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Ano 1 - Edição 1 - nº 001
FOO FIGHTERS Concrete and Gold
Metallica Sepultura John Mayer Paul McCartney Guns N’Roses
í N d i c e
Shows 4 CARISMA DE JOHN MAYER 5 PAUL MCCARTNEY ENLOUQUECE FÃS 6 GUNS N’ROSES MAIS AGUARDADO DA NOITE
Discos 8 FOO FIGHTERS - “CONCRETE AND GOLD” 12 METALLICA – “HARDWIRED TO SELF-DESTRUCT” 15 SEPULTURA - “MACHINE MESSIAH”
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Editor Fundador Pedro Batista de Lima Editor Chefe Caio Mesquita Editor Executivo Lemael Molkenthin Editor Assistente Juan Vinnicius Diretora de Fotografia Larissa Maria Direitos autorais: Todos os direitos autorais do material a Rock Season. Todos os direitos reservados a Rock Season. Esta publicação não pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma, no todo ou em parte, sem a permissão expressa por escrito da Rock Season Ltd. Todos os esforços são feitos para garantir que a informação nesta revista esteja correta, podem ocorrer mudanças que afetem a precisão da cópia, para a qual a Rock Season não se responsabiliza. Publicado por Rock Season
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Carisma
de John Mayer
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ritos, aplausos e muita emoção marcaram a apresentação do norte americano John Mayer na noite desta quarta-feira (18), no Allianz Parque, em São Paulo. The Search for Everything World Tour, a terceira grande turnê mundial de John Mayer depois do lançamento do álbum de mesmo nome no início deste ano, finalmente chega ao Brasil para grandes concertos. Depois da estrondosa apresentação na capital paulista, o cantor passa por Belo Horizonte no dia 20 de outubro, na Esplanada do Mineirão; em Curitiba, no dia 22 de outubro, na Pedreira Paulo Leminski; em Porto Alegre no dia 24 de outubro, no Anfiteatro Beira-Rio; e no Rio de Janeiro no dia 26 de outubro, na Jeunesse Arena. No repertório em São Paulo, Mayer apresentou um set list recheado de sucessos, um show dividido em quatro capítulos, uma novidade que era anunciada no telão a cada início das partes. O primeiro deles trouxe ao palco Mayer e sua banda completa e juntos eles
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abrem o show com músicas do último álbum, a sensível “Helpess”, “Moving On and Getting Over” e “Changing”, mostrando aos fãs todo o carisma e virtuosismo que já são marca registrada de sua personalidade. O cumprimento aos fãs veio logo nas primeiras músicas: “Boa noite, São Paulo! É muito bom estar de volta aqui esta noite”. A resposta veio em forma de “happy birthday to you” cantada em coro pelos fãs, enquanto o Allianz Parque se inundava com balões cor de rosa. Na última segunda-feira (16), data em que desembarcou no Brasil, Mayer completou 40 anos, uma grande alegria para os fãs tê-lo por aqui numa data tão especial. John Mayer respira graça, seja pela técnica apurada com a qual conduz os riffs de “Something Like Olivia” (Born and Raised, 2012) ou pelo modo com o qual chacoalha o quadril enquanto canta “Why Georgia” e “No Such Thing” (Room for Squares, 2001), o fato é que os movimentos que faz com o corpo con-
seguem arrancar berros estrondosos dos fãs. No quarto capítulo do show, John Mayer reúne a banda completa no palco para mais um set emocionante e trazem “Queen of California” (Born and Raised, 2012), “In the Blood” (The Search for Everything, 2017), “Slow Dancing in a Burning Room” (Continuum, 2006), “Who Says” (Battle Studies, 2009) e “Dear Marie” (Paradise Valley, 2013). O show chega ao fim no quinto capítulo, o Epílogo, quando Mayer e banda retornam do encore com mais duas músicas do álbum Continuum, de 2006, “Waiting on the World to Change” e “Gravity”, sem dúvida um encerramento de noite em grandíssimo estilo, que vai ficar mais que marcado na memória dos fãs.
Paul McCartney enlouquece fãs!
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não foi apenas as chamas, os fogos de artifício e os fortes estouros que impressionaram incrédulos e fãs convictos. O fato é que a apresentação de Sir Paul McCartney na noite do último domingo (15), no Allianz Parque, em São Paulo, foi marcada por inúmeros momentos explosivos, desde as canções que embalaram gerações à brilhante carreira do músico como baixista do Fab Four. Sua trajetória como letrista singular e multi-instrumentista extrapola todos os limites humanos, um homem cuja genialidade e magia o permitem exibir pleno vigor e boa forma aos 75 anos. One on One, turnê em comemoração aos 50 anos de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, considerado um dos álbuns mais emblemáticos da história do rock, foi lançada no ano passado e já encantou centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo. No Brasil, o inglês faz quatro apresentações, e depois de Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte, segue para o encerramento na Arena Fonte Nova, em Salvador, no dia 20 de outubro. Nessa empreitada de emocionar os fãs, Paul McCartney não está sozinho; ele conta com um time de peso, músicos inestimáveis que o acompanham há mais de 10 anos, caras como o tecladista Paul Wickens, o baterista Abe Laboriel Jr, o guitarrista Rusty Anderson e Brian Ray, que reveza com Paul entre o baixo e a guitarra. Era exatamente 21 horas quando Paul e banda romperam o palco do Allianz Parque, trazendo muita energia e a promessa de mais de 3 horas de espetáculo bem humo-
rado e cheio de tiradas entre Paul McCartney, os músicos e os fãs. Apesar de um pouco rouco, Paul domina com toda a maestria as canções que o tornaram o grande ídolo que é. Logo, os primeiros acordes arrebentam e trazem a animada “A Hard Day’s Night” e o Allianz sofre o primeiro impacto com uma explosão frenética de loucura e alegria. Essa foi a primeira de uma série de canções dos Beatles que vieram na sequência, uma retrospectiva incrível que trouxe ainda canções como “Can’t Buy Me Love”, “Drive my car”, “I’ve Got a Feeling“, “Love Me Do” (uma homenagem ao produtor George Martin, falecido no ano passado), “And I Love Her”, (com direito a reboladinha sensual do ex-beatle), “Lady Madonna”, “Eleanor Rigby”, “Something” (que ao som do Ukulelê, Paul dedica a George Harrison, o compositor) entre tantas outras, num total de 26 músicas do quarteto.
todo multicolorido com centenas de bexigas. Nesse fantástico ir e vir de composições, Paul McCartney ressaltou ainda seu percurso à frente do Wings, banda formada pelo ex-beatle em 1971. Desse período, os fãs curtiram preciosidades como “Junior’s Farm”, “Jet”, “Nineteen Hundred and Eighty-Five”, “Band on the Run”. Ao final de “Let Me Roll It”, canção repleta de energia e swing, Paul e banda emendaram “Foxy Lady”, potente tributo ao mestre Jimi Hendrix. Simpático e extremamente atencioso com o público, Paul investiu no “bom e velho português” para interagir e tornar a comunicação, digamos assim, mais fluente, e por que não dizer, hilária: “Então São Paulo, oi Sampa, tudo bem? Estamos muito felizes por estar de volta, esta noite, vou tentar falar um pouco de português”, promete.
Do álbum aniversariante, não faltaram também “Being for the Benefit of Mr. Kite!” e “A Day in the Life”, esta última com um trecho da animada “Give Peace a Chance”, homenagem a John Lennon que fez o Allianz Parque se transformar num
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SHOWS
Guns N’Roses o mais aguardado
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ouco antes das 16h, horário programado para a abertura dos portões do Allianz, já quase não havia espaço nas calçadas ao redor do estádio. Isso porque os fãs chegaram o mais cedo possível – alguns até acamparam – para conseguir bons lugares. De bandanas a bandeiras e jaquetas com patches de bandas, tudo o que diz respeito ao bom e velho estilo rock n’ roll estava presente ali, no público que aguardava ansiosamente a última noite de shows do São Paulo Trip. E a espera começou a valer a pena logo cedo. A banda é composta por Tyler Bryant, vocal e guitarra, Caleb Crosby, bateria, Noah Denney, baixo e backing vocal e, na guitarra, Graham Whitford. Aliás, uma curiosidade sobre o Graham é que ele é filho de Brad Whitford, guitarrista do Aerosmith. A presença da banda em cima do palco é inegável, principalmente por conta do vocalista Tyler Bryant. O rapaz se sentiu em casa e mostrou que, mesmo sendo uma banda recente, a bagagem e influência que eles trazem é de muita qualidade. Não foi à toa que o público vibrou com músicas como House of Fire, Lipstick Wonder Woman e com a versão rock n’ roll de Got My Mojo Workin (cover de Ann Cole). Os relógios marcavam 20:30, horário previsto para o início da apresentação da banda principal da noite, Guns n’ Roses, mas se passaram alguns bons minutos antes do show de fato começar. O pequeno atraso, no entanto, não fez nem cócegas nos fãs que já presenciaram atrasos de mais de uma hora em apresentações da banda. Vale lembrar que esses atrasos enormes não acontecem desde que a atual turnê Not in This Lifetime começou, no ano passado. Turnê que, aliás, está
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da noite! passando pela segunda vez no Brasil – e terceira em São Paulo – em menos de 1 ano. Sim, é fato que não se pode esperar que o Axl, atualmente com 55 anos, cante como nos anos 80. Ainda que hajam comparações – injustas – com o Steven Tyler (vocalista do Aerosmith), de 69 anos, são situações e histórias diferentes. Axl Rose é conhecido por ter um dos maiores alcances vocais de todos os tempos, mas também é conhecido por não ter cuidado muito da voz e ter usado, durante um bom tempo, a técnica de vocal rasgado (o drive) de forma errada. O que poderia ter prejudicado sua voz… e prejudicou. Esses problemas, no entanto, não são recentes e já até foram “superados” pelo vocalista, que vem cantando muito melhor durante essa turnê do que há alguns anos. Quem parece não ter perdido o jeito é Slash, que convenhamos é um show à parte. A cada música, temos a sensação de que a vontade de mostrar que ele está de volta é ainda maior. Praticamente sem deslizes, o virtuoso guitarrista repete alguns de seus solos históricos como os de November Rain, Sweet Child o’ Mine e o clássico The Godfather Theme, como se fosse a primeira vez. Outro que parece estar cada vez mais jovem é o Duff Mckagan, que “substituiu” Axl Rose no posto de galã da banda, e se mantem sempre impecável no palco. Seu baixo marcante, principalmente em Coma, é uma das coisas mais prazerosas de se ouvir nos shows do Guns. E já que estamos falando dos integrantes clássicos, é difícil não se emo-
cionar com o solo de Dizzy Reed. A banda, que já foi considerada a “mais perigosa do mundo”, trouxe quase o mesmo setlist do Rock in Rio para São Paulo, salvo a retirada Sorry e a troca de Whola Lotta Rosie, do AC/DC pelo cover de James Brown, I Feel Good. Aliás, a quantidade de covers é um assunto que tem sido bem controverso nas apresentações da banda, uma vez que muitos fãs alegam que o tempo – e voz do Axl – gastos em cover, poderiam ser usados para tocar músicas que são frequentemente pedidas pelos fãs, como por exemplo Dead Horse. O Guns n’ Roses fechou o último dia do São Paulo Trip com saldo positivo, além de tranquilizar os fãs mais céticos.
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Discos
“Concrete and gold”
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rês anos após “Sonic highways”, o Foo Fighters lançou nesta sexta-feira o seu nono disco de estúdio, “Concrete and gold”. Com 11 faixas, o álbum, produzido por Greg Kurstin, foi registrado no EastWest Studios, em Los Angeles. Como o grupo encontrava outros artistas no local durante as gravações, o novo CD acabou ganhando diversas participações especiais, como Boyz II Men’s Shawn Stockman, Alison Mosshart, do The Kills, Paul McCartney e Justin Timberlake. Na época do anúncio do projeto, Dave Grohl afirmou que a banda faria “um gigante álbum de rock”. O que parecia pretensão ou fanfarronice, no entanto, se mostra certeiro
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numa primeira audição. “Concrete and gold” abre com “T-shirt”, uma curta peça de pouco mais de um minuto que começa com um violão folk e voz em falsete de Dave Grohl e termina numa explosão sonora para fã nenhum de Queen colocar defeito. Quando “Run”, o primeiro single, foi revelado, ficou claro que o novo álbum teria peso. A faixa conta com a guitarra e a voz de Dave Grohl em um tom agressivo, trazendo até berros estridentes do vocalista. A banda então lançou o segundo single, “The Sky Is a Neighborhood”, e tudo mudou. A música era completamente diferente, com um toque de balada e uma melodia bela que remete a “Because”, dos Beatles.
As características de cada um dos dois singles é uma descrição precisa do que a banda entregou em Concrete and Gold de modo geral: um bom som pesado equilibrado com toques de leveza. E acima de tudo, fortemente influenciado pelo quarteto de Liverpool. Para Concrete and Gold, o Foo Fighters pediu emprestado os talentos daquele que é, literalmente, produtor do ano. Vencedor de três Grammys por sua colaboração com Adele no último disco da cantora, 25, Greg Kurstin parece ter colaborado apenas em toques na produção, como as harmonias e arranjos vocais, que definitivamente se destacam no álbum. Na faixa “Make it Right”, isso fica bem
claro, ainda mais com o discreto backing vocal de Justin Timberlake ao fundo. Mas a arrebatadora quarta faixa, o já citado single “The Sky Is a Neighborhood”, é onde a banda acertou em cheio nos vocais. Ao remeter a Beatles, Dave Grohl criou um pegajoso refrão que é, com certeza, uma das melhores coisas que o Foo Fighters já fez. De resto, o som do disco não traz nenhuma surpresa à sonoridade tradicional da banda. Depois das quatro primeiras faixas, o miolo do álbum perde a força. “La Dee Da”, “Arrows” e “Dirty Water” são faixas discretas e, apesar de bons refrões, poderiam passar batido. A última, que chegou a ser tocada ao vivo em algumas ocasiões antes do lança-
mento de Concrete And Gold, traz uma melodia tão característica do som da banda que poderia estar no trabalho de 1999, There Is Nothing Left to Lose. A oitava faixa, “Happy Ever After (Zero Hour)” é onde a referência aos Beatles fica mais clara. Caminhando na linha entre homenagem e cópia, Grohl faz uma faixa que tem a cara do álbum branco, como se sozinho compusesse uma parceria entre as melodias de Paul McCartney e letras de George Harrison. Apropriadamente colocada, a sequência é “Sunday Rain”, um pop rock simpático com McCartney na bateria, mas que também fez pouco proveito do convidado. O álbum termina com mais duas faixas ca-
racterísticas do Foo Fighters, “The Line” e a faixa-título, que traz como convidado o vocalista Shawn Stockman do Boyz II Men, fechando o álbum com beleza e melancolia. O resultado de Concrete and Gold é sólido, que nos leva em uma viagem alternativa, que mistura o melhor do rock clássico e do bom e velho rock vigoroso. Temos aqui um disco que mostra uma banda perfeitamente ciente de como deseja soar e como deseja discursar no presente momento. Deite, apague a luz, e se entregue a essa gostosa experiência.
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Discos
Faixa a Faixa! “T-Shirt”
“Make it right”
“La dee da”
O disco todo é resumido no contraste dessa faixa curtinha, de 1:22. Dave começa suave, cantando: “Eu não quero ser rei, só quero cantar canções de amor”. De repente entra o peso. Um belo power pop com exatamente a mesma ideia de “Hardcore/Ballad”, da banda escocesa Teenage Fanclub.
Justin Timberlake faz vocalizações, mas o som não tem a ver com o ex-’N Sync. Aqui entra o Dave Grohl que queria ser um dinossauro do rock dos anos 70. Tem um ótimo riff, mais cadenciado que a anterior. É o melhor exemplo do objetivo de Dave Grohl de soar como uma “versão do Motörhead para o ‘Sgt. Pepper’s’ dos Beatles”.
Outro rock setentista com riff forte. Também tem Alison Mosshart, mas mais discreta. Versos fofinhos e refrão em que Grohl exorciza a adolescência nos EUA caretas da era Reagan como se estivesse em banda de hardcore - à la Scream, no qual tocou bateria nos tempos pré-Nirvana.
“Run” Primeira música divulgada do disco. O vídeo, com os músicos velhinhos no asilo, lembra que eles ficaram muito tempo de molho após Dave cair no palco em 2015 - só agora ele revelou que a contusão foi ainda mais séria do que parecia. “Dirty water” Os três minutos iniciais são uma ótima baladinha irônica que lembra “Big me”, do primeiro disco. Contam com ajuda de Inara George, que canta no The Bird and the Bee, duo de indie pop com o produtor Greg Kurstin.
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“The sky is a neighborhood” Alison Mosshart, do Kills, é a convidada que mais faz diferença em “Concrete and gold”. Sua voz é marcante no refrão, já feito na medida para virar coro em estádios pelo mundo. A letra é meio filosófica e inspirada no astrofísico Neil DeGrasse.
“The line” Terceira música divulgada e a mais pessimista de “Concrete and gold”. Dave Grohl tem três filhas e falou em entrevistas sobre como ficou preocupado com o futuro delas em um país que elegeu Donald Trump.
“Arrow” Aqui o disco fica mais intimista e fala sobre uma mulher “com flechas nos olhos e guerra na cabeça”. Talvez seja uma versão feminina de “My hero”. Poderia até estar no segundo e melhor disco deles, “The colour and the shape”. “Happy ever after (zero hour)” Balada ao violão que é puro Beatles de “Blackbird”. (A surpresa é que Paul McCartney está no álbum, mas não é nessa música). Pop barroco bonito, mas tem mais cara de cover do que de algo que acrescente algo à carreira deles. “Sunday rain” Agora sim: essa tem Paul McCartney, mas quase de zoeira, na bateria. A voz principal é do baterista Taylor Hawkins. Mas nem dá para perceber, de tão parecido com Dave Grohl. Parece que eles se divertiram com este troca-troca de instrumentos, mas a música arrastada não é das melhores do disco.
“Concrete and Gold” Começa arrastada e faz jus a uma segunda definição de Dave para o disco: “Black Sabbath no modo Pink Floyd”. Tem participação inusitada de Shawn Stockman, de Boyz II Men. Dave tenta terminar com um tom positivo: “Eu tenho um motor feito de ouro / Uma coisa tão bonita / O mundo nunca vai saber / Nossas raízes são mais fortes do que você pensa”.
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Discos
Hardwired… To Self-Destruct ta a todos que ansiavam por um álbum de puro heavy. A composição mistura elementos do speed metal com heavy e tharsh maestramente, outro ponto a ser observado é o vocal de James Hatfield que volta com toda força em seu alcance máximo.
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ardwired…To Self- Destruct”, lançado em 18 de novembro de 2016, entrou para a lista dos álbuns mais aguardados do ano passado com expectativas além da imaginação e que em parte foram correspondidas, porém o décimo álbum de estúdio da banda norte-americana de heavy metal – talvez a mais famosa – o Metallica, apresenta tanto faixas boas quanto outras arriscadas demais. Após a espera de oito (8) anos, que mais pareceram oito décadas para os fãs, o disco foi lançado pela própria gravadora da banda, a Blackened Recordings, sendo o sucessor do fracasso de vendas projeto Lulu (2011). O disco foi em sua maioria composto e produzido apenas pelo baterista Lars Ulrich e pelo vocalista/guitarrista James Hetfield, unidos ao gênio da engenharia musical Greg Fidelman, este que já trabalhou com bandas como Black Sabbath e Red Hot Chili Peppers. Infelizmente o guitarrista Kirk Hammett e o baixista Robert Trujillo não tiveram grande participação nas composições. O vocalista,
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James Hetfield, disse em entrevista para Metal XS da França, que os riffs de Kirk não estão no disco, “… ele só veio e fez os solos…”, já quanto a participação de Trujilo, James conta que é perceptível em canções como “ManUNkind” mas que também se limitou a isso. Divulgado como um disco triplo em sua edição deluxe para atrair os árduos e antigos fãs dispostos a pagar qualquer preço pelos produtos da banda, a obra possui três partes; as duas primeiras compostas de músicas originais e a terceira com músicas antigas gravadas ao vivo e covers. A banda também postou em seu canal no YouTube videoclips e vídeos do making ofs de todas as músicas novas, utilizando assim a nova plataformas de comunicação como meio de divulgação principal, dando a oportunidade para os fãs imergirem numa experiência incrível. “Hardwired” faixa que abre o disco, conta com uma bateria rasteira intercalada a um riff de guitarra veloz, alias veloz é uma palavra que define bem essa música que encan-
Em seguida “Atlas, Rise!” mantém o mesmo ritmo pesado e veloz de sua anterior, porém com o dobro de sua duração, a música conta com uma letra criativa e expressiva que unida à voz interpretativa de James dá uma sonoridade especial para a música. O instrumental acaba seguindo a teatralidade do vocal complementando-o com riffs potentes e solos exuberantes. Já em “Now That We’re Dead” podemos ver uma mudança significativa de estilo que arrisco dizer, perpassa um hard rock com toques de metal, e da um destaque para o baixo de Robert comprovando o porquê se ser o substituto de Jason Newsted. “Moth into Flame” entra como um single forte estilo “New Wave of Britsh Heavy Metal” misturado com riffs mais pesados e um vocal mais thrash do que nunca, mas que aos 1`38“ muda com um riff prolongado e melódico decaindo consideravelmente, entretanto sempre voltando a base heavy.v Em seguida a faixa “Dream no More” pode decepcionar alguns por se assimilar com uma versão de “Sad But True”, porém colocada num downtempo com um vocal arrastado, e um riff pesado e massivo. Para encerrar o primeiro disco a música “Halo on Fire” se inicia com uma bateria pesada intercalada de riffs certeiros, porém muda ra-
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Discos dicalmente de escala se tornando uma música melodicamente lenta que em certos pontos volta para seu ápice brutal, mas sempre volta lenta com o vocal ecoado e com um sutil solo. A música, no entanto não é uma das mais potentes e fecha o ciclo em defasagem.
A Banda
O segundo disco começa com a poderosa “Confusion” que apesar de ser extremamente similar a música “Am I Evil?” da banda Diamond Head, tem suas características próprias e vem como um dos melhores instrumentais do álbum, e o vocal interpretativo de James que segue a linha da guitarra faz restaurar no ouvinte a esperança de que o antigo Metallica que todos esperavam estava de volta. Em seguida “ManUnkind” apresenta uma composição com o pé nos artistas de rock setentistas, com longos riffs arrastados, porém que nada tem a ver com a fase mais true metal da banda, e sim com a de “Load”(1996). Um ponto a ser destacado foi a criatividade peculiar do videoclipe desta música, aonde uma banda de black metal num show ao vivo dubla a música. A brutal “Here Comes Revenge”, com seus mais de 7 minutos, possui riffs fortes, consistentes, e uma base da bateria bem parecida com a introdução de “Enter Sandman”, clássico de 1991 da banda. Mas que toma um caminho um pouco diferente, com vocais e instrumentais mais elaborados. Agora em “Am I Savage?” uma introdução calma é apresentada, porém ela dura pouco e logo é substituída por um riff forte, a letra é arrastada na voz de James que acompanha a escala da guitarra. Em “Murder One” podemos ver o lado mais melódico do grupo, que intercala um dedilhado de guitarra com pesados compassos de bateria e riffs, mas que detona nos solos improvisados e no vocal. Com certeza é uma das faixas mais poderosas do grupo. E para fechar com chave de ouro o segundo disco, a música “Spit Out The Bone” é praticamente impecável. Desde o instrumental até a
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letra, tudo é perfeitamente encaixado para que se torne um single de sucesso entre críticos e fãs e ainda mova multidões, veio definitivamente para provar porque o Metallica é o Metallica. A faixa começa com um riff pesado e veloz, que talvez seja o melhor do álbum, e é acoplado a uma bateria rápida e brutal, a um baixo inigualável, a um vocal monstruoso, e a um solo inimaginável, algo digno do título no Rock and Roll Hall of Fame. Por fim o álbum do Metallica infelizmente não justifica todos os anos de pausa ou os deslizes nas antigas composições, mas mostra sim que talvez eles tenham se livrado do carma de “somos o Metallica e tudo o que nós tocamos vira ouro, por isso podemos fazer qualquer coisa” então pegaram nas guitarras, baixo e bateria, e compuseram algo com alma e coração, como não era visto a muito tempo. Entretanto a legendária banda de “Kill ‘Em All” (1983), “Ride the Lightning” (1984) e “Master of Puppets” (1986) ainda é capaz, como sempre, de fazer muito mais pelos fãs.
Metallica é uma banda norte-americana de heavy metal originaria de Los Angeles, mas com base em San Francisco. O seu repertório inclui tempos rápidos, pesados, melodicos, instrumentais, e musicalidade agressiva, a qual os colocou no lugar de pioneiros do thrash metal e uma das bandas fundadoras do Big Four of Thrash, conjuntamente com Slayer, Megadeth e Anthrax. O Metallica foi formado em 1981, após James Hetfield responder a um anúncio que Lars Ulrich colocou no jornal local. A sua formação atual apresenta os fundadores Ulrich (bateria) e Hetfield (vocal e guitarra base), o guitarrista Kirk Hammett (que se juntou à banda em 1983), e o baixista Robert Trujillo (membro desde 2003). Antes de chegarem à sua formação atual, a banda teve outros integrantes, sendo eles: Dave Mustaine (guitarra), Ron McGovney, Cliff Burton e Jason Newsted (baixo). Apesar de atingir o primeiro lugar na Billboard 200, o lançamento de St. Anger em 2003 foi controverso pelas influências de nu metal e a produção musical crua de Bob Rock. O disco sucessor, Death Magnetic (2008), foi produzido por Rick Rubin e recebeu avaliações mais favoráveis. Mais tarde, a discografia de estúdio do conjunto somou o álbum Lulu (2011), em parceria com Lou Reed e que recebeu críticas mistas. Em 2012, a banda fundou sua própria gravadora, chamada Blackened Recordings, e adquiriu os direitos de todos os seus álbuns de estúdio.entrou para o Rock and Roll Hall of Fame em 2009 e tem seis álbuns consecutivos em primeiro lugar na Billboard 200.
“Machine Messiah”
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classe é eterna e o metal é para sempre. A estrada para a glória na música pesada é literalmente feita dos corpos daqueles que não tiveram força para completar a jornada. Mas verdadeiros mestres sempre vencem obstáculos e o Sepultura há muito tempo ganhou seu status como lenda no mundo do metal. Em 2017, a banda vem com mais poder de fogo do que nunca. “Machine Messiah” está chegando… Formada em Belo Horizonte, em 1984, o Sepultura passou a ser uma das principais figuras no cenário underground que florescia para o thrash metal. Com sonoridade inventiva e exuberante e ao mesmo tempo crua e primitiva, a banda rompeu preconceitos ao fixar a América do Sul no mapa do metal assim como ajudou a dar forma para algo novo e brutal no heavy metal desde seus primeiros álbuns, “Morbid Visions”, “Schizophrenia” e “Beneath The Remains”. .A saída de Max Cavalera, frontman e membro fundador da banda em 1997, poderia ter descarrilado um grupo menos focado, mas mais tarde, naquele mesmo ano, a convocação do vocalista Derrick Green se provou um golpe de mestre. As duas últimas décadas assistiram o Sepultura evoluir, diversificar e prosperar com o lançamento de uma sucessão de registros devas-
tadores que adicionaram muita profundidade à ilustre biografia da banda. Da indiscriminada euforia causada pelo primeiro registro de Green no grupo, “Against” (1998), à “Roorback” (2003), para o brilhante e com riffs que guiam ao futurismo, “Kairos” (2011) e o extremamente aclamado “The Mediator Between Head And Hands Must Be The Heart” (2013), produzido por Ross Robinson, o progresso do Sepultura tem sido perpetuado com sua integridade artística impecável. Cada vez mais reverenciada como uma banda ao vivo, destruidora e estimulante, o grupo formado por Derrick Green (vocal), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Jr. (baixo) e Eloy Casagrande (bateria) celebrou recentemente os 30 anos de existência do Sepultura com uma implacável turnê mundial que confirmou sem dúvida que os brasileiros estão na melhor forma de suas vidas. Avançando para 2017, o Sepultura está pronto para lançar um álbum que promete mais uma vez reafirmar seu status de porta-estandarte da música pesada. Com a gravação comandada pelo renomado produtor Jens Bogren (Opeth/Kreator/Ihsahn/Paradise Lost), “Machine Messiah” não é apenas o 14º disco de estúdio do Sepultura – uma proeza notável por si só – mas é também o mais completo
e envolvente álbum que a banda fez na era Derrick Green. Com horizonte musical amplo mas sempre firmemente enraizado no espírito do heavy metal, é claro que se trata de um álbum que a banda preparou com grande amor, paixão e determinação. Machine Messiah emerge em um mundo conturbado, mas conteúdos extraordinários estão garantidos para levantar o espírito e a lealdade de qualquer metalhead. Esse é o metal com coração gigante, a cabeça cheia de inspiração e um pé fincado diretamente no acelerador. O messias está chegando.Louvado seja! “É um privilégio estar em uma banda como o Sepultura, com 32 anos em atividade, e estes são possivelmente os melhores dias de todos para nós”, diz Kisser.“Demoramos um pouco para reconstruir as coisas e encontrar as pessoas certas para trabalhar com a gente,mas estamos em um bom lugar agora e realmente muito ansiosos sobre 2017. Eu amo excursionar, cara! Mal podemos esperar para sair pór ai. O palco é onde o tempo para e você perde a conexão com a realidade, vai para outro lugar e tem a troca de energia com o público. Isso é vida – pura vida”.
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