18 especial
★★★
ab
Domingo, 17 DE SEtEmbro DE 2017
GOVERNO DE
MATO GROSSO
A P R E S E N TA
PRODUZIR,
CONSERVAR,
INCLUIR
Locomotivadoagronegóciobrasileiro, MatoGrossoconciliaavançoda produtividadenocampocom recuperaçãoepreservaçãodoambiente
M
aior produtor de grãos do país, dono do maior rebanho bovino e terceiro Estado em extensão territorial, sendo parte dele na chamada Amazônia Legal, Mato Grosso quer também ser conhecido como exemplo de que desenvolvimento econômico e sustentabilidade podem e devem caminhar juntos. Para isso, o Estado lançou uma estratégia, chamada de PCI (Produzir, Conservar e Incluir), que une Executivo estadual, produtores, empresas privadas, fundos internacionais e ONGs para estabelecer metas e programas com o objetivo de ampliar a produtividade nas propriedades ao mesmo tempo em que recupera áreas degradadas e garante a preservação das que estão intactas, com inclusão social. “Antes, a sustentabilidade remetia apenas à área ambiental, mas ela precisa estar apoiada em um tripé. A produção precisa ser economicamente viável (dar lucro), ser ambientalmente correta e socialmente justa (gerar emprego, salário e distribuição de riqueza). Tudo isso pode caminhar junto”, afirma Alexandre Possebon, secretário-adjunto de Agricultura, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso. “O maior defensor do ambiente é o produtor. Ele sabe que a preservação do solo, da floresta em pé e das nascentes é fundamental para a continuidade de sua produção”, diz Possebon. O raciocínio parte da seguinte premissa: o Estado tem condições de manter mais de 60% de sua área vegetal nativa intacta, eliminar o desmatamento ilegal, recuperar zonas degradadas de pastagem, ampliar o reflorestamento e praticamente dobrar a produção de grãos até 2030, de 62 milhões de toneladas/ano para 92 milhões. Para isso, já está reduzindo as áreas de pasto, que ocupam 26% do Estado, com a intensificação da pecuária e a integração dela com lavoura e reflorestamento. Numa mesma fazenda há produção de soja, milho ou outra cultura e gado. Cresce a produção por hectare –de grãos, madeira e carne, já que na pecuária intensificada a engorda é mais rápida– e ganha o ambiente, com a redução da emissão de gases do efeito estufa (por meio da digestão dos animais e das áreas de pasto degradadas) e a maior captura de carbono com mais espaços verdes. Estudo da Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) mostrou que a adoção de práticas sustentáveis em fazendas de pecuária que tinham alta taxa de degradação de pasta-
gem fez cair em 20% a emissão de gases do efeito estufa por hectare e em 60% por quilo de carcaça produzida. “O primeiro passo da estratégia PCI foi identificar boas práticas que já estão em andamento. Catalogamos 204, analisamos os gargalos de financiamento e possibilidades de serem replicadas. Agora temos de atrair investimentos de instituições e governos internacionais e também de empresas para apoiar esses projetos. Podem ser investimentos a fundo perdido, visando lucro ou que paguem pelos serviços ambientais que a conservação propicia”, afirma Fernando Sampaio, diretor executivo da PCI. Entre os financiadores que atuam no Estado estão o governo alemão, a americana Climate Works Foundation e fundos europeus como Althelia e IDH. O produtor já compreendeu que a conservação é um bom negócio ao abrir mercados e elevar os ganhos, como mostram exemplos nesta página. “Conservar eleva a produtividade”, afirma o sojicultor Nelson Piccoli. “Sustentabilidade não é mais opção, é necessidade para continuar a produzir”, diz Vando Telles de Oliveira, que trabalha com pecuária em Alta Floresta, no norte do Estado. Mas muitas vezes são necessários grandes investimentos para adequar a produção. Daí a necessidade de financiamento. Os coordenadores da PCI estimam que serão necessários R$ 39 bilhões para atingir todas as metas da estratégia até 2030. Mas são otimistas. “Haverá ganho de mercado, de um lado, e mais financiadores, de outro. Porque não estamos vendendo mais apenas soja ou carne, mas produtos que são oriundos de um sistema todo ele sustentável”, afirma Sampaio.
Produção precisa ser economicamente viável (dar lucro), ambientalmente correta e socialmente justa (gerar emprego, salário e distribuição de riqueza) Alexandre Possebon, secretário-adjunto de Agricultura de Mato Grosso
USO DO SOLO
26%
Pastagem
11%
Agricultura
1%
Outros
62%
ÁREA PRESERVADA
15% Terras 6% Unidades indígenas
de Conservação
41%
Área preservada pelos produtores
Fonte: IMEA (Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária)
Produtores criam o Soja Plus e conquistam mercado europeu
A
soja é o principal motor da economia mato-grossense, responsável por 52% do valor gerado pelo agronegócio estadual. São mais de 9 milhões de hectares plantados (quase o tamanho de toda a Coreia do Sul) e uma produção que ultrapassa 31 milhões de toneladas ao ano. Esse gigantismo não poderia ficar de fora da preocupação com a preservação do ambiente. Uma junção entre produtores e indústria de beneficiamento e transformação deu origem ao Programa Soja Plus, que tem por objetivo melhorar as condições sociais, de trabalho e ambiental nas fazendas produtoras de soja no Estado. Além da adequação às leis nacionais, como o Código Florestal, a adesão ao programa abre as portas do produto brasileiro para mercados exigentes como a União Europeia. Entre os pilares do programa estão: monitoramento dos impactos sobre o solo
e a água; mapeamento de riscos ambientais das operações; monitoramento das emissões de gases do efeito estufa; redução, reutilização e reciclagem dos resíduos da propriedade; transporte adequado, armazenagem segura e uso responsável de agroquímicos; conservação das áreas de reserva legal e de preservação permanente e plano para evitar incêndios florestais com o uso responsável da prática de queimadas. Hoje, cerca de 20% da área plantada de soja no Estado está em propriedades que se adequaram ao programa. “O mundo está globalizado, e as preocupações com a sustentabilidade estão presentes em todos os mercados. O respeito que o produtor de soja brasileiro tem com o ambiente já foi reconhecido pela União Europeia”, afirma Nelson Piccoli, diretor da Aprosoja (associação de produtores) e coordenador da comissão encarregada do Soja Plus.