Revista 1906 Nº 001 - Maio 2019

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Jul / Ago 2019

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João Rocha

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O Sporting. Em Revista.

Editorial

Pelo meu Sporting

O

que é que leva um grupo de adeptos a colocar em prática a vontade de criar uma revista do seu Clube? Bem, tirando a explicação mais óbvia – são Sportinguistas e o seu Clube é o Sporting Clube de Portugal – apetece-me responder invertendo a questão: porque é que isso ainda não tinha acontecido? Gostamos de dizer que somos os melhores adeptos do mundo. Gostamos de dizer que “o Sporting sou eu e os meus amigos” ou, mais curto, que “o Sporting somos nós!”. Mas, regra geral, esse sentimento de pertença e de relevância traduz-se no apoio às equipas, no associativismo e nas incontáveis horas passadas na world wide web. E acreditamos ser esse o kit suficiente para nos arrogarmos no direito de criticar mais do que elogiamos, de exigir mais do que damos. E vem-me à memória uma frase batida, como cantaria o Sérgio, também ele Sportinguista: hoje é o primeiro dia do resto da nossa vida. O dia em que decidimos dar um pouco mais. O dia em que procuramos histórias que merecem ser contadas e elogiadas. O dia em que dizemos que há tanto Sporting para respirar que, #raispartaaesquizofrenia, vale a pena tentar fazê-lo para lá do que nos magoa. Não somos melhores do que tu, que agora nos lês e que, quem sabe, um dia estarás a escrever, fotografar ou ilustrar para estas páginas virtuais que sonham eternizar-se no velhinho papel. Somos, apenas, um conjunto de pessoas que partilha uma paixão e que, mesmo sentindo-a de formas diferentes, achou que valia a pena juntar esforços para continuar a alimentá-la. Agora, está nas tuas mãos. Um bocadinho desta paixão. Que é tua, que é nossa. E se tudo correr conforme devia correr, quando ergueres bem alto o teu cachecol vais lembrar-te de nós. Vais lembrar-te deste dia. E vais querer algo mais quando cantares “farei o que puder, pelo meu Sporting!” E é então que amigos nos oferecem leito, Entra-se cansado e sai-se refeito, Luta-se por tudo o que se leva a peito…

@TascaDoCherba

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Índice

Nesta Edição: 06 08 10 11

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Tecnologia e Redes Sociais Informação de Geração em Geração por Bruno Jacinto Modalidades O Sonho Europeu por Marta Spínola Modalidades - Futsal O ano quase perfeito por Mariana Cordeiro Ferreira Modalidades - Hóquei em Patins 42 anos depois… por Sporting Tático

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Scouting Plataforma Global de Scouting por João Castro Opinião O Leão lançou, o Leão voltou! por Diogo Cardoso Escolas Academia Sporting Um bom exemplo chamado EAS Nelspruit por Nuno Valinhas Bastidores – A Formação no Voleibol Competência e Estratégia por Adrien S

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Modalidades - Voleibol Brilharam as Leoas! por Adrien S

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No Feminino As mulheres do Futsal por Mariana Cordeiro Ferreira

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Modalidades - Andebol Em equipa que ganha… devia-se ter mexido por O Artista Do Dia

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Opinião Servir o Sporting é o sonho máximo de qualquer sportinguista por Nuno Fernandes

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Grande Entrevista Isabel Ozório por Cherba

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Futebol 2018/19 em análise Época positiva no mérito de Keizer por Sporting Tático

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Futebol Feminino 2018/19 em análise O futuro começa agora por Álvaro Dias Antunes

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Tema de capa ADN João Rocha. Mais do que um pavilhão, uma nova geração por O Artista Do Dia, Sporting Tático, Tiago Neves, João Castro e Cherba

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Futebol - Balanço Formação Um bicampeonato para adoçar a boca por Maria Ribeiro

Paramodalidades Adaptado é quem te fez as orelhas por Mariana Cordeiro Ferreira Núcleos Qual a importância dos Núcleos? por Nuno Valinhas e Tiago Neves Cantinho de Memórias Uma viagem a bordo da Nave especial por Cantinho do Morais


O Sporting. Em Revista.

Ficha Técnica Quem veste esta camisola

Ficha Técnica

Bem-vindos à Revista 1906

Coordenação: Pedro Varela (@bancadadeleao) Coordenação Editorial: Cherba (@atascadocherba) Coordenação Gráfica: Daniel Silva (@designagreatme) Redacção: Bruno Jacinto (@bodak) Cantinho do Morais (@CantinhoMorais) João Castro (@castrojr76) Mariana Cordeiro Ferreira (@nanacferreira) Marta Spínola (@Pinilla84) Nuno Valinhas (@nunovalinhas) O Artista do Dia (@OArtistaDoDia) Sporting Tático (@sporting_tatico) Design: Ricardo Moreira (@RJPMoreira) Tiago Neves (@AgencyScp) Fotografia: Cantinho do Morais, Carlos Alves, Cherba, EAS Nelspruit, Filipe de Amorim, Gonçalo Xavier, Luís Cabelo, Miguel Amorim, Nuno Valinhas, Sara Pereiros, Sporting Clube de Portugal Colaboradores Convidados Texto: Adrien S., Álvaro Dias Antunes, Diogo Xavier, Maria Ribeiro, Nuno Fernandes Colaboradores Convidados Design: Jusko Revisão e Copydesk: Miguel Carvalho (@maximus_1906) Sara Pereiros (@SCPereiros) Capa: Fotografia: Cherba e Daniel Silva Modelos: Beatriz, MaDost, Vera, Vicente e Vicente Tiragem: 3 500 000 rugidos revista1906@gmail.com www.revista1906.com

Há muitos anos que tinha uma vontade enorme de criar uma publicação colaborativa no universo Sportinguista. Hoje, 21 de Junho de 2019, é o dia em que esse sonho se tornou realidade. Nos últimos dois meses, juntei alguns dos melhores adeptos do mundo para criarem conteúdo único, original e com qualidade para preencher uma lacuna há muito percebida por todos nós: debater o Sporting. Neste caminho, ainda curto, o que mais me deu prazer foi que todos os que aceitaram fazer parte deste projecto disseram que sim no primeiro momento. Inequívoca prova que estão empenhados no sucesso desta nova aventura. O Sporting é o clube mais ecléctico do mundo. Adoramos falar tanto de futebol como de goalball. Respeitamos e admiramos tanto um atleta de hóquei em patins como um de ténis de mesa. Vibramos com o judo, a natação, o atletismo, o surf ou qualquer outra modalidade que o nosso clube tem. Todos os que vestem a camisola com o leão rampante, adeptos e atletas, passam a fazer parte uma família única no desporto mundial. É sobre esta paixão que a Revista 1906 quer falar e passar uma mensagem. Debater o Sporting com elevação e muito amor pelo clube. Mostrar que o Sporting que nasceu há mais de 100 anos é maior que a soma de todos nós. Individualmente, já fazemos muito pelo Sporting, mas juntos, em colaboração, é possível levar esta paixão do mais novo Sportinguista, que acabou de nascer, ao mais velho, que tantas histórias tem para nos contar. Este projecto é nosso e é vosso. Feito com Amor. Sintam-se em casa!

@revista1906 @revista1906 @revista1906scp

1906: o Sporting. Em Revista!

Pedro Varela / @bancadadeleao

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Tecnologia e Redes Sociais

Quarto de um miúdo sportinguista em 1991

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Informação de Geração em Geração Texto de Bruno Jacinto Foto de Cantinho do Morais / @CantinhoMorais Quantos de nós, pais desta geração que está a ser formada, temos de pedir todos os dias aos nossos leõezinhos para desligarem um pouco do ecrã de um telemóvel, tablet ou computador, e dar um pouco de atenção ao mundo real? Ou melhor, quantas vezes por dia temos de o fazer? A verdade, é que esta geração tem nestes dispositivos a sua forma de comunicação com o mundo, e é por eles que sabem de muito do que se passa.

No nosso tempo, acabávamos por saber as notícias de todas as nossas modalidades ao folhear as páginas avançadas do jornal diário, em busca de notícias do nosso Sporting: mais uma goleada comandada por Ricardo Andorinho, a tristeza de ver a equipa treinada por Livramento a ser fechada, ou mais uma saborosa vitória do nosso Futsal, onde despontava um enorme talento das balizas num jovem chamado João Benedito. Hoje, os nossos miúdos sabem destas modalidades pelo que circula nas redes sociais, e o trabalho feito por joga-

dores individuais durante anos, como Carlos Ruesga, trouxeram muito mais paixão ao Pavilhão João Rocha do que todos os jornais deste mundo. Chega? Não, claramente que não, mas veremos se a conta oficial das modalidades irá mudar um pouco isso. Tal como é verdade que, pelo telemóvel, se pode comprar o bilhete para o João Rocha no site, pagar e depois simplesmente exibir o telemóvel para entrar. Tudo muito bem, mas chega? Não, não chega. Precisamos, para começar, de uma aplicação Sporting decente, e condizen-


O Sporting. Em Revista.

te com o nosso clube. Onde se saiba a sério e de forma regular as notícias de cada uma das nossas modalidades. Onde sejamos notificados para os jogos das mesmas, e, claro está, aceder a descontos pela nossa constante presença no apoio aos nossos leões. E até, para pagamentos, alargar para a possibilidade de poder pagar com o Google Play ou Apple Store, ou mesmo, para quem tem débito directo, de pagar junto da quota no fim do mês. Se for mais fácil o pagamento, será mais fácil encher regular-

Precisamos, para começar, de uma aplicação Sporting decente, e condizente com o nosso clube. Onde se saiba a sério e de forma regular as notícias de cada uma das nossas modalidades. Onde sejamos notificados para os jogos das mesmas, e, claro está, aceder a descontos pela nossa constante presença no apoio aos nossos leões. mente todo o ano o nosso pavilhão. Para os ainda mais jovens, o Jubas é algo fundamental e pouco aproveitado também. A conta do Jubas Oficial no Instagram foi claramente um passo na direcção certa no último Outono, mas ainda insuficiente. Os mais pequenos, a quem o Jubas faz crescer o Sportinguismo e que têm nele um Herói, a única rede social que utilizam verdadeiramente é o Youtube, onde passam as horas que os pais permitem a rodar vídeo atrás de vídeo. Seria alto o custo de criar um

Tecnologia e Redes Sociais canal dedicado ao Jubas com conteúdo regular? E uma pequena aplicação com uns vídeos, umas histórias interactivas, e uns jogos, nem que sejam de colorir? De geração em geração, com as tecnologias de informação também podemos ajudar a formar grandes Leões. Mas, por muito que os nossos jovens sejam sempre um foco de desenvolvimento do Sporting, todos temos um lugar quando olhamos para o aproveitamento do que são as tecnologias de informação e o Sporting. Lembro-me bem daquele jogo da Taça de Portugal frente ao Benfica, em Alvalade, dias depois do ataque ao Bataclan, em Paris. Medidas de segurança redobradas, roulottes mudadas de lugar, e, dentro do campo, mal começa o jogo, Mitroglou coloca o Benfica a ganhar 0-1. Já nos descontos do primeiro tempo, Adrien empata, e depois, num prolongamento épico, Islam Slimani dá-nos a vitória. O Sporting tem os registos de todos os jogos a que um sócio foi nos anos recentes e sabe que eu fui lá. Não era simpático receber um vídeo com o resumo desta partida no meu e-mail, no aniversário da mesma? E porque não, naquela aplicação que devíamos ter, haver uma espécie de selos, com a nossa presença em grandes partidas ou em resultados históricos, a mostrar que eu e tu estivemos lá? E que tal, usando a nossa base de dados de atletas e ex-atletas, porque não mostrar quais nasceram no mesmo dia que eu? Falando em aplicação, facilmente se proporia fazer coisas diferentes mas interactivas, como por exemplo comprar dez lugares no João Rocha pelo preço de oito e, depois, partilhar por MB Way com sócios amigos, pelo Facebook, Instagram, Twitter ou outra rede social qualquer que permita essa integração, e permitir que os nove primeiros a aceitar, e pagar, ficassem ao nosso lado no jogo? Porque não, a cada dez jogos no João Rocha, oferecer um décimo primeiro à nossa escolha? Ou ter um desconto que vá subindo por cada presença que efectivamos em Alvalade ou no João Ro-

cha, e que podemos descontar numa compra na Loja Verde até ao fim desse ano? Mas as ideias para um aproveitamento de uma aplicação destas são inúmeras. Desde promoções de merchandising, bilhética ou mesmo concursos e curiosidades, são centenas as coisas engraçadas que podem ser dinamizadas. Isto para não falar em voto eletrónico e Assembleias Gerais em todo o universo Sportinguista, que será tema para um outro artigo numa próxima edição da Revista 1906. No entanto, comecem por algo simples, e façam com que a Gamebox possa ser usada de forma virtual, com empréstimo da mesma ou mudança de lugar por um jogo de forma imediata e sem problemas. Não é nada de novo neste tipo de conceito, e seria claramente algo que muita gente iria usar activamente. É importante que as tecnologias de informação sejam usadas de forma a fazer crescer os pequenos no Sportinguismo, trazer orgulho regular a todos os Sportinguistas e, acima de tudo, facilitar a ligação de todos nós ao Sporting e à nossa vida de Sportinguismo. @bodak

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Modalidades

O SONHO EUROPEU Texto de Marta Spínola Foto de Filipe Amorim

O MUNDO… SABE QUE…

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É sabido: somos campeões europeus em Futsal e Hóquei em Patins. É sabido e sabe bem repetir, quantas vezes nos apetecer. Na TV, nos pavilhões, em casa ou na rua, quem é do Sporting só pode ter sentido orgulho nesta rapaziada - atletas, treinadores e dirigentes – que ergueu bem alto o nome do nosso clube, do Sporting Clube de Portugal, tão grande como os maiores da Europa. PELO TEU AMOR… EU SOU DOENTE… Cresci entre terras de hóquei e, talvez por isso, seja a modalidade de que mais gosto desde sempre. Mas quando o assunto é Sporting, não há preferências, quero que ganhe, do hóquei ao paintball. Quando o Sporting voltou a ter hóquei, para quem gosta desta modalidade, acompanhando mais ou menos, regressou também aquela esperançazinha de voltar a ver um quinteto verde e branco brilhar, como nas décadas de 70 e 80. O caminho foi longo, com sacrifícios, vontade e determinação, mas foi sendo feito e reajustado. Se tivesse de escolher uma palavra que represente esta secção, só poderia ser: determinação. É obviamente incontornável o nome do

engenheiro Gilberto Borges nesta caminhada, pelo que se impõe um agradecimento: obrigada. Um caminho que nos levou ao topo da Europa. Podemos ter vibrado com a Taça CERS, mais até, dadas as circunstâncias e o percurso recente da equipa na altura, mas ser campeão da Europa não deixa de ser um título com muita pinta e dignidade, para celebrar para sempre. Desde a vitória de Ramalhete, Júlio Rendeiro, Sobrinho, Chana e Livramento, passaram 42 anos – a minha idade – 4 décadas separam as duas taças dos Campeões Europeus do hóquei em patins do Sporting. Sabe tão bem festejar. Não podemos deixar tanto tempo passar até à próxima. Saibamos garantir talentos como estes, que nos levaram à vitória agora e então. Tenho de ter sempre um jogador preferido – lamento (não lamento nada), vivo isto melhor se tiver os meus heróis por ordem ‘de fixes’ e, no hóquei, por mais que adore Girão, Romero, Font, Pérez ou Gil, foi irresistível escolher João Pinto ‘Mustang’ como o, tecnicamente chamado, ‘maior’. Porque é da garra que eu gosto, da raça sobre rodas, porque se vê que gosta e vive o Sporting - quem meu clube beija, minha boca adoça (mais ou menos isto). Já sabemos que não estará na próxima época, mas não queria deixar de o referir. Adiante.

FAREI… O MEU MELHOR… PARA TE VER SEMPRE NA FRENTE… Na final, em casa, num João Rocha com 2.941 pessoas a assistir, tinha de ser nossa. Só que, como costumo dizer, os minutos de pavilhão são intermináveis e os golos nas modalidades aparecem quando menos se espera. Não raras vezes, estamos à beira de um ataque de nervos nos segundos finais - quem acompanha modalidades sabe do que falo. Felizmente, não foi o caso. 4 - 2 ao intervalo e uma segunda parte segura. Com um 5 – 2 a segundos do fim - golos de Font (2), Toni Pérez (1), Vítor Hugo (1) e Romero (1) - seriam precisos golos relâmpago para o resultado ser diferente. Agora, que penso nisso, no hóquei os golos são muito rápidos e quase volto a enervar-me só de pensar. Quase, só quase. Já passou e esta Liga Europeia é nossa. Já passou, mas vale lembrar a defesa do Girão (todo o jogo do Girão, de resto), nas palavras do próprio (no podcast Sporting160) “há uma bola que me bate na caneleira e ressalta para dentro, e eu consigo tirar a bola com a parte de trás da luva já quase dentro da baliza, no ar”. Só a descrição dá tonturas e arrepia. Esta é descrita pelo próprio, mas vimo-lo defender livres, defendeu com a luva, a máscara e a caneleira. Viva o Girão, viva o hóquei!


O Sporting. Em Revista.

IREI… ONDE O CORAÇÃO ME LEVAR… E SEM RECEIO… 2019 é também o ano em que ganhámos, finalmente, depois de uns ensaios em finais perdidas, a Liga dos Campeões de Futsal. Depois das finais perdidas, com o Inter Movistar, alguma vez tinha de ser. Esse adversário ficou para trás na meia final. Na final foi preciso vencer o Kairat Almaty – resultado final 2 - 1, golos de Cavinato e Merlim. Um grande jogo de todos os jogadores do Sporting. No futsal também o nosso guarda-redes, no caso Guitta, esteve irrepreensível. A nossa equipa assumiu-se como favorita desde o início do jogo. Aliás, vou mais longe, estava escrito. Lembram-se de quando a bola, num pavilhão João Rocha cheio, foi parar às mãos de João Benedito? Estas coisas não se inventam, foi à Sporting. PASSO AQUI AO RELATO DA FESTA, JÁ EM NOSSA CASA. Fomos chegando ao João Rocha pelas seis da tarde. O palco estava montado, os ecrãs eram de festa, o Jubas estava pronto. As bancadas foram enchendo, as claques marcavam naturalmente presença e, da primeira fila, em frente ao palco, também não se arredava pé. A rapaziada estava a chegar, vinham

Tipo de artigo

campeões europeus do fim do mundo, de um lado tão de lá da Europa, que já toca a Ásia. E nós queríamos celebrar com eles. Já com o pavilhão bem composto, começou o desfile de toda a secção, sem faltarem roupeiros e fisioterapeutas. Saltos, cânticos, palmas, muito verde e branco, todos eramos campeões da Europa. Os tricampeões nacionais eram agora também campeões da Europa. João Matos, o capitão, o homem com mais títulos de futsal em Portugal, chegou com a taça e ficou sem o cabelo. Eu, que estava tão mentalizada para o ver cortar barba e cabelo, dei um grito quando vi Dieguinho, de tesoura em punho, agarrar-lhe o carrapito. Nunca tinha festejado um título europeu do Sporting. Adorei. Quero mais. Aos heróis: os vossos nomes vão ficar para sempre na memória dos Sportinguistas. Agora, repitam comigo: Guitta, Erick, Dieguinho, Alex Merlim e Cavinato. Edgar Varela, Leo, Pedro Cary, Gonçalo Portugal, o André Sousa e o Cardinal. João Matos, Déo, Rocha, Pany Varela e Alex.

segundo de cada jogo, de queixo a tremer a cada Mundo Sabe Que… acompanhando outras tantas reacções como a minha pelas redes sociais, mundo fora. Estes são dois títulos ganhos graças ao trabalho que tem vindo a ser feito nos últimos anos, incluindo este. Sim, teve de haver investimento para chegar a este nível, para o manter é preciso encontrar as condições para continuar a investir. Não haja dúvidas: são trabalhos de anos, atravessam épocas, há muita gente envolvida e dedicada. Não devemos esquecer ninguém, mas é o Sporting que celebramos. Sempre. Para ser tão grande como os maiores da Europa, o Sporting precisa destes títulos. Com estas vitórias, o Sporting é o clube português com mais conquistas europeias no Futebol, Futsal, Andebol e Hóquei em Patins. Precisa de investimento, desta dedicação e de todos nós, que o sentimos na pele, que nos arrepiamos com um simples “Viva o Sporting!”. Deixo um apelo: vamos ao Pavilhão João Rocha sempre que pudermos. Juntos conseguiremos ainda mais casas cheias, apoiar e estar perto das modalidades, do nosso grande amor.

FAREI O QUE PUDER… PELO MEU SPORTING! Vi estes jogos em casa, com nervoso miudinho frente à televisão, com lágrimas a teimarem em aparecer no último

@Pinilla84

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Modalidades - Futsal

O ano quase perfeito Texto de Mariana Cordeiro Ferreira Foto de Sporting Clube de Portugal

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Foi por um triz que o Futsal este ano não fez o pleno no que diz respeito à conquista de todas as competições onde esteve inserido. Da Supertaça à Champions, muitas foram as alegrias dadas pelo plantel, que trouxe para o Museu a Taça mais bonita de todas na história do Futsal do Sporting Clube de Portugal. Hoje, vamos rever todo o percurso. MUDANÇAS PROFUNDAS, ALMA RENOVADA Com as saídas de Marcão, Djô, Divanei, Fortino, Caio Japa e Diogo, esperava-se que os reforços trouxessem com eles a qualidade que precisávamos. Guitta, Léo, Alex, Erick e Rocha, chegaram com a difícil missão de substituir grandes nomes, mas a missão foi cumprida. Se em Guitta temos o reforço mais importante, nos restantes temos a prova de que o futuro está garantido e com a garantia da garra de leão. DA SUPERTAÇA AO TOPO DO MUNDO A conquista da Supertaça foi histórica. Os 11-0 atirados ao Fabril Barreiro

serviram de mote para percebermos que este seria o nosso ano. O ano da conquista. Além da Supertaça, também a Taça de Portugal foi nossa, conquistada na cidade berço frente ao eterno rival. Foi sofrer #AtéaoFim e só nos penaltis é que tudo se decidiu. Valeu o nosso Gonçalo a defender o impossível e a mostrar que o segundo título da temporada estava garantido. Faltava a mais importante.

de mãos a abanar. Arregaçou as mangas, estudou, treinou, reviu, voltou a treinar. No final? 2-1 foi o que bastou. E toda a gente chorou! O Pavilhão encheu-se de amor, de lágrimas e de orgulho. João Matos prometeu cortar a barba e o cabelo e todos vimos a promessa ser cumprida. E Nuno Dias? Provou que vale a pena acreditar, lutar, não desistir e sofrer para, no fim, vencer! POR UMA (UNHA) NEGRA

CUMPRIR PROMESSAS E UM TREINADOR PARA A VIDA TODA Chegámos à fase final da Champions com apenas uma derrota, curiosamente contra a equipa à qual tiraríamos o título que estávamos a desejar há tanto tempo. Reencontrámos o Movistar e, depois de um jogo de nervos, a vitória foi nossa, muito graças a Guitta, o guarda-redes leonino que defendeu o indefensável e aumentou a crença de que este tinha de ser o nosso ano! Depois de perceber que íamos defrontar a única equipa com a qual tínhamos perdido na fase de qualificação, Nuno Dias sabia que não iríamos voltar

Depois da conquista da Champions, faltava só o Campeonato. A fase final disputou-se com o Benfica, e, depois de vencermos o primeiro jogo na Luz, no João Rocha as coisas não correram de feição e vimos a vitória escapar-nos por erros defensivos. No terceiro jogo o Benfica também levou a melhor, mas, de volta ao João Rocha, mostrámos que em casa manda o Leão e levámos a decisão para a negra. No Pavilhão da Luz foram eles a levar a melhor, num jogo pesado, com erros defensivos e de finalização. Fugiu-nos o Tetra. Mas por tão pouco! @nanacferreira


O Sporting. Em Revista.

Modalidades - Hóquei em Patins

42 anos depois… Texto de Sporting Tático Foto de Gonçalo Xavier …Campeões da Europa! - São estas as primeiras palavras que nos vêm à cabeça, quando queremos refletir sobre a época 2018/19 do Hóquei em Patins. Aquela mítica tarde, de 12 de maio de 2019, ficará para sempre na memória dos Sportinguistas, em especial os que puderam testemunhar, ao vivo e a cores, mais uma conquista europeia do clube em pleno Pavilhão João Rocha. Para esta temporada não houve saídas no plantel campeão. O Eng. Gilberto Borges montou uma equipa que pudesse chegar à fase das decisões com mais frescura física e com outra capacidade de rotação. Havia a possibilidade do campeonato se realizar a 2 fases (tal como no Andebol). Sucede que, em último instante, a Federação de Patinagem recuou e permaneceu o modelo clássico. Assim sendo, não deixámos de alargar as opções e fomos a Itália e a Espanha em busca de reforços. Do Forte dei Marmi chegou Romero, defesa argentino potente, veloz e com grande meia distância. Já da Catalunha, vindo do Reus, chegou Raúl Marín. O melhor marcador da OK Liga com 58 golos, um avançado imprevisível, tecnicista e especialista em bolas paradas. 12 jogadores, muito heterogeneidade, qualidade por demais e várias soluções. O técnico da equipa, Paulo Freitas, que no ano anterior optou por um modelo de jogo mais defensivo e resguardado

Aquela mítica tarde, de 12 de maio de 2019, ficará para sempre na memória dos Sportinguistas, em especial os que puderam testemunhar, ao vivo e a cores, mais uma conquista europeia do clube em pleno Pavilhão João Rocha.

- cínico, de certa forma - mudou a sua estratégia em pista e deu ao Sporting mais volume ofensivo, apostando num Hóquei rápido e de saída em transição. Resultou nas provas europeias. Internamente concluímos a época com menor número de golos e mais 23 sofridos que em 2018 (137-48 em 2018 e 135-71 em 2019). COMPETIÇÕES INTERNAS ABAIXO DAS EXPECTATIVAS! Em provas nacionais não saímos vitoriosos, e até disputámos todas as competições. No início de outubro, derrota com o Porto para a Supertaça na Mealhada (4-1). No Campeonato terminámos em 3º e, na Taça de Portugal, caímos nas Meias frente ao Benfica (3-7). Não é fácil conquistar títulos em Portugal, mas nas 3 provas em questão sentimos sempre que faltava algo mais. E, claro está, porque é a referência da derrota neste Campeonato: quem perde com o Paço de Arcos em casa por 5-7, não pode aspirar ao título; vencer 1 dos 3 jogos grandes em casa também é curto. Na Liga Europeia tivemos uma prestação imaculada. 10 jogos, 9 vitórias e 1 empate. 49 golos marcados e 19 sofridos. Vencemos em casa do Liceo (4-1), em casa do Lodi (3-5) e, em casa para a Final4, batemos justamente o Benfica (5-4) e o Porto (5-2). Fomos a melhor equipa da Europa, de longe! Digamos que, em última análise, as derrotas internas equilibraram com o Troféu Europeu. Mas queremos mais, porque sabemos que é possível e temos equipa para isso. @sporting_tatico

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Modalidades - Voleibol

Brilharam as Leoas! Duas equipas, dois trajectos diferentes. Um breve resumo do que fizemos no segundo ano após o regresso do voleibol Texto de Adrien S

Foto D.R.

Marshall, Wallace, Brown e Hélio. Quanto aos jogadores que ficaram do ano anterior, foram a coluna vertebral da equipa. Os líberos, Ribeiro e Fidalgo, sempre muito bem. O João Simões esteve no nosso pico de forma da época. O Miguel Maia ainda é um atestado de bem jogar voleibol pela qualidade do seu passe.

UM LEVE SORRISO NA EUROPA UNIÃO E QUALIDADE Quando a época começou, estávamos contentes com as aquisições e perspetivava-se uma boa temporada para a equipa masculina. Perder a Supertaça condicionou a motivação dos adeptos, mas a sequência de vitórias no campeonato, onde vencemos todos os jogos exceto com o Benfica, retomou a esperança. Enquanto isso, nas competições europeias, fomos fazer o impensável, ganhando um jogo em Itália, nas meias finais da Taça Challenge. Precisamente nessa altura lesionou-se o Wallace, que era uma das chaves do sucesso deste ano. Depois dele, outros foram-se lesionando, e se o planeamento do treinador Hugo Silva previa uma gestão de esforço... A rotatividade não foi possível e chegámos muito cansados às finais. Dos jogadores contratados, onde vários defraudaram expectativas, o destaque positivo vai para Roberto Reis,

A equipa feminina está a cumprir o trajeto sonhado: chegar, em 2 anos, à Primeira Divisão. Convidaram-se boas jogadoras em 2017 e a estrutura base do plantel manteve-se nestas duas épocas, tendo sido contratadas atletas que acrescentaram valor à equipa. A estrutura técnica, liderada pelo professor Rui Costa, tinha a qualidade e exigência para levar a cabo esta tarefa. Cumpriram brilhantemente! Depois, a união. Este Sporting era um corpo só. A forma como festejam já mostrava a empatia das jogadoras, mas reparar na forma como se apoiavam depois de um ataque falhado, num serviço errado ou numa derrota, era de uma dimensão leonina! Venceram muito e não se cansaram de vencer! @AdrienS_1906

Nas competições europeias, fomos fazer o impensável, ganhando um jogo em Itália, nas meias finais da Taça Challenge.

Foto D.R.

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Se, no feminino, o projeto se tinha iniciado forte com a subida de divisão, a equipa masculina brindou o Pavilhão João Rocha com o jogo épico da final e a conquista do campeonato. Por tudo o que fez no ano de estreia, o voleibol do Sporting ganhou o direito a ter uma atenção especial na época 2018/19. A equipa feminina ia em busca de concretizar a subida de divisão e os rapazes queriam conquistar o bicampeonato. No final, as jovens Leoas presentearam-nos com a conquista do Campeonato Nacional da 2ª Divisão, enquanto os Leões perderam, com grande esforço e dignidade, no 4º jogo da final do campeonato.


O Sporting. Em Revista.

Modalidades - Andebol

Em equipa que ganha… devia-se ter mexido Texto de O Artista do Dia Foto de Nuno Valinhas / @nunovalinhas Após a conquista categórica do bicampeonato, as expetativas geradas para 2018/19 eram elevadas: cimentar o domínio do andebol nacional, conquistando o tricampeonato, e consolidar a presença europeia com uma boa carreira na Liga dos Campeões. A maior parte do plantel bicampeão manteve-se para atacar a época. A única grande baixa foi a de Pedro Portela, transferido para o Tremblay, tendo também abandonado o clube o ponta-direita Francisco Tavares (emprestado ao BoaHora), o ponta-esquerda brasileiro Felipe Borges, o pivot Kopco e o lateral-direito Bozovic. Entraram Valentin Ghionea e Fábio Chiuffa, para a posição de pontadireita, o pivot Luís Frade e o lateral-direito Neven Stjepanovic. A máxima seguida pelos responsáveis pelo andebol do Sporting foi em equipa que ganha não se mexe, reforçando-se a equipa reativamente em função das saídas registadas e não proativamente em função das lacunas do plantel – lacunas essas que, em 2017/18, foram disfarçadas pela facilidade com que o título nacional foi conquistado. Isto acabou por ser um dos fatores que conduziram ao fracasso desta época. É que se Ghionea, Frade (e, até certo ponto, Chiuffa) se revelaram contratações acertadas, o mesmo não se pode dizer de Stjepanovic – o que, em conjun-

ção com a grave lesão de Cláudio Pedroso, deixaram o Sporting sem lateral-direito durante praticamente toda a época – foi necessário improvisar soluções adaptando os laterais-esquerdos, o central Carlos Carneiro ou mesmo o ponta Ghionea. Pedroso acabou por regressar no final da época, mas o seu rendimento deixou a desejar. Para além do problema do lateral-direito, também a posição de ponta-esquerda ficou desguarnecida: Nikcevic é um jogador de valor indiscutível, mas, em virtude dos seus 38 anos, teve de ser gerido fisicamente; e Pedro Solha, com 37 anos e regressado de uma grave lesão contraída em 2017, não foi capaz de garantir o mesmo nível exibicional que o sérvio. Arnaud Bingo, campeão do mundo pela França em 2011, foi contratado ao Montpellier no final de janeiro, mas acabou por ter uma utilização limitada. Para além disso, foi mais um ano a somar a um plantel com uma média de idades bastante elevada. Dos jogadores mais utilizados, apenas Edmilson, Valdés e Frade têm menos de 30 anos, havendo 9 jogadores com 33 ou mais anos. Tendo como competição um Benfica e (sobretudo) um Porto mais fortes, o desequilíbrio do nosso plantel e, principalmente, a (falta de) capacidade física acabaram por ser fatores determinantes

no desfecho da época. O desgaste acumulado acabou por ser fatal na 2ª fase do campeonato e nos oitavos de final com o Telekom Vezsprém, com quebras notórias de rendimento no período decisivo de vários jogos de dificuldade mais elevada. O único aspeto positivo de 2018/19 acabou por ser o excelente percurso na Champions: qualificação na fase de grupos, vitória no playoff a duas mãos com o Dínamo Bucareste, e uma boa imagem deixada contra os húngaros do Vezsprém – um colosso do andebol europeu que foi finalista vencido frente ao Vardar. Internamente, fracassámos em toda a linha: nem um título conquistado entre campeonato, taça e supertaça. Uma época globalmente falhada que já teve como consequência a saída de Hugo Canela e Carlos Galambas. 2019/20 trará um novo responsável pela modalidade, um novo treinador, e, previsivelmente, uma maior atividade no mercado para apetrechar o plantel com a qualidade necessária para podermos voltar a festejar a vitória no campeonato. @OArtistaDoDia

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Grande Entrevista

Isabel Ozório “O Sporting foi um amor que eu escolhi” Nasceu no Porto, jogou na Nova Zelândia, mas tem o coração pintado de verde e branco. É de Leão ao peito que lidera a nossa equipa feminina de rugby e vai coleccionando títulos que reforçam o respeito que temos por esta leoa que, garante, mesmo que deixasse de representar o Sporting, ia continuar a torcer, ia continuar a ir aos jogos das modalidades e ia continuar a infernizar a vida aos vizinhos quando o Sporting está a jogar. Texto de Cherba Fotos de Luís Cabelo


revista1906.com Jul / Ago 2019

Grande Entrevista Acabaste de chegar do trabalho e podemos começar precisamente por aí: ao contrário do que a maioria das pessoas pode pensar, tu não és profissional e existe todo um lado diário da Isabel que vai para lá do rugby. Isso acontece porque… Neste momento para além das competições que nós temos não serem profissionais, a modalidade tem muito que evoluir e seria irrealista querer transformá-la em algo profissional apenas dentro de Portugal. Se existissem competições europeias e torneios internacionais seria possível pensar em profissionalizar, mas, olhando apenas para as competições internas, isso é algo impossível, não só financeiramente como ao nível da própria competição. Portanto, além de jogar rugby e de treinar da forma o mais profissional possível, tenho um trabalho regular, na área de e-commerce, onde sou responsável pela gestão de uma equipa. Estares a liderar uma equipa faz-me lembrar algo, mas já lá vamos. O facto de estarmos a falar de uma modalidade amadora, não invalida que te sejam cobrados resultados como se estivéssemos num patamar profissional. Certo? Eu não falaria em cobrança… Estamos a representar um clube e temos obrigação de fazê-lo com máximo empenho e dedicação, e é isso que eu tento: estar o melhor possível para ajudar às conquistas e para elevar o nome do Sporting Clube de Portugal.

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“Eu não conheço uma pessoa que depois de experimentar rugby diga que não gosta, mas tem que haver essa vontade de levar o rugby até às pessoas.”

Foi à procura de uma experiência mais profissional que foste para a Nova Zelândia? Esta é a minha 15ª época enquanto jogadora de rugby e eu sempre quis fazê-lo da forma mais profissional possível. Além disso, sempre tive o sonho e o objectivo de ir para o país do rugby e, assim que a minha vida pessoal e profissional me permitiu, fi-lo. É um marco na minha carreira desportiva. Tive oportunidade de jo-

gar ao lado de campeões do mundo, de experimentar um nível muito diferente daquele a que estamos habituados e de viver uma cultura da modalidade que é ímpar. E chegaste a ser a única estrangeira na tua equipa… Sim… foi verdadeiramente desafiante, pois estamos num país onde muitas das pessoas ignoram completamente o futebol. Para teres uma ideia, pela primeira vez na vida encontrei pessoas que não sabiam quem é o Cristiano Ronaldo ou quem é o Messi. Muito menos sabiam onde era Portugal, portanto eu tinha que provar que não estava a brincar quando lhes disse que no meu país se jogava rugby. Estando na equipa que era campeã, o Counties Manukau, tinha que mostrar o que valia tecnicamente, tacticamente, mas, sobretudo, mentalmente. Então? Eu cheguei quando a competição de clubes estava a entrar na sua segunda fase, e elas estavam em pleno ritmo de competição. Além disso fui muito bem recebida, mas, se em Portugal nós tentamos ser o mais hospitaleiros possível e facilitar a vida a quem chega, ali eu tive que desenrascar-me. Eles dão-te os recursos, mas se não te chegas à frente… E eu não estava lá propriamente para passar férias. Estamos a falar de dois universos completamente distantes, mas à luz dessa experiência vês forma do rugby português subir alguns degraus e de, paulatinamente, ir-se aproximando dessa realidade onde até em termos comerciais o rugby é a grande modalidade? Olha, pode parecer estranho, mas mesmo na Nova Zelândia o rugby ainda tem uma enorme margem de progressão e ganhou um novo fôlego desde que foi considerada modalidade olímpica. Estamos a falar de uma modalidade altamente vendável! A nível nacional, o que penso


O Sporting. Em Revista.

“[…] eu sempre disse ‘um dia vou trabalhar no Sporting’. Não sabia a fazer o quê, mas sempre tive essa convicção.”

Grande Entrevista que podemos fazer, numa primeira fase, é tentar que cada vez mais pessoas descubram o rugby, experimentem o rugby. Eu não conheço uma pessoa que depois de experimentar diga que não gosta, mas tem que haver essa vontade de levar o rugby até às pessoas. Depois, claro, tem que haver investimento, nomeadamente na formação, tanto ao nível dos clubes como das associações regionais. E, por último, a aposta no rendimento. Se formos a ver bem e tendo em conta as realidades, não temos uma diferença de rendimento assim tão grande ao nível do rugby feminino, ao contrário do que acontece no masculino. O que não deixa de ser curioso, numa modalidade que continua a ser vista como “desporto para homens”… Acho que isso tem vindo a mudar aos poucos, mas até no futebol existia essa forma de pensar… No fundo, o problema está no facto de etiquetarmos como “Maria Rapaz” qualquer rapariga que goste de praticar desporto. Acho que essa palavra devia ser abolida do dicionário. Se um rapaz não gostar de desporto, deixa de ser rapaz?! Isto é um jogo e chama-se rugby, não se chama rugby masculino ou rugby feminino! Também te chamaram “Maria Rapaz” quando começaste a jogar, aos 14 anos? É algo enraizado na cultura… Mas acabei por ter sorte, pois quando comecei a jogar, no Porto, tinha muitos amigos que eram praticantes e isso ajudou à integração. Falavas da importância de levar o rugby até às pessoas, de forma a fazer crescer a modalidade. O Sporting tem Núcleos em todo o mundo. Poderiam ser uma ferramenta de excelência para fazê-lo? Sem dúvida… Ainda para mais tendo a marca Sporting a sustentar… Nós somos o exemplo vivo disso: enquanto atletas, temos muito mais facilidade em dinamizar o rugby por sermos jogadoras do Sporting.

E já que falamos em medidas, no plantel do Sporting existem duas atletas neozelandesas. Tentar trazer mais atletas desse nível poderá ser outra das formas de promover a modalidade? Claro! Para teres uma noção, depois da final da Taça Ibérica, estava na rua com a Kate e as pessoas paravam para gritar Sporting e para nos dar os parabéns. E tenho a certeza que na Nova Zelândia existem muito mais pessoas a saber o que é o Sporting e onde é Portugal. E como é que surge o Sporting nesta década e meia de rugby que já levas? O Sporting surge numa altura da minha vida em que, depois de ter representado o CDUP, referência da modalidade no Porto, cidade onde nasci, e o Clube de Rugby do Técnico, quando vim estudar para Lisboa, estava à procura de um novo desafio. Sabia que o Sporting tinha intenção de formar uma equipa feminina de rugby e quando o convite surgiu nem hesitei, até porque eu sempre disse “um dia vou trabalhar no Sporting”. Não sabia a fazer o quê, mas sempre tive essa convicção. E essa convicção vinha de… Nem sei explicar-te. Sei que quando se falava em Sporting havia qualquer coisa que brilhava. Desenvolvimento, desporto… para mim fazia todo o sentido. Não só acabaste a vestir a verde e branca, como a usar a braçadeira de capitã. É um enorme motivo de orgulho e uma ainda maior responsabilidade. Alguém reconheceu em mim as características para que pudesse liderar a equipa, em conjunto com outras pessoas. E digo-o porque, pelo menos no rugby, não acredito em lideranças individuais e somos o que somos, como equipa, porque temos um grupo de liderança muito forte. Que características poderão ter sido essas? Acho que qualquer pessoa que me

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Grande Entrevista

“[…] Nós trabalhamos muito. Nos treinos, nos jogos… e existe um enorme respeito pelo trabalho umas das outras.”

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descreva vai dizer que eu não tenho um feitio fácil, mas nem tudo pode ser fácil (risos)! Creio que para se liderar, seja em que situação for, temos que ser pessoas apaixonadas, temos que ser exemplos naquilo que fazemos, pois se não formos competentes será complicado reconhecerem-te liderança. E eu sinto que sim, tenho que ser uma jogadora de nível alto, tenho que trabalhar, superarme… e tenho que ter a capacidade de perceber as outras pessoas enquanto individualidades, de forma a que todas essas diferenças possam contribuir para a formação de um grupo forte e vencedor, capaz de engrandecer a instituição que representamos, e de atingir as conquistas valorizando o processo. Queremos ganhar, mas não queremos ganhar de qualquer forma. Esse não querer ganhar de qualquer forma também ajuda a explicar a relação de respeito com os árbitros? Acima de tudo, nós queremos perceber o porquê das decisões. Percebendo o ponto de vista de quem está a arbitrar e mesmo discordando, estamos mais perto de não voltar a cometer uma infracção. E temos consciência de que os regulamentos são criados para proteger o jogo. Aliás, não foi por acaso que o vídeo-árbitro apareceu no rugby antes de aparecer no futebol. A verdade é que não têm existido “polémicas do apito” a ensombrar as vossas conquistas e vocês têm ganho tudo o que há para ganhar. Qual o segredo para esta incrível sequência de conquistas? O trabalho. Nós trabalhamos muito. Nos treinos, nos jogos… e existe um enorme respeito pelo trabalho umas das outras. Por vezes temos coisas na nossa vida de extrema importância, mas sabemos que, se faltarmos ao treino, há todo um conjunto de pessoas que vai ser prejudicado. E ao contrário do que se possa pensar, é mais complicado manter este tipo de pensamento quando começas a

ganhar de forma recorrente. Quando perdes, tens o objectivo de derrubar quem te foi superior, quando ganhas sempre… Existe o risco da presunção? Nem tanto isso. Existe o risco de deixares de saber lidar com a derrota, ou de dares a vitória como um dado adquirido. Representar o Sporting é uma enorme motivação, mas temos que querer superar-nos diariamente. O Cristiano Ronaldo é o melhor do mundo porque continua a encontrar motivação todos os dias. É esse o segredo dos grandes atletas e das grandes equipas. E no meio de tantas conquistas, a Taça Ibérica e aquela vitória em França têm um lugar de destaque? Sim, têm. Esse jogo em França ainda hoje me arrepia, pois foi o primeiro jogo em que sentimos a real dimensão do Sporting fora de Portugal. A forma como as pessoas nos apoiaram, como vieram ter connosco no final, foi mesmo especial. A Taça Ibérica é histórica, pois foi a nossa primeira conquista internacional e foi ganha em casa. Foi importante para o Sporting, foi importante para nós. Estávamos muito desgastadas, mas sabíamos que era o grande objectivo. E como é que se preparam essas conquistas ao nível do treino? Nós temos o treino de equipa – na altura da Taça Ibérica estávamos a treinar quatro vezes por semana – e depois temos o treino individual físico. Eu costumo treinar sempre antes de ir trabalhar, logo às sete da manhã, mas há quem treine na hora de almoço e há quem só consiga fazer esse trabalho antes do treino de grupo. São as realidades de quem tem mais do que uma ocupação, o que te obriga a ter uma disciplina muito forte para contigo mesmo. Também pesa a responsabilidade de, sendo atleta do Sporting, ter uma maior


O Sporting. Em Revista.

Grande Entrevista visibilidade e poder influenciar as crianças que te veem? Claro que existe essa responsabilidade. Sei que um comportamento bom, ou um comportamento mau, podem influenciar uma criança. Dou-te um exemplo simples: por muito que goste de fast food, sinto que devo evitar promover isso de forma pública.

“Quando olhava para o Sporting, quando ouvia falar do Sporting, eu via um Clube que era muito mais do que futebol.”

Já que falamos em crianças, recuemos no tempo e na entrevista e explica-nos lá: que brilho era esse que uma rapariga nascida no Porto sentia quando ouvia falar do Sporting? Olha, eu não sou do Sporting desde pequenina, mas neste momento sinto-me do Sporting como se tivesse sido. E isso, para mim, ainda é mais especial, pois às vezes nós somos aquilo que as pessoas nos impõem ou o que resulta da influência de quem nos rodeia. Ora, a minha família é toda do Porto, à excepção do meu pai, que gosta sempre de ser do contra, por isso era muito difícil eu não ser do Porto. O que aconteceu com o Sporting foi a construção de uma relação, que me faz ter a certeza de que se saísse do Sporting, se deixasse de representar o Sporting, eu ia continuar a torcer pelo Spor-

ting, ia continuar a ir aos jogos das modalidades, como vou, ia continuar a infernizar a vida aos meus vizinhos quando o Sporting está a jogar. Isto foi uma escolha. Fui eu, Isabel, que com maturidade suficiente escolhi! Foi um amor que surgiu, que eu decidi alimentar e quero continuar a alimentar! E antes do amor era… Fascínio. Quando olhava para o Sporting, quando ouvia falar do Sporting, eu via um clube que era muito mais do que futebol. O atletismo, por exemplo, mas, no fundo, todo esse lado ecléctico. Depois, o facto do nome do Sporting surgir muitas vezes associado ao desporto no feminino, com um peso que acho que mais nenhum clube tem. E, sempre que ouvia falar em Sporting, eu pensava em formação… Que também se estende ao rugby. Não tem como não se estender. Esta é uma casa de campeões e, se damos tanto valor ao processo, a formação tem que ser a nossa bandeira! @TascaDoCherba

O ano de sonho da

Capitã Ozório Outubro 2018

Fevereiro 2019

Sporting CP 37-0 AEESA Coimbra

Sporting CP "A" 7-0 SL Benfica (Final)

Novembro 2018

Maio 2018

Supertaça de Tens

Taça de Portugal de Tens Sporting CP "A" 31-0 SL Benfica

Campeonato Nacional de Tens

Tricampeonato Nacional de Sevens Sporting CP "A" 21-10 SL Benfica (Final)

Dezembro 2018

Taça Ibérica de XV (EUL) Sporting CP 26-8 Olimpico Pozuelo RC

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Futebol 2018/19 em análise

Foto de Nuno Valinhas / @nunovalinhas

Época positiva no mérito de Keizer 20

Pedras no caminho, dois títulos, uma equipa às costas do Capitão e um longo caminho para percorrer… Texto de Sporting Tático Terminou a época e é tempo de fazer contas com o passado. Sporting faz a melhor temporada dos últimos dez anos e será necessário recorrer à época 2007/08, de Paulo Bento, para recordar uma conquista de dois títulos na mesma época. Melhor só com Boloni em 2002, quando a equipa de Alvalade festejou a dobradinha. Posto isto, é relevante afirmar que foi uma época positiva. Contudo, não poderemos declarar que foi um ano desportivo de total sucesso. Arredados demasiado cedo do principal objetivo, que foge ao Clube há muito anos; uma campanha europeia que culminou com uma eliminação, contra uma equipa perfeitamente ao alcance do Sporting; um segundo lugar falha-

do, que permitiria disputar uma entrada na roda dos milhões. Por tudo isto, somos obrigados a dizer que queremos mais. Queremos muito mais! Queremos estar no topo! Queremos estar na Liga dos Campeões! Queremos o título mais desejado e ambicionado por todos! Queremos estar em todas as decisões! Mas já lá iremos à conversa dos títulos. Primeiro, o filme da época com muitas cenas para exibir… Seria impossível desenhar um balanço desta temporada, sem contextualizar os obstáculos e contrariedades que o Clube viveu na pré-época. Um período de guerra, de conflito, de instabilidade, insegurança e de dúvida. Uma etapa que afastou os crentes e aproximou os desordeiros. Um Clube em estado de sítio e em desagregação total. Mas quantos

de nós diriam, no verão passado, que estaríamos neste momento a falar de duas conquistas internas? Poucos, por certo. Possivelmente seria muito complicado fazer melhor. Por diversas razões… TALVEZ O PERÍODO MAIS NEGRO DA HISTÓRIA DO SPORTING. Clube à deriva e com uma comissão de gestão a prazo. Construção de um plantel aos trambolhões. Saídas e entradas de jogadores. Rescisões em catadupa e muitas dúvidas. Mihajlovic despedido sem sequer sentir o “cheirinho” do banco e Peseiro contratado. Sim, o treinador da época do “quase” foi o escolhido para liderar um clube sem projeto. O primeiro grande erro da Comissão de Gestão. Por outro lado, do núcleo duro


O Sporting. Em Revista.

do plantel da época anterior saíram: Rui Patrício, Piccini, Fábio Coentrão, William, Podence, Bryan, Gelson Martins, Rafael Leão, Rúben Ribeiro e Doumbia. Seria utópico pensar em repor a mesma qualidade dos jogadores que abalaram, com o clube a ultrapassar uma das piores fases da sua história. Em sentido contrário entraram Renan, Viviano, Bruno Gaspar, Marcelo, Gudelj, Raphinha, Nani e Diaby. Regressaram de empréstimo: Jefferson e Mané. Sturaro nunca chegou a entrar. Deste lote, somente Nani conseguiu fazer esquecer quem saiu. O internacional português - mesmo longe dos seus tempos áureos- foi o único reforço que acrescentou alguma qualidade ao que já existia na época passada. De resto, mais nenhum jogador conseguiu apagar das nossas memórias a qualidade que existia no ano anterior. Para acrescentar, outros erros foram cometidos: as más gestões de Demiral, Matheus Pereira ou o incompreendido Geraldes. Contudo, o erro mais evidente foi fazer regressar José Peseiro. Um treinador com uma ligação passada de frustração ao Clube. Uma pessoa completamente ultrapassada no contexto atual do futebol, contabilizando diversas experiências com resultados fracos em equipas que aspiram ao título. Sobretudo um treinador sem liderança, com um discurso confuso e com uma mensagem que não passa confiança. Mesmo assim, quando o treinador português é

Futebol 2018/19 em análise despedido, deixa a equipa a dois pontos do FC Porto, numa altura da época em que ainda era possível sonhar com algo mais. E, na verdade, sonhamos com a entrada de Keizer! Quem não sonhou depois daquele início intenso e relampejante? Uma aposta da atual direção, com muitas dúvidas, riscos e incertezas. Um treinador quase desconhecido no futebol europeu, com uma experiência curta no Ajax, e com uma carreira sem contabilizar um único jogo realizado numa fase de grupos de uma competição europeia. Um perfil diferente do que se esperava naquele momento. Mas, até a este ensejo, Marcel Keizer é uma aposta ganha de Frederico Varandas. Isso é factual. Mesmo contra todas as probabilidades. Com muito menos ao seu dispor, e num curto espaço de tempo, fez mais do que o seu antecessor. Mesmo com um futebol insuficiente e que não deslumbra. Mesmo com dificuldades evidentes de leitura de jogo durante a contenda. Mesmo com problemas na transição defensiva e na primeira fase de construção de jogo. Mesmo com os inúmeros problemas de organização e posicionamento nas bolas paradas. Todavia, encontrou um plantel com evidentes debilidades de qualidade e profundidade, em que a escolha dos jogadores não fora de sua autoria. Mesmo assim, conseguiu conquistar dois títulos em seis meses. E o Sporting vive de títulos. Não sobrevive de vitórias morais. Foi tudo perfeito? Óbvio que não e o treinador holandês tem ainda muito para provar. O exame final terá já lugar na próxima temporada.

O erro mais evidente foi fazer regressar José Peseiro. Um treinador com uma ligação passada de frustração ao Clube. Uma pessoa completamente ultrapassada no contexto atual do futebol, contabilizando diversas experiências com resultados fracos em equipas que aspiram ao título. Sobretudo um treinador sem liderança, com um discurso confuso e com uma mensagem que não passa confiança.

Continua

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Futebol 2018/19 em análise

Uma lua-de-mel, um divórcio e um pedido de namoro! Um ataque vertiginoso e uma veia goleadora impressionante, que fazia esquecer a destreza com que os adversários somavam incontáveis oportunidades de golo junto da baliza de Renan. Uma forma de jogar acutilante, que escondia os inúmeros golos sofridos pelos Leões. Um percurso inicial apaixonante e que deixava fantasiar.

22 Foto de Miguel Amorim

Keizer quando chegou fez-nos sonhar. Claro que fez! Iluminado pela escola holandesa, com bases evidentes no estilo de Johan Cruyff, em que a chave deste método era a pressão alta, a posse de bola e o passe curto. E foi assim! Uma entrada de leão do treinador holandês, na Liga Portuguesa. Sete vitórias consecutivas no campeonato e sempre a morder os calcanhares ao Porto, que tinha dificuldades em manter os dois pontos de vantagem. Um ataque vertiginoso e uma veia goleadora impressionante, que fazia esquecer a destreza com que os adversários somavam incontáveis oportunidades de golo junto da baliza de Renan. Uma forma de jogar acutilante, que escondia os inúmeros golos sofridos pelos leões. Um percurso inicial apaixonante e que deixava fantasiar. Um discurso sereno e sem polémi-

ca, que permitia dar estabilidade ao momento. Uma lufada de ar fresco no futebol português. No entanto, uma ilusão que foi parada no assalto ao Castelo, em Guimarães. O momento em que o estado de graça de Keizer foi interrompido. Uma lua-de-mel apaixonante que terminara. O arrombo em Guimarães foi doloroso, poderia ter acabado em goleada e atirou o Sporting para o terceiro posto. Seguiu-se Tondela, Porto, Vitória e Benfica. Treze pontos perdidos em pouco mais de um mês, que projetaram a equipa novamente ao chão. O campeonato, que já se avizinhava quase impossível, deu lugar à frustração da privação da luta pelo acesso à Liga dos Campeões da próxima temporada. Naquele momento, os adeptos divorciavam-se da equipa, de Keizer e a luta era agora com

Braga por um terceiro posto. A ilusão definhou e todas as fragilidades e fraquezas vieram à superfície, com um grande banho de realidade. Mas a temporada ainda não tinha terminado… Sporting arrumou a casa em janeiro e reuniu as tropas. Saíram Nani, Montero, Viviano, Bruno César, Castaignos, Misic, Marcelo, Mané, Lumor e entraram Borja, Doumbia, Ilori, Geraldes e Luiz Phellype. O ponta de lança brasileiro viria a ser o melhor reforço de inverno, ao apontar 8 golos e 4 assistências em 21 jogos de leão ao peito. Borja foi alternando com Acuña no corredor, Doumbia foi mostrando qualidade, a espaços, no miolo e Ilori não acrescentou qualidade ao que já existia, como se avizinhava. Quanto ao estranho caso de Geraldes, o futebol irá um dia tratar de explicar.


O Sporting. Em Revista.

Futebol 2018/19 em análise

Europa falhada, nas taças que “salvam”a Época! E o Herói… Keizer tinha assim uma base para lutar pelo que escasseava: fazer uma Liga Europa digna, tentar revalidar o título da Taça da Liga e voltar ao Jamor, onde o Sporting tinha mergulhado na escuridão, na época antecedente. E o treinador holandês “salva” a época em cinco meses com duas conquistas. Taça da Liga readquirida em Braga, contra as três melhores equipas do campeonato. Sporting não venceu nenhum jogo mas também não foi derrotado. No final, são sempre onze contra onze e o Sporting vence nas grandes penalidades. E assim foi! Entre a luta pelo terceiro posto e a eliminatória contra o Villarreal, Keizer apostou no jogo do campeonato contra o Braga. Mal, na minha opinião. Havia

espaço para ir mais longe na europa e a derrota em Alvalade, contra uma equipa que lutava pela permanência na liga espanhola, aguçou a ira dos mais contestatários. Sobrava a Taça de Portugal. Seria necessário derrotar o Benfica em Alvalade e bater o Porto no Jamor. E assim foi! Sporting eliminou o velho rival no seu reduto e partiu para o melhor momento da época ao conseguir dez vitórias consecutivas. Depois… depois veio o Jamor! Aquele lugar mítico! O local onde voltamos um ano depois para ser feita justiça com o futebol. Uma justiça quase poética. Uma justiça que renasceu o Sporting das cinzas. Um novo recomeço. Uma nova etapa. Um novo destino. Uma nova oportunidade. Um novo ciclo. Um caminho muito longo para ser

Bruno Fernandes Um Capitão para a História

percorrido. E há muitos intervenientes neste trilho. A classe de Mathieu. A qualidade de Coates. O sangue de Acuña. As defesas decisivas de Renan nas grandes penalidades. Mas o caminho foi conduzido e esboçado pelo capitão. O médio mais goleador da europa. O único jogador português a marcar 20 golos na Liga Portuguesa nos últimos 20 anos. Uma temporada a fazer lembrar Balakov. Uma temporada de suor, lágrimas e sofrimento. Uma temporada em que carregou a equipa às costas. Mas no fim foi ele a levantar o troféu e a sair em ombros. A merecida conquista e a provável despedida com a verde e branca! @sporting_tatico

Infografia de Ricardo Moreira / @RJPMoreira

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Futebol Feminino 18/19 em anรกlise

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O Sporting. Em Revista.

Futebol Feminino 2018/19 em análise

O futuro começa agora Depois de dois anos repletos de conquistas, o futebol feminino do Sporting ficou a zeros. Momento ideal para perceber tudo o que falta fazer rumo ao desejo de estar entre as oito melhores equipas da Europa Texto de Álvaro Dias Antunes Foto de Sporting Clube de Portugal

Só concebo um balanço do futebol feminino do Sporting associando-o a um projecto com características, metas e prazos bem definidos. Um projecto que tem como pilares instrumentais a jogadora portuguesa e a sua formação e, como pilares ideológicos, a promoção da Cultura Sporting: um forte sentido de compromisso com o Clube e a máxima exigência individual e colectiva. A meta que consubstancia essa exigência é a de colocar o Futebol Feminino Profissional do Sporting entre as 8 melhores equipas da Europa (objectivo a 8/10 anos). Ora, com as atletas em formação a competirem em contextos altamente exigentes e em patamares acima da sua realidade etária, e com o objectivo de aposta na atleta portuguesa a ser totalmente mantido (em cerca de 80 atletas só 4 são estrangeiras), nos dois primeiros anos conquistámos 12 títulos em 12 competições. Já esta época, a terceira desde o regresso, foi de completa inversão desse sucesso: não conquistámos qualquer títu-

lo e, mais preocupante, parecemos ternos afastado do desejado top 8 quando, em todo o mundo, o futebol feminino caminha para a profissionalização e para a consolidação de um modelo muito rentável de negócio. Temos, por isso, que dotar o Departamento de instrumentos e ferramentas para uma Gestão que vise a sustentação da qualidade competitiva, o crescimento dos públicos, a potenciação das áreas de negócio, a capacidade de afirmar liderança. Estamos a formar muito bem e depressa, mas não vai chegar! Os nossos rivais internos investem muito mais nas suas equipas profissionais, o que nos pode afastar do comboio europeu. Esse é o motivo para achar imprescindível a recomposição imediata da equipa principal, procurando, por exemplo, recrutar as avançadas Jéssica Silva e Andreia Norton, a central Louise Quinn (Arsenal) e,

para trinco, adaptava a central brasileira Daiane (PSG). Seria um plantel para cerca de 2M€, mas chegar a um elevado patamar europeu, não só compensa rapidamente investimento, como representa valorizar activos da formação. Depois, trabalhar bastante as seguintes medidas: 4 jogos em Alvalade; vendas de Gamebox, de bilhética e de merchandising; venda de eventos; organização de jogos internacionais; captação de mais e melhores sponsors, levar as atletas aos Núcleos. Esta deve ser a mentalidade dos dirigentes do Sporting para devolver ao futebol feminino o hábito de vencer.

Temos, por isso, que dotar o Departamento de instrumentos e ferramentas para uma Gestão que vise a sustentação da qualidade competitiva, o crescimento dos públicos, a potenciação das áreas de negócio, a capacidade de afirmar liderança.

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Foto de Nuno Valinhas / @nunuvalinhas


Tema de Capa

ADN João Rocha

GENETICAMENTE PERFEITO Dois anos. Uma realidade. Uma paixão que nos envolve. Um amor que nos move. Uma vivência única. É teu, é dele, é dela. É nosso. Agora é real. Uma obra que nos une. Um abrigo que nos torna mais fortes. Ali o desconhecido passa a conhecido. Ali não há idades. Ali o rosto enrugado abraça a pele macia. Ali há amor, há paixão, há sofrimento e há alegria. Ali somos recompensados pelo esforço e dedicação. Não é somente um Pavilhão. Ali está a crescer a nova geração! Textos de O Artista do Dia João Castro Cherba Infografia de Sporting Tático Tiago Neves


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Tema de Capa

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Perfeito por fora. Perfeito por dentro. Esteticamente, funcionalmente, sentimentalmente, simplesmente perfeito. Ainda estou para conhecer um sportinguista que não se tenha apaixonado à primeira vista por ele, ainda estou para conhecer um sportinguista que não se tenha arrepiado, que não se arrepie repetidamente com as experiências que nele vai vivendo. O Pavilhão João Rocha foi, durante demasiado tempo, um desejo sistematicamente adiado, mas, em apenas dois anos, transformou-se num espaço incontornável da cultura sportinguista, onde todos os sócios e adeptos podem viver o Sporting na sua expressão mais pura. Olhando em retrospetiva, é difícil entender como um clube de cariz tão vincadamente eclético como o Sporting chegou ao ponto de estar mais de 13 anos sem uma casa para as modalidades, de ter estado praticamente 5.000 dias sem festejar golos, pontos, vitórias e títulos num espaço verdadeiramente seu. O que é facto é que a decisão de colocar as nossas equipas com a casa às costas não foi uma situação isolada: veio na sequência da política de desinvestimento, ou mesmo extinção de modalidades, adotada por sucessivas direções sob o discutível pretexto da insustentabilidade financeira quando, na realidade, o que se pretendia era concentrar ainda mais recursos no futebol – com os resultados que se conhecem. Foram duas décadas em que a identidade do Sporting não foi respeitada. Sofreram as equipas, os atletas, os sócios e o palmarés do clube. Um período negro para o ecletismo que, a partir de 2013, começou finalmente a dar sinais de inversão. UM VAZIO FINALMENTE PREENCHIDO Gradualmente, a direção liderada por Bruno de Carvalho foi recuperando o desígnio eclético do Sporting. Medidas tão simples (mas pioneiras, à data) como a passagem da totalidade das quotiza-

ções para o clube (a SAD recebia 25% do valor) ou a campanha online de angariação de novos sócios (Sócio num Minuto) foram fundamentais para financiar o clube e as suas diferentes equipas, recuperando modalidades ou reforçando a competitividade das já existentes (ou ainda existentes, conforme o ponto de vista). Uma estratégia que conheceu uma nova etapa crítica em abril de 2014, quando, numa visita aos Açores, o então presidente anunciou o início de uma campanha de donativos com o objetivo de angariar 10 milhões de euros para a construção do pavilhão – que seria mais tarde batizada de Missão Pavilhão. A Missão Pavilhão arrancou no mês seguinte e mobilizaria um total de 22.957 sportinguistas que, em conjunto com os cerca de 9 milhões de euros alocados em agosto pela SAD aquando da venda de Marcos Rojo para o Manchester United, transformaram o sonho em realidade. Em março de 2015 era lançada a primeira pedra e a tão aguardada inauguração aconteceu no dia 21 de junho de 2017 – há precisamente dois anos. TALISMÃ O Pavilhão João Rocha é impressionante. Mesmo estando vazio, é impossível não apreciar a beleza e elegância do espaço. Mas em dia de jogo, com as bancadas cheias, é um cenário absolutamente avassalador que não deixa nenhum jogador, nosso ou adversário, indiferente. É um talismã que no momento das decisões inclina o campo a nosso favor, que reduz a nossa baliza e alarga a do adversário, que ajuda a impulsionar os nossos jogadores aqueles centímetros adicionais que muitas vezes são a diferença entre o sucesso e o fracasso. Na sua época inaugural, 2017/18, o ambiente do João Rocha foi colocado múltiplas vezes à prova e os resultados não poderiam ter sido melhores: quatro títulos conquistados, dois dos quais nos fugiam há décadas, e que incluíram dois finais de campeonato absolutamente épicos (ver caixa Assim se conquistaram


O Sporting. Em Revista.

quatro títulos nacionais). Ainda que este grau de sucesso não se tenha repetido em 2018/19 a nível interno, o João Rocha foi decisivo na conquista dos dois títulos europeus conquistados em futsal e hóquei em patins. Primeiro, em novembro do ano passado, foi em sua casa que o Sporting organizou a ronda de elite da Liga dos Campeões de futsal. A qualificação para a final four foi disputada até ao último segundo com o Benfica e, no final, Erick Mendonça descreveu bem a importância que o ambiente do João Rocha teve no desfecho da partida (ver caixa É tudo nosso!). Depois, no mês passado, acolhemos a final four da Liga Europeia de hóquei, em que eliminámos o Benfica na meia-final e vencemos categoricamente o Porto na final. Foi mais uma tarde de glória vivida no Pavilhão. E é justo referir a prestação de outras duas equipas na época que agora terminou: o percurso histórico da equipa de andebol na EHF Champions League – fantásticos os ambientes vividos em particular contra o Besiktas (que nos valeu o apuramento para a fase a eliminar), Dínamo Bucareste e contra o colosso Telekom Vezsprém – que acabaria como finalista vencido na competição; e a conquista do campeonato da segunda divisão pela equipa de voleibol feminino que, para o ano, competirá no principal escalão nacional.

Tema de Capa UM TEMPLO PARA O FUTURO O impacto do pavilhão no sucesso das nossas equipas foi imediato e inegável, pelo que foi com naturalidade que a direção liderada por Frederico Varandas decidiu abrir o espaço aos jogos das equipas de formação – apesar dos custos adicionais que isso implica –, para que os nossos jovens absorvam desde cedo a mística que o local tão rapidamente adquiriu graças às muitas tardes e noites de glória que já proporcionou ao clube. Podemos dizer que a obra é produto acabado, mas a sua história está apenas no início. Se há coisa que o PJR – que em 2012 parecia um sonho inatingível e que em dois anos de existência nos proporcionou tantos momentos de alegria – nos ensinou… é que não há limites para o que podemos ambicionar nos anos que se seguirão. Uma coisa é certa: vai ser um templo de sportinguismo, uma fonte de vitórias, memórias e hábitos que cada um de nós avós, pais, jovens ou crianças – vai guardar para sempre e transmitir às gerações seguintes. Não há melhor maneira que esta de se viver o Sporting. Continua

É um cenário absolutamente avassalador que não deixa nenhum jogador, nosso ou adversário, indiferente.

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Foto de Sara Pereiros / @SCPereiros


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Tema de Capa ASSIM SE CONQUISTARAM QUATRO TÍTULOS NACIONAIS Dificilmente se poderia imaginar uma época de estreia tão auspiciosa: os sportinguistas puderam testemunhar, no Pavilhão João Rocha, a conquista de quatro títulos nas quatro modalidades de pavilhão – um feito inédito na história do clube. Aqui fica um filme rápido dessas quatro conquistas.

1 DE MAIO DE 2018: CAMPEÃO NACIONAL DE VOLEIBOL

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Ano de regresso da modalidade. Os quatro primeiros jogos da final do playoff foram divididos entre Sporting e Benfica, vencendo sempre a equipa da casa. Seria tudo resolvido no jogo 5, no João Rocha. 1º set para o Sporting, 2º e 3º para o Benfica. O Sporting vence o 4º set, passando a decisão para o 5º set. Pautado pelo equilíbrio, as equipas chegam ao momento do tudo ou nada com 13-13 no marcador. Qualquer contratempo podia custar o campeonato. E surgiu um contratempo: João Simões, cuja entrada tinha sido vital para a vitória no 4º set, lesiona-se. Simões mantém-se em campo apesar da dor e o Benfica, tentando explorar as más condições em que o nosso jogador se encontrava, coloca-se em vantagem. 13-14. O Benfica serve para o ponto de campeonato, mas Dennis responde com um remate imparável e empata a partida a 14. Simões não consegue aguentar e sai em lágrimas da quadra. O jogo continua, com serviço de Garrett Muagututia. A bola bate na rede e, afortunadamente, cai para o lado do Benfica. 15-14, ponto de campeonato para o Sporting, novamente Garrett a servir. A bola volta a bater na rede, mas desta vez o Benfica evita o ponto e remata para o fundo onde está Garrett, que salva o ponto em mergulho. Bola para Dennis que remata forte, tão forte que impede a defesa do Benfica de armar o contra-ataque. Bola morta para o

campo do Sporting, novamente Denis a rematar contra o bloco benfiquista, que desvia a bola… para fora. O Pavilhão João Rocha explodia de alegria e celebrava o seu primeiro título.

6 DE MAIO DE 2018: BICAMPEÃO NACIONAL DE ANDEBOL A conquista em andebol foi a mais tranquila das quatro. O Sporting fez uma 2ª fase irrepreensível – somando 6 vitórias nas primeiras 6 partidas – e distanciouse dos restantes adversários na classificação. O jogo do título aconteceu à 7ª jornada: uma vitória sobre o Benfica, 2º classificado, garantiria desde logo o bicampeonato – mesmo havendo ainda mais três jornadas por disputar. O Sporting dominou por completo a 1ª parte, chegando ao intervalo a vencer por 20-15. No entanto, um mau início de 2ª parte permitiu ao Benfica virar o resultado para 22-23. Como é costume nos grandes momentos, foi o momento de Carlos Ruesga puxar dos galões: assumiu a responsabilidade e voltou a colocar o Sporting em vantagem no marcador. A partir daí o Sporting arrancou para uma ponta final dominadora, vencendo confortavelmente por 33-27. Cinco dias depois da conquista do voleibol, o Pavilhão João Rocha festejava mais um título nacional.

2 DE JUNHO DE 2018: CAMPEÃO NACIONAL DE HÓQUEI EM PATINS Final de campeonato ao rubro. A quatro jornadas do fim, Benfica e Porto lideram o campeonato. O Sporting segue-os a apenas 1 ponto, tendo as três equipas ainda que se defrontar todas entre si. Na 23ª jornada, Porto e Benfica empatam 77 no Dragão Caixa e o Sporting vence o Paço de Arcos, passando a liderar o


O Sporting. Em Revista.

campeonato com um ponto de avanço sobre os rivais. Na 24ª jornada o Sporting vai ao Pavilhão da Luz e vence por 7-4, afastando o Benfica da luta e ficando dependente apenas de si para ser campeão. Precisava, para isso, de vencer o Porto no Pavilhão João Rocha na 25ª e penúltima jornada. Empatados 1-1 ao intervalo, o jogo continua equilibrado durante a segunda e decisiva parte. A 15 minutos do fim, Toni Perez vê o cartão azul e o Porto tem a oportunidade de se adiantar no marcador. Hélder Nunes, no entanto, não consegue converter perante o gigante Girão. Seguem-se dois minutos de powerplay de massacre portista, mas Girão, Platero, Henrique Magalhães e Ferran Font tapam todos os caminhos da baliza sob o ruidoso apoio das bancadas. Igualdade numérica reposta e não foi preciso esperar muito para ver Pedro Gil disparar um míssil que só pararia na baliza de Grau. Ferran Font faria, a 7 minutos do fim, o 3-1 de livre direto. O Porto reduziu depois para 3-2, mantendo a incerteza do resultado. A 3 minutos do fim, contra-ataque conduzido pelo capitão João Pinto que deixa para Pedro Gil fazer o 4-2. Começa a cheirar a título, mas o Porto volta a reduzir para 4-3. Últimos segundos de grande pressão do Porto, mas Girão, com uma grande defesa a 11 segundos do fim, assegura a vitória. O Pavilhão João Rocha assiste à conquista de um título que não conquistávamos há 30 anos.

30 DE JUNHO DE 2018: TRICAMPEÃO NACIONAL DE FUTSAL A derrota após prolongamento no jogo 3 deixava o Benfica a apenas um jogo da conquista do campeonato. O jogo 4, no Pavilhão da Luz, foi decidido nos penáltis: brilharam Diogo, Pany Varela e Gonçalo Portugal, e a decisão do campeonato passou para o jogo 5, a disputar no Pavilhão João Rocha. A partida de todas as decisões foi um

Tema de Capa sofrimento, do início ao fim. O Benfica vencia por 2-0 a 10 minutos do fim, mas Pany Varela e Fortino empataram e levaram o jogo para prolongamento. Aí, o Benfica voltou a adiantar-se no marcador e obrigou o Sporting a apostar no 5x4. A 3 minutos do fim, Merlim, a atuar como guarda-redes avançado, prepara o remate de Diogo no meio-campo adversário. O brasileiro remata forte e cruzado e aparece Fortino a desviar ao segundo poste, empatando a partida. O capitão João Matos, lesionado, salta na cadeira e é incapaz de conter as lágrimas. O jogo (e o campeonato) vai a penáltis. Fortino marca o primeiro. Gonçalo Portugal estica-se para a direita e defende o remate de Deives. Diogo marca o segundo e já cheira a título. Deo levanta-se do lugar, não consegue aguentar a tensão. Segue-se o confronto entre Bruno Coelho e Gonçalo Portugal… e a bola bate na barra. O Sporting sagrava-se tricampeão num Pavilhão João Rocha em absoluto êxtase. @OArtistaDoDia

É tudo nosso! “A minha única pergunta é: qual é a dúvida que eles [adeptos] são os melhores do mundo? Não é quantificável este apoio que eles têm por nós, e se não fossem eles, hoje não tínhamos conseguido alcançar esta final four. Eles têm de perceber – e percebem – que são um elemento chave. E hoje, esta vitória é para nós, é para as nossas famílias, é para eles. E agora… olhem, olhem, olhem… vejam a festa. É tudo nosso!” Palavras de Erick Mendonça após a qualificação para a final four da Liga dos Campeões, alcançada no Pavilhão João Rocha contra o rival Benfica.

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Tipo de artigo

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730

177

dias

5

jogos

Gritámos

2.173 X

PAVILHÃO JOÃO ROCHA

ANOS

2

Estatística de Sporting Tático / @sporting_tatico Infografia de Tiago Neves / @AgencyScp O Sporting. Em Revista. Foto de Sara Pereiros / @SCPereiros

Tipo de artigo

17

modalidades

competições

43 jogos

40 jogos

7 jogos

204 golos

186 golos

13 golos sets

91% vitórias

88% vitórias

43% vitórias

GOLOOO * ou set, em Voleibol e Ténis de Mesa

50 jogos

37 jogos

1627 golos

103 golos sets

82% vitórias

89% vitórias

Dominando em casa, dominando os principais rivais e os jogos decisivos

85%

Andebol

média de média de

*Golos marcados *Golos sofridos 32,5

VITÓRIAS

26,3

28,8 34,8

Futsal

4,7

Vitória

1,7

total

4,3

3,6 3,4

1,0

4,7 Hóquei em Patins

2,5

4,6

2,8

0,6

2,5 3,2

Derrota

vs rivais jogos decisivos

total 1,6

0,7

vs rivais jogos decisivos

total 3,3 3,3

5,5

Voleibol

total

25,9 vs rivais 27,5 jogos decisivos

vs rivais jogos decisivos

* ou set, em Voleibol

Empate Ténis de Mesa

...e atingindo a GLÓRIA ANDEBOL

FUTSAL

HÓQUEI

VOLEIBOL

TÉNIS DE MESA Campeonato Nacional 2017/18 2018/19 Taça de Portugal 2017/18 2018/19

Campeonato Nacional 2017/18

Champions League 2018/19

Campeonato Nacional 2017/18

Taça de Portugal 2017/18 2018/19

Supertaça 2017/18 2018/19

Champions League 2018/19

Campeonato Nacional 2017/18

Campeonato Nacional 2017/18

Supertaça 2017/18 2018/19

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Tema de Capa

Entrevista

Alexandre Godinho Texto de João Castro

Alexandre Godinho foi vogal do Sporting para o Património desde 2013 até 2018, sendo durante 3 anos o “TUTOR” do Pavilhão João Rocha. Esta entrevista é uma linha de tempo, traçada desde a ideia de erguer o Pavilhão João Rocha até às sensações pessoais após o objectivo alcançado. Foram 3 anos de muito trabalho, avanços, recuos, imprevistos, modificações e, por fim, o realizar de um sonho para TODOS.

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“Quanto ao edifício do PJR em si mesmo, é simplesmente o melhor e maior pavilhão desportivo de Clubes em Portugal e foi construído como um dos melhores e mais modernos da Europa”.

Vítor Araújo, que infelizmente já partiu, era um dos sócios mais devotos às modalidades, com presença assídua nos pavilhões. O mesmo referiu que “Os pavilhões nasceram em reuniões, em entrevistas, em desenhos, esboços. Enfim, em promessas. Apesar de termos sido sempre bem recebidos, andámos sempre a jogar fora”. A verdade é que era uma grande necessidade para um clube eclético. Em 2013, foi chegar e começar logo a trabalhar no projecto pavilhão? A título introdutório, quero somente agradecer o convite que me endereçaram e desejar que possam desenvolver este projecto de acordo com os vossos objectivos e ambições, de forma bem sucedida e em consonância com os superiores interesses do Sporting e dos Sportinguistas. Posto isto, e em rigor, o “Projecto Pavilhão” foi uma das bandeiras eleitorais sufragada pelos Sócios do Sporting C.P. nas eleições de 2013, cuja medida em concreto tinha por escopo inicial um conteúdo, quiçá modesto mas completamente franco, de “criar as condições” para o projecto ser uma realidade, ou seja, fos-

se nesse ou noutro mandato futuro, queríamos garantir que desta vez não “ficava pelas promessas de” ou pelos meros “esquiços” anunciados de forma populista. A realidade acabou por sorrir e ser amplamente verde e leonina, pois nesse mesmo 1º mandato, conforme sabemos - e sem prejuízo de todas as dificuldades que se interpuseram mas se ultrapassaram com sucesso -, foi possível não só criar as condições referidas como iniciar e concluir o projecto, erigindo assim o Pavilhão João Rocha (“PJR”) que tanto nos orgulha e deve orgulhar todos os Sportinguistas. O processo burocrático com o plano pormenor Alvalade XXI não foi fácil de obter mas, depois de obtido, o plano sempre passou pela Missão Pavilhão? Como surgiu a ideia? Na verdade, o Plano de Pormenor Municipal Alvalade XXI já vinha “de trás”, do tempo de construção do novo Estádio José Alvalade, tendo sido “negociado” por Direcções anteriores, diga-se, com claro prejuízo para o nosso Clube, tanto a nível fi-


O Sporting. Em Revista.

Tema de Capa

nanceiro como, mais recentemente, criando várias limitações e dificuldades à construção do PJR . A este respeito, é da mais elementar justiça referir que sem a boa vontade demonstrada pelo Município presidido pelo Dr. Fernando Medina, em conjunto com a persistência desta Direcção, o PJR como hoje o conhecemos não teria tantas valências e toda a estrutura final teria sido mais restritiva, com perda de algumas mais-valias, umas desportivas e outras patrimoniais e/ou culturais (a título de exemplo, atente-se no “passeio da fama” que circunda o PJR ou no “Mural dos Sócios”) que hoje são usufruídas pelos Atletas do Sporting C.P. e pelos Sportinguistas em geral. Quanto à “Missão Pavilhão”, foi uma ideia deste Conselho Directivo, apelando a um forte cunho de envolvência dos Sócios Sportinguistas no Projecto (com o Mural dos Sócios a ser uma forma simbólica mas palpável de evidência desse esforço e colaboração dos Sportinguistas), mas que teve de ser complementada após nos termos apercebido que a angariação de fundos via “Missão” teria estagnado sem que tivéssemos logrado sequer alcançar 10% do valor do projecto. Desta forma, na sequência da venda de Marcos Rojo ao Manchester United e após acertos que se impunham efectuar entre o Sporting C.P. e a respectiva SAD, foi possível reunir no Clube o remanescente (que ascendia a aproximadamente 9M€ dos 10M€ totais do projecto) e assim chegar ao final da empreitada com a mesma integralmente paga (conforme já tenho reiterado várias vezes de forma pública), ao contrário do que lamentavelmente temos ouvido por parte de algumas personalidades, inclusive Sportinguistas, com responsabilidades no Universo Leonino.

empresa Mörschel Arquitectos nunca tinha feito nada em termos de arquitectura desportiva. Foram vocês que definiram o conceito e colocaram no concurso, ou o concurso era livre em termos de conceito? Tendo em conta que o Projecto do PJR foi “chave na mão” com natureza de “concepção-construção”, a empresa de Arquitectura foi apresentada em conjunto com a candidatura que acabou por vencer o concurso e, assim, ver adjudicada a empreitada, i.e. a Ferreira BP. Embora não conhecesse pessoalmente a empresa e o Arquitecto Mörschel, rapidamente analisámos o portfólio, carreira e elementos pertinentes disponíveis destes, concordando assim com a selecção e inclusão destes por parte do empreiteiro Ferreira BP na sua candidatura, sendo certo que, no contacto reiterado que naturalmente se sucedeu durante a empreitada, conseguimos lograr uma sintonia que permitiu obter a solução que hoje podemos desfrutar e apreciar no PJR.

Como se escolhe uma empresa de arquitectos para um pavilhão? Até porque a

Em termos de construção o processo não foi tão fácil, com a suspensão do

Quando viram o design final a decisão foi fácil, face a beleza do pavilhão? Houve mais algum projeto também ele cativante e diferente do habitual? Neste tipo de processos decisórios, é normal existirem por vezes alguns pequenos avanços e recuos, mas confesso que as maquetes finais foram recebidas pela Direcção com bastante agrado e satisfação. Toda a estética do PJR nos levava para um imaginário, agora real, onde o orgulho Leonino de ter finalmente um Pavilhão multidesportivo e multidisciplinar se conjugava com linhas que deixavam antever um pavilhão moderno, imponente, com leitura visual “à Sporting” e que assumia também a sua vocação de obra arquitectónica de referência e destaque, conforme já foi reconhecido por várias entidades do meio.

“Toda a estética do PJR nos levava para um imaginário, agora real, onde o orgulho Leonino de ter finalmente um Pavilhão multidesportivo e multidisciplinar se conjugava com linhas que deixavam antever um pavilhão moderno, imponente, com leitura visual «à Sporting»”

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Tema de Capa

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“[…] destaco o «VídeoCubo» e os marcadores, o «piso da arena» de jogo, que exigimos que fosse daquele que é considerado o melhor material usado em competição, o «Mural dos Sócios», que exigimos que tivesse o destaque de um espaço próprio e digno, a sala de «crioterapia»[…] ” Foto de Sara Pereiros / @SCPereiros

processo contratual com a Somague. Quais foram as maiores dificuldades que encontraram, quer burocráticas, quer nas obras? Relativamente ao sucedido com a Somague, houve essencialmente uma quebra de confiança grave, traduzida, designadamente, em violações várias (contratuais e pré-contratuais e/ou negociais), o que impediu que a relação com aquela empresa prosseguisse, sendo assim (após nova fase concursal) adjudicada a empreitada, afinal, à Ferreira BP. De resto, a própria Somague viu o Tribunal rejeitar uma acção por aquela interposta contra o Sporting C.P., reconhecendo-se assim toda a razão do Clube no litígio com a Somague. As dificuldades burocráticas foram várias, tratando-se de uma empreitada sujeita a vistorias de vária índole e licenciamentos variados e complexos, mormente, a nível desportivo (nacional e internacional), administrativo, autárquico, estadual, sendo todos estes procedimentos a maioria das vezes bastantes pesados e morosos. Por outro lado, a própria obra, sendo de uma dimensão técnica inédita em Portugal a nível deste tipo de infraestrutura, obrigou a inúmeras reuniões de trabalho, seja na obra ou em Alvalade, e reuniões para deliberar, selecionar, optar e ultrapassar as mais variadas questões, como várias alterações a terem de ocorrer na obra em função de regras e/ou imposições decorrentes de vistorias legais das várias entidades competentes, desde a escolha de bancos para espectadores até à tipologia do piso da arena (um tema que é, em si mesmo, de uma importância incomensurável) e respectivos mecanismos associados (tabelas automáticas com sistema hidráulico, sistema de amortecimento por baixo do piso), passando igualmente pelo “VideoCubo” 360º suspenso na estrutura do tecto e pela iluminação da arena de jogo, totalmente inovadora e ím-

par em Portugal (e praticamente na Europa), isto só para mencionar alguns aspectos e sem me tornar fastidioso. Os trabalhos decorreram durante cerca de 22 meses, integrando o normal período de vistorias, ligações de ramais e licenças de utilização, culminando com a inauguração. Qual foi o momento em que sentiste e pensaste “isto vai ser um sonho realizado”? Sempre acreditei na nossa tenacidade e que conseguiríamos ultrapassar as várias adversidades, como veio a suceder, e torna-se difícil eleger um momento, até porque houve vários e algumas cerimónias relevantes (“lançamento da primeira pedra”, inauguração da rotunda do Visconde de Alvalade e dos campos relvados exteriores, etc) mas creio que um dos momentos chave que “senti” foi quando foi finalizada a instalação e pintura do piso da arena de jogo e finalmente o pudemos sentir/pisar (com calçado e protecção própria!). Nesse momento, percorreu-me um imaginário como que antevendo os momentos mágicos que viriam a tornar-se realidade com as conquistas em 2018 das 4 “modalidades de pavilhão” disputadas finalmente “em casa”: os títulos de Campeão Nacional Sénior 2018/19 de Hóquei, Andebol, Futsal e Voleibol! Em termos de interiores, equipamentos, pormenores, podes contar algo que tenha mudado do projecto inicial e que tu e a Direcção tivessem dito “vamos mudar isto porque vai ficar muito melhor”? Sim. Dos mais importantes, destaco o “Vídeo-Cubo” e os marcadores, o “piso da arena” de jogo, que exigimos que fosse daquele que é considerado o melhor material usado em competição, o “Mural dos Sócios”, que exigimos que tivesse o destaque de um espaço próprio e digno, a sala de “crioterapia”, que não existia inicialmente, a disposição de algumas das bancadas, que não tinham visibilidade suficiente e foi exigido


O Sporting. Em Revista.

por nós que garantisse a visibilidade da arena por todos os adeptos o mais perto possível dos 100% (o que, cremos, está praticamente obtido), e a valência multiusos do PJR (para eventos do Clube, culturais, musicais e outros, como forma de rentabilização do espaço), que chegou a ser posta em causa mas da qual nunca abdicámos e pela qual lutámos até implementação efectiva. Para ti, o que caracteriza o Pavilhão João Rocha? Como o definirias e o que tem de inovador? O PJR é a “Casa das Modalidades”, tendo vindo finalmente colmatar uma falha tremenda que se arrastava no nosso Clube há décadas e que era um anseio mais que identificado no Universo Leonino. Nesse contexto, não podíamos perder a oportunidade de reconquistar “Espaço Sporting”, pelo que este foi e é também o ponto de partida para o recuperar, ampliar e potenciar do projecto “Cidade Sporting”, contando assim com o rebaptizar de novas ruas circundantes (Rua José Travassos, Rua Vítor Damas, Rua Professor Moniz Pereira), a inauguração da Rotunda Visconde de Alvalade com a estátua do Leão, a inauguração do “passeio da fama” em honra de Glórias Leoninas e a inauguração de 2 campos exteriores de futebol de cinco e um de futebol de sete, todos com balneários modernos e completos. Quanto ao edifício do PJR em si mesmo, é simplesmente o melhor e maior Pavilhão desportivo de Clubes em Portugal e foi construído como um dos melhores e mais modernos da Europa. O orgulho que temos na “criação” do PJR, enquanto Direcção e eu próprio, pelo contributo que entreguei enquanto co-responsável de todo o projecto, obra e complexo associado ao PJR, é algo que levarei comigo para sempre. Falando abertamente, tens noção de quantas horas passavas dentro do pavi-

Tema de Capa lhão na parte final da obra? Recordo dias em que entrei no PJR logo de manhã por umas temáticas, saindo para comer algo rápido - em horas já menos “de almoço” e a aproximar talvez das “de lanche” -, e regressando para durante a tarde pegar noutro assunto totalmente diferente (imaginemos assuntos relacionados com vistorias de manhã e passar a tarde a verificar temas sobre a sub-empreitada da extensão tecnológica do museu Mundo Sporting e da “nova Loja Verde”). Quando dava conta, à saída, já o Sol se tinha posto...

“Ressalvadas as diferenças e o devido respeito, foi como assistir ao nascimento do «nosso bébé»…”

Chegamos ao dia 21 de Junho de 2017 é inaugurado o PJR. Qual foi a sensação de teres feito parte de algo que marca o Sporting e os Sportinguistas? Como viveste esse dia? Ressalvadas as diferenças e o devido respeito, foi como assistir ao nascimento do “nosso bébé”… O Sporting tem vencido muitos troféus nas modalidades. Achas que o Pavilhão João Rocha tem sido um factor decisivo para essas conquistas? Não sou eu que o digo, basta ouvir os atletas, técnicos e staff, mas perdoem-me aqui a imodéstia: não tenho a menor dúvida! O Pavilhão, pela sua beleza, parece uma caixa verde e preta mágica. Consideras que é um simples pavilhão ou olhas para ele agora com esta distância e consideras que o que criaram é uma sala de espetáculos? Como já tinha referido antes, além do melhor Pavilhão de Clubes, foi e está preparado para ser uma “Casa de Eventos Multidisciplinar” de referência, em Lisboa e no País.

@castrojr76

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E os rostos, sem idade, naquele misto de ansiedade e de certeza de que se não resolvem eles na quadra, resolvemos nós na bancada… Texto de Cherba Ilustração de Jusko

E

quando dás por ti, estás de pé. Tu e todos os outros. Mesmo aqueles que sofrem em silêncio, roendo unhas, cruzando pernas, contraindo os músculos, como se aquele ritual fosse uma prova de fé que deva ser ultrapassada interiormente e não com gritos a roçar o boçal, capazes de provocar os sorrisos mais aprovadores ou condenadores de que terás memória. Esses, os que olham qualquer um que não vista as nossas cores como filho de mãe incerta e ficam à beira de uma apoplexia assim que soa o apito inicial, esqueceram o papel de William Foster e transformaram o seu momento Um Dia de Raiva numa catarse colectiva à qual é impossível fugir. E os rostos, sem idade, naquele misto de ansiedade e de certeza de que se não resolvem eles na quadra, resolvemos nós na bancada. Há quem diga que já não tem idade para isto e tema que os comprimidos para a tensão se revelem insuficientes. Há quem se agarre à possibilidade mágica de ter escapado ao “tu ainda não tens idade para ir…” e ali, ao lado de quem lhe deu entrada nesta história que há-de ser interminável, se sinta às cavalitas do Smerg. Ah, o amor, essa coisa que nasce da paixão e se alimenta dela, lapidando-a como pedra preciosa que se te incrusta na pele e te pinta o coração em tons de jade. Essa coisa que não se explica, mas que transforma duas horas do teu dia num carrossel de emoções, que te leva das lágrimas ao riso a tal velocidade que quando a volta termina só pedes mais uma. E mais outra. As que for possível, para encher uma caixa de memórias que te farão voltar a vibrar quando o tempo passar. Há quem tenha crescido assim, numa sala mais modesta a quem cha-

mavam Nave. E que tenha passado anos a olhar para o céu à espera que ela voltasse enquanto, de pés no chão, caminhava em direcção às casas emprestadas onde deixavam parar estes resistentes. Hoje aqui, amanhã ali, recusando-se a desistir de um sonho, de uma paixão, de um amor maior. Há quem não faça a mínima ideia de que esses tempos existiram, jovens mutantes e jovens jedis para quem o passado é agora e a quem custa acreditar que amarelados recortes de jornal sejam prova de algo, quando basta sacar do faz tudo e gravar um vídeo que chega tão depressa à Internet como uma bola rematada rumo à felicidade. É neste cruzar de mundos que o nosso gira. E quando dás por ti, estás de pé. Fora do teu lugar. A ocupar o lugar de outro que ocupou o teu. A cerrar o punho para conter as emoções. A olhar embevecido quem queres que escreva esta história contigo. Tu e todos os outros. Entre os que sonharam e os que agora crescem nesse sonho, pinta-se o amor a pinceladas grossas, verdes e brancas, atiradas ao sabor de algo que não sabes controlar quando sentes que os que vestem a tua camisola dependem do teu apoio para chegar às conquistas. E tu apoias, perdes o controlo, entras numa nova dimensão em que só saberás que estiveste quando, de coração cheio a transbordar e alma renovada, olhares a pequenada a dar mais cinco aos seus ídolos e perceberes que estás afónico. Exausto. E te sentires como se tivesses levado uma carga de porrada quando, que raio, foste só ali ao João Rocha… @TascaDoCherba

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Futebol - Balanço Formação

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Um bicampeonato para adoçar a boca Do brilhantismo dos Iniciados ao total descalabro nos Juniores, não faltam motivos para olhar para o que fizeram as principais equipas da Academia ao longo da época. Texto de Maria Ribeiro Fotos de Sporting Clube de Portugal O destaque a quem o merece: temporada extremamente positiva dos nossos jovens Sub-15 (Iniciados – Juniores C) no Campeonato Nacional, conseguindo sagrar-se campeões depois de uma luta feroz com o FC Porto na fase de apuramento. Os mais pequenos celebraram o bicampeonato depois de uma goleada por 5-0 frente ao Tondela e com seis vitórias consecutivas, numa fase final quase

perfeita que resultou em 25 pontos de 30 possíveis. Foram 35 jogos realizados, apenas 2 derrotas, 118 golos marcados contra 19 sofridos e um ano de sucesso para Pedro Coelho, jovem treinador de 30 anos que conduziu a equipa ao bicampeonato nacional. Nos destaques da temporada teremos de incluir forçosamente Youssef Chermiti, jovem avançado de 15 anos que assinou 12 golos na fase final e foi o melhor marcador da competição. O jovem português chegou em 2016 ao

Sporting, vindo do Grupo Desportivo São Pedro, onde jogava futsal. Isnaba Mané, de apenas 14 anos, foi mais um dos jogadores a brilhar ao longo da temporada e foi o terceiro melhor marcador da fase final (com 6 golos). O extremo esquerdo apresenta todas as características (velocidade, técnica, finta e imprevisibilidade) para vingar naquela posição e parece ser mais um jovem talento da longa tradição de extremos de Alcochete. Luís Gomes, médio ofensivo que mar-


O Sporting. Em Revista.

cou 12 golos e participou em 28 jogos, Mateus Fernandes, médio de 14 anos, e o capitão David Moreira (defesa) são outros dos nomes a ter em atenção no futuro próximo. UMA SURPRESA DESAGRADÁVEL Estamos habituados a ver as equipas de João Couto vencer, ou pelo menos estar muito perto disso, e, por isso, foi com surpresa que vimos a nossa equipa de Juvenis estar tão afastada do primeiro lugar esta temporada, ainda mais tendo em conta o talento disponível. Na fase de apuramento de campeão, à data do fecho desta edição da 1906, os nossos Sub-17 ocupam o terceiro lugar atrás dos eternos rivais SL Benfica e FC Porto, sendo o SL Benfica claro favorito para a conquista do campeonato nacional. Na defesa, destaques para Eduardo Quaresma e Rodrigo Rêgo (eles que se preparam para subir ao escalão de Juniores), que parecem ser os mais, se não talentosos, maduros jogadores daquele sector. No meio-campo, Gonçalo Batalha destaca-se não só pela qualidade

Os mais pequenos celebraram o bicampeonato depois de uma goleada por 50 frente ao Tondela e com seis vitórias consecutivas, numa fase final quase perfeita que resultou em 25 pontos de 30 possíveis.

Futebol - Balanço Formação que apresenta, mas também pelo espírito competitivo e de liderança numa idade tão jovem. Na frente é onde o Sporting parece ter as melhores e mais talentosas soluções, com nomes como Joelson Fernandes (extremo veloz com uma técnica incrível), Bruno Tavares (mais um extremo de enorme qualidade) e Tiago Tomás, avançado de 16 anos que renovou recentemente por três temporadas e assinalou 16 golos em 16 jogos. DESCALABRO Desastre talvez seja uma palavra demasiado forte, mas foi essa a sensação que ficou, sempre que esta equipa de Juniores entrou para competir. Um ano de demasiada inconstância que culmina num quarto lugar na fase de apuramento de campeão, a praticamente 20 pontos dos vencedores FC Porto e atrás do Leixões na tabela classificativa. Se existiu uma equipa que sofreu com a instabilidade sentida no clube desde há um ano, os Sub-19 serão essa equipa. Um plantel que se conhece muito

bem, vindo de uma geração que venceu dois títulos consecutivos de Juvenis com imensa qualidade e com nomes como Bernardo Sousa, Diogo Brás, Goulart, Félix Correia, Gonçalo Costa e Bavikson. O resultado prático ficou muito aquém do esperado para uma fornada em que se depositam tantas esperanças para o futuro. Este é o escalão a ser gerido com mais sensibilidade por parte da estrutura leonina, pela proximidade ao futebol profissional e por ser o último passo na formação destes jovens atletas. E, também por isso, é importante não perder jogadores tão talentosos como Bruno Tavares, Diogo Brás ou Bernardo Sousa (e existem muitos mais). Brás já renovou até 2022 e, até pelo exemplo do que aconteceu com Tiago Djaló, todos os adeptos esperam que a preocupação mais imediata de toda a estrutura da formação do Sporting Clube de Portugal passe por segurar as restantes promessas em final de contrato. @MariaRibeiro92

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Scouting

PLATAFORMA

GLOBAL DE SCOUTING

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Texto de João Castro Foto de Abigail Keenan em Unsplash.com No contexto atual do Sporting Clube de Portugal, longe da Liga dos Campeões e do título nacional de futebol sénior masculino, é fundamental que o clube tenha armas necessárias para lidar com adversários com receitas superiores, com mais montra e com possibilidades de encarar o mercado de transferências com outros atributos.


O Sporting. Em Revista.

Scouting

N

ão é de hoje, um dos problemas do Sporting CP sempre foi o Scouting. Neste artigo, não vamos escrever sobre o passado, mas sim apresentar uma solução para o futuro, para que se possa melhorar e elevar o clube ao patamar merecido. MAS O QUE É O SCOUTING? Tive a oportunidade de conversar com o scouter Miguel Pontes, que começou a viver o mundo do scouting como um hobby mas que, mais recentemente, tem dado sequência à sua paixão pela vertente técnica e táctica do futebol, com passagens pelo CF Benfica (scouting), SG Sacavenense (como técnico adjunto nos sub19 e posteriormente na área de scouting) e colaborações com a Belenenses SAD e diversos agentes. Miguel Pontes encontra-se, actualmente, no Hibernian Football Club da liga escocesa, e explicou-nos o que é o scouting: “O scouting consiste na observação de jogadores, numa perspectiva de detecção / confirmação de talento. Permite a contratação de jogadores, que são monitorizadas de forma contínua, em diferentes contextos e sempre em sintonia com o ADN e perfil da nossa equipa” - Miguel Pontes A PLATAFORMA

gostam de scouting e que o fazem, tal como começou Miguel Pontes, de forma amadora. Uma plataforma informatizada em open source, onde os scouts poderiam submeter um relatório sobre determinado jogador de forma concreta e com relatórios uniformes, com um algoritmo que permitisse efetuar logo um filtro automático por estatísticas. Todas as validações seriam feitas pelo Departamento de Scouting e Prospecção do Sporting Clube de Portugal. Na conversa que tivemos com Miguel Pontes, questionámos sobre se conhece algum caso parecido, uma plataforma colaborativa de scouting, e se acha viável esta ideia. “Neste momento não existe nenhuma que fomente o scouting quase numa lógica de blockchain ou open source. A ideia de alargar a rede de observadores graciosos é excelente, uma vez que preconiza uma cobertura maior de jogadores e equipas, e dessa forma retira uma carga enorme na primeira fase de filtragem do scope de jogadores existentes.” - Miguel Pontes OBJETIVO O objetivo é fácil, e é aquilo que tanto precisamos: inovar nesta área! Conforme refere Miguel Pontes, é uma ideia que poderá permitir alargar de forma gratuita o leque de cobertura de jogadores que venham a ser possíveis alvos de clubes. Outro dos abertivos passará por aproveitar o conhecimento e dinâmica de pessoas que querem ajudar o clube. A lógica passa pela agilidade que os colaboradores podem trazer na produção de mais relatórios, e ainda maior número de visualizações de diferentes alvos... tudo isto a um ritmo superior ao normal no departamento de scouting.

A ideia seria aproveitar o conhecimento e entusiasmo de pessoas que gostam de scouting e que o fazem, tal como começou Miguel Pontes, de forma amadora.

A Plataforma Global de Scouting seria uma plataforma aberta a entusiastas do scouting para colaborar com o clube, com regras, relatórios, deveres e obrigações bem estabelecidas… tendo também as suas recompensas. A ideia seria aproveitar o conhecimento e entusiasmo de pessoas que

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Scouting Deste modo, será possível acompanhar a evolução permanente do mercado e evitarmos ser surpreendidos pelos rivais quando contratam um jogador com mais rapidez. Isto faz com que os alvos possam também ser de regiões onde não temos presença física, sendo isto muito importante, pois não nos podemos dar ao luxo de negligenciar certos mercados. ENTRAVES…

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O problema nem é a falta de predisposição do clube, aliás, os grandes clubes europeus já estão atentos a alguns fenómenos das redes sociais e a uma nova geração que vê o futebol de outra forma mas com a mesma paixão. A questão passa pela vontade de o clube querer ou não se transformar de fora para dentro. Ou seja, aproveitar o que de bom os adeptos podem fazer... mas que na realidade não sabem bem como, pois não existe a tal plataforma onde todos poderíamos colaborar. Na verdade, existem casos concretos de alvos enviados para o Sporting que foram ignorados, quer seja pela desconfiança de quem avalia, quer seja pelo envio para o destinatário errado ou simplesmente por falta de endereçamento para o sítio correcto. É por isso que surgem iniciativas, no mundo digital, com qualidade. Como esta revista, assumindo o papel de inovação, promovendo uma colaboração entre adeptos, a favor do clube.

“Penso que a maior vantagem é a de o clube ganhar um posicionamento célere, e sem fricção alguma, nos países observados pelos membros desta rede colaborativa, ganhando dessa forma um ecossistema identificado com o clube.” - Miguel Pontes

COMO EVITAR A REPETIÇÃO DE TRABALHO Basta definir Ligas ou territórios a cada observador para que não haja duplicação de trabalho. Da mesma forma, o Sporting verifica facilmente por cross-check se tal jogador já foi observado ou não. No fim, o clube pode ainda decidir manter ambos os re-

latórios e assim ter um dossier mais completo sobre tal jogador. COMPETIÇÕES O clube não consegue ter scouts em todos os locais e em todas as competições, mas o que poderia ser uma desvantagem poderá ser uma das mais valias. Atribuir jogos a cada colaborador em competições de interesse, como mundiais ou europeus juvenis, copas sul americanas, jogos olímpicos, competições africanas e asiáticas, poderá permitir um registo mais rápido, quase on time, de jogadores nessas competições. CONFIDENCIALIDADE Os colaboradores devem assinar termos de confidencialidade, de forma a existir penalização por divulgação de qualquer informação referente ao clube, análises, ou dados de jogadores a instituições não pertencentes ao clube. RECRUTAMENTO Não é fácil o processo, mas é possível. Basta que exista um critério rigoroso, coordenado por alguém que vá sentindo o pulso aos candidatos, através de entrevistas e de um possível teste criado para o efeito, bem como recolha de dados do possível colaborador. ACELERADORES EXTERNOS A forma rápida que um clube tem para acelerar e crescer passa por dois caminhos: ou recorre a uma abordagem capitalista, captando os melhores scouts do mercado ou aumentando, e muito, o staff no departamento; ou implementa um acelerador externo... os Adeptos! É um processo ainda não palmilhado pelos clubes, porque são ideias que nascem de fora para dentro. E, nestes casos, os clubes tendem a ter medo de perder o controlo e às vezes a ideia morre sem nunca ser implementada. O meu papel, enquanto adepto e um dos idealistas desta nova forma de po-


O Sporting. Em Revista.

Scouting tencializar o scouting do Sporting Clube de Portugal, é dizer por onde começar! Questionámos novamente o Miguel Pontes sobre as vantagens que uma plataforma como esta poderia trazer a um departamento de scouting de um clube. “Penso que a maior vantagem é a de o clube ganhar um posicionamento célere, e sem fricção alguma, nos países observados pelos membros desta rede colaborativa, ganhando dessa forma um ecossistema identificado com o clube, com a sua dinâmica, perfil, necessidades e sobretudo com uma visão holística que é conseguida pelos inputs descomplexados dos adeptos mais apaixonados.” - Miguel Pontes PROGRAMA DE RECOMPENSAS A ideia passaria ainda por programas com recompensas, pelas quais atrairia os candidatos para reforçar a cadeia de valor da organização. O sistema passaria por atribuição de pontos por cada relatório, bem como atribuição de pontos por observações e metas atingidas, numa métrica de pontuação de 0 a 10 por cada acção ou meta. Recompensas: • Estágio em Alcochete, no departamento de scouting, para o colaborador com maior número de pontos ao longo da época ou no prazo estabelecido no sistema de avaliação. • Recompensa com merchandising ou convites para jogos para os colaboradores que cumpram os requisitos e objetivos definidos (sistema de pontos), classificados no top 5. • Em caso de contratação de um jogador descoberto por um dos colaboradores, oportunidade de receber uma camisola autografada pelo mesmo, bem como estar presente na apresentação do atleta, com atribuição máxima de pontos. • Convite para integrar o departamento de scouting juvenil do Sporting Clube de Portugal ao colaborador com mais pontos conquistados nos jogadores jovens nacionais. • Cursos de scouting no fim de cada

época para os colaboradores no top 10. O SCOUTING EM PORTUGAL Em relação ao scouting e ao que tem sido feito em Portugal, muito pode ser feito e muito pode ser melhorado. Mas como está o Scouting em Portugal? Miguel Pontes toca na ferida. “O nível do Scouting em Portugal é bastante inferior ao necessário e expectável. Apenas alguns clubes encontram-se tecnologicamente evoluídos e organizados para poderem ter o chamado Gabinete de Scouting, que poderá, ou não, conter um departamento spin-off de analytics. No estrangeiro, mesmo em países menos competitivos, encontramos um nível de exigência e profissionalismo ímpar, onde é reconhecida a extrema importância deste gabinete em toda a estratégia do clube. O Scouting é a lupa que descobre os talentos que irão fazer evoluir o clube rumo à excelência, fazendo um filtro e adaptação da dinâmica pretendida e conseguindo jogadores de qualidade com um scouting sustentável” - Miguel Pontes O objetivo é melhorar e ajudar o Sporting, melhorando o souting, algo que foi muitas vezes descurado. A ideia da plataforma colaborativa de scouting passa por fazer com que o Sporting tenha mais “olhos”... olhos estes espalhadas por todo o mundo. Mais mentes a processar e a analisar alvos, listar jogadores por posição e por escalões... tudo isto de forma a atingirmos um scouting sustentável e a estarmos na vanguarda do scouting nacional.

@castrojr76

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Opinião

O Leão lançou, o Leão voltou! Texto de Diogo Cardoso

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sonho longínquo de milhares de adeptos Sportinguistas realizou-se: depois de décadas de ausência, o basquetebol do Sporting está de volta! No final do Verão de 2019, os pavilhões portugueses vão voltar a sentir a fúria verde na Liga Portuguesa de Basquetebol, o palco máximo onde todos os jovens praticantes sonham estar. E, para tal, contamos com uma estrutura fortíssima! O primeiro nome que se conheceu foi o de José Tavares, antigo treinador, pessoa experiente na modalidade e com conhecimento aprofundado sobre o que é preciso para ganhar. Será ele o diretor do basquetebol do Sporting no ano do ressurgimento. Mas que equipa está o nosso clube a construir? Que treinadores? Que jogadores? Poderemos ser campeões? O projeto do Sporting Clube de Portugal não é simples. Chegar a uma liga e, com uma equipa construída do zero, lutar pelo título, é uma ambição e um desafio que só pode ser superado com um trabalho que se aproxime da perfeição. E, creio, não será exagero dizer que escolhemos o treinador certo para essa demanda. Luís Magalhães é um dos grandes treinadores portugueses da atualidade. Com 60 anos, Magalhães possui um cur-

rículo invejável, com carreira feita, sobretudo, em Portugal e Angola. O novo treinador conquistou por cinco vezes o título de Campeão Nacional, por quatro vezes a Taça de Portugal e por seis vezes a Supertaça. Em Angola, quatro vezes a Taça dos Campeões Africanos e por uma vez a Taça das Nações Africanas. Além disso, é um treinador que conjuga uma enorme experiência com uma capacidade tremenda de se modernizar e de estar a par da evolução da modalidade. É nestes valores que o Sporting está a construir a sua equipa: uma soma de jogadores experientes e jovens jogadores sedentos de vitórias. Via comunicação social, vamos conhecendo algumas das caras que irão compor o plantel, como os bases Ty Toney e Pedro Catarino. O norte-americano Toney é um base frenético, exímio marcador de pontos, que faz vibrar as bancadas e foi um dos jogadores mais valiosos da Liga, ao serviço do Esgueira. Pedro Catarino, português de 28 anos, representava as cores do Lusitânia, tendo passado pelo Futebol Clube do Porto e Maia Basket Clube. Outros nomes que surgem como reforços do Sporting são Cláudio Fonseca, que representou o Sport Lisboa e Benfica, Jyles Smith, do CAB Madeira, João Fernandes, da Ovarense, ou Diogo Araújo, do Futebol Clube do Porto. Veiculouse, também, a chegada de Brandon Nazione, extremo-poste norte-americano

que atuou esta época na liga uruguaia. Apesar de ser óbvio que outros reforços faltam ainda para completar a equipa do Sporting Clube de Portugal para a temporada 2019/20, percebe-se que o objectivo é entrar no lote dos melhores e competir com qualquer equipa.

O projeto do Sporting Clube de Portugal não é simples. Chegar a uma liga e, com uma equipa construída do zero, lutar pelo título, é uma ambição e um desafio que só pode ser superado com um trabalho que se aproxime da perfeição. No fundo, o que se pode esperar do Sporting regressado é uma equipa taticamente superior, à imagem do seu treinador. Com atletas como Ty Toney, Jyles Smith ou Brandon Nazione, podemos ir ao jogo descansados, sabendo que vamos assistir a uma grande promoção da modalidade, a jogadas fantásticas, afundanços explosivos e tiros certeiros! O Sporting está de volta ao basquetebol nacional!


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Escolas Academia Sporting

Um bom exemplo chamado EAS Nelspruit Entrevista com Ricardo Morais de Sousa, coordenador das Escolas Academia Sporting na África do Sul Texto de Nuno Valinhas Fotos de EAS Nelspruit / Ricardo de Sousa NELSPRUIT

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Ou será melhor dizer Mbombela? (ou Mbombela City?). A indefinição do nome da capital da província Mpumalanga, distrito de Ehlanzeni, vai fazer 10 anos em Outubro, altura em que foi aprovada a mudança oficial de nome por parte do Ministério das Artes e Cultura da África do Sul. Foi nesta cidade, apenas a 100km de Moçambique, que o Sporting Clube de Portugal inaugurou, em Setembro de 2016, a 3ª Escola Academia Sporting do país, juntando-se às EAS de Rustenburg (2015) e EAS Johannesburg (também inaugurada em Setembro de 2016). Mais tarde, em 2017, seria inaugurada a 4ª EAS sul-africana, na cidade de Pretoria. A coordenar estas 4 EAS (Escolas Academia Sporting), está Ricardo Morais de Sousa, técnico português com mais de 10 anos de experiência dentro do universo Sporting e mais concretamente ligado ao projecto das EAS.

em primeiro lugar, um coordenador técnico que garantisse a aplicação das orientações metodológicas, em articulação com a Coordenação Técnica SCP-EAS e com o parceiro do Sporting Clube de Portugal, para este projecto nesta região. Em segundo lugar, pelo facto de também ser importante haver um coordenador técnico que desse apoio geral às estruturas das restantes EAS existentes no país, Rustenburg e Johannesburg. Em terceiro, o facto de já ter colaborado com o Sporting Clube de Portugal noutros projectos de âmbito internacional, na Índia e em Angola. E, em quarto lugar, por ter começado carreira de treinador (na altura estagiário) há mais de 10 anos precisamente no projecto Escolas Academia Sporting, mais concretamente na EAS de Alfena. Entretanto, foi também possível (ano de 2017) abrir uma quarta EAS em Pretória. E assim temos, com a devida ‘tradução’ para o inglês, a Sporting C.P. Soccer Academy: Rustenburg, Johannesburg, Nelspruit e Pretoria.

Como surgiu o convite para o projecto da EAS Nelspruit e para a coordenação das EAS na África do Sul? O convite surgiu pela parte da Direção SCP-EAS, devido ao facto de à data (ano de 2016) estarem a ser dados os passos para a abertura da terceira EAS da África do Sul, na cidade de Nelspruit, e ser necessário,

Como é o dia-a-dia do coordenador da EAS Nelspruit? O meu dia-a-dia é bastante denso, dada as responsabilidades e a paixão inerentes à função, bem como ao facto de estar neste país e nesta cidade com o propósito único de ajudar a desenvolver este(s) projecto(s). Assim sendo, tirando as horas

de descanso nocturnas que qualquer pessoa tem e deve ter, as restantes horas são dedicadas quase exclusivamente a todas as acções e actividades que um projecto como este solicita e, sobretudo, devido à escassez de recursos humanos neste contexto em particular. Grande parte do trabalho é ‘invisível’ e quase inquantificável; passa bastante por uma gestão administrativa, no escritório, por dezenas de telefonemas, mensagens de Whatsapp e e-mails, esclarecimentos vários sobre a academia e registo de jogadores, confirmações de pagamentos, marcação de jogos, apoio aos pais e encarregados de educação em reuniões individuais, actualizações de base de dados e de contactos, gestão das redes sociais, etc. Isto juntando à necessidade e importância de trabalhar também em equipa e de coordenar treinadores, dando-lhes formação e orientação, considerando os vários pontos das funções e deveres dos mesmos, observar treinos e fazer as devidas reflexões, acumulando com o facto de também dar treinos a uma equipa com todas as responsabilidades inerentes. De forma mais resumida, eu diria que a primeira fase do dia é mais solitária, dedicada à área administrativa e de comunicação, e a segunda parte do dia é mais focada no trabalho em grupo e técnico.


O Sporting. Em Revista.

Entrevista

Ricardo Morais de Sousa com alguns dos pupilos da EAS Nelspruit

Quais são os principais objectivos da EAS? Como principais objectivos, destaco, em primeiro lugar, a formação desportiva, com um modelo de formação e abordagens metodológicas em tudo semelhante à Academia Sporting, sendo a plataforma ideal para a promoção da prática desportiva das crianças e jovens, independentemente do seu género ou nível/habilidade inicial, nomeadamente no âmbito do ensino-aprendizagem e treino da modalidade de futebol. Em Nelspruit já temos um grupo alargado de jogadores que já transportam consigo esta formação diferenciadora de forma bastante visível. Mas não são só os jogadores como também os nossos treinadores (recrutados localmente), que se abriram a uma abordagem completamente diferente à que haviam aprendido/experienciado e que hoje contribuem de forma decisiva para a aproximação desta academia ao clube, e não só do ponto de vista técnico. Como um segundo objectivo, destaco a expansão e fidelização, dando a conhecer, pela primeira vez em alguns casos ou reforçando noutros, a

marca Sporting junto dos jovens jogadores e mesmo das famílias e amigos. É um grande desafio e tem sido uma grande conquista, sobretudo nesta parte do mundo, onde o valor do ensino e treino do futebol é muitas vezes subestimado, por esta modalidade gozar de uma “má reputação” e também, por serem destacadas ligas (e clubes) de outras proveniências da Europa (e não de Portugal). Destacaria, em terceiro lugar, a descoberta de talentos como objectivo, pois mesmo com as condicionantes referidas no ponto acima, existe um grande potencial e interesse pela prática do futebol por parte das crianças e jovens da comunidade local; o cenário é hoje mais favorável. Com o amadurecimento do projecto, através da dedicação, de persistência e de consistência, será revelado o que virá a seguir, pois recrutar jovens talentos para as equipas de competição/oficiais do Sporting Clube de Portugal, não sendo fácil, é possível.

“A EAS Nelspruit é diferenciadora a todos os níveis; os jogadores e as famílias sentem e vêem isso. Temos de facto uma verdadeira Família Sporting.”

Qual a importância do projecto EAS para a comunidade local? Relativamente à comunidade em Nelspruit, é importante referir que na sua maioria é representada por sulafricanos, naturalmente, mas a pro-

ximidade com Moçambique (100km) não é, nem foi, negligenciada. Fazia falta um projecto de qualidade como o nosso nesta região, pelo alcance que a localização geográfica pode significar, tanto do ponto de vista da metodologia do treino, mas também organizacional. Se o futebol goza (ou gozava) de má reputação, tem que ver exatamente como é organizado e, neste caso, com a falta de valor que é dado aos escalões de formação. Obviamente que isto depende dos projetos em si, mas também das pessoas que os levam a cabo. Não é por acaso que outras academias de grandes clubes europeus não sobreviveram na África do Sul. A EAS Nelspruit é diferenciadora a todos os níveis; os jogadores e as famílias sentem e vêem isso, mesmo que, sobretudo no início, não houvesse identificação com a marca Sporting por parte de muitos. Com o passar do tempo isso tem sido superado: temos de facto uma verdadeira ‘Família Sporting’ e o reconhecimento de entidades locais que se mostram receptivas para parcerias, eventos e outras actividades. @nunovalinhas

A entrevista com Ricardo Morais de Sousa continua no nosso website, em www.revista1906.com/Entrevistas/ EASNelspruit

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Competência e Estratégia

Fotos D.R.

Bastidores – A Formação no Voleibol

No voleibol há pilares de sustentabilidade de um clube. Se preferirem, existem pontos que, se forem descurados, fazem com que dificilmente a modalidade perdure no tempo. Um desses pilares é a formação. Texto de Adrien S

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Se chegarem a qualquer dirigente de voleibol (e até de outra modalidade) e quiserem perceber a sustentabilidade do clube que dirigem, basta que perguntem e percebam como está planeado o projeto de formação. Quando se inicia uma modalidade de raiz, e se for para fazer bem feito, devese pensar na integração imediata da formação. As equipas jovens dos clubes têm um papel crítico. A curto prazo, garantem dimensão à modalidade, credibilidade, projeção e receita. A longo prazo, os clubes garantem jogadores nas equipas seniores preparados com os valores e identidade. O Sporting entendeu isso como essencial, iniciando com a vertente feminina. E, ao fim de um ano de existência, seria pouco provável auspiciar tamanho sucesso. O grande fator de êxito na formação do nosso clube resume-se em duas palavras: Competência e Estratégia. Para melhor entender o seu significado é importante explorar três eixos: o en-

tendimento do voleibol em Portugal, a Estrutura e Recrutamento e o Pavilhão João Rocha (PJR).

construção de um projeto de formação.

VOLEIBOL EM PORTUGAL

Para recrutar, os responsáveis pelo planeamento do voleibol usaram o trunfo da marca Sporting. Brilhante! A força de uma marca também se apresenta a partir da sua capacidade de atrair públicos. O voleibol do Sporting, para a época de 2018/19, abriu dois dias de captações para todas as crianças e jovens que quisessem vestir-nos. O universo leonino disse SIM e nestes dois dias foram mais de 130 jovens meninas que passaram pelo PJR a tentar a sua sorte. De um clube que não tinha a modalidade, passámos a ter cerca de 100 jovens, felizes por representarem as nossas cores. Garanto-vos que isto não tem nada de fácil. Conseguir construir uma estrutura de formação, basicamente em dois dias, a partir do número redondo de zero, é só possível com um entendimento muito forte do que é a modalidade e o Sporting. Destaco que não foram feitos quaisquer convites individuais a atletas para ingressar no Sporting. Fácil seria fazê-lo dessa forma, mas o caminho foi outro. Um caminho mais arriscado, mais ao jeito da coragem de ser do Sporting. Para a época de 2019/20 o plano

O voleibol tem vindo a crescer nos últimos 3 anos, sendo a 4ª modalidade mais praticada, a nível federado, em Portugal, com 44.208 federados de entre 70 modalidades contabilizadas. Se contarmos os últimos 10 anos como amostra, a modalidade cresceu 9%. Com dados de 2018, temos uma relação de 55,7% de mulheres para 44,3% de homens praticantes. Estes participantes espalham-se por 905 clubes. Destes, 405 são da Associação de Voleibol do Porto e 70 de Lisboa. De destacar também Braga (57), Alentejo e Algarve (69), Madeira (52) e Açores (54). Os números expõem que 91% dos praticantes são jovens, onde no escalão mini está resumido 69% dos federados de voleibol, ou seja, 31.085 têm até 12 anos de idade. Perante este cenário, o Sporting avançou, com ambição, para a

De um clube que não tinha a modalidade, passámos a ter cerca de 100 jovens, felizes por representarem as nossas cores.

RECRUTAMENTO


O Sporting. Em Revista.

Bastidores – A Formação no Voleibol

manteve-se. O processo de recrutamento foi, também, em dois dias, onde tivemos a possibilidade de começar com um segmento de mini masculinos. Iniciamos assim, com passos curtos mas sustentados, a formação também nos rapazes. Com a dificuldade que é arranjar pavilhões em Lisboa, o crescimento do voleibol de formação terá de ser mesmo mais lento do que seria a vontade de todos. A primeira época das mais novas também mostrou uma estrutura de voleibol a interagir de cima para baixo. Algumas jogadoras seniores femininas estavam diretamente ligadas com o projeto. A inclusão das mesmas como treinadoras, tem um papel crítico na motivação e melhoria técnica das pequenas craques. Do plantel das campeãs nacionais foram escolhidas as melhores para treinar o futuro. Vou começar pela Catarina Barbosa. Como jogadora é muito completa e apresenta uma concentração elevadíssima que a torna preparada para jogar bem. Transportou isso para o treino,

formando as nossas Leoas. A Dalliane era a central da equipa campeã e trouxe alegria, força e qualidade no ensinamento do gesto técnico de ataque. Com a escola de formação brasileira, uma das melhores do mundo, foi uma valia. Quero ainda referir-me a mais duas atletas. A Daniela Loureiro, líbero da equipa sénior, e a Fernanda Silva. A Daniela é uma motivadora e uma treinadora de formação com créditos reconhecidos no voleibol. Entende o jogo como ninguém e o seu entusiasmo é contagiante. Por fim, a Fernanda Silva. Craque. Tem muitos anos de voleibol e uma paixão enorme pela modalidade. Adora trabalhar com a formação e as meninas tiveram a sorte de poder conviver com o seu carisma e liderança.

A inclusão das mesmas como treinadoras, tem um papel crítico na motivação e melhoria técnica das pequenas craques.

PAVILHÃO JOÃO ROCHA Quando uma atleta joga na sua casa, sentimentos fortes surgem e a superação é um denominador comum. Com tão pouco tempo de vida, o nosso pavilhão já tem histórias épicas para contar. A es-

trutura de voleibol usou esta ferramenta da marca Sporting. Os treinos de captação foram no PJR. Todas as mais de 130 crianças que foram tentar a sua sorte, pisaram o PJR para treinar. Entraram por onde entram os seus ídolos, correram onde eles correm, esforçaram-se e dedicaram-se no mesmo local onde, tantas vezes, observam os craques. Imagino a felicidade dessas crianças e dos pais também. Já imaginaram se um filho nosso fosse treinar ao Sporting, a quantas pessoas contávamos a nossa alegria? Pai, mãe, avós, tios, primos, amigos da escola, pais dos amigos da escola: “Eu vou treinar ao Sporting! Eu vou treinar ao Pavilhão João Rocha!” Neste momento, podemos dizer que o projeto de formação do voleibol é bemsucedido ao nível da marca Sporting. Começará a tornar-se um sucesso desportivo quando começarmos a colocar algumas atletas na Seleção Nacional e estarmos nos lugares de decisão do título. Se ambas acontecerem, será a consequência de um bom processo desenvolvido. É um projeto à Sporting. E está de parabéns! @AdrienS_1906

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revista1906.com Jul / Ago 2019

No Feminino

As mulheres do Futsal Eles conquistaram a Europa. Elas vão mostrando o que valem na quadra. Texto de Mariana Cordeiro Ferreira Fotos de Carlos Alves

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Este ano o futsal masculino fez história. Trouxemos para o museu a taça que há muito tempo desejávamos, conquistámos o Mundo, e mostrámos que o importante é a determinação, a garra, a vontade, a ambição e a glória. Elas, as mulheres do futsal, também têm uma palavra a dizer, e, apesar de serem desconhecidas para muitos adeptos, aqui vamos mostrar que elas sabem o que fazem. O futsal é uma modalidade muito acarinhada no universo verde e branco. Conhecemos o treinador, os adjuntos, os jogadores actuais, os antigos, aqueles que nos desiludiram e aqueles que, mesmo já não vestindo a verde e branca, continuarão sempre a ser parte desta família. Sabemos quem eles são, sabemos o que fazem nos tempos livres, conhecemos os filhos e as mulheres e sabemos as manias de cada um deles. Mas... e sobre elas? O futsal feminino existe. Elas existem, e até são das melhores marcadoras do campeonato nacional. Elas lutam, elas treinam, elas esforçam-se, e ainda assim passam despercebidas neste universo verde e branco, neste mundo de homens que é o futsal. Mas isso acabou. Hoje chegou a vez de as dar a conhecer: de mostrar as histórias e as conquistas, de falar dos jogos, das jogadas e dos golos. Mulheres, sim, mas enganese quem pense que são fracas. São leoas, são mulheres com garra.

UM CAMPEONATO NACIONAL NASCIDO EM 2013 Actualmente, o Campeonato Nacional de Futsal Feminino conta com 16 equipas dos melhores clubes do País. Tal como acontece com o futsal masculino, também este campeonato é disputado por fases. Numa primeira fase, as equipas são separadas em grupos por duas zonas: Norte e Sul. Só depois de todos os jogos de cada grupo estarem concluídos é que se avança para a segunda fase. Para apurar o campeão nacional, são escolhidas as quatro melhores classificações de cada um dos grupos. Os restantes clubes são novamente divididos em duas zonas e descem os dois emblemas com pior classificação geral. Este formato existe desde 2013 e assim tem sido disputado até aos dias de hoje. Entre 1996, ano em que a modalidade feminina foi entendida como digna de um campeonato nacional, e 2013, o campeão nacional era decidido entre os vencedores dos jogos das distritais. Davam-lhe o nome de Taça Nacional Feminina Sénior. À semelhança daquilo que ocorre no futsal masculino, o futsal feminino conta com a Taça de Portugal da modalidade e também ela só nasceu em 2013. É triste sabermos que tudo isto é muito recente quando comparado com a modalidade masculina, mas as leoas têm estado sempre presentes e têm sido protagonistas de muitas surpresas ao longo do tempo.


O Sporting. Em Revista.

EXPERIÊNCIAS DE VIDA DIFERENTES, IDADES DISTINTAS, A MESMA AMBIÇÃO Depois de percebermos que o futsal feminino ainda é entendido como uma novidade no panorama do desporto nacional, é também importante sabermos quem são estas mulheres que usam o leão rampante ao peito, percebermos o que faz delas mulheres com garra, e o que as faz querer sempre mais e continuar a lutar para que o nome do Sporting Clube de Portugal seja elevado ao mais alto nível. São 16 mulheres, com idades entre

No Feminino bém é importante recordar que nos 29 jogos disputados este ano, foram mais de 100 os golos marcados (108 para sermos mais precisos) e apenas 68 os golos sofridos. É uma média de 3,72 por golo marcado e de 2,17 por golo sofrido. Parece uma modalidade assim tão fraca que não mereça a nossa atenção? E se falarmos de goleadas, falamos de números bem mais gordos. Esta temporada, o Sporting conta com 8 goleadas feitas. Começando logo pelos 7-0 frente à ARCD Venda da Luísa em outubro do ano passado (só para ter um termo de comparação, o resultado foi se-

São 16 mulheres, com idades entre os 18 e os 29 anos. São guardaredes, fixas, pivots e alas. São rápidas, são seguras na recuperação de bola e são elas que já contam com títulos conquistados de leão ao peito.

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os 18 e os 29 anos. São guarda-redes, fixas, pivots e alas. São rápidas, são seguras na recuperação de bola e são elas que já contam com títulos conquistados de leão ao peito. AS CONTAS DA TEMPORADA Treinadas por Rui Ferreira, as leoas fecham o ano com dezoito vitórias, três empates e oito derrotas ao longo de toda a temporada 2018/19, terminando com um honroso 4º lugar nacional e um segundo posto no que diz respeito às contas da Zona Sul. Falando no número de golos, tam-

melhante ao da equipa masculina frente ao Modicus na meia-final da liga Sportzone a 26 de maio), seguiu-se a goleada frente ao Valverde, duas semanas depois, por 9-1. Logo na semana a seguir, nova goleada por 7-2, desta vez frente ao rival Belenenses e, já em abril deste ano, as contas das goleadas ficaram fechadas depois de vencer o Santa Luzia por 6-1, a jogar em casa. Jogos impressionantes e números de golos assustadores para uma modalidade que muitas vezes é esquecida por parte dos sportinguistas, pelo menos no que diz respeito ao lado feminino da questão. Continua


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Tipo No Feminino de artigo EM DESTAQUE: CÁTIA MORGADO

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Cátia Morgado, 29 anos, jogadora há 14 anos e no Sporting desde a temporada de 2016/17, é a melhor marcadora da equipa verde e branca. 30 golos marcados em 29 jogos em todas as competições, 13 golos no campeonato, 16 golos no Nacional de Zona Sul, 16 assistências para golo e uma média de 1.14 só no que diz respeito às 14 jornadas do campeonato nacional. E tudo isto só nesta temporada! Ainda assim, e como se estes números não fossem impressionantes por si só, esta não foi a sua melhor temporada de leão ao peito. Na primeira temporada ao serviço do Sporting, a internacional portuguesa marcou 33 golos em 30 jogos. Também no que toca a defender as cores nacionais, a ala verde e branca mostra qualidade: em 13 jogos são 7 os golos marcados. Com qualidade mais que comprovada a todos os níveis, Cátia Morgado tem sido uma das peças essenciais para esta equipa, que, apesar da falta de apoio e de reconhecimento, de tudo tem feito para elevar o nome do clube e dar a conhecer, a tudo e a todos, que o futsal feminino existe e que também ele merece respeito e apreço por parte dos adeptos. Que ela permaneça a defender as cores do Sporting Clube de Portugal e que acredite, tanto como cada um de nós, que a glória chegará se o esforço, a dedicação e a devoção estiverem lá, não só pela parte de quem joga, mas também da parte de quem assiste. É óbvio que os bons resultados não se devem só à Cátia, mas também a toda a equipa e a todo o staff por detrás deste departamento do clube. A todos eles: Obrigada por elevarem o nome do Sporting Clube de Portugal! DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO E se as seniores do futsal já mostram o que valem, também as Juniores vão mostrando com orgulho o que significa o futsal feminino no panorama nacional e no Sporting.

Podemos já começar por falar em orgulho com números que o comprovem? 33 jogos, 26 vitórias, 5 derrotas e 2 empates, com 186 golos marcados em todas as competições (vou repetir porque podem não ter entendido: 186 golos marcados) e apenas 50 sofridos. Vencedoras da Série C e segundas classificadas quer na 1ª fase do campeonato nacional, onde só nos 21 jogos marcaram 121 golos (vamos pensar sobre a média de 5.76 golos/jogo) e sofreram 30 golos, quer na 2ª fase da Zona Sul. Se estas meninas, com idades entre os 16 e os 18 anos, não são motivo de orgulho por parte de qualquer adepto, não sei quem será. FUTSAL, UMA POR TODAS, TODAS POR UMA É certo que a temporada já terminou e que agora só em setembro é que todas elas vão voltar a jogar com o leão ao peito, mas também é verdade que, face aos resultados, elas merecem tanto ou mais apoio que qualquer outra modalidade. Aqui não há a desculpa de não ver “porque não dá pica, são mulheres.” Garantimos que dá: basta ter a percepção do valor destas leoas com os números que temos. E elas usam a camisola mais bonita do Mundo, envergam o leão rampante e dão-nos títulos, vitórias e fome de mais: mais títulos, mais jogos e mais adeptos e sócios prontos a apoiá-las. @nanacferreira

Se estas meninas, com idades entre os 16 e os 18 anos, não são motivo de orgulho por parte de qualquer adepto, não sei quem será.


O Sporting. Em Revista.

Tipo de Opinião artigo

Servir o Sporting é o sonho máximo de qualquer sportinguista Texto de Nuno Fernandes Presidente da Direcção do Núcleo de Luanda do Sporting Clube de Portugal

F

undado em Março de 2018, só a partir de Novembro do mesmo ano, com a abertura de portas da sua sede, é que o Núcleo de Luanda se tornou na casa dos sportinguistas na cidade. O projecto arrancou antes, em meados de 2016, quando um grupo de sócios do Sporting Clube de Portugal notou uma crescente onda de demonstrações de sportinguismo nas ruas de Luanda onde, diariamente, é fácil identificar miúdos e graúdos, de todos os estratos sociais, vestidos com a nossa camisola. Apesar dos poucos títulos obtidos no futebol, e da conquista de apenas dois campeonatos nacionais nos últimos 20 anos, o Sporting Clube de Portugal é, indiscutivelmente, aos dias de hoje, o Clube português mais representado nas ruas da capital angolana. UM CONSTANTE DESAFIO Angola marcou o seu nome na história do Clube e continua a contribuir para ela até aos dias de hoje através de diversos atletas, de diversas modalidades, que conquistaram a glória com o Leão Rampante ao peito. Desde o grande Peyroteo, natural da província da Huíla; passando por Dinis, o famoso “brinca na areia” natural de Luanda; (Rui) Jordão, de Benguela; até à actualidade, com atletas como João Pinto no hóquei, João Mário, Wilson Eduardo, Rafael Leão e as estrelas da selecção angolana Ary Papel e Gelson Dala.

É dever do Núcleo de Luanda manter esta história viva e difundi-la, para chegarmos a cada vez mais sportinguistas, e puxarmos cada vez mais adeptos para o seio do Clube e para o associativismo do Núcleo, uma tarefa nada simples: até aos dias de hoje, a taxa de conversão para sócios ronda pouco mais de 40% dos pedidos de inscrição existentes. Actualmente com 130 sócios (23% mulheres, 77% homens), o Núcleo de Luanda tem também outro grande desafio que é a regularização de quotas, existindo hoje cerca de 75% de quotas em atraso ainda referentes ao ano de 2018. Mas os sócios são a alma de um Núcleo e muito do que somos hoje, é graças à iniciativa de muitos dos seus sócios que se disponibilizam para ajudar. A título de exemplo, a festa da Taça de Portugal foi totalmente organizada por um grupo de sócios não pertencentes aos órgãos sociais. Sendo Luanda uma sociedade que carece de muito apoio social, tem sido uma bandeira do Núcleo levar ajuda a quem mais precisa, difundido o nome do Sporting Clube de Portugal e a promoção do orgulho solidário leonino. Neste

âmbito, temos organizado acções solidárias periódicas, que vão desde a recolha de alimentos, brinquedos e roupas para crianças, ao apoio a vítimas de catástrofes naturais, como o Ciclone Idai, em Moçambique, ou as chuvas que assolaram a província de Benguela, estando já agendada um nova acção, desta feita de cariz ambiental: a limpeza de diversas praias na cidade de Luanda. Não tem sido uma tarefa fácil, mas tem sido uma tarefa prazerosa. Servir o Sporting é o sonho máximo de qualquer sportinguista e todos os membros da direcção do Núcleo têm um enorme prazer em cumprir esta missão. E agradecendo a oportunidade que nos foi dada pela Revista 1906, deixamos o convite a todos os sportinguistas, que estiverem ou passarem por Luanda, para entrarem em contacto connosco e nos fazerem uma visita. O Núcleo de Luanda é por estatuto dos seus sócios, mas é de coração de todos os sportinguistas!

Os sócios são a alma de um Núcleo e muito do que somos hoje, é graças à iniciativa de muitos dos seus sócios que se disponibilizam para ajudar. A título de exemplo, a festa da Taça de Portugal foi totalmente organizada por um grupo de sócios não pertencentes aos órgãos sociais.

Leia o artigo completo em www.revista1906.com/Opiniao/Ene rgiaNuclear-Luanda

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Paramodalidades

Adaptado é quem te fez as orelhas Chegou a altura de conhecer a paracanoagem que traz consigo a primeira medalha internacional. Texto de Mariana Cordeiro Ferreira Fotos de Floriano Jesus, Tiago Lourenço e Ivo Quendera

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O Sporting é feito de ecletismo. Quando falamos de desporto paralímpico falamos de superação, falamos de limites que o corpo consegue ultrapassar, falamos de atletas que demonstram todos os dias que não há limites que a física possa contrariar, falamos de entrega, de dedicação, de garra e de paixão. Adaptado é quem vos fez as orelhas, porque chegou a altura de falarmos de paracanoagem, em que a primeira medalha em competições internacionais é verde e branca. São mais de 50 as modalidades que fazem parte deste clube, do Futsal ao Ténis de Mesa, do Hóquei em Patins ao Atletismo, todas elas fazem parte do ADN leonino, todas elas mostram a dimensão que o desporto pode atingir, mas… e se falarmos de desporto adaptado? Muitas são as valências e conquistas que as modalidades adaptadas têm dado a este clube, até ao país, mas muitas delas acabam por passar despercebidas para muitos. Sabemos que elas estão lá, que existem e que conquistam títulos e vitórias importantes, mas afinal de contas, que modalidades são estas e que atletas são estes? Chegou a hora de mostrar aos sportinguistas quem são estes atletas, que modalidades existem e o que é que elas trazem ao universo verde e branco - porque adaptado é quem não entende a força que está por detrás destes homens e mulheres. Para-

límpicos sim, mas com garra como ninguém. Se colocarmos na mesma frase Sporting e Canoagem, automaticamente pensamos em Emanuel Silva e Artur Pereira, grandes atletas que já contam com vários títulos conquistados, a nível nacional e internacional. Mas… e se falarmos em Norberto Mourão e Paulo Santos? Também eles são canoístas, também eles são atletas do Sporting, também eles conquistam títulos. É normal que não os reconheça pelos nomes, mas, por aqui, vamos dar a conhecer tudo o que há para saber sobre estes dois homens, que trazem o leão rampante ao peito e que nos devem orgulhar, tanto como qualquer outro, de qualquer outra modalidade. PARAQUÊ? Paracanoagem. Para chegarmos à história das conquistas, de Norberto Mourão e de Paulo Santos, temos de perceber de onde nasceu a paracanoagem, no Mundo e no Universo verde e branco. No que diz respeito ao aparecer da modalidade em geral, a nível mundial, a mesma só foi incluída pela primeira vez nos jogos paralímpicos em 2016, no Rio de Janeiro. É uma modalidade muito recente no que diz respeito ao desporto adaptado, mas é praticada exactamente da mesma forma que a canoagem tradicional. No Sporting a modalidade começou

a ser pensada em 2014, com o objectivo de preparar a temporada de 2015, e desde cedo se percebeu que o objectivo era muito claro: vencer. E esse objectivo foi cumprido, ao longo de toda a primeira temporada. O Sporting ganhou estatuto e os atletas ganharam o devido reconhecimento. Norberto Mourão e Paulo Santos são treinados por Ivo Quendera. Com 38 e 53 anos, respectivamente, estes dois homens fazem da canoagem paralímpica um exemplo, para Portugal e para o Mundo. NASCIDOS PARA VENCER Norberto Mourão chegou ao Sporting vindo da equipa de Paracanoagem do Montijo. Era já Campeão Nacional quando chegou, e assim mantém o estatuto até ao dia de hoje. Paulo Santos também chegou do outro lado da margem lisboeta e, apesar de ter uma categoria distinta, desde que integrou a equipa do Sporting o pior posto que conquistou foi um quinto lugar. Só estes resultados provam a qualidade da equipa leonina no contexto nacional. Trabalhamos, suamos, transpiramos, mas no fim, a vitória é nossa. Não é só do Norberto ou do Paulo, defendemos as mesmas cores e lutamos com o mesmo objectivo: Levar o nome do Sporting Clube de Portugal ao mais alto nível. Sermos “tão grandes como os maiores da Europa”. Com o mote dado pela frase de José


O Sporting. Em Revista.

Paramodalidades

Norberto Mourão, medalha de bronze nos Europeus de Paracanoagem

Norberto Mourão, Floriano Jesus e Ivo Quendera

Norberto Mourão

Alvalade, chegou a altura de percebermos como é que chegámos à primeira medalha internacional de paracanoagem para Portugal. Norberto Mourão teve um episódio que lhe mudou a vida há 10 anos atrás. Perdeu as duas pernas num acidente de mota, mas mesmo assim não se deixou vencer. Atleta de paracanoagem desde 2011, já venceu todas as Competições Nacionais que poderia vencer e, neste momento, conta com 12 medalhas conquistadas. No passado mês de maio trouxe ao

pescoço a mais importante de todas. Foi a primeira medalha para a Paracanoagem Nacional, conquistada na Polónia no Campeonato da Europa da modalidade. Norberto Mourão trouxe o bronze, depois de ter feito os 200M VL2 com uns estrondosos 55,920 segundos, e apenas 0,160 segundos a mais do que o segundo posto. Um orgulho para o Sporting, um orgulho para Portugal e para todos aqueles que gostam de desporto. Ainda assim, mostra-se capaz de muito mais: “Dei tudo o que tinha e ter

Trabalhamos, suamos, transpiramos, mas no fim, a vitória é nossa. Não é só do Norberto ou do Paulo, defendemos as mesmas cores e lutamos com o mesmo objectivo: Levar o nome do Sporting Clube de Portugal ao mais alto nível.

conseguido o terceiro lugar é um sonho, tanto para mim, como para o meu treinador de sempre, Ivo Quendera, para o Floriano Jesus, e para todos os que nos ajudam todos os dias. É um orgulho enorme poder honrar dignamente as cores do nosso país.” O nome está marcado na história do desporto, do Sporting e do País. Norberto Mourão não é um jogador de futebol e quase que podemos apostar que muitos sportinguistas não o reconhecem na rua, mas a verdade é que ele é um vencedor e veste de verde e branco. Que reconheçamos os nossos, que saibamos quem são e a história por detrás de cada um deles, porque os títulos são nossos, mas o orgulho é leonino. @nanacferreira

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Núcleos

QUAL A IMPORTÂNCIA DOS

NÚCLEOS? Texto de Nuno Valinhas Infografia de Tiago Neves / @AgencyScp

53% DOS NÚCLEOS FORAM CRIADOS NOS ANOS 90

50 ANOS

18 /18

DESDE A CRIAÇÃO DO 1º NÚCLEO, EM 1969

DISTRITOS COM NÚCLEOS. TAMBÉM AÇORES E MADEIRA

165

X 3,5 MÉDIA DE ABERTURA DE NOVOS NÚCLEOS

58

40% EXISTEM 122 NÚCLEOS PARA 308 CONCELHOS

Amadora Odivelas Porto Lisboa

14/20

NÚCLEOS

CONCELHOS DE MAIOR DENSIDADE DE HABITANTES COM NÚCLEOS

Oeiras Matosinhos S.João da Madeira Almada Cascais Barreiro Vila Nova de Gaia Seixal Maia

13

Entroncamento Espinho Funchal

13

PAÍSES

NÚCLEOS NOS EUA

Gondomar Loures Sintra

19 6 19 9 7 19 0 7 19 1 7 19 2 7 19 3 7 19 4 7 19 5 7 19 6 7 19 7 7 19 8 7 19 9 8 19 0 8 19 1 8 19 2 8 19 3 8 19 4 8 19 5 8 19 6 8 19 7 8 19 8 8 19 9 9 19 0 9 19 1 9 19 2 9 19 3 9 19 4 9 19 5 9 19 6 9 19 7 9 19 8 9 20 9 0 20 0 01 20 0 20 2 0 20 3 0 20 4 0 20 5 0 20 6 0 20 7 0 20 8 0 20 9 1 20 0 11 20 1 20 2 1 20 3 1 20 4 1 20 5 1 20 6 1 20 7 18

E 25 NÚCLEOS INTERNACIONAIS

Valongo

Desde os EUA Os leões de Hartford fundam o primeiro Núcleo internacional no estado de Connecticut.

Um novo boom. Expansão europeia Início na Margem Sul O primeiro Núcleo a ser criado foi em Almada. Dos Núcleos activos mais antigos, o seguinte surgiu só 4 anos mais tarde.

Uma dezena de novos Núcleos, 4 dos quais internacionais. Entre estes criaram-se Núcleos em Espanha, Alemanha e Inglaterra

Portugal Norte Centro Regiao de Lisboa Alentejo

24 Núcleos em 1994

Internacional

Algarve

E.U.A.

Açores e Madeira

Resto do Mundo

A mobilização verde e branca dos anos 90 trouxe mais de metade dos Núcleos actuais. Neste ano, só na zona Centro, foram criados 10 novos Núcleos. Eram os tempos de Balakov, Figo, Valckx...


O Sporting. Em Revista.

Núcleos

O

lhando para a radio(info)grafia, aqui ao lado, podemos dizer que nos faltam muitos Núcleos para que a grandeza do clube e a sua presença “oficial”, em todo o mundo, seja mais condizente com a realidade. A verdade é que, onde há um Sportinguista, há um Núcleo. O Sportinguista que emigrou agora, ou o Sportinguista que é filho (ou neto) do emigrante que partiu há mais tempo, tem uma origem. Tem raízes. Tem ADN. Português e Sportinguista. Veio de algum lado, mas leva o Sporting consigo onde quer que o destino o tenha feito chegar e estar. QUAL A IMPORTÂNCIA DOS NÚCLEOS? A importância dos nossos Núcleos (gosto de escrever Núcleos sempre com letra maiúscula; é uma pré-condição de que raramente abdico), pode muito bem ser resumida na cara dos pequenos leões Afonso, Tomás (irmãos) e o amigo Gonçalo (camisola Stromp) que, na tarde de 25 de Maio deste ano, junto ao seu Núcleo (Batalha), festejaram com os seus amigos, família e tantos outros Sportinguistas, a conquista da 17º Taça de Portugal. Que importa se estavam no Jamor? Que importa se foi numa TV virada para a rua que viram o Luiz Phellype a bater o último penalty? Que importa, alguma coisa, quando vestimos a verde e branca? A rua estava engalanada, o Núcleo de portas abertas e o Sporting viveu-se de igual forma ali, como no Jamor, como em Lisboa, em Boston ou em Londres.

A festa da Taça no Núcleo da Batallha, 25 de Maio de 2019.

nossa língua. São, também, ponto de encontro para vizinhos e - certamente - alguns amigos rivais.

Foto de Pedro Ferreira (pai do Afonso e do Tomás)

QUAL A IMPORTÂNCIA DOS NÚCLEOS? A importância dos Núcleos é aquela que cada sócio e adepto lhes dá, mas, em especial, aquela que o clube lhes atribui e reconhece, nutre e potencia. Voto electrónico, bilhética, branding, comunicação, redes sociais, merchandising. Tudo isto é importante. Tudo isto é dar importância.

QUAL A IMPORTÂNCIA DOS NÚCLEOS?

QUAL A IMPORTÂNCIA DOS NÚCLEOS?

Os Núcleos do Sporting serão, como sempre foram, uma peça imprescindível no vasto puzzle que compõe o que hoje entendemos por “Universo Sporting”. São, muitas vezes e a cada jogo, a cola que une os Sportinguistas a viver numa qualquer terra do interior, nas ilhas ou ainda mais longe, onde ninguém fala a

É a de sabermos que podemos ter (à distância), ou encontrar (em viagem), o cordão umbilical que nos ligará ao clube, sempre. Sempre dedicado, sempre por amor, sempre pelo Sporting.

@nunovalinhas

A verdade é que, onde há um Sportinguista, há um Núcleo.

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Alvalade, Julho de 1987


O Sporting. Em Revista.

CantinhoTipo de Memórias de artigo

Uma viagem a bordo da Nave especial 8 de Junho de 1991. A equipa sénior de hóquei em patins do Sporting Clube de Portugal tem uma oportunidade de ouro de alcançar o 6º título europeu da sua história. Os comandados de José Carlos, liderados, dentro do ringue, por Chambel e João Campelo (a sua última época como atleta), podem escrever mais uma bela página deste maravilhoso conto verde, iniciado a 1 de Julho de 1906. Texto e Fotos de Cantinho do Morais A tarefa é hercúlea mas o prémio compensa: estamos a disputar a Taça das Taças. A equipa vai à procura de uma conquista que nos foge desde 1985 (a última competição europeia – igualmente uma Taça das Taças), e de compensar uma legião de adeptos que, desde 1988, não vê o hóquei leonino conquistar uma grande competição. O rival desta final, a duas mãos, é o grande favorito Novara, de Itália. Na nossa casa, há uma confiança moderada. Apesar da vitória na 1ª mão (7-6, em Itália, depois de estarmos a perder por 4-6 ao intervalo), reconheço a enorme capacidade do adversário. O momento exige alguma ponderação. Estamos ainda muito longe de ter a Taça na mão… Arranco rumo a Alvalade. A nossa bela Nave, lugar de tantas alegrias, lágrimas, glória e fervor leonino espera-me. Está, novamente, a rebentar pelas costuras. Mas, desta vez, parece que afluência de público é maior (dizem que foi a maior enchente de sempre, ultrapassando largamente os limites da sua lotação). O ambiente é digno de uma final e condizente com a grandeza do Sporting, especialmente nesta tão querida

modalidade. Tudo isto ajuda a aumentar o meu nervosismo e ansiedade. Finalmente, o jogo começa. Estamos fortes. Construímos oportunidades, marcamos golos (2), mas ainda falta muito para vencer. O Novara é forte e responde com o mesmo número de golos. O jogo vai empatado para o intervalo. Momento para descansar? Claro que não! É só mais uma oportunidade para puxar pelos nossos bravos leões. Sou só mais um rugido entre centenas (ou milhares?) de leões. Está um calor indescritível. Aqueles que tiveram a sorte de vestir as nossas cores, voltam ao ringue. Querem ser Campeões. E eu, tanto ou mais que eles, também quero ser campeão. A 2ª parte é toda nossa. Além de comandar a orquestra, Campelo marca 3 golos. Lá atrás, António Chambel decide fechar, definitivamente, a nossa baliza. A Nave de Alvalade já tinha levantado voo. Ninguém se senta. “Sporting! Sporting! Sporting!”. É este o nosso grito. Este é o som que nos embala até ao apito final. Vitória! A Taça das Taças é nossa! Viva o Sporting! Abraço um bom companheiro de mui-

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revista1906.com Jul / Ago 2019

Cantinho de Memórias tas viagens a Alvalade. É excelente partilhar estes momentos, não estarmos sozinhos. A Nave não quer aterrar. Sousa Cintra está eufórico. Os festejos são enormes e tão bonitos, tão nossos. Muitos de nós vão para o ringue comemorar com os novos heróis. Sousa Cintra, já com a Taça na mão, é levado em ombros. Que noite inesquecível… Que banho de Sporting…

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Este relato é real. Aconteceu. Mas, infelizmente, não é meu. Eu não vivi, em directo e ao vivo, esta bonita página da História do Sporting. Este relato é do meu pai. Não fiz parte deste momento porque não quis. Assim que ele chegou a casa, e quando me começou a contar isto que, agora, transcrevi, arrependi-me logo por não o ter acompanhado. Durante dias, e até ao instante em que partiu para Alvalade, o meu pai bem tentou convencer-me a ir com ele. Mas, nessa noite, eu não quis ir. Deixei-me vencer pelo meu eterno pessimismo (o medo, sempre presente, de não vencer, da desilusão associada a esta paixão). Tinha 10 anos e estava, uma vez mais, decepcionado com o meu Sporting. No futebol, tínhamos acabado de terminar mais uma época no eterno 3º lugar. E nem a épica caminhada rumo às meias-finais da UEFA (barrada aos pés de um Inter de Milão demasiado forte para a nossa realidade e ambição), e que vivi tão intensamente, estando presente em todos os jogos em Alvalade, dava-me a força necessária para voltar, já, a Alvalade. Esperei por ele. Esperei pelo seu relato, pelas notícias do jogo. Escutei-o, abracei-o, senti o Sporting que ele tinha vivido a passar para mim. No entanto, a alegria da vitória não cobria o meu arrependimento e a tristeza de não ter esta-

Neste pequeno cantinho, vamos procurar visitar a História do nosso Clube. Apelaremos à Memória. À memória contada (por um pai, por um tio ou, para os mais afortunados, por um avô).

do lá. Com ele, com o Sporting… Tantas tardes em Alvalade que acabaram num jogo de vólei, hóquei ou futebol de salão, numa demonstração de ginástica, num treino de seniores ou de formação, na Nave ou no Pavilhão. Tantas… Com ele, com os meus tios, amigos e, logo naquele dia, naquela final, quando ele me pediu para o acompanhar, para, lado a lado, apoiarmos uma vez mais o nosso Sporting… eu disse “Não”. Porra… O dia 27 de Março de 2015 corresponde ao lançamento da primeira pedra do novo Pavilhão João Rocha, a futura casa das modalidades do Sporting Clube de Portugal. No meio daqueles que testemunharam este acto simbólico, estava o meu pai, acompanhado pelo meu tio, companheiro de tantas viagens e sofrimento leonino. Foi a última vez que visitou o actual Estádio José de Alvalade, casa do (seu) Sporting e sua "casa" também. Não deixa de ser simbólico que o último local, associado ao Sporting, onde esteve, seja o mesmo espaço onde passámos muito do nosso tempo: o "velhinho" Estádio José de Alvalade. O Pavilhão João Rocha passou, desde o dia 21 de Junho de 2017, a ser mais uma divisão deste enorme Lar que habitamos. Visitá-lo é mais que um Dever, é uma Obrigação. Não pode existir nenhuma desculpa, desilusão ou receio que nos leve a perder a oportunidade de o visitar e vivenciar. Aqui, como em nenhum outro lugar onde joga o Sporting, respira-se o Clube, numa enorme comunhão de Emoção e União, sem qualquer barreira entre o ringue e a bancada. Neste lugar, sabemos que estamos a combater, lado a lado, com os nossos atletas. Eles são a extensão da nossa Paixão, os emissários da nossa crença e vontade enorme de Vencer. Se, da assistência, um de nós fechar o punho e gritar “Sporting!”, dentro da quadra estará alguém que, olhando nos nossos olhos, irá cerrar os dentes e lutar por nós, pelo Sporting.


O Sporting. Em Revista.

Cantinho de Memórias

Alvalade, Julho de 1987

A VIAGEM JÁ VAI LONGA… Neste pequeno cantinho, vamos procurar visitar a História do nosso Clube. Apelaremos à Memória. À memória contada (por um pai, por um tio ou, para os mais afortunados, por um avô). Recorreremos à memória vivida (numa bancada, numa zona solitária de casa a ouvir um relato vibrante e sempre nervoso, à frente de uma TV ou à frente de um computador – sinais dos tempos…). Guardaremos, inclusive, essa memória e legado para, um dia, sermos dignos de as transmitir e partilhar. De “Geração em Geração” ou, somente, de Coração em Coração (verde), a quem, como nós um dia, reconheceremos uns olhos que brilham quando se fala deste “nosso grande Amor”. O Sporting tem este dom. Sente-se de uma forma especial. Num estádio ou num pavilhão, numa estrada ou numa pista, vive-se, assiste-se e chora-se por este clube com uma paixão que ninguém explica, mas que todos sabemos como ela nos preenche e (co)move. O Sporting são vitórias, derrotas, jogos, competições, corridas, provas, combates, alegrias e tristezas (às vezes demais…). Mas não é só isso. O Sporting foi-nos apresentado por alguém, por pessoas. Falar da História do Sporting é, igualmente, dar voz à Saudade. De quem já partiu (mas não nos deixou), daquele

desconhecido que um dia abraçámos num golo que estava tão difícil de marcar, ou do amigo ou familiar que nos acompanhou em tantas jornadas de luta pela vitória, pelo sorriso e alegria de ver o nosso Sporting vencer mas que, hoje, temos tanta dificuldade em (re)ver e lembrar. É neste grande e emotivo Mundo Leonino que pretendo navegar. No meu ADN, História, Formação e Educação está, inevitavelmente, o Sporting. Não há como fugir a isso. Nem quero. Subam a bordo e preparem-se. É que juntos, temos “mais de um século de histórias para contar”. ps: Foi no fim mas devia ter sido logo no início. Aproveito para endereçar um agradecimento especial à coordenação da 1906, por esta oportunidade de poder servir o meu clube. Que a grande responsabilidade atribuída pelo Pedro Varela e pelo Pedro Guilherme se reflicta neste meu pequeno contributo. Aos restantes colaboradores e, agora, colegas, um grande abraço e obrigado pela partilha dos vossos valiosos conhecimentos. Começou. A 1906 está aí. A todos, um Bom Trabalho! @CantinhoMorais

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“- Matilde, qual é o teu jogador preferido no Sporting?” “- É o Jubas, papá, porque ele é o mais fofinho.” Este foi o mote para o desenho da pequena Matilde Silva, 4 anos, de Braga! Obrigado Matilde, o teu desenho fica muito bonito na nossa contracapa!


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