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Aprendizagem de A a Z
CARTILHA DE APREND
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A NDIZAGEM O mundo tem mais de sete bilhões de habitantes e cada um de nós é um ser humano diferente. Este fato é comprovado não apenas pela impressão digital única, mas pelas características individuais de aprendizagem. Quer um exemplo? Duas crianças que receberem a mesma informação, na mesma escola, com os mesmos professores, podem entender o mesmo assunto de maneiras diferentes. A vivência diária, os valores, o apoio emocional dos familiares e, principalmente, as habilidades cognitivas inatas do indivíduo transformam cada um de nós em um ser único com relação à aprendizagem. Nesta cartilha sobre APRENDIZAGEM, vamos abordar as inúmeras nuances desse processo: os transtornos de neurodesenvolvimento, os prejuízos no dia-a-dia escolar, os superdotados e uma gama de informações acerca das características específicas de cada problema. Acompanhe com a gente uma verdadeira jornada pelo universo da aprendizagem!
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CARTILHA DE APRENDIZAGEM
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APRENDIZAGEM
VOCÊ JÁ PAROU PARA PENSAR COMO CONSEGUIMOS APRENDER? CADA UM DE NÓS TEM UM JEITO DE APRENDER: TEM GENTE QUE APRENDE RÁPIDO E IMPRESSIONA PELA “FACILIDADE” COM QUE APROVEITA SUAS EXPERIÊNCIAS PARA RESPONDER AOS MAIS DIVERSOS PROBLEMAS DO COTIDIANO. OUTRAS PESSOAS PRECISAM SE “ESFORÇAR” MAIS. ENTÃO, DE ONDE VÊM ESSAS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS?
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Simplificando, seu jeito de aprender dependerá tanto de habilidades que nasceram com você quanto de habilidades que precisaram ser ensinadas, fazendo com que o valor que a educação tem em sua cultura e suas oportunidades de ensino sejam fundamentais para sua aprendizagem. O acolhimento e o apoio emocional dos pais/educadores nos primeiros anos de vida também são fundamentais. Quanto mais a curiosidade própria de cada um é incentivada, melhor! Um conhecimento é mais bem aproveitado quando o educador sabe maximizar as capacidades individuais: se uma tarefa é absurdamente difícil, o educando pode se sentir incapaz e desistir. Se uma tarefa é absurdamente fácil, ele também pode não se sentir instigado a se esforçar mais e mais. Uma tarefa que desafie o potencial do educando, no “meio do caminho”, seria o mais indicado. É sabido que esse “meio do caminho” é diferente para cada um. Por isso, torna-se um verdadeiro desafio trabalhar em grupos em que os educandos têm um potencial cognitivo e um nível de motivação pessoal para aprender variados.
QUANTO MAIS A CURIOSIDADE PRÓPRIA DE CADA UM É INCENTIVADA, MELHOR! Uma educação desafiadora num nível médio vai funcionar para a maioria, mas vai ser muito fácil para quem tem habilidades cognitivas elevadas e muito difícil para quem tem dificuldades relacionadas a problemas do neurodesenvolvimento, o que vai impactar diretamente sua motivação e autoeficácia. Sendo assim, se as mesmas oportunidades de educação são oferecidas para um grupo de estudantes, aqueles com o menor desempenho serão apontados como tendo dificuldade de aprendizagem. Já os que têm uma dificuldade muito acentuada e que persiste ao longo de seu desenvolvimento, apesar de inúmeros esforços para que tenham um desempenho mais próximo do esperado para a sua idade, escolaridade e aparente capacidade cognitiva geral, são os que provavelmente apresentam um transtorno de aprendizagem.
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CAPACIDADE COGNITIVA Inteligência! Atenção! Planejar, manter, monitorar! Intuição matemática! Consciência dos sons das letras!
PERSONALIDADE Confiança em si mesmo! Responsabilidade, organização, autocontrole e esforço! Capacidade de esperar e se sentir recompensado: motivação!
EXPERIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO E OPORTUNIDADES CULTURAIS
Além da capacidade cognitiva e das oportunidades de aprendizagem (método de ensino, aprendizagem direta pela observação e exemplo das pessoas com quem o educando convive, a importância da educação para a cultura do estudante e consequente incentivo nessa direção, etc.), a motivação individual tem alto potencial para influenciar o jeito de cada um aprender. Se uma tarefa é muito complexa, muito longa, pouco clara quanto aos seus objetivos e o aluno não entende sua utilidade em curto prazo, fica mais difícil para MUITAS VEZES, ele se interessar e O ESTUDANTE PODE SER aprender. Muitas LEVADO A SE ESFORÇAR vezes, o estudante PARA MELHORAR SEU pode ser levado a se esforçar para DESEMPENHO MAIS POR melhorar seu MEDO DE TIRAR NOTAS desempenho mais BAIXAS DO QUE PELA por medo de tirar notas baixas do VONTADE DE APRENDER. que pela vontade de aprender. O reconhecimento de pequenos avanços e a recompensa por eles é fundamental para que o indivíduo continue se esforçando. Fornecer a cada estudante uma estratégia individual mais adequada para o seu modo particular de aprender pode demandar mais esforço, mas vale a pena para todos.
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Um transtorno da aprendizagem pode ser específico, fazendo com que o estudante tenha dificuldade apenas em alguns aspectos particulares do seu funcionamento. Algumas crianças apresentam dificuldade específica de leitura, mas vão bem em matemática e vice-versa. Por isso são chamados transtornos específicos de aprendizagem e incluem a dislexia e a discalculia do desenvolvimento. Esses transtornos específicos estão dentro de um grupo mais geral, chamado transtornos do neurodesenvolvimento. Eles são do neurodesenvolvimento porque desde muito cedo afetam a capacidade da criança de ter um desempenho semelhante ao de outras crianças em diversas áreas do cotidiano.
Entre os transtornos que causam prejuízos mais globais estão o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, o transtorno do espectro autista e as deficiências intelectuais. Lembre-se de que as crianças aprendem melhor quando são instruídas diretamente sobre o que aprender e quando as expectativas e regras são simples e claras. Métodos que focam muito a intuição para a aprendizagem podem atrapalhar principalmente as crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. Essas crianças têm dificuldade para construir e organizar o próprio conhecimento em resposta aos estímulos externos e com base puramente em suas experiências.
TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM 10 EM CADA 100 PESSOAS EM TODO O MUNDO TÊM UM TRANSTORNO ESPECÍFICO DE APRENDIZAGEM. OS TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM SÃO BASTANTE COMPLEXOS EM SUA ORIGEM. POR ORA, BASTA SABER QUE ALGUMAS CRIANÇAS NASCEM COM UMA SENSIBILIDADE GENÉTICA MAIOR AOS ACONTECIMENTOS DO DIA A DIA.
Essa combinação entre vulnerabilidade genética e ambiente pode levar a pequenas alterações no cérebro da criança, ficando, assim, muito mais difícil para ela conseguir aprender conteúdos específicos. É importante dizer que essa dificuldade, para ser específica, não se deve à inteligência da criança, a problemas sensoriais ou emocionais e, claro, não se deve a uma educação inadequada. 6
Vamos conhecer alguns dos transtornos mais comuns da aprendizagem e como podemos ajudar um pouquinho quem os tem. Muitas vezes esses transtornos podem ocorrer juntos, aumentando a necessidade de apoio individual e acolhimento durante o processo de aprendizagem. Vale lembrar: reforce cada pequeno avanço e alimente a autoconfiança da criança!
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DISLEXIA Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurobiológica. É caracterizada pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de tradução dos sons em letras e das letras em seus sons. Essas limitações geralmente resultam de uma dificuldade de linguagem, ou seja, a criança não entende bem que cada palavra é formada por partes menores, os sons das sílabas e das letras, mais que isso: ela tem dificuldade para manipular esses sons e não percebe que novas palavras podem ser formadas quando sons são acrescentados, tirados, invertidos ou mesmo substituídos. Crianças com dislexia geralmente demoram mais para começar a falar, têm mais dificuldade para pronunciar e aprender novas palavras, custam a aprender rimas, a ler palavras, cometem mais erros ao escrever (trocam, por exemplo, “t” por “d” ou “f” por “v”) e, quando crescem, mesmo que superem algumas dificuldades, podem ficar mais lentas para ler e escrever, ter mais dificuldade para compreender o que leem e costumam evitar tarefas que exijam leitura.
NA MEDIDA DO POSSÍVEL, OS PROFESSORES PODEM TOMAR ALGUMAS PROVIDÊNCIAS QUE AUXILIAM ESTUDANTES COM DISLEXIA, COMO: • Construir e nutrir sua autoconfiança: garanta que as tarefas sejam adequadas ao nível de habilidade da criança. • Sentar o aluno perto do professor. • Ensinar individualmente ou em pequenos grupos, sempre que possível. • Descobrir como o aluno aprende melhor. • Incentivar o aluno a repetir as instruções dadas (incentivar autoinstrução). • Usar uma abordagem multissensorial estruturada para alfabetização e leitura. • O método fônico é um grande aliado no ensino da leitura para todas as crianças. • Diferenciar o material e a abordagem didática: >> Dar mais tempo para a realização das tarefas. >> Não pedir ao aluno que leia em voz alta na frente de muitos colegas. >> Evite listas longas de palavras para aprender a cada semana.
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>> Não exija que consiga copiar muitos exercícios da lousa. >> Evite lugares mais barulhentos ou cheios de distrações. Fornecer planilhas claras com menos escrita e mais diagramas e figuras. Concentrar-se no conteúdo e não na apresentação das respostas do aluno (por exemplo, valorizar respostas orais). Incentivar a repetição exaustiva de conteúdos recentemente aprendidos, dando oportunidade para muita prática e sempre recompensando o aluno por seu esforço. Procure recompensar e incentivar sempre que possível, incluindo incentivos concretos associados ao elogio (por exemplo, adesivos, balas, etc.). Não corrigir os erros excessivamente, e sim valorizar, sempre que possível, as respostas corretas. Esperar variabilidade no desempenho do aluno.
A LIÇÃO DE CASA PODE, MUITAS VEZES, FRUSTRAR E CHATEAR TANTO AS CRIANÇAS COM DISLEXIA QUANTO SEUS PAIS. QUEM SABE AS DICAS ABAIXO POSSAM AJUDAR A MELHORAR ESSA EXPERIÊNCIA!? Lembre-se: o objetivo das tarefas de casa é praticar algo já familiar para a criança. Se a 7
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lição de casa estiver muito difícil, converse com o(a) professor(a). Evite o máximo possível que as tarefas de casa sejam uma experiência desagradável ou desmotivadora para o(a) seu(sua) filho(a) por estarem acima das suas habilidades ou por serem muito longas e demoradas.
para o trabalho e com os itens necessários à mão (por exemplo, caneta, lápis, borracha, livros etc.). A mesa da cozinha pode ser adequada nos momentos em que você está muito ocupado(a), mas a criança precisa de supervisão constante.
Tente ajudar a criança dividindo a lição de casa em blocos menores de atividade e permita tempo adicional sempre que necessário.
Cada criança tem um horário mais produtivo. Logo depois da escola, o estudante pode
ESTABELECENDO UMA ROTINA É importante que se estabeleça uma ROTINA para a lição de casa. O ideal, principalmente se a criança ainda não aprendeu a ler, é escrever o plano de estudos para a lição de casa e deixá-lo num lugar de fácil visualização, como na parede do quarto de estudos. Seu plano de estudos deve deixar claro o que a criança pode fazer depois que chegar da escola, em que lugar ela deve realizar as atividades, as pausas para descanso, o momento de buscar ajuda, a recompensa ao terminar as atividades etc. Ele deve ser flexível a ponto de permitir eventuais atividades depois da escola e de respeitar o tempo que a criança consegue se dedicar a ele. Ao corrigir a lição de casa, lembre-se de sempre apontar mais acertos
Encontre a hora certa!
CADA CRIANÇA TEM UM HORÁRIO MAIS PRODUTIVO. LOGO DEPOIS DA ESCOLA, O ESTUDANTE PODE ESTAR MUITO CANSADO.
estar muito cansado; por isso, talvez esse não seja o melhor momento para a lição de casa, especialmente porque crianças com dislexia precisam se esforçar mais. Uma pausa antes do início das atividades pode ser necessária. Algumas crianças, por exemplo, fazem melhor as tarefas pela manhã depois de uma boa noite de sono!
A leitura diária é essencial! PLANO DE ESTUDOS PARA CASA 15h 1. Desligar a TV e lavar o rosto. 2. Ir para a mesa de estudos, no quarto. 3. Separar o material para a lição de casa. 4. Colocar o alarme para descanso a cada 15 minutos: respirar calmamente por 30 segundos e voltar às atividades. 5. Ao terminar cada bloco de atividades, peça à mamãe para corrigi-lo com você. 6. Ao final de cada bloco, se você se dedicar, ganhará um adesivo! 7. Ao terminar, guarde o material e peça ajuda à mamãe para preparar a mochila do dia seguinte. Bons estudos! =)
do que erros.
Prepare um lugar adequado O lugar da lição de casa precisa ser o mais silencioso possível, com espaço suficiente 8
Muita prática é de extrema importância para quem tem dislexia, de modo que possa desenvolver as habilidades de leitura. Leia em voz alta com a criança quando ela começar a ficar frustrada. Isso a ajuda a entender e a gostar do que está lendo, além de ajudá-la a continuar aprendendo. A criança também pode ler acompanhada por um vídeo ou um CD. Se um adulto ler uma história um pouco mais complexa do que a criança consegue ler sozinha, por exemplo, para ela dormir, isso pode ajudá-la a aprender novas palavras.
Aprendendo a ler! Comece pelas palavras mais comuns do dia a dia da criança. • C omece por uma história bem conhecida e apropriada para a idade da criança. Historinhas ilustradas, gibis, revistas com atividades podem ser motivadoras. Leia com a criança, apontando cada palavra à medida que segue a leitura; ao se deparar com uma palavra que você acha que a criança conhece, incentive-a a ler
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em voz alta. • Trabalhe até seis palavras por vez, no máximo. • Nas primeiras vezes, leia primeiro as palavras para a criança e depois peça a ela para repetir. • Fale sobre a forma das palavras, seu tamanho e a exata sequência das letras. >> “gato”: essa palavra tem quatro letras, tem uma letra com “cauda” no início, depois tem uma letra redonda com perninha, uma letra alta e uma letra redonda no final. • Você pode escrever as palavras em cartões e pedir para a criança ler. Se ela acertar a palavra de primeira, coloque-a num envelope, mas, se ela errar, leia em voz alta e coloque-a de novo na pilha de cartões para que ela tenha a oportunidade de vê-la novamente. • Revise as palavras até que a criança realmente as conheça, de modo automático.
QUANDO A CRIANÇA LER CORRETAMENTE, ELOGIE-A E DESCREVA PARA ELA EXATAMENTE O QUE ACERTOU!
• Ensine sua criança com jogos. Os jogos que incentivam a velocidade, além de serem coloridos e didáticos, são interessantes na visão da criança (ela tem que achar divertido!) e são ótimas ferramentas. Quando você estiver escutando a criança lendo: • Leitura correta: quando a criança ler corretamente, elogie-a e descreva para ela exatamente o que acertou! • Leitura difícil, mas em progresso: quando a criança tiver problemas com uma palavra, permita que tente um pouco mais sozinha (por uns cinco segundos) e dê dicas para que ela chegue à palavra correta (fale sobre a forma, o tamanho ou sobre outras dicas que foram dadas nos exercícios anteriores com aquela palavra). • Leitura incorreta: Se a criança ler errado, pare a leitura e ajude-a a entender o que
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está errando. Diga: “Você leu bonca... Isto faz sentido para você? Veja, faltou uma letra no meio da palavra, uma vogal com o som aberto... leia, a palavra é? Boneca! Muito bem! Tente novamente.” Se ela continuar errando, por exemplo, duas vezes seguidas, apenas a incentive a continuar lendo. • Incentive cada pequeno avanço e deixe claro como a criança se esforçou. Ao elogiar, seja específico e descreva ao máximo como a criança fez para acertar cada palavra. O objetivo é incentivar a criança e não apontar seus erros! • Sempre que possível, ensine à sua criança estratégias para que ela consiga entender a leitura e achá-la interessante. Pergunte o que ela achou da história, invente INCENTIVE CADA com ela finais PEQUENO AVANÇO E alternativos, dê DEIXE CLARO COMO A novos títulos, pergunte sobre CRIANÇA SE ESFORÇOU. O personagens OBJETIVO É INCENTIVAR favoritos! A CRIANÇA E NÃO • Explore todos os sentidos na APONTAR SEUS ERROS. aprendizagem! Use lápis de cor para escrever, papéis coloridos, figuras, vídeo, música, incentive a criança a tentar explicar o que aprendeu para outra pessoa, escreva na areia ou no açúcar etc. 9
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DISCALCULIA Algumas vezes, quando uma criança tem dificuldade escolar só na matemática, mas vai muito bem com a leitura, é possível que pais e educadores não entendam o quanto isso pode ser prejudicial no futuro daquela criança. Por alguma razão, pode ser que sejamos mais tolerantes com as dificuldades
estão aquelas crianças com discalculia (presente em cerca de cinco em cada 100 pessoas). A discalculia do desenvolvimento é um transtorno específico e persistente da aprendizagem da matemática. Quem tem discalculia tem muita dificuldade para entender a quantidade das coisas e, por isso, muita dificuldade para entender os números e o que eles representam. Quando pequenas, as crianças com discalculia podem ter dificuldade para aprender a contar, para reconhecer os números, para conseguir corresponder os dígitos às quantidades que representam (por exemplo, entender que o dígito “4” corresponde a quatro objetos), dificuldade para organizar coisas de maneira lógica (organizar brinquedos por categoria, por exemplo). Na escola, a discalculia traz dificuldade no aprendizado da tabuada (adição, subtração, multiplicação e divisão), dificuldade para resolver problemas matemáticos, prejuízo na memorização de funções matemáticas, menor familiaridade com o vocabulário de matemática, problemas para medir as coisas, entre outros.
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de aprendizagem da matemática, mas não deveria ser assim. Ao contrário do que possa parecer, matemática não é para poucos, mas para muitos. A matemática está em todo lugar e cada vez mais precisamos dela! Algumas pessoas têm tanta dificuldade com o raciocínio matemático que não têm a menor noção de quanto deveriam receber de troco, de quanto deveriam cobrar por um serviço, ou mesmo quanto de leite deveriam usar para fazer um bolo. Uma dificuldade assim é rara, embora aconteça. A matemática deveria ser incentivada, divertida e cheia de sentido cotidiano! Matemática não é uma questão de talento, mas de esforço. Porém, muitas vezes, acabamos dizendo para nossas crianças que matemática é difícil mesmo, levando-as a acreditarem que não nasceram com o “dom” necessário para se dar bem com a matéria, o que não é verdade. Matemática não é impossível, embora possa ser desafiadora! Um desafio mágico quando se é capaz de perceber que ela está por toda parte e ao alcance da maioria (e não da minoria)! No pequeno grupo para o qual a matemática é, de verdade, um desafio muito grande,
Para adultos, podem ser observadas dificuldades para estimar custos ao fazer compras, para aprender conceitos matemáticos mais complexos (além dos fatos numéricos), menor habilidade no gerenciamento financeiro, problemas para
QUEM TEM DISCALCULIA TEM MUITA DIFICULDADE PARA ENTENDER A QUANTIDADE DAS COISAS E, POR ISSO, MUITA DIFICULDADE PARA ENTENDER OS NÚMEROS E O QUE ELES REPRESENTAM. estimar a passagem do tempo (o que pode levar a problemas para seguir cronogramas ou estimar a duração das atividades), dificuldade para realizar cálculos mentais (sem auxílio de calculadora ou lápis e papel), dificuldade para achar mais de uma solução para um
mesmo problema ou na resolução de problemas complexos (com muitas operações simultâneas, por exemplo), dificuldade para estimar com precisão e velocidade ou julgar distâncias (por exemplo, ao dirigir ou praticar esportes), entre outras.
COMO AJUDAR ESTUDANTES COM DISCALCULIA? Ajudar o aluno a identificar seus pontos fortes e fracos é o primeiro passo. Após a identificação, os pais, os professores e outros educadores podem trabalhar juntos para estabelecer estratégias que ajudarão o estudante a aprender matemática de forma mais eficaz. O auxílio fora da sala de aula permite que o aluno e seu educador possam focar especificamente as dificuldades que o aluno está tendo, tirando a pressão de ter de mudar para novos tópicos muito rapidamente. O reforço repetido e a prática específica de ideias simples podem tornar a compreensão mais fácil, e entender o que os números e as operações aritméticas (adição, subtração, multiplicação e divisão) significam é o mais importante! Algumas estratégias podem ajudar: • Use papel quadriculado para os alunos que têm dificuldade em organizar as ideias no papel, permitindo que cada número esteja em um quadrado diferente. • Incentive o aluno a ler os problemas matemáticos em voz alta, mesmo que não sejam problemas verbais (p. ex., 3+9=). • Incentive o aluno a desenhar figuras que representem os problemas que ele está resolvendo. • Apresente os problemas de modo prático, como eles são vistos no dia a dia da criança, e forneça materiais concretos para que ela possa manipulá-los ao resolver o problema. • Trabalhe para encontrar maneiras
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diferentes de abordar os fatos aritméticos (não apenas memorizar a tabuada, mas explicar que a multiplicação consiste na soma de fatos repetidos, ou seja, se 2 x 8 = 16, que é o dobro de oito, então 4 x 8 só pode ser o dobro de 16, ou seja, 32). • Pratique estimar (tentar adivinhar) como uma forma de começar a resolver problemas de matemática. • Introduza novas habilidades a partir de exemplos concretos e, mais tarde, mude para aplicações mais abstratas. • Explique ideias e problemas de forma clara e incentive os alunos a fazerem perguntas sobre como eles funcionam.
CARTILHA DE APRENDIZAGEM
APRESENTE OS PROBLEMAS DE MODO PRÁTICO, COMO ELES SÃO VISTOS NO DIA A DIA DA CRIANÇA, E FORNEÇA MATERIAIS CONCRETOS PARA QUE ELA POSSA MANIPULÁ-LOS AO RESOLVER O PROBLEMA.
• Forneça um lugar para trabalhar com poucas distrações, tendo, se necessário, lápis, borracha e outros materiais à mão. • Confira mais tempo a realização das tarefas que envolvam aritmética e valorize o raciocínio matemático mais que a realização do cálculo em si. • Forneça materiais de referência sempre que possível, como tabuadas, fórmulas e calculadora, principalmente na realização de tarefas avaliativas cujos problemas exijam a realização de vários passos encadeados para se chegar à resposta, dando oportunidade para que o aluno demonstre ter entendido o problema, ainda que tenha dificuldades com os cálculos. • A matemática tem natureza cumulativa, portanto, não avance para problemas mais complexos enquanto habilidades mais básicas não forem completamente adquiridas pelo estudante.
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OUTROS TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO
TDAH COMO AJUDAR ESTUDANTES COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/ HIPERATIVIDADE (TDAH)
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Muitas crianças e adultos são desatentos ou muito agitados sem que isso seja um problema, mas para cinco em cada 100 pessoas é fundamental ter ajuda.
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Dificuldades mais frequentes: • Baixo desempenho escolar. • Dificuldade para se relacionar com os colegas. • Problemas para respeitar regras.
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Outras dificuldades possíveis: • Lentidão para aprender conteúdos e realizar as tarefas escolares. • Dificuldade para ignorar estímulos irrelevantes e para interromper uma resposta que já foi iniciada (mesmo se inadequada). • Dificuldade de organizar e planejar os passos necessários para cumprir suas
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tarefas, além de dificuldade para enxergar mais de uma solução para um problema. Baixo estado de alerta (o estudante pode tentar aumentar o estado de alerta buscando ambientes barulhentos, cheios de pessoas, ouvindo música, vendo TV mesmo quando está estudando). Dificuldade de sustentar a atenção durante uma atividade mental prolongada (mais de 15 ou 20 minutos consecutivos). Essa dificuldade é maior para atividades pouco motivadoras. Quanto mais motivada a criança estiver para uma atividade, menos problemas com a atenção ela terá. Isso acontece com todos os seres humanos, mas é mais acentuado para quem tem TDAH. Elevada variabilidade de desempenho, o estudante pode apresentar bom desempenho em certa atividade num dia e falhar em outra de mesma natureza em outro. Baixa sensibilidade à recompensa, os alunos com desenvolvimento típico se
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sentem recompensados mais facilmente que os estudantes com TDAH, que podem precisar de mais atenção para entender que seu esforço está sendo valorizado. Imediatismo/Aversão à espera, mesmo que a consequência de uma ação seja muito boa futuramente, indivíduos com TDAH tendem a desvalorizar recompensas que levam mais tempo para serem alcançadas, preferindo recompensas menores, mas imediatas. Menor sensibilidade à punição, estudantes com TDAH podem ter dificuldade para inibir comportamentos de risco, ou seja, comportamentos que podem trazer consequências negativas, mesmo que já tenham vivido e aprendido que a punição é bastante provável ou grave. Dificuldade para lidar com o tempo, pessoas com TDAH costumam achar que o tempo demora mais para passar do que realmente passa. Elas podem ter dificuldades para estabelecer prioridades, cumprir prazos, concluir suas tarefas, avaliar as consequências em longo prazo etc. Dificuldade de aprendizagem da leitura e da matemática, mesmo que não tenham dislexia ou discalculia do desenvolvimento (mas com frequência têm), os problemas de leitura, escrita e aritmética são comuns.
“sei que isso não é divertido para você, mas você tem que fazer”. Não caia na tentação de alimentar um “cabo de guerra” dentro de casa.
CARTILHA DE APRENDIZAGEM
Quanto mais estruturado, melhor! Use calendários, circule as datas importantes e escreva o que tem de ser feito para aquela EVITE FORÇAR O BOM data (como provas e trabalhos escolares). COMPORTAMENTO Mantenha visíveis ATRAVÉS DO MEDO. (no quarto da criança ou na sala) as regras importantes (mesmo que sejam simples, como apagar as luzes etc.). Converse com o(a) professor(a) da criança e aceite conselhos sobre como fazer a lição de casa. Recompense a criança no final do dia pelas coisas que ela fez
EM CASA: COMO AJUDAR? Seja assertivo! Ou seja, coloque limites, mas sem ser excessivamente autoritário; promova a autonomia da criança, mas não permita que faça tudo “só porque ela quer”. Uma rotina bem estruturada e um lar sem muitos conflitos são ferramentas poderosas para mudar o comportamento. Crie regras simples e diretas. Seja específico e consistente. Você pode dar uma ordem começando sempre da mesma forma: “filho(a), você tem que arrumar o quarto agora”, “filho(a), você tem que fazer o dever daqui a cinco minutos”, “filho(a), você tem que se preparar para dormir”. Isso ajuda a criança a entender que você está sendo consistente e que sua ordem tem que ser levada a sério.
Mantenha a calma! Preste atenção se você não tende a reagir agressivamente ao mau comportamento da criança. Argumentar não ajuda. Olhe firmemente, mas com carinho, para ela e diga:
corretamente (libere o computador, assista à TV com ela etc.). Tome cuidado para não pressionar a criança a fazer as coisas: não torne a rotina motivo de ameaças diárias. Evite forçar o bom comportamento através do medo. • Foque nos comportamentos positivos da criança (assim ela saberá o que deve fazer e não só o que não deve). • Crie um espaço tranquilo para o estudo.
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CARTILHA DE APRENDIZAGEM
• Mantenha a criança ativa (atividades motoras são ótimas. Exercícios que tenham como foco o autocontrole e a disciplina são indicados). • Tenha regras claras que impliquem uma consequência quando não cumpridas e um reforço quando obedecidas. • Estudantes com TDAH podem melhorar muito, principalmente na escola, com tratamento especializado. • O melhor tratamento varia para cada caso, mas em geral o medicamentoso é a primeira escolha. • Se a criança tem muitos problemas de comportamento, além dos problemas de atenção, um tipo de terapia cognitivocomportamental, o “Treinamento de Pais”, é muito bem-vindo. Não deixe de procurar um profissional se a desatenção ou o mau comportamento de seu(sua) filho(a) tem atrapalhado muito em casa, na escola ou no relacionamento com os colegas.
>> “Quando entrar na sala, cheque a tarefa e trabalhe nela quietinho.”
ENCONTRE COLEGAS PARCEIROS E ENVOLVA-OS EM ATIVIDADES DE COOPERAÇÃO DENTRO E FORA DA SALA DE AULA!
Rotina: isso ajuda o aluno a focar na tarefa. Rotinas podem incluir sempre escrever na lousa o que vai acontecer na aula. Reserve um espaço na lousa para listar no que estão trabalhando em cada momento e risque a tarefa quando tiverem terminado. Supervisão apropriada: estudantes com TDAH amadurecem mais lentamente, são mais “esquecidos” e desorganizados. Peça a um colega para checar sempre com o estudante com mais dificuldades se ele entendeu a “tarefa de casa” para que ele não “se esqueça” de fazê-la por não ter prestado atenção no que foi pedido. Encontre colegas parceiros e envolva-os em atividades de cooperação dentro e fora da sala de aula!
A estrutura importa! Faça adaptações!
EDUCADORES! Educadores são os principais parceiros dos estudantes com TDAH fora de casa. Se você disser que o(a) aluno(a) vale a pena o esforço ele(a) vai acreditar!
Estabeleça regras e rotinas!
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Regras: curtas e simples! Faça de um jeito positivo, escreva o que quer que o aluno faça em sala (não foque no que não quer que ele não faça)! Combine, por exemplo:
Acompanhe o trabalho do aluno e desenvolva um plano de atividades para ajudá-lo a não ficar para trás. Certifique-se de dar a ele tarefas mais compatíveis com suas habilidades para que não acumule prejuízos. Eventualmente, aceite trabalhos atrasados e motive-o a trabalhar mais arduamente, elogie o que foi feito e faça-o perceber que ele consegue. Outras adaptações comuns incluem: tempo prolongado em provas (dê a ele 20 a 40 minutos extras), dê tarefas mais curtas, peça que anote as instruções das atividades, divida projetos de longo prazo em pequenas partes com prazos mais próximos.
Estrutura! Reduza distratores! Coloque o aluno perto do(a) professor(a). Quando der instruções importantes, dirija-se para perto do aluno na sala e ajude-o se necessário; evite lugares com muitos estímulos (janelas, portas etc.). Coloque o aluno perto de modelos positivos para diminuir as distrações com outros alunos com comportamentos mais difíceis.
Se o estudante fizer algo errado, diga: “Vamos conversar sobre isso”, “Isso parece certo para você?”. Faça perguntas em vez de repreensões severas; seja o mais ESPECÍFICO que puder ao apontar os erros (e também o que ele fez de certo), e não diga apenas que é “errado”. Se ele se comportou muito mal, pergunte: “Esta é uma boa ou uma má escolha?.” Assim, ele entenderá que o que fez não está correto.
Prepare o aluno para os próximos passos! Lembre o estudante do que virá em seguida (qual aula, recreio, hora de um livro diferente etc.). Para atividades especiais, como as de campo ou excursões, dê avisos constantes com bastante tempo de antecedência, use lembretes. Ajude o aluno ao fim da aula, pedindo que ele supervisione a mochila e verificando se tem todo o material de que precisa para a lição de casa.
Se os pais concordarem em ajudar, tudo fica mais fácil. Você pode entender melhor quais são as maiores dificuldades de cada aluno se os pais ajudarem. Veja no quadro abaixo algumas sugestões para que o(a) professor(a) instrua os pais sobre coisas importantes para fazer.
Permita o movimento! Crie momentos específicos para que o aluno se movimente. Peça um favor, dê a ele uma missão que o faça se movimentar: apagar o quadro, beber água, ir ao banheiro; permita que ele manipule
SEMPRE QUE PUDER, ELOGIE UM BOM COMPORTAMENTO, POR MENOR QUE ELE SEJA!
objetos silenciosos na sua carteira (como bolas macias para apertar etc.). Não use momentos de “ação” como o recreio como castigo... pausas são ainda mais fundamentais para ajudar no foco de estudantes com TDAH!
Foco nas relações positivas! Tente manter uma relação positiva com os estudantes mesmo que seja mais difícil. Cumprimente-os pelo nome quando entram na sala; permita que os alunos façam cartazes sobre assuntos que os motivam fora da aula (futebol, música etc.). Sempre que puder, elogie um bom comportamento, por menor que ele seja! Um feedback positivo é mais efetivo quando é imediato: >> “Você está fazendo um ótimo trabalho!” “Agora você conseguiu!”
CARTILHA DE APRENDIZAGEM
1. Comunique-se regularmente com o(a) professor(a) sobre os problemas do estudante. 2. Veja se o tratamento que o médico sugeriu para o estudante tem feito diferença na escola e em casa. 3. Ajude seu(sua) filho(a) a organizar tudo o que precisa para terminar as lições de casa e ajude-o(a) a conferir se tem tudo o que precisa para ir à aula no dia seguinte. 4. Veja se seu(sua) filho(a) fez o dever corretamente, no livro ou caderno certo. 5. Ajude mais diretamente e dedique mais tempo às matérias em que seu(sua) filho(a) corre mais risco de fracassar. 6. Guarde todas as atividades do estudante até o semestre acabar. 7. Converse com o(a) professor(a) sobre a possibilidade de um relatório mensal ou semanal sobre o desempenho do aluno; procure saber o conteúdo que vai ser ensinado a seguir para que possa ajudar seu(sua) filho(a) em casa.
O que mais pode funcionar? Estudantes com TDAH frequentemente evitam tarefas muito difíceis ou muito longas. Eles preferem nem tentar. Quando der uma atividade mais difícil, ofereça mais de uma opção, pois eles colaboram mais quando podem escolher. Forneça lembretes visuais. Exemplos e estímulos visuais são mais fáceis de entender. Use cartolinas coloridas para lembrá-los de pontos ou conceitos-chave que devem usar, por exemplo, numa redação. Aumente a participação ativa na classe. Use estratégias de grupo, deixe o aluno escrever suas respostas na lousa, estimule resposta oral em conjunto, combine sinais com a turma para respostas coletivas sim ou não (como o polegar para cima ou para baixo). Em suma, incentive a aprendizagem prática! Peças de teatro, maquetes, trabalho de campo, entre outras atividades, podem ser ferramentas úteis. 15
CARTILHA DE APRENDIZAGEM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento cujas características principais consistem em prejuízos sociais e de comunicação, restrições de interesses, comportamentos repetitivos e estereotipados. O TEA pode estar presente em uma em cada 100 pessoas.
• Explique especificamente por que ele é inadequado, por exemplo:
É importante entender, antes de tudo, que indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm dificuldade para compreender a linguagem corporal das outras pessoas, bem como suas expressões faciais e entonação de voz. Além disso, eles podem não estar cientes de que estão se comportando de forma inadequada ou fazendo algo que incomoda o outro. De modo geral, eles são motivados mais facilmente por recompensas concretas e, em menor grau, através de incentivos sociais.
• Explique qual foi a consequência do comportamento, ou a possível consequência, e como ele fez a outra pessoa se sentir, por exemplo,
CARACTERÍSTICAS ESPERADAS:
ATENÇÃO CURTA
QUESTÕES SENSORIAIS
PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO
Coisas que você deve se lembrar ao ajudar alguém com TEA: • Aprenda tudo o que puder sobre TEA. • Seja claro e consistente. • Dicas visuais, vídeos e “treinos com teatro” podem ajudar. • Mantenha as instruções curtas. Ensinando que um comportamento não é adequado: • Diga que um comportamento é inadequado sempre que ele ocorrer.
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>> “Você pegou o brinquedo da mão da sua colega sem antes perguntar se ela queria emprestá-lo.”
>> “Isso fez sua colega se sentir com raiva e ela chorou porque não estava preparada para dividir o brinquedo naquele momento.” • Explique como ela poderia ter lidado melhor com a situação, por exemplo, >> “Você deveria ter pedido o brinquedo antes de tomá-lo de sua colega e esperado por sua resposta. Se ela não estivesse pronta para dividir o brinquedo naquele momento, você deveria esperar calmamente.” Crianças com TEA precisam de instruções bastante explícitas. Muitas coisas que a maior parte das pessoas aprende intuitivamente, apenas observando, são difíceis de serem entendidas por pessoas com TEA. Por exemplo, você pode ajudar explicando para a criança como se abraça alguém que ela acaba de conhecer, ou ainda sobre a importância de dar “oi” e “tchau” ao se encontrar e ao se despedir das pessoas. Você pode precisar explicar que outras pessoas podem querer abraçá-la quando ela faz algo muito bem para parabenizá-la ou quando estão muito felizes em vê-la, por exemplo.
NA ESCOLA É importante ressaltar que crianças com TEA não aprendem de forma fluida e, usualmente, só demonstram ter aprendido uma habilidade em circunstâncias muito específicas. É esperado que aprendam em blocos com períodos de atraso maiores, intercalados com períodos em que a criança “subitamente” alcança as habilidades
esperadas para a sua idade (é geralmente uma surpresa para os educadores). Como a aprendizagem de crianças com TEA não é linear, pode acontecer de ela “pular” etapas na aprendizagem, sendo capaz de realizar atividades mais complexas, ainda que apresente clara dificuldade na realização de atividades mais básicas. Isso significa, portanto, que muitas dificuldades escolares podem não ser permanentes e o conteúdo a ser aprendido deve ser insistentemente
COMO A APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM TEA NÃO É LINEAR, PODE ACONTECER DE ELA “PULAR” ETAPAS.
ministrado, mesmo que a criança pareça não estar aprendendo. Se a criança tem algumas habilidades de comunicação básicas, a escola regular em geral oferece o melhor ambiente para o desenvolvimento de habilidades escolares e sociais. A escola especial pode ser indicada em alguns casos muito particulares. A escola é um ambiente com grande potencial para ajudar a criança a melhorar suas habilidades sociais, ajudar a seguir instruções e rotinas, além de alcançar habilidades escolares básicas.
ESTRATÉGIAS ÚTEIS PARA AJUDAR CRIANÇAS COM TEA NA ESCOLA: • Use figuras para mostrar a estrutura do dia: certifique-se de ter uma figura para cada atividade do dia (mesmo as mais simples, como escovar os dentes, lavar as mãos etc.); assim a criança vai conseguir entender o que está acontecendo durante o dia e, se necessário, você pode se referir à atividade para manter a criança ciente dela e ajudá-la com as mudanças. • Rotina: algumas crianças com TEA gostam de uma rotina bem estruturada, por isso, quando ocorre alguma mudança, elas podem ficar frustradas e irritadas. Sendo assim, tente manter uma rotina na classe;
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no entanto, caso se saiba que alguma mudança ocorrerá, prepare a criança antes (avise-a com bastante antecedência para que consiga se habituar à nova ideia). • Estímulos visuais: a maioria das crianças com TEA aprende melhor por meio de estímulos visuais, portanto, é importante usá-los. Por exemplo, figuras em quadros na sala podem ajudar a criança a deixar a mochila no lugar certo, fotos de crianças sentadas em círculo perto do educador ajudam a criança a entender o que deve fazer. Faça um quadro com figuras que representem as regras da sala, o que vai ajudar a criança a seguilas. As dicas visuais são ferramentas muito importantes para a sala de aula.
ROTINA: Quanto mais detalhada e estruturada, melhor!
LEITURA GEOGRAFIA
ATIVIDADE
SAÍDA
• Simplifique: ao dar instruções, assegure-se de ser muito simples, use linguagem concreta e reporte-se às figuras para mostrar à criança um modelo concreto do que está falando. Além disso, não dê muitas instruções de uma vez. Para instruções mais complexas, divida-as em partes, oferecendo à criança um passo a passo bem estruturado do que ela deve fazer. • Evite distrações: sempre que possível, evite ao máximo as distrações. Se o ambiente estiver muito barulhento, muito quente ou frio, ou com uma luz muito forte, pode ficar ainda mais difícil para a criança se concentrar e sentir-se confortável. 17
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• Treinamento/Auxílio técnico: durante as brincadeiras, tente ensinar à criança como ela deve convidar outra criança para brincar, a maneira de compartilhar e pegar emprestado as coisas, e como ser mais flexível sobre onde brincar e sobre quando é a vez de cada um. • Monitoria especial: algumas escolas oferecem um tutor especial para acompanhar a criança em certos momentos. O monitor pode oferecer à criança atenção individual e excelentes oportunidades de ensino e treinamento, ajudando-a a aprender, interagir e a resolver melhor os conflitos do cotidiano. Se a CONVERSE COM criança não puder O(A) PROFESSOR(A) contar com um SOBRE O TIPO DE tutor especial, ela pode se beneficiar ATIVIDADES QUE mais estudando VOCÊ PODE TENTAR em classes REALIZAR EM CASA. pequenas (de até 12 alunos). • Sistema de parceiros: você pode querer colocar as crianças em duplas diferentes, dependendo do tipo de atividades em que elas estarão trabalhando juntas. Reúna crianças com habilidades opostas para que aprendam uma com a outra. Por exemplo, coloque uma criança que fala muito com uma que fala bem pouco. Assim, a criança
mais calada pode criar confiança para falar com as demais, e a criança que fala muito pode aprender a esperar para falar quando o educador pedir. • Recompensas: procure ensinar usando temas e tarefas motivadoras para a criança. Se conseguir promover atividades com os desenhos e personagens favoritos dela, você conseguirá que ela fique atenta e motivada por mais tempo. Recompense também a criança por seus bons comportamentos e por ter feito a tarefa como havia sido instruída. Faça combinados com consequências e “prêmios”. Você pode usar, por exemplo, adesivos, desenhos, uma caixa de recompensas (a criança pode escolher uma recompensa da caixa quando merecer). Use o sistema de recompensas não só para as atividades acadêmicas, mas sempre que ela interagir adequadamente com outras crianças e seguir corretamente as instruções.
SE A CRIANÇA NÃO PUDER CONTAR COM UM TUTOR ESPECIAL, ELA PODE SE BENEFICIAR MAIS ESTUDANDO EM CLASSES PEQUENAS (DE ATÉ 12 ALUNOS).
• Tarefas de casa: sua criança pode precisar de tempo adicional em casa para acompanhar os colegas em algumas habilidades. Converse com o(a) professor(a) sobre o tipo de atividades que você pode tentar realizar em casa com a criança para ajudá-la a melhorar suas habilidades e as inclua em sua rotina de atividades diárias. Inclua também nessa rotina um tempo para seu(sua) filho(a) passar com outra criança, uma ou duas vezes por semana. Desse modo, você pode continuar a desenvolver as habilidades sociais aprendidas na escola ao instruir detalhadamente como a criança deve agir quando está com os colegas. 18
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NEURODESENVOLVIMENTO E INTELIGÊNCIA Inteligência é uma habilidade humana complexa que nos permite adaptar nossa forma de pensar para resolver problemas ou situações novas. É fundamental para o desempenho em diversos testes, sendo um dos fatores mais importantes para a aprendizagem por estar fortemente relacionada ao sucesso escolar. Sendo uma capacidade bastante geral, envolve um conjunto de habilidades, como raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de modo abstrato, compreender ideias complexas, aprender rapidamente e também ser capaz de aprender com a experiência. A inteligência é uma daquelas habilidades altamente herdadas, o que significa que o nível intelectual de cada pessoa é muito parecido com o de seus pais. Mas, por alguma razão que afeta o cérebro, uma pequena parte da população apresenta uma inteligência muito diferente da grande maioria das pessoas: ou muito baixa ou muito alta!
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DEFICIÊNCIAS INTELECTUAIS Deficiência intelectual é um transtorno que inclui vários déficits funcionais. Esse transtorno é caracterizado por uma inteligência muito baixa, mas também por dificuldades importantes em outras áreas do funcionamento no cotidiano que levam ao fracasso para atingir padrões de desenvolvimento e socioculturais. Pessoas com deficiência intelectual podem ter dificuldade na comunicação, na socialização, no cuidado pessoal e em sua independência de modo geral. A deficiência intelectual pode ser leve, moderada, grave ou profunda. Quanto menor a capacidade intelectual (Quociente de Inteligência - QI) e menor o desempenho da pessoa em atividades acadêmicas ou que exijam planejamento ou criatividade, bem como quanto maiores as dificuldades de adaptação social e em domínios práticos, como alimentar-se, vestir-se, cuidar da higiene pessoal e menor a independência no dia PESSOAS COM a dia, mais severa seria DEFICIÊNCIA a deficiência intelectual. O transtorno ocorre em INTELECTUAL PODEM cerca de uma em cada TER DIFICULDADE NA 100 pessoas, mas os COMUNICAÇÃO, NA níveis mais graves são SOCIALIZAÇÃO, NO mais raros (seis em cada 1.000 pessoas). CUIDADO PESSOAL E EM
SUA INDEPENDÊNCIA DE MODO GERAL.
G ra n d e p a r t e d a s pessoas com deficiência intelectual apresenta outra condição médica, como paralisia cerebral, epilepsia, alguma síndrome genética, como a Síndrome de Down ou a Síndrome Velocardiofacial, ou outro transtorno do neurodesenvolvimento, como o TEA e também o TDAH. Entre outras, as principais causas da deficiência intelectual são alterações genéticas, problemas durante a gravidez (alcoolismo, rubéola, drogadição etc.), exposição a doenças como sarampo ou meningite não tratadas, exposição ao chumbo ou ao mercúrio. No entanto, uma boa parte das deficiências intelectuais não tem uma origem clara.
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O DIAGNÓSTICO DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL REQUER A AVALIAÇÃO PROFISSIONAL DO NÍVEL INTELECTUAL E DA FUNCIONALIDADE DO INDIVÍDUO. A deficiência intelectual restringe bastante as capacidades conceituais da criança, portanto, ela apresenta muitas dificuldades: para começar a falar e, quando aprende, fala de uma maneira muito particular e difícil de entender; tem problemas muito perceptíveis de atenção e memória, bem como de desenvolvimento motor; tem dificuldade para aprender e seguir as regras sociais, sendo geralmente muito desinibidas ou inadequadas; muita dificuldade para resolver problemas, principalmente quando são pouco familiares; apresentam atraso no desenvolvimento de habilidades de autocuidado (uso independente do banheiro, preparo espontâneo e sem auxílio de lanches pequenos, a escolha das próprias roupas, vestir-se sozinha, etc.). As crianças com deficiência intelectual mais leve podem não chamar muita atenção até começarem na escola, mas é possível perceber que são mais lentas no aprendizado do dia a dia. No nível mais leve, elas podem chegar a aprender habilidades escolares como ler e fazer cálculos como uma criança entre 9 e 12 anos. Quando adultas, as pessoas com deficiência intelectual leve são capazes de aprender a viver com bastante independência e até de manter um emprego. Já as deficiências intelectuais mais graves são bastante perceptíveis e, usualmente, exigem grande suporte em casa, na escola e nos demais ambientes frequentados pela criança. As limitações impostas por um déficit intelectual mais severo acompanham a criança até a vida adulta, e ela, provavelmente, vai precisar de suporte por toda a vida.
O TRANSTORNO OCORRE EM CERCA DE UMA EM CADA 100 PESSOAS, MAS OS NÍVEIS MAIS GRAVES SÃO MAIS RAROS (SEIS EM CADA 1.000 PESSOAS).
COMO AJUDAR UMA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL? Como a deficiência intelectual envolve dificuldades com problemas específicos e gerais de aprendizagem, bem como dificuldades na adaptação social e no autocuidado, todas as dicas anteriores para transtornos do neurodesenvolvimento podem ser úteis. Crianças com deficiência intelectual aprendem melhor quando as instruções são claras e curtas, bem como quando cada tarefa é dividida em pequenas partes. Apenas quando um pequeno passo foi alcançado e consolidado (com muita repetição) o próximo é inserido. É muito importante ensinar o estudante de uma forma bem concreta, ele precisa mergulhar em seu ambiente de aprendizagem de uma forma bastante prática e colocar a mão na massa. Para cada pequeno avanço, dê um feedback positivo imediato! Elogie a criança e diga especificamente o que ela conseguiu fazer corretamente e vá trabalhando suas dificuldades. Quase sempre, o uso de dicas visuais e uma rotina bem estruturada são passos muito importantes! Aprender em pequenos grupos pode ajudar. Não se esqueça de que o objetivo pedagógico precisa sempre estar ajustado às habilidades que a criança tem, e não ao que seria esperado que ela tivesse para a sua idade. Essas crianças aprendem mais lentamente, então é preciso dar passos de bebê, sempre focando no que é melhor para que a criança seja mais independente em seu cotidiano. Muitas crianças com deficiência intelectual se saem bem em escolas regulares. Contudo, alguns estudantes podem precisar de uma escola especial que os ajude a desenvolver todas as suas habilidades ou, pelo menos, parte delas. Tente algumas dessas dicas: • Use itens e exemplos concretos para explicar novos conceitos e crie oportunidades para que o aluno pratique o novo conceito de uma forma mais fácil, ou seja, da forma que ele trabalha melhor. • Deixe claro quais são os comportamentos que você espera da criança na sala de aula: elogie os bons comportamentos, ignore os maus comportamentos que não atrapalham a classe (não reforce dando atenção, mesmo que negativa). Monte cartazes com figuras do passo a passo
da criança, como ela deve se comportar nos diversos momentos em sala de aula (quando o(a) professor(a) ou um colega estiver falando, quando e de que maneira ela deve participar, como pedir ajuda, ter paciência para esperar, como agir no recreio, durante a aula de educação física etc.).
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CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL APRENDEM MELHOR QUANDO AS INSTRUÇÕES SÃO CLARAS E CURTAS. • Procure preparar a classe para novas atividades, coloque no quadro as atividades planejadas para a semana e ajude o aluno a acompanhar o que foi feito e quais são os próximos passos. • Não confunda o aluno com instruções longas ou complexas: dê uma instrução de cada vez. • Aprenda o máximo que puder sobre como o seu aluno se comporta, mas não espere que ele aja todos os dias do mesmo jeito. Sempre que possível, dê um objetivo imediato e concreto de determinada atividade, deixe-o motivado para trabalhar, oferecendo, por exemplo, atividades de que ele goste muito logo após um exercício que ele precisa fazer. • Ajude os pais a prepararem o aluno para novas atividades, antecipe o programa esperado para ele e explique aos pais quais são as habilidades que você espera que sejam alcançadas em cada semana.
• S empre que possível, use a tecnologia! Jogos de computador usualmente têm objetivos claros a serem alcançados em cada fase, são motivadores e fornecem feedback imediato ao estudante! 21
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SUPERDOTADOS: O OUTRO LADO DA MOEDA Os superdotados se destacam por um nível de inteligência muito alto. Geralmente, os superdotados estão entre os 2% da população com maior nível intelectual. Embora não sejam esperadas todas as características a seguir, a maioria das crianças superdotadas apresenta:
ELEVADO NÍVEL DE INTELIGÊNCIA GERAL Têm interesses muito variados e forte curiosidade. Costumam fazer perguntas sobre absolutamente tudo e qualquer coisa e podem ser excessivamente argumentativas. Demonstram vocabulário excelente e altas habilidades verbais. Costumam gostar bastante de leitura e aprendem a ler muito cedo. Têm uma capacidade pouco comum de processamento de informações. Pensam e aprendem muito rápido. Raciocinam muito bem e apresentam grande capacidade para
PESSOAS SUPERDOTADAS PERCEBEM MAIS ASPECTOS DO AMBIENTE E DE TUDO O QUE AS CERCA, PODENDO PARECER MAIS SOBRECARREGADAS EM FUNÇÃO DO ALTO NÍVEL DE ALERTA E CONSCIÊNCIA DAS COISAS.
sintetizar informações. Costumam ser ótimos para integrar informações e relacionar conhecimentos de várias disciplinas, ou seja, são ótimos em associar conhecimentos. São observadores atentos e pensam de uma forma inovadora, diferente.
HABILIDADES ACADÊMICAS ESPECÍFICAS Costumam exibir uma excelente memória, sendo capazes de guardar quantidades incomuns de informação. Conseguem compreender conteúdos avançados, 22
antes do esperado para o seu ano escolar. Têm facilidade com os números e raciocínio lógico, dedutivo. São persistentes e têm objetivos e gostos específicos. Geralmente, têm excelente capacidade para processar várias informações ao mesmo tempo. Embora tenham muita energia, há uma discrepância entre as habilidades físicas e as intelectuais.
CRIATIVIDADE Pensamento flexível e grande capacidade para resolver problemas abstratos. Geram novas soluções para os mais diversos problemas, são criativos. Geralmente se fazem notar pelo nível das respostas, comumente muito espertas. A escrita pode ser muito original, bem como a fala e outras expressões artísticas. Imaginativos, têm senso de humor, podendo ser cômicos ou irônicos. Podem ser mais aventureiros, gostam de fazer coisas novas e desafiadoras, exploram. Grande sensibilidade para o belo. Costumam se engajar mais fortemente em causas mais globais (beleza, justiça e verdade). Não se conformam facilmente e tendem a ser mais individualistas. São capazes de usar coisas que aprenderam antes de uma forma nova, em novos contextos.
LIDERANÇA É comum que superdotados tenham habilidades de liderança. Conseguem avaliar bem os outros e a si mesmos. Podem ser muito autocríticos e ter elevadas expectativas com as pessoas, perfeccionismo. Grande capacidade para avaliar tanto intelectual quanto afetivamente importantes problemas sociais. São autoconfiantes. Tendem a ser mais dominadores e a delegar bem tarefas; responsáveis e cooperativos com os colegas de classe e com professores. Apresentam
soluções para problemas sociais e ambientais. Questionam a autoridade de outras pessoas e não têm problemas para dar a elas suas opiniões.
importante que educadores estejam atentos para reunir ao máximo estudantes com habilidades e interesses comuns. Quanto antes o isolamento é evitado, melhor.
CARACTERÍSTICAS SOCIAIS E AFETIVAS
Outro problema comum pode ser o perfeccionismo. Sem querer, o ambiente pode ser muito duro com a criança superdotada. Os pais e educadores podem elogiar excessivamente a criança e, muitas vezes, isso leva ao aumento das expectativas da criança sobre si mesma, não aceitando menos que a perfeição. Por outro lado, os colegas podem ser muito duros com a criança superdotada e até um pouco invejosos, aproveitando para ressaltar qualquer falha que ela apresentar (um mínimo erro de atenção ou características físicas, por exemplo, podem ser alvo de grande estardalhaço entre os colegas). Isso pode piorar se a criança contra-atacar os colegas engrandecendo suas habilidades em relação ao desempenho regular dos colegas, o que vai afastá-la ainda mais do convívio social. Claro, o perfeccionismo se torna ruim quando leva à constante frustração e inibe o desempenho da criança. Essas dificuldades podem levar à ansiedade, à depressão e à autossabotagem.
Tendem a acumular as emoções que não são alvo de uma análise consciente. São muito sensíveis às expectativas e aos sentimentos alheios. Têm elevado senso de justiça: idealismo muito precoce, preocupação com igualdade e justiça. Responsabilizam-se por suas realizações e fracassos, são autodirigidos. Desenvolvimento profundo e intenso de sentimentos; cheios de compaixão e empatia. Extrema necessidade de consistência entre
OS PAIS E EDUCADORES PODEM ELOGIAR EXCESSIVAMENTE A CRIANÇA E, MUITAS VEZES, ISSO LEVA AO AUMENTO DAS EXPECTATIVAS DA CRIANÇA SOBRE SI MESMA, NÃO ACEITANDO MENOS QUE A PERFEIÇÃO.
valores pessoais e morais com as atitudes de uma pessoa (intolerância à prática muito diferente do discurso etc.). Alto nível e capacidade para o julgamento moral. Muito motivados pela autorrealização. Pessoas superdotadas percebem mais aspectos do ambiente e de tudo o que as cerca, podendo parecer mais sobrecarregadas em função do alto nível de alerta e consciência das coisas. Essa percepção muito acurada, principalmente do seu próprio desempenho, bem como a elevada sensibilidade afetiva, pode levar a dificuldades no dia a dia. Pode ser muito difícil ser diferente da maioria das pessoas, mesmo que seja você o supertalentoso. Crianças superdotadas podem se isolar por não terem colegas com as mesmas capacidades ou que compartilham a mesma consciência do mundo. Algumas crianças superdotadas podem tentar esconder seu alto desempenho e vasto vocabulário com a intenção de se misturar melhor socialmente com os colegas. É muito
Não se esqueça de que um nível de desafio muito baixo nas atividades escolares pode também levar o aluno ao baixo desempenho por falta de interesse. Se o aluno estiver profundamente entediado, pode fracassar por falta de motivação (lembre-se de que o senso de utilidade da criança superdotada é ainda mais forte do que o de outras crianças; ela sempre precisa saber qual o objetivo de dada atividade). Algumas pessoas podem até imaginar que crianças superdotadas pouco motivadas têm outros transtornos, como o T DA H. O a l u n o superdotado pode terminar as tarefas que o professor propõe muito rapidamente e exigir constante redirecionamento; ao terminar a tarefa muito rápido, ele pode acabar se engajando em comportamentos inapropriados para passar o tempo. Para esses alunos, ajustar as atividades para que sejam mais desafiadoras (não simplesmente mais longas) pode resolver grande parte desses problemas.
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CARTILHA DE APRENDIZAGEM
DICAS PARA AJUDAR ESTUDANTES SUPERDOTADOS: • Prepare-se para atender às necessidades de uma criança superdotada tanto quanto você se prepararia para ajudar crianças com transtornos de aprendizagem: o plano de ensino deve se adequar às habilidades e limitações da criança. • Diferenciar o material quer dizer levar uma atividade completamente diferente, e não apenas uma tarefa mais longa ou mais difícil. • Certifique-se de que está ajudando o seu aluno a avançar como qualquer outro aluno. Os objetivos pedagógicos e as avaliações devem levar em conta que o aluno está aprendendo coisas novas e acumulando mais conhecimento a cada dia. • Assegure-se de prover recursos que vão ao encontro das habilidades do aluno e desafie-o adequadamente (nem pouco, nem demais!). • Nem todos os alunos superdotados têm autoestima elevada. Em seus planos, o professor deve considerar incluir atividades que nutram a autoconfiança da criança e que evitem o isolamento social.
DIFERENCIAR O MATERIAL QUER DIZER LEVAR UMA ATIVIDADE COMPLETAMENTE DIFERENTE, E NÃO APENAS UMA TAREFA MAIS LONGA OU MAIS DIFÍCIL.
• Tente formas criativas de testar o aluno. • Dê preferência a questões abertas, nas quais o aluno poderá desenvolver seu raciocínio e oferecer soluções alternativas. • Cuidado para que a criança não domine a aula respondendo a todas as suas perguntas. 24
DÊ PREFERÊNCIA A QUESTÕES ABERTAS, NAS QUAIS O ALUNO PODERÁ DESENVOLVER SEU RACIOCÍNIO E OFERECER SOLUÇÕES ALTERNATIVAS.
Dê oportunidade aos demais de participar. Mas cuidado! Não desencoraje a criança a responder. Espere até que outros levantem a mão para responder. Escolha uma criança e depois pergunte ao superdotado (ou a qualquer outro colega) se era isso que ela gostaria de ter respondido ou se teria outras soluções possíveis, por exemplo. • Jogos são uma forma excelente de incentivar a participação de todos. Cada time tem a oportunidade de responder uma vez. • Posicione a criança superdotada em um lugar onde você possa manter contato visual ao ensinar e fique atento para perceber se ela está prestando atenção ou se já se perdeu em seus próprios pensamentos. • Quando fizer perguntas em sala de aula, você pode também adotar uma estratégia de “escolha de alternativas” no lugar de perguntar a resposta diretamente. Assim, todas as crianças que concordam com a resposta correta terão a oportunidade de se manifestar. • Permita que a criança superdotada fique quieta durante as discussões, se ela preferir, e depois incentive-a a fazer perguntas diretamente a você ao final da aula, se ela quiser. • Seja o mais específico e claro possível ao explicar para a criança quais c o m p o r ta m e n to s s ã o e s p e ra d o s dela. Sempre que puder, dê um feedback imediato, elogiando os bons comportamentos! Mas elogie o
desempenho da criança tomando cuidado para que ela não se imponha padrões excessivamente altos de desempenho. Nutra sua autoconfiança e não a ansiedade de ser sempre perfeita.
CARTILHA DE APRENDIZAGEM
• Ensine à criança técnicas diversas de pesquisa e de estudo, formas diferentes de raciocinar, organização para realização das tarefas, disciplina e esforço. Como crianças superdotadas fazem as tarefas muito rapidamente, é preciso ensiná-las a se esforçar para que não desistam frente aos primeiros erros. Estabeleça, por exemplo, um tempo durante o qual a criança precisa permanecer trabalhando (dê a ela tarefas adequadas para as suas habilidades; as tarefas precisam ajudá-la a se desenvolver, e não serem tão difíceis ao ponto de fazê-las desistir).
FORNEÇA À CRIANÇA “DESAFIOS” OU PROJETOS PERMANENTES, DESDE QUE SEJAM OPCIONAIS PARA ELA.
• Ensine a criança a lidar com a frustração do erro; cuidado para que os colegas não ressaltem apenas os equívocos do superdotado. O ambiente deve ser acolhedor aos seus erros reais, e não incentivar erros forçados. Reforce que é sempre bom tentar pensar em uma resposta, mesmo que ela não seja inteiramente correta. • Ajude a criança a desenvolver suas habilidades sociais, como compartilhar, ajudar os colegas, escutar a opinião deles sem corrigi-los sempre, liderar atividades sem ser dominador etc. • Forneça à criança “desafios” ou projetos permanentes, desde que sejam opcionais para ela. • Ao elogiar a criança, observe suas reações, o que dependerá de fatores individuais, como personalidade: perceba se o elogio a motiva ou se a deixa ansiosa, envergonhada. Em sala, valorize as respostas novas e criativas de todas as crianças!
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CARTILHA DE APRENDIZAGEM
CRÉDITOS: Danielle de Souza Costa (Psicóloga) Leandro Fernandes Malloy-Diniz (Psicólogo) Débora Marques de Miranda (Pediatra) Núcleo de Investigação da Impulsividade e da Atenção – NITIDA da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
APOIO:
REALIZAÇÃO:
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