PEDRO HENRIQUE PENALVA PORTFÓLIO
I-CASA DA JABUTICABEIRA II-ESCOLA DE JAZZ III-QUARTEL DE BOMBEIROS IV- NuVEM V-SINAPSES URBANAS VI-SIMBIOSE PERIMETROPOLITANA
O projeto localiza-se na encosta da Floresta da Tijuca voltada para a baixada de Jacarepaguá, com o horizonte enquadrado entre a linha do mar da Barra da Tijuca e pela reserva florestal do Pico da Pedra Branca. A partir da cota da rua, estabelece-se uma plataforma de acesso sobre a laje inundada, que distribui os percursos para o volume de trabalho independente suspenso e o volume residencial, abaixo da laje. A elevação do volume residencial do solo -repousado sobre a parede viga da piscina- alinhando-se à cota das árvores e a sutil curvatura da laje, propiciam a ventilação cruzada e o aproveitamento da brisa da baixada, que é refrigerada pela mata preservada. Protegida do olhar do logradouro, a casa se abre à vegetação e emoldura as jabuticabeiras existentes no terreno. Com suas aberturas recuadas criou-se uma grande varanda que contorna a casa, onde os olhares e as dinâmicas do viver cotidiano se cruzam com a Mata Atlântica. Aos dispormos os cômodos ao longo da varanda, buscamos inflexionar os limites da privacidade. Por toda a laje, a sucessão de acontecimentos alude tanto à noção de enquadramento da sequência de frames de Eadweard Muybridge quanto ao descortinamento da vida prosaica, na Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, e os questionamentos dos limites do convívio íntimo na casa do Butantã de Paulo Mendes da Rocha.
I CASA DA JABUTICABEIRA Rio de Janeiro LAT. 53° 16’ 15.4632’’ N LONG. 9° 3’ 45.6876’’ W
A organização programática por sua vez é repartida em três setores: serviços, estar e ‘‘íntimo’’, organizados como caixas funcionais de grande despojamento, divididos por blocos infraestruturais. A parte social se integra a cozinha sob o vão livre e aberto apenas divididos pela escada de concreto bruto, enquanto o bloco dos quartos se abre à varanda por painéis de muxarabi, em uma intimidade desvelada. *Projeto em colaboração com Gabriel Weber
II ESCOLA DE JAZZ Porto - Portugal
LAT. 41° 09’ 45.42’’ N LONG. 8º 37’ 48.02’’
O presente trabalho propõe uma abordagem em que a arquitectura se desenvolva como o vetor de conexão e síntese urbana. Busca desenvolver um projecto além das questões programáticas, articulando fluxos e atos da cidade com o espaço arquitectónico. De pronto, entende-se como pontos principais a diferença de cotas no sítio e o vazio urbano cercado por diferentes tecidos de cidade. A abordagem a primeira questão remete-se a uma interpretação da tomada de Godard na Villa Malaparte, em que o ator sobe pela cobertura da casa em marcha performática. Entende-se que a resolução dos fluxos externos deve estar ligada ao desenvolvimento dos espaços do programa. Como na cena, há uma busca pela articulação de uma promenade com demandas arquitectónicas. Alinha-se então, uma resposta funcional a topográfica existente, ofertando a cidade novos espaços públicos. O projeto desenvolve a forma arquitectónica como modeladora dos espaços livres, sendo a protagonista mas sem se revelar por inteiro. No Museu Brasileiro de Escultura, Mendes da Rocha concede a cidade uma praça através da resolução do programa do museu respondendo a uma topografia acidentada. Ali, a arquitetura é tanto base quanto cobertura, abraçando o usuário que compreendida ela através da experiencia espacial. É proposto que além de domar o terreno com o programa, o espaço gerado seja parte dos espaços
externos requisitados. Assim, muda-se de cota, permeando pelo edifício através da platéia exterior que ao mesmo tempo é cobertura do clube. Adiante, a sala polivalente foi projetada adjacente ao clube para ser dinâmica e apropriada de diversas maneiras. Sobre ela repousa uma ágora, espaço que complementa espacialmente a função política da arquitetura . A segunda questão que demandava abordagem mais precisa é o lote como vazio urbano, ladeado por dois edifícios sem grande qualidade arquitectónica. Nesse vácuo de cidade é proposta uma nova lâmina monolítica, voltando para sí as visadas do entorno. Reduz assim o protagonismo dos prédios da envoltória. Neste monolito pretende-se condensar o dinamismo e improviso do jazz. O programa da escola é distribuído por cinco pavimentos, desencontrados entre si e conectados por rampas e escadas. Enquanto as escadas se relacionam com a cadência e agilidade do ‘‘bepop’’ , as rampas são esticadas assim como as notas do ‘‘cool jazz’’, levando até as salas de ensaio individual. Assim, os espaços de circulação deixam de atender as restritas funções de trânsito e distribuição adquirindo o sentido de convívio e encontro. Esta promenade é faceada por uma pele opaca que, cria no alçado uma dúbia relação entre peso e leveza propicia a cidade o fenômeno de sombras e movimentos, ao mesmo tempo em que filtra a luz exterior.
SIMULAÇÃO DAS INTENÇÕES DE PROJETO
Praça de acesso direto à escola é também a cobertura da ‘ ’black box’’. Tanto a grande sala de apresentações quanto o clube estão enterrados em u m ambiente mais intimista e r eservado, uma metáfora aos ambientes mais escondidos onde eram exercidas as liberdades de costumes e expressões dos negros norte-americanos. Escadaria que vence a diferença de cotas, fazendo a conexão entre duas ruas. É desenhada para ser platéia de apresentações externas onde os
As salas à direita são reservadas à prática individual dos instrumentos -metais, madeiras, sopro e tc.-, possuem menores dimensões p ara permitir maior i ntimidade. N a porção esquerda do edifício estão as salas mais amplas, dedicadas à prática coletiva. Circulações v erticais que p ropiciam p romenades d inâmicas. Enquanto as escadas fazem alusão à cadência do ‘’bebop’’, a s rampas esticam o caminho, a ssim c omo as notas mais lentas do ‘’cool jazz’’. das sombras às d inamâmicas i nternas d o edifício. A lude à h armonia do j azz que m istura notas p uras e esticadas com a agilidade da percussão
TUDO DE NTO AS CERCEAS
TUDO DE IMPLANTAÇÃO
TUDO DAS RAMPAS DO EDIFÍCIO
Estudo de materialidade
Em Paris Texas de Wim Wenders, 1984, uma conhecida tomada é feita com um pássaro voando sobre a paisagem inóspita. No lago Athalia em Galway, interior da Irlanda a paisagem é igualmente inóspita. Assim como a amnésia da personagem de Wenders, o lago possui suas amnésias, a monotonia do pântano é cortada por um muro de pedras que mascara uma nascente, e ruínas da fundação de uma antiga ponte emergem da lama. Neste cenário úmido, em tons azulados opostos aos vermelhos terrosos de Win Wenders, como a águia que pousa na pedra em Paris Texas, interrompendo a sequencia aérea, um quartel de bombeiros pousa sobre o lago em paralelo ao muro e um pavilhão se apropria das antigas fundações da ponte. Por ser uma área de pântano, optou-se pelo menor impacto possível no solo. O programa arquitectónico fica assim, distribuído em uma lâmina de dois pavimentos suspensa do solo e pendurada através de duas grandes vigas protendidas que repousam em três pontos de apoio de concreto armado. Assim , com uma edificação que quase não toca o solo, permite-se que a flora e a fauna possam fluir por baixo do edifício, já a garagem de viaturas é construída na parte existente de aterro, próxima ao arruamento. A torre de exercícios em perfis metálicos é revestida por uma membrana opaca que é inserida na paisagem como um marco e ponto de referência do Corpo de Bombeiros.
III Quartel de bombeiros Galway - Irlanda LAT. 53° 16’ 15.4632’’ N LONG. 9° 3’ 45.6876’’ W
Já pavilhão de apoio à atividades esportivas, com vestiários e uma lanchonete, se apropria dos resquícios da antiga ponte. O que antes foram pilares, são completados como grandes monolitos de concreto, sustentando uma sucessão de vigas nas quais repousa uma laje. Entendendo a instituição ‘‘Bombeiros’’ como um ator social, a proposta de intervenção se apropriará desta potência como um vetor conexão. As pistas de corrida começam no pavilhão e atravessam a estação de bombeiros, criando uma fusão dos programas, alinhando a prática de atividade física diária dos bombeiros ao incentivo à prática de esportes pela população.
Modelo físico
Vista da rua para o quartel de bombeiros
Vista para o quartel de bombeiros
Chegada da pista sob o quartel de bombeiros
Vista para o pavilhão
Vista do pavilhão para o quartel
Vista interna do pavilhão
Em 2016 Edifício Jorge Machado Moreira, sede da FAU-UFRJ, sofreu um incêndio de grande porte, que comprometeu o andamento das aulas por meses. Para esse momento de emergência foi realizado um concurso interno para propor soluções de salas de aula temporárias e que pudessem ficar como legado para o Núcleo de Visualização e Modelagem, após a recuperação do prédio. A proposta buscou desenvolver uma estrutura pavilhonar construída em aço galvanizado leve, garantindo rápida execução e durabilidade. O volume é envelopado por brises de chapa metálica perfurada, permitindo a constante ventilação e proteção solar. O cerne da ideia apresentada é o arranjo espacial dinâmico e configurado de acordo com a necessidade, permitindo maior integração entre as diversas áreas e níveis de conhecimento. Para tal, com exceção dos banheiros, todas as vedações internas são feitas com painéis móveis de madeira OSB e policarbonato, materiais de baixo custo o que nos permitiu atender ao orçamento de até 10 milhões de reais. O NuVEM foi pensado seguindo o intercolúnio do edifício, modernista projetado por Jorge Moreira. Adotou-se a medida de 7,35m como parâmetro principal para o desenho dos módulos estruturais, dos fechamentos e dispositivos móveis. A edificação foi dividida em três blocos, os dois primeiros são similares apenas se diferenciando em relação ao pé direito. O primeiro é o dos laboratórios de tecnologia da construção e modelagem 3D, com altura de 7,35m, possui aberturas como se fosse uma grande garagem, permitindo a entrada de maquinário pesado e prototipagem de grandes dimensões. O segundo abrigaria as salas de ensino da concepção da forma e ateliês de projeto. Ambos blocos possuem uma infraestrutura aberta, de espaços dinâmicos, permitindo diferentes arranjos e a rápida configuração para aulas coletivas, montagem de exposições e espaços para avaliação crítica. O terceiro bloco comporta dois auditórios, um tipo anfiteatro e outro de planta livre, podendo receber tanto aulas mais solenes quanto performances artísticas, por exemplo. Os dois primeiros blocos são separados do terceiro por um grande vão coberto, pensado como ponto de encontro e articulação do NuVEM.
IV NuVEM Rio de Janeiro LAT. 22°51’45”S LONG. 43°13’26”W
A proposta do Núcleo de Visualização e Modelagem surge, em meio às cinzas do incêndio, como uma oportunidade de ensaiar respostas rápidas à urgência de uma infraestrutura, e que após esse período de exceção, tal equipamento seja flexível à novas demandas e tecnologias.
V SINAPSES URBANAS Rio de Janeiro LAT. 22°54’10’’ S LONG. 43°12’27’’ O
A área de intervenção é localizada a beira do centro financeiro da cidade, o segundo mais importantes do país. A região conhecida como Esplanada do Castelo abriga prédios importantes como o primeiro edifício modernista, Gustavo Capanema, antigas sedes de ministérios e o centro jurídico do estado. Esquecida na ponta da esplanada está a Ladeira da Misericórdia, único remanescente do Morro do Castelo. Este morro recebeu uma das fundações da cidade no século XVI, abrigou mosteiros, fortalezas, primeiros edifícios institucionais cívicos e a primeira Sé, além de boa parte da população da cidade. Foi desmontado em 1922 em favor do ‘’progresso’’, de um projeto urbanístico nunca finalizado e de uma sociedade excludente. As transformações morfológicas deixaram marcas visíveis no traçado urbano, as quais não respeitaram as pré-existências do local. Somado ao desmonte, os sucessivos aterros feitos na área marcaram profundamente, não somente o espaço, mas contribuíram para a dinâmica atual do lugar. Novas edificações erguidas cada qual seguindo uma lógica urbana própria resultaram na perda de urbanidade, de importantes visadas e conexões físicas entre a cidade e a baía. O fortalecimento da area com caráter comercial e corporativo, criou a cidade ‘’ligadesliga’’, ao cair da noite essa parte da urbe ‘’desliga’’, tornando a área inóspita Na última década o Projeto do Porto Maravilha, de ‘’reurbanização’’ da area portuária, não levou em consideração a memória local, enfatizou o caráter corporativo e a segregação cidade-água. A análise de fluxos e de usos foi possível constatar que além do problema do movimento pendular encontramos também a ausência de fluxos no entorno, mesmo nos horários comerciais. A região se comporta como uma grande ilha, uma bolha que rompe com a dinâmica da cidade inclusiva e democrática A praticamente ausência de edificações habitacionais no raio de 1Km contribui para espacialidades não convidativas, sem movimento, urbanidades, cultura e vida. Como solução, é proposta uma intervenção que busque ocupar vazios urbanos deixado por sucessivas intervenções urbanísticas, superfícies inertes de edifícios corporativos e resgate e valorização da memória. O programa foca em habitação como o ator principal de articulação e que proverá vida para os demais equipamentos públicos complementares como comércio, escolas e biblioteca, também inseridos pelo projeto. Habitação é o primeiro impulso nervoso para as sinapses que reverberarão entre as ocupações ativando zonas ‘’mortas’’ e desligadas. Indo na contramão do histórico de intervenções, buscamos não desapropriar, não destruir e valorizar os espaços públicos como meio de produção de uma cidade segura, justa e democrática.
Local de memória Local de memória
A area de intervenção é localizada onde outroraonde foi A area de intervenção é localizada o Morro do Castelo, um dos lugares de fundação outrora foi o Morro do Castelo, um do dos Rio, no século XVI. lugares de fundação do Rio, no século XVI. O arrasamento do morro levou consigo não apenas O arrasamento do morro levou consigo não dezenas de moradores, mas relevantes exemplares apenas dezenas deda cidade. moradores, mas arquitetônicos e a memória Sucessivos aterros foram feitos com as terras relevantes exemplares arquitetônicos e a do desmonte, neles construído o mercado mais memória da cidade. simbólico do Rio -quadrado vermelho- destruído Sucessivos aterros foram feitos com as terras também para dar lugar a um viaduto e grande do desmonte, construído o mercado estacionamento da neles cidade rodoviarista. mais simbólico do Rio -quadrado vermelhodestruído também para dar lugar a um viaduto e grande esstacionamento da cidade rodoviarista.
Eixos Eixosde deforça força A sequência de planos urbanísticos que conformaram o centro do Rio nos últimos séculos, resultou em Os variados planos urbanísticos que confordiferentes eixos de força. Vetores visuais e de maram os o eixos centro do Rio nos últimos séculos conexão, representam diferentes épocas e resultou em diferentes eixos de força. Vetores enquadramentos. Na área em estudo, as interferências urbanísticas visuais e de conexão, os eixos representam das últimas décadas gerou barreiras visuais e físicas diferentes épocas e enquadramentos. aos importantes eixos do centro. Na área em estudo, as interferências Perdeu-se a conexão cidade-água deixando um urbanísticas das Foram últimas décadas gerou vazio de uso e visadas. perdidas conexões, e barreiras visuais e físicas importantes eixos. por conseguinte perdeu-se umaacidade do debate, do encontro e daademocracia. Perdeu-se conexão cidade-água deixando
um vazio de uso e visadas. Foram perdidas conexões, e por conseguinte perdeu-se uma cidade do debate, encontro e democrática.
Fluxos Fluxos
As setas em vermelho representam os fluxos de trânsito e viário nesta região. Apesar do As setaspeatonal em vermelho representam os fluxos considerável trânsito em alguns trechos, a área de de trânsito peatonal e viário nesta região. intervenção apresenta baixo fluxo, alguns trechos Apesar do considerável trânsito emdurante alguns extremamente ermos e inseguros, mesmo trechos, a área de intervenção apresenta o dia. O poucofluxo, fluxo éalguns anulado trechos com o regime de ‘’ligabaixo extremamente desliga’’, desligando esta parte da cidade durante ermos e inseguros, mesmo durante o dia.a noite. O pouco fluxo é anulado com o regime de As setas azuis, passam a então, representar os ''liga-desliga'', desligando fluxos pretendidos pelo projeto, emesta regimeparte integral.da cidade durante a noite. São sinapses, impulsos nervosos oriundos do projeto de intervenção. As setas azuis, passam a então, representar
os fluxos pretendidos pelo projeto, em regime integral. São sinapses, impulsos nervosos oriundos do projeto de intervenção.
Povo sem memória é povo sem identidade. Em alusão a essa máxima, buscou-se a disposição dos edificios de forma alusiva a morfologia do morro, dando especial Povo sem memória povo sem doidentidade. Em -ponto alusão a essaEste máxima atenção a ladeira é remancescente Morro do Castelo vermelho-. será oaponto de partida das o local ativaçãoaurbana. buscamos disposição dossinapses, edificios denevrálgico forma de alusiva morfologia do
morro, dando especial atenção a ladeira remancescente -ponto vermelho-. Esta será o ponto de partida das sinapses, o local nevrálgico de ativação urbana.
Pensando em habitações democráticas, abriguem mais diversos Pensando em habitações democráticas, que abriguemque os mais diversos os tipos de famílias e agrupamentos, propomos módulos habitacionais programáticos quarta, sala, cozinhaque serão tipos de famílias e agrupamentos, propomos módulos habitacionais arranjados das mais diversas formas. Resultam assim em uma diversidade de moradias, formas programáticos -quartos, sala, cozinha- que serão arranjados das mais arquitecônicas e morfologia urbana.
diferentes formas. Resultam assim em uma diversidade de moradas, formas arquitetônicas e morfologia urbana.
VI SIMBIOSE PERIMETROPOLITANA São João de Meriti LAT. 22°45’50.76”S LONG. 43°22’15.91”O
A Baixada Fluminense é detentora de anseios, carências estruturais e qualidades subvalorizadas. De forma reincidente o solo urbano periférico ao Rio, é esgarçado por operações que coagem a população, através de aparatos do capital, ao jugo de um polo hegemônico. O Estado não deve ser o algoz dessa coação urbana! Deve ser o protagonista ao utilizar de seus meios para que seja extraída, de uma intervenção sobre o território, benefícios concretos para os que lá habitam. É na busca pela simbiose entre infraestruturas e território que é construído esse trabalho. O rio Sarapuí atribui à ocupação espacial genérica do anel perimetropolitano, um valor simbólico e identitário supra limites, é um elemento geomorfológico e político que unifica municípios por onde passa. Para poder discutir essa questão urbana do espaço metropolitano, é selecionado um recorte deste rio, para ensaiá-lo como uma infraestrutura, atribuindo à bacia da Guanabara, capacidade de absorver projetos que respondam as escalas e demandas locais. Assim, buscaremos demonstrar como poder público pode, através de uma infraestrutura prevista, garantir o direito à cidade. Há por parte do governo do Rio a previsão de construção de 27km de vias margeando parte do rio, em uma área de alta ocorrência de inundações, cortando realidades que são consideradas uma das mais violentas da América Latina, e o município de maior densidade, conhecido como “formigueiro das Américas“, em suma uma região que retrata as desigualdades brasileiras. Desenvolvemos então, uma alternativa, transformando as vias em uma infraestrutura. São 27km de um equipamento que absorva e distribua o capital que transita na via. Além de elevar as pistas de rolamento, garantindo uma area de amortecimento de cheias e criação de um grande parque inundável, são acoplados equipamentos públicos ao tabuleiro do viaduto, de acordo com as demandas específicas de cada local. Propomos que escolas, postos de atendimento ao cidadão, câmaras representivas, espaços culturais aproveitem esse grande viaduto para se fixar. Para além do modelo rodoviarista proposto pelo governo, acrescentamos diversos outros modais, inclusive aproveitando o próprio rio como modal de transporte aquaviário. Em suma, buscamos reverter um projeto tecnocrático que agride aquele território e enfatiza dependências e desigualdades , para um projeto que tenha a capacidade de dar a população desta borda perimetropolitana, voz, dignidade e independência.
Decodificação da matriz
Quarteirão padrão de um bairro de São João de Meriti, município mais denso das Américas, com frente média de 10m. Matriz decodificada que irá gerar a razão do grid regulador da infraestrutura.
Quarteirão padrão de um bairro de São João de Meriti, com lotes de testada média de 10m. Matriz decodificada que irá gerar a razão do grid regulador da estrutura.
Inserção do eixo Z no padrão estrutural de ocupação da matriz urbana perimetropolitana com o sistema porticado de vigas e pilares
corte 02
corte 03
corte 01
área do ensaio MASTERPLAN
M - ESTRUTURAÇÃO DO PARQUE
G- ESTRUTURAÇÃO REGIONAL
GG - ESTRUTURAÇÃO METROPOLITANA
passeios e ciclovias sobre
sistemas de tratamento de água e redução de cheias
equipamentos de apoio rdoviário acoplados e elevados do parque
equipamentos de lazer e convívio
equipamentos públicos acoplados ao viaduto
estações de VLT. mobilidade e conexão
conexão e costura de margens opostas e equipamentos
rio como infraestrutura economica e de mobilidade
hortas e espaços de cultivo local, entre a várzea urbanização
reservatórios de água, garantia de fornecimento nos períodos de seca
VLT interno
VLT Transbaixada
Programa acoplado
4
3
5
1
2
Apoio de socorro local e da rodovia
Infraestrutura de logística fluvial
Transporte fluvial
Esplanada conectora
area de ensaio
NÍVEL M 0.00
NÍVEL MG +6.00
1 Apoio de socorro local e da rodovia conexão com a rodovia
1 Apoio de socorro local e da rodovia conexão local
5- Núcleo de ensino profissionalizante
4- Poupa Tempo
Rio Sarapuí, 2000. rio idílico na utopia de um modernismo parnasiano carioca. Rio Sarapui, 2030 Infraestruturas no fim de cidade, rio edílico.
3- Intermodais
Rio Sarapuí, 2030. rio como infraestrutura no fim de cidade, utopia contemporânea carioca.
27
Rio Sarapuí, 2021 rio distópico, cenário plausível da borda perimetropolitana.
Rio Sarapuí, 2021. Projetos executados