ISO 100 J U N HO 2012
N . º 20
M E N SA L
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GALERIA
Vencedor Rui Castro EM FOCO
Man Ray Estúdio NAM Stefano Bonazzi
PORTFÓLIO
KIRSTY MITCHELL Viage até ao País das Maravilhas através das imagens inspiradoras desta talentosa estilista e fotógrafa
ISO 100 EDITOR GOODY, S. A. Sede Social, Edição, Redação e Publicidade: Av. Infante D. Henrique, n.º 306, Lote 6, R/C – 1950-421 Lisboa Tel.: 21 862 15 30 Fax.: 21 862 15 40 DIRECTOR GERAL António Nunes ASSESSOR DA DIR. GERAL Fernando Vasconcelos COORDENADOR EDITORIAL Paulo Mendonça DIRECTORA Paula Piteira E-mail: paula.piteira@goody.pt REDAÇÃO António Silva, Joana Clara TRADUÇÃO E REVISÃO Inês Gonçalves, Marta Pinto FOTOGRAFIA Carla Mendes, Joana Clara COORD. GERAL COMERCIAL Maria Silva Tel.: 21 862 15 46 Fax.: 21 862 14 95 E-mail: mariasilva@googy.pt ACCOUNT Mónica Ferreira Tel.: 21 862 15 39 E-mail: monica.ferreira@googy.pt ASSISTENTE COMERCIAL Áurea Rebeca Tel.: 21 862 14 93 ASSISTENTE DE MARKETING Alexandra Pássaro COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO EXTERNA António Galveia COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO INTERNA Paulo Oliveira ARTE DE CAPA Ricardo Silva PAGINAÇÃO Ricardo Silva, Joana Nunes, Vanda Martins, Andrea Augusto COORDENAÇÃO DE CIRCULAÇÃO Carlos Nunes SERV. DE ASSINANTES Marisa Martins Tel.: 21 862 15 43 E-mail: assinaturas@googy.pt Site: www.assineagora.pt DIR. ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO Alexandre Nunes CONTABILIDADE Cláudia Pereira APOIO ADMINISTRATIVO Tânia Rodrigues, Catarina Martins PRÉ-IMPRESSÃO E IMPRESSÃO Sogapal Queluz de Baixo 2745-578 Barcarena DISTRIBUIÇÃO Logista Portugal TIRAGEM 12.000 ex. DEPÓSITO LEGAL N.º 226092/05 REGISTO NO I.C.S. N.º 124710
na capa Kirsty Mitchell Rayogram, 1931
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EDITORIAL O Surrealismo foi um movimento artístico e literário nascido em Paris na década de 1920, inserido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo no período entre as duas Grandes Guerras Mundiais. Reúne artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo ganhando dimensão mundial. Fortemente inf luenciado pelas teorias psicanalíticas do psicólogo Sigmund Freud, o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. Um dos seus objetivos foi produzir uma arte que, segundo o movimento, estava sendo destruída pelo racionalismo. O poeta e crítico André Breton é o principal líder e mentor deste movimento. A palavra surrealismo supõe-se ter sido criada em 1917 pelo poeta Guillaume Apollinaire, jovem artista ligado ao Cubismo, e autor da peça teatral As Mamas de Tirésias (1917), considerada uma precursora do movimento. Um dos principais manifestos do movimento é o Manifesto Surrealista de (1924). Além de Breton, seus representantes mais conhecidos são Antonin Artaud no teatro, Luis Buñuel no cinema e Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí no campo das artes plásticas. Delicie-se com as imagens inspiradoras que nos transportam para lugares cheios de magia que selecionámos para si. Delicie-se com as imagens inspiradoras que nos transportam para lugares cheios de magia que selecionámos. a directora
Paula Piteira
SUMÁRIO
REVIEW
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Conheça as novas propostas do mercado da fotografia bem como as últimas notícias das grandes empresas do ramo.
EM FOCO
Damos-lhe a conhecer o que se vai escrevendo sobre fotografias, as melhores críticas e as grandes obras.
MAN RAY
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Uma figura fundamental para a legitimação da fotografia enquanto prática artística. Este foi o artista fotógrafo mais inventivo do séc. XX e, consequentemente, o espírito mais criativo nesta área.
FOTOGRAFIAS QUE DESAFIAM A REALIDADE
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Imagens surreais que o estúdio chinês NAM criou para a divulgação do Harbor City Chocolate Trail, um projeto para ajudar The Hong Kong Cancer Institute através da magia do chocolate.
SMOKE
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Um trabalho de Stefano Bonazzi que está imbuído com a perspectiva com a qual encara a vida: uma visão desiludida e cínica que o leva a concentrar nos aspectos negativos das coisas.
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AGENDA
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Kirsty Mitchell leva-nos até um País das Maravilhas. Veja as imagens inspiradoras que nos transportam para um lugar cheio de magia, criado pela talentosa estilista e fotógrafa mais emergente de hoje.
Selecção de conteúdos encontrados na rede relacionados com as matérias desta edição.
Fique a par das formações, workshops, exposições, conferências e todos os outros eventos que lhe possam interessar.
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Conheça as fotos premiadas desta edição dos leitores e ainda como poderá concorrer e ver a sua fotografia nas nossas páginas.
Aguçamos-lhe a curiosidade com os principais temas que serão tratados na próxima edição da ISO 100.
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REVIEW
iPhone Lens Dial Os amantes de fotografia e do iPhone vão gostar do The iPhone Lens Dial, um kit capaz de o deixar parecido com uma câmera fotográfica profissional. O produto é feito de alumínio, o que facilita o manuseio das lentes. O kit inclui uma objectiva olho de peixe, uma grande-angular e uma lente bem semelhante a uma teleobjetiva. O usuário precisa prender o gadget ao iPhone. A partir disso, pode girar o disco do produto para escolher uma das lentes. Cada uma delas garante novas possibilidades à câmera do iPhone. A grande-angular permite o uso de zoom de até 0.7x, enquanto a olho de peixe tem 0.33x. Mas o destaque mesmo fica para a lente que se aproxima de uma teleobjetiva. Isso porque ela tem zoom óptico de 1.5 x, uma grande vantagem quando se pensa que o iPhone tem apenas zoom digital. A The iPhone Lens Dial pode ser comprada na loja americana Photojojo’s por 249 dólares.
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Digimo Você deve saber que para conseguir tirar fotos incríveis é preciso usar uma série de acessórios e equipamentos volumosos que, na maioria das vezes, são caros. No entanto, é inegável que as fotos ficam absolutamente fantásticas. Para quem não tem planos de investir muito dinheiro em câmeras o conceito da câmera Digimo é excelente. A Digimo é muito menor do que a maioria das câmeras digitais que estão no mercado hoje em dia e vem com um monte de acessórios que podem ser anexados, e com ela poderá começar a filmar num nível profissional imediatamente. O que faz a Digimo ser um câmera tão atraente é a sua versatilida de de poder ser usada de várias maneiras diferentes. Ela permite conexão wireless entre as câmeras para você conseguir tirar fotos diferenciadas, por exemplo, você poderá deixar uma das câmeras num local enquanto vê o que está acontecendo pela outra câmera, então você só vai precisar tirar a foto na hora certa. Além de poder controlar a câmera e tirar fotos através do wireless, também poderá v isualizar as fotos remotamente.
Lensbaby Nos últimos seis anos, a linha de produtos Lensbaby evoluiu de uma única lente desenvolvida por Craig Strong para produzir um olhar Holga-like com uma câmera digital, para uma linha completa de lentes originais e acessórios. A maior novidade é que esta é a primeira vez que Lensbaby é compatível com câmeras mirrorless. O compositor/Tilt Transformer combo torna mais fácil e interessante fotografar de forma criativa. Este kit é composto por duas partes do compositor, uma lente inclinável, e o Transformer Tilt, um suporte que permite que o Composer seja usado com câmeras Micro Four Thirds da Olympus e Panasonic ou modelos da Sony NEX. OTransformer Tilt actua como um adaptador para as tilt-lentes Nikon. Se você quiser usar o Compositor num Micro Quatro Terços ou a câmera Sony NEX, você precisa do Transformer Tilt uma vez que nenhuma das lentes Lensbaby estão disponíveis com suportes compatíveis. Se já tem um compositor com uma montagem Nikon, pode comprar o Transformer Tilt separadamente, os dois trabalham juntos sem problemas. No entanto, o compositor que vem com o Transformer Tilt não pode ser usado em uma câmera Nikon. Pub.
Cubo Câmara Nível
Um homem sábio certa vez disse que “a virtude é o veículo para alcançar o equilíbrio.” E se Confúcio foi o seu instrutor ele teria acrescentado que, uma câmera de nível é uma câmera feliz. Então, se re-filmagem, cortes e re-filmagem de novo é o mais próximo que você foi não há dúvida de que você poderia usar alguma ajuda na busca do centro da sua câmera. O Cubo Câmera Nível é o Yin Yang para a câmera. Ele é um embaixador maduro amarelo de Zen que desliza na sapata da sua câmera. Basta apontar para o assunto e alinhar as bolhas para configurar uma moldura recta e estreita. O eixo do nível de bolha de três ajudará a equilibrar as verticais e horizontais, quaisquer que elas sejam. Pub.
A Kodak tem sofrido um grande declínio de popularidade com os seus produtos tão tradicionais. Ultimamente a empresa tem vindo a desfazer-se de algumas das suas várias patentes numa tentativa de começar a lucrar nova e rapidamente. Recentemente a empresa vendeu a sua tecnologia de sensor de imagem (ISS) para uma empresa de capital privado chamada Platinum Equity. A Kodak pode não ser a empresa da vez, mas a logia ISS certamente era. Acontece que ela era usada numa variedade de produtos que você talvez conheça. Como por exemplo a Leica premium M9 rangefinder e câmeras de estúdio S2, ambas usam os sensores da Kodak, enquanto o satélite Ikonos utilizava a tecnologia ISS quando se tornou o primeiro satélite comercial a captar várias imagens da Terra vistas do espaço. Então, o que significa a compra dessa tecnologia? A Kodak ressaltou que continuará tendo acesso à tecnologia do sensor de imagem para usar em produtos futuros, e que a Platinum Equity, trará inf luência financeira e um plano para continuar o sucesso da tecnologia. Embora os detalhes do acordo não tenham sido divulgados, a empresa tem uma histórico muito bom, com as aquisições passadas da US Robotics e Quark, todas seguem um padrão similar e conseguiram recuperar de uma crise que passaram semelhante à da Kodak. No entanto, parece que, pelo menos por enquanto, não deve haver uma mudança drástica na Kodak, mas isso certamente é o começo. 10
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EM FOCO
MAN RAY TEXTO PAULA PITEIRA | FOTOS MAN RAY TRUST ©
Man Ray foi uma figura fundamental para a legitimação da fotografia enquanto prática artística. Man Ray descobriu na fotografia um meio de criação ideal, que lhe satisfazia a necessidade da óptica de precisão. O mais importante era exprimir a ideia, a técnica utilizada não tinha importância, era apenas um meio para atingir um fim. Man Ray, de seu verdadeiro nome Emmanuel Radnitzky, foi o artista fotógrafo mais inventivo do séc. XX e, consequentemente, o espírito mais criativo nesta área. Deve-se a ele o rayogram, a solarização, a combinação da im pressão positiva e negativa e a manipulação das superfícies ópticas com fins artísticos. A liberdade e o prazer moveram-no sempre.
Man Ray Rayogram, 1931 Impressão em gelatina de prata
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em cima à esquerda Man Ray Rayogram, 1931 Impressão em gelatina de prata em cima à direita Man Ray Rayogram, 1931 Impressão em gelatina de prata página seguinte Man Ray Rayogram, 1931 Impressão em gelatina de prata
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Estava longe de se fazer prisioneiro das regras tradicionais e por isso a forma como trabalhava era um simples meio ao serviço das suas ideias. Foi assim que alargou as fronteiras da fotografia. Na câmara escura, evitava propositadamente quaisquer regras, misturava os químicos sem qualquer nexo, utilizava películas fora da validade, mas no produto final, na fotografia, nada disso se via. As suas motivações de trabalho eram a liberdade e o prazer. Começou por utilizar a máquina apenas para fotografar os seus trabalhos, em 1914, mas foi, progressivamente, afirmando-se como um dos executantes mais inventivos no género. Man Ray e a sua máquina fotográfica, a pouco e pouco, tornaram-se inseparáveis. Interessou-se pouco pela autenticação dos seus trabalhos bem como a sua selecção e reprodução. Os títulos, as datas e o enquadramento de certas fotografias mudam consideravelmente de publicação para publicação, já que prestava também muitas vezes declarações contraditórias sobre esses aspectos. Baralhar as pistas era algo que lhe agradava bastante. A carga provocatória dos seus trabalhos ia surgindo, provavelmente reforçada pelos laços de amizade com Duchamp, e foi atacando as convenções estéticas, pondo em causa as concepções que o observador tinha da beleza. Man Ray partiu do elemento fotográfico mas, em vez de confiar nele, eliminou o seu carácter positivo, eliminou esse ar altivo que tinha ao se fazer passar por aquilo que não é. A pintura estava longe da fotografia no que se refere à imitação pura e simples das coisas reais, colocava e resolvia o problema da sua razão de ser. Man Ray foi o homem que se preocupou, por um lado, em marcar à fotografia os limites exactos a que ela podia ambicionar e, por outro, a fez servir outros fins para além daqueles para que foi criada, procurando ainda, a exploração de uma zona que a pintura julgava reservada só para si mesma. Na fotografia, no desenho com luz, «tudo pode ser transformado, deformado e eliminado pela luz, já que ela é tão f lexível quanto o pincel», como dizia Man Ray. O que mais agradava a Man Ray na fotografia era o facto do processo de execução da obra ser mais rápido que o da pintura.
em cima Man Ray Rayogram, 1931 Impressão em gelatina de prata página seguinte Man Ray Rayogram, 1931 Impressão em gelatina de prata
A pintura obrigava a um processo muito mais demorado e penoso acabou por reproduzir alguns “rayograms”, violando assim a sua para o artista. «Libertei-me do pastoso material de pintura e traunicidade, mas para ele uma reprodução era tão boa ou melhor que balho agora directamente com luz.» o original. Foi ele quem rompeu com a ideia generalizada de que a fotograNo entanto, só nos anos 70 Ray começou a ser reconhecido como fia se limitava a arquivar o mundo visível, e através de uma série artista e a ser objecto de grandes retrospectivas. de técnicas de revelação raramente empregues, utilizou-a para dar O objectivo de Man Ray era o de transmitir a vida dos objectos forma à sua imaginação. de forma sensível e nada melNos finais de 1921 e princípios hor do que o fazer através da de 1922, enquanto revelava fofotografia. Procurou fazer na fo«Tudo pode ser transformado, tografias na câmara escura, tografia o que fazia na pintura, deparou-se, por acaso, com a diferença estava na utilização deformado e eliminado pela luz, já uma técnica fotográfica que da luz e dos produtos químiconsistia na produção de uma cos. que ela é tão flexível quanto o pincel.» imagem sem a utilização da Conseguiu provar que a fotomáquina fotográfica. grafia não era apenas reproduBastava colocar um objecto sotiva e documental, mas que bre o papel fotossensível e expor o conjunto à luz que a silhueta do também podia ser criativa e inventiva, dando lugar a imagens nasobjecto destacava-se com contornos muito nítidos. Sem negativos, cidas da imaginação, ref lexão e inspiração do artista. as imagens obtidas através deste processo, constituem exemplares Era apenas preciso ver trabalhar a luz, porque é ela que cria: «Eu únicos a que Man Ray deu o nome de “rayograms”. No entanto, sento-me em frente da minha folha de papel fotográfico e penso.» 18
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FOTOGRAFIAS QUE DESAFIAM A GRAVIDADE TEXTO ISADORA PERRY CLARK | FOTOS NAM ©
Imagens surreais que o estúdio chinês NAM criou para a divulgação do Harbor City Chocolate Trail, um projeto para ajudar The Hong Kong Cancer Institute através da magia do chocolate, numa produção incrível. O resultado foram uma série de fotografias onde a ilusão da ausência de gravidade prococam um ambiente mágico com muito chocolate, capaz de deliciar o menos goloso.
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O estúdio chinês NAM criou as fotografias de divulgação do Harbor City Chocolate Trail, um projeto para ajudar The Hong Kong Cancer Institute através da magia do chocolate. As fotografias revelam cenários fantásticos, nos quais a gravidade não tem efeito. E o mais incrível é que esses efeitos foram criados durante os ensaios, ou seja, não há nenhum tipo de manipulação fotográfica pós-produção. Imagens mais reais não seria possível. Cada item que compõe a cena é pendurado por linhas e cabos, e os modelos são celebridades chinesas que interagem com os ele24
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mentos f lutuantes criando uma ilusão maior ainda. E claro, o chocolate está fortemente presente, até na tipografia. As fotos levam-nos para um mundo doce e mágico, organizadamente bagunçado e estaticamente em movimento. A qualquer momento esperamos ver tudo cair. O projeto também ganhou um espaço de divulgação que contou com essa identidade em todos os seus elementos visuais. O termo Ilusão de óptica aplica-se a todas ilusões que “enganam” o sistema visual humano fazendo-nos ver qualquer coisa que não
1 NAM, 2012 para Harbor City Chocolate Trail Fotografia digital 2 NAM, 2012 para Harbor City Chocolate Trail Fotografia digital 3 NAM, 2012 para Harbor City Chocolate Trail Fotografia digital 4 NAM, 2012 para Harbor City Chocolate Trail Fotografia digital
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está presente ou fazendo-nos vê-la de um modo erróneo. Algumas são de carácter fisiológico, outras de carácter cognitivo. As ilusões de óptica podem surgir naturalmente ou serem criadas por astúcias visuais específicas que demonstram certas hipóteses sobre o funcionamento do sistema visual humano. Imagens que causam ilusão de óptica são largamente utilizados nas artes, por exemplo nas obras gráficas de M. C. Escher. A explicação possível das ilusões óticas é debatida extensamente. No entanto, os resultados da investigação mais recente indicam que
as ilusões emergem simplesmente da assinatura do modo estatístico e empírico como todos os dados perceptivos visuais são gerados. A interpretação do que vemos no mundo exterior é uma tarefa muito complexa. Já se descobriram mais de 30 áreas diferentes no cérebro usadas para o processamento da visão. Umas parecem corresponder ao movimento, outras à cor, outras à profundidade (distância) e mesmo à direcção de um contorno. E o nosso sistema visual e o nosso cérebro tornam as coisas mais simples do que aquilo que elas são na realidade. ISO 100
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SMOKE
STEFANO BONAZZI TEXTO PAULA PITEIRA | FOTOS Stefano Bonazzi ©
Autodidata, é apreciador de arte moderna, videoarte, design arquitectónico. “Todo o meu trabalho está imbuído com a perspectiva com a qual eu encaro a vida: uma visão desiludida e cínica que me leva a concentrar nos aspectos negativos. Dessa forma eu olho a realidade, no entanto, não quero ser um fim em si mesmo desencanto, mas sim uma visão alternativa para fazer o bem e para espalhar falsidades, componente básico de nossa sociedade.” Os sentimentos de ansiedade e desconforto, que pertencem, de alguma forma cada um de nós, bem como a abordagem que temos sobre a morte, temas que habitualmente estão escondidos por uma empresa que pinta a si próprio como onipotente e etérea, são os pontos focais em torno do seu trabalho. Imagem enganosa de uma falsa realidade carregadas de cores artificiais, prefire uma vista panorâmica para as cores mais básicas e pequenas. “Acho que é particularmente agradável para a realização das minhas representações digitais, um verdadeiro caleidoscópio de nuances de expressão que permite ao artista infinitamente alargar o seu âmbito de intervenção e avaliação.“
página seguinte “Smoke #6”, Composião digital impressa
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em cima “Smoke #8”, Composião digital impressa página seguinte: em cima “Smoke #6”, Composião digital impressa em baixo “Smoke #7”, Composião digital impressa
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Stefano Bonazzi nasceu em 1983, em Ferrara, onde ainda mora e trabalha. Apaixonado por arte moderna, gráfica digital, vídeo arte e projeto arquitetónico, olha para fora do mundo da arte por conta própria. Desde Junho de 2007 que faz parte dos Jovens Artistas Ferraresi e apoia a criatividade da juventude local, através da implementação de projectos e iniciativas em todo o território italiano. O uso de técnicas de cross-media é diferente de uns trabalhos para outros, o que permite obter resultados surreais e muitas vezes confusos. Stefano Bonazzi tem recebido importantes prémios de Deviantart. Stefano Bonazzi combina desenho a carvão, edição de fotos, e fotografia digital para produzir a sua obra, e a sua bela série, Smoke é aquela que merece mais atenção. Os seus súditos nus parecem desaparecer num véu de fumaça de ambas as extremidades dos seus corpos, criando tons misteriosos e elegantes de preto, branco e cinza em torno da forma humana. Mas nunca os temas aparecem alarmado; eles existem como se eles soubessem a inevitabilidade do seu tempo fugaz. Os corpos f lutuam e interligam-se através do fumo. Como Bonazzi afirma: “Eu sou fascinado pelas tonalidades infinitas, a nossa vida contemporânea; eu amo o cinza em vez do preto e branco. Os sentimentos de ansiedade e desconforto”, que de alguma forma pertencem a cada um de nós, bem como que a abordagem que temos sobre a morte, ele emite geralmente escondido por uma empresa que pinta a si próprio como onipotente e etérea, são pontos focais em torno do meu trabalho. Imagem enganosa de uma falsa realidade carregada de cores artificiais, corantes preferem uma visão pitoresca e redução mais essencial. Um trabalho para ref lectir sobre a morte.
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PORTFÓLIO
KIRSTY
MITCHELL TEXTO JOÃO MATIAS | FOTOS KIRSTY MITCHELL ©
Kirsty Mitchell leva-nos até um País das Maravilhas. Veja as imagens inspiradoras que nos transportam para um lugar cheio de magia, criado pela talentosa estilista e fotógrafa mais emergente dos dias de hoje. Um mundo encantado onde todas as imagens são reais, captadas em cenários verdadeiros, com luz natural e em todas as estações do ano.
Wonderland 2009-2012
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BIOGRAFIA Kirsty Mitchell nasceu em 1976 e cresceu no condado inglês Kent, conhecido por muitos como o “Jardim da Inglaterra”. Ao crescer, a arte tornou-se na sua única paixão. Estudou até aos 25 anos, os cursos de história da arte, fotografia, artes plásticas, e, em seguida, para treinar em figurino para cinema e teatro, no London College of Fashion. Trabalhou por um curto período na indústria, decidiu continuar a sua educação, e voltou para a universidade, completando um grau de primeira classe com honras em design de moda, em Ravensbourne no verão de 2001. Durante este tempo também completou dois estágios nos estúdios de design de Alexander McQueen e Hussein Chalayan. Desde então, tem trabalhado em tempo integral como designer de moda para uma grife global, até que em 2007, pegou numa câmera. A sua mãe morreu em novembro de 2008 e que foi quando a fotografia a envolveu. Encontrou-se a produzir peças que ecoaram as memórias das suas histórias, e a crença na maravilha, e o resultado é este que está à vista...
em cima Kirsty Mitchell 2009-2012 à direita “The Lavender Princess” Wonderland 2009-2012
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“The Fairycake Godmother” Wonderland 2009-2012
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“Hydrangea Girl” Wonderland 2009-2012
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«O trabalho é duro, mas não me arrependo de nada.»
Após enfrentar o momento mais difícil de sua vida, a morte da sua mãe, Kirsty Mitchell encontrou na fotografia uma maneira de expressar os seus sentimentos e mostrar um trabalho que reúne dedicação e amor. Ela ensina a beleza da arte de fotografar e mostra como esta arte pode transformar a vida quotidiana de qualquer pessoa. Kirsty une nas suas fotografias o seu talento como designer de moda realizando toda a produção dos figurinos e adereços com materiais “crus” e os torna verdadeiras obras prima e o esplendor dos lugares exóticos que procura para cada fotografia. Por alguma razão começou a tirar fotos de pessoas quando ia para o trabalho com uma pequena câmera digital que levava. Foi uma distração no início, mas rapidamente cresceu e se tornou uma obsessão
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total. Tinha estudado fotografia quando era muito jovem na Faculdade de Artes, mas frustou-se com o lado técnico, e acabou por estudar moda. Mas esta nova experiência da fotografia digital permitiu-lhe ser completamente espontânea e “livre”. Sentiu-se sem limites, foi uma libertação. A fotografia tornou-se na sua terapia quando já não podia falar com mais ninguém sobre o que sentia. Passava horas andando pelas ruas tirando fotos, tentando dar sentido às coisas, era uma maneira de ser deixada sozinha e deu-lhe tempo para pensar. O seu trabalho ficou muito emocional, era a única maneira que sabia como tirar fotos, era só a mostrar do lado de fora, como se sentia por dentro. Seis meses depois da morte da sua mãe começou um grande projeto em sua memória – Wonderland.
em baixo “The Lavender Princess” Wonderland 2009-2012 página seguinte “A Forgotten Tale” Wonderland 2009-2012
«Esta nova experiência da fotografia digital permitiu-lhe ser completamente espontânea e “livre”.»
É baseado no presente que ela lhe deu – a sua imaginação e histórias que ela lia como uma criança. É uma coleção de estranhas personagens de histórias inexplicáveis – um mundo que criou para fugir, já que a vida real era tão terrível e triste com a dor. Todas as imagens são reais, captadas em cenários verdadeiros, com luz natural e em todas as estações do ano. Não existem truques inteligentes com as suas fotos ou edição, basta ver o que estava à sua frente quando apertou o botão do obturador. Compreender a luz natural é muito importante – escolher o momento certo do dia para a cada imagem. Kirsty faz tudo nas fotos, todos os adereços, as roupas e os cenários. Não trabalha com designers ou estilistas. Fazendo tudo na fotografia é fundamental para o que faz, e é um trabalho muitas vezes maior do que tirar a foto em si. Começou
à direita Untitled Wonderland 2009-2012 página seguinte: em cima “The Chyrysalis’s Child” Wonderland 2009-2012 em baixo “The Candy Cane Witch” Wonderland 2009-2012
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maravilhas com nenhuma idéia real sobre o que estava a fazer. Fez os adereços das coisas que encontrou, realmente sucata velha. Não tinha nenhum equipamento de iluminação e então aprendeu a visitar locais em diferentes momentos do dia para ter a luz que precisava. Forçou-se a levantar de madrugada, ou sair na neve …. para pular em lagos sujos, ou subir escadas altas, tudo para conseguir as imagens que precisava. Isso mudou a sua vida. Como diz: “eu perdi minha mãe, mas ganhei uma visão completamente nova do mundo, e eu sou muito grata por isso. O trabalho é duro, mas não me arrependo de nada”. A produção Wonderland vai acabar como um livro e uma exposição em Londres. Não é um processo rápido, mas isso significa que existem imagens de todo o ano – da neve, no verão, o amanhecer, a noite etc – tem sido uma verdadeira jornada.
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O fotográfico Rosalind Krauss Em “O Fotográfico”, Rosalind Krauss ataca a fotografia. Primeiro, demonstra que é erróneo pensar a fotografia a partir dos critérios históricos e taxinómicos que são utilizados na pintura. Segundo momento lógico: define a fotografia como um campo artístico específico. A refutação da f lutuante categoria de estilo mediante a intervenção da noção de escritura permite uma reelaboração estratégica e funcional da produção fotográfica do século XX; a “nova objetividade” da Bauhaus e a “beleza convulsiva” do surrealismo adquirem, a partir desse momento, sentido uma em relação à outra. Terceiro momento lógico, e sem dúvida o mais importante: a fotografia passa a ser um modelo teórico ou chave de leitura que perde seu caráter empírico, pois permite uma ref lexão crítica sobre determinados movimentos do século XX. www.fnac.pt 22,01€
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Estética da fotografia
História da fotografia
Fraçois Soulages
David Bate
Este artigo tem por objetivo defender uma estética fotográfica baseada no conceito de “instante” de Gaston Bachelard. Assim, começaremos por entender como se deu o surgimento de uma estética tipicamente fotográfica, relacionada à captação de momentos do cotidiano. Em seguida nos aprofundaremos no conceito de instante de Bachelard e o relacionaremos com o ato fotográfico: como se dá a apreensão desse instante pelo fotógrafo e como essa dinâmica pode interferir na produção de conhecimento e nas configurações da linguagem dos gêneros fotográficos. Por fim, faremos um contraponto entre o instante bachelariano e o instante pós-moderno característico das práticas fotográficas existentes hoje.
A fotografia foi descoberta há mais de cento e sessenta anos. História da Fotografia, de Marie-Loup Sougez, que em Espanha já vai na sétima edição, nasceu com o propósito de colmatar esta lacuna, abordando clara e sucintamente os passos fundamentais da criação da fotografia, os seus pioneiros e principais nomes do século XIX, bem como as correntes e os representantes mais significativos da sua história no século XX. A relação da fotografia com outras formas de expressão plástica, sobretudo com a pintura, as consequências sociológicas do fenómeno na vida quotidiana, a sua relação com a inspiração literária, bem como as suas possibilidades futuras, são alguns dos temas tratados nesta História da Fotografia, que se completa com uma bibliografia e um índice onomástico.
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The photographers National Geographic
Photography and surrealism
Man Ray Patrick Blade
David Bate Viaje até aos mais recônditos cantos do mundo com estes talentosos profissio-nais que muitas vezes têm sido premiados pelo seu trabalho. Escute-os enquanto descrevem ‘os espinhos’ da sua profissão e as suas incríveis aventuras! Veja mais de perto os perigos que correm e a muitas vezes caótica vida que levam, por amor à sua arte. E descubra o inexcedível talento necessário para criar fotografias que fazem história, ao mesmo tempo que adquire uma fascinante e nova perspectiva do mundo através dos olhos de ‘OS FOTÓGRAFOS’. www.fnac.pt 17,50€
Esta clara e desafiadora reavaliação do estatuto e do uso de imagens fotográficas em surrealismo histórico coloca questões fundamentais do surrealismo de volta no âmbito da sua finalidade histórica e função. David Bate pergunta o que uma fotografia surrealista realmente é. Ele discute questões como o automatismo e a imagem fotográfica, a paixão surrealista para a loucura, o seu uso ambivalente de Orientalismo e adoção da filosofia Sadean bem como o efeito do fascismo sobre os surrealistas. Buscando localizar o uso da fotografia por dentro dos surrealistas discursos culturais daquele momento histórico.
Man Ray, nascido Emmanuel Radnitzky em 27 de Agosto 1890 em Filadélfia, morreu em 18 de Novembro de 1976 em Paris, foi talvez um dos mais inf luentes artistas do século 20. Produtor fotógrafo, pintor e filme, ele estava envolvido no movimento Dada em Nova York, em seguida, o movimento surrealista em Paris, onde viveu parte de sua vida. Enquanto ele é mais famoso por seu fotografia avant-garde, ele se considerava um pintor em primeiro lugar. www.ebooks.com 3,50€
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AGENDA Miguel Santos | Blue and Grey Paintings Até 16 jun 12 | FCG, Lisboa Miguel Santos utiliza a fotografia como meio para nos conduzir a uma ref lexão sobre a possibilidade do que é visível, enquanto representação, numa relação estreita com a pintura e com a paisagem como género. Esta relação reside em dois níveis do seu trabalho: em primeiro lugar através dos títulos, que reclamam o nosso vocabulário visual e semântico como um índice remissivo, e em segundo lugar por via de uma particular atenção do autor à história da arte e às transformações que a pintura sofreu no decorrer do século XX, percorrendo, a monocromia e o abstracionismo.
Manuel Magalhães | Fotografia 15 jun a 15 jul 12 | CM do Porto Nasceu no Porto em 1945. É licenciado em Arquitectura pela E.S.B.A.P. Dedica-se à Fotografia e à investigação da sua história desde 1970. Faz parte do Grupo IF Ideia e Forma desde 1977. Foi um dos fundadores da Galeria Imago Lucis, no Porto. Participou em numerosas exposições tanto em Portugal como no estrangeiro. Vive e trabalha no Porto.
Edgar Martins | The Wayward Line 25 jun a 11 jul 12 | Galeria 21, Porto As fotografias de Edgar Martins vão para além da mera imagem e do referente ao qual estão ancoradas. Por se tornarem ref lexivas e autocríticas, saem do âmbito do puramente fotográfico sem abdicarem, todavia, da sua essência. Podemos considerá-las num terreno híbrido, próximas da pintura pela ideia de tableaux e pela importância da composição, do cinema (plateaux) ou até mesmo da escultura pela forma como se assumem como imagens-objectos.
Workshop | Fotografia de Natureza 30 jun | Universidade de Évora Esta iniciativa é realizada no âmbito da visita da Presidente da Oeganização de Fotografia de Naturaleza Argentina, Belén Etchegaray, e enquadrado nas acções desenvolvidas no programa da Década da Biodiversidade (2011-2020). Para mais informações visite o site: www.icaam.uevora.pt. As inscrrições são feitas através do site. Esta é uma organização do ICAAM - Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas da Universidade de Évora com o apoio da Embaixada da Argentina e da Fundação Luís Molina.
Gastão de Brito e Silva | Ruin’Arte Até 18 jun | CCB, Lisboa Ruin’Arte - o lado romântico de cada ruína é uma forma de chamar a atenção para a degradação do património arquitetónico de Portugal feito por Gastão de Brito e Silva que pode ser visitado no Centro Cultural de Belém de domingo a quinta das 15h às 3h, e sextas e sábados das 16h às 4h.
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SURREALISMO VENCEDOR 1. RUI CASTRO “Easy Climb” Nikon 90D f/16 a 1/500 seg.
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2. Fábio Silva “Wrong Side” Canon EOS 1000D f/5 a 15 seg.
3. Ana Costa “Floating” Canon EOS 450D f/22 a 1/20 seg.
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GALERIA AGOSTO Para a edição de Agosot da ISO 100 o tema será Arquitectura. Consulte as normas de participação no nosso site ou na página do facebook: www.iso100.pt www.facebook.pt/iso100
Envie-nos as suas fotos até dia 15 de Junho e quem sabe se elas não farão parte da edição de Agosto da ISO 100 e habilite-se ainda a ganhar um LiveView Pixel LV-122 para Canon ou Nikon, no valor de 149€, uma oferta da Niobo. www.niobo.pt
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Todas as fotografias seleccionadas para esta edição da ISO 100 estão também disponíveis online. O nosso leitor Rui Castro ganhou uma mochila Manfrotto Bags Stile Agilel, no valor de 89€, uma oferta da Flasheffects.
4. João Morais “Inverted” Canon EOS 500D f/5 a 15 seg.
5. Pedro Silva “Hell’s Land” Canon EOS 7D f/22 a 1/20 seg.
www.f lasheffects.pt
6. Sara Sousa “Pirates” Canon 5D Mark II f/11 a 1/400 seg.
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