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REFLEXÕES SOBRE AS DIMENSÕES DA VIDA PAULINA 2. VIDA COMUNITÁRIA E ESPIRITUAL Palavra: Ef 4,1-16 2.0 Reacender o dom da vida comunitária e espiritual, na comunhão e participação O nosso Capítulo coincide com as celebrações dos 50 anos do Concílio Vaticano II. É importante considerar com quanta dedicação Padre Alberione participou do evento com sua presença na aula conciliar e também com as intervenções escritas. O excelente trabalho científico do Padre André Damino sobre Padre Alberione no Concílio Vaticano II facilita esplendidamente tal tarefa1. Em referência ao nosso tema da vida comunitária e espiritual lembramos a proposta enviada à Comissão pré-conciliar sobre a “heresia da ação”, pedindo para não reduzir o Breviário, evitando assim “o perigo de enfraquecer a vida espiritual dos sacerdotes”. Durante as sessões conciliares podemos destacar as observações enviadas pelo Padre Alberione, no dia 18.06.1964, referentes às Proposições do Esquema sobre a renovação da vida religiosa2. De modo especial suas observações propunham mudanças no texto que, ao invés, chegou ao documento definitivo, especialmente no n. 3 da Perfectae caritatis: “O modo de viver, de orar e trabalhar [em latim: ratio vivendi, operandi et orandi] seja devidamente adaptado às condições físicas e psicológicas, bem como, segundo a índole de cada Instituto, às necessidades de apostolado, às exigências de cultura, às situações sociais e económicas, e isto em toda a parte, mas sobretudo em terras de Missões. Segundo estes mesmos critérios, examine-se também o modo de governo dos Institutos. Por isso, as constituições, os «diretórios, os livros de costumes, de orações, cerimónias, etc., tudo seja revisto convenientemente e, pondo de lado as prescrições obsoletas, adaptem-se aos documentos deste sagrado Concílio” (PC 3). Padre Alberione queria que se eliminasse a expressão “condições psíquicas”, quer porque considerava a palavra “psique” no sentido filosófico escolástico e porque era contrário aos testes psicológicos em relação à vocação. Alberione queria suprimir também o texto referente ao ajornamento, porque estava convencido que, por exemplo, a Família Paulina não precisava de ajornamento. Para ele o nosso ajornamento era simplesmente por em prática as constituições já aprovadas. O texto das Proposições lembrava de perto uma importante síntese feita por Padre Alberione quatro anos antes e enunciada exatamente com a expressão leges credendi, orandi et agendi. Em sua síntese ele considerava a Congregação como uma pessoa, cujo organismo é vivificado “graça do Espírito Santo, que é a alma da alma” e cuja ação nas faculdades leva à cristificação, descrita segundo o método paulino: “Por esta, sentimo-nos viver em Jesus Cristo; nele-Verdade a ação da inteligência; nele-Caminho a ação da vontade; nele-Vida a ação do sentimento”. Trata-se de uma daquelas sínteses extremas que Alberione estava acostumado a fazer, fruto de reflexão e vida. Já em Anotações de Teologia Pastoral havia apresentado uma síntese considerando a piedade ou espiritualidade e mística como uma fé viva cuja ação partindo do espirito ou inteligência, chega ao coração e este, unindo-se a Deus, motiva a vontade a 1

A. DAMINO, Don Alberione al Concilio vaticano II, Proposte, Interventi e “Appunti”, Edizioni dell’Archivio Storico della Famiglia Paolina, Roma2, 2005. 2 Id. ibid. nn. 109-118

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tomar resoluções mais fortes, a agir mais vigorosamente. A espiritualidade e a mística consistem, então numa “atividade interna que se manifesta exteriormente com a fecundidade das obras [...] O caráter é mitigado, as palavras ressentem-se da caridade sobrenatural, as mãos ficam mais prontas para o zelo; e eis os frutos: as obras.”3 Esta síntese apresenta a personalidade do sacerdote (depois, do paulino), perfeitamente unificada na vida espiritual e na ação pastoral. A síntese das leges credendi, orandi et agendi, de 1960, apresenta a identidade da Congregação como Pessoa Moral unificada em suas “faculdades”: a piedade dá alma às regras e a cada um dos artigos [= inteligência]; comunica o espírito que informa o dia paulino [= sentimento] e o apostolado [= vontade]. No seu parecer, tanto era vivo o espirito paulino, que, para o Padre Alberione, reacender o dom da vida comunitária e espiritual não passava através do ajornamento conciliar e sim através de uma perfeita observância das regras já aprovadas. Nisto não tinha razão. Mas sua certeza ia além: era aquela de ter sentido a mão de Deus e de ter dado cada passo, quanto ao “início, desenvolvimento, espírito, expansão, apostolado”, guiado pela “inspiração divina bem comprovada, pelo conselho do Diretor espiritual, a dependência dos legítimos superiores” (cf UPS I 17). Com tal discernimento podia considerar que em seu carisma de fundador a graça do Espírito Santo havia sido a alma da alma. Não obstante isso, a Igreja pediu ajornamento ao Padre Alberione e pede ajornamento a nós hoje. Para nós a exortação é dupla: que em nossa vida comunitária e espiritual deixemos que “a graça do Espirito Santo seja a alma da alma”, como foi para o Fundador, e que realizemos verdadeiro ajornamento reacendendo o dom recebido, na comunhão e na participação, segundo as urgências do Povo de Deus, no Brasil e na América Latina de hoje. Pe. Antonio F. da Silva, ssp São Paulo, 23/10/2012 – 2ª. reflexão

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ALBERIONE, G. ATP2, p. 7.

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