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GUILHERME MOSCARDINI

COISA BOA A GENTE ESPALHA


SORRIR GUILHERME MOSCARDINI

Sorrir faz da tristeza um fio Que logo dá em curto, é só curtir o seu Daí o seu trará o meu E será nossa prece a press sa de amar

E toda paz que lhe invadir a pele Suar toda alegria que lhe faz dançar E toda paz que lhe invadir a pele Suar toda alegria que lhe faz dançar

E mesmo com os contras Amigo, eu sempre escolhi o amor por nós Só lhe desejo paz

Vó Silvia pediu pra contar Que a vida é uma tela e você o pintor E quem sou eu para negar Se o sorriso dela só espalha amor

Sorrir faz da tristeza um fio Que logo dá em curto, é só curtir o seu Daí o seu trará o meu E será nossa prece a pressa de amar E mesmo com os contras Amigo, eu sempre escolhi o amor por nós Só lhe desejo axé

E mesmo com os contras Amigo, eu sempre escolhi o amor por nós Só lhe desejo axé E toda paz que lhe invadir a pele Suar toda alegria que lhe faz dançar E toda paz que lhe invadir a pele Suar toda alegria que lhe faz dançar


Calma, mesmo se a chuva chegar A gente aglomera, faz da casa uma sauna Mas não para de dançar ô lalá Calma, mesmo se a chuva chegar A gente aglomera, faz da casa uma sauna Mas não para de dançar ô lalá Rapaziada boa Hoje faz fila Pra chegar no samba E suar na ginga Mas aí vem chuva Deu lá na notícia Que em Madalena Hoje só cai água Mas eis que chega morena E ao som da cuíca já começa a se inspirar E o samba que antes terra batida CALMA GUILHERME MOSCARDINI

É lama que só faz lavar Calma, mesmo se a chuva chegar A gente aglomera, faz da casa uma sauna Mas não para de dançar ô lalá Rapaziada boa Hoje faz fila Pra chegar no samba E suar na ginga Mas aí vem chuva Deu lá na notícia Que em Copacabana Hoje só cai água Mas eis que chega morena E ao som da cuíca já começa a se inspirar E o samba que antes terra batida É lama que só faz lavar


PLANO CONTÍNUO GUILHERME MOSCARDINI

COISA DE GAROTO GUILHERME MOSCARDINI

Menino quando sai não tem hora Bate lata Mesmo quando a mãe chama não volta Vem sem pressa É que ela não sabe o sabor que tem Descer a ladeira na banguela Bola a tarde inteira e só parar Para ver passar a morena Menino quando sai não tem hora Bate lata Mesmo quando a mãe chama não volta Vem sem pressa É que ela não sabe o sabor que tem Descer a ladeira na banguela Bola a tarde inteira e só parar Para ver passar a morena Sem caô, se você pular Juro que em seguida eu pulo também Pode acreditar Pés descalços pra vadiar Mesmo depois que perde o tampão do pé Quer continuar

Ainda descanso desse plano contínuo Pra ver com seus olhos a luz da varanda Para ver Maria brincando na grama Quem sabe mais tarde na peça da escola Ela toda linda de Helena de Tróia Cuide nosso sonho sempre ao cair no sono Como um realejo guardando menus versos Seca nosso pranto cantando sonetos Que o suor do copo já marcou nossa mesa de saudade Além de lá não sei Mas rezo pra te ver depois da curva Cuide nosso sonho sempre ao cair no sono Como um realejo guardando menus versos Seca nosso pranto cantando sonetos Que o suor do copo já marcou nossa mesa de saudade Além de lá não sei Mas rezo pra te ver depois da curva Ainda descanso desse plano contínuo


BELA PRINCESA GUILHERME MOSCARDINI

Bela princesa Por que não quer dançar? Será que a valsa não lhe sacia mais? Qual é o problema em dois pra lá e pra cá Se a nossa ginga não vem da América Ah, se toda noite no castelo Tocasse um frevo bem rasgado O povo em verde-amarelo abençoando com suor Viu? Tudo seria mais gostoso Contagiando até o clero Quanto às donzelas, não seriam pano até o pescoço Bela princesa Por que não quer dançar? Será que a valsa não lhe sacia mais?

Qual é o problema em dois pra lá e pra cá Se a nossa ginga não vem da América Ah, se toda noite no castelo Tocasse um frevo bem rasgado O povo em verde-amarelo abençoando com suor Viu? Tudo seria mais gostoso Contagiando até o clero Quanto às donzelas, não seriam pano até o pescoço Deixe o samba aqui com a gente E vá embora Deixe o frevo aqui com a gente E vá embora Deixe o samba aqui com a gente E vá embora Deixe o frevo


QUANDO ENTRAR GUILHERME MOSCARDINI


Quando entrar quebre o tranco da porta Pode chegar e note que entre nós existe um mundo É só olhar pra fora pela janela quebrada Foram dois dias e mais três meses, se lembro bem Só sei que precisei de mil cigarros Pra aliviar as vezes que o peito parecia afogar O vidro, a porta, a boca O trilho, a horta, a louca Mataram-se Quando vier venha nua, nua de medo (medo) Quebrei tanto que não quero mais usar esparadrapos Quando chegar, veja o que sobrou Já não há tranca nenhuma, arranca essa moleza Eu não sou mais ou menos

Não há nada pra conhecer de novo Tô correndo por aí O vidro, a porta, a boca O trilho, a horta, a louca Livraram-se Quando vier venha nua, nua de medo (medo) Quebrei tanto que não quero mais usar esparadrapos Quando chegar, veja o que não sobrou O vidro, a porta, a boca O trilho, a horta, a louca Livraram-se Quando vier venha nua, nua de medo (medo) Quebrei tanto que não quero mais usar esparadrapos Quando quiser, não queira


PREGUIÇA

IARA

GUILHERME MOSCARDINI

GUILHERME MOSCARDINI

Alvorada na varanda apressa O desejo por quem manda um beijo de longe

Ela cansou de se apaixonar Por esses moços que do amor só lhe deram as poças Cansou de fantasiar que ao soprar as velas Sobraria ainda aquela que estende a última primavera

Se chegar por correio, receio Não irei chegar E se não chegar, e se não chegar Chega de esperar Laiá, Laiá, Laiá Pois alma com preguiça de nada merece Nem mesmo uma prece Só atiça, não abraça Palhaça com sentimento A culpa é só minha e de mais ninguém Não me salvo, eu nunca entrei no trem Mas lamento, é sério Mais do que um vendedor de flores no cemitério Laiá, Laiá, Laiá E alma com preguiça de nada merece Nem mesmo uma prece Só atiça, não abraça Palhaça com sentimento Laiá, Laiá, Laiá

Ela queixou a muitos santos Mas foram tantos copos Que assim, sendo água Moldava a qualquer canto E agora no Igapó, Igarapé, Iara Faz seu canto para qualquer homem que pisá-lá E usa de seu pranto pra afundar jangada E usa de seu pranto pra afundar, pra afundar jangada


PREGUIÇA

GUILHERME MOSCARDINI

Manhê Reze pra meu inimigo Peça pra Vô Cipriano Que ilumine seu caminho Que eu não tenho esse dom, nem essa voz Que a sombra é bem menor quando ao teu lado Ô mãe Rita e Jorge, Vovó Benta Cipriano e São Miguel Iluminem e protejam Livrem-nos de todo mal Quem acode o genro na hora do parto e pronto É ela Se ela firma o ponto ou ora pro santo em pranto É ela

Pois não prega o olho pelo retorno do filho Ai ela E na frente o mundo bem antes mesmo do que for Pra ela O seu colo é cede, que ao pousar Não há, embora atraentes Nem passado e nem futuro Só o que se faz presente é paz Que o rosto dela, o rosto dela traz Minha mãe, meu Orixá Minha mãe, meu Orixá


DO ALTO DO MORRO GUILHERME MOSCARDINI

Do Alto Do Morro Do alto do morro nasceu mais um samba Morreu mais um bamba Me deu uma dor É que na Mangueira a rua é diferente Enquanto alguém se vai Lá vem o samba tomando lugar E a gente canta porque a gente sente Que do alto do morro, quem pede socorro Está mais perto dos braços de Deus Meu canto ecoa nos ventos e desce pro asfalto Porque samba não se canta pra dentro É ode ao amor, vinga se cantar alto

SONHO GUILHERME MOSCARDINI

Pai Será que a Glória vai trazer um sonho Daqueles bem recheados, pai Daqueles que mela o dedo, pai Pai Será que o sonho cabe na minha mão Ou se é daqueles que fermento faz A gente dividir com o irmão Um dia eu chego lá, mãe disse: Tá ali o sonho, é só buscar que a vida é doce A sorte com a ponta de um grafite escrever E o que vai ser só pertence a mim


COISA BOA A GENTE ESPALHA GUILHERME MOSCARDINI

Ai Iaiá De boldo vou me banhar Eiê eiê Mas eu peço e por você Ai Iaiá De boldo vou me banhar Eiê eiê Mas eu peço é por você Coisa boa a gente espalha E deixa esparramar Coisa boa a gente espelha O que é de rio chega no mar Com barro fiz minha telha É certo, vai desmanchar

Mas te tenho pra ajudar Mas te tenho bem aqui pra acudir Sei que não vai me faltar Ai Iaiá De boldo vou me banhar Eiê eiê Mas eu peço e por você Ai Iaiá De boldo vou me banhar Eiê eiê Mas eu peço e por você



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