Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
HÁ VITÓRIA EM CRISTO (Charles G. Trumbull) Cristo oferece a qualquer pessoa – o poder de viver vitoriosamente sobre o pecado. Estou convicto de que muitos crentes, que confiam sinceramente no Senhor Jesus Cristo como seu Salvador pessoal, e que por isso mesmo estaã o regenerados, apesar de tudo encontram-se presos e em paralisia, pois ainda naã o compreenderam a maravilhosa oferta de nosso Senhor. Estaã o paralisados, por pensarem erroneamente, como eu pensava, que a noó s eó que compete fazer aquilo que soó Deus pode fazer. Jesus faz-nos duas ofertas: a) livrar-nos da penalidade devida pelos nossos pecados e tambeó m para b) libertar do poder do pecado. Ambas essas ofertas saã o feitas exatamente sob as mesmas condiçoã es: só podemos aceitá-las se permitirmos que Ele faça tudo. Todo crente já aceitou a primeira oferta. Mas muitos crentes ainda não aceitaram a segunda oferta de Cristo. Tal como eu fazia no passado, julgam equivocadamente que teê m algum papel a cumprir para que o pecado em suas vidas seja derrotado; que os seus esforços, sua vontade, sua determinaçaã o, fortalecidos e assessorados pelo poder de Cristo, eó o caminho da vitoó ria. Poreó m, enquanto acreditarem nesse erro estaraã o condenados aà derrota, da mesma maneira que estariam condenados a morte eterna se a sua salvaçaã o dependesse de cooperarem com Cristo a fim de que fosse paga a pena devida por seus pecados. Um dia conversando com o Dr. Scofield, este falava sobre a experieê ncia de altos e baixos de muitos crentes, que vencem um dia somente para sucumbirem ao pecado no proó ximo, confessando seus pecados e tentando obter a vitoó ria novamente, e assim passando seus dias em desencorajamento e derrota, como se fosse uma experieê ncia comum. Como aceitou o leitor a oferta de Cristo, de liberdade e isençaã o da pena imposta contra o pecado? Aceitou-a como presente gratuito. Pela fé permitiu que Ele fizesse tudo. Naã o aceitaria agora o leitor a oferta de Cristo de imediata e completa liberdade do poder de seus pecados conhecidos, sob as mesmas condiçoã es e agora mesmo? Trata-se de um milagre taã o grande quanto o milagre da regeneraçaã o. Mas eó justamente essa a oferta que Cristo nos faz agora e aqui mesmo – libertaçaã o imediata e completa de todo o poder de pecados conhecidos.
1
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
“Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” (Bíblia, I Romanos 8:2) Naã o me compreenda mal. Naã o estou falando de qualquer ideia equivocada sobre perfeiçaã o. Naã o eó possíóvel, a qualquer pessoa, ter uma transaçaã o tal que possa afirmar: "Nunca mais poderei cometer um pecado". Esse milagre eó sustentado e continuado, em nossas vidas, somente quando, momento a momento, exercemos feó em nosso Salvador, para receber uma vitoó ria de momento a momento sobre o poder do pecado. Mas eis que Ele mesmo nos daraó essa feó , e continuaraó a alimentar essa feó em noó s, momento a momento. Podemos e devemos "confiar a Ele a nossa confiança".
QUAIS SÃO AS CONDIÇÕES PARA ESSA VIDA VITORIOSA?
Somente duas, e saã o muito simples. Rendição e fé. "Abandone todo esforço pessoal e entregue-se a Deus." Alguns crentes ainda naã o se renderam incondicionalmente ao domíónio de Jesus Cristo. Conforme disse o Sr. McConkey, jaó renderam seus pecados a Cristo, mas naã o sua vontade. Se na sua vida, neste momento, houver qualquer coisa que saiba estar refreando o Senhor, naã o deseja entregar agora tudo em Suas maã os? Naã o quer dizer-lhe, agora mesmo, que se volta para Ele, para o tempo e a eternidade, entregando tudo quanto possui e eó , para que Ele controle completamente e use tudo conforme Seu querer? Cada haó bito da vida, cada ambiçaã o, cada esperança, cada ente querido, cada possessaã o, e sua proó pria pessoa, prezado leitor – todas essas coisas precisam ser entregues a Ele, se Ele tiver de ser naã o soó o seu Salvador, mas tambeó m a sua Vida. Este é o primeiro passo, á primeira das duas condições. Mas isso ainda naã o eó tudo. Talvez se tenha rendido dessa maneira haó longo tempo, e agora se admira por qual razaã o naã o obteve a vitoó ria pela qual ansiava. A razaã o disso eó que a vida submissa naã o eó necessariamente a vida vitoriosa. Naã o haó vitoó ria sem rendiçaã o, mas pode haver rendiçaã o sem vitoó ria. Talvez tenhamos abandonado todo esforço pessoal, poreó m, se naã o tivermos entregue a Deus o controle de nossas vidas, entaã o a derrota seraó inevitaó vel. Talvez naã o tenhamos ainda entendido que a operaçaã o da vitoó ria tem de ser completa e exclusivamente obra de Deus. Pois depois de nos havermos entregue completamente, sem reservas, ao domíónio do Senhor Jesus Cristo, entaã o resta que nos lembremos que imediatamente tudo se toma responsabilidade d’Ele. E digo-o com toda a revereê ncia – daíó para diante seraó Seu dever manter-nos longe do poder do pecado. E Ele mesmo se comprometeu que assim faria, em Sua Palavra. "Porque o pecado naã o teraó domíónio sobre voó s; pois naã o
2
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
estais debaixo da lei, e, sim, da graça" (Bíóblia, Romanos 6:14) "A minha graça te basta… " (Bíóblia, 2 Coríóntios 12:9) Dessa maneira vemos que nosso Senhor tem esperado por noó s, naã o para que oremos pedindo a Ele a vitoó ria, mas para que O louvemos pela vitoó ria recebida. Muitos crentes submissos adiam e impedem a vitoó ria em suas vidas orando pela mesma, ao passo que Jesus espera que eles O louvem pela vitoó ria e graça jaó garantida. Ele nos declara que Sua graça jaó nos eó suficiente, e que nossa parte consiste simplesmente de aceitarmos a Sua palavra, dizendo: "Agradeço-Te muito, meu Senhor."
Por conseguinte, reivindiquemos todo o bendito milagre da Vida Vitoriosa agora mesmo, dizendo juntos esta simples sentença, sob oraçaã o, pensativamente, percebendo o tremendo sentido das palavras, louvando a Deus, em nossos coraçoã es, por expressarem a verdade: "Sei que Jesus estaó satisfazendo todas as minhas necessidades agora mesmo, porque Sua graça eó suficiente para mim." A graça naã o compartilha com o homem qualquer coisa. A graça naã o eó um esforço conjunto. Graça significa "Deus faz tudo". E tudo foi realizado para noó s haó dezanove seó culos, muito antes de nascermos. A graça exclui as nossas proó prias obras, pelo menos no que tange a compartilhar da obra que a graça realiza. "Mas ao que naã o trabalha, poreó m creê naquele que justifica ao íómpio, a sua feó lhe eó atribuíóda como justiça." (Bíóblia, Romanos 4:5) "Graças a Deus que nos daó a vitoó ria por intermeó dio de nosso Senhor Jesus Cristo." (Bíóblia, 1 Cor. 15:57) Falamos muito sobre a graça de Deus, no entanto nos esquecemos do facto que a Vitoó ria nos eó dada. Ningueó m precisa trabalhar para receber um presente nem tem algueó m de participar da compra de um presente que lhe eó oferecido. A fé de que precisam, para obter a vitória, é a mesma fé que exercem para sua salvação." Louvado seja Deus! Se voceê acredita em Jesus, como seu Salvador, entaã o jaó possui toda a feó que necessaó ria. Basta que o crente use a feó de que jaó eó possuidor. De certa feita nosso Senhor repreendeu os discíópulos, quando Lhe rogaram que lhes aumentasse a feó . "Aumentaó -la, para queê ?" como que perguntou Ele. "Ora, a feó do tamanho de um graã o de mostarda eó tudo que eó preciso."
3
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
Se tivermos fé em qualquer grau – e com isso quero dizer, se cremos que Deus eó fiel – entaã o, calmamente, cessemos de nossas proó prias obras e esforços na tentativa de conseguir a vitoó ria. Segundo algueó m jaó disse, não estamos lutando para obter a vitória; mas estamos celebrando a vitória que já foi ganha para nós. Cristo eó muito mais do que uma promessa: Ele eó um facto, a Rocha eterna sobre a qual podemos descansar sossegados em tudo. A graça de Deus eó Cristo; e a graça de Deus, em Jesus Cristo, nos eó suficiente. Quer o leitor agradecer ao Senhor Jesus, agora mesmo, pela vitoó ria que Ele lhe deu?
A VIDA QUE VENCE Em minha experieê ncia pessoal, destaco treê s necessidades conscientes que tinha: 1) Havia grande flutuação em minha vida espiritual, em minha proximidade consciente de comunhaã o com Deus. Algumas vezes eu me encontrava em altos níóveis espirituais; mas noutras vezes meu níóvel era muito baixo. Mantinha-me em alto níóvel espiritual – por algum tempo – e Deus parecia-me muito proó ximo, e minha vida espiritual parecia-me profunda. Mas naã o perdurava muito. Algumas vezes, mediante uma uó nica falha perante a tentaçaã o, e de outras vezes, mediante a queda gradual, as minhas melhores experieê ncias espirituais davam em nada; e assim acabava encontrando-me em níóveis mais baixos. E esses níóveis mais baixos saã o lugares perigosos para qualquer crente, conforme Satanaó s me fez perceber por muitas e muitas vezes.
2) Outra falha consciente em minha vida consistia nas reincidências perante os pecados habituais. Em certos pontos de minha vida eu naã o estava a lutar um combate vitorioso. Todavia, se Cristo fosse incapaz de dar-me a vitoó ria, para que serviam minhas crenças cristaã s e minha profissaã o de feó ? Eu naã o andava atraó s da perfeiçaã o impecaó vel, mas cria que poderia ser capacitado a ser vencedor em certos aspectos, de maneira habitual, ou melhor, de forma permanente, ao inveó s de obter vitoó rias incertas e interrompidas, de mistura com derrotas esmagadoras e humilhantes. E no entanto eu costumava orar taã o fervorosamente pela libertaçaã o; mas a libertaçaã o habitual jamais me fora concedida.
4
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
3) Uma terceira falha consciente dizia respeito ao poder dinâmico e convincente que eó capaz de operar mudanças milagrosas nas vidas dos homens. Eu estava envolvido em febricitante atividade cristaã – e assim tinha sido desde que eu chegara aos quinze anos de idade. Falava com as pessoas, uma por uma, sobre a necessidade de se entregarem ao meu Salvador! Mas naã o estava vendo resultados. De vez em quando podia ver algum resultado, para naã o faltar com a verdade, mas naã o muito. Eu naã o via vidas remodeladas, revolucionadas por Cristo, em resultado dos meus labores; mas a mim parecia que assim deveria ser. Outros homens obtinham esses resultados; por que naã o eu? E me consolava com a velha desculpa (tantas vezes empregada pelo diabo) que naã o competia a mim ver os resultados; que eu poderia entregar isso, com segurança, nas maã os do Senhor, contanto que eu desempenhasse a parte que me toca. Mas isso naã o me satisfazia, e algumas vezes eu me sentia desolado por causa da esterilidade espiritual de meu serviço cristaã o. Tinha começado a perceber que determinados homens, que eu considerava extremamente abençoados no seu serviço cristaã o, pareciam ter um conceito ou conscieê ncia de Cristo como eu jamais tivera – muito aleó m, maior e mais profundo do que qualquer pensamento de Cristo que eu jaó tivera. Rebelei-me perante a sugestaã o, quando ela subiu pela primeira vez aà minha mente. Como poderia algueó m ter uma melhor ideia de Cristo do que eu? (neste momento estou simplesmente expondo os pensamentos da minha mente e coraçaã o entorpecidos, naquele tempo). Porventura eu naã o cria em Cristo e naã o O adorava como Filho de Deus e igual a Deus? Naã o O tinha aceitado como meu Salvador pessoal haó mais de vinte anos antes? Naã o acreditava que somente nEle haó vida eterna, e naã o procurava eu viver em Seu serviço, dedicando-lhe minha existeê ncia inteira? Naã o Lhe rogava constantemente que me ajudasse e guiasse, crendo que somente nEle estava toda a minha esperança? Como seria possíóvel algueó m ter um conceito de Cristo superior ou melhor que o meu? Eu sabia que precisava servi-lo muito melhor do que jaó tinha feito ateó entaã o; mas naã o podia admitir que eu precisava de um novo conceito acerca d’Ele. “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministeó rio, para edificaçaã o do corpo de Cristo; Ateó que todos cheguemos aà unidade da feó , e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, aà medida da estatura completa de Cristo” (Bíóblia, Efeó sios 4:12;13) “Para mim o viver eó Cristo” (Bíóblia, Filipenses 1:21) Percebi pela primeira vez que as muitas refereê ncias, existentes no Novo Testamento, que saã o feitas a Cristo em voó s, e voó s em Cristo, Cristo como nossa vida, e noó s permanecendo em Cristo, saã o declaraçoã es literais, reais e naã o figuras de linguagem. Como o deó cimo quinto capíótulo do evangelho de Joaã o estremeceu de vida nova, quando o li novamente:
5
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai eó o viticultor. Toda vara em mim que naã o daó fruto, ele a corta; e toda vara que daó fruto, ele a limpa, para que deê mais fruto. Voó s jaó estais limpos pela palavra que vos tenho falado. Permanecei em mim, e eu permanecerei em voó s; como a vara de si mesma naã o pode dar fruto, se naã o permanecer na videira, assim tambeó m voó s, se naã o permanecerdes em mim. Eu sou a videira; voó s sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse daó muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer…” “Para que, segundo as riquezas da sua gloó ria, vos conceda que sejais robustecidos com poder pelo seu Espíórito no homem interior; que Cristo habite pela feó nos vossos coraçoã es, a fim de que, estando arraigados e fundados em amor, possais compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios ateó a inteira plenitude de Deus. Ora, aà quele que eó poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleó m daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em noó s opera, a esse seja gloó ria na igreja e em Cristo Jesus, por todas as geraçoã es, para todo o sempre. Ameó m.” (Bíóblia, Efeó sios 3:16-21) “Jaó estou crucificado com Cristo; e vivo, naã o mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na feó no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Bíóblia, Gaó latas 2:20) “Porque para mim o viver eó Cristo, e o morrer eó lucro.” (Bíóblia, Filipenses 1:21) O que desejo dizer eó isto: Eu sempre soubera que Cristo eó o meu Salvador; mas considerava-O como um Salvador externo, algueó m que preparara para mim uma salvaçaã o exterior, por assim dizer; algueó m que estava pronto para postar-se ao meu lado, ajudando-me em tudo que necessitasse, concedendo-me poder, forças e libertaçaã o. Mas agora eu experimentava algo muito melhor do que isso. Finalmente entendi que Jesus Cristo estava realmente e literalmente no meu íóntimo. E mais ainda do que isso, Ele fundara-se na minha vida, colocando-me em uniaã o consigo mesmo – meu corpo, minha mente e meu espíórito – apesar de eu ter ainda a minha proó pria identidade e livre arbíótrio e plena responsabilidade moral. Porventura isso naã o era melhor do que teê -lo meramente como um auxiliar, ou um Salvador externo – ter a Jesus Cristo, Deus Filho, como minha proó pria vida? Isso significava que jamais precisaria novamente de rogar-Lhe que me ajudasse, como se eu e Ele fossemos pessoas diferentes. Meu corpo, mente, vontade e espíórito eram d’Ele, e naã o meramente pertencente, mas uma parte (literalmente) d’Ele. A uó nica coisa que Ele me pedia para reconhecer era: "Estou crucificado com Cristo; logo, jaó naã o sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim..." “Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com ele.”
6
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
“Ora, voó s sois corpo de Cristo, e individualmente seus membros.” (Bíóblia, 1 Coríóntios 6:17, e 12:27) Existe uma vida vencedora: é a vida de Jesus Cristo. E ela pode ser a nossa vida se Lhe solicitarmos, se Lhe permitirmos que venha, que nos ocupe, que nos encha de Si mesmo com a "plenitude de Deus" – em submissaã o absoluta e incondicional, rendendo nossa vontade aà Sua, fazendo-O Senhor das nossas vidas, e naã o apenas nosso Salvador. Naã o imagine que estou sugerindo alguma teoria equivocada, mal equilibrada, de que quando uma pessoa recebe Cristo como plenitude da sua vida, que naã o possa mais pecar. Pois a "vida que eó Cristo" deixa intacto o nosso livre arbíótrio com esse livre arbíótrio podemos resistir a Cristo. A minha vida, desde a nova experieê ncia da qual estou a falar, tem registrado alguns desses pecados de resisteê ncia, contudo tenho aprendido que a restauraçaã o, apoó s a queda, pode ser sobrenaturalmente bem-aventurada, instantaê nea e completa. Também tenho aprendido que, ao confiar em Cristo ao render-me a Ele, não há necessidade de lutar contra o pecado. Existe uma completa libertaçaã o do poder e ateó mesmo do desejo de pecar. Tenho aprendido que essa liberdade, esse mais do que vencer, se manteó m mediante o simples facto de que reconheço que Cristo eó a minha vida, purificadora e reinante. As treê s grandes necessidades ou falhas das quais falei no iníócio deste capíótulo saã o, assim, miraculosamente satisfeitas. 1) Haó um companheirismo com Deus totalmente diferente e infinitamente melhor do que qualquer coisa que o crente poderia ter conhecido em toda a sua vida, antes disso. 2) Haó um tipo inteiramente novo de vitoó ria, vitoó ria pela liberdade, sobre certos pecados habituais – os velhos pecados que me costumavam perseguir e fazer naufragar – uma vez que o crente confie que recebe essa libertaçaã o de Cristo. 3) E, finalmente, os resultados espirituais no serviço cristaã o concedem ao crente um acumulo taã o grande da alegria celestial como nunca pensara ser possíóvel aà face da terra. No meu caso, seis de meus mais íóntimos amigos, a maioria deles crentes maduros, naã o tardaram em ter as vidas totalmente revolucionadas por Cristo, tendo-se valido d’Ele dessa maneira, recebendo-o como toda a plenitude de Deus. Jesus Cristo não quer ser apenas nosso auxiliar; mas quer ser a nossa própria vida. Ele não quer que trabalhemos para Ele. Mas quer que permitamos que Ele realize Suas obras por nosso intermédio, usando-nos como um dos dedos da Sua mão. Quando a nossa vida não somente pertence a Cristo, mas é o próprio Cristo, então será uma vida vitoriosa; pois Ele não pode falhar. E uma vida vitoriosa é uma vida produtora de fruto, uma vida pronta para servir.
7
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
E essa frutificação e esse serviço, habitual e constante, devem ser realizados mediante a fé em Cristo. As condiçoã es para que algueó m receba a Cristo como plenitude de vida, saã o simplesmente duas – naturalmente depois de termos aceite Cristo como nosso Salvador pessoal, aquele que levou sobre Si mesmo os nossos pecados, livrandonos da culpa e das consequeê ncias de nosso pecado: 1) Rendição absoluta e incondicional a Cristo, como Senhor de tudo quanto somos e de tudo quanto possuíómos, dizendo a Deus que agora estamos prontos a permitir que Sua vontade toda se manifeste em nossa vida, em cada particularidade, sem importar o preço disso. 2) Certeza confiante de que Deus nos libertou inteiramente da lei do pecado (ver Romanos 8:2) – naã o que Ele faraó isso, mas sim que jaó o fez. EÉ justamente desse segundo passo, o calmo ato de feó , que tudo depende agora. A feó deve confiar em Deus apesar da total auseê ncia de sentimentos e evideê ncias, porquanto a Palavra de Deus eó mais segura, melhor e mais certa que qualquer outra evideê ncia. Compete a noó s dizer, em feó firme e inabalaó vel, e ateó mesmo cega, se assim se tornar necessaó rio: "Sei que meu Senhor Jesus estaó satisfazendo agora mesmo todas as minhas necessidades (ateó mesmo minha falta de feó ), porque a Sua graça eó suficiente para mim."
Naã o nos esqueçamos, poreó m, que o proó prio Cristo é melhor que qualquer de Suas bênçãos. Cristo cria poder espiritual; mas Cristo eó melhor do que esse poder. Ele eó O melhor que Deus tem para oferecer, e podemos receber, rendendo-nos a Ele de forma taã o total e em tal abandono de noó s mesmos que naã o mais noó s viveremos, mas Cristo eó que viveraó em noó s. Estaó s disposto a aceitaó -lo assim?
VITÓRIA REAL OU SIMULADA? Estou certo de que muitos crentes que receberam a Jesus como seu Salvador, que nasceram de novo e passaram da morte para a vida, são, no entanto, iludidos dia a dia por uma vitória simulada, ao passo que Deus quer que conheçam experimentalmente o que é a verdadeira vitória. Posso falar com profundo sentimento sobre isso, pois vivi quase ateó aos quarenta anos de idade (apoó s ter vivido por mais de vinte e cinco anos como um crente sincero) sem saber o que significa a vitoó ria auteê ntica, aceitando, durante todos esses anos, apenas uma vitoó ria simulada – embora fosse um ativo obreiro cristaã o – como substituto da vitoó ria real. Nosso Senhor de certa feita disse a alguns judeus que tinham a certeza de estarem com toda a razaã o:
8
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
"Em verdade, em verdade vos digo: Todo o que comete pecado eó escravo do pecado… Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (Bíóblia, Joaã o 8:34-36) E novamente, o mesmo Espíórito Santo que habitava no Senhor Jesus disse a Paulo: "Porque o pecado naã o teraó domíónio sobre voó s; pois naã o estais debaixo da lei, e, sim, da graça." (Bíóblia, Rom. 6:14) E o Senhor adiciona adiante: "...a minha graça te basta..." Sim, não estamos debaixo da lei, que diz FAÇA, mas antes, estamos debaixo da graça, que diz FEITO, sendo essa a razão pela qual o pecado "...não terá domínio sobre vós..." "Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo." (Bíblia, 1 Cor. 15:57) E isso eó graça. Esse é o teste que mostra qual a vitória autêntica e qual a vitória simulada. Qualquer vitoó ria sobre o poder de qualquer pecado, na vida do crente, que eó conseguida por ele mesmo, eó um simulacro. Qualquer vitoó ria que o crente tenha procurado por si mesmo, eó simulada. Quando o crente consegue ou tenta a sua proó pria vitoó ria, ainda naã o obteve a vitoó ria auteê ntica; naã o eó isso que Deus lhe oferece. EÉ mister que o crente mude da palavra empregada – de "tentar" para "confiar"; e ningueó m pode tentar e confiar ao mesmo tempo. Tentar eó aquilo que fazemos, e confiar eó aquilo que deixamos o Senhor fazer. Na vitoó ria simulada temos de esconder os nossos proó prios sentimentos, envolve grande luta interior; e qualquer pequena vitoó ria, seraó obtida apoó s intensa luta. Oh! Sim, pedimos que Ele nos ajude, e em seguida sentimos que precisamos fazer muitas outras coisas, a fim de ajudaó -lo – como se Ele precisasse de nosso auxíólio! Por outro lado, na vitoó ria real, Ele faz tudo sozinho. Percebemos que a batalha cabe exclusivamente a Ele. Naã o eó questaã o de temperamento ou de ambiente; mas tudo depende de Jesus Cristo, e eó a Sua graça que nos eó suficiente. DÁDIVA DA VITÓRIA Todo filho de Deus, que conhece a salvação, num período ou noutro de sua vida anseia pela vitória sobre o pecado. No entanto, muitos desses filhos de Deus, infelizmente, têm desistido da esperança de obterem, neste mundo, uma vitória completa. É que erroneamente supõem que essa bênção foi prometida apenas para a vida futura. Não sabem quão simples e quão imediatamente está à sua disposição. Contudo, a grande verdade eó que muitos crentes zelosos e submissos ainda naã o conseguiram ver eó que a salvaçaã o eó um presente duplo: libertaçaã o da pena do pecado e libertaçaã o do poder do pecado. Todos os crentes teê m recebido em Cristo, como Salvador deles, a liberdade da pena que deviam pelos pecados, e receberam isso como um presente franco da parte de Deus. Poreó m, muitos crentes ainda naã o perceberam que podem, da mesma maneira, e mediante a mesma feó , no mesmo Deus e Salvador, receber
9
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
agora mesmo a libertaçaã o do poder de seus pecados, libertaçaã o essa que lhes foi conquistada pelo Salvador, na cruz, e na vitoó ria da Sua ressurreiçaã o. Embora saibam perfeitamente bem que os seus proó prios esforços nada teê m a ver com sua salvaçaã o da pena dos pecados, teê m sido iludidos pelo Adversaó rio, pensando que de algum modo, os seus proó prios esforços podem desempenhar algum papel na sua atual busca pela vitoó ria sobre o poder dos pecados. Nossos esforços naã o somente nada teê m a ver com a vitoó ria sobre o poder do pecado, como tambeó m podem impedir, e realmente impedem, tal vitoó ria. Se um homem perdido se aproximasse de Cristo e Lhe dissesse: "Quero ser salvo do castigo que mereço por os meus pecados, e deixarei que o Senhor me salve, contanto que me permita participar em algo de minha salvaçaã o, para que ambos tenhamos parte nessa obra", entaã o Cristo naã o poderia salvar tal homem. Pois a salvaçaã o eó uma daó diva; e uma daó diva naã o seraó tal se for parcialmente merecida. Exatamente da mesma maneira, em relaçaã o aà libertaçaã o do poder dos pecados na nossa vida. Pertence exclusivamente aà obra divina – e tudo quanto o homem pode fazer eó recebeê -la como um presente de Deus, naã o merecido pelo homem, mas completamente suficiente. A vida cristaã sem tal esforço, poreó m, naã o eó a vida destituíóda de vontade. Usamos nossa vontade para crer, mas naã o para exercer esforço no sentido de tentar fazer aquilo que somente Deus pode fazer. Nossa esperança de vitoó ria sobre o pecado naã o consiste de "Cristo mais os meus esforços", e, sim, de "Cristo mais o meu recebimento". Receber a vitoó ria das maã os de Ele eó ideê ntico a crer em Sua Palavra, que ensina que exclusivamente por Sua graça Ele estaó , agora mesmo, libertando-nos do domíónio do pecado. Ora, confiar nEle desse modo eó reconhecer que Ele estaó fazendo por noó s o que naã o poderíóamos fazer por noó s mesmos. A vida vitoriosa é produzida inteiramente por Cristo, e também é mantida, não por causa de nossos esforços contínuos, mas através do nosso contínuo recebimento, mediante a fé. E jamais nos esqueçamos desta simples verdade: a feó que permite a Cristo conduzir-nos aà vitoó ria e manter-nos nela, consiste simplesmente de nos lembrarmos que Cristo eó fiel; que eó responsabilidade dele e Seu dever, realizar esse milagre em nossas vidas, e que Ele jamais deixa de cumprir o Seu dever. PERIGOS DA VIDA VITORIOSA Na vida verdadeiramente vitoriosa, o crente, uma vez revestido de toda a armadura de Deus (ver Efeó sios 6: 1 l), avança protegido pelo escudo da feó , com o qual fica apto para apagar todos os dardos inflamados do maligno (versíóculo 16).
10
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
A palavra de Deus fala de modo terminante sobre quaã o completa eó a vitoó ria que deve ser a experieê ncia de cada filho de Deus que confia tal vitoó ria nas maã os de Cristo. Naã o se trata de uma vitoó ria momentaê nea e de reflexos constantes daíó por diante, e, sim, de uma vitoó ria que se prolonga de momento a momento, relacionada com o instante presente, quando o crente "afasta os olhos" de tudo o mais, fixando-os "em Jesus", o Autor e Consumador de nossa feó (ver Hebreus 12:2). Poreó m, quaã o perigosa eó essa vida! Satanaó s a odeia; pois eó uma propaganda viva e encarnada da suficieê ncia dAquele que o venceu, Jesus Cristo. Por conseguinte, confiar em Cristo para receber a vitoó ria completa equivale a ser posto na primeira linha de trincheiras do conflito cristaã o; e essa primeira linha de trincheiras eó um lugar muito perigoso quando se estaó sob o ataque do adversaó rio. Naã o existe vida taã o perigosa, neste mundo, como a vida vitoriosa, mas tambeó m naã o existe vida taã o segura. Pois onde se fazem sentir mais terríóveis os assaltos do adversaó rio, mais eficazmente se demonstra a graça do Capitaã o de nossa salvaçaã o. Alguns desses perigos saã o taã o subtis que precisamos de uma conscieê ncia sobrenaturalmente sensibilizada acerca desses perigos, se desejamos estar em segurança. A vida vitoriosa naã o eó a vida isenta de tentaçoã es; pelo contraó rio eó mais sujeita a tentaçoã es que algueó m poderia ter. Nosso Senhor foi tentado, e eis que "O servo naã o eó maior do que seu senhor..." (Bíóblia, Joaã o 13:16) Realmente, pode-se dizer com justiça que ningueó m soube ainda o que significa ser realmente tentado, enquanto naã o tiver ousado confiar em Cristo sobre a vitoó ria completa. Somente entaã o se descarregam tentaçoã es como nunca antes haviam aparecido: desesperadoras, diaboó licas, infernais, subtis, refinadas, grosseiras, espirituais, carnais – a gama inteira de todos os engodos e aviltamentos que o mundo, a carne e o diabo podem acenar aà alma de um filho de Deus. Cristo, poreó m, veê todas essas coisas e posta-se como sentinela armada de nossas vidas, protegendo-nos contra elas; a Palavra de Deus desvenda a todas, e a "espada do Espíórito" (ver Efeó sios 6:17) eó a nossa arma de confiança, tal como foi a arma brandida pelo Senhor naquelas palavras vitoriosas, por treê s vezes repetidas: "Estaó escrito..." (ver Mateus 4:4,7, 10). O segredo da vitória completa é a fé – tudo depende simplesmente de confiarmos que Jesus fez e está fazendo tudo. O crente pode entrar na vitória mediante um único ato de fé, tal como sucede na salvação. A vitória é mantida através da atitude da fé. Suponhamos, entretanto, que um crente, tendo experimentado o milagre da vitoó ria sobre o pecado, por haver confiado na suficieê ncia de seu Senhor, de algum modo chegue a duvidar dessa suficieê ncia, imediatamente a vitoó ria se interrompe e ele fracassa. E imediatamente, se esse fracasso se deveu aà incredulidade, o crente fica sob tremenda ameaça. Eis que a mentira de Satanaó s seraó sussurrada em seus ouvidos: "Voceê pecou; e isso apenas prova que nunca recebeu, a beê nçaã o que julgava ter recebido; voceê jamais viveu a vida vitoriosa." Isso eó pura mentira, naturalmente, como saã o todos os ataques de Satanaó s.
11
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
O perigo que aqui jaz eó duplo: poderemos pensar que nunca recebemos a beê nçaã o que julgaó vamos ter; ou entaã o, poderemos imaginar que agora nos seraó mister algum tempo para que voltemos a desfrutar dessa beê nçaã o. Mas nosso Senhor quer que acreditemos em Sua purificaçaã o e restauraçaã o instantaê neas. "Se confessarmos os nossos pecados, ele eó fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (Bíóblia, 1 Joaã o 1:9) Essa confissaã o pode ser proferida, no instante em que o coraçaã o se volta novamente para Deus, reivindicando a purificaçaã o prometida. Cada momento de demora, em que deixamos de confiar nEle quanto a isso, apenas agrava mais ainda nosso pecado, entristecendo e ferindo o Seu amoroso coraçaã o. Ainda que voceê falhe, grite: Vitoó ria!" Naã o com a ideia de negar a realidade do pecado, mas sim, reconhecendo o fato que Jesus naã o fracassou, e que pode haver instantaê nea e completa restauraçaã o por meio da feó em Sua suficieê ncia sem empecilhos. Existe ainda um outro duplo perigo: por um lado, a suposiçaã o que quanto mais tempo desfrutarmos da vitoó ria, mais seguros estaremos; e, por outro lado, a suposiçaã o que se nossa vitoó ria foi interrompida pelo pecado, entaã o nos tornamos mais fracos, e menos certos da vitoó ria permanente. Ambas essas ideias saã o perigosas e falazes. Tal perigo pode ser visto imediatamente, quando reconhecemos que Cristo, e Cristo somente, eó a nossa vitoó ria. Suponhamos que um de noó s viva por dez anos desfrutando de vitoó ria ininterrupta. Nesse caso, esse belo registro de dez anos em nada acrescentaraó ao poder de nosso Senhor Jesus Cristo; nem aumenta em coisa alguma a suficieê ncia de Sua graça, posto que essa suficieê ncia eó infinita. Nosso Senhor e a Sua graça saã o o mesmo ontem, hoje e para todo o sempre (ver Hebreus 13:8). Contamos com toda a Sua graça infinita operando em nosso favor e em nosso interior, a cada e a qualquer momento. Portanto, nosso contíónuo registro vitorioso nada acrescenta aà nossa certeza da vitoó ria, enquanto nada acrescenta a Cristo, posto ser Ele apenas a nossa certeza de vitoó ria. Em noó s mesmos continuamos taã o deó beis e impotentes, taã o pecaminosos e incapazes da vitoó ria, apoó s dez anos de vitoó ria ininterrupta, como eó ramos no primeiro momento depois de havermos nascido do alto, na famíólia de Deus. Nem mesmo o guerreiro veterano dessa vida vitoriosa estaó isento da possibilidade de cair na incredulidade, precipitando-se assim na derrota do pecado. EÉ necessaó rio, pois, que o crente fixe os olhos em Jesus Cristo, momento a momento, como seu uó nico Salvador, tal como todo novo convertido deve fazer, desde que entrou na vida. Algo parecido se pode dizer com relaçaã o ao fracasso: minha incredulidade e pecado resultante naã o podem enfraquecer ao meu Senhor, de maneira alguma. Uma vez que o crente Lhe confesse o seu pecado, tendo sido purificado e restaurado por Ele, o Senhor permanece sempre taã o poderoso e omnipotente como se o crente nunca houvera falhado. Seremos resguardados desses dois perigos: de confiança exagerada devido aà vitoó ria contíónua, e de temer enfraquecer devido aà falha, se nos lembrarmos da Palavra
12
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
de Deus a respeito de quaã o absoluta eó a nossa vitoó ria em Cristo. Tal vitoó ria naã o eó algo relativo, naã o eó algo comparativo, naã o eó uma questaã o de grau - mas eó a liberdade com que o Filho liberta os homens (ver Joaã o 8:36). A proó pria alegria da vida submissa, quando a vontade de Deus eó inteiramente aceite, traz consigo um outro perigo. Jaó se disse que quando Satanaó s descobre que naã o pode impedir a algueó m de cumprir a total vontade de Deus, entaã o procura levar esse algueó m para aleó m da vontade de Deus. E eó muito perigoso para o crente ultrapassar a vontade de Deus, ateó mesmo em questoã es que por si mesmas sejam corretas. Satanaó s aproximase como anjo de luz (ver 2 Coríóntios 11:4), sugerindo que o crente se atarefe nisto ou naquilo, coisas essas que por si mesmas seriam boas, mas que naã o saã o da vontade de Deus para com ele. O crente tem encontrado grande beê nçaã o ao dar ouvidos a voz do Espíórito Santo, e por haver obedecido prontamente aà Sua orientaçaã o; e quando Satanaó s fala, dando orientaçoã es e instruçoã es que por si mesmas seriam corretas, o crente, sem de nada suspeitar, segue essas orientaçoã es; mas daíó naã o surge beê nçaã o alguma, e, sim, a ansiedade, a confusaã o e, talvez, a duó vida e a perplexidade. Por exemplo: Deus nos orientaraó quando quiser que façamos confissaã o uns aos outros; e tambeó m nos orientaraó sobre quando Ele quiser que alguma falta seja questaã o que deva ser conhecida apenas por noó s mesmos e Ele. Um princíópio geral neste ponto eó que todo pecado deve ser mantido entre noó s mesmos e Deus, a menos que um terceiro venha a sofrer se naã o fizermos confissaã o. Outro, quando rendemos toda a nossa vida ao controle do Senhor, tendo desistido do orgulho da carne, de todos os luxos e da autossatisfaçaã o, entaã o corremos o perigo do ascetismo. Ao descobrirmos que a nossa nova alegria se prende ao Senhor, e naã o a coisas, poderemos ser levados para aleó m da vontade de Deus, caindo num ascetismo que apenas O desonra. Muitíóssimos crentes inteiramente submissos ao Senhor, devido a esse engano, se tornaram indiferentes e descuidados com respeito aà sua apareê ncia pessoal, tornando-se simplesmente repelentes aos outros. Ou entaã o, tendo sido libertados do pecado do luxo, os crentes podem ser levados a ultrapassar a vontade de Deus, supondo que cada pedacinho de ouro ou de prata que possuem precisa ser dado ou vendido, e que o que daíó se apurar deve ser dado diretamente para o serviço do Senhor. Precisamos manter um bendito meio termo entre os extremos do ascetismo e do luxo. Conveó m que cuidemos de nossa apareê ncia pessoal, de nossa higiene, de nosso vestuaó rio, para que sejamos atrativos para com nossos semelhantes; temos o dever positivo de sermos crentes de apareê ncia atrativa, tanto nas vestes como na apareê ncia pessoal, para que outros se sintam atraíódos por noó s, para que assim possamos conquistaó -los para o Senhor. e mister que façamos tudo visando a gloó ria de Deus (ver 1 Coríóntios 10:31). Isso inclui tanto nossas diversoã es como todos os demais aspectos de nossa existeê ncia. Naã o devemos crer na mentira de Satanaó s de que tudo quanto eó agradaó vel ou atrativo eó obrigatoriamente pecaminoso. Tambeó m precisamos de nos livrar da ideia erroó nea de que quando somos defrontados com a escolha entre algo que
13
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
eó difíócil e algo que eó faó cil, que a coisa difíócil eó sempre a vontade de Deus, porquanto eó bem possíóvel que o oposto seja o que estaó de conformidade com nosso Senhor. Naã o haó necessariamente qualquer virtude nas dificuldades, e naã o haó necessariamente qualquer pecado nas coisas faó ceis. A uó nica inquiriçaã o que importa eó esta: Qual eó a vontade de Deus para conosco em cada questaã o com que nos defrontarmos? "Amados, naã o deis creó dito a qualquer espíórito: antes, provai os espíóritos se procedem de Deus..." (Bíóblia, 1 Joaã o 4:l) Jamais devemos abandonar o bom senso que nos foi proporcionado por Deus, nessa vida cristaã vitoriosa. Eis um modo de distinguirmos entre a orientaçaã o de Deus e os "impulsos" de Satanaó s, que nessas oportunidades se disfarça de "anjo de luz". Para o crente verdadeiramente submisso, que confia em Cristo para sua vitoó ria, a orientaçaã o e o impulso de Deus nunca atormenta, nunca nos deixam preocupados, nunca nos assediam. Se um crente recebe uma aparente "orientaçaã o", para que faça algo que em si mesmo eó bom, mas que eó acompanhada por um tormento desinquietador, quase como se um mosquito ou um besouro estivessem zumbindo, procurando empurrar-nos em determinada direçaã o, entaã o devemos saber que isso eó um sinal de Satanaó s, eó o seu cartaã o de chamada; e nesse caso, sua falsa "orientaçaã o" e impulso precisam ser instantaneamente reconhecidos e rejeitados. As orientaçoã es do Espíórito Santo, para o crente rendido e confiante, chegam ateó noó s acompanhadas do senso de tranquilidade e quietude, ainda mesmo que apontem para alguma direçaã o realmente difíócil, que somente a graça de Deus nos pode capacitar a seguir.
DEPENDÊNCIA DAS EXPERIÊNCIAS A vida vitoriosa eó uma existeê ncia sobrenatural; eó um milagre vivo, uma aventura emocionante, porquanto eó operaçaã o e atuaçaã o de Deus. Nossas primeiras experieê ncias, na vida vitoriosa, geralmente saã o taã o diferentes de qualquer coisa que conhecíóamos antes, taã o extraordinaó rias, como demonstraçoã es sobrenaturais da graça e do poder de Deus, que imediatamente ficamos sujeitos a grave perigo. Esse perigo consiste de supormos equivocadamente que teremos, continuamente, de receber evideê ncias emocionantes, inesperadas e sobrenaturais do poder de Deus. E entaã o, se esses fenoó menos sobrenaturais naã o ocorrerem, seremos tentados a pensar que algo estaó errado. Ora, nosso Deus quer que confiemos, naã o nas experieê ncias sobrenaturais, mas sim nEle mesmo. Compete a Ele decidir quando o invulgar deve suceder nas nossas vidas, e quando as nossas vidas devem correr suavemente, tropeçando apenas em coisas corriqueiras, pelo menos ateó onde diz respeito aà s coisas que nos atingem a vista e os sentidos.
14
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
Libertemo-nos tambeó m, do perigo de supormos inconscientemente que sempre sabemos qual eó a vontade de Deus, de modo infalíóvel. A orientaçaã o do Senhor pode ser taã o bendita e taã o inequíóvoca que, ao testificarmos aos outros sobre ela, diremos como "Deus disse isto ou aquilo para mim", ou como "Deu; levou-me a fazer isto ou aquilo". E entaã o, se naã o estivermos vigilantes, empregaremos inadvertidamente essas expressoã es, que se tornaraã o habituais. Naã o eó muito melhor que, ao inveó s de dizer: "Deus me disse para fazer isto ou aquilo", que o crente diga: "Creio que Deus quer eu faça isto"? Precisamos reconhecer que podemos estar equivocados. Ainda que tenhamos a plena certeza, em nossos coraçoã es e mentes, acerca da orientaçaã o de Deus, naã o fica bem reivindicarmos infalibilidade para noó s mesmos, sem qualquer qualificaçaã o, em nossas conversas com outras pessoas. As beê nçaã os que nos saã o propiciadas por Cristo, na vida vitoriosa - naquele "fruto do Espíórito" (ver Gaó latas 5:22,23) saã o taã o maravilhosas que corremos o perigo de dar mais valor a elas do que AÀ quele que nos abençoa. A alegria pode tornar-se uma beê nçaã o taã o bendita - aquela alegria sobrenatural que nada pode derrotaó -la, e que eó independente de todas as circunstaê ncias e ambientes - que, sem o percebermos, podemos valorizar mais a essa "alegria do Senhor" do que ao proó prio Senhor Jesus. Ele anseia por nossa adoraçaã o a Ele mesmo, e naã o aos frutos do Espíórito. Precisamos deveras daquela palavra de adverteê ncia atribuíóda a Spurgeon: "Olhei para Jesus, e a pomba da paz voou para dentro do meu coraçaã o. Olhei para a pomba da paz, e ela foi-se embora." O crente que realmente confia no Senhor, para que obtenha a vitoó ria, naã o demora a perceber que muitos crentes ao seu redor naã o possuem a mesma verdade da vitoó ria, e que por isso mesmo naã o estaã o confiando em Cristo. Tal crente pode estar em contato com outros crentes, mais idosos, mais avançados do que ele mesmo em vaó rios aspectos; mas que, no entanto, naã o estaã o vivendo dentro do segredo da vitoó ria que lhe eó taã o precioso. E isso o expoã e ao perigo do orgulho espiritual, quase que sem se aperceber pode deixar escapar dos laó bios palavras de críótica contra seus irmaã os na feó , que naã o conheçam ainda esse segredo, ou pode proferir algum comentaó rio de condescendeê ncia acerca dos erros ou falhas de outrem. "Sou mais santo do que tu" eó um dos grandes perigos inerentes aà vida vitoriosa. Naturalmente que no instante em que um crente assim se refere a outros, ou que assim pensa no coraçaã o sobre seus irmaã os na feó , a sua vitoó ria teraó desaparecido; acaba de incorrer em pecado. Ora, eó necessaó rio que reconheçamos a existeê ncia desse perigo, se quisermos evitaó -lo. O crente verdadeiramente vitorioso fala sobre os seus irmaã os sempre com humildade, plenamente consciente de sua proó pria pecaminosidade e inaptidaã o espiritual. E assim se expressa impelido pelo amor perfeito, que eó gentil, que naã o exalta a si mesmo, que naã o se ufana, que naã o se porta com inconvenieê ncia, que naã o liga para o mal, mas que nunca falha (ver 1 Coríóntios 13:4-8). Tudo eó obra de Cristo - a honra e a vitoó ria saã o
15
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
inteiramente dEle. A vitoó ria auteê ntica, por isso, deve-nos conservar na humildade; e assim efetivamente acontece. Igualmente, o crente vitorioso corre o perigo de tornar-se incapaz de ser ensinado. Podemos aprender ateó mesmo pelos conselhos de pessoas perdidas, naã o-regeneradas! E com frequeê ncia assim sucede. A vida vitoriosa naã o serve de garantia de omniscieê ncia, de infalibilidade no conhecimento das coisas espirituais. A humildade de espíórito, a prontidaã o em receber toda e qualquer críótica que algueó m faça a nosso respeito, e entaã o a aceitaçaã o agradecida de qualquer verdade que haja nessas críóticas (e certamente haveraó alguma verdade nelas), eó nossa salvaguarda contra esse perigo inconsciente de naã o nos sujeitarmos aos ensinos de outrem.
PRESUNÇÃO E COMPLACÊNCIA Após o crente haver reconhecido o perigo de ser empurrado para além da vontade de Deus, surge o perigo de ficar o crente aquém da vontade do Senhor. Vemos que a nossa vitoó ria se baseia na graça e que nenhuma boa obra de nossa parte eó necessaó ria para tornaó -la realidade. Temo-nos regozijado no fato de havermos aprendido que podemos "deixar Deus fazer tudo", e Ele realmente cumpre de modo abundante o Seu compromisso de nos valer se confiarmos nEle. E agora vem o perigo da presunção quanto à graça de Deus - substituição da fé pela presunção, da liberdade pela libertinagem. Costumaó vamos pensar que quanto mais estudaó vamos a Bíóblia mais vitoriosos nos tornaó vamos. Costumaó vamos imaginar que quanto mais tempo dedicaó ssemos aà oraçaã o mais vitoriosos nos poderíóamos tornar. Mas agora percebemos que as boas obras naã o podem obter para noó s a vitoó ria, mas que a feó simples, na suficieê ncia da graça de Deus, eó o grande segredo. Ora, agora somos tentados a pensar mais ou menos como segue: "Bem, sendo assim, agora naã o preciso ter tanto cuidado, dedicando tanto tempo ao estudo da Bíóblia ou aà oraçaã o, porque “Cristo estaó fazendo tudo". E eó a partir desse momento que começamos a escorregar para a derrota, tendo sido iludidos por uma mentira de Satanaó s. EÉ verdade que a vitoó ria se alcança pela feó ; mas a feó precisa ser nutrida; e a feó naã o pode ser alimentada aà parte do fortalecimento diaó rio, mediante a Palavra de Deus, em que fiquemos sozinhos com Deus, em oraçaã o. A nova experieê ncia da libertaçaã o do poder do pecado, por intermeó dio da plena suficieê ncia de Cristo, deveria resultar em passarmos mais tempo com a Sua Palavra, mais tempo com Ele, em oraçaã o; e nunca menos tempo. Nunca, nunca e nunca, durante a existeê ncia terrena, ouse qualquer crente negligenciar a Palavra escrita de Deus. Para cada beê nçaã o espiritual corresponde um perigo. Em nosso conhecimento acerca da maravilhosa beê nçaã o - por exemplo - que nosso Senhor nos perdoa instantaneamente os pecados e nos purifica e restaura, ao Lhe confessarmos e ao exercermos feó nEle,
16
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
corremos o perigo de levar o pecado como uma brincadeira, tolerando interrupçoã es na nossa carreira vitoriosa como se fossem coisas destituíódas de importaê ncia. Jamais teremos de perder o nosso horror pelo pecado, se, em Cristo, pudermos ver o pecado segundo ele realmente eó , e o odiarmos como algo asqueroso, infernal. Se porventura escorregarmos, mesmo que de leve, se descobrirmos que o pecado penetrou, mediante a incredulidade quanto aà suficieê ncia de nosso Senhor, interrompamos sem perda de tempo (imediatamente) qualquer coisa que estivermos fazendo, dedicando o tempo necessaó rio para confessar tal coisa a Ele, reivindicando o Seu perdaã o e total purificaçaã o, confiando em que Ele nos daraó Sua completa restauraçaã o e vitoó ria. "O Senhor Deus é a minha fortaleza . . . e me faz andar vitoriosamente" (Bíblia, Habacuque 3:19) Essa eó a uó nica oraçaã o segura, o uó nico níóvel seguro para o crente que em qualquer tempo tenha conhecido a vitoó ria. EÉ perigoso olharmos de volta para as nossas melhores beê nçaã os de vitoó ria em Cristo, como se essas maiores beê nçaã os pertencessem necessariamente ao passado. Essa eó uma tentaçaã o quase inevitaó vel, porquanto as novas beê nçaã os da vitoó ria, quando algueó m confia em Cristo pela primeira vez, saã o taã o novas, taã o inesperadas, taã o avassaladoras, taã o satisfatoó rias. E assim podemos ficar olhando de volta para aquelas horas deliciosas ou para aqueles primeiros dias ou meses, supondo, inconscientemente, que nunca mais poderemos desfrutar da rica beê nçaã o que entaã o nos foi proporcionada. Mas isso equivale a negar a suficieê ncia da graça de Deus, equivale a negar que nosso Senhor eó o mesmo hoje, ontem e para todo o sempre. E eó igualmente perigoso olharmos para o futuro, como o tempo em que as melhores beê nçaã os de Deus, entesouradas para noó s, se tornaraã o realidade. Porquanto Deus quer que tenhamos o que Ele tem de melhor agora mesmo. Situar essas melhores beê nçaã os, no passado ou no futuro, eó um perigo para o qual Satanaó s muitíóssimo se esforçaraó para nos arrastar e conservar. Tambeó m, naã o sejamos enganados permitindo que as grandes necessidades do mundo exterior ou da Igreja de Cristo requeiram tanto de nosso tempo e energia que sejamos arrebatados por elas, separando-nos dos entes queridos no cíórculo da famíólia. Os crentes que se regozijam em Cristo como a sua vitoó ria, algumas vezes precisam de aprender primeiramente a serem cuidadosos com os seus, lembrando-se que se algueó m "naã o tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua proó pria casa, tem negado a feó , e eó pior do que o descrente" (Bíóblia, 1 Timoó teo 5:4,8) A vida vitoriosa, em Cristo, é a única vida completa e satisfatória que há em todo o mundo. É vivida com o corpo, com a mente e com o espírito; e com todas essas porções do homem pode ser vivida vitoriosamente, tocando assim, em nossos semelhantes, nos pontos apropriados de contato humano, com seus corpos, suas mentes ou seus espíritos. EÉ mister que noó s, os crentes, estejamos sempre postados como sentinelas, sensivelmente despertos para qualquer aproximaçaã o do inimigo, em todas as mil e uma modalidades mediante as quais ele busca rachar nossa armadura defensiva. Poreó m, naã o devemos pensar mais em Satanaó s do que em Cristo, como se
17
Charles Trumbull HÁ VITÓRIA EM CRISTO
aquele fosse superior a este uó ltimo. EÉ necessaó rio que reconheçamos a terríóvel realidade da existeê ncia do diabo; temos de estudar a Palavra de Deus no que ela revela sobre o nosso grande adversaó rio, para que saibamos tudo quanto Deus quer que conheçamos a respeito dele. Todavia, uma vez que tenhamos esse conhecimento, devemos desviar os olhos de Satanaó s e fixaó -los em Jesus, porquanto "... em todas estas cousas, poreó m, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou" (Bíóblia, Romanos 8:37) E tambeó m: "Graças, poreó m, a Deus, que em Cristo sempre nos conduz em triunfo, e, por meio de noó s, manifesta em todo lugar a fragraê ncia do seu conhecimento" (Bíóblia, 2 Coríóntios 2:14)
18