Projeto planetario de pequeno porte

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PLANO PARA INSTALAÇÃO DE PLANETÁRIO ESCOLAR DE PEQUENO PORTE

PAULO ROBERTO MACHADO

Jaraguá do Sul, SC

Agosto/2013


ConteĂşdo


Introdução Nenhuma ferramenta supera um planetário no poder de pesquisa, ensino e divulgação das ciências espaciais. Um olhar mais atento à interação proporcionada por uma sessão de planetário ou pela observação do céu por meio de telescópio, atividades ícones promovidas por essas instituições, evidencia o seu potencial para “marcar” a experiência e constituir-se em uma experiência singular para a vida pessoal do visitante. Nesse sentido, planetários e observatórios podem desempenhar um papel particular, uma vez que as experiências propiciadas podem até mesmo promover o aumento da conscientização ambiental, na medida em que a astronomia consegue mostrar com facilidade o quão são específicas as condições astronômicas para a vida na Terra, ao mesmo tempo em que mostra a ausência dessas mesmas condições na nossa vizinhança astronômica. A rede de planetários no país, hoje ainda deficitária, teve um crescimento considerável com a nova tecnologia de projeção digital, a qual dispensa os sofisticados projetores de estrelas, normalmente importados e de preços “astronômicos”, deixando a responsabilidade pela simulação do céu nas cúpulas dos planetários a cargo dos projetores multimídia e sistemas de lentes ou espelhos. A redução nos custos de projeção possibilitou a expansão da quantidade de planetários móveis e, mesmo nos pequenos municípios, a instalação de pequenos planetários fixos, tanto de iniciativa privada quanto públicos. Este projeto tem por finalidade demonstrar a viabilidade da instalação de um planetário de pequeno porte em escolas da rede pública. Inicia com a definição do que são planetários e as razões para a sua implantação, passando para a operacionalização, com a construção de uma cúpula (domo geodésico) e a montagem dos sistemas audiovisuais.

Planetários Escolares de Pequeno Porte

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Motivação

Ciência e tecnologia são marcos indicadores do desenvolvimento da sociedade atual. Apesar do grande interesse das pessoas pelo assunto - como mostrou recente pesquisa de opinião pública, o nível de informação e o conhecimento da população sobre temas de C&T são bastante deficitários no Brasil. A razão principal para isso reside na ausência de uma educação científica abrangente e de qualidade no ensino fundamental e médio do país. Por outro lado, a divulgação científica por meio da mídia e de outros instrumentos, como os centros e museus de ciência, deixa ainda muito a desejar. As motivações de hoje para a popularização da C&T ocupam todo um espectro: elas vão da prosperidade nacional ao reconhecimento do saber científico como parte integrante da cultura humana, passando pelo seu significado para o exercício da cidadania, por razões de desempenho econômico e pelas questões de decisão pessoal. A Astronomia ocupa uma posição privilegiada no imaginário social, independente de classe social e nível de escolaridade. Em parte porque o conhecimento adquirido quanto aos fenômenos astronômicos foram cruciais para o desenvolvimento das sociedades e, em parte, por causa das questões eminentemente filosóficas envolvidas, como a origem do universo, vida extraterrestre, viagens no tempo e interestelares, etc. Apesar desta proximidade da Astronomia com o público, mesmo que o homem nunca tenha tido tanto conhecimento do universo como hoje, nunca tenha sido adquirida tanta informação tão rapidamente como agora, nunca foi tão grande o vácuo de conhecimento do público em geral sobre até mesmo os fatos mais básicos da ciência celeste. Nesse panorama, a questão do acesso aos equipamentos culturais que possam atuar na área de divulgação e popularização da Astronomia é um elemento chave. A distribuição dos equipamentos culturais no Brasil é assimétrica. No geral, as áreas mais nobres ou centrais das capitais acabam por concentrar grande parte das instituições que têm como missão institucional promover ações culturais. As cidades do interior simplesmente não possuem instituições formais dessa natureza.

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A importância da contribuição dessas instituições é ampliada quando se leva em conta a questão da formação de professores. É consenso a deficiência da sua formação com relação aos conteúdos de Astronomia e também a má qualidade dos livros didáticos. A formação deficiente dos professores, associada à carência de laboratórios e outros recursos nas escolas, contribui para os baixos padrões de cultura científica observados entre os estudantes e a população que não mais frequenta as escolas. A questão assume caráter estratégico nas políticas educacionais relacionadas às ciências. Em particular, um baixo padrão de cultura científica mantida por anos consecutivos pode comprometer o desenvolvimento de qualquer nação. Um contexto como esse contribui para realçar o papel que planetários e observatórios, em parceria com outras instituições, como escola, museus e centros de ciência, como equipamentos culturais estratégicos para a educação ao longo da vida, o letramento na área de astronomia e para o uso da ciência para a mudança das condições sociais no país. Por tal motivo, é relevante incluir o tema da inclusão social no papel que planetários e observatórios podem desempenhar. Adaptação do texto de Douglas Falcão - coordenador de educação em ciências do Museu de Astronomia e Ciências Afins.

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O que são Planetários? Planetários são centros de divulgação das ciências espaciais que simulam com precisão o céu de qualquer época ou local com todos os seus astros, movimentos e fenômenos.

Normalmente são constituidos por uma abóbada (cúpula) que serve de tela para

projeção feita

por dispositivos

especiais de projeção 360º (full dome).

Fig. 1

No seu interior, sessões de cúpula, gravadas

Foto: http://alrochaantenacultural.blogspot.com.br

ou conduzidas ao vivo por um

apresentador (planetarista), exploram e explicam conceitos de Astronomia (fig. 1).

A somatória de projeção “full dome”, instalações adaptadas, sistema de som, programas de computador, pessoal qualificado e roteiros pré-definidos para sessões de cúpula, formam um ambiente de completa imersão onde autênticos shows audiovisuais proporcionam orientação educacional além das salas de aula e um espaço multidisciplinar para levar à comunidade mais conhecimento científico e tecnológico. Além da sua função didática, planetários também são excelentes salas de espetáculos virtuais, que podem se tornar uma atração turística e cultural de grande interesse do público em geral.

Planetários de Pequeno Porte O porte de um planetário é considerado em função do tamanho de sua cúpula e da quantidade de assentos do auditório. Os de grande porte possuem cúpulas com mais de 20 metros de diâmetro e auditório com capacidade para até Planetários Escolares de Pequeno Porte

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centenas de pessoas. Nestes grandes ambientes, com projetores de estrelas de alta tecnologia, o foco está nos recursos audiovisuais. Os de pequeno porte, com cúpula de até 10 metros de diâmetro e capacidade para poucas dezenas de pessoas, utilizam equipamentos de projeção mais simples, de baixo custo, compensando a menor atratividade visual com uma melhor exploração didática dos temas tratados nas sessões. Conforme bem define o professor Matsuura:

“... planetários de grande porte são como catedrais, onde deve prevalecer a grandiosidade do espetáculo celeste, associada a uma comunicação mais impessoal e solene, com ampla exploração de recursos audiovisuais. Esses recursos possibilitam a imersão do espectador na cena e, nesse caso, é mais privilegiado o show do que a aula, a sensibilização emocional que a transmissão de conhecimento e a reflexão. Já um planetário de pequeno porte seria como uma capelinha que inspira a domificação do Cosmo, associada a uma comunicação mais intimista e pessoal. A demanda de atendimento de um público numeroso recomenda um planetário de grande porte, porém, do ponto de vista pedagógico, os dois tipos de planetários não competem, antes se complementam.“

Instalações Físicas O planetário escolar aqui projetado contará com uma cúpula de 4 m de diâmetro e 2,5 m de altura, a ser construída a partir de módulos triangulares com armação em madeira e revestida internamente com “black out”. Esta cúpula funcionará como tela de projeção para o céu noturno e será capaz de acomodar um público de até 30 pessoas sentadas no chão. O projeto para desenvolvimento da cúpula pode ser encontrado em www.desertdomes.com (acesso em 25/08/2013).

Equipamentos de Projeção

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O projeto tem como base um sistema de projeção com espelho esférico (fig. 7). Neste sistema, a projeção é feita com o uso de um projetor multimídia e um programa especial de computador que projeta a imagem previamente distorcida

para

que

seja

posicionada

corretamente na cúpula após ser refletida num espelho esférico de ¼ da esfera.

Fig 7 Imagem:http://local.wasp.uwa.edu.au/~pbourke/exhi bition/domeinstall/’

O

Nightshade,

software

de

código

aberto

(disponível

para

download

em

http://nightshadesoftware.org/projects/nightshade), desenvolvido com propósito de atender a planetários de pequeno porte será o programa de computador utilizado, tendo sido desenvolvidos para ele scripts de sessões de 30 a 40 minutos de duração para turmas do ensino fundamental e médio. Completa o sistema de projeção um notebook e um projetor multimídia. A simplicidade deste sistema torna-o a opção preferencial para projeção num planetário de pequeno porte e baixo custo.

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Conclusão O projeto PLANETÁRIO: UMA ALTERNATIVA PARA APRENDER ASTRONOMIA NA ESCOLA disponibilizará para a E.E.B Professora Elisa Cláudio de Aguiar, em Schroeder – SC uma ferramenta cujas possibilidades extrapolam as simples sessões de cúpula. A partir de uma maior compreensão por parte dos alunos da escola nas diversas sessões a serem realizados durante o ano, vários eventos especiais podem ser preparados para acontecerem durante o ano: cursos rápidos para professores, cursos preparatórios para as Olimpíadas Brasileiras de Astronomia (OBA), observações do céu noturno com instrumentos, oficinas de Astronomia e de construção de lunetas e telescópios, acompanhamento de fenômenos astronômicos importantes (eclipses, trânsitos planetários, chuvas de meteoros) e outros.

"Não nos perguntamos qual o propósito útil dos pássaros cantarem, pois o canto é o seu prazer, uma vez que foram criados para cantar. Similarmente ,não devemos perguntar porque a mente humana se inquieta com a extensão dos segredos dos céus ... A diversidade do fenômeno da Natureza é tão vasta e os tesouros escondidos nos céus tão ricos, precisamente para que a mente humana nunca tenha falta de alimento." Johanes Kepler , Mysterium Cosmographicum.

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Referências bibliográficas FALCÃO, Douglas. Artigo A divulgação da astronomia em observatórios e planetários no Brasil. Disponivel em http://www.comciencia.br/comciencia. Acesso em 28 de julho de 2012. INEP. http://portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar-matricula MATSUURA, Oscar. “Teatro Cósmico. Mediação em Planetários”. Diálogos e Ciências. Mediação em museus e centros de ciências. Disponível em http://books.google.com.br/books?id=u7UD-KDzP6AC. Acesso em: 30 de julho de 2012.

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