Champions, Volume III

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CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)

VOLUME III De 1970 a 1985



A Sociedade Vicra Desportiva S. A., reserva-se o direito de proceder judicialmente contra os autores de qualquer cópia reprodução, difusão, exploração comercial não autorizadas ou qualquer outro uso indevido de conteúdos

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)

VOLUME III De 1970 a 1985

TÍTULO DO EBOOK

Champions — a história como nunca se contou (mesmo quando não se chamava assim) DIRETOR

Vítor Serpa EDITOR

António Simões

TEXTOS

EDITORA E PROPRIETÁRIA

António Simões

Sociedade Vicra Desportiva, S. A.

DESIGNER

DATA

Ricardo da Silva

2020

ARQUIVO E REVISÃO

ISBN

Carlos Marques

978-989-8290-17-5

PROPRIEDADE INTELECTUAL

Sociedade Vicra Desportiva, S. A. Enquanto obra protegida, nos termos do Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos, é interdita a reprodução, no todo ou em parte, e independentemente dos meios existentes ou que no futuro possam vir a existir, dos conteúdos vertidos neste EBOOK.


VOLUME III De 1970 a 1985




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Capítulo XVII 1970/71

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)


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Das suspeitas de dinheiro escondido que a mulher do ditador grego revelou (e os jugoslavos negaram) º ) J A edição 16 da Taça dos Campeões Europeus foi a primeira sem Real Madrid — e houve mais alguns clubes de história em grande que lá não conseguiram chegar: BarHJQTSF &( 2NQFS .SYJW 2FSHMJXYJW :SNYJI J 'JSȁHF 3§T NSIT T 'JSȁHF KTN T 8UTWting — e nos 1/16 avos logo se deu queda de estrondo — com os romenos do UTA Arad F FKFXYFWJR IJ HTRUNYF T +J^JSTTWI VZJ [JSHJWF F JIN«§T FSYJWNTW Durante os primeiros anos da II Guerra Mundial, a Roménia manteve-se na órbitra nazi — com o seu exército ao lado do exército de Hitler, o seu petróleo a fornecer o 9JWHJNWT 7JNHM &Q[T IJ NSYJSXTX GTRGFWIJFRJSYTX ITX &QNFITX HTR T UT[T HTSYWF F ligação ao Eixo — e por agosto de 1944, o Rei Miguel lançou golpe que depôs Ion AnYTSJXHZ IJ UWNRJNWT RNSNXYWT TKJWJHJSIT FT JRGFN]FITW FQJR§T oWJYNWFIF S§T HTSȂNYZTXF -NYQJW WJFLNZ HTQTHFSIT F 7TR­SNF ST WTQ IJ NSNRNLTX Ɖ J YJSIT XJ O¥ JSYWFIT JR +WFSHNXH [TS 3JZRFS OZIJZ VZJ YFRG­R JWF GFW§T J ITST IF &WFI 9J]YNQJ Company, fundou no seu seio clube de futebol, chamou-lhe IT Arad — e, fanático pelo Arsenal de Londres, escolheu para a equipa as mesmas camisolas vermelhas e branHFX KFGWNHFIFX HQFWT SF XZF K¥GWNHF A pouco e pouco o Exército Vermelho foi tomando território romeno, levando para a :788 RFNX IJ UWNXNTSJNWTX IJ LZJWWF Ɖ J JR T LT[JWST O¥ ITRNSFIT UJQT 5FWYNIT (TRZSNXYF U¸X F 7TR­SNF XTG YTYFQ ITR±SNT XT[N­YNHT 4 .9 &WFI LFSMTZ TX campeonatos de 1946/47 e 1947/48 — e por entre nacionalizações, prisões e deporYF«¹JX IJ OZIJZX JR IJZ XJ QMJ ST[T STRJ YWF«T RFNX WJ[TQZHNTS¥WNT +QFRZWF 7TXNJ *R NRUZXJWFR QMJ ST[F IJSTRNSF«§T Ɖ J HTRT :9& F K¥GWNHF IJ Y®]YJNX O¥ XTG HTSYWTQT HTRZSNXYF &WFI U¸X RJNF *ZWTUF TZ RFNX GTVZNFGJWYF FT FYNWFW T +J^JSTTWI UFWF KTWF IF JIN«§T IJ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX &SYJX IT OTLT JR 7TYJWI§T OTLFITWJX IT +J^JSTTWI FSIFWFR SZR RFZ UFLTIJ HTR TX WTRJSTX Ɖ ,F[WNQF 'NWFZ ZR ITX XJZX OTLFITWJX WJ[JQTZ T 8

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Ernst Happel, treinador do Feyenoord, campeão europeu em título, não via possibilidade alguma de romenos do UTA Arad seguirem em frente na competição. Se assim acontecesse, assistir-se-ia ao aparecimento da oitava maravilha do mundo. Oitava não, mas maravilha, do ponto de vista dos romenos, foi mesmo a eliminação do Feyenoord…

— Ao verem-nos, riam do que levávamos vestido, depois, quando já equipados gozavam com as nossas botas, as nossas camisolas, os nossos calções, achando-nos uns desgraçadinhos… 3T HFRUT YZIT KTN INKJWJSYJ FȁSFQ FTX RNSZYTX +QTWNFS )ZRNYWJXHZ GFYJZ *II^ 5NJYJWX ,WFFȂFSI RNSZYTX IJUTNX <NR /FSXJS JRUFYTZ Ɖ J IT S§T RFNX XJ XFNZ &NSIF FXXNR ¤ UFWYNIF UFWF F 7TR­SNF *WSXY -FUUJQ S§T IJN]TZ IJ XTQYFW F XZF KFRTXF KFSKFWWTSNHJ UNSLFIF IJ NWTSNF — Os campeões da Europa serem eliminados por romenos equivaleria ao aparecimento da oitava maravilha do mundo. (TR JR &WFI J T +J^JSTTWI SZR IJXYWT«T IT HFRUT FWWFXYTZ XJ RZQYNI§T UFWF T MTYJQ TSIJ TX MTQFSIJXJX XJ MTXUJIFWFR J UJQF STNYJ IJSYWT KTN XJ TZ[NSIT JR HQFRTW — Happel, Happel, Happel,Ha, Ha, Ha! 9


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O ‘placard’ com os golos do Sporting era uma cruz com balões… Nessa primeira eliminatória, ao Sporting coube os malteses do Floriana — e, aos seis minutos de jogo em Alvalade, já Lourenço tinha dois golos marcados (o primeiro fez FernanIT 5JWJX 2FNX ITNX [TQYTZ F RFWHFW T 1TZWJS«T VZFYWT UTNX HTRT TX VZFYWT FT 'JSȁHF que lhe marcam a história) — e, ao presidente do Floriana, apanhou-se-lhe: — Juro-vos que em La Valletta não vamos levar 5… Não, não levaram 5, levaram 4 (4-0) por entre insólita circunstância: o marcador do Estádio Gzira era uma cruz gigante colocada no topo da bancada — sempre que havia golo alguém enchia um balão vermelho e corria a pendurá-lo no lado do visitante ou no lado do visitado. Lourenço não jogou, Nélson fez dois golos, Tomé fez um, Dinis fez outro. Adversário seguinte do Sporting, o Carl Zeiss Jena, clube da fábrica de lentes para microscópios da RDA — e, por isso, o estádio tinha o nome de Ernst Abbe (o matemático e físico alemão que revolucionara o design de lentes). A propósito: por meados do século =.= (FWQ ?JNXX KZSIFWF JR /JSF F <JWPXY¨YYJ KÀW +JNSRJHMFSNP ZSI 4UYNP 4ȁHNSF IJ 2Jcânica de Precisão e Óptica) — de onde saíram revolucionárias lentes, óculos, telescópios, termómetros. Sendo a partida à tarde e em dia de trabalho, achou-se que talvez o estádio ficasse de bancadas desertas (até porque havia bilhetes a 70 escudos) e não: o Ernst Abbe estava a abarrotar — porque a fábrica tinha 21 mil trabalhadores e a todos se deu dispensa para que vissem o Carl Zeiss Jena-Sporting. Golo de Marinho aos 68 minutos pôs o placard em 1-1, a três do fim Vogel bateu Damas (mas isso não tirou aos sportinguistas esperanças vivas). Em Alvalade, foi de rompante a entrada do Sporting: aos 20 minutos a bola já tinha batido por três vezes na barra da baliza de Blockwitz — e, de repente, caiu o estádio em escuridão. Com os jogadores sentados pela relva, nas bancadas havia pontas de cigarros a quebrarem o breu. Reparou-se a avaria, religaram-se os holofotes, acendeu-se a malapata: aos 26 minutos Vogel pôs o marcador em 0-1, aos 33 Ducke (que haveria de ser um dos melhores marcadores desta edição) pô-lo em 0-2. Aos 50, Peres e Stein foram expulsos — J IJ SFIF XJW[NZ JR HTSXTQF«§T T LTQT IJ ,TS«FQ[JX F RNSZYTX IT ȁR 10

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O primeiro desempate nos penáltis e os rumores de que o ditador grego comprou o Estrela Vermelha (levantados pela própria mulher)

+JWJSH 5ZXPFX QJ[TZ T 5FSFYMNSFNPTX JR ¤ ȁSFQ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX *ZWTUJZX 3ZSHF FSYJX ZR HQZGJ LWJLT HMJLFWF Y§T QTSLJ SF HTRUJYN«§T

A sugestão do presidente do Celtic na Luz de se fazer o desempate por número de cantos não foi colhida pela UEFA mas trocou-se a moeda ao ar pelos pontapés da marca de LWFSIJ UJSFQNIFIJ 5FWF TX VZFWYTX IJ ȁSFQ 'TWZXXNF 2TJSchengladbach (que vinha de 10-0 e 6-0 ao EPA Larnaca) e Everton acabaram ambos os jogos com 1-1. Nada se deciINSIT ST UWTQTSLFRJSYT JR 1N[JWUTTQ KTN XJ UFWF UJS¥QYNX /TJ 7T^QJ YTWSTZ XJ T UWNRJNWT OTLFITW F KFQMFW Ɖ J S§T S§T foi fatal para os ingleses porque Herbert Laumen e Ludwig 2ZQQJW ȁ_JWFR T RJXRT J ST *[JWYTS RFNX SNSLZ­R KFQMTZ +JQN_ HTR F UFXXFLJR -FWW^ (FYYJWNHP T XJZ YWJNSFITW S§T IJN]TZ IJ FȁWRFW NSH·RTIT UJQF ST[NIFIJ — Ainda acho que penáltis para decidirem um jogo são circo, mas, sinceramente, não consigo pensar em algo melhor para além de um terceiro jogo. 3F TZYWF O¥ QFS«FIF KTWRF IJ IJXJRUFYJ T ITGWFW ITX LTQTX KTWF XJ UJWIJZ T *[JWYTS HTSYNSZTZ T 5FSFYMNSFNPTX YWJNSFIT UTW +JWJSH 5ZXPFX F XJLZNW T VZJ O¥ XJ NSXNSZF[F XJW T XJZ JXUFSYTXT HFRNSMT Ɖ J UFWF TX LWJLTX FNSIF RFNX IJXQZRGWFSYJX KTWFR FX RJNFX ȁSFNX INFSYJ IT *XYWJQF ;JWRJQMF VZJ FSYJX FYNWFWF T (FWQ ?JNXX /JSF UFWF KTWF IF 9F«F dos Campeões). 8ZWUWJJSIJSYJRJSYJ T *[JWYTS S§T HTSXJLZNZ F[FS«FW RFNX SF HTRUJYN«§T *RUFYFITX HTSYWF TX LWJLTX IT 5FSFYMNSFNPTX FUJSFX ZR LTQT IJ ¾QYNRF MTWF TX XFQ[TZ IF IJWWTYF ST XJZ OTLT JR HFXF FT JRUFYFW RFX NXXT XNLSNȁHTZ

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VZJ F XJLZSIF UFWYNIF XJR LTQTX JR &YJSFX KTN XZȁHNJSYJ UFWF VZJ T 5FSFYMNSFNPTX XJ YTWSFXXJ T UWNRJNWT HQZGJ LWJLT F FQHFS«FW TX VZFYWT ¾QYNRTX F INXUZYFW F 9F«F ITX (FRpeões.

KTN T VZJ KTN VZJ F GTQF S§T ZQYWFUFXXTZ F QNSMF (FGJ«FIF IJ 4XYTONH FT FGWNW IF XJLZSIF UFWYJ KJ_ T 0FRFWFX WJIZ_NZ UFWF FSYJX IJ .PTSTRTUTZQTX YJW IJ FGFSITSFW T HFRUT QJXNTSFIT 4XYTONH U¸X T WJXZQYFIT JR

3T *XYWJQF ;JWRJQMF TSIJ IJXUTSYF[F ?TWFS +NQNUT[NH VZJ FY­ KTN ITX RJQMTWJX RFWHFITWJX IF JIN«§T IJ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX Ɖ JXXJ RJXRT T +NQNUT[NH VZJ MF[JWNF IJ UFXXFW UJQT 'JSȁHF F RFNX [JWRJQMF JXYWJQF JWF XJR I¾[NIF )WFLFS )_FONH 9W®X FSTX FSYJX SFX RJNFX ȁSFNX IT *ZWT VZJ F .Y¥QNF LFSMTZ ¤ /ZLTXQ¥[NF SF ȁSFQ±XXNRF T LTQT F ,TWITS 'FSPX VZJ JQNRNSTZ F .SLQFYJWWF KTWF TGWF IJ FWYJ Ɖ J S§T FUJSFX UTW NXXT RFX YFRG­R UJQT KZWTW ITX XJZX IWNGQJX T KZQLTW ITX XJZX HWZ_FRJSYTX IF JXVZJWIF QJ[FWFR F VZJ ST INF XJLZNSYJ FUFWJHJXXJ UTW [¥WNTX OTWSFNX GWNY¦SNHTX J NYFQNFSTX HTRT )WFLFS T 2¥LNHT

3F MNXY·WNF IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX SJSMZRF JVZNUF HTSXJLZNWF SF XJLZSIF R§T WJHZUJWFW IJ ZRF [FSYFLJR IJ YW®X LTQTX )WFLFS )_FONH KTWF J]UZQXT JR 'JQLWFIT Ɖ J JR &YJSFX FNSIF FSYJX IJ XJ HMJLFW FT UWNRJNWT RNSZYT O¥ T 5FSFYMNSFNPTX HMJLFWF FT LTQT FYWF[­X IJ &SYTSNX &SYTSNFINX T F[FS«FIT HJSYWT VZJ 8J[JWNFST (TWWJNF IN_NF VZJ JWF ZRF JXU­HNJ IJ /TX­ 9TWWJX J VZJ UTW XJW HTRT JWF IJXIJ HJIT FQYT J UFZ IJ ȁT Ɖ HTRJ«FWF UTW XJW IJKJXF HJSYWFQ 3T FWWFSVZJ IF XJLZSIF UFWYJ &SYTSNFINX KJ_ T Ɖ J FTX RNSZYTX 0FRFWFX RFWHTZ T LTQT IT RNQFLWJ VZJ FUFLTZ o Estrela Vermelha.

*]YWJRT JXVZJWIT HTR RZNYT LTQT ST U­ 5JQ­ MF[JWNF IJ IN_JW IJQJ

*R KFQFY·WNT FSITZ VZJ FTX OZLTXQF[TX XJ YNSMF IFIT HTRNIF FIZQYJWFIF UFWF VZJ JQJX S§T UFXXFXXJR IJ XTRGWFX IJ XN UW·UWNTX RFX MTZ[J RFNX F ,W­HNF [N[NF JSY§T XTG F INYFIZWF IT HTWTSJQ ,JTWLNTX 5FUFITUTZQTX J QTLT XJ UZXJWFR JR KTLFHMT INYTX J INHMTYJX NSXNSZFSIT XJ VZJ UFWF XZF UWTUFLFSIF T LT[JWST HTRUWFWF F UFXXFLJR ¤ ȁSFQ

— Dzajic é milagre dos Balcãs, um feiticeiro. Só lamento que não seja brasileiro porque, sinceramente, nunca vi um jogador de futebol de talento tão natural. 3T 2FWFPFSF IJ 'JQLWFIT OTLFIF IJXHTSHJWYFSYJ IJ )WFLFS )_FONH QJ[TZ F IJKJXF NSHTRUQJYF IJ .PTSTRTUTZQTX Ɖ J F LTQT IJ 8YJ[FS 4XYTONH SF WJHFWLF FTX RNSZYTX IJ OTLT &TX IJZ XJ ZR ITX LTQTX RFNX UTQ­RNHTX VZJ F 9F«F ITX (FRUJ¹JX YN[JWF FY­ JSY§T FU·X RFNX ZRF YWTUJQNF IJ )_FONH T WJRFYJ IJ 8QTGTIFS /FSPT[NH KTN XFQ[T XTGWJ F QNSMF UTW 0FUXNX J VZFSIT .PTSTRTUTZQTX O¥ YNSMF F GTQF FHTSHMJLFIF FT UJNYT T FZXYW±FHT *WNHM 1NSJRF^W FUTSYTZ T HJSYWT IT YJWWJST Ɖ ST VZJ KTN T VZJ FSITZ IJ GTHF JR GTHF HTRT oLTQT KFSYFXRF J XNR

/¥ UTW T OTWSFQ X­W[NT 5TQNYNPF FYWNGZNZ F )JXUNSF 5FUFITUTZQTX F 5WNRJNWF )FRF VZJ ST UFQ¥HNT UWJXNIJSHNFQ VZJGWFWF T UWTYTHTQT FGWF«FSIT J GJNOFSIT JKZXN[FRJSYJ TX OTLFITWJX IT 5FSFYMNSFNPTX VZJ ,JTWLNTX 5FUFITUTZQTX Q¥ HMFRTZ UFWF oMTRJSFLJR IF SF«§T LWJLF WJ[JQF«§T IJ VZJ XNR XJ XZGTWSFWFR OZLTXQF[TX — O que o meu marido me disse foi: não podemos deixar ao azar algo de interesse nacional, o Estrela Vermelha vai deixar-nos ganhar, pagarei por isso. 13


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As promessas indecentes (ou não…) das atrizes gregas que não precisaram de ser cumpridas Que tivesse havido sujo dinheiro grego, todos os jogadores do Estrela Vermelha o negaram, veementes — certo é que a simples UFXXFLJR IT 5FSFYMNSFNPTX ¤ ȁSFQ [FQJZ FTX XJZX OTLFITWJX UW­mio como nunca imaginaram e a Puskas ainda mais. Para o treinador foi o equivalente a 500 contos (dizia-se…) — e sem segredo se anunciou que se ganhasse ao Ajax em Wembley teria mais 650 HTSYTX UFWF 7NSZX 2NHMJQX F UWTRJXXF ȁHFWF STX YJSIT QMJ sido de pronto dobrado o salário para 1000 libras (que em libras lhe pagavam). Sem segredo se atiraram ao ar outros «estímulos». Zeta Apostolou (que entrara, deslumbrante, em To Homa Vaftike Kokkino, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1967, e muito mais fama ganhou, loira e escultural, pelo erotisRT VZJ ¤X [J_JX JXUFQMF[F UTW TZYWTX ȁQRJX FȁWRTZ ¤ UFWYNIF da equipa para Londres: — Se Takis Ikonomopoulos não sofrer nenhum golo com o Ajax J S·X LFSMFWRTX ITZ QMJ ZR ȁR IJ XJRFSF JR (WJYF X· HTRNLT Filha de comunistas assassinados por nazis com ela bebé, fora estrela no concurso Miss Universo, a façanha transformou-a de pronto em atriz e Zoe Laskari foi um bocadinho mais púdica do que Zeta Apostolou: Ɖ ,FSMJR VZJ JZ GJNOFW [TX JN UFWF XJRUWJ Ainda mais ousada (ou indecente, acharam os mais castos) foi a tentação (esfíngica, porém…) de Zozo Sapountraki, a «voluptuosa cantora dos cabelos negros e corpo ardente»: 14

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Ɖ 8J T 5FSF LFSMFW F 9F«F ITX (FRUJ¹JX HTS[NIT F JVZNUF NSYJNWF UFWF ZR ȁR IJ XJRFSF NSJXVZJH±[JQ JR RNSMF HFXFƓ Não, o Panathinaikos não ganhou — e, em A BOLA, Carlos Pinhão abriu assim a sua crónica: «Aos cinco minutos, já havia 1-0. Aos dez minutos, só havia 1-0. Por maior que seja a diferença entre uma equipa e outra, é sempre sorte fazer um golo tão cedo, mas a verdade é que, decorridos dez minutos, era tão nítida a superioridade do Ajax sobre o Panathinaikos, tamanhas as oportunidades criadas (por Cruyff) e desperdiçadas (por Cruyff) que 1-0 já parecia pecar por defeito e não por excesso». O primeiro golo do Ajax marcou-o Van Dijk, aos cinco minutos. O que aconteceu depois foi sempre a sensação de que os gregos INȁHNQRJSYJ HTSXJLZNWNFR GFYJW -JNS_ 8YZ^ Ɖ J KTN FHTSYJHJSIT também o que Carlos Pinhão notou (de novo no seu delicioso e característico estilo, alegre e solto): «Cruyff tornou-se irritante de tanto fazer tudo sozinho. Bom é. Bom de mais. Fora de série. Fora de campo punha-o eu para que aprendesse que é «association» o futebol, todos por todos. Punha-o fora e depois o Ajax não chegava ao 2-0 porque marcado por Arie Haan, aos 87 minutos, aquele segundo golo foi 33% dele, do Cruyff, 33% de quem chutou, o Haan, 33% do defesa grego que, com uma tabela imprevista, traiu o seu guarda-redes e, já agora, 1% meu que vi com tanta atenção e fome um jogo que nunca atingiu grande nível técnico e deve ter XNIT FY­ IFX ȁSFNX RJSTX GJR OTLFIFX IJ YTIFX


Johan Cruyff No Ajax do início dos anos 70, (WZ^KK MF[JWNF IJ XJ UJWUJYZFW JSVZFSYT ȁLZWF IJ IJXYFVZJ RFNTW

1971

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3F ȁSFQ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX JR IJ ®]NYT IT 'JSȁHF ¤ HZXYF IT 7JFQ 2FIWNI (WZ^KK FSITZ F FUFSMFW GTQFX VZJ IT YJWWJST IJ OTLT XJ JXHFUF[FRƓ

LF[F HTR F HFGJ«F STX U­X )TNX FSTX IJUTNX ;NH 'ZHPNSLMFR U¸ QT UJQF UWNRJNWF [J_ SF UWNRJNWF JVZNUF IT &OF] 6ZJ [N[NF F QZYFW UFWF S§T IJXHJW IJ IN[NX§T /FFU [FS 5WFFL T UWJXNIJSYJ UJWIJZ F UFHN®SHNF IJXUJINZ T NSLQ®X Ɖ JSYWJLTZ T XJZ HTRFSIT F FSYNLT OTLFITW VZJ YWJNSF[F TX OZSNTWJX 7NSZX 2NHMJQX (TRJ«TZ F± F KF_JW F XZF WJ[TQZ«§T T +ZYJGTQ 9TYFQ VZJ MNUSTYN_F[F TX FI[JWX¥WNTX UJQT XJZ HFWWTXXJQ 3ZR HFXFRJSYT /TMFS (WZ^KK HTSMJHJWF )NFSF ȁQMF IJ (TW (TXYJW JSINSMJNWFIT MTRJR IJ SJL·HNTX VZJ XJ JXHFSIFQN_TZ FT XFGJW T UTZHT VZJ T &OF] QMJ UFLF[F KF_JSIT KTWYZSFX ¤ XZF HZXYF &SYJX FNSIF IJ XJ HFXFWJR (TXYJW YTWSTZ XJ XJZ JRUWJX¥WNT Ɖ J FOZITZ F IFW IJQJ NRFLJR IJ UJINW RJ«FX F *Q[NX TZ FTX 'JFYQJX &QN¥X FY­ T IJXFȁFWFR F IFW [T_ F R¾XNHF HTRUTXYF UTW 5JYJW 0TJQJ\NOS ZRF JXU­HNJ IJ *Q[NX MTQFSI®X Ɖ VZJ IJUTNX WJ[JQTZ — Cruyff não sabia cantar, não acertava uma nota, não tinha noção de ritmo e estava uma pilha de nervos, mas uns copos de rum e de coca-cola serviram para o relaxar… * 4JN 4JN 4JN QTLT LFQLTZ FTX YTUX MTQFSIJXJX X· UTW XJW IT (WZ^KK


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O artista ‘pop’ com que o FC Porto sonhou e o aperto no peito que o jogador do Ajax sentiu ao intervalo (e era sinal do que acabaria por matá-lo)

naikos, Cruyff sofrera lesão que o deixara três meses sem jogar — e Gerrie Muhrer passou a usar a camisola n.º 9. Quando voltou à operacionalidade, avisou que não queria mais o n.º 9 de volta, queria o 14 — e esse ato de rebeldia: — … sim, rebeldia, contra as normas que queriam impor que se jogasse apenas de 1 a 11… Deu-lhe outro símbolo, o 14 que não mais largou!

Em junho de 1970, com o FC Porto pelas ruas da amargura, Afonso Pinto de Magalhães, o presidente que tinha na direção 5NSYT IF (TXYF HTRT WJXUTSX¥[JQ UJQT M·VZJN JR UFYNSX FȁWmou em plena AG: — Se os 6000 associados que disseram sim à continuidade desta direção subscreverem com 1000 escudos cada um, poderemos comprar não o Eusébio mas um jogador de real valor internacional que tudo possa mudar na nossa vida Johan Cruyff (que era já o ícone de uma geração, o jogador em forma de artista pop, só lhe faltando mesmo entrar no campo de cigarro na boca…) foi o escolhido. O FC Porto ofereceu 6000 contos por ele, o Ajax exigiu 8000 — e Cor Coster tratou de informar de pronto: para Cruyff, só em luvas, teriam de ser mais 3000. Ou seja, eram precisos 11 mil contos e Pinto de Magalhães achou que era dinheiro de mais. (Acabou por ir buscar Flávio, internacional brasileiro, ao Fluminense, pagando 2375 contos pelo passe e 725 de luvas ao jogador.) Continuou Cruyff em Amesterdão — e com ele a ser cada vez mais o que David Miller, famoso jornalista inglês, escrevera que ele era: — O Pitágoras de chuteiras… Meses antes da conquista da Taça dos Campeões ao Panathi-

Nessa equipa do primeiro título europeu do Ajax estava jogador a caminho de trágico fado: Nico Rijnders. Acabara de chegar ao clube do Go Ahead Eagles (a troco de 400 mil florins) — e, ao intervalo, em Wembley, queixando-se de estranho aperto no peito, Rinus Michels deixou-o lá ficar, pôs Horst Blankenburg no seu lugar. Ninguém imaginava que fosse tão mau, o prenúncio… Semanas depois, o Ajax transferiu-o para o Club Brugge (insinuando-se, depois, que por suspeitar de que o incidente de Londres fosse sinal de gravíssimos problemas cardíacos, Jaap van Praag tratou de despachá-lo). Ao chegar-se a novembro de 1972, em partida com o Standard Liège, Rijnders desabou em campo, chegou a ser dado como morto, o médico do clube conseguiu, contudo, trazê-lo de novo à vida. Esteve várias semanas hospitalizado, com a alta veio-lhe a sentença fechada: não podia mais jogar futebol. Tinha 25 anos, ainda ficou no Brugge como assistente do treinador, treinador do Racing Harelbeke se tornou por meados de 1974. Novas queixas obrigaram-no a largar o cargo, Ajax e Brugge fizeram festa de homenagem, com Johan Neeskens e Johan Cruyff a darem-lhe fulgor. Com o dinheiro que arrecadou abriu loja de desporto em Brugge — e ataque que sofreu durante festa de Carnaval matou-o. Foi em 1976, Nico Rijnders ainda não chegara aos 29 anos — e só na autópsia lhe detetaram arritmias cardíacas (que nunca o deveriam ter deixado que andasse pelo futebol). 17


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RONDA PRÉVIA

OITAVOS DE FINAL

/HYVNL 6SDUWDN 6yÀD %XOJiULD ² Austria Viena (Áustrai)

Cagliari (Itália) – Atlético Madrid (VSDQKD

3 – 1 // 0 – 3

1/16 AVOS DE FINAL Cagliari ,WiOLD ² 6DLQW eWLHQQH )UDQoD

3 – 0 // 0 – 1

Atlético Madrid (VSDQKD ² $XVWULD 9LHQD ÉXVWULD

2 – 0 // 2 – 1

Rosenborg (Noruega) – Standard Liège %pOJLFD

0 – 2 // 0 – 5

IFK Gotenborg (Suécia) - Legia Varsóvia (Polónia)

0 – 4 // 1 – 2

17 Nëntori Tirana (Albânia) – Ajax (Holanda)

2 – 2 // 0 – 2

2 – 1 // 0 – 3

6WDQGDUG /LqJH %pOJLFD ² Legia Varsóvia (Polónia)

1 – 0 // 0 – 2

Ajax +RODQGD ² %DVLOHLD 6XtoD

3 – 0 // 2 – 1

Waterford United (Irlanda) – Celtic (VFyFLD

0 – 7 // 2 – 3

Carl Zeiss Jena (RDA) – Sporting (Portugal)

2 – 1 // 2 – 1

Estrela Vermelha -XJRVOiYLD 87$ $UDG 5RPpQLD

3 – 0 // 3 – 1

%RUXVVLD 0|QFKHQJODGEDFK 5)$ ² Everton (Inglaterra)

1 – 1 // 1 – 1 (3 – 4 nos penáltis) Panathinaikos *UpFLD 6ORYDQ %UDWLVODYD &KHF

3–0 // 1–2

Spartak Moscovo (URSS) – Basileia 6XtoD

3 – 2 // 1 – 2

Glentoran (Irlanda do Norte) – Waterford United (Irlanda)

1 – 3 // 0 – 1

QUARTOS DE FINAL

9 – 0 // 5 – 0

Atlético Madrid (VSDQKD ² /HJLD 9DUVyYLD 3ROyQLD

0 – 4 // 0 – 1

Ajax +RODQGD ² &HOWLF (VFyFLD

Celtic (VFyFLD ² .39 )LQOkQGLD

)HQHUEDKoH 7XUTXLD ² Carl Zeiss Jena (RDA) Sporting (Portugal) – Floriana (Malta)

5 – 0 // 4 – 0

Újpesti (Hungria) – Estrela Vermelha (Jugoslávia)

2 – 0 // 0 – 4

Feyenoord (Holanda) – UTA Arad 5RPpQLD

1 – 1 // 0 – 0

1 – 0 // 1 – 2

3 – 0 // 0 – 1

Carl Zeiss Jena (RDA) – Estrela Vermelha (Jugoslávia)

3 – 2 // 0 – 4 1 – 1 // 0 – 0

(3$ /DUQDFD &KLSUH ² Borussia Mönchengladbach (RFA)

0 – 6 // 0 – 10

Everton ,QJODWHUUD ² ,%. .HÁDYtN ,VOkQGLD

6 – 2 // 3 – 0

MEIAS-FINAIS

$6 /D -HXQHVVH G (VFK /X[ ² Panathinaikos (Grécia)

1 – 2 // 0 – 5

$WOpWLFR 0DGULG (VSDQKD ² Ajax (Holanda)

2 – 1 // 2 – 2

(VWUHOD 9HUPHOKD -XJRVOiYLD ² Panathinaikos (Grécia)

Slovan Bratislava &KHF ² % .¡EHQKDYQ 'LQ

MELHORES MARCADORES

(YHUWRQ ,QJODWHUUD ² Panathinaikos (Grécia)

1 – 0 // 0 – 3 4 – 1 // 0 – 3

Antonis Antoniadis (Panathinaikos) 10 golos (9 jogos) Luis Aragonés (Atlético de Madrid) 6 golos (8 jogos) =RUDQ )LOLSRYLþ (VWUHOD 9HUPHOKD

6 golos (8 jogos) 6WHYDQ 2VWRMLF (VWUHOD 9HUPHOKD

6 golos (8 jogos) +HUEHUW /DXPHQ %RUXVVLD 0|QFKHQJODGEDFK

5 golos (4 jogos) Peter Ducke (Carl Zeiss Jena) 5 golos (6 jogos) :LOOLDP :DOODFH &HOWLF

5 golos (6 jogos)


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FINAL Taça dos Campeões Europeus, 1970/71

2

Ajax

0

Panathinaikos Final 2 de junho de 1971

Estádio de Wembley, Londres Árbitro: Jack Taylor (Inglaterra) AJAX: Heinz Stuy; Johan Neeskens, Barry -ZQXMTKK ;JQNGTW ;FXT[NË HFU <NR 8ZZWGNJW /TMFS (WZ^KK 3NHT 7NOSIJWX -TWXY 'QFSJSGZWL ,JWWNJ 2ÀMWJS 8OFFP 8\FWY &WNJ -FFS )NHP [FS )NOP 5NJY 0JN_JW Treinador: 7NSZX 2NHMJQX

PANATHINAIKOS: 9FPNX .PTSTRTUTZQTX >FSNX 9TRFWFX &SYMNRTX 0FUXNX +WFSLNXPTX 8TZWUNX ,NTWLNTX ;QFMTX &WNXYNINX 0FRFWFX 0TXYFX *QJKYMJWFPNX 2NRNX )TRF_TX HFU -FWNX ,WFRRTX &SYTSNX &SYTSNFINX 9TYNX +NQFPTZWNX Treinador: +JWJSH 5ZXPFX

Marcadores: )NHP [FS )NOP &WNJ -FFS



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Capítulo XVIII 1971/72

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)


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Segunda vez do Ajax com o treinador que se pôs a fumar, a beber (e a ganhar dinheiro no póquer) com os jogadores Voltando a não haver Real Madrid (pois que campeão de Espanha foi o Valência, com Alfredo Di Stéfano a treinador), voltou a MF[JW 'JSȁHF Ɖ J SF UWNRJNWF R§T IF UWNRJNWF JQNRNSFY·WNF ST 9N[TQNXYFINTS IJ .SSXGWZHP F MNXY·WNF KJ_ XJ XTGWJYZIT IJ ZRF UNcardia: à entrada do segundo tempo, Artur Correia lançou-se em entrada violenta a Francescine e Raducev, o árbitro búlgaro, mandou-o de imediato para a rua. Foi, assim, o primeiro jogador português expulso na Taça dos Campeões Europeus. 4 'JSȁHF O¥ KTWF UFWF T NSYJW[FQT IJ [FSYFLJR HWNFIF UJQTX LTQTX IJ /FNRJ ,WF«F J &WYZW /TWLJ 3§T XJ ȁHTZ UTW F± *ZX­GNT KJ_ T FTX RNSZYTX &WYZW /TWLJ KJ_ T SF OTLFIF XJLZNSYJ Ɖ J IJXXJ IJXFȁT JR KTWRF IJ TWVZJXYWF FȁSFIF KWJSYJ FT <FHPJW TX GJSȁVZNXYFX QFWLFWFR T HFRUT FUQFZINITX IJ U­ 3F XJLZSIF R§T SF 1Z_ T WJ[JWXT IF RJIFQMF FSYJX FNSIF IJ &ITQKT T XJZ IJKJXF JXVZJWIT QFWLFW FKTNYT UJQT XJZ ȂFSHT J F mais de 30 metros disparar tiro mais do que monumental que pôs FX WJIJX IF GFQN_F IT <FHPJW .SSXGWZHP F FGFSFWJR JR KWJSJXNR já se ouviam assobios e apupos. Depois aconteceu o que era raro, muito raro: num polémico penálti, Eusébio atirou à trave. Ao empate tinham chegado os ausYW±FHTX FYWF[­X IJ /FWF FT RNSZYT FTX &WYZW /TWLJ U¸X T RFWHFITW JR 8NR¹JX ȁ]TZ T JR ST ¾QYNRT RNSZYT & XJLZSIF JQNRNSFY·WNF INXUZYTZ XJ FNSIF JR & [NY·WNF IT 'JSȁHF XTGWJ T (80& SF 1Z_ UTW S§T YJ[J LWFSIJ IJXYFVZJ ST )N¥WNT IJ 1NXGTF Ɖ VZJ SJXXJ INF WFXLTZ F XZF UWNRJNWF U¥LNSF HTR KTYT IZR [JXYNIT VZJ KTWF F QJNQ§T SF GTZYNVZJ IJ 2FWNF 1Z±XF 22

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

'FWFYF KF_JSIT RFSHMJYJ HTR NXXT VZJ XJSIT RTIJQT )NTW J JXYFSIT F[FQNFIT JR HTSYTX FHFGFWF FWWJRFYFIT UTW JXHZITX Na página em que tratava o encontro, para além de exaltar o imUWJXXNTSFSYJ YNWT IJ U·Q[TWF IJ 7ZN 7TIWNLZJX VZJ U¸X T UQFHFWI JR FHFGTZ J T TZYWT LTQT GJSȁVZNXYF HTZGJ F &WYZW /TWLJ SF U¥LNSF IF HW·SNHF IT 'JSȁHF (80& WJ[JQF[F XJ VZJ TX OTLFITWJX IT 'JSȁHF YNSMFR IJXFYFIT HTSYJXYF«§T FTX R­YTITX IJ trabalho de Jimmy Hagan, «queixando-se sobretudo dos exageros IF UWJUFWF«§T K±XNHF &QK -FLFS T UFN KTWF ITX UWNRJNWTX UWTȁXXNTSFNX IT KZYJGTQ NSLQ®X OTLFWF UJQT 3J\HFXYQJ J UJQT (FWINKK Ɖ J JR /NRR^ saltou do Liverpool para o Derby County. Três anos depois, o ShefȁJQI UFLTZ QNGWFX UJQT XJZ UFXXJ 9NSMF FSTX ȁHTZ HTR TWIJSFIT IJ QNGWFX UTW XJRFSF Ɖ J RFNX ZRF QNGWF UTW HFIF [J_ VZJ OTLFXXJ UJQF JVZNUF UWNSHNUFQ /TLTZ [J_JX Ɖ J X· S§T OTgou mais porque o chamaram ao exército mal estoirou a II Guerra 2ZSINFQ 4 HFUNY§T IT GFYFQM§T VZJ F IJ FGWNQ IJ QNGJWYTZ T HFRUT IJ HTSHJSYWF«§T IJ 'JWLJS 'JQXJS JWF JQJ )JXHTGWNZ mil corpos espalhados pelo solo, amontoados uns sobre os outros, tinham morrido de fome e tifo nas quatro semanas anteriores, entre os mortos estava Anne Frank, a menina do famoso diário que JXHWJ[JZ JXHTSINIF SZR X·Y§T IJ &RJXYJWI§T UTW TSIJ MF[JWNF IJ UFXXFW T KZYZWT IT 'JSȁHF SJXYF 9F«F ITX (FRUJ¹JX Ɖ J T IT Ajax ainda mais…). Para evitar piores efeitos da epidemia, mandou queimar as barWFHFX J FX YJSIFX IJ TSIJ XJ XTQYFWFR HFIF[­WNHTX RNQ UWNsioneiros sobreviventes de Bergen-Belsen e, no rol, havia uma UTWYZLZJXF 2FWNF 'FWGTXF JS[TQ[JWF XJ SF 7JXNXY®SHNF TX SF_NX deportaram-na, a ela e ao irmão Francisco. Ele não escapou, ela XNR Ɖ J [TQYFSIT F +WFS«F [TQYTZ F YWFGFQMFW SF HT_NSMF IJ ZR restaurante. 3F XJLZSIF R§T JR 8·ȁF STY¥[JQ KTN F WJXNXY®SHNF IT 'JSȁHF O jogo acabou 0-0 com José Henrique, seu guarda-redes, em noite heroica.


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Artur Jorge com suspeita de fratura de bacia sem que houvesse ambulância para o levar

fim de dois combates descobriu que o seu destino era outro Ɖ J IJXFYTZ JSY§T F KFQFW IJ *ZX­GNT F HTSYFW QMJ T IJXQZRGWFRJSYT VZJ *ZX­GNT QMJ FYN«FWF SF KNSFQ IF 9F«F ITX Campeões e nunca mais parara, a recordar-lhe momentos e golos, fechando a conversa assim: — Por isso, Eusébio, eu é que tenho de pedir-lhe um autógrafo.

Não muito depois de se fechar o Mundial de 1966, pelas principais cidades da Suécia andou cartaz gigante com letras garrafais: 2 1 ;2 ;NXYT FXXNR UFWJHNF JSNLRF IJ JXȁSLJ 2FX não, a imagem que se lhe juntava: Eusébio (três vezes superior a Julie Andrews em Sound of Music) acrobático num pontapé a deXFȁFW FX QJNX IF LWF[NIFIJ JWF UZGQNHNIFIJ IJ ZR HNSJRF Ɖ J T VZJ tinha Eusébio era Golo, o documentário do Campeonato do Mundo, com Pelé, Bobby Charlton e Uwe Seller, todos em minúsculas imagens à sombra do seu fascínio.

Belmondo levou um, Eusébio levou outro. *WF FXXNR HTR *ZX­GNT FNSIF JWF FXXNR HTR T 'JSȁHF VZFSIT UFWF TX VZFWYTX IJ ȁSFQ [TTZ UFWF 7TYJWI§T Ɖ UFWF IJKWTSYFW T +J^JSTTWI VZJ STX F[TX IJ ȁSFQ JQNRNSFWF TX HNUWNTYFX IT 4Q^RUNFPTX 3NH·XNF HTR LTQTX IJ [FSYFLJR ZR WJHTWIJ J (TSYZIT YW®X INFX FSYJX FT [JW HTRT XJ IJWF F [NY·WNF XTGWJ T +( 5TWYT UTW T JXUN§T MTQFSI®X VZJ *WSXY -FUUJQ RFSIFWF ¤ Luz não fez a coisa por menos:

3FVZJQJ NSXYFSYJ *ZX­GNT FNSIF S§T JWF ȁQRJ RFX IJUTNX KTN *ZX­GNT F 5FSYJWF 3JLWF WJFQN_FIT UTW /ZFS IJ 4WIZµF T VZJ ȁ_JWF IJ 8FWNYF 2TSYNJQ XJ] X^RGTQ *QF S§T JSYWTZ SJXXJ XJZ ȁQRJ JSYWTZ +QTWF Ɖ VZJ JSHFSYTZ 4WIZµF UJQT XJZ oOJNYT IJ FWYNXYF &X ȁQRFLJSX HTRJ«FWFR HTR F FHFGFW 3ZST +JWWFWN JXYJ[J nelas e num dos seus intervalos apanhou Eusébio e Flora de bicicleta a caminho da praia do Estoril e, depois, as areias incendiadas pelo deslumbramento que ele causou ao chegar em turistas que por lá andavam.

Ɖ ;FN XJW UWJXF K¥HNQ VZJW T 'JSȁHF VZJW TX TZYWTX HTRUFWFR XJ ao Excelsior.

Em cada missão a que o Benfica se atirava, por essa altura, havia sempre a possibilidade de através de Eusébio se abrir uma surpresa. Fora o que acontecera, um ano antes. Manuel Barbosa organizara um Benfica-Sporting em Paris e à chegada ao aeroporto Eusébio apercebeu-se de que, no outro lado da sala, estava Jean-Paul Belmondo. Desafiou dois ou três dos companheiros a irem com ele pedir-lhe ZR FZY·LWFKT 2ZNYT YNRNIFRJSYJ T KJ_ Ɖ J JXUFSYT KTN T que aconteceu depois: Belmondo contou-lhe que também quisera ser futebolista, não foi por preferir o boxe, que ao

Logo ao segundo minuto, Artur Jorge sofreu joelhada que o deixou sob suspeita de fratura na bacia. Como não havia ambulância no estádio, foi no carro do médico do Feyenoord que tiveram de o QJ[FW IJ ZWL®SHNF UFWF T MTXUNYFQ 4X J]FRJX S§T HTSȁWRFWFR FX piores suspeitas.

4 *]HJQXNTW JWF T ¾QYNRT IT HFRUJTSFYT T 'JSȁHF UJWIJZ ST )J 0ZNU UTW &SY·SNT 8NR¹JX XTQYTZ F [T_ IF WJ[TQYF — Nunca pensei encontrar um árbitro assim. Desonesto é o míSNRT VZJ XJ UTIJ IN_JW 3§T M¥ I¾[NIF IJ VZJ F R¥ȁF MTQFSIJXF trabalhou bem esse sr. Kunze da RDA.

-FUUJQ ­ VZJ S§T JRGFNSMTZ F Q±SLZF Ɖ 3§T S§T YJSMT RJIT IT 'JSȁHF UTWVZJ T o'JSȁHF JWF JVZNUF de província!». 23


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Para queimar tempo, o guarda-redes do Feyenoord tentava furar a bola e, após os 5-1 na Luz, Happel queixou-se dos polícias (e não só…) Artur Jorge recuperou da pancada, pôde jogar a segunda mão na Luz. Baixa inesUJWFIF KTN &SY·SNT 8NR¹JX JXYN[JWF F ȁQRFW FS¾SHNT UFWF F YJQJ[NX§T FYWFXFWF XJ FT IJ QJ[J 8FGNF VZJ XJ JSYWFXXJ ST YWJNST ZR RNSZYT IJUTNX IF MTWF YJWNF IJ FSIFW F HTWWJW ¤X [TQYFX IT HFRUT FY­ VZJ T K¸QJLT QMJ KFQYFXXJ Ɖ UTWVZJ -FLFS JWF RJXRT FXXNR ;NZ TX HTRUFSMJNWTX JR GFN]T YJSYTZ LFQLFW TX IJLWFZX IF JXHFIF YWTUJ«TZ UFWYNZ ZR GWF«T UFWF XN F ­UTHF FHFGTZ SFVZJQJ RTRJSYT ST INF IT OTLT JXYF[F ST MTXUNYFQ F XJW TUJWFIT &XXZXYFIT 'TWLJX (TZYNSMT UJINZ JR & '41& VZJ TX GJSȁVZNXYFX YTWHJXXJR UJQT XJZ HQZGJ RFX VZJ S§T MTXYNQN_FXXJR T +J^JSTTWI VZJ JWF FI[JWX¥WNT RFX S§T NSNRNLT Ɖ J WJ[JQTZ VZJ HFIF OTLFITW WJHJGJWNF HTSYTX UJQF UFXXFLJR ¤X RJNFX ȁSFNX UTW JXXF FQYZWF T ST[T RTIJQT IF 4UJQ T 0FIJYY 8UJHNFQ JXYF[F ¤ [JSIF UTW JXHZITX 5WNRJNWT LTQT IT 'JSȁHF HTSYWF T +J^JSTTWI HTZGJ F 3JS­ QTLT FTX RNSZYTX 5TW HFZXF INXXT WJHJGJZ IJ UW­RNT ZRF LZNYFWWF IJ TZWT JR RNSNFYZWF TKJWYF IJ ZRF HFXF IJ KFITX KTN IJ /TWI§T FTX 8HMTJRFPJW WJIZ_NZ FTX & ST[J IT ȁR JXYF[FR TX MTQFSIJXJX FUZWFITX RFX IJ ZR NSXYFSYJ UFWF TZYWT IJZ XJ UNUFWTYJ SF VZJXY§T FTX RNSZYTX 3JS­ KJ_ T FTX /TWI§T KJ_ T J FTX 3JS­ KJ_ T (QFWT 3JS­ KTN T MTRJR IT OTLT IJN]TZ T HFRUT F HMTWFW FLFWWFIT F &WYZW /TWLJ JRGFXGFHFIT HTR T VZJ FHTSYJHNF IZWFSYJ T YJRUT JR VZJ T +J^JSTTWI FUJSFX UWTHZWF[F VZJNRFW YJRUT — O guarda-redes tinha um dispositivo qualquer e furava a bola sempre que havia pontapés de baliza, nunca tinha visto uma coisa assim. 6ZFSIT *WSXY -FUUJQ FUFWJHJZ ¤ [NXYF IJ 3JS­ J JQJ QMJ UJWLZSYTZ XJ HTSYNSZF[F F FHMFW VZJ T 'JSȁHF JWF ZRF JVZNUF IJ UWT[±SHNF F WJXUTXYF XTQYTZ XJ QMJ JR YWT[§T Ɖ 4 ¥WGNYWT WJHJGJZ INSMJNWT IT 'JSȁHF 6ZFSIT [JSHNFR UTW ȁ_JRTX RFX JQJ FSZQTZ ZR LTQT QJLFQ±XXNRT 4 'JSȁHF LFSMTZ XNR RFX ­ ZRF JVZNUF GFSFQ 5FWF F -TQFSIF _FWUTZ -FUUJQ FHZXFSIT F UTQ±HNF IJ VZJ QMJ YNSMF GFYNIT STX OTLFITWJX Ɖ J ¤ HMJLFIF FT FJWTUTWYT ȁHTZ [JWRJQMT IJ WFN[F FT QJW F HW·SNHF IT )J 9NOI o4 +J^JSTTWI S§T YJ[J NSYJQNL®SHNF SJSMZRF 5TIJ XJW T HQZGJ RFNX WNHT IF *ZWTUF JR INSMJNWT RFX JR OTLFITWJX J XTGWJYZIT JR OTLFITWJX HTR HFGJ«F S§T ­ RZNYT QTSLJ JXY¥ INXXT 24

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU


Por entre a guerra das botas 0 + K K

O Ajax deixara para trás Dínamo de Dresden, Marselha e &WXJSFQ Ɖ J SFX RJNFX ȁSFNX HTZGJ QMJ T 'JSȁHF & UWNRJNWF R§T FGWNZ JR LZJWWF IJ GTYFX 3T FSYNLT 5FQ¥HNT IJ +NHFQMT JR 1NXGTF QJ[FWF XJ F QJNQ§T VZFIWT IJ ;NJNWF IF 8NQ[F SNSLZ­R T HTSXJLZNZ FWWJRFYFW UTWVZJ [JSIT XJ F TKJWYF RFNTW JR HTSYTX F TWLFSN_FITWF FHMTZ VZJ YFQ [FQTW S§T JWF INLST IJ TGWF FXXNR Ɖ J HTSYTX JR RFYJWNFQ TKJWJHJZ F &INIFX FT 'JSȁHF & &INIFX TKJWJHNF JSY§T HTSYTX IJ RFYJWNFQ FTX GJSȁVZNXYFX YNSMFR TG[NFRJSYJ F TGWNLF«§T IJ T ZYNQN_FW &UFSMFSIT SF YJQJ[NX§T OTLT JR 5FWNX JSYWJ T 'JSȁHF J T 'F^JWS UFWF INXUZYF IF 9F«F 2FWHJQQT (FJYFST UFYW¹JX IF &INIFX FGJXUNSMFWFR XJ FT [JWJR RZNYT RFNX 5ZRF STX U­X ITX UTWYZLZJXJX Ɖ J VZJN]FWFR XJ ¤ INWJ«§T IJ 'TWLJX (TZYNSMT VZJ QFRJSYTZ UTZHT UTIJW KF_JW +N_JWFR JQJX UWTRJYJWFR XJYJ HTSYTX F VZJR JSYWFXXJ ST *XY¥INT 4Q±RUNHT IJ &RJXYJWI§T HTR &INIFX 8· *ZX­GNT S§T JSYWTZ JWF ±HTSJ IF 5ZRF 4 &OF] [JSHJZ UTW LTQT IJ 8\FWY 3F 1Z_ T FGWNZ HFRNSMT ¤ ȁSFQ IJ )J 0ZNU F 'FSMJNWF IJ 7TYJWI§T 4 FUZWFRJSYT YJWNF [FQNIT F HFIF OTLFITW IT 'JSȁHF HTSYTX [FQJZ T ITGWT FTX MTQFSIJXJX Ɖ J /FNRJ ,WF«F XFNZ IJ HFRUT NSHTSXTQ¥[JQ — O árbitro anulou-nos golo limpo! 25


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«Escândalo do ano»: a lata de Coca-Cola que pôs o jogador do Inter desmaiado e anulou derrota por 7-1 O outro finalista da edição 17 da Taça dos Campeões Europeus foi o Inter de Milão. Que, nos oitavos de final, passara pelo «escândalo do ano». Na primeira mão, em Mönchengladbach, o Borussia venceu por 7-1, mas o jogo foi anulado pela UEFA em castigo a incidentes vários no Bökelbergstadion — velho estádio de bancadas em madeira a terminarem quase em cima do relvado. Aos sete minutos, Jupp Heynckes (esse mesmo que haveria de ser treinador do Benfica e pelo Real e Bayern haveria de ganhar a Liga dos Campeões) fez 1-0 para o Borussia aos sete minutos. Boninsegna empatou aos 19, dois minutos após saiu o 2-1 dos pés de Le Fevre. Quando, em cima da meia hora, Roberto Boninsegna se preparava para fazer lançamento lateral, lata de Coca-Cola atirada da bancada atingiu-o na cabeça, caiu como folha seca. Jogadores do Inter correram para o holandês Jef Dorpmans, exigindo-lhe que acabasse de pronto com o jogo — e, por entre a escaramuça, desapareceu a lata (que alemão escondeu sorrateiramente…) O médico do Inter pediu maca para tirar Boninsegna do terreno, afiançando que desmaiara, não poderia jogar mais. Dorpmans retomou a partida, os italianos, arrastando-se pelo campo, permitiram que o resultado chegasse aos 7-1. Que estavam psicologicamente destroçados por verem o companheiro sair do campo como saíra. Essa foi a razão da queixa que logo apresentaram à UEFA — que, aplicando multa de milhão e meio de francos suíços ao Mönchengladbach, mandou repetir o jogo em Berna. Repetiu-se, no Estádio Olímpico de Berlim, já depois da segunda mão (com vitória do Inter por 4-2) — e acabou 0-0, com os italianos apurados. Antes, acusações de encenação que lhe lançaram da RFA, Boninsegna jurou sempre que não — e não deixou de ser complicado o restante caminho do Inter até Roterdão: ao Standard Liège afastou-o graças ao desempate por golos fora, ao Celtic afastou-o graças ao desempate por penáltis (não tendo já, obviamente, Mário Corso na sua equipa, pois, no rescaldo do sururu no Bökelbergstadion fora punido pela UEFA com um ano de suspensão, por o árbitro o acusar de o ter agredido a caminho do balneário «louco por não ter acabado com o jogo»… 26

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

Roberto Boninsegna, atingido por lata de Coca-Cola, foi retirado do campo numa maca


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Ajax preparou os 4-1 ao Inter no Guincho com as mulheres dos jogadores em furor no Estoril Para preparar o ataque a Roterdão, o Ajax estagiou no Guincho. Com as despesas pagas pelo clube, com eles trouxeram mulheres e namoradas — e algumas delas incendiaram o Estoril, ao sol de biquínis. A Federação Holandesa fez de Borges Coutinho, presiIJSYJ IT 'JSȁHF HTS[NIFIT ;.5 J T HTRJSY¥WNT ¤ [NY·WNF UTW (com dois golos de Johan Cruyff, aos 47 e aos 78 minutos) deu-o FXXNR F (WZ_ ITX 8FSYTX JS[NFIT JXUJHNFQ IJ & '41& — Superioridade absoluta do Ajax que podia ter vencido por uns 4-1 um Inter muito discreto. Uma pena não estar aqui o 'JSȁHF 2FX SF UW·]NRF S§T KFQMFWJRTX ­ T RJZ KJJQNSL 5FWF (WZ_ ITX 8FSYTX KTN oF LWFSIJ [NY·WNF IF [JQTHNIFIJ J T KZYJGTQ IJ FYFVZJ XZGQNSMFSIT T o(WZ^KK YTWSTZ RFNTW ZRF INKJWJS«F O¥ JSTWRJ +WJSYJ F ZR &OF] MZRNQIJ KTWYJ J FZIFHNTXT ZR .SYJW J]HJXXN[FRJSYJ [NHNFIT JR HFZYJQFX IJKJSXN[FX J XJR OTLFITWJX UFWF FX XJW[NWJR ,NT[FSSN .S[JWSN__N T YWJNSFITW IT .SYJW F VZJR SJR T HFYJSFHHNT XFQ[FWF HTSKTWRFIT IJN]TZ 7TYJWI§T — O Ajax demonstrou que tem uma JVZNUF XJSXFHNTSFQ J ZR OTLFITW FNSIF RFNX XJSXFHNTSFQ T (WZ^KK 2FX YFRG­R IJRTSXYWTZ VZJ JRUWJLF ZRF IZWJ_F FT OTLT F WFNFW F [NTQ®SHNF J FHMT que não precisava… 8FSIWT 2F__TQF S§T UTZUTZ SF [JWWNSF

J ¤ UW·UWNF JVZNUF Ɖ 5TIJWNF KFQFW RZNYT RFX UWJȁWT KFQFW UTZHT UTWVZJ YTIF F LJSYJ [NZ TSIJ HTRJYJRTX JWWTX KFYFNX Ɖ J TQMJ HTRJ«TZ QTLT ST LZFWIF WJIJX J KTN FXXNR VZJ T &OF] KJ_ T UWNRJNWT LTQTƓ 9WJNSFITW IT &OF] O¥ S§T JWF 7NSZX 2NHMJQX UFXXFWF F XJW 8YJKFS 0T[¥HX 2JXHQF IJ WTRJST M¾SLFWT X­W[NT J OZIJZ FHFGFWF IJ QJ[FW T 8YJFZF IJ 'ZHFWJXYJ F ITNX Y±YZQTX IJ HFRUJ§T Ɖ VZFSIT QMJ XZWLNZ HTS[NYJ IJ &RJXYJWI§T & UWNRJNWF WJF«§T KTN UJSXFW VZJ YFQ[J_ KTXXJ UFWYNIF Ɖ J S§T 1TLT XJ NSXNSZTZ VZJ UJWFSYJ ZRF QNXYF HTR STRJX F JXHTQMF KTWF F XZF UTW UTIJW [NW oGFWFYNSMT 4ZYWT WZRTW HTWWJZ VZJ FT UWNRJNWT HTSYFYT UJINWF VZJ F [NFLJR IJ 'ZHFWJXYJ UFWF &RJXYJWI§T KTXXJ IJ NIF J [TQYF Ɖ UTW S§T FHWJINYFW VZJ Q¥ ȁHFXXJ RZNYT YJRUT +NHTZ T GFXYFSYJ UFWF LFSMFW IZFX 9F«FX ITX (FRUJ¹JX Ɖ J QJ[FW F VZJ UTW J]JRUQT ,JWWNJ 2ZMWJS ZR ITX RTYTWJX IT RJNT HFRUT IT &OF] T FȁWRFXXJ Ɖ (TR RNXYJW 0T[FHX T &OF] UFXXTZ F OTLFW RJQMTW IT VZJ OTLF[F HTR T ,JSJWFQ 2NHMJQX UTWVZJ 0T[FHX IF[F RZNYT RFNX QNGJWIFIJ FTX OTLFITWJX & QNGJWIFIJ VZJ QMJX IF[F S§T JWF X· IJSYWT IJ HFRUT J UTW NXXT HJWYF [J_ YFRG­R XJ FUFSMTZ IJXHTSHJWYFSYJ F HTSȁI®SHNF IJ /TMFS (WZ^KK Ɖ 1TLT STX XJZX UWNRJNWTX YJRUTX ST &OF] RNXYJW 0T[FHX FUFSMTZ LWZUT IJ S·X F GJGJW F KZRFW J F OTLFW HFWYFX *R [J_ IJ XJ U¸W FTX LWNYTX JR UWTYJXYT XJSYTZ XJ FHJSIJZ ZR HNLFWWT UJINZ ZRF GJGNIF J IJXFYTZ F LFSMFW STX F YTITX ST U·VZJW F QJ[FW STX INSMJNWT FXXNR (TR NXXT UJWRNYNZ VZJ S·X K¸XXJRTX S·X RJXRTX J VZJ JQJ XJ YTWSFXXJ FXXNR ZR IJ S·X UFWF XJRUWJƓ 27


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RONDA PRÉVIA

OITAVOS DE FINAL

;FQ®SHNF (VSDQKD ² 8QLRXQ /X[HPERXUJ /X[HPEXUJR

&6.$ 0RVFRYR 8566 ² Standard Liège %pOJLFD

3 – 1 // 1 – 0

1/16 AVOS DE FINAL *DODWDVDUD\ 7XUTXLD ² (80& 2TXHT[T 8566

1 – 1 // 0 – 3

Standard Liège %pOJLFD ² /LQÀHOG ,UODQGD GHO 1RUWH

2 – 0 // 3 – 2

% .¡EHQKDYQ 'LQDPDUFD ² (JQYNH (VFyFLD

2 – 1 // 0 – 3

Feyenoord +RODQGD ² 2O\PSLDNRV 1LFRVLD &KLSUH

8 – 0 // 9 – 0

Inter ,WiOLD ² $(. *UHFLD

4 – 1 // 2 – 3

1 – 0 // 0 – 2

'LQDPR %XFDUHũWH 5RPpQLD ² Feyenoord +RODQGD

0 – 3 // 0 – 2

9DOrQFLD (VSDQD ² Újpest +XQJULD

0 – 1 // 1 – 2

Inter ,WiOLD ² %RUXVVLD 0|QFKHQJODGEDFK 5)$

4 – 2 // 0 – 0

'JSȁHF 3RUWXJDO ² &6.$ 6yÀD %XOJiULD

2 – 1 // 0 – 0

*UDVVKRSSHUV 6XtoD ² Arsenal ,QJODWHUUD

0 – 2 // 0 – 3

0DUVHOKD )UDQoD ² Ajax +RODQGD

1 – 2 // 1 – 4

(JQYNH (VFyFLD ² 6OLHPD :DQGHUHUV 0DOWD

5 – 0 // 2 – 1

Újpest +XQJULD ² 0DOP| )) 6XpFLD

4 – 0 // 0 – 1

;FQJSHNF (VSDQKD ² +DMGXN 6SOLW -XJRVOiYLD

0 – 0 // 1 – 1

QUARTOS DE FINAL

0 – 5 // 1 – 2

Ajax +RODQGD ² $UVHQDO ,QJODWHUUD

0 – 4 // 1 – 3

)H\HQRRUG +RODQGD ² 'JSȁHF 3RUWXJDO

+LEHUQLDQV ,UODQGD ² 'TWZXXNF 2ºSHMJSLQFIGFHM 5)$

:DFNHU ,QQVEUXFN ÉXVWULD ² 'JSȁHF 3RUWXJDO

Ajax +RODQGD ²'tQDPR 'UHVGHQ 5'$

2 – 0 // 0 – 0

6WU¡PVJRGVHW ,) 1RUXHJD ² Arsenal ,QJODWHUUD

1 – 3 // 0 – 4

)NSFRT 'ZHFWJXYJ 5RPpQLD ² 6SDUWDN 7UQDYD &KHF

0 – 0 // 2 – 2

2 – 1 // 1 – 0 1 – 0 // 1 – 5

ÔMSHVW +XQJULD ² (JQYNH (VFyFLD

1 – 2 // 1 – 1

1 – 0 // 1 – 2

2FWXJQMF )UDQoD ² *yUQLN =DEU]H 3ROyQLD

2 – 1 // 1 – 1

(80& 8·ȁF %XOJiULD ² 3DUWL]DQL 7LUDQD $OEkQLD

3 – 0 // 1 – 0

MEIAS-FINAIS

5HLSDV /DKWL )LQOkQGLD ² ,WFXXMTUUJWX 6XtoD

1 – 1 // 0 – 8

Ajax +RODQGD ² %HQÀFD 3RUWXJDO

0 – 4 // 0 – 0

Inter ,WDOLD ² &HOWLF (VFyFLD

Ì$ $NUDQHV ,VOkQGLD ² Sliema Wanderers 0DOWD

MELHORES MARCADORES

Inter ,WiOLD ² 6WDQGDUG /LqJH %pOJLFD

1 – 0 // 0 – 0

0 – 0 // 0 – 0 p K ¯ @ j ;q

Antal Dunai (Újpest) 5 golos (6 jogos) 6LOYHVWHU 7DNDĀ 6WDQGDUG /LqJH

5 golos (6 jogos) /RX 0DFDUL &HOWLF

5 golos (8 jogos) -RKDQ &UX\II $MD[

5 golos (9 jogos) 5RQQLH &RFNV 6OLHPD :DQGHUHUV

4 golos (4 jogos)


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1971/72

2

Ajax

0

inter Final 31 de maio de 1972

Estádio De Kuip, Roterdão Árbitro: Alfred Delcourt (Bélgica) AJAX: Heinz Stuy; Wim Suurbier, Barry Hulshoff, Horst Blankenburg, Ruud Krol; Arie Haan, Johan Neeskens, Gerrie Mühren; Sjaak Swart, Johan Cruyff, Piet Keizer (cap.). Treinador: ōYJKFS 0T[¥HX

INTER: .[FST 'TWITS 2FZWT 'JQQZLN 2FWNT Giubertoni (Mario Bertini, 12), Tarcisio Burgnich, Giacinto Fachetti; Gabriele Oriali, Gianfranco Bedin; Jair da Costa (Sergio Pellizzaro 57’), Sandro Mazzola (cap.), Mario Frustalupi; Roberto Boninsegna. Treinador: ,NT[FSSN .S[JWSN__N Marcadores: 1-0: Cruyff (42). 2-0: Cruyff (78)



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Capítulo XIX 1972/73

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)


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Depois de andar com a mulher # b ) J b 0 p» Ĥq ė % p ' i Ä Ä Ĥq )T &OF] 'JSȁHF IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX IJ XJ INXXJ UJQTX VZFYWT HFSYTX IF *ZWTUF VZJ KTWF F XZF ȁSFQ FSYJHNUFIF J S§T F VZJ T .SYJW UJWIJZ STX ITNX LTQTX IJ /TMFS (WZ^KK Ɖ J UFWF TX GJSȁVZNXYFX F JIN«§T IJ HTRJ«TZ SZR YWTUJ«T -F[JSIT VZJR IJXFYFXXJ F HWNYNHFW /NRR^ -FLFS UTW JXYFW F GWNYFSN_FW JR J]HJXXT T XJZ KZYJGTQ VZFSIT OTWSFQNXYF QFS«TZ F *ZX­GNT UJWLZSYF JR KTWRF IJ HFXHF IJ GFSFSF Ɖ (TRT ­ VZJ T 'JSȁHF [FN OTLFW SF 8Z­HNF$ *ZX­GNT ȁSYTZ T SZR RZWR¾WNT Ɖ Ɠ HTRT XFNW 8FNZ RFQ T 2FQRTJ [JSHJZ 6ZNS_J INFX IJUTNX T 'JSȁHF WJLWJXXTZ FT KZQLTW [JSHJZ UTW UTIJSIT YJW [JSHNIT UTW RZNYT RFNX *ZX­GNT KJ_ ITNX LTQTX /TWI§T J 8NR¹JX ȁ_JWFR ZR HFIF VZFQ (TRT T &OF] OZSYFWF FT Y±YZQT IJ (FRUJ§T *ZWTUJZ T Y±YZQT IJ (FRUJ§T 3FHNTSFQ Ɖ F -TQFSIF S§T U¸IJ NSXHWJ[JW XJLZSIT WJUWJXJSYFSYJ SF UWT[F 4 NXTQFRJSYT UTQ±YNHT F VZJ *S[JW -T]MF XZOJNYF[F HFIF [J_ RFNX F &QG¦SNF QJ[FWF F VZJ T +FQQFWTS 80 ;QQF_SNF 8MPºIJW XJ IJXQNLFXXJ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX 6ZJ YFRG­R S§T YJ[J T ,QJSYTWFS +( UTWVZJ F .WQFSIF IT 3TWYJ JXYF[F F KJWWT J KTLT UTW JSYWJ FX GTRGFX J TX FYJSYFITX IT .7& &XXNR XJSIT MTZ[J FUJSFX HTSHTWWJSYJX J T 7JFQ 32

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

2FIWNI [TQYFWF F Q¥ JXYFW Ɖ QJ[FSIT F VZJ ITNX IJQJX XFQYFXXJR INWJYFRJSYJ UFWF TX TNYF[TX IJ ȁSFQ &T HFRUJ§T JR Y±YZQT T &OF] IJZ XJ QMJ SFYZWFQRJSYJ JXXJ UWN[NQ­LNT Ɖ J ST XTWYJNT UFWF XJ XFGJW VZJR T FHTRUFSMF[F F XTWYJ HFQMTZ FTX JXQT[FHTX FQN¥X FTX HMJHTXQT[FHTX IT 8UFWYFP 9WSF[F 3JXXF XJLZSIF JQNRNSFY·WNF HTZGJ FT 'JSȁHF T )JWG^ (TZSY^ Ɖ J ST INF JR VZJ TX UTWYZLZJXJX HMJLFWFR ¤ HNIFIJ 'WNFS (QTZLM XJZ HFWNXR¥YNHT J J]H®SYWNHT J FQHT·QNHT YWJNSFITW QFS«TZ UWT[THFITW T FQ[NYWJ Ɖ 3§T HTXYZRT HTRJW 'JSȁHF FT UJVZJST FQRT«T RFX HTRT XTRTX RFNX KTWYJX IT VZJ TX UTWYZLZJXJX [FRTX LFSMFW T OTLT J F JQNRNSFY·WNF O¥ FVZN 3T 'FXJGFQQ ,WTZSI LTQTX IJ 2H+FWQFSI -JHYTW J 2H,T[JWS IJWFR STX (QTZLM [TQYTZ FT FQ[NYWJ O¥ RFNX GWNSHFQM§T VZJ UWT[THFITW J SZRF UFWYJ KFQMTZ Ɖ 5FXXFWJRTX F JQNRNSFY·WNF S§T XJN XJ UJWIJSIT UTW XJ UTW & ¾SNHF HJWYJ_F ­ VZJ XJ T 'JSȁHF S§T YN[JW HZNIFIT J KTW RZNYT UFWF T FYFVZJ UJWIJ TZYWF [J_ 3§T S§T UJWIJZ *RUFYTZ )JXJRGFWF«FSIT XJ FSYJX IT 2FWXJQMF IT 2FLIJGZWLT J IT :OUJXY F /Z[JSYZX FUFSMTZ T )JWG^ (TZSY^ SFX RJNFX ȁSFNX 3F HNIFIJ TSIJ XJ KFGWNHF[FR TX 7TQQX 7T^HJ MTZ[J JRUFYJ 3F HNIFIJ TSIJ XJ KFGWNHF[FR TX +NFY LFSMFWFR TX NYFQNFSTX & JQNRNSF«§T XTQYTZ F NWF IJ 'WNFS (QTZLM ;JSIT FUWT]NRFWJR XJ OTWSFQNXYFX NYFQNFSTX FYNWTZ QMJX SZR ZWWT Ɖ (TR YWFUFHJNWTX GFXYFWITX S§T KFQT S§T HTS[JWXTƓ * [NWFSIT QMJX FX HTXYFX FNSIF QFWLTZ JR IJXHTRUTXYZWF Ɖ Ɠ LTXYF[F JWF IJ XFGJW TSIJ FSIF[F F [TXXF HTWFLJR IZWFSYJ F .. ,ZJWWF 2ZSINFQƓ YWFUFHJNWTXƓ GFXYFWITXƓ 4 9NRJX J T 9MJ ,ZFWINFS J]NLNWFR QMJ UJINIT IJ IJXHZQUFX NLSTWTZ TX



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O treinador que foi «esqueleto vivo» no campo nazi de Dachau no lugar do treinador que foi para o hospital e pouco mais viveu Adversário mais complicado de contornar pelo Ajax a caminho de Belgrado foi o Ujpest (Amesterdão deu empate, Budapeste também — e foi esse 2-2 que tudo decidiu. Nos quartos foi borda fora o Bayern de Munique (com Gerd Muller a despontar no seu jeito de goleador como o lobo da fábula do capuchinho vermelho — melhor marcador desta Taça dos Campeões com 11 golos em seis jogos). E nessa Juventus (de Dino Zoff e Franco Causio, José AltaȁSN J 8FSIWT 8FQ[FYTWJ 7TGJWYT 'JYYJLF J +FGNT (FUJQQT YWJNSFITW JWF (JXYRNW ;^HU¥QJP 9JSIT SFXHNIT ST INF F XJLZNW FT ȁR IF . ,ZJWWF 2ZSINFQ ;^HU¥QJP HWJXHJZ HTR ZR XTSMT OTLFW ST 8QF[NF de Praga. Não tardou a agarrá-lo. Era já uma das suas vedetas, quando as tropas nazis ocuparam a Checoslováquia. Em outubro de 1944, prenderam-no, atiraram-no para o Campo de Concentração de Dachau:

— Transformei-me num esqueleto vivo, com uma camiseta listada, agarrado, por vezes, ao arame farpado, imaginando-me do lado de fora, a correr, a jogar à bola. Aprendi, aí, o valor da vida — e a forma de nunca mais me chocar com nada, me abater com o que quer que fosse. Mal os aliados libertaram o campo, Cestmir correu para o estádio IT 8QF[NF — … para voltar aos treinos, ao futebol! Ao aperceber-se que a Checoslováquia se estava a submeter ao OZLT IF :788 IJN]TZ 5WFLF KTN F 9ZWNR TKJWJHJW XJ UFWF OTLFITW da Juventus. Ainda andou, depois, pelo Palermo e Parma. Jogador IJN]TZ IJ XJW JR Ɖ UTWVZJ T 5FQJWRT T IJXFȁTZ UFWF XJZ técnico. Após vários anos em caminho de pedras, treinando, em di[NX¹JX RJSTWJX 8NWFHZXF ;FQIFLST /Z[J 'FLMJWNF J 2F__FWF IJQ Vallo — ao abrir-se de 1971, Giampiero Boniperti, que com Cestmir jogara na Juventus, convenceu o patrão a ir buscá-lo a Palermo: — Não há ninguém melhor do que ele para tomar conta das nossas equipas de juvenis. Treinador principal da Juventus era Armando Picchi, o líbero do ,WFSIJ .SYJW IJ -JQ­SNT -JWWJWF T HFUNY§T IFX IZFX 9F«FX ITX (FRUJ¹JX LFSMFX ZRF IJQFX FT 'JSȁHF )J ZR NSXYFSYJ UFWF o outro, Picchi começou a sentir-se «estranhamente adoentado». De um treino, levaram-no para o hospital — e já de lá não saiu. Detetaram-lhe um fulminante tumor na coluna, o cancro matou-o três meses depois, era maio de 71. 1TLT XJ IJHNINZ UFXXFW ÐJXYR±W ;^HU¥QJP ITX OZ[JSNX UFWF F JVZNpa principal da Juventus — e não tardou que, em torno de si, se criasse a ideia que jornalista pôs em rodopio: — É um treinador da velha escola, mas treinador moderno. E arguto como uma raposa.

&WRFSIT 5NHHMN INW HFUNY§T IT .SYJW VZJ HTSVZNXYTZ FU·X [NY·WNF XTGWJ T 'JSȁHF a Taça dos Campeões em 1965

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CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

+TN F UWNRJNWF [J_ VZJ F :*+& IJZ F ȁSFQ IF 9F«F ITX (FR-


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peões Europeus a país da Cortina de Ferro — e na véspera do jogo no Marakana de Belgrado (o estádio do Estrela Vermelha), em A BOLA anunciou-se que para controlar 50 mil holandeses e italianos, o governo comunista da Jugoslávia «chamou ao serviço mais polícias do que tinha chamado quando Richard Nixon, presidente dos Estados Unidos, por lá passou».

bem porque era jogo muito difícil, com adversário muito difícil. Nada mais. Mas importante era o triunfo. Temos o que queríamos: a terceira Taça dos Campeões, agora queremos o que o Real Madrid tem: cinco…

Com televisões de África e da América Latina a transmitirem o Ajax-Juventus estimou-se que a partida tivesse sido vista por 400 milhões de espectadores — Stefan Kovacs, o treinador do Ajax, puxou à berlinda virtudes próprias:

— A minha equipa rendeu só 25 a 30% do que é costume. Quase todos os meus jogadores estavam com problemas, se tivessem podido apresentar-se melhor, tudo teria sido diferente. Mesmo assim, desfrutámos de duas ocasiões ideais para chegar ao empate, mas não tivemos sorte…

— Estes meus holandeses têm o poder dos alemães e dos ingleses e mais um pouco de subtileza. Só é preciso, já que têm força, associar-lhes a técnica, sobretudo ao movimento. 5TIJSIT KF_® QT S§T T ȁ_JWFR 5TW OTWSFQ OZLTXQF[T UFXXTZ Y±tulo arrasador: «A Final do Jogo para Dormir» — e Johan Cruyff admitiu-o: — É verdade que não jogámos o que é habitual, mas, mesmo assim, fomos bem superiores à Juventus. Estávamos com muito medo do calor, não foi o que nos afetou. Não jogámos

Cestmir Vycpálek não se convenceu:

Falando de problemas, de um estava o treinador da Juventus livre — do inferno que se atirara ao corpo de Roberto Bettega. Chegara à primeira equipa como «avançado puro e letal» e os primeiros dias de 1972 tuberculose atacara-o, deixara-o fora de jogo durante quase um ano. (Logo se soube que problemas de pulmões tinha IJXIJ UJVZJST J ,NFRUNJWT 2ZLMNSN FȁFS«TZ T — Essa doença impediu-o de se tornar o maior jogador de futebol da era moderna.) Livre não estava, porém Vycpálek de outro problema: da lesão que Bettega sofreu aos 49 minutos, tendo ido Haller para o seu lugar.

3F ȁSFQ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX IJ /TMFS (WZ^KK J 5NJY 0JN_JW ȁLZWFX UWNSHNUFNX IT &OF] S§T JXYN[JWFR FT XJZ RJQMTW S±[JQ

Pouco Cruyff teve o Ajax (e ainda menos Keizer) — e, mesmo assim, Giuseppe Furino não deixou de lhe ir a pontapé ao joelho — e espantoso foi como o árbitro jugoslavo permitiu que o italiano continuasse na liça. Aurélio Márcio, na sua crónica em A BOLA, escreveu: «Foi um Ajax sem Cruyff e sem Keizer, talvez porque ambos estiveram a recuperar de lesões. Ou mais: sem poder treinar-se. Ainda há quinze dias, Cruyff passou uma semana em Paris, na companhia da sua bela esposa, em visita aos muitos interesses financeiros que o prendem à capital francesa e isso, sabe-se, não é bem a preparação ideal para uma final europeia». 35


Rep e o golo que afastou a Taça dos Campeões da Juventus: «Inocentes, , J ' O golo que valeu ao Ajax a terceira Taça dos Campeões Europeus marcou-o Johnny Rep, aos 4 minutos. Silvio Longobucco passou a vida a repeti-lo: — Rep impediu-me de saltar bem, pondo o braço esquerdo nos meus ombros — e, por isso, o golo devia ter sido anulado. Mas, não, acho que não foi só por isso que perdemos. Por exemplo, a nós, puseram-nos numa espécie de fortaleza em Novi Sad, como monges presos à espera do jogo — e nos jornais fomos lendo que os jogadores do Ajax andavam a diverYNW XJ YNSMFR FX RZQMJWJX F ITWRNW HTR JQJX ST MTYJQ JSȁRƓ 3·X FQN F FHZRZQFWRTX YJSX§T JQJX F WJQF]FWJRƓ Rep não viu mácula no golo, viu-lhe outra coisa: — Blankenburg soprou a bola para a área, pulei com o Longobucco, toquei na bola, ela fez um efeito estranho, fugiu ao Zoff e foi, caprichosa, beijar as redes, comigo ainda descrente. Não, não ouvi italianos a queixarem-se de falta. O que ouvi foi alguns a incriminarem o guarda-redes, por não ter saído, ter saído mal, JSȁRƓ .SOZXYN«F UTNX JQJX JXY§T NSTHJSYJX IJ VZFQVZJW HZQUF T RJZ IJX[NT KTN ZRF XTWYJƓ 36

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Kovacs ganhou e foi-se embora (feliz) d ) J i embora (amuado) por os colegas lhe tirarem a braçadeira Sem insinuar ressentimento ou azedume (pelo contrário: era euforia que tinha a galope) as primeiras palavras de Stefan Kovacs, após a conquista da sua segunda Taça dos Campeões, foram: — Posso voltar felicíssimo para a minha pátria, para a Roménia, porque a minha carreira no Ajax terminou da melhor maneira possível. Os meus jogadores mereceram o terceiro título porque foram capazes de superar uma grande Juventus. Jonathon Wilson levantaria, depois, ponta do véu à razão do adeus: — Kovacs era homem bom de mais, por ser assim não tinha coragem para controlar Cruyff que, dia após dias, assumia proeminência cada vez maior nos assuntos da equipa. Ao dar ao Ajax a liberdade que os atirou ao auge, Kovacs abriu o caminho para sua destruição. Quando ainda se não sabia o seu destino (mas faltava pouco…), Nicolae Ceausescu foi de visita à Holanda — e, no banquete de despedida, a rainha Juliana desconcertou-o com o seu dito: — Senhor presidente, o que gostaria de levar de nós para a Roménia? Queremos dar-lhe algo em troca por nos permitir termos, na Holanda, o senhor Kovacs. Para novo treinador do Ajax foi George Knobel — achando que fosse mistura de Kovacs com Michels. Logo promoveu eleição para capitão de equipa, posto que era de Cruyff. O plantel escolheu Piet Keizer, que não escondia irritação pelo excesso de protagonismo de Johan. Mall saiu do balneário, Cruyff ligou ao sogro, amuado, pedindo-lhe que tratasse de o transferir para o Barcelona (onde já estava Rinus Michels). O acordo fez-se a troco de 60 milhões de pesetas — um recorde mundial. O pagamento teve de ser em dólares, eram 12 mil por mês — nunca um jogador recebera tanto. &YJWWTZ JR 'FWHJQTSF YWFSXKTWRTZ XJ SZR IJXFȁT FT WJLNRJ IJ +WFSHT T INYFITW VZJ era adepto fanático do Real Madrid, tão fanático que costumava dizer: — Se me pedirem a constituição de todas as equipas do Real desde 1936, eu digo e não falho um nome… O Barcelona teve de esperar dois meses para receber autorização para que Cruyff pudesse jogar — e criou-se lenda de que para o negócio se fazer, contornando as proibições franquistas, o registaram como se fosse uma máquina agrícola.

Vítor Santos (esq.), chefe de redação de A BOLA, com Stefan Kovacs, treinador do Ajax

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OITAVOS DE FINAL Bayern Munique 5)$ ² 2PRQRLD 1LFRVLD &KLSUH

9 – 0 // 4 – 0

Spartak Trnava &KHFRVORYiTXLD ² $QGHUOHFKW %pOJLFD

1/16 AVOS DE FINAL Real Madrid (VSDQKD ² ,%. .HÁDYtN ,VOkQGLD

3 – 0 // 1 – 0

Anderlecht %pOJLFD ² 9HMOH %. 'LQDPDUFD

4 – 2 // 3 – 0

Ujpest +XQJULD ² %DVLOHLD 6XtoD

2 – 0 // 2 – 3

Celtic (VFyFLD ² 5RVHQERUJ 1RUXHJD

2 – 1 // 3 – 1

*DODWDVDUD\ 7XUTXLD ² Bayern Munique 5)$

1 – 1 // 0 – 6

1 – 0 // 1 – 0

Derby County ,QJODWHUUD ² %HQÀFD 3RUWXJDO

3 – 0 // 0 – 0

&HOWLF (VFyFLD ² Ujpest +XQJULD

2 – 1 // 0 – 3

Dinamo Kiev 8566 ² *yUQLN =DEU]H 3RORQLD

2 – 0 // 1 – 2

Juventus ,WiOLD ² 0DJGHEXUJR 5'$

1 – 0 // 1 – 0

$UJHũ 3LWHũWL 5RPpQLD ² Real Madrid (VSDQKD

2 – 1 // 1 – 3

&6.$ 6RÀD %XOJiULD ² Ajax +RODQGD

1 – 3 // 0 – 3

0DUVHOKD )UDQoD ² Juventus ,WiOLD

1 – 0 // 0 – 3

0DOPRH 6XpFLD ² 'JSȁHF 3RUWXJDO

1 – 0 // 1 – 4

QUARTOS DE FINAL

0 – 1 // 0 – 2

Juventus ,WiOLD ² 8MSHVW +XQJULD

2 – 1 // 2 – 0

6SDUWDN 7UQDYD &KHF ² Derby County ,QJODWHUUD

:DFNHU ,QQVEUXFN ÉXVWULD ² Dinamo Kiev (URSS) (80& 8TȁF %XOJiULD ² 3DQDWKLQDLNRV *UpFLD

6OLHPD :DQGHUHUV 0DOWD ² Górnik Zabrze 3ROyQLD

0 – 5 // 0 – 5

Magdeburgo 5'$ ² 736 7XUNX )LQOkQGLD

6 – 0 // 3 – 1

$ULV %RQQHYRLH /X[HPEXUJR ² &WLJX 5NYJŎYN 5RPpQLD

0 – 2 // 0 – 4

0 – 0 // 2 – 2 1 – 0 // 0 – 2

'LQDPR .LHY 8566 ² Real Madrid (VSDQKD

0 – 0 // 0 – 3 4 – 0 // 1 – 2

Derby County ,QJ ² =HOMH]QLFDU 6DUDMHYR -XJRVOiYLD

2 – 0 // 2 – 1

:DWHUIRUG 8QLWHG ,UODQGD ² Omonoia Nicosia &KLSUH

2 – 1 // 0 – 2

MELHORES MARCADORES

Ajax +RODQGD ² %D\HUQ 0XQLTXH 5)$

MEIAS-FINAIS Ajax +RODQGD ² 5HDO 0DGULG (VSDQKD

2 – 1 // 1 – 0

Juventus ,WiOLD ² 'HUE\ &RXQW\ ,QJODWHUUD

3 – 1 // 0 – 0

Gerd Müller (Bayern Munique) 11 golos (6 jogos) Ferenc Bene (Ujpest) 6 golos (6 jogos) :ãRG]LPLHU] /XEDĸVNL *yUQLN =DEU]H

5 golos (4 jogos) Santillana (Real Madrid) 5 golos (8 jogos) 1LFRODH 'REULQ $UJHũ 3LWHũWL

4 golos (4 jogos) 5RE 5HQVHQEULQN %pOJLFD $QGHUOHFKW 4 golos (4 jogos)


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1972/73

1

Ajax

0

Juventus Final 30 de maio de 1973

Estádio Estrela Vermelha, Belgrado Árbitro: Milivoje Gugulovic (Jugoslávia) AJAX: Heinz Stuy; Wim Suurbier, Barry Hulshoff, Horst Blankenburg, Ruud Krol; Johan Neeskens, Gerrie Mühren, Arie Haan, Johnny Rep; Johan Cruyff (cap.), Piet Keizer Treinador: ōYJKFS 0T[¥HX

JUVENTUS: )NST ?TKK 8FSIWT 8FQ[FITWJ HFU ,NFSUNJWT 2FWHMJYYN +WFSHJXHT 2TWNSN 8NQ[NT Longobucco; Franco Causio (Antonello Cuccureddu, 57)), Giuseppe Furino, Fabio Capello, /TX­ &QYFȁSN 5NJYWT &SFXYFXN 7TGJWYT 'JYYJLF (Helmut Haller, 49). Treinador: (JXYR±W ;^HU¥QJP Marcadores: 1-0: Johnny Rep (4).



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Capítulo XX 1973/74

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)


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O frango que deu ao Bayern a festa que o Atlético de Madrid tinha na mão quando o árbitro já ia para apanhar a bola O Benfica abriu a sua participação na Taça dos Campeões Europeus frente ao Olympiakos. Num ápice se percebeu, o que alguém sintetizou assim: — Gregos vulgaríssimos, apenas dotados de força nas pernas e de coração como gigantes. Para além disso, apenas capazes de uns pontapés à toa, umas corridinhas a ver se pegava. A noite fechou-se para os benfiquistas em desconsolo, num desconsolo apenas quebrado por um golo de Messias a quase 30 metros da baliza — e o que mais agitou a Luz foi o que sucedeu com o jogo já fechado em 1-0: na bancada onde se puseram os gregos, garrafas no ar, pancada bravia — e, de um momento para o outro, viu-se António Livramento, o Eusébio (ou o Pelé talvez…) do hóquei em patins a segurar, firme, pelo braço, catraio que espumava: — Deixe-me, deixe-me ir dar uma tareia naqueles malandros dos gregos! Golo de Nené no Estádio Kraskai, no Pireu, selou o apuramento para os oitavos de final contra os húngaros do Ujpest. Na Luz, só a 20 minutos do fim é que golo de Eusébio (que entrara pouco antes para o lugar de Vítor Batista, por entre apupos a Hagan e seus pupilos) é que não deixou, desde logo, ressequidas as esperanças benfiquistas para Budapeste… Uma semana antes da viagem para a Hungria, fez-se a Fes42

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

ta de Homenagem a Eusébio para que o Benfica lhe prometera ganho mínimo garantido de 600 contos no contrato que assinara em 1969. (Por 300 estavam a vender-se apartamentos em Lagos com vista para a Meia Praia, onde, 12 anos antes estivera escondido do Sporting.) Dentro do campo, foi de gala a festa. Com impressionante constelação jogando em sua honra: Banks, Blakenbourg, Jackie Charlton, Hilário, Bobby Charlton, Paulo César, Netzer; George Best, Keita, Uwe Seeler, Gento, Dirceu. Essa Seleção do Mundo empatou a 2 com o Benfica, os dois golos do Benfica foram de Nené. Antes, por entre avalanche de prendas, recebera uma medalha de ouro maciço de João Havelange, um artístico samovar em prata do FC Porto, um jarrão em prata de Santiago Bernabéu, um tabuleiro artístico em prata também do Benfica, uma plaqueta em ouro do jornal L’Équipe — e das mãos de Veiga Simão, ministro da educação, a medalha de grau de cavaleiro da Ordem do Infante, a fazê-lo comendador. Mágoa lhe dera, porém, o que sucedera antes: Jimmy Hagan tinha por hábito realizar treino no dia dos jogos. Apesar de ser a Festa de Eusébio, não quis alterar o sistema — e de manhã pôs todo o plantel a dar voltas ao campo. Toni, Humberto Coelho e Nelinho atrasaram-se, Hagan não gostou. De súbito os avisou de que estavam multados em 1000 escudos (um televisor «para o fraquinho» encontrava-se, então, por 2940 escudos) — e que não jogariam à noite. Vendo-os inconsoláveis, perdoou-lhes o treino da noite no ginásio e a multa, mas o não jogar é que não. Foram sentar-se nas bancadas, amolgados de coração. Borges Coutinho, o presidente, comoveu-se e chamou-os à cabina, dizendo-lhes que se equipassem. A Hagan explicou-lhe que o fazia por óbvias razões sentimentais, agreste virou-lhe as costas, arrumou o saco, saiu porta fora — e para o banco foi Fernando Cabrita, apenas continuando ele treinador, na segunda mão em Budapeste, o Benfica perdeu por 2-0 com o Ujpest.


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No jogo de Glasgow em que o Atlético de Madrid teve três expulsos (e não perdeu), treinador era um dos argentinos da paródia (quente) que levou à criação dos cartões Uma vez mais sem Real Madrid, representante de Espanha KTN T &YQ­YNHT IJ 2FIWNI 2F] 2JWPJQ T YWJNSFITW VZJ T ȁ_JWF campeão foi, porém, despedido antes da época se iniciar por declarações consideradas «antiespanholas» a uma publicação alemã, substituindo-o Juan Carlos Lorenzo — que fazia parte da seleção da Argentina que, no Mundial de 1966, pôs Inglaterra JR FQ[TWT«T TZ UNTWƓ FSYJX IJ 5TWYZLFQ XJW FKFXYFIT IF ȁSFQ de Wembley. Ubaldo Rattin protestou uma falta — e foi imediatamente expulso. O árbitro, o alemão Kreitlen, abespinhado, exigiu QMJ VZJ XF±XXJ IJUWJXXF 7FYYNS ȁHTZ e, provocador, solicitou que lhe trouxessem um intérprete: — Não falava espanhol, o canalha expulsou-me porque estava de conluio com Stanley Rouss, o inglês que era então presidente da FIFA. Não foi o intérprete, foi a polícia. Escorraçado, saiu de campo a passo — e ao abeirar-se da bandeira inglesa que estava na zona de marcação do pontapé de canto, Rattin cuspinhou-a. Levantou-se vaia monumental:

— Mostrei-lhes que na Argentina há homens a sério. Os companheiros quiseram ir com ele para o balneário, acaGFWFR UTW ȁHFW * VZFSIT JSȁR YJWRNSTZ T JSHTSYWT &QK 7FRsey, selecionador inglês, correu para os seus pupilos, proibindo-os de trocar camisolas: — Nós não podemos dar o símbolo do nosso suor a animais! 3FX RJNFX ȁSFNX 1TWJS_T [TQYTZ F [N[JW oOTLT YWNXYJRJSYJ histórico» — mas, dessa vez, em Glasgow. O turco Babacan J]UZQXTZ YW®X OTLFITWJX IT &YQ­YNHT IJ 2FIWNI Ɖ VZJ RJXRT HTR TNYT HTSXJLZNZ JRUFYFW HTR T (JQYNH 4 OTLT HTSYNSZTZ UNHFIT IJ UTQ­RNHF J WZȁF ¤X [J_JX UJQTX GFXYNITWJX Jornais britânicos exigiam a imediata exclusão do Atlético de Madrid das competições europeias. Jornais espanhóis clamavam pela irradiação do árbitro. A UEFA começou por aplicar um OTLT IJ XZXUJSX§T F &^FQF 7ZG­S )±F_ J 6ZNVZJ TX YW®X J]pulsos) — e, de um instante para o outro, alterou-lhes o castigo UFWF YW®X OTLTX XZXUJSIJSIT YFRG­R &QGJWYT 4[JOJWT J 2JQT Sem o Atlético de Madrid, expulso da prova, os escoceses tentaram então que T OTLT IF XJLZSIF R§T XJ INXUZYFXXJ JR terreno neutro — e o argumento era: — Sim, temos medo do modo como possam ser recebidos os nossos jogadores em Madrid, talvez agredidos, talvez linchados. Não passou de exagero que a UEFA não colheu. Mesmo com seis baixas, o Atlético ganhou por 2-0, apurando-se, FXXNR UFWF F ȁSFQ IT -J^XJQ 4SIJ T esperava o Bayern Munique (que nos TNYF[TX IJ ȁSFQ FKFXYFWF T )±SFRT IJ )WJXIJS JR KFNXHFSYJ IZJQT FQJR§T HTR golos em barda: 4-3 e 3-3). 43


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Com o treinador que atirara a dona do hotel para dentro da piscina Treinador do Bayern era Udo Lattek. Nascera na Prússia Oriental — e foi no atletismo que deu os primeiros sinais de si, correndo os 100 metros em menos de 11 segundos. Preferiu ser futebolista, andou por clubes modestos, teve passagem fugaz pelo Bayer Leverkusen. Com o dinheiro que ganhava pagava os seus diversos estudos, formou-se em Matemática e em Física — e, depois, em Educação Física, aos 30 anos deixou de jogar, foi para assistente técnico de Helmut Schön, selecionador alemão, em 1965. Foi de Beckenbauer a ideia para que, em 1970, o Bayern lhe desse o posto de treinador principal — e história também a contou Beckenbauer na sua autobiografia: que, nos estágios, Lattek passava noites a beber no bar do hotel, de lá saindo, amiúde, atirando fruta aos tetos — e que, uma vez, foi ainda mais desconcertante: — A madrugada terminou com Lattek, eufórico, a jogar a dona do hotel para dentro da piscina, vestida… Insistentes manobras de bastidores, deram em nada: a UEFA não voltou a mexer nos três jogos de castigo aplicados — e, por isso, o Atlético de Madrid chegou a Bruxelas com a certeza de multa em redor de 1000 contos e, sobretudo, sem Ayala (o «goleador decisivo») e sem Rúben Díaz (o «defesa fundamental»). (TR FT ȁR IT YJRUT WJLZQFRJSYFW KTN XJ UFWF UWTQTSLFRJSYT Ɖ J FTX minutos, Luís Aragonés bateu Sepp Maier. Quando o árbitro já seguia a trajetória da bola para a apanhar e guardar como recordação, disparo em último desespero de Schwarzenbeck levou a bola para o fundo das redes — e a Taça dos Campeões a ser decidida, pela primeira vez, em jogo de desempate. Em A BOLA, Marcel de Leener escreveu: «Foi um castigo merecido para Reina, pelo seu enorme frango, mas imerecido para o Atlético de Madrid que tão bem estava a defender (ao ataque…) o seu avanço de um golo. Imerecido, também, para o futebol posto em prática pelos madrilenos, mais técnico que o dos alemães, com os seus jogadores a fazerem correr a bola mais depressa do que os homens do Bayern, que, por sua vez, apareciam atleticamente mais fortes e corriam mais sempre com a bola nos pés.» 44

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

Udo Lattek, um treinador com comportamentos fora do comum


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O rapaz da padaria que ao chegar ao Bayern ouviu: «mas o que é que eu vou fazer K g )TNX INFX IJUTNX IT IF ȁSFQ WJUJYNZ XJ T OTLT Ɖ J T VZJ XJ [NZ KTN ZR &YQ­YNHT IJ 2FIWNI IJ Q±SLZF IJ KTWF 5JWIJZ UTW HTR ITNX LTQTX IJ -TJSJXX J ITNX LTQTX IJ ,JWI 2ÀQQJW Ɖ J NSHW±[JQ KTN T LTQJFITW VZJ XJ YTWSTZƓ 2ÀQQJW SFXHJZ XTG FX HNS_FX IF .. ,ZJWWF 2ZSINFQ JR 3TWIQNSLJS UJVZJSNSF HNIFIJ IF 'F[NJWF Ɖ J HTSYTZ — Quando entrei para a escola passei a ter de fazer outra coisa: levantava-me às cinco da manhã para ir entregar, porta a porta, o pão de uma padaria. O que me davam de gorjeta ajudava em casa J JWF T XZȁHNJSYJ UFWF FT X¥GFIT NW FT HNSJRF 4 ITR VZJ ,JWI 2ÀQQJW YNSMF UJWHJGJZ XJ QMJ SZRF KJXYF SF JXHTQF — Quando estava na quinta classe, a minha equipa ganhou à oitava classe — e eu marquei os golos todos. 5TW JXXF FQYZWF O¥ TX HTQJLFX T YWFYF[FR UTW )JW )NHP Ɖ 4 ,TWINSMT )JN]TZ IJ JXYZIFW JRUWJLTZ XJ SZRF K¥GWNHF IJ YJHJQFLJR — Tinha de me levantar às cinco da manhã para entrar no turno IFX XJNX (MJLF[F F YWFGFQMFW MTWFX UTW INF IJUTNX FT ȁR IF tarde ainda ia treinar. 3T 98; 3TWIQNSLJS SF ­UTHF IJ SF X­YNRF IN[NX§T FQJR§ FUTSYTZ ITX LTQTX IT HQZGJ +TN T VZJ QJ[TZ ¤ XZF HTSYWFYF«§T UJQT 'F^JWS Ɖ J FT [® QT HMJLFW HTR

HFWF WJHMTSHMZIF J YWJOJNYT FYFWWFHFIT YWTSHT XF±IT J FX HT]FX QFWLFX ?QFYPT (FOPT[XPN T YWJNSFITW JXUFSYFIT RZWRZWTZ Ɖ 2FX T VZJ ­ VZJ VZJWJR VZJ JZ KF«F HTR ZR MFQYJWTȁQNXYF$ (FOPT[XPN FYNWTZ T IJ UWTSYT UFWF FX WJXJW[FX Ɖ J JQJ X· IJ Q¥ XFNZ UTWVZJ <NMJQR 3JZIJHPJW T UWJXNIJSYJ IT 'F^JWS J]NLNZ FT YWJNSFITW VZJ QMJ IJXXJ ZRF TUTWYZSNIFIJ SF UWNRJNWF JVZNUF *XYWJTZ XJ HTSYWF T +WJNGZWL Ɖ J RFWHTZ QTLT TX ITNX LTQTX IF [NY·WNF IT 'F^JWS 3§T IJN]TZ RFNX IJ XJW YNYZQFW 2JQMTW RFWHFITW IF 'ZSIJXQNLF T GWNQMFWJYJ S§T QMJ GFXYTZ UFWF VZJ -JQRZY 8HMTS T HTS[THFXXJ UFWF T 2ZSINFQ IJ Ɖ J IJXHTSHJWYFSYJ KTN F OZXYNȁHF«§T VZJ IJZ UFWF T IJXHFWYFW Ɖ 5FWJHJ ZR GFWWNQ S§T ­ LWFSIJ OTLFITW TX LTQTX VZJ RFWHF marca-os por sorte. 3§T YFWITZ F RZIFW IJ HTS[NH«§T FGWNZ QMJ F XJQJ«§T 8FNZ IT 2ZSINFQ IT 2­]NHT HTR LTQTX 3F YJRUTWFIF IJ OZSYTZ ¤ 'TYF IJ 4ZWT F 'TQF IJ 4ZWT YTWSFSIT XJ FXXNR T UWNRJNWT KZYJGTQNXYF IF MNXY·WNF F LFSMFW FRGTX TX YWTK­ZX SF RJXRF ­UTHF *R QJ[FWF F &QJRFSMF F HFRUJ§ IF *ZWTUF +J_ IJXXJ FST FST IJ[FXYFITW UFWF TX XJZX FI[JWX¥WNTX Ɖ FT RFWHFW LTQTX 4 'FWHJQTSF QFS«FWF QMJ T HFSYT IF XJWJNF TKJWJHJSIT QMJ RNQ RFWHTX UFWF IJN]FW T 'F^JWS Ɖ J JQJ S§T FHJNYTZ F UWTUTXYF 8JWNF F RFNTW YWFSXKJW®SHNF IF MNXY·WNF Ɖ J UJWFSYJ T XJZ S§T KTN /TMFS (WZ^KK UFWF T (FRU 3TZ 4X ITNX LTQTX FT &YQ­YNHT IJ 2FIWNI IJWFR T Y±YZQT IJ RJQMTW RFWHFITW IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX *ZWTUJZX IJ Ɖ J YJRUTX IJUTNX TZ[NZ XJ F +WFS_ 'JHPJSGFZJW Ɖ 8JR TX LTQTX IJ ,JWI T 'F^JWS FNSIF JXYFWNF SZR HZG±HZQT IF 8¨GJSJW 8YWFXXJ 45


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OITAVOS DE FINAL %HQÀFD 3RUWXJDO ² Újpest (Hungria)

1 – 1 // 0 – 2

Celtic (VFyFLD ² 9HMOH %. 'LQDPDUFD

1/16 AVOS DE FINAL :DWHUIRUG 8QLWHG ,UODQGD ² Újpest +XQJUtD

2 – 3 // 0 – 3

Bayern Munique 5)$ ² cWYLGDEHUJV )) 6XpFLD

3 – 1 // 1 – 3 (4 – 3 nos penáltis)

'JSȁHF 3RUWXJDO ² 2O\PSLDNRV *UpFLD

1 – 0 // 1 – 0

736 7XUNX )LQOkQGLD ² Celtic (Escócia)

1 – 6 // 0 – 3

Dinamo Dresden 5'$ ² -XYHQWXV ,WiOLD

2 – 0 // 2 – 3

0 – 0 // 1 – 0

Spartak Trnava &KHF ² =DU\D 9RURVKLORYJUDG 8566

0 – 0 // 1 – 0

Estrela Vermelha -XJRVOiYLD ² /LYHUSRRO ,QJODWHUUD

2 – 1 // 2 – 1

&OXE %UXJJH %pOJLFD ² Basileia 6XtoD

2 – 1 // 4 – 6

'LQ %XFDUHũWH 5RPpQLD ² Atlético Madrid (VSDQKD

0 – 2 // 2 – 2

$MD[ +RODQGD ² (80& 8TȁF (Bulgária)

1 – 0 // 0 – 2

Bayern Munique 5)$ ² 'LQDPR 'UHVGHQ 5'$

4 – 3 // 3 – 3

Zarya Voroshilovgrad 8566$ ² $32(/ 1LFRVLD &KLSUH

2 – 0 // 1 – 0

Estrela Vermelha -XJRVOiYLD ² 6WDO 0LHOHF 3ROyQLD

2 – 1 // 1 – 0

QUARTOS DE FINAL

8 – 0 // 2 – 0

6SDUWDN 7UQDYD &KHFRVORYiTXLD ² Újpest (Hungria)

Club Brugge %pOJLFD ² )ORULDQD )& 0DOWD

/D -HXQHVVH '·(VFK /X[HPEXUJR ² Liverpool ,QJODWHUUD

1 – 1 // 0 – 2

Atlético Madrid (VSDQKD ² *DODWDVDUD\ 7XUTXLD

0 – 0 // 1 – 0

9LNLQJ 6WDYDQJHU 1RUXHJD ² Spartak Trnava (Chec.)

1 – 2 // 0 – 1

Vejle BK 'LQDPDUFD ² 1DQWHV )UDQoD

2 – 2 // 1 – 0

1 – 1 // 1 – 1 (3-4 nos penáltis) Bayern Munique 5)$ ² &6.$ 6RÀD %XOJiULD

4 – 1 // 1 – 2

(VWUHOD 9HUPHOKD -XJ ² Atlético Madrid (VSDQKD

0 – 2 // 0 – 0 3 – 2 // 2 – 4

(80& 8TȁF %XOJiULD ² :DFNHU ,QQVEUXFN ÉXVWULD

3 – 0 // 1 – 0

Basileia 6XtoD ² )UDP 5H\NMDYtN ,VOkQGLD

5 – 0 // 6 – 2

MEIAS-FINAIS

&UXVDGHUV %HOIDVW ,UODQGD 1RUWH ² Din.Bucareste (Roménia)

0 – 1 // 0 – 11

MELHORES MARCADORES

%DVLOHLD 6XtoD ² Celtic (Escócia)

&HOWLF (VFyFLD ² Atlético Madrid (VSDQKD

0-0 // 0-2

ÔMSHVW +XQJULD ² Bayern Munique (RFA)

1-1 // 0-3

Gerd Müller (Bayern Munique) 8 golos (10 jogos) Raoul Lambert (Club Brugges) 6 golos (4 jogos) Conny Torstensson (Bayern Munique) 6 golos (10 jogos) Dudu Georgescu (Dinamo Bucareste) 5 golos (4 jogos) Ottmar Hitzfeld (Basileia) 5 golos (6 jogos) Uli Hoeness (Bayern Munique) 5 golos (10 jogos)


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FINALÍSSIMA

FINAL Taça dos Campeões Europeus 1973/74

Taça dos Campeões Europeus 1973/74

1

Bayern Munique

4

Bayern Munique

1

Atlético de Madrid

0

Atlético de Madrid Finalíssima 17 de maio de 1974

Final 15 de maio de 1974 Estádio do Heysel, Bruxelas

Estádio do Heysel, Bruxelas

Árbitro: Viltal Loraux (França)

Árbitro: Alfred Delcourt (Bélgica)

BAYERN: Sepp Maier; Johnny Hansen, Franz Beckenbauer (cap.), Georg Schwarzenbeck, Paul Breitner; Franz Roth, Rainer Zobel, Jupp Kaplemann; Conny Torstesson (Bernd Durnberger, 75), Gerd Muller, Uli Hoeness.

BAYERN: Sepp Maier; Johnny Hansen, Franz Beckenbauer (cap.), Georg Schwarzenbeck, Paul Breitner; Franz Roth, Rainer Zobel, Uli Hoeness, Jupp Kaplemann; Conny Torstesson, Gerd Müller.

Treinador: Udo Lattek

Treinador: Udo Lattek

ATLÉTICO DE MADRID: Miguel Reina; Francisco Melo, Ramón Herédia, Eusébio Bejarano, José Luis Capón; Adelardo Rodríguez (cap.), Javier Irureta; Luís Aragonés, Ignácio Salcedo (Alberto Fernández, 85); José Ufarte (Heraldo Bezerra, 60), José Eulogio Gárate.

ATLÉTICO DE MADRID: Miguel Reina; Francisco Melo, Ramón Herédia, Eusébio Bejarano, José Luis Capón; Adelardo Rodríguez (cap.), Luís Aragonés, Ignácio Salcedo; José Eulogio Gárate, Alberto Fernández, Heraldo Bezerra. Treinador: Juan Carlos Lorenzo.

Treinador: Juan Carlos Lorenzo. Marcadores: 0-1: Luis Aragonés (113); 1-1: Georg Schwarzenbeck (120)

Marcadores: 1-0: Uli Hoeness (28). 2-0: Gerd Müller (56); 3-0: Gerd Müller (69). 4-0: Uli Honess (82).



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Capítulo XXI 1974/75

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Bayern ganhou (com a sua º q K ė em festa (com José Augusto de nariz partido a substituir " ± q polícias e ingleses em confusão como nunca se tinha visto Apesar da vitória que levara do Heysel frente ao Atlético de Madrid, a temporada de 1974/75 do Bayern na Bundesliga ainda seguia sombria. Udo Lattek insistia em exigir a Wilhelm Neudecker mais jogadores, num dia, já por janeiro de 1975, a mostarda saltou ao nariz do presidente — que fechou a conversa num fogacho: — OK, se com o que tem não consegue mudar as coisas, está o senhor demitido! Para o seu lugar foi Dettmar Cramer que pela RFA já havia quem tratasse como Napoleão (não apenas por medir metro e 60). Servira como tenente de um importante esquadrão de paraquedistas durante a II Guerra Mundial e, depois de ter andado pelo Japão a ensinar futebol, tornou-se assistente de Helmut Schön na seleção. Logo correu rumor de que a sua contratação para o Bayern fora ideia de Franz Beckenbauer, que com Cramer tinha dívida de gratidão: «ter impedido que o banissem da equipa nacional, chegara a estar acusado de ter engravidado rapariga fora do casamento». Com o Sporting outra vez na Taça dos Campeões Europeus, perdeu-se o Sporting logo ao segundo passo. Para treinador, nessa época de 1974/75, João Rocha fora buscar um mito — o mito maior que a competição tinha: Alfredo Di Stéfano. Mal entrou em Alvalade dividiu o balneário, um mês lá esteve, ao partir Dé e Dinis lamentaram-lhe os «métodos 50

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

Di Stéfano, com João Rocha (esq.), treinador com passagem breve pelo Sporting

de trabalho pouco democráticos» — e João Rocha acusou-o de ser «turista malcriado». Em defesa de Di Stéfano saltou a terreiro Yazalde (que pedira 3500 contos para ir para o Boavista) «Melhor do que Don Alfredo nem 10 treinadores juntos» — e quem comandou a equipa na primeira mão da primeira eliminatória, em St. Étienne, foi Osvaldo Silva. Logo aos 15 minutos Revelli fez golo para os franceses, aproveitando-se de fífia monumental de Alhinho — e o que logo se viu no Geoffroy-Guichard foi um desconcerto: Damas a crescer, furioso, para o seu defesa-central e, por entre a discussão incendiada, um quase à estalada com o outro. Nesse jogo em que Vagner Canotilho se tornou o primeiro estrangeiro capitão do Sporting, foi também de lapso seu que saiu o penálti com que Beretta fez o 2-0.


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Ŏ K aƦ :8 Ä Ñ " ± ; Na semana seguinte, o St. Étienne empatou em Alvalade, só não ganhou porque através de um «primoroso e violentíssimo pontapé» Yazalde fez o 1-1. Foi o seu último golo pelo Sporting, dias depois João Rocha vendeu-o ao Marselha por 12 500 contos. *XXJ 8Y YNJSSJ FNSIF XJR 2NHMJQ 5QFYNSN ȁHTZ F ZR UFXXT IF ȁSFQ Ɖ IJ Q¥ YNWFIT UJQT 'F^JWS IJ 2ZSNVZJ VZJ ȁHFSIT QN[WJ ITX F[TX IJ ȁSFQ JQNRNSFWF T 2FLIJburgo e o Ararat Yerevan, nas rondas anteriores). 5FWF HTRJRTWFW F JIN«§T IF ȁSFQ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX JXHTQMJZ XJ SFYZWFQRJSYJ 5FWNX TSIJ YZIT HTRJ«FWF 5FWF QMJ IFW UTRUF T 1x VZNUJ HMFRTZ UFWF Q¥ hoste que lhe marcara a história. Obviamente, a estrela maior da constelação era Di 8Y­KFST Ɖ J JSYWJ JQJ 5ZXPFX ,JSYT 0TUF 2FWVZNYTX 0JN_JW J /TX­ &ZLZXYT Ɖ VZJ UFWF 5FWNX KTN IJ SFWN_ UFWYNIT KF_JW IJ *ZX­GNT J VZJ F (FWQTX 2NWFSIF JS[NFIT JXUJcial de A BOLA, revelou: — Vim substituir o Eusébio à última hora, por ele andar pelos Estados Unidos a jogar. Foi UJSF VZJ S§T UZIJXXJ FVZN JXYFW UTWVZJ WJUWJXJSYF[F T 'JSȁHF HFRUJ§T JZWTUJZ RZNYT RJQMTW IT VZJ JZ 2FX HQFWT JXYTZ RZNYT MTSWFIT J HTRT[NIT UTW XJ YJWJR QJRGWFIT IJ mim. & ȁSFQ KTN IJ KJXYF J XJSYNRJSYFQNXRT RFX YFRG­R KTN IJ RTXVZNYTX UTW HTWIFX Ɖ J [NTQ®SHNF &I[JWX¥WNT IT 'F^JWS T 1JJIX VZJ HMJLFWF F 5FWNX FUJSFX HTR ZR LWFSIJ JRGFWF«T WJXTQ[NIT T 'FWHJQTSF IJ 7NSZX 2NHMJQX Ɖ J IJ 2FWNSMT 5JWJX /TMFS 3JJXPJSX /TMFS (WZ^KK 1J[XPN :OUJXY J &SIJWQJHMY F YTITX GFYJWF JR FRGTX TX IJXFȁTX )ZFX MTWFX FSYJX IT XJZ FWWFSVZJ ST 5FWVZJ ITX 5W±SHNUJX O¥ YZIT JWF barulho e confusão: ingleses invadiram supermercado em redor para tomarem toda F HJW[JOF VZJ Q¥ MF[NF F (78 UTQ±HNF JXUJHNFQ VZJ XJ IJXYFHFWF UFWF F _TSF QTLT F± começou o seu bater (e depois ainda foi pior…) 1TLT FTX VZFYWT RNSZYTX JSYWFIF IJ >TWFYM F 'OTWS &SIJWXXTS FYNWTZ T XZJHT UFWF F JSKJWRFWNF YNWFIT IT HFRUT JR RFHF HTR :QN -TJSJXX F J]HQFR¥ QT — Foi a falta mais brutal que eu já vi no futebol… 51


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Como Beckenbauer se tornou mais do que «manipulador elegante» Não, a Yorath nada sucedeu — e empertigados se lançaram os jogadores do Leeds ao ataque dos alemães. Nem um quarto de hora foi preciso para se notar que as suas investidas barravam quase toda num muro chamado Franz Beckenbauer, amo senhorial (e absoluto) da sua área por mais frenesim que lá chegasse. O pai era empregado de correios e quando Franz nasceu, a 11 de setembro de 1945, estava já reformado devido a ferimentos que sofrera durante a II Guerra Mundial. Depressa se lhe percebeu o encanto pelo futebol, o pai e a mãe passavam a vida a tentar desviá-lo da rua, não o queria a jogar — para não estragar os únicos sapatos que tinha. Por ter presidente judeu, Hitler tentara destruir o Bayern — e para o destruir espalhou apoios pelo outro clube da cidade, o TSV 1860 München. Foi lá que Beckenbauer XJ QFS«FWF ST KZYJGTQ F X­WNT UTW Q¥ S§T ȁHTZ RZNYT YJRUT FTX FSTX O¥ YNSMF IFIT salto para outro lado. Tinha um amigo com quem costumava jogar ténis, chamava-se Sepp, o Sepp Maier — e não descansou enquanto não o convenceu a ir com ele para o futebol. DesconȁFIT T FRNLT IN_NF QMJ VZJ S§T YNSMF LWFSIJ OJNYT HTR TX U­X FY­ VZJ IJQJ XJ XTQYTZ a frase: — Não faz mal Sepp, vais para a baliza… Ele foi e só eterno de lá saiu. Em 1965, Beckenbauer e Maier (que quando os avançados do Leeds conseguiam desembaraçar-se da defesa do Bayer, o muro era ele, então…) já estavam na equipa UWNSHNUFQ &SYJX IJ XJ UWTȁXXNTSFQN_FW +WFS_ YWFGFQMFWF HTRT [JSIJITW IJ XJLZWTX Ɖ e foi Tschik Cajkovsky quem lhe marcou o destino com um pequeno toque revolucionário, criando o libero de ataque. Que tinha físico de atleta, cérebro de xadrezista e pés de artista, logo se viu por quatro cantos no Mundial de 66. Que era «manipulador elegante», capaz de transformar o seu jogo em poesia, também. Através de golo seu F >FXMNS F &QJRFSMF FUZWTZ XJ UFWF F ȁSFQ HTR F .SLQFYJWWF Ɖ J SF ȁSFQ KJ_ HTR VZJ 52

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'JHPJSGFZJW ZRF IFX RFNTWJX ȁLZWFX IJ XJRUWJ IT KZYJGTQ LJWR¦SNHT

Bobby Charlton não fosse Bobby Charlton (e foi o que continuou a fazer ali em Paris a Joe Jordan…) Não, do Mundial de 66 Beckenbauer não saiu campeão, a vitória de Inglaterra coRJ«TZ ST LTQT IJ ,JTKK -ZWXY JR VZJ F GTQF S§T JSYWTZ SF GFQN_F RFX ȁXHFQ IJ QNSMF XT[N­YNHT FHMTZ VZJ XNR 3T ȁSFQ IT OTLT -ZWXY UJINZ QMJ F YWTHF IJ HFRNXTQF JQJ trocou e disse: — Não, não estou tão feliz como você porque você marcou um golo que não foi golo…» 6ZFYWT FSTX IJUTNX HFUNY§T IF &QJRFSMF O¥ JWF JQJ Ɖ J O¥ QMJ HMFRF[FR 0FNXJW )T (MNQJ [TQYTZ F XFNW XJR Y±YZQT Ɖ RFX HTR RFNX MNXY·WNF YJW OTLFIT SFX RJNFX ȁSFNX RNSZYTX HTR F .Y¥QNF HTR T TRGWT IJXQTHFIT UTWVZJ S§T MF[JSIT XZGXYNYZN«¹JX XJ WJHZXTZ F IJN]FW T HFRUT FHFGFSIT UTW UJWIJW UTW Ɖ J JXXJ XJZ HFW¥YJW SZSHF dele fugiu, no Bayer também… 53


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Com o golo anulado ao Leeds o estádio tornou-se um inferno (e, depois, na cidade houve mulheres agredidas, despidas e mais…)

Sepp Maier, guarda-redes do Bayern, com António Queirós, jornalista de A BOLA

Ainda com 0-0, o Leeds reclamou penálti, Michel Kitabdjian negou-o (e não viu o «toque mal-intencionado» na perna de Hoeness que o atirou para fora do jogo). Aos 65 minutos, Lorimer atirou a bola para o fundo da baliza, Kitabdjian anulou o golo por off-side a Billy Bremner (apesar do seu fiscal de linha ter esboçado corrida para a linha de meio campo em sinal de validade), com os ingleses arrepelados em seu redor. Logo de seguida, ao minuto 71, Franz Roth pôs o Bayern a ganhar por 1-0 — e os ingleses, fora do campo, atiraram-se a ainda pior escaramuça: polícias que estavam de fato de treino em vez de farda galgaram da pista de atletismo para as bancadas e foram agredidos com paus de bandeira — e adepto do Leeds que foi em sentido contrário, espancaram-no, levaram-no preso. O árbitro ainda cogitou não continuar o desafio, continuou — e por várias vezes teve de andar Sepp Maier a desviar-se de objetos que lhe atiravam das bancadas em polvorosa. O jogo do Bayern continuou a ser o que era desde o primeiro minuto: todo malícia, o do Leeds não deixou de ser força e impetuosidade — e, ao minuto 81, Gerd Müller fez o 2-0 naquele jeito de ser o avançado que, poético, Eduardo Galeano tratou assim: — Este lobo feroz nunca era visto em campo. Disfarçado de avozinha, ocultos os caninos e as garras, passeava-se prodigalizando passes inocentes e outras obras de caridade. Enquanto o fazia,

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e sem que ninguém desse por isso, deslizava até à grande área. Diante da baliza aberta, lambia os beiços: a rede era a renda de noiva de uma menina irresistível. E então, liberto do disfarce, lançava a mordida. O final do jogo, no setor do Leeds, foi de batalha campal, Carlos Miranda contou-o assim em A BOLA: «Arrancam-se os tampos das cadeiras e atiram-nos aos polícias. Saem os polícias com fatos de treino, entram os fardados, saem os fardados, entram os de viseira, capacete e bastão, os de bater nas pessoas. É um fim triste para uma festa que tinha começado tão bem».

Mostrando receio de que Michel Kitabdjian pudesse ser agredido por ingleses que conseguissem invadir o campo, magote de polícia arrasta-o para o balneário — e no meio do terreno ficaram, por momentos ainda, os jogadores do Leeds, esquecidos, de cabeça baixa, com os do Bayern a fazerem a festa. Pela noite fora, continuou Paris a arder: mulheres agredidas, despidas, cenas de pugilato, automóveis virados, vidros partidos, carros de polícia a apitar por entre frenesins — e, na primeira página de A BOLA, o título do rescaldo de Carlos Miranda era: Beberam tudo, partiram tudo… Paris não esquecerá os bêbados do Leeds. No Sun, a toda a largura da primeira página, escreveu-se: It´s The Great Goal Robbery Em analogia à frase histórica que anunciara o célebre assalto ao comboio-correio (que em 1963 rendera mais de dois milhões de libras a Ronnie Biggs): It´s the great train Robbery — querendo dizer em português: É o maior roubo de golo. Com os jornais franceses a afinarem pelo mesmo diapasão: foi injusta a vitória do Bayern, Jimmy Armfield, o treinador do Leeds, jogou na fleuma, atirando água para a fervura: — Nestas coisas do futebol, os golos é que contam, o resultado é a única coisa que interessa.

Carlos Miranda deu conta, nas páginas de A BOLA, da desordem vivida nas ruas parisienses

Ao contrário da edição anterior, não fora preciso finalíssima para se determinar o vencedor da Taça dos Campeões — e, por essa altura, a UEFA já o decidira: a partir de 1975/76, se se chegasse ao prolongamento de meia hora com empate a manter-se, seguia-se desempate por penáltis. 55


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OITAVOS DE FINAL ÔMSHVW +XQJULD ² Leeds (Inglaterra)

1 – 2 // 0 – 3

Bayern 5)$ ²0DJGHEXUJR 5'$

1/16 AVOS DE FINAL Leeds ,QJODWHUUD ² )& = ULFK 6XtFD

4 – 1 // 1 – 2

&HOWLF (VFyFLD ² Olympiakos *UpFLD

1 – 1 // 0 – 2

8QLYHUVLWDWHD &UDLRYD 5RPpQLD ² Âtvidabergs FF 6XpFLD

2 – 1 // 1 – 3

9DOOHWWD )& 0DOWD ² HJK Helsinki )LQOkQGLD

1 – 0 // 1 – 4

/HYVNL 6RÀD %XOJiULD ² Újpesti +XQJULD

0 – 3 // 1 – 4

3 – 2 // 2 – 1

+DMGXN 6SOLW -XJRVOiYLD ² St. Etiénne (França)

4 – 1 // 1 – 5

)H\HQRRUG +RODQGD ² Barcelona (VSDQKD

0 – 0 // 0 – 3

&RUN &HOWLF ,UODQGD ² Ararat Yerevan 8566

1 – 2 // 0 – 5

Ruch Chorzów 3ROyQLD ² )HQHUEDKoH 7XUTXLD

2 – 1 // 2 – 0

+-. +HOVLQNL )LQOkQGLD ² Åtvidabergs FF 6XpFLD

0 – 3 // 0 – 1

Anderlecht %pOJLFD ² 2O\PSLDNRV *UpFLD

5 – 1 // 0 – 3

/D -HXQHVVH '·(VFK /X[HPEXUJR ² Fenerbahçe 7XUTXLD

2 – 3 // 0 – 2

9LNLQJ ,/ 6WDYDQJHU 1RUXHJD ² Ararat Yerevan 8566

0 – 2 // 2 – 4

QUARTOS DE FINAL

0 – 0 // 1 – 2

Bayern 5)$ ² $UDUDW <HUHYDQ 8566

4 – 2 // 1 – 3

Leeds ,QJODWHUUD ² $QGHUOHFKW %pOJLFD

+YLGRYUH ,) 'LQDPDUFD ² Ruch Chorzów (Polónia)

6ORYDQ %UDWLVODYD &KHFRVORYiTXLD ² Anderlecht %pOJLFD

Feyenoord +RODQGD ² )& &ROHUDLQH ,UODQGD GR 1RUWH

7 – 0 // 4 – 1

St. Etiénne )UDQoD ² 6SRUWLQJ 3RUWXJDO

2 – 0 // 1 – 1

6. 9g(67 /LQ] ÉXVWULD ² Barcelona (VSDQKD

0 – 0 // 0 – 5

2 – 0 // 0 – 1 3 – 0 // 1 – 0

5XFK &KRU]yZ 3ROyQLD ² St. Etiénne (França)

3 – 2 // 0 – 2

2 – 0 // 3 – 0

Hajduk Split -XJRVOiYLD ² Ì%. .HÁDYtN ,VOkQGLD

7 – 1 // 2 – 0

Cork Celtic ,UODQGD ² 2PRQLD &KLSUH

(desistência do Omonia) Magdeburgo 5'$ H Bayern (RFA) p 9ê= K q

MELHORES MARCADORES

Barcelona (VSDQKD ² cWYLGDEHUJV )) 6XpFLD

MEIAS-FINAIS 6W (WLpQQH )UDQoD ² Bayern (RFA)

0 – 0 // 0 – 2

Leeds ,QJODWHUUD ² %DUFHORQD (VSDQKD

2 – 1 // 1 – 1

Eduard Markarov (Ararat Yerevan) 5 golos (6 jogos) Gerd Müller (Bayern) 5 golos (7 jogos) Reine Almqvist (Åtvidaberg) 4 golos (6 jogos) -XULFD -HUNRYLþ +DMGXN 6SOLW

4 golos (4 jogos) Wilhelm Kreuz (Feyenoord) 4 golos (4 jogos) /H[ 6FKRHQPDNHU )H\HQRRUG

4 golos (4 jogos)


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1974/75

2

Bayern

0

Leeds Final 28 de maio de 1975

Estádio dos Príncipes, Paris Árbitro: Michel Kitabdjian (França) BAYERN: Sepp Maier; Bernd Durnberger, HansGeorg Schwarzenbeck, Franz Beckenbauer (cap.), Björn Andersson Sepp Weis, 4); Franz Roth, Rainer Zobel, Conny Torstensson; Uli Hoeness (Klaus Wunder, 42), Gerd Müller, Jupp Kappelman. Treinador: Dettmar Cramer. LEEDS: David Stewart; Paul Reaney, Paul Madeley, Norman Hunter, Frank Gray; Billy Bremner (cap.), Johnny Giles, Terry Yorath (Eddie Gray, 80); Peter Lorimer, Allan Clarke, Joe Jordan. Treinador: /NRR^ &WRȁJQI

Marcadores: 1-0: Franz Roth (71); 2-0: Gerd Müller (81).



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Capítulo XXII 1975/76

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)


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Amuado, Vítor Batista não queria jogar contra o Bayern (porque lhe tinham roubado libras no hotel) e contra o Bayern 5 a Ŀ Ä + K & ė A Taça dos Campeões de 1975/76 começou, airosa, para o 'JSȁHF IJ 2¥WNT <NQXTS HTR FT +JSJWGFM«J IJ ;FQINW 5J WJNWF )NYT FXXNR YFQ[J_ INLF UTZHT ;FQINW 5JWJNWF JWF )NIN Ɖ T HFRUJ§T RZSINFQ IJ T RJXYWJ IT UFXXJ JR UWTKZSINIFIJ T NS[JSYTW IF KTQMF XJHF T MTRJR VZJ FUTSYF[F UFWF F GTQF J IN_NF JQF ­ VZJ YJR IJ HTWWJW UTWVZJ S§T YJR UZQR§T

4 9TSNT IJ VZJ JQJ KFQF[F JWF T 9TSN 3F 1Z_ ȁHTZ &SYJX IT YWJNST JR 2ZSNVZJ ;±YTW 'FYNXYF FGFQTZ F HTRNYN[F HTR F XZF UWNRJNWF UJWNU­HNF *XYF[FR O¥ YTITX TX TZYWTX XJSYFITX ST FZYTHFWWT F HFRNSMT IT YWJNST Ɖ J JQJ S§T +TWFR GZXH¥ QT FT VZFWYT JSYWTZ FTX LWNYTX Ɖ 7TZGFWFR RJ INSMJNWT UTW NXXT RJ FYWFXJN

&HFKZFIT ST GFSHT IF 1Z_ )NIN [NZ FRFWLZWFIT T SFXHN RJSYT IJ ZR 'JSȁHF ST[T XJR *ZX­GNT XJR 8NR¹JX XJR &W YZW /TWLJ XJR /FNRJ ,WF«F Ɖ J FY­ XJR -ZRGJWYT (TJQMT VZJ HJIJWF FT 58, F YWTHT IJ RNQ HTSYTX J UTW JSYWJ T YWFYFW IT SJL·HNT [NWF T 'F^JWS LFSMFW FT 1JJIX T OTLT VZJ UZXJWF FX GFSHFIFX IT 5FWVZJ ITX 5W±SH±UJX SZR UFNTQ F FWIJW Ɖ J F HNIFIJ IJUTNX YFRG­R 3JS­ Ɖ IJ VZJR 2NQTWFI 5F[NH INXXJWF oFNSIF [FN XJW ZR ITX RJQMTWJX F[FS«FITX IT 2ZSIT ¤ IJXUJINIF IJ 1NXGTF IJ TSIJ UFWYNWF HFRUJ§T UTW WJHJNT IJ VZJ T 57*( UZXJXXJ 5TWYZLFQ JR LZJWWF HN[NQ Ɖ RFWHTZ ITNX LTQTX /TWI§T RFWHTZ YW®X TX TZYWTX KTWFR IJ 8M­Z J IJ 8FGFMFYYNS SF UW·UWNF GFQN_F *R *XRNWSF TX GJSȁVZNXYFX UJWIJWFR UTW HTR T +JSJWGFM«J J UJWIJWFR /TWI§T UFWF F UWNRJNWF R§T IF JQNRNSFY·WNF XJLZNSYJ UTW HJSF HF WNHFYF S§T VZJWJSIT JSYWJLFW ST ȁSFQ IF UFWYNIF F GTQF IT OTLT F 5FYWN T ¥WGNYWT M¾SLFWT F :*+& XZXUJSIJZ T UTW ZR OTLT 3T OTLT VZJ /TWI§T S§T U¸IJ KF_JW T 'JSȁHF GFYJZ :OUJXY UTW Ɖ J JR 'ZIFUJXYJ UJWIJZ UTW &I[JWX¥WNT ITX VZFWYTX IJ ȁSFQ T 'F^JWS & HFRNSMT IJ 1NXGTF TZ[NZ XJ IJ 'JHPJSGFZJW Ɖ 4 RJQMTW OTLFITW IT 'JSȁHF ­ T 9TSNT 60

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

&T HMJLFW FT JXY¥INT WJHZXTZ JVZNUFW XJ Ɖ J F[NXTZ Ɖ *SVZFSYT S§T RJ IJWJR T INSMJNWT VZJ RJ WTZGFWFR S§T jogo! 7TR§T 2FWYNSX T HMJKJ IT KZYJGTQ UJINZ QMJ UFWF S§T XJ UWJTHZUFW LFWFSYNZ QMJ Ɖ )N_ Q¥ VZFSYT YJ WTZGFWFR VZJ JR 5TWYZLFQ IFRTX YJ T INSMJNWT 6ZFSYTX JXHZITX KTWFR$ * ;±YTW 'FYNXYF WJXUTSIJZ QMJ GWZXHT Ɖ 3§T KTWFR JXHZITX KTWFR QNGWFX VZJ YWF_NF 8J S§T RJ IJWJR FX QNGWFX S§T OTLT * XJ S§T RFX IJWJR O¥ SJR YWJNSTƓ 7TR§T 2FWYNSX UJINZ JSY§T F TZYWTX OTLFITWJX VZJ QMJ UFXXFXXJR IJ JRUW­XYNRT QNGWFX IJ VZJ UWJHNXF[F UFWF T HTS [JSHJW ;±YTW 'FYNXYF O¥ JSWTINQMFIT ST [±HNT IF IWTLF VZJ T IJXYWZNWNF FHFGTZ FXXNR UTW OTLFW J T 'JSȁHF UJWIJZ UTW T LTQT F 8JUU 2FNJW RFWHTZ T 3JS­ Ɖ FT XJZ OJNYT XJR UWJ HNXFW IJ XZOFW TX HFQ«¹JX J XJ YN[JXXJ KJNYT RFNX ZR YJWNF XNIT T RJQMTW RFWHFITW IF JIN«§T IJ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX RJXRT KF_JSIT RJSTX IJ HNSHT OTLTX J RJNTƓ



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Como a Dona Sorte e a Dona Madeira 5 a Ŀ K + K 5FWF FLFWWFW F ȁSFQ T 'F^JWS GFYJZ T 7JFQ JR 2ZSNVZJ UTW IJUTNX IJ YJW XF±IT IJ 2FIWNI HTR ST OTLT JR VZJ :QN -TJSJXX S§T KTN HFUF_ IJ YWF[FW FIJUYT RFIWN QJST VZJ XFQYTZ IJXHFGJQFIT IF GFSHFIF UFWF UTSYFUJFW T ¥WGNYWTƓ 3T -FRUIJS 5FWP IJ ,QFXLT\ T [JQMNSMT JXY¥INT VZJ YN[JWF QTYF«§T UFWF RNQ JXUJHYFITWJX J UFXXFWF JSYWJYFSYT UFWF RNQ FI[JWX¥WNT ITX G¥[FWTX KTN T 8Y YNJSSJ VZJ UJQT HFRNSMT XJ IJXJRGFWF«FWF IT 0OTGJSMF[SX 'TQIPQZG IT ,QFXLT\ 7FSLJWX IT )±SFRT IJ 0NJ[ J IT 58; *NSIMT[JS & [® QF SF 9; JXYNRTZ XJ VZJ YJSMFR JXYFIT RNQM¹JX IJ UJXXTFX Ɖ IT )ZGFN ¤ /TWI¦SNF ITX *XYFITX :SNITX FT 0Z\FNY 5FWF ;±YTW 8FSYTX JS[NFIT JXUJHNFQ IJ & '41& YZIT XJ U¸IJ WJXZRNW FXXNR ZR KZYJGTQ ¤ 'JSKNHF [JSHNIT UJQF KWNJ_F IT 'F^JWS o9JSIT UTW KZSIT F NRJSXF XNSKTSNF IJ [JWIJ VZJ NSZSIF[F FX GFSHFIFX TX HFRUJ¹JX KWFSHJXJX XZWUWJJS IJSYJRJSYJ UFWF RZNYF LJSYJ HMFRFWFR F XN T HTRFSIT IFX TUJWF«¹JX )JXHTS YWF±ITX FQJLWJX FZIFHNTXTX HTR FVZJQJ YTVZJ IJ NSLJSZNIFIJ VZJ YFSYFX [J_JX FHFGF UTW HTSIZ_NW T RFNX KWFHT F WJXZQYFITX XJSXFHNTSFNX TX LFZQJXJX QJ[FWFR ¤ QJRGWFS«F T 'JSKNHF ITX ITNX UWNRJNWTX Y±YZQTX JZWTUJZX JXUJHNFQRJSYJ T UWN RJNWT 4 8Y YNJSSJ UTW­R S§T HTSXJLZNZ XJW T 'JSKNHF IJ +WFS«F 5TW MF[JW JSHTSYWFIT SF XZF KWJSYJ ZR FI[JWX¥WNT RZNYT XZUJWNTW$ 3JR YFSYT UTW JXXJ RT YN[T 2ZNYT RFNX UTWVZJ F XTWYJ S§T TX KF[TWJHJZ 3§T S§T XJ JXHFSIFQN_JR UTW YWF_JWRTX UFWF FVZN F )TSF 8TWYJ & [JWIFIJ ­ VZJ XNR VZJ JQF JXYJ[J ST -FRU IJS 5FWP UJQT GWF«T IF )TSF 2FIJNWF VZJ UTW IZFX [J_JX XFQ[TZ T 'F^JWS IJ [JW FX XZFX WJIJX YTHFIFX UJQF GTQF & UFWYNIF FY­ HTRJ«FWF HTR ,JWI 2ÀQQJW F KF_JW LTQT SF XJVZ®SHNF IJ ZR UFXXJ IJ RJYWTX IJ 'JWSI )ZWSGJWLJW Ɖ LTQT FSZQFIT UTW NSINHF«§T IT GFSIJNWNSMF IJ 0¥WTQ^ 5FQTYFN OTLFITW IT ,^ºWN ;FXFX *94 VZJ OTLFWF F 9F«F ITX (FRUJ¹JX HTSYWF T 'JSȁHF ITX /TLTX 4Q±RUNHTX IJ 9·VZNT XF±WF HTR RJIFQMF IJ TZWT Ɖ FSYJX IJ XJ YTWSFW ¥WGNYWT (TSYZIT T VZJ XJ [NZ IJUTNX KTN ZR 'F^JWS ST XJZ JXYNQT KWNT J HFQHZ QNXYF WJXJW[FIT J FYJSYT ƈ J HFIF [J_ RFNX UNTW IT VZJ JWF KWTZ]T J FUWJJSXN[T HTRT VZJ F [N[JW SF XTRGWF J SF WJXXFHF IT 8Y YNJSSJ 62

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Der Bomb e Mick Jagger, a ameaça das bombas do IRA e a bomba do pé que chutou a 120 km/h e furou as redes Até que chegou o minuto 57: no livre contra os franceses, Beckenbauer tocou para Franz Roth, a bomba que lhe saiu do pé deixou traçado o destino do jogo. Na Taça dos Campeões da YJRUTWFIF FSYJWNTW O¥ ȁ_JWF LTQT YFRG­R FT 1JJIX Ɖ J HTSYNnuavam a chamar-lhe Bulle: — Sim, O Touro. Pelo espírito com que me atirava a todos os desafios… Filho de pobre agricultor de Memmingen, estimava-se que o seu chuto mais violento tenha andado em redor dos 120 km/h: — … o que sei é que, uma vez, contra o Rapid de Viena, o pontapé saiu-me tão fulminante que a bola saiu de dentro da baliza e o árbitro só deu golo quando foi lá ver, a nosso pedido, J HTSȁWRTZ F GTQF YNSMF XF±IT UTWVZJ HTR F KTW«F VZJ QJ[F[F furou as redes. Também se contava que Uli Hoeness revelara que passara a usar caneleiras nos treinos do Bayern por temer que Roth o amachucasse: — Isso era brincadeira, por muito irritado ou zangado que jogasse, nunca aleijei ninguém a jogar futebol. Bombas (essas verdadeiras) andaram na berlinda horas antes: ameaça de atentado do IRA levara 800 polícias para o estádio e vizinhanças, nunca força assim se vira na Taça dos Campeões. Bomba que, no campo, só se vira com a procissão a sair do adro, HTSYNSZTZ XJR XJ [JW )JW 'TRG Ɖ VZJ JWF HTRT XJ YWFYF[F ,JWI

De Uli Hoeness se dizia que utilizava caneleiras nos treinos em razão das entradas impetuosas de Franz Roth

Müller. Horas antes aparecera-lhe Mick Jagger a mostrar-lhe de[T«§T J F HTSȁIJSHNFW QMJ VZJ ȁ_JWF FUTXYFX IJ RZNYT INSMJNWT HTSYWF TX KWFSHJXJX * KTN UTW JXXF FQYZWF VZJ XJ ȁHTZ F XFGJW IF odisseia em que se metera adepto do St. Etiénne: Paul Chomet, FSTX ȁ_JWF IJ GNHNHQJYF T UJWHZWXT FY­ ,QFXLT\ VZNQ·metros em 15 dias, para cumprir promessa. 63


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Para lhe amansar os nervos, o truque foi dar copo gigante de ‘brandy’ a Rummenigge (e o prémio a cada jogador não dava para dois Chalanas)

Rummenigge (dir.), com Eusébio, num evento organizado pelo jornal A BOLA

Para Vítor Santos, acima de quaisquer outros, Larqué, Piazza e Sarramagna mereciam a taça para si. Também achou que o ocaso das estrelas do Bayern foi disfarçado por Kappellmann — e a propósito do elemento novo que Cramer lançara ao destino, escreveu em A BOLA: «Jogador ardente, com juventude e a febre dos seus 21 anos, foi dos mais codiciosos, entusiastas e empreendedores jogadores da sua pálida equipa, ainda que não muito feliz nalgumas soluções que tentou bem…» Quem era esse jogador? Karl-Heinz Rummenigge. Fora em Pelé que se inspirara — e, dois anos antes, jogava no Lippstadt, clube amador da terra, trabalhando num banco. Foi lá que o Bayern o descobriu e o levou — e, em Glasgow, antes de subir ao despique com o St. Étienne, Dettmar Cramer deu-lhe a beber copo gigante de brandy (apesar de se estar na pátria do uísque): — É para te amansar os nervos, rapaz! Correu tão bem — que se tornou ritual em si, fazendo com VZJ FQLZSX YJRUTX IJUTNX ,NT[FSSN 9WFUFYYTSN T FȁWRFXXJ — Rápido, técnico, cerebral, Rummenigge é um avançado tão ȁST VZJ SJR UFWJHJ FQJR§T Direitos de TV renderam 15 000 contos, 15 mil contos renderam as bilheteiras — e foi pouco, levando a que Wilhelm Neudecker, o presidente do Bayern, voltasse, agastado, a remoque que já antes soltara:

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(MFQFSF [NSIT IT 'FWWJNWJSXJ SF XZF JXYWJNF UJQT 'JSȁHFƓ

Ɠ J 'JSYT YFRG­R TWNZSIT IT 'FWWJNWJSXJ JSHFWWJLFIT UJQF GTQJNF F OTLFITWJX GJSȁVZNXYFX IF RFWLJR XZQ

— Andei a pregar no deserto. Sempre disse que Glasgow era uma cidade fora de mão, que impunha, em especial aos alemães, deslocação longa e dispendiosa. Não me quiseram ouvir, do Ba^JWS S§T JWFR RFNX IJ TX JXUJHYFITWJX ȁHTZ FXXNR T JXY¥dio a meia casa e quem com isso perdeu foram os clubes.

_JW XJ VZJ F XZF JVZNUF JXYN[JWF F Q­LZFX IJ XJW T JWF YTIF UTQN[FQJSYJ YTIF IJ IJKJXF J YTIF IJ FYFVZJ FT RJXRT YJRUT IJXHZQUTZ XJ

O tri do Bayern valeu 480 contos a cada um dos seus jogadores. (Por 750 contos fora Fernando Chalana do Barreirense para o BenȁHF ȁHFSIT F WJHJGJW JXHZITX IJ TWIJSFIT J UFXXJ UFLT 2FX S§T S§T UWJHNXF[F IJ NW IJ GFWHT UFWF T YWJNST VZJ T 2FSZJQ 'JSYT O¥ UFXXFWF UTW XZF HFXF UWTRJYJSIT FT UFN VZJ T QJ[F[F J T YWF_NF YTITX TX INFX SF HFWWNSMF IT UJN]J JR VZJ YWFSXUTWYF[F ¤ GTQJNF [¥WNTX TZYWTX OTLFITWJX IF RFWLJR XZQ 5F[NH VZNXJWF VZJ OTLFXXJ F ȁSFQ IF 9F«F IJ VZJ T 'JSȁHF UJWIJZ UFWF T 'TF[NXYF F +5+ S§T IJN]TZ &NSIF HTR FSTX 2¥WNT <NQXTS QJ[TZ (MFQFSF UFWF JXY¥LNT JR 8JXNRGWF F NIJNF JWF VZJ IJKWTSYFXXJ T 'F^JWS STX VZFWYTX IJ ȁSFQ F :*+& INXXJ FT 'JSȁHF VZJ X· HTR RFNX IJ FSTX ­ VZJ UTINFƓ )JYYRFW (WFRJW T YWJNSFITW IJ oRJYWT J RJNT RFNX GJR XJW[NIT IJ SFWN_ IT VZJ IJ HFGJQT FT TZ[NW UTW YTIT T QFIT IN-

— … não se podem esquecer que estivemos aqui com as lesões mal curadas ou nem sequer curadas de Kappelmann, de Hansen, de Schwarzenbeck, de Roth, de Durnberger — pelo que quase se podia dizer que o Bayern contra o St. Étienne era o Hospital PrinciUFQ IJ 2ZSNVZJ HTSYWF T 8Y YNJSSJ 5WFLR¥YNHTX OTL¥RTX X· UFWF LFSMFW RJXRT FXXNR SF UFWYJ ȁSFQ O¥ ­WFRTX S·X VZJ RFSI¥[FRTX ST OTLT TX KWFSHJXJX JXYF[FR IJXKJNYTX & 7TGJWY -JWGNS T YWJNSFITW IT 8Y YNJSSJ T VZJ QTLT XJ QMJ FUFSMTZ KTN ZR RFLTFIT RZWR¾WNT Ɖ 8· F IJXLWF«F STX IJWWTYTZ 4X XJZX OTLFITWJX QFWLFWFR F WJQ[F JR Q¥LWNRFX XTG FUQFZXTX ITX FIJUYTX VZJ YNSMFR JXYFIT RNSZYTX F LWNYFW &QQJ_ QJX [JWYX &QQJ_ QJX [JWYX 65


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OITAVOS DE FINAL 'JSȁHF 3RUWXJDO ² 8MSHVW +XQJULD

5 – 2 // 1 – 3

'TWZXXNF 2ºSHMJSLQFIGFHM 5)$ ² -XYHQWXV ,WiOLD

1/16 AVOS DE FINAL 'JSȁHF 3RUWXJDO ² )HQHUEDKoH 7XUTXLD

7 – 0 // 0 – 1

'TWZXXNF 2ºSHMJSLQFIGFHM 5)$ ² : ,QQVEUXFN ÉXVWULD

1 – 1 // 6 – 1

.% .¡EHQKDYQ 'LQDPDUFD ² 8Y YNJSSJ (França)

0 – 2 // 1 – 3

&6.$ 6RÀD %XOJiULD ² /Z[JSYZX ,WDOLD

2 – 1 // 0 – 2

)ORULDQD )& 0DOWD ² -FOIZP 8UQNY -XJRVOiYLD

0 – 5 // 0 – 3

2 – 0 // 2-2

'HUE\ &RXQW\ ,QJODWHUUD ² 7JFQ 2FIWNI (Espanha)

4 – 1 // 1 – 5

)NSFRT 0NJ[ 8566 ² ,$ $NUDQHV ,VOkQGLD

3 – 0 // 2 – 0

-FOIZP 8UQNY -XJRVOiYLD ² 0ROHQEHHN %pOJLFD

4 – 0 // 3 – 2

0DOP| 6XpFLD ² 'F^JWS (RFA)

1 – 0 // 0 – 2

5XFK &KRU]yZ 3ROyQLD ² 58; *NSIMT[JS (Holanda)

1 – 3 // 0 – 4

8Y YNJSSJ )UDQoD ² *ODVJRZ 5DQJHUV (VFyFLD

2 – 0 // 2 – 1

/D -HXQHVVH G·(VFK /X[HPEXUJR ² 'F^JWS (RFA)

0 – 5 // 1 – 3

/LQÀHOG ,UODQGD GR 1RUWH ² 58; *NSIMT[JS (Holanda)

1 – 2 // 0 – 8

QUARTOS DE FINAL

2 – 1 // 1 – 2 (2 – 1 nos penáltis) 2O\PSLDNRV *UpFLD ² )NSFRT 0NJ[ 8566

%HQÀFD 3RUWXJDO ² 'F^JWS (RFA)

2 – 2 // 0 – 1

%RUXVVLD 0|QFKHQJODGEDFK 5)$ ² 7 2FIWNI (Espanha)

2FQRº 6XpFLD ² 0DJGHEXUJR 5'$

,QFXLT\ 7FSLJWX (VFyFLD ² %RKHPLDQV ,UODQGD

4 – 1 // 1 – 1

7JFQ 2FIWNI (VSDQKD ² 'LQDPR %XFDUHũWH 5RPpQLD

4 – 1 // 0 – 1

7ZHM (MTW_·\ 3ROyQLD ² .X36 .XRSLR )LQOkQGLD

5 – 0 // 2 – 2

0 – 0 // 1 – 5 2 – 2 // 1 – 1

'LQDPR .LHY 8566 ² 8Y YNJSSJ (França)

2 – 0 // 0 – 3 2 – 0 // 0 – 3

6ORYDQ %UDWLVODYD &KHF ² )JWG^ (TZSY^ ,QJODWHUUD

1 – 0 // 0 – 3

OUJXY +XQJULD ² )& = ULFK 6XtoD

4 – 0 // 1 – 5

MEIAS-FINAIS

2TQJSGJJP %pOJLFD ² 9LNLQJ 6WDYDQJHU 1RUXHJD

3 – 2 // 1 – 0

5HDO 0DGULG (VSDQKD ² 'F^JWS (RFA)

2 – 1 // 0 – 4

8Y YNJSSJ )UDQoD ² 369 (LQGKRYHQ +RODQGD

2PRQLD 1LFRVLD &KLSUH ² .& &PWFSJX ,VOkQGLD

MELHORES MARCADORES

+DMGXN 6SOLW -XJRVOiYLD ² 58; *NSIMT[JS (Holanda)

1 – 1 // 0 – 2

1 – 0 // 0 – 0

Jupp Heynckes (Borussia Mönchengladbach) 6 golos (6 jogos) 1HQp %HQÀFD

5 golos (6 jogos) 6ODYLåD æXQJXO +DMGXN 6SOLW

5 golos (6 jogos) Harry Lubse (PSV Eindhoven) 5 golos (8 jogos) 5REHUWR 0DUWtQH] 5HDO 0DGULG

5 golos (8 jogos) 6DQWLOODQD 5HDO 0DGULG

5 golos (8 jogos) Gerd Müller (Bayern) 5 golos (9 jogos)


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1975/76

1

Bayern

0

St. Étienne Final 12 de maio de 1976

Hampden Park, Glasgow Árbitro: Károly Palotái BAYERN: Sepp Maier; Johnny Hansen, HansGeorg Schwarzenbeck, Franz Beckenbauer (cap.), Udo Horsmann; Franz Roth, Jupp Kapelmann, Bernd Dürnberger; Uli Hoeness, Gerd Müller, Karl-Heinz Rummenigge. Treinador: Dettmar Cramer.

ST. ÉTIENNE: .[FS ÊZWPT[NË ,­WFI /FS[NTS Osvaldo Piazza, Christian Lopez, Pierre Repellini; /JFS 2NHMJQ 1FWVZ­ HFU )TRNSNVZJ 'FYMJSF^ /FHVZJX 8FSYNSN 5FYWNHP 7J[JQQN -JW[­ 7J[JQQN Christian Sarramagna (Dominique Rocheteau, 83) Treinador: Robert Herbin. Marcadores: 1-0: Franz Roth (57).



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Capítulo XXIII 1976/77

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)


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/ K ³ b 3 3 ė - 0 :8 Para a temporada de 1976/77, Borges Coutinho, o presidente IT 'JSȁHF VZJWNF ZR NSLQ®X ST QZLFW IJ 2¥WNT <NQXTS 5JSXTZ IJ ST[T JR /NRR^ -FLFS RFX -FLFS O¥ XJ HTRUWTRJYJWF HTR T 8UTWYNSL &UTXYTZ JSY§T JR /TMS 2TWYNRTWJ Ɖ J HTR JQJ HMJLTZ ¤ 1Z_ ZRF ST[NIFIJ ZR YWFIZYTW /T§T &SXJQRT JWF RFOTW IJ HF[FQFWNF J UTW XJYJRGWT IJ UFXXFWFR ST ¤ WJXJW[F (TR 5TWYZLFQ ST 57*( FWWFSOFW JRUWJLT YTWSTZ XJ HFWLF IJ YWFGFQMTX YJSYTZ F XZF XTWYJ JR .SLQFYJWWF — … a trabalhar com cavalos de corrida e obstáculos, um serviço muito mal pago, pelo menos desde que não se seja diplomado como mestre de equitação (revelou-o em A BOLA, a Rebelo Carvalheira). &NSIF JXYJ[J SF '­QLNHF F YWFGFQMFW HTR T UWJXNIJSYJ IT 'WZLLJ Ɖ J FT QJW JR & '41& JSYWJ[NXYF IJ 7TR§T 2FWYNSX F KFQFW IT NSYJWJXXJ IT 'JSȁHF SZR YWFIZYTW /T§T &SXJQRT KTN Q¥ TKJWJHJW XJ (TSYWFYFWFR ST T RFOTW /T§T HTRT TX OTLFITWJX T UFXXFWFR F YWFYFWƓ WJ[JQTZ T — Corro ao lado de míster Mortimore e tudo o que ele vai dizendo, eu vou traduzindo 3§T FSYJX IT FWWFSVZJ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX FNSIF Q¥ S§T JXYF[F *R )WJXIJS HNIFIJ FWWFXFIF UTW GTRGFWIJNWTX NSLQJXJX STX IJWWFIJNWTX INFX IF LZJWWF T )±SFRT LFSMTZ UTW Ɖ J 2TWtimore transpirou otimismo: — Setenta mil farão um golo e a equipa fará dois. 70

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

3F 7)& S§T OTLTZ ;±YTW 'FYNXYF (TSYNSZF[F JSWTINQMFIT SF ST[JQF VZJ XJ NSNHNFWF ST IJKJXT VZFSIT JLTH®SYWNHT XTUWTZ JR GWFIT — Sou o maior e pelo dinheiro que me pagam não jogo mais ST 'JSȁHF &UFWJHNF YWJNSF[F XJ FZXJSYF[F XJ [TQYF[F F FUFWJHJW &Y­ VZJ FXXNSTZ T HTSYWFYT Ɖ (TRNLT FLTWF T 'JSȁHF [TQYF F YJW ZRF LWFSIJ JVZNUF 2TWYNRTWJ HTSYTZ RFQ FX KF[FX SF 1Z_ T )±SFRT IJ )WJXIJS JRUFYTZ F _JWT Ɖ J ;±YTW 'FYNXYF X· HTSXJLZNZ JXYFW RJNF MTWF JR HFRUT 8ZGNZ HQFWT F YJRUJWFYZWF ¤ UWJTHZUF«§T RFX VZJR [FN RFWHFW LTQTX SF JVZNUF$ *ZX­GNT [TQYFWF IF &R­WNHF HTRT HFRUJ§T 9TSN J -ZRGJWYT FHMFWFR VZJ F RJQMTW MNU·YJXJ XJWNF JQJ KFQFWFR INXXT F 7TR§T 2FWYNSX Ɖ J F WJXUTXYF KTN XNR YFQ[J_ RFX YJW¥ IJ [NW ¤ J]UJWN®SHNF (QFWT VZJ *ZX­GNT S§T VZNX XZOJNYFW XJ ¤ oNSIJQNHFIJ_F IF J]UJWN®SHNF Ɖ FHFGTZ UTW NW UFWF T 'JNWF 2FW F[NXFSIT — Ao contrário do que muita gente pensa, não estou acabado. ;TQYTZ ;±YTW 'FYNXYF ¤ YW¥LNHF IFS«F HTR TX XJZX KFSYFXRFX 3T 'JSȁHF YJSYTZ XJ VZJ KTXXJ F ZR UXNVZNFYWF WJUZINTZ F ideia: — Não estou maluco. (TR T FST F ȁSIFW HTSYWF T 1JN]¹JX O¥ IJUTNX IT OTLT YJWRNSFIT NSXZQYTZ &QIJW )FSYJ ZR JXUJHYFITW QFS«TZ QMJ ZR UNWTUT FHJWYTZ QMJ HTR F GTYF SF HFWF 8JNX OTLTX IJ XZXUJSX§T KTN T HFXYNLT Ɖ J F ­UTHF KTN F UFXXFSIT ;±YTW 'FYNXYF RFNX TZ RJSTX IJ VZFWJSYJSF LFWFSYNSIT XJRUWJ VZJ S§T VZJ S§T FSIF[F SF R¥ [NIF 4 )±SFRT )WJXIJS X· UJWIJZ FX RJNFX ȁSFNX ST IJXJRUFYJ UTW UJS¥QYNX XJ YN[JXXJ UFXXFIT YJWNF IJKWTSYFIT T 1N[JWUTTQ Ɖ VZJ SJXXF KFXJ XJ IJXJRGFWF«TZ IT ?ZWNVZJ HTR IZFX [NY·WNFX J



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Para cada campeão 400 contos, quando havia americanos a comprar bebés em Portugal por 500 Depois de afastar o Áustria de Viena e o Torino, no outro HFRNSMT UFWF F ȁSFQ IJ 7TRF T 'TWZXXNF 2ºSHMJLQFIGFHM YJ[J IJ GFYJW XJ STX VZFWYTX IJ ȁSFQ HTR T (QZGJ 'WZLLJ VZJ YWJNSFIT UTW *WSXY -FUUJQ JQNRNSFWF T 7JFQ 2FIWNI 4X GJQLFX JXYN[JWFR F LFSMFW UTW SF &QJRFSMF JR KTWHNSL ȁSFQ TX FQJR§JX HMJLFWFR F Ɖ J SF XJLZSIF R§T LTQT IJ <NQ KWNJI -FSSJX F TNYT RNSZYTX IT ȁR U¸X TZYWF [J_ T 'TWZXXNF F XTSMFW HTR T UFWF±XT 3§T T UJWIJWFR UTWVZJ IJ 0NJ[ XF±WFR HTR IJWWTYF UTW JR 2ºSHMJLQFIGFHM T )±SFRT 0NJ[ VZJ FKFXYFWF T 'F^JWS UJWIJZ UTW *XYZIT FUTSYTZ UFWF VZJ T NRUFHYT JHTS·RNHT IT 1N[JWUTTQ 'TWZXXNF ST *XY¥INT 4Q±RUNHT IJ 7TRF ZQYWFUFXXFXXJ HNSHT RNQ RNQM¹JX IJ QNWFX RFNX IJ RNQ HTSYTX Ɖ J IJXXF RFVZNF T VZJ XJ XFGNF JWF VZJ HJWHF IJ RNQ HTSYTX WJ[JWYNFR INWJYFRJSYJ UFWF T KZYJGTQ VZJ NSIJUJSIJSYJRJSYJ IT WJXZQYFIT ST HFRUT FRGTX TX HQZGJX FWWJHFIFWNFR RFNX IJ RNQ HTSYTX 5JQT VZJ S§T XJ JXYWFSMTZ VZJ T UW­RNT F HFIF OTLFITW VZJ [JSHJXXJ F 9F«F ITX (FRUJ¹JX KTXXJ T VZJ KTN RFNX IJ HTSYTX 5TW JXXF FQ YZWF T )N¥WNT 5TUZQFW IJX[JQTZ JR HMTHFSYJ WJUTWYFLJR VZJ ST JXUF«T IJ ZR FST YNSMFR XNIT [JSINIFX UFWF TX *XYFITX :SNITX HWNFS«FX F HTSYTX HFIF o4 SJL·HNT JWF J]UQTWFIT UTW ZR UTWYZLZ®X WJXNIJSYJ JR 3T[F .TWVZJ VZJ JR 5TWYZLFQ FQNHNF[F UWTXYNYZYFX F IFW ¤ QZ_ HZXYJF[F QMJ F HTRUWF IJ JS]T[FQ FX IJX UJXFX R­INHFX JSYWJLFSIT XTGWJ NXXT F FQLZRFX IJXXFX RZQMJ WJX RFNX HTSYTX

* &QKWJIT +FWNSMF XZGQNSMTZ T o8J ­ HJWYT VZJ T 1N[JWUTTQ S§T IJXQZRGWTZ J VZFSIT ­ VZJ ZRF JVZNUF NSLQJXF KTN IJX QZRGWFSYJ$ YFRG­R ­ [JWIFIJ VZJ XJ XNYZTZ RZNYT FHNRF IF [ZQLFWNIFIJ 4 XJZ WNYRT F XZF KTW«F F XZF HFI®SHNF T XJZ FZYTRFYNXRT IJ R¥VZNSF UTW [J_JX NSKJWSFQ UTIJWNFR YJW IJX YWZ±IT VZFQVZJW TZYWT FI[JWX¥WNT * FNSIF ȁHTZ ST FW F XJSXF«§T IJ VZJ XJ YN[JXXJ XNIT SJHJXX¥WNT YJWNF HMJLFIT RFNX QTSLJ

*R & '41& F UWNRJNWF U¥LNSF IF[F T YTVZJ ¤ KJXYF YNSLNIF IJ [JWRJQMT [N[T ,TI 8F[J 9MJ 3J\ 0NSL HFSYFWFR RNQ NSLQJXJX JR 7TRF

&UJXFW IF TUTXN«§T IF NRUWJSXF NYFQNFSF F :*+& IJHNINZ VZJ IFVZJQF [J_ J IF± JR INFSYJ TX OTWSFQNXYFX JXYF[FR NRUJINITX IJ KF_JWJR T VZJ FSYJX KF_NFR JSYWFWJR STX GFQSJ¥WNTX UFWF

72

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

(FUF IJ & '41& HTR WJKJW®SHNF ¤ [NY·WNF NSLQJXF SF ȁSFQ IJ

& [NY·WNF KTN UTW HTR LTQTX IJ 9JWW^ 2H)JWRTYY FTX RNSZYTX 9TRR^ 8RNYM FTX J 5MNQ 3JFQ IJ UJS¥QYN FTX Ɖ J T IT 'TWZXXNF HTZGJ F &QQFS 8NRTSXJS FTX


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as entrevistas que quisessem, com quem quisessem — e foi em já montada sala de conferência de imprensa que Bob Paisley, YWJNSFITW IT 1N[JWUTTQ FȁWRTZ — A certa altura sentimos necessidade de jogar um pouco mais lentos. Foi naquele período do início da segunda parte em que o Borussia esteve na sua melhor fase. Contudo, a minha equipa conseguiu uma bela exibição a todo o tempo, mesmo não mostrando tudo o que pode fazer. Incontestável é que merecemos o título — e que o merecemos assim é o que iremos provar nos próximos tempos, prometo-vos… :IT 1FYYJP VZJ ȁSFQNXYF O¥ KTWF UJQT 'F^JWS KTN T IJ ST[T Ɖ J S§T XFHZINZ IJ XN F IJXTQF«§T

ficando de olhar fixo para dentro do carro, Shankly excla RTZ QMJ — Não me diga que não sabe quem é que eu tenho dentro do meu automóvel?! O futuro capitão de Inglaterra! Não, não falhou — Hughes rendeu Bobby Moore como ca UNY§T IF XJQJ«§T NSLQJXF * S§T KTN X· FU·X F 9F«F :*+& IJ 1972/73, desentendimento entre Tommy Smith e Bill Shankly YTWSTZ T HFUNY§T IT 1N[JWUTTQ &T IJN]FW IJ OTLFW YTWSTZ XJ JX trela na BBC e foram dele as palavras que se soltaram brutais IF YWFL­INF ST -J^XJQ SFVZJQF ȁSFQ XTGWJ XFSLZJ JR VZJ F /Z[JSYZX LFSMTZ FT 1N[JWUTTQ UTW — O futebol morreu, os hooligans venceram.

— Reconheço que o Borussia jogou muito mal e cometeu muitos erros. Talvez isso se tenha dado devido ao facto de toda a equipa se sentir afetada pelo que se passou com o nosso melhor jogador: Simonsen não ter podido render o seu normal uma vez que durante toda a semana se viu impedido de treinar, pois sofre de uma forte infeção que o obrigou a tomar antibióticos durante todo este tempo. Mesmo assim, o Borussia tinha obrigação de fazer muito melhor — e a verdade é que o Liverpool mereceu a taça. Se para Lattek o seu melhor jogador era o dinamarquês Si monsen, o goleador mais temido do Borussia continuava a ser -J^SHPJX T /ZUU -J^SHPJX 3TST ȁQMT IJ ZR KJWWJNWT J VZJ levado pelo sonho de se tornar arquiteto, usava os intervalos da escola para aprender a arte de estocador. Também arranjava tempo para jogar hóquei no gelo no inverno e futebol no verão — e foi assim que se lhe descobriu o génio que lhe mudou o destino… A Taça dos Campeões, quem a recebeu com o Estádio Olímpico de Roma em fervor foi Emily Hughes. No dia em que Bill Shankly o fora buscar ao Blackpool por 65 mil libras, um polícia mandou parar o mítico treinador do Liverpool — e

Final de Heysel, em 1985, vermelha de sangue tingida

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Kevin Keegan 35 mil libras foi quanto o Liverpool por ele pagou, quantia irrisória face a talento enorme e facilidade de fazer golos

1977


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Por que Keegan às vezes jogava de lágrimas nos olhos (mesmo que se não vissem) Alfredo Farinha pô-lo em destaque em A BOLA: «Keegan, supervedeta do Liverpool, foi o único super do jogo e por causa dele é que Roma ardeu durante toda a noite». Kevin Keegan nascera em Armthorpe, próximo de Doncanter, no seio de família irlandesa. Testes a que se aventurou no Coventry City ou no Doncaster Rovers, chumbaram-no, achavam-no baixote para avançado que queria ser. Aos 16 anos empregou-se numa fábrica de válvulas e adaptadores de canalização para engenharia hidráulica e, ao serviço da sua equipa, encantou olheiro do Scunthorpe United, clube que andava pela quarta divisão. Acabara de fazer 20 anos quando Geoff Twentyman o viu em ação — e, deslumbrado, correu a dizer a Bill Shankly que o fosse buscar. Levou-o a troco de 35 mil libras — e, por agosto de 1971, estreou-se no ataque do Liverpool, com John Toshack ao lado. Não tardou que lhe apanhassem a revelação, emocionada: — Mesmo que de lá de cima se não veja, já joguei muitas vezes com as lágrimas nos olhos ao ouvir cantar You’ll Never Walk Alone há situações em que não consigo controlar a emoção… E, assim, se foi tornando a estrela do Liverpool — com Rob Steen, jornalista do Sunday Times, a notá-lo: — O seu cabelo podia lembrar um poodle hiperativo, mas o seu espírito era essencialmente de um buldogue. Compensando com a sua coragem e determinação o que lhe faltava no físico, Keegan fazia golos com um prazer contagiante, que o tornou essencial na última formação do ilustre Bill Shankly e na primeira de Bob Paisley. &U·X F ȁSFQ HTSȁWRTZ VZJ FVZJQJ KTWF T XJZ ¾QYNRT OTLT UJQT 1N[JWUTTQ 4 -FRGZWLT pagou 500 mil libras, apenas, pela «cláusula de libertação» que Kevin pusera no seu conYWFYT Ɖ J ¤ HMJLFIF ¤ &QJRFSMF HTSȁIJSHNTZ T — Claro que ainda tenho muitos sonhos para conquistar e um deles é ter um milhão de libras na minha conta bancária… 3T 1N[JWUTTQ T XJZ XFQ¥WNT FSZFQ FSIF[F UJQFX RNQ QNGWFX ST -FRGZWLT UFXXTZ F YJW (juntando-lhes os contratos de publicidade) 250 mil libras ao ano. Estranho foi que a Bola de Ouro do France Football não a tivesse vencido Kevin Keegan — venceu-a Allan Simonsen. 75


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OITAVOS DE FINAL Zürich (Suíça) – TPS (Finlândia)

2 – 0 // 1 – 0

Ferencváros (Hungria) – Dinamo Dresden (RDA)

1/16 AVOS DE FINAL Glasgow Rangers (Escócia) – Zürich (Suíça)

1 – 1 // 0 – 1

Sliema Wanderers (Malta) – TPS (Finlândia)

2 – 1 // 0 – 1

Ferencváros +XQJULD ² /D -HXQHVVH G·(VFK /X[HPEXUJR

5 – 1 // 6 – 2

Dinamo Dresden 5'$ ² %HQÀFD 3RUWXJDO

2 – 0 // 0 – 0

&6.$ 6yÀD %XOJiULD ² St. Étienne (França)

0 – 0 // 0 – 1

1 – 0 // 0 – 4

St. Étienne (França) – PSV Eindhoven (Holanda)

1 – 0 // 0 – 0

Trabzonspor (Turquia) – Liverpool (Inglaterra)

1 – 0 // 0 – 3

Baník Ostrava (Checoslováquia) – Bayern (RFA)

2 – 1 // 0 – 5

Dinamo Kiev (URSS) – PAOK (Grécia)

4 – 0 // 2 – 0

Torino (Itália) – Borussia Mönchengladbach (RFA)

1 – 2 // 0 – 0

Real Madrid (Espanha) – Club Brugge (Bélgica)

0 – 0 // 0 – 2

Dundalk (República da Irlanda) – PSV Eindhoven (Holanda)

1 – 1 // 0 – 6

ÍA (Islândia) – Trabzonspor (Turquia)

1 – 3 // 2 – 3

QUARTOS DE FINAL

2 – 0 // 5 – 0

Zürich (Suíça) – Dinamo Dresden (RDA)

2 – 1 // 0 – 2

St. Étienne (França) – Liverpool (Inglaterra)

Liverpool (Inglaterra) – Crusaders (Irlanda do Norte) Viking (Noruega) – Baník Ostrava (Checoslováquia) Køge (Dinamarca) – Bayern (RFA)

0 – 5 // 1 – 2

Dinamo Kiev (URSS) – Partizan (Jugoslávia)

3 – 0 // 2 – 0

Omonia (Chipre) – PAOK (Grécia)

0 – 2 // 1 – 1

2 – 1 // 2 – 3 1 – 0 // 1 – 3

Bayern (RFA) – Dinamo Kiev (URSS)

1 – 0 // 0 – 2 2 – 2 // 1 – 0

Torino (Itália) – Malmö (Suécia)

2 – 1 // 1 – 1

Austria Viena (Áustria) – Borussia Mönchengladbach (RFA)

1 – 0 // 0 – 3

MEIAS-FINAIS

Stal Mielec (Polónia) – Real Madrid (Espanha)

1 – 2 // 0 – 1

Zürich (Suíça) – Liverpool (Inglaterra)

2 – 1 // 1 – 1

Dinamo Kiev (URSS) - Borussia Mönchengladbach (RFA)

Club Brugge (Bélgica) – Steaua Bucareste (Roménia):

MELHORES MARCADORES

Borussia Mönchengladbach (RFA) – Club Brugge (Bélgica)

1 – 3 // 0 – 3

1 – 0 // 0 – 2

Gerd Müller (Bayern) 5 golos (6 jogos) Franco Cucinotta (Zürich) 5 golos (8 jogos) René van de Kerkhof (PSV Eindhoven) 4 golos (4 jogos) Tibor Nyilasi (Ferencváros) 4 golos (4 jogos) Conny Torstensson (Bayern) 4 golos (6 jogos) Kevin Keegan (Liverpool) 4 golos (9 jogos) Phil Neal (Liverpool) 4 golos (9 jogos)


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1976/77

3

Liverpool

1

Borussia Mönchengladbach Final 25 de maio de 1977

Estádio Olímpico, Roma Árbitro: Robert Wurtz (França) LIVERPOOL: Ray Clemence; Phil Neal, Tommy Smith, Emlyn Hughes (cap.), Joey Jones; Ray Kennedy, Jimmy Case, Terry Callaghan; Kevin Keegan, Steve Heighway, Terry McDermott. Treinador: Bob Paisley

BORUSSIA MÖNCHENGLADBACH : Wolfgang Kneib; Berti Vogts (cap.), Jürgen Wittkamp, Rainer Bonhof, Hans Klinkhammer; Frank Schäffer, Uli Stielike, Horst Wohlers (Wilfried Hannes, 79); Allan Simonsen, Jupp Heynckes, Herbert Wimmer (Christian Kulik, 24). Treinador: Udo Lattek. Marcadores: 1-0, Terry McDermott (28); 1-1, Allan Simonsen (52); 2-1, Tommy Smith (64); 3-1, Phil Neal (82)



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Capítulo XXIV 1977/78

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)


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No novo Liverpool, a taça (com menos brilho) saiu de um «momento de inspiração» de Dalglish (o rapaz que tinha andado a esconder pósteres do Glasgow Rangers)

— Disseram-me que os russos são amadores, por isso não jogo HTSYWF FRFITWJX X· OTLT HTSYWF UWTȁXXNTSFNX

Para a primeira eliminatória da Taça dos Campeões Europeus IJ FT 'JSȁHF HFQMTZ T 9TWUJIT IJ 2TXHT[T Ɖ J IF 1Z_ XF±WFR TX XT[N­YNHTX HTR (TR ;±YTW 'FYNXYF NSINXUT S±[JQ /TMS 2TWYNRTWJ QFS«TZ F YNYZQFW (JQXT 5NYF ;NJWF IT 'TF [NXYF JXYF[F F HFRNSMT IF YWFL­INF RJSTX IJ ZR FST IJUTNX (JQXT UFWTZ T HFWWT SF JXYWFIF UFWF YWTHFW USJZ VZJ XJ KZWFWF HFRN§T IJXUWJ[JSNIT FYNSLNZ T HTR GWZYFQNIFIJ IJ RFXXF JS HJK¥QNHF UJWINIF ST YWFZRFYNXRT HWFSNFST FHFGFWNF UTW XJ QN[WFW IJ ZRF HFIJNWF IJ WTIFX Ɖ RFX UFWF T KZYJGTQ RTWYT ȁHTZ *R [NFLJR TX OTLFITWJX IT 'JSȁHF YNSMFR IJ ZXFW KFYTX J HFQ«FX IJ KF_JSIF ;±YTW 'FYNXYF T WJGJQIJ FUFWJHJZ ST &J WTUTWYT IF 5TWYJQF F HFRNSMT IJ 2TXHT[T IJ LFSLF WT«FIF J XFSI¥QNFX IJ RJYJW T IJIT

2TWYNRTWJ WNXHTZ T IF NIJNF Ɖ J IF JVZNUF MTWF IT OTLT HTR T 9TWUJIT JXYF[FR XJNX LWFZX SJLFYN[TX 8M­Z HTSYTZ VZJ T KWNT SJR XJVZJW IJN]F[F VZJ TX RF]NQFWJX KZSHNTSFX XJR Ɖ oUTW NXXT F HTRZSNHF«§T JWF UTW LJXYTX &T HFGT IJ RNSZYTX UQFHFWI JR HTRT SF 1Z_ +TN UFWF IJ XJRUFYJ STX UJS¥QYNX Ɖ J IJ Q¥ XFNZ 2FSZJQ 'JSYT MJW·N )J KJSIJZ T UTSYFU­ IJ .ZWNSJ TGWNLTZ 3NPTST[ F WJRFYFW UFWF KTWF 5NJYWF /TX­ 1Z±X J (MFQFSF FHJWYFWFR 'JSYT UJLTZ SF GTQF J HTQTHTZ XJ INFSYJ IT LZFWIF WJIJX WZXXT Ɖ VZJ HTW WJZ F UWTYJXYFW HTR T ¥WGNYWT IN_JSIT VZJ S§T UTINF RFW HFW UTWVZJ S§T JWF OTLFITW IJ HFRUT 2FWHTZ J T 'JSKNHF UFXXTZ

— Os diretores disseram-me que era feio estar assim vestido e mandaram-me trocar de roupa. Não troquei. E é mentira que me tenham obrigado a entrar no avião à força (isso contou em A BOLA). 3F :788 [N[NF XJ SFYZWFQ J FLWJXYJ NS[JWSNF 3F STNYJ IF FIFU YF«§T FT *XY¥INT (JSYWFQ Ɖ YTITX TX XJZX HTRUFSMJNWTX KTWFR IJ LWTXXTX KFYTX IJ YWJNST J LTWWTX FY­ ;±YTW 'FYNXYF XZGNZ FT WJQ[FIT IJ HFQ«¹JX J Y XMNWY & YJRUJWFYZWF JWF SJLFYN[F UTZ HFX MTWFX FSYJX INXXJWF VZJ JXYF[F QJXNTSFIT XF±IF IT MTYJQ UFWF T OTLT HTR T 9TWUJIT 'FYNXYF F[NXTZ 2TWYNRTWJ IJ VZJ JXYF[F NSINXUTS±[JQ 4 YWJNSFITW HFNZ IFX SZ[JSX QJ[FSYTZ XJ T WZRTW IJ VZJ IJHNINWF S§T OTLFW FȁWRFSIT QMJ 80

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

6ZJ S§T KTN GJR FXXNR WJ[JQTZ T ;±YTW 'FYNXYF JR & '41& — O que é verdade, verdadinha, é que senti dores ao sprintar e disse ao sr. Mortimore que só jogaria se, no caso de se agravar F QJX§T T 'JSȁHF RJ UFLFXXJ T TWIJSFIT UTW NSYJNWT IZWFSYJ F inatividade. A resposta foi não — perante isso disse que então era preciso arranjarem outro para colocar no meu lugar.

3T WJLWJXXT IF :788 +JWWJNWF 6ZJNRFIT XZXUJSIJZ ;±YTW 'F YNXYF 9TSN HTS[JSHJZ T F IFW QMJ RFNX ZRF TUTWYZSNIFIJ )JZ QMF Ɖ J JXYJ[J JR FRGTX TX OTLTX HTSYWF TX INSFRFWVZJXJX IT 'TQIPQZGGJS IZFX [NY·WNFX HTR ITNX LTQTX IJ 5NJYWF 1N[WJ ITX F[TX IJ ȁSFQ STX IJ ȁSFQ T 1N[JWUTTQ UJW IJZ SF 7)& UTW RFX JR &SȁJQI 7TFI IJXUFHMTZ HTR [JJ R®SHNF T )NSFRT )WJXIJS +TN VZJR HTZGJ FT 'JSȁHF SF WTSIF XJLZNSYJ ;±YTW 'FYNXYF HTSYNSZTZ SF GJWQNSIF HMJLFWF FY­ F QJ[FW H§T UFWF T YWJNST UWJSIJSIT T UJQF YWJQF F ZRF GF QN_FƓ J [TQYTZ F WJHZXFW 2TWYNRTWJ WJXNLSTZ XJ — Queixou-se de dores em tudo, até na... cabeça. O médico fez-lhe testes, garantiu que estava em condições, mas ele não...



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Outro milagre de Happel, o fumador das «poucas conversinhas com jogadores» 3T QZLFW IJ ;±YTW 'FYNXYF 2TWYNRTWJ U¸X (JQXT 5NYF T 'JSȁHF UJWIJZ UTW *R 1N[JW UTTQ FNSIF RFNX UJXFIF KTN F IJWWTYF 5FWF HMJLFWJR ¤ ȁSFQ TX NSLQJXJX JQNRNSFWFR 'TWZXXNF 2ºSHMJSLQFIGFHM Ɖ J JXUFSYTXT KTN VZJR Q¥ YJ[J HTRT FI[JWX¥WNT T (QZGJ 'WZLLJ IJ *WSXY -FUUJQ JR RFNX ZR ITX XJZX RNQFLWJXƓ FKFXYFSIT T 0Z58 T 5FSFYMNSFNPTX T &YQ­YNHT IJ 2FIWNI J F /Z[JSYZX )J STRJ HTRUQJYT YNSMF (QZG 'WZLLJ 0; Ɖ J T 0; XNLSNȁHF[F oWJFQ XTHNJIFIJ Ɖ INXYNS«§T MTSTW±ȁHF FYWNGZ±IF UJQF (TWTF F HQZGJX VZJ FYNSLJR ZRF HJWYF INXYNS«§T ZRF HJWYF J[NI®SHNF HTRT FHTSYJHJ JR *XUFSMF *]UQNHTZ T *WSXY -FUUJQ VZJ ST 'WZLLJ XJ RFSYJ[J NLZFQ FT VZJ XJRUWJ KTN J XJWNF KZRFITW HTRUZQXN[T VZJ UZSMF T GFSHT XTG TSIZQFSYJX SZ[JSX IJ KZRT VZJ [N[NF ST KZYJGTQ RJYNIT UFWF IJSYWT IJ XN UW·UWNT NSXNXYNSIT ST YWF«T Ɖ (TRNLT UTZHFX HTS[JWXNSMFX HTR TX OTLFITWJXƓ 2FX UXNH·QTLT STY¥[JQ HFUF_ IJ HTR JXXFX oUTZHFX HTS[JWXNSMFX YWFSXKTWRFW oHFW SJNWNSMTX JR QTGTX JXKFNRFITX 2FX S§T JR <JRGQJ^ HTSYWF T 1N[JWUTTQ S§T KTN NXXT VZJ XJ [NZ Ɖ T VZJ XJ [NZ XNSYJYN_TZ T UJWKJNYT (FWQTX 5NSM§T T JS[NFIT JXUJHNFQ IJ & '41& o+NSFQ INXHWJYF HTR [JSHJITW HJWY±XXNRT Ɖ FHWJXHJSYFSIT QMJ o&XXNR VZJ T ¥WGNYWT FUNYTZ YTWSTZ XJ UJSTXT T HTRJ«T IT HFRUJ§T GJQLF 3§T JWF RJIT JWF U¦SNHT RFSNKJXYT SFVZJQJX UFXXJX IJ QTSLJ FT LZFWIF WJIJX J SZR J]HJXXN[T WJKTW«T IJKJSXN[T SZRF VZFXJ FGXYNS®SHNF FYFHFSYJ )J YFQ HJS¥WNT XJ KTN FQ«FSIT T INSFRFWVZ®X 'NWLJW /JSXJS SF GFQN_F HTRT XJ KTXXJ ZRF JXU­HNJ IJ 8JUU 2FNJW ST XJZ JXYNQT F LWFSIJ ȁLZWF IT OTLT oY§T LWFSIJ VZJ RFSYJWNF T FY­ FT NSYJW[FQT J HMJLTZ F HWNFW F NIJNF IJ VZJ XJWNF HFUF_ UTW XN X· IJ T RFSYJW FY­ ȁSFQ 4 RTIT FKTNYT J FZIF_ HTRT J[NYTZ LTQT F 2H)JWRTYY IJN]TZ T UTW­R QJXNTSFIT ST OTJQMT Ɖ J GFXYFX [J_JX XJ [NZ T RFXXFLNXYF OZSYT FT UTXYJ F UWJXYFW QMJ FXXNXY®SHNF 2FX T KZYJGTQ ­ RJXRT FXXNR KTN IJKJSIJSIT T NRUTXX±[JQ FY­ XTKWJW T UTXX±[JQ Ɖ J F± FY­ UJWIJZ T VZJ UFWJHNF XJW T XJZ ITR IN[NST MJXNYTZ J KTN GFYNIT IJ ZR ¦SLZQT VZJ QMJ JWF KF[TW¥[JQƓ 4 HWTS·RJYWT RFWHF[F RNSZYTX T WJRFYJ oIJ UTXN«§T INK±HNQ VZJ U¸X F GTQF F GJNOFW 82

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU


*R &SȁJQ 7TFI FT RNSZYT 3JS­ FUTSYF T ¾SNHT YJSYT GJSȁVZNXYF VZJ IJ UTZHT [FQJWNF HTSYWF VZFYWT UJQT 1N[JWUTTQ RFWHFITX

as redes à guarda de Jensen saiu da ponta da chuteira de Kenny Dalglish — que o Liverpool comprou com o dinheiro que lhe rendera a transferência de Kevin Keegan para o Hamburgo. Não, não gastou no negócio as 500 mil libras, o acordo fez-se com 440 mil — que, ao câmbio de então, eram cerca de 33 mil contos. (Equipa de Dallas tentou António Oliveira, com 43 mil contos, ele mandou dizer-lhes que só tinha um interesse: ser bicampeão pelo FC Porto, nas Antas continuou, bicampeão foi.) Kenneth Mathieson Dalglish crescera em Milton — e pela equipa da sua escola começou a jogar futebol como guarda-redes. Aos seus 15 anos a família foi viver para as docas de Govan, à sombra do Ibrox, o campo do Glasgow Rangers. Não muitos meses depois, após testes malsucedidos no West Ham e no Liverpool (já não à baliza, claro) — Jock Stein, treinador que em Lisboa acabara de ganhar a Taça dos Campeões ao Inter, mandou Sean +FQQTS F HFXF ITX UFNX HTR NIJNF ȁWRJ HTSYWFY¥ QT UFWF T (JQYNH &T FUJWHJGJW XJ IJQJ ¤ porta, Kenny correu ao andar de cima para tirar, sorrateiro, os vários pósteres do Rangers que lhe salpicavam as paredes. Estava a caminho dos 17 anos, continuou a trabalhar como aprendiz de marceneiro — e, para o seu tirocínio, Stein emprestou-o ao Cumbernauld United. Os 37 golos que lá marcou IJWFR QMJ HTSYWFYT UWTȁXXNTSFQ QFWLTZ F TȁHNSF S§T YFWITZ F FUFWJHJW SF UWNRJNWF JVZNUF do Celtic, já não como avançado puro, mas como médio de ataque. Não, nem sempre era titular — e era na bancada do Ibrox Park que estava quando, naquela trágica tarde de 2 de janeiro de 1971, tumulto entre adeptos do Celtic e do Rangers causou 66 mortos — e, no ano seguinte, sim: já era indiscutível no time. Cada vez mais fulgurante (mesmo durante o mau ano do Celtic, a perder o título de campeão de 1975/76, sobretudo por grave acidente IJ HFWWT YJW YNWFIT 8YJNS IT GFSHT RJXJX F ȁT 'TG 5FNXQJ^ UJINZ F XZF HTSYWFYF«§T VZJ deixou fanáticos do Celtic em fúria) e puxando-o mais para a frente do seu ataque, logo se viu que Dalglish era a nova arma nuclear do Liverpool. 83


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A cicatriz que o voleibol fez, antes de Hansen fugir para o golfe (e não querer futebol) Além de um irlandês (Steve Heighway) e de um galês (Joey Jones), nesse Liverpool a renovar-se havia mais dois escoceses: Graeme Souness (foi dele o passe para o golo de Dalglish que abateu o que parecia ser o muro chamado Jense) e Alan Hansen. Souness só lá chegara por janeiro de 1978, deixara o Middlesbrough «em circunstâncias amargas», a troco de 350 mil libras. Por Hansen (sim, não engana: o apelido é dinamarquês, o avô dinamarquês que fora viver, aventureiro, para a Escócia) tinha-se pago, meses antes, 110 mil libras. Continuava a ter, a insinuar-se-lhe no rosto, cicatriz na testa que lhe viera da juventude, causada por embate num painel de vidro ao escorregar num jogo de voleibol, a ferida suturou-se com 27 pontos — e Alan decidiu-o: — A partir de agora vou jogar só golfe. Foi o que fez entre os 15 e os 17 anos. O irmão e o pai, sabendo-lhe do jeito, não se conformavam e acabaram por convencê-lo a ir a um teste no Hibernian. Bastou meia hora para se decidir dar-se QMJ HTSYWFYT UWTȁXXNTSFQ Ɖ J &QFS -FSXJS S§T T VZNX — Isso ia impedir-me de continuar nos torneios de golfe. John Hansen, o irmão mais velho, jogava no Partick Thistle. Indo ver jogo dele, o jogo de onde o Celtic saiu derrotado por 4-1, con[JSHJZ XJ JSȁR F S§T KZLNW IT XJZ IJXYNST — Nas férias tinha estado a fazer biscate nos escritórios de uma companhia de seguros, achei toda aquela monotonia odiosa e pensei: OK, vou fazer o que John quer… O que John queria era tê-lo consigo no Partick Thistle. Deitou para o lixo a bolsa que lhe oferecera na Universidade de Aberdeen — e em 1975/76 ajudou o Thistle a ganhar o campeonato da Escócia (o tal que Dalglish perdeu no Celtic). O resto é o que se sabe Ɖ J FT HMJLFW F &SȁJQI &QFS -FSXJS QN[WTZ XJ IF FQHZSMF VZJ detestava: Stretch, passaram a tratá-lo por Jockey (essa adorava e não, não era exagerada, o futuro o diria…). 84

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU


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Porque Happel teve de jogar sem ataque (e porque, apesar de tudo, para Paisley foi «grande» a vitória) Pouco ou nada o Brugge atacando, pouco ou nada teve Hansen de fazer no centro da sua defesa. No dia seguinte, o Sun encheu meia página com o título: King Kenny! — e, em A BOLA, Carlos Pinhão, ainda assim, atirou destaque maior noutro sentido: «A verdade é que o golo de Dalglish se tratou de um momento de inspiração. Porém, antes disso, nem sequer nos parecera ele o elemento mais inspirado da equipa. McDermott, sim, esse mesmo, o número 10, foi, a nosso gosto, a grande figura da equipa. Executante primoroso e, ao mesmo tempo, de uma fibra extraordinária». No Times, o título era mais palavroso (e mais poético, também): «O Liverpool torna um acontecimento esquecível numa ocasião memorável» — num sinal de que não tendo tido o jogo grande nível, o triunfo teve-o. Foi, no fundo, o que Bob Paisley achou num trocadilho quase a roçar La Palisse: — Apesar desta final não ter sido tão boa como a do ano passado, para nós não deixa de ser uma grande final por isso mesmo — grande para nós por a termos ganho… Sem que o Brugge pudesse contar com o seu melhor jogador: Roger Davis (contratado ao Derby County por 135 mil libras — e que pelas eliminatórias anteriores fizera quatro golos, ficando a um de, ainda assim, ser o melhor marcador da edição de 1977/78 da Taça dos Campeões), não podendo contar também com o seu outro avançado, Raoul Lambert (estrela da Bélgica no terceiro lugar do Euro-72), nem com Paul Courant (a alma e o motor do seu meio-campo), a caramunha que Ernst Happel largou em Wembley não foi o que se sabia que era normal nele (e se vira, anos antes, eloquente, na Luz, por exemplo) — mau perder: — Infelizmente, tivemos de ir a jogo muito limitados por numerosas lesões. Gostaria muito de ter jogado mais ao ataque, mas os azares que sofremos não nos deixaram e, para poder ter uma equipa aqui, ainda tive vários jogadores a jogar injetados. 85


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OITAVOS DE FINAL 'JSȁHF (Portugal) – B1903 København (Dinamarca)

1 – 0 // 1 – 0

Brugge (Bélgica) – Panathinaikos (Grécia)

1/16 AVOS DE FINAL Basileia (Suíça) – .SSXGWZHP (Áustria)

1 – 3 // 1 – 0

(JQYNH (VFyFLD ² /D -HXQHVVH G·(VFK /X[HPEXUJR

5 – 0 // 6 – 1

'JSȁHF (Portugal) – Torpedo (URSS)

0 – 0 // 0 – 0 (4 – 1 nos penáltis) )NSFRT )WJXIJS (RDA) – Halmstads (Suécia) 2 – 0 // 1 – 2

Dukla Praga (Checoslováquia) – 3FSYJX (França)

1 – 1 // 0 – 0

2 – 0 // 0 – 1

Celtic (Escócia) – .SSXGWZHP (Áustria)

2 – 1 // 0 – 3

Glentoran (Irlanda do Norte) – Juventus (Itália)

0 – 1 // 0 – 5

/HYVNL 6RÀD %XOJiULD ² &OF] (Holanda)

1 – 2 // 1 – 2

Liverpool (Inglaterra) – Dinamo Dresden (RDA)

5 – 1 // 1 – 2

Nantes (França) – &YQ­YNHT IJ 2FIWNI (Espanha)

1 – 1 // 1 – 2

Est. Vermelha (Jug.) – 'TWZXXNF 2ºSHMJSLQFIGFHM (RFA)

0 – 3 // 1 – 5

Floriana (Malta) – 5FSFYMNSFNPTX (Grécia)

1 – 1 // 0 – 4

KuPS Kuopio (Finlândia) – Brugge (Bélgica)

0 – 4 // 2 – 5

QUARTOS DE FINAL

3 – 0 // 2 – 2

%HQÀFD 3RUWXJDO ² Liverpool (Inglaterra)

2 – 0 // 0 – 4

Ajax (Holanda) – Juventus (Itália)

1J[XPN 8TȁF (Bulgária) – Slask Wroclaw (Polónia) Lillestrøm SK (Noruega) – &OF] (Holanda) Omonia Nicosia (Chipre) – Juventus (Itália)

0 – 3 // 0 – 2

*XYWJQF ;JWRJQMF (Jugoslávia) – Sligo Rovers (Irlanda)

3 – 0 // 3 – 0

Trabzonspor (Turquia) – ' 0¼GJSMF[S (Dinamarca)

1 – 0 // 0 – 2

1 – 2 // 1 – 4

1 – 1 // 1 – 1 (0 – 3 nos penáltis) Brugge (Bélgica) – Atlético de Madrid (Espanha) 2 – 0 // 2 – 3

3 – 1 // 0 – 2

Vasas Budapeste (Hun.) – 'TWZXXNF 2ºSHMJSLQFIGFHM (RFA)

0 – 3 // 1 – 1

Valur Reykjavík (Islândia) – ,QJSYTWFS (Irlanda do Norte)

1 – 0 // 0 – 2

'LQDPR %XFDUHũWH 5RPpQLD ² &YQ 2FIWNI (Espanha)

2 – 1 // 0 – 2

MELHORES MARCADORES

Innsbruck (Áustria) – 'TWZXXNF 2ºSHMJSLQFIGFHM (RFA)

MEIAS-FINAIS Borussia Mönchengladbach (RFA) – Liverpool (Ing.)

2 – 1 // 0 – 3

Juventus (Itália) – Brugge (Bélgica)

1 – 0 // 0 – 2

Allan Simonsen (Borussia Mönchengladbach 5 golos (8 jogos) Jimmy Case (Liverpool) 4 golos (9 jogos) Roger Davies (Brugge) 4 golos (8 jogos) Jupp Heynckes (Borussia Mönchengladbach) 4 golos (8 jogos) Pietro Paolo Virdis (Juventus) 4 golos (8 jogos)


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1977/7 8

1

Liverpool

0

Brugge Final 10 de maio de 1978

Estádio de Wembley, Londres Árbitro: Charles Corver (Holanda) LIVERPOOL: Ray Clemence; Phil Neal, Phil Thompson, Alan Hansen, Ray Kennedy; Emlyn Hughes (cap.), Jimmy Case (Steve Heighway, 63), Terry McDermott, Graeme Souness; Kenny Dalglish, David Fairclough. Treinador: Bob Paisley

BRUGGE: Birger Jensen; Fons Bastijns (cap.), Gino Maes (Jos Volders, 70), Edi Krieger, Georges Leekens; Julien Cools, Dany Decubber, René Vandereycken, Jan Simeon; Lajos Kü (Dirk Sanders, 58), Jan Sørensen. Treinador: Ernst Happel

Marcadores: 1-0: Kenny Dalglish (65).



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Capítulo XXV 1978/79

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)


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Com treinador genial (e às vezes louco e bêbado), Nottingham foi campeão de «segunda linha» graças ao jogador que custou 999 999 libras (para ele não sentir o peso do milhão) Sob a égide de José Maria Pedroto e Jorge Nuno Pinto da Costa, regressou o FC Porto à Taça dos Campeões — sem que fosse já dessa vez o seu salto para o futuro a abrir-se em paraíso. Tendo como adversário o AEK, treinado por Ferenc Puskas (ele próprio espantado com «tantas facilidades») descoroçoante foi-lhe o resultado em Atenas: 1-6. Antes da partida, um grego abeirara-se de Oliveira e perguntara-lhe quanto ganhava no FC Porto: — 450 contos, ou seja, cerca de dez mil dólares por ano (revelou ele). O grego prometeu voltar a falar-lhe, considerando-o o jogador que o AEK precisava para ser uma grande equipa europeia, Oliveira marcou o golo portista, mas da Grécia nunca mais lhe disseram nada. Quinze dias depois, nas Antas, aos 32 minutos Mavros voltou a bater Torres. Vital empatou aos 64 minutos, Teixeira fez o 2-1 aos 79, Vital subiu para 3-1 aos 85 e Duda fechou o placard em 4-1, aos 88. Pedroto, que chegou a acreditar dar a volta ao destino, amargando a eliminação não perdeu o jeito para ironia e o remoque: — Os gregos foram tão felizes que até nas Antas tiveram o árbitro pelo seu lado, ao inaugurarem o marcador com um golo precedido de off-side. E ainda nos negou um penálti. +TN MFGNQNITXT J ȁHT F UJSXFW VZJ SF &HW·UTQJ M¥ FNSIF RZNYF WNVZJ_F UTW J]UQTWFW 2JXRT assim estivemos quase a dar a volta à eliminatória. Nessa primeira eliminatória houve o que poderia ser uma final antecipada com o Nottingham Forest a eliminar o Liverpool — e, na seguinte, a deixar atordoados pelo caminho os gregos do AEK. 90

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Dois anos de suspensão para Juanito (aliás, um bocadinho menos) por causa do que disse árbitro que Zé Beto também pôs na história 3TX TNYF[TX IJ ȁSFQ F UWNRJNWF LWFSIJ XZWUWJXF IJ ZRF JIN«§T VZJ RFNX YJWNF T ,WFXXMTUUJW FKFXYTZ IT XTSMT T 7JFQ 2FIWNI ;NY·WNF UTW ST 8FSYNFLT 'JWSFG­Z S§T GFXYTZ UFWF T VZJ UF WJHNF XJW [NFLJR XJR LWFSIJ YZWGZQ®SHNF ¤ 8Z±«F +TN UNTW IT VZJ NXXT &TX RNSZYTX (QFZINT 8ZQXJW KJ_ &TX KJ_ Ɖ J TX JXUFSM·NX HF±WFR UJQT GZWFHT IT UTSYT 5TW JXXF FQYZWF 8ZQXJW JX YF[F F JXYZIFW INWJNYT J MTOJ ­ T UWJXNIJSYJ IF (TRNXX§T IJ YNHF IF :*+& Ɖ J JXXJX XJZX ITNX LTQTX UZXJWFR /ZFSNYT ST NSKJWST &ITQK 5WTPTU JXXJ RJXRT T ¥WGNYWT IF 7)& VZJ JXYJ[J JS[TQ[N IT SF JXHFWFRZ«F HTR ?­ 'JYT SF ȁSFQ IF 9F«F IFX 9F«FX VZJ F /Z[JSYZX IJ 5QFYNSN J 'TSNJP LFSMTZ FT +( 5TWYTƓ JXHWJ[JZ ST XJZ WJQFY·WNT VZJ F HFRNSMT IT GFQSJ¥WNT /ZFSNYT VZJ T 7JFQ KTWF GZXHFW FT 'ZWLTX UTW RNQM¹JX IJ UJXJYFX T FLWJINWF J FT XJZ ȁXHFQ IJ QNSMF Ɖ J HTR GFXJ SNXXT F :*+& XZXUJSIJZ T UTW ITNX FSTX &T XFG® QT FȁFS«TZ T UTW JSYWJ IJXHZQUFX JXGT«FIFX — Mentira! Não agredi nenhum árbitro, esta condenação é uma tremenda injustiça. Chamei-lhes hijos de puta, isso sim. É o que dizemos todos no campeonato espanhol e não se passa nada. (TRT F XJQJ«§T YFRG­R UWJHNXF[F IJQJ F 7+*+ JSYWTZ JR OTLTX IJ GFXYNITWJX UWTHZWFSIT J[NYFW QMJ UJSF Y§T UJXFIF Ɖ J T RFNX VZJ HTSXJLZNZ KTN VZJ F WJYFQMFXXJR UFWF RJXJX 3§T /ZFSNYT S§T XJ JRJSITZ Ɖ FSTX IJUTNX JR IJXFȁT HTSYWF T 3JZHM¦YJQ HZXUNZ SF HFWF IJ :QN 8YNJQNPJ J IJ TZYWF [J_ UNXTZ F HFGJ«F IJ 1TYMFW 2FYYMFZX JS[NFSIT QMJ ZR HFUTYJ IJ YTZWJNWT

/Z[JSYZX +( 5TWYT ȁSFQ IF 9F«F IFX 9F«FX IJXJSYJSINRJSYT JSYWJ ?­ 'JYT J T ¥WGNYWT J SZR ¥UNHJ NSXYFQTZ XJ F HTSKZX§T

JR UJINIT IJ IJXHZQUF Ɖ J XNR XJR SJSMZRF NWTSNFƓ 4 ,WFXXMTUUJW KTN F [±YNRF XJLZNSYJ IT 3TYYNSLMFR +TWJXY Ɖ J UTW JXXF FQYZWF O¥ XJ UJWHJGJWF VZJ T 2FQRº JXYF[F F YTWSFW XJ oHFXT RZNYT X­WNT UFXXFWF HTR RFNX TZ RJSTX XZKTHT UJQT )± SFRT IJ 0NJ[ UJQT <NXQF 0WFP·\ J ¤ ȁSFQ IJ 2NQ§T HMJLTZ JQNRN SFSIT T ZXYWNF IJ ;NJSF )JWWFIJNWT TGXY¥HZQT ITX NSLQJXJX TX FQJR§JX IT (TQ·SNF HTR ZRF JXYWJQF F SFXHJW KZQLZWFSYJ 8HMZX YJWƓ 9WJNSFITW IT 3TYYNSLMFR JWF 'WNFS (QTZLM Ɖ J F XJZ WJXUJNYT O¥ FSIF[F JXUNWNYZTXT T INYT IJ GTHF JR GTHF — É o melhor treinador que a seleção inglesa nunca teve. * S§T YJWNF 91


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Depois de despedir as duas mulheres que se riram, Clough jogou trunfo por quem só quis pagar 999 999 libras: Trevor Francis Como jogador, a carreira de Clough fora fugaz sem deixar de ser fulgurante — gravíssima lesão num joelho, algures por 1962, impediu-o de continuar a jogar no Sunderland. Tinha 27 anos e saltou para treinador, primeiro nas camadas jovens do Sunderland, dois anos e meio depois no Hartlepool United. Apanhou o clube na quarta divisão e sem uma libra nos seus cofres: — Cheguei a fazer tours por vários pubs para angariar dinheiro que desse para as necessidades vitais do clube, por vezes era eu próprio que conduzia a carrinha para os jogos fora. Em maio de 1967, Clough assinou pelo Derby County — e, da segunda divisão, levou-o a campeão inglês. Na Taça dos Campeões Europeus de 1972/73 perdeu a final para a Juventus (depois de eliminar o Benfica) — e por lá começou a ganhar fama de génio e de extravagante, uma das suas primeiras medidas ficou famosa pelo seu desconcerto: — … manteve apenas quatro dos jogadores do Derby, encheu o plantel de jovens e prodígios e, pelo caminho, despediu o secretário técnico, o tratador da relva, o chefe do scouting e duas mulheres responsáveis pelas refeições controladas que o clube dava aos jogadores, por tê-las apanhado a rirem-se à gargalhada depois de uma derrota. No Derby foi-se percebendo mais do que o seu espírito — e o espanto começou a soltar-se do seu jogo cada vez menos britanizado: de mais posse e menos correrias, de mais pas92

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Brian Clough, treinador campeão europeu pelo Nottingham Forest

ses e menos cruzamentos de bola no ar, no fundo, um estilo que se definiu numa metáfora que Clough soltou: — Se Deus quisesse que o futebol fosse jogado nas nuvens tinha colocado relvados dentro delas. Em outubro de 1973 demitiu-se do Derby County, andou, aventureiro, pela terceira divisão no Brighton — e quando Don Revie foi convidado para substituir Joe Mercer no comando da seleção inglesa, o Leeds escolheu-o para seu treinador — e desconcertantes e provocadoras foram as suas primeiras palavras no balneário, antes do seu primeiro treino: — Podem atirar as vossas medalhas todas para o lixo porque com o senhor Revie não as ganharam de forma bonita nem de forma justa. Afastou de imediato as três estrelas da equipa: Johnny Giles, Norman Hunter e Billy Bremner — e ao fim de 44 dias no


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Leeds despedido foi ele. Tão sensacional foi o caso — que, como se se estivesse numa empolgante guerra de egos, até virou filme: Damned United (algo como Amaldiçoado United). Aos primeiros dias de 1975, foi o Nottingham Forest buscá-lo (e, de boca em boca, continuava a andar paródia em torno do seu vício pelo álcool). Cada vez em maior sucesso, tendo já em vista a conquista da Taça dos Campeões, insistiu na contratação de Trevor Francis ao Birmingham City por um milhão de libras. Aliás, menos, ele próprio o explicou: — O valor real do negócio foi de 999 999 libras, exatamente para aliviar o Francis de alguma possível pressão — e não se esqueçam do que eu lhe disse logo no primeiro dia de trabalho: quando te XJSYNWJX FȂNYT JSYWJLF F GTQF FT /TMS 7TGJWYXTS VZJ JQJ ­ RJQMTW jogador que tu. Era, era assim, genial e louco, o Brian Clough — e, na final da Taça dos Campeões Europeus, em Munique, Alfredo Farinha, o enviado especial de A BOLA, escreveu: «Sendo Bob Houghton, o treinador do Malmö, um inglês, um homem do futebol inglês, nascido nele, curtido nele, amadurecido nele, como é que se compreende que não tenha sequer ouvido falar num rapaz que dá pelo nome de Trevor Francis? Ao menos, foi essa a ideia que o Houghton propiciou ao não prestar um segundo de atenção a esse grande jogador, ao não incumbir qualquer dos seus homens de o marcar com a exigência que ele justificava».

cilaram entre os 300 escudos e os 1400 escudos. A receita de bilheteira ultrapassou os dois milhões de marcos, cerca de 54 mil contos. Os direitos de TV renderam mais 750 mil marcos — e a publicidade 625 mil marcos. Por entre tanto dinheiro, pouco coube ao árbitro: o austríaco Eric Linemayer teve direito apenas a 125 francos suíços (menos de 4 contos — e 2 contos custava, então, em Portugal, uma «boa bola de futebol»). Alfredo Farinha voltou a sublinhá-lo no rescaldo ao jogo: «Trevor Francis é um jogador fabuloso, da estatura de Kevin Keegan. Foi a grande figura de um jogo que sem ele quase não teria história». Bem mais acre fora na edição da véspera de A BOLA, abrindo, assim, a crónica da vitória na primeira página de A BOLA: «Nottingham campeão europeu? Sem dúvida. Mas tem de passar para a segunda linha dos campeões da Europa porque entre ele e o Liverpool, por exemplo, para já não falar nas grandes equipas do Real, do Bayern, do Inter, do Ajax e, do próprio Benfica, medeia um abismo. Quanto ao Malmö, teve a sorte que merecia. Nem outra coisa poderia ser».

Sim, Trevor Francis, foi «o homem do jogo», o «Senhor Europa» — e não apenas pelo golo espetacular que marcou (a cruzamento de Robertson) num «belo golpe de cabeça» (mesmo em cima do intervalo). No dia em que A BOLA anunciava, na página da crónica do Nottingham Forest-Malmö, que passaria a custar 10 escudos — os bilhetes para o Estádio Olímpico de Munique os-

Trevor Francis, para Alfredo Farinha, jornalista de A BOLA, era «… jogador fabuloso…»

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OITAVOS DE FINAL AEK (Grécia) – Nottingham Forest (Inglaterra)

1 – 2 // 1 – 5

*ODVJRZ 5DQJHUV (VFyFLD ² PSV Eindhoven (Holanda)

1/16 AVOS DE FINAL Nottingham Forest (Inglaterra) – Liverpool FC (Ing.)

2 – 0 // 0 – 0

Juventus ,WiOLD ² *ODVJRZ 5DQJHUV (VFyFLD

1 – 0 // 0 – 2

/LQÀHOG ,UODQGD GR 1RUWH ² Lillestrøm SK (Noruega)

0 – 0 // 0 – 1

R. Madrid (Espanha) – Progrès Niedercorn (Luxemburgo)

5 – 0 // 7 – 0

AEK (Grécia) – FC Porto (Portugal)

6 – 1 // 1 – 4

0 – 0 // 3 – 2

5HDO 0DGULG (VSDQKD ² Grasshopper (Suíça)

3 – 1 // 0 – 2

'LQDPR .LHY 8566 ² Malmö (Suécia)

0 – 0 // 0 – 2

/RNRPRWLY 6RÀD %XOJiULD ² Colónia 5)$

0 – 1 // 0 – 4

Bohemians (Irlanda) – Dinamo Dresden 5'$

0 – 0 // 0 – 6

Austria Viena (Áustria) – Lillestrøm SK (Noruega)

4 – 1 // 0 – 0

Zbrojovska Brno (Chec.) – Wisla Kraków (Polónia)

2 – 2 // 1 – 1

Fenerbahçe (Turquia) – PSV Eindhoven (Holanda)

2 – 1 // 1 – 6

Vllaznia Shkodër (Albânia) – Austria Viena (Áustria)

2 – 0 // 1 – 4

QUARTOS DE FINAL

0 – 0 // 1 – 0

Nottingham Forest (Inglaterra) – Grasshopper (Suíça)

4 – 1 // 1 – 1

Colónia 5)$ ² *ODVJRZ 5DQJHUV (VFRyFLD

Malmö (Suécia) – Mónaco (França) Colónia 5)$ ² $NUDQHV ,VOkQGLD

Zbrojovska Brno &KHFRVORYiTXLD ² ÔMSHVW +XQJULD

2 – 2 // 2 – 0

3DUWL]DQ %HRJUDG -XJRVOiYLD ² Dinamo Dresden 5)$

2 – 0 // 0 – 2 (4 – 5 nos penáltis)

Grasshopper (Suíça) – La Valletta FC (Malta)

8 – 0 // 5 – 3

4 – 1 // 1 – 1

1 – 0 // 1 – 1

:LVOD .UDNyZ 3ROyQLD ² Malmö (Suécia)

2 – 1 // 1 – 4. 3 – 1 // 0 – 1

Brugge (Bélgica) – Wisla Kraków (Polónia)

2 – 1 // 1 – 3

OB Odense (Dinamarca) – 1TPTRTYN[ 8TȁF %XOJiULD

2 – 2 // 1 – 2

MEIAS-FINAIS

Haka Valkeakoski (Finlândia) – Dinamo Kiev 8566

0 – 1 // 1 – 3

Nottingham Forest ,QJODWHUUD ² &ROyQLD 5)$

2 – 1 // 0 – 1

Austria Viena (Áustria) – Malmö (Suécia)

Omonia Nicosia (Chipre) – Bohemians (Irlanda)

MELHORES MARCADORES

Austria Viena ÉXVWULD ² 'LQDPR 'UHVGHQ 5'$

3 – 3 // 1 – 0

0 – 0 // 0 – 1

Claudio Sulser (Grasshopper) 11 golos (6 jogos) Garry Birtles (Nottingham Forest) 6 golos (9 jogos) Dieter Müller (Colónia) 5 golos (8 jogos) Walter Schachner (Austria Viena) 5 golos (8 jogos) Willy van der Kuijlen (PSV Eindhoven) 4 golos (4 jogos) .D]LPLHU] .PLHFLN :LVãD .UDNyZ

4 golos (6 jogos)


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1978/7 9

1

Nottingham Forest

0

Malmö Final 30 de maio de 1979

Estádio Olímpico, Munique Árbitro: Erich Linemayr (Áustria) NOTTINGHAM FOREST: Peter Shilton; Viv Anderson, Kenny Burns, Larry Lloyd, Frank Clark; Trevor Francis, John McGovern (cap.), Ian Bowyer, John Robertson; Garry Birtles, Tony Woodcock. Treinador: Brian Clough

MALMÖ: Jan Möller; Roland Andersson, Magnus Andersson, Kent Jönsson, Ingemar Erlandsson; Robert Prytz, Staffan Tapper (cap.) (Claes Malmberg, 36), Anders Ljungberg, Jan Olov Kinnvall; Tommy Hansson (Tommy Andersson, 83), Tore Cervin. Treinador: Robert Houghton Marcadores: 1-0: Trevor Francis (45)



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Capítulo XXVI 1979/80

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Com António Garrido a apitar (de «pantufas»), Nottingham Forest não precisou de Trevor Francis porque John Robertson foi o seu Picasso Em fevereiro de 1979, António Oliveira recebeu, por intermédio de António Simões, proposta do soccer. Equipa de Dallas oferecia-lhe 43 mil contos: — Fiquei no FC Porto porque quis ser campeão nacional, mas agora podem oferecer-me o dinheiro que quiserem que sairei. Bicampeão foi no FC Porto, João Rocha acenou-lhe com 25 mil contos por contrato de quatro anos, Oliveira deu sinais de enlace possível, mas, em operação relâmpago, o Bétis transformou-o no mais bem pago futebolista da sua história: 36 mil contos de prémio de transferência, pagos durante três anos, 8000 contos anuais de luvas e um ordenado mensal de 60 mil pesetas — e, já em Sevilha, ele anunciou-o: Ɖ *XYF[F INXUTXYT F UJWIJW RNQ HTSYTX UFWF ȁHFW ST +( 5TWYT Dois dias antes de assinar pelo Bétis ainda esperava, ansiosamente, fumo branco das Antas, só que não poderia esperar mais. No dia em que o Nottingham Forest ganhou a Taça dos Campeões ao Malmö, soube-se que o Bayern de Munique tentara Michel Platini – e que ele lhes respondeu assim: — OK, para mim quero 400 mil marcos por ano, não quero mais nada. 400 mil marcos eram então 11 mil contos (e ele queria-os, claro, livres de impostos), o Bayern achou de mais. Com António Oliveira em Sevilha, lançou-se o FC Porto à Taça dos Campeões Europeus de 1979/80 frente ao AC Milan, por meados de setembro. Nas Antas houve empate a zero — e, mais ou me98

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nos sibilino, apanhou-se de Pedroto o que não era anormal em si: — Com arbitragem semelhante, ganharíamos em Milão… O austríaco Lennmayer anulara um golo a Fernando Gomes, afiançando que o marcara com a mão — e, numa atitude pouco habitual, o portista confirmou: que sim, foi toque de raspão, mas foi. Sem precisar de árbitro como o das Antas (antes pelo contrário…), o FC Porto venceu mesmo em San Siro, graças a golo de Duda, com Pedroto em júbilo: — Finalmente, arrancámos para um Porto de aura europeia. Adversário que se seguiu: Real Madrid. Apesar da vitória do FC Porto nas Antas, Rodolfo Reis foi a voz da queixa de má sorte: — Podíamos ter feito três ou quatro golos, mas... Em Madrid, golo de Benito aos 72 minutos desfez sonho portista. Pedroto voltou ao fado, acre: — Foram os dois árbitros que nos eliminaram. Treinador do Real era Vujadin Boskov, o Boskov que já o desHTGWNWF ȁQTX·ȁHT — O futebol é um jogo imprevisível porque todos os seus jogos começam com 0-0. Retorquiu: — Culpar o árbitro não é digno de uma equipa com a categoria deste FC Porto. Os últimos 13 minutos foram os mais largos da minha vida: este grande FC Porto parecia cada vez mais capaz de empatar e de nos levar a eliminatória… Sim, sobretudo depois do 1-0, os portistas, por várias vezes, na vertigem do seu contra-ataque, emudeceram o Santigao Bernabéu — Pedroto, de tom mudado, em troca de galhardetes, alvitrou: — O Real é muito bem capaz de ganhar esta Taça dos Campeões.



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% K @i9 Tendo no seu seio Pirri e Camacho, Del Bosque e Stielike, Juanito (já de longo castigo cumprido) e Cunningham, vitória sobre o Hamburgo no Santiago Bernabéu, com dois golos de Santillana, deram ideia de que o prognóstico de Pedroto se poderia concretizar — mas, na segunda mão, no Volkparkstadion, a equipa de Kevin Keegan destroçou o Real, bateu-a por 5-1, Branko Zebec (que pelo Partizan jogara o primeiro jogo da história da Taça dos Campeões Europeus, contra o Sporting, no Jamor — e que até já passara como YWJNSFITW UJQT 'F^JWSƓ FȁWRTZ T JSHFSYFIT HTR F XZF JVZNUF — O Hamburgo teve o seu grande dia. Se não marcámos mais foi porque a nossa fome de golo nos impediu de culminar algumas jogadas com mais cabecinha. & ;ZOFINS 'TĥPT[ FUFSMTZ XJ T WJRTVZJ SF WJXNLSF«§T UNHFIF — Nos primeiros 30 minutos jogámos como equipa pequena, que não somos, e, depois, ainda foi pior. 8JR T 7JFQ SF ȁSFQ IJ 2FIWNI FI[JWX¥WNT IT -FRGZWLT KTN T 3TYYNSLMFR +TWJXY Ɖ VZJ XJR LWFSIJ J]ZGJW¦SHNF J RFNX TZ RJSTX INȁHZQIFIJX KTN XFHZINSIT IT HFRNSMT TX XZJHTX IT 4XYJWX .+ TX WTRJSTX IT &WLJX 5NYJXYN TX FQJR§JX IJ 1JXYJ IT )±SFRT 'JWQNS J TX MTQFSIJXJX IT &OF] 3F [NY·WNF IF JIN«§T FSYJWNTW KWJSYJ FT 2FQRº JXYWJQF RFNTW ST 3TYYNSLMFR KTWF 9WJ[TW +WFSHNX 5TW HTR FSTX FUJSFX O¥ JXYF[F F OTLFW SF UWNRJNWF JVZNUF IT 'NWRNSLMFR (NY^ Ɖ J KTN Q¥ VZJ 'WNFS (QTZLM T KTN IJXJSHFSYFW YTWSFSIT T T UWNRJNWT OTLFITW GWNY¦SNHT contratado por um milhão de libras (aliás, uma libra a menos — por capricho do extravaganYJ YWJNSFITW 4 LTQT VZJ [FQJZ F 9F«F ITX (FRUJ¹JX T XJZ XZGQNRJ LTQUJ IJ HFGJ«F [NWTZ ícone na Inglaterra — usado como imagem de abertura do programa (e também haveria de XJ U¸W JYJWSF J LNLFSYJ ¤ JSYWFIF IT +TWJXYƋX (NY^ ,WTZSI Depois de mais um saltinho aos Estados Unidos, para jogar pelos Detroit Express na 3&81 Ɖ WJYTWSTZ F 3TYYNSLMFR RFX S§T O¥ S§T JXYJ[J SF ȁSFQ IJ 2FIWNI HTSYWF T -FRburgo de Kevin Keegan, devido a lesão grave no tendão de Aquiles, que de súbito, se veria 100

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transformar-se no seu calcanhar de Aquiles (e dessa vez o atirou para o estaleiro mais de seis meses — razão porque, por setembro de 1981, Francis seria vendido ao Manchester City por 1,2 milhões de libras, cabendo-lhe salário anual de 100 000 libras, fora os bónus.) Sem Francis, estrela para o Santiago Bernabéu era Robertson. Aliás, mesmo com Trevor por lá, estrela provavelmente continuaria a ser, estrela não deixou de ser ele. Nascido em Glasgow (e adepto do Rangers), antes dos 17 anos lançou-se à aventura que o pôs em Nottingham — e dele diria Brian Clough: — John Robertson era jovem muito pouco atraente, mas se lhe dessem uma bola e um RJYWT IJ WJQ[F SF UTSYF JXVZJWIF JQJ [NWF[F FWYNXYF T 5NHFXXT IT STXXT OTLT )NȁHNQRJSYJ UTIJWNF YJW MF[NIT UWTȁXXNTSFQ RFNX NRUWT[¥[JQ VZFSIT RJ FUFWJHJZ JWF IJXQJN]FIT NSFIJVZFIT J IJXNSYJWJXXFIT RFX FQLT RJ INXXJ GFN]NSMT X· UFWF RNR VZJ [FQNF F UJSF apostar nele — e apostando nele tornou-se dos melhores entregadores de bola que eu vi, na Grã-Bretanha ou em qualquer outro lugar, tão bom de pés como os brasileiros ou os italianos mais dotados. Jimmy Gordon também lhe haveria de puxar pelo elogio em grande: — Robertson era melhor do que Tom Finney ou Stanley Mattews. E John McGovern, o capitão das duas Taças dos Campeões, pintá-lo-ia ainda com maior fulgor, não há muito tempo: — John Robertson era como Ryan Giggs, mas com dois pés bons e uma habilidade que Giggs não tinha como ele tinha na sua relação com os golos, os que criava e os que marcava.

&SY·SNT ,FWWNIT KTN T ¥WGNYWT IF ȁSFQ VZJ TU¸X -FRGZWLT F 3TYYNSLMFR +TWJXY FHFGFSIT F [NY·WNF UTW XTWWNW FTX NSLQJXJX

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Clough voltou a ser campeão Europeu com «esperteza» em vez de «estupidez» e foi beijar Zebec Contra o Hamburgo, foi de Robertson o golo (aos 20 minutos) que valeu o título europeu (e o passe veio-lhe de McGovern — e que levou a que Vítor Santos o escrevesse, nu e cru, na sua crónica de A BOLA: «Dêem-lhe as voltas que derem, a verdade é esta: a esperteza ganhou à estupidez, passe a antipática expressão», explicando-o no título: «Vingador» do Real carregado de tática… enquanto o dominador Hamburgo foi um conjunto sem cabeça, anárquico e inconsequente, durante a hora e meia. Apesar de tudo não foi desanimado que Branko Zebec apareceu aos jornalistas, aos magotes na sala de imprensa (acreditados estavam lá 235 jornais e oito agências noticiosas): — O Hamburgo tomou a iniciativa do jogo e o Nottingham apenas IJKJSIJZ 5TIJ IN_JW XJ VZJ F ȁSFQ ȁHTZ IJHNINIF HTR ZR ¾SNHT FYFVZJ UJWNLTXT ITX NSLQJXJX +TN T YNWT IJ 7TGJWYXTS VZJ IJHNINZ T WJXZQYFIT 0FWLZX T STXXT LZFWIF WJIJX UTZHFX [J_JX YTHTZ SF GTQF 8MNQYTS T IJQJX KJ_ J]NGN«§T J]HJQJSYJ Ainda com Zebec a falar, entrou na sala Brian Clough, eufórico, espalha-brasas, dirigiu-se a Branko, beijou-o, ternurento, em brado soltou, depois: Ɖ 4 3TYYMNSLMFR IJKJSIJZ XJ IJ KTWRF XTGJWGF 8TWYJ$ 3§T KTN YFSYT NXXT FUJXFW IJ YTITX TX HFRUJ¹JX UWJHNXFWJR ZR GTHFINSMT INXXT UJQT RJSTX (QFWT VZJ T 0J[NS 0JJLFS S§T JXYJ[J RZNYT KJQN_ RFX NXXT KTN UTWVZJ S·X QMJ HTSYWTQ¥RTX RZNYT GJR YTITX TX RT[NRJSYTXƓ JXY§T F UJWLZSYFW RJ XJ T -FRGZWLT S§T XJ IJKJSIJZ IJRFXNFIT$ 40 JZ WJXUTSIT FXXNR YTIF F LJSYJ XFGJ VZJ F FZX®SHNF IJ 9WJ[TW +WFSHNX KTN IJ YTRT UFWF F JVZNUF 8JR JQJ S§T 102

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

UZIJRTX FITYFW ZRF Y¥YNHF JXYWNYFRJSYJ TKJSXN[F RFX FITY¥RTX F Y¥YNHF VZJ RJQMTW STX UTINF QJ[FW TSIJ STX QJ[TZ ¤ [NY·WNF * VZFSYT F RNR IJKJSIJW GJR ­ NLZFQ F FYFHFW GJR & UWT[F [NZ XJ Em lugar de honra no Santiago Bernabéu estavam as bandeiras da UEFA, de Inglaterra, da RFA e de Portugal — e a de Portugal estava lá porque o árbitro era António Garrido, tendo como ȁXHFNX IJ QNSMF 2¥WNT 1Z±X J .S¥HNT IJ &QRJNIF J KTN F UWNRJNWF [J_ IJ ZRF JVZNUF SFHNTSFQ F FWGNYWFW ȁSFQ IF 9F«F ITX (FRpeões). Como o pai era vidreiro, António José da Silva Garrido cresceu SF 2FWNSMF ,WFSIJ 9NSMF RFNX IT VZJ VZFQVZJW TZYWF UFN]§T pelo futebol — a arder dentro de si. Percebeu, porém, que lhe faltava em jeito, o que lhe sobrava em desejo. A pouco e pouco foi-lhe aparecendo, então, outra sedução: a escrita — e ainda jovem tornou-se correspondente do Mundo Desportivo. Quem lhe lesse as crónicas tropeçava invariavelmente num traço vincado: a crítica implacável aos árbitros: Ɖ 8NR ­ [JWIFIJ RJXRT VZFSIT T 2FWNSMJSXJ LFSMF[F FYNWF[F RJ F JQJX * XJ UJWINF JSY§T Ɖ IF[F F NIJNF IJ VZJ JWF T XJZ RFNTW NSNRNLT YNSMF F[JWX§T UTW JQJX 5TW XJW FXXNR HJWYT INF ZR FRNLT IJXFȁTZ T F KF_JW ZR HZWXT para árbitros, murmurando-lhes: Ɖ 9FQ[J_ RZIJX F KTWRF IJ TQMFW UFWF JQJX Fez — e o que mudou foi o seu destino. António Garrido trabalhava como técnico de contas quando HTR F HTWWJW UFWF T ȁR JSYWTZ UJQF UWNRJNWF [J_ JR HFRpo de negro vestido — para jogo de juvenis entre o Peniche e o Caldas: Ɖ 3JXXJ FNSIF KZN ȁXHFQ IJ QNSMF RJXJX IJUTNX O¥ KZN HTRT ¥WGNYWT UWNSHNUFQ FT 3F_FWJSTX 2NWJSXJ Quatro anos demorou a chegar à primeira categoria nacional — e, por essa altura, andava já aconchegado às superstições que nunca largou:


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Ɖ 3§T XFNW IJ HFXF XJR GJNOFW FX ȁQMFX S§T NW UFWF T HFRUT XJR JSYWFW HNSHT [J_JX SF HFXF IJ GFSMT Ɖ J QJ[FW XJRUWJ T HFWY§T FRFWJQT ST GTQXT JXVZJWIT J T [JWRJQMT ST INWJNYT No bolso onde punha o cartão vermelho nunca deixou de estar um pormenor: Ɖ 9NSMF T XJRUWJ KJHMFIT FT HTSYW¥WNT IT TZYWT UFWF FXXNR FSYJX IJ J]UZQXFW FQLZ­R YJW ZR NSXYFSYJ UFWF WJȂJYNW Ɖ JWF HTNXF VZJ S§T KF_NF UTW I¥ H¥ FVZJQF UFQMF FT IJZX IFW¥ Uma das primeiras vítimas do seu bolso direito foi Artur (que acabaria tragicamente afastado do futebol, vítima de trombose no Estoril) por, destrambelhado, ter dado uma cabeçada a José Alberto Costa, antes deste passar da Académica para o FC Porto: Ɖ 3T ȁR IJXXF ­UTHF T QTNWNYT VZJ JSY§T OTLF[F ST 'JSȁHF KJ_ VZJXY§T IJ RJ NW TKJWJHJW F XZF KFN]F IJ HFRUJ§T Expulsão bem mais famosa foi outra, contudo: a de Cruyff. O Barcelona contratara-o de forma bombástica ao Ajax (depois das suas três Taças dos Campeões por lá) — e num sinal claro do que era já o seu prestígio chamaram Garrido ao jogo de apresentação: Ɖ (WZ^KK JXYF[F F XJW FQ[T IJ RFWHF«§T RZNYT HJWWFIF JSJW[FIT HTR NXXT FLWJINZ ST HM§T ZR FI[JWX¥WNT YN[J IJ QMJ RTXYWFW T [JWRJQMT &GFSITSTZ T HFRUT IJGFN]T IJ YWT[TFIF IJ FXXTGNTX ƉJ ST INF XJLZNSYJ T (WZ^KK FUFWJHJZ RJ ST MTYJQ F UJINW RJ IJXHZQUF J F TKJWJHJW RJ F XZF HFRNXTQF 5FXXTZ HQFWT F XJW ZRF IFX RNSMFX WJQ±VZNFX Por 1975, andou de trancos para barrancos em Guimarães: Ɖ +TN YJWW±[JQ FVZJQJ ȁSFQ ST ;NY·WNF 'TF[NXYF XNR +JHMFIT ST GFQSJ¥WNT HTR TX XJZX ȁXHFNX IJ QNSMF TZ[NF JR alvoroço, a gritar: «Morte ao árbitro! Justiça popular!» — Foram as seis horas mais longas da minha vida. Se não fosse a proteção de alguns dirigentes vimaranenses e de Mário Wilson e se o COPCON não fosse lá tirar-nos, talvez não estivesse aqui

para o contar. Do mal o menos: incendiaram-me o carro, pouco recebi de indemnização. O carro que lhe incendiaram em Guimarães era um Toyota — e a indemnização que lhe deram foi de 150 contos. António Garrido passou, então, a ir para os estádios de Mercedes — e logo correram rumores de que fora oferta de um clube qualquer. Ao TZ[N QT FRTȁSF[F XJ WJYTWVZNF NW·SNHT Ɖ +TN TKJWYF KTNƓ HTSYTX UFLTX F ZR WJYTWSFIT F JSYWFIF KTWFR TX HTSYTX IF NSIJRSN_F«§T UJQT VZJ FWIJWF T WJXYT UF LZJN T F UWJXYF«¹JX Nunca foi árbitro egocêntrico ou petulante — e empolgava-se de tal forma na sua ação que, às vezes, tropeçava na relva e caía. Uma tarde, foi diferente: nas Antas chocou com Freitas — e perdeu os sentidos. Combalido e… grogue, recusou abandonar o campo. O médico do FC Porto achou que melhor seria levarem-no ao hospital para exames, recusou-o: Ɖ 4 +WJNYFX ȁHTZ JR U¦SNHT S§T IJXHFSXTZ JSVZFSYT S§T QMJ INXXJWFR VZJ JZ JXYF[F QN[WJ IJ UJWNLT FUJXFW IJ ZR TZ TZYWT YWFZRFYNXRT SF HFGJ«F Da sua atuação do Nottingham-Hamburgo, afirmou Vítor Santos: «Pode dizer-se que António Garrido esteve de pantufas a hora e meia, sem ter sido contestado pelos jogadores. Teve, também, um jogo sem casos, uma vez que nem sequer se pode considerar um caso a pretensa anulação do golo do Hamburgo, logo a seguir à obtenção do golo da vitória de Robertson porque havia claro fora de jogo, não do homem que introduziu a bola na baliza — Reimann — mas de Milewski. No Mundial de 1982 (já estivera no de 1978 — e no Euro-1980) Rossi haveria de ser o seu azar por ter feito o que fez ao Dream Team de Zico, Sócrates e Falcão: Ɖ 9NSMF XJ IJHNINIT VZJ XJ T 'WFXNQ JQNRNSFXXJ F .Y¥QNF SFX RJNFX ȁSFNX T ¥WGNYWT IF ȁSFQ XJWNF JZ 3§T KZN IJWFR RJ HTRT UW­RNT IJ HTSXTQF«§T T OTLT IT YJWHJNWT QZLFW 103


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OITAVOS DE FINAL Nottingham Forest ,QJODWHUUD ² $UJHV 3LWHũWL 5RPpQLD

2 – 0 // 2 – 1 Celtic (Escócia) – Dundalk FC (Irlanda)

1/16 AVOS DE FINAL /LYHUSRRO ,QJODWHUUD ² Dynamo Tblisi 8566

2 – 1 // 0 – 3 Nottingham Forest ,QJODWHUUD ² gVWHUV ,) 9D[M| 6XpFLD

2 – 0 // 1 – 1 Partizani Tirana (Albânia) – Celtic (Escócia)

1 – 0 // 1 – 4 Dundalk ,UODQGD ² +LEHUQLDQV 3DROD 0DOWD

2 – 0 // 0 – 1 /HYVNL 6RÀD %XOJiULD ² Real Madrid (Espanha)

0 – 1 // 0 – 2

3 – 2 // 0 – 0 Dinamo Berlin 5'$ ² 6HUYHWWH 6XtoD

2 – 1 // 2 – 2 'XNOD 3UDJD &KHFRVORYiTXLD ² Strasbourg )UDQoD

1 – 0 // 0 – 2 (após prolongamento) Hamburgo 5)$ ² 'LQDPR 7EOLVL 8566

3 – 1 // 3 – 2 Vejle BK (Dinamarca) – Hajduk Split -XJRVOiYLD

0 – 3 // 2 – 1 Ajax (Holanda) – Omonia Nicosia (Chipre)

10 – 0 // 0 – 4 FC Porto (Portugal) – Real Madrid (Espanha)

2 – 1 // 0 – 1

&WLJX 5NYJŎYN 5RPpQLD ² $(. *UpFLD

3 – 0 // 0 – 2 Start IK Kristiansand (Noruega) – Strasbourg )UDQoD

1 – 2 // 0 – 4

QUARTOS DE FINAL

Dinamo Berlin 5'$ ² 5XFK &KRU]yZ 3ROyQLD

4 – 1 // 0 – 0 ÔMSHVW +XQJUtD ² Dukla Praga &KHFRVORYiTXLD

3 – 2 // 0 – 2 5HG %R\V 'LIIHUGDQJH /X[ ² Omonia Nicosia (Chipre)

2 – 1 // 1 – 6 HJK Helsinki (Finlândia) – Ajax (Holanda)

1 – 8 // 1 – 8 9DOXU 5H\NMDYtN ,VOkQGLD ² Hamburgo 5)$

0 – 3 // 1 – 2

Nottingham Forest ,QJODWHUUD ² 'LQDPR %HUOLQ 5'$

0 – 1 // 3 – 1 Celtic (Escócia) – Real Madrid (Espanha)

2 – 0 // 0 – 3 Hamburgo 5)$ ² +DMGXN 6SOLW -XJRVOiYLD

1 – 0 // 2 – 3 0 – 0 // 0 – 4

Hajduk Split -XJRVOiYLD ² 7UDE]RQVSRU 7XUTXLD

1 – 0 // 1 – 0 Vejle BK (Dinamarca) – Austria Viena (Áustria)

3 – 2 // 1 – 1

MEIAS-FINAIS

FC Porto 3RUWXJDO ² $& 0LODQ ,WiOLD

0 – 0 // 1 – 0

MELHORES MARCADORES

6WUDVERXUJ )UDQoD ² Ajax (Holanda)

Nottingham Forest (Inglaterra) – Ajax (Holanda)

Servette 6XtoD ² %HYHUHQ :DDV %pOJLFD

2 – 0 // 0 – 1

3 – 1 // 1 – 1

5HDO 0DGULG (VSDQKD ² Hamburgo 5)$

2 – 0 // 1 – 5

Søren Lerby (Ajax) 10 golos (8 jogos) Ton Blanker (Ajax) 7 golos (8 jogos) Horst Hrubesch (Hamburgo) 7 golos (9 jogos) Sotiris Kaiafas (Omonia Nicosia) 6 golos (4 jogos) Carlos Bianchi (Strasburg) 4 golos (6 jogos)


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1979/80

0

Hamburgo

1

Nottingham Forest Final 28 de maio de 1980

Estádio Santiago Bernabéu, Madrid Árbitro: António Garrido (Portugal) HAMBURGO: Rudolf Kargus; Manfred Kaltz, Ivan Buljan, Peter Nogly (cap.), Ditmar Jakobs; Holger Hieronymus (Horst Hrubesch, 46), Felix Magath, Caspar Memering; Kevin Keegan, Willi Reimann, Jürgen Milewski. Cartão amarelo a Nogly (72). Treinador: Branko Zebec

NOTTINGHAM FOREST: Peter Shilton; Viv Anderson, Kenny Burns, Larry Lloyd, Frank Gray (Bryn Gunn, 78); Gary Mills (John O´Hare), Martin O’Neill, John McGovern (cap.), Ian Bowyer; Garry Birtles, John Robertson. Cartão amarelo a Burns (20) Treinador: Brian Clough

Marcadores: 0-1: John Robertson (20)



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Capítulo XXVII 1980/81

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)


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Paisley tornou-se o primeiro treinador com três Taças dos Campeões graças » ºK K com a gravação do jogo O Sporting voltou à Taça dos Campeões Europeus, mas teve de sair de Alvalade. Na época anterior, para a Taça UEFA, jogo com o Kaiserslautern, deixara o estádio a arder em sururu: após expulsão de Meneses à beira do intervalo adeptos invadiram o relvado, lançaram-se pedras ao fiscal de linha, John Carpenter, o árbitro irlandês, andou a apanhá-las. Reatou o jogo e, logo depois, outra pedra voou, acertou na cabeça de Bongartz, o lateral alemão. O árbitro pegou na bola para acabar com o jogo, foram as três equipas para o balneário, voltaram 18 minutos depois — acabou 1-1. A UEFA interditou o estádio por um jogo, o Sporting foi obrigado a jogar a primeira mão da primeira eliminatória da Taça dos Campeões Europeus de 1980/81 a mais de 50 quilómetros de Lisboa — e, para defrontar o Honved, escolheu o Bonfim. Perdeu por 2-0 — e em Budapeste voltou a perder: 1-0. Ao Honved calhou o Real nos oitavos de final. Em Budapeste venceu por 1-0, Lajos Tichy, o treinador húngaro, lamentou-o: — O golo de Cunningham afundou-nos. Tal como Viv Anderson, o lateral do Nottingham Forest, Laurie Cunningham abrira a seleção de Inglaterra a negros — e já famoso também por, às vezes, marcar cantos de trivela, no arranque dessa época, o Real contratara-o por 950 mil libras ao West Bromwich (onde, com Batson e Regis, formara os The Three Degrees, a versão no futebol do motown 108

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

8UTWYNSL -TS[JI FST IJ INXUZYFIT JR 8JY¾GFQ ST 'TSȁR por interdição de Alvalade

das três insinuantes cantoras negras). Extremo cheio de velocidade, levou a que dele se dissesse: — Ver Cunningham a jogar é como ver Cruyff com a pele negra. Outra coisa se viu, entretanto: a tentação do playboy, Cunningham a insinuar-se, em fogacho, pela movida de Madrid, com a namorada em seu redor (ou não…), arrastando críticas de adeptos e jornalistas: — Mais do que jogar futebol, interessam-lhe os carros de corrida e a arquitetura, a moda e a vida noturna. Em Madrid, contra o Honved, o Real voltou a ganhar: 2-0. Cunningham sofreu lesão grave, já não defrontou o Spartak. Após o 0-0 de Moscovo, a vitória no Santiago Bernabéu saiu da arma que Boskov lançou do banco — nos dois golos de Isidro Díaz.


Bob Paisley Sempre ao serviço do Liverpool, primeiro técnico a conquistar por três vezes a Taça dos Campeões Europeus

1981


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O jogador sequestrado, o ‘playboy’ que era fantasia numa equipa em luto e o herói da noite com pulso partido

4 HFRNSMT UFWF 5FWNX JSHJYTZ T T 1N[JWUTTQ FWWFXFSIT T 458 4ZQZ SF +NSQ¦SINF JRUFYTZ JR &SȁJQI 7TFI JXRFgou: 10-1. Depois, seguiram quatro vitórias nas rondas seguinYJX KWJSYJ FT &GJWIJJS J (80& 4 HFWNRGT no passaporte teve mais complicação: frente ao Bayern, dois empates: 0-0 e 1-1 — valeu-lhe, pois, o golo marcado em Munique.

Espanha vivia, então, o drama de Quiní. Van Basten antes de Van Basten, fora do Gijón para o Barcelona (juntar-se a Maradona e Schuster) e após dois golos ao Hércules que encostou o Barça na liderança do campeonato (na luta andavam ainda também Atlético de Madrid e Real Sociedad), vendo-o F HFRNSMT IT FJWTUTWYT UFWF GZXHFW RZQMJW J ȁQMF WFUYFWFR-no. 24 dias esteve sequestrado num quarto acanhado. Por entre exigência de resgate milionário, houve sequestrador a dizê-lo: — Também não o largamos porque um clube separatista não pode vencer La Liga.

3F ȁSFQ IT 5FWVZJ ITX 5W±SHNUJX T 7JFQ [TQYTZ F YJW 1FZWNJ (ZSSNSLMFR Ɖ J .XNITWT 8FS /TX­ ZR ITX XJZX XZUQJSYJX WJvelou-o: Ɖ +TRTX UFWF 5FWNX VZFXJ YTITX JR QZYT X· 1FZWNJ JWF F KFStasia.

Nos três jogos que Quiní perdeu no seu suplício, duas derrotas e um empate puseram a cinzas as esperanças do Barcelona Ɖ J SFX RJNFX ȁSFNX IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX IJXJRGFWF«TZ-se o Real do Inter: 2-0 no Santiago Bernabéu, 0-1 em San Siro com, apanhando-se de Eugenio Bersellini, o murmúrio: — Fomos muito superiores, mas surpreendidos por um guarda-redes portentoso. O guarda-redes foi Agustín Santiago Rodríguez e só estiveWF SF GFQN_F UTWVZJ IJXHTSȁFIT IJ UWTGQJRF IJYJYFIT SZRF WFINTLWFȁF F ,FWH±F 7JR·S T YNYZQFW FUTXYTZ ST XZUQJSYJ Ɖ J Agustín não saiu mais da baliza. Galego de Pontevedra, acabaWF IJ KF_JW FSTX J FSYJX IF ȁSFQ HTR T 1N[JWUTTQ ;ZOFINS Boskov traçou-lhe, assim, o retrato: Ɖ 9TIF YTIF F HTSȁFS«F ST WFUF_ /TLFITW KWNT IJ WJF«¹JX W¥UNIFX 3§T UWTHZWF XJS§T F JȁH¥HNF IJXUWJ_FSIT TX UWTHJXXTX K¥HJNX IJ FLWFIFW J IJ IFW SFX [NXYFX * FUJXFW IJ YJW RJYWTX ainda é melhor nas bolas baixas do que nas altas… 110

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

Razão do luto? Dias antes, estando já o Real a comemorar o título contra o Valladolid, abateu-se sobre o Santiago Bernabéu STY±HNF IJ VZJ LTQT F XJLZSITX IT ȁR ȁ_JWF IF 7JFQ 8THNJdad campeã: Ɖ Ɠ J KTN HTR T RJIT IJ ZR IJXYNST FXXNR TZYWF [J_ VZJ JSYW¥RTX SF ȁSFQ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX ;¥WNTX OTLFITWJX YJSYFWFR VZJ 'TXPT[ S§T UZXJXXJ 1FZWNJ (ZSSNSLMFR F YNYZQFW UTW S§T T XJSYNWJR YTYFQRJSYJ WJHZUJWFdo, o treinador não lhes acolheu a ideia: Ɖ *QJX Y®R U¦SNHT IJ 1FZWNJ IN_JR VZJ ­ F STXXF ¾SNHF JXUJWFS«F (ZSSNSLMFR S§T T JXHTSIJZ Ɖ (QFWT VZJ VZNX OTLFW RFX KTN HTR ITWJX ITWJX MTWW±[JNXƓ &NSIF XJSYNF T IJIT IT U­ W±LNIT RFX VZJWNF LFSMFW FVZJQF 9F«F &QFS 0JSSJI^ T QFYJWFQ JXVZJWIT VZJ MF[JWNF IJ XJ YTWSFW T MJW·N IF STNYJ IJXKJ_ T VZJ FȁSFQ JWF RNYT Ɖ 5WJTHZUFITX HTR T 1FZWNJ$ 3§T 8· JXY¥[FRTX UWJTHZUFITX HTR F HTRNIF )JXHTSKNFITX SF GFLFLJR QJ[¥RTX QFYFX IJ KJNO§T GFWWFX IJ HMTHTQFYJ HTNXFX FXXNR Ɖ J VZFSIT FQLZR IJ S·X KFQF[F F R±XYJW 5FNXQJ^ IT 1FZWNJ F WJXUTXYF IJQJ JWF XJRUWJ 40 ­ W¥UNIT ­ HTRUQNHFIT RFX ST RJZ


3F ȁSFQ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX JR J FU·X IJWWTYF KWJSYJ FT 1N[JWUTTQ 8FSYNQQFSF JRGQJR¥YNHF ȁLZWF IT 7JFQ 2FIWNI KJ_ HW±YNHFX FT XJZ YWJNSFITW

Liverpool ninguém se pode preocupar com um adversário e ainda menos ter medo dele. Assim, medo ainda tive, mas de mim: quebrei o pulso antes do início do jogo, pensei que isso me ia deixar de fora, mas não, foi mesmo assim que joguei… O que fez Laurie Cunningham revelou-o, assim, Vítor Santos, o enviado especial de A BOLA: «O inglês nascido na Jamaica, sem ser um grande jogador de equipa, ainda assinou meia dúzia de QFSHJX [JWIFIJNWFRJSYJ NS[JO¥[JNX HTR RFLS±ȁHTX IWNGQJX J XNRZQF«¹JX FQFWIJFSIT ZRF RTGNQNIFIJ STY¥[JQ +TN FNSIF FXXNR T UTZHT VZJ JR KZQLTW XJ [NZ FT FYFVZJ IT 7JFQ HTSYWF T 1N[JWUTTQ (Por entre outra lesão, Laurie Cunningham ainda regressou FT IJXYFVZJ SF 9F«F :*+& HTSYWF T 0FNXJWXQFZYJWS FT XFGJW VZJ F HZSMFIF J IZFX XTGWNSMFX YNSMFR XNIT FXXFXXNSFIFX JR Londres, mergulhou em depressão — e nunca mais voltou ao que poderia ter sido e, em 1989, acidente de automóvel em MaIWNI RFYTZ T YNSMF FSTX Para Vítor Santos, Vicente del Bosque foi «o verdadeiro cé-

WJGWT IJ ZRF JVZNUF ȂJ]±[JQ Ɖ J YJRUTX IJUTNX T UW·UWNT )JQ 'TXVZJ MF[JWNF IJ IJN]FW SZRF HTSȁI®SHNF F NIJNF IJ VZJ não era o Liverpool que tinha medo de Cunningham — era Vujadin Boskov que tinha medo do Liverpool (desse Liverpool de 2H)JWRTYY )FQLQNXM 8TZSJXXƓ J UNTW RJSTW HTSȁFS«F ST YFlento de Santillana, de Juanito, de Stielike: — No fundo, colocou-nos ao serviço do Liverpool. Tudo o que Boskov fez, fê-lo para neutralizar o Liverpool e não funcionou. 5TW J]JRUQT UFWF FSZQFW ,WFJRJ 8TZSJXX 'TXPT[ JXHTQMJZ /TXJ &SYTSNT (FRFHMT VZJ IJN]FSIT IJ XJW QFYJWFQ YJ[J IJ FSIFW UJQT RJNT HFRUT XTG TWIJR ȁWRJ — Segui-lo para todo o lado… E Carlos Santillana lamentou-o: — Com isso, optámos por jogar com 10, perdendo Camacho para eles perderem Souness, andando todos nós mais preocupados em marcar este e mais aquele e mais outro. E pior, é que eu só tive uma bola para rematar de cabeça à baliza e, mesmo assim, não foi bola fácil… 111


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Para Cortés, a «terceira roda da carroça» saiu de um dos buracos traiçoeiros do campo onde parecia que tinha havido râguebi Nota vincada para o enviado especial de A BOLA foi que sim, que o Liverpool-Real foi a final do fracasso das estrelas — do Juanito ao Dalglish: que «raramente teve oportunidade de entrar de serviço». Tudo acabou, assim, por se decidir num golinho solitário, servido em bandeja de prata, que levou Jacques Ferran (esse mesmo, o pai da Taça dos Campeões) a pôr na sua crónica no L´Équipe (sob título: «A terceira roda da carroça»): «Os ingleses com o seu sentido de humor e de justiça não deixarão, certamente, de erigir uma estátua ao defesa espanhol Cortés que se prestou gentilmente à realização dos seus desejos, oferecendo, como a um bom amigo, o golo marcado por Alan Kennedy». Ao partir de Madrid para Paris, Rafael García Cortés pedira que lhe gravassem numa cassete o jogo com o Liverpool — e tão desolado ficou com a fífia que permitiu a Kennedy isolar-se e fazer o golo a oito minutos do fim que não tardou a contá-lo: — Mal entrei em casa, peguei na cassete do vídeo e atirei-a pela janela fora. Sei que falhei, mas a culpa também foi do campo. Estava cheio de buracos traiçoeiros, por vezes brincávamos, dizendo uns para os outros: mas será que antes fizeram aqui jogo de râguebi? Bob Paisley lembrou-o por entre o espanto a fumegar pela sala de conferência de imprensa: — É verdade que Alan Kennedy não será o que se chama 112

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

um marcador de golos, mas é um jogador de «marcar», esta época ganhámos três jogos com tentos de Kennedy, um deles, por coincidência, também foi só na Taça da Liga. Embrulhadas em fair-play (e sem insinuarem mágoa), as palavras de Vujadin Boskov: — O Liverpool acabou por conseguir vitória merecida. Eles são homens experientes que jogam juntos há muitos anos, os meus jogadores são jovens inexperientes, deixaram passar algumas oportunidades, o nosso adversário não perdoou na altura exata. Depois do golo, reforcei o ataque, para mim um jogo só acaba com o apito do árbitro, infelizmente não resultou… Stielike, que, em 1977, perdera, pelo Borussia Mönchengladbach, a final da Taça dos Campeões para o Liverpool, foi o único jogador a passar pela sala de conferências, por lá disse muito por entrelinhas: — Afinal jogo sempre por aquele que perde, mas não: desanimado não estou. O Liverpool de 77 era incomparavelmente mais forte. Desta feita senti, muitas vezes, que o Real teria possibilidade de vencer a partida, coisa que da outra vez nunca senti. Culpa do Cortés? Ninguém é culpado pelo golo do Liverpool, tem de se pensar na manobra tática e no sentido coletivo da equipa antes de se inculpar a, b ou c… Antes, os repórteres ainda apanharam a Bob Paisley: — Na primeira parte o Liverpool mostrou-se muito apressado e também um pouco nervoso, contagiado com o ritmo do jogo espanhol. No segundo tempo, controlámos melhor o jogo, esperámos pelo surgir de uma oportunidade e concretizámo-la no momento oportuno. Estou orgulhoso: os meus jogadores revelaram muita personalidade. Sobretudo no segundo tempo em que não foram atrás do jogo do Real que os perturbava…


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No espírito de Paisley, a caixa das medalhas levada para o balneário e a comparação com o tiro do outro Kennedy

Alan Kennedy com o repórter de A BOLA, Astregildo Silva

Ali, no Parque dos Príncipes, onde tudo começara por junho de 56, Bob Paisley tornou-se o primeiro treinador a vencer a Taça dos Campeões por três vezes. Quando Bill Shankly quis largar o comando da equipa, pensou-se em Bobby Robson para o lugar de treinador do Liverpool, Shankly sugeriu-o, visionário: — O homem para o futuro está dentro de nós, o Bob… Nascera em 1919, em Hetton-le-Hole, ao sul de Sunderland. O pai trabalhava numa das suas RNSFX IJ HFW[§T FT XTKWJW FHNIJSYJ VZJ VZFXJ QMJ QJ[TZ ZR GWF«T IJHNINZ VZJ TX ȁQMTX YJWNFR de levar outro caminho — e foi assim que Bob apareceu a aprendiz de pedreiro, antes dos 15 anos. Pelos amadores do Bishop Auckland chamou atenção do Liverpool — e para lá foi. A II Guerra Mundial travou-lhe o futebol, andou em combate pelo Egito e Itália. Estava dentro de um dos tanques dos Aliados que libertaram Roma — e após a conquista da sua primeira Taça dos Campeões, contra o Borussia Mönchengladbach, brincou com o destino: — É a segunda vez que eu venço os alemães aqui. A primeira foi em 1944, dentro de um tanque. Se alguém me tivesse dito, então, que 33 anos depois estaria de volta para levar uma Taça do Campeões, diria que essa pessoa estava louca… Ao deixar de jogar pelo Liverpool em 1954, começou por ser fisioterapeuta (autodidata) do clube — e, a pouco e pouco, foi sendo mais. Duro com os jogadores, ao intervalo de desafio contra o Glasgow Rangers, irritado com a exibição de Alan Kennedy, atirara-lhe, brutal, o remoque… — Acho que dispararam contra o Kennedy errado… Claro: era a analogia com o tiro que matara JFK. )J TZYWF [J_ HTQTHTZ ST GFQSJ¥WNT IJ &SȁJQI ZRF HFN]F HTR RJIFQMFX IJ HFRUJ§T XZLJrindo aos pupilos: — Tirem uma, mas só se sentirem que a hão de merecer… 1JRGWFSIT T T ȁQMT J]UQNHTZ T RFNX TZ RJSTX ȁQTX·ȁHT — Era essa a sua mentalidade, ele olhava sempre para o futuro — e merecer aquela medalha era querer ganhar outras… Graham Souness juntou-lhe algo mais ao retrato: — Receber elogios de Bob Paisley era como uma tempestade de neve no Saara. Manda[F JR &SȁJQI HTR UZSMT IJ KJWWT &ZYTWNY¥WNT UTZHTX XJ FYWJ[NFR F IJXFZYTWN_¥ QT (FXT UFWJH®XXJRTX JXYFW F ȁHFW FQLT HTRUQFHJSYJX TZ XJ S§T STX JXYN[­XXJRTX F J]NGNW FT nível habitual, o Bob dizia: Se já se cansaram de ganhar, venham ter comigo. Vendo-vos a todos e compro 11 jogadores novos… 113


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OITAVOS DE FINAL Nantes (França) – Inter (Itália)

1 – 2 // 1 – 1

Real Madrid (Espanha) – Honved (Hungria)

1/16 AVOS DE FINAL /LQÀHOG ,UODQGD GR 1RUWH ² Nantes (França)

0 – 1 // 0 – 2

Aberdeen (Escócia) – Austria Viena (Áustria)

1 – 0 // 0 – 0

Brugge (Bélgica) – Basileia (Suíça)

0 – 1 // 1 – 4

(80& 8TȁF (Bulgária) – Nottingham Forest (Inglaterra)

1 – 0 // 1 – 0

Dinamo Berlin (RDA) – APOEL (Chipre)

3 – 0 // 1 – 2

1 – 0 // 2 – 0

Bayern (RFA) – Ajax (Holanda)

5 – 1 // 1 – 2

Aberdeen (Escócia) – Liverpool (Inglaterra)

0 – 1 // 0 – 4

(80& 8TȁF (Bulgária) – Szombierki Bytom (Polónia)

4 – 0 // 1 – 0

Baník Ostrava (Checoslováquia) – Dinamo Berlin (RDA)

0 – 0 // 1 – 1

Spartak Moscovo (URSS) – Esbjerg FB (Dinamarca)

3 – 0 // 0 – 2

Basileia (Suíça) – Estrela Vermelha (Jugoslávia)

1 – 0 // 0 – 2

Dinamo Tirana (Albânia) – Ajax (Holanda)

0 – 2 // 0 – 1

Inter (Itália) – Universitatea Craiova (Roménia)

2 – 0 // 1 – 1

QUARTOS DE FINAL

MELHORES MARCADORES

0 – 5 // 0 – 4

Liverpool ,QJODWHUUD ² &6.$ 6RÀD %XOJiULD

1 – 2 // 1 – 5

Bayern (RFA) – Banik Ostrava (Checoslováquia)

Karl-Heinz Rummenigge (Bayern) 6 golos (8 jogos) Terry McDermott (Liverpool) 6 golos (9 jogos) Karl-Heinz Rummenigge (Bayern) 6 golos (8 jogos) Graeme Souness (Liverpool) 6 golos (9 jogos) 7VYHWDQ <RQFKHY &6.$ 6RÀD

5 golos (6 jogos) Yuri Gavrilov (Spartak Moscovo) 4 golos (6 jogos) Alessandro Altobelli (Inter) 4 golos (8 jogos) Dieter Hoeness (Bayern) 4 golos (8 jogos) Carlos Santillana (Real Madrid) 4 golos (9 jogos)

-HXQHVVH G·(VFK /X[ ² Spartak Moscovo (URSS) Limerick (Irlanda) – Real Madrid (Espanha) Olympiakos (Grecia) – Bayern (RFA)

2 – 4 // 0 – 3

OPS Oulu (Finlândia) – Liverpool (Inglaterra)

1 – 1 // 1 – 10

Sporting (Portugal) – Honved (Hungria)

0 – 2 // 0 – 1

5 – 1 // 1 – 0

2 – 0 // 4 – 2

Inter (Itália) – Estrela Vermelha (Jugoslávia)

1 – 1 // 1 – 0

Spartak Moscovo (URSS) – Real Madrid (Espanha)

0 – 0 // 0 – 2

Trabzonspor (Turquia) – Szombierki Bytom (Polónia)

2 – 1 // 0 – 3

Viking IL Stavanger (Noruega) – Estrela Vermelha -XJ

2 – 3 // 1 – 4

MEIAS-FINAIS

ÍBV Vestmannaeyjar (Islândia) – Baník Ostrava &KHF

1 – 1 // 0 – 1

Liverpool (Inglaterra) – Bayern (RFA)

0 – 0 // 2 – 3

Real Madrid (Espanha) – Inter (Itália)

Halmstads (Suécia) – Esbjerg fB (Dinamarca)

0 – 0 // 1 – 1

2 – 0 // 0 – 1


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1980/81

0

Real Madrid

1

Liverpool Final 27 de maio de 1981

Parque dos Príncipes, Paris Árbitro: Karoly Palotai (Hungria) REAL MADRID: Agustín Rodríguez; García Navajas, García Cortés (Francisco Pineda, 87 minutos), Andrés Sabido, José Antonio Camacho; Vicente Del Bosque, Ángel de los Santos, Uli Stielike; Juanito, Carlos Santillana (cap.), Laurie Cunningham. Cartão amarelo: Uli Stielike (57). Treinador: Vujadin Boskov. LIVERPOOL: Ray Clemence; Phil Neal, Phil Thompson (cap.), Alana Hansen, Alan Kennedy; Sammy Lee, Ray Kennedi, Terry McDermott, Graeme Souness; Kenny Dalglish (Jimmy Case, 87), David Johnson. Cartão amarelo: Ray Kennedy (29). Treinador: Bob Paisley

Marcadores: 0-1: Alan Kennedy (82)



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Capítulo XXVIII 1981/82

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)


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Na vitória do Aston Villa o amuleto de renda de uma cigana que mulher pôs às escondidas no bolso do treinador Na sala de culto que era o Quarteto, Maria Schneider (que atirara a mão à eternidade com O Último Tango em Paris) dava-se IJ HTWUT J FQRF F (W·SNHF IF 2FNX &SYNLF 5WTȁXX§T IT 2ZSIT T ȁQRJ IJ )FSNJQ )Z[FQ VZJ ST HFWYF_ YNSMF F NSXNSZFW XJ F KWFXJ

Corpo e prazer, Entrega e ilusão, Sorrisos sem vida

QFWLTZ T 'F^JWS [TQYTZ JQJ Ɖ J JXXJ 'F^JWS VZJ GFYJZ T 'JSȁHF UTW O¥ JWF T 'WJNYSNLLJ J]UWJXX§T VZJ XJ HWNTZ UFWF IFW NIJNF IFX XZFX LWFSIJX ȁLZWFX JQJ T 'WJNYSJW J T 7ZRRJSNLLJ Como Paul Breitner incendiara a Alemanha a chamar «senil a -JQRZY 8HMTJS T XJQJHNTSFITW SFHNTSFQ oNINTYF F /ZUU )JW\FQQ T XJZ FZ]NQNFW Y­HSNHT QTSLT KTN T YJRUT JR VZJ S§T OTLTZ UJQF XJQJ«§T RFX UTW FQYZWF IF JQNRNSF«§T IT 'JSȁHF KTN T UW·UWNT /ZUU )JW\FQQ VZJR QMJ UJINZ VZJ [TQYFXXJ VZJ T VZJWNF ST 2ZSINFQ IJ *XUFSMF Ɖ J JR R¥LTF T JSWTINQMTZ T VZJ T IJXYNST QMJ IJZ JR 7TYJWI§T Ɖ 5JWIJW F 9F«F ITX (FRUJ¹JX IJ FNSIF RJ I·N SZSHF IJN]FW¥ IJ RJ ITJW 4 'F^JWS ITRNSTZ T &XYTS ;NQQF YN[JRTX JSYWJ J HMFSHJX IJ LTQT S§T FUWT[JNY¥RTX ZRF TX NSLQJXJX SF ¾SNHF VZJ YN[JWFR ȁ_JWFR LTQTƓ

* T 'JSȁHF 'F^JWS UFWF F XJLZSIF JQNRNSFY·WNF IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX *ZWTUJZX IJ FHFGTZ HTR 9JSIT F XJQJ«§T IF *XH·HNF F JXYFLNFW ST &QLFW[J /THP 8YJNS IJZ XFQYNSMT ¤ 1Z_ J FUFSMTZ XJ QMJ GWJ[J HTRJSY¥WNT Ɖ *XYF STNYJ T 'JSȁHF FYFHTZ RFNX UTW­R T 'F^JWS YJ[J XJRUWJ FX TUJWF«¹JX HTSYWTQFIFX )JZ NIJNF IJ X· YJW SF HFGJ«F T J JR 2ZSNVZJ XJW¥ YZIT GJR INKJWJSYJ NSKJQN_RJSYJ UFWF T 'JSȁHF &XXNR KTN ST *XY¥INT 4Q±RUNHT T 'F^JWS [JSHJZ UTW HTR YW®X LTQTX IJ :QN -TJSJXX J ZR IJ 5FZQ 'WJNYSJW 4 IT 'JSȁHF coube a Nené).

Ɖ 8NRUFYNF UTW (MJ S§T IJXRNSYT 8JW RFTNXYF ­ RNYT 3ZRF HTS[JWXF HTR ZR OTWSFQNXYF XTGWJ UTQ±YNHF INXXJ QMJ VZJ FSIF[F F QJW 4 1N[WT ;JWRJQMT IJ 2FT 9X­ 9ZSL J JQJ UFXXTZ F NIJNF IJ VZJ JZ JWF RFTNXYF 3§T JWF J UTW NXXT FT HTSYW¥WNT IJ TZYWTX VZFSIT XJ HTRJ«FWF F HTSMJHJW FX FYWTHNIFIJX S§T YN[J IJ RJ FWWJUJSIJW UTWVZJ SZSHF KZN RFTNXYF

Continuando a marcar a sua história de barba revolucionária J HFGJQTX JR IJXFQNSMT 5FZQ 'WJNYSJW WJLWJXXFWF FT 'F^JWS 6ZFSIT IJQJ XJ IN_NF VZJ X· YNSMF ITNX ±ITQTX (MJ ,ZJ[FWF J 2FT 9X­ 9ZSL FU·X F HTSVZNXYF IF UWNRJNWF 9F«F ITX (FRUJ¹JX FHJNYTZ IJXFȁT IT 7JFQ Ɖ J RFQ XTZGJ IJ TUJW¥WNTX JR LWJ[J UTW lá correu a dar-lhes 500 mil pesetas para os ajudar. Já por 1977 XFQYTZ UFWF T UJVZJSNST *NSYWFHMY 'WFZSXHM\JNL Ɖ J WJHZXTZ HMFRFIF ¤ XJQJ«§T UFWF T 2ZSINFQ IF &WLJSYNSF JR UWTYJXYT ¤ INYFIZWF IJ ;NQJQF (WZ^KK KJ_ T RJXRT 2FQ +WFS_ 'JHPJSGFZJW

5FWF HMJLFW F 7TYJWI§T FQ­R IJ FKFXYFW T 'JSȁHF T 'F^JWS despachou os suecos do Osters (1-0, 5-0), os romenos da Uni[JWXNYFYJF (WFNT[F J TX G¾QLFWTX IT (80& )JXFȁT FSYJWNTW IT (80& ȁHFWF RFWHFIT F YWFL­INF JR 8·ȁF 'TGG^ 2H,WJLTW YWJNSFITW ITX NWQFSIJXJX IT ,QJSYTWFS FT HTWrer para dentro do campo na ânsia de tratar um pupilo que se QJXNTSFWF HTR LWF[NIFIJ XTKWJZ FYFVZJ HFWI±FHT RTWWJSIT ST MTXUNYFQ Ɖ J JR 'JQKFXY F XZF JVZNUF X· HFNZ ¤ GJNWF IT ȁR IT prolongamento.)

118

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

4ZYWF UJWNU­HNF UZXJWF 'WJNYSJW SF GJWQNSIF RFWHF IJ HTXR­ticos dera-lhe 150 mil marcos para cortar a «barba de revolucioS¥WNT SZR XJZ FS¾SHNT J QTLT XJ XTQYFWFR HW±YNHFX FT KFHYT IJ ZR RFTNXYF XJ XZOJNYFW F HTNXF FXXNR Ɖ J QTLT XJ QMJ FUFSMTZ



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Para evitar que o Aston Villa fosse » K b » ."&0 ³ O caminho do Aston Villa fez-se deixando para trás o Valur (5-0, 2-0), o Dinamo Berlin (1-2, 1-0), o Dinamo Kiev (0-0, 2-0) e o Anderlecht, no jogo que pôs o futebol em alvoroço (ou pior…). Em Birmingham, golo de Tony Morley deu aos ingleses vantagem curta a caminho da Bélgica. Em Bruxelas, antes do jogo já estava a cidade a arder — e dentro do campo as bancadas foram, por vezes, coito de confusão — tendo havido, pelo meio, invasão de relvado. Acabando com 0-0, os belgas exigiram à UEFA a sua repetição, sob argumento de «dano psicológico»: — … o dano psicológico que os jogadores sofreram ao serem atacados por um invasor, não podendo, por isso, jogar tranquilos, libertos de medo (foi o que se disse e repetiu). Hans Bergerter, secretário-geral da UEFA, admitiu que se incidentes desse tipo continuassem a surgir, as equipas inglesas poderiam ser banidas das competições europeias, mas descarYTZ T FUJQT GJQLF UFWF F WJUJYN«§T IF UFWYNIF 5TW NXXT F ȁSFQ IF edição n.º 27 da Taça dos Campeões foi mesmo Aston Villa-Bayern. Carlos Pinhão, enviado especial de A BOLA, puxou a título da sua crónica:

0 1

Í ¯ a * FGWNZ F FXXNR o4 IJXȁT JSYWJ NSLQJXJX J FQJR§JX HTRJ«TZ cedo nesta cidade de todos os mares e todos os bares. À noite já 120

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU

TX FIJUYTX IT &XYTS ;NQQF J IT 'F^JWS FSIF[FR UTW F± FT IJXFȁT a ver quem bebia mais, a ver quem aguentava mais». O jogo teve em movimento 1000 polícias especiais. Novidade foi, no estádio, separarem-se ingleses para um lado, alemães para outro. (Antes de se lhe abrirem as portas, assistira-se a autêntica caça ao bêbado, pelas ruas da cidade: «Estava calor, bebia-se mais, jovens ingleses andavam de tronco nu, a suar cerveja. Outros cambaleavam, envolvidos em bandeiras inglesas. Havia polícia de carro, a cavalo, de bicicleta e a pé, agitando algemas a avisar — e, na verdade, houve muito menino que acabou por não ver o jogo.») Começou o jogo e, logo aos nove minutos, viu-se Jimmy Rimmer a sentar-se, amachucado, na relva. Ressentira-se da lesão no pescoço que sofrera no treino da véspera. Para o seu lugar foi Nigel Spink — que guarda-redes se tornara por um outro capricho do destino: — É verdade que o meu ídolo de infância era Pat Jennings, mas não, não foi exatamente isso que me deu o fascínio da camisola n.º 1. Numa tarde qualquer, o nosso guarda-redes não apareceu. Eu era defesa-central, o treinador mandou-me para a baliza — e nunca mais de lá saí… 8UNSP YTWSTZ XJ UWNSHNUFQ ȁLZWF IT JSHTSYWT XFKFSIT F JVZNUF IJ XNYZF«¹JX IJXJXUJWFIFX HTR ȂJZRF J]YWFTWINS¥WNF (TSYWF a corrente do jogo, com o Bayern em ritmo endiabrado nessa altura, contra-ataque do Aston Villa deu golo. Marcou-o Peter White, «o mais tosco dos jogadores em campo» (Pinhão dixit), avançado inglês à moda antiga: todo ele tanque a varrer a defesa contrária no seu fervor, no seu frenesim — que depois de já ter andado pela África do Sul e pelos Estados Unidos, o Aston Villa foi buscar ao Newcastle por 500 mil libras.


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Do treinador que apanhou a equipa a caminho do paraíso (e não teve muitos mais anos de vida) ao treinador que depois + K ) / Treinador do Aston Villa era Tony Barton. Jogador-treinador do Portsmouth, Ron Saunders levara-o para seu adjunto à entrada da década de 80. Já com a Taça dos Campeões de 1981/82 F HTWWJW 8FZSIJWX JSYWTZ JR HTSȂNYT HTR F INWJ«§T IT HQZGJ Ɖ J IJXUJINZ XJ XZGNZ 'FWYTS F principal. 2JSTX IJ ITNX FSTX IJUTNX IF LQ·WNF IJ 7TYJWI§T FYFVZJ HFWI±FHT RFYTZ 9TS^ 'FWYTS Ɖ J S§T M¥ RZNYT YJRUT 7TXJ F XZF [N¾[F HTSYTZ T Ɖ &SYJX IF ȁSFQ ZRF HNLFSF UWTHZWTZ RJ UFWF RJ IN_JW VZJ YNSMF [NXYT F STXXF [NY·WNF SFX HFWYFX RFX VZJ UFWF NXXT 9TS^ YNSMF IJ ZXFW T UJIF«T IJ WJSIF VZJ JQF YNSMF FQN X· FXXNR LFSMFWNF T OTLT HTR T 'F^JWS +NVZJN HQFWT HTR T QZHP^ QFHJ 3FIF IFIT F XZUJWX YN«¹JX 9TS^ F[NXTZ RJ VZJ S§T T ZYNQN_FWNF Ɖ RFX ZYNQN_TZ :YNQN_TZ T UTWVZJ XJR VZJ JQJ XJ FUJWHJGJXXJ HTQTVZJN QMJ ST GTQXT IT HFXFHT HTR VZJ NWNF UFWF T GFSHT T FRZQJYT IF HNLFSF 7TXJ 'FWYTS S§T XJ IJXKJ_ IT HFXFHT IF [NY·WNF IJ 9TS^ 'FWYTS 3T FWR¥WNT TSIJ T LZFWIF HTRT WJQ±VZNF YJR IJSYWT IT GTQXT F WJSIF JSKJNYN«FIF IF HNLFSF 3T GFSHT IT 'F^JWS JXYJ[J 5FQ (XJWSFN /TLFITW IT (XJUJQ 8( HMJLTZ ¤ XJQJ«§T IF -ZSLWNF VZFSIT F -ZSLWNF O¥ JWF HTRZSNXYF Ɖ J FSYJX FNSIF IF 7J[TQYF IJ 'ZIFUJXYJ IJ HTSXJLZNZ KZLNW XTWWFYJNWT IJ Q¥ Ɖ 9NSMF FSTX J FSXNF[F UTW QNGJWIFIJ ¤ UWNRJNWF HMFSHJ YJSYJN F KZLF *WF ZR LWFSIJ WNXHT RFX JZ S§T UTINF HTSYNSZFW UTW Q¥ FXXNRƓ &T HMJLFW ¤ &QJRFSMF UWTHZWTZ HQZGJ VZJ T FHTNYFXXJ 3T 0FWQXWZMJW 8( HMJLTZ F ITNX Y±YZQTX IF 'ZSIJXQNLF F[JSYZWTZ XJ FTX +( 1F (MFZ] IJ +TSIX WJYTWSTZ ¤ 7+& Ɖ KTN UFWF 8YZYYLFWYJW 0NHPJWX *R UJSIZWTZ FX HMZYJNWFX KJ_ HTR XZHJXXT HZWXT IJ YWJNSFITW FSITZ ST 'JWQNSJW +( 88; 7JZYQNSLJS &SYZ­WUNF *NSYWFHMY +WFSPKZWY Ɖ J JR FT 'F^JWS T HMFRFWFR UFWF FIOZSYT IJ )JYYRFW (WFRJW &T IJN]FW T HQZGJ GNHFRUJ§T JZWTUJZ F (XJWSFN JSYWJLFWFR T UTXYT &SYJX IJ XJ YTWSFW UTQ­RNHT J KZLF_ YWJNSFITW IT 'JSȁHF UFXXFWF UJQT 5&40 Ɖ J JR 0NR .Q 8ZSL JQJ UW·UWNT XNR HMFRTZ T F XJQJHNTSFITW IF (TWJNF IT 3TWYJ ;TQYTZ FT XJZ KZWTW Ɖ J KJHMTZ IJUTNX F HFWWJNWF STX M¾SLFWTX IT 2FYF[ 8TUWTS 121


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OITAVOS DE FINAL Dinamo Berlin (RDA) – Aston Villa (Inglaterra)

1 – 2 // 1 – 0

$XVWULD 9LHQD ÉXVWULD ² Dinamo Kiev (URSS)

1/16 AVOS DE FINAL Aston Villa ,QJODWHUUD ² 9DOXU 5H\NMDYtN ,VOkQGLD

5 – 0 // 2 – 0

Dinamo Berlin (RFA)– FC Zürich (Suíça)

2 – 0 // 1 – 3

Austria Viena ÉXVWULD ² 3DUWL]DQL 7LUDQD $OEkQLD

3 – 1 // 0 – 1

Dinamo Kiev (URSS) – Trabzonspor (Turquia)

1 – 0 // 1 – 1

Hibernians Paola (Malta) – Estrela Vermelha (Jug.)

1 – 2 // 1 – 8

0 – 1 // 1 – 1

Baník Ostrava (Chec.) – Estrela Vermelha (Jugoslávia)

3 – 1 // 0 – 3

Anderlecht (Bélgica) – Juventus (Itália)

3 – 1 // 1 – 1

(80& 8TȁF (Bulgária) – Glentoran (Irlanda do Norte)

2 – 0 // 1 – 2

AZ Alkmaar (Holanda) – Liverpool (Inglaterra)

2 – 2 // 2 – 3

KB København (Din.) – Universitatea Craiova (Roménia)

1 – 0 // 1 – 4

%HQÀFD 3RUWXJDO ² Bayern (RFA)

0 – 0 // 1 – 4

Ferencváros (Hungria) – Baník Ostrava (Chec.)

3 – 2 // 0 – 3

&HOWLF (VFyFLD ² Juventus (Itália)

1 – 0 // 0 – 2

QUARTOS DE FINAL

MELHORES MARCADORES

1 – 4 // 1 – 2

Dinamo Kiev (URSS) – Aston Villa (Inglaterra)

1 – 0 // 0 – 0

Anderlecht %pOJLFD ² (VWUHOD 9HUPHOKD -XJRVOiYLD

Dieter Hoeness (Bayern) 7 golos (9 jogos) Karl-Heinz Rummenigge (Bayern) 6 golos (9 jogos) Willy Geurts (Anderlecht) 5 golos (8 jogos) Paul Breitner (Bayern) 5 golos (9 jogos) Lubomir Knapp (Banik Ostrava) 4 golos (4 jogos) 'XåDQ 6DYLþ (VWUHOD 9HUPHOKD

4 golos (6 jogos) 7RQ\ 0RUOH\ $VWRQ 9LOOD

4 golos (9 jogos)

:LG]HZ /yG] 3ROyQLD ² Anderlecht (Bélgica) (80& 8TȁF %XOJiULD ² 5HDO 6RFLHGDG (VSDQKD

Progrès Niedercorn (Lux.) – Glentoran (Irlanda do Norte)

1 – 1 // 0 – 4

Start IK Kristianstadt (Noruega) – AZ Alkmaar (Holanda)

1 – 3 // 0 – 1

236 2XOX )LQOkQGLD ² Liverpool (Inglaterra)

0 – 1 // 0 – 7

0 – 0 // 0 – 2 2 – 1 // 2 – 1

Liverpool (Inglaterra) – (80& 8TȁF (Bulgária)

1 – 0 // 0 – 2

Universitatea Craiova (Roménia) – Bayern (RDA)

0 – 2 // 1 – 1

Universitatea Craiova (Roménia) – Olympiakos (Grécia)

3 – 0 // 0 – 2

KB København (Dinamarca) – Athlone Town (Irlanda)

1 – 1 // 2 – 2

MEIAS-FINAIS

'JSȁHF (Portugal) – Omonia Nicosia (Chipre)

3 – 0 // 1 – 0

Aston Villa (Inglaterra) – Anderlecht (Bélgica)

0 – 1 // 0 – 5

&6.$ 6RÀD %XOJiULD ² Bayern (RFA)

gVWHUV ,) 9D[M| 6XpFLD ² %D\HUQ 5)$

1 – 0 // 0 – 0 4 – 3 // 0 – 4


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1981/82

1

Aston Villa

0

Bayern Final 25 de maio de 1982

Estádio do Feyenoord, Roterdão Árbitro: Georges Konrath (França) ASTON VILLA: Jimmy Rimmer (Nigel Spink, 8); Kenny Swain, Allan Evans, Ken McNaught, Gary Williams; Des Bremner, Gordon Cowans , Dennis Mortimer (cap.), Gary Shaw; Tony Morley, Peter Withe Treinador: Tony Barton

BAYERN: Manfred Müller; Wolfgang Dremmler, Hans Weiner, Klaus Augenthaler, Udo Horsmann; Reinhold Mathy (Günther Güttler), Wolfgang Kraus (Kurt Niedermayer, 79), Paul Breitner, Bernd Dürnberger; Karl-Heinz Rummenigge (cap.), Dieter Hoeness. Treinador: Pál Csernai Marcadores: 1-0: Peter Withe (67)



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Capítulo XXIX 1982/83

CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)


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Golo de Magath que deu título ao Hamburgo pôs jornal italiano ėÄ , J a amargo adeus À Bulgária, João Rocha foi buscar Kostov, o capitão da seleção — e na Bulgária rolou a cabeça de Malcolm Allison — na sequência do turbilhão que saiu de estágio, em que houve histórias contadas de mulheres nos quartos, de elevadores partidos, de vodca esgotado, de chamadas de polícias (e para ele tudo aquilo foram «invenções» para o tramar, para o despedir).

António Oliveira, apesar de conhecer agravamento de estado de saúde de seu pai, entrou em campo e ‘destruiu’ o D. Zagreb, com três golos apontados na segunda mão da primeira eliminatória da Taça dos Campeões em 1982

António Oliveira passou a jogador-treinador — e, na primeira eliminatória da Taça dos Campeões, coube-lhe defrontar o Dinamo Zagreb de Ivkovic, Bogan, Kranjacar e, na Croácia, que ainda era Jugoslávia, perdeu por 1-0. Antes de entrar em campo, para a segunda mão, em Alvalade, António Oliveira soube que estado de saúde do pai se agravara brutalmente, rumores correram de que falecera — o que só aconteceria duas semanas depois — e, assim, marcou os três golos que selaram o apuWFRJSYT UFWF TX TNYF[TX IJ ȁSFQ HTSYWF T (80& IJ 8QF[PT[ Zdravkov e Mladenov. HMJLFIF F 8·ȁF TX OTWSFQNXYFX G¾QLFWTX X· VZJWNFR XFGJW como é que Kostov e Bukovac ganharam dupla nacionalidade de um dia para o outro. Explicaram-lhes que casaram por procuração com portuguesas que nem sequer conheciam — para, IJ XJLZNIF XJ IN[TWHNFWJR J VZJ UJQF RFSNL¦SHNF UFWF ȁSYFW a lei as senhoras recebiam cerca de 500 contos. O jogo deu empate a dois, com golos de Manuel Fernandes e Carlos Xavier, pelo que nenhuma má consequência se soltou do nulo de Alvalade. (MJLTZ T 8UTWYNSL FTX VZFWYTX IJ ȁSFQ IJ ZRF UWT[F IF :*+& FT HFGT IJ ZR OJOZR IJ FSTX &I[JWX¥WNT F 7JFQ 8T-

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ciedad de Arconada, Bakero, Lopez Ufarte — e vitória em Alvalade, com golo de Manuel Fernandes ao cair do pano. Arconada misturou o remoque com a profecia: — Vamos passar porque o Sporting não tem capacidade para nos marcar um golo em San Sebastian. Tiveram medo, só jogaram em contra-ataque, imaginem lá. António Oliveira assumiu o sonho: tornar-se o primeiro treiSFITW UTWYZLZ®X SFX RJNFX ȁSFNX IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX Ɖ KTN ilusão desfeita nos golos de Laranaga e Bakero, no «Inferno de Atocha». Para o País Basco fora o Sporting no próprio dia por KTWRF IJ XJ IJKJSIJW IF HMZ[F KTN F OZXYNȁHF«§T )NQ¾[NT JScontraram, apesar duma aberta no tempo duas horas antes do

início do jogo, funcionários da Real ainda foram regar o campo. António Oliveira protestou, a UEFA deu-lhe ouvidos de mercaITW Ɖ J T VZJ KJ_ KTN RZQYFW T 8UTWYNSL JR KWFSHTX XZ±«TX por não ter chegado de véspera. Jordão não foi — falecera-lhe a mãe antes do embarque: — Isso sim, é que nos prejudicou, não foi a viagem no dia da partida. Já estou à espera, vai haver muita especulação em torST IT HFXT RFX NXXT S§T NSȂZNZ HTNX±XXNRF SJSMZRF FUFSMTZ-se a Oliveira). &I[JWX¥WNT IF 7JFQ 8THNJIFI SFX RJNFX ȁSFNX KTN T -FRGZWLT VZJ FSYJX XJ IJXJS[JSHNQMFWF IT )NSFRT 'JWQNS o clube dominado por Erich Mielke, deus ex machina da Stasi, a polícia política que também tinha o famigerado plano de doUNSL IF 7)& XTG XJZ HTSYWTQT Ɖ J IT 4Q^RUNFPTX J IT )NSFRT 0NJ[ XJ IJXJS[JSHNQMFWFR NLZFQRJSYJ *R 8FS 8JGFXYNFS TX FQJR§JX JRUFYFWFR J *WSXY -FUUJQ T XJZ YWJNSFITW FȁWRTZ T — Fizemos a melhor partida desta época. 3T ;TQPXUFWP TX FQJR§JX FLFWWFWFR F ȁSFQ IJ &YJSFX ¤ VZJNRF HTR FWWFXYFSIT &QGJWYT 4WRFJHMJF YWJNSFITW IF 7JFQ Sociedad, a caramunha: — O segundo golo deles foi em claro off-side.

Manuel Fernandes bate Arconada, guardião da Real Sociedad, na primeira mão dos VZFWYTX IJ ȁSFQ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX

4 TZYWT HFRNSMT UFWF F ȁSFQ FGWNZ T F /Z[JSYZX HTR J FT -[NITWJ *QNRNSTZ IJUTNX T 8YFSIFWI 1N¬LJ J JR RFNTW KZQLTW KJ_ T RJXRT FT &XYTS ;NQQF TX HFRUJ¹JX JR Y±YZQT FYWF[­X IJ IZFX HTSHQZIJSYJX [NY·WNFX J &T <NI_J\ 1TI_ LFSMTZ JR 9ZWNR UTW Ɖ J SF 5TQ·SNF ST WJLWJXXT de Boniek ao clube de onde a Vecchia Signora o fora buscar, houve empate a dois — e, por entre os golos, garrafa atirada da GFSHFIF FT ¥WGNYWT (MFWQJX (TW[JW IJN]TZ F UFWYNIF UFWFIF UTW RNSZYTX X· XJ WJFYFSIT VZFSIT XJ [NZ F UTQ±HNF F QJ[FW T «agressor» de escantilhão para a esquadra próxima. 127


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Da água benta (em vão) de Trapattoni ! , J ³ p q Nessa Juventus (de Platini) vários eram os campeões do Mundo de Espanha-82 em destaque — mas dois, sobretudo: Paolo Rossi e Dino Zoff. Alfredo Farinha, enviado especial de A BOLA, notou-o: os milhares de italianos ali (eram 40 mil, contra 4000 teutões) e os demais milhões fora dali podiam admitir até a infalibilidade do Papa ou a queda da Torre IJ 5NXF Ɖ RFX UJWIJWJR F ȁSFQ S§T 3ZR OTWSFQ IJ 9ZWNR QFS«FWFR XJ TX KTLZJYJX FSYJX da festa, ao toque da euforia: «Esta noite, metade de Itália cantará com a vitória da Juve J F TZYWF RJYFIJ HMTWFW¥ IJ WFN[F UJQF [NY·WNF IF /Z[J TZ UTW UJSF IJ S§T XJW IF /Z[J &SYJX IF UFWYNIF ,NT[FSSN 9WFUFYYTSN T XJZ YWJNSFITW S§T IJN]TZ UTW­R IJ HZRUWNW XFLWFIT T XJZ WNYZFQ QFWLFW XTWWFYJNWT UJQT WJQ[FIT ¥LZF GJSYF VZJ QJ[F[F INXHWJYT SZR GTQXT Ɖ F ¥LZF GJSYF VZJ F NWR§ KWJNWF QMJ NF IFSIT 1TLT FTX ST[J RNSZYTX WJRFYJ IJ +JQN] 2FLFYM IJN]TZ ?TKK UWJLFIT FT XTQT FT [JW F GTQF IJSYWT IF GFQN_F FOTJQMTZ XJ JR IJXJSHFSYT 4 LTQT IJXUJWYTZ FQFWNITX KTW«TZ IJXHFGJQFIFX Ɖ ST INF XJLZNSYJ 1F ,F__JYYF IJQQT 8UTWY U¸X FT FQYT IJ YTIF F XZF LWFSIJ J WTXF UWNRJNWF U¥LNSF F KWFXJ IJXFRFWWFIF IT HMTVZJ «Juve, tu atraiçoaste-nos!» /ZSYFSIT QMJ UJWLZSYF JR FHWNR·SNF o?TKK T VZJ ­ VZJ ȁ_JXYJ$ )NST ?TKK O¥ JXYF[F UFWF Q¥ ITX FSTX Ɖ J SJXXF STNYJ IJHNINZ VZJ YNSMF XNIT F ¾QYNRF *WF JSȁR T FIJZX RFLTFIT J S§T YFWIFWNF F J]HQFR¥ QT — Disseram que eu tinha sofrido golo de 30 metros, o remate foi quase da entrada da área. Disseram que eu já estava cego, esqueceram tudo o que tinha feito… +JQN] 2FLFYM S§T KJ_ FUJSFX T LTQT VZJ [NWTZ XTRGWF SF [NIF IJ ?TKK JXYJ[J JR YTIFX FX LWFSIJX OTLFIFX IF XZF JVZNUF J S§T KTWFR UTZHFX HTTUJWTZ RFLSNȁHFRJSYJ HTR 'FXYWZU J 2NQJ\XPN SZR [JWIFIJNWT YWN¦SLZQT IJ TZWT IJ KZYJGTQ TKJSXN[T 128

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³ 0 b K # % ± ė Ä Wolfgang Felix Magath, nascera em Aschaffenburg, por julho de 1953. O pai era soldado de Porto Rico destacado para uma base americana na RFA — e, com ele, ainda bebé, regressou à América, não mais esboçando vontade de saber de si. Criado pela mãe e avós, no Viktoria Aschaffenburg se lançou ao destino. De lá saltou para o Saarbrücken, então na II Divisão — e foi onde o Hamburgo o foi buscar, aos 23 anos. Se a Vecchia Signora se perdeu pelo pé de Magath, também se perdeu pela cabeça de Ernst Happel — que Gunter Netzer, responsável pelo futebol, sugeriu para suceder a Branko Zebec ao perceber-se que o vício do álcool o impedia de continuar treinador, sendo cada vez mais frequente vê-lo bêbado no banco, bêbado nos treinos… Happel fora, como jogador, central com muito golo. Tão bom que o Rapid Viena o pôs na sua equipa ideal do século XX — e a Barrigana marcou um golo na tarde em que, no apuramento para o Mundial de 1954, os austríacos bateram Portugal por 9-1. Porém, como treinador foi muito melhor — e ao chegar a Hamburgo trazia na aura o segundo lugar da Holanda no Mundial de 1978 (mesmo sem Cruyff, que o boicotara). Sempre rude para os jornalistas — que, entre os epítetos mais simpáticos, lhe chamavam O Resmungão —, nessa noite de Atenas quebrou a sua fachada característica, não repetiu a frase que, mesmo ganhando, por vezes largava, provocador e arrogante:

Ernst Happel, enquanto jogador, um central que marcava golos

— Vou dizer duas ou três frases e chega, depois escrevam o que quiserem, que o que escreverem para mim vale zero… Mostrou-se jovial: — O Hamburgo ganhou à Juventus porque mereceu. Contrariámos todas as expetativas, a verdade é que não viemos para Atenas previamente vencidos, isso era só no delírio dos italianos. 129


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Depois de Happel dizer que «árbitro é Deus», o drama no gancho espetado nas costas de Jacobs

Para o Hamburgo, a queda do Olimpo que levara da Grécia não tardou — começou semanas depois, ao decidir-se a venda de Lars Bastrup e, sobretudo, Horst Hrubesch — o profissional tardio a que já se chamava A Besta das Cabeçadas por se achar que estava já em «excesso de idade», a caminho dos 30 anos.

Árbitro foi Nicolae Rainea (que apitara o Real Sociedad-Sporting) e se dizia ser o «melhor europeu» — e só houve um lance com polémica — os italianos a queixarem-se de falta de Platini na área do Hamburgo que levou Happel ao que ainda era mais raro nele: sorrisos desfolhados por entre a frase espirituosa:

Hrubesch começara cedo a trabalhar, tarde chegara a profissional de futebol. Primeiro foi aprendiz de ladrilhador — mas, por causa de alergia ao cimento, teve de largar o ofício, indo para carpinteiro. Era o que fazia quando, aos 24 anos, o Rot-Weiss Essen lhe deu o primeiro contrato — e, em 1978, deu o Hamburgo um milhão de marcos por ele (o que andaria por menos de 35 mil contos).

— Dentro do campo o árbitro é Deus e eu sou católico. Para mim, o juiz esteve bem e o resultado do jogo está certo… Em desolação (e entaramelado) surgiu Giovanni Trapattoni aos jornalistas: — Admito que o futebol é mesmo assim… A nossa primeira parte foi, de facto, muito má… Na segunda melhorámos e só o árbitro nos impediu o empate, ao perdoar ao Hamburgo grande penalidade… Não consigo dizer mais, estou a ver se me recomponho… e todos os meus jogadores… Em Turim, os dias seguintes foram a ferro e fogo — exigindo-se que se demitissem Trapattoni e Boniperti, amiúde com expressões arrepeladas: — Que vão para a prisão ou para o inferno, na Juve nunca mais! A Giampiero Boniperti (craque da Juventus nos anos 50) pusera-o Gianni Agnelli a tomar conta do futebol — e não, nem ele, nem Giovanni Trapattoni foram demitidos. Aliás, não estava longe a Taça dos Campeões que haveriam de ganhar — numa tarde trágica, sobre sangue e loucura… 130

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10 mil marcos foi quanto recebeu cada jogador do Hamburgo pela Taça (cerca de 3400 contos, quando, em Portugal, TV a cores custava 135 contos — e cada italiano perdeu quase 6000). Lá mais para diante o destino foi cruel para outro dos campeões de Atenas, o homem que transformara Paolo Rossi (e não só) em «sombra sempre a perder-se de si»: Ditmar Jakobs. Era setembro de 1989, em jogo contra o Werder Bremen. Para evitar golo de Wynton Rufer, Jakobs em frenesim à bola, conseguiu safá-la, o ímpeto do lance, atirou-o, contudo, para dentro da baliza — e para dentro do drama: gancho com que se prendia as redes soltou-se e entranhou-se-lhe nas costas. Com ele inerte na relva e o estádio em silêncio assustador, complicado foi libertá-lo do que era brutal anzol. Ao conseguirem-no, ao cabo de vários minutos de desespero, levaram-no de ambulância para o hospital — e o jogo continuou. Na sala das urgências, aos primeiros exames, percebeu-se que havia vértebras para sempre afetadas pelo gancho — e que Jacob não poderia mais jogar futebol: — … e que teria de viver o resto da vida com dor nas costas como minha companheira. Aprendi a conviver com isso, assim continuo…



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OITAVOS DE FINAL Hamburgo (RFA) – Olympiakos (Grécia)

1 – 0 // 4 – 0

1/16 AVOS DE FINAL

Dinamo Kiev 8566 ² 6. 1sQWRUL 7LUDQs $OEkQLD

albaneses desistiram por questões políticas &6.$ 6RÀD %XOJiULD ² Sporting (Portugal)

2 – 2 // 0 – 0 Real Sociedad (VSDQKD ² &HOWLF (VFyFLD

Dinamo Berlin (RDA) – Hamburgo (RFA)

2 – 0 // 1 – 2

1 – 1 // 0 – 2

Rapid Viena (Áustria) – Widzew Lódz 3ROyQLD

Olympiakos (Grécia) – Östers Vaxjö (Suécia)

2 – 1 // 3 – 5

2 – 0 // 0 – 1

+-. +HOVLQNL )LQOkQGLD ² Liverpool (Inglaterra)

17 Nëntori Tiranë $OEkQLD ² /LQÀHOG ,UODQGD GR 1RUWH

1 – 0 // 0 – 5

1 – 0 // 1 – 2

'LQDPR %XFDUHũWH 5RPpQLD ² Aston Villa (Inglaterra)

Grasshopper (Suíça) – Dinamo Kiev (URSS)

0 – 2 // 2 – 4

0 – 1 // 0 – 3

Standard Liège (Bélgica) – Juventus ,WiOLD

'LQDPR =DJUHE -XJRVOiYLD ² Sporting (Portugal)

1 – 1 // 0 – 2

1 – 0 // 0 – 3 0yQDFR )UDQoD ² (80& 8TȁF %XOJiULD

0 – 0 // 0 – 2 (após prolongamento) Celtic (VFyFLD ² $MD[ +RODQGD

QUARTOS DE FINAL

MELHORES MARCADORES

0 – 1 // 2 – 3

Dinamo Kiev (URSS) – Hamburgo (RFA)

Hibernians Paola (Malta) – Widzew Lódz 3ROyQLD

0 – 3 // 2 – 1

Paolo Rossi (Juventus) 6 golos (9 jogos) Gary Shaw (Aston Villa) 5 golos (6 jogos) Michel Platini (Juventus) 5 golos (9 jogos) Hans Krankl (Rapid Viena) 4 golos (4 jogos) 0LURVãDZ 7ãRNLĸVNL :LG]HZ âyGť

4 golos (8 jogos) Pedro Uralde (Real Sociedad) 4 golos (8 jogos) Lars Bastrup (Hamburgo) 4 golos (9 jogos)

2 – 2 // 2 – 1 9tNLQJXU 5H\NMDYtN ,VOkQGLD ² Real Sociedad (Espanha)

1 – 4 // 1 – 3 Avenir Beggen (Luxemburgo) – Rapid Viena (Áustria)

0 – 5 // 0 – 8 Omonia Nicosia (Chipre) – HJK Helsinki )LQOkQGLD

2 – 0 // 0 – 3 Dundalk (Irlanda) – Liverpool (Inglaterra)

1 – 4 // 0 – 1

Sporting (Portugal) – Real Sociedad (Espanha)

1 – 0 // 0 – 2 Widzew Lódz 3ROyQLD ² /LYHUSRRO )& ,QJODWHUUD

2 – 0 // 2 – 3 Aston Villa (Inglaterra) – Juventus ,WiOLD

1 – 2 // 1 – 3

Aston Villa ,QJODWHUUD ² %HüLNWDV 7XUTXLD

3 – 1 // 0 – 0 )NSFRT 'ZHFWJŎYJ (Roménia) – Dukla Praga (Chec.)

2 – 0 // 1 – 2

MEIAS-FINAIS

Standard Liège %pOJLFD ² 9DVDV (72 *\|U +XQJULD

5 – 0 // 0 – 3

Real Sociedad (Espanha) – Hamburgo (RFA)

Hvidovre IF (Dinamarca) – Juventus ,WiOLD

1 – 1 // 1 – 2

1 – 4 // 3 – 3

Juventus ,WiOLD ² :LG]HZ /yG] 3ROyQLD

2 – 0 // 2 – 2


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1982/83

0

Juventus

1

Hamburgo Final 25 de maio de 1983

Estádio Olímpico, Atenas Árbitro: Nicolae Rainea (Roménia) JUVENTUS: Dino Zoff; Gaetano Scirea (cap.); Massimo Bonini, Sergio Brio, Claudio Gentile; Marco Tardelli, Michel Platini, Roberto Bettega, Antonio Cabrini; Paolo Rossi (Domenico Marocchino, 56), Zbigniew Boniek. Cartão amarelo: Massimo Bonini (36), António Cabrini (39). Treinador: Giovanni Trapattoni HAMBURGO: Uli Stein; Holger Hieronymus; Manfred Kaltz, Ditmar Jakobs, Bernd Wehmeyer; Wolfgang Rolff, Felix Magath, Jürgen Groh, Jürgen Milewski; Horst Hrubesch (cap.), Lars Bastrup (Thomas von Heesen, 56) Cartão amarelo: Jurgen Groh (35), Wolfgang Rolff (39). Treinador: Ernst Happel Marcadores: 1-0: Felix Magath (9).



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Capítulo XXX 1983/84

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«Dança das pernas de esparguete» do guarda-redes que tinha andado numa guerra terrível deu a taça ao Liverpool (e jogador da Roma suicidou-se por se sentir culpado)

.FS 7ZXM T FZYTW IT YJWHJNWT LTQT FTX RNSZYTX 3JS­ WJIZ_N WF FTX S§T INXHTWITZ Ɖ 4 LTQT IJ <MJQFS XNQJSHNTZ F RZQYNI§T JSJW[TZ T 'JSȁHF J F UFWYNW IF± KTN YZIT RZNYT RFNX K¥HNQ IT VZJ S·X JXUJW¥[FRTX 3F YWNGZSF IJ NRUWJSXF /T§T &Q[JX IF (TXYF FUFSMFWF IJ ZR OTWSFQNXYF NSLQ®X NWTSNF UNHFIF Ɖ *XYJ RNXYJW 'JSYT ­ H¥ ZRF HTNXFƓ RJXRT JQJ T LZFWIF WJdes da grande Seleção de Portugal?

5FWF T 'JSȁHF F 9F«F ITX (FRUJ¹JX *ZWTUJZX IJ FGWNZ HTR FT 1NSȁJQI Ɖ J JR 'JQKFXY F JVZNUF IJ 8[JS ,TWFS *WNPXXTS VZJ UTW FQYZWF IF ȁSFQ MF [JWNF IJ FSIFW JR KTLFHMT UJQFX GTHFX IT RZSITƓ [TQYTZ F LFSMFW XNR JXXJ KTN T OTLT JR VZJ )NFRFSYNST IJUTNX IJ LTQT SF UW·UWNF GFQN_F RFWHTZ SF GFQN_F HJWYF )JWWTYF JR &YJSFX HTR T 4Q^RUNFPTX WJ [JWYJZ XJ HTR SF 1Z_ Ɖ J STX VZFWYTX IJ ȁSFQ XTWYJNT U¸X T 1N[JWUTTQ ST HFRNSMT ITX GJSȁVZNXYFX )J &S ȁJQI 7TFI SJR XJVZJW [JNT T XTSMT FGFQFIT UJQT LTQT IJ .FS 7ZXM UTW FVZNQT VZJ 'JSYT HTSXNIJWTZ LTQUJ YWFN«TJNWT IT IJXYNST — O golo surgiu na consequência de um cruzamento, a bola suGNZ RZNYT J JZ ȁVZJN JSHFIJFIT UJQF QZ_ IJN]JN IJ [JW F GTQF (TSKJXXT VZJ YFRG­R S§T [N T 7ZXM SFX RNSMFX HTXYFX *SȁR S§T MF[NF SFIF F KF_JW SJR ZR RNQFLWJƓ 3F 1Z_ IJUWJXXF XJ HFNZ ST UJXFIJQT HTR F GTQF HMZYFIF UTW 7TSSJN <MJQFS F YWFVZNSFW UTW GFN]T IFX UJWSFX IJ 'JSYT QTLT FTX ST[J RNSZYTX &TX UTW /TMSXYTS Ɖ J T VZJ XJ XJLZNZ WJ[JQTZ T FRFWLZWFIT *WNPXXTS Ɖ 8TKWJRTX ITNX LTQTX JXY¾UNITX 4 UWNRJNWT RFWHTZ F JVZNUF T XJLZSIT FHFGTZ HTR JQF +TN UJSF UTWVZJ FY­ SJR JXY¥[FRTX F OTLFW RFQ 136

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2FSZJQ 'JSYT S§T IJN]TZ IJ XJ RTXYWFW UTW RFNX FQLZRFX [J_JX YWFSXYTWSFIT FNS IF XTKWJZ T IJ <MJQFS FTX RNSZYTX Ɖ J SJXXF STNYJ S§T VZNX KFQFW FTX OTWSF QNXYFX & R¥LTF S§T IJN]FWNF HTSYZIT IJ XTQYFW XJ QMJ UJQF UTSYF IF Q±SLZF YJRUTX IJUTNX FNSIF ST GZQ±HNT IF XZF RJR·WNF Ɖ & UFWYNW IT UWNRJNWT LTQT HTRJ«FWFR TX FXXTGNTX J T IJXHFQFGWT * XNR FHFGJN UTW XTKWJW YFQ[J_ T RFNTW KWFSLT IF RNSMF [NIF HTR F GTQF F UFXXFW RJ JXYZUNIFRJSYJ UTW GFN]T IFX UJWSFX :R IFVZJQJX INFX JR VZJ RFNX [FQNF SJR XFNW IJ HFXF :RF STNYJ MTWW±[JQ HMT[NF YTWWJSHNFQRJSYJ T YJWWJST RZNYT UJXFIT TX FIJUYTX F QJ[FWJR ITNX GFSMTX T IF HMZ[F J T ITX VZFYWT LTQTX 4 XJSMTW *WNPXXTS VZJ SZSHF HWNYNHF[F TX OTLFITWJX HTRJ«F[F F ­UTHF HTR KWFXJ LNWF VZFSIT ­ VZJ I¥X ZR KWFSLT UFWF JZ ȁHFW IJXHFSXFIT$ Ɖ * SFVZJQF STNYJ IJ IJR·SNTX HTSYWF T 1N[JWUTTQ S§T KTN X· ZR 8J HFQMFW KTWFR ITNX XJ HFQMFW KTWFR YW®X 3T OTLT XJLZNSYJ WJHJGJWFR RJ SF 1Z_ HTR YWJRJSIF T[F«§T FUJXFW ITX FT 5JSFȁJQ FY­ MTZ[J VZJR RJ HTSXNIJWFXXJ T RJQMTW JR HFRUT Ɖ J ­ T KZYJGTQ ­ RJXRT FXXNR ITNX RFNX ITNX SZSHF X§T VZFYWTƓ *ZX­GNT WJXZRNZ YTIF FVZJQF STNYJ IJ [JSIF[FQ J T KZYZWT FY­Ɠ SZRF XNRUQJX KWFXJ Ɖ *XYJ 1N[JWUTTQ ­ F RJQMTW JVZNUF IT 2ZSIT



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No que deu Grobbelaar ter ido trincar a rede da baliza… Antes do Benfica, o Liverpool batera o Odense (1-0, 5-0), mais complicado foi desembaraçar-se do Athletic Bilbao (0-0, 1-0) — e nas meias-finais, voltou às duas vitórias, ante o Dinamo Bucareste: 1-0, 2-1). A Roma, para chegar à final de Roma, foi deixando pelo caminho o IFK Goteborg (3-0, 1-2), o CSKA (1-0, 1-0), o Dinamo Berlin (3-0, 1-2) e o Dundee United (0-2, 3-0).

Bruce Grobbelaar, um guarda-redes que antes de o ser viveu passado inacreditável…

76 países viram o jogo pela TV (e um dos espectadores mais atentos, logo se soube, fora João Paulo II, no Vaticano…) — e o que o Roma-Liverpool deu, Alfredo Farinha, enviado especial de A BOLA, sumariou-o assim: «Mesmo entendendo a necessidade do sistema, nem por isso podemos negar essa tal sensação de frustração que decorre do vencedor de uma final tão grandiosa ter sido encontrado por um artificialismo que, inclusivamente, poderia ter conduzido a um vencedor escandalosamente falso, no que se convencionou chamar a verdade do jogo. Mas, afinal, escreveu-se direito por linha tortas: nos penáltis, o Liverpool acabou mesmo por garantir o direito à taça, justiça óbvia pelo que se viu ao longo de duas horas de futebol, durante as quais os ingleses, com os seus jogadores bem menos idolatrados e bem menos deificados, mas nem por isso menos valiosos, provaram merecer o título e o privilégio de possuir o melhor futebol da Europa». Aos 13 minutos, Phil Neal fez o golo do Liverpool — e, aos 42, golpe de cabeça de Roberto Pruzzo pôs o placard em 1-1. Com 1-1 se chegou ao minuto 120 — e, do desempate por penáltis, através da exótica dança das pernas de esparguete, Bruce Grobbelaar destrambelhou Bruno Conti e Francesco Graziani, levando-os aos seus fatais falhanços: — Ao dirigir-me para a baliza, mordi a rede, pareceu-me esparguete, resolvi, então, fazer das pernas esparguete para comer os italianos assim, achando que eu estava a tremelicar de medo. Descendente de bôeres, povo de colonizadores brancos que desligaram a

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África do Sul do domínio inglês — Grobbelaar nasceu em Durban (por 1957). Futebol começou a jogar, aos 16 anos, no Highlanders de Bulawayo (quando a Rodésia estava já, também, marcada pelo apartheid que os bôeres criaram). Antes andara pelo críquete — e, por 1976, regressou à África do Sul, foi oferecer-se ao Highlands Park (que haveria de tornar-se Jomo Cosmos) — mas como era equipa de negros não o aceitaram. Inscreveu-se na Guarda Nacional da Rodésia — e foi, voluntário, lutar contra os movimentos negros de Robert Mugabe e Joshua Nkomo. Sobre a sua participação na guerra que transformou a Rodésia em Zimbabué deu entrevista arrepiante ao The Guardian, a revelá-lo: — Quantas pessoas matei, não sei. Foram muitas. Por isso procurei viver a vida no presente. Só posso dizer que estou arrependido do que fiz mas não posso mudar o passado». Ainda atormentado falou da primeira morte que fez: — Foi ao anoitecer. Quando o sol está a pôr-se, começas a ver sombras nos arbustos. Não consegues ver muito até veres o branco dos olhos. És tu ou eles. Disparas, escondes-te. Ouves som de disparos. Ouves vozes do teu lado: «Ei, fui atingido». Assobias para que se calem ou arriscas-te a morrer. Quando acaba o tiroteio, há corpos por todo o lado. Na primeira vez, tudo o que tens no estômago vem-te à boca. Na entrevista, a pretexto do lançamento de Life in a Jungle, a sua autobiografia, também contou que a seu lado teve um soldado que «cortava orelhas dos inimigos que matava e as guardava em frascos» — e, outros dois, condenados a nova comissão de seis meses se suicidaram: — Acabou por ser o futebol a salvar-me a vida, afastando-me dos pensamentos negros da guerra. Por entre a guerra fez um jogo pela Rodésia contra a África do Sul — e com o cessar-fogo à beira de se acordar, aventurou-se ao Canadá. O seu primeiro jogo foi contra o Los Angeles Aztecs — perdeu-o por 2-0 (um dos golos sofreu-o de Johan Cruyff). Foi de férias em Inglaterra, encontro casual soltou a Ron Atkinson o desejo de o contratar para o West Bromwich. O negócio derrapou por não lhe despacharam autorização de trabalho. O Crewe Alexandra pediu-o emprestado ao Vancouver Whitecaps para jogar a IV divisão (e, à cautela, não lhe punham, nas fichas, o primeiro nome: Bruce – punham-lhe Bill…)

Grobbelaar em ação, na Luz, em abril de 1984

139


Joe Fagan Treinador do Liverpool, entre 1983 e 1985, Fagan conduziu os ‘reds’ ao quarto título de campeão da Europa

1984

140

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O treinador que mandou embora o jogador que lhe acertou com a bola na cabeça por achar que lhe ia dar azar… Não, não era só pelo jeito fanfarrão e excêntrico de ser (que nunca perdeu) — que Bruce Grobbelaar dava nas vistas e, na partida antes do seu (previsto) regresso a Vancouver, apareceu, fortuito, pelo estádio, Tom Saunders. Encantou-se com as suas defesas — e ainda mais pelo modo como marcou o penálti que IJZ F [NY·WNF FT (WJ\J &QJ]FSIWF &QN T IJXFȁTZ UFWF XZUQJSte de Ray Clemence, dando o Liverpool 250 mil libras por ele. A assinatura surpresa de Clemence pelo Tottenham pôs-lhe a baliza nas mãos — e logo Grobbelaar ganhou o primeiro de seis campeonatos (que a década de 80 lhe deu, em fulgor). Nessa Roma havia o Vierchowood e o Prohaska, o Toninho Cerezzo e o Falcão, o Ancelotti e o Conti — e o coração em brilho do seu meio-campo era o Agostino Di Bartolomei. Após o falhanço de Steve Nicol, no primeiro pontapé de penálti, Di Bartolomei, sem se impressionar, com a exótica dança de pernas de Bruce Grobbellaar, fez golo. Falcao escusou-se a marcar, Conti e Graziani falharam, Phil Neal, Graemme Souness, Ian Rush e Allan Kennedy não — e, por isso, de nada serviu o chuto igualmente certeiro de Ubaldo Righetti. Joe Fagan, que passara a treinador de campo, deixando a Bob 5FNXQJ^ T HFWLT IJ RFSFLJW FȁWRTZ NSXNSZFSIT XJ ST VZJ NF IN_JSIT YWF«TX IJ KFNW UQF^ RNXYZWFITX HTR ZRF HJWYF ȁQTXTȁF — Antes dos penáltis, chamei os meus jogadores à roda e disse-lhes simplesmente: aconteça o que acontecer, estou muito orgulhoso de vós. Isso dos penáltis já não interessa nada. Claro, mesmo assim, é sempre melhor ganhar nos penáltis do que perder nos penáltis — e vou surpreendê-los, outra vez: não me agradou a Roma ter perdido assim pois foi uma grande equipa, ao ponto de ter impedido o Liverpool de jogar como é seu estilo, com muita velocidade. Querem, então, que fale de justiça? OK, apesar de tudo não deixa de ser justo que a taça tenha vindo para nós, vindo como veio…

Como jogador, Nils Liedholm foi, pela Suécia, campeão olímpico em 1948 e vice-campeão mundial em 1958 (campeão? Claro, o Brasil de Pelé e Garrincha, nos primeiros sinais da sua eterniIFIJƓ 5TW JXXF FQYZWF O¥ ȁ_JWF MNXY·WNF ST &( 2NQFS UFWF Q¥ ITX quatro campeonatos e das duas Taças Latinas que venceu. No &( 2NQFS UFXXTZ F YWJNSFITW Ɖ J JR LFSMTZ T XHZIJYYT 2ZITZ XJ UFWF F 7TRF HFRUJ§T IF X­WNJ & KTN YFRG­R JR J IZFX 9F«FX IJ .Y¥QNF OZSYTZ FT UFQRFW­X F IJ J IJ 9ZIT NXXT HTR KFRF IJ XZUJWXYNHNTXT IJQJ XJ HTStando que levava para o banco chifres nos bolsos, acreditando que isso lhe dava poder mágico, que, no balneário, abençoava as camisolas com água de Fregene — e que, depois de afastado IF ȁSFQ IF 9F«F :*+& IJ UJQT 'JSȁHF UJINZ F )NST Viola que despedisse Prohaska porque, num treino, o austríaco lhe acertara com uma bola na cabeça — e isso era sinal de azar… Apareceu cabisbaixo para a conferência de imprensa do Estádio 4Q±RUNHT J F 1NJIMTQR TZ[NZ XJ QMJ — Justo é que o Liverpool seja campeão da Europa, na medida, sobretudo, em que taticamente foram muito bons, juntando a um bloco compacto uma tremenda mobilidade, nisso, então, foram muito melhores que a Roma. Por nós, olhem… joguei tudo na solução da partida no tempo regulamentar e na meia hora do prolongamento porque não me agradava nada ter de jogar na lotaria… na ideia dos penáltis… Por essa altura já se sabia, Nils Liedholm perdera o lugar para 8[JS ,TWFS *WNPXXTS & 7TRF [JSIJZ )N 'FWYTQTRJN FT &( 2Nlan, ainda passou pelo Cesena, despediu-se do futebol em 1990 na Salernitana — e os quatro anos seguintes viveu-os em Salerno a cuidar do jardim da casa e a ensinar criancinhas a jogar numa escola. Achava-se estranho que, a cada dia que passasse, mais dissesse que fora por culpa sua que a Roma perdera a Taça dos Campeões (sem que se percebesse porquê…) 3T INF IJ RFNT IJ FSTX FU·X F ȁSFQ HTR T 1N[JWpool, a Agostino Di Bartolomei encontraram-no morto com um tiro no peito — na carta de despedida que escrevera, atormentaIT WJUJYNZ F NIJNF — Que a Taça dos Campeões que lhe fugira, o deixara vazio para sempre… 141


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OITAVOS DE FINAL Liverpool (Inglaterra) – Athletic Bilbao (Espanha)

0 – 0 // 1 – 0

Olympiakos (Grécia) – 'JSȁHF (Portugal)

1/16 AVOS DE FINAL Odense (Dinamarca) – Liverpool (Inglaterra)

0 – 1 // 0 – 5

Lech Poznán (Polónia) – &YMQJYNH 'NQGFT (Espanha)

2 – 0 // 0 – 4

$MD[ +RODQGD ² 4Q^RUNFPTX (Grécia)

0 – 0 // 0 – 2

'JSȁHF 3RUWXJDO ² /LQÀHOG ,UODQGD GR 1RUWH

3 – 0 // 3 – 2

)NSFRT 2NSXP (URSS) – Grasshopper (Suíça)

1 – 0 // 2 – 2

1 – 0 // 0 – 3

5iED (72 *\ŃU +XQJULD ² )NSFRT 2NSXP (URSS)

3 – 6 // 1 – 3

)NSFRT 'ZHFWJŎYJ 5RPpQLD ² +DPEXUJR 5)$

3 – 0 // 2 – 3

Standard Liège (Bélgica) – )ZSIJJ :SNYJI (Escócia)

0 – 0 // 0 – 4

Bohemians Praga (Chec.) – 7FUNI ;NJSF (Áustria)

2 – 1 // 0 – 1

)NSFRT 'JWQNS (RDA) – Partizan Belgrado (Jugoslávia)

2 – 0 // 0 – 1

CSKA (Bulgária) – 7TRF (Itália)

0 – 1 // 0 – 1

7¥GF *94 ,^ĕW +XQJULD ² 9tNLQJXU 5H\NMDYtN ,VODQGLD

2 – 1 // 2 – 0

.XXV\VL /DKWL )LQOkQGLD ² )NSFRT 'ZHFWJŎYJ (Roménia)

0 – 1 // 0 – 3

QUARTOS DE FINAL

0 – 3 // 0 – 3

Liverpool ,QJODWHUUD ² %HQÀFD 3RUWXJDO

2 – 3 // 2 – 8

Dinamo Minsk (URSS) — )NSFRT 'ZHFWJXYJ (Roménia)

+DPUXQ 6SDUWDQV 0DOWD ² )ZSIJJ :SNYJI (Escócia) Athlone Town (Irlanda) – 8YFSIFWI 1N¬LJ (Bélgica) )HQHUEDKoH 7XUTXLD ² 'TMJRNFSX 5WFLF (Chec.)

0 – 1 // 0 – 4

7FUNI ;NJSF ÉXVWULD ² 1DQWHV )UDQoD

3 – 0 // 1 – 3

)NSFRT 'JWQNS 5)$ ² /D -HXQHVVH G·(VFK /X[

4 – 1 // 2 – 0

1 – 0 // 4 – 1 1 – 1 // 0 – 1

Rapid Viena (Áustria) — )ZSIJJ :SNYJI (Escócia)

2 – 1 // 0 – 1

7TRF (Itália) — Dinamo Berlin (RDA)

3 – 0 // 1 – 2

5FWYN_FS 'JQLWFIT (Jug.) – Viking Stavanger (Noruega)

5 – 1 // 0 – 0

(80& 8TȁF (Bulgária) – Omonia Nicosia (Chipre)

3 – 0 // 1 – 4

7TRF ,WiOLD ² ,). *|WHERUJ 6XpFLD

3 – 0 // 1 – 2

-FRGZWLT 5)$ ² .6 9OOD]QLD 6KNRGsU $OEkQLD

Desistência dos albaneses

MEIAS-FINAIS Liverpool (Inglaterra) — Dinamo Bucareste (Roménia)

1 — 0 // 2 — 1

Dundee United (Escócia) – 7TRF (Itália)

2 — 0 // 0 — 3

MELHORES MARCADORES Viktor Sokol (Dinamo Minsk) 6 golos (6 jogos) Roberto (Roma) 5 golos (9 jogos) Ian Rush (Liverpool) 5 golos (9 jogos) Ionel Augustin (Dinamo Bucareste) 3 golos (8 jogos) *KHRUJKH 0XOŏHVFX 'LQDPR %XFDUHVWH

3 golos (8 jogos) Nikos Anastopoulos (Olympiacos) 3 golos (4 jogos) Antonín Panenka (Rapid Vienna) 3 golos (6 jogos) Davie Dodds (Dundee United) 3 golos (8 jogos) Ralph Milne (Dundee United) 3 golos (8 jogos) Rainer Ernst (Dinamo Berlin) 3 golos (8 jogos) Kenny Dalglish (Liverpool) 3 golos (9 jogos)


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1983/84

1

Roma

1

Liverpool

(2 – 4 nos penáltis) Final 30 de maio de 1984 Estádio Olímpico, Roma Árbitro: Erik Fredriksson (Suécia) ROMA : Franco Tancredi (cap.); Ubaldo Righetti, Michele Nappi, Dario Bonetti, Sebastiano Nela; Agostino Di Bartolomei, Paulo Roberto Falção; Toninho Cerezo (Mark Tullio Strukel, 115), Francesco Graziani, Bruno Conti, Roberto Pruzzo (Odoacre Chierico, 64 minutos) Cartão amarelo: Toninho Cerezo (115) Treinador: Nils Liedholm LIVERPOOL: Bruce Grobbelaar; Alan Hansen, Phil Neal (cap.), Mark Lawrenson, Alan Kennedy; Grameme Souness, Sammy Lee, Craig Johnston (Steve Nicol, 72), Ronnie Whelan; Kenny Dalglish (Michael Robinson, 94), Ian Rush Treinador: Joe Fagan Marcadores: 0-1: Phil Neal (13); 1-1: Roberto Pruzzo (42). Desempate por penáltis: Liverpool: Neal, Graeme Souness, Ian Rush e Alan Kennedy marcaram; Steve Nicol falhou; Roma: Agostino Di Bartolomei e Ubaldo Righetti marcaram; Bruno Conti e Francesco Graziani falharam.



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Capítulo XXXI 1984/85

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Sobre o sangue de 39 mortos, a Juventus ganhou, Boniek não quis tocar na Taça e deu o dinheiro do prémio às famílias das vítimas do Heysel

HTRJYJW UJS¥QYN /FSOFSNS JRUFYTZ )TNX RNSZYTX IJUTNX XFNZ QMJ IT U­ T MFY YWNHP Ɖ VZJ KTN WFXYNQMT ¤ K¾WNF IJ (XJWSFN FYNWFSIT SZR ZWWT FTX VZFYWT [JSYTX T VZJ XJ HFQMFW X· IJ[JWNF IN_JW ST WJXLZFWIT IT GFQSJ¥WNT

(FIF [J_ JR RFNTW KZQLTW ST 'JSȁHF FSIF[F )NFRFSYNST 2NWFSIF *SHFSYFITX HTR JQJ TX KWFSHJXJX IT 8Y *YN­SSJ QFS«FWFR QMJ HFSYT IJ XJWJNF +JWSFSIT 2FWYNSX UJINZ QMJX RNQ HTSYTX UJQT UFXXJ TX KWFSHJXJX [FHNQFWFR FHFGFWFR UTW IJXNXYNW *SYWJYFSYT RFNX XJ XTZGJWF VZJ T 8( 'WFLF QMJ TKJWJHJWF T ITGWT IT VZJ ȁHFWF F WJHJGJW SF 1Z_ RNQ HTSYTX UTW ITNX FSTX J VZJ FY­ T :SN§T IF 2FIJNWF QMJ VZNXJWF IFW RFNX

3F 1Z_ T 'JSȁHF LFSMTZ UTW HTR LTQTX IJ (FWQTX 2FSZJQ FTX J FTX RNSZYTX Ɖ J JXUFSYTXT [TQYTZ F XJW T KZQLTW VZJ )NFRFSYNST JXUFQMTZ UJQF WJQ[F 3T ȁSFQ IF UFWYNIF T YWJNSFITW IT *XYWJQF ;JWRJQMF JXYF[F [JSHNIT J HTS[JSHNIT

(TR *WNPXXTS SF 7TRF T 'JSȁHF ȁHTZ HTR 5FQ (XJWSFN VZJ QJ[FWF T 'F^JWS ¤ ȁSFQ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX YJWHJNWF OTWSFIF IT HFRUJTSFYT UJWIJZ SFX &SYFX HTR T +( 5TWYT HTR ITNX LTQTX JR ITNX RNSZYTX IJ +JWSFSIT ,TRJX J FHTSYJHJZ T VZJ )NFRFSYNST WJ[JQTZ — No balneário, à frente de toda a gente, o Csernai disse-me que eu era um grande bluff, que não jogava nada, que o melhor era ir trabalhar para as obras, que nem imaginasse jogar com o Estrela Vermelha. *XXJ OTLT HTR T *XYWJQF ;JWRJQMF KTN TSIJ T 'JSȁHF FGWNZ F UFWYNHNUF«§T SF 9F«F ITX (FRUJ¹JX *ZWTUJZX IJ Ɖ YW®X INFX IJUTNX IT WJRTVZJ IT 5TWYT +TN YJRUT GFXYFSYJ UFWF (XJWSFN RZIFW IJ NIJNFX OZSYFSIT )NFRFSYNST F 2FSSNHMJ SF XZF QNSMF IJ FYFVZJ Ɖ J FTX RNSZYTX )NFRFSYNST U¸X T 'JSȁHF F [JSHJW UTW SZR LTQT JXUJYFHZQFW T UWNRJNWT LTQT RFWHFWF T *QXSJW SF UW·UWNF GFQN_F 7FOPT /FSOFSNS VZJ JSYWFWF FT NSYJW[FQT U¸X IJ X¾GNYT F UFWYNIF IJ UJWSFX UFWF T FW &TX RNSZYTX Q[FWT 2FLFQM§JX KJ_ UJS¥QYN J /FSOFSNS WJIZ_NZ UFWF &TX KTN 'JSYT F 146

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— Álvaro foi o pai desta derrota, o seu grande culpado ao fazer um penálti daqueles, numa altura daqueles. Por outro lado, há SJXYJ 'JSȁHF OTLFITWJX VZJ SJR XJVZJW XFGJR VZJ ZR OTLT IJ futebol tem 90 minutos.

Ɖ 4 RJQMTW XJLZNZ JR KWJSYJ T XJLZSIT LTQT IT 'JSȁHF KTN JXpetacular. 4 YWJNSFITW IT *XYWJQF ;JWRJQMF JWF ,TOPT ?JH &QLZWJX UTW 4 5JYWT IJXFȁTZ T UFWF &SLTQF ,FSMTZ YW®X YF«FX JXYF[F F HFRNSMT IT YJWHJNWT HFRUJTSFYT Ɖ J SZR FXXFQYT ¤ R§T FWRFIF SZRF WZF IJ 1ZFSIF RFYFWFR ST 3TX TNYF[TX IJ ȁSFQ [TQYTZ T 1N[JWUTTQ F HWZ_FW XJ HTR T 'JSȁHF Ɖ VZJ XZWLNZ JR &SȁJQI 7TFI F OTLFW IJXYJRNIT FT FYFVZJ IJN]FSIT TX NSLQJXJX JR JXUFSYT (TSYWF F HTWWJSYJ IT OTLT &QFS 7ZXM KJ_ ¤ GJNWF IT NSYJW[FQT &TX RNSZYTX )NFRFSYNST JRUFYTZ Ɖ J HTSYNSZFSIT ST XJZ KWJSJXNR F oQJ[FW T U¦SNHT UFWF OZSYT IF GFQN_F (XJWSFN IJZ YNWT ST U­ RFSITZ T )NFRFSYNST UFWF T GFQSJ¥WNT U¸X 9T_­ JR XJZ QZLFW Ɖ J HTR RFNX ITNX LTQTX IJ 7ZXM KJHMTZ XJ T UQFHFWI JR 3F 1Z_ QTLT FTX HNSHT RNSZYTX 2FSSNHMJ HTGWTZ UJWKJNYT UJS¥QYN Ɖ T 'JSȁHF FSITZ QFWLT YJRUT F IFW XNSFNX IJ UTIJW [TFW UFWF T UFWF±XT IJN]TZ IJ TX IFW VZFSIT ¤ GJNWF IT NSYJW[FQT 5NJYWF F )FQLQNXM XJ FLWJINWFR RZYZFRJSYJ Ɖ J TX GJSȁVZNXYFX UJWIJWFR FVZJQJ VZJ JXYF[F F XJW oT RTYTW J F HMFWSJNWF IFX XZFX IJXHNIFX UJQT ȂFSHT INWJNYT



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Entraram com pedras, navalhas, barras de ferro (e mais) — eram neonazis (logo disse o presidente do Liverpool) 4 1N[JWUTTQ [TQYTZ ¤ ȁSFQ VZJ F :*+& U¸X ST -J^XJQ 5JYJW 7TGNSXTS YJSYFWF VZJ KTXXJ TZYWT T UFQHT UWJRTSNY·WNT YFQ[J_ — É um péssimo estádio, velho e inseguro. 4 TZYWT ȁSFQNXYF KTN F /Z[JSYZX J ,NFRUNWT 'TSNUJWYN YFRG­R QMJ YTWHJZ T SFWN_

:R RZWT HJIJZ Ɖ J X· ZR VZFWYT IJ MTWF IJUTNX ­ VZJ F UTQ±HNF IJ HMTVZJ JSYWTZ ST JXY¥INT ƈ O¥ HTR F 9; F RTXYWFW NRFLJSX IJ ZR UFN F LWNYFW J F HMTWFW FLFWWFIT ¤ ȁQMF XJR [NIF O¥ HTR OTWSFQNXYFX F [JWJR ZR YZWNS®X F RTWWJW IJ FYFVZJ HFWI±FHT SF YWNGZSF IJ NRUWJSXF TSIJ UWTHZWFWF WJK¾LNT :RF MTWF FU·X T VZJ IJ[JWNF YJW XNIT T NS±HNT IT 1N[JWUTTQ /Z[JSYZX 5MNQ 3JFQ HFUNY§T ITX 7JIX INWLNZ XJ FT U¾GQNHT FYWF[­X IF FUFWJQMFLJR XTSTWF IT -J^XJQ — Pedimos ordem, pois só assim se poderá jogar. * F XJZ QFIT ,FJYFST 8HNWJF QFS«TZ F UFQF[WF FTX XJZX FIJUYTX — Jogaremos porque a polícia se responsabilizou pela nos-

&UJXFW IJ UTQ±HNFX RTGNQN_FITX UFWF F TUJWF«§T -J^XJQ INXY¾WGNTX IJXFYFWFR XJ QTLT JR WJITW IT JXY¥INT 5FWYNWFR XJ RTSYWFX ITST IJ ZRF OTFQMFWNF VZJN]TZ XJ IJ FXXFQYT KZWYN[T IJ MTTQNLFSX VZJ QMJ QJ[FWFR UJ«FX F[FQNFIFX JR RFNX IJ RNQ JZWTX F [FQTWJX IJ FLTWF 4 -J^XJQ YNSMF HFUFHNIFIJ UFWF RNQ UJXXTFX Ɖ J QTLT XJ UJWHJGJZ VZJ MF[NF RZNYFX RFNX Q¥ IJSYWT YNSMFR JSYWFIT XJR GNQMJYJX XJR VZJ F UTQ±HNF HTSXJLZNXXJ YWF[¥ QTX :RF MTWF FSYJX IT FWWFSVZJ IT OTLT HTR T XJYTW IJ GFSHF IF ITX NYFQNFSTX XJUFWFIT IT XJYTW IJ GFSHFIF ITX NSLQJXJX UTW ZRF Y­SZJ QNSMF IJ NRUTYJSYJX UTQ±HNFX +TN UTW F± VZJ VZJ T NSKJWST HMJLTZ NSLQJXJX FYNWFWFR XJ FT FXXFQYT F NYFQNFSTX 5TW JSYWJ UJIWFX J UFZX QFS«FITX [NWFR XJ GFWWFX IJ KJWWT JR WNXYJ IZJQTX ¤ SF[FQMF NSTHJSYJX JXKFVZJFITX Ɖ UTW [NF IJ ZR IJX XJX IJXHFGJQFRJSYTX WFUF_ IJ FSTX MF[JWNF IJ QJ[FW UTSYTX ST WTXYTƓ .YFQNFSTX YTRFITX IJ U¦SNHT JXGT«FWFR F KZLF FX LWFIJX VZJ XJUFWF[FR T XJYTW = IT XJYTW ? HJIJWFR ¤ JS]ZWWFIF UTW JSYWJ T YZWGNQM§T ZSX KTWFR JXUJ_NSMFITX TZYWTX XZKTHFWFR 148

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Festa, de início, que em tragédia haveria de se tornar


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sa segurança e por uma normal saída do estádio. Não respondam, pois, a provocações, mantenham-se calmos. Vamos jogar, jogando por vós… No topo oposto, surgiu cartaz gigante com duas palavras apenas:

«Reds, animals.» * UTW Q¥ ȁHTZ Mortos acabaram por ser 39 — e, anos depois, Bruce GrobGJQFFW T LZFWIF WJIJX IT 1N[JWUTTQ FȁWRTZ T JR JSYWJ[NXYF ao La Repubblica: — Houve ingleses que embarcaram para Bruxelas com um único propósito: criar confusão. A minha mãe, que acabara de HMJLFW IF KWNHF IT 8ZQ [NZ UFSȂJYT VZJ IN_NF VZJ F ȁSFQ HTStra a Juventus seria o último jogo do Liverpool na Europa — e, por isso, é verdade, o que logo se colocou como hipótese: que F YWFL­INF YJSMF XNIT IF WJXUTSXFGNQNIFIJ IJ WZȁFX QNLFITX F grupelhos de extrema-direita. Essa foi, aliás, a ideia de pronto lançada por Peter Robinson, o presidente do Liverpool: que o despoletar dos incidentes era responsabilidade da National Front, organização nazi inglesa VZJ XJ NSȁQYWFWF ST KZYJGTQ UFWF T U¸W F KJWWT J KTLTƓ Belga que estivera no setor Z, como adepto do Liverpool, denunciou-o: — Como quase todos nós ali, o que queria era assistir a uma ȁSFQ XZRUYZTXF YWFSXKTWRFWFR STX F STNYJ SZR UJXFIJQT Foi só um certo bando que matou com as suas mãos. Eram grandes adolescentes, tinham o crânio rapado com navalha, brincos nas orelhas, estavam cobertos de tatuagens, evoca[FR F ­UTHF IT SF_NXRT (TR JQJX UFWF IJSYWT IT JXY¥INT tinham levado facas, cadeias de ferro, barras de metal, matracas e pedras de pavimento, algumas pesando entre dois e três quilos. Como é que a polícia não viu? Eles puderam movimentar-se em liberdade, semear a morte à sua volta!

'WZHJ ,WTGGJQFFW FȁWRFWNF JR JSYWJ[NXYF VZJ FQLZSX NSLQJXJX [NFOFWFR UFWF 'WZ]JQFX HTR ZR ¾SNHT TGOJYN[T HWNFW HTSKZX§T

Apesar do sangue a correr, a UEFA determinara-o, em veemência: tem de haver jogo — e Zbigniew Boniek haveria de o revelar ao The Guardian: — Não sabíamos a real dimensão da tragédia, mas sabíamos que YNSMF MF[NIT YWFL­INF 2FSIFWFR STX OTLFW IN_JSIT VZJ JWF F ¾SNca forma de se prevenir uma guerra pior entre as claques. Ainda vi corpos levados do estádio. É horrível ter de jogar futebol enquanto pessoas morrem à nossa volta, foi horrível — e estúpido… Marco Tardelli lembrou o coração a partir-se-lhe, apesar de na mão ter a taça com que tanto sonhara: — Foi uma péssima noite, jogo para esquecer, embora, claro, não seja fácil deixar de lembrá-lo pelo bom que nos aconteceu. 2FX ST KZSIT S§T YJSMT LWFSIJ TWLZQMT UJQF [NY·WNF SZRF ȁSFQ assim — e nunca mais esquecerei o Grobbelaar a pedir-me desculpas pelo que os hooligans tinham feito quando, na verdade, nada daquilo foi culpa do Liverpool ou da Juventus. A UEFA determinou que durante cinco anos nenhum clube inglês poderia participar em competições europeias — e para o 1N[JWUTTQ F UJSF KTN IJ XJNX MTTQNLFSX KTWFR UFWF F HFIJNF Margaret Thatcher lançou luta forte contra o hooliganismo — e LWF«FX F NXXT T KZYJGTQ ȁHTZ RZNYT RFNX XJLZWT 149


CHAMPIONS A HISTÓRIA COMO NUNCA SE CONTOU (mesmo quando não se chamava assim)

VOLUME III De 1970 a 1985


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Muito antes do Ferrari de Agnelli, houve quem tivesse medo do coração de Platini Só na Europa, a audiência televisiva ultrapassou os 400 milhões — recorde na Taça dos Campeões. No jogo que se jogou sobre o sangue de quem morreu, a Juventus ganhou através de penálti assinalado para punir falta sobre Zbigniew Boniek — derrubado, sim, mas fora da área. Marcou-o com o seu costumeiro primor, Platini aos 58 minutos – e, para Vítor Santos, enviado especial de A BOLA, a vitória teve duas outras razões:

entre tratados de matemática, disciplina de que o pai era professor num liceu. Aos 12 anos fez testes no Metz, recusaram-no por suspeita de problema de coração, talvez perigoso. No Nancy não XJ NRUTWYFWFR ȁHTZ Em jogo de preparação da Itália para o Mundial de 1978, abriu bocas de espanto pelo modo sublime como marcou um livre a Zoff. O árbitro não tinha apitado, mandou repetir — e ele fez golo exatamente da mesma maneira. Depois, ainda marcou outro, de livre também. Saltou para o Saint-Étienne, foi lá que a Juventus o foi buscar. Não tardou, Gianni Agnelli deixou o desabafo numa entrevista: — Estou triste por Michel ainda não me ter dado um golo de livre... Platini, lendo-o, brincou, no balneário: — O avvocato também ainda não me deu um Ferrari...

«Tacconi na baliza e Platini no miolo.» E, a sua ideia, expressou-a assim: «Tacconi teve um dia de grande inspiração, sempre no caminho da bola, sempre defendendo com grande segurança. A juntar a este guarda-redes inspirado, uma das pedras fundamentais para uma equipa que assenta a sua estrutura de jogo numa organização eminentemente defensiva, para depois partir para o contra-ataque, teve a Juventus o médio de que precisava: Platini. Não foi um jogador de comportamento brilhante durante os 90 minutos, quase se poderia dizer que foi um jogador traiçoeiro, desaparecendo do jogo, por vezes, para aparecer de repente, nos seus lançamentos cheios de expressividade, colocando a bola onde queria, como se, de facto, os seus pés tivessem olhos. E depois da Juventus se encontrar em vantagem, Platini quase se tornou ainda mais precioso numa missão única de disciplinador de jogo, muito atento à defesa da vitória da sua equipa.» Neto de italianos, Michel Platini cresceu 150

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No jogo seguinte, fez de folha seca um golão — e na segunda-feira viu em parangonas no jornal:

«Oferta de um Ferrari.» Era a promessa cumprida de Agnelli, o Agnelli que depois diria: — Só falhei duas conquistas na vida: Pelé e Marilyn Monroe. Já de Ferrari na mão, Platini levou a Juventus à conquista da Taça das Taças de 1983/84, batenIT T +( 5TWYT SF ȁSFQ JR UTQ­RNHF porém…) Após a conquista da Taça dos Campeões, continuando a marcar o seu futebol por um estilo blasé, feito de parábolas divinas, tratado por S. Michel — apesar do «vício do cigarro» na boca e do traço de barriguinha a insinuar-se-lhe sob a camisola, que se dizia, que tinha uma razão: não gostar nada de treinar RZNYT J HTWWJW RFNX J S§T ST KZSIT S§T precisava…).


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O que Boniek fez ao dinheiro do prémio e o que Platini não queria fazer (depois de ainda se ver adepto aos tiros no campo) Boniek nunca o escondeu, continuou pela vida fora a vincá-lo: — Platini foi um jogador de outra galáxia, sendo, sobretudo, boa pessoa, tímido e reservado. Tendo-o na Juve, ainda tínhamos, a treinar-nos, o melhor de sempre: Trapattoni. Uma R¥VZNSF 6ZFSIT UJWIJRTX F ȁSFQ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX IJ 1983 para o o Hamburgo, ele só dizia: porca miseria. No balneário, em Atenas, ninguém falou durante meia-hora — e, de um instante para o outro, Trapattoni virou-se para nós e cortou o silêncio com um clamor: Acabou a tristeza, vamos ganhar tudo, daqui em diante. E foi mesmo assim… Filho de um dos primeiros grandes jogadores de futebol da Polónia, Zbigniew Boniek foi muito, muito maior do que o pai. Nasceu por março de 1956 — e o seu primeiro clube foi o da cidade onde SFXHJWF T ?F\NX_F '^ILTX_H_ &TX FSTX IJXFȁFWFR ST UFWF T <NI_J\ 1TI_ Ɖ UFWF T QNGJWYFW T ?F\NX_F UJINZ _ĆTY^ Como o Widzew não tinha tanto, fez-se um acordo: os seus outros jogadores emprestaram ao clube a verba em falta.

Ɖ 3T -J^XJQ S§T KJXYJOJN S§T YTVZJN SF YF«F 3JR XJVZJW ȁVZJN HTR T UW­RNT IJ OTLT RNQM¹JX IJ QNWFX )JN T YTIT ¤X KFR±QNFX IFX [±YNRFX 5FWF RNR JWF ZRF YF«F S§T LFSMF

A Juventus conseguiu o que, antes, só conseguiria se Boniek tivesse mais de 30 anos: levá-lo para Turim. Para isso, o Ministério dos Desportos recebeu os 1,8 milhões de dólares pelo seu passe — entregando metade da verba ao Widwew Lodz (mas HTS[JWYNITX JR _QTYX UFWF VZJ TX I·QFWJX ȁHFXXJR YTITX STX cofres do governo comunista).

Por entre adeptos à procura de resguardo no relvado, a TV mostrara, fugaz, imagem arrepiante: um energúmeno a correr de pistola na mão, disparando-a. Apanhado de roldão, a polícia idenYNȁHTZ T HTRT FIJUYT IF /Z[J JQJ INXXJ QMJX VZJ JWF oX· UFWF XJ defender do ataque» — e, à saída do balneário, a Michel Platini apanhou-se-lhe:

Pela vitória sobre o Liverpool, tal como os demais companheiros, Boniek recebeu 4200 contos (em Portugal um Mercedes 240 D custava, então, 3375 contos) e não quis o dinheiro para si:

— Nós, os jogadores, acatámos a decisão de jogar, eu, confesso que não tinha vontade nenhuma. Ganhámos, mas, obviamente, não me posso sentir feliz.

&KJYFIT HTR T IWFRF [N[NIT SF ȁSFQ IF 9F«F ITX (FRUJ¹JX IJ 'TSNJP IJHQNSTZ [FQTW IT UW­RNT UJQF [NY·WNF J SJR XJVZJW ST YWTK­Z VZNX YTHFW

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Por entre o boato do «resultado combinado», Joe Fagan não quis ser mais treinador (e trágico também foi o destino do homem que recebeu a taça da tragédia) A um canto de um corredor do Heysel, Bobby Charlton chorava (e não era por o Liverpool ter perdido…) — e Joe Fagan, o treinador, largou desabafo em dor: — Não consigo dizer nada… queria esquecer a tragédia para falar do futebol, não sou capaz.

Bobby Charlton, lenda do futebol inglês, era um homem transtornado (e não pela derrota do seu clube) após o Juventus-Liverpool

Andando ainda dividido entre o boxe e o futebol, ao eclodir da II Guerra Mundial, Joseph Francis Fagan oferecera-se voluntário para a Marinha Real Britânica — e, num ápice, se lhe percebeu a tendência para enjoar em alto mar, razão por que, tendo sido destacado para o Egito, o tiraram dos barcos, o puseram como telegrafista. Não fora isso e, certamente, não teria sido o que foi: o seu pelotão de treino foi incorporado no HMS Hood, cruzador que era um «orgulho nacional». Por maio de 1941, salva de tiros, lançada de barco alemão no Estreito da Dinamarca, atingiu-lhe o paiol de munições, a sua explosão partiu-o ao meio, afundou-o em três minutos, dos seus 1418 tripulantes só três se salvaram — e daí em diante a Fagan foi-se ouvindo, amiúde: — Percebi que era um homem afortunado para a vida… Tirou o boxe da ideia, depois da guerra jogou no Manchester City. Passou a treinador, o Liverpool contratou-o, adjunto de Bill Shankly e de Bob Paisley, responsável pela equipa de reservas era ele — e, ao saltar para treinador principal, Bobby Robson afiançou-o: — Um homem bom, o melhor coração que o futebol inglês tem.

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,FJYFST 8HNWJF FVZN SF XJQJ«§T IJ .Y¥QNF KTN VZJR WJHJGJZ JR F 9F«F ITX (FRUJ¹JX *ZWTUJZX SF YWFL­INF IJ -J^XJQ * YW¥LNHT YFRG­R KTN T XJZ ȁRƓ

O pouco mais que ainda se escutou a Joe Fagan no inferno do Heysel foi: — Estou velho e um pouco cansado para continuar treinador do Liverpool… Kenny Dalglish haveria de o revelar: que a posição que Fagan tomou, a tomou por ter saído de Bruxelas assombrado pela tragédia — e por não querer mais andar pelo centro das atenções num futebol assim. No dia seguinte, à chegada ao aeroporto de Liverpool, fotógrafo captou imagem que correu mundo na força do seu sentimentalismo: lágrimas a correrem pelo rosto de Joe Fagan, amparado ao ombro de Kenny Dalglish — e em choque já se ouvira o que se ouvira na televisão belga: que de reunião entre responsáveis pelo futebol europeu, com o árbitro pelo meio, se decidira «dar a vitória à Juventus, para se evitarem incidentes ainda mais terríveis». André Daina, o árbitro que era engenheiro químico, refutou-o:

Ɖ 8§T FȁWRF«¹JX LWTYJXHFX NRGJHNX WNI±HZQFX E Louis Woutres, presidente da Federação Belga, igualmente o desmentiu. A Taça dos Campeões quem a recebeu para a Juventus — sem a euforia do costume, já se percebeu — foi Gaetano Scirea. Trágico seria o seu destino: num domingo triste de 1989. Adjunto de Dino Zoff, foi de carro à Polónia espiolhar o Górnik Zabrze, adversário na Taça das Taças. Na viagem, manobra tresloucada do motorista dum camião de transporte de combustível, matou-o — e, 10 anos depois, com ele na eternidade, Luigi Garlando, jornalista da GazetYF IJQQT 8UTWY IJȁSNZ T FXXNR Ɖ 3NSLZ­R FQN SF IJKJXF KTN Y§T LWFSIJ HTRT ,FJYFST Ɖ UTWVZJ TX TZYWTX T 'JHPJSGFZJW TZ T 'FWJXN JWFR IJKJXFX VZJ iam ao ataque e a Juventus só era o que era porque o Scirea JWF T [JWIFIJNWT IJKJXF SF IJKJXF T [JWIFIJNWT R­INT ST RJNT HFRUT J T [JWIFIJNWT FYFHFSYJ ST FYFVZJ YZIT NXXT SZR X· ¾SNHT HTRT X· JQJ 153


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OITAVOS DE FINAL Juventus (Itália) – Grasshopper (Suíça)

2 – 0 // 4 – 2 Sparta Praga (Chec.) – Lyngby BK (Dinamarca)

1/16 AVOS DE FINAL ,OYHV .LVVDW 7DPSHUH )LQOkQGLD ² Juventus (Itália)

0 – 4 // 1 – 2 Grasshopper 6XtoD ² +RQYHG +XQJULD

3 – 1 // 1 – 2 Labinoti Elbasani (Albânia) – Lyngby BK (Dinamarca)

0 – 3 // 0 – 3 Vålerengens Oslo (Noruega) – Sparta Praga (Chec.)

3 – 3 // 0 – 2 Trabzonspor (Turquia) – Dnepr Dnepropetrovks (URSS)

1 – 0 // 0 – 3

0 – 0 // 2 – 1 /HYVNL 6RÀD %XOJiULD ² Dnepr Dnepropetrovks (URSS)

3 – 1 // 0 – 2 Bordéus )UDQoD ² 'LQDPR %XFDUHũWH 5RPpQtD

1 – 0 // 1 – 1 Panathinaikos *UpFLD ² /LQÀHOG ,UODQGD GR 1RUWH

2 – 1 // 3 – 3 IFK Göteborg 6XpFLD ² %HYHUHQ %pOJLFD

1 – 0 // 1 – 2 (após prolongamento) Dinamo Berlin (RDA) – Austria Viena (Áustria) 3 – 3 // 1 – 2 Liverpool ,QJODWHUUD ² %HQÀFD 3RUWXJDO

3 – 1 // 0 – 1

1J[XPN 8TȁF %XOJiULD ² (VWXJDUGD 5)$

1 – 1 // 2 – 2 )NSFRT 'ZHFWJŎYJ 5RPpQLD ² 2PRQLD 1LFRVLD &KLSUH

4 – 1 // 1 – 2

QUARTOS DE FINAL

MELHORES MARCADORES

Juventus (Itália) – Sparta Praga (Checoslováquia)

Torbjörn Nilsson (IFK Göteborg) 7 golos (6 jogos) Michel Platini (Juventus) 7 golos (9 jogos) Paolo Rossi (Juventus) 5 golos (9 jogos) Ian Rush (Liverpool) 5 golos (9 jogos) John Wark (Liverpool) 5 golo (9 jogos)

Bordéus (França) – Athletic Bilbao (Espanha)

3 – 2 // 0 – 0 )H\HQRRUG +RODQGD ² Panathinaikos *UpFLD

0 – 0 // 1 – 2 1NSȁJQI ,UO 1RUWH ² 6KDPURFN 5RYHUV )& ,UODQGD

0 – 0 // 1 – 1 ,$ $NUDQHV ,VOkQGLD ² Beveren %pOJLFD

2 – 2 // 0 – 5 Avenir Beggen (Luxemburgo) – IFK Göteborg 6XpFLD

0 – 8 // 0 – 9

3 – 0 // 0 – 1 Bordéus (França) – Dnepr Dnepropetrovks (URSS)

1 – 1 // 1 – 1 (5-3 nos penáltis) ,). *|WHERUJ 6XpFLD ² Panathinaikos *UpFLD 0 – 1 // 2 – 2 Austria Viena (Áustria) – Liverpool (Inglaterra)

1 – 1 // 1 – 4

Austria Viena (Áustria) – Valletta FC (Malta)

4 – 0 // 4 – 0 $EHUGHHQ )& (VFyFLD ² Dinamo Berlin (RDA)

2 – 1 // 1 – 2 (4-5 nos penáltis) Estrela Vermelha (Jugoslávia) – 'JSȁHF (Portugal) 3 – 2 // 0 – 2

MEIAS-FINAIS Juventus ,WiOLD ² %RUGpXV )UDQoD

/HFK 3R]QDĸ 3ROyQLD ² Liverpool (Inglaterra)

3 – 0 // 0 – 2

0 – 1 // 0 – 4

Liverpool ,QJODWHUUD ² 3DQDWKLQDLNRV *UpFLD

4 – 0 // 1 – 0


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FINAL Taça dos Campeões Europeus 1984/85

1

Juventus

0

Liverpool Final 29 de maio de 1985

Estádio do Heysel, Bruxelas Árbitro: André Daina (Suíça) JUVENTUS: Stefano Tacconi; Luciano Favero, Sergio Brio, Gaetano Scirea (cap.), Antonio Cabrini; Massimo Bonini, Marco Tardelli, Michel Platini, Zbigniew Boniek; Massimo Briaschi (Cesare Prandelli, 85), Paolo Rossi (Beniamino Vignola, 89) Treinador: Giovanni Trapattoni LIVERPOOL Bruce Grobbelaar; Phil Neal (cap.), Mark Lawrenson (Gary Gillespie, 46), Alan Hansen, Jim Beglin; Steve Nicol, John Wark, Kenny Dalglish, Ronnie Whelan; Paul Walsh (Craig Johnston, 46), Ian Rush. Cartão amarelo: John Wark (38). Treinador: Joe Fagan

Marcadores: 1-0: Michel Platini (58).




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