenvolvendo o Tem a coordenação motora, o ritmo, a questão corporal e a conscientização do meio ambiente. No programa percebemos mudanças no comportamento dos participantes, como melhora nas notas.” Joilson Bispo dos Santos, coordenador do grupo Arrasta Lata

“Na cozinha experimental usamos as receitas para desenvolver as técnicas que são passadas para os alunos e apresentamos a cozinha internacional.

Priorizamos

também a higiene e a segurança, fator fundamental nessa função.

É uma forma de orientar os jovens que têm habili-

dade para o mercado de trabalho, para que tenham uma boa qualificação.”

Fernando Martins, professor da oficina de culinária

corporal, e a música como terapia.

Projeto Arrastão Local: Rua Dr. Joviano Pacheco de Aguirre, nº 255 Campo Limpo- São Paulo (SP) Fundação: 1968 Contato: (11) 5841-3366 Site: www.arrastao.org.br Programa exibido em: 06/06/07

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Lição de Vida Casa Cactos

Devolvendo a liberdade O antigo sonho de liberdade está sempre presente na vida do homem. Liberdade de ir e vir, de escolher, de fazer. Quem se envolve com vícios perde liberdade e vira prisioneiro das drogas. Ajudar a retomar essa liberdade é o grande desafio enfrentado pela Casa Cactos, que recebe dependentes para auxiliá-los em sua recuperação. Juntos, jovens, adultos e a equipe da entidade travam uma batalha no combate à dependência química, e muitas vezes é vencedora, especialmente graças àqueles que persistem e vão até o final do tratamento. Os que param antes sentem falta e acabam voltando para fazer o processo completo, como Reinaldo. Ele era um garoto normal, praticava esportes, até conhecer as drogas aos 12 anos. “De repente eu notei que a vida estava se acabando, perdendo tudo e principalmente quem me ama estava se afastando de mim.” Em 1996, conheceu a comunidade Cactos, começou o tratamento, mas não o terminou – ficou cinco meses. “Esse foi talvez o maior erro da minha vida”, lamenta. Com a base que recebeu na entidade, conseguiu ficar “cinco anos de pé”, como ele chama o tempo em que não usou drogas. “Faltava alguma coisa e realmente era completar a programação, os ensinamentos que nos passam aqui”, diz. Reinaldo acabou recaindo. “Ano passado reconheci a minha impotência e minha derrota perante as drogas e estou agora há cinco meses, passando para uma nova fase.” No quinto passo do tratamento, ele aprende a admissão perante Deus e os outros semelhantes. “Aprendemos a natureza exata das nossas falhas, vem a crença, acreditar e entregar a Deus nossas vidas e vontades. Depois, colocamos no papel toda aquela bagagem, boa ou ruim, os nossos defeitos, nossas qualidades, tudo que nos aflige, e o quinto passo é expor verbalmente para um coordenador, um padre ou um psicólogo, e receber um retorno desse coordenador, desse padrinho. Após o quinto passo, depois de algum tempo, a gente segue para a ressocialização.” Reinaldo se prepara para voltar para casa, com a esposa e os filhos. “Deus permitiu meu livre-arbítrio, que eu perdesse tudo; só não permitiu que eu perdesse meu maior tesouro, que é minha baixinha, minha esposa e meus dois filhos. Em breve, vou para a ressocialização com uma chance de estar com eles diariamente, acostumar-me novamente à vida lá fora. A expectativa é grande.”

“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.” Cecília Meireles, escritora e poetisa brasileira


Paulo Alexandre Barbosa

Um grupo de dependentes químicos procurou o monsenhor Ciro Fanha, então pároco da Igreja Nossa Senhora Aparecida, porque precisavam de um local para realizar o trabalho de recuperação. O pároco abriu as portas da igreja para a realização das reuniões. Durante os encontros, um pai comentou que havia um lugarzinho no meio do mato, um terreno, que foi doado e nele montada a Casa Cactos, na fazenda que recebeu o nome do monsenhor, em homenagem ao seu apoio. “Monsenhor Ciro Fanha trabalhou muito firme com os jovens e as famílias. Ele trazia um linguajar todo especial para os jovens, era uma coisa maravilhosa”, comenta o presidente do instituto, Marcelo Souza Nascimento. A Casa Cactos atende homens a partir de 16 anos, visando recuperar dependentes de álcool e outras drogas, para reintegrá-los à sociedade. O trabalho é referência no Brasil e na América Latina, recebendo jovens de outros países. O processo começa com uma triagem e realização de exames para verificar se a pessoa tem condições de ir para a fazenda, onde irá ficar por um período de seis meses a um ano. “Quando eles chegam, primeiro passam por uma fase de adaptação, e depois fazemos um trabalho de desintoxicação. Conseguimos isso através do processo de laborterapia, onde eles trabalham com as plantas, com os animais, com a mata. Esse trabalho faz com que transpirem bastante, para que as toxinas saiam do seu organismo e, consequentemente, tenham mais sede, urinem mais, tendo assim uma desintoxicação mais rápida”, explica Marcelo. “A partir daí vamos conscientizá-los de que eles têm uma doença. Como diabetes, pressão alta, pode ser controlada e mostramos os valores da sociedade e os valores cristãos, que são muito enraizados nessa obra através da espiritualidade.”

“Eu comecei a usar drogas com 15 anos; em 1999 admiti minha primeira derrota e resolvi me internar no Cactos. Não conclui o tratamento, um dos grandes erros da minha vida - fiquei quatro meses e devido a fatores alheios resolvi ir embora, uma decisão completamente errada. Depois de nove anos e muitas perdas familiares e espirituais, eu vim parar aqui de novo, com a graça de Deus. Dessa vez com o intuito de me recuperar, fazendo uma programação séria, buscando uma convenção de vida. O mais importante é conhecer a Deus, conhecer o projeto que Ele tem para minha vida e fazer uma mudança. Já estou aqui há 8 meses e vivo a programação “só por hoje vou melhorar” e meu intuito é fazer o dia de hoje o melhor possível, para que eu possa colher bons frutos amanhã.” Fernando, Residente

“Essa atividade é uma das mais importantes, faz parte do tripé da nossa recuperação. Todos os dias pelas manhãs nós iniciamos, após o café da manhã, com oração e estudo bíblico, para nos fortalecer durante o dia. Os louvores também nos ajudam bastante; quem louva, canta, e quem canta está orando duas vezes. Nossa mensagem é: o único salvador é Jesus Cristo; é Ele quem tem me ajudado no dia a dia. Ele guia minha casa, minha família, tem me sustentado nas horas difíceis e só Ele, somente Ele, preenche o vazio que as drogas deixam.” Maurício, Residente e responsável pelo estudo bíblico

Casa Cactos Local: Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, km 286- São Vicente (SP) Fundação: 1989 Contato: (13) 3234-8548 Programa exibido em: 13/07/07

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Lição de Vida Associação Cultural Poder Negro

A força de um sonho Um dia um homem ousou sonhar com uma vida melhor para seus iguais, para os jovens da periferia que não têm oportunidades. Com a força desse sonho, ele começou a construir uma vida melhor para jovens como Diego, 17 anos, aluno da Associação Cultural Poder Negro. Quando não está na escola, Diego está na entidade – diariamente. Apesar da rotina desgastante, ele se sente motivado e garante que continuará frequentando a instituição até completar seus cursos. “Vejo aqui no núcleo coisas que nunca vi em nenhum lugar. O curso de videomaker, por exemplo. Nunca tinha visto. Onde eu iria conseguir fazer um curso desses? Ainda gratuito”, anima-se o rapaz, que se interessa por fotografia. Uma das vantagens da entidade, segundo Diego, é que eles tentam mostrar o mundo como ele é, não como “um conto de fadas com coisas maravilhosas. Tem que ter jogo de cintura, e eles preparam a gente para entrar no mercado de trabalho a todo vapor.” Entrar no mercado de trabalho com força total foi também a oportunidade que Evandro Damasceno Souza e Natália Amâncio Milanez tiveram quando fizeram cursos na instituição. Dedicados, ambos conseguiram um espaço especial e agora voltam à entidade para partilhar o que aprenderam, como professores. “É uma sensação maravilhosa poder passar o que a gente aprendeu”, comenta Natália. Evandro complementa: “O principal é ter força de vontade. Sem força de vontade não se adquire nada.”

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” Fernando Pessoa, poeta português


Paulo Alexandre Barbosa

A entidade nasceu voltada para o movimento negro. Entretanto, seu fundador e presidente, Sidnei Cândido Kondhi, conta que com o tempo foi começando a perceber que a questão negra não está ligada à cor da pele, mas à condição socioeconômica. “A gente se baseou em Palmares, que já era periferia. Quando em 13 de maio surgiu a Lei Áurea, no dia 14, milhares de comunidades escravas foram jogadas nas ruas e o Estado não criou políticas públicas para essas comunidades.” Para oferecer oportunidades a esses jovens e qualificá-los para o mercado de trabalho, foi criada a associação. Para a formação profissional há cursos de foto e vídeo, artes visuais, informática, serigrafia, culinária (buffet), beleza e cidadania e designer de formas. A questão cultural também é desenvolvida com percussão, dança, teatro e artesanato. O diferencial é o Plano de Desenvolvimento Intelectual – PDI – que envolve aulas de sociologia, filosofia, história e cidadania, para proporcionar formação integral.

“Temos muita batalha desde o início, mas trabalhamos

contentes vendo o crescimento dos jovens saindo da rua, tentando dar algo melhor para eles.

Sinto muito orguFormamos o cidadão de amanhã para cuidar da velha guarda.” Maria Helena M. Nunes, voluntária da cozinha lho.

“A principal mudança que conseguimos com os jovens – como foi no meu caso – é a disciplina, porque a aula de percussão exige disciplina e trabalho integrado. Se cada um bate em um lugar, não tem produtividade.” Josué Silva Soares, professor de percussão

“Propomos alguns cursos de qualificação profissional para que a gente consiga trabalhar atividades culturais. Foto e vídeo, por exemplo, além de ensinar o trabalho técnico, começamos a fazer o jovem enxergar o mundo, perceber que com a câmera podem escolher deixar algo bonito ou feito, depende de como fotografam. As artes visuais ensinam a criatividade, a perceber a periferia e como criar mecanismo de mudança.” Sidnei Cândido Kondhi, presidente

Associação Cultural Poder Negro Local: Rua Fernão Mendes Pinto, nº 1306 Ermelino Matarazzo- São Paulo (SP) Fundação: 1966 Contato: (11) 6944-5684 Programa exibido em: 03/08/07

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Lição de Vida Associação da Casa dos Deficientes de Ermelino Matarazzo (ACDEM)

A felicidade de ajudar Viver não apenas em função dos projetos pessoais, mas pela missão que Deus designou para cada um. Essa é a essência da frase “Feliz é aquele que serve” que norteia os trabalhos da ACDEM e que inspirou o padre Ticão a criar essa associação. A entidade serve a todos que precisam; a ACDEM atende pessoas como Laerte, que em cinco meses de participação nas atividades já apresentou melhoras tão significativas que fez sua mãe sentir-se revigorada. Bárbara Maria do Nascimento conta que Laerte, de 15 anos, ficava parado em casa, sentado, sozinho, apático. A experiência na associação fez o menino mudar em menos de meio ano. O rapaz, que antes comia e deixava o prato e o copo na mesa, tornou-se mais participativo: hoje leva o prato e o copo até a pia. Um ato que pode parecer simples, mas é uma enorme conquista para quem enfrenta limitações tão grandes como a que o fez parar de falar aos dois anos. A evolução desperta em Laerte o sentimento de conquista e por isso ele mostra-se animado quando a mãe o acorda para ir à ACDEM – ele pula da cama e corre para o banheiro, pedindo que ela o ajude com o banho para que ele logo possa estar aprendendo mais. Ao ver a disposição do filho, a mãe confessa que seu coração também pula de alegria, percebendo que seu menino está vencendo as limitações, com o carinho e atenção que recebe. Bárbara fica feliz em ver que agora ele até se preocupa em ajudála em casa, aprendendo também essa importante lição, que é a alegria de servir.

“Feliz é aquele que serve.” Frase retirada do portal da instituição


Paulo Alexandre Barbosa

Em 1985, na Zona Leste de São Paulo, um grupo de mães se revezava nos cuidados de seus filhos com necessidades especiais, apoiando-se umas nas outras. A partir dessa união, elas conseguiram um espaço no salão comunitário da igreja, onde formaram um grupo de mães voluntárias. Foi dessa força, com o apoio do padre Antonio Luiz Marchioni, também conhecido como padre Ticão, que nasceu a ACDEM. A entidade desenvolve um trabalho voltado para jovens portadores de necessidades especiais, tendo como diretrizes o carinho, o amor e o afeto. O objetivo é desenvolver as potencialidades dos jovens, ajudando-os a superarem suas limitações nas atividades cotidianas, para que, pouco a pouco, sejam inseridos na sociedade, ensinando-lhes atividades cotidianas. Assim como os jovens, também, aos poucos a ACDEM foi se desenvolvendo, ampliando sua atuação, ajudando mais famílias, em um trabalho integrado com a comunidade católica. A entidade cresceu e atende mais de 500 crianças e jovens, de 4 a 24 anos, em suas cinco unidades.

“Nosso principal objetivo é tratar o jovem como ele realmente é. Ele é especial, mas tem capacidades. É gratificante ver as conquistas. Essas crianças e jovens nos dão uma lição de vida o tempo inteiro, porque por mais dificuldade e limitação que tenham, todos os dias estão felizes, sorrindo. Eles sentem que são diferentes e isso nos contagia. Eles trazem esse estímulo para nossa vida.” Fabiana Silveira, diretora

“Trabalhar com esses jovens é gratificante. Nós sabemos que só o fato de eles aprenderem a escrever o próprio nome é uma conquista preciosa.

E eles ficam muito felizes.” Núria Pontes dos Santos, educadora

“O foco principal do projeto é a reabilitação e reintegração social. Nós os ensinamos a ser o mais autônomo possível.” Silvana Maria de Oliveira, coordenadora pedagógica

Associação da Casa dos Deficientes de Ermelino Matarazzo (ACDEM) Local: Rua José Lopes Rodrigues, nº 510 Ermelino Matarazzo- São Paulo (SP) Fundação: 1985 Contato: (11) 6545-4055 Site: www.acdem.org.br Programa exibido em: 10/08/07

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Lição de Vida Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC)

Apoio e alegria para as horas difíceis Humanizar o tratamento médico para aliviar um momento tão difícil para as crianças e adolescentes é o grande objetivo do GRAACC, que ajuda os pacientes e os pais a enfrentarem os obstáculos do câncer de maneira mais positiva, para que eles sejam superados. Fazer a criança e o jovem sentirem-se bem é essencial para promover a cura, pois assim conseguem resistir às dores da quimioterapia, às injeções, e as reações provocadas no corpo. “Desistir do tratamento é quase igual a uma sentença de morte, porque se parar de tratar, a doença volta. É importante tratar o tempo adequado para curar realmente. Hoje, graças a Deus, essa taxa de abandono é de zero por cento”, comemora Sergio Petrilli, superintendente da entidade, citando ainda outro índice conquistado, de cerca de 80% de cura. Para conquistar esses números, toda equipe se envolve fazendo o possível, com brincadeiras, atividades, diversão, tudo para que os pequenos pacientes se sintam à vontade e queiram voltar e se tratar. Enquanto os filhos ficam à vontade e se divertem, muitas vezes esquecendo-se até que estão em um hospital, as mães se sentem amparadas com o acolhimento e a troca de informações com outras pessoas que passaram por situação semelhante e superaram essa fase. Partilhar a experiência e dar a ajuda que só é possível por alguém que entende o que o outro está passando – essas foram algumas das motivações que levaram Ana Maria Bittencourt a voltar para o grupo. Quando procurou a entidade, ela vivia um momento muito difícil: o filho, de 21 anos, teve linfoma. “Foi muito rápido e quando nós descobrimos, ficamos desesperados, porque para nós, leigos, o câncer é como uma sentença de morte. Como a gente não tem muita informação, acha que vai morrer quando recebe um diagnóstico desses”, desabafa. Mãe e filho enfrentaram com força essa batalha. Mesmo se tratando, doente, ele não parou de trabalhar ou estudar. “Quando fazia quimio, que era muito pesada, muito sofrida, a cada 15 dias, ele não trabalhava só na semana que fazia a quimio; na outra, ele trabalhava, e também continuou estudando e se formou em publicidade ano passado.” Com o filho recuperado, Ana quis retribuir toda ajuda que teve e atua como voluntária no GRAACC. “Só sabe como é quem passa por isso. Agora eu vim para cá com essa noção de como é passar por isso, então, entendo melhor as pessoas.”

“Crer para entender e entender para crer.” João Paulo II, Papa de 1978 a 2005


Paulo Alexandre Barbosa

Idealizado pelo médico Sergio Petrilli, o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC) nasceu com uma casinha e evoluiu muito. Hoje conta com um hospital de 11 andares voltado para o tratamento de crianças e adolescentes com câncer, e tem 350 voluntários. O diferencial, além do tratamento especializado em oncologia pediátrica, é o atendimento especial aos pequenos, que têm disponível até uma brinquedoteca para se sentirem melhor. “Os médicos cuidam da doença e a gente cuida da parte saudável, porque criança continua sendo criança, doente ou não”, diz Patricia Percoraro, coordenadora da brinquedoteca. Outro atendimento especial do GRAACC é a quimioteca, uma forma lúdica de ajudar a criança a vencer a etapa dolorosa da quimioterapia. A ludotecária Sandra Witkowski explica a proposta: “Trouxemos o conceito de brinquedoteca para a quimioterapia, por isso o nome quimioteca. Nós atendemos as crianças que estão recebendo a quimio cada uma em sua poltrona e fazemos brincadeiras, jogos. Eles têm aparelhos eletrônicos, DVD portátil, gameboy, tudo direcionado de acordo com a idade.”

“Durante muitos anos a gente trabalhou atendendo crianças com câncer, com muitas dificuldades econômicas, predominantemente com pacientes do SUS e a doença evoluiu de uma maneira que nos últimos 15 anos nós tivemos aumento das chances de cura. Então, já não é mais como antigamente, que se a criança não tivesse remédio, não tivesse condições para ser tratada, não fazia muita diferença porque ela ia morrer mesmo. Hoje é ao contrário; as chances de cura estão muito elevadas - estamos falando em 70, 80% de chance de cura.” Sergio Petrilli, superintendente do GRAACC “Meu filho teve leucemia – ele está se tratando há um ano 5 meses. Aqui a gente brinca, se descontrai. Esse espaço tem me ajudado bastante, tanto com meu filho como na minha vida. A gente vai na brinquedoteca e eu participo com ele dos jogos, teatro, videogame. Ele fica muito feliz.” Andréia Corrêa, mãe de paciente e

Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer - GRAACC Local: Rua Botucatu, nº 743- Vila Clementino- São Paulo (SP) Fundação: 1991 Contato: (11) 5080-8400 Site: www.graacc.org.br Programa exibido em: 17/08/07

“A brinquedoteca ajuda no tratamento das crianças. É o único lugar do hospital em que as crianças vêm e não tem remédio.

A gente tem um espaço físico que funciona como Tem atividades para as crianças de todas as idades, desde o cantinho do bebê até os comuma grande sala de espera.

putadores e é um lugar que a comunidade pode vir e fazer oficinas

– oficinas de pinturas, de artes -, as mães novas

conversam com as mais antigas que dão força, a gente faz grupos terapêuticos, tudo para a qualidade e humanização do hospital.”

Patricia Percoraro, coordenadora da brinquedoteca

“Por favor, não chorem porque vocês têm câncer. O câncer pode ser curado e a vida se cura com muito amor e carinho.” Mateus Petrilli, voluntário

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Oportun 38

Lição de Vida

Jockey Instituição Promocional (JIP)

Oportunidade de vida aos jovens

Investir na juventude é a melhor forma de mudar a realidade do país e do mundo. Melhorando a vida de cada jovem, mudando um pouquinho de cada história, o JIP contribui para fazer um país melhor. Os sinais dessa melhora multiplicam-se na mesma medida em que se multiplicam os jovens que passam pelo JIP e mudam sua história. Alguns seguem outros caminhos – outros até vão, mas voltam e acabam partilhando a experiência que tiveram, além de demonstrar toda a gratidão a quem lhes deu a primeira oportunidade.

Muitas histórias de vida acabam se fundindo à da entidade, como a de Adriana, que começou no JIP com seis anos, no pré-primário, concluiu e voltou aos 13 anos, quando fez curso de legionária. A menina logo foi encaminhada para uma empresa de contabilidade onde trabalhou por 13 anos. Quando chegou ao topo, aprendeu tudo que tinha para aprender, resolveu procurar novos horizontes. “A velha casa me acolheu”, conta a mulher, que é o exemplo vivo de um trabalho que dá certo, assim como Rosângela dos Santos. Essa outra ex-aluna participou de diversos cursos na entidade, atuou como estagiária, entrou no mercado de trabalho, ficou 11 anos e há 15 anos voltou à instituição para cuidar do futuro dos jovens. “Eu passo para os meninos tudo que o JIP me passou”, conta com satisfação Rosângela, que atua como auxiliar de escritório. “Ano que vem meus dois filhos estarão aqui. Minha mãe também passou por aqui. Somos uma grande família. Eu sou muito satisfeita pelo acolhimento que o JIP me deu. Espero me aposentar aqui e passar o bastão para minha filha.”

“Os jovens não são a esperança do futuro, mas a certeza do presente.” Bento XVI, Papa que dirige a Igreja Católica desde 2005


nidades Paulo Alexandre Barbosa

O sonho de um grupo de senhoras que teve o apoio do padre Júlio Lopes Lorena para ajudar os jovens sobrevive ao tempo, e há mais de 30 anos vem criando oportunidades para uma vida melhor. O grande desafio do JIP é cuidar do ingresso dos jovens no mercado de trabalho. A entidade atua especialmente com jovens carentes de São Vicente. Há aulas de ética e postura profissional, administração financeira, administração empresarial, documentos administrativos e documentos financeiros, além de atividades esportivas e um trabalho social com a comunidade da região.

Os jovens ficam quatro meses se preparando, fazendo cursos e depois a equipe tenta inseri-los no mercado de trabalho por meio das empresas parceiras. Além do profissionalismo, o que possibilita grande aceitação das empresas, o JIP oferece aos jovens muito carinho em um momento importante em suas vidas. Talvez por isso tantos voltem e queiram retribuir tudo o que receberam – alguns nem chegam a sair.

“Nosso trabalho vai ao encontro dos anseios da juventude, que muitas vezes não são atendidos na escola, na rua ou na família. São jovens que não têm oportunidade na vida e nós damos. Nossa parte, fazemos com amor e carinho.” Darcy Moussalli, presidente

“Nosso objetivo é que o jovem consiga fazer uma carreira brilhante nas empresas em que são colocados como patrulheiros.

Hoje temos uma faixa de 15% de jovens com a A empresa está investindo e isso é uma gratificação imensa.” Andréa Ungaretti, coordenadora pedagógica faculdade custeada pela empresa onde prestam serviços.

Jockey Instituição Promocional - JIP Local: Rua Dr. General Euclides Figueiredo, nº 110 Jóquei Clube- São Vicente (SP) Fundação: 1970 Contato: (13) 3465- 4166 Site: www.jip.org.br Programa exibido em: 24/08/07

“Depois de encerradas minhas atividades profissionais, eu atendi um anseio de ser voluntária, especialmente dedicada aos jovens, que são o futuro do país. Os jovens precisam de atenção especial e o trabalho que o JIP promove é importante. Eu tenho muita alegria de participar e trabalho aqui com muito gosto. Não tem como negar que o voluntariado é muito gratificante: mais para quem exerce do que a quem se destina.” Maria Adélia, voluntária

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Cari 40

Lição de Vida

Casa da Esperança

Cuidando com carinho

“Eu senti na pele o que é discriminação. O que é ter rótulo de aleijado.” A forte declaração de Maria Aparecida Pieruzi de Souza, a Nêga Pieruzi, retrata a força que move a mulher que construiu uma entidade referência em cuidados com pessoas portadoras de necessidades especiais na Baixada Santista (SP).

Com um ano e meio de idade, Nêga Pieruzi, como é conhecida, teve poliomielite e precisou vencer os obstáculos que a vida lhe impôs para obter todas as conquistas: foi professora, pedagoga, a primeira mulher a integrar um Rotary Clube na Baixada Santista e eleita quatro vezes vereadora em Cubatão. É membro do Conselho Estadual de Saúde, do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência e do Comitê de Bacias Hidrográficas – todos os cargos exercidos voluntariamente.

Quando se aposentou como professora, ela procurou transferir todo seu carinho para essas crianças especiais. “Eu vivi todos esses momentos que você vê aqui.” Por isso, não só ela, mas todos os profissionais da casa são levados a praticar esse amor. “Foi isso que Deus nos ensinou e nós temos que passar para as pessoas aquilo que aprendemos em nossa família. Eu sempre digo aos nossos pais que a família é o principal. O amor primeiro começa na família. E quando eles vêm para a Casa da Esperança, estão em sua segunda casa.”

“Quem ama cuida de perto e promove paz, amor e esperança.” Lema da Casa da Esperança


inho

Paulo Alexandre Barbosa

Criada para atender crianças portadoras de necessidades especiais, a Casa da Esperança nasceu da necessidade de Cubatão em ter uma instituição semelhante à que já havia em Santos. Ela foi criada por uma iniciativa de Rotarianos da Baixada Santista, com apoio da Prefeitura. A entidade tem mais de 400 assistidos, que recebem tratamento ambulatorial com neuropediatria, ortopedia, pediatria e odontologia; atendimento clínico com fisioterapeuta, fonoaudióloga, hidroterapia, psicóloga, pedagoga e terapeuta ocupacional. Há ainda esporte, cultura e lazer para crianças, jovens e adultos de toda a região que frequentam a Casa.

“A nossa casa está de portas abertas. Não precisa ter indicação médica para vir. Se não tem solicitação médica – ou mesmo tendo – a pessoa vai passar pelo nosso neurologista, e ainda temos neuropediatra e psiquiatra infantil. Nossa porta de entrada é através do setor médico, que encaminha para qual especialidade cada criança deve ir. Temos aqui um tratamento multidisciplinar”, conta Nêga Pieruzi.

“A finalidade do trabalho é perceber as várias carências das crianças e encaminhar para o setor correspondente. A finalidade do nosso serviço não é apenas tratamento, mas tratamento e reabilitação – a reabilitação visa à melhoria em geral das crianças. Precisamos também considerar que não temos apenas a doença das crianças, mas o aspecto psicossocial, a problemática social, cultural e tentamos, dentro do possível, trabalhar todas essas necessidades.” Antonio Gouvêa, médico pediatra

“O profissional e a família precisam trabalhar em conjunto para que a evolução seja antecipada – é uma luta contra o tempo. Quanto mais rápido conseguir habilitar ou reabilitar o doente, mais chances ele terá no mercado de trabalho, na inclusão. O objetivo final é colocar a criança de pé, promover seu desenvolvimento ou incluir atividades da vida diária, deixar essa criança o mais independente possível, sabendo se vestir, se calçar, escovar os dentes.” Alexandre, fisioterapeuta

“Ele veio para cá com quatro anos, mal andava e falava. Agora fala frases que dá para entender. O tratamento é lento, mas tivemos vitórias até demais. Eu já tive que pegar ele de madrugada nos braços e levar para o hospital sem saber se ele ia voltar vivo ou não.

Hoje em dia ele está aí, pintando, faz capoeira, dança, computação, tudo que tem ao alcance dele eu corro atrás para ajudar. Você olha e nem fala que ele é especial.” Rosilda, mãe do Jeferson, aluno da entidade

Casa da Esperança Local: Rua XV de Novembro, nº 180 Vila Nova- Cubatão (SP) Fundação: 1980 Contato: (13) 3361-1288 Site: www.casadaesperanca.org.br Programa exibido em: 03/09/07

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Bem 42

Lição de Vida

Casa do Sol

Um lugar para o bem viver

O sorriso estampado no rosto mostra que eles aprenderam a viver. Esses jovens com mais de 60 anos de idade passaram por vários obstáculos, venceram dificuldades e agora vivenciam cada momento que a vida proporciona, com vitalidade, disposição e amor à vida. Essa é a experiência que a Casa do Sol proporciona aos seus residentes. Quando ficou viúva, Stella Wernneck sentiu medo de continuar morando sozinha em seu apartamento e resolveu buscar um novo lar, na Casa do Sol. “Estou aqui há dois anos e estou adorando”, conta a residente, que coloca seu nome em todas as listas de passeio. “Quando a gente trabalha, fica cansada. Agora eu não faço nada, quero é passear. Eles nem perguntam porque já sabem que eu vou em todos os passeios.”

Stella conta que teve uma vida boa. Foi feliz com o marido e os filhos. A tristeza veio quando perdeu o esposo e um dos filhos, mas ela tenta superar e aproveitar o que tem pela frente. “A vida não é fácil. Eu vivi as dificuldades da guerra – tinha bebê pequeno. Tive um maridão, médico, filhos ótimos, netos; tenho quatro bisnetos. Estou muito feliz e graças a Deus encontrei essa casa.”

Morar na Casa do Sol foi a opção do casal Marina de Oliveira e Edilson Saraiva de Moura. Ele foi primeiro, passou uma temporada de dois meses para se recuperar de um problema de saúde. O casal decidiu então mudar para a instituição. Sobre a opção, Marina diz que foi o cansaço. “Estou com 71 anos e a cada ano me sinto mais cansada. Eu estou muito bem aqui – gosto desse ar puro, desse verde maravilhoso. É uma família maravilhosa que temos aqui.”

“A verdadeira sabedoria consiste em saber como aumentar o bem-estar do mundo.” Benjamim Franklin, jornalista, cientista, diplomata e inventor norte-americano


Viver Paulo Alexandre Barbosa

Construída em uma área repleta de verde, no alto de um morro em Santos, Litoral Paulista, a Casa do Sol oferece atenção, cuidados, respeito e dignidade aos moradores. Com capacidade para 150 residentes, a entidade tem assistência médica 24 horas, fisioterapia, passeios monitorados, entre outros benefícios para os jovens com mais de 60 anos que procuram um lar na entidade.

A instituição foi fundada em 1904 como abrigo para mendigos, denominado Asylo de Mendicidade de Santos; 20 anos depois, passou a chamar-se Asylo de Inválido de Santos. Atualmente, denominada Casa do Sol, é voltada apenas para idosos. A atual sede foi toda projetada para oferecer conforto e privacidade, com quartos para poucas pessoas, armários individuais, banheiros com adequação para a necessidade dos idosos. Há ainda ambientes onde os residentes podem se reunir, ver TV, ler jornais e revistas, além dos locais externos voltados ao lazer e o ambiente para receber visitas.

“Para que o idoso se sinta inserido, nós temos a constru-

“Temos possibilidade de atender 150 idosos, mas não temos esse número e estamos abertos a recebê-los. Infelizmente, pela realidade financeira atual, tivemos que mesclar os atendimentos entre gratuitos e quem pode pagar.” Ariovaldo Flosi Jorge, presidente

ção do vínculo com os profissionais e atividades que proporcionam interação, além de eles terem uma função dentro da

instituição, onde possam estar se valorizando e valorizan-

do o espaço coletivo.” Débora Oliveira, assistente social

“Nós trabalhamos em grupos terapêuticos para melhorar a autoestima e a interação entre eles. Outra coisa fundamental é tentar que eles mantenham a autonomia. Quanto menos dependente o idoso é, melhor ele se sente. Por isso temos o cuidado de deixar que eles façam, escolham o que querem fazer, vão onde queiram ir. Mesmo os que apresentam alguma dificuldade física, como andar de cadeira de rodas, bengala ou andador, são estimulados a ter autonomia.” Mariângela Torres, psicóloga Casa do Sol Local: Avenida Santista, s/nº- Morro da Nova Cintra- Santos (SP) Fundação: 1904 Contato: (13) 3258-5100 Site: www.casadosolsantos.org.br Programa exibido em: 21/09/07

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Lição de Vida Obra Social Dom Bosco

Um presente divino Um lindo presente para Deus foi o que padre Rosalvino Morán Viñayo resolveu fazer de sua vida, pela grande graça que teve desde sua infância, quando chegou da Espanha com o pai, órfão de mãe, em Campinas e foi acolhido por um salesiano em um orfanato. A mão estendida e o grande coração mudariam para sempre o destino do garoto imigrante que chegou à América necessitado de acolhida, de espaço, de escola, de um lar e de uma família. Do trabalho que fazia ajudando meninos na Praça da Sé, o padre resolveu seguir o desafio feito por Dom Luciano e ir às periferias. Foi um chamado de Deus e assim ele chegou à Zona Leste da capital paulista, para ajudar as crianças sofridas e maltratadas, meninas e meninos com sonhos perdidos. Rosalvino queria retribuir tudo o que recebeu e construir para eles o lar como o que o acolheu, com o carinho que recebeu. Assim, seguindo os passos de Dom Bosco, criou em Itaquera a obra social que leva o nome deste que viveu para ajudar aos jovens. “Na nossa porta não tem tempo ruim. O jovem encontra casa para morar, oficina para aprender e se capacitar, remédio para a doença e acolhida familiar”, exulta o padre, que construiu uma das maiores obras sociais do Brasil. O entusiasmo de padre Rosalvino contagia a todos que o conhecem e espalha-se pela comunidade. Ele anima os que com ele trabalham, procura ajudar quem encontra pelo caminho e demonstra toda sua alegria tocando na fanfarra. É a alegria que envolve a todos. Felicidade de quem conseguiu realizar sua missão e se transformar no tão sonhado presente a Deus, fazendo de sua vida mais do que um exemplo, uma canção de glória à vida.

“O que nós somos é um presente de Deus; no que nos transformamos é o nosso presente a Ele.” Dom Bosco


Paulo Alexandre Barbosa

Criada pelo padre Rosalvino para atender jovens carentes da Zona Leste, a Obra Social Dom Bosco tornou-se uma das maiores ações sociais do Brasil, passando de 150 atendimentos em sua criação, em 1981, para 6 mil atendimentos diários nessa região, que tem uma população de mais de 5 milhões de habitantes, metade formada por jovens que encontram na entidade a oportunidade que procuram. Ajudando famílias em situação de vulnerabilidade, risco ou exclusão social, a entidade tem atividades culturais – com oficinas, fanfarra, orquestra e coral -, educacionais – para crianças, jovens e adultos, além de inclusão digital, esporte, recreação e lazer. Há ainda projetos de geração de renda e empreendedorismo com centro de capacitação profissional, mutirão habitacional, atendimentos de saúde e trabalhos de conscientização ambiental. Além de receber o apoio físico que procuram, as famílias encontram novos valores para resgatar seu núcleo e fortalecer esse importante vínculo social. A vida de dedicação do padre Rosalvino apresenta-se como um grande presente para Deus; essa obra que nasceu do seu sonho tornou-se um grande presente para a Zona Leste de São Paulo.

“Temos muitos exemplos de pessoas que passaram por aqui, se formaram e estão bem empregadas. Por isso tem tanta procura.” José Barbosa, instrutor de eletrotécnica

“O curso dura um ano e meio e ao final dele o aluno está qualificado para trabalhar tanto informalmente como numa empresa de grande porte. negócio.”

“Meu pai é também eletricista e eu sempre gostei da área, por isso resolvi fazer o curso. Eu pretendo seguir carreira, fazer engenharia elétrica, mecatrônica e trabalhar na área.” Cleiton Rodrigues, aluno do curso de automecânica

Jaime, responsável pelo curso de automecânica

“Vemos que as pessoas que fazem o curso mudam suas perspectivas. Elas entram querendo aprender algo para arrumar um empreguinho e acabam arrumando muito mais do que um emprego, porque ganham conhecimento e requalificação para o mercado de trabalho.” Elaine Silva, instrutora da oficina de corte e costura

Obra Social Dom Bosco Local: Rua Álvaro de Mendonça, nº 456- Itaquera- São Paulo (SP) Fundação: 1981 Contato: (11) 2205-1100 Site: www.domboscoitaquera.org.br Programa exibido em: 28/09/07

Vemos que o grande sonho dos jovens que passam

por aqui é o de se tornar empreendedores, montar seu próprio

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Relaci 46

Lição de Vida

BRASCRI

Construindo relacionamento

Não há amor como o de pai e mãe pelos filhos. Esse amor faz ultrapassar barreiras que parecem intransponíveis, como quando se descobre que um filho tem problema auditivo. Elisabeth Araújo da Silva Santos descobriu quando Leonardo tinha dois anos que, em decorrência da rubéola que ela tivera, ele era deficiente auditivo. A comunicação com o filho não era fácil, mas resolveu que nada iria impedir uma aproximação. Descobriu a BRASCRI, marcou uma triagem e ele logo começou na escola, onde ela teve ajuda para descobrir tudo aquilo que precisava para ajudá-lo e para conviver em harmonia com ele. Aos sete anos, Leonardo se comunica muito bem – o aprendizado mútuo, tanto para mãe quanto para o filho, os aproxima cada dia mais. “Meu filho expressa seus sentimentos – fala se está com dor, se quer um doce e diz que me ama todos os dias. Ele me beija e demonstra o carinho, que é o mais importante”, comemora.

A comunicação só foi possível porque Elisabeth aprendeu na entidade a linguagem dos sinais e continua fazendo aulas para estar cada vez mais próxima do filho, derrubando barreiras que poderiam se formar entre eles. Hoje, ela sabe que ele não precisa ficar isolado: poderá seguir seus estudos, ja que foi pré-alfabetizado, poderá ter uma carreira, família, filhos, enfim, uma vida normal. E, mais importante, ela sabe que sempre fará parte dessas conquistas.

“Não se pode falar em educação sem amor.” Paulo Freire, educador brasileiro


ionam Paulo Alexandre Barbosa

A educação com amor é a grande diferença que faz da BRASCRI uma entidade que consegue bons resultados, possibilitando que crianças com deficiência auditiva sejam inseridas socialmente, aprendendo linguagem de sinais e se alfabetizando. Além da pré-escola para crianças com deficiência auditiva, entre 3 e 8 anos, e de famílias de baixa renda, a entidade mantém outros projetos, com cursos extracurriculares para que o adolescente fique mais tempo na escola, bolsas para cursos profissionalizantes, apoio a mães adolescentes carentes e cooperativas de trabalho com alunos e ex-alunos dos projetos profissionalizantes. A entidade foi fundada pelo suíço Hans Jürgen Martins e sua esposa Margrit Martin, que obtiveram recursos do exterior, especialmente da Suíça, desenvolvendo parcerias de integração entre os países. Na pré-escola, voltada para os pequenos com deficiência auditiva, são atendidas 40 crianças.

“As crianças vêm de famílias carentes, sem condições. Na região não há escolas especializadas. As crianças aprendem os

sinais e os pais recebem aulas para aprenderem a interagir com os filhos.

Temos também inclusão digital, com jogos e softwaO objetivo é incluí-las socialmente para poderem entrar no ensino fundamental.” Hélio Severiano de Almeida, diretor da unidade res especializados.

“Por também ter deficiência auditiva, eu percebo as crianças mais facilmente. Mostro desenhos em papéis, figuras, slides; uso diferentes materiais. Acontece uma troca em língua de sinais, diálogo com perguntas e respostas. Minha maior alegria é ver as crianças se desenvolvendo. Fico feliz com isso.” João Luiz Nascimento, professor de libras

“As crianças chegam aqui sem comunicação e esse é nosso primeiro trabalho. No período que ficam aqui – normalmente quatro anos – têm atividades normais de préescola. Focamos muito a participação da família e aprendizagem com língua de sinais, para se comunicarem. Nossa meta é comunicação e alfabetização. Outro dia tive contato com um ex-aluno que está no ensino médio, preparando-se para fazer faculdade. É muito bom quando a família entende que as crianças têm potencial.” Daniela Cristina Jacob, pedagoga

BRASCRI Local: Rua Armando da Silva Prado- nº 191/271 Vila Bélgica- São Paulo (SP) Fundação: 1993 Contato: (11) 5548- 1646 Site: www.brascri.org.br Programa exibido em: 12/10/07

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Lição de Vida

Associação de Amigos do Autista (AMA)

Trabalhando com amor Toda mãe tem fé e sonha com um futuro de felicidade para seu filho: um futuro com conquistas e realizações. Quando o filho apresenta necessidades especiais, a fé e o sonho devem ser ainda mais fortes e estarem acompanhados do trabalho, da ação para que esse futuro se torne realidade. Essa foi a percepção que teve Andréa Kelly Vidigal, mãe de John, quando decidiu lutar e fazer tudo pelo seu filho autista. A psicóloga que acompanhava o menino falou de um trabalho muito bem feito com autistas e foi assim que ela e o esposo ficaram sabendo da AMA. O pai de John foi à reunião e, então, o casal percebeu que encontrara o que procurava. Depois de alguns meses de espera, conseguiram uma vaga na instituição. Com seis anos, John começou a frequentar a AMA e, quatro anos depois, ele consegue ter uma vivência em família: brinca com os irmãos, diverte-se e joga videogame e, como tantos outros meninos da sua idade. “Ele evoluiu 100%. A comunicação e a socialização melhoraram. Antes ele não ficava com outras crianças”, comemora Andréa, que faz parte dessa conquista, já que é uma mãe atuante e está sempre presente. Em vez de deixar o filho e ir para casa, ela o acompanha durante todo o dia, esperando a saída para voltar com John para casa. Aos pais que têm filhos portadores de necessidades especiais e que têm dificuldades a serem superadas, ela dá o conselho de quem acompanha passo a passo a evolução do filho rumo à independência: “Procurem uma instituição especializada em lidar com eles; é preciso correr atrás das coisas para obter resultados. Vale muito a pena.”

“E apenas com o coração que se pode ver direito; o essencial é invisível aos olhos.” Antoine De Saint-Exupéry, escritor francês


Paulo Alexandre Barbosa

Na década de 80, havia pouca informação sobre o autismo – não se sabiam exatamente as implicações e soluções para que crianças e jovens com essa necessidade especial pudessem ter uma vida normal. Diante da falta de informação, vários pais, buscando tratamento para seus filhos, formaram um grupo e foram em busca de informações. Como não havia material no Brasil, o grupo viajou para outros países, conhecendo atendimento na Dinamarca, Estados Unidos e França, e assim, foi criada a AMA. A coordenadora geral da entidade, Marli Bonamini, chegou à AMA há quase 20 anos, em busca de ajuda para a filha de 15 anos. Envolveu-se como voluntária, diretora de difusão e depois passou a coordenadora. Ela explica que a AMA trouxe para o país o método TEACCH, abordagem educacional de tratamento para crianças autistas que têm problemas de comunicação. O método visa a dar o máximo de independência, ensinando atividades diárias para que elas possam ter uma vida normal. A AMA atende mais de 120 crianças e jovens de diversas regiões de São Paulo em suas duas unidades – uma no Cambuci e outra em Parelheiros, onde ficam 20 residentes.

“Depois de uma avaliação, executamos o trabalho com base no resultado, sempre utilizando a linguagem visual para que as crianças possam compreender. Pela repetição, a criança cria o hábito para desenvolver sozinha essas atividades. Fabio Oliveira dos Santos, monitor

“O método da AMA também é dirigido aos pais, que podem receber treinamento e participar dos cursos, porque ele é o primeiro educador da criança. O grande problema da família é ficar pensando na culpa que tem por ter um filho com autismo ou qualquer outra deficiência.

Acho que por

essa fase todos nós, que somos pais de pessoas especiais, passamos. Importante é procurar logo ajuda profissional.

Não deixar o tempo passar, pois quanto mais precoce

o atendimento for feito, melhor será o prognóstico dessa

Associação de Amigos dos Autistas - AMA

Marli Bonamini Marques, coordenadora geral

Local: Rua dos Lavapés, nº 1123- Cambuci- São Paulo (SP) Fundação: 1983 Contato: (11) 3376-4400 Site: www.ama.org.br Programa exibido em: 19/10/07

criança.”

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Bom F

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Lição de Vida

Associação Casa da Criança

Bom filho a casa torna

Crianças que passam por grandes dificuldades em casa, que têm problemas sérios com familiares e que precisam de estabilidade para seguir o caminho, encontram na Casa da Criança a oportunidade de que necessitam para uma vida mais promissora. Andresa é o exemplo de alguém que soube aproveitar as chances que a vida lhe proporcionou para crescer, para avançar e para evoluir.

Junto com uma irmã, ela chegou aos oito anos na entidade, onde morou por cinco anos. Saiu aos 13 anos, em decorrência de ter ultrapassado o limite de idade da casa. “Tive que ser transferida para outro abrigo. Fiquei lá um tempo, depois fui para outro abrigo até completar 19 anos, quando saí de lá. Fui morar com uma família que me acolheu e onde estou até hoje”, conta. Dedicada, Andresa trabalhava no comércio quando conseguiu uma bolsa de estudos e começou a fazer faculdade. “Eu pensava: de que adianta fazer pedagogia e não trabalhar na área?”. Como já conhecia o pessoal da Casa da Criança, fui conversar para ver se conseguia algum trabalho. “Consegui e estou aqui até hoje”, comemora.

Como professora, Andresa usa sua experiência para dar às crianças exatamente o que elas precisam: atenção, carinho, amor. “Boa parte das crianças que estudam aqui - mesmo da creche – é muito carente, porque elas vêm de uma história meio complicada, com dificuldades. A gente vê que elas precisam de carinho, atenção, pois às vezes em casa não recebem porque têm um monte de irmãos. Aqui a gente pode brincar, conversar e eles têm os amiguinhos deles. Não existe coisa melhor. Além de ensinar, a gente aprende muito.” As grandes lições que Andresa carrega de sua passagem pela Casa são de gratidão e retribuição. Agora, ela procura oferecer essa mesma chance a outros que, como ela, procuram no local um futuro melhor.

“No meio de toda a dificuldade encontrase a oportunidade.” Albert Einstein, físico e cientista alemão


Filho

Paulo Alexandre Barbosa

Uma epidemia de febre amarela deixou muitos órfãos na cidade de Santos. Para abrigar essas crianças e jovens, José Xavier Carvalho de Mendonça e Aureliano de Souza Nogueira da Gama criaram em 1889 a Casa da Criança. Ao longo da história, a entidade centenária abrigou necessitados em diferentes situações difíceis, recebendo os órfãos do surto de febre amarela em 1918, desabrigados do desabamento do Monte Serrat em 1928 e contribuindo com a Cruz Vermelha durante a Revolução Constitucionalista em 1932. “Tivemos freiras do Imaculado Coração de Maria que por quase um século colaboraram com a obra. Elas residiram aqui até 1985 para cuidar das crianças”, relembra o presidente, Irajá Vieira dos Santos.

Hoje, a instituição atende mais de 400 crianças e jovens, tanto em regime de abrigo como de semi-internato – crianças de 0 a 6 anos na escola 13 de Maio e de 0 até 16 anos nos abrigos. Durante o dia, elas têm atividades escolares e extraescolares, formando uma grande família.

“A gente procura dar um lar para essas crianças nesse período de transição da vida delas. E fazemos isso com muito carinho, porque lidar com o ser humano já é uma coisa delicada e lidar com a criança é a coisa mais maravilhosa que tem.

Me emociona

falar dessas coisas, lembrar as crianças que já passaram e que a gente conseguiu dar um encaminhamento satisfatório.”

Irajá Vieira dos Santos, presidente

“A criança fica com a gente desde a manhã, quando tem toda a parte curricular. Ela aprende coordenação motora, percepção visual, vida prática. Toda parte de desenvolvimento é dada pra criança. Isso sem contar que os pais sabem que estão deixando os filhos em um lugar tranquilo, acolhedor, em que são passados valores para a criança.” Cléa Relvas Barral, diretora pedagógica

“Comecei aqui há 30 anos. Eu vim tentar – nunca tinha nem trabalhado fora. Vim aqui e consegui, graças a Deus. Falei com a Irma Dalva e ela me chamou. Passei na entrevista e comecei na batalha de cuidar das 180 crianças que tinham naquela época, tudo na minha mão. Não vivo sem a Casa da Criança. Eu recebo muitos telefonemas de pessoas que passaram por aqui. É maravilhoso.” Francisca Cândida Pereira, coordenadora

Associação Casa da Criança Local: Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, nº 120 Macuco- Santos (SP) Fundação: 1889 Contato: (13) 3222-4500 Site: www.casadacriancasantos.org.br Programa exibido em: 02/11/07

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Lição de Vida Casa Vó Benedita

Dedicação que muda vidas Nada é impossível para Deus. Basta ter fé e pedir para conseguir realizar, especialmente quando o pedido é uma obra de caridade para ajudar os necessitados. A Casa Vó Benedita nasceu praticamente do nada a fim de abrigar crianças necessitadas. Da mesma forma, ela renasceu nas mãos de uma mulher especial que assumiu com carinho esse desafio. Elizabeth Rovai de França, a tia Beth, como é carinhosamente chamada pelas crianças e por quem frequenta o local, chegou à entidade há 29 anos como uma das muitas pessoas que vão conhecer e ajudar momentaneamente. Ela trabalhava na Cosipa e a turma da sala resolveu visitar algumas entidades para ajudar com festas de Natal – uma delas foi a Casa. A experiência de ajudar o próximo foi tão gratificante que Elizabeth e o marido passaram a realizar todo ano a festa, levando junto o filho, que era pequeno. Daí em diante sua história se confundiu com a da entidade – Beth foi se envolvendo, ajudando cada vez mais, até que um dia o coração bateu mais forte e ela resolveu adotar uma menina, Bianca, que vivia no abrigo. “A gente confunde a nossa história com a daqui. Eu comecei, não parei mais e não dá para ficar sem”, conta. “Eu não entendo a minha vida sem a Casa Vó Benedita e a coisa se confunde mesmo.” Desses quase 30 anos envolvida com a instituição, em mais da metade – 15 anos – Beth está na direção. O trabalho foi ampliado, ganhou atendimento noturno para aumentar a ajuda às famílias. “Normalmente as mães saíam pra trabalhar, algumas estudavam, outras trabalhavam durante a noite e elas deixavam as crianças trancadas ou pagavam alguém para ficar com os filhos. Muitas vezes, eles ficavam em situação de risco, se machucavam sozinhos e, nessa situação, acabavam sendo abrigados. Nós iniciamos o trabalho de creche noturna aqui”, comenta. Contando que a ideia da instituição surgiu no abrigo, onde chegam crianças vítimas de maus tratos e em situação de risco, Beth fala do seu sonho. “A gente sabe que lugar de criança não é em abrigo. O grande sonho é não ter abrigo nenhum e ter as crianças em família”. Enquanto as crianças precisam de ajuda, a tia Beth faz o que pode para cuidar delas com carinho.

“Façamos o que pudermos e, se não pudermos, peçamos a Deus para que possamos.” Santo Agostinho


Paulo Alexandre Barbosa

A história da entidade começa em meados da década de 70, por volta de 1976, com uma senhora, Benedita, que cuidava das crianças carentes que eram deixadas em sua residência – algumas totalmente abandonadas pelos pais. Quando ela faleceu, em 1984, havia 19 crianças na entidade, a qual ficou sendo cuidada pelo médico Carlos de Azevedo e pela filha adotiva de Benedita, Maria Odila de Oliveira. Juntos, eles fundaram oficialmente em 1986 a Casa Vó Benedita. Anos depois, problemas pessoais levaram ao afastamento de Odila e mais tarde, dificuldades financeiras provocaram a desativação da instituição. As atividades voltaram em 1994 e desde então, a entidade conta com um abrigo 24 horas para crianças de 0 a 6 anos e o Espaço Noturno, creche noturna para bebês e crianças, cujas mães trabalham ou estudam à noite. O objetivo é incentivar mulheres a deixar a prostituição e, por isso, para colocar as crianças na entidade, elas devem participar de um curso profissionalizante no projeto Reconstruindo a Família, com aulas de culinária, costura, artesanato, cabeleireiro, manicure, alfabetização de adultos, entre outros.

“Essa creche veio pra fazer a diferença mesmo. Muitas mães deixavam as crianças sozinhas em casa, e elas corriam riscos. A creche noturna acolhe essas crianças e elas recebem um tratamento diferente de tudo que vivem. Muitas vezes elas chegam sujas, mal vestidas e aqui a gente consegue dar um tratamento bom. Elas chegam, tomam banhinho, se sentem em casa.” Tatiana Santana Freitas, monitora da creche

“Algumas mães já estão colocadas no mercado de trabalho. Duas mães aqui mesmo na Vó Benedita, como funcionárias, e elas, além do curso, saem a passeio, vão ao teatro com as monitoras e o mais bacana de tudo é que quando a gente precisa delas pra alguma atividade da casa, elas estão sempre prontas pra ajudar parceiras também.

- então acabam virando

Depois de algum tempo você já vê que a autoestima melhora, elas come-

çam a fortalecer a personalidade delas e até as crianças, a gente vê o reflexo nos filhos mesmo.”

Elizabeth Rovai de França, a tia Beth, presidente da entidade

“Para resgatar a autoestima, a gente trabalha com um grupo de mães do espaço noturno quinzenalmente. Esse grupo tem até um nome, o grupo Esperança. A gente procura trazer palestra sobre sexualidade feminina, violência infantil, a gente fala sobre educação saudável para os filhos, sempre trabalhando na orientação, dando apoio, fazendo com que elas estejam perto da gente e se sintam fortes para as dificuldades do dia a dia.” Silvia Helena Mauri, psicóloga

Casa Vó Benedita Local: Rua Carlos Caldeira, nº 675 Jardim Santa Maria- Santos (SP) Fundação: 1976 Contato: (13) 3299-5415 Site: www.casavobenedita.org.br Programa exibido em: 09/11/07

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Lição de Vida Projeto Tesourinha

Das palavras à ação Revoltado com a situação do país, com as favelas, com a sujeira, o cabeleireiro Ivan Stringhi, na década de 80, foi morar no Canadá. Ele voltou dez anos depois, com a mesma revolta. “Eu era aquele tipo de pessoa que reclamava, reclamava e não fazia absolutamente nada”, diz. Quando chegou ao Brasil, o taxista que o pegou no aeroporto de Guarulhos, ouvindo-o lamuriar, disse a Ivan que ele devia ser daquelas pessoas que falam muito e não fazem nada. “Aquilo me bateu tão forte que eu pensei o que eu poderia fazer por alguém. Ali mesmo, dentro do táxi, com as malas no carro, eu fui numa comunidade, numa favela e comecei a pensar em como eu poderia ajudar alguém.” Ivan começou a ensinar sua profissão às segundas-feiras, mas percebeu que não seria suficiente, num universo tão grande, somente esse trabalho. Conseguiu um centro comunitário abandonado na favela e começou ali o trabalho que é feito até hoje. “O projeto nasceu da vontade de fazer alguma coisa por alguém. Minha vontade era poder contribuir com a minha profissão, passar pra frente isso e ajudar alguém com um trabalho.” Quase 20 anos depois, o Tesourinha já atendeu 23 mil jovens, garantindo a eles a oportunidade de entrar no mercado de trabalho. “A grande vantagem desses jovens é a procura por profissionais dessa área - posso garantir que estão todos trabalhando. Há uma demanda muito grande na área que nós formamos: manicure, pedicure, depilação, assistente de cabeleireiro e inicial, quer dizer, iniciante e, que tem o básico para fazer uma escova, uma tintura. Essas profissões são muito procuradas pelos salões, onde todos os nossos alunos estão trabalhando e empregados. Não temos ninguém ocioso e procurando emprego - essa é a grande vantagem do resultado do nosso trabalho.”

“A arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal.” Machado de Assis, escritor brasileiro


Paulo Alexandre Barbosa

Com a consciência de que precisava fazer mais pelas pessoas e para acabar com a pobreza que o incomodava, Ivan Stringhi criou o Projeto Tesourinha, preparando profissionais para atuar na área de beleza. A ideia era elevar a autoestima das pessoas e dar oportunidade para o futuro dos jovens. O Projeto Tesourinha cresceu e conta com duas unidades – uma no Arpoador e outra em Indianópolis, que funciona embaixo do viaduto. O trabalho consiste na realização de cursos gratuitos para jovens a partir de 16 anos. Maria Cristina, coordenadora do projeto, explica o funcionamento dos cursos: “O maior é o de assistente de cabeleireiro, com duração de seis meses, realizado duas vezes ao ano; depois vem manicure, três vezes ao ano; depilação, quatro vezes ao ano e o mais rápido é maquiagem, cinco vezes ao ano, com duração de um mês e meio, mais ou menos.” São formados por ano mais de mil profissionais. Para dar maior abrangência, foi criada a “franquia social”, que permite o uso do sistema e da marca do Projeto Tesourinha. “Ela funciona como uma franquia comum comercial, só que sem fins lucrativos, para poder dar a todo o Brasil as condições que nós temos dado pra esses jovens. Nós já fechamos a franquia em Bauru, interior de São Paulo, e estamos negociando com Bahia, Recife, Fortaleza, Belém do Pará, enfim, umas oito cidades que já estão prestes a serem beneficiadas.”

“Às vezes o jovem está com 18, 20 anos e nesse período ele não foi lapidado ainda para a vida. Você tem uma obrigação, pelo menos na profissão, de lapidá-lo e deixá-lo pronto e esse é o pior trabalho, o mais difícil, e o mais gostoso de fazer, de um resultado fantástico.” Ivan Stringhi, idealizador

“É gratificante estar nas ações sociais, nos mutirões do projeto porque aqui também estamos vindo de uma ação social e estamos sendo ajudados. pessoas.”

Kelly Moreira da Silva, aluna

“Voltar para ajudar é uma forma de agradecimento, mas eu ainda sinto que não retribui tudo o que eles me deram até hoje e tenho muito pra fazer ainda.”

Viviane de Moraes, ex-aluna

Projeto Tesourinha Local: Avenida Ibirapuera, nº 3501- IndianópolisSão Paulo (SP) Fundação: 1991 Contato: (11) 5096-5806 Site: www.projetotesourinha.org.br Programa exibido em: 16/11/07

É muito bom poder devolver isso pras

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Lição de Vida Lar de Assistência ao Menor (LAM)

Grandiosidade de abrigar os pequenos Transformar a grandiosidade da vida em algo que vai além de si mesmo, doando tempo, dedicação e amor. Esse poderia ser o resumo da história de vida de Lucélia Bello Djrdjrjan, que há mais de 25 anos atua no LAM – mais da metade como presidente. Dando exemplo de como um trabalho feito com amor pode ajudar muitas vidas, Lucélia trabalha cercada por anjos humanos, como ela, que se dedicam a essa causa, como a diretoria formada por 35 voluntários, além dos muitos que prestam serviços voluntariamente na casa, dando carinho a crianças tão carentes, que moram no Lar por enfrentar problemas familiares ou ficam na casa enquanto os pais vão trabalhar. É preciso muito amor para receber crianças que enfrentam tantas dificuldades, que precisam passar por tal superação. Famílias que necessitam de apoio para retomar sua estrutura, como a de Adriana, com três filhos que foram amparados, junto com a mãe, em um momento difícil. Depois de 11 anos trabalhando em uma contabilidade, Adriana foi demitida e viu-se em desespero. Teve síndrome do pânico, depressão e só conseguiu começar a enxergar uma nova possibilidade na vida com a ajuda da terapeuta da entidade. No próprio Lar, começou a fazer curso de bordado, a recuperar a autoestima e retomar o controle da própria vida, comemorando a conquista de conseguir voltar a sair de casa. Para ela, o melhor da entidade, além do carinho com que são recebidos, é ter sempre atenção de todos. “A dona Lucélia, por exemplo, é presidente do LAM, mas eu, como mãe, tenho acesso a ela. Em outro local você não conseguiria falar com a presidente da entidade. Aqui você tem livre acesso”, conta emocionada Adriana, comprovando a importância da dedicação de uma líder para iluminar a grandiosidade da vida.

“O líder é alguém que nos inspira a não apequenar a vida, o trabalho, a empresa, a comunidade, a nação, o mundo.” Mário Sergio Cortella, educador e filósofo brasileiro


Paulo Alexandre Barbosa

Criar um lar para crianças separadas das famílias por maus tratos ou orfandade era o objetivo do juiz da Infância e Juventude, Hélio Del Porto, quando fundou o LAM. Na época, a entidade servia apenas como abrigo. Com o passar do tempo, surgiu a necessidade de ampliar esse atendimento, montando uma creche para ajudar as famílias carentes da região. O LAM foi crescendo e atualmente tem capacidade para receber 140 crianças de 0 a 7 anos – sendo 100 na creche e 40 no abrigo. O principal cuidado é receber a criança que chega – especialmente a que vai para o abrigo – com muito carinho, para ajudá-la a superar a dificuldade de ser separada da família. Normalmente a criança é encaminhada para o abrigo do LAM porque a família tem algum tipo de problema e não pode, pelo menos naquele momento, ficar com a criança. Então, para tentar amenizar essa mudança, essa ausência, a equipe conta com o amor e as atividades lúdicas para dar aos pequenos o respaldo emocional, afetivo e físico de que eles precisam nesse momento tão difícil.

“As crianças ficam o dia todo com a gente. É um desafio muito grande porque, na verdade, nós ajudamos na formação e educação dessas crianças. É um grande trabalho, feito em conjunto com toda a equipe.” Débora Cristina Vaz, administradora “Estou há 13 anos aqui. Eu era voluntária, colaborava levando as crianças para passear e acabei me apaixonando por elas. Já passaram muitas crianças por aqui

– até crianças que fo-

ram adotadas e voltaram para ver como estava a instituição.

Eu falo para o meu marido que passo mais temLar do que em casa. Aqui eu me formei,

po no

me casei e se um dia eu for trabalhar em outro lugar, vou continuar aqui como voluntária

sempre.” Ivanúzia Santos, funcionária

Lar de Assistência ao Menor (LAM) Local: Rua: Nicolau Patrício Moreira, nº 225- Cidade Naútica- São Vicente (SP) Fundação: 1965 Contato: (13) 3464-3373 Site: www.lamsaovicente.com.br Programa exibido em: 30/11/07

“Nós trabalhamos com o aprendizado e com o brincar, para não ficar massacrante o dia inteiro. É muito importante para nós ver o prazer das mães e dos filhos que estudam aqui.

A proposta pedagógica é muito importan-

te, a administração é fundamental, mas o

carinho é essencial para que as mães vejam seus filhos se sentirem bem, verdadeira-

mente acolhidos.” Mirela Coelho Martins, coordenadora pedagógica

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Lição de Vida Fundação CafU

Alimentando sonhos Cafú é o exemplo vivo da capacidade de sonhar e realizar os sonhos. Criado em uma região carente da periferia de São Paulo, o menino ganhou o Brasil e o mundo com a bola no pé, defendendo a seleção brasileira. Foi no seu 100º jogo pela seleção que ele resolveu que era hora de ajudar os sonhos de outras crianças da região necessitada onde cresceu. Sua ação mudaria a realidade do bairro Jardim Irene, na Zona Sul de São Paulo, com a criação da Fundação Cafú. “A fundação nasceu de um sonho que, graças a Deus, eu consegui realizar. Procuramos desenvolver esse projeto social de beneficiar crianças do Jardim Irene porque a gente sabe que a maioria das periferias do Brasil tem carência grande de um local onde elas possam ficar”, diz. A grande alegria do jogador é chegar à fundação e ver a felicidade estampada no rosto das crianças. “O que me anima é ver aquele monte de crianças dentro da fundação, ver que eles realmente estão levando a sério o trabalho.” O sonho do jogador é oferecer a essas crianças a oportunidade que ele não teve, de um lugar para ficar quando não estão na escola, um local para aprender, para se desenvolver, para que possam seguir o caminho certo na vida. Para desenvolver o trabalho, ele conta com o apoio da família, como o irmão, que preside a entidade, e segue o exemplo da mãe, que sempre ajudou a comunidade carente do bairro. “Família é tudo, é a peça fundamental, o conforto, o carinho, tudo que a gente precisa nos momentos de maior dificuldade.” Aos jovens, ele deixa sua mensagem para que valorizem o que realmente importa para conquistar os maiores sonhos. “A mensagem que eu gostaria de deixar pra todo mundo que está batalhando, que está procurando seu espaço, é que não desista nunca. As barreiras são colocadas para que a gente possa superá-las. Temos que superar barreiras com muita humildade e dedicação.” Cafú é o exemplo de alguém que saiu de uma comunidade carente, de um lugar muito simples, conseguiu atingir seus objetivos na vida, teve sucesso profissional e soube retornar, retribuir todo sucesso alcançado, proporcionando oportunidades para os jovens através dessa fundação.

“Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho.” Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro


Paulo Alexandre Barbosa

Proporcionar atividades de educação, cultura, esporte, lazer, saúde e muito mais é o objetivo da Fundação Cafú, que atende crianças e jovens, dos 7 aos 17 anos, da comunidade carente do Jardim Irene, em São Paulo. A entidade realiza 1.600 atendimentos por mês em diversas áreas. Há um sistema alternativo de educação para cerca de 340 crianças e jovens de baixa renda e curso profissionalizante para cerca de 100 pessoas acima de 16 anos. “Temos uma biblioteca com acervo de 4 mil livros para atender escolas e pessoas da comunidade; há consultório odontológico, brinquedoteca, cabeleireiro, sala de computação, sala de psicopedagogia, entre outras ações”, afirma Marcelo Evangelista, presidente da fundação, irmão de Cafú. Entre seus objetivos, a entidade visa a dar um espaço para que a criança se desenvolva ao invés de ficar na rua, ajudando a despertar no jovem sua vocação, descobrindo talentos adormecidos e dando oportunidades para que ele possa explorar todo seu potencial.

“A minha mãe sempre fazia bazares na região para ajudar os mais necessitados, sempre se propôs a trabalhar nas escolas, nas creches, coordenando a parte de alimentação, fazendo sopa, mutirão. Sempre procurou ajudar outras pessoas, seja com palavra, gesto ou atitude. Então essa vontade nossa de ajudar vem da raiz. E a fundação tem esse histórico que vem da minha mãe, fazendo trabalho junto com pessoal mais carente. A gente praticamente deu sequência ao trabalho dela.” Marcelo Evangelista, presidente

“Eu entrei pra fazer curso de cabeleireiro. Ajudou muito porque eu era dona de casa, não tinha profissão nenhuma e agora tenho profissão. Meu salão está quase montado. Minhas filhas também estão aqui – antes, quando não estavam na escola, estavam em casa ou na rua. Agora ou estão na escola ou no curso. Meu marido também está aqui para me ajudar.” Dionice de Jesus Soares, cabeleireira e mãe de três meninas que participam das atividades da fundação

Fundação Cafú Local: Rua Alves de Souza, nº 65 Jardim Irene/Amália- São Paulo (SP) Fundação: 2001 Contato: (11) 5824.0422 Site: www.fundacaocafu.org.br Programa exibido em: 07/12/07

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Lição de Vida Apae Cajamar

Ajuda de coração aberto De coração aberto, o empresário Luiz Tomazin mudou toda sua vida para ajudar pessoas com necessidades especiais. Ele tinha uma empresa havia cerca de 30 anos quando percebeu que estava cansado de ser empresário. “Um dia eu passei pela APAE, entrei e acabei ficando. Foi amor à primeira vista”, conta ele, que deixou a empresa para os filhos e se dedicou de corpo e alma à entidade. “Acho que a gente tem que fazer alguma coisa para as pessoas que precisam. A gente tem que se doar um pouco. Não adianta correr atrás de riqueza, de ser milionário. A gente tem que preencher aquilo que faz bem pra gente. O coração da gente é que manda.” Quando ele começou a atuar, a APAE fazia parte de um departamento da Prefeitura de Cajamar. Por meio de negociações, conseguiu desvincular a entidade para que ela caminhasse “com os próprios pés”, como ele ressalta. Luiz tornou-se presidente da entidade, bastante atuante, participando das ações, dando atenção a cada detalhe. A equipe segue seu exemplo e se dedica, desenvolvendo um trabalho profissional. “A equipe alia o interesse profissional, a necessidade da criança e a filosofia da APAE, que é voltada exclusivamente para o bem estar da criança.” Sentindo-se inserido em uma grande família, Luiz diz que é uma satisfação se doar. “Dizer que não temos dificuldades seria uma mentira, porque temos muitas. Mas a gente vai superando com muita fé em Deus e muito trabalho. Parece que estamos aqui em um ambiente abençoado. Às vezes não temos dinheiro para pagar isso, para apagar aquilo e de uma hora para outra o dinheiro aparece. Deus manda o dinheiro.”

A pior das prisões é o coração fechado.” João Paulo II, Papa de 1978 a 2005


Paulo Alexandre Barbosa

A unidade de Cajamar faz parte do movimento da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE – fundado há mais de 40 anos e que reúne mais de duas mil APAEs no Brasil. A APAE de Cajamar atende 113 pessoas na parte pedagógica e cerca de 600 no ambulatório, recebendo desde bebê, crianças, jovens até adultos. O principal objetivo da entidade é desenvolver ao máximo as potencialidades das pessoas com necessidades especiais, com um trabalho especializado. No setor educacional, há a estimulação essencial, para crianças de 0 a 3 anos e 11 meses; estimulação escolar, para crianças de 4 a 6 anos e 11 meses; ensino fundamental e EJA, de 7 a 50 anos; pré-profissionalizante para inserção no mercado de trabalho; educação física e educação artística. O setor ambulatorial conta com psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia e neurologia.

“Eu tenho oito filhos, seis especiais. O senhor Luiz arrumou esse emprego para mim e eu trabalho com muita alegria, gosto muito dessas crianças. Vejo os benefícios da APAE pelos meus filhos, principalmente o Wellington, que estudou aqui 10 anos. Quando ele entrou tinha uns sete anos e não falava quase nada. Ele saiu daqui falando, sabe assinar o nome dele, já está até trabalhando. É um ótimo menino. Como ele venceu, eu creio que os outros vão vencer também. Através da APAE nós vamos conseguir bastante evolução para os meus filhos. Eu creio.” Izilda Santos Silva, mãe e funcionária

“A criança pode ter uma evolução excelente se a família contribuir com todos os terapeutas, trabalhar junto, estimular em casa. A gente tenta conscientizar os pais de que essa criança realmente tem dificuldade e que precisa de um lugar especial, adequado, adaptado às suas dificuldades, para desenvolver seu potencial consegue.

– caso contrário, não Eles ficam cinco, seis anos na rede de ensino e

não conseguem sequer aprender a ler e escrever o próprio nome.

O mais importante é a aceitação dos pais, a participa-

ção e a crença de que o filho deles pode se desenvolver.”

Silvana de Souza, psicopedagoga

“É simples trabalhar com eles, porque eles são felizes e a cada dia que passa a gente vê o resultado do nosso trabalho, a evolução de cada um a toda hora.” Therezinha de Freitas, coordenadora administrativa

Apae Cajamar Local: Rua Manoel Antônio Gomes, nº 377 Jordanésia- Cajamar (SP) Fundação: 1984 Contato: (11) 4447-4555 Site: www.apaecajamar.com.br Programa exibido em: 14/12/07

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Lição de Vida Especial de Natal

Amor em cada ação Natal é tempo de expressar o amor em todas as suas formas. O Programa Lição de Vida Especial de Natal trouxe diferentes manifestações de amor. Primeiro retratou uma mulher que com amor fez uma verdadeira revolução social no estado de São Paulo, promovendo grandes transformações com padarias artesanais, programa de geração de renda e recordes na campanha do agasalho. Um trabalho referência na área social. Em seguida, o programa mostrou que o amor sempre nos surpreende e se manifesta de forma mais inusitada, comprovando que mesmo nos momentos mais difíceis é possível descobrir as coisas mais importantes da vida.

“Não é o quanto fazemos, mas o quanto de amor colocamos naquilo que fazemos. Não é o quanto damos, mas quanto de amor colocamos em dar.” Madre Teresa de Calcutá, religiosa macedônia, naturalizada indiana


Paulo Alexandre Barbosa

Maria Lúcia Ribeiro Alckmin, a Lu Alckmin, presidente do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (FUSSESP) de 07/03/2001 a 31/03/2006 Ela nasceu em uma família humilde, sendo a sétima de onze filhos. Filha do senhor Ademar e da dona Renata, Lu Alckmin teve na mãe um grande exemplo de solidariedade, com quem aprendeu a praticar desde cedo ações solidárias diariamente. “Tudo na nossa vida são exemplos. Minha mãe e meu pai foram exemplos de solidariedade para mim. Mesmo com tantos filhos, nunca nos faltou carinho, nunca nos faltou amor, e minha mãe ainda tinha tempo de cuidar das pessoas carentes”. Lu conta que sempre quis ser igual a mãe, desenvolver o trabalho social, porque aprendeu em casa a importância de se doar aos outros. “Minha mãe tinha cozinheira, mas ela ia para a cozinha, gostava dela mesma ir fazer um bolo e levar para uma pessoa carente. Ela fazia muitas visitas. Isso é doação, é amor.” Os valores que aprendeu e praticou desde cedo, na base familiar, ela levou pela vida afora, desenvolvendo seu trabalho social e colocando amor em cada ação. O amor opera milagres e ajudou a promover a multiplicação na campanha do agasalho, que antes de Lu assumir arrecadava 500 mil peças por ano e, quando ela deixou o FUSSESP, eram mais de 18 milhões de peças por ano. É também com amor que Lu mostra relatos emocionantes de pessoas que enfrentaram grandes desafios e mudaram suas vidas no programa Histórias de Solidariedade, que ela apresenta na TV Canção Nova.

Padarias Artesanais “Um dia, caminhando na Zona Leste de São Paulo e falando para mulheres muito carentes, eu percebi que elas não prestavam muita atenção em mim, até que uma delas falou que estava com fome e que ainda não tinha comido. Aquilo me cortou o coração, e eu perguntei o que eu poderia fazer por elas - elas falavam que tinham vontade de comer pão e eu nunca mais me esqueci daquilo. Quando o Geraldo assumiu o Governo do Estado, e eu o Fundo Social, a primeira coisa que fiz foi chamar toda a equipe e pedi que nós, juntos, desenvolvêssemos um projeto em que iríamos ensinar a população carente a fazer pães - não só a fazer pães, mas também levar noções de higiene, de cidadania, e geração de emprego e renda. Foi um projeto maravilhoso do qual hoje colhemos frutos. São nove mil padarias artesanais espalhadas pelos 645 municípios do estado de São Paulo.”

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Lição de Vida

Felicidade “Acho que todo mundo busca felicidade – mas onde está a felicidade? Ela está dentro de nós - Mas o que é felicidade? Felicidade é quando a gente faz o bem para o nosso semelhante, porque aí nós esquecemos dos nossos problemas e quando a gente se doa e ajuda alguém, por menor que seja o nosso ato, isso nos faz um bem imenso, e isso é felicidade. Eu aprendi com os meus pais a ser feliz e, para mim, felicidade é isso: doar, ajudar aos nossos semelhantes.”

Milena Ribeiro Simões, aluna do Lar das Moças Cegas Gilmar Ribeiro dos Santos, professor do Lar O amor às vezes aparece nos momentos mais surpreendentes. Milena tinha 19 anos quando perdeu a visão por causa de diabetes. Para aprender a enfrentar esse novo momento em sua vida, ela foi buscar ensinamentos na instituição Lar das Moças Cegas, que cuida de deficientes visuais em Santos (SP). Foi lá que ela conheceu Gilmar, que começou na entidade aos oito anos. Ele teve perda visual por causa de um erro médico no tratamento de uma catarata. “Eu passei pelos cursos de reabilitação, depois eu passei um tempo como voluntário, foi quando nosso presidente me convidou para trabalhar na parte da administração como office-boy, auxiliar de escritório e, depois de oito anos trabalhando na administração, surgiu uma oportunidade para dar aula de orientação de mobilidade”, comenta Gilmar. Ele lembra que isso aconteceu na mesmo época em que ele ingressou na faculdade e queria usar um pouco da experiência de vida como deficiente para tentar ajudar outras pessoas. Da convivência, foi começando uma amizade entre Milena e Gilmar. “A gente tinha uma amizade muito legal. Eu era aluna e ele ainda não era professor”, revela Milena. Segundo Gilmar, a conquista aconteceu na rotina – ele dava carona para Milena no braço, ambos iam para suas respectivas atividades. Trocaram telefones, saíram e estão juntos há três anos.


Paulo Alexandre Barbosa

Experiência “Eu tinha muita insegurança, muito medo de andar, até mesmo na instituição. Tinha receio, vergonha, e quando eu conheci o Gilmar, ele andando e fazendo tudo sozinho, isso foi uma grande ajuda para mim. O fato de ele estar ao meu lado me ensinou muita coisa, comecei a perder o medo de andar na rua. Foi muito bom para mim.” - Milena

Esporte “Poder passar a experiência para outras pessoas é muito gratificante. Além de ter conhecido o amor da minha vida na entidade, o Lar possibilita que eu ajude com orientação de mobilidade e golbol, que é o esporte que eu pratico.” - Gilmar

Especial de Natal Local: Estúdio da TV Canção Nova de São Paulo (SP) Programa exibido em: 21/12/07

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Lição de Vida Especial de ano novo Fundação Paulo Gomes Barbosa - Pagoba

Construindo hoje um novo amanhã A produção do Programa Lição de Vida fez uma surpresa ao seu apresentador um pouco antes da virada do ano de 2007, ao realizar uma gravação especial na sede da Fundação Paulo Gomes Barbosa, trabalho social idealizado por sua família, no Morro do Pacheco, em Santos, litoral paulista. A edição, excepcionalmente apresentada na ocasião pelo Pe. Cleidimar Moreira, da Comunidade Canção Nova, foi marcada por muita emoção e boas lembranças. Em vez de crianças nas ruas expostas aos riscos da violência, aos problemas com drogas, vemos crianças jogando xadrez, capoeira, praticando esportes, lendo. Essa foi a transformação social que a Fundação Pagoba provocou na comunidade carente do Pacheco. O local não foi escolhido por acaso: foi ali que cresceu o homenageado que dá nome à entidade, Paulo Gomes Barbosa. Paulo Gomes Barbosa perdeu o pai quando tinha oito anos. Como filho mais velho, precisou trabalhar para ajudar a mãe. Começou como engraxate de sapatos, vendeu palhinha nas feiras livres, foi vendedor ambulante, vendedor de pipoca no cinema. Com determinação, Paulo Gomes Barbosa mudou o rumo de sua história - foi trabalhar no ramo de café, formou-se em Direito, tornou-se político e chegou a ser prefeito de sua cidade, um exemplo de que força de vontade e perseverança são os ingredientes do sucesso.

“Quando vejo uma cria dois sentimentos: ternurança, ela inspira-me pelo que é, pelo que pode vir a ser.” e respeito Louis Pasteur, cientista fr ancês


Paulo Alexandre Barbosa

Apesar das conquistas e do novo caminho, Barbosa sempre esteve presente e preocupado com a comunidade que foi sua base. Por isso, em seu aniversário de 65 anos, ganhou o melhor presente que os filhos poderiam lhe dar: “Compramos essa casa onde ele residiu, compramos mais algumas casas no entorno e fizemos a Fundação Paulo Gomes Barbosa, a qual leva o nome dele e que atende crianças do Morro do Pacheco, em Santos, um lugar carente, com crianças que precisam de oportunidades. Assim como meu pai recebeu uma oportunidade quando precisou, nós queremos cumprir com nossa obrigação, que é retribuir para essas crianças, para as famílias, a oportunidade que meu pai teve”, explicou Paulo Alexandre Barbosa, que nesta edição passou de apresentador a entrevistado. Entre as crianças do morro, distribuindo abraços e beijos, Paulo Gomes Barbosa transparece toda alegria que sente, podendo retribuir tudo o que a vida lhe deu, ajudando as crianças que vivem a mesma dificuldade que ele vivenciou. “Esse morro é meu porto seguro. Foi aqui que eu comecei a minha vida. Foi esse morro que me ensinou; aquele porão que me ensinou a trabalhar, a engraxar sapato na rua, a vender palhinha nas feiras de Santos. Foi aqui que eu aprendi muita coisa da prática da vida, que meus sonhos se realizaram. Eu descia e subia o morro seis vezes por dia. Quando eu descia, dizia: ‘preciso ser alguém na vida para melhorar a vida das pessoas que aqui moram’. E foi feito.”

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Lição de Vida

Oferecer atividades educativas e lazer para as crianças no horário em que elas estão fora da escola. Esse é o principal objetivo da Fundação Paulo Gomes Barbosa – PAGOBA. O trabalho é dividido em cinco eixos principais: educação, cultura, esporte, saúde e geração de renda. Recentemente, a entidade também ganhou uma creche- Maria Ignez Barbosa, onde as mães podem deixar os filhos com tranquilidade e sair para ganhar o sustento da família. No eixo esporte, os alunos fazem capoeira, dança, futsal, voleibol e jogos cooperativos. É o momento em que se trabalha a questão da cooperação e do trabalho em equipe. No eixo da educação, a entidade disponibiliza aulas de reforço escolar, inglês e informática. O eixo cultural visa ao desenvolvimento de novas potencialidades e promove atividades de canto, dança e artesanato. Com o objetivo de oferecer mais qualidade de vida à população, a instituição realiza palestras sobre como prevenir gravidez na adolescência e doenças, de uma forma em geral. A Pagoba também promove com frequência mutirões de cidadania e ações sociais que mobilizam a comunidade do Morro do Pacheco. Garantir um ofício é a proposta do eixo geração de renda, através de cursos profissionalizantes para os familiares.


Paulo Alexandre Barbosa “Há um tempo as crianças iam do colégio para casa e da casa para o colégio. Depois que o Paulinho e o pai deram de presente essa fundação, elas ocupam o tempo todinho lá. Elas têm lazer, saem para passeios, estudam, aprendem computação, capoeira, tudo. A rotina do morro melhorou muito e não digo só pelos meus netos, mas pelas crianças todas. O coração fica aliviado porque é uma coisa que a gente idealizava há muito tempo, essas crianças tendo o lugarzinho delas para não ficar na rua.” Regina, moradora do morro do Pacheco há 35 anos

“Essa fundação é um orgulho, o melhor orgulho da minha vida. É uma satisfação ímpar. Eu nunca imaginei que no fim da minha vida, com 70 anos, os meus filhos me fizessem essa surpresa. Deus me deu muito mais do que eu merecia e todos os dias eu rezo, agradeço a Deus por tudo aquilo que eu tenho: eu tenho cinco filhos belíssimos, eu tenho tudo que eu quis na vida . Deus me deu a possibilidade, inclusive, de poder ajudar os moradores do Morro Pacheco. Eu vejo essa meninada descendo o morro, esses meninos que amanhã também poderão ser advogados, dentistas, médicos. Naquela oportunidade nós já pensávamos em estudar para poder comandar alguma coisa nessa cidade.” Paulo Gomes Barbosa, homenageado da fundação

Fundação Paulo Gomes Barbosa

- Pagoba

Local: Rua 5, ligação 15 - Morro do Pacheco - Santos (SP) Fundação: 2003 Contato: (13) 3219-1531 Site: www.fundacaopagoba.com.b r Programa exibido em: 28/12/07

“A fundação veio em um momento muito bom – a gente pode trabalhar tranquila deixando nossos filhos lá. Tem muito lazer para as crianças e ao mesmo tempo eles aprendem muita coisa.

Deixo minha filha lá e venho trabalhar,

tendo a certeza de que ela está segura, fazendo bastante atividade.

Não tem vida ociosa. Minha filha está aprendendo computador, que poderá ajudar no futuro dela.” Vera, moradora do morro do Pacheco e mãe de aluna

“Nós procuramos fazer um trabalho aqui para acolher a comunidade. Queremos que a fundação seja uma extensão do lar, extensão da casa de cada uma dessas pessoas. Esse é o grande objetivo – sempre acolher as pessoas com muito amor, muito carinho, que esse deve ser o principal caminho, sempre no intuito, como nosso monsenhor Jonas diz, de ‘formar homens novos para um mundo novo’. É a grande filosofia desse trabalho também.” Paulo Alexandre Barbosa, que fundou a Pagoba em homenagem ao pai, Paulo Barbosa, junto com as suas três irmãs Rosane, Christine, Adriane, seu irmão Paulo Eduardo e sua mãe Maria Ignez Barbosa.

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Lição de Vida Comunidade Assistencial Irmãos de Emaús- Casa Abrigo

A chance de recomeçar A mão de Deus se manifesta a cada momento; depende do empenho de cada um aproveitar a oportunidade. Natalino Ferreira da Cruz soube se esforçar quando a vida lhe acenou com uma nova oportunidade. Ele estava em Cosmorama, indo para Santa Fé do Sul, quando começou a conversar com uma senhora que se ofereceu para ajudá-lo. Ela lhe deu um dinheiro para chegar até Votuporanga e disse que procurasse seu filho. Natalino nem imaginava que conversava com a mãe do padre Edemur, responsável por uma obra referência na região por ajudar desabrigados. Natalino chegou a Votuporanga, foi direto à igreja falar com o padre, que lhe colocou no carro e o levou para a Casa Abrigo. “Ele chegou comigo e disse: ‘aqui tem mais um companheiro para vocês, meus amigos’. Tinha umas 10 pessoas”, lembra Natalino, que foi permanecendo na instituição, ajudando, até o dia em que o padre perguntou se ele sabia mexer com horta – era um convite, logo aceito por Natalino, que começou a tratar o terreno, plantar alface, almeirão, couve, repolho. Onde antes era só mato, hoje se vê uma grande horta, que conta com o trabalho de outros residentes. “Quando a gente faz o serviço com amor, planta com amor, recebemos das plantas amor também”, diz, acrescentando que faz o que pode pela casa porque sempre é tratado com muito carinho. O carinho foi a fórmula mágica também para mudar a vida de Isaac Alexandre Damásio, exresidente. “Eu andava pelo mundo trabalhando aqui e ali e por um problema de saúde e, não tinha mais condições para trabalhar”, afirma. Foi quando encontrou a entidade, onde ficou por dois anos e meio, até reunir condições para sair.

“Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço.” Immanuel Kant, filósofo alemão


Paulo Alexandre Barbosa

Preocupados com a situação de pessoas desabrigadas, alguns fiéis da Paróquia Nossa Senhora Aparecida se uniram e junto com o padre Edemur José Alves, fundaram a Casa Abrigo, da Comunidade Assistencial Irmãos de Emaús. “Tudo aconteceu graças a Deus, a casa está aí e hoje é um sucesso, suprindo a necessidade de pessoas que têm procurado”, comenta o presidente da entidade, Jorge Ribeiro Serão. Ele explica que as pessoas geralmente chegam em um estado ruim, com barba por fazer, sem banho, em “situação de rua”. Logo tomam banho, recebem roupa nova e, se precisam de atendimento, são encaminhadas ao médico e ao dentista. Na entidade, os residentes participam da terapia profissional, fazendo serviços na horta, jardinagem ou pintura. A Casa Abrigo tem 43 leitos – 30 para internos e 13 ficam à disposição da migração, para receber os que passam pela cidade. Há ainda três leitos reservados para mulheres. Em 10 anos de trabalho, já foram realizados mais de 8 mil atendimentos a desabrigados que passam pelo programa “Resgatando a Cidadania”, que visa a preparar os residentes para se reintegrarem à sociedade.

“Casa pessoa que passa aqui é uma história, uma situação, é um irmão. Nós acolhemos e vemos o que podemos fazer. A espiritualidade

é trabalhada nas orações feitas por voluntários, que vêm participar.

Temos uma capela, mas

respeitamos a religião de cada um.”

Padre Edemur José Alves, fundador

“Temos uma parceria grande com as entidades de Votuporanga, principalmente com a Casa Abrigo. Desenvolvemos um projeto em que vamos buscar apoio, doações, para arrecadar alimento para a entidade.” Oswaldo Carvalho, colaborador da Casa Abrigo

Comunidade Assistencial Irmãos de Emaús- Casa Abrigo Local: Rua José Messias da Silva, nº 1880 Jardim Nossa Senhora Aparecida- Votuporanga (SP) Fundação: 1997 Contato: (17) 3421-6918 Site: www.nossasenhoravotuporanga.com.br (Casa Abrigo) Programa exibido em: 04/01/08

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Lição de Vida Casa Crescer e Brilhar

Um novo lar Transformar cada dia em um momento melhor, fazer da vida uma grande inspiração. O desafio dessa ideia é ainda maior quando se trata de crianças e jovens que não têm mais um lar e precisam de um abrigo. Esse é o trabalho da Casa Crescer e Brilhar. Para vencer esse desafio, a instituição conta com o apoio e a força da comunidade católica de São Vicente, cidade onde está instalada. “A Igreja Nossa Senhora das Graças tem uma participação muito forte; vários diretores daqui são encontristas da igreja. Eu também participei durante muitos anos dessa paróquia”, revela a presidente da instituição, Célia Regina Morais. Considerando a importância da família como base da sociedade, o direcionamento dos trabalhos é voltado para tentar um resgate entre essas crianças, jovens e seus parentes, promovendo um reencontro. A presidente explica como funciona: “A gente trabalha prioritariamente a família de origem, e se não conseguimos formar esse vínculo, tentamos um apadrinhamento afetivo”. A dedicação em realizar essa tarefa difícil tem garantido bons resultados, inclusive em um quesito considerado bastante difícil, que é a adoção de adolescentes. “Não é comum a adoção de adolescentes, não é? Mas a gente tem conseguido algumas adoções e isso é importante. A criança vai para um apadrinhamento com uma pessoa de referência e de repente se transforma em uma adoção.” Conseguir uma adoção, uma casa, uma família, um lar para uma criança que se encontrava em situação de abandono é uma grande alegria. Mas a emoção maior vem quando esses ex-internos retornam, dando boas notícias. “Muitos passam um bom tempo aqui na casa, que acaba se tornando uma referência em suas vidas. Por isso, quando chegam à fase adulta, quando têm seus filhos, eles retornam para mostrar, para contar o sucesso que tiveram. Temos adolescentes de muita referência na cidade, que estão com a vida organizada. Há uma garota que passou quase dez anos conosco e hoje está fazendo medicina em Cuba.” Esses retornos mostram que as crianças e jovens recebem na entidade a base necessária para a formação, seguem suas vidas, constroem suas histórias e comprovam que o trabalho vale a pena.

“Não devemos permitir que ninguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.” Madre Tereza de Calcutá, religiosa macedônia, naturalizada indiana


Paulo Alexandre Barbosa

A entidade nasceu na década de 70, denominada Casa de Triagem e Recuperação de Menores, depois mudando para Casa do Menor de São Vicente, até chamar-se Casa Crescer e Brilhar. “A casa é um programa de abrigo, embora hoje tenha outra função, pois também trabalha com a comunidade”, explica Célia Regina Morais. Segundo a presidente, as crianças vão para o abrigo como medida de proteção, encaminhadas pelo Juiz da Infância e da Juventude, para serem cuidadas. “Nós formamos uma família e vamos unindo cada um que chega.” A instituição abriga 40 crianças de 7 a 17 anos e 11 meses, que recebem não só abrigo, mas oportunidades de desenvolvimento com cursos de teatro, artes circenses, capoeira, judô, entre outras atividades. As famílias também são acompanhadas para tentar promover um retorno das crianças e jovens ao lar.

“Para ajudar as mães temos o projeto ‘Bem me quer’, com quatro oficinas: cabeleireiro profissionalizante, expressão corporal, artesanato e atendimento terapêutico em grupo. São mulheres em situação de risco, vulnerabilidade social e arrimo de família, e nosso objetivo é trabalhar a cidadania, o resgate da autoestima, desenvolver o senso crítico.” Ana Paula Ferraz, psicóloga

“Estou feliz por ter a oportunidade de transmitir às pessoas a felicidade que é a gente estar junto, trabalhando com amor pelas crianças. A relação com os jovens também é muito produtiva. No convívio com as crianças e os jovens, eu me sinto jovem, fortaleço meu espírito, eu penso que estou doando, mas sei que estou recebendo. A nossa idade não é a cronológica, é a mental. E na minha idade mental eu sou bastante jovenzinha.” Elza Batalha, escritora e voluntária

“Primeiro a gente tem que diagnosticar qual é o problema da criança e depois nós vamos em busca da família para

- se é de saúde ou social. Já tivemos casos de reintegração familiar, casos que a rede do muniver qual é o problema

cípio considerava perdidos e quando houve a reintegração familiar foi muito gratificante.”

Maria Aparecida Araújo, assistente social

Casa Crescer e Brilhar Local: Rua Dom Duarte da Costa, nº 341 Vila Jóquei Clube- São Vicente (SP) Fundação: 1974 Contato: (13) 3464-1177 Site: www.casacrescerebrilhar.org.br Programa exibido em: 11/01/08

“É uma satisfação trabalhar aqui. A gente se sente bem em fazer algo que deixa as pessoas felizes.” Jares Maximiano, seresteiro e voluntário

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Lição de Vida Fundação Educacional e Cultural de Praia Grande

Agindo pelo bem estar Agir pela própria felicidade e para promover a felicidade da comunidade é a meta alcançada pelo padre Joseph Thomas, que veio da Índia e realizou um belo projeto em Praia Grande, na Baixada Santista. Ele trabalhava nas áreas sociais – especialmente na educacional – na Índia. Chegou ao Brasil em 27 de outubro de 1994, ficou dois anos em Itanhaém, até chegar à paróquia onde criaria a fundação. “É uma paróquia pequena, com quatro comunidades. Eu estou construindo a nona igreja agora, tenho 14 comunidades formadas, completas. Quando comecei a trabalhar com a parte social, educacional, na área da saúde, nós começamos várias pastorais, mais 30 pastorais sociais”, conta o padre. O grande orgulho de Joseph é a rádio educativa, que conta com uma grande abrangência, permitindo evangelizar pelos meios de comunicação. “Tudo que fiz até agora não é nada perante essa rádio educativa. É uma grande vitória, um grande presente de Deus para a Baixada Santista. Temos mais de 20 países cadastrados, acompanhando pela internet nossa rádio (www.radioboanova.net). É um grande trabalho de 24 horas por dia de evangelização”, comemora. Com sua ação, padre Joseph Thomas demonstrou que é possível fazer muito pela comunidade e, de passo em passo, obter grandes conquistas como uma das poucas rádios autorizadas de comunidade. E, dessa forma, promover a alegria e satisfação dos moradores de toda uma região, comprovando que a felicidade está mesmo na atividade de quem faz ajudando ao outro pelo amor ao próximo, em nome de Deus.

“Felicidade é atividade.” Aristóteles, filósofo grego


Paulo Alexandre Barbosa

A Fundação Educacional e Cultural de Praia Grande é ligada à Paróquia Nossa Senhora das Graças, coordenada pelo padre Joseph Thomas. O objetivo é promover a saúde física, moral, cívica, cultural, educativa e religiosa da população da cidade. Para atingir sua meta, a entidade desenvolve várias atividades artísticas, culturais e educativas, com oficinas, palestras, cursos, entre outros. “Nós temos vários cursos pré-vestibular, centenas de jovens já passaram por eles e temos até alunos que hoje estão na USP. Os cursos são realizados numa casa de formação do padre Ramiro e todos os alunos já entraram na faculdade”, explica padre Joseph. “Temos também aulas de teclado, violão, música, corte e costura, pintura, teatro, dança, vários tipos de cursos e também convênios com faculdades e escolas particulares. Noventa por cento dos jovens da igreja estão no mercado de trabalho e ainda temos grandes projetos para o futuro, como parcerias com grandes empresários. Estamos sonhando isso.” O diferencial da fundação é a Rádio Boa Nova, a primeira rádio católica da Baixada Santista.

“O que mais falta hoje são cursos profissionalizantes. Muitos não sabem ler e escrever; por isso nós temos centenas de alunos no projeto de alfabetização, um trabalho muito grande que fazemos e gostaria de agradecer a todos que me ajudam, seja através de oração, de ajuda financeira, de elogios ou críticas também.” Padre Joseph Thomas, presidente “Aqui tem vários cursos e todos participam do coral dos coroinhas e também tem o coral Advento, que é o coral das crianças, que toca na missa das 10 horas de domingo. Todos aqui cantam um pouquinho. Eu gosto de cantar. Desde pequena, dos 6 anos de idade, eu faço homenagem pro padre. Lembro que eu subia nos banquinhos pra cantar, porque eu era muito baixinha. Então, desde os meus 6 anos de idade eu canto sozinha.” Bruna Tavares Baptista, 13 anos, aluna que representa todos os alunos do ministério dos coroinhas, da paróquia Nossa Senhora das Graças

“Eu comecei como qualquer outra pessoa, indo à igreja, participando, fui durante dez anos coroinha, fui ganhando a confiança do padre, das pastorais. Então eu me preparei porque eu quis estar neste projeto. Fiz cursos e estou aqui há dois anos, junto com o Marcos, que é administrador, fazendo tudo sempre com muito amor. A rádio é educativa e cultural - temos uma programação jornalística e 99% evangelizadora. Nós queremos passar informação e transformar os corações das pessoas.” Willian Oliveira Roemer, responsável pela rádio

Fundação Educacional e Cultural de Praia Grande Local: Rua Oceânica Amábile, nº 100 Cidade Ocian- Praia Grande (SP) Fundação: 2001 Contato: (13) 3494-5242 Site: www.fundacaodepraiagrande.org Programa exibido em: 18/01/08

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Lição de Vida República da Vida

Fé na caminhada Um portal em uma alameda de árvores anuncia a proposta da República: “Caminho da Liberdade”. A grande liberdade da vida é sonhar com dias melhores, acreditar em um futuro possível. Liberdade para sonhar uma nova vida é o que a República proporciona a quem se dispõe a atravessar o portal. Felipe ousou atravessar e descobriu uma nova vida que o esperava do outro lado, que vai além dos nove meses de tratamento. Ex-residente, ele se recuperou e hoje ensina artesanato na entidade. Antes do tratamento, ele já sabia um pouco. Aprendeu mais e agora partilha com os outros residentes a experiência. “O artesanato ajuda a ter mais paciência. Me ajudou bastante no tratamento e eu me esforcei para aprender o máximo”, diz Felipe. “Eu vou continuar ensinando muito o que aprendi e vou procurar aprender mais também.” Partilhar a experiência que o ajudou a realizar o sonho de liberdade para que tantos outros alcancem também esse sonho. Essa é a lição de Felipe e também de Mauro, que coordena as oficinas de laborterapia na entidade. “Eles têm que trabalhar pensando no que fizeram na vida. Eu já fui dependente químico, já passei por comunidades terapêuticas e hoje me encontro como coordenador”, exemplifica, demonstrando que alcançar a liberdade está ao alcance de todos.

“Verdadeiramente imoral é desistir de si mesmo.” Clarice Lispector, escritora ucraniana, naturalizada brasileira


Paulo Alexandre Barbosa

Desde 1993, a cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo, contava com um programa de DST/AIDS em que se verificou que a maioria das pessoas que frequentava o local tinha problemas com dependência química. “Havia um grupo de profissionais, assistentes sociais, psicólogos e médicos, que discutia a problemática da AIDS com familiares e portadores”, recorda Maria Cecília Peres Neves, assistente social que há 10 anos atua na República da Vida. O grupo precisava de uma casa de apoio e, fazendo contatos com a Secretaria de Saúde e a Febem, conseguiram a ajuda necessária. “Desde o início, trabalhamos com os 12 passos do cristão, com o tripé espiritualidade, disciplina e trabalho, porque a gente busca resgatar tudo que o dependente perdeu: disciplina, respeito por ele mesmo. É um trabalho de conscientização”, informa Maria Cecília. A entidade atende 25 residentes que passam por um tratamento de nove meses. Os que não podem voltar para casa, por questões pessoais, são encaminhados para a Casa Dois, que funciona como uma república, abrigando-os até que se reestruturem.

“A gente tenta, com a família, reestabelecer os laços familiares. Precisam entender que é uma doença que não tem cura. Eles têm que prevenir. Nós trabalhamos as emoções deles enquanto pessoa, mostramos que têm que se amar. O tratamento depende de cada um. Quem se recupera é porque quis mudar de vida. Porque tem que querer. É fácil ficar aqui nove meses sem cair no vício. Mas a gente trabalha com eles a mudança de vida para o retorno.” Maria Cecília Peres Neves, assistente social “Alguns novatos abaixam a cabeça e não tem coragem de olhar nos olhos da gente. Depois de alguns dias eles têm um olhar com um sorriso diferente e a gente vê que eles têm amor e fé no coração. No Evangelho, Jesus disse: ‘se você se unir a mim, você não fica nas trevas porque a minha luz ilumina teu caminho.’ Quando nós aceitamos, encontramos essa luz e o nosso coração muda.” José de Oliveira, voluntário e coordenador dos estudos bíblicos

República da Vida Local: Avenida Ademar de Barros, nº 777 Santo Antônio- Guarujá (SP) Fundação: 1994 Contato: (13) 3386-5211 Programa exibido em: 25/01/08

“Nós temos uma terra boa, fértil, que produz nosso alimento. Nosso trabalho é ver o fruto crescendo, regando. É bom poder comer alimento plantado pela nossa própria mão. Esse trabalho eu aprendi aqui, com o pessoal da casa. Todos que passam por aqui têm curiosidade e vontade de aprender a trabalhar na horta. O bom é que é um serviço que não é praticado só aqui dentro. Vai servir também quando a pessoa tiver terminado o tratamento e estiver lá fora.” João, residente e responsável pelas hortas

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Lição de Vida Unidade Vicentina Promocional

Repouso para a terceira idade Um gesto de carinho, um olhar, atenção para ouvir sobre a trajetória de vida. Às vezes é bem pouco o que precisa ser feito para dar uma grande alegria a um idoso. Essa é a receita que mantém o sorriso nos lábios de Honorina Ribeiro, residente do Lar São Vicente de Paulo. Ela morava sozinha no Alto de Santana e mesmo tendo ouvido a sugestão do padre da paróquia e amigo de que não deveria continuar sozinha, Honorina não queria mudar-se. Foi depois de um tombo que ela percebeu que o padre tinha razão e ele a encaminhou à entidade. Sua primeira alegria com a instituição foi saber que poderia levar sua cama e seu radinho, onde escuta e acompanha as orações, junto com os santinhos que mantém no seu quarto no Lar. “Fiquei contente porque eu tenho muito medo das camas altas”, revela. Essa liberdade de poder continuar sendo ela mesma é um dos fatores que a ajudam a manter a alegria e ter a certeza de ter feito a escolha certa. “Temos liberdade para sair, para deitar depois do almoço. Aqui eu me sinto em casa, graças a Deus”. Como não pode ficar muito tempo em pé, nem sentada, quando não está com os amigos que fez na entidade, nem com as visitas, gosta de deitar e deixar o radinho bem perto, para orar. A oração é também a forma que José Alves Neto, residente, encontra para agradecer tudo que teve na vida, tudo que tem, orar pelos amigos que o visitam e pela família. “Rezo por tudo”. Mineiro, José, 94 anos, chegou a São José dos Campos a trabalho, quanto tinha pouco mais de 30 anos, e se estabeleceu na cidade. Seu novo lar é a entidade. “Faço minhas orações e gosto de assistir à missa da Canção Nova. Não gosto de sair daqui - só para os passeios: fomos ao Zoológico, à Aparecida. Aqui é um lugar onde a gente é feliz, melhor que se estivesse em casa. Para mim, é o paraíso.”

“Dez vezes vocês irão aos pobres, dez vezes encontrarão a Deus.” São Vicente de Paulo


Paulo Alexandre Barbosa

Conhecida como Lar São Vicente de Paulo, a Unidade Vicentina Promocional nasceu em 1974 com o objetivo de abrigar famílias carentes; a partir de 1978, passou a atender idosos. O Lar acolhe 36 idosos acima de 60 anos, viúvos ou solteiros que recebem tratamento, cuidados especiais e fazem passeios. O Lar faz parte da Sociedade São Vicente de Paulo – SSVP – organização que atua em todo o Brasil. “Quando a Sociedade chegou ao Brasil, há mais de 100 anos, passou a ver a necessidade de cada comunidade. Há lugares em que temos hospitais, por exemplo. Se aparecer outra necessidade aqui, estamos juntos”, diz Anésio Ramos de Araújo, que faz parte do conselho da entidade. Anésio conta que o maior carisma do vicentino é a visita nas casas, para ouvir os anseios dos mais carentes. “Nas catástrofes, também somos chamados a colaborar”. Ouvindo o chamado dos mais necessitados, os vicentinos encontram Deus, como ensinou São Vicente de Paulo.

“Muitos chegam tristes, sem esperança na vida. Dá impressão que vai chegar aqui e ser o fim. Eles se animam quando percebem que têm convivência aqui dentro, bom tratamento, são bem alimentados. Eles voltam a sentir vontade de viver. Temos, por exemplo, o senhor Benedito, que toca violão. Quando chegou, não conversava, não falava, era triste. Ouvindo música eles voltam às coisas do passado, a alegria volta ao coração. A mudança aqui é grande. É uma outra família que eles têm. Trabalhar com eles é muito bom, traz uma alegria grande no coração da gente porque a gente vê o próprio Deus neles. Nosso maior objetivo é levar alegria no coração deles e eles devolvem pra gente.” Joana D´Arc Pereira de Toledo, presidente

Unidade Vicentina Promocional Local: Rua Monteiro Lobato, nº 95 Santana- São José dos Campos (SP) Fundação: 1974 Contato: (12) 3921-5085 Programa exibido em: 01/02/08

“A maioria dos idosos não tem ninguém e nós somos a família. Há também muitas pessoas da comunidade que adotam os idosos. Fazemos daqui um verdadeiro lar, uma casa onde vivem bem. Aqui é a casa, o lar desse idoso e onde ele acaba constituindo nova família.” Maria Inês de Andrade, assistente social

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Lição de Vida Creche Lar Padre Vita

Preservando as crianças A sensibilidade do padre Vita transparece nessa frase em que ele nos mostra a importância de termos cuidado com nossas crianças, flores perfumadas, bonitas, frágeis, que precisam de nossa atenção para crescerem fortes. Padre Vita quis garantir que essas flores estivessem sempre bem cuidadas, por isso plantou esse sonho. O sonho dessa fundação nasceu bem antes da criação da creche. Padre Vita tinha fundado um hospital, em Campos de Jordão, para crianças tuberculosas. Como as crianças saíam de lá e não tinham para onde ir, ele teve a ideia de fundar uma casa em Pindamonhangaba. O padre faleceu em1972, mas deixou germinando a semente da creche, que brotou no ano seguinte e segue até hoje ajudando mães como Tatiana Lima, que tem uma filha na instituição e um filho que já passou por lá. Tatiana conta que encontra na creche a tranquilidade que precisa para deixar seus filhos e poder trabalhar, ajudar no sustento da família. “Aqui eles são muito bem cuidados, recebem bastante carinho e a gente percebe isso em casa”, diz. “Eles também complementam a formação da religião e o caráter das crianças. Eles passam coisas boas para eles e a gente vê isso no dia a dia”. Tatiana, como outras mães, percebe que o amor e o carinho aparecem no cotidiano em casa na forma como as crianças se comportam; o ensinamento religioso, os valores ensinados às crianças, ajudam a levar harmonia e paz para dentro de casa, como o perfume das flores que invadem o ambiente onde elas estão.

“As crianças são as flores perfumadas no jardim de Deus.” Padre Vita


Paulo Alexandre Barbosa

Criada para abrigar meninas carentes de 0 a 14 anos, abandonadas ou sem condições de sobrevivência, a Creche Lar Padre Vita, que recebe o nome de seu idealizador, começou como abrigo e depois passou a funcionar como creche para atender famílias de baixa renda. A entidade é filiada ao Instituto das Filhas Nossa Senhora das Graças. A instituição, que recebe crianças de 2 a 6 anos, atende 120 crianças – o equivalente a 11% das crianças do município. “O padre Vita deixou alguns meios para mantermos a casa. O próprio Instituto das Filhas de Nossa Senhora das Graças mantém os funcionários aqui na creche, assim como as contas de água, luz e outras despesas, e nós temos uma pequena parceria com a Prefeitura”, explica a diretora da creche, irmã Eva Ribeiro Lopes. Mais do que abrigar as crianças, a creche mantém sua missão de oferecer melhores condições de vida a elas e às famílias, cuidando da sociabilidade, disciplina, raciocínio e dando a base religiosa com apoio moral, preparando-as para serem adultos mais conscientes.

“Trabalhar aqui é muito bom porque as crianças trazem alegria e o ambiente fica iluminado. Aqui, nós não atendemos 120 crianças e sim 120 famílias. O contato que nós temos é um relacionamento de total confiança porque os pais confiam em deixar as crianças sob nossos cuidados.

Na medida do possível, nós envolvemos os pais nos

projetos que temos.”

“A gente tem mais de 120 crianças que precisam de apoio e esse apoio é muito importante, porque o problema social é de todos nós; pra gente arrumar esse Brasil, precisa de apoio. Essas entidades têm dificuldade de sobreviver porque têm salários, têm que pagar conta de água e luz. Muitas vezes as pessoas

ficam distantes do problema social e a gente sabe que o proble-

Tatiana Derrico, assistente social

ma social está ligado a nós. importante.”

Tirar uma criança da rua é muito

Vito Ardito Lelário, colaborador

“Nós usamos muitas atividades dirigidas e muitas atividades lúdicas. A criança aprende através da brincadeira e nós temos os nossos combinados. Cada criança sabe os horários de cada atividade e com isso o trabalho flui normalmente. A

“As famílias participam bastante. Fazemos algumas atividades com as mães, principalmente na educação. A

gente acolhe as crianças com muito carinho e elas sentem

gente também chama profissionais para orientar as mães

segurança no nosso trabalho.

e a própria assistente social dá orientações em reuniões

Nós respeitamos cada fase da

criança e cada uma vai desenvolvendo seu potencial de acordo com as necessidades que a gente propõe.

Assim o trabalho

periódicas.”

Irmã Eva Ribeiro Lopes, diretora

flui e a leitura vai acontecendo e a gente sempre intervém através de atividades, brincadeiras e combinados.” Lucimara Oliveira, professora

Creche Lar Padre Vita Local: Rua João Antônio da Costa Bueno, nº 410Santana- Pindamonhangaba (SP) Fundação: 1973 Contato: (12) 3642-6063 Programa exibido em: 08/02/08

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Lição de Vida Casa do Amor Fraterno

Vontade de mudar o destino Às vezes, falta em nossa vida uma oportunidade para que Deus possa estar presente e precisamos abrir espaço para Ele entrar. Há casos em que é preciso deixar o passado e acreditar que é possível um futuro diferente, construído com base na fé. José resolveu dar a si mesmo uma segunda chance quando procurou a Casa do Amor Fraterno para se livrar da dependência. Há dois meses na entidade, ele já se sente diferente, esperançoso, certo de que uma vida melhor o espera quando acabar o tratamento. “Estou aqui por vontade minha. Tem pessoas que falam que até o terceiro mês é o momento mais difícil, mas o trabalho continua depois disso. E tem também o primeiro mês, o primeiro dia”, revela, destacando que cada dia é importante, uma conquista diária na luta contra a dependência. “Eu digo que vou carregar para o resto da minha vida esse problema. Tenho que estar sempre em tratamento, sempre me vigiando e correndo atrás das coisas que eu quero. Importante é a gente saber que tem solução, é só procurar.” Uma solução para o grande problema de sua vida foi o que Gabriel encontrou na casa quando entrou lá pela primeira vez, há 23 anos. Alcoólatra, Gabriel conseguiu se livrar da dependência e, recuperado, passou a sentir que as famílias precisavam muito de alguém que ajudasse. Tornou-se voluntário na Casa do Amor Fraterno. Na entidade, ele dá apoio, orientação com base na experiência que tem por ter vivido a dependência e superado. “Nós mostramos que ser dependente é a coisa mais fácil que tem. Mas ser ex-dependente também é fácil, basta querer. Não existe obstáculo que não possamos ultrapassar com fé em Deus”, comenta. “Cada pessoa que nos procura, que vem para a casa e consegue deixar a bebida, a gente sente a mesma alegria que sente quando nasce o primeiro filho – porque vê um ser humano, um irmão nosso se recuperando. É a obrigação que temos como cristãos de levantar o próximo.”

“Na medida em que nós nos esvaziamos de nós mesmos, Deus nos preenche com o Seu espírito.” São Vicente de Paulo


Paulo Alexandre Barbosa

Preocupado com dependentes químicos e alcoólatras, o padre Mauro Ziati Pereira criou a Casa do Amor Fraterno. “O objetivo era formar um lugar para acolher essas pessoas”, conta o padre. Primeiro surgiu o ambulatório, depois o centro de triagem onde há uma equipe com psicólogos, clínicos, psiquiatra, assistente social, enfermeiros e equipe de profissionais que dão suporte aos trabalhos. No centro, o dependente passa por um processo de triagem com duas ou três etapas e, havendo vaga e possibilidade, ele é internado para um tratamento de nove meses. Um dos pontos importantes para determinar a internação é a vontade do dependente em fazer o tratamento.

“É uma grande satisfação resgatar vidas. Depois de nove meses é uma vida que a gente devolve para a sociedade.” Padre Mauro Ziati Pereira, presidente

“Eu cheguei à casa através de uma tia minha. Eu queria me internar, ela me trouxe e eu me internei. Tem que ter força de vontade é fé em Deus em primeiro lugar. Agora, como monitor, tento ajudar ao máximo os que estão aqui. Nós conversamos bastante sobre a experiência de cada um. Aos jovens que estão nessa vida do vício, digo para pôr consciência na cabeça e parar com essa vida. Nada é impossível. Com fé em Deus consegue.” André Corrêa Leite, monitor

“Eu cheguei aqui de livre e espontânea vontade e passei dois anos na casa. Hoje estou empregado e vou tocando minha vida. Se Deus quiser, vou vencer na vida. Eu estraguei minha vida, minha família, tudo com bebida alcoólica. Peço para quem bebe procurar uma casa de recuperação. Tem que pensar positivo no dia de amanhã.” Bartolomeu Pereira, ex-residente

Casa do Amor Fraterno Local: Rua Piratininga, nº 55 Jardim Das Amoreiras- José Bonifácio (SP) Fundação: 1999 Contato: (17) 3245-1306 Programa exibido em: 15/02/08

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Lição de Vida Associação Assistencial Nosso Lar de Fernandópolis

Uma grande família Conquistar a felicidade de uma criança é um dos melhores presentes que se pode ter e. muitas vezes, não é preciso muito: um lar em paz, uma família unida. Por isso, a equipe da Associação Assistencial Nosso Lar criou na entidade uma grande família e o resultado é a felicidade revelada no rosto de cada criança que encontra ali seu abrigo. Garantir uma boa base para um crescimento saudável, elevar a autoestima, oferecer carinho. São muitos os desafios para manter o brilho nos olhos dos pequenos que, logo cedo, são colocados à prova nos obstáculos da vida. “Tentamos evitar, de todo jeito, que a criança se sinta responsável ou culpada pela situação dela, porque não é. A criança é a maior vítima disso tudo, e a maior carência, o maior problema está na estrutura familiar”, afirma o juiz da infância e juventude Evandro Pelarin. As crianças e jovens são encaminhados para a entidade pelo Poder Judiciário, que atua como parceiro da Associação, avaliando as carências, dificuldades e necessidade dos pequenos em ir para abrigos. “As famílias dessas crianças que chegam até aqui, muitas vezes, são desestruturadas, os pais ou não vivem juntos ou, se vivem juntos, fazem uso de drogas, álcool; temos vários casos nessas condições, sem nenhuma referência religiosa, enfim, é muito difícil lidar com pessoas que vivem somente da ajuda dos outros, acomodadas, colocam as crianças nessas condições. Alguns até colocam as crianças para fazer pedidos nas ruas, usam os próprios filhos e abusam dos próprios filhos. A desestrutura familiar é a maior responsável por isso, aliás, a existência do orfanato é consequência de uma desestrutura familiar.” Aliviar um pouco o peso dessa criança, dar-lhe esperança, devolver o sorriso ao seu rosto – esse é o desafio e o sonho de toda a equipe da associação, que atua conjuntamente para fazer da entidade mais que um simples abrigo, transformando-a em uma grande família.

Uma grand “Nunca ninguém conseguirá ir ao fundo de um riso de uma criança.” Victor Hugo, escritor, poeta e dramaturgo francês


Paulo Alexandre Barbosa

Há 12 anos, um grupo de mulheres com filhos adotivos resolveu se unir e montar uma entidade para ajudar crianças em situação de risco que precisavam de um abrigo, crianças que tiveram problemas com suas famílias e necessitavam de um novo lar para continuar sua vida. Embora o estatuto preveja abrigo de crianças de 0 a 10 anos, a associação não estipula data para que elas saiam, e por isso há crianças de até 13 anos. “A integração deles não se dá por idade, porque somos como uma família e o vínculo que se forma é muito grande”, comenta a diretora financeira, Rosa Maria Furlan. “Os maiores acabam cuidando dos menores, estabelecendo essa relação de irmãos, de fraternidade que nós vivemos aqui.” A associação abriga 35 crianças e jovens que são encaminhados pelo Conselho Tutelar, Sentinela e Juizado da Infância e Juventude. O objetivo é oferecer aos abrigados condições mínimas para a dignidade humana: sobrevivência, convivência e transcendência. Na casa, as crianças e jovens recebem aulas de reforço escolar, informática, tratamento odontológico, fisioterápico, fonoaudiológico, médico e passeios.

“Eu sou voluntária, como todas as pessoas da diretoria, mas isso faz um bem enorme, mais pra mim do que para as próprias crianças, porque quando você trabalha pra alguém é muito mais reconfortante. Graças a Deus e com a ajuda da população, nós conseguimos desenvolver nosso trabalho. Eu falo que tem um anjo da guarda nos protegendo porque tudo o que nós fazemos dá certo. Nós temos uma diretoria que participa das reuniões da escola, do reforço escolar, e tudo o que nós fizemos para os nossos filhos, nós fazemos pra essas crianças, nós nos sentimos mães de todas as crianças que passaram por aqui.” Elisabete Viana, presidente

“Cada criança tem uma história que a gente tem que levar em E a gente tenta resgatar a autoestima dessas crianças, pra não ficarem institucionalizadas. Todo nosso trabalho vale a pena quando a gente vê uma criança sorrindo, uma criança feliz, uma criança contente, quando elas estão indo para um lar, quando estão bem.” Milene Carolina Attili, psicóloga conta.

de família

Associação Assistencial Nosso Lar de Fernandópolis Local: Rua Silvio Mioto, nº 848- Jardim Eldorado- Fernandópolis (SP) Fundação: 1996 Contato: (17) 3442-5959 Programa exibido em: 22/02/08

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Lição de Vida Obra de Serviço Social Pio XII

Presença Divina em todo lugar Em um ambiente de calma, amor e paz se desenvolvem os trabalhos nessa verdadeira obra de Deus feita por mãos humanas. Em cada canto das instalações, seja no hospital, na creche ou no recanto de idosos, é possível sentir a presença Divina amparando a todos que ali são acolhidos. Esse sentimento se revela nas palavras do residente que tem o mesmo nome do homenageado no recanto, João de Deus, 70 anos, que teve vida difícil, mas não desaprendeu a sorrir. “Passei por muitas adversidades; foi bom para aprender na vida. Estou aqui para aprender mais ainda”, diz o homem que veio de Belém para São Paulo e, então, para Taubaté. João aprecia a religiosidade do recanto e o cuidado e preparação que têm as pessoas que cuidam dos residentes. Sentindo-se em paz, ele comenta. “Se eu morrer aqui, vou direto para o céu.” O carinho das irmãs é o que mais encanta dona Manuela Borges, outra residente. Ela fica feliz em receber essa atenção e também em poder doar, ajudando outras pessoas com seu trabalho de costureira. Manuela reforma roupas, costura lençóis e toalhas, uma forma de continuar partilhando e retribuindo o amor recebido. Enquanto a presença Divina se faz presente em cada espaço da entidade, ela aparece também forte em toda a vida da Irmã Luzia, primeira enfermeira do hospital Pio XII. Nas lembranças do início, ela recorda as dificuldades, o sentimento bom de construir uma obra para ajudar e o companheirismo e ajuda mútua entre todos que atuavam. “Eu tomava conta da enfermagem, da cirurgia e maternidade. A Madre Teresa, fundadora da Congregação, me pôs como responsável pela enfermagem do hospital.” Luzia lembra também dos desafios, como a vez em que chegou a ficar 36 horas revezando-se dentro do centro cirúrgico e da maternidade. “O anestesista me olhou e disse: ‘vai descansar um pouco que eu tomo conta da cirurgia para a senhora’”, recorda-se, constatando que o mesmo sentimento de solidariedade permeia a obra há 50 anos.

“A verdadeira ciência descobre Deus à espera atrás de cada porta.” Pio XII, papa de 1939 a 1958


Paulo Alexandre Barbosa

Uma obra social referência no Vale do Paraíba, cuja amplitude envolve desde crianças a idosos. Esse é o trabalho da Obra de Serviço Social Pio XII, que abrange a Creche Maria Izabel de Oliveira Alves Cavalheiro, o Hospital Pio XII e o Recanto São João de Deus. A entidade nasceu do ideal de monsenhor Luiz Cavalheiro de servir as pessoas, ajudar a comunidade. O hospital começou com um ambulatório, depois ganhou maternidade. Hoje tem como diferencial atendimento específico em transplante de medula óssea, cardiologia e oncologia. Depois do hospital, veio o recanto e, então, a creche. No recanto, são atendidos 60 idosos e, na creche, há 92 crianças. O Hospital conta com 98 leitos e há outra unidade na região, o Hospital Antoninho da Rocha Marmo. “Quando o movimento no Pio XII cresceu muito e o espaço não era suficiente, transferimos a maternidade para a outra unidade”, explica a presidente da entidade, Irmã Teresa Isabel.

“Quando cheguei aqui em 2004, já tinham sido realizados, em média, dez transplantes com sucesso. O trabalho estava parado porque não havia enfermeira. Começamos uma luta e no ano de 2006 comemoramos 50 transplantes. Em 2007, realizamos 25. Nossa meta é expandir para outros transplantes e devagarzinho vamos conseguindo transpor obstáculos.

Atendemos o Vale do Paraíba e sul de Minas Gerais.” Irmã Lúcia Maria, responsável pelo Setor de Oncologia litoral norte, o

Obra de Serviço Social Pio XII Local: Rua Paraguassu, nº 51 Santana- São José dos Campos (SP) Fundação: 1932 Contato: (12) 3928-3300 Site: www.hpioxii.com.br Programa exibido em: 29/02/08

“Temos várias atividades e uma terapeuta ocupacional que trabalha conosco e que é muita zelosa. Os idosos fazem vários trabalhos, de bordados, bijuterias. Os homens fazem tapete de tear e trabalho de madeira. Eles cuidam da horta e outro dia comemos curau do milho que eles plantaram. Há também diversos passeios. Aqui formamos uma família. As pessoas precisam pensar que não adianta ter casa, conforto e não ter humanização. Nós procuramos fazer com que os funcionários pensem e vivam isso.” Irmã Aparecida Ferraz, diretora do Recanto São João de Deus

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Lição de Vida Especial Dia Internacional da Mulher

Força feminina Para homenagear todas as mulheres, o programa Lição de Vida Especial Dia Internacional da Mulher escolheu uma mulher guerreira, sensível às questões da autonomia feminina, que tem história de luta pelas mulheres e pelas causas sociais. Ela é mulher múltipla, que realiza várias atividades: é presidente da ONG Arte sem Fronteiras, idealizadora e presidente de honra do Instituto Se Toque; mãe, avó, esposa, lecionou durante 20 anos na USP, deu aula na Unicamp e presidiu o Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo. É também uma mulher atuante, moderna e dinâmica.

“Há sempre uma mulher na origem das grandes coisas.” Alphonse de Lamartine, escritor e político

Monica Serra, presidente do Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo no período de 01/01/2007 a 31/03/2010: Nascida no Chile, Monica Serra foi bailarina integrante do Corpo Nacional de Ballet daquele país. Foi lá que conheceu o governador José Serra e conta que só casou porque o então noivo aceitou sua condição: “Só caso se não me obrigar a sair do ballet” – para ela, trabalho é realização pessoal e a mulher precisa lutar por esse direito. “Se ela quiser ser dona de casa, tudo bem. Mas precisa ser decisão dela”. Monica considera a atuação da mulher importante em todas as atividades. “Quando se reuniram as oito comissões nas Oito Metas do Milênio, depois de terem estudado separadamente, acabou resultando que os trabalhos em que crianças eram apoiadas teriam que ter a participação da mulher, e nos que foram trazidos como exemplo, a participação da mulher era vital.”

A vinda de Monica para o Brasil, logo após o casamento, foi inusitada: ela veio sozinha conhecer os sogros porque José Serra não podia entrar no país: “Eu não tive lua de mel – eu vim passar a lua de mel com meus sogros. Eles são de família simples, não podiam viajar para o Chile, para o nosso casamento.” A mudança definitiva para o Brasil aconteceu em 1979 e ela sentiu-se bastante acolhida. “Eu me senti em casa desde o primeiro dia em que vim morar aqui. Parece que o Brasil já morava na minha alma.” Mulher e criança – “Já na prefeitura, eu me preocupei com a criança e a mulher. Meu primeiro empenho como presidente do Fundo da Prefeitura de São Paulo foi conseguir 20 toneladas de leite junto à população e às grandes empresas, para poder distribuir leite para as crianças. Nessa distribuição, conversando com diretoras de creches, eu percebi que muitas dessas crianças eram órfãs em decorrência de


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muitas mulheres terem morrido por câncer de mama. Isso me impactou demais porque eu estava vendo o outro lado da questão, o efeito nas crianças. Eu descobri que existe um mito em relação à morte, que impede as mulheres de receberem as mensagens das inúmeras campanhas sobre câncer de mama. Era uma questão de prevenção. Nasceu a ideia do colar para simbolizar e ser instrumento educativo, com as pérolas diferentes simbolizando o tamanho dos nódulos, assim poderíamos nos dirigir às mulheres com um instrumento educativo que fosse vinculado à beleza e não à morte. Aí tivemos a ideia de nos dirigir às crianças, que já são os melhores agentes antitabagistas, para levar também essa informação para dentro de casa. Assim é o trabalho do Instituto Se Toque.” Pedalando e aprendendo – “Esse projeto tem dois eixos: um que é o ‘Pedalando’, de doar bicicleta para crianças de 11 a 14 anos da zona rural, para que eles consigam chegar à escola. Muitas dessas crianças andam de 3 a 10 km para poder ir à escola e esse projeto permite diminuir a erradicação escolar. Vivemos em uma cidade em que 60% das crianças moram na zona rural. Na parte

Especial Dia Internacional da Mulher Local: Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo Programa exibido em: 7/3/08

‘Aprendendo’ são crianças um pouco mais velhas, de 14 a 17 anos. É um trabalho de geração de renda. Elas aprendem, em uma parceria com o SENAI, a consertar e montar bicicletas. É uma qualificação que ajuda a tirar o jovem das mãos de maus elementos que poderão tentá-los com ganho fácil de dinheiro.” José Serra, governador do Estado de São Paulo no período de 01/01/2007 a 31/03/ 2010 e marido de Monica Serra: “A homenagem às mulheres é uma homenagem óbvia. As mulheres são aquelas que, do ponto de vista do governo, mais vivem as questões públicas, que tem a ver com educação, saúde da família, tem a ver com as condições de vida e elas têm valor muito especial, porque nossas mulheres aqui no Brasil são de luta. Quanto à Monica, ela é uma típica militante do terceiro setor; é uma mulher que já tem atividade no plano cultural há muitos anos e que agora, a frente do governo, toca projetos sociais bastante importantes, com muita dedicação, muito carinho, muito cuidado. Com muito empenho.”

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Lição de Vida Lar dos Velhinhos

Lugar para viver feliz Juventude não é a idade cronológica, mas o estado de espírito. Sob essa perspectiva, podemos apreciar o sorriso dos jovens que vivem no Lar dos Velhinhos e demonstram grande vontade de viver e prazer no cotidiano. “Aqui não pode ter ninguém mal. Pode ter lugar igual aqui, mas melhor não existe, não”, comenta feliz Gervásio Alves Siqueira, residente. Para ele, o Lar é uma grande família onde se sente muito feliz. A ideia de Gervásio é reforçada pelo amigo, José Rodrigues de Oliveira, que não hesita em afirmar: “Eu estou no céu. Estava doente, sem poder trabalhar, sem recursos, praticamente passando fome, e hoje não me falta nada. Temos um bom tratamento, comida boa, durmo na minha cama em um quarto bom”. José Rodrigues teve um problema de saúde, ficou dois meses em cadeira de rodas na entidade e foi aos poucos se recuperando. Voltou a andar e agora aproveita a vida no Lar, onde viveu uma das grandes surpresas da sua vida. “Eu casei em 1961 e, depois de um tempo, nos separamos, sem brigar. Ela foi embora com uma menina de dois anos, eu segui meu destino e vim para cá. Eu não tinha notícias dela havia 42 anos. Fiz minha aposentadoria aqui na cidade. Minha ex-mulher foi se aposentar, achou meu nome no INSS e veio aqui me ver.” Sentados na varanda da casa, os dois senhores conversam sobre mulher e vida como dois jovens partilham experiências. Ali perto, outro jovem desenvolve sua criatividade fazendo artesanato em madeira. Irisvaldo Pinheiro Alves faz quadros, carros de boi, caminhões, peças de todos os tipos. Quando não está na sala de artesanato, pode ser visto brincando e alimentando o bezerro que nasceu gêmeo, foi abandonado pela mãe e só deixa Irisvaldo cuidar dele. “Sou feliz demais”, comemora.

“Cada idade da vida tem a sua juventude.” Honoré de Balzac, escritor francês


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Criado por um grupo de rotarianos de Jales, o Lar dos Velhinhos nasceu em 1969 e abrigava oito idosos. Uma década depois, a Sociedade São Vicente de Paulo assumiu a responsabilidade pela casa, que foi crescendo e ampliando o atendimento. Com uma área construída de dois mil metros, o Lar abriga mais de 60 idosos. Há ala masculina, ala feminina, capela e refeitório. “Todos os espaços físicos a gente conseguiu, graças a Deus, com muita luta. Porém, o grande objetivo, que existe desde o início, nunca foi abandonado por nenhuma diretoria: nos tornarmos a família dos idosos que aqui residem”, esclarece o presidente, Alísio Frassato. “Nosso objetivo é abraçado não só pelos diretores, mas por todos os vicentinos.” No Lar, os velhinhos fazem fisioterapia, recebem medicamentos e tratamento, têm assistência moral e espiritual, além de trabalhos manuais.

“Os idosos normalmente ficam muito parados, muito ociosos. Nós fazemos uma ligação do trabalho físico com o mental: vai melhorando a parte física – eles vão conseguindo comer sozinhos, ir ao banheiro sozinhos – e com o mínimo de atividade que consegue fazer sozinho, a cabecinha melhora automaticamente. Não é fácil porque eles vêm com o conceito de que têm que ficar parados. Os que se viram sozinhos gostam de passear; já para os cadeirantes há brincadeiras lúdicas.” Adriana Moraes Bogaf, fisioterapeuta

“O idoso merece respeito. Nós que temos 60, 70 anos, sabemos a dificuldade que os idosos têm. Sabemos o preconceito que há com idosos. Fazemos de tudo para que eles se sintam pessoas incluídas na sociedade, que possam fazer parte de uma coletividade, mostrando que eles têm muito a dar aos mais jovens.” Nilson Alves, ex-presidente da instituição

“Temos certas atividades ligadas à religião. Antes de cada refeição oramos o pai-nosso. Essa espiritualidade ajuda os idosos a aceitarem melhor o fato de estarem em uma entidade.”

Antonio Cláudio Francisco, gerente administrativo

Lar dos Velhinhos Local: Rua 15, nº 2819- Centro- Jales (SP) Fundação: 1969 Contato: (17) 3632-3947 Site: lardosvelhinhosjales.org.br Programa exibido em: 14/03/08

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Lição de Vida Centro Educacional Catarina Kentenich

Trabalho que nasceu de um sonho Só quem sonha pode transformar sonhos em realidade. Quando a pessoa sonha e trabalha por esse sonho, vê que é possível realizar, como fez o padre Antonio Maria Borges, que há 20 anos sonhou com um trabalho onde as crianças pudessem ser abrigadas, que recebessem bom alimento, educação. Ele sonhou com essa obra e hoje vê seu sonho materializado. Mais do que presidente da entidade, ele se considera pai de todas as crianças que moram na instituição. Quando padre Antonio Maria voltou de Portugal e foi para o Jaraguá, a creche tinha acabado de ser fundada. “Eu fui me entrosando nessa creche, fui assumindo a direção espiritual das pessoas e chegou o dia que assumi a creche mesmo”, recorda. O centro juvenil veio depois e a obra continuou. “Após vários anos, nosso Senhor pediu que a gente construísse uma casa não só para a criança ficar um dia, mas para ficar a vida, para aquelas que não têm ninguém, que por um motivo ou outro foram abandonadas.” O padre lembra que as primeiras crianças chegaram no dia 12 de abril, há 12 anos, no mesmo dia em que 100 anos antes o menino José Kentenich entrava em um orfanato na Alemanha. “Ele é fundador do instituto ao qual pertenço, movimento Apostólico de Schoenstatt. José tornou-se padre”. Catarina Kentenich era a mãe de José, que precisou deixar o filho em um orfanato e quando o fez, ao despedir-se do filho, levou-o diante da imagem de Nossa Senhora e disse: “Agora tu é a mãe. Cuida dele”. O nome foi dado como homenagem, registrando a história. “Eu penso que toda criança que entrar aqui tem que ser um novo José Kentenich, tem que ser visto com a possibilidade de ser um santo, de ser um grande homem, uma grande mulher. Independente do fato de ser abandonada, de estar machucada, essa criança nasceu para ser grande. A cada criança que entra aqui, a cada filho ou filha nova, eu digo à Nossa Senhora – ‘mãe, é teu, é tua, cuida porque eu sozinho não posso. Mas a Mãe pode’”, diz, emocionado, o padre.

“A medida dos nossos sonhos é a medida das nossas realizações.” Padre José Kentenich, sacerdote católico alemão


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A necessidade da comunidade da região incentivou a criação do Centro Educacional Catarina Kentenich, que compreende o orfanato, a creche e o núcleo socioeducativo. A história da entidade começa com a fundação de uma pequena escola paroquial, que se transformou na Creche Mãe Rainha, fundada pelo casal Guilherme e Rosália. A instituição foi se expandido e ao lado da creche foi construído o Centro Juvenil. Anos depois, realizando um sonho do padre Antonio Maria, foi construído, ao lado da creche, um lar. A creche atende 120 crianças de 2 a 5 anos, o núcleo socioeducativo recebe 90 crianças e adolescentes de 6 a 15 anos no contraturno escolar, com a realização de atividades culturais, esportivas e artísticas; e o abrigo atende 50 crianças de 0 a 18 anos, vítimas de maus tratos, abandono e em situação de risco. O lema da entidade, “Educar, amando sempre”, resume a missão, as intenções e os ideais de todos os envolvidos nessa obra.

“Nossa primeira preocupação é a adaptação não só para a criança - que nem entende que tem que ficar na creche, longe dos pais - mas também para a mãe, que vai deixar a criança na creche com pessoas que ela não conhecia. Toda nossa preocupação é com a adaptação da família, para que confiem, deixem as crianças e trabalhem tranquilamente durante o dia. O padre Antonio é o anjo enviado por Deus para nossa região e nossa creche.” Maria Lucilene Rodrigues, diretora da creche

Centro Educacional Catarina Kentenich Local: Dona Gertrudes Jordão, nº 324- Jaraguá- São Paulo (SP) Fundação: 1967 Contato: (11) 3941-3628 Programa exibido em: 23/03/08

“Nós promovemos atividades recreativas, educacionais, de artesanato, tudo para que eles não fiquem na rua após o período escolar. A criança, o jovem, fica conosco e acaba aprendendo uma profissão, tendo uma qualidade melhor de vida.” Karina Aparecida da Silva, diretora do núcleo socioeducativo

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Lição de Vida Associação dos Amigos da Criança com Câncer ou CardiOpatia (AMICC)

Uma nova família Quando a esperança é afetada, quando a dor é insuportável, a fé se abala. Não é fácil descobrir que um filho, neto ou uma criança que conhecemos tem uma doença grave que a fará sentir dores terríveis, passar por tratamentos longos e difíceis. A pessoa fica perdida, sem rumo. Foi assim, desnorteada, que Lucinéia Sarter chegou com o filho Leandro, 13 anos, de Cuiabá, em São José do Rio Preto. Encaminhada por profissionais do Hospital de Base, ela não sabia o que a esperava na casa onde moraria pelos próximos meses com o filho, que precisaria passar por um tratamento médico para fazer um transplante de medula. Sem ter onde ficar na cidade desconhecida, Lucinéia enfrentou o medo do desconhecido para estar ao lado do filho. Tinha receio do que iria encontrar, de como seria tratada. A insegurança logo deu lugar à tranquilidade e à confiança quando percebeu que encontrou um lar onde teria apoio nas horas difíceis, conviveria com outras pessoas na mesma situação e descobriria que é possível superar as dificuldades e vencer. Quatro meses depois da chegada, Leandro, completamente ambientado, brinca com os outros garotos que, como ele, estão hospedados na entidade durante o tratamento. Com o filho se recuperando e prestes a voltar a ter uma vida normal, Lucinéia não poupa agradecimentos a todos que a auxiliaram nessa fase tão difícil de sua vida, cuidando do seu filho, dando-lhe abrigo e, sobretudo, ajudando-a a recuperar a fé. Confiante, a mãe consegue afirmar sem dúvida: “Eu vim em busca da cura e vou voltar com ele curado. Se Deus quiser.”

“A tua fé te salvou.” (Lc 7,50)


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Com um trabalho respeitado, a Associação dos Amigos da Criança com Câncer ou Cardiopatia – AMICC serve de lar para jovens e crianças que chegam de outros locais e precisam ser submetidos a tratamentos contra o câncer e doenças cardíacas. A entidade nasceu com um grupo de médicos de São José do Rio Preto que pretendia impedir que os pacientes interrompessem o tratamento por dificuldades financeiras. A AMICC hospeda crianças e adolescentes de outros locais, além de dar medicação, alimentação, cesta básica, suporte psicológico e até presentes em datas comemorativas. “Para as crianças da cidade, que não têm casa própria, desenvolvemos um projeto para construir uma”, afirma a presidente, Claudia Bassitt Silva. “Fazemos tudo para atender tanto a carência financeira quanto emocional.” Para desenvolver o trabalho, a entidade conta com parcerias em todas as universidades da cidade, com hospitais, médicos e empresas.

“Nosso foco de trabalho é a orientação sobre a As mães passam por um processo adaptativo. Primeiro têm o choque da doença e vão descobrir o que é. Depois vão se adaptando a uma nova rotina e a gente vai tratando, geralmente em grupo e, quando há necessidade, fazemos atendimento individual. Para as crianças, o acompanhamento também é importante, porque a doença interrompe o processo de desenvolvimento natural. Ela deixa de ir à escola, de brincar com os amigos, e vai para uma cidade onde não conhece nada e muitas vezes não sabe o que está se passando. Então a gente trabalha esse processo adaptativo e a interação com outras crianças é importante.” Priscila Regina Torres Bueno, psicóloga doença, o tratamento.

“No começo, a família tem dificuldade de aceitar que o filho tem câncer; não entende, acha que câncer é o final. Tentamos fazer entender que não é assim, que um tratamento no início pode salvar. Temos índices altos de recuperação, principalmente quando a doença é diagnosticada no início: cerca de 70% de cura. Depois de um mês ou dois, a mãe começa a aceitar e a tratar diferente; vê que não é só o filho dela. Aqui na casa, ela descobre que há outras crianças também passando pelos mesmos problemas, o que ajuda a não se sentirem sozinhas. Temos casos de crianças que, em um ano, obtêm êxitos maravilhosos no decorrer do tratamento. Mas sabemos que o câncer não cura da noite para o dia.” Maria Regina Modernel, assistente social

Associação dos Amigos da Criança com Câncer ou Cardiopatia – AMICC Local: Rua Lino Braile, nº 355- Jardim Fernandes São José do Rio Preto (SP) Fundação: 1996 Contato: (17) 2137-0777 Site: www.amicc.com.br Programa exibido em: 04/04/08

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Lição de Vida

Lar Nossa Senhora da Salette

Recuperando o prazer de viver

Quem olhava o Alan sempre deitado, de cabeça caída, usando fralda e andando de cadeira de rodas não imaginava a transformação que ele vivenciaria, ou, como diz a mãe, Maria de Fátima Bernardo, o milagre que aconteceu depois que ele passou a frequentar o Lar Nossa Senhora da Salette. Pouco mais de um ano depois, o rapaz joga bola, basquete, empina pipa. “É uma pessoa normal para mim”, afirma emocionada Maria de Fátima, que compartilha a felicidade com os outros filhos e todos que conheceram o garoto e acompanharam sua mudança. A evolução de Alan é fruto não somente das técnicas utilizadas na entidade, mas especialmente do carinho com que são tratados todas as crianças e jovens com deficiências múltiplas que procuram ajuda da casa para ter uma vida melhor em sociedade. O Lar busca resgatar o prazer deles de se comunicar e aprender. O prazer de estar em grupo e até o de voltar para casa. O prazer de viver. E quando todos lutam juntos - pais, profissionais e entidade -, o resultado é tão gratificante quanto é intenso o brilho no olhar do menino que, junto com os amigos, corre e joga bola. Nesse momento, o coração da mãe bate mais forte e ela se sente agradecida a Deus por não ter desistido, por ter acreditado e confiado. Como afirma Maria de Fátima, “Agradeço ter encontrado pessoas como eu encontrei para cuidar comigo do meu filho.”

“Só o que faz bem ao homem, pode fazê-lo feliz.” Santo Agostinho


o ã ç ra Paulo Alexandre Barbosa

A primavera de 1992 se aproximava quando, naquele mês de setembro, o capelão do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), Padre Alfredo Granzotto, decidiu fundar no Vale do Paraíba um espaço para ajudar crianças e jovens com dificuldades. Iluminado por Deus e cercado de boas pessoas que se preocupam em fazer o bem todos os dias, o Lar dá mostras de exemplos de superação. O segredo do trabalho, além da técnica e estrutura, é o amor, o carinho que a equipe dedica. “O trabalho começou com uma casa aqui mesmo no bairro, atendendo algumas crianças. Depois foi crescendo, expandindo, como todo trabalho bem feito que se inicia com uma boa intenção”, explica o presidente da entidade, Celso Luis de Carvalho. Atualmente, o Lar atende 20 crianças com deficiências múltiplas, em regime de abrigo – que ficam 24 horas – e semi-abrigo – voltam para casa à noite ou aos finais de semana. Essas definições e o encaminhamento para a entidade são definidos pelo Juizado da Infância e pelo Conselho Tutelar.

“Nosso objetivo com a família é resgatar vínculos, para que no futuro as crianças e os jovens do abrigo possam retornar para casa. No semi-abrigo, a família vem, ajuda a dar banho, comida, para manter o vínculo e participar do desenvolvimento do filho. Nós tentamos mostrar a importância dos familiares na vida do deficiente. Nós podemos oferecer o melhor, mas o principal é o afeto que a família oferece.”

“Trabalhar aqui é um privilégio porque é uma oportunidade de estar mais perto de Deus. Essas crianças são uma lição de vida. Aqui nós somos mais do que profissionais, somos escolhidos por Deus para uma missão.” Maria de Cássia D. Pereira Silva, assistente social

“Nós temos aqui uma boa estrutura, mas sabemos que não adianta a técnica. Posso ter o melhor currículo do mundo; se não tenho paixão pelo que estou fazendo, minha técnica é fria. A técnica eu tenho obrigação de aprender, preciso aprender. Mas o amor nasce dentro de mim.” Silvana Elisabete M. Pinto, psicóloga

“Quem não tem contato com esse tipo de trabalho não

tem noção como é prazeroso acompanhar os resultados.

Especial não é apenas a criança, mas todos nós. Somos O prazer de dar é grande, mas o maior prazer é o de receber. Quando eles nos dão um sorriso, não há dinheiro que pague essa felicidade imensa.” Sandra Regina de Freitas Batista, fonoaudióloga especiais.

Lar Nossa Senhora da Salette Local: Rua Edílson Sabino dos Santos, nº 520 Conjunto Dom Pedro I- São José dos Campos (SP) Fundação: 1992 Contato: (11) 3966-1899 Site: www.larsalette.org.br Programa exibido em: 11/04/08

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Lição de Vida Recanto Vida

O resgate da dignidade “Jesus Cristo! Jesus Cristo! Jesus Cristo, eu estou aqui!” – a música de Roberto Carlos embala a roda formada por dependentes químicos em recuperação. Eles pedem um olhar do Senhor, uma oportunidade para recomeçar suas vidas. Eles perseveram e buscam em Deus a força que precisam para a vitória. Perseverança é o sentimento que move Rafael, que tenta novamente a recuperação. Depois de passar três anos sem usar drogas, uma recaída o levou de volta a esse mundo. “Se recaí é porque preciso aprender algo. Nunca devemos achar que sabemos tudo; eu sempre estarei aprendendo”, diz. O Recanto busca trazê-lo de volta à vida nos quatro meses de tratamento. Rafael conta que para chegar à entidade teve que aceitar que perdeu para as drogas, mas tomando consciência de que enquanto há vida, há esperança. Esperança de deixar de fazer parte do mundo das drogas e buscar uma nova vida, como ele diz, acreditando que existe um Deus que pode nos ajudar e que tudo depende também da atitude de cada um. A motivação para perseverar ele encontra na vontade de voltar à família, aos filhos, à esposa. Por eles, Rafael luta contra si mesmo. A seu favor tem o apoio da equipe do Recanto Vida e toda a natureza que cerca o lugar, uma importante aliada para promover a reintegração dos que procuram ajuda da entidade.

“A vitória pertence aos perseverantes.” Napoleão Bonaparte , imperador da França


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Em meio à rica natureza de Peruíbe, no litoral de São Paulo, uma equipe realiza um trabalho especial para ajudar dependentes químicos a se recuperar – com a união, eles dão esperança de uma nova vida. A entidade teve sua semente lançada no final de 1996, quando um grupo de jovens resolveu encarar esse desafio, criando o Recanto Palmeiras – que depois seria chamado de Recanto Vida e Associação Padre Leonardo Nunes. De 12 internos, passou a atender de 25 a 30, que vivenciam um trabalho de quatro meses de recuperação. Com um histórico de defesa da vida, atuando como presidente do Conselho Municipal Anti-Drogas da cidade, o presidente do Recanto Vida, Marcelo Lourenço, conta que a maioria chega desacreditada e vai entrando aos poucos dentro do que eles chamam de tripé para recuperação: oração, disciplina e trabalho. De manhã, participam de atividade espiritual e depois realizam trabalhos no sítio – os trabalhos têm um processo terapêutico, começando com serviços mais leves e aumentando, com a abstinência, para desintoxicar e tirar a atrofia muscular. À tarde, são feitas reuniões dos grupos de autoajuda.

“A pessoa chega desacreditada. Por isso, temos que fazer um trabalho mais amoroso no começo, amparando e tentando mostrar a importância de se tratar. Na hora que a pessoa manifesta o desejo de ajuda, não se pode perder tempo, porque pode não ter esse momento novamente. Nós não temos muros, nem portão e isso torna o trabalho mais difícil. A gente precisa que a pessoa crie seus próprios muros dentro dela. Tentamos mostrar que Deus nos deu opção de escolha. Não adianta culpar o destino: é você quem faz o seu destino. Não importa o que aconteceu de errado. Nasça de novo na sua vida sabendo que existe um Deus amoroso que cuida de todos nós e está aqui presente, mas você precisa fazer a sua parte. Ele não faz nada sozinho.” Marcelo Lourenço, presidente “As atividades no campo ajudam a mostrar que todos são “Eu vim para fazer tratamento, mas fui me identificando, gostando de estar junto com meus iguais. Estando com eles, estou sempre em constante recuperação. Não é bom que eu retome minha vida profissional. Minha profissão era muito solitária – eu era motorista de caminhão. Aqui eu me realizo até profissionalmente. Eu me fortaleço com o aprendizado e a permanência. Estou ficando por aqui, tendo sempre em mente: só por hoje.” Joel Brosselin, ex-residente e monitor

Recanto Vida Local: Rua Estrada Armando Cunha, nº 1336 Jardim dos Prados- Peruíbe (SP) Fundação: 1997 Contato: (13) 3458-4256 Site: www.recantovida.org.br Programa exibido em: 18/04/08

cidadãos e podem ser úteis para a sociedade pelo trabalho.

Eu voltei a trabalhar aqui por gratidão. O que eu recebi de graça, tenho que dar de graça. Quero retribuir o que recebi.” Almir Alves da Silva, ex-residente e monitor

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Lição de Vida Creche Jesus de Nazareth

Servindo para transformar Comer, correr, brincar – desejos simples de criança, atendidos graças ao amor de quem quer resgatar a beleza da infância, auxiliar os necessitados, unir a família de Deus na qual todos são irmãos e se ajudam. Esse é o olhar benevolente das irmãs que atuam na Creche Jesus de Nazareth e também o olhar da equipe que sabe a importância do carinho na vida dos pequenos. A importância dessa atitude se reflete no exemplo de doação amorosa que vem da irmã Adriana, diretora geral da entidade, fundadora da obra e responsável pelo trabalho social. Adriana veio da Itália há 30 anos e se instalou de coração no Brasil. Chegando à Região do ABC Paulista, começou no local um trabalho de auxílio aos necessitados. A irmã ajuda a melhorar a saúde de bebês com desnutrição em áreas de extrema pobreza, auxilia famílias que enfrentam alcoolismo, oferece auxílio material e espiritual aos necessitados. “No Jardim Laura tivemos um piloto de recolher nas favelas bebês desnutridos - naquela época havia 20 crianças. Hoje elas estão no centro comunitário, algumas são líderes, estão trabalhando”, fala, com um largo sorriso estampado no rosto. “O que eu posso querer mais? Nada. É minha grande alegria.” Nos gestos, nas palavras, nas atitudes, irmã Adriana demonstra que vive para levar alegria, promover bem estar entre os carentes – é a sua missão, para a qual se entregou de corpo e alma no país que adotou, na comunidade que escolheu como família. “Amo o Brasil. Sou mais brasileira que italiana. Amo muito as famílias, as crianças. Quando sei que tem uma família precisando, me organizo para dar uma força para ajudar a sair daquela situação. Precisamos resgatar a verdadeira família que Deus criou. Agradeço a Deus por ele me ter me enviado aqui para o Brasil. Eu me sinto realizada junto com Deus.”

“Ensina o adolescente quanto ao caminho a seguir; e ele não se desviará, mesmo quando envelhecer.” (Pr 22,6)


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Irmã Adriana veio para o Brasil desenvolver trabalhos na Pastoral de São Bernardo do Campo. Primeiro ficou 16 anos na Paróquia São Geraldo Magella, depois foi para a Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe. Vendo a necessidade da comunidade local, pediu a ajuda de amigos para construir a Creche Jesus de Nazareth. A obra cresceu, ganhou outra unidade, possibilitando ampliar o atendimento, que abrange quase 300 crianças. “Temos um trabalho pedagógico com as crianças da faixa etária de 3 a 6 anos. Essas crianças têm monitoramento diário da pedagoga”, explica irmã Deuzelina, presidente da creche e responsável pelas atividades. Ela conta que, como há muita procura, a prioridade de atendimento é para famílias necessitadas, cujos pais precisam trabalhar e deixar os filhos em período integral.

“Nós procuramos transmitir para as crianças valores do amor, do companheirismo. A participação dos pais é muito importante nesse processo e, por isso, a gente procura trazer os pais, a comunidade, para que nosso trabalho aconteça da melhor forma. Essa é nossa meta. Conseguir trazer os pais, a comunidade e propiciar às crianças um local educativo.” Maria Márjore de Freitas Araujo, pedagoga “A gente trabalha visando o social, mas também o individual, porque cada criança é única, cada criança traz seus conhecimentos. Outro aspecto é que nós trabalhamos a aprendizagem com a brincadeira, de maneira lúdica, diferenciada, diversificada. Eles amam. E é bom ver o avanço das crianças, cada um do seu jeitinho, de sua forma. O trabalho da creche visa o desenvolvimento da criança e quando notamos esse resultado, é muito gratificante pra nós.” Edvânia Maria da Silveira, professora

Creche Jesus de Nazareth Local: Rua Rita Mendes de Oliveira, nº 419 Jardim das Orquídeas- São Bernardo do Campo (SP) Fundação: 1994 Contato: (11) 4358-3006 Programa exibido em: 23/04/08

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Lição de Vida Casa João Paulo II

A garantia de novas perspectivas Em um mundo tão carente, a obra social da Igreja ganha cada vez mais importância para ajudar as pessoas a saírem de uma situação difícil, a levarem uma vida com dignidade ou até mesmo para se transformarem, se redescobrirem, possibilitando o autoconhecimento. Mônica Pinheiro da Costa não imaginava a mulher forte que descobriria, quando deu o primeiro passo para um futuro novo, batendo à porta certa para pedir ajuda. Mônica chegou à Casa João Paulo II há 13 anos, como muitas outras pessoas, necessitada não só de auxílio material, mas principalmente espiritual. “Naquele momento, era o que eu mais precisava”, diz. Ela agarrou a oportunidade que lhe deram; transformou o carinho que recebeu em força para lutar; usou o amor para transformar sua vida. Hoje, Mônica é assistente social da casa e aproveita sua história para ajudar outras mulheres que, como ela, chegam tão necessitadas. “Eu vim como uma assistida e sempre digo isso para as mãezinhas que eu atendo aqui: ‘eu sou igual a vocês, não existe diferença. Não é porque tenho curso superior que tem alguma diferença’”, comenta. Ela relata que conseguiu vencer a necessidade material que tinha quando chegou à casa porque recebeu uma oportunidade de voltar ao mercado de trabalho. Entretanto, apesar de reconhecer a importância desse apoio, revela o que mais lhe ajudou. “A ajuda espiritual foi a que mais contribuiu para que eu voltasse a ser uma pessoa alegre, com muita motivação para auxiliar essas pessoas que estão chegando com essa necessidade, como eu cheguei, e acabei encontrando aqui essa acolhida espiritual.”

“A Igreja é a carícia do amor de Deus ao mundo.” João Paulo II, papa de 1978 a 2005


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Ligado à Paróquia Nossa Senhora do Rosário – Catedral, o Centro Comunitário João Paulo II, conhecido como Casa João Paulo II, começou a funcionar nas dependências da Catedral de Santos em 1976, atendendo mulheres carentes, marginalizadas e idosas. Com o tempo, aumentou o número de atendimentos e o serviço se expandiu. “Nós temos dois trabalhos: um com as famílias - a gente atende as crianças, as mães, as mulheres da família e temos vários cursos - e outro é um trabalho com as idosas. Então, nós atendemos, fazemos curativos, socorremos rapidamente e depois encaminhamos para casa ou para o lugar devido”, explica o presidente da entidade, padre José Myalil Paul. Com as mulheres, é feito um trabalho de produção e geração de renda, em que são selecionadas as mães que têm mais habilidades para fazer tricô e crochê, pintura em tecido e trabalho artesanal com fitas. O material produzido é encaminhado para bazares e grande parte da renda é revertida para as mães que atuaram na produção.

“As irmãs canossianas são uma peça importantíssima, porque o pároco da Catedral é presidente nato da obra, mas diariamente ele não pode, nem deve, estar presente. Então, as irmãs é que coordenam o trabalho da Casa João Paulo II. Nós trabalhamos pelas famílias. A família é um santuário de Deus, um dos centros mais importantes da sociedade.” Padre José Myalil Paul, presidente

“Em nosso trabalho com as idosas nós achamos por bem dar esse enfoque de uma maneira mais evangélica, enaltecendo os valores evangélicos, fazendo com que elas, através desses valores,

valorizem a própria vida, acreditem no potencial que têm dentro de si.

Elas vêm só pra pedir ajuda, Durante nossas reuniões vamos detectando valores, as qualidades dessas senhoras, e vemos que elas têm muito a nos ensinar.” Irmã Cecília Maríngolo, coordenadora dos cursos de reflexão elas acham que não têm nada pra dar.

“A casa tem três eixos de trabalho: assistencial, promocional e O educacional é um trabalho coordenado pelas religiosas, as irmãs canossianas, e abrange 80 crianças, que têm várias atividades, como reforço escolar, artesanato, computação. O centro é uma complementação do lar e da escola.” Pilar Garcia dos Santos, administradora educacional.

“Nossa fundadora sempre dizia que da educação depende toda a vida da pessoa. A gente tenta, através desse princípio, que essa proposta seja realmente um diferencial na vida delas. Por isso, a gente amarra a família, pra fazer com que essa família seja um elo entre a comunidade e a obra. Nós trabalhamos com três ramos: a educação, a evangelização e a assistência à pessoa que sofre. Inclusive, estamos completando 200 anos de congregação, num ano jubilar, com várias atividades no mundo inteiro. Aqui em Santos foi a primeira casa, foi aqui que a Congregação entrou no Brasil.” Irmã Maria Tereza Sestari, pedagoga

comunitária

Casa João Paulo II Local: Rua Sete de Setembro, nº 45 Centro- Santos (SP) Fundação: 1976 Contato: (13) 3234-2500 Programa exibido em: 02/05/08

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Lição de Vida Associação de Amigos e Moradores de Áreas Verdes (AAMAVI)

Cidadania para promover felicidade Uma mulher veio de outro ponto do nosso planeta para nos mostrar que ninguém é feliz sozinho e, por isso, é fundamental buscar não só a própria felicidade, mas proporcioná-la também para o outro. Ela acabou transformando a comunidade em que se instalou. A espanhola Concepcion Rodriguez Garcia, a Conchita, que veio ainda pequena para o Brasil, idealizou a associação que ajudou moradores de áreas verdes da cidade de Itanhaém a não serem desalojados, auxilia crianças no processo escolar e conscientiza sobre meio ambiente. Tudo começou no quintal da casa de Conchita, mais precisamente onde era o galinheiro. “Começamos um trabalho simples. Na casa dos fundos, numa área de terra. Iniciamos um trabalho com a comunidade e aí fomos crescendo pouco a pouco e, com a graça de Deus, estamos aqui”, conta. “Onde nós estamos hoje era um galinheiro, uma granja, e aí eu e minha família, com a ajuda de alguns amigos, adquirimos essa área e a transformamos de galinheiro em moradia. Ficamos todos no ‘puleirinho’ de alegria, e lá no fundo eu deixei um pedacinho para minha residência, e a maior parte ficou para a comunidade. Aqui as crianças brincam e estão vivendo”, revela a mulher, que é mãe de treze filhos, sendo onze legitimados e dois legítimos. Conchita luta pelos filhos e pela comunidade que adotou, além do país em que resolveu viver. Cada obstáculo é uma batalha para oferecer mais à sociedade. “Da cozinha de madeirite, conseguimos uma cozinha mesmo; do pedaço de chão, temos um teto; mas, acima de tudo, das crianças estamos fazendo cidadãos, sem deixá-las perdidas na maledicência da rua ou da violência. Esse é o maior desafio, é a vitória, é nossa maior alegria”. Com seu trabalho, Conchita oferece cidadania às crianças – a felicidade a gente comprova estampada no rosto delas.

“Cidadania é um direito. Felicidade é uma conquista.” Lema da AAMAVI


Paulo Alexandre Barbosa

A Associação de Amigos e Moradores de Áreas Verdes - AAMAVI – nasceu para defender o direito dos moradores do bairro Jardim Umuarama, em Itanhaém (SP), que eram acusados de ter invadido áreas verdes. Para ajudar a população, Conchita idealizou a entidade, que luta pela implantação da justiça social, desenvolve projetos sociais e promove a conscientização ambiental. “Mostramos para as crianças que meio ambiente não é só o que está longe. Nós precisamos preservar a baleia, mas não é só isso: nós precisamos ver o nosso chão, o nosso dia a dia, como nós estamos tratando o lixo. Se eu não uso, eu vou deixar para que alguém possa usar - é o reciclável”, diz Mirian Pardini, presidente da associação. “Então, esse material, que pode ser reciclável, muitos acabam indo vender e conseguem o dinheirinho para uma bala a mais ou para colocar o pãozinho a mais em casa, e a criança vai adquirindo esse senso. Não só ela preserva o meio ambiente, mas acaba tendo lucro, então o meio ambiente também traz lucro. O meio ambiente é não jogar lixo na rua, é plantar alguma coisa no seu próprio quintal. Não é só prestar atenção na árvore lá do Amazonas que está sendo desmatado. Começa desde o quintal da gente.” A entidade conta com projetos para crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas com necessidades especiais, envolvendo toda a família.

“Nós procuramos dar exemplo de mudança de comportamento, de enxergar o outro de forma menos agressiva, porque o ser humano hoje se tornou mais agressivo por conta desse mundo competitivo, da competição excessiva.

O competir saudável é o

que leva ao progresso, que é eu querer estar sempre me supe-

rando, eu estou competindo comigo mesma, quero me superar nas coisas boas.

É esse exemplo e essa semente que a gente planta

com as crianças.”

Mirian Pardini, presidente

AAMAVI – Associação de Amigos e Moradores de Áreas Verdes Local: Alameda Francisco André de Lima, nº 11 Jardim Umuarama- Itanhaém (SP) Fundação: 1997 Contato: (13) 3426-0784 Programa exibido em: 09/05/08

“As atividades são lúdicas - através de música, brincadeiras, teatro, a gente ensina sobre meio ambiente, respeito ao ser humano, solidariedade, harmonia, conceitos que não são muito vistos hoje em dia. Eu procuro dar enfoque nesses sentimentos que hoje em dia já não são muito praticados.” Márcia Priante Pinto, professora e coordenadora geral

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Lição de Vida RECANTO COLÔNIA VENEZA

Promovendo união e harmonia nas famílias União é o que mantém forte os laços de Valdo Jesus Pereira Leite e suas cinco filhas e torna possível superar os obstáculos da vida. O apoio, a família encontra na Colônia Veneza. É a entidade que proporciona a Valdo a tranquilidade de acolher Rosângela, Amanda, Raíssa, Ana e Carina no horário em que elas não estão na escola e enquanto ele trabalha. A educação rígida, o incentivo à prática de esportes, as oportunidades de estudo oferecidas pela Colônia, garantem ao paizão o apoio de que ele precisa desde que se viu sozinho com as cinco meninas. Exemplar, ele oferece sua contraparte sendo um pai presente, acompanhando de perto o desenvolvimento das filhas. Valdo conversa com os professores, pergunta como elas estão, quer saber cada detalhe. “Se me ligam por qualquer emergência, eu posso estar onde estiver, que o mais rápido possível largo o que estiver fazendo e venho. Em primeiro lugar, são minhas filhas”, diz. As filhas sabem disso, sentem esse amor e tentam retribuir, apoiando o pai esforçado. A mais envolvida é Rosângela, filha mais velha que acabou assumindo, em parte, o papel de “mãe” das menores. Apaixonada por esportes, ela gosta de jogar futebol na Colônia e garante cuidar direitinho das irmãs: “a gente sempre procura trabalhar com união, porque a união faz a força e é isso que a gente tenta fazer”. A paixão pelo futebol é dividida com a irmã Raíssa. Já Amanda, gosta mesmo é de matemática. Independente da preferência, a família atua unida, como um verdadeiro time que se ajuda, se ampara e luta junto pelos objetivos, como deve ser a base de uma família.

“Paz e harmonia, estas são as verdadeiras riquezas de uma família.” Benjamin Franklin, jornalista, cientista, diplomata e inventor norte-americano


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Em meados dos anos 80, o frei dominicano Giorgio Callegari criou o Centro Ecumênico de Publicações e Estudos Frei Tito de Alencar Lima para atender a comunidade carente de Peruíbe, educando e promovendo os direitos humanos. Com a compra de um terreno de 10 km, começava o sonho de acolher os necessitados. Esse é o local onde hoje funciona a Colônia Veneza, que atende em suas duas unidades mais de 400 crianças e jovens, de 6 a 16 anos. A diretora administrativa, Ormezinda Santana, conta que a obra foi resultado de uma luta do Frei Giorgio, que teve toda sua vida voltada ao trabalho social com crianças e adolescentes. A Colônia promove a transformação pela música e pela arte. A entidade desenvolve atividades socioeducativas, oferecendo aulas de arte, atividades esportivas, reforço escolar, música e ensinando valores familiares e sociais. Os alunos também recebem orientação sobre defesa do meio ambiente. A capela, decorada em mosaico com cerâmica italiana, é ponto turístico no litoral sul de São Paulo. Em 1993, foi construída a unidade II da entidade, a Escola Família Agro-Ecológica, para atender jovens filhos de agricultores.

“Aos 13 anos eu fui aluna e a equipe me mostrou um caminho diferente, me incentivou a querer e buscar sempre mais. Hoje estou na faculdade graças ao apoio da entidade e coordeno uma equipe de educadores maravilhosa, que acredita muito no trabalho. A grande maioria é formada por ex-alunos. A gente fica aqui porque sonha junto e vira parte disso. E isso não acontece só comigo, mas com todos os funcionários. A gente acredita no que faz, que pela educação podemos ajudar a construir uma mundo melhor e fazer a diferença na vida dessas crianças.

No nosso trabalho tentamos mostrar

às crianças que todos têm um talento e só precisamos de oportunidade para desenvolvê-los.”

Eliana de Souza Torres, coordenadora pedagógica e ex-aluna

Recanto Colônia Veneza Local: Rua Darcy Fonseca, nº 181- Jardim dos Prados- Peruíbe (SP) Fundação: 1986 Contato: (13) 3458-1717 Site: www.coloniaveneza.com.br Programa exibido em: 16/05/08

“Eu entrei aqui com seis anos e participei de todas as atividades. Com 13 anos passei para a padaria, aprendi panificação e confeitaria, e aos 16 me tornei funcionário. Hoje sou formado em hotelaria com a ajuda da Colônia, que me auxiliou com bolsa na faculdade e exerço minha profissão como garçom, controlando estoque. Estou fazendo um curso de inglês, me aperfeiçoando para embarcar no transatlântico e trabalhar um tempo lá.” Murilo Paixão Pereira, ex-aluno e funcionário da entidade

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Lição de Vida Especial de primeiro aniversário

Vencendo desafios A comemoração de um ano do Programa Lição de Vida trouxe uma entrevista, realizada na sede da Canção Nova, em Cachoeira Paulista, revelando momentos importantes, desde sua fundação, os principais desafios enfrentados nos 30 anos de existência e os projetos para o futuro da Canção Nova, que começou pequena e, com a força de Deus, se tornou grande. O programa também marcou o início de uma série especial sobre as obras sociais da Canção Nova.

“Onde a pobreza se une à alegria, não existe cobiça nem avareza.” São Francisco de Assis

Wellington Silva Jardim, Eto, vice-presidente da Fundação João Paulo II Eto conheceu o padre Jonas em 1973, em um encontro da Renovação Carismática em Bananal (SP). Sediado em Lorena (SP), o movimento começava a crescer. “Precisavam de alguém que administrasse esses encontros, que saísse pelo Brasil todo a falar da Renovação Carismática. E foi a mim que ele procurou. A Luzia foi a primeira a estar com ele, quem iniciou tudo com ele”, comenta Eto. Ele recorda dos primeiros momentos, quando Luzia conseguiu uma fazenda em Areias (SP), onde teve início todo movimento da Canção Nova. Eto começou a administrar as idas e vindas do padre Jonas e da equipe que ia trabalhar na casa em Areias. “Começou a casa de Queluz – fui eu quem construiu a casa de Queluz. Depois eu vim para Cachoeira Paulista, passei uma situação financeira difícil, e vim parar nesta cidade.”


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Logo depois, o padre Jonas comprou uma rádio em Cachoeira Paulista e convidou Eto para tomar conta da emissora. “Ali tudo começou. Depois veio o canal de televisão e, graças a Deus, estamos trabalhando há 36 anos juntos”. Depois de muita luta, da superação de diversos obstáculos, a Canção Nova caminhou para sua grande conquista, que foi o Reconhecimento Pontifício, a realização de um sonho. “Começamos a sonhar grande quando padre Jonas falou que a comunidade tinha que obter o Reconhecimento Pontifício. O que quer dizer isso? Roma, a nossa sede, da nossa Igreja Católica Apostólica Romana reconhecer a Canção Nova como Igreja.” Lição de Vida “A fé do monsenhor Jonas: quando ele operou, nós estávamos começando a construção da casa de Queluz. Não tínhamos dinheiro para nada. Para ter uma ideia, o sapato que ele vestia, quando furava, ele ainda andava um bom tempo com ele e alguém vinha e o repunha quando via furado. Essa era nossa situação. Ele teve um problema de vesícula, foi operado em Lorena e chegou um momento em que a nossa casa de Queluz, a nossa casa mãe, não ia nem pra frente nem pra trás. Acabou o dinheiro e nós não tínhamos crédito, nem um tostão. A casa parou. Reunimos a diretoria da associação Canção Nova e a decisão foi: ‘vamos para o hospital falar para o padre Jonas que nós paramos com a casa e não vai dar certo esse negócio’. Eu

Especial de primeiro aniversário Local: Chácara Santa Cruz- Cachoeira Paulista (SP) Programa exibido em: 23/05/08

era vice presidente. Pensei – ‘se o presidente está falando, vamos lá’. Chegamos, nunca me esqueço, o padre Jonas estava sentado, parado, com saquinho plástico na boca, respirando aquele gás da própria boca porque ele tinha um soluço que não parava. Soluçava dia e noite por causa da operação. Chegou o presidente da associação e falou: ‘olha, padre Jonas, infelizmente eu sei a situação do senhor, mas nós estamos aqui para entregar a associação na sua mão, porque não temos condição de continuar tocando. Acabou todo dinheiro que tinha e hoje precisamos mais do que nunca que o senhor aceite nossa demissão’. O padre Jonas, operado, cheio de coisas no peito, tubo no nariz, falando mais ou menos, deu ‘um pega’ em nós. Ficou tão bravo na cadeira que eu nunca vi o padre Jonas bravo. Ele falou: ‘Obra de Deus não para. Se vocês não têm coragem, tudo bem, podem sair por essa porta. Mas a obra de Deus não vai parar’. Saímos de lá desesperados. Passaram uns dias, ele melhorou, mandou me chamar e disse: ‘Quero de hoje em diante que você assuma a construção da casa de Queluz’. Eu falei: ‘Padre, mas eu vou começar sozinho. Como eu faço?’. Ele disse: ‘Comece você’. Eu comecei e depois desses anos todos eu posso dizer que a Canção Nova é uma grande obra de Deus.”

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a m Hu 110

Lição de Vida

Posto Médico Padre Pio

A humanização da saúde

“O monsenhor Jonas sempre diz que somos pequenas crianças e com nossas pernas curtinhas de crianças corremos atrás dos passos largos de Deus”. Essa é a frase que a médica cardiologista Rizzia Borges usa para ilustrar como os atos e fatos foram se encaixando para a criação dessa que foi a primeira obra social da Canção Nova. A unidade começou tímida, foi crescendo dentro da comunidade religiosa e hoje atende pessoas da região e até de outros locais do país. Rizzia foi testemunha desse nascimento e evolução, pois está na obra desde o início, como voluntária. “Em 1997, quando eu e a Simone entramos na Canção Nova, nossa ideia era servir a Deus, eu ia entregar minha vida a Deus e achei que nunca mais ia trabalhar na área de medicina”, conta, explicando que nem imaginava que a Canção Nova teria assistência médica. “Eu vim por um chamado.”

Com os acampamentos crescendo, pessoas vindo de longe, de ônibus, algumas passavam mal e Rizzia começou a ser requisitada em sua vocação profissional. Era difícil cuidar de doentes sem um local próprio. “Às vezes alguém tinha cólica renal e a gente aplicava remédio na grama. Era o que tínhamos”, recorda. “A Canção Nova foi ficando mais conhecida no Brasil, no mundo e nós vimos que Deus estava nos pedindo um lugar mais específico para atender essas pessoas”. Os médicos começaram a atender em uma sala de medicina do trabalho que havia na antiga rádio Canção Nova. A rádio foi para um prédio novo e a equipe médica foi ocupando o espaço. “Deus nos deu essa estrutura para recebermos os peregrinos que vinham nos visitar e passavam mal.” Logo a comunidade da cidade começou a procurar atendimento no local e surgiu outra dificuldade: a falta de laboratório para realizar exames. “Nós criamos um problema para o município porque atendíamos as pessoas e elas precisavam fazer exames no posto de saúde”, comenta a médica. Esse obstáculo foi superado em 2004, com a inauguração do laboratório, um marco na história do posto. Rizzia fala dos benefícios da mudança: “Nós atendíamos a pessoa, realizávamos os exames aqui dentro, fazíamos diagnóstico, tratávamos e a pessoa saía daqui com o remédio nas mãos, medicada.” Equipamentos, tecnologia, espaço, tudo isso é importante, mas o grande diferencial do Posto Médico Padre Pio é a humanização do sistema. “Fazemos tratamento total. Se uma senhora chega aqui com diabetes 400 e pressão 20 por 12 porque está preocupada com o neto que usa droga, nós acionamos outras obras sociais da Canção Nova para encaminhar o jovem e ajudar a família. Saúde é bem estar físico, mental e espiritual. Por isso, queremos atender nosso doente de forma integral, não só física, mas espiritual e emocional também.”

“Ofereça a Deus todas as suas ações.” São Pio de Pietrelcina


ã ç a z ani Paulo Alexandre Barbosa

O Posto Médico Padre Pio realiza atendimentos diários, serviços ambulatoriais e pronto atendimento. “Agendamos consultas, pequenas cirurgias e pré-natal. A grande maioria dos atendidos é formada pelo pessoal carente da cidade”, explica a diretora, Roseli de Oliveira. “Contamos com vários voluntários e missionários e temos terapias e serviços auxiliares”, diz Roseli. “Temos de 25 a 30 voluntários, englobando todas as áreas de profissionais de saúde. Temos neurocirurgião, dermatologista, endócrino, temos também um cirurgião vascular que vem do Rio de Janeiro com a esposa, que é nutricionista. Temos um casal de nutricionistas que vem toda semana. Há psicólogos voluntários, ortopedista, reumatologista. Nosso corpo clínico cresce a cada dia.”

“A população tem muita necessidade do trabalho psicológico devido à situação que estamos vivendo no mundo, com desemprego, falta de oportunidade, divórcio, famílias sendo destruídas por vários motivos. Tudo isso faz com que nossa demanda aumente muito, mas graças a Deus estamos fazendo um trabalho multidisciplinar aqui no posto. Temos psicologia, terapia ocupacional, fisioterapia, fonoaudiologia e trabalhamos em conjunto. Nós tentamos trabalhar o indivíduo como um todo, dando suporte para que tenha uma qualidade de vida melhor.” Renata Andréia Ribeiro, psicóloga e coordenadora das terapias

Posto Médico Padre Pio Local: Rua Sebastião Fortes, nº 200 Vila Cacarro- Cachoeira Paulista (SP) Fundação: 1996 Contato: (12) 3103-2022 Site: www.cancaonova.com Programa exibido em: 30/05/08

“Atendemos a população carente no pronto atendimento matinal – tratamos crianças, idosos, fazemos prótese total.” Andrea Silveira Penteado, dentista

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e r a c Edu 112

Lição de Vida

Instituto Canção Nova

Construindo homens novos para um mundo novo

A educação tem o poder de transformar a realidade de quem aprende e de quem ensina. Com a vontade de transformar o mundo, Tarcisio Aquino de Almeida viu sua vida passar por uma grande transformação quando conheceu a instituição. Arquiteto, ele foi realizar pela empresa um serviço no Instituto Canção Nova, conheceu e se interessou pelo que descobriu. “Eu observava e me chamava atenção; eu pensava: ali tem uma proposta boa.”

O que chamou a atenção de Tarcisio foi a proposta do Instituto de não trabalhar somente o aluno visando o resultado final, mas como ser humano integral, considerando o que ele é na escola, o que vivencia em casa. “Infelizmente muitas escolas se preocupam somente com o resultado. Aqui nós cuidamos do aluno como um todo. Vemos casos de crianças com dificuldades em casa, pais separados e nos preocupamos com isso também. E o reflexo dessa ação aparece no resultado final, em qualidade de ensino”. Tarcísio vê nessa forma de agir um pouco da escola antiga que não se preocupava somente com o vestibular.

Convidado a dar aula, Tarcisio ia ficar por pouco tempo, abraçou a causa e está há mais de cinco anos. Ele dá aulas de artes para alunos de 5ª a 8ª. séries e física no Ensino Médio. “Educação não é só em sala de aula. O aluno vai saber fazer conta, aprender literatura, mas aqui ensinamos a cuidar da vida, a dar valor à vida, abraçar a vida, especialmente a juventude precisa acreditar. Isso é o que buscamos: fazer com que acreditem neles, se valorizem e saibam que têm potencial para fazer um mundo melhor. Eu continuo exercendo a atividade de arquiteto, mas dou aula no instituto porque acredito na proposta. É uma realização pessoal.”

“Ganhai o coração dos jovens por meio do amor.” Dom Bosco


r a m eA Paulo Alexandre Barbosa

O Instituto Canção Nova é um trabalho idealizado para transformar crianças e jovens pela educação, que começou tímido e foi crescendo. “Começou pequeno, com 78 alunos e funcionava da 1ª a 4ª série. A demanda era tanta e nosso objetivo de dar educação diferenciada fazia com que a gente visse necessidade de crescimento”, conta Shirléia Nunes de Santana, diretora do Instituto. “A disputa para entrar é grande: temos 490 pessoas esperando vaga e se Deus quiser logo conseguiremos atender.” Hoje são mais de 1100 alunos, com 28 salas e quase 50 professores que ensinam da Educação Infantil ao Ensino Médio, atendendo 35% da população de Cachoeira Paulista nesta obra social mantida pela Canção Nova.

Um dos principais diferenciais da entidade – além do ensino de qualidade – é a preocupação em ensinar princípios e valores. O ensino religioso é matéria obrigatória. Shirléia explica as diretrizes da educação no Instituto: “O ensino religioso aqui não é catequese. Buscamos trabalhar valores da sociedade, de respeito, que muitas vezes se encontram trocados, confundidos por valores que são impregnados em nós pela sociedade. Trabalhamos também a filosofia junto com o ensino religioso, desde a 1ª série fundamental, com pesquisas, diálogos e filmes. A gente busca trabalhar com projetos onde os alunos possam colocar na prática o que é essencial na vida do ser humano.”

“Estou muito satisfeita porque é um colégio em que eu acredito – estou há quase sete anos como professora. É um sonho como professora e como mãe poder dar qualidade não só para meus alunos, mas também para meus filhos. Temos no instituto o objetivo de atingir a individualidade da criança, estando atento aos alunos, às suas necessidades específicas. Nosso diferencial é olhar para cada criança sabendo que cada um tem seu jeito, seu modo e respeitar isso acima de tudo.” Ana Paula Magalhães Gomes Maruco, professora e mãe de aluno

Instituto Canção Nova Local: Rua Carlos Pinto Filho, s/nº- Vila Cacarro Cachoeira Paulista (SP) Fundação: 2000 Contato: (12) 3186-2034 Site: www.cancaonova.com Programa exibido em: 13/06/08

“Temos um sonho de oferecer também ensino superior para que nossas crianças, jovens e adultos se tornem melhores para a sociedade. Como a mensagem do coração de Jonas Abib, formar homens novos para um mundo novo. Quem acredita na educação, acredita na esperança.” Shirléia Nunes de Santana, diretora

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Lição de Vida Projeto Geração Nova (Progen) E Mãos Que Evangelizam

Comunicar como ato divino Usar o dom da comunicação, de abranger multidões, para levar a palavra de Deus, evangelizar. Essa é a missão da Canção Nova, por isso esses dois projetos são, em grande parte, dedicados a esse fim. Comunicar-se com parentes, amigos, pessoas que conhecemos e até com quem não conhecemos. Poder se comunicar com o irmão foi a oportunidade que Aline Maria da Silva conquistou fazendo o curso de libras do projeto Mãos que Evangelizam. Irmã de Leandro, 22 anos, que tem deficiência auditiva, Aline sentia falta de ter uma comunicação mais direta com ele. “Sempre que o Leandro queria falar alguma coisa em casa, nós pedíamos para ele desenhar. Acho que por isso ele é um grande desenhista”, comenta. Aline achava insuficiente; queria mais: entrar no mundo do irmão, conhecê-lo melhor, poder conversar com ele como conversa com as outras pessoas. Enfrentar o curso não foi fácil: ficava ansiosa para aprender logo, nervosa, com dificuldade de utilizar as mãos para dizer o que pensava. Ela vivenciou na pele as dificuldades que o irmão vive e assim ficou mais próxima dele. Aproximou-se também de forma direta, conversando, não só com ele, mas com os amigos do irmão que também têm deficiência auditiva. Aline comemora hoje poder fazer parte desse universo, ser amiga dos amigos do irmão. O dia em que aprendeu a cantar uma música na linguagem de sinais chegou animada em casa e sentou os pais na sala para mostrar. “Outro dia, o Leandro queria falar alguma coisa e ninguém estava entendendo. Minha mãe foi me acordar para eu dizer o que ele queria e eu consegui. Olha que maravilha o curso fez por mim.”

“A comunicação serve para unir as pessoas e enriquecer as suas vidas.” João Paulo II, Papa de 1978 a 2005


Paulo Alexandre Barbosa

A comunicação é também um dos pontos fortes do Projeto Geração Nova, que oferece oficinas de qualificação socioeducativas para jovens de 12 a 18 anos. Há aulas de violão, dança, canto, inglês, espanhol; na área de comunicação social, o projeto conta com oficinas de rádio, TV e laboratório de TV. Tem também informática, artesanato e elétrica. O Progen atende 200 jovens. Em parceria com o Senai, a entidade desenvolve o Projeto Aprendiz, inserindo jovens no mercado de trabalho. “Mais do que inserir no mercado, nosso objetivo é tentar trabalhar de forma integral os jovens para serem bons cidadãos, bons profissionais, boas mães e bons pais de família. Para nós, isso é importante e passa pela profissão”, explica Mara Silva Martins Lorenço, psicóloga e coordenadora do Progen. “Nós acompanhamos o adolescente que chega até nós, priorizando o desenvolvimento integral dele, na sua dimensão biológica, psicológica, social e espiritual. É apaixonante. Quem entra aqui acaba se apaixonando pelo projeto, pelos adolescentes, porque eles nos ensinam muito.”

“É uma grande alegria ensinar libra. As pessoas ficam

ansiosas para aprender e eu explico que é preciso ter calma, pois a evolução acontece devagar.

No final, o objetivo da troca da comunicação sempre é atingido. Tudo deve ser feito com calma porque Deus dá a benção, dá a graça para que a gente possa se manter calmo, tranquilo, para eliminar toda barreira de comunicação e ir evoluindo.” Edimilson Alves de Mattos, instrutor de libras

“O Progen foi uma benção de Deus na minha vida. Eu pude conferir pessoalmente a influência do projeto na vida do meu filho.

Como foi importante. Mateus tem 14 anos, é Sou uma mãe participativa; tenho formação aqui também toda semana, na terapia com os pais. Por isso que digo: quando o Progen precisa de mim eu participo, porque a gente não pode só receber, também precisa doar. E eu estou aqui para servir.” Maria de Lourdes Ventura Moura, mãe de quatro filhos, um deles participante abençoado, responsável.

do projeto

PROJETO GERAÇÃO NOVA - PROGEN Local: Avenida Brasil, nº 120 Cachoeira Paulista (SP) Fundação: 1999 Contato: (12) 3186-2051 Site: www.cancaonova.com Programa exibido em: 20/06/08

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Lição de Vida APAE Bertioga

Exemplo de persistência A perseverança permitiu que um grupo de mães mudasse o rumo da vida dos seus filhos e de muitos outros que vieram depois se beneficiar da conquista. Essa história começa quando Mirian Pereira de Farias da Silva, mãe de Diogo, especial, ouviu na reunião da escola em que ele estudava que as mães precisavam fazer alguma coisa, pois logo estariam sem escola, sem local para frequentar, já que a unidade só atendia as crianças até 18 anos. Com um irmão na APAE de Suzano, Mirian foi se informar sobre o que poderia fazer para levar uma APAE para Bertioga. Primeiro, reuniu um grupo de mães e com a ajuda da diretoria da APAE Guarujá começou o trabalho. Era o início de uma nova trajetória na vida de Diogo e de tantos outros filhos de mães e pais lutadores, que batalham para alcançar o objetivo de dar o melhor para os filhos. “Tudo vale a pena quando diz respeito a nossos filhos. O meu se tornou mais do que eu esperava. Diogo é um garoto especial até demais”, comemora Mirian, com razão. Diogo Sérgio da Silva é um rapaz dedicado, que adora ficar na APAE com os amigos, mas passou a ganhar o mundo quando conseguiu emprego de empacotador de supermercado. Ele conta que quando não tem muito movimento no mercado, faz um pouco de tudo: abastece geladeira, ajuda no balcão. Como ele diz, não tem mais a vida tranquila de antes, pois agora trabalha e tem responsabilidades. “Eu achei que ia ser dependente sempre da minha mãe e, no fim, passei até meus irmãos. Eu sou empacotador, faço de tudo. Agradeço a Deus e à APAE, que me deu muita força. Antes eu não tinha praticamente nada. Agora eu tenho até meu quarto, que eu mesmo montei, com televisão e um monte de coisas.”

“Aquele que perseverar até o fim será salvo.” (Mt 24,13)


Paulo Alexandre Barbosa

Em 2002, um grupo de mães montou a APAE de Bertioga, mas as dificuldades quase acabaram com o grupo. Em 2003, Edson Pereira da Costa, pai de uma deficiente auditiva e física, foi juntar forças ao grupo, que ganhou novo ânimo, conseguindo móveis e instalações. “Hoje somos uma grande família”, diz Edson, presidente da entidade. Ele gosta de salientar que a APAE é um meio e não um fim – o grupo espera que os alunos passem pela entidade, mas não fiquem. Que possam ter rendimento, autonomia e busquem cidadania. Para isso são realizadas na APAE atividades de vida diária, prática, além de um trabalho de inclusão profissional. Com essa iniciativa, três alunos foram inseridos no mercado de trabalho – um deles, inclusive, conquistou tanta autonomia que avisou a família que não precisaria mais frequentar a APAE.

“Temos profissionais que são grandes parceiros. A melhor resposta do nosso trabalho é ver nossos alunos inclusos.

É o nosso grande estímulo.” Edson Pereira da Costa, presidente “O trabalho de terapia ocupacional é focado desde a independência do corpo – ensinando o aluno a se vestir sozinho – até ir no comércio fazer compra. A gente é uma família aqui dentro; ficamos mais tempo aqui do que na nossa própria casa. Muitas vezes a gente vem sábado, fica depois do expediente, porque é uma grande satisfação.” Hellen Cristina Verginazio, terapeuta ocupacional

“É gratificante ver o resultado. Começamos com 13 alunos e hoje estamos com 62 e tem uma fila de espera de 30. É ruim não poder atender todos, mas um dia a gente consegue suprir as necessidades da cidade.” Fernanda Casagrande de Oliveira, fisioterapeuta e coordenadora geral

“Se não tivéssemos recebido apoio, não estaríamos trabalhando. Se não tivesse trabalho, não poderia ser um cara trabalhador. Adoro meu trabalho, meus amigos. A gente se diverte no escritório.” Valdir Camilo, aluno da APAE e auxiliar de escritório

APAE Bertioga Local: Avenida Anchieta, nº 544- Bertioga (SP) Fundação: 2002 Contato: (13) 3317-2940 Site: bertioga.apaebrasil.org.br Programa exibido em: 27/06/08

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Lição de Vida Grupo de Apoio à Criança (GAC)

Descobrindo o tesouro dos pequenos Quem vê o garoto Edson Pereira Júnior, 11 anos, tocando a música Brasileirinho em seu cavaquinho percebe que com dedicação, amor e esforço é possível tirar o melhor das pessoas. Essa é a missão do Grupo de Apoio à Criança – GAC – que procura ser uma extensão do lar, um espaço para os pequenos ficarem enquanto os pais trabalham pelo sustento da família. A música, aliás, é bastante presente na entidade, incentivando as crianças com cantos, danças e instrumentos musicais. Esse estímulo, somado ao incentivo do pai, faz com que Edson queira ser músico no futuro. Talento e determinação o garoto demonstra ter enquanto toca para animar os colegas. Foi também do tesouro do coração que Luana Gonçalves tirou a vontade de voltar à entidade e educar. Ela, que no passado foi aluna, volta como professora, realizando o sonho de ensinar onde a mãe trabalhou como voluntária. Como aluna, Luana fazia atividades de matemática, reforço para a matéria que era um desafio. Ela retorna para promover recreação com crianças de 6 a 11 anos, oferecendo atividades educacionais lúdicas, com brincadeiras pedagógicas. “Desde pequena eu sempre quis ser professora. Estando de volta ao lugar onde aprendi muitas coisas, para ensinar, sinto uma alegria imensa”, comenta a jovem, que quer ajudar a descobrir novos tesouros.

“O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem.” (Lc 6,45)


Paulo Alexandre Barbosa

A Vila dos Pescadores, em Cubatão, é uma comunidade bastante carente, com 11 mil habitantes – quase 3 mil famílias –, formada especialmente por migrantes que foram buscar na cidade melhores condições de vida. Com rendimento familiar baixo, 44% da população vive em palafitas e a maioria em construções precárias. Nesse cenário, em 1994, o padre Antônio Olivieri, junto com mulheres da comunidade, fundou o GAC, que nasceu especialmente para tirar do lixão os filhos que acompanhavam os pais na procura de alimentos para subsistência e recolher resíduos para conseguir uma renda. A entidade nasceu na Paróquia São Judas Tadeu e com esforço da comunidade foi comprada a primeira sede, um pequeno barraco. O lixão acabou, porém a entidade continuou operando, ajudando as famílias da comunidade, acolhendo seus filhos no horário em que não estão na escola, para que não fiquem nas ruas. Com o empenho de apoiadores, o GAC cresceu e conquistou um local melhor, que permite atender cerca de 100 crianças.

“Os ensinamentos são passados de maneira lúdica e o dia a dia é bem diversificado. Dos dois aos 12 anos eles participam da jornada ampliada ou da

“As crianças ficam no GAC para ter uma

jornada ampliada nos estudos e recreação.

O intuito é tirá-las da ociosidade e criar um conceito de cidadania, de solidariedade e de humanidade. Para aproximar os pais, realizamos cursos de artesanato, culinária, corte e costura, atividades que de alguma forma podem ajudar a ampliar o orçamento da família.

Nosso objetivo é levar boa ali-

mentação, educação e um carinho especial a essas crianças.

Em comunidades carentes, GAC é essencial. Eu considero hoje o terceiro setor a personi-

recreação.

Na adolescência, entram nas oficinas Temos uma equipe completa, com assistente social que visita as casas, psicóloga que auxilia esse acompanhamento. Como oferecemos uma boa estrutura, logo percebemos uma evolução no comportamento da criança que começa a frequentar a entidade. Tem crianças que chegam aqui e não sabem falar, pelo que sofreram – muitos nem conseguem rir. Aqui eles ficam diferentes, conversam, riem. É uma realização.” Rosana Soares Dantas, coordenadora geral artesanais.

uma entidade como o

ficação da solidariedade e do compromisso com o próximo.

Para nós, cristãos católi-

cos, é uma forma de transformar nossa fé

em gestos concretos.” Mary Inês Dias de Lima, presidente

Grupo de Apoio à Criança - GAC Local: Avenida Ferroviária II, nº 187 Vila dos Pescadores- Cubatão (SP) Fundação: 1994 Contato: (13) 3363-3780 Site: gaccubatao.blogspot.com/ Programa exibido em: 06/07/08

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Lição de Vida Casa Abrigo Madre Assunta Marchetti

Abrigando gerações Uma pessoa futurística. Assim a pedagoga irmã Alvarina Aparecida Rezende descreve o padre José Marchetti. “Dio Gracias, dizia ele, que dava graças por tudo. Ele acreditava e a coisa aparecia”, comenta Alvarina, citando o fato da instituição conseguir um terreno que engloba todo o quadrante do bairro. “Ele fazia acontecer o projeto, ele idealizava, ele sonhava, queria e ia pra frente.” Padre Marchetti idealizou o orfanato ao ver crianças órfãs de imigrantes que perdiam seus pais na vinda de navio para o Brasil. Para viabilizar a obra, ele voltou à Itália e pediu ajuda à sua irmã, Assunta, que aceitou o convite e se dedicou totalmente ao projeto. Assunta Marchetti chegou ao país com duas colegas e a mãe, e passou a trabalhar na obra, que começou como Instituto Cristóvão Colombo. “Esse orfanato era referência para todo bairro, porque aqui era uma capela aberta para as pessoas. Aqui se fizeram muitos batizados, casamentos, era praticamente a referência de igreja”, explica Alvarina. José Marchetti faleceu com 27 anos e Assunta precisou assumir e fazer acontecer o projeto. Alvarina dá testemunho da dedicação com que a madre realizou a obra. “Ela não conseguia falar nem português, não era catedrática, ela tinha praticamente o básico da escolaridade e foi pro Rio Grande do Sul, expandiu a nossa congregação. Ela não era médica, mas fazia partos, atendia a doentes, tinha a saúde alternativa muito presente. Na época, nos anos 30, quando ninguém tinha alimento aqui na região, madre Assunta ganhava farinha e com as irmãs fazia pão e distribuía na porta do orfanato para as pessoas que não tinham alimento. Ela é um modelo de mulher, forte, corajosa, aberta aos sinais dos tempos e às necessidades das pessoas. Veio como missionária para o Brasil e enfrentou todos os desafios de um ardor missionário forte, intenso, significativo. Nós, hoje, somos mais de mil irmãs, nós somos uma congregação de instituto de direito pontifício, e pra nós o importante é o reconhecimento de uma pessoa que é modelo pedagógico, de uma espiritualidade profunda, de humildade, simplicidade e que nos deixou o grande ensinamento, uma grande lição de vida: ‘Deus vê, Deus provê’.”

“Em frente, até que Deus queira.” Padre José Marchetti, sacerdote italiano


Paulo Alexandre Barbosa

Há mais de um século, a Casa Abrigo ampara crianças – já foram mais de 6 mil ao longo de sua história. Atualmente, a entidade cuida de crianças de 6 a 12 anos, órfãs ou oriundas de famílias desestruturadas em situação de vulnerabilidade social. O abrigo é administrado pela Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo Scalabrinianas (MSCS). O orfanato é uma referência em São Paulo pela sua longevidade, avançando o centenário, e pela infraestrutura que oferece às crianças. A coordenadora do orfanato, irmã Jaira Oneida Garcia, conta que há ao todo 60 crianças, 40 em regime de abrigo e 20 que retornam aos lares. “Elas têm aula normal do ensino regular, aulas de música, artesanato, atividades de recreação e ensino religioso.”

“Essas crianças atendidas aqui são, na sua maioria, filhos não de imigrantes, mas de migrantes internos do Brasil, famílias que se desestruturaram inclusive em virtude da migração.

Há também crianças que foram abandonadas pelos

pais, mas se negaram a ser adotadas na esperança de voltar a ficar com os pais biológicos.

Por isso, tentamos não só

ajudar as crianças, mas a reaproximação com seus familiares de origem.”

Irmã Jaira Oneida Garcia, coordenadora do orfanato

“Em 1973 eu estudei no colégio e foi excelente. As irmãs, com aquele carinho, ensinavam a bordar, estavam sempre perto da gente abençoando, ensinando a amar a família. Quando saí daqui, casei, tive dois filhos e eles vieram estudar externos. É a terceira geração e hoje nós somos voluntários, a família inteira.” Sueli Napolitano, ex-residente do orfanato, filha de Rosa

Casa Abrigo Madre Assunta Marchetti Local: Rua do Orfanato, nº 883- Vila Prudente- São Paulo (SP) Fundação: 1904 Contato: (11) 6163-1269 Site: www.mscs.org.br Programa exibido em: 13/07/08

“Eu fiquei aqui em 1962, por três anos, da segunda à quarta série. Eu gostava muito das irmãs. Depois casei e tive três filhos, daí precisei trabalhar fora, sustentar meus filhos, e eles também ficaram internados aqui.” Rosa Napolitano, ex-residente do orfanato, mãe de Sueli

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Lição de Vida Serviço Social Bom Jesus - Clube da Turma M’ Boi Mirim

Criando um novo cenário É no presente que transformamos o passado de ontem em um futuro promissor. As ações que realizamos hoje vão dizer que presente viveremos amanhã. Realizando importantes iniciativas, o Serviço Social Bom Jesus ajudou a mudar a realidade de um lugar considerado um dos mais violentos do mundo. De ação em ação, de gesto em gesto, mudando histórias. O ensinamento dado a David Medeiros Santana fez do menino que vivia em situação de risco um educador. Morador do Capão Redondo, região de muita carência e violência, ele viu uma oportunidade de vida decente e se agarrou a ela. “Tem bastante criança e adolescente que já foram envolvidos com o tráfico. Eu já fui meio envolvido, mas comecei a participar de projetos culturais, oficinas de hip-hop”, diz. Participando dos projetos, David se destacou entre outros educandos e passou a fazer serviços para a instituição; depois foi contratado para trabalhar no núcleo socioeducativo da entidade por meio do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. “A gente trabalhava com crianças de 6 a 14 anos. Eu costumava falar que nosso trabalho era evitar que as crianças terminassem no Creca.” Creca é o Centro de Referência da Criança e do Adolescente, unidade do Serviço Social Bom Jesus, que atende de 10 a 24 crianças e adolescentes em risco social e pessoal, em situação de rua ou que sofreram violência sexual, doméstica, maus tratos ou abandono. Hoje David trabalha no Creca e se sente realizado. “Trabalhamos com crianças que sofreram violência doméstica, abuso sexual, que estão envolvidas com drogas, ameaçadas de morte na região onde moram. Faço inúmeros trabalhos e atividades com eles. As coisas que eu aprendi quando era educando, hoje eu passo para os meus educandos. Sou educador”, orgulha-se. David conta que a instituição abriu novos horizontes em sua vida. Agora, como educador, seu maior desafio é conseguir a confiança dos pequenos. “O pessoal brinca que eu sou o educador moleque. Com meu jeito descontraído, minha linguagem, trago eles pra perto de mim. Consigo tirar um pouco da história deles”. Construindo vínculo com os jovens, o rapaz faz sua parte, ajudando a transformar a realidade da comunidade onde vive.

“O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.” Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro


Paulo Alexandre Barbosa

O Serviço Social Bom Jesus é uma instituição católica apostólica romana do Terceiro Setor que ajuda famílias da região carente na Zona Sul de São Paulo, atuando principalmente com crianças e jovens. A entidade, que nasceu dentro de um salão paroquial tendo como pano de fundo a Campanha da Fraternidade e cresceu, foi fundada pela Paróquia Bom Jesus de Piraporinha. “O tema da campanha em 1981 era ‘Quem acolhe o menor, a mim acolhe’. Nessa época o padre achou que a gente deveria fazer algo concreto. E fizemos”, lembra Antonia Camelo Sampaio, uma das fundadoras da obra. Há 28 anos o Social Bom Jesus foi criado para ajudar a mudar a vida da comunidade do Jardim Ângela. O presidente Zacarias Sampaio Camelo recorda dos primeiros momentos. “Parece que foi ontem. A gente chegou aqui muito cedo, eu tinha acabado de me formar em Direito na PUC e estava fazendo um trabalho social em São Mateus. Como moramos aqui, juntamos um grupo na igreja e resolvemos fundar o Social Bom Jesus.” Enfrentando dificuldades, a entidade prosseguiu, tornando-se referência na região. “Temos 22 núcleos atendendo crianças, jovens adolescentes, terceira idade, mulheres e gestantes – são mais de 7 mil pessoas, além do público indireto e as famílias”, diz Zacarias.

“O Clube atende 2.400 crianças e adolescentes de 7 a 17 anos e 11 meses, com atividades culturais, esportivas e de cidadania. Também buscamos envolver a família. Nós temos um programa chamado ‘Viva Melhor’ com atividades físicas e de orientação para os pais e avós das crianças e adolescentes que são atendidos aqui. Todo dia de manhã, das 6h30 às 7h30, os professores, profissionais de nutrição e saúde orientam e acolhem os familiares para que seja trabalhado em conjunto tanto questões individuais, pessoais quanto questões coletivas.

Dentro da nossa missão, a família tem

que ser contemplada na íntegra.”

“Nós temos inúmeras entidades aqui no Jardim Ângela que fazem um trabalho sério na região, além dos parceiros institucionais, como a Polícia Militar, o Governo do Estado, a Prefeitura. Foi um conjunto de trabalho social que acabou arrancando o Jardim Ângela desse exemplo ruim e promovendo um bairro tranquilo. Temos problemas, violência, mas em vista do que o bairro já foi considerado, com certeza melhoramos muito e isso é um trabalho cotidiano nosso, das organizações sociais da região. É uma soma. Isso é um exemplo para o mundo.” Zacarias Sampaio Camelo, presidente

Regina Alves Ribeiro, coordenadora do núcleo Clube da Turma

Serviço Social Bom Jesus Clube da Turma M’ Boi Mirim Local: Travessa Maestro Massaino, s/nº Jardim Ângela- São Paulo/SP Fundação: 1981 Contato: (11) 5832-2269 Site: www.socialbomjesus.org.br Programa exibido em: 20/07/08

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Lição de Vida Associação Prato de Sopa Monsenhor Moreira

Do assistencialismo à geração de renda Amar ao outro entregando amor. Essa é a mão estendida que a Associação Prato de Sopa mantém há quase 80 anos, seguindo a tradição de solidariedade que passa de geração para geração dentro da família, com a dedicação de mulheres, que começou com dona Affonsina, seguiu com dona Di, dona Maria Luisa e agora essa bela história tem continuidade com dona Lurdinha. O amor ao próximo é fundamental para vivermos um mundo melhor. Olhar para o lado, ver o que o outro precisa e o que podemos oferecer – é a lição cristã. Esse é o trabalho da entidade que estende o prato de sopa e tenta ajudar o ser humano que o recebe. Com esse olhar, a Associação acumula emocionantes histórias como a que nos conta a assistente social Raquel, que um dia viu um senhor na fila e resolveu perguntar a sua idade. Quando descobriu que ele tinha 67 anos, perguntou se ele recebia algum benefício do governo. “Não recebo nada”, disse o homem, explicando que já tinha entrado com processo junto com o advogado, sem obter sucesso. Sabendo que ele teria direito de receber um salário mínimo do governo a partir dos 65 anos, Raquel resolveu ajudar. Verificando junto ao INSS que o benefício realmente não tinha saído, a assistente social começou o processo de preenchimento da documentação e foi surpreendida quando aquele senhor, tão necessitado, chegou com várias carteiras profissionais onde demonstrava ter trabalhado com muitos vínculos, ou seja, poderia ter direito até a uma aposentadoria por idade. “Depois de alguns dias ele apareceu dizendo que precisava falar comigo. Pensei que tinha dado tudo errado, mas ele falou: ‘a senhora não sabe o que aconteceu comigo. Eu estou aposentado!’ Ele recebeu um benefício maior, foi aposentado, passou a receber um direito que ele tinha. Ele veio muito feliz e me deixou mais feliz ainda.” Um pequeno gesto, uma simples ajuda, o olhar para a necessidade do outro pode transformar vidas, devolver dignidade. Essa é a missão realizada pela Associação que entrega, no prato de sopa, um tanto de amor.

“Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12)


Paulo Alexandre Barbosa

A Associação Prato de Sopa Monsenhor Moreira foi fundada por um grupo de senhoras santistas, tendo à frente a professora Affonsina Proost de Souza, junto com Monsenhor Moreira. Foi criada com o objetivo de oferecer um prato de sopa aos portugueses que trabalhavam como carregadores de café no Porto de Santos. “A entidade começou aqui por causa da crise do café, em 1929. Na época, imigrantes portugueses vieram para o Brasil e o Prato de Sopa foi criado para dar apoio a esse pessoal. Então, Monsenhor Moreira, junto com dona Affonsina, no Jabaquara, fez um galpão onde eles davam alimentação”, conta a presidente da entidade, Lurdinha. “A associação foi crescendo, aumentando, o Prato de Sopa foi para o albergue noturno. Ficou lá por um tempo e depois se estabeleceu na sede própria.” O trabalho, que começou ajudando um grupo de portugueses, hoje atende cerca de 200 pessoas por dia. Além da sopa, oferece corte de cabelo, documentação, parceria com os alcoólicos anônimos, realiza campanhas sobre tuberculose, AIDS. A ideia de expansão é desenvolver um trabalho para a geração de renda.

“A gente está fazendo um trabalho voltado para geração de renda. Nós estamos nos organizando para fazer um projeto de gestoras do lar, curso de cabeleireiro, corte e costura e de coffee-break. Hoje não se dá mais nada para ninguém; o objetivo é promover condições para que as pessoas possam aprender um ofício e gerar a sua própria renda.

Essa é uma questão da pró-

pria modernização da mente, da própria evolução da instituição.”

Marina Menezes, empresária e voluntária

“Os desafios são muitos, mas a recompensa é maior porque o que é tão pouco para a gente, para eles significa muito. A gente tem o desafio diário, com as dificuldades que a casa tem, mas é um trabalho muito gratificante porque eu acho que com amor a gente resolve e supera todos os problemas.” Miriam Milei, administradora da entidade

“A princípio a ideia era fazer só um cadastramento das pessoas que vêm diariamente na instituição, mas resolvemos fazer uma pesquisa. Nós conseguimos fazer uma caracterização dessa população, levantamos dados da situação habitacional, constatamos que a maioria vive na rua, mas tem também o outro lado, que tem endereço fixo. Acho que a maior surpresa foi em relação ao nível de escolaridade. A gente detectou dois com nível superior. Isso foi uma surpresa porque a fila sempre pareceu uma fila de indigentes e, na verdade, não é. São pessoas que trabalham; nós temos portuários, temos gente que está com empréstimos consignados em folha, então estão recebendo muito pouco de aposentadoria e nós descobrimos dois com nível superior: um jornalista, que também é aposentado e por conta de um revés que passou na vida acabou vindo fazer as refeições aqui e um professor de educação física.” Raquel Nunes de Souza Dias, assistente social

Associação Prato de Sopa Monsenhor Moreira Local: Rua 7 de Setembro, nº 52- Vila Nova- Santos (SP) Fundação: 1930 Contato: (13) 3232-5468 Site: www.pratodesopa.com.br Programa exibido em: 27/07/08

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Especial D 126

Lição de Vida

Especial Dia dos Pais

Amor paterno

Os pais têm papel essencial na humanidade: são eles que educam os filhos para a vida, e dessa educação irá depender a construção de uma sociedade cada vez melhor. Todos os pais são importantes – não só os biológicos, mas também os que se tornam pais pelas circunstâncias da vida, pelo exercício das tarefas diárias, de educar, de receber essa missão especial de conduzir a vida de crianças e jovens, para que a gente possa ter um futuro. O programa Lição de Vida Especial Dia dos Pais faz uma homenagem a todos os pais com a presença de dois pais muito especiais: o primeiro, além de ser um bom pai para os próprios filhos, é um grande pai para os “filhos” que a vida lhe colocou no caminho. O segundo, pelas circunstâncias da vida, assumiu o lugar de pai e mãe e cria com carinho e competência as cinco filhas.

“Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha vida eterna.” (Jo 3,16) João Luiz, responsável pela missão da Canção Nova em São Paulo A história de João Luiz se confunde com a história da Canção Nova. Casado com Fátima, com quem divide a responsabilidade pela missão de cuidar da comunidade de São Paulo, João Luiz tem dois filhos: Samuel, com 17 anos, e Ana Carolina, com 12 anos. Sua história com a Canção Nova começou quando morava em Taubaté (SP) e um membro comentou sobre a comunidade, da qual ele já tinha ouvido falar. Depois, em um retiro organizado por ele, Luzia o convidou para participar da comunidade, quando acompanhava monsenhor Jonas que foi rezar uma missa nesse retiro. João Luiz ficou uma semana na comunidade para conhecer o trabalho. “No final daquela semana, Deus colocou no meu coração que a Canção Nova era meu lugar”, recorda. Quinze dias depois, em 29 de março de 1981, ele chegou à Canção Nova para não mais sair. “Estou no meu 28º. ano de vida na Canção Nova, entregue ao serviço da evangelização, feliz e realizado.” Em 2006, João Luiz estava cuidando da missão em Cuiabá, quando foi chamado para uma reunião em São Paulo, em que foi convidado por Eto para coordenar a comunidade da cidade. “Cheguei em São Paulo em 4 de janeiro de 2007 e comecei esse grande desafio.”


Dia dos Pais Paulo Alexandre Barbosa

Família – “Eu tenho a realidade dos meus filhos, que eu gerei

Para sustentar a família, Valdo, que trabalha como ajudante ge-

junto com a Fátima, minha esposa. Aqui me deparo com diversos

ral, chega a rodar 50 km de bicicleta procurando serviço. “Tem que

missionários que precisam também dessa atenção, desse carinho,

correr atrás, não esperar que Deus vá levar pra mim na minha casa.

desse apoio para que cada um possa continuar desenvolvendo essa

Eu levanto todo dia 5 horas da manhã para dar banho, arrumar as

missão e juntos desenvolvermos a missão que Deus tem para São

crianças para levar na escola, correr atrás de trabalho. Mesmo assim

Paulo. Eu digo sempre que os filhos não vêm com bula – então eu fui

vivo feliz e agradeço muito a Deus e a mãe delas, que me deu essas

aprendendo a ser pai dos meus filhos e estou aprendendo a ser pai

filhas maravilhosas”. Sobre o trabalho, ele ensina às filhas a fazer

dos missionários, que são muitos. E eu estou com responsabilidade

tudo com amor, carinho e fé em Deus. “Deus em primeiro lugar.”

diante de Deus por cada um deles. Quando eu me casei, em 88, o

monsenhor Jonas falou para nós algo profético - para mim e para a

Educação com amor – “A pessoa, sendo educada, consegue

Fatinha - que Deus nos daria a graça de educar nossos filhos, que

entrar em qualquer repartição, conversar com qualquer cidadão e

iríamos gerar, e aqueles que Deus nos daria com o passar dos anos

respeitar. Para dar educação ao filho é preciso ter a base em casa.

na Canção Nova.”

Em casa você ensina, explica, ouve, discute, conversa. Muitas vezes a pessoa fala – ‘meu filho não tem obediência. Eu dei pra ele um

Valdo de Jesus P. Leite, ajudante geral, pai de cinco meninas

carro’. Muitas vezes o filho carece mais de um abraço e ouvir ‘filho, papai te ama’. Às vezes uma das meninas me abraça e diz: ‘papai eu te amo’ – é como se eu tivesse com o dinheiro do mundo todo no

A família de Valdo é um exemplo de amor. A diretora da escola

meu bolso.”

o aponta como um pai presente, que acompanha o desenvolvimento das filhas. Valdo se dedica a cuidar das cinco meninas, para quem

Felicidade – “Sou muito orgulhoso das minhas filhas e espero

assumiu o papel de pai e mãe: Rosângela, Carina, Amanda, Raíssa

que os pais tenham o mesmo orgulho que eu tenho e a felicidade

e Ana Carolina. Ele conta que o segredo para cuidar das filhas com

que eu sinto de estar com elas, falar com elas, enfim, sou uma

tanta dedicação é ter muita fé em Deus e acompanhar os passos

pessoa muito abençoada.”

delas, ouvir o que elas têm a dizer – e também fazer com que elas ouçam o que ele tem a dizer. “É importante acompanhar os estudos e dividir as tarefas de casa, por exemplo, lavar, passar, cozinhar – isso nós fazemos em grupo, porque começa fazendo em casa e depois vai fazer na rua.”

Especial Dia dos Pais Local: Estúdio da TV Canção Nova de São Paulo (SP) Programa exibido em: 10/08/08

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Lição de Vida Associação Beneficente Nossa Senhora de Guadalupe

Vidas renovadas Ajudar dependentes químicos na grande batalha de superar a dependência é o desafio que a Associação Beneficente Nossa Senhora de Guadalupe vence com amor. Esse amor ao próximo, a vontade de recuperar vidas ganhou força quando a idealização do projeto era ainda recente. Em 1978, quando pertencia a um grupo de jovens, o padre Luiz Carlos dos Passos começou a trabalhar com dependentes químicos. “Eu me tornei seminarista, padre e sempre gostei desse tipo de trabalho porque sentia a importância que é recuperar alguém de uma vida tão sofrida como é a de um dependente químico ou alcoólico.” Quando chegou à Paróquia Santa Margarida Maria, há três anos, o padre resolveu dar um passo a mais no grupo de autoajuda que funcionava há pelo menos 15 anos e criar a Casa de Recuperação Nossa Senhora de Guadalupe. Além do amor gratuito, incondicional, proposta da Pastoral da Sobriedade, a casa tem como diferencial o incentivo do contato dos residentes com a comunidade. O padre Luiz Carlos explica que essa iniciativa tem por objetivo permitir que os residentes tenham o máximo de contato com a vida da comunidade. “Queremos que eles vivam inseridos para que se sintam participantes da vida comunitária. Acho que aí está um dos segredos da recuperação dentro da nossa casa. Eles não podem se sentir isolados. Eles precisam se sentir participantes da vida da comunidade.” Os resultados apontam que o trabalho segue o caminho correto, pois já apresenta belas histórias de recuperação como a de Gilberto, 60 anos, que havia passado por 18 comunidades terapêuticas antes de chegar à Nossa Senhora de Guadalupe. “Eu nunca completava o tratamento; sempre interrompia no máximo com dois meses de estada”, revela Gilberto. Tendo completado 11 meses na entidade e concluído a graduação, Gilberto podia voltar à sua casa, mas fez uma escolha diferente. “Eu optei por não retornar para casa. Fui aceito como voluntário e voltei para a Casa Guadalupe. Vou dar um pouquinho do muito que recebi até o momento e volto principalmente pelo regimento da casa: aqui é tudo pelo amor, nada pela dor que foi o que encontrei nas demais casas de recuperação e por isso eu não resistia”. Por amor Gilberto venceu sua batalha pessoal, resolveu ficar e se une ao sonho do padre Luiz Carlos e de tantos outros para ajudar a recuperar outras vidas, pelo amor.

“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.” Mahatma Gandhi, líder pacifista e político indiano


Paulo Alexandre Barbosa

Ligada à Paróquia Santa Margarida Maria, a Associação Beneficente Nossa Senhora de Guadalupe tenta, através do trabalho realizado em sua casa de recuperação, ajudar dependentes químicos. Localizada em uma região carente da cidade de Santos (SP), a entidade tem capacidade para atender 20 residentes, recebendo pessoas de outras localidades para o tratamento. Em três anos de trabalho já atendeu mais de 200 pessoas. Um dos aspectos da casa é deixar os residentes livres para ir e vir, para promover aos poucos a reinserção na sociedade, ainda durante o tratamento, e não somente ao término. Essa ação, associada ao amor de todos os envolvidos, contribui para o baixo índice de desistência. Os residentes fazem atividades de laborterapia na sede da Igreja Santa Margarida Maria, além de participar de projetos sociais.

“A grande felicidade que nós carregamos em nosso coração é precisamente essa: saber que aquele que antes estava morto voltou a viver e voltou a viver porque acolheu Jesus no seu coração e entregou a sua vida nas mãos de Jesus. É isso que nós queremos: que esse encontro com Jesus na vida das pessoas possa propiciar a cada uma delas essa vida nova, essa vida em plenitude, essa vida em abundância que só Nosso Senhor Jesus Cristo pode oferecer a todos nós.” Padre Luiz Carlos dos Passos, presidente e fundador

“Começamos fazendo trabalho dentro das favelas, acompanhando crianças desnutridas e fomos crescendo no carisma.

Fomos rezando, buscando oração. Certo dia Deus O sonho começou a se concretizar e montamos a Casa Guadalupe.” Jorge Gomes, coordenador colocou esse caminho, através de uma profecia.

Associação Beneficente Nossa Senhora de Guadalupe Local: Rua Álvaro Pinto da Silva Novaes Filho, nº 257 Caneleira- Santos (SP) Fundação: 2005 Contato: (13) 3291-2428 Programa exibido em: 31/08/08

“Como monitor da casa eu dou um pouco do que recebi. Eu sou um recuperando, passei o processo e hoje, como outros serviram de luz pra mim, eu sirvo de luz para outras pessoas. Com meu testemunho de vida tenho procurado comprovar que a recuperação é possível.” Claudir Silva, monitor

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Lição de Vida Projeto Educacional de Conscientização e Orientação (Proeco)

Apontando caminhos para a juventude “Acredite nos seus sonhos”. O conselho vem da jovem Bianca de Jesus Santos, 17 anos, que diz ser muito bom sonhar, realizar e, melhor ainda, quando se conquista muito mais até do que se imaginou. E isso só é possível quando há oportunidades, como as que o Proeco oferece para a juventude, abrindo portas, indicando caminhos. Bianca chegou à entidade com 10 anos graças à sua mãe, Maria do Carmo de Jesus, que trabalha com reciclagem. Ela juntava garrafas na rua quando viu a instituição cheia de crianças. “Matriculei, trouxe e ela gostou”, diz Maria. A menina começou fazendo aulas de desenho e logo se interessou pela dança cultural popular brasileira. “Fui aprendendo, me desenvolvendo, até que começou o projeto Talentos em Ação, há quatro anos, com jovens da comunidade. Tinha aulas diferentes de vários professores. Fomos aprendendo circo, dança.” Depois de ser aluna e trabalhar como voluntária, Bianca virou funcionária. Feliz, a moça comemora o primeiro registro na carteira de trabalho. “É o máximo. A gente nunca pensa que vai chegar a um objetivo tão grande. A gente sempre pensa em objetivo pequeninho, que não pode ultrapassar aquilo. Meu objetivo era fazer as aulas, mas com a força de vontade que eu tive e ajuda nos estudos, consegui chegar a um resultado muito maior do que eu idealizava. Por isso, posso dizer que as pessoas devem acreditar nos seus sonhos.”

“Aquele que tem caridade no coração, tem qualquer coisa para dar.” Santo Agostinho


Paulo Alexandre Barbosa

O Projeto Educacional de Conscientização e Orientação – Proeco – ajuda jovens e famílias da região carente da Zona Noroeste de Santos (SP) a mudar suas vidas através da educação, da cultura, despertando vocações. O trabalho é baseado em um tripé: família, comunidade e escola. A iniciativa nasceu da realização de um sonho da professora Valéria Gomes, que é diretora-presidente e fundadora da entidade. Professora de português desde 1982, ela atuou em várias escolas, buscando sempre uma educação diferenciada, usando várias linguagens, como dança, música e teatro. De 1998 para 2000, a educadora resolveu fazer uma ação revolucionária, envolvendo toda a escola e a comunidade para discutir educação. “Resolvemos parar a escola e refletir sobre a escola dos nossos sonhos. Ouvimos diversas pessoas e construímos no início um pequeno projeto pedagógico, em que essas crianças, que vinham em um período, no período oposto, no contraturno, aprendessem outras atividades. Em 2000, o PROECO virou uma organização não-governamental e hoje atende 200 famílias, com atuação junto às escolas da região, contando com terapia comunitária, atividades para geração de renda, dança, música, teatro, área de moda e estamparia.

“Nosso papel educativo é completar a formação que crianças, adolescentes e jovens têm nos espaços formais. Fazemos a construção dessa educação com o entendimento de quem eu sou e de onde faço parte, onde moro, com quem eu moro.

Fazemos a leitura do mundo, ensinando

a olhar esse mundo, a ler esse mundo e é esse processo que vai dar resultados até na inserção no mercado de trabalho.”

Juliana Clabunde dos Santos, vice-presidente

“Eu cuido das três unidades e zelo com muito carinho daqui. Um dia fui fazer companhia para a professora de costura e vendo ela trabalhar descobri que eu tenho dom para costura.

Está sendo ótimo pra mim. Conquistei meu espaço, graças a Deus, e sou superCom o nascimento do Proeco nasceu uma nova Maria.” Maria Conceição Anjos, auxiliar de serviços gerais

feliz aqui.

“O Proeco faz parte da minha vida. A gente vive esses problemas de estudo, de ter vontade e não ter condições. Eu sei que esses adolescentes, essas crianças, são superinteligentes. Talvez eles tenham a inteligência que eu procurei e não achei. Então eu procuro ajudar no que posso e acho neles muita inteligência.” Arildo de Souza Costa, voluntário

Projeto Educacional de Conscientização e Orientação - Proeco Local: Rua Engenheiro Elias Machado de Almeida, nº 116 Santos (SP) Fundação: 2000 Contato: (13) 3299-6255 Site: proeco.sites.uol.com.br Programa exibido em: 19/10/08

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Lição de Vida Promoção “Eu ajudo a construir homens novos para um mundo novo”

Momentos especiais, pessoas especiais Deus escolhe as pessoas certas para colocar nos lugares certos. O sorteio da promoção do programa Lição de Vida “Eu ajudo a construir homens novos para um mundo novo” foi muito especial, pois definiu a pessoa que ganharia uma viagem para Roma a fim de testemunhar um momento marcante: participar da cerimônia do Reconhecimento Pontifício dos Estatutos da Canção Nova. Esse momento é a coroação dos esforços de toda a comunidade, um momento especial na história da Canção Nova. Por isso, a vencedora só poderia ser alguém especial como é Maria Eunice Carvalho de Godoy Geremias. Eunice fala em amor – amor ao próximo, amor ao trabalho que faz de evangelização pela comunicação, exatamente o caminho que segue a Canção Nova. A educadora aproveita seu programa de rádio e a coluna que tem no jornal da cidade para falar exatamente de amor - amor em Deus. Além de amar, Eunice é uma pessoa muito amada - amada pela família, pelos amigos, pela comunidade. Por isso, a melhor forma de conhecer essa vencedora é pelo amor nas palavras dos familiares e amigos que desenham um retrato dessa mulher, que é educadora, escritora, locutora de rádio, mãe e esposa exemplar e, sobretudo, um grande exemplo de vida.

“Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi.” (Jo 15,16)


Paulo Alexandre Barbosa

“Eu sou vigário da paróquia desde 1955. Graças a Deus a gente vê aquelas crianças que a gente cuidava crescendo e realizando trabalhos bonitos de igreja também. A gente agradece a Deus a graça de estar aqui e vê com alegria o fruto do trabalho, não só nosso, mas da comunidade. A comunidade toda deve trabalhar junto. A pastoral é de toda comunidade. Vendo a Nice a gente lembra do avô dela, dos pais, que foram sempre de um relacionamento bom com a igreja, que colaboraram bastante - e ela também. Ela fazia um trabalho bonito e hoje está dando muito de si, pela experiência que ela tem.” Monsenhor Nilo Romano Corsi, pároco da igreja de Sant´Ana em Pedreira

“Uma legionária me ligou e falou que o programa do sorteio estava passando. Eu corri e liguei a TV justo quando minha neta estava sendo sorteada. Imediatamente liguei para minha filha, mãe da Eunice. Notícia boa também corre.” Alayde Pelatti Begalli, avó

“Minha filha tem muitas qualidades, por isso, se tivesse que destacar uma, destacaria todas.” Jorge Carvalho de Godoy, pai, falecido em 2009

“Eu fui aluno da Eunice, sou amigo e estamos sempre juntos. A Nice me ensinou muito do que eu sou hoje. Na escola ela sempre me orientou e me auxiliou bastante na minha formação pessoal também. Hoje eu ajudo na comunidade, como a Nice ajuda. Eu trabalho com a equipe de retiro diocesana São Padre Pio. Trazer o jovem para a igreja é muito gratificante – vemos jovens perdidos, nas drogas, trazemos esses jovens para participar da missa e eles entendem o que é o amor de

Deus. E sempre que eu tenho alguma dúvida, alguma palestra, vou pedir orientação pra Nice.” Luciano Vieira de Godoy, ex-aluno

Maria Eunice Carvalho de Godoy Vencedora da promoção do programa Lição de Vida “Eu ajudo a construir homens novos para um mundo novo” Local: Pedreira (SP) Programa exibido em: 26/10/08

“Eunice é uma pessoa que merece. Sempre foi batalhadora, boa mãe, boa esposa, dedicada, atenciosa, sempre procurando fazer algo ao próximo. Ela foi recompensada e nada melhor que essa recompensa vir em um momento tão especial que é esse da Canção Nova e a gente poder fazer parte desse momento.” Oscar de Godoy Geremias, marido

“Minha mãe estava viajando quando aconteceu o sorteio. Eu liguei e avisei que tinha uma boa notícia. Ela já disse: ‘eu ganhei’. Quando eu falei que ela ganhou, ela começou a gritar, a chorar e rir.” Maite Carvalho de Godoy, filha caçula

“A Nice sempre foi muito dedicada e fanática pela leitura e escrita. Também sempre gostou de ajudar – ela dá de si mesma.” Diley Begalli C. de Godoy, mãe

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Lição de Vida Centro de Capacitação Comunitária (CEC)

Qualidade de vida para as famílias Som, energia, movimento. A alegria contagiante da música reflete o espírito de animação da entidade em oferecer uma vida melhor para a família, contemplando crianças, jovens, adultos e idosos. A transformação que o CEC promove na comunidade é como a que a música promoveu na vida de Diego Moura de Freitas, assistente de direção musical na instituição. Desde cedo, Diego gostava de música, mas foi aos 18 anos que começou a ter mais contato e se profissionalizar – antes, tocava somente na escola. “Vim participar do projeto a convite do professor Milton. Tinha um trabalho de raiz que era com as crianças e adolescentes e quando chegavam a uma certa idade havia a necessidade de ocupar esses adolescentes. Então, ele teve essa belíssima ideia de fazer esse projeto com instrumento de percussão de raiz”, diz o rapaz. Além do trabalho como monitor de percussão no CEC, Diego participa da banda marcial da cidade, explorando sua paixão pela música. “Na banda marcial o trabalho é mais profissional. Trabalho como percursionista e baterista. É uma paixão, é minha vida, é a única coisa que eu sei fazer”. Ele fala com orgulho também de três alunos que começaram estudando com ele e hoje estão na banda marcial e sobrevivem trabalhando com música. “Temos vários alunos aqui com muito talento para música e poder trabalhar com isso é um futuro bonito. Eu costumo dizer que o músico, além de ter muita dedicação para fazer o que o trabalho exige, deve realmente fazer com gosto.” Diego se realiza não somente vivenciando sua paixão, mas partilhando com outros que trilham o mesmo caminho. Ele olha para o próximo e sente a satisfação de ajudar a vida de outros jovens que, como ele, podem encontrar na música a oportunidade de descobrir uma vocação e trilhar um caminho decente em sua vida.

“Eu gostaria de reunir o mundo inteiro numa grande rede de caridade.” Antonio Frederico Ozanam, fundador da Sociedade São Vicente de Paulo


Paulo Alexandre Barbosa

De uma desgraça ocorrida na região, começou a nascer a entidade. Por volta de 1983, aconteceu um incêndio na Vila São José, em Cubatão, que deixou muitas famílias desabrigadas. Preocupado com a situação, Dom David Picão encaminhou uma verba que veio da Alemanha para a Sociedade São Vicente de Paulo construir o Centro Comunitário, com o objetivo de ajudar essas pessoas em dificuldades. “Na época, eu era catequista e metade do bairro foi abaixo. Eu comecei a trabalhar a catequese aqui no bairro e não existia nada na Vila Natal. Eu pensei que havia necessidade de criar alguma coisa para os novos moradores que estavam vindo para essa região, as pessoas da Vila São José”, recorda um dos fundadores, Sônio Célio, homem que dedicou sua vida ao trabalho social e à melhoria da qualidade de vida da população cubatense, a quem o Lição de Vida presta uma homenagem especial por sua recente partida. Com a doação do terreno da Prefeitura, foi construída a entidade. No início, havia curso de capacitação, depois passou a atender crianças. Atualmente o CEC tem projetos para todas as idades. A assistente social Adriana Soares Neves fala sobre os projetos. “Para adultos há geração de renda, alimentação e artesanato. Há ainda o projeto Jovens em Ação e programa Integração a Crianças. Esses projetos são independentes, mas ao mesmo tempo acontecem juntos e se tornam como uma família, com vários cursos, como capoeira, ballet, biscuit e algumas outras atividades. O Jovens em Ação é dedicado aos adolescentes de 12 aos 18 anos incompletos; tem a percussão e traz o grupo Afro Banda, conhecido não só em Cubatão, mas também em outros municípios.”

“Os trabalhos estão tirando as crianças da rua, evitando que se envolvam com drogas, com prostituição. Além disso, ocupa as mães, dando oportunidades de trabalho, possibilitando que as mães aprendam alguma coisa, sustentando suas famílias, pois a maioria das mulheres é mãe solteira.” Maria Aparecida Carneiro Costa, vicentina e coordenadora das atividades

“Os cursos de desenho e música chamam bastante a atenção das crianças. Muitas vezes elas chegam aqui e acham que é brincadeira de batuque e depois percebem que não é só isso, e notam que existe a partitura, leitura, música e capoeira. acabam gostando de tudo.”

Adriana Soares Neves, assistente social

Centro de Capacitação Comunitária – CEC Local: Rua São Francisco de Assis, nº 70 Vila Natal- Cubatão (SP) Fundação: 1989 Contato: (13) 3361-6802 Site: www.grupoafrobanda.blogspot.com Programa exibido em: 02/11/08

Por fim, elas

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Lição de Vida Casa de Emaús

Comunidade que acolhe me, e me “Pois eu estava com focom sede, e destes de comer; estaervaa forasteiro, e me deste de beber; eu em casa.” me recebestes (Mt 25,35)

Esta passagem simboliza com fidelidade o trabalho da Casa de Emaús, o acolhimento com amor das pessoas que passam por adversidades e são ajudadas a serem reinseridas na sociedade. É a concretização do ideal de um padre sonhador e realizador que conquistou seu sonho graças ao esforço, dedicação e comprometimento da comunidade que também o acolheu.

O padre Antonio Pereira Luz nasceu em Pesqueira, no início do sertão pernambucano, estudou no seminário de Olinda e Recife e no mosteiro de São Bento. Foi para Cubatão no final de 1992, onde ficou um tempo como vigário paroquial. Integrado à comunidade da cidade, o padre percebeu a necessidade de criar um lugar para acolher moradores de ruas ou pessoas que vinham de outras cidades, que estavam de passagem por Cubatão e não encontravam um lugar para descansar. “Em 1998, no dia 4 de março, fizemos um almoço que chamamos almoço do Senhor Jesus, para a população de rua, com um grupo de 60 voluntários da paróquia. Iniciamos também o sopão, que levávamos às ruas, embaixo do viaduto e em todo lugar que havia população carente”, recorda o idealizador da casa. “Passou o inverno e chegamos à conclusão de que não adiantava só levar sopa, lençol, e o pessoal continuar molhado. Surgiu a ideia de fazer uma casa para acolher esse público.” Durante toda a sua existência, a Casa de Emaús conta com o envolvimento da comunidade, que atua como voluntária ajudando a reintegrar essas pessoas à sociedade. Para o padre Antonio, o segredo para manter a união, para realizar tão importante sonho e contar com tantas pessoas amorosas dispostas a apoiar, é Jesus. “Quando a gente faz as coisas com amor o Senhor abençoa. Todo pessoal que trabalha conosco é voluntário desde o início do almoço até o dia de hoje, graças a Deus.”


Paulo Alexandre Barbosa

A Casa de Emaús funciona em Cubatão, na Baixada Santista, e recebe de oito a nove pessoas por dia. Começou em um imóvel alugado e foi crescendo com a ajuda da comunidade, conquistando imóvel próprio. O trabalho é vinculado à Igreja Católica, mantido pela Paróquia São Francisco de Assis. Coordenadora da entidade, Eurídice Maria de Oliveira conta que a primeira ação é acolher com muito amor, carinho, independente do estado em que eles chegam. “Em seguida a gente dá o kit de higiene, eles vão tomar banho, trocar de roupa, depois fazemos triagem. Ai tomam lanche da tarde e vão ver TV ou orar na capelinha que temos, e fazemos evangelização. Depois do jantar, voltamos a conversar com eles e, no outro dia, encaminhamos para os recursos que forem necessários.” O objetivo da entidade é dar assistência à população de rua e migrantes, para que eles tenham, por algum tempo, um lugar para ficar até poderem reintegrar-se à sociedade ou retornar para sua cidade de origem. “A maioria vem de longe. Eles têm a ideia de que logo vão arrumar emprego, que Cubatão tem muito dinheiro, e quando chegam aqui a realidade é outra”, conta Eurídice.

“Minha missão aqui é amar e acolher todos aqueles excluídos pela sociedade. Quando começamos eu não esperava que a gente fosse chegar tão longe. Conseguimos por perseverança e o desejo de ajudar os mais necessitados.” Gecina de Souza Loureiro, voluntária “A vontade de desenvolver trabalho voluntário foi despertada há muito tempo. Sou orientadora educacional, pedagoga e sempre trabalhei com família. Eu via a dificuldade das famílias aqui e o que me levou mesmo a trabalhar foi o incentivo do padre

Antonio. Vi que a gente precisava se des-

pojar para ajudar esses irmãos que o povo não dá valor.”

Eurídice Maria de Oliveira, coordenadora

Casa de Emaús Local: Avenida Nações Unidas, nº 330- Vila NovaCubatão (SP) Fundação: 2001 Contato: (13) 3372-7479 Programa exibido em: 09/11/08

“A gente não quer só acolher o pessoal, a gente quer inseri-los novamente na sociedade. Para isso, pretendemos fazer diversos cursos. Vemos aqui que a principal carência é a família. Todos que chegam aqui têm história de abandono, ou dos filhos, da esposa, vêm principalmente do Nordeste para trabalhar aqui e quando não encontram trabalho, ficam perambulando e vão se entregando ao álcool, aos vícios.” Padre Antonio Pereira Luz, presidente e idealizador

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Lição de Vida Creche São Miguel Arcanjo – Aliança de Misericórdia

Vivenciando a caridade Vivenciar a caridade em sua forma mais pura, experimentando as mesmas dificuldades que os necessitados para poder entendê-los e ajudá-los. Essa é a experiência vivida pelos missionários da Aliança de Misericórdia, como Vanderléia P. Silva, que vive na Favela do Moinho, no centro de São Paulo, onde está localizada a Creche São Miguel. Com outros missionários, ela vive na casa instalada no local, participa do cotidiano da comunidade e relata as dificuldades dos moradores da região. “A realidade aqui é um pouco dura, porque os moradores vivem em uma opressão, uma pobreza bem grande. É uma realidade precária e nós estamos inseridos aqui para viver como eles, então procuramos fazer o nosso dia a dia bem parecido com o deles. Temos os trabalhos de casa, além das orações e depois nos dedicamos inteiramente a acolhê-los.” Uma das missões de Valéria e dos outros missionários é levar a esperança à favela pela palavra de Deus. O trabalho é lento e nasce da amizade, da relação de carinho que se estabelece com as visitas aos moradores e as orações conjuntas. Para enfrentar o trabalho árduo, Valéria explica sua motivação: “O que mais me motiva é pensar no amor de Deus por cada um de nós. Porque além do que nós vemos no externo, além de cada coração, existe vida e sabemos que Deus ama essa vida. Então o que mais me motivou a querer levar dignidade a essas pessoas é a certeza de que Deus nos ama e cuida de cada um de nós. Essa é a maior motivação, dar a vida para esse povo que é sofrido e que espera esse cuidado, esse amor.”

“A soberba gera divisão. A caridade, a comunhão.” Santo Agostinho


Paulo Alexandre Barbosa

Instalada na Favela do Moinho, a Creche São Miguel é mantida pela Aliança de Misericórdia, entidade que existe há oito anos, mas já está em 36 cidades do Brasil e em mais três países: Itália, Portugal e Bélgica. Fundada pelos padres Antonelo e João Henrique, a Aliança de Misericórdia trabalha com missionários que vivem nas comunidades carentes, ajuda a tirar moradores da rua e a cuidar de crianças e jovens. As atuações em diversas frentes têm o objetivo comum de promover a igualdade social. A Creche São Miguel é uma das unidades da entidade para essa missão. “O sentimento que motivou a criação desse trabalho foi o de levar essa misericórdia, de olhar a miséria humana e se compadecer dela”, conta o missionário Dilson Aparecido Alves Dias. “Esse desejo está no coração dos padres há muitos anos, mesmo quando eles faziam parte de outra comunidade original da Itália, uma comunidade de trabalho de missão, mas eles tinham o desejo de acolher os pobres e poder transformar sua vida. Eles foram amadurecendo essa ideia no decorrer de vários anos até que, chegando ao Brasil, fizeram um trabalho aqui.”

“Todo dia quando eles chegam em casa eu pergunto como foi o dia deles na creche. Ontem minha filha disse que ‘brincou e rezou o texto’. Aí eu falei: ‘que texto, menina, que você rezou?’ Minha mãe falou assim: ‘Não, ela rezou o terço’. Eu falei pra ela: ‘Você vai ajudar a mãe a rezar o terço?’ Ela: ‘Vou. Eu vou aprender pra te ensinar a rezar o terço’. São coisas assim, pequenas, que eu acho interessante. Meus filhos não comiam em mesa antes e hoje só querem comer sentados na mesa, sem olhar pra TV e eu tenho que sentar junto, mesmo que eu não vá comer e isso foi na creche que eles aprenderam.” Tatiane Monteiro Cavalcante, mãe

“A Aliança cresceu muito. Está em tantos lugares e para nós foi uma

surpresa depois de poucos anos de vida ver o trabalho se difundindo tanto.

Lembro de uma ocasião em que o monsenhor Jonas comentou, no início da

comunidade, que ela ia crescer muito, tanto que a gente não ia poder acompanhar de perto tantas coisas, e a gente já começa a ver isso. tão nesse momento viajando em missão na

Os padres esEuropa e os trabalhos continuam

Brasil. A Aliança nasceu na passagem do ano 2000, com a presença de padres, consagrados, leigos, adultos, jovens, homens e mulheres que sentiam o desejo de levar a misericórdia de Deus a todos os lugares e às pessoas que precisam dessa misericórdia. Ela tem se desenvolvendo também no de

como centro do carisma essa dimensão de levar a misericórdia que depois se expressa de várias formas, com o trabalho na favela, com o povo de rua,

“Hoje nós temos 340 crianças, nas periferias são três creches. Nós atendemos as crianças em período integral. Todas as creches

nasceram primeiro de um trabalho de evangelização na comunidade.

O trabalho aqui na favela do Moinho tem dois pontos fundamen- temos um grupo de missionários que moram na mesma condição que os moradores daqui, em um barraco simples - e a segunda é o trabalho da creche. São trabalhos tais: o trabalho da fraternidade

que andam sempre muito próximos porque os missionários fazem a visita domiciliar e estão próximos da realidade dessas famílias.”

Fabiana Barbosa Gonçalves, coordenadora geral das creches

Creche São Miguel Arcanjo– Aliança de Misericórdia Local: Rua Dr. Elias Chaves, s/nº- Campos Elíseos- São Paulo (SP) Fundação: 2004 Contato: (11) 2839-3145 Site: www.misericordia.com.br Programa exibido em: 16/11/08

nas cadeias, na

Fundação Casa.” Dilson Aparecido Alves Dias, missionário

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Lição de Vida Casa da Esperança

Uma atenção especial Todos os pais acalentam sonhos para os filhos e têm a esperança de realizá-los. Os pais que descobrem que os filhos têm necessidades especiais carecem de um apoio, uma atenção especial para que seus pequenos desenvolvam ao máximo suas potencialidades. Por isso, a Casa da Esperança recebeu esse nome: para oferecer o cuidado essencial para que os pais possam ter suas esperanças alimentadas. A esperança tem se transformado em alegria para Mirian Bigão Moreti, mãe de Manuela, de três anos e sete meses e que desde o primeiro mês de vida frequenta a entidade, onde faz tratamento de fisioterapia, fonoaudiologia e participa do grupo pedagógico. “Aqui eles acolhem a criança. Se você não acolhe a criança, ela não tem o desenvolvimento que se espera, assim como a família e os pais, e eles têm todo um cuidado de estar envolvendo a família nesse contexto”, elogia Mirian, que fica feliz em ver a filha aprendendo de forma lúdica. Integrada, Mirian também participa das atividades, especialmente dos cursos de geração de renda para famílias. “Até nessa questão eles ajudam, porque a mãe que não tem profissão acaba adquirindo uma com os cursos e gerando renda”. É outra forma de promover esperança. Para Marilene de Medeiros Lucena, mãe de Janio, de quatro anos e três meses e que também frequenta a casa desde o primeiro mês, a esperança vem também como oportunidade para seu filho, que apresenta boas melhoras. “No começo ele era um dos mais molinhos. Quando começou aqui, rapidinho passou a ter êxito, até porque começou a andar mais rápido. Se não tivesse vindo pra cá, tudo seria mais difícil”, fala Marilene, com a consciência de que está oferecendo o melhor ao filho e com a certeza de que na casa encontrou a esperança que buscava. “As mulheres ficam reunidas conversando e trocam ideias, mostrando que os problemas não são tão sérios desde que a gente os aceite e busque solução.”

“A esperança é o sonho do homem acordado.” Aristóteles, filósofo grego


Paulo Alexandre Barbosa

A Casa da Esperança começou com um grupo que dava assistência às crianças pobres e aleijadas, vítimas da paralisia infantil. A iniciativa teve início com o médico Samuel Augusto Leão de Moura. Com a descoberta da vacina contra poliomielite e o fim dos casos da paralisia na cidade, a entidade passou a cuidar de outros necessitados, que precisavam de tratamento especializado. No início, o atendimento era feito em um hospital da cidade. Depois foi construído um hospital próprio, posteriormente transformado em ambulatório, que hoje atende mais de 200 crianças e adolescentes, de 0 a 18 anos, com necessidades especiais. “Fazemos o diagnóstico das deficiências das crianças e através de equipe multidisciplinar com psicólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, cirurgião dentista, médico neurologista e médico ortopedista, desenvolvemos um programa de reabilitação”, detalha o presidente da entidade, Lamartine Lelio Busnardo. “Essas crianças vêm para a Casa da Esperança através das clínicas, dos serviços públicos e através dos profissionais médicos, que quando detectam essas deficiências encaminham para nós. Aqui elas recebem tratamento especializado e alimentação.” Todo trabalho é desenvolvido para ajudar crianças e famílias, fazendo valer o lema da entidade: “Nós nunca perdemos a esperança.”

“Temos 234 crianças que vêm de toda Baixada Santista. Elas são atendidas pela situação de carência, são depenmesmo diagnóstico, paralisia cerebral e retardo no desen-

“Eu vim pra Santos trabalhar no pronto socorro da Santa Casa e lá fui convidada pelo presidente da Casa da Esperança. Dr. Samuel Augusto Leão de Moura e estou aqui há 48 anos. Aqui é a continuação da minha casa. Eu vi crianças nascerem,

Marília Pinto Freitas, assistente social, há mais de 35 anos atuando na

um carinho imenso que a gente tem pelas crianças e por incrível

dentes de família de renda baixa e têm em comum quase o volvimento neuropsicomotor, além de síndromes.”

casarem e já estão trazendo filhos e me chamam de vó e bisavó. que pareça, isso aqui é minha vida.

instituição

Que Jesus nos abençoe e dê Casa da Esperança continue assim, fazendo caridade, dando amor sem distinção de raça, credo e política. Aqui realmente há o amor e a caridade.” Helenita Souza Santana, enfermeira que mudou da Bahia para Santos e trabalha na casa quase desde o início das atividades. força para que a

“Temos a fisioterapia no solo e a hidroterapia. Há também a sala que é um diferencial da casa, de integração sensorial, onde a criança vai interagir com o ambiente emocionalmente, socialmente e fisicamente. Trabalhamos com a criança de maneira lúdica, o que é fundamental, pois o desenvolvimento de uma criança é muito maior quando ela brinca.” Adalberto Ribeiro Brotas, fisioterapeuta

Casa da Esperança Local: Rua Imperatriz Leopoldina, nº 15- Ponta da Praia- Santos (SP) Fundação: 1957 Contato: (13) 3278-7800 Site: www.casadaesperancasantos.org.br Programa exibido em: 23/11/08

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Lição de Vida Grupo Amigo do Lar Pobre (GALP)

Preparando para a vida Para Daise Aparecida de Moura parecia impossível conseguir uma boa carreira, seguir os estudos, fazer faculdade. Mas o destino dela mudou quando entrou no GALP, buscando ajuda para cuidar dos filhos. Separada, ela precisava trabalhar e encontrou na entidade o apoio para cuidar de Lucas e Gabriel em um momento que ela considera essencial, da infância à adolescência. Ambos saíram do grupo com trabalho e Lucas passou no vestibular para cursar jornalismo. “Eu tinha tanta confiança aqui, por conta de tudo que eles me ofereciam que eu me sentia na obrigação de crescer junto com meus filhos”. Foi exatamente o que Daise fez ao participar de diversos cursos. Um comentário dos meninos sobre o trabalho de costureira da mãe lhe rendeu o serviço de fazer o uniforme do GALP. “Eu me senti importante. A presidente me chamou, demonstrou tanta confiança; foi através desse incentivo, delas acreditarem em mim que eu quis acreditar também”, revela. Mais confiante, Daise foi se especializar até que surgiu a vontade de fazer faculdade – o que conseguiu participando do programa Escola da Família e obtendo uma bolsa para trabalhar nos finais de semana. Realizada, Daise volta ao GALP para ensinar outras mães a costurar, para que outras mulheres tenham a oportunidade que ela teve. “Tudo que eu tenho, que eu sou e que meus filhos são, foi graças ao GALP. Poder devolver um pouquinho só do que ganhei durante toda uma vida é muito bom.”

“Tudo o que sou e que sempre desejei ser, devo-o à minha mãe.” Abraham Lincoln, advogado e expresidente norte-americano


Paulo Alexandre Barbosa

Preocupadas com o futuro de meninos de famílias carentes, senhoras da ação católica se uniram para ajudar. Fundadoras do GALP, Geny Marsaioli e Maria do Carmo Pires lembram que no começo elas distribuíam roupas, remédios, alimentos e enxovais para bebês. “Ajudamos muitas famílias. Tínhamos uma casa onde recolhíamos crianças e as mães tinham um lugar para deixar os filhos para trabalhar. Para angariar fundos, fazíamos pequenos bazares”, recorda Geny. “Fomos progredindo até chegar ao que temos hoje”, comenta Maria do Carmo sobre a instituição que funciona em Santos, no litoral paulista, atendendo jovens em situação de risco social. A entidade recebe meninos de 6 a 16 anos no período em que não estão na escola, para diversas atividades: reforço escolar, aula de informática, futebol, natação, música e consulta com fonoaudióloga e psicóloga. Quando completam 14 anos, eles são encaminhados para o mercado de trabalho, mas continuam acompanhados pelos profissionais do GALP.

“Nós recebemos as crianças com intuito de orientá-las, encaminhá-las, dando formação no período em que não estão na escola, permitindo que a mãe fique tranquila no trabalho. Fazemos tudo com amor e com uma orientação bastante firme na postura, no comer, no falar, no respeitar o ambiente, para criar um cidadão novo.” Sonia Santos Xavier, presidente

“Nós estamos fazendo um trabalho que envolve também as famílias. Procuramos trabalhar a autoestima, a identidade de cada um e capacitar para que possam buscar nova função, nova atividade, um espaço no mundo.”

Maria Inês Real Martinez, psicóloga

“O problema maior é a angústia que sentimos com a saída dos meninos. Antigamente eles saíam daqui com 12 anos, idade em que a gente sabe que eles não estão preparados para entrar no mercado de trabalho. Eles abandonavam os estudos e iam para o mercado informal de trabalho. Mudamos o estatuto e agora atendemos até os 16 anos.” Lenir Calisto de Souza, assistente social

Grupo Amigo do Lar Pobre – GALP Local: Rua Silva Jardim, nº 21 Vila Nova- Santos (SP) Fundação: 1967 Contato: (13) 3232-5360 Site: www.galp.org.br Programa exibido em: 30/11/08

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Lição de Vida

APAE São Vicente

Fé e realização A fé sem ação não permite muitas realizações. Tampouco a ação sem fé pode promover grandes conquistas. É a união desses dois aspectos que fazem o poder realizador da APAE São Vicente. A transformação aumentou ainda mais a fé de Esmeralda Gonçalves em ver seu filho aprender e ser feliz. Ela foi notando nos primeiros anos de Danilo que ele não se desenvolvia como as outras crianças, por causa da falta de oxigenação com que nasceu. “Ele falou tarde, andou tarde, enfim, tudo o que eu reparava no meu outro filho, percebia que Danilo tinha dificuldade”, relembra. Para que o filho, que tem deficiência cerebral mínima, pudesse desenvolver ao máximo as potencialidades, Esmeralda o levou para a APAE, onde ele é participativo, faz informática, culinária e evolui bastante. “Aqui ele se sente em casa”, conta a mãe, feliz, que aliou fé e ação pelo bem do filho. É também a aplicação da fé, nessa grande obra que é a APAE, que permite grandes realizações e emoções como a assistente social, Solange, vivencia com os meninos do projeto de inserção no mercado de trabalho. Eles participam de oficinas profissionalizantes de culinária, artesanato e informática; depois passam por treinamento e à medida que se sentem preparados, Solange vai em busca de vagas no mercado de trabalho. Quando esses meninos conseguem vencer as barreiras, os preconceitos, e ganham uma oportunidade para mostrar seu potencial, o prêmio maior vai para toda a equipe, que pode presenciar e partilhar a alegria de uma importante conquista.

“Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé, quando não tem as obras?” (Tg 2,14)


Paulo Alexandre Barbosa

A necessidade muitas vezes promove a ação, como foi o início da APAE São Vicente. Enyde Apparecida Domingues Moretti, presidente da entidade e idealizadora da obra, trabalhava como assistente social na Prefeitura de São Vicente e vivenciava a dificuldade de arrumar vagas nas escolas para as crianças com necessidades especiais. “A gente ficava no telefone pedindo vaga. Um dia, por Deus, foi colocado para mim: ‘Por que não fundar uma APAE?’” Enyde juntou um grupo, buscou orientação e a equipe começou o trabalho. Em um terreno cedido pela Prefeitura de São Vicente, foi construída a sede da entidade, que hoje reúne quase 40 voluntários e atende 200 alunos. Além das aulas para crianças e jovens, o projeto conta com um programa de prevenção às deficiências, educação de jovens e adultos, inserção no mercado de trabalho e um programa de geração de renda com a confecção Três Estrelas, direcionada para as mães.

“Ninguém está preparado para ter um filho com alguma deficiência. Quando planeja um filho, planeja desejando que no futuro tenha total autonomia. Quando a família recebe esse diagnóstico, é muito duro; a família geralmente passa por um período de não aceitação, de questionamento, de rejeição. Muitas vezes não é rejeição em relação ao filho, mas rejeição àquela dificuldade. Esse é um processo que trabalhamos aqui dentro, orientando esses pais e desmistificando a ideia de que o deficiente não tem condição de nada.

Pelo contrário. Hoje em dia falamos muito em acessi-

bilidade, inclusão não só social e escolar, mas em todos os ambientes.

O Brasil tem que se preparar para isso porque

o resto do mundo já está se preparando.”

Sueli Costa Ribeiro, psicóloga

APAE de São Vicente Local: Rua Feliciana Marcondes da Silva, nº 205Catiapoã- São Vicente (SP) Fundação: 1988 Contato: (13) 3467-7828 Site: www.apaesaovicente.org.br Programa exibido em: 07/12/08

“É fundamental que as pessoas tenham o ideal de servir. A motivação pode ser religiosa, filosófica, política ou emocional. Importante é que a pessoa tenha vontade de dar um pouco de si, dos dons e talentos que recebeu de Deus, colocando-os à disposição dos irmãos mais necessitados. Nossa contrapartida é ver a semente frutificar.” Jayme Fernandes Afonso, voluntário e diretor de patrimônio

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Lição de Vida

Lar da Benção Divina

União para transformação

A comunhão de pensamentos e forças voltadas a um objetivo comum promove grandes transformações – o Lar da Benção Divina é um exemplo da força transformadora do amor e da educação. Socorro não imaginava como sua vida mudaria quando a amiga lhe recomendou a entidade para deixar o filho, Eduardo, com cerca de 10 anos, enquanto trabalhava. Logo que chegou ficou sabendo do curso de alfabetização e resolveu se matricular. Ela, que veio da Paraíba, não pôde estudar porque o pai não deixava, pois achava a escola longe e que os filhos tinham que trabalhar na agricultura. A vida sem ler não era fácil: “Quando eu pensava em sair de casa pra conseguir um trabalho, eu já pensava em como eu ia conseguir o endereço, como eu ia ler as ruas e aí ficava muito difícil. Eu tinha que pedir ajuda para alguém, num papel e as coisas ficavam muito complicadas. Eu me sentia uma pessoa muito para baixo.”

Socorro queria aprender a ler também para ajudar o filho. No começo tudo era difícil, diferente, mas Socorro foi evoluindo aos poucos, aprendeu a ler e foi encaminhada para uma escola, dando continuidade aos estudos. “Aprender a ler facilitou – é como se eu começasse a enxergar. Aqui no Lar eu tive aula de matemática e até de computação”, orgulha-se, tendo feito da terceira até a sexta série, indo para a sétima. “Acho que nesse tempo que eu estudei eu já aprendi tudo que eu não tinha aprendido até os 28 anos, quando eu voltei a estudar. Eu via as coisas, mas eu não sabia direito. A vida para quem não sabe ler é muito difícil.” Além da força dada pela equipe do Lar, Socorro fala com carinho de um apoio especial, do filho, Eduardo, que a incentivava, dizendo: “Faz de conta que você é minha filha. Você não vai faltar”. Se a mãe tinha dor de cabeça e não queria ir à escola, o menino avisava: “Quando eu tô com dor de cabeça vou para a escola. Você fala que eu tenho que ir, então vá”. E Socorro ia e foi gostando de aprender. “Eu chego da escola às 23 horas e ele tá dormindo, mas aí eu falo: ‘Filho, preciso de uma ajuda aqui porque não tô entendendo’. E ele acorda, com paciência, e me ensina. Eu não tenho do que reclamar porque ele é um professor pra mim.” Eduardo, já com 14 anos, retribui o carinho e demonstra a alegria que sente em ver a luta da mãe e fazer parte dessa história. “Eu estou muito orgulhoso dela. Voltar a estudar foi muito importante para ela porque ela aprendeu muitas coisas, ela viveu”, diz o menino, comentando que acha importante a educação para conseguir um bom emprego e ter uma vida boa. Com o sonho de ser advogado, Eduardo faz seu agradecimento. “Eu devo tudo à minha mãe. Ela que me criou, ela me fez ser essa pessoa que eu sou e quero agradecer muito a ela.”

“Ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, os homens se educam em comunhão.” Paulo Freire, educador brasileiro


o ã ç a orm Paulo Alexandre Barbosa

O Lar da Benção Divina nasceu de um trabalho na comunidade carente da Zona Sul de São Paulo, quando dona Judite e doutor Procópio davam assistência médica e alimentação para as famílias necessitadas, servindo sopa preparada por voluntários com alimentos doados. A entidade cresceu, tornou-se uma creche em que são atendidas mais de 100 crianças entre 1 e 5 anos, onde elas têm aulas, brincam, ouvem música, cuidam da horta. Há cerca de 120 crianças e adolescentes, de 6 a 15 anos, que participam de oficinas culturais, artísticas, esportivas e outras atividades, no contraturno da escola. O Lar oferece também cursos de alfabetização de jovens e adultos.

“Eu nasci na Bahia, cheguei em São Paulo e trabalhei numa casa 14 anos e coloquei minha filha na creche, com 2 anos e meio. No início foi muito difícil a adaptação. Minha filha está com 21 anos, no último ano da faculdade de educação

Lar da Benção porque foi aqui que ela começou

física e eu agradeço muito o

e é aqui que eu estou trabalhando pra tirar o dinheiro da faculdade dela.

Nunca imaginei que ela fosse chegar tão longe. No último boleto que a gente pagou, eu falei: ‘Graças a Deus, vencemos mais uma batalha.’” Tereza de Souza Miranda, cozinheira

“O Lar era uma entidade que distribuía cesta básica para a população carente e sopa para as pessoas. Todas as pessoas podiam vir aqui tomar a sopa, que era muito boa. Quando eu penso em infância, lembro da sopa que a gente tomava, do chá com pão, da goiabada no meio do pão. É um sabor de saudade. Era uma coisa muito gostosa o carinho com o qual as pessoas daqui recebiam quem vinha tomar a sopa, o respeito que se tinha por essas pessoas. É o que a gente tenta passar hoje quando dá alimentação para as crianças. Esse mesmo carinho, ensinando como se comportar numa mesa, para que no futuro elas tenham a mesma lembrança que tenho.” Márcia Mattos da Silva Soares, diretora da creche

“Eu herdei essa instituição, que não foi fundada pela minha mãe, mas ela ajudou essa obra durante muito tempo na época em que ofereciam somente o sopão. O projeto foi pensado e idealizado para dar uma continuação na educação dessas crianças.” Silvia Maria Battistella Bueno, presidente

Lar da Benção Divina Local: Rua Francisco Telles Dourado, nº 199/202 Jardim Los Angeles- São Paulo (SP) Fundação: 1956 Contato: (11) 5523-4342 Site: www.bencaodivina.org.br Programa exibido em: 14/12/08

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Enquantom Houver Aurora Especial de Natal

Exemplo de superação O Especial de Natal de 2008 do Programa Lição de Vida trouxe mais do que um exemplo de vida – um exemplo de superação de um jovem que perdeu as pernas aos 18 anos e decidiu ultrapassar os obstáculos e ser feliz. Por meio do esporte, ele encontrou o caminho de sua realização, tornando-se campeão mundial de triatlo (prova em que devem ser percorridos 1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida). Ele reúne ainda muitos outros títulos, é surfista e se prepara para mais uma superação: disputar o ironman (prova que reúne 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida). Com sua lição de vida, ele nos mostra que vencer independe das adversidades: é decisão pessoal de cada um.

“Estou sempre fazendo coisas que não posso fazer, assim é que eu consigo fazê-las.” Pablo Picasso, pintor espanhol

Paulo Eduardo C. Aagaard, o “Pauê”, triatleta e surfista Em um trágico acidente no ano de 2000, com 18 anos, Pauê perdeu a perna. Ele lembra do incidente como um momento muito rápido. “Eu estava pela terceira vez no dia atravessando a linha férrea bem em frente à minha casa. Era por volta das 20h30 da noite. Eu estava indo para a academia de ginástica nadar, quando fui surpreendido por uma locomotiva férrea que transitava em uma linha que estava desativada por quase dois meses. Aquilo tudo foi muito rápido e quando me dei conta, não deu tempo para fazer mais do que me encolher ali e ficar debaixo me debatendo. Ela freou em cima de mim. Foram instantes realmente ruins, porque eu consigo relembrar minuciosamente cada momento”. Ele conta que as pessoas começaram a se aglomerar; chegavam parentes, vizinhos e o local ficou repleto de gente. Pauê diz que só percebeu que era real quando ouviu o estalo – o paramédico foi a primeira pessoa que lhe contou o que havia acontecido. “Ele me falou que eu tinha perdido as pernas, que eu ia sofrer uma cirurgia, que ficaria mutilado, que ia dar tudo certo. Ali eu fui meio que colocado na parede: ‘Toma um rumo, livre-arbítrio, que caminho você seguirá?’”


Paulo Alexandre Barbosa

Como todo jovem, ele tinha vários sonhos e precisou, de uma hora para outra, rever toda sua vida em uma cama de hospital, mudar toda sua rotina, se reintegrar, sonhar novos sonhos. O esporte lhe ofereceu essas oportunidades e sem se contentar em ser um praticante, ele busca ser um vencedor. Tornou-se campeão de triatlo, continua surfando e agora treina para disputar o ironman. “O surf me apresentou para o triatlo. Na época que eu ia começar a nadar, para voltar a pegar onda, eu nem imaginava que fosse conhecer uma equipe, uma galera tão motivada que me desse a iniciação no triatlo, e o ironman é uma das minhas metas.” Para partilhar sua lição de vida, Pauê faz palestras e escreveu um livro, Caminhando com as Próprias Pernas, em que conta sua história, incentivando outras pessoas a vencer as adversidades da vida e buscar a superação, sempre. Na obra, uma frase, da avó de Pauê, revela o segredo da vitória. Ela fala que o neto fez uma escolha, a escolha de viver e lutou para transformar essa escolha em realidade através do dia a dia, do empenho. Desafio “Eu acredito que existiram vários momentos difíceis, mas um dos momentos cruciais, onde eu tinha consciência que ali não podia errar, era o pós-saída do hospital, porque era um período que eu precisava ter agilidade, ser rápido, prático. Eu sabia que qualquer tempo que me deixasse sentado numa cadeira, tentando entender alguma situação relacionada ao fato, me tiraria muitas vezes a ansiedade de viver, de me movimentar, de sair em busca da vida. Eu acredito que foi um momento muito decisivo quando eu saí do hospital e ali, aquela fase toda, que eu ainda não estava com prótese, encarar o mundo de frente, numa cadeira de rodas, sem as duas pernas. Foi muito difícil. Mudou a minha vida e eu me deparei com a nova configuração em que eu tinha me tornado.”

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Lição de Vida

Família “Quando eu remeto o tema família como um dos valores, um dos pilares que me reergueu e que me trouxe de volta pra vida, eu penso num todo, eu penso na família não só formada por parentes, mas nos amigos e em todos aqueles que de certa forma vibraram, torcem e torceram por esta reabilitação, por essa melhora, e hoje estão de certa forma coligados a mim. Eu vejo que isso é muito importante. Quando a gente toma consciência que existem pessoas junto conosco. Quando tudo aconteceu, comecei a observar que uma das coisas que realmente ditaria minha vida dali por diante seria a forma com que todas as pessoas que estavam a minha volta entenderiam o fato. Eu tive um ensinamento da minha mãe, que foi muito participativa; eu ainda estava no leito e acredito que Deus entrou naquela hora em forma de palavras, quando eu perguntava como seria lá fora e ela me disse: ‘Meu filho, a sua vida vai ser da forma como você se posicionar diante do mundo, ou seja, se tiver dó de si mesmo, inevitavelmente as pessoas vão olhar pra você e vão enxergar você


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como coitado; agora se você olhar pra sua vida adiante com fé, com força, com vontade, com esperança e tiver motivação acima de tudo, de querer tomar atitude diante dessas adversidades, por si só, quem não vai querer estar do seu lado?’. E eu comecei a ver que a vida é assim, quem não quer estar ao lado de alguém que está motivado, de bem com a vida?”. Superação “O processo foi bem gradativo, foram degraus de confinamento, fui passando e vivenciando e, a cada etapa, vendo que a superação estava em pequenos detalhes, à medida que eu ia me comprometendo com aquilo que eu estava vivendo, ou seja, eu digo que existiram três etapas muito bem conceituadas na minha passagem de reabilitação: entendimento, a própria aceitação do fato, até viver a superação. A superação não foi nada mais do que começar a ver equilíbrio naquilo tudo, no fato de que não ter as pernas não tiraria meu prazer pra vida e nem me limitaria em fazer alguma coisa que eu teria vontade. Eu comecei a visualizar que realmente o esporte seria não só uma mola propulsora, da forma de começar a interagir, colocar no patamar de igualdade social, me apresentando novamente pra vida, como uma pessoa como qualquer outra. Estar numa competição era isso, era ser visto como uma pessoa capaz.”

Especial de Natal Local: Estúdio da TV Canção Nova em São Paulo (SP) Programa exibido em: 21/12/08

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Lição de Vida Especial de Ano Novo

Nunca é tarde Ao som de música e poesia, o Programa Lição de Vida Especial de Ano Novo desejou muita alegria, saúde, paz e fé para 2009. Para registrar esse momento especial, contou com dois convidados que fazem de suas vidas a prova de que sempre é tempo de viver intensamente. Os dois são grandes exemplos de trabalho voluntário, levando educação e formação aos jovens da rede pública e privada de escolas da Baixada Santista, atuando também em entidades, como na Casa Crescer e Brilhar, em São Vicente – onde ela é patrona da biblioteca. Junto com a música e a poesia que eles espalham por onde passam, os dois deixam muito amor e compartilham sua experiência de vida, mostrando-nos que nunca é tarde para realizar um sonho, para conhecer o grande amor da sua vida... Nunca é tarde para nada.

“Acorda humanidade E cai na realidade Exerce a tua boa vontade Segue de Jesus o exemplo, Toma tento Desempenha o teu papel de verdadeiro cristão, Ama teu irmão.” Elza Batalha, poetisa que começou a divulgar o trabalho literário aos 72 anos


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Elza Batalha, poetisa e Jares Maximiano, seresteiro Elza estava viúva havia 28 anos e não pretendia se casar nunca mais; entretanto, temia pelo futuro, pois se sentia insegura para cuidar sozinha da filha excepcional (que faleceu há quatro anos). Sua vida mudou completamente quando conheceu Jares. “Eu precisava muito da ajuda de alguém que me apoiasse e encontrei nele essa possibilidade. Foi um casamento perfeito: ele precisou de mim e eu precisei dele”. Eles casaram há sete anos, quando Elza tinha 80. Foi um casamento de corpo e alma, uma união da música com a poesia. “Ele é seresteiro, ele vive a música, a vida dele é a música e a minha a poesia e como ambas são artes e se combinam muito bem, nós fizemos uma parceria.” A poesia era algo que vivia dentro de um baú no sonho de Elza. Desde menina, sempre teve facilidade de escrever; nos eventos da escola, era escolhida para declamar. “Tudo isso estava guardado dentro de mim, até que eclodiu quando eu comecei, casando com ele, a me externar, demonstrar o meu trabalho, primeiro com muito medo, muito receio, depois já com mais segurança e daí eu comecei a me apresentar nas escolas”. Jares foi seu grande incentivador, apoiador, parceiro. “Eu escrevia minhas poesias e tinha vergonha de divulgar, porque eu achava muito singela a minha poesia, mas aí eu fiz uma poesia para ele e ele elogiou muito dizendo: ‘Parabéns, que coisa linda, continue assim, você deve continuar’”, diz a poetisa. “Eu gostaria de ser artista, desde menina queria ter contato com o público, porque isso é vida pra mim. Eu me sinto muito feliz em me comunicar com o público, e isso eu consegui na velhice.” Casados há sete anos, os dois percorrem as escolas levando música e poesia, cultura para a garotada. “As coisas vão acontecendo, é o amor que a pessoa tem”, resume Jares, explicando em poucas palavras a essência dessa bela união.

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Lição de Vida

Elza deixa algumas palavras que refletem sua experiência de vida. Terceira Idade “Eu considero a terceira idade a idade de ouro, da maturidade, da experiência, do aprendizado e eu agradeço a Deus ele ter me dado 87 anos para eu aprender muita coisa, que eu continuo aprendendo ainda.” “Eu considero o casamento na terceira idade, o verdadeiro e o mais magnífico dos casamentos, porque na terceira idade você tem maturidade, tem entendimento, tem aceitação; você tem tudo para ser mais feliz do que um jovem quando se casa, por causa da experiência de vida.” Música e poesia “A poesia moderna é tão diferente da nossa poesia antiga. E quando eu me apresentei pela primeira vez num colégio da Praia Grande, que se chama Fundação São Francisco, confesso que eu estava apavorada, porque eu não sabia qual seria a aceitação deles. ‘Será que eles vão gostar? É uma coisa antiga, música antiga.’ Mas foi um verdadeiro sucesso, graças a Deus. E eles falaram: ‘Nunca tinha visto coisa mais linda na minha vida.’ Porque realmente a poesia é uma coisa muito bonita e a música acompanhando é um casamento perfeito, da poesia com a música.” Religiosidade “Como sou uma pessoa essencialmente religiosa, não perco a oportunidade de fazer minha disfarçada evangelização. Então, quando eu me apresento para os jovens, eu não perco a oportunidade de dar exemplos, passar ensinamentos, para que eles tenham uma modificação na vida.” “Nessa época em que estamos vivendo e que existe tanta falta de amor, tanta falta de Cristianismo, tanta falta de entendimento, o jovem se perdendo, é preciso que eles sempre ouçam palavras incentivadoras, palavras amigas, para que eles possam compreender melhor a vida.”


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Juventude e sonhos “Eu sempre digo que têm velhos-moços e moços-velhos. Nós temos que ter a mente arejada, tudo funciona através disso. Eu não sinto a minha idade, eu só sinto a minha idade porque eu fico com dificuldade de andar, de trabalhar fisicamente, mas mentalmente minha idade é 20 anos. Eu quero dizer que toda pessoa que acalenta um sonho, ela realiza se for firme nesse pensamento, e não ficar parada, porque para realizar um sonho você tem que partir para a ação; se ficar parada não acontece nada. Tem que proporcionar oportunidades de realizar esse sonho. E nunca é tarde. A vida é muito linda, dos 18 aos 80. Nós sempre temos motivação para viver. A maior motivação para viver está lá - Deus é a maior motivação para nós vivermos. Ele é fraternidade, é o amor, é o sorriso, o aperto de mão, calor humano.” Amor “O amor fraternal é fundamental; isso não falta pra mim, graças a Deus, eu amo todas as pessoas. E porque eu dou, recebo muito. Tem uma palavra de Jesus que fala: ‘Dá e receberás’. Então, você tem que primeiro dar para depois receber. Dar amor, transmitir esse calor humano, essa coisa gostosa que é gostar de alguém.”

Especial de Ano Novo Local: Estúdio da TV Canção Nova de São Paulo (SP) Programa exibido em: 28/12/08

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Lição deVida Núcleo de Amparo a Crianças e Adultos com Câncer (NACAC)

Estímulo para lutar com alegria Há pessoas que concentram sua atenção nos problemas, no lado ruim das coisas e vivem se lamuriando, ao invés de ver e agradecer o que têm. Por outro lado, existem aquelas que sabem observar o que vale a pena, concentram-se no que está ao alcance naquele momento, enfrentam os problemas e transformam dificuldades em oportunidades. Silvia Costa, vice-presidente do NACAC, superou a dor do falecimento do sogro e transformou a tristeza em alegria de ajudar outras pessoas que vivenciam, como ele enfrentou, os desafios do câncer. “A ideia nasceu ao vermos as necessidades das pessoas que passam por tantas dificuldades com a doença, que não tem prazo para terminar”. O tratamento, normalmente de longo prazo, gera consequências pessoais, familiares e sociais e a missão da entidade é tentar minimizar esses problemas. “Meu sogro faleceu com câncer. Como ele era voltado a ajudar pessoas, o que deixou de bens materiais, nós usamos para a fundação do NACAC, a fim de beneficiar outras pessoas que lutam pela vida, lutam contra o câncer.” A luta contra o câncer é uma constante na vida de Conceição, que enfrenta essa batalha há 34 anos, sempre com muita alegria, voltando-se para o lado bom da vida. “Eu gosto de fazer pinturas, de ir pra balada, festas de aniversário, gosto de dançar. O pessoal da entidade diz que eu gosto de falar – a sorte deles é que eu não falo mais porque meu câncer é na língua. Se não fosse na língua, ninguém me segurava – eu voava. Não deixava espaço pra ninguém”, comenta, animada, Conceição, que tem 14 pontos embaixo da língua por conta da cirurgia realizada no mês anterior. Nem toda dificuldade que enfrenta consegue abalar a confiança, força e a vontade de viver dessa senhora de 74 anos. “Eu me sinto bem, estou feliz. Enquanto viver eu sou feliz. Eu não quero é morrer triste. Quero morrer feliz. Se eu pudesse e tivesse dinheiro, eu ia me enterrar no Memorial (cemitério vertical), em pé, pra não me deitar. Não quero ficar deitada um minuto. Eu tenho que viver mais uns 30 anos – estou na adolescência. Comecei agora. Daqui pra frente, só Deus sabe. Ele vai me dar muitos anos de vida pra eu continuar sempre feliz, com alegria.”

“Normalmente os homens preocupamse mais com aquilo que não podem ver, do que com aquilo que podem.” Júlio César, imperador romano


Paulo Alexandre Barbosa

Depois do falecimento do sogro em decorrência do câncer, Silvia Costa resolveu se juntar a um grupo de amigos e fundar uma entidade para ajudar crianças, adolescentes e adultos em tratamento. São atendidos no local 34 crianças e 63 adultos que não têm condições financeiras para fazer o tratamento. “Não temos limite de idade – atendemos de 1 a 100 anos”, explica. “Fornecemos aos pacientes o que o médico prescreve, o que é necessário para o tratamento deles, como a medicação, que não se consegue na rede do SUS e costuma ser cara, e suplementos alimentares, que eles precisam bastante e é prescrito por uma nutricionista.” Segundo Silvia, a família também passa por avaliação e recebe apoio e acompanhamento. Na triagem, são identificadas as dificuldades geradas pelo câncer. “Às vezes é o chefe da casa quem está com câncer, era a única renda e a família meio que fica refém desse paciente. A gente identifica essas dificuldades e tenta suprir.” O apoio permanece enquanto durar o tratamento – e às vezes um pouco mais, como explica a vice-presidente. “Se a família enfrenta dificuldades por conta do câncer e o paciente morre, a instituição não corta o atendimento, porque a família está em dificuldade, às vezes enfrentando desemprego, precisando do apoio.”

“Muita gente não sabe o que é o câncer – ele ainda é visto como mito, tabu e é muito ligado à morte. Então, inicialmente, o que vem é: ‘para mim acabou tudo’. E a gente mostra para o paciente que não é assim, que há muitas outras possibilidades. As crianças hoje têm índice de 70% de cura.” Cristina Pereira, psicóloga

Núcleo de Amparo a Crianças e Adultos com Câncer – NACAC Local: Avenida Pinheiro Machado, nº 980- José Menino- Santos (SP) Fundação: 2005 Contato: (13) 3877-3751 Site: www.nacac.org.br Programa exibido em: 11/01/09

“Eu vim na instituição assim que eu descobri o problema da Sarah e aqui conquistei uma nova família. Tive apoio em todos os sentidos – não só a mim, mas também à minha família, meus outros filhos. Nós temos um novo lar e é o que tem nos dado força para enfrentar o problema que a gente está passando.” Andréa Rosa Menezes, mãe da Sarah, assistida pela entidade

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Lição deVida Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro (CAMP)

Futuro promissor Deixar o jovem longe da violência, fora da rua e perto de um futuro promissor é o desafio que o Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Praia Grande realiza diariamente, encaminhando jovens para o mercado de trabalho. Não só o ensinamento prático, mas os valores transmitidos na instituição servem de diretriz para toda a vida e ajuda a construir bonitas histórias. Antônio Pio Neto é um exemplo dessas histórias. Com 13 anos, ele entrou no CAMP para aprender. Por problemas familiares, precisou sair, foi para São Paulo, onde ficou por dez anos. Voltou à cidade e montou, em sociedade, um escritório de contabilidade. Como o negócio não deu certo, Antônio resolveu criar sua própria empresa e há sete anos tem seu escritório. “O CAMP foi tudo de bom que me aconteceu. As instruções que a gente recebe, o relacionamento, as pessoas, tudo é muito bom, graças a Deus”, elogia Antônio, que lembra o que aprendeu de mais importante na entidade: a ter uma postura profissional. Para retribuir o que aprendeu, a sua base, abriga patrulheiros em sua empresa. “Eu tenho alguns aprendizes que trabalham comigo. A gente tenta ajudar o pessoal”, afirma. O empresário procura dar a outros jovens a oportunidade que teve, de aprender, de começar uma vida profissional. “É muito bom ajudar alguém, principalmente um adolescente, porque se nós, empresários, não nos unirmos e não formos atrás desses jovens, a sociedade pode absorver. É importante ensinar a eles que é preciso buscar um futuro melhor, porque nada na vida vem por acaso, nada aparece nas mãos; tem que ir atrás. O segredo do sucesso é a perseverança.”

“Não se pode construir o caráter retirando-se do homem a capacidade de iniciativa.” Abraham Lincoln, advogado e ex-presidente norte-americano


Paulo Alexandre Barbosa

Com quase 35 anos de existência e filiado à Federação Brasileira de Patrulheirismo, o Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Praia Grande já formou quase 9 mil jovens entre 14 e 18 anos. Visando a preparar esses aprendizes para ingressar do mercado de trabalho, a entidade promove cursos que contam com aulas de matemática, marketing, telemarketing, informática, contabilidade, técnicas comerciais, atendimento ao cliente, gestão empresarial, meio ambiente, entre outras matérias. “Somos uma entidade certificadora, como o SENAI e SENAC. Esses jovens vêm através de uma prova seletiva, fazem curso de quatro a cinco meses e depois a gente procura inseri-los no mercado de trabalho. A empresa é uma parceira nesse aprendizado de formação”, esclarece o presidente, Mário Custódio. Além de preparar para o primeiro emprego, o CAMP tem também uma preocupação social de formar o caráter, a personalidade dos jovens. Mário comenta essa iniciativa da entidade: “A realidade que a gente tem hoje não é como na nossa época, que o pai e a mãe cuidavam da gente. Hoje o pai sai para trabalhar, a mãe também e nem sempre eles conseguem passar para esses jovens a formação principal de valores. Por isso, temos aulas de cidadania, ética, moral, ministradas por dois advogados.”

“Estamos querendo ampliar o espaço, dobrar o atendimento,

fechar um plano de saúde para os jovens e preparando um filme,

‘O Jovem Cidadão’, que será a materialização de um sonho. O filme vai contar a história de um menino que vive na rua,

conhece uma patrulheira e essa menina o convida a conhecer o

CAMP para tirá-lo do submundo. Ele conhece o CAMP, passa a frequentar, a fazer cursos e sai da vida de riscos que tinha. É uma história muito linda, que emociona.” Mário Custódio, presidente “O curso dura em média de quatro a cinco meses, dependendo da demanda do mercado de trabalho. Às vezes a gente tem que reduzir um pouco para atender as empresas, mas como eles têm que voltar uma vez por semana durante o contrato de dois anos, a gente acaba completando com capacitação acompanhada. A capacitação é permanente durante o contrato.” Jaqueline Gomes de Oliveira, coordenadora pedagógica

CAMP – Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro Local: Rua Teodósio Augustinis, nº 122 Tude Bastos- Praia Grande (SP) Fundação: 1974 Contato: (13) 3474-1211 Site: www.camppraiagrande.com.br Programa exibido em: 08/02/09

“Eu vim para o CAMP como arquiteto, para programar alguma coisa para a sede. Todo domingo nós vínhamos para cá – eu, o Tito, os diretores e as mães dos patrulheiros. Muitas mães de patrulheiros tiveram participação em cada tijolo: elas carregavam massa, carregavam tijolos, faziam comida pra gente e nós ficávamos aqui no domingo das 7 horas da manhã às 2 horas da tarde, e assim fomos construindo a sede. Participo sempre do CAMP porque entendo que essa é uma das grandes entidades, genuína, brasileira.” Raimundo Nonato Vilhena Sarmento, conselheiro e ex-presidente Tenho 35 anos de atividade no CAMP. No início tudo era difícil; Praia Grande era uma cidade pequena, mas já existiam problemas com os adolescentes. Fomos crescendo, evoluindo e graças a Deus hoje nós temos uma sede boa, estruturada, para atender esses jovens.” Tito Freire, coordenador administrativo

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Lição deVida Estrela da Mama

Força para vencer o medo O medo pode ser o pior inimigo diante das adversidades, pois nos faz parar quando deveríamos agir. É a ação com otimismo que transforma tantas mulheres em vencedoras, como Vilma Dias de Lima, assistida e participante das atividades da entidade. Vilma descobriu o câncer de mama através da mamografia, exame que fazia anualmente porque havia um histórico da doença na familía. No final de 2005, apareceu o nódulo. Ela lembra que seu primeiro pensamento foi: “Por que eu? Eu sempre fiz todos os exames. Eu sempre fiz mamografia todos os anos. Por que câncer em mim?”. Passado o susto, Vilma decidiu que seria mais uma das felizardas que iriam acreditar e viver. Ela fez todos os exames, realizou a biópsia e com o diagnóstico foi marcada a cirurgia. Depois vieram as sessões de quimioterapia e, então, ela perdeu todo o cabelo, mas continuou encarando com otimismo sua luta. Usou lenços, enfeites e tantos “traquejos” que as mulheres usam para ficarem belas e garante que não foi a quimioterapia que a deixou mais bonita ou mais feia, pois sempre se sentiu bem, jovem. Há mais de dois anos ela passou pelo câncer. A Estrela da Mama foi fundamental para atravessar os momentos difíceis, para encontrar um ombro amigo, uma inspiração para continuar a lutar. O cabelo voltou, a vida foi retomada, mas ela manteve o que ganhou nesse tempo: a amizade com as “amigas do peito”. Em seu depoimento emocionante, Vilma afirma: “Passar por um câncer é pular um obstáculo e nascer de novo. Meus anos de vida eu conto dessa data. Estou com dois anos e 11 meses.”

“O medo é a pior das doenças, pois ele paralisa o corpo e a mente.” Autor desconhecido


Paulo Alexandre Barbosa

Ajudar a vencer o medo e a seguir adiante é o trabalho das “amigas do peito” da Estrela da Mama, entidade que atende mulheres guerreiras que lutam diariamente para vencer o câncer de mama. “Nós procuramos minimizar o sofrimento da mulher portadora do câncer de mama. Somos todas voluntárias”, explica a presidente da entidade, Alina Trindade Maximiano Soares. São quase 50 voluntários. Há psicólogas, massoterapeutas, terapeuta ocupacional e fisioterapeutas. A Estrela da Mama desenvolve trabalhos de arteterapia, no Projeto Mama Artesão, em que as mulheres aprendem a fazer vários tipos de artesanato: pintura em tela, em tecido, costura, crochê etc. O material produzido é usado para venda e revertido para a manutenção da ONG. Além das voluntárias que atuam na casa, há também mulheres ajudando no Centro de Atendimento de Saúde Pública – assim que a pessoa recebe o diagnóstico do câncer de mama, é encaminhada para o grupo. “Nós oferecemos nosso ombro, a nossa casa, o nosso companheirismo, a nossa alegria, a nossa luta pela saúde”, diz Alina.

“Estou há dois anos e meio enfrentando essa luta. Assim, nessa união, vamos apoiando umas às outras para tornar mais fácil essa luta contra o câncer de mama. Quando eu me deparei com ele, embora eu tenha uma fé que me sustenta, me anima e me conforta, eu vi o quanto é difícil. Existe um mito em cima da doença de que a pessoa está marcada para morrer. Hoje sabemos que não é assim, que tem cura, especialmente quando descoberto precocemente. Temos ‘amigas do peito’ que foram operadas há 20 anos.” Alina Trindade Maximiano Soares, presidente

“Na primeira vez gritei, esperneei, chorei. Na segunda, fiz tudo quietinha. Fui correr atrás dos médicos, até que eu fui operada. A ONG me ajudou muito, me encaminhando para um excelente hospital onde fui muito bem tratada.

Eu digo que temos que ter muita Deus, se valorizar e se amar.” Ivani Karabaisak, assistida e participante das atividades que descobriu um câncer de mama em 1998, fez tratamento, curou-se e dez anos depois, em 2008, descobriu um nódulo no outro seio e se tratou com a mesma garra. fé em

“Eu descobri fazendo o autoexame. Assim tive tempo de procurar um médico e graças a Deus estou fazendo tratamento e se Ele quiser vai dar tudo certo. Não imaginei que ia acontecer comigo, com 32 anos. Geralmente a gente faz exame depois dos 40 anos. Mas, quando senti algo estranho, resolvi procurar meu médico.” Claudia Augusto, assistida e participante das atividades

Estrela da Mama Local: Avenida Presidente Kennedy, nº 527 Boqueirão - Praia Grande (SP) Fundação: 2003 Contato: (13) 3028-7719 Programa exibido em: 15/02/09

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Lição deVida APAE Atibaia

Uma ação elevada Um trabalho excepcional que permite que crianças e jovens tenham mais qualidade de vida e possam desenvolver ao máximo suas potencialidades. Essa é a missão da APAE, comprovada por pais e mães que buscam na entidade o apoio que procuram para seus filhos. “Aqui é o segundo lar de Jaine”, conta a mãe, Janete Stuchi. A menina chegou à APAE com 11 meses, e, onze anos depois, Janete comenta a grande evolução da filha. O segredo do sucesso, para a mãe cuidadosa que acompanha a menina na entidade, é o amor, o carinho, a atenção e dedicação da equipe que, segundo ela, é a “segunda família” de Jaine. O mesmo acolhimento sente Célia Raimundo Fagundes, mãe do Rafael, que está há mais de 19 anos na instituição. Ela diz que o menino adora todas as atividades realizadas na casa, mas gosta especialmente da musicoterapia, onde se envolve e se diverte. Esse envolvimento é que permite a evolução das crianças e jovens à sua máxima potencialidade, tendo uma qualidade de vida melhor, se desenvolvendo, ganhando autonomia e convivendo melhor em família, cada um dentro de seus limites. “Sempre existe desenvolvimento. Não é porque tem limitações que não tem potencial para desenvolver. Todos têm esse potencial e vão desenvolver, desde que sejam dirigidos e orientados”, afirma o psicólogo e coordenador da área de saúde da entidade, César Pertusi, confirmando a ideia de que na APAE Atibaia as crianças se desenvolvem por um trabalho capacitado, mas também pela dedicação e força de vontade de seus profissionais, que demonstram a cada gesto suas ações generosas e elevadas.

“Somente seres humanos excepcionais e irrepreensíveis suscitam ideias generosas e ações elevadas.” Albert Einstein, físico e cientista alemão


Paulo Alexandre Barbosa

Há mais de 30 anos, a APAE Atibaia atende crianças, adolescentes e adultos portadores de necessidades especiais. O trabalho, que nasceu de um grupo de mães e pais dedicados, cresceu transformando-se em uma das melhores ações sociais do estado e do país. A entidade tem quatro prédios e divide-se nas áreas de saúde, pedagógica e administrativa. Atende 250 alunos – de um a 46 anos – não só de Atibaia, mas de toda a região, recebendo pessoas de Nazaré Paulista, Jarinu e Bom Jesus dos Perdões. Para cuidar com atenção de todos, a equipe conta com 70 funcionários diretos e mais de 30 voluntários em diversas áreas. O presidente, Wanderley Silva de Souza, diz que o principal diferencial da entidade está na área da saúde, que inclui atendimento pedagógico, acompanhamento de saúde, fisioterapia, fonoaudiologia, neurologia e psiquiatria.

“O trabalho da APAE é um movimento forte nos municípios e estados. O principal diferencial é a dedicação, o amor e o envolvimento da comunidade. Não basta um grupo de duas ou três pessoas querer montar uma APAE. É preciso envolver toda comunidade na participação. A pessoa com deficiência ficou muito tempo excluída do nosso âmbito social e a APAE conseguiu resgatar muito disso. Por isso, nosso trabalho é envolver a família e depois a comunidade, com perseverança, trabalho e transparência nas ações. Quando tem amor, tudo acontece.” Wanderley Silva de Souza, presidente “A avaliação neurológica, psiquiátrica e psicológica é importantíssima para termos uma ideia de como essa criança está se apresentando no momento, para então ela ser medicada e tratada terapeuticamente, auxiliando e orientando a família.

Essa criança vai ter um

comportamento melhor, qualidade de vida melhor e rendimento melhor.”

César Pertusi, psicólogo e coordenador da área de saúde

APAE Atibaia Local: Praça João Paulo II, nº 25 Vila Nova Aclimação- Atibaia (SP) Fundação: 1976 Contato: (11) 4414-4900 Site: www.apaeatibaia.com.br Programa exibido em: 22/02/09

“Um dos métodos que usamos é o método fônico, em que a fonoaudiologista vai até a sala de aula e faz um trabalho com a professora.

Tem o método Padovan, também em sala Usamos muito a música nos tratamentos. Temos um grupo, o Down Maior, criado por nossa musicoterapeuta e que faz apresentações na cidade. É o lugar em que eles mais se sentem a vontade.” Katia Regina de Moraes, diretora pedagógica de aula, com música.

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Lição deVida Projeto Quixote

Da rua para a vida Em vez da rua cinza, a cor dos grafites. No lugar da situação de risco, educação. Sair da tristeza do mundo das drogas para a alegria de um futuro pela frente. Essa é a mudança de cenário que o Projeto Quixote promove na vida de crianças e jovens que podem sorrir descontraídos, dançar, aprender longe das ruas. Foi em busca de um futuro colorido para sua filha que Irisneide Cruz da Costa Silva procurou a instituição. Na comunidade, não quiseram informar onde era o projeto, mas ela insistiu e chegou ao Quixote com a filha de seis anos. Depois de passar pelo psicólogo, a menina começou a fazer atividades e segue na entidade, hoje já com 14 anos. Irisneide foi mais resistente quando a oportunidade surgiu para ela. Hesitou quando a equipe foi chamá-la em casa e só se convenceu quando a irmã sugeriu que fossem conhecer a instituição. “Vim, gostei e fiquei”, garante a moça, que aprendeu muito, especialmente sobre amor, e virou funcionária da entidade. “Aprendi a amar a mim mesma e ao próximo. A minha vida mudou para melhor e eu estou tentando mudar mais: voltei a estudar, vou fazer informática e faço sempre mais pelo futuro.” A vida de Juliana Santana também mudou para melhor. Ela fazia 15 anos no dia em que chegou ao projeto. Durante os dois anos que permaneceu na casa, fez diversas atividades, até que foi encaminhada para um processo de seleção em uma empresa. Aprovada, trabalha há seis meses e planeja o futuro: quando terminar o estágio, se não for efetivada, vai procurar emprego e pretende fazer faculdade. “Aprendi muita coisa que vou levar para o resto da minha vida. Cresci bastante aqui e aprendi a me comportar melhor.” Juliana e Irisneide aprenderam, superaram obstáculos e conquistaram, especialmente, a esperança de um futuro com muito mais cor.

“Concordo com D. Quixote: o meu repouso é a batalha.” Pablo Picasso, pintor espanhol


Paulo Alexandre Barbosa

Como repousar vendo crianças nas ruas usando drogas? Como descansar a cabeça no travesseiro sabendo que jovens vivem em risco social? A indignação diante dessa situação levou um grupo de médicos clínicos ligados à Universidade Federal de São Paulo – Unifesp- a criar o Projeto Quixote, que tem como principal objetivo tirar crianças e jovens da rua, dando apoio às famílias para reforçar a base e promover a volta ao lar. A iniciativa tem a parte pedagógica (com oficinas, atividades lúdicas), social (com visitas domiciliares, geração de renda, benefícios sociais) e a parte clínica (com psicologia, psiquiatria, psicopedagogia). “Muitos chegam aqui sem saber o que vieram fazer. Nosso trabalho é despertar o desejo deles para as coisas que podem conseguir na vida e apoiar esses vários setores”, explica Graziela Bedoian, psicóloga e uma das fundadoras. Entre os projetos desenvolvidos, destaca-se a Agência Quixote Spray Arte, onde é realizado um processo de formação no grafite, com treinamento em oficinas. Em alguns casos, os artistas amadurecem e os trabalhos podem ser comercializados, gerando renda para o autor e para a instituição. “Recebemos pedidos de empresas, pessoas físicas, decoradores, arquitetos que querem levar a arte da rua para dentro de casa.” Importante para a questão social é também o Projeto Refugiados Urbanos, coordenado pela psicóloga Cecília Motta, que explica a atuação. “Montamos uma base na Região Central de São Paulo para tirar crianças e jovens da rua. Em um primeiro momento, os nossos 16 educadores terapêuticos fazem abordagem de rua, acompanhando os garotos. Começam com uma conversa, mas levam na mochila objetos intermediários na vinculação com as crianças, como jogos, bexigas, lápis de cor, bonecas, despertando-os para outras possibilidades.”

“Temos um trabalho de resgatar famílias. Muitas vezes as crianças e jovens saem de casa por problemas familiares. Se você os coloca de novo no meio do problema, eles saem novamente. Por isso, fazemos um trabalho com as famílias, de ordem social, dando maior empoderamento e dignidade para que essas famílias possam acolher seus filhos de volta.” Cecília Motta, psicóloga coordenadora do projeto Refugiados Urbanos

Projeto Quixote Local: Rua Coronel Lisboa, nº 713 Vila Clementino- São Paulo (SP) Fundação: 1996 Contato: (11) 5904-3524 Site: www.projetoquixote.org.br Programa exibido em: 01/03/09

“Nosso diferencial é que temos um olhar clínico, pedagógico e social. Nossa preocupação é construir uma relação de confiança com essas crianças e jovens, o que leva um tempo. Ela vai se estabelecendo à medida que esse menino ou essa menina vai frequentando o projeto, o vínculo vai sendo fortalecido e abrindo espaço para esse jovem falar o que realmente precisa.”

Zilda Rodrigues Ferré, coordenadora pedagógica

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Lição deVida Associação Poiesis

Experiência que faz a diferença Em um ambiente de grande vulnerabilidade social, com altos índices de prostituição, no centro da cidade de Santos, no estado de São Paulo, uma entidade demonstra que é possível superar os obstáculos do ambiente e criar uma vida promissora. A Associação Poiesis - palavra de origem grega que significa fazer, criar - faz jus ao nome e cria essa transformação na vida das muitas crianças e jovens que passam pela entidade. A Poiesis trava uma grande luta pela preservação da dignidade das crianças e adolescentes da região. É uma batalha especialmente contra o trabalho infantil, comum na área e que compromete totalmente o futuro das crianças. Vendo exemplos como o de Luiz Jaime dos Santos (Djalma), podemos crer que muitas batalhas estão sendo vencidas, com cada criança que sai da rua e ganha educação, com cada jovem que segue seu caminho sem desviar pelos problemas sociais com que convive. Ex-aluno da associação, Djalma volta como professor de capoeira. Entre os ensinamentos da luta, ele usa sua experiência para dar exemplos de vida. “Costumo dizer que sou muito chato. Como fui muito cobrado, cobro bastante e às vezes me pego sendo muito incisivo. Se tiver que dar bronca, eu dou bronca; se tiver que chamar atenção, vou chamar sem nenhuma culpa. Eu, particularmente, acredito que se ninguém cobrar, a gente faz o que quer e quem faz o que quer de forma muito livre, acaba não dando muito certo. Eu tive muitos amigos que pegaram caminhos não muito positivos.” Djalma vê em seu trabalho, na entidade, uma forma de retribuir aquilo que ganhou. “Pra mim, é gratificante o fato de ter aprendido e ser o que eu sou hoje em parte graças à Poiesis e é bom poder retribuir isso e ser exemplo para essa molecadinha, que merece”. Em cada aluno, ele vê sua própria história e espera que eles tenham boas conquistas, como ele. Aos jovens ele dá um conselho importante, de colocar sempre em primeiro lugar a família. “Se eu sou o que sou hoje, é porque graças a Deus, eu tive uma mãe que é minha base forte. Em alguns momentos, a gente pensa que é dono da verdade; mais tarde a gente percebe que não é. Então, importante para o futuro é valorizar a família, traçar metas e trabalhar para que isso aconteça.”

“Sentir, amar, sofrer, devotar-se será sempre o texto da vida das mulheres.” Honoré de Balzac, escritor francês


Paulo Alexandre Barbosa

No início da década de 90, um grupo de técnicos que trabalhava na Prefeitura de Santos percebeu a necessidade de dar sequência a alguns projetos na comunidade. Foi montada a Associação Poiesis, que tem como um dos principais focos tirar a criança do trabalho infantil. Presente há bastante tempo no trabalho, José Bernardo Rodrigues, secretário da entidade, explica que o que o conquistou para atuar no projeto foi a proposta diferente. Ele descobriu esse diferencial conversando com um oficineiro que atuava na época, Pedro, que conquistava os meninos com a ideia de fazer caixa de sapato para eles trabalharem e acabava demonstrando aos garotos que a vida poderia ser muito mais do que somente aquilo. Encantado, Bernardo, com a esposa Elizabette, abraçou a causa da associação e ambos não deixaram mais a casa. A entidade desenvolve trabalho com crianças e adolescentes de 7 a 14 anos que vivem em cortiços, nas ruas da cidade ou convivem com violência doméstica. São, ao todo, 70 crianças que ficam na associação no contraturno da escola.

“As relações familiares, quando chegam ao nosso conhecimento, estão fragilizadas por inúmeros motivos. A questão do trabalho infantil, da drogadição, da prostituição e todos esses temas são abordados com membros da família, para que todos possam ser ouvidos e, a partir daí, trabalhar junto com eles para uma solução.” Vanessa Rodrigues, psicóloga “Graças a Deus plantamos essa semente, que está aqui até hoje. Esse trabalho deve-se necessariamente ao empenho da família do Bernardo e da Beth, que construíram aqui e hoje atendem mais de 70 crianças dessa região, com perspectiva de ampliação para 150.” Alessandro de Brito Zuffo, incentivador e um dos fundadores

Associação Poiesis Local: Rua Da Constituição, nº 90 Vila Mathias- Santos (SP) Fundação: 1995 Contato: (13) 3223-6795 Site: ongpoiesis.blogspot.com Programa exibido em: 08/03/09

“Atendemos uma população da área do centro, que é vulnerável ao risco de drogas e prostituição. Atendemos crianças e famílias, mas é difícil trabalhar com as famílias até que se conscientizem da problemática que é o trabalho infantil, e que é muito melhor a criança estar na escola.

É difícil, mas não é impossível atingir Temos muita dedicação, amor, carinho, às vezes muitas lágrimas, mas a gente vai alcançando aos pouquinhos e conquistando a população, que é o mais importante.” Elizabette Aparecida Rodrigues, presidente nossos objetivos.

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Lição deVida Associação Beneficente Nossa Senhora do Bom Conselho e São Luis Gonzaga

Devolvendo a força para a batalha cotidiana Do lar às ruas e de volta ao lar. Essa foi a trajetória feita por Gilberto Norato Silva, que encontrou na Associação a força que precisava para retomar o rumo de sua vida. Gilberto estava perdido, enfrentando problemas com bebida, vivendo nas ruas, sem horizonte, sem dignidade, fazendo amigos e inimigos. Com o apoio da entidade, conseguiu ir aos poucos se desvinculando desse universo que lhe tirava a família e a esperança de uma vida digna. Participando das atividades, descobriu uma nova oportunidade e passou a ser funcionário da Associação. A volta por cima ele atribui à fé em Deus e às pessoas que o ajudaram a retomar sua caminhada. Esse é também o caminho que Paulo Eduardo Silva começou a trilhar em 1999, de volta ao lar – não só a uma casa para morar, mas também o lar na casa de Deus, onde todos são acolhidos e cuidados. Paulo encontrou esse paraíso nas atividades da associação, onde pode tomar banho, alimentar-se e receber a evangelização. Na entidade, Paulo Eduardo participa de peças de teatro, assiste missas, ajuda na limpeza e aprende artesanato. No local, tem também amigos que o escutam, partilham experiências e o ajudam a voltar a planejar a vida. Por isso, ele quer deixar a rua, voltar a trabalhar, ter uma família. Com a ajuda da Associação, esses combatentes retomam a força e a esperança para voltar a exaltar a vida.

“A vida é combate, que os fracos abate, que os fortes, os bravos só pode exaltar.” Antonio Gonçalves Dias, poeta brasileiro


Paulo Alexandre Barbosa

Vendo moradores de rua pedindo dinheiro na frente do colégio, em pleno coração da Avenida Paulista, dona Luisa pensou que podia dar a eles algo mais do que esmola: poderia dar estudo, alimento, religião e devolver-lhes a dignidade. Assim nasceu a Associação Beneficente Nossa Senhora do Bom Conselho e São Luis Gonzaga, uma casa de convivência para os moradores de rua. A entidade foi criada para atender o apelo de Cristo: “Dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede e vestir a quem está nu”. A casa, que começou ajudando 30 pessoas, atende 120 todos os dias. O presidente da entidade, padre Nilson Marostica, revela que o maior desafio é tirar a pessoa desse vício que é estar na rua, devolver a ela a dignidade, trazer a família de volta. Para vencer esse desafio, a equipe usa sua maior força: o amor, o espírito cristão, a dedicação de cuidar diariamente de pessoas que muitas vezes chegam bêbadas, drogadas, machucadas. Ali elas recebem tratamento e vivem em outra realidade, uma nova oportunidade.

“Pela nossa fé acreditamos que o homem foi criado para a salvação, para a felicidade e, na rua, não há felicidade. O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, e perdendo a dignidade humana, ele perde essa imagem Divina. Esse é nosso trabalho, devolver ao ser humano a imagem de Deus, a felicidade criadora que Ele pensou para todo ser humano, acolhendo-os com a convivência humana, cristã, fraterna e pacífica.” Padre Nilson Marostica, presidente

“Nós temos uma missão, que é recuperar, reeducar, reintegrar o homem e a mulher que são moradores de rua. Esta é a nossa meta. Sabemos que é muito difícil porque o mundo lá fora é fascinante, tudo pode. Aqui nós oferecemos uma acolhida de coração. Nós tratamos o morador de rua com amor ágape e nunca com violência.” Tadashiro Yoshida, administrador

“Acho que só o amor de Deus pode levantar essas pessoas caídas. Nós falamos a eles do amor de Deus, falamos sobre o perdão, da dificuldade de se perdoar, da necessidade de buscar em Deus essa força de perdoar porque só assim podemos mudar e nos libertar desse peso que carregamos.” Leonice Alves Teixeira, voluntária

Associação Beneficente Nossa Senhora do Bom Conselho e São Luis Gonzaga Local: Avenida Rebouças, nº 305- Cerqueira Cesar- São Paulo (SP) Fundação: 1994 Contato: (11) 3088-8488 Site: www.saoluis.org.br (Frentes sociais- Casa de Convivência) Programa exibido em: 15/03/09

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Lição deVida Instituto Arte no Dique

A perfeita expressão da arte Zeires dos Santos, funcionária do Instituto e moradora da comunidade carente do Dique da Vila Gilda, nunca imaginou que um dia poderia ser atriz. Começou a participar de um projeto da entidade sem entender muito bem qual era o objetivo final. Com seu jeito simples, explica como foi surpreendida pela novidade: “Eu estava ensaiando e perguntei por que estávamos fazendo aquele ensaio. A Claudia me respondeu: ‘para fazer teatro’. Eu queria saber como, se nunca vi teatro de perto. Ela me disse: ‘você vai fazer. Vai aprender agora’. E eu fiquei no teatro. Nós ali na favela, sem conhecer ninguém na vida, e de repente, na primeira tentativa, virei atriz rapidinho. Fiquei surpresa e gostei.” Com preparação e ensaio, Zeires retratou no palco sua própria vida, as dificuldades enfrentadas, os sonhos dos moradores da favela. Participando do projeto há cinco anos, ela garante que aprendeu muito e quer continuar, subir novamente no palco. “Com fé em Deus vamos voltar. Nem preciso mais ensaiar. O texto que eu vou falar está todo gravado na cabeça.” A esperança de uma vida diferente foi proporcionada para Zeires pelo Projeto Refavela, que retrata a realidade da comunidade. Mas há outros projetos do Arte no Dique que mudam a vida da população local, como as bandas Querô e Querôzinho, das quais participam, respectivamente, os dois filhos mais velhos e os dois mais novos de Carmen Elizandra, a Lila, funcionária da entidade. A mãe se mostra feliz com as mudanças provocadas nos filhos. “Eles têm mais responsabilidade. Antigamente só brincavam – agora brincam, mas têm a responsabilidade também”, conta animada com a perspectiva de participar de um projeto novo, a banda de mulheres. “Vai chamar As Lavadeiras do Dique e eu sou a primeira da fila. Vamos arrasar.”

“A esperança é a presença de Deus nos homens.” Plínio Marcos, dramaturgo brasileiro


Paulo Alexandre Barbosa

Transformar a vida das crianças, jovens e adultos de uma comunidade carente de Santos é o desafio do Instituto Arte no Dique. O projeto foi idealizado por José Virgilio, atual presidente, que trouxe as ideias de experiências realizadas em sua terra natal, Bahia. Com trabalhos desenvolvidos em favelas de Salvador e Santo André, na Região do ABC Paulista, José levou para a cidade do litoral paulista o equipamento para profissionalizar e formar pessoas pela arte e cultura. “Eu tive experiência na Favela Alagados, na Bahia. O local foi completamente reurbanizado com recursos internacionais e do governo. Queremos provocar essa situação no Dique, promover discussões nas questões habitacionais, ambientais, saúde e tudo que essa comunidade vive, através do segmento da arte e da cultura, que sensibilizam o coração”, afirma. O carro chefe do instituto, o projeto de percussão, deu origem à Banda Querô, premiada nacional e internacionalmente e que segue fazendo shows em turnês e com gravação de CD e DVD ao vivo. “Fomos a sensação do Carnaval de Salvador. Puxamos bloco de crianças de projeto sociais, tudo com recursos do Arte no Dique”, orgulha-se o idealizador da iniciativa.

“Nós procuramos conversar com os jovens na linguagem que eles entendem, dentro da realidade deles. Não se pode chegar com proposições acadêmicas; precisa começar com coisas práticas. O Arte no Dique começou na rua e eu disse a eles: ‘vocês vão chegar na TV não pela violência, mas pela arte.’” José Virgilio Leal de Figueiredo, idealizador e presidente

“Talvez o tambor para eles na Vila Gilda seja a fonte de informação, como se todo esse som que a gente faz aqui ecoasse para que outras pessoas prestassem atenção ao que o instituto faz, a toda essa formação feita através da música, arte e cultura.

O objetivo do instituto é eduNós criamos um vínculo

car e dar profissão para eles.

de pai para filho; a gente tem vínculo familiar com essas pessoas.

Além de ensinar arte, procuramos dar noções

de cidadania e de sociedade organizada.”

Daniel Oliveira, professor de percussão

Instituto Arte no Dique Local: Avenida Hugo Maia, nº 293 Rádio Clube- Santos (SP) Fundação: 2002 Contato: (13) 3209-9464 Site: www.artenodique.org.br Programa exibido em: 22/03/09

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Lição deVida ONG Pró Viver

Uma fábrica de sonhos Por mãos amorosas, Maria G. Araújo Dias foi acolhida, aos seis anos, quando chegou à ONG Pró Viver. Naquela época, nem em seus melhores sonhos, Maria poderia imaginar como sua vida seria transformada. Ela gostava de brincar na Pró Viver, divertir-se com outras crianças. Quando começou as aulas de flauta, lá pelos nove anos, decidiu que não queria aprender música e resolveu sair da ONG. Foi pelas mãos da mãe que Maria voltou e ficou maravilhada quando ouviu as amigas tocando. A música tocou seu coração e ela decidiu que queria aprender, como suas amigas. Mais animada, dedicou-se às aulas de música com a mesma vontade com que se empenhou no caratê. Maria transformou-se em musicista: toca flauta, flauta doce, flauta transversal e violoncelo. Com a experiência, vieram muitas viagens para apresentações. No caratê, a jovem também conquistou medalhas e acumulou títulos. Aos 18 anos, Maria voltou à ONG, dessa vez não para aprender, mas para ensinar; não para ser acolhida, mas para acolher outras crianças. Tornou-se monitora para ensinar não apenas música, mas também que é possível construir um futuro especial. Outra grande mudança ocorreu na vida de Demerval da Costa Guimarães Filho, que em 2004 se viu sozinho, tendo que criar os cinco filhos sozinho. Perdido, Demerval mergulhou na bebida. Bebia a ponto de cair na porta do bar, onde os filhos tinham que resgatá-lo. Um dia ele decidiu que não era essa a vida que queria para a família e resolveu procurar ajuda. Foi nesse desespero que Demerval chegou à porta da ONG Pró Viver, onde foi acolhido, amparado junto com os cinco filhos, conseguindo a paz de espírito e o apoio que precisava. Enquanto o pai ia buscar emprego, os cinco filhos faziam atividades na ONG. Com o tempo, ele também se animou e fez o curso de panificação industrial na entidade, que lhe rendeu uma profissão. Hoje ele sabe que sua vida teria sido outra sem essa oportunidade e assume que com o rumo que sua vida estava tomando, teria perdido os filhos “para o lado do mal”, o que não ocorreu graças à acolhida da ONG Pró-Viver.

“Todo aquele que em meu nome acolhe uma criança como esta, estará me acolhendo e me acolhendo estará sendo acolhido por aquele que me enviou.” (Mc 9,37)


Paulo Alexandre Barbosa

A ONG Pró Viver atua em uma região carente desde 1993, quando começou com 15 crianças. A experiência rendeu bons frutos e hoje já são mais de 700 crianças atendidas, em cinco unidades. O presidente da entidade e coordenador dos trabalhos, Paulo César Faustino, atribui essas conquistas à ação de Deus, que atua através das mãos de todos os envolvidos. A equipe conta com 50 colaboradores – além dos voluntários. As crianças ficam na Pró Viver no horário em que não estão na escola, participando de atividades variadas, de esporte, cultura, lazer, profissionalização. Elas chegam na ONG com seis anos e saem com 17 anos, para o mercado de trabalho. O segredo do ambiente acolhedor está no envolvimento de toda a equipe. Todos precisam conhecer as crianças, saber seus nomes, respeitar a história de cada um. E assim, todos juntos, realizam o trabalho de fazer sempre mais, de transformar vidas para oferecer um futuro melhor.

“Se o indivíduo não tem uma formação mínima, a sociedade jamais poderá sonhar com dias melhores.” Paulo César Faustino, presidente

“Na ONG Pró Viver, além de desenvolver outras potenciaO objetivo do nosso trabalho é de recuperar a autoestima dessas crianças, lidades, a criança está fora das ruas.

pois isso fará com que elas vejam que são capazes de fazer

“Esse trabalho da Pró Viver é um exemplo que deveria ser seguido nacionalmente. Sempre que posso eu visito a ONG e acompanho o trabalho. E cada vez que eu faço isso, durmo sorrindo.” Professor José Lascane, colaborador da ONG Pró Viver

muitas coisas.”

Marcia Barbieri Galante Silva, coordenadora de projetos

ONG Pró Viver Local: Rua João Pessoa, nº 214 Centro- Santos (SP) Fundação: 1992 Contato: (13) 3224-3024 Site: www.proviver.org.br Programa exibido em: 29/03/09

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Lição deVida Centro de Aprendizagem Profissional e Cultural do Perequê

Oferecendo oportunidades A forma como vemos o mundo depende da nossa interpretação da vida. Quando lançamos um olhar otimista para os fatos, temos uma visão mais positiva e começamos a construir uma realidade cada vez melhor. O Centro de Aprendizagem Profissional e Cultural do Perequê investe nos membros dessa comunidade carente para colocar mais otimismo em suas vidas, dar oportunidades que pelas limitações da região onde vivem eles normalmente não teriam. A entidade transforma a realidade dos moradores e os que passam a conviver no centro começam a assumir também essa postura otimista, mudando a própria vida e a de quem está ao redor. Francisca Ilca Soares de Aquino percebeu as mudanças e aceitou as transformações que vieram pelas mãos de sua filha, aluna do Centro. Foi a menina quem primeiro descobriu os benefícios de ter um lugar para aprender, conviver com outras pessoas, sair das ruas e fazer algo produtivo. Ela já fazia quatro cursos – capoeira, pintura em tecido, inglês e coral – quando resolveu chamar a mãe para entrar nesse mundo rico em cultura e aprendizado. “Ela gosta. Além de ser do coral, ela canta o salmo e lê na liturgia”, fala Francisca, com orgulho da filha de 11 anos. Moradora da comunidade há sete anos, Francisca se viu envolvida pelas dificuldades de um câncer de mama, vivia triste, sofrendo e foi a filha quem lhe estendeu a mão. “Ela praticamente fez minha inscrição, falando que eu precisava fazer cursos para não ficar em casa chorando”. Francisca resistiu, dizendo que era difícil, que não iria conseguir, mas a filha a convenceu com um bom argumento: “você não fala que eu posso tudo que eu quiser? Então a senhora vai conseguir também.” Francisca começou a fazer crochê. No primeiro dia, achou muito difícil – até chorou porque não conseguia. Mas no mesmo dia a professora foi em sua casa, ensinou um pouco e, estimulada, ela voltou às aulas. “Eu já faço coisas. Estou até fazendo saia para a minha filha. Ela faz pintura em pano de prato, eu faço o crochê e a gente vende. A pintura dela é muito bonita e soma com meu crochê, fica mais bonito ainda”, comemora e, com emoção, demonstra que ganhou novo ânimo para o futuro. “Graças a Deus eu estou feliz. Em vez de ficar em casa pensando no meu problema, estou aqui fazendo algo gostoso; eu me distraio com as meninas. Agora é ter paciência e esperar em Deus a minha cura.”

“Alguns pintores transformam o sol em mancha amarela. Outros transformam a mancha amarela em sol.” Pablo Picasso, pintor espanhol


Paulo Alexandre Barbosa

A ocupação desordenada deu origem a uma comunidade carente no Perequê, bairro do Guarujá, no litoral de São Paulo. A união da comunidade católica atuante na região possibilitou a construção do Centro de Aprendizagem Profissional e Cultural no bairro, onde são realizadas capacitações com cursos e oficinas para crianças a partir de 7 anos, jovens e adultos, somando 1.200 pessoas. Há aulas de tapeçaria, secretariado, rotinas administrativas, corte e costura, panificação, alongamento, biscuit, capoeira, crochê, estética, pintura em tecido, judô, inglês, tricô, ballet, hip hop, entre outros. Ligada à Capela Nossa Senhora Aparecida, a entidade é dirigida pelo pároco responsável, o padre Tarcisio dos Santos. O depoimento de uma moradora do bairro, Geniz Francisca Dias, demonstra a importância dessa atuação para a comunidade. “Se não tivesse essa igreja aqui, não teríamos nada. Se não fosse isso, tudo aqui seria mais difícil. A igreja é um ponto de união da comunidade.” Recém chegado ao município de Guarujá, padre Tarcisio assumiu a obra com o coração e revela seu envolvimento. “É muito gratificante ver as crianças, os jovens, os adultos saindo da rua, ocupando seu tempo e aproveitando para aprender cidadania, fazer cursos, desenvolver qualidades e participar da igreja de maneira bem viva, bem ativa, fazendo com que a fé esteja viva em sua vida.”

“É maravilhoso sentir que temos uma missão comum mandada por Jesus Cristo. Ao mesmo tempo em que é um grande desafio, a gente vê que milagres acontecem a toda hora, todo momento. Vemos quanta gente boa procurando somar forças, quanta gente boa se abrindo, se aproximando para vir desfrutar das maravilhas da comunidade e trazer a sua contribuição de maneira especial, liderando, coordenando, animando os cursos aqui.”

“Eu tenho uma equipe maravilhosa que me ajuda muito, contando com os professores, que são todos voluntários – a maioria da comunidade. Eu acho que trabalhando pra Deus a gente só tem a ganhar: ganha amor das pessoas. Não adianta fazer um trabalho lindo, maravilhoso e não ter Deus no coração. E a gente tem que trabalhar com amor. Com amor a Deus a gente consegue tudo.” Zenólia Martins dos Santos, idealizadora e coordenadora dos projetos sociais

Padre Tarcisio dos Santos, presidente

“É muito gratificante trabalhar para o Senhor; só tenho que louvar e agradecer. Aqui na comunidade todo mundo se conhece, todo mundo é amigo; é maravilhoso. Meu trabalho aqui é mais espiritual, um pouco difícil, mas gratificante.” Silva Helena Ribeiro Monteiro, moradora da comunidade e coordenadora da liturgia

Centro de Aprendizagem Profissional e Cultural do Perequê Local: Rua 01, nº 160- Jardim Cidamar- Perequê- Guarujá (SP) Fundação: 1999 Contato: (13) 3353-2302 Programa exibido em: 05/04/09

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Lição deVida Projeto Anjos do Senhor

Um chamado de Deus Há mais de 2 mil anos, Jesus nos ensinou que a dor pode ser transformada em amor. A lição virou exemplo de vida para Roberto dos Anjos, quando vivenciou a dor maior de perder um filho de 14 anos. Ele e a família viveram uma verdadeira provação. “Durante um ano e meio eu acompanhei o sofrimento do meu filho. Eu e minha esposa paramos toda nossa vida: ela no hospital e eu dobrando o joelho, orando. Eu entreguei meu filho pra Jesus e ele foi como um anjo. Agradeço a Deus todos os dias por saber que ele está à direita do Pai. Ele foi meu primeiro anjo do projeto.” O segundo anjo apareceu pelas mãos da Dona Zélia, da Igreja do Embaré, que o convidou para ser o Papai Noel no encerramento do grupo de oração. A filha de Roberto foi Maria e a neta, recém-nascida, foi Jesus. Para Roberto, esse foi um chamado de Deus confirmado quando ele foi entregar a roupa de Papai Noel e Dona Zélia disse: “a roupa é sua”. Aí tudo começou. Depois ele ganhou cerca de 500 presentes e foi entregar na Santa Casa. “Eu renasci naquele momento de caridade. No outro ano fomos a quatro hospitais, fizemos dois shows”. O projeto começou a crescer, mais pessoas se uniam para ajudar e eles faziam o caminhão da alegria, comemoração de Páscoa, campanha do agasalho. Roberto redescobriu na caridade a forma de dar amor a todos, servindo como exemplo de superação da dor. “Amar o próximo faz bem à alma e agrada a Deus. A caridade é o maior dom do Espírito Santo e o exemplo maior desse dom é Jesus, que foi de braços abertos para que não cruzássemos os nossos. Que Jesus possa, através da sua ressurreição, renascer no coração de cada um. Vamos nos amar, promover irmandade, para que o mundo seja bem melhor.”

“Que vossa caridade não seja fingida. Aborrecei o mal, apegai-vos solidamente ao bem. Amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar uns aos outros.” (Rm 12,9-10 )


Paulo Alexandre Barbosa

A campanha Páscoa Feliz, que há cinco anos atende crianças carentes na data festiva, faz parte de um projeto maior, Anjos do Senhor, que envolve atividades durante todo o ano. O idealizador, Roberto dos Anjos, explica que o projeto faz campanhas durante o ano: Natal é Caridade, Páscoa Feliz, Campanha SOS Agasalho, Campanha SOS Alimento e Outubro Brincando com as Crianças – este dura todo o mês de outubro, com shows, lanches e brincadeiras nos finais de semana. “Nesses sete anos do projeto, estamos chegando a mais de 50 mil famílias atendidas de alguma forma”, avalia Roberto. Um dos diferenciais do projeto é envolver a comunidade. Outro ponto especial é complementar os eventos por meio da entrega de presentes, de apresentações musicais e artísticas, e até de evangelização, realizando oração com as crianças antes das refeições, passando importantes mensagens, ajudando famílias necessitadas. “Fizemos concurso com mensagem de Páscoa – 90 crianças se inscreveram. Esses desenhos serão levados a psicólogas que vão avaliar através do traçado, o comportamento, e as que demonstrarem necessidade receberão tratamento psicológico gratuito e a família vai receber assistência”, diz o idealizador. “Fazemos também a parte humana.”

“A gente tenta passar para as crianças que a dança, o esporte é o melhor remédio, a melhor união para dentro de casa. Tive alunos com problema sério com as drogas, que hoje já não estão mais comigo, mas foram pessoas que passaram por mim e estão trabalhando, viraram dançarinos. Evoluíram bastante. A dança ajudou.” Lucinéia Martins Vasquez, coreógrafa “Nós recuperamos os brinquedos usados, arrecadamos novos. É um trabalho gratificante. Eu tive problema de depressão e o que me tira da depressão é quando a gente começa com essas atividades. Eu fico muito feliz com situações como vivi, de entregar um brinquedo usado que eu recuperei e a criança chorar, eu achar que ela estava chorando porque o brinquedo era usado e ela estava feliz da vida porque nunca teve uma boneca antes

– só a perna de uma boneca,

que ela achou. Isso me deixa reconfortada e é o que eu ganho com o

projeto, a felicidade em ver crianças com sorriso no rosto.” Soraya Lopes, voluntária

Projeto Anjos do Senhor Local: Rua Alfredo Albertine, 227 Marapé – Santos-SP Fundação: 2003 Contato: (13) 3021-3134 Site: www.robertodosanjos.com.br Programa exibido em: 12/04/09

“Páscoa, festa da vida, festa da vitória sobre a morte, festa em que celebramos os hebreus saindo da escravidão do Egito rumo à liberdade. É cada travessia que fazemos, é cada gesto de solidariedade. É o nascer de uma flor em meio ao caos urbano em uma coluna de concreto. Maravilha aos nossos olhos, mistério que sacia a alma. É a vitória de Cristo, é a superação do pecado, dos vícios, das dores, é o resgate da humanidade. É a construção da fraternidade no exercício quaresmal. É a paz ao nosso alcance. É o amor chegando e o coração no portão esperando, saltitante, por uma certeza: o amor é mais forte que a morte. Festa da justiça e da paz, do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” Mensagem de Páscoa do padre Valfran dos Santos, pároco da Paróquia São João Batista, em Santos (SP)

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Lição deVida Instituto Esporte & Educação

Mudando rumos Para chegar a algum lugar é preciso movimentar-se, caminhar. Quem fica parado não chega a lugar nenhum. Esse aprendizado Thereza Jesus Alves Muniz conquistou da forma mais difícil – vivenciando para saber. “Eu vim pela dor e não pelo amor; hoje eu vivo pelo amor”, conta a moradora da comunidade em que o instituto está instalado. Ela lembra que vivia com problemas de saúde, tinha dores na coluna e ficava, literalmente, vendo a vida passar pela janela – observava as mulheres passando para caminhar logo cedo e criticava: “Nossa, elas não têm o que fazer? Ficam andando às 6 da manha.” O instituto mudou sua vida e hoje ela é uma das que acorda cedo, disposta a caminhar. “Antes de eu conhecer o núcleo, eu tinha depressão e não tinha coragem de contar para ninguém. Hoje eu não tenho mais”. A mulher que ia da cama para o sofá, agora acorda às 5 horas e fica observando para ver se já tem alguém para começar a caminhada. “Eu me sinto outra pessoa, não tenho mais depressão. A minha vida mudou totalmente graças ao núcleo, graças às minhas amigas de caminhada. Hoje eu não consigo viver sem o núcleo, não me vejo mais longe do grupo. Isso aqui faz parte da minha vida, da minha história.” Um primeiro passo mudou a vida de Thereza. A história de Sandrimar Aparecida Freitas de Araújo também ganhou outro rumo com o instituto. No início ela ia obrigada levar a irmã para as aulas e ficava olhando. Um dia a irmã disse: “Por que você não vai lá fazer aulas? A professora falou pra você ir conhecer; se não gostar, para”. Sandra, como é conhecida, resolveu tentar e começou no grupo de jovens. No início faltava bastante, mas com a cobrança dos professores, passou a frequentar com assiduidade, a participar dos jogos. “Eu continuava a trazer a minha irmã para as aulas, mas o que me interessava era a metodologia - eu ficava de fora e dava muita risada com as crianças se divertindo.” Sandra foi chamada para monitorar as aulas e passou de ex-aluna à estagiária. “Agradeço a oportunidade que eles me deram. Graças a isso eu consegui entrar na faculdade, estou no segundo ano de educação física e faço o que eu tanto admirava: as crianças sorrirem.”

“O que vale na vida não é o ponto de partida, e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.” Cora Coralina, escritora e poetisa brasileira


Paulo Alexandre Barbosa

Do desejo de um grupo de profissionais do esporte em proporcionar uma vida nova a crianças e jovens através da atividade física nasceu o Instituto Esporte & Educação. A ex-jogadora de voleibol e presidente do instituto, Ana Moser, conta que depois de criar o projeto, o grupo começou a pensar em formas de incluir toda a comunidade na prática esportiva. “A gente começou a entender que além do que o aluno fazia durante duas, três horas dentro da quadra durante a semana, ele podia levar na sua vida para o resto da semana. Ir além da quadra.” Com essa diretriz a ação foi estruturada, considerando os princípios do esporte educacional, com a inclusão de todos, a ação participativa, a questão motora e cognitiva, considerando a diversidade. “Hoje temos 46 núcleos - sendo oito em implantação - que atendem mais de 10 mil crianças. E o instituto tem a estrutura nessas três pontas: atendimento direto às crianças (de 4 a 18 anos); atendimento em esporte educacional, quer dizer, com outras áreas de atuação além do esporte, e um programa de formação de professores - mais de 100 professores trabalham nesses núcleos; eles têm uma formação continuada e o desenvolvimento para que possam atuar com planejamento e intencionalidade não só no esporte, mas em outras áreas como educação, cultura, saúde, protagonismo e cidadania”, complementa Ana.

“O instituto oferece atividades que são pautadas nos princípios do esporte educacional, que envolvem educação, participação de todos, convivência e essas atividades não estão só no campo do motor, estão no campo do cognitivo, do conceito.” Luiz Alex de Moura, professor de educação física “Nós conseguimos trazer muitas crianças e adolescentes aqui pra fazer as atividades. Eu creio que os pais agradecem porque eles participam e é muito interessante.” Maria Josefa Francisca da Silva, líder comunitária

“A formação oferecida nas faculdades de educação física

trata o esporte muito mais como rendimento do que como o esporte da escola, o esporte para todos nos espaços públicos.

Ela não foca a área de humanas. No instituto, os professores planejam a atividade esportiva de uma maneira integrada, então é um trabalho pedagógico.” Ana Moser, ex-jogadora de voleibol e presidente

Instituto Esporte & Educação Local: Avenida Professor Noé Azevedo, nº 208, sala 34- Vila Mariana- São Paulo (SP) Fundação: 1998 Contato: (11) 5579-8695 Site: www.esporteeducacao.org.br Programa exibido em: 19/04/09

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Lição deVida Instituto Neo Mama

Apoio amoroso Gilze Francisco experimentou o poder transformador do amor em 1999, quando descobriu um câncer de mama extremamente agressivo, que se tornava ainda pior por ela ser muito jovem. “Conheci de perto esse inimigo íntimo”, comenta. Com o diagnóstico na mão e aconselhada pelo médico, a enfermeira mergulhou na internet para encontrar respostas para suas dúvidas, apoio para seus medos. Encontrou coisas boas, mas não o que buscava – nem sabia bem o que procurava; só não gostava de ver nos sites que ia sobreviver apenas cinco anos. Era muito pouco para todos os sonhos que tinha, para tudo que pretendia realizar. Decidida a ter esperança, pediu ao marido: “se eu sair dessa, você monta um site pra mim?”. O tratamento foi difícil como são todos os tratamentos de câncer – Gilze teve insônia, precisou tirar a mama. Mas enquanto enfrentava a doença e seus medos, começou a escrever o site, que entrou no ar e logo fez sucesso, porque oferecia algo que as mulheres que viviam a mesma situação buscavam. Com a popularização do site, vieram diversos convites para debater o tema em meios de comunicação, palestras, entre outros. Em uma de suas explanações sobre a doença, chegou a receber mais de 48 mil e-mails de pessoas que procuravam ajuda. Gilze sentiu a necessidade de partilhar sua experiência, de oferecer algo a mais a essas mulheres, e resolveu criar o Instituto. “Há uma carência muito grande de você centralizar essa mulher, de colocá-la no prumo. Mostrar a informação correta, desmistificando o câncer, mas sem esconder a realidade.” O amor que ela recebeu do marido, da família, dos amigos, ela partilha no instituto, com outras mulheres. Demonstra carinho ao comentar com detalhes a situação de cada uma e é tanta dedicação que mal tem tempo de se cuidar. “Eu sou mastectomizada até hoje. Não deu tempo ainda de fazer a reconstrução, veio o site, depois veio o Instituto e eu me dediquei, entrei de cabeça mesmo nesse projeto, que é um projeto de vida. Mas perto do que eu tive, da forma como a doença foi agressiva, tudo que eu faço ainda é pouco.”

“O amor cura tudo, basta ter fé e coragem.” Autor desconhecido


Paulo Alexandre Barbosa

Devolver a autoestima à mulher é um dos principais objetivos da entidade, que oferece uma boa estrutura, com atendimento psicológico, drenagem linfática, fisioterapia, orientação nutricional, manicure, banco de perucas e próteses, ioga, oficinas de artes, entre outras atividades. Considerando a importância da participação da família e a dificuldade de todos em aceitar e entender, o Instituto promove reuniões entre os maridos para troca de informações. “Tudo é novo e, infelizmente, é assustador para nós, homens. A gente não sabe o que vai acontecer com as nossas esposas, com as nossas companheiras. E a ideia nossa é justamente trocar essas informações”, diz José Luiz Neto Francisco, voluntário e marido de Gilze. Pelas ações realizadas, o Instituto ganhou reconhecimento internacional em 2008, quando foi selecionado pela Susan G. Komen for the Cure - entidade norte-americana, maior ONG mundial em defesa do câncer de mama – para fazer parte da Iniciativa Global de Conscientização do Câncer de Mama, realizada em oito países.

“A maior dificuldade é a aceitação da doença. Então, elas chegam cheias de dúvidas. Qualquer coisa que acontece elas já pensam: Será que o câncer voltou? É uma sombra dupla que vai permanecer com a gente pelo resto de nossas vidas – que ainda vai ser muito longa, se Deus quiser.” Gilze Francisco, fundadora e presidente

“A mulher é a estrutura da família. Então, o homem, por natureza, não suporta a dor e nós homens, quando ficamos doentes, a mulher sempre está do nosso lado, mas quando é o inverso, a gente fica perdido e às vezes não sabe o que fazer. Infelizmente tem alguns casos, principalmente no câncer de mama, que os homens abandonam as mulheres. Mas o apoio emocional da família e principalmente do companheiro é muito importante para que a mulher não se sinta rejeitada.

“Minha filha tinha visto o site da Gilze e disse pra gente ir no Neo Mama, e eu respondi: ‘Não, qualquer hora eu vou’. Depois da primeira quimio, a gente foi na padaria e passou por lá e a minha filha disse: ‘Mãe, vamos entrar aqui’. Eu disse: ‘Outra hora eu venho’. Ela entrou sozinha, conversou e a Gilze veio me buscar na calçada. Entrei e conversei com a Gilze, nós marcamos uma entrevista e estou aqui até agora – faz quatro anos; não saio mais daqui.” Conceição Ferreira Rodrigues, frequentadora das atividades

Instituto Neo Mama Local: Rua Mato Grosso, nº 450- Boqueirão- Santos (SP) Fundação: 2002 Contato: (13) 3223-5588 Site: www.neomama.com.br / www.cancerdemama.com.br Programa exibido em: 10/05/09

Muitas vezes a gente só dá valor às coisas quando as perde Então, meu

ou quando tem uma situação de possível perda.

conselho aos maridos é que amem suas esposas e aproveitem cada dia de sua vida, por ter a sua companheira ao seu lado.” José Luis Neto Francisco, voluntário e marido da fundadora Gilze Francisco

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Lição deVida ONG Tia Lucia

Fazendo a sua parte O casal Lucia Carrera Pazos Moraes e Luiz Antonio Moraes estava morando sozinho na casa onde viveram por mais de 40 anos, na Ilha do Governador, estado do Rio de Janeiro, onde criaram os filhos até que esses casaram e seguiram seu rumo. Com a casa grande demais só para os dois, eles viram a possibilidade de realizar a vontade da filha que queria montar uma ONG, mas não tinha local. “A casa estava grande só para nós, meus filhos já tinham casado e nós resolvemos ceder esse espaço para essas crianças carentes. Nós moramos aqui durante 43 anos, conhecemos bem essa comunidade, as carências, então resolvemos ceder o espaço para que eles pudessem ficar aqui conosco no horário extraescolar”, revela Lucia, a “Tia Lucia”, homenageada no nome da ONG. Como educadores, Lucia e Luiz sabem a importância desse trabalho para formar bons cidadãos e por isso não só cederam a casa, mas mergulharam no projeto. Lucia se preocupa com o que as crianças estão aprendendo: “temos sempre essa preocupação de dar atividades que eles não poderiam ter lá fora. Então nós pensamos em fazer informática, que é de muita utilidade; capoeira, que é exercício físico; apoio escolar; música, porque é a docilidade da vida; e a parte de culinária para que aprendam a valorizar o que comem”. Luiz também participa, ajudando nos cuidados cotidianos. “Eu sou o quebra-galho, tudo que é necessário, sou eu quem faço, com bastante satisfação, com bastante alegria, sempre proporcionando o melhor para eles, sempre com aquele sorriso”. Esse envolvimento é resultado do amor que eles oferecem. Por isso, Luiz sente-se como segundo pai das crianças – que sempre que precisam de algo chamam pelo “tio” Moraes. Para conseguir mais verba, utilizaram o único cômodo livre da casa – a garagem – para fazer um brechó. As doações são retiradas no carro da família, que virou caminhão improvisado. “Abaixamos os bancos e transportamos até colchão, cama, tudo que quiserem doar”, dizem. A dedicação da família e os resultados que começam a aparecer nas crianças comprovam que cada um pode fazer um pouquinho para melhorar o todo. “Mesmo sendo pouco, nós devemos buscar e acreditar no trabalho, porque o importante é isso, perseverar, não parar na primeira dificuldade. Eu digo que sinto que sou uma gotinha no oceano, mas mesmo sendo só uma gotinha, indo para o mar é mais uma gotinha”, diz “tia” Lucia.

“A paz não pode ser mantida à força. Somente pode ser atingida pelo entendimento.” Albert Einstein, físico e cientista alemão


Paulo Alexandre Barbosa

Ana Lucia Pazos Moraes, filha do casal, trabalhava como voluntária em algumas instituições. Bernardo, seu amigo, fazia doações. Os dois resolveram unir as iniciativas e criar uma ação para os moradores da Ilha do Governador, montando uma instituição voltada para educação. “Nós achamos que a melhoria da qualidade de vida das pessoas está pautada na educação. Então, na escolha do espaço físico, nós optamos pela casa em que eu cresci”, revela Ana. A residência da família Pazos Moraes foi transformada em uma entidade que abriga, à tarde, 30 crianças entre 8 e 12 anos, que participam de atividades de apoio pedagógico/reforço escolar, além de ações como capoeira, artesanato, teatro, inglês, informática, leitura e música. Elas também têm acompanhamento médico e dentário, realizado em parceria com outras instituições. Para participar da ONG, os alunos devem estar matriculados na rede pública de ensino e ter um bom rendimento escolar. O boletim é avaliado bimestralmente e a criança tem que atingir uma média, caso contrário é desligada da entidade. “Para todas as crianças é um prêmio estar aqui, então elas têm melhorado muito o rendimento escolar; as professoras têm comentado e nós aqui também vemos que elas estão evoluindo. Muitas estão conosco desde a fundação, quando nós começamos desenvolvendo um trabalho de colônia de férias e depois passamos a acompanhar durante o período letivo. Nós percebemos uma evolução nessas que estão aqui desde o início”, comemora Ana Lucia.

“Eu chego a me emocionar porque é bom a gente ver o desenvolvimento deles todo dia. Crianças que vão se interessando cada dia mais pela leitura, pelas coisas de um modo geral. O crescimento delas é muito bonito, então emociona mesmo. É a recompensa pelo esforço de todo o trabalho.” Rosangela Jeannetti Stratigos, secretária administrativa “É muito bom poder estar aqui e meus filhos estarem comigo, é uma forma de acompanhar de perto o desenvolvimento que eles estão tendo aqui na ONG. A entidade oferece oportunidades que eu não teria condições de proporcionar a eles.”

Cristina de Almeida Vinhaes, auxiliar de serviços gerais e mãe de alunos

ONG Tia Lucia Local: Rua Magno Martins, nº 219- FreguesiaIlha do Governardor (RJ) Fundação: 2007 Contato: (21) 3247-6205 Site: www.ongtialucia.org.br Programa exibido em: 17/05/09

“Temos como objetivo trazer para os alunos textos do cotidiano, a vivência deles para tentar fazer com que participem mais do dia a dia, tanto da vida escolar, fora da

ONG, quanto com as coisas Nós tentamos fazer com que eles aproveitem ao máximo, tanto que nós temos também passeios extraclasse, sempre guiados, sempre direcionados com as nossas atividades. Nós estamos trabalhando ainda um projeto chamado ‘Os três Rs: reduzir, reutilizar e reciclar’.” Neuza Santos de Oliveira, professora que eles encontram aqui, nas atividades complementares.

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Lição deVida ONG Grupo da Solidariedade

Quando a dor vira amor A solidariedade pode brotar em nossos corações nos momentos menos esperados de nossas vidas. Pode nascer em meio à alegria, por uma graça alcançada. Ou pode nascer da dor, quando o ser humano supera sua própria tristeza para transformá-la em amor ao próximo. Este foi o caminho escolhido por Clícia Helena Tavares Manoel. Ela tinha três filhas pequenas quando uma médica conhecida sugeriu que a família adotasse uma criança. Como a filha mais nova resistiu, Clícia hesitou até que, pouco mais de uma semana depois enquanto fazia compras com o marido, encontrou a médica que lhe avisou que havia uma grávida que não ia querer o bebê. Chocado, o casal voltou para casa, chamou as filhas e disse: “Há um bebê querendo vir aqui para casa. Vocês aceitam?”. As filhas disseram animadas que queriam. Na mesma hora, o marido disse a Clícia: “Considere-se grávida desde agora”. Ela ligou para a médica e avisou que aquele bebê era seu. Como uma estrela que ilumina por onde passa, o bebê levou brilho para a família e assim cresceu, recebendo amor e carinho. Tornou-se um rapaz carinhoso, dançava com a mãe, tocava violão, fazia parte de um grupo de jovens. Como Clícia dizia, era o filho que toda mãe gostaria de ter. Ia se formar engenheiro elétrico quando, aos 23 anos, sofreu um acidente de carro no retorno do trabalho. Vendo o filho no hospital, a mãe amorosa pediu a Deus: “Se o Senhor me deu, não me leve”. Mas era a hora e o rapaz faleceu, deixando tristeza em toda a família. Não havia mais o som do violão, nem o abraço, nem o beijo; a ausência provocou em Clícia uma profunda depressão, que a levou ao psicólogo e ao psiquiatra. Foi a amiga Tâmara, que trabalhava na ONG Grupo da Solidariedade, quem a chamou de volta à vida. Trabalhando como voluntária na entidade, Clícia foi crescendo de novo, reaprendendo a viver. Com fé, ela aprendeu a transformar sua dor em solidariedade.

“Solidariedade, amigos, não se agradece, comemora-se.” Herbert de Souza, o Betinho, sociólogo


Paulo Alexandre Barbosa

Também foi transformando dor em solidariedade que Maria Fátima Vasconcelos Silva resolveu criar a ONG Grupo da Solidariedade. Com uma história de dor e superação, ela conseguiu mudar sua vida e de muitas outras mães que vivenciaram a mesma tristeza. Depois de perder um filho repentinamente, a família de Maria Fátima resolveu vender uma casa que tinha em São Pedro, onde o garoto foi criado com os animais que tanto amava. Lá, conversando com uma amiga, Maria percebeu que precisava fazer algo relacionado à caridade. Unindo-se com outras mães que tinham perdido seus filhos, começou a arrecadar verbas e comprou a primeira máquina de fazer fraldas. O grupo, que começou com oito voluntárias em 2003 e virou ONG em 2004, foi se expandindo e hoje soma mais de 150 voluntários, além de profissionais da saúde atuando para ajudar creches, hospitais, asilos e orfanatos. Além de produzir e distribuir fraldas descartáveis, a ONG faz doação de cestas básicas e cadeiras de rodas e montou consultório médico para atender a população carente da Ilha do Governador. Para conseguir verbas, conta com um grupo de associados de mais de 500 pessoas, um brechó e realiza eventos para arrecadação de fundos. Com o grupo de voluntários, a ONG consegue produzir mais de 13 mil fraldas descartáveis por mês, atendendo mais de 150 entidades, fazendo visitas para entregar o material e levar também seu carinho e solidariedade.

“Nós gostamos de fazer as visitas. É muito importante, existe a troca de energia. Com essas pessoas mais necessitadas, começamos a enxergar a vida de outra maneira. Elas nos mostram realidades que muitas vezes não conhecemos. Essa troca é muito importante. Às vezes a gente pensa que só pode fazer alguma coisa com doação de material e dinheiro, mas doando seu tempo, indo a um orfanato, a um asilo, está fazendo sua parte.” Nadia Maria Galera Silva, voluntária

ONG GRUPO DA SOLIDARIEDADE Local: Avenida Paranapuan, nº 1669- Loja A- Ilha do Governador (RJ) Fundação: 2003 Contato: (21) 3368-2274 Site: grupodasolidariedade.in Programa exibido em: 24/05/09

“Tudo que nós precisamos eles estão prontos para servir. Eles nos visitam, trazem alimentos e nós ficamos muito gratos. Como somos uma creche comunitária, vivemos só de doações.” Georgia Alves da Silva, coordenadora da creche Casulo do Dendê, beneficiada pela ONG

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Liga Solidária

Formando novos cidadãos É preciso ter uma visão que vai além das aparências imediatas para perceber como podemos agir no presente para preparar o futuro que se aproxima. Foi essa a atitude de Dom Duarte Leopoldo e Silva quando, na década de 20, percebeu que as mulheres começavam a mudar a história e precisavam de apoio. “A Liga Solidária nasceu nos anos 20, moderníssima, porque ela veio dar apoio às primeiras mulheres que saíram de trás do fogão e do tanque e foram trabalhar no centro. O arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, percebeu a dificuldade dessas mulheres que não podiam almoçar no restaurante porque não podiam entrar sozinhas. Ele chamou dona Amalia Matarazzo e outras senhoras católicas para darem apoio a essas mulheres, e isso foi feito lindamente pois fizeram um restaurante que foi o maior sucesso, onde eles davam apoio a essas mulheres que trabalhavam e que estavam pela primeira vez enfrentando o mundo do trabalho no centro”, conta a presidente, Maria Luisa d´Orey Espírito Santo. A Liga foi crescendo e acompanhando as necessidades sociais, criando abrigos para crianças necessitadas, creches para as mães terem onde deixar seus filhos para trabalhar e programas socioeducativos, para dar oportunidade à população mais necessitada de estar inserida na sociedade. A visão de futuro de Dom Duarte mostrou-se eficaz, pois ajudou a construir uma entidade quase centenária e que continua atual, criando um futuro melhor para pessoas como Wilson dos Santos, que foi abrigado por quase 12 anos. “Aprendi a ser cidadão aqui dentro”, revela o homem que saiu da entidade, foi trabalhar fora e voltou para retribuir a base que recebeu, dando aulas de educação física. “Eu tento passar para os meus alunos uma forma honesta de se ganhar a vida, através do esporte, de uma educação de boa qualidade, sem ter intrigas e aproveitar ao máximo o que a Liga Solidária passa pra eles.”

“Se pude ver mais além dos demais, foi porque me pus de pé nos ombros de um gigante.” Isaac Newton, físico, matemático e astrônomo inglês


Paulo Alexandre Barbosa

Nos anos 20, uma agremiação chamada Liga Metropolitana das Mães Católicas – que depois passou a se chamar Liga das Senhoras Católicas de São Paulo – com apoio do primeiro arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, criou a entidade. Hoje, conhecida apenas como Liga Solidária, um dos diferenciais da instituição é o grande espaço físico, com muito verde, uma área de 470 mil metros quadrados com belo espaço arborizado. “Essa fazenda foi doada para a Liga em 1937 pelo senhor Braulio da Silva e sua esposa, como um presente. Vários empresários na época contribuíram para a construção da casa e fizeram tudo o que era preciso para dar apoio aos filhos dos seus operários. Eles eram donos de fábricas e esses meninos vinham pra cá como uma espécie de colégio interno”, diz Maria Luisa d´Orey Espírito Santo, presidente da Liga Solidária. “Hoje em dia é uma gestão voltada para a comunidade. Quando comecei a trabalhar aqui, há 13 anos, havia uma favela e meia e agora nós temos 27 favelas. A necessidade da comunidade é enorme e nós achamos que é nosso papel ajuda-lá.” Para auxiliar a comunidade local, a entidade conta com oito creches (seis na sede e duas fora), atendendo 120 crianças cada uma, com abrigos, projetos socioeducativos onde são atendidas 400 crianças que ficam nas horas em que não estão na escola. “A gente atende diretamente 3.600 pessoas de 0 a mais de 80 anos, com 1.100 refeições diárias no restaurante. Indiretamente são mais de 13 mil pessoas, porque o trabalho envolve as famílias”. Há ainda qualificação profissional com cursos voltados para adolescentes e adultos, tem programas de esportes, escola com 700 crianças, programa de alfabetização de jovens e adultos, grupo de convivência de idosos.

“Tudo aqui é muito dinâmico. Hoje em dia eu posso contar os projetos que já estão acontecendo, além dos grandes sonhos que temos, porque aqui sonho não falta. Nosso desafio é dar amor, autoestima para que essas crianças saibam que elas são protagonistas, que elas são personagens históricos, que elas vão poder tocar a vida delas.” Malu Sigrist, diretora executiva

“Todo mundo cresce só por estar aqui. Quando eu estou muito aflita, venho pra cá, e só de olhar, passear, almoçar aqui, fico em paz.” Maria Luisa d´Orey Espírito Santo, presidente

Liga Solidária Local: Avenida Engenheiro Heitor Antônio Eiras Garcia, nº 5985 Jardim Educandário- São Paulo (SP) Fundação: 1923 Contato: (11) 3873-2911 Site: www.ligasolidaria.org.br Programa exibido em: 31/05/09

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Lição deVida Fundação Gol de Letra

A arte de realizar sonhos bem sucedido, “Se você quer ser ão total, buscar precisa ter dedicaçe e dar o melhor seu último limit esmo.” de si m a Silva, Ayrton Senna d eiro piloto brasil

As palavras de Ayrton Senna, campeão de fórmula I nascido e crescido na Vila Albertina, exatamente onde está sediada a fundação Gol de Letra, é um conselho a ser seguido por quem quer realizar grandes conquistas. Thais Franca Freire agarrou com todas as forças a oportunidade oferecida pela instituição para seguir esse conselho.

Ela entrou na entidade com nove anos para fazer dança e acabou aprendendo um pouco de tudo: fez todas as atividades do programa que tinha na época, Virando o Jogo – dança, informática, leitura, escrita e outras. Um pouco antes de sair do programa, que vai até os 14 anos, Thais participou de um intercâmbio com outros colegas e um grupo do Rio de Janeiro e passou 20 dias na Suíça. “Foi uma experiência muito boa; é outro país, outra cultura e foi muito interessante”, recorda. Depois ela passou a fazer parte do programa FAC – Formação de Agentes Comunitários, para jovens de 14 a 21 anos. “Eu participei da oficina de teatro, que foi uma experiência muito boa pra mim”. De lá, Thais foi para o programa Aprendiz, quando teve a oportunidade se ser estagiária no Banco do Brasil. Em um processo de seleção, a garota conquistou uma bolsa da Unilever no programa Diversidade, fazendo cursinho preparatório para vestibular. O resultado do esforço é a alegria de estar fazendo Letras na USP, uma das melhores universidades públicas da América Latina. “Eu tinha esse sonho, só não sabia como ia conseguir. Sempre quis fazer faculdade e sempre ouvia falar da USP, era um sonho antigo e hoje é realidade, mas eu não imaginava que eu ia conseguir entrar num programa assim e que ia ser tão melhor do jeito que foi”, diz. “Vários colegas meus, que estudaram comigo, não tiveram essa chance e eu sei que eu sou uma exceção, infelizmente, sou uma exceção no meio em que eu vivo, e é muito bom. Às vezes as pessoas nem acreditam ou, às vezes, me admiram e me dão os parabéns, porque pra mim foi bem mais difícil ter chegado até lá, eu não tive todas as bases que outros tiveram.” Thais seguiu o caminho de dedicação e alcançou mais do que sonhava. Para realizar esse sonho ela precisou de uma oportunidade, o que só foi possível porque um dia dois jogadores de futebol, Raí e Leonardo, sonharam e construíram essa fundação.


Paulo Alexandre Barbosa

Com a ideia de oferecer uma formação educacional e cultural para crianças e jovens, os ex-jogadores Raí e Leonardo criaram a Fundação Gol de Letra, que atende cerca de 1.200 crianças, adolescentes, jovens e suas famílias nas unidades de São Paulo – na Vila Albertina – e do Rio de Janeiro – bairro do Caju. A Fundação é reconhecida pela UNESCO como modelo mundial no apoio às crianças em situação de vulnerabilidade social – e utiliza três dos quatro pilares da entidade: aprender, conviver e multiplicar. “Nós traçamos um projeto que não se propõe a repetir a formação formal; é um projeto que trabalha conjuntamente com a educação formal da escola pública de forma a despertar na criança, no adolescente, no jovem, o prazer de estudar, a vontade de traçar um projeto de vida. A única disciplina que acompanha a escola formal é a leitura/escrita, que é uma deficiência muito grande no Brasil e fundamental para o desenvolvimento de qualquer pessoa”, explica o diretor da instituição, Sóstenes Brasileiro S. de S. V. Oliveira, irmão de Raí. Há atividades com oficinas artísticas, oficinas esportivas, expressão oral e escrita, para que os participantes aprendam as técnicas, e em torno disso é feito um trabalho de educação de valores. “Queremos que eles aprendam a conviver, trabalhar em grupo, quebrar essa rotina de resolver problemas na violência, aprender a discutir, a se relacionar.”

“A forma com que a gente trabalha o esporte

aqui é baseada nos princípios educacionais da instituição.

Todos os programas seguem princípios

que não visam a desenvolver talentos individuais, mas construir ações que sejam cidadãs.

A prática - todos jogam, independente de terem aptidão ou não. Isso vai fazer é totalmente inclusiva

com que esse jovem cresça com uma autoestima melhor, com sucesso e possibilidades de êxitos e fracassos naturais num processo criativo, en-

tão, essa é a formula básica onde a gente utiliza o esporte aqui.”

Ângela de Carvalho Bernardes, coordenadora do programa Jogo Aberto

Fundação Gol de Letra Local: Rua Antônio Simplício, nº 170- Vila AlbertinaSão Paulo (SP) Fundação: 1999 Contato: (11) 2206-5520 Site: www.goldeletra.org.br Programa exibido em: 07/06/09

Divulgação

“A Fundação Gol de Letra tem três princípios básicos educacionais que são o aprender, o conviver e o multiplicar; são objetivos que permeiam os três programas que a gente tem: o Programa de Jovens, o Programa Virando o Jogo e o Programa Esportivo, que é o Jogo Aberto. No Programa Virando o Jogo, que consiste no aprendizado, a gente trabalha com dez linguagens diferentes que envolvem o programa oral/escrita, que é a leitura e escrita, a informática, mediação de leitura, e as áreas de arte e educação que envolvem teatro, música, dança, capoeira e temos educação física e artes plásticas também. No conviver trabalhamos como a criança lida no seu dia a dia com as relações que ela estabelece com o outro - a gente trabalha a questão da cultura de paz, educação de valores, a questão do respeito, de resolver os conflitos através do diálogo. O multiplicar seria eles transmitirem o conhecimento – que as atitudes positivas, o aprendizado, a linguagem que aprendem aqui sejam levados para casa, com os irmãos, com a família, dentro da escola.” Patrícia Liberali, coordenadora pedagógica

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Lição deVida Instituto São José

Ação pelas crianças Preparar as crianças para construir um ambiente de paz no futuro. Esse é o desafio que o Instituto São José enfrenta, oferecendo abrigo para crianças em uma região extremamente carente. “A necessidade é muito grande desse povo aqui do Dique da Vila Gilda e o que nós fazemos é uma gota d’água dentro de um oceano. São de apenas 136 crianças que nós conseguimos cuidar, educar, que nós conseguimos colocar dentro do convívio social”. A preocupação do diácono José Carlos da Silva, representante da Paróquia Sagrada Família, justifica-se pela miserabilidade do bairro. Como em uma situação de risco social, as crianças costumam ser as mais afetadas, para elas é dirigido o trabalho do Instituto São José, com a intenção de dar educação, saúde, tirando-as da rua e dando a chance de um futuro diferente. Outro desafio é dar uma base espiritual, fundamental em um ambiente de desigualdade social, onde são grandes os desafios e as dificuldades. “É preciso mostrar a eles que há esperança, que há onde nos apegarmos ainda dentro da nossa sociedade, ainda existem pessoas que se preocupam com isso e aí a Igreja faz um papel fundamental e eles podem fazer essa diferenciação”, explica o diácono. “A iniciativa parte do Evangelho de Jesus Cristo que nos pede que representemos nossa fé pela obras, por isso ela parte do Evangelho e da necessidade desse povo aqui. Nós jamais poderíamos ser Igreja se nós não tivéssemos nosso olhar voltado para as necessidades dessas crianças.”

“A paz exige quatro condições essenciais: verdade, justiça, amor e liberdade.” João Paulo II, Papa no período de 1978 a 2005


Paulo Alexandre Barbosa

Obra social liderada pela Paróquia Sagrada Família, o Instituto São José, fundado pelo padre Valdeci João dos Santos, atende 136 crianças entre 3 e 7 anos – a maioria em período integral. Além da parte educacional, a entidade oferece atendimento odontológico. O principal diferencial é o trabalho espiritual, a preocupação com o desenvolvimento interior das crianças. Com esse foco, um dos projetos da creche é trabalhar com as crianças temas ligados à Campanha da Fraternidade. Essa atuação de evangelização reflete-se não só na atitude das crianças, mas espalha-se para as famílias, para a comunidade. É o alicerce que a criança recebe e serve de base para seu comportamento, como reforça o diácono José Carlos. “A gente pode perceber que em meio a tantas coisas que vemos na nossa sociedade, encontramos aqui crianças que são capazes de obedecer à ordem dos professores, da escola, a doutrina da escola e isso é muito importante.”

“A gente pode perceber que as mães têm uma segurança de ter um trabalho elaborado pela igreja, tem a confiança porque vem da igreja, então elas sabem que os filhos estão em boas mãos e podem desenvolver o trabalho delas. Quando elas nos visitam na paróquia, nós percebemos que se sentem mais seguras e nos encorajam porque o que fazemos com os seus filhos reflete também nelas.”

“O pouco que a gente faz é muito. Tem pessoas que têm tempo e disposição, mas não encontram alguém que as oriente. Mas a gente precisa dessas pessoas voluntárias, como é o meu caso. Desde que eu me aposentei, eu me dedico aqui, eu me sinto bem, fico contente com o trabalho que faço e a comunidade precisa de pessoas que tenham boa vontade e que venham colaborar.”

Fernando Aparecido da Silva, voluntário e membro do conselho administrativo

Diácono José Carlos da Silva, representando o Pe. José Raimundo da Paróquia Sagrada Família “O desafio é o amor. Acho que plantando o amor é possível colher o resultado que vemos aqui, com essas crianças felizes. Então é possível fazer o trabalho educacional, a alfabetização, tudo o que a gente está aqui pra fazer.” Simone Ferreira, coordenadora pedagógica

Instituto São José Local: Rua Caminho São José, nº 115 Rádio Clube- Santos (SP) Fundação: 2001 Contato: (13) 3291-4778 Programa exibido em: 14/06/09

“Foi Deus que colocou essa creche no meu caminho. Eles tratam muito bem meus filhos e eu não tenho nem palavras pra falar.

Eu fico tranqüila deixando meus filhos aqui. Se

eu tivesse outros, viriam todos para cá.”

Edlaine da Silva Lopes, mãe de aluna e de ex-aluno

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Lição deVida Associação Projeto Tam Tam

Inclusão pela arte Somente quando o preconceito é vencido, e paradigmas são quebrados, torna-se possível realizar a verdadeira inclusão. “Diferentes somos todos: o magro, o gordo, o alto, o baixo, o negro, o índio, o deficiente, o não deficiente, então todos nós somos diferentes. Por isso uma das bandeiras é: ‘viva a diferença’”. A reflexão é de Renato Di Renzo, idealizador e presidente da ONG que busca quebrar paradigmas, preconceitos, promovendo a inclusão através da arte. Renato complementa: “Nós temos que conviver com a diferença, porque é exatamente aí que a gente encontra o encanto. Se todo mundo fosse igual, nós viveríamos num mundo de robôs. Nós temos um mundo para todas as pessoas. Isso é inclusão social: inclusão na escola, inclusão nos ambientes sociais, inclusão no parque de diversão, inclusão em todos os lugares.” Renato questiona a tendência humana de excluir tudo que é diferente. “Temos, em nossa cultura, no nosso corpo, uma exclusão por natureza. O que não é parecido comigo, é o contrário, o feio. Eu me reconheço como uma pessoa do bem e vejo no outro o mal. Esse quebrar as barreiras é melhorar o nosso olhar, melhorar a nossa escuta, os nossos sentidos, é fazer sentido para o mundo.” Envolvendo pessoas com necessidades especiais com teatro, dança, poesia, literatura, a ONG Tam Tam consegue, com seu trabalho pioneiro, através da arte, levar a real inclusão para a sociedade e mudar os paradigmas que causavam tanto sofrimento, de isolamento, de exclusão. “Tínhamos na TAM TAM, há 20 anos, pessoas que estavam 13 anos, 24 anos dentro de um hospício psiquiátrico. Essas pessoas nunca mais voltaram para um hospício psiquiátrico, não porque não existe mais hospício, mas porque essas pessoas estão trabalhando, morando com seus familiares. Quando eu ia levar essas pessoas em casa, os vizinhos diziam: ‘não pode ficar por aqui’. E hoje, quando você vai no local, as pessoas chamam esse indivíduo para pintar a casa, participar de festa infantil, decorar a festa. Porque todo mundo tem outra chance.”

“O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito é simples de ser desfeito. Basta refletir.” Machado de Assis, escritor brasileiro


Paulo Alexandre Barbosa

O Projeto TAM TAM utiliza as artes cênicas como meio de inclusão social e cultural para portadores de deficiência física ou intelectual, síndromes e distúrbios de comportamento, magrinhos, gordinhos, altos, baixos, tímidos e hiperativos. O trabalho, pioneiro, vem sendo realizado desde 1987, quando grupos se organizaram no país para fechar manicômios. “A gente percebe que na verdade a única condição que o homem tem é a sua cultura, o seu fazer, a sua potência, colocar seu talento na rua contracenando com as pessoas”, explica Renato. “A arte, a cultura, o teatro, essas manifestações funcionavam muito – ou pareciam funcionar – para aliviar a dor, ocupar o tempo.” Além de conseguir promover a inclusão, o trabalho recebe reconhecimentos no Brasil e no exterior. “O trabalho é potencializar corpos para que juntos possam fazer coisas, realizar coisas. Esse foi o nosso trabalho, nesses 20 anos e agora começamos a ser reconhecidos, quando ganhamos esse prêmio, num espaço que produz saúde pela arte, com nossa ida à Portugal financiada pelos governos. Isso é importante, e a gente continua buscando verbas para poder ampliar os vários projetos de música, capoeira, novos grupos de teatro.”

“Acima de tudo é uma experiência humana, de desafio permanente, mas não especificamente porque você está lidando com pessoas que têm algum tipo de deficiência, mas porque você está lidando com pessoas e lidar com pessoas é sempre o novo.

A criança, então, é uma surpresa A potência de criatividade dela é muito maior, mais viva. A criança se entrega e o processo é mágico, é fantástico. Não fazemos teatro para o deficiente; fazemos teatro para pessoas – não tem isso de ‘um é menos e outro é mais‘ – eles convivem.” Claudia Alonso, coordenadora e psicóloga a cada dia.

“Esse espaço é maravilhoso, onde minha filha se realiza fazendo o que ela mais gosta: cantar, dançar, ser feliz. A Francisca está aqui há quase quatro anos e cresceu bastante: melhorou a fala, a postura dela em relação às outras pessoas, o comportamento, e realmente ela se realiza muito fazendo arte. Ela foi a Portugal com o grupo.” Elisabete Pillilini, mãe da Francisca Carolina Pillilini e voluntária da ONG

ASSOCIAÇÃO Projeto Tam Tam Local: Rua Dr. Bias Bueno, nº 12- 95- Boqueirão- Santos (SP) Fundação: 1993 Contato: (13) 9168-7449/ 9173 -3813 Site: www.tamtam.art.br Programa exibido em: 21/06/09

“Eu faço teatro, estudo e faço futebol também. E fui para Portugal e passeamos muito. Gostei da neve, porque nunca tinha visto antes. Meu sonho é ser prefeito de Santos para ajudar as pessoas que não têm comida.” Bruno Cordeiro, aluno “O pessoal é sempre muito caloroso. Aprender teatro é uma coisa que eu gosto muito. Estou aqui faz uns seis anos e está sendo muito bom. Eu viajei para Portugal – é muito lindo. Adorei a experiência e conhecer o trabalho de outras pessoas também foi ótimo – dividir, compartilhar as nossas ideias, o nosso trabalho.” Larissa Chiuro, que participa da ONG com a irmã Priscilla

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Lição deVida APAE Cubatão

Superando limites Na adversidade, conseguimos vencer e conquistar sonhos. E foi essa situação que levou Maria Isabel dos Santos, junto com outras mães, a procurar uma alternativa para seu filho e criar a APAE de Cubatão. Além de ajudar o próprio filho, Maria Isabel acabou auxiliando muitas famílias, como a de Marilande Lima da Silva, mãe de Daílson, um rapaz com autismo. Ela está na luta com Maria Isabel desde o início e colhe os frutos de ter batalhado para oferecer uma vida melhor ao filho. Marilande conta que quando descobriu a necessidade especial do filho, não tinha noção de como cuidar dele. “A gente fazia tudo ao contrário. Ele era uma criança muito agitada, comia com a mão, fazia xixi em qualquer lugar, quebrava tudo em casa, não dormia durante a noite. Era um desespero. Eu não tinha orientação do que fazer”, lembra. Com a APAE e os profissionais da entidade, aprendeu cada detalhe, desde a alimentação, o banho, escovação, troca de roupa. “Temos que ajudar, mas deixar que eles também aprendam para serem independentes. Antes fazíamos do nosso jeito, achava que estava certo, mas não estava. Não me ligava de dar uma peça de roupa e explicar como vestir – eu o vestia e não me comunicava com ele. Agora não. Quando ele vai usar objetos, a gente sabe que precisa explicar que o copo é para beber água, por exemplo”. Segundo Marilande, o comportamento do filho melhorou em 100%. “A APAE foi uma benção.” Maria Aparecida Guimarães, mãe do Guilherme, que também tem autismo, partilha da opinião de Marilande. “Quando descobrimos que o Guilherme tinha problema, procuramos vários lugares em Cubatão e não achamos nada para ele. Foi aí que surgiu a Isabel em nossas vidas, também com um filho com problema, e nos unimos para fundar um lugar que pudesse atender a necessidade dos nossos filhos”. Ela afirma que antes o filho era muito agressivo e mudou completamente, para melhor. “Hoje ele é tranquilo, calmo, sabe o que quer. Aprendeu muita coisa, até a colocar a vasilha de água no fogo para fazer o chazinho que ele adora.”

“A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, ficariam adormecidas.” Horácio, filosofo e poeta romano


Paulo Alexandre Barbosa

Quando o filho estava com 14 anos, Maria Isabel percebeu que não tinha nenhum lugar na cidade para que o garoto, com necessidades especiais, seguisse o processo educacional. Percebeu que havia outras mães com a mesma necessidade e, por sugestão de um médico, resolveu fundar uma APAE na cidade. “Partiu da necessidade da gente. Meu filho não se encaixava em nenhuma escola, era grande, batia nas pessoas e estava entrando em depressão.” Em contato com a prefeitura, ela conseguiu um espaço e começou o trabalho com a entidade, que nasceu em 2000 e conta com mais de 170 alunos em Educação Infantil, Ensino Fundamental, Currículo Adaptado, Educação de Jovens e Adultos, Oficinas Ocupacionais e Profissionalizantes. Há também um centro de convivência para pessoas mais velhas.

“O esporte aqui na nossa escola é um alicerce para o desenvolvimento pedagógico dos educandos. Eles participam do Joebs (Jogos Especiais da Baixada Santista) e no último campeonato de basquete ganharam em primeiro lugar.” Josiene dos Santos, professora de educação física “Não é mole nossa equipe, não. Gosto muito de basquete e com a modalidade aprendi a ter responsabilidade. Antes de vir para a APAE e começar o basquete, acho que eu era muito rebelde. Depois aprendi que tem regras. Eu não tinha regras. No basquete você tem regras, sabe que não pode bater em qualquer um por qualquer motivo, não pode fazer falta nem xingar. Foi no basquete que encontrei isso.” Eslânio Martins Barbosa, aluno e capitão da equipe de basquete

APAE Cubatão Local: Rua Marechal Deodoro, nº 245 Vila Elisabete- Cubatão (SP) Fundação: 2000 Contato: (13) 3361-5521 Site: www.apaecubatao.com.br Programa exibido em: 28/06/09

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Lição deVida Vila Ponte Nova Instituição Promocional (VIP)

A mulher que plantou esperança Esperança plantada em fé e em ações. Foi isso que a Irmã Dolores fez: colocou bastante esperança no coração de cada uma das pessoas com quem conviveu, nas comunidades que ajudou a construir. Com a fé, Dolores plantava esperança e com as ações ajudava a transformar realidades. Irmã Dolores veio da Espanha para fazer história no Brasil, ajudando a transformar a realidade de várias comunidades carentes. Ela viveu no meio dos pobres, instalou-se em comunidades necessitadas onde não havia nem o essencial para sobrevivência: água e luz. A força dessa mulher se revela nos testemunhos emocionados de quem a conheceu e entrou com ela no sonho de fazer uma sociedade melhor. A professora Maria Helena de Almeida Lambert, presidente da VIP, que acompanhou Dolores por muitos anos, conta que ela começou seu trabalho em comunidades no Jóquei Clube, bairro de São Vicente, depois foi para o Guarujá, onde hoje é a Vila Zilda. “Não era nada do que é hoje – eu sei porque a gente trabalhou junto lá. Era um amontoado de casebres, não tinha água, luz, nada. Quando viemos pra cá também, era chamado de Quarentenário e não tinha nada. Ela realmente participou da construção desse bairro, da população, dedicando toda sua vida”, afirma Maria Helena. “Eu digo que ela era o evangelho vivo. E ela angariou um amor muito grande de toda a população. A gente sentiu isso muito forte no seu falecimento, só quem esteve aqui pôde ver o mundaréu de gente, a consternação, o choro”, fala a presidente da entidade, mal controlando a emoção. Dolores morava com os pobres, vivia entre eles na comunidade, procurando a dignidade das pessoas humanas dentro da pobreza. A VIP é um pedaço desse legado que a irmã deixou no Brasil, junto com muitas saudades de todos que com ela conviveram.

“Acredito que, em última análise, a função do líder é espalhar esperança.” Bob Galvin, executivo norte-americano


Paulo Alexandre Barbosa

Na área continental de São Vicente, região carente em que está instalada a Vila Ponte Nova Instituição Promocional – VIP, a irmã Dolores fez outros trabalhos. Além da organização do bairro Vila Ponte Nova, ela ajudou a construir a Capela Nossa Senhora da Esperança, posto de saúde, centro comunitário, escola, um centro de parto normal, além de outras iniciativas. A VIP é uma escola profissionalizante com cursos de informática, manutenção de microcomputadores, costura industrial, panificação e confeitaria, cabeleireiros, elétrica, entre outros. A entidade atende cerca de 800 jovens e adultos, por ano, nas oficinas.

“O trabalho que a irmã desenvolveu aqui transformou completamente a realidade: não tinha água, luz, era uma área de ocupação. As pessoas vinham para cá e no início colocavam quatro paus e uma lona em cima para poder se abrigar. Desde essa época, a irmã começou a vir para cá com objetivo de acompanhar essa população e organizar para que fosse buscar seus direitos básicos, desde água, luz e depois evoluindo para posto de saúde, escola de primeira a quarta série no início, evoluindo para escola profissionalizante, preocupada com mercado de trabalho e o desemprego que estava crescente.” Cleusa Maria Coelho, professora e membro da diretoria

“Trabalhar com a irmã Dolores pra mim foi mais do que gratificante, porque cada vez que ela falava coisas pra gente era um aprendizado.

O mais bonito é que ela gosta-

va muito dos pobres e quis transmitir isso pra gente.

Muitas vezes ela falava que a Então, alem de ter fé, que nos transmitia em Deus, a gente tem que fé sem ação é morta.

lutar pelos pobres e o mais bonito da irmã era isso.

Seu maior ensinamento foi do amor Foi uma pessoa que veio para

ao próximo.

“Eu era uma pacata dona de casa, com marido alcoólatra e dificuldade financeira. Através de uma aluna, eu conheci a entidade e me matriculei no curso de panificação. E completei o curso, e depois fiz o de confeitaria. Um dia a irmã falou pra mim que eu seria a próxima professora a dar aula. Eu assumi a minha turma e estou até hoje dando aula. Dá prazer ver as alunas chegarem aqui e dizer: montei minha padaria, outros, trabalhando no shopping, enfim, os alunos empregados.” Francisca Elenira Araújo do Nascimento, professora de curso de panificação e confeitaria

Vila Ponte Nova Instituição Promocional – VIP Local: Rua Nova Rio de Janeiro, nº 319- Jardim Irmã Dolores- São Vicente (SP) Fundação: 1997 Contato: (13) 3566-0240 Programa exibido em: 05/07/09

dar vida pra todo mundo e ela falava de uma

– ‘eu vim para que todos Saiu da Espanha, veio para o Brasil justamente para isso, para que todos nós tivéssemos vida.” Claudiana Souza de Andrade, membro da comunidade passagem bíblica

tenham vida, e vida em plenitude’.

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Lição deVida Instituto Evolução

Sonho realizado Um dia, uma mãe sonhou um mundo em que seu filho não precisasse ser excluído por ser especial. Ela logo percebeu que teria que fazer algo para realizar esse sonho. Essa mãe é Celia Pfeifer e o Instituto Evolução é seu sonho concretizado, assim como o de muitas outras mães que esperam poder acreditar em um futuro para seus filhos especiais, quando elas não puderem mais cuidar deles. “Esse sonho nasceu no meu coração quando o Augusto tinha uns 10, 12 anos e eu estava preocupada como seria a vida dele depois que ele fizesse 18 anos, quando terminasse o ciclo do ensino fundamental”, revela Celia, percebendo que a partir dessa idade não haveria mais espaços para capacitar seu filho para o mercado de trabalho. Ela só queria oferecer ao filho o que toda mãe quer: cidadania. “Eu queria a expressão viva do deficiente realmente inserido, incluído. Por isso minha escola é Escola de Educação Inclusiva.” Celia conseguiu criar um espaço onde os adolescentes e adultos com necessidades especiais são preparados para entrar no mercado de trabalho, recebem capacitação, ganham autonomia e podem dizer, como diz Daniel Torrente de Almeida, aluno: “Eu sou instrutor de capoeira, mestre e dou aula para meus alunos”. Com uma mente privilegiada para matemática, Daniel, que tem síndrome de Asperger, consegue dizer o dia da semana só sabendo a data de nascimento da pessoa. Esse é seu dom, mas sua alegria é a vivência, de que fala com orgulho. “Meus alunos entram na roda para jogar capoeira comigo.”

“Cada criança que se ensina é um homem que se conquista.” Victor Hugo, escritor, poeta e dramaturgo francês


Paulo Alexandre Barbosa

Com o objetivo de preparar jovens para o mercado de trabalho foi criado o Instituto Evolução, que atende cerca de 80 adolescentes e adultos a partir dos 14 anos, de ambos os sexos. “Existem escolas de educação especial, mas quando eles atingem a faixa de 14, 15 anos muitos estão em defasagem com o ensino regular e não conseguem avançar. Nosso trabalho é dar continuidade ao pedagógico de maneira diferenciada, e o principal é que eles aprendem uma função, se profissionalizam e com 19, 20 anos vão poder entrar no mercado de trabalho”, explica Celia Pfeifer, fundadora e presidente da entidade que oferece oficinas, aulas e cursos. O principal diferencial do Instituto é a preparação e inserção no mercado de trabalho, uma necessidade das empresas por causa da lei de cotas. Na instituição, eles aprendem o básico para atuar dentro da empresa, em diversas áreas, como almoxarifado, arquivo, fotocópias, noções de informática e separação de documentos. “É fácil capacitar profissionais para essas atividades porque muitos dos meus meninos têm noção de informática e são organizados. Tudo que é organizacional é muito fácil para eles. O trabalho rotineiro é fácil para quem tem síndrome de Asperger, síndrome de Down ou autismo. Eles fazem tudo com muita perfeição”, conta Celia, com orgulho.

“Nós trabalhamos a parte motora, social, coordenação; temos prática de natação, jogos, basquete, voleibol, futebol, entre outras atividades. Trabalhamos também detalhes de sociabilidade, ensinando a se sentar, movimento de levantar, como se abaixar para pegar uma caixa. Isso é importante porque muitos não sabem. O trabalho do professor de educação física é deixar que eles se desenvolvam. Tudo isso ajuda na hora de entrar no mercado de trabalho.” Carlos Augusto Filho, professor de educação física

Instituto Evolução Local: Rua Conselheiro Lafaiete, nº 91- Embaré- Santos (SP) Fundação: 2004 Contato: (13) 3273-4717 Site: www.institutoevolucao.org.br Programa exibido em: 12/07/09

“Quando eu entro em uma empresa a impressão que tenho é que estou pedindo um favor. Mas quando começo a conversar sobre envolver deficientes na empresa, parece que eles passam a dar mais atenção. Mas ainda sinto resistência das empresas em contratá-los.” Celia Pfeifer, fundadora e presidente

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Lição deVida Instituto Dom Bosco

Formando a juventude A formação dos jovens, a preocupação para que eles não fiquem nas ruas, que tenham um futuro melhor. Todas essas esperanças estão depositadas nessa obra quase centenária que visa a transformar a realidade pela educação. Ao longo de sua história, o Instituto gerou e continua rendendo bons frutos, transformando a vida de jovens, dando-lhes oportunidade de construir uma nova trajetória. Paulo Cesar da Silva tem em sua vida a grande prova dessa transformação. Ele conta que passou metade da vida no Dom Bosco, a esposa foi aluna da entidade e hoje ele dá aulas no Instituto. “Minha experiência de vida aqui é muito gratificante, porque um dia eu estava aprendendo e hoje estou ensinando. É uma satisfação imensa”, revela. “Tudo que eu tenho, tudo que eu batalhei, foi graças à oportunidade que eu tive aqui. Lá fora não é fácil, mas se esses jovens buscarem e aproveitarem essa oportunidade, vão conseguir também.” Esse é o resultado do modo salesiano de ensinar, envolvendo a criança, o adolescente e a família para, através da educação, tornar-se um ser humano digno. E quem aprende não esquece e, muitas vezes, passa para frente o que aprendeu, como a Fabiana Rocha do Prado, ex-aluna e professora do Programa Vida Melhor. “Aqui no Instituto a gente sempre procura trabalhar utilizando o tripé de Dom Bosco, que é razão, amor e bondade. Isso a gente tenta passar, a todo momento, para as crianças.”

“Fiz tudo quanto soube e pude pelos jovens, que são o amor de toda minha vida.” Dom Bosco


Paulo Alexandre Barbosa

Criado em 1919, o Instituto Dom Bosco foi a primeira obra social do estado de São Paulo. “Nós tínhamos o Liceu, que trabalhava havia um tempo com os internos, e começamos a receber filhos de pessoas que os colocavam num internato e precisavam de uma obra social para cuidar da pobreza que aumentava em torno do Bom Retiro”, conta padre Marcos Roberto Sabino, presidente da entidade. “Abriu-se essa obra social para essa população mais pobre do estado de São Paulo, principalmente para o pessoal da região central.” O Instituto tem diversas atividades voltadas aos jovens, como o Programa Vida Melhor, o qual recebe estudantes de 7 a 14 anos, que ficam na instituição no contraturno escolar. Na entidade, além do reforço das matérias escolares, eles têm atividades como capoeira, música, educação física, computação e arte em madeira. Há ainda um projeto profissionalizante com cursos de webdesigner, mecânica, desenho mecânico, elétrica/eletrônica, computação, telemarketing e serviços de escritório. Para os adultos, há cursos noturnos de computação básica, avançada e telemarketing. Além da sede, situada no Centro de São Paulo, há quatro unidades na cidade, com casa abrigo para crianças e jovens, de 0 a 18 anos, um abrigo para crianças de rua, um centro de convivência com oficinas para a comunidade e um centro com atividades profissionalizantes. São atendidas, no total, cerca de 1.500 pessoas por dia.

“Apesar das dificuldades, Deus nunca nos desamparou. Nós estamos fazendo o serviço dele e Ele nunca nos desamparou. Quando tem alguma dificuldade, a gente vai rezar e Deus sempre manda a resposta e são respostas, às vezes, imediatas. Temos um trabalho voluntário grande, que começou com os próprios alunos. Hoje nós temos uns 200 voluntários alunos. A obra está aberta para receber o que a pessoa sabe e pode fazer. Acho que voluntariado é isso: fazer aquilo que sei e dar a minha contribuição à obra.” Padre Marcos Roberto Sabino, presidente

“Nosso objetivo é qualificar esses jovens com eficácia. O empresariado desconhece as vantagens de levar esse jovem para o mercado de trabalho.

Primeiro, ele perde a oportunidade de ter

um jovem qualificado e segundo, ele desconhece as próprias leis, tanto do jovem aprendiz, como a do estagiário.

Nós acreditamos que a principal forma de inclusão dos jovens É através do emprego que ele consegue fazer seu projeto de vida, que ele vai conseguir sonhar e buscar colocar esses sonhos em prática.” Sandro dos Reis Martins, coordenador dos cursos profissionalizantes na sociedade é através do emprego.

“A gente agradece por poder colaborar com a formação desses jovens. Dom Bosco criou tudo isso pra gente cuidar com amor e carinho e é isso que nós fazemos.” Waldir Sabóia, coordenador do Programa Vida Melhor

Instituto Dom Bosco Local: Praça Coronel Fernando Prestes, nº 233- Bom Retiro- São Paulo (SP) Fundação: 1919 Contato: (11) 3329-7999 Site: www.idb.org.br Programa exibido em: 16/08/09

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Lição deVida Creche Comunitária Cantinho da Criança

Proteção e aconchego para as crianças Em todos os ambientes, há sorrisos sinceros de crianças. Elas pulam, brincam, cantam – são crianças. Esse é o espaço em que elas podem ser crianças de fato e ficar longe das dificuldades que envolvem a carência da região, como as casas de palafitas, que se encontram em condições precárias, sem infraestrutura. Além da falta de estrutura física, muitas enfrentam a ausência da base emocional pela situação em que vivem. “Há muitas mães despreparadas, precoces, com 13, 14 anos, que tentamos ajudar. Elas não têm qualidade de vida normal. Tem seus problemas particulares e nós tentamos trazer essa criança aqui para salvá-la e dar educação para essa família”, afirma Airton Rabelo de Souza, presidente da Creche Comunitária Cantinho da Criança. Vendo os rostos felizes é possível perceber que o objetivo tem sido alcançado. As crianças encontram nos funcionários o carinho que precisam para crescerem fortes, a estrutura necessária para um desenvolvimento e a base emocional para sonhar com um futuro melhor, como o que Maria Souza dos Santos conquistou. Com cinco anos, ela se mudou para o bairro com a família de sete irmãos. “Éramos muito pobres mesmo”, recorda. Tendo vivenciado as necessidades e carências do local, Maria conta que sentiu na pele toda dificuldade que as pessoas da região têm em relação a várias coisas. Maria cresceu, teve grandes conquistas, foi morar em outra região, mas volta ao bairro para partilhar. Ela é diretora pedagógica da unidade e usa sua experiência, o entendimento das necessidades que as crianças passam, para ajudá-las a ter um futuro melhor, como o que ela encontrou.

“A maior riqueza é a saúde.” Ralph Waldo Emerson, filósofo e poeta norte-americano


Paulo Alexandre Barbosa

Sentindo a necessidade de ter um lugar no qual pudesse deixar as crianças com tranquilidade, um grupo de mães da Vila Gilda, bairro carente de Santos, resolveu fundar a creche Cantinho da Criança. A entidade atende em período integral 346 crianças de 1 a 6 anos que vivem nas favelas do Dique da Vila Gilda. A entidade realiza diversas atividades para promover educação e diversão para as crianças, como teatro, danças, coral, recreação, capoeira, entre outros. É um local onde as mães podem deixar os filhos para trabalhar sabendo que estarão bem cuidados, interagindo com outras crianças. Além das salas de aula, onde as crianças estudam, há um espaço para recreação com escorregador e casa de bonecas. A creche tem preocupação também em ajudar a comunidade, por isso promove cursos para as mães, ginástica para terceira idade, oficina de biscuit e realiza trabalho interdisciplinar abordando questões de alimentação, violência, saúde e higiene. A equipe que atua no local conta com 52 funcionários e 20 voluntários.

“As crianças chegam com problemas de relacionamento em casa. Nós tentamos trazer mais próximas as famílias, com oficinas, reuniões e atendimentos. A participação da família é tudo. A cada evento que acontece na creche em que as mães participam vemos o resgate da proximidade da família e das crianças.” Sandra Maria Politi, psicóloga

“Atendemos famílias que moram em uma região complicada, em palafitas, com condições de vida precária. Nosso trabalho é melhorar e transformar a vida dos moradores

Dique.” Claudia Maria Ayres Parra, assistente social

do

Creche Comunitária Cantinho da Criança Local: Rua Contra Almirante Esculápio César de Paiva, nº 408 Jardim Rádio Clube- Santos (SP) Fundação: 1987 Contato: (13) 3299-5269 Programa exibido em: 23/08/09

“Nosso maior desafio é manter a qualidade de vida para essas crianças, porque esse começo de vida é muito importante. Temos assistente social e psicóloga que fazem um trabalho para dar apoio às famílias.

Com as atividades que realizamos envol800 famílias na creche. Sou presidente aqui há nove anos e, se Deus quiser e me der saúde, vou continuar muito tempo aqui ajudando os pequenos.” Airton Rabelo de Souza, presidente vemos em média

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Lição deVida Assistência Vicentina da Ilha de Santo Amaro – AVISA

Promovendo alegria aos idosos O sorriso de Gema Dias Martins não deixa dúvidas da sua alegria em estar na casa. Depois que a irmã de 87 anos - de quem ela cuidava - faleceu, tendo perdido maridos e filhos, Gema sentia-se sozinha. Resolveu, então, procurar um lugar para morar com outros idosos. Em contato com uma senhora da Pastoral, Gema descobriu a casa e logo se mudou. “Meu filho tinha morrido havia seis meses. Eu perdi três filhos e uma filha. Tenho cunhados, parentes, sobrinhos, mas não é como da gente”, afirma, garantindo que está ótima morando na entidade. Animada, Gema conversa com as outras “avós” da casa, ajuda, faz rifa, comemora diariamente a alegria de estar viva. “Não era para eu estar aqui; já era para ter morrido. Em 1969 eu tirei os dois seios e fiz sete operações em um ano”, relata. A risada demonstra que ela não está só viva, mas que é feliz. Gema diz que parte da alegria vem da convivência na casa. “Aqui todos são muito agradáveis, a começar pelo padre.” Companheiro das “avós”, padre Claudio da Conceição, pároco da Igreja Santa Rosa de Lima, sente a alegria em proporcionar felicidade às idosas não só na missa semanal, levando a palavra de Deus, mas também participa de suas vidas, dando carinho e atenção. “O ser humano necessita de carinho. E os idosos são como crianças e precisam de mais carinho ainda. Acho que todas as senhoras que estão aqui, mesmo com famílias não tão presentes, não se sentem abandonadas.”

“A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira.” Léon Tolstói, escritor e pacifista


Paulo Alexandre Barbosa

Mantida pela Sociedade São Vicente de Paulo, a Assistência Vicentina da Ilha de Santo Amaro (AVISA) abriga 35 idosas de 60 a 100 anos. Elas fazem pintura, artesanato, fisioterapia. “Queremos que elas tenham uma vida melhor”, diz a diretora da entidade, Rosa López Patusco. “Nunca substituiremos a família, mas fazemos tudo para que elas façam dessa casa o seu lar.” Rosa conta que muitas idosas estão abandonadas, sem medicamento quando chegam ao local e o cuidado principal é levantar a autoestima dessas mulheres. Para garantir um bom atendimento, as profissionais que atuam no lar são preparadas e dedicam carinho especial a cada senhora. “Eu vivo pelas famílias carentes que atendemos e pela nossa casa. Aqui é meu segundo lar, parte da minha família. Eu sou órfã e vejo as nossas “avós” como se fossem minhas mães. Eu as trato como trataria minha mãe e como gostaria de ser tratada quando tiver mais idade”, conclui a diretora.

“Estou aqui há 25 anos e não saberia mais viver sem isso. Sempre falo: ‘vou trabalhar mais um pouco’. Passa mais um ano, entra outra diretoria e a gente se apega. Eu moro mais aqui do que na minha casa: fico 12 horas e vou para casa só para dormir. Chego de manhã e saio à noite. Não consigo ficar sem vir. Nem nas férias. Já faz parte da minha vida.” Zelina Nassuato, coordenadora das atividades

Assistência Vicentina da Ilha de Santo Amaro da Sociedade São Vicente de Paulo Local: Rua Azuil Loureiro, nº 1435 Jardim Santa Rosa- Guarujá (SP) Fundação: 1966 Contato: (13) 3358-2893 Site: www.avisaguaruja.org.br Programa exibido em: 30/08/09

“O ser humano precisa de muito carinho e atenção. É próprio dele sentir-se amado. A criança se sente amada por seus pais e os idosos têm a mesma necessidade. Eles dedicaram toda sua vida, têm anos de sabedoria e os mais jovens devem se espelhar. Com essa sabedoria, a gente corrige os erros da vida. O idoso não tem que ser descartado - ele é idoso hoje, mas construiu uma história.” Padre Claudio da Conceição, pároco da Igreja Santa Rosa de Lima

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Lição deVida Educandário Anália Franco

Abrigando com o coração Independente das questões materiais do mundo capitalista, competitivo, que afasta a gente das coisas boas, das coisas que realmente têm valor na nossa vida, é importante ser caridoso. Independente das nossas posses materiais, todo mundo tem algo para dar, basta deixar vir do coração. Foi a voz do coração que a professora Sonia Cristina de Jesus e seu marido ouviram naquela noite de Natal tão especial em que Sonia, grávida de gêmeas, levou para casa dois meninos que tinham ficado no abrigo sem ter onde passar a festa. “Eles eram abrigados e não tinha quem os levasse para casa no final do ano. Eu acabei levando para a minha casa, para passar as festas do final do ano”, recorda. Os dois meninos eram Paulo, então com 12 anos, e Cristiano, com 11 anos. Terminadas as festas, a família se sentia completa e não queria se separar. “Eles não queriam retornar para o abrigo e nem eu, nem meu esposo queríamos trazê-los de volta”. Os meninos tiveram que voltar, o casal esperou mais um pouco, mas Sonia logo falou com a diretora da sua intenção de adotá-los. Resolvida a burocracia, a família pôde finalmente ficar unida. “Foi muito fácil porque eu convivia com eles aqui na entidade. Quando eu vim trabalhar no Anália Franco, eu não tinha nada a ver com a área de educação – eu trabalhava com direito. Mas quando eu vim foi mágico. Eu e os meninos começamos a nos dar, a relação ficou boa, foi tudo muito natural. O meu sentimento de mãe se deu primeiro com eles, depois com minhas filhas. Eu me tornei mãe conhecendo o Paulo e o Cristiano.” Um ano depois, a família cresceu um pouco mais, com o nascimento de outro filho, Jeferson, hoje com 13 anos. A vida seguiu e a família continuou unida. Paulo e Cristiano casaram, constituíram família e deram continuidade à felicidade da mãe Sonia, que se sente cada vez mais plena. “O Paulo me deu três netos: Igor, Letícia e Larissa”. Sonia continua trabalhando no Educandário, para onde agora leva os três netos, para estudar. Quando fala dos desafios de criar cinco filhos, Sonia afirma que o amor e o carinho foram sempre muito maior que qualquer dificuldade. Com os dois filhos criados, os outros encaminhados, Sonia continua a sonhar. “Quero ver meus netos formados no Anália, de onde meus filhos viveram. Tenho fé em Deus que eles vão se formar aqui. E agora que sou avó, quero ser bisavó.”

“Aquele que tem caridade no coração tem sempre qualquer coisa para dar.” Santo Agostinho


Paulo Alexandre Barbosa

Na década de 20, a cidade de Santos necessitava de locais para crianças órfãs. O presidente da entidade, Marcos Antonio Esmerini, comenta que havia apenas uma ou duas entidades desse tipo. Foi quando um grupo de moradores resolveu fundar o abrigo, que recebeu o nome de Anália Franco, em homenagem à mulher que tinha fundado quase 80 abrigos no Brasil. Há quase 90 anos, o Educandário Anália Franco atende crianças e jovens da região. A entidade, criada como abrigo, chegou a ter 500 crianças morando no local. “Com a mudança do Estatuto da Criança, não se pode mais ter esse número tão grande no local. Tanto que nosso abrigo tem apenas quase 20 crianças. Já na escola nós investimos e estamos tirando crianças da rua e dando futuro melhor a elas”, revela Marcos. São atendidas ao todo cerca de 500 crianças, entre berçário, creche, escola, centro de convivência e abrigo. No centro de convivência as crianças têm até 12 anos e no abrigo há todas as faixas etárias, de seis meses a 18 anos. Há diversos projetos para desenvolvimento das crianças e jovens, com dança, percussão, ballet, oficina de arte e apoio pedagógico.

“Foram muitas histórias marcantes nesses 11 anos que estou aqui. Uma das que ficou um pouco mais gravada foi a de um exinterno nosso que hoje é mecânico na Fórmula 1. Eu já presenciei visita de coronéis do Exército, da Polícia Militar, pessoas que já moraram aqui e hoje têm uma lembrança agradável. Esse é o resultado e é isso que nos gratifica.” Argemiro de Cillo Leite, administrador

“A gente tenta fazer todo esse trabalho com as nossas crianças com bastante amor, que é o essencial. Esse trabalho é importante porque as mães precisam trabalhar fora e ter um lugar que é seguro para os filhos. sabilidade, limite, convívio social.

motora e a preparar alunos que no futuro queiram trabalhar com música.

A criança, às vezes, está muito agitada, está com proble-

mas e no instrumento ela se entrega e isso faz um bem tremendo porque a criança relaxa, se entrega e adora.” Jorge Jeremias de Campos (Simonal), músico e professor de percussão

Educandário Anália Franco Local: Avenida Ana Costa, nº 277 Gonzaga- Santos (SP) Fundação: 1922 Contato: (13) 3229-8500 Site: www.analiafranco.org.br Programa exibido em: 06/09/09

Então a gente vê depois

que eles saem, voltam alguns meninos que já estão traba-

lhando, vêm conversar com a gente, vêm mostrar o filhinho que nasceu.

“Além de promover recreação, a música ajuda na coordenação

Aqui a

gente consegue passar para as crianças noções de respon-

A gente vê menino entrando na faculdade, que É muito gratificante.” Maria Helena Guimarães, diretora da creche e do abrigo

está bem empregado.

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Lição deVida A Alternativa

Oportunidade especial Ao som da música “Fascinação”, que José Armando da Silva toca no piano, percebemos que não há limites para o ser humano quando ele é estimulado e tem oportunidade. Não bastasse tocar piano bem, José, com necessidades especiais, é artesão. Assim como as pessoas que criaram a ‘A Alternativa’ transformam a realidade, José transforma sua habilidade em arte. Na área de produção, faz mesinhas, mosaico, pirogravura e tantas outras peças artesanais. Sua paixão é o piano, que aprendeu a tocar em 25 anos de aulas com dona Áurea, que ensinava na entidade. Antes de começar a tocar a música, ele faz sua dedicatória: “Quero dedicar para uma pessoa que me estendeu a mão quando eu mais precisei: Dona Ana (Ana Maria Rossetto).” Enquanto José dedica-se à arte musical, Ana Maria dos Santos comemora ver seu filho conquistando, com ajuda da entidade, a arte de viver. O menino, antes fechado, que vivia trancado e não se expunha, tornou-se uma pessoa sociável e comunicativa. “Existe um histórico do Rafael antes da Alternativa e agora. Ele consegue conviver com outras pessoas, fazer visitas sociais, passeios, tudo que ele não conseguia”, avalia. Apesar de muito feliz, para ela, o melhor é ver o filho feliz. “Eu e minha família estamos muito contentes. Mas não adianta estarmos assim – ele tem que ser feliz.”

“Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes: a arte de viver.” Bertold Brecht, dramaturgo alemão


Paulo Alexandre Barbosa

A entidade nasceu da iniciativa de pais que viram seus filhos com necessidades especiais preparados para o mercado de trabalho, porém sem uma oportunidade para desenvolver seu potencial. Eles procuravam mesmo uma alternativa para seus jovens especiais, e assim nasceu a organização. “O grupo de pais e a equipe do Centro Ocupacional Avanhandava - que era um centro de habilitação para crianças e jovens com deficiência intelectual - resolveu criar uma oficina que começou como um departamento daquela instituição. Dois anos depois, foi criada a associação A Alternativa”, relembra Ana Maria Rossetto, uma da fundadoras, diretora da oficina de trabalho e psicopedagoga. “A meta inicial e atual é o desenvolvimento integral dessas pessoas e a qualificação para o mercado de trabalho como componente desse desenvolvimento”. Os jovens e adultos fazem manufatura de peças artesanais para serem comercializadas. Ana Maria acredita que nos 25 anos de existência da entidade houve muitas mudanças positivas na forma como a comunidade enxerga o trabalho de pessoas especiais. Uma demonstração prática dessa mudança é a oportunidade de vender os trabalhos produzidos na oficina duas vezes por ano. A experiência, que completa dez anos, aproxima os artesãos do público e demonstra como as pessoas valorizam os produtos feitos na entidade. “É uma forma dessas pessoas se sentirem produtivas, como elas realmente são.”

“A gente tem satisfação de ensinar. Faz muitos anos que estou aqui, acho que uns 29 anos. Cada dia vou renovando e aprendendo com eles, aprendendo com cada um que chega. Eles são a recompensa que a gente sente – fiz e estou vendo o resultado. Esses rapazes chegam aqui como aprendizes e vamos ensinando até trabalharem fora, como o Joaquim, que trabalha em

9 anos e o Valdo.” Francisco Sandoval de Souza, instrutor da oficina de marcenaria

uma marcenaria há uns

A Alternativa Local: Rua Joaquim Nabuco, nº 513- Brooklin- São Paulo (SP) Fundação: 1984 Contato: (11) 5542-6072 Site: www.alternativa.org.br Programa exibido em: 13/09/09

“Eu passei um longo tempo com o pessoal aqui e só tenho a agradecer ao senhor Francisco e o pessoal da Alternativa

por me dar mais uma chance de aprender mais coisa com eles.

Eles me acolheram e hoje estou trabalhando no supermercaEstou muito feliz com a força que eles me deram, e agora eu posso trabalhar e ajudar em casa.” Valdenício Inácio de Silva (Valdo), ex-artesão e empacotador do.

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Lição deVida ONG Cia. de Artes Tribus

Um convite à imersão no mundo da arte Vivenciar a arte é despertar para um mundo mágico. Dança, música, teatro, circo, grafite, a arte em todas as suas manifestações, arte como linguagem universal, rompendo barreiras, dando esperanças de futuro, permitindo sonhar. Esse é o mundo mágico que a turma da Cia. de Artes Tribus leva para as crianças. Cotidianamente, eles comprovam que a arte opera verdadeiras transformações, despertando as crianças para sonhar, colocando em seus olhos o brilho da alegria. A bailarina e professora de ballet da Cia, Liliane Santana dos Santos, foi testemunha desse poder mágico e transformador logo no começo do seu trabalho no grupo. Em uma das escolas em que foi realizar as oficinas, ela conheceu Gabriela, uma menina cadeirante que iria fazer sua aula. Sem experiência, Liliane conta que nem dormiu na véspera, pesquisando na internet opções, algo que pudesse diferenciar. “Como eu ia dar aula de ballet para uma menina de cadeira de rodas? Eu nunca tinha feito isto.” Quando estava chegando à sala para chamar a turma para a aula, Liliane escutou Gabriela falar com outra professora que ela não iria porque as outras meninas iam fazer tudo e ela só ficaria olhando. Mesmo insegura, sem saber muito bem o que faria, Liliane a tranquilizou: “Você vai fazer tudo. Eu estou aqui para ajudar e ensinar. Você não vai ser diferente de ninguém”. Na noite anterior, Liliane tinha conversado sobre sua apreensão com a irmã, que lhe sugeriu tirar a menina da cadeira de rodas, para que ela ficasse como as outras. Foi o que Liliane fez: tirou Gabriela da cadeira, sentou a menina no chão com as outras. Gabriela deu toda a liberdade para que Liliane a levasse pela mão para o mundo mágico da dança. Naquela aula a bailarina ensinou tudo que podia de movimento de braço, falou da postura de uma bailarina e que todas elas precisam ter um colar. Quando terminou a aula, Liliane acabou não tendo a possibilidade de conversar com Gabriela sobre sua primeira experiência como bailarina, mas soube por intermédio da sua irmã, que, no refeitório, a aluna comentava tudo o que tinha aprendido na aula, citando o “colar” da bailarina como referência. Concluída a missão nesta escola, o grupo partiu para outras unidades escolares. “Eu estava em Peruíbe quando recebi uma notícia da mãe dela dizendo que a Gabriela passaria por uma cirurgia, que poderia ser tranquila ou não, impossível de prever. E a dela foi complicada. E ela veio a falecer”, recorda emocionada. A mãe ainda revelou à professora de ballet a alegria que ela proporcionou à sua filha, repetindo as palavras da menina: “mãe, essa foi a melhor semana da minha vida. Eu nunca tive tão feliz”. E, em seguida, a mãe revelou que após essa experiência havia colocado a filha numa escola de ballet. Gabriela marcou a vida de Liliane e o projeto, com certeza, marcou a vida de Gabriela, oferecendo uma realidade mais feliz, permitindo à menina perceber que de alguma forma ela podia ser igual às amigas e, o mais importante, sempre poderia sonhar.

“Sonhar é acordar-se para dentro.” Mário Quintana, poeta e escritor brasileiro


Paulo Alexandre Barbosa

Levar as manifestações artísticas para as crianças é o objetivo da ONG Cia. de Artes Tribus, com o projeto sociocultural “É hora de Arte”, com oficinas em cinco modalidades: teatro, grafite, ballet e break, street dance (dança de rua) e circo. Ao longo de cinco anos, o projeto percorreu diversas escolas e atingiu milhares de crianças. A ONG nasceu com um grupo de amigos que dançavam juntos e sentiram a necessidade de trabalhar algo mais real com as crianças, não só fazendo apresentações, mas envolvendo-as. O projeto cresceu, fez sucesso e acabou ampliando fronteiras, no Brasil e no mundo. “Nós fazíamos escolas aqui na região e depois a gente começou a sair. Visitamos bastante o Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e com isso fomos ganhando reconhecimento do trabalho”, comenta o coreógrafo da Cia. e coordenador do projeto, Gustavo Souza Rolim.

“Nós vemos o estímulo das crianças, o interesse pela cultura, pela arte, porque eles trouxeram para dentro da escola uma maneira diferente de trabalhar essa cultura, essa arte. O grupo começa o trabalho contando suas experiências, de como chegaram até aqui. É um grupo que viajou o mundo, então, eles mostram para os alunos que existe uma possibilidade, que eles podem sonhar e alcançar os objetivos.” Luciana Nicolosi, diretora da escola Roberto Mario Santini, em Praia Grande (SP) “Além de ensinar, nós procuramos despertar nas crianças a criatividade, a

interação, o trabalho em equipe, a sensibilidade pela arte, que muitas vezes está guardada lá dentro, pela realidade em que vivem.

No começo é difícil para eles se

exporem, e eu conto a minha história de vida, que é muito similar: eu sou filha de faxineira, meu pai é pedreiro e eu fui superando minha história para chegar nos dias de hoje.

Não precisei usar drogas, não precisei me destruir e eles se identifiVocê começa de um jeito na aula, e termina de outro, com todo mundo trabalhando em equipe.” Roberta Santana Freitas, bailarina e professora de teatro cam e começam a se abrir dentro do mundo do teatro.

ONG Cia. de Artes Tribus Local: Rua Rubens Ferreira Martins, nº 704 Jardim Guilhermina- Praia Grande (SP) Fundação: 2004 Contato: (13) 3473-4736 Site: www.ciatribus.com.br Programa exibido em: 20/09/09

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Lição deVida Especial com a secretária de Assistência Social Rita Passos

Cuidando do terceiro setor Nesse programa especial, o Lição de Vida, que retrata o terceiro setor de todo o Brasil, vai apresentar a mulher que cuida do terceiro setor em São Paulo, responsável por espalhar solidariedade por esse estado que tem mais de 640 cidades. Além da atuação política e social, ela é uma mulher dinâmica, educadora, corretora de imóveis, esposa e mãe.

“O espírito se enriquece com aquilo que recebe. O coração, com o que dá.” Victor Hugo, escritor, poeta e dramaturgo francês

Rita Passos, secretária de Assistência e Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo no período de 09/06/2009 a 02/04/2010 Nascida em Indaiatuba, Rita mudou-se para Itu depois de casar com um ituano. O pai era ministro de Eucaristia, dava cursos de noivo, de batismo. A mãe era catequista. Com essa vivência, desde nova ela sempre esteve no meio da igreja, chegando a ser catequista na juventude. A política foi algo que veio depois em sua vida; apesar de ter políticos na família, Rita não se imaginava ligada ao setor. “Mas eu senti mesmo um chamado de Deus até quando as pessoas começaram a falar que eu tinha que ser candidata. Primeiro eu consultei a Deus em uma oração e Ele falou comigo”. Rita entrou na política, foi eleita deputada estadual, foi presidente do Fundo Social de Solidariedade de Itu e sempre se dedicou à área

social. Por essa trajetória, há três meses ela assumiu a secretaria. “A política é para ajudar, para servir. É uma oportunidade muito boa de mostrar nossas propostas, nossos projetos, e realizar muitas coisas.” Como presidente do Fundo de Itu, Rita implantou diversos projetos, como o Centro de Capacitação Profissional com 35 cursos gratuitos e o Centro de Convivência de amparo aos idosos. “Esse projeto do idoso não é o da terceira idade em que as pessoas vão a festas, bailes, bingos. São idosos que precisam de acompanhamento – não é o caso de ficar em uma clínica, mas também não é aquela pessoa que sai sozinha de casa e vai até a esquina. São pessoas que precisam de cuidados, de acompanhamento”. Com o projeto, os idosos ficam durante o dia no centro e à noite voltam para o convívio da família. “É para evitar que eles sejam colocados no asilo. Apesar de serem bem cuidados, alguns se sentem abandonados e entram em depressão.”


Paulo Alexandre Barbosa

Com tantas atribuições, Rita faz malabarismo para arrumar tempo para a família. “O pouco tempo que nós temos, procuramos tê-lo com qualidade. Eu, meu marido e nossas duas filhas sempre que podemos jantamos juntos. Quando a gente coloca Deus no meio, sempre consegue dar um jeitinho, arrumar tempo para tudo, vai administrando.” Terceiro setor “O terceiro setor, as entidades são fantásticas. Elas realizam um trabalho maravilhoso. Ajudam muito o Poder Público e elas fazem com amor, até porque a maioria das pessoas que trabalham nas entidades sociais é voluntária. Elas realmente têm o dom e isso é maravilhoso. A gente fica muito feliz com o compromisso das entidades sociais que desenvolvem esse trabalho em todas as cidades. Existe um repasse do Estado de São Paulo para entidades, designado conforme o conselho municipal das cidades.” Nota Fiscal Paulista “O Estado apresentou um projeto na Assembleia Legislativa que foi aprovado, que é da Nota Fiscal Paulista, em que o contribuinte pode ter até 30% do ICMS de volta. Até então eram as

Especial com a secretária de Assistência Social Rita Passos Local: Estúdio da TV Canção Nova de São Paulo (SP) Programa exibido em: 27/09/09

pessoas físicas ou jurídicas que tinham essa possibilidade. Agora foi aberto para que as entidades sociais, que são cadastradas no pró-social da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, possam também receber esse benefício. As pessoas podem ajudar passando suas notas fiscais para as entidades, de três maneiras: não colocar o número de CPF na nota e entregar depois para uma entidade social cadastrada, não colocar o número de CPF na nota e a própria pessoa cadastrar no site em benefício da entidade social de sua preferência. E a terceira forma é o contribuinte pegar a nota fiscal com o próprio CPF, inscrever no site em benefício próprio e quando receber o benefício, transferir para a entidade.” Voluntariado “Quero parabenizar as pessoas que são voluntárias e dizer como é importante o trabalho social, e as entidades sociais ajudarem o Poder Público. É importante que as pessoas que queiram iniciar um trabalho social, verifiquem na sua cidade o que está faltando. Muitas vezes todas as entidades acabam trabalhando com crianças e deixam de lado o trabalho com dependentes químicos ou idosos. É a união – cada um ocupando seu espaço e atendendo toda a comunidade.”

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Lição deVida Creche Padre Lucio Floro

Preparando o amanhã Um futuro sem medo é o que a creche ajuda Ana Célia Silva a vivenciar, tendo acolhido, no passado, sua filha e recebendo, no presente, seu neto. Antiga moradora do Morro José Menino, região onde a entidade está instalada, Ana Célia fica feliz em ver a segunda geração de descendentes amparada no local. Como mãe e avó, ela se alegra ao constatar que as crianças recebem não só complemento educacional, mas uma formação religiosa que lhes dá uma boa base social. Os resultados desse trabalho, Ana Célia percebe no sorriso das crianças que, como ela diz, mesmo quando chegam tristes, saem felizes da creche. Esse é o fruto deixado pelo padre Lucio Floro para a comunidade, realizando o desejo que tinha em seu coração de educar as crianças com os valores cristãos, para se transformarem em homens e mulheres capazes de fazer um mundo melhor. Essa semente foi transferida para o coração do padre Marco Antônio Rossi, pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo, que assumiu a missão de ajudar a creche, trabalho que ele considera uma grande graça, pois pode colaborar em um projeto de Deus com as crianças. “Com esse trabalho fazemos com que Deus seja manifestado; porque Jesus, quando esteve no meio de nós, tinha essa demonstração de amor e carinho pelas crianças. Ele sempre falava da importância de acolher Deus como se acolhe uma criança. Por isso, todas as vezes que fazemos o gesto de acolher um pequenino, é ao próprio Cristo que estamos acolhendo”, diz padre Marco, concluindo: “Todas às vezes que nós abraçamos uma causa como essa, fazemos com que a obra social em favor das crianças seja levada adiante. Assim, estamos abraçando ao próprio Deus.”

“As pessoas felizes lembram do passado com gratidão, alegram-se pelo presente e encaram o futuro sem medo.” Epicuro, filósofo grego


Paulo Alexandre Barbosa

O trabalho conduzido pela comunidade da paróquia São Paulo Apóstolo, na área carente do Morro do José Menino, em Santos, cuida do presente para preparar o futuro das crianças atendidas pela entidade. No local, elas recebem fundamentos da educação formal, além de aprenderem o valor cristão, sempre tendo sua religiosidade respeitada. A creche Padre Lucio Floro é o local onde as mães podem deixar seus filhos com tranquilidade para irem trabalhar, sabendo que serão bem cuidados. A história da entidade reforça a importância de ajudar a comunidade. Esse registro nos vem pela lembrança da presidente da entidade, Maria Teresa Barbosa da Silva, que começou a participar das obras da creche quando ela funcionava de forma improvisada em um barracão, atendendo 45 crianças necessitadas. Convidada para assumir a direção por dois anos, Maria Teresa foi ficando, cuidando dos pequenos por mais de doze anos, ampliando as instalações e hoje abrigam 80 crianças em período integral. A motivação da dirigente é a mesma que incentivou padre Lucio Floro, que incentiva padre Marco: a vontade de servir as famílias que precisam tanto desse apoio.

“Nosso trabalho é gratificante porque nós trabalhamos não só o pedagógico dessas crianças, mas procuramos destinar a elas as orações, as virtudes. Depois que as crianças saem daqui, vão para a escola e nós temos relatos de professoras que dizem que nossas crianças têm um diferencial, porque nós ensinamos que existem várias portas e elas podem escolher as que serão melhores.

“Essas crianças são muito carinhosas e é uma troca de energia muito boa. Nós sentimos grande alegria com a alegria deles e é muito reconfortante saber que estamos dando um pouquinho do nosso tempo para alguém.”

Maria Estela Marques de Oliveira, vice-presidente e voluntária

Eu digo que sou

privilegiada, já que faço o que eu gosto, trabalho em um lugar

onde eu gosto. É muito gratificante.” Marília Pessoa Marchiori Guimarães, coordenadora pedagógica

Creche Padre Lucio Floro Local: Rua Dr. Carlos Alberto Curado, nº 105 Morro do José Menino- Santos (SP) Fundação: 1988 Contato: (13) 3225-3063 Programa exibido em: 04/10/09

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Lição deVida Projeto Cubatão Sinfonia

Música abrindo caminhos Oferecer uma nova perspectiva a adolescentes por meio da musicalidade é a gota que faltava no oceano dos jovens da comunidade carente da Cota 200, em Cubatão (SP). A música abre portas, apresenta novas oportunidades, faz nascer sonhos. Reginaldo Fernandes dos Santos, 15 anos, sonha ser baterista, graças à oportunidade que tem de estar em contato com o universo musical. Em um ano e meio participando do projeto, aprendeu flauta transversal, violão, bateria e vários instrumentos de percussão. Mas o rapaz garante que a coisa mais importante que aprendeu no Cubatão Sinfonia foi conviver com outras pessoas. “Aqui é uma família. A gente deve ter um entrosamento legal e aprende a conviver com o próximo, mesmo com dificuldades”, diz Reginaldo, que garante que com essa experiência fez mais do que amigos – conquistou irmãos. “No projeto a gente muda o modo de pensar, consegue ter visão além do que pensava ser, vê uma possibilidade de trabalho”. Para o rapaz, a música entrou em sua vida definitivamente. Entre seus sonhos de futuro, a música tem destaque especial – Reginaldo quer ser baterista profissional. Ter a música como profissão também é o sonho de Leila Cristina Mange Vilela, 17 anos, aluna do projeto. Sua paixão há um ano e meio é o violino. “Sempre gostei de música, mas não tinha lugar para aprender. Abriram essa oportunidade pra gente”. Entre as mudanças que a música provocou na vida da moça, está a vontade de cursar faculdade, que aumentou bastante. “Agora quero ser violinista profissional”. Leila mostra que tem competência e garra para alcançar esse sonho quando se posiciona com o violino, avisa que vai tocar a primeira música que aprendeu e emociona tirando das cordas o belo som da Nona Sinfonia de Beethoven.

“Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor.” Madre Teresa de Calcutá, religiosa macedônia, naturalizada indiana


Paulo Alexandre Barbosa

Cubatão tem uma vocação artística forte em várias áreas, inclusive na música, com diversos grupos musicais. Percebendo que os trabalhos voltados à população carente concentravam-se no centro da cidade, Eder Crispim, com outros membros da Associação de Músicos da Banda Sinfônica, decidiu criar um projeto para uma população que não tivesse esse benefício. “Fizemos o projeto, encaminhamos para Brasília, foi aprovado pela Lei Rouanet e fomos atrás de patrocínio”. Com o patrocínio em mãos, o grupo procurou um bairro que não contasse com atividades culturais, e escolheu a Cota 200, núcleo com mais de sete mil moradores. “Implantamos aqui com o apoio da igreja, do padre Valdeci, que cedeu a capela”, relembra Eder. As aulas são dirigidas a adolescentes de 7 a 18 anos. Eles têm teoria, prática e os que vão se adiantando passam a treinar com a orquestra. Começou com 80 alunos, foi aumentando e depois da parceria com uma escola estadual do bairro passou a 150 alunos.

“A gente conheceu essa garotada do zero, sem tocar nada. É bonito vê-los tocando agora. Eles começam as aulas

e assim que vão ficando aptos, os professores encaminham para a orquestra e a gente vai trabalhando, lapidando e eles vão tirando o melhor do instrumento. som e vão aprendendo cada vez mais.”

Com o decorrer do tempo eles vão produzindo muito mais, tirando melhor

André Farias, regente da orquestra

“Sou advogado, mas fui músico primeiro – me formei advogado tem três anos. Por conta da música consegui bolsa na faculdade. A música me abriu as portas e eu retribuo. Se eu consegui através da música o que tenho hoje, nada mais justo do que retribuir também através da música para o povo de Cubatão. É lindo ver dia de ensaio geral da orquestra: vêm as mães, irmãos, a família toda fica ouvindo, participando do ensaio. Fica um movimento bonito da comunidade em volta da igreja.” Eder Crispim, diretor artístico Projeto Cubatão Sinfonia Local: Avenida Principal- 1016- Cota 200- Cubatão (SP) Fundação: 2008 Contato: (13) 3372-4859 Site: www.cubataosinfonia.org.br Programa exibido em: 18/10/09

“Essa comunidade tem que agradecer o trabalho dessas pessoas. Esse projeto é muito importante e eu gostaria que tivesse em todo país. Nós vemos os jovens entusiasmados com o projeto e é bom porque eles ficam ocupados e quem sabe um dia sai um músico importante daqui.”

Evaristo Vieira Neto, presidente da sociedade de melhoramentos da cota 200

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Lição deVida Associação Beneficente Maria da Paz

Bondade sem fronteiras Maria da Paz de Carvalho é o exemplo vivo de que ajudar o outro nunca é demais e a prova de que a bondade não tem fronteiras. A mulher, que veio da Paraíba, trouxe ao litoral de São Paulo toda sua capacidade de fazer o bem, realizando há mais de 30 anos um amplo trabalho social. O instinto de ajudar aflorou cedo, aos 12 anos, quando ajudava o pai a levar água e comida aos flagelados do sertão da Paraíba, no lombo de um burro. E não parou mais. Quando casou, foi morar em São Vicente e ajudava as pessoas carentes costurando enxovais para hospitais. Os filhos foram crescendo e ela achou que fazer só enxoval era pouco. Um dia, em um hospital, conheceu uma mãe com filho especial e decidiu trabalhar com eles. “Vi que as mães precisam de ajuda. Tem dia que não é só alimento; elas precisam de uma palavra, um acompanhamento, alguém que converse e dê carinho.” E Maria da Paz espalha carinho nas comunidades extremamente carentes que visita. Vai de casa em casa levando comida, ajuda, conforto e esperança. O trabalho cresceu, a entidade conquistou sua sede, mas ela continua o trabalho de porta em porta em comunidades mais distantes. Dedicada de coração, fala emocionada de cada grande conquista: “A Daiane não andava e não falava e passou a falar. Foi uma grande realização. Teve também outro caso aqui na rua que a criança não falava nem andava e hoje fala mais do que eu. É uma satisfação enorme e dá força para continuar trabalhando. O melhor é o carinho que eles têm por mim. É uma satisfação saber que eu sou importante para eles.”

“Na caridade não há excessos.” Francis Bacon, filósofo inglês


Paulo Alexandre Barbosa

Maria da Paz fazia o trabalho de rua, quando em 2004, a associação conquistou a sede, podendo ampliar seu atendimento. A entidade distribui alimentos, remédios e oferece auxílio jurídico e médico à população carente. Na sede, as mães que levam os filhos para serem atendidos também participam, fazendo trabalhos. O material produzido é vendido, revertendo o valor para as mães. O depoimento e experiência das mães são a melhor demonstração da história e atuação da entidade.

“Conheço Maria da Paz há 18 anos. Ela fazia trabalho na rua ainda, levando de

“Conheço a Maria há 10 anos. Para mim foi

porta em porta alimento que faltava para

muito com

famílias, inclusive para mim, que tenho três

– os gêmeos Fabiano e Fabio e Antonio. Ela foi muito importante na minha vida. Quando eu estava passando por uma dificuldade terrível que ninguém imagina, essa mulher veio e me levantou a mão. Eu estava com depressão, tentei ate o suicídio; ela veio e me levantou. Sabe o que é você estar em casa e a Companhia de Força e Luz arrancar teu relógio de luz? Ela arrumou recursos e pagou minha conta. Ela chegava 7 horas da manhã na minha casa com comida, com gás. Eu devo muito a ela. Meus filhos até hoje têm assistência dela. Ela aposentou um dos meus filhos, outro está em andamento. Essa mulher para mim é tudo; não só para mim, mas para o bairro todo. E ela não ajuda só a mim que tenho filho especial não. Ela ajuda muitas pessoas carentes da favela. Mudou a minha vida e a vida de muita gente. Você vai na favela e todo mundo a conhece. Apesar da idade, ela é minha mãe branca.” Rosilda Monteiro da Silva, cuja família é assistida pela filhos especiais o

sempre de grande valia porque ela me ajudou

Evanderson e as dificuldades que Eu conheci a entidade quando estava no ponto de ônibus com ele no colo para levar ao tratamento. Parou um carro perto de mim, o rapaz perguntou para onde eu ia e quis saber se eu não tinha condução. Oferecendo uma carona, ele me falou do trabalho da Maria da Paz e me deu um cartão. Liguei quando ele tem.

cheguei em casa e no outro dia ela veio me conhecer, conhecer o

Evanderson e estaEla sempre me

mos juntas esse tempo todo.

ajudando, amparando nas minhas dificuldades - que não são poucas. Ela já me ajudou com tudo que se pode imaginar. Ajudou com a aposentadoria que eu não conseguia, arrumando coisas para casa. Nós morávamos em uma casa muito ruim e ela me ajudou com material de construção.

Ela doa alimentos, roupas e

coisas básicas que a gente precisa.”

Lindalva Maria de Oliveira Rodrigues, mãe de seis filhos, entre eles Evanderson, que é assistido pela entidade

entidade

Associação Beneficente Maria da Paz Local: Avenida Dr. Esmeraldo Soares Tarquínio de Campos Filho, nº 50 Parque das Bandeiras- São Vicente (SP) Fundação: 1999 Contato: (13) 3576-8606 Site: www.associacaomariadapaz.com.br Programa exibido em: 25/10/09

“Quando a Maria José chegou não tinha nem coordenação motora na mão para movimentar o pincel. Foi melhorando, tendo mais coordenação. A pintura virou uma terapia e tornou-se diversão. É uma satisfação quando chega alguém com mais dificuldade e vemos a pessoa superar.

A Maria José tem dificuldade Ela

em andar, mas se esforça, vem toda aula. é um exemplo.

Tem gente que não tem doença e Tem gente que tem saúde e não tem coração. Ela é uma lição de vida.” Vaudeir Pereira da Silva (Déia), professora de artesanato não tem coragem de fazer alguma coisa.

“Essa associação caiu do céu para mim. Tá mudando muito minha vida. Eu comecei fazendo fisioterapia e hoje estou pintando tecido, fazendo estamparia. Faço coisas bonitas.” Maria José, que sofreu dois acidentes vasculares cerebrais e é aluna da oficina de artesanato

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Lição deVida Creche Menino Jesus

Educação por um mundo melhor A educação é o grande elemento transformador da sociedade. Se quisermos transformar a comunidade, vivermos num mundo melhor, nós precisamos investir na educação, na formação. Foi essa lição que o monsenhor Francisco das Dores Leite, o padre Chiquinho, aprendeu em casa e procura realizar com as crianças da creche, oferecendo não apenas comida e abrigo, mas ensinamento. A caridade é herança de berço, deixada pelo pai e pela mãe do padre, que ensinaram com o exemplo de vida, de frequência diária à igreja e de dedicação em ajudar ao próximo de forma desinteressada. “Minha mãe teve 11 filhos, nunca teve empregada – morreram dois bebês. Dos nove que sobreviveram, quatro são sacerdotes, uma é religiosa e quatro são casados. É bom ter irmãos de sangue que são sacerdotes”, exulta Chiquinho. A dedicação dos filhos a cuidar do próximo é a frutificação do amor pela humanidade, plantada pelo casal, e o padre sente-se feliz em fazer parte da família que segue esses preceitos. Ele comemora também a bela obra da creche, resultado de um amor que se multiplica e envolve os paroquianos, que tornam a iniciativa possível, permitindo que atenda diversas famílias. “Essa creche é tão antiga, foi a primeira, tanto que era a única em toda a região e atendia a necessidade que existe em toda a cidade. Antigamente as crianças tinham o privilégio de não existir creche, como eu tive, como diz a atual direção da creche, a instituição é sempre uma muleta, um mal necessário. Melhor seria que a mãe pudesse acompanhar pessoalmente a criança no lar. Como isso não acontece, porque é uma necessidade dos tempos modernos, nós temos absoluta necessidade de casas, equipes que atendam com amor, eficiência a essa necessidade da formação das crianças”, opina monsenhor Francisco. “Tenho a impressão que é como Jesus quer, atendendo justamente aos mais necessitados.”

“Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos.” Pitágoras, filósofo grego CRECHE MENINO JESUS Local: Rua Napoleão Laureano, nº 51 Marapé- Santos (SP) Fundação: 1970 Contato: (13) 3239-4047 Programa exibido em: 8/11/09


Paulo Alexandre Barbosa

A Creche Menino Jesus atende 185 crianças de 0 a 6 anos, sendo 150 em período integral e 35 parcial. O trabalho segue a grande marca da paróquia, que é cuidar das crianças e jovens em nome de Deus. E foi justamente a intervenção divina que marcou a história da entidade, na passagem relatada pelo tesoureiro da creche, Alberto Pereira Guedes, esposo da presidente Vilma. “Aconteceu uma história em 1993 que me motivou a ficar muito mais tempo aqui. Nós tivemos essa creche invadida por vândalos, que praticamente não levaram nada, mas arrombaram todas as portas. Fizemos um orçamento e o conserto ficou em 60 milhões de cruzeiros (moeda corrente da época). Fui falar com a Mirta Diocesana, mas eles não podiam ajudar. Eu e minha mulher tínhamos esse dinheiro numa poupança que fizemos em 83, com a venda de uma Kombi zero km que nós tínhamos. Naquele tempo a poupança rendia 40, 50, 60% e nós usávamos um pouco daquele dinheiro. Em 93, nós tínhamos 70 milhões de cruzeiros nessa conta. Aí eu cheguei para minha mulher e falei que a gente ia ter que fazer o conserto com nosso dinheiro próprio. Demos 30 milhões de entrada e no mês de junho demos outros 30 milhões. Todo o sábado nós íamos fazer compras para a creche, mas nessa semana minha mulher quebrou o pé e não conseguimos ir. Eu fui trabalhar e quando cheguei em casa, a minha mulher estava com a irmã e elas estavam brancas. A minha mulher disse assim: ‘Tu não sabe. Veio aqui uma pessoa e deu um grande donativo’. Eu falei: ‘Ah, vai ver que o cara deu 60 milhões’. Ela disse espantada: ‘Então você já sabia?’ Eu tinha falado brincando, mas o cara deu 60 milhões pra creche mesmo. Imagina você gastar 60 milhões e quando acaba de pagar a dívida, recebe os 60 milhões de volta. Não tem a mão de Deus nisso?”.

“Você se torna tio, pai, avô de 185 crianças. É um negócio fantástico. E isso é o melhor no seu íntimo. É a satisfação de você servir, porque da forma que a gente serve, se você perceber, no fundo é você quem está sendo servido, porque o bem que você faz a alguém, se começar a meditar mais na frente, vai verificar que esse bem você está fazendo pra si mesmo.” Alberto Pereira Guedes, tesoureiro da creche

“Meu marido era diretor aqui no tempo da outra presidente, que precisou sair e ele ficou sem opção e pediu pra eu assumir. Eu não sabia nada de creche - apenas ajudava nos ‘chás’. Mas já pertencíamos à comunidade, então o padre Chico me colocou aqui e estou há 26 anos e devo estar por aqui até quando Deus quiser.” Vilma Dias Guedes, presidente

“As famílias sadias podem realmente projetar um futuro melhor para a humanidade. Os lares com grandes problemas, em geral, deixam marcas e, às vezes, deixam traumas tão delicados que é triste a gente acompanhar uma vida que nasce em uma situação assim, infeliz dentro de casa. Por isso é importante cuidar bem dos filhos, criar um ambiente gostoso, para preparar alguém que vai ser importante para a sociedade, mais como Deus quer, mais feliz. O reino de Deus precisa de famílias que sejam felizes, normais, equilibradas.” Monsenhor Francisco das Dores Leite, padre Chiquinho, pároco da Igreja São Judas Tadeu

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Lição deVida Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça

Referência em responsabilidade social Nossos gestos e nossas ações é que vão deixar nossa marca na história. Oswaldo Ribeiro de Mendonça fez o que podia para ajudar a construir um país melhor e os reflexos de suas ações aparecem até hoje no trabalho que teve continuidade com sua filha, Josimara Ribeiro de Mendonça Camargo, presidente da entidade. Ela acredita que a preocupação social foi herança do pai, sempre atento às obras assistenciais da região. “Tudo começou quando meu pai trabalhava em Orlândia, beneficiando sementes, e ele quis voltar à cidade natal porque ele queria retribuir à sociedade tudo aquilo que Deus tinha lhe dado. Ele queria dar esse presente à cidade natal”, relembra Josimara. Voltando a Ipuã, Oswaldo foi procurar o prefeito para saber as necessidades do município e, dando uma volta pela periferia, descobriu a resposta ao presenciar uma triste cena. “Ele viu uma criança amarrada numa coleira, numa mesa e com o prato de comida no chão, como se fosse um animal. As mães precisavam trancar seus filhos em casa para poder trabalhar, por isso ele montou a creche, para que as mães pudessem trabalhar.” Em 1978, Oswaldo fundou a creche Armanda Malvina de Mendonça, que foi se multiplicando em ações sociais na região, seguindo o caminho que sua empresa, o grupo Colorado, fazia, abrangendo cidades de Orlândia, Guaíra, Miguelópolis, Ipuã e Sales de Oliveira.

Divulgação

“Somos responsáveis por aquilo que fazemos, o que não fizemos e o que impedimos de fazer.” Albert Camus, escritor francês


Paulo Alexandre Barbosa

O grupo Colorado está à frente do Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça promovendo arte, cultura, leitura, esportes, ações sociais e educação para crianças e adolescentes, demonstrando a importância da atuação da iniciativa privada na área social. Dentre os projetos desenvolvidos pela instituição, destaca-se o Usina da Dança, que envolve crianças de 7 a 17 anos em aulas de jazz, ballet contemporâneo, sapateado, teatro e música. O sucesso dessa iniciativa foi reafirmado com a conquista de prêmio internacional, com o primeiro lugar na modalidade ballet de repertório e segundo na modalidade jazz na 20ª. edição do Barcelona Dance Awards. O instituto tem ainda a Casa da Criança Armanda Malvina de Mendonça, em Ipuã, que abriga desde 1978 crianças que recebem educação complementar; a Cidade dos Meninos Oswaldo Ribeiro de Mendonça, que atende mais de 600 crianças de Guairá; o Centro Cultural e Poliesportivo; a casa do Menor Ragih Moisés, também de 1978, em Miguelópolis e a Casa da Criança Oswaldo Ribeiro de Mendonça, na mesma cidade. Há também o projeto Rede Social para auxiliar a comunidade e o Programa de Educação para o Trabalho, entre outras ações como bibliotecas e salas de leitura.

“Eu cresci com esse ambiente e em 2005 resolvi consolidar e estruturar o instituto. Daí a gente montou várias ações e projetos em todas as cidades onde o grupo Colorado atua. Eu digo sempre que é impossível viver sem se doar. Eu faço meu trabalho também como voluntária. Acho que em tempo integral eu sou voluntária, mas todas as terças-feiras eu recebo as voluntárias do instituto na minha casa, nós somos 100 voluntárias, e estamos abrangendo voluntárias de outras cidades. O voluntariado se tornou mais do que um encontro pra bordados - ele é uma integração, nós formamos uma família.” Josimara (Josi) Ribeiro de Mendonça Camargo, presidente

Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça Local: Rua 2, nº 440 B- Jardim Boa Vista- Orlândia (SP) Fundação: 2005 Contato: (16) 3826-3668 Site: www.grupocolorado.com.br (Reponsabilidade Social) Programa exibido em: 15/11/09

“O projeto mudou minha vida em praticamente tudo. Eu não sabia o que ia fazer da minha vida porque quando eu comecei tinha 14 anos - agora tenho 22 - e pra mim foi uma coisa maravilhosa já que é de onde eu tiro o sustento da minha casa. Eu trabalho, eu ganho para estar aqui. Os cursos que eu quero fazer pra melhorar, eu posso pagar com o dinheiro que eu ganho. E eu sou muito grato, porque se não fosse esse projeto eu não teria conhecido vários lugares.

Eles trouxeram a cultura até nós.” Caio César Sousa, coreógrafo, bailarino e professor do projeto

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Lição de Vida


idade Paulo Alexandre Barbosa

“Conserve-se entre vós a caridade fraterna.

Não vos esqueceis da hospitalidade, pela qual alguns, sem o saberem, hospedaram anjos. Lembrai-vos dos encarcerados, como se vós mesmos estivésseis presos com eles.

E dos maltradados, como se habitásseis no mesmo corpo com eles.” (Hb 13, 1-3)

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