Literatura Oral, Rap e Improviso A denominação “literatura oral” foi criada por Paul Sébillot na obra Littérature Oral de la Haute – Bretagne. A princípio o termo seria limitado aos provérbios, adivinhações, contos, frases feitas, orações, cantos e por fim alcançar horizontes maiores. A principal característica da literatura oral é a persistência pela oralidade (CASCUDO, 2006). O verso improvisado é uma das possibilidades da literatura oral, este tipo de manifestação habita a maioria das culturas, principalmente as culturas populares, rurais e não literárias e as que não utilizam em demasia, a palavra escrita. O verso improvisado nestas culturas, depende principalmente da comunicação oral e da memória (TECENDO, 2006). O nordeste brasileiro tem uma forte herança de improviso adquirida no período colonial. Esta herança cultural refletiu em diversos gêneros musicais pelo Brasil todo, entre estes estilos musicais, tem reflexo direto o Maracatu, Cururu, Jongo e as modalidades do Repente, como no Coco de embolada e cantoria da viola (TECENDO, 2006). As abordagens a respeito da cultura popular e da literatura oral, vem sendo trabalhadas pelos estudiosos sob duas óticas diferentes: primeiramente a mais tradicional, cujo defensores se preocupam prioritariamente em coletar registro das manifestações de cultura, que para eles se encontram a beira da extinção, e por outro lado, também há a ótica mais moderna, cujos pesquisadores se propõem a apontar os erros dos folcloristas e comprovar a existência da fusão de produções culturais populares com produções contemporâneas, que acabam por gerar a ressignificação a partir deste contato (SANTOS, 2008) . As características do Rap improvisado de desafio, remetenos a esta fusão das culturas populares mais antigas com as produções mais modernas, pois tanto nos tradicionais Repente e Cururu, como no moderno Rap, os princípios são compartilhados. Estes princípios – as rimas de improviso, o
desafio e o incentivo da plateia – tornam evidentes o caráter do Rap de poesia oral, bem como a sua capacidade de construção de uma linguagem poética, depositando na palavra uma força de criação e formação de sentido (PARADA e FERNANDES, 2007). Por esses e outros motivos que a relação entre o Rap e o Repente por exemplo, vai se tornando cada vez mais evidente, inclusive a ponto de já se registrar congressos e duetos unindo essas duas modalidades, que foi o que aconteceu em Campina Grande – PB, em outubro de 2007 no REP RAP: Encontro Nacional de rappers e Repentistas, e na música de Thaide, Dj Hum e Nelson Triunfo, denominada Desafio do Rap Embolada. O próprio Thaide, no documentário Recriando o Repente (2006), afirma que o Hip-hop brasileiro começou a ter a sua identidade nacional aflorada e de fato afirmada, a partir do momento em que começou a introduzir nele músicas tradicionais brasileiras, diga-se aqui como exemplo disto, a própria música do Rapper, com a participação de diversos artistas.
3 Exercícios de improviso # 01 Retire algumas palavras de jornais, revistas e livros que você julgue interessante por algum motivo, e complemente a palavra escolhida com uma rima, repita o processo com mais ou menos 16 palavras, até você ter 16 rimas. Agora com a lista de rimas em mãos, comece a criar versos improvisados, terminando-os com as rimas anteriormente listadas.
# 02 Este exercício deve ser executado no modo “bate e volta” ou em roda da seguinte forma: supondo que o exercício será realizado no modo bate e volta, ou seja, duas pessoas (A e B), uma de frente para a outra, a pessoa “A” faz apenas um verso, passando a vez para a pessoa “B” que fará o seu verso concluindo a rima, e na sequência, iniciará o próximo verso, que será concluído pelo verso da pessoa “A”, e assim sucessivamente até alguém errar. Tal prática pode ser feita com pontuação, que ocorre no erro ou demora do adversário.
No caso do exercício ser executado em roda, a única diferença é que ao invés de voltar o verso, ele anda a roda toda até dar a volta. Na pontuação de roda, aquele que erra é eliminado, até restar apenas um. Em ambos os casos, é interessante haver um voluntário anotando as palavras já usadas, para que elas não sejam repetidas durante a atividade. Como modo de incentivo ao vocabulário, a repetição da palavra pode ser convertida em advertência ou até pontuação, desde que as regras sejam previamente combinadas antes que a atividade comece.
# 03 Histórias Insólitas - Coloque dentro de uma sacola ou caixa, palavras, objetos ou imagens aleatórias. Defina um situação e um local para a história começar. Sozinho, em dupla ou em equipe, a história deve ser iniciada com base no local e situação definida, de acordo com os objetos, palavras ou imagens que são retiradas da caixa/sacola.
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DICAS DE LEITURAS: CASCUDO, C. A Literatura Oral no Brasil. 2 ed. São Paulo: Global, 2006. PARADA, Sara Guerreiro; FERNANDES, Frederico Augusto Garcia. O "freestyle" em perspectiva: análise das práticas orais de rappers londrinenses. Boitatá, v. 4, p. 3, 2007. SANTOS, Vanusa Mascarenhas. Literatura oral e cultura popular: passando em revista velhos temas. In: I encontro Baiano de Estudos em Cultura, Salvador. 2008.
DICAS DE DOCUMENTÁRIOS: RECRIANDO o Repente. Direção: Cláudio Assis, Erick Laurence e Hilton Lacerda. Produção: Massangana Multimídia. 2006. Link: https://www.youtube.com/watch?v=kr1Q6QAm9q8
DICAS DE ÁLBUNS: Álbum: Assim caminha a humanidade, autor: Thaíde e Dj Hum, São Paulo, 2010. link: https://ouvirmusica.com.br/thaide-e-dj-hum/186800/