INSTITUTO POLITÉCNICO DE TOMAR Escola Superior de Tecnologia Mestrado Fotografia
“INTERVENÇÃO SOBRE PROVAS HISTÓRICAS”
Elaborado por: Aluno: António Peleja – Nº 18484 Aluna: Maria Manteiga – Nº 18459 Docente – Patrícia Romão
TOMAR 2013/2014
Índice
Introdução
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Descrição das Peças ……………………………………………………………………….………………………… 1 Proposta / Objectivo da Intervenção …………………………………………………………….………… 6/7 Intervenção
…………………….……………………………………………………………………………………… 7
Listagem Materiais / Consumiveis
…………………….……………..………………….…………. 27/28
Ficha de Tratamento ………………………………………………………………………………….………….… 29 Solventes ………………………………………………………………………………..……………………………….. 30 Glossário ………………………………………………………………………………………………………………….. 31 Bibliografia
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Introdução
Em primeiro lugar deve-se esclarecer que em Fotografia os processos de degradação na maioria dos casos são irreversíveis, portanto o que se deve tentar é a preservação e conservação e não o restauro. Muitas das vezes o restauro corre mal e acabam por se cometer erros gravíssimos, também eles irreversíveis. Escusado será dizer que não devemos tentar o restauro se não tivermos plena consciência e experiência de trabalho nesta área, mesmo nos processos de preservação e conservação devemos ter em atenção que todos eles devem ser reversíveis permitindo um retrocesso no caso de se detectarem anomalias ou alterações estranhas do espécime. É necessária uma grande dose de bom senso, na primeira abordagem ao espécime, ver as suas deteriorações, detectar quais as suas origens, ver qual o processo utilizado para termos a noção dos produtos que podemos ou não usar nas intervenções futuras e só depois analisar de forma muito directa qual a intervenção a executar, sendo que no meu ponto de vista deve ser sempre e em primeira estância a preservação, só depois devemos delinear uma estratégia de actuação. Por vezes é melhor fazer pouco do que fazer demais e não se conseguir retroceder inutilizando para sempre o espécime em sobre o qual exercemos o tratamento.
Devemos ter o máximo de respeito pela veracidade histórica da prova, as intervenções efectuadas não devem falsear a prova o retoque a intervenção cromática deve ser sempre visível e não tentar esconder que a deterioração aconteceu.
Descrição das Peças O presente trabalho realiza-se no âmbito da Unidade Curricular de Conservação de Co lecções de Fot ografia e assent a fundament alment e na co nser vação e acondicionamento de uma “prova histórica” colocando-nos o desafio de colocar-mos em prática toda a teoria que temos aprendido ao logo do semestre, o grupo escolheu de entre mais de 10 espécies, dois que a nosso ver apresentavam mais degradação e dois tipos de intervenção e acondicionamento diferentes o que será uma mais valia pois cria a possibilidade de intervencionarmos dois espécimes diferentes. Passo a descriminar:
Prova 1
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PROVA 1 Processo: Prova em Papel de Revelação Baritado Formato: 18 x 13cm Frente: Várias zonas sem imagem, dado ao ataque do “lupisma” Assinatura a caneta de aparo no canto inferior direito Rasgão no bordo direito ao centro Verso: Inscrição: Primeiro Plano (Dr. Tamagnini Presidente do Grupo do CIDRAL dando algumas instruções [parte superior]). Inscrição: 105b nº193 (canto inferior esquerdo). Inscrição a grafite: 7 (centro lado direito). Carimbo: E.TAMAGNINI
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PROVA 2
Processo: Albumina Prova colada em cartão com inscrições
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Frente: Cartão amarelecido, apresentando sinais de Foxing, furos nas laterais para arquivo, mancha causada pela sobreposição de outros elementos (provavelmente outras fotos), perfuração de pioneses. Rasgão no lado esquerdo e dobras acentuadas O cartão tem inscrições impressas: THOMAR (em cima)
Esquema onde se assinalam algumas das deteriorações detectadas
Festa dos Tabuleiros A Procissão Cercadura impressa a azul Inscrição: Reprodução de uma fotografia do distincto amador Carlos Relvas 4
Verso: Foxing, inscrições a grafite + caneta de aparo, esferográfica, carimbo e abrasão do papel. Furos de pioneses vários.
Esquema onde se assinalam algumas das deteriorações detectadas
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Proposta de Intervenção Depois de analisarmos pormenorizadamente as provas definimos uma proposta de recuperação e de acondicionamento para cada uma delas e que passamos a descrever.
Proposta PROVA 1 Limpeza frente e verso com aparas de borracha, remoção das fitas adesivas e vestígios deixados pelas mesmas, limpeza com trincha de cedras macias e algodão. Intervenção cromática Construção de uma embalagem de encapsulamento (acondicionamento)
Proposta PROVA 2 Limpeza frente e verso com aparas de borracha, remoção de excremento de parasitas Remoção de fita adesiva e limpeza Preenchimento de lacunas Reforço com papel Japonês nas zonas dos rasgões Construção de passe-partout com rebaixo (acondicionamento)
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Objectivo da Intervenção O objectivo da intervenção é preservar e acondicionar em perfeitas condições as provas históricas intervencionadas. Ter em atenção antes de começar qualquer trabalho de termos o local de intervenção devidamente limpo e desimpedido de elementos estranhos ao tratamento. Na base devemos sempre ter um mata-borrão para proteger as provas do contacto directo com a mesa de trabalho esse mata-borrão deve ser limpo com frequência para evitar o abrasão na prova de elementos estranhos ao processo.
Intervenção
Remoção da fita-cola no verso da prova
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PROVA 1 iniciou-se por remover os resíduos de fita-cola no verso da prova, com ajuda de uma pinça para ajudar a remover a fita-cola.
Remoção de resíduos de cola na hot.
Despois desta etapa terminada, é necessário remover os resíduos deixados pela fitacola na prova. Com ajuda de solventes, e uma hotte. Neste caso o solvente utilizado foi o TOLUENO, temos que mais uma vez falar das questões de segurança que devem estar inerentes à utilização deste tipo de materiais, as luvas, a máscara, óculos e a hotte. Com ajuda de um cotonete mergulhado no solvente, em que é retirado o excesso no mataborrão, aplica-se na zona pretendida e com pequenos movimentos circulares do centro para a periferia vamos procedendo à remoção da cola que tinha aderido à prova.
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Solvente Tolueno
De seguida, depois da remoção dos resíduos de cola, deixa-se secar, e confirma-se se foram completamente limpos os espaços onde a fita se encontrava. A próxima etapa foi a intervenção cromática na frente da prova. Como se pode verificar na imagem existem várias zonas sem emulsão, dado ao ataque do “lupisma”. Portanto têm de se preencher as zonas. Esta intervenção vai ajudar a compreender a imagem na sua totalidade, fica menos distractiva, dado que as zonas sem emulsão mostravam a parte branca e esta chamava o nosso olhar logo à primeira vista. Esta intervenção não pretende ser um restauro e ao mesmo tempo devolver à prova a sua origem, mas sim preservar e conservar para isso fizeram-se alguns estudos da cor e depois utilizando o método de utilizar sempre um tom acima procedemos ao início da intervenção. As zonas a intervir eram várias e com vários níveis cromáticos o que tornou o trabalho mais moroso.
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Prova onde podemos ver as zonas onde o “lupisma� atacou.
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O material utilizado para o preenchimento foram as aguarelas, realizando alguns testes de cor para saber qual o tom adequado para fazer os preenchimentos das zonas.
Realização de testes de cor, do tom mais aproximado da prova.
Depois de ter encontrado o tom de cor para a prova, começa-se a intervenção cromática, com pontilhismo nas zonas que é necessário preencher. Ao pintar o pincel não pode ter muito excesso de água retira-se sempre um pouco. Durante o processo se o tom de cor não for o desejado depois de aplicado podemos proceder à sua remoção logo que possível, com algodão mergulhado em um pouco de água destilada, com movimentos suaves sobre a prova.
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Intervenção cromática na prova.
Nesta etapa podemos observar o aspecto final com a intervenção cromática. Com objectivo de tornar a imagem legivel. Na imagem também observamos que a prova começou a enrolar devido a temperatura elevada onde se encontrava.
Prova com intervenção cromática
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Prova enrolada devido a temperaturas elevadas. Simplesmente com a temperatura ambiente na sala onde se trabalhava
O passo seguinte foi a construção de uma embalagem de protecção para a prova. Optámos por fazer uma bolsa de poliéster, já que a prova é bastante frágil, assim podemos observar a imagem através do poliéster sem ter de a retirar da embalagem de acondicionamento, a prova foi reforçada nas costas com um cartão de conservação que não vai permitir o seu enrolamento.
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Recortar o cartão a medida da prova.
Recortar no poliéster as medidas do tamanho da prova para a construção da embalagem.
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Confirmação das medidas para embalagem
Com as folhas de poliéster feitas, o próximo passo é selarmos, e deixar uma única abertura para introduzirmos a prova e o cartão.
Selagem de uma das arestas da embalagem
Imagem da esquerda, aspecto depois de selar o poliéster. Imagem da direita podemos observar o que acontece caso selarmos os poliéster uma segunda vez. Pode-se remover com a tesoura ou com x-acto.
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Aspecto final da embalagem de poliéster selada e com o cartão de suporte anti-enrolamento já colocado na embalagem e pronta para ir para a sala de acondicionamento da colecção.
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Intervenção Na PROVA 2 iniciei o processo como tinha colocado na Ficha de Tratamento pela remoção de excremento de parasitas, para tal recorri a um pequeno bisturi e a uma lupa para me auxiliar na limpeza e me ajudar a não danificar a prova, dado que os elementos a limpar eram muito pequenos.
Remoção dos excrementos de parasitas
Passado este passo de limpeza avançámos para a limpeza da frente e verso da prova com aparas de borracha. Primeiramente utilizei a pêra de sopro para proceder à remoção de pó e outros elementos estranhos que pudessem danificar a prova, depois espalhei algumas aparas de borracha sobre a prova e com a ajuda de um algodão e em pequenos
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e lentos movimentos circulares foi percorrendo toda a prova tanto na frente como seguidamente no verso. Após esta limpeza passei novamente com a pêra de sopro e a trincha para retirar as aparas de borracha e outras impurezas que tivessem sido removidas ou expostas na superfície.
Limpeza com aparas de borracha e algodão
Aspecto do algodão depois de efectuada a limpeza
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Finalizado o processo de limpeza avancei para o corte do papel de conservação com que iria proceder ao preenchimento das lacunas na prova histórica, primeiramente
Esquema do local onde se irá proceder ao procedimento das lacunas. Neste caso na parte superior do lado esquerdo, e parte inferior do lado esquerdo.
No corte do cartão para o preenchimento das lacunas
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encontrando um cartão que tivesse a mesma espessura e de seguida fazendo um recorte num papel normal com as mesmas dimensões da prova e aí desenhando as peças em falta que depois decalquei no cartão de conservação e recortei com o auxílio de uma
À esquerda processo de entalhe do papel para entrar na lacuna, à direita encaixe finalizado
tesoura, o passo seguinte passou por uma observação cuidada dos sítios a intervencionar de modo a poder perceber todos os encaixes e o cartão poder sem dificuldades encaixar no espaço em aberto na prova histórica. É um trabalho moroso mas que no final é compensatório olhando aos resultados.
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Colagem do rasgão com cola de Metilcelulose
Com os moldes já totalmente finalizados avanço para a fase da colagem e neste caso optei pela cola Metilcelulose (960ml de água para 40grs de metilcelulose) também conhecida por tilose, por não reagir quimicamente com as provas fotográficas e ao mesmo tempo ser reversível com água. A sua propriedade adesiva não é muito forte e é muito utilizada neste tipo de intervenções reparação de rasgos e colagem de provas em cartões de suporte. Os moldes foram pincelados com a cola bem como a prova e depois juntos exercendo alguma pressão não muita para não haver a possibilidade de deteriorarmos a prova, depois foi colocado um reemay em cima dos sítios intervencionados com mataborrão por cima e em seguida a colocação de pesos deixa-se secar por 12h.
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Colocação dos pesos após a colagem e a colocação do reemay e do papel mata-borrão
Inserção para reforço do papel japonês, colagem com técnica “bandeira inglesa”
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O passo seguinte passa por procedermos à elaboração de uma embalagem passepartout com rebaixo, também ela descrita na Ficha de Tratamento. Este tipo de acondicionamento é muito aconselhado para abrigar as provas coladas em suportes com alguma espessura. Para isso escolhemos um cartão de conservação de qualidade confirmada, que com o passar do tempo e as condições climatéricas não produza alterações na prova que tem no seu interior, estes passos estão descritos e documentados fotograficamente.
Este sistema dado que a prova tem uma espessura tem de ser guardada entre três cartões sendo que um tem um rebaixe, chamado cartão espaçador onde é aberta uma janela com precisamente a mesma dimensão da prova, para que esta encaixe perfeitamente e não fique assim fixa ao cartão. Este cartão espaçador é então colado a um outro com as mesmas dimensões, recorrendo para essa colagem ao auxílio de Fitacola Dupla 3M 415 colocando-a nos quatro lados de todo o cartão, depois de retirada a protecção e com muito cuidado devemos colocar sobre esse mesmo cartão o cartão de espaçamento e fazer um pouco de pressão para que o pegamento se faça. Em seguida e ainda nesse conjunto de cartões que acabámos de colar devemos com o auxilio da mesma Fita-cola e no lado interior do cartão em relação à janela do passe-partout colar uma fita com uma dimensão superior ao espaço da janela onde a prova vai encaixar, cerca de mais um centímetro para cada lado e depois cortamos uma folha de poliéster com uma margem de mais um centímetro em relação a todos os lados da prova e colamos essa folha na fita anterior, esta folha no final deverá ficar a proteger a nossa 23
prova na totalidade sobrando o tal centímetro em toda a volta. Entretanto temos de abrir uma janela de visualização com corte em bisel e com as dimensões da imagem que queremos mostrar que tanto pode ser a totalidade da prova ou então só a parte sensibilizada da mesma.
Máquina de corte das janelas
Depois da janela aberta na mesa de corte e de verificarmos se está como pretendido colocamos lado a lado este cartão com a janela e os outros que anteriormente foram colados e com o auxílio de Fita de Linho auto-adesiva vamos colocar em todo o comprimento das duas peças servindo assim de união entre as mesma e finalizando o nosso trabalho, para a colagem ser mais eficaz recorremos à ajuda da espátula de osso. Finalizámos assim todo o processo estando a prova bem acondicionada e preservada podendo agora ser inventariada e entrar directamente na sala de arquivo.
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Pormenor a mostrar a folha de poliÊster de protecção da prova
Mostra do pormenor da janela
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Imagem final da prova hist贸rica devidamente limpa e acondicionada
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Listagem de Materiais (utilizados neste processo) Luvas – Muito importante no manuseamento dos espécimes pois evita que deixemos gordura. Pincéis e Trinchas – Devemos ter um tipo variado de pincéis e trinchas, pincéis nº 1 muito bom para aplicar pontos de cola, trinchas largas de cerdas macias para limpezas de sujidades. Algodão – Muito importante nas limpezas Espátulas – Espátulas de osso são muito importantes para fazer pressão sobre os objectos nomeadamente durante a selagem para fazer unir o Filmoplast ao vidro. Pinças Metálicas – Vários tipos são bons auxiliares na remoção de fitas cola Tesoura X-Acto – De preferência com pontas finas Réguas – Régua de metal uma pequena e de preferência com base de corticite para evitar deslizar sobre o papel e uma outra de um metro para cortes maiores. Escolher uma base boa para corte Lupa 4x - Para observar cuidadosamente as provas Lupa Binocular – Permite-nos distinguir com precisão o que são excrementos de bichos, riscos, perfurações etc… E com luz rasante permite descobrir a textura do negativo. Pêra de Sopro – Importante na eliminação de poeiras e pêlos que se encontrem à superfície. Pesos – São úteis durante as secagens para fazer pressão sobre os objectos a unir. Borrachas - Borrachas “Rotring” ou borracha em pó de preferência as borrachas devem ser macias. 27
Consumíveis (utilizados neste processo) Papel de Conservação Mata-Borrão Reemay Cartão de Conservação Algodão Aparas de Borracha Metilcelulose Fita-cola 3M 415 Fita de Linho auto-adesiva
Na página seguinte encontra-se uma Ficha de Tratamento (in Pavão, Luís, Conservação de Colecções de Fotografia, Dinalivro, 1997, pág. 309) esta Ficha no meu ponto de vista é essencial como documento de acompanhamento do espécie enquanto o seu processo de conservação, é como que um BI do espécime durante esta fase e até para consultas posteriores.
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FICHA DE TRATAMENTO Número de Espécime …………………………………………………………………………………….....………………... Colecção …………………………… Dados Referentes ao Objecto Processo Fotográfico …………………………………………………………………………..……………………………………………………………………………. Dimensões …………………………………………………………………………………………………..……………………………………………………………………. Pintura ou Retoque Manual …………………………………………………….……………………………………………………………………………………….. Suporte Secundário …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Embalagem Actual ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………. Estado de Conservação Estado Geral ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Formas de Deterioração Encontradas ……………………………………………………………………………………………………………………………….. No Suporte ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….. No Meio Ligante ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….. Na Imagem ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….. No Suporte Secundário ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Tratamentos Propostos ……………………………………………………………………………………………………………………………………………......... Reprodução a Fazer Tratamentos Urgentes Conservação Condições Ambientais Recomendadas Exposição à Luz Embalagem Condições Especiais Tratamentos Efectuados Descrição Produtos Usados Observações Técnico Responsável ………………………………… Data …………../………./…………. Doc./Fotos em Anexo ……………………………………… Desenho Esquemático e Localização das Formas de Deterioração nas Costas
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Solventes Os solventes são muitos importantes no processo de conservação, no entanto requerem cuidados redobrados, dado que alguns deles são bastante tóxicos. São importantes na limpeza de fungos e sujidades que se acumulam sobre as superfícies a tratar, no entanto além da sua toxidade temos que ter em atenção à sua compatibilidade com os processos que estamos a tratar, para não existirem percas irremediáveis de espécimes. Os solventes podemos dividi-los em duas categorias, Solventes com Água (Etanol, Metanol e Propanol) e Solventes sem Água (Éter de Petróleo, Acetona, Tricloroetileno e Tricloroetano) quando escolhemos o solvente a utilizar nos nossos processos deveremos ter muito cuidado pois não devemos por exemplo utilizar solventes com água no caso do processo que temos em mão na sua composição usar água pois o resultado pode ser catastrófico. Sempre que utilizamos solventes devemos começar pelos menos agressivos e só vamos aumentando a escala no caso dos resultados anteriores não serem satisfatórios e ao mesmo tempo se o espécime se encontrar em perfeitas condições de aceitação do tratamento. Quando trabalhamos com solventes devemos ter em atenção as preocupações com a segurança, para tal devemos estar equipados com bata, ou avental, luvas, óculos de protecção e máscara com filtros de químicos. Devemos ter conhecimento profundo dos efeitos causados pela inalação ou mau manuseamento dos produtos para podermos detectar possíveis efeitos secundários.
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Glossário Abrasão – Marcas, riscos causados por atrito.
Amido – Fécula em pó de origem vegetal ou farinha a que foi retirado o glúten.
Charneiras – Tiras, geralmente de papel japonês usadas para suspender provas fotográficas em suportes de cartão.
Colódio Húmido - Processo fotográfico negativo em vidro, introduzido por Frederic Scott Archer em 1851. Foi o processo mais utilizado até 1875. A chapa era coberta com uma solução de colódio e iodeto de cádmio e enquanto húmida era imersa numa solução de nitrato de prata. Após um ou dois minutos a chapa era colocada no chassis e exposta numa máquina fotográfica durante alguns segundos ou minutos. Imediatamente após a exposição a chapa era revelada em ácido pirogálico ou em sulfato ferroso, lavada, fixada em hipossulfito de sódio, lavada de novo e posta a secar. Todo o processo tinha que decorrer enquanto o colódio estava húmido, porque quando seco o colódio não é permeável ao revelador, nem ao fixador. Os fotógrafos eram obrigados a transportar consigo uma câmara escura para onde quer que fossem, e executavam todas as operações no local. As câmaras escuras portáteis tornaram-se características deste processo. As chapas de colódio apresentam uma cor esbranquiçada e uma distribuição de colódio irregular, especialmente nos bordos.
Direcção das Fibras do Papel – Direcção em que estão alinhadas as fibras do papel. Nesta direcção o papel é mais resistente.
Durabilidade do Papel (Paper Durability) - Refere-se à capacidade do papel em manter as suas propriedades físicas ou mecânicas originais quando submetido a uso contínuo.
Embalagem de encapsulamento – Embalagem de conservação em que a espécie é protegida entre folhas de plástico, selada contra uma folha de cartão.
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Embalagem Individual – É uma embalagem que protege apenas uma espécie fotográfica como um envelope um cartão passe-partout ou uma manga
Emulsão - Composta por um meio ligante e o material formador da imagem que está em suspensão no meio ligante sem se dissolver. Os materiais do meio ligante usados ao longo da história da fotografia foram o colódio, a albumina e actualmente a gelatina. Os materiais formadores da imagem podem ser os halogenetos de prata (p/b) ou os corantes (cor) Emulsão de cloreto de colódio - Introduzida em 1864 por George Simpson. Foi utilizada no fabrico de papel de impressão fotográfica e diapositivos em vidro. Produz uma imagem directamente sem revelação. No fim do século XIX o papel colodionado tornou-se muito popular devido à inclusão, na emulsão, de sais de ouro capazes de provocarem a viragem a ouro directamente (denominados de auto viradores).
Escamar - Deterioração de um material por libertação de pequenas escamas.
Espelho de Prata - Designação de uma forma de deterioração muito vulgar das imagens fotográficas em prata filamentar gelatinada. O espelho de prata consiste no aparecimento de zonas de cor de chumbo, brilhantes, nos bordos e cantos das provas e negativos. Resulta da migração de iões de prata oxidada para a superfície da imagem e sua posterior redução a prata metálica. É mais acentuada em geral na periferia da fotografia porque é por aí que penetra a humidade.
Gelatina - Proteína natural, usada como um meio ligante dos sais de prata nas emulsões fotográficas correntes. É extraída, por vários processos, das peles e ossos do gado. Os processos de extracção têm influência considerável nas propriedades da gelatina. A gelatina usada em fotografia é altamente purificada é bastante estável, não amarelecendo com o tempo. É designada por um gel reversível porque absorve água, incha e quando seca contrai e regressa ao estado inicial. Torna-se quebradiça em ambientes muito secos. Torna-se líquida a temperaturas superiores a 30 C.
Grão - Minúsculos pontos mais ou menos visíveis nas provas fotográficas ampliadas. São formados durante a revelação do negativo pela aglutinação dos halogenetos de prata em minúsculos filamentos de prata que tendem a crescer com o aumento do tempo de revelação. Confere às imagens fotográficas uma aparência arenosa. O grão torna-se mais visível quando o
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negativo é muito ampliado. Geralmente os filmes mais sensíveis à luz têm mais grão do que os filmes menos sensíveis.
Humidade Relativa - É a quantidade de vapor de água existente no ar, quantificada em termos de percentagem sobre a máxima quantidade de vapor de água que o ar pode conter à mesma temperatura.
Lenhina ou Lignina – Polímero natural que está presente nos caules vegetais sobretudo na madeira, com a função de lhes dar consistência, decompõe-se em ácidos sendo assim responsável por parte da acidez do papel.
Mata-Borrão de Conservação – Papel cartonado sem encolagem, isento de ácidos ou corantes que possam contaminar outros materiais, com grande capacidade de absorção de humidade. É usado na secagem de provas e de reparações que envolvam humidificação do papel.
Manga – Embalagem de conservação em plástico em forma de manga e com abertura nas duas pontas.
Meio Ligante - É uma das camadas constituintes de uma prova fotográfica ou negativo, que contém em suspensão e protege os grãos de prata da imagem fotográfica. O material utilizado actualmente como meio ligante é a gelatina. No século XIX a albumina e o colódio foram igualmente utilizados. O meio ligante desempenha um papel importante na formação da imagem, devendo ser permeável aos banhos de processamento sem se dissolver neles. O material usado como meio ligante e o seu acabamento é determinante nas propriedades ópticas da prova fotográfica, tais como textura, brilho e em certa medida cor.
Negativo - Imagem que contém as densidades invertidas em relação ao original. As zonas claras do original são traduzidas por elevadas densidades e as zonas escuras são transparentes ou apresentam baixas densidades. Tratando-se de um negativo a cores, estas são reproduzidas através da sua cor complementar, o verde do original aparece magenta no negativo, o azul aparece amarelo e o vermelho aparece ciano. Os negativos geralmente são transparências, em filme ou vidro, para impressão.
Observação (em conservação) - Determinação dos materiais e da estrutura original de uma imagem fotográfica e avaliação da deterioração sofrida pela imagem e suporte.
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Oxidação - No sentido restrito é uma reacção química de combinação com o oxigénio,
- Por ser transparente o ião de prata deixa de contribuir para a imagem. Consequentemente as imagens oxidadas perdem vigor e os pormenores das zonas mais claras desaparecem. - Sendo móvel o ião de prata, este desloca-se para a superfície, onde pode recuperar o electrão perdido tornando-se de novo visível. Consequentemente as imagens oxidadas apresentam na superfície zonas brilhantes, cor de chumbo, chamadas espelho de prata. A espelhagem aparece frequentemente nos cantos e margens por onde a humidade penetra inicialmente. - Sendo reactivo o ião de prata combina-se com o enxofre residual do processamento formando sulfuretos e originando manchas amarelas.
A oxidação da prata não tem efeitos significativos em objectos de prata, mas apenas em partículas de dimensões microscópicas. A oxidação é provocada por agentes oxidantes dos quais são particularmente importantes o dióxido de azoto, o ozono e o peróxido de hidrogénio. Estes agentes oxidantes têm origem na poluição atmosférica, nos cheiros e vernizes e tintas, no trabalhar de maquinaria eléctrica (como as fotocopiadoras), na madeira e nos cartões de má qualidade etc. Basta existirem numa quantidade muito pequena para desencadearem a oxidação. A oxidação é retardada fazendo baixar a humidade relativa do ar.
Papel Barreira – Papel neutro, fino, de boa qualidade usado para proteger a imagem fotográfica do contacto de cartões e papeis ácidos. Pode intercalar-se nas páginas dos álbuns.
Papel Encolado – Papel que é impregnado de cola , de forma a reduzir a permeabilidade e permitir a escrita. Pode ser encolado com gelatina, amido, colofónia-alumina ou colas sintéticas.
Pasta de madeira mecânica – Pasta obtida por trituração da madeira, sem tratamentos de purificação e que contém todos os produtos químicos da madeira. Serve de matéria prima para o fabricante do papel.
Permanência do Papel (Permanent Paper) – Refere-se à capacidade do papel em manter a sua estabilidade química, ou seja, de resistir ao longo do tempo à acção dos agentes químicos. 34
pH – Medida de acidez ou alcalinidade de uma substância. É uma medida logarítmica, o que significa que uma diferença de 2 no valor do pH corresponde a 100 vezes, assim, o vinagre (pH=5) é 100 vezes mais ácido do que a água destilada (pH=7).
Restauro - Acção de travar e recuperar a deterioração de uma imagem fotográfica, tornando-a mais próxima do seu estado original do que aquele em que se encontra. Pode abranger aspectos diversos visando a cor, forma, apagamento de manchas, etc. Não deve falsificar o conteúdo estético ou histórico das imagens. Só deve ser empreendida por conservadores especializados e treinados para o fazer.
Sulfuração - Forma de deterioração das imagens de prata por reacção da prata com sulfureto de prata. A reacção ocorre com o enxofre residual do processamento das provas. Este resulta ou de uma lavagem insuficiente ou da utilização de fixador exausto. A sulfuração começa por um amarelecimento das zonas mais claras da imagem, desaparecimento de pormenores e amarelecimento gradual da imagem. Quando a sulfuração é causada por fixador exausto observa-se também o aparecimento de manchas nas zonas brancas da imagem. Estas manchas são de sulfureto de prata, da prata não removida na fixagem.
Suporte - Em fotografia é o material sobre o qual uma emulsão fotográfica é aplicada. O suporte tradicional das imagens fotográficas é o papel (para as provas) ou o plástico (para os negativos e transparências). Ao longo da história da fotografia muitos outros materiais foram utilizados para suporte tais como vidro, cobre, ferro, pano, cabedal e loiça.
Tampão Alcalino – Substância Alcalina, que é adicionada ao papel quando do seu fabrico e que evita, até certo ponto, a sua acidificação.
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Bibliografia Pavão, Luís, Conservação de Colecções de Fotografia, Dinalivro, 1997
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