Livro os 3 segredos para transformar sua escola com tecnologia

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OS TRÊS SEGREDOS PARA TRANSFORMAR A SUA ESCOLA COM TECNOLOGIA Américo Amorim e Giordano Cabral


CRÉDITOS DA OBRA Edição: Lara Ximenes Direção de Arte: Frank Urben Ilustração e Design: Gregório Lameira Revisão: Fernanda Bettini Copyright: Escribo S.A.

FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Amorim, Américo Os três segredos para transformar a sua escola com tecnologia [livro eletrônico] / Américo Amorim, Giordano Cabral. -- Recife : Escribo, 2015. 10 Mb ; Led.

Bibliografia ISBN 978-85-65725-29-3

1. Educação - Finalidades e objetivos 2. Inovações educacionais 3. Inovações tecnológicas 4. Tecnologia da informação 5. Tecnologia educacional I. Cabral, Giordano. II. Título.

15-04849

CDD-371.33

Índices para catálogo sistemático: 1. Tecnologias no ensino : Educação

371.33


SUMÁRIO 5

SOBRE OS AUTORES

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OS 3 SEGREDOS DE COMO CRIAR PROJETOS DE SUCESSO

PREFÁCIO

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O PASSO A PASSO DA IMPLANTAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS

INTRODUÇÃO

47 13 CONCLUSÃO CONCEITOS IMPORTANTES DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL E SUAS VANTAGENS

52 16 BIBLIOGRAFIA DESAFIOS DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL

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SOBRE OS AUTORES

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Americo Amorim é filho de uma educadora e de um empreendedor. Não demorou para tornar-se um educador empreendedor. Sua história com a tecnologia começou quando ele tinha treze anos, numa época em que a internet só existia no mundo acadêmico. Aos 12 anos, ele passou a usar a rede nos computadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde sua mãe lecionava. A sua primeira experiência com tecnologia educacional ocorreu quando ele tinha quinze anos e participou do desenvolvimento de um dos primeiros projetos nacionais de criação de conteúdo digital para educação básica. Americo e seus colegas criavam infográficos e jogos educativos que eram usados por alunos do ensino fundamental para aprender Português, Geografia e História. Pouco depois, Americo projetou o site da própria escola, que foi desenvolvido por ele e seus amigos para divulgar dicas, gabaritos e provas do vestibular. Na noite do listão de 1998, o site atingiu 100 mil visitas, numa época em que poucas pessoas tinham acesso aos computadores. Pouco tempo depois, criou o site Som Brasil, onde as pessoas aprendiam a tocar suas músicas favoritas. Em 2011, o site tornou-se o mais visitado do Brasil e ganhou o prêmio iBest, o “Oscar” da internet. Americo formou-se em Administração na UFPE, onde também fez seu mestrado com foco em gestão de tecnologia. Publicou mais de vinte e cinco artigos em revistas científicas e conferências internacionais e escreveu diversos livros. Desde que se tornou sócio da Escribo, tornouse uma referência em tecnologia educacional, vencendo o prêmio Santander de Empreendedorismo e sendo bicampeão no Prêmio Finep de Inovação. Também liderou a expansão da Escribo para o exterior; hoje a empresa atende estudantes e professores em 116 países. Coordena o desenvolvimento de conteúdos e tecnologias educacionais que são utilizados por milhares de estudantes em todo o Brasil. Entre seus parceiros estão grandes editoras, os mais renomados autores, escolas inovadoras e universidades de referência. Recentemente iniciou o doutorado na Johns Hopkins University School of Education, a pós-graduação em educação mais renomada dos EUA (U.S. News, 2015).

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Giordano Cabral sempre uniu carreira acadêmica com uma trajetória empreendedora. É professor do Centro de Informática da UFPE e foi o fundador da Escribo, empresa de tecnologia educacional premiada internacionalmente. Indicado ao empreendedor do ano de 2011 pela INFO Exame, começou sua carreira cedo, dando aulas aos 16 anos e montando sua primeira empresa aos 18. Era um curso de informática para iniciantes, fruto de sua experiência como professor. Foi ali, em 1997, que começou a unir tecnologia com educação, percebendo como os computadores podiam ser úteis para acelerar o processo de aprendizagem. Em seguida, Giordano foi presidente da empresa júnior do CIn/UFPE e da Federação de Empresas Juniores de Pernambuco (FEJEPE), onde pode presenciar como o espírito empreendedor poderia ser utilizado em instituições de ensino. Nada mais natural do que criar, em 2000, a Daccord Music, empresa de software educativo para música. Desde então, Giordano está envolvido com o desenvolvimento das tecnologias educacionais da Escribo, que são usadas por milhões de alunos. Giordano também estabeleceu uma sólida carreira acadêmica como professor universitário, gestor e pesquisador. Foi Coordenador de Curso e Vice-Diretor de Departamento. Essa visão sobre o funcionamento da gestão da educação teve alta influência em sua pesquisa, em especial no que se refere à inovação na educação. Giordano é Doutor em Inteligência Artificial pela Université Pierre et Marie Curie, a número 1 da França. Sua experiência inclui o SONY Computer Science Lab, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA/RJ) e Pontifícia Universidade Católica (PUC/RJ). Escreveu, coescreveu ou editou 10 livros e mais de 30 artigos, coordenou ou participou de 19 projetos de pesquisa e inovação, e produziu 87 programas de computador, além de dezenas de obras não acadêmicas, como livros infantis e desenhos animados interativos. Hoje coordena três grupos de pesquisa e leciona as disciplinas de empreendedorismo, jogos digitais e tecnologias educacionais na UFPE.

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PREFテ,IO

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Costumo dizer que temos ainda uma escola do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI. O país tem uma grande dificuldade em fazer esse alinhamento, e não é apenas por falta de recursos. É preciso pensar fora da caixa, incluir novas estratégias no processo pedagógico de ensino e aprendizagem. Não se trata de colocar, e apenas por colocar, tecnologias na sala de aula. É preciso que as novas tecnologias e os novos conhecimentos gerados pelas diferentes ciências cheguem de fato à sala de aula mediante formação do professor e de maneira articulada com o projeto pedagógico da escola. Não há como pensar em mudanças no ensino sem considerar os avanços na pedagogia e as tecnologias agora disponíveis para facilitar o ensino e o aprendizado. Durante minha carreira, seja como professor, ou mesmo como gestor (reitor da UFPE e secretário de Educação de Pernambuco) tive a oportunidade de acompanhar a implantação de tecnologias educacionais em projetos considerados pioneiros. Minha atual atividade, no Instituto Ayrton Senna, tem me permitido conhecer diferentes tecnologias que podem impactar de forma muito efetiva o trabalho de professores e alunos, com resultados diretos no desempenho escolar. Infelizmente, poucos projetos de tecnologia educacional tem tido sucesso no médio e longo prazo. Os gestores e coordenadores de tais projetos cometem erros muitas vezes relacionados com a falta de experiência com projetos tecnológicos em ambientes educacionais, o que nos remete a necessidade de uma formação inicial e continuada nessa área. Felizmente, a presente obra surge para lidar com esse desafio, pois trata de questões que muitas vezes são negligenciadas durante a implantação de projetos tecnológicos, mas que podem fazer a diferença entre dar certo ou não na sua consolidação futura em sala de aula. O texto aborda conceitos e práticas essenciais para que gestores e professores possam trazer suas instituições para o século XXI. Não só em termos de ferramentas integradas ao método educacional, mas também como gerar bons resultados para nossos alunos e suas famílias. Os autores do livro reúnem dois perfis que sintetizam o que é necessário, em grande parte, para mudar a educação de nosso país: a experiência educacional e a tecnológica. Um renomado professor e um apaixonado por tecnologia da educação juntos para ajudar as escolas a se adaptarem à nova realidade.

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Separados, nenhum destes fatores seria capaz de resolver o problema. Por um lado, apenas tecnologia, como disse, sem um arcabouço pedagógico não qualifica adequadamente o professor para o êxito de seu trabalho e nem melhora o aprendizado do aluno; apenas aumenta o custo da educação. Por outro, não há como resolver o desafio da educação de milhões de alunos com técnicas pedagógicas que não incluam elementos da cultura digital e que não possam ser implantadas em larga escala. Seria transformador se cada gestor e educador tivesse acesso à experiência prática que anos de trabalho com projetos educacionais trouxeram a Américo Amorim e a Giordano Cabral. Antes, isso não era possível. Agora, essa experiência está condensada, à sua disposição, nas próximas páginas. Espero que o livro seja divulgado, lido, debatido, implementado e sirva para nos despertar: é urgente fazer uso da tecnologia educacional da maneira certa, para que possamos de fato trazer as nossas escolas para o século XXI, com professores bem formados e valorizados, e alunos motivados para o processo de aprendizagem. Mozart Neves Ramos é diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna.

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INTRODUÇÃO

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Caro Educador, Nós somos professores e conhecemos os desafios inerentes ao ato de ensinar e as mudanças dramáticas que a tecnologia está inserindo em nossas vidas. Nós também somos da área de tecnologia e participamos de centenas de projetos de implantação de sistemas e conteúdos digitais em escolas e universidades, públicas e privadas. Nós já assistimos projetos que fracassaram completamente, participamos de vários que tiveram um resultado adequado e tivemos a felicidade de ajudar a construir alguns projetos que geraram resultados espetaculares em termos de aprendizagem e satisfação de alunos, pais e professores. Acreditamos que, sem tecnologia e novas práticas pedagógicas viabilizadas pela presença massiva de computadores, tablets e smartphones, nossas escolas serão completamente inviáveis. Por isso tivemos a ideia de escrever este livro. Nosso objetivo é compartilhar com você algumas de nossas experiências para ajudá-lo a disseminar as tecnologias educacionais e ter sucesso com elas. Este não é um texto acadêmico no sentido tradicional da palavra. O objetivo desta obra não é debater aspectos teórico-metodológicos e implicações filosóficas e sociais da tecnologia educacional. Nosso único objetivo é relatar, do ponto de vista prático, como superar as dificuldades inerentes à introdução de tecnologias nas instituições de ensino. Vamos começar relembrando as vantagens da tecnologia educacional, depois detalharemos os três desafios para um projeto ter sucesso e, em seguida, contaremos quais são os três segredos para um projeto de tecnologia efetivo. No último bloco, apresentamos uma sugestão de processo a ser seguido, um passo a passo que usamos para implementar nossos projetos e que traz ótimos resultados para alunos, pais e professores. Esperamos que, ao final desta leitura, você esteja mais preparado para realizar projetos de Tecnologia Educacional com sucesso e maestria. Bom aprendizado! Não deixe de compartilhar suas experiências conosco! Américo e Giordano.

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CONCEITOS IMPORTANTES DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL E SUAS VANTAGENS

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É importante, antes de começarmos, relembrar alguns conceitos sobre tecnologia educacional. O termo é a versão em português de EdTech, isto é, práticas e recursos tecnológicos que facilitam o aprendizado e melhoram o desempenho dos alunos, como, por exemplo, aplicativos, programas e ferramentas. Eles abordam os conteúdos de forma personalizada e direta, para que as necessidades de cada estudante sejam atendidas. Estudos acadêmicos afirmam que cada aluno tem um ritmo e que eles aprendem de formas diferentes. Logo, o modelo de ensino em massa está entrando em crise. Crise vem do grego crisis, e apesar de ter uma conotação negativa na nossa sociedade, originalmente quer dizer apenas que algo está precisando de mudanças. Que a metodologia tradicional das escolas e os currículos precisam mudar, nós sabemos bem... Concorda? Com a tecnologia educacional, o engajamento dos alunos para aprender é otimizado devido ao maior aprofundamento (PAGE, 2007). A maioria das tecnologias educacionais oferecem estatísticas valiosas para o acompanhamento de alunos e professores pelos pais e gestores. Uma boa tecnologia educacional expande ainda mais as habilidades de comunicação e a colaboração entre pais, alunos, professores e escola, além de ser uma metodologia prática com um bom custo-benefício. Estudos recentes citam outros benefícios da tecnologia educacional, como a possibilidade de professores colaborarem entre si e compartilharem suas ideias na rede, comunicando-se com educadores de diversas partes do mundo e buscando novidades para aprimorar suas aulas e projetos (SAXENA, 2013). O acesso de alunos e professores às redes desenvolve habilidades como a descoberta e o uso de ferramentas para pesquisa, o que é valioso para o futuro e, quando desenvolvido na tenra infância, pode potencializar ainda mais a capacidade da criança (PECK & DORRICOTT, 1994). Plataformas de tecnologia educacional permitem um acesso muito mais amplo e ostensivo aos materiais didáticos, que são usados de forma planejada e organizada, com total aproveitamento do investimento feito pelos pais. Por fim, os estudos afirmam que a educação e a tecnologia estão intimamente ligadas em seus objetivos, sendo a tecnologia educacional uma opção metodológica com a mesma credibilidade que a da educação tradicional.

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DESAFIOS DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL

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Para se ter sucesso com tecnologia na escola, alguns desafios precisam ser superados pelos gestores. Neste capítulo destrincharemos cada um deles, mostrando caminhos para vencê-los.

DESAFIO 1: INFRAESTRUTURA Provavelmente, a primeira coisa que você deve ter pensado ao ler “infraestrutura” foi em computadores, tablets, lousa digital e internet. Sim, esses itens também devem ser levados em consideração e são os mais usados na hora de implantar a tecnologia educacional na sua escola. Agora, você já parou para pensar em instalações elétricas? Parece óbvio, não é? Mas, na verdade, é aí que os erros podem começar. Uma escola conhecida realizou, certa vez, a compra de 200 tablets para as turmas usarem na sala de aula. No momento da aula, os tablets estavam disponíveis e com o conteúdo devidamente instalado. Mas, quando os alunos foram colocar os aparelhos para carregar, fizeram uma infeliz descoberta: não havia tomadas suficientes nas salas de aula para todos os alunos realizarem a recarga. Da mesma forma que os aplicativos precisam de boas máquinas (hardware) para rodar, qualquer solução tecnológica precisa que a infraestrutura esteja preparada, o que nem sempre foi previsto nos projetos arquitetônicos das escolas. Por exemplo, a escola pode ter uma internet com bom link, com boa velocidade, mas não possuir roteadores wireless (wi-fi) adequados – ou vice versa. Isso acarreta problemas, pois, sem bons roteadores, não é possível ter todos os tablets conectados ao mesmo tempo para a aula, uma vez que a conexão não funcionará bem. Para não ter problemas com a internet, tanto a conexão rápida quanto os roteadores wi-fi precisam ser de qualidade e merecem atenção. Outra opção para não sobrecarregar a internet é procurar uma solução digital que funcione off-line, ou investir em um servidor de cache, que faz uma cópia dos sites mais acessados; assim, quando outra pessoa na escola acessar aqueles sites, eles já estarão disponíveis na rede interna da instituição, consumindo menos internet. Além disso, é necessário criar (e estimular) uma política de uso da internet, como recomenda o guia da Unesco (XIMENES, 2015) para uso de tecnologias móveis. Por meio da política de uso, alunos e professores devem ser educados a respeito de quando e quais sites eles podem usar na internet da escola. Isso estimula o uso saudável da rede por meio da conscientização dos alunos, em vez de apenas bloquear sites “proibidos”.

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Outros problemas de infraestrutura podem ocorrer com a falta de cabos de rede suficientes, CPUs, teclados e coisas tão simples que deixam de ser lembradas. É importante estar de olho na infraestrutura, inclusive em coisas básicas como tomadas (que podem ser otimizadas com o uso de réguas elétricas e adaptadores). Felizmente, esse é um desafio fácil de resolver: basta observar o ambiente e refletir sobre possíveis falhas, evitando a necessidade e o estresse de corrigi-las no futuro. CHECKLIST DE INFRAESTRUTURA ESCOLAR Item

Sim

Não

Uma tomada elétrica por dispositivo (ou carrinho de tablets) Roteador wi-fi com capacidade para suportar os dispositivos Roteador wi-fi conectado com o switch principal da escola (preferência por Gigabit, mas pode ser Fast Ethernet) Servidor de cache transparente instalado e funcionando Política de uso da internet (pensada, escrita e divulgada) Regras de acesso/bloqueio de serviços/sites implementadas Switch principal da escola conectado num bom link de internet Sistema de monitoramento do servidor de cache e link funcionando (para se acompanhar como está o uso dos recursos)

Roteador wi-fi conectado ao switch da escola

Não é permitida a navegação aos sites: - Pornográfico e de caráter sexual; - Compartilhamento de arquivos; - Violação de direito autoral; - Instant messenger; - Conteúdo impróprio, ofensivo, ilegal, discriminatório, e similares

Dispositivos

Regras de uso

Bancas escolares

Tomadas

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DESAFIO 2: QUALIFICAÇÃO DOS PROFESSORES Uma coisa bastante interessante que constatamos em nossas pesquisas é que 96% dos professores acham que a tecnologia educacional aumenta o engajamento das turmas. Entretanto, apenas 19% usam conteúdo digital pelo menos uma vez por semana. Por que isso acontece? Não é por nossos professores serem incapazes ou arcaicos. Muito pelo contrário. Hoje, eles utilizam a tecnologia no seu cotidiano, assim como nossos alunos. Qual de seus professores não utiliza pelo menos Facebook ou WhatsApp (ou os dois)? Qual professor hoje em dia não checa seu e-mail? Todos usam tecnologia de alguma forma. A questão é que, apesar disso, usá-la da forma certa na sala de aula é, de fato, algo novo para eles. A tecnologia que os acompanha diariamente em casa e nos celulares, de forma prática e sem grandes complicações, ainda não chegou à sala de aula. Por isso, qualificação ainda é um problema. Não estamos falando de qualificação no que diz respeito ao funcionamento de tecnologias como tablets e computadores. Não é sobre usar a tecnologia. A formação deve focar no que deve ser feito com essa tecnologia em sala de aula. Ora, todo professor sabe ligar um tablet ou um computador, acessar um site. O que é preciso passar para eles é como vivenciar a tecnologia no ambiente escolar, no dia a dia dos alunos, para que a atividade pedagógica seja produtiva. Conhecer a plataforma usada é essencial. Seguir os planos de aula de forma organizada, com um planejamento, idem. O importante é não achar que a tecnologia faz tudo sozinha.

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Sarina Brady


Na verdade, é a tecnologia que depende do professor. Um professor inseguro, que se sente ameaçado, pode mesmo boicotar um projeto tecnológico educacional, por exemplo, por medo de perder a autoridade quando um aluno conhecer melhor que ele um site ou aplicativo. Uma opção interessante na hora de qualificar os professores é focar em uma formação mais prática e não muito teórica, para que eles saibam usar a tecnologia sem dificuldades que atrapalhem o aprendizado em sala. Para isso, é importante que o material digital escolhido venha com um manual para o professor, com instruções e um passo a passo para sua capacitação, que seja de fácil apreensão, explicando bem como usar aquela tecnologia em sala de aula, idealmente com planos de aula que sirvam de exemplo. *Esse desafio será destrinchado no passo a passo ao fim do livro.

DESAFIO 3: MATERIAL DIDÁTICO DIGITAL Um dos desafios mais críticos é encontrar o material didático digital ideal e adequado. De nada adianta ter lidado com os desafios anteriores, ou seja, ter uma boa infraestrutura e professores qualificados, sem material didático de qualidade. Por exemplo, ter tecnologia móvel sem o conteúdo para ser socializado e utilizado entre alunos e professores. E conteúdo é muito mais do que um livro dentro de um tablet. Um livro dentro de um tablet tem a vantagem de evitar que o aluno carregue peso na bolsa e esqueça os livros pela escola ou em casa, mas o benefício pedagógico para por aí. Infelizmente grande parte das editoras que oferece conteúdo digital faz apenas isso, transforma os livros físicos em versões PDF, o que não muda nada na apreensão do assunto, afinal ele só estará escrito em outra mídia (no tablet e não no papel). Conteúdo vai além disso, é preciso pensar nele como algo atrativo, flexível, de qualidade. Algo que garanta a interação do aluno por livre e espontânea vontade naquela sala de aula e com aquele professor. A qualidade tem que ser de alto nível, seguir os parâmetros curriculares nacionais e as orientações teórico-metodológicas regionais, tornando possível para o educador adaptar o uso dessas tecnologias às suas práticas tradicionais já adotadas em sala de aula.

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Para saber se um material possui as características necessárias, observe se ele vai ajudar o aluno a aprender os assuntos mais difíceis. Para isso, as ferramentas pedagógicas devem ir além da forma convencional de passar o conteúdo oferecido pelos livros físicos: procure por animações, jogos, simuladores, infográficos e vídeos. O material deve ser interessante para o aprendizado e contextualizado com a realidade dos alunos, tornando o assunto dinâmico, diferente, dando sentido ao conteúdo. Em uma turma na qual muitos alunos têm dificuldades com Física, por exemplo, o ideal é que os exercícios possuam animações demonstrando os lançamentos de foguetes, os vetores e os experimentos químicos acontecendo. Dessa forma, serão agregadas experiências pedagógicas diferentes das usuais. Outro diferencial importante é que o professor tenha um feedback do aprendizado por meio do próprio material. É possível avaliar por meio dele se os alunos estão usando a plataforma em casa? É possível acompanhar o desempenho deles com o decorrer das aulas? O ideal é que esses objetos digitais sejam contextualizados não só para os alunos, mas também para os professores.

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Brad Flickinger (1)


OS 3 SEGREDOS DE COMO CRIAR PROJETOS DE SUCESSO

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Chegamos à parte mais especial deste livro. Nós iremos contar os três segredos que fazem um projeto de tecnologia gerar grande sucesso para a escola. Nós descobrimos esses segredos ao longo de nossa carreira, implantando tecnologias em escolas e universidades públicas e privadas de todo o Brasil. Nossa ideia é que, ao final do capítulo, você esteja pronto para identificar o que precisa ser feito para transformar sua escola com um projeto que vai dar certo. Antes de chegar aos segredos, vamos ter em mente que a tecnologia pela tecnologia não resolve nada – e pode até atrapalhar. Preste atenção: o que separa um projeto de tecnologia educacional que funciona de um que não funciona são características aparentemente simples, mas que passam despercebidas por muitos.

UM PROJETO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL QUE FUNCIONA: 1. Faz toda a diferença para a escola – é completamente integrado ao projeto político pedagógico, planejado e focado na utilização da tecnologia para gerar ideias, conexões e aprendizado. A tecnologia não é um fim em si mesma, nem utilizada esporadicamente, de forma casual e para fazer firulas. Tecnologia pela tecnologia não resolve nada. Faça a você mesmo a seguinte pergunta: os recursos tecnológicos que você utiliza fazem com que os alunos aprendam mais ou melhor? 2. Melhora o aprendizado dos alunos, pois facilita atividades mais difíceis ou até mesmo impossíveis de se fazer sem as tecnologias. Um bom exemplo são os simuladores. Poderíamos colocar nossos alunos para pilotar um avião de verdade e assim aprender os princípios de aerodinâmica na prática? Claro que não, pois o custo seria altíssimo e o risco certamente faria os pais desistirem de nossa escola. Mas isso é totalmente viável se você utilizar um simulador de voo.

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Brad Flickinger (2)


Brad Flickinger (3)

3. Poupa tempo dos professores. Não se pode criar mais trabalho para os docentes. A tecnologia tem que facilitar a vida deles e assim os tornará mais engajados e motivados. 4. Traz visibilidade para a escola. Quando um projeto tem sucesso, os pais se sentem empolgados para falar sobre ele a seus amigos (que são, na maioria das vezes, pais de outras crianças) e familiares, trazendo visibilidade para a sua instituição. 5. Convencerá os pais sobre a importância do projeto devido à qualidade e às experiências pedagógicas que ele agrega ao aprendizado, aproximando-os da escola e do crescimento de seus filhos. Além disso, em muitos casos, o projeto acaba ganhando visibilidade na mídia – como competições e eventos que exploram robótica, olimpíadas de ciências, entre outros.

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UM PROJETO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL QUE NÃO FUNCIONA: 1. Não traz novos alunos para a instituição. 2. Não torna a instituição mais conhecida em sua região. 3. É empurrado com a barriga, sem planejamento. A tecnologia é usada esporadicamente, desperdiçando o tempo de aula para descobrir como usá-la em vez de ganhar tempo usando-a para aprender mais. 4. Gera reclamações dos pais e professores, causando estresse para os gestores que precisarão amenizar a situação que poderia nem ter existido. 5. Não vai parecer importante para os pais, que irão questionar por que devem investir em algo que não agrega experiências pedagógicas interessantes aos seus filhos. Com essas considerações feitas, podemos então revelar os três segredos que aprendemos ao longo de nossa carreira em centenas de projetos.

SEGREDO 1: DIVIRTA-SE! Este segredo é muito simples. Tão simples e tão básico que as pessoas não dão a ele sua devida importância. O primeiro segredo é: divirta-se! Todo mundo fala em trazer o lúdico para a educação. É claro que é bom ser lúdico! Permitir que os alunos aprendam brincando é o sonho de todo educador. Mas ser lúdico vai além disso. Implica que não só o professor e o aluno se divirtam. É preciso que você, Diretor, Coordenador, se divirtam com o processo. É preciso se deixar levar pela brincadeira. Só assim você vai permitir que os professores e alunos se divirtam de verdade. Parece bobagem, mas é sério! Ou melhor, não é sério. Para dar certo, invista em um clima de descontração. Transforme o novo projeto de tecnologia em algo divertido para todos – o aprendizado flui muitíssimo melhor assim. Use e abuse de jogos, brincadeiras, paródias, deixe os alunos se divertirem com os conteúdos que gostam. A diversão frequentemente traz com ela a irreverência. O que pode ser confundido com desrespeito. E é aí que os gestores escolares se fecham, possivelmente por medo da perda da autoridade, e terminam inibindo a diversão dos demais. Você já tentou dançar com alguém carrancudo o encarando? Nada inibe mais a leveza que tanto se deseja na educação do que a seriedade exacerbada de quem está tomando conta, seja ele professor, Coordenador ou Diretor.

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Com frequência, os gestores nos respondem a esta sugestão dizendo que antigamente as escolas não eram divertidas, e nós perguntamos então se eles gostariam de trabalhar naquela escola do passado. Até hoje nunca ouvimos um sim. A grande questão é que a diversão é aliada e não inimiga do aprendizado. Para saber mais sobre o assunto, recomendamos o livro A Theory of Fun (KOSTER, 2004). Muitos alunos têm dificuldades com matérias consideradas difíceis, como Matemática, e acabam criando uma barreira no aprendizado, tornando-o ainda mais difícil. Desconstrua essa barreira com estratégias que envolvam divertimento. Uma maneira interessante de fazer isso é estimular desafios. O professor pode tornar as aulas divertidas fazendo, por exemplo, uma semana de descobertas em que o próprio aluno irá pesquisar vídeos, links e matérias na web sobre o conteúdo que será estudado. Quem descobrir o material mais interessante, vence o desafio. Assim, ele será engajado a aprender com a tecnologia e ela ajudará na busca pelo conhecimento. Cada tecnologia, quando surge, traz consigo certa magia. Encare o deslumbramento como um aliado, utilize-o. O que você quer são alunos motivados e com suas competências desenvolvidas, não é mesmo? Nós garantimos que eles atingirão esse objetivo mais facilmente em um ambiente acolhedor do que em um ambiente opressor. Isso parece um grande clichê, mas repito: na prática, poucos projetos são assim.

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Brad Flickinger (4)


SEGREDO 2: RAPIDEZ Em segundo lugar, seja rápido. Com isso quero dizer para você promover uma tecnologia de aprendizado rápido. A nova geração de alunos já nasceu digitalmente inclusa, e é preciso acompanhá-la. O filósofo e pedagogo John Dewey já dizia: “Você não pode ensinar hoje da mesma forma que ensinou ontem se seu objetivo é preparar os alunos para o amanhã.” Há uma alta dose de impaciência nos alunos de hoje, uma necessidade de fazer tudo rapidamente. Pergunte a eles o que acham das aulas, e boa parte responderá que as aulas são chatas. E boa parte disso se deve a um simples motivo: as aulas não seguem o ritmo dos alunos. Agora pergunte aos professores: o que deixa sua aula lenta? Aposto que as respostas incluirão: • os alunos não prestam atenção; • nós (professores) temos que verificar o tempo todo quem está acompanhando; • é preciso ajustar nosso ritmo pelos alunos mais lentos.

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NASA Goddard Space Flight Center (1)


O resultado é uma aula enfadonha, pois o professor deve ditar um ritmo que todos precisam seguir de maneira uniforme. Quando o foco da educação sai do professor (o ensino) para o aluno (a aprendizagem), podemos mudar isso. Várias tendências pedagógicas atuais passam por isso: aprendizado baseado em projetos ou em problemas (problem based learning), aprendizado em pares (pair learning) e... tecnologia, tecnologia, tecnologia. Vários fatores fazem a tecnologia trazer maior velocidade ao aprendizado. Mas o principal é que ela faz o aluno aprender de forma personalizada. Quando entende determinado assunto, já pode passar para outro, e assim evolui mantendo um alto grau de motivação. Os alunos já estão acostumados a fazer isso quando vasculham a internet em busca de qualquer assunto que lhes interesse. É nesse mundo que eles vivem. Por isso, é importante encontrar uma tecnologia educacional que faça alunos e professores sentirem-se “em casa”. Ela deve ser leve para usar, fácil de manejar – para que não se perca tempo apenas ensinando os estudantes a utilizá-la. Não esqueça que a intenção principal do projeto de tecnologia educacional é usar a tecnologia para aprender, e não aprender a usar a tecnologia. Em primeiro lugar, é preciso conhecer o sistema de gestão do aprendizado (LMS ou ambientes virtuais de aprendizagem, como também são chamados). O sistema escolhido é complicado, cheio de formulários imensos para o aluno se cadastrar antes mesmo de usar? E o professor? Precisa aprender muitas coisas para dominar o ambiente? Se a resposta for sim, talvez esse não seja o ambiente ideal. Você precisa encontrar uma ferramenta que alunos e professores comecem a usar imediatamente, sem muitas barreiras. Nesse contexto, é indicado que a plataforma de tecnologia educacional escolhida tenha o funcionamento parecido com o que as pessoas já usam para se comunicar e se divertir. Ora, tanto os professores como os alunos sabem assistir a um vídeo no YouTube. Sabem postar uma foto no Facebook. A ideia de “sentir-se em casa” é exatamente sobre isso, sobre colocar os alunos em contato com tecnologias que se assemelhem àquelas com as quais eles já são familiarizados para que se sintam bem usando-as.

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Um exemplo de como uma plataforma sem barreiras e imediata ajuda a engajar os alunos foi uma pesquisa que fizemos sobre a educação musical. O interesse dos alunos em aprender flauta doce antes de estudarem música era de 49%. Isso já era esperado – raramente alguma criança sonha em tocar flauta. Se o instrumento em questão fosse uma guitarra, uma bateria, certamente haveria muito mais pessoas interessadas, afinal, quem de nós nunca sonhou em ser um astro do rock? Mas a flauta tem um importante papel pedagógico, e isso é uma questão importante. Agora, imagine que o professor entra para iniciar o ano letivo já com metade da turma desmotivada. Isso é péssimo, e infelizmente é uma realidade nas salas de aula. Para minar o desinteresse, as aulas de flauta foram trabalhadas usando um jogo educativo que é muito parecido com vídeo games como o Guitar Hero e o Rock Band, que as crianças já conhecem e apreciam. Isso fez com que elas mergulhassem na atmosfera do game de flauta sem muita dificuldade. No final do ano letivo, 87% dos alunos queriam continuar aprendendo a tocar flauta! Ou seja, no próximo ano, esse mesmo professor vai começar com praticamente todos os estudantes motivados!

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Outra forma de tornar o aprendizado mais rápido é destrinchando-o em várias etapas, como um passo a passo. Por exemplo, a construção de um canteiro de obras para os robôs do projeto de robótica. Ela contará com diversas peças, como as pás carregadeiras, gruas, tratores. Em vez de usar todas as peças ao mesmo tempo para realizar logo o projeto, o ideal é que o professor adote uma dinâmica em que apenas uma etapa seja realizada por aula: na primeira semana, fazer o trator. Na segunda, a pá carregadeira. Dessa forma os resultados virão mais rápido, semanalmente, e o aluno verá suas conquistas ao final de cada aula. O importante é que a evolução aconteça aula após aula – conquistas mais frequentes e rápidas são melhores do que desafios gigantes que só ofereçam resultado no final do ano. É óbvio? Sim, é. E por que isso raramente é feito? Possivelmente para facilitar o planejamento, pois quanto mais subdividido em pequenas conquistas, mais detalhado deve ser o planejamento. Tenha isso em mente. Se o planejamento está prejudicando o envolvimento do aluno, reveja-o. Projetos bem sucedidos são os que colocam o aluno em primeiro lugar. Senão, é como criar um restaurante onde a facilidade de cozinhar o prato seja mais importante do que o seu sabor. Ganhe velocidade. Divida o projeto em microetapas. Em projetos digitais isso geralmente acontece, verifique esse aspecto ao escolher sua tecnologia. Isso é bom para o aluno e para a escola, que consegue resultados mais rapidamente – o que nos leva ao terceiro segredo.

SEGREDO 3: MOSTRAR RESULTADOS Quando você faz um projeto, não importa qual seja, precisa ter resultados visíveis. No caso das tecnologias educacionais, você tem que mostrar o benefício da tecnologia. O que envolve o resultado? Em uma disciplina normal é mais fácil para os pais visualizarem os resultados – basta saber como está o conhecimento do aluno nas provas, como anda sua leitura, sua escrita, suas operações matemáticas. Mas e com a tecnologia, como saber se ela realmente contribuiu para o aprendizado da criança? Ora, você tem que divulgar o que os alunos fazem! Um bom exemplo já ocorre na disciplina de Arte, em que os alunos fazem muitos desenhos, colagens e pinturas durante as aulas. O colégio guarda tudo e entrega, no fim do ano, um livrinho ou pasta com tudo o que a criança fez, mostrando toda a sua evolução ao longo do ano. Você provavelmente faz a mesma coisa na sua escola.

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Esse simples gesto é o maior vínculo do pai com a escola. É algo concreto, em que os pais acompanham a evolução de sua criança. E isso é lindo. É marketing, puro, na melhor acepção da palavra. É simplesmente a escola mostrando para as famílias o valor que ela tem. Com a tecnologia você deve fazer o mesmo. Divulgue a produção dos alunos, busque projetos que levem os alunos a criarem cada vez mais. Promova eventos com os resultados desses projetos, como feiras de conhecimentos, gincanas e até competições. Busque uma dinâmica para que eles sempre produzam coisas interessantes. E então crie uma estratégia de divulgação.

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Outra dica de como promover os projetos e atrair atenção dos pais e da mídia é observar o cenário da sociedade. Qual o grande problema que estamos enfrentando atualmente? Seca, muitos acidentes no trânsito, alto índice de mortes com armas de fogo? Depois dessa análise, crie dinâmicas em que os alunos possam dialogar e contribuir para a solução desse problema. Uma vez criada, essa dinâmica deve ser levada para fora da escola, de forma que os alunos colaborem com aquela situação. Por exemplo, se a sociedade enfrenta uma grande crise hídrica, pense em maneiras de como as crianças podem se conscientizar e conscientizar os adultos ao seu redor sobre isso. Criar um portal com dicas sobre o assunto, jogos ou realizar vídeos mostrando como a nova geração pode contribuir para a solução dos problemas da sociedade são formas de usar a tecnologia para contribuir com esses projetos. Divulgue-os nas redes sociais da escola, “venda” a ideia para a imprensa. Seja qual for seu projeto, suas ferramentas devem facilitar isso. Se os alunos montaram um robô superlegal, filme isso e compartilhe com os pais. Faça um evento anual de robótica em que os alunos mostrem seus

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melhores projetos. Convide as famílias, a imprensa e a comunidade para assistirem. Eles vão gostar! Se for um projeto de música, faça um DVD com as canções criadas pelos alunos e distribua para os pais. Use os eventos da escola (Carnaval, festa junina, Natal) para que as crianças possam se apresentar cantando, tocando e dançando. Isso mostra o resultado do projeto e aproxima as famílias da escola. Outra dica é oferecer dados e estatísticas sobre a utilização da tecnologia e o aprendizado dos alunos. Os pais gostam muito de saber se aquela tecnologia está sendo usada ou não, afinal eles estão investindo nela. Se você conseguir medir e informar o nível de aprendizado dos filhos deles, será perfeito. Os alunos do ensino médio também adoram estatísticas sobre seu próprio aprendizado. Nós fizemos um projeto – o Saiba + ENEM – que consiste em um jogo no Facebook com mais de 130 mil participantes. À medida que os alunos jogam, o aplicativo lhes fornece informações sobre como está seu aprendizado, mostra conteúdos complementares e atualiza o ranking em que cada aluno pode se comparar, em cada uma das áreas do ENEM, com seus amigos, com estudantes de sua região e alunos do Brasil todo. É uma experiência muito legal interagir com esses jovens, ávidos por informação.

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O PASSO A PASSO DA IMPLANTAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS

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Agora que apresentamos os três segredos, você deve estar pensando em como fazer tudo isso na sua escola. Para contribuir ainda mais com esse processo, vamos à parte final do livro: o passo a passo de como usar esses segredos.

PASSO 1: ENTENDA E ABRACE UMA TECNOLOGIA Existem muitas opções de tecnologias no mercado da educação. Robótica, música, plataformas adaptativas, livros digitais. Você não deve tentar tudo de uma só vez. Primeiro, estude todas as alternativas e escolha a que achar melhor para investir primeiro. Ou seja, observe bem tudo o que o mercado oferece, estude, analise, converse com seus Coordenadores e outros Diretores. Dessa forma, você encontrará a tecnologia ideal para a sua escola, que realmente se encaixe na proposta da escola. Uma boa ideia é conversar com a empresa que oferece a tecnologia. Veja se eles respondem seus questionamentos. Peça mais informações sobre o que o site deles oferece. Pergunte se podem indicar outros Diretores para você conversar e conferir a experiência deles.

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Outra forma de escolher a tecnologia ideal para a dinâmica de sua escola é observar todas aquelas variáveis que citamos antes de escolher. O motivo é simples: cada tecnologia irá exigir um nível de infraestrutura, de capacitação dos professores e oferecerá certas oportunidades de divulgação. Essas variáveis devem ser ponderadas na hora de escolher qual o melhor material. Se a tecnologia em questão não se adequar às dinâmicas da escola, ela certamente não será a ideal. O perfil da escola em si pesa bastante nessa escolha: uma tecnologia que demande alto uso da internet só poderá ser escolhida por uma instituição que seja capaz de suportar vários computadores ou tablets consumindo internet ao mesmo tempo, por exemplo.

PASSO 2: PESQUISE E ESCOLHA AS MELHORES FERRAMENTAS Em segundo lugar, pesquise com afinco quais ferramentas são mais apropriadas para a sua proposta pedagógica. Nós baseamos nossas soluções educacionais no uso intensivo de jogos, simuladores, animações e ambientes interativos, tudo para tornar o aprendizado mais divertido. Existem milhares de alternativas para cada tipo de tecnologia. Algumas gratuitas, outras custam mais de 100 mil reais. Não veja apenas o preço, compare detalhadamente o que cada uma oferece e observe, com cuidado, se a plataforma vai além da parte tecnológica (que é o software) e possui um bom conteúdo pedagógico. Preste atenção também se a tecnologia dispõe de explicações sobre como utilizar aquela ferramenta de forma didática, se vem com instruções fáceis. Isso é muito raro nos aplicativos e é uma das melhores formas de sua escola saber que vai se destacar das outras. Por fim, verifique se existe um bom material, tanto para o aluno quanto para o professor. Além dessas recomendações, você também pode usar a ficha de avaliação de tecnologia educacional que segue abaixo para avaliar cada projeto em suas diversas dimensões. Pense com calma antes de responder cada critério, converse com seus pares, pais e alunos. Depois de finalizar a ficha, é possível fazer um somatório de quantos pontos aquela tecnologia tem para colaborar com o sucesso de sua escola. Repita o processo de avaliação com as outras tecnologias que você identificou como interessantes. Indicamos que essa análise inclua pelo menos duas e não mais que três ou quatro tecnologias, sob pena de o processo se tornar por demais complexo.

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Quando estiver com todas as fichas finalizadas, utilize a matriz de comparação de tecnologias educacionais, apresentada a seguir, para decidir qual será indicada. Basta colocar os nomes das tecnologias na primeira linha e então lançar as notas de cada critério das fichas individuais de avaliação. Em alguns casos, a nota total das tecnologias já será um bom indicador de qual deve ser escolhida, mas em outros casos você irá se deparar com “empates”. O importante nesse momento é você observar os critérios que julgar mais importantes para sua escola e observar, entre as tecnologias avaliadas, qual melhor se encaixa em seu contexto. Outra abordagem é calcular um score ponderado para cada tecnologia, atribuindo pesos diferentes a cada critério. Pense um pouco, mas não deixe que um empate o imobilize. Você precisa decidir e o pior é ficar procrastinando.

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Ficha de avaliação de tecnologia educacional Escola:

Avaliador:

Nome do projeto ou tecnologia avaliada: CRITÉRIO

NOTA

1. Infraestrutura disponível na escola e a requerida pela solução 1: Minha escola possui a estrutura necessária para suportar essa tecnologia. 0: Minha escola pode possuir a estrutura necessária depois de alguns ajustes. -1: Minha escola pode possuir a estrutura necessária, mas os ajustes serão caros. -2: Minha escola não vai poder ter a estrutura necessária, pois os ajustes são muito caros.

2. Facilidade dos professores em usar esta tecnologia 1: Meus professores têm familiaridade suficiente com a tecnologia usada neste material. 0: Meus professores têm alguma familiaridade com tecnologia usada neste material. -1: Meus professores não têm familiaridade alguma com a tecnologia usada neste material.

3. Conteúdo e metodologia aderentes ao projeto pedagógico e perfil da escola 1: O conteúdo e a metodologia são adequados ao projeto e perfil da escola. 0: O conteúdo e a metodologia são pouco adequados ao perfil e à proposta da escola. -1: O conteúdo e a metodologia não são adequados ao perfil e à proposta da escola.

4. Os pais serão convencidos da importância dessa tecnologia? 1: Serão facilmente convencidos. 0: Serão convencidos depois de uma ou mais conversas. -1: Será difícil convencer os pais.

5. O custo da tecnologia cabe no orçamento da escola e dos pais? 1: O custo da tecnologia é muito acessível para a escola e os pais. 0: O custo da tecnologia é acessível para a escola e os pais. -1: O custo da tecnologia não é acessível para a escola e os pais.

6. Os alunos vão gostar de participar do projeto? 1: Os alunos da escola vão gostar muito do projeto. 0: Os alunos da escola vão gostar do projeto. -1: Os alunos não vão gostar do projeto.

Nota total da solução:

Comentários:

Para obter outras ferramentas e tecnologias educacionais visite www.escribo.com.br

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Reprodução desta ficha é permitida desde que contenha: (a) todos os dados exibidos na página; (b) citação aos autores (Americo Amorim e Giordano Cabral); e (c) citação a Escribo com link para www.escribo. com.br


Matriz de comparação de tecnologias educacionais Escola:

Avaliador:

TECNOLOGIAS Critério 1: Infraestrutura Critério 2: Fácil para professores Critério 3: Conteúdo adequado Critério 4: Apoio dos pais Critério 5: Custo do projeto Critério 6: Alunos interessados Nota total

Tecnologia indicada: Pontos positivos da solução:

Pontos que requerem atenção:

Segmento e turmas indicadas para iniciar a adoção: Reprodução desta ficha é permitida desde que contenha: (a) todos os dados exibidos na página; (b) citação aos autores (Americo Amorim e Giordano Cabral); e (c) citação a Escribo com link para www.escribo. com.br

Comentários sobre as demais tecnologias avaliadas:

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PASSO 3: CONTRATE PROFESSORES QUALIFICADOS (OU TREINE SEUS PROFESSORES) Nós sabemos que é difícil encontrar um profissional de qualidade e o quanto isso pode ser caro para a escola. Mas o material humano é fundamental. É preciso investir nele. A boa notícia é que, dependendo da tecnologia e ferramenta escolhida, é possível capacitar um ou mais professores já existentes no quadro da escola, o que é muito mais lucrativo: você valoriza seus funcionários enquanto economiza. Para isso, procure instituições qualificadas para fazer capacitações. As universidades são uma opção e as consultorias pedagógicas são outra. Também existem algumas empresas de tecnologia educacional com corpo técnico muito diferenciado. Vale salientar que essa qualificação deve ser acompanhada – é essencial pedir um feedback dos professores para saber se o investimento está valendo a pena. Quando o projeto de tecnologia educacional escolhido já contar com treinamento oferecido pelos próprios desenvolvedores da tecnologia, esse acompanhamento torna-se mais importante ainda. Outra sugestão é montar uma turma de capacitação dentro de sua própria escola, contratando uma empresa terceirizada que ofereça esse serviço, conhecido como curso in company. Essa opção agrega inúmeras vantagens, como uma maior percepção sobre o aprendizado dos professores, visto que o acompanhamento fica mais fácil de ser feito, além de favorecer a mobilidade dos professores, que não precisarão ser deslocados para outro lugar. O momento da capacitação também cria a atmosfera ideal para que os professores deem sugestões. Diga a eles que a escola está aberta a ouvi-los e apoiá-los nos cursos, e estará disposta a viabilizar o máximo de recursos possíveis dentro da realidade da escola. É importante lembrar que a tecnologia existe para resolver problemas da escola e do aprendizado, e não para causar novos problemas e dores de cabeça. Nós sempre fazemos nossos projetos de forma que não gerem trabalho extra, nem pra a gestão, nem para os professores. Caso sua opção seja contratar um professor mais ligado à área tecnológica, o indicado é procurar por ele justamente na web. Direcione sua busca por currículos em portais como LinkedIn, 99jobs e até mesmo através dos blogs dos próprios professores. Assim fica mais fácil encontrar profissionais que sejam apaixonados por tecnologia e educação.

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PASSO 4: CRIE MECANISMOS DE MONITORAMENTO DA ATIVIDADE Este é um passo sutil. Não basta montar o projeto, comprar equipamentos, treinar o professor. A missão do gestor também é acompanhar, afinal, você está investindo nisso. Vocês, Diretores, sabem disso melhor do que nós. Mas é muito comum as escolas simplesmente delegarem toda a responsabilidade do projeto para o professor. É o famoso “se vira”. Um tapinha nas costas e a frase “confio em você”. Infelizmente, esse é um fator que leva ao fracasso do projeto, que começa empolgante e vai minguando até morrer. Isso não acontece só com tecnologia – todo projeto precisa ser monitorado pela diretoria. Você sabe, uma obra na escola, de expansão, por exemplo, precisa de acompanhamento para que realmente vá para frente. Da mesma forma, a tecnologia educacional precisa ser acompanhada de perto, como qualquer outro projeto. Alguns Diretores dispõem de um gestor de projetos para acompanhar por ele. Se você não contar com essa figura na sua escola, o monitoramento pode ser feito de diversas formas. Algumas ferramentas emitem relatórios para a gestão, mas a boa e velha conversa com os professores tem que ser frequente, com reuniões de feedback quinzenais ou mensais. Para melhorar ainda mais o rendimento dessas reuniões, prefira tecnologias com indicadores de uso, que digam se a turma usou ou não o material, ou o quanto eles estão usando em

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casa e, se possível, se o rendimento dos alunos vem aumentando ou não. O ideal é uma tecnologia que tenha um canal de comunicação aberto com a escola (monitoramento, tira dúvidas, helpdesk). Assim, você poderá abordar os problemas dos professores já sabendo exatamente em que ponto tocar. Esses indicadores devem ser usados para gerenciar o projeto da melhor forma possível, atuando diretamente nos problemas de forma clara, direcionando melhor a conversa nas reuniões. O que importa é: você, na função de gestor, tem que acompanhar se o projeto está sendo cumprido e se estão surgindo dificuldades. Nos nossos projetos, nós disponibilizamos uma equipe de suporte para fazer um acompanhamento técnico ou pedagógico. Eles têm acesso a um banco de dados com o registro de toda a utilização do sistema, para poder agir rapidamente nos problemas que aparecerem. Essa equipe vai enxergar se os alunos realmente estão usando a tecnologia, se o desempenho está melhorando e quanto tempo está sendo gasto nas aulas com o estudo do nosso conteúdo. É uma informação que tanto serve para você aprimorar as aulas em sua escola, quanto para nós refinarmos nossas tecnologias. Vejam bem, um de nossos produtos, por exemplo, custou quase R$ 1 milhão de reais para ser feito. Nós não podemos permitir que ele não seja usado na escola em virtude de algum detalhe facilmente corrigível. Como é uma ferramenta on-line, qualquer erro que surja será corrigido pela nossa equipe e, logo em seguida, ela estará funcionando novamente, sem precisar de nenhuma instalação.

PASSO 5: ORGANIZE EVENTOS QUE MOSTREM OS RESULTADOS OBTIDOS Por fim, organize feiras, mostras, concursos, shows, espetáculos, gincanas. Qualquer evento que mostre o que os alunos estão aprendendo. O importante é expor para a comunidade o diferencial que aquela tecnologia agregou à sua escola. Nós procuramos pensar nisso em nossas soluções também. Com o Curso de Flauta, por exemplo, o professor ou os alunos podem pegar qualquer música na Internet e aprender a tocar, não precisam se restringir a nenhum repertório. Vocês, gestores, podem montar a apresentação que quiserem, e lembrem-se de que é um método em que os alunos aprendem a tocar muito rapidamente.

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No Turma do Som, um outro material nosso, a última aula prevista no ano é a de criação do CD da turma. A ferramenta exporta músicas no formato MP3 ou para gravação de CDs. A escola pode promover concursos para criar o seu hino ou gravar o CD de cada aluno e entregar para os pais. Há inúmeras formas de uso dessa tecnologia. Então, seja qual for seu projeto, pense nos eventos de forma estratégica para conseguir motivar o aluno, trazer os pais para perto da escola e divulgar o que é feito para os amigos dos pais e a sociedade em geral. Existem muitas formas de divulgar os eventos escolares. Apesar do esforço, essa promoção nem sempre rende a quantidade esperada de pessoas no dia do evento. Muitos esquecem ou “passam batido” pelos anúncios. O problema é que, em muitos casos, a divulgação massiva deixa passar alguns princípios básicos do marketing. As dicas abaixo são do especialista Simon Hepburn (2014) e devem ajudar você a construir uma divulgação mais personalizada e menos negligente, atraindo o maior número possível de convidados para seu evento escolar.

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RoboCup2013


1. REVEJA A MENSAGEM QUE VOCÊ QUER PASSAR Lembre-se da visão e dos valores que marcam a instituição. O que você está dizendo sobre a sua escola para torná-la diferente das outras? Você pode articular de forma clara por que alguém deve mandar suas crianças para sua escola e não para qualquer outra? O especialista em marketing Mike Leembruggen (2014) afirma que os dois principais erros dos gestores escolares ao passar a mensagem da escola em propagandas e divulgações de eventos é não definir os pontos fortes da marca, ou seja, não escolhem palavras-chave para a mensagem, ou tentam falar sobre tudo numa só mensagem. Os dois erros estão relacionados, pois não ter pontos-chave certos definindo as qualidades da escola faz com que os gestores tentem falar de todas elas de uma vez, ao mesmo tempo, sem elencar importâncias ou encadear os diferenciais. Nas propagandas, as escolas tendem a dizer os mesmos jargões: que cuidam de seus alunos, educam para o futuro, unem tradição à modernidade, entre outros. Essas ideias fazem sentido quando o Diretor está conversando com pais de futuros alunos em uma visita de prospecção na instituição de ensino, ou quando são ditas pelos pais em uma conversa informal sobre escolas entre famílias, mas tais conceitos não podem ser considerados o diferencial em uma campanha de marketing digital. É preciso desenvolver campanhas baseadas em algo realmente único, diferente, de preferência que apenas a sua escola tenha alcançado. Seus alunos conseguiram ir para a segunda fase de um campeonato regional de robótica? Ótimo exemplo de algo que pode ser usado a favor da escola nas propagandas e divulgações de eventos. O importante é ser algo que chame a atenção, um feito que a instituição atingiu ou uma conquista em que tenha se destacado e pela qualtenha recebido reconhecimento externo da mídia e de outras instituições. Já para evitar o segundo problema, que seria falar tudo de uma vez na divulgação do evento, o ideal seria lançar uma campanha de cada vez, dizendo uma coisa em cada uma. Isso gera mais resultado do que impulsionar uma campanha muito grande com todos os pontos fortes ao mesmo tempo.

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2. PENSE EM COMO O EVENTO ESTÁ COMUNICANDO ESSA MENSAGEM Agora é a hora de atrelar essa mensagem ao evento. É importante planejá-lo para que o que for apresentado no dia seja fiel à propaganda de divulgação. No evento, os convidados terão a chance de conhecer os estudantes felizes e satisfeitos, professores e pais que você menciona naquele anúncio? Haverá a chance de eles verem como aquelas atividades extracurriculares (música, teatro, dança ou esportes) são realmente valorizadas? Ou ainda a chance de conhecer ex-alunos que agora são universitários ou jovens profissionais bem sucedidos? Seja lá o que seu anúncio prometeu, cumpra. Faça questão de se mostrar acessível a esses pais para que eles façam perguntas e oriente seus funcionários a fazerem o mesmo. Lembre-se de que se você não pode oferecer o que a propaganda diz, é preciso rever o que você realmente tem para expor em sua escola.

3. TORNE O EVENTO ATRATIVO EM SEUS ANÚNCIOS Não adianta planejar um superevento e gastar com propagandas suntuosas se elas só dizem quando e onde tal evento vai começar. É importante explicar na mensagem o que acontecerá. Crie expectativa, estimule a curiosidade, use imagens que chamem a atenção e transmitam a mensagem.

4. COMUNIQUE SUA MENSAGEM ABRANGÊNCIA E INOVAÇÃO.

COM

CLAREZA,

Reflita sobre quem é seu público-alvo e pense em meios de chegar até eles. Qual é o perfil dos pais que você quer atingir? Conhecê-los é essencial. É interessante saber os lugares que eles frequentam e divulgar o evento colocando pôsteres e cartazes nesses locais, ou ainda veiculando propagandas nas rádios que eles ouvem. Explore as redes sociais e tenha certeza de que seu site e newsletter irão passar a mesma mensagem que a da propaganda, criando uma identificação. Acima de tudo, avalie onde e como a mensagem foi mais bem direcionada para que, no ano seguinte, seja possível melhorar a divulgação nos futuros eventos.

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5. DÊ AOS PAIS A CHANCE DE DESCOBRIR TUDO SOBRE O EVENTO Dedique (e destaque) um espaço em seu site falando sobre o que acontecerá naquele dia em especial. Deixe disponível ali um contato caso eles tenham alguma dúvida. Incentive que eles se cadastrem na lista de e-mail (newsletter) e mande informações aos poucos sobre o evento e o projeto, à medida que a data for se aproximando, para deixála sempre na memória dos pais e mães.

6. PROPONHA ALTERNATIVAS Pais e mães são naturalmente ocupados e muitos podem não conseguir comparecer no dia específico do evento. Se for, por exemplo, um evento para prospectar novos alunos, a alternativa é oferecer um tour exclusivo na escola em algum dia possível para eles conhecerem o projeto.

7. NÃO SE ESQUEÇA DE LEMBRAR! É comum para muitos pais e mães prometerem ir ao evento, mas perderem a data ou esquecerem a hora. Um e-mail ou ligação alguns dias antes é uma forma excelente de prevenir que isso aconteça – e ainda estreita os laços com eles para o futuro, ao demonstrar que a escola se importa. Também não se esqueça de divulgar o evento no Facebook, Twitter e Instagram (pais adoram curtir fotos de seus filhos). Mídias sociais são muito importantes, principalmente hoje em dia, pois as pessoas nascidas na geração Y já são pais e mães completamente inseridos nos meios digitais. Esses pais e mães usam internet para, entre outras coisas, falar – e muito – sobre seus filhos, contar sobre seu dia a dia, suas experiências. Muitas mães, aliás, trocam experiências entre si, contando qual o melhor lugar para levar filhos nas férias, os restaurantes que oferecem boas opções de cardápios para crianças e, certamente, as melhores escolas e creches. Um grupo no WhatsApp entre pais e funcionários da escola, com mensagens regulares falando sobre o evento também é uma boa alternativa de usar as redes sociais a favor da divulgação. Outra forma de manter a marca da instituição na lembrança para o futuro é oferecendo brindes, como canetas ou agendas durante o próprio evento.

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CONCLUSテグ

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Bem, estamos chegando ao final deste texto. Antes de terminarmos, gostaríamos de ressaltar um aspecto essencial que observamos ao longo de nossa trajetória. Passamos os últimos quinze anos desenvolvendo e implementando projetos inovadores em todos os tipos de escolas e universidades públicas e privadas e, ao longo do tempo, identificamos dois fatores que sempre estavam presentes em projetos de sucesso com tecnologia: persistência e liderança. A persistência é boa em diversas facetas de nossa vida, e é primordial quando se tenta inovar, seja implantando uma nova prática pedagógica ou uma tecnologia educacional. Seja qual for o projeto, no início sempre ocorrerão problemas, pois não é possível prever e gerenciar todas as variáveis. O gestor deve ter a capacidade de processar o que está acontecendo, por meio do monitoramento constante do projeto, e imprimir a sua liderança para garantir que as medidas corretivas serão colocadas em prática. Bons projetos pedagógicos podem levar anos até se consolidarem, e por isso a liderança e o carisma do Diretor são essenciais para manter elevado o moral dos professores, Coordenadores e alunos. Turbulências sempre vão ocorrer: um professor que se deu bem no projeto pode ser “roubado” pela concorrência; um antigo professor, dos bons, que não conseguiu se adaptar à mudança pode abandonar a escola; alguns pais podem não compreender o projeto no início. Cabe ao líder da escola inspirar sua equipe e conduzir a mudança. Se tiver dúvidas ou estiver inseguro, converse com outros Diretores, Coordenadores e com os empreendedores que fazem as tecnologias educacionais. Nós temos muito a ganhar se trocarmos nossas experiências, medos e vivências. É nesse espírito que finalizamos este texto, esperando que as nossas ideias sejam úteis. Desejamos que você coloque em prática algumas de nossas sugestões em sua escola. Pedimos que você nos envie seus comentários, dúvidas, aspirações e experiências. Teremos o maior prazer em receber e responder uma mensagem sua. Forte abraço, Americo Amorim – americo@escribo.com.br Giordano Cabral – giordano@escribo.com.br

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EXTRA: COMO A ESCOLA PODE SE COMUNICAR MELHOR COM OS PAIS USANDO TECNOLOGIA? Como já dissemos, os pais precisam entender a importância do projeto de tecnologia educacional, pois eles também estão investindo naquilo. Antes de apresentar a ideia do projeto para os pais, é necessário que exista uma relação fortalecida entre eles e a escola, de forma que eles confiem o suficiente nas suas propostas e palavras. Com pais satisfeitos, as matrículas renovadas são uma certeza, os Coordenadores e professores sentem-se mais à vontade para realizar seu trabalho e, consequentemente, os alunos ficam mais instigados a aprender. E não é segredo que a forma mais prática de estimular uma boa relação com os pais é por meio da comunicação. Como nem sempre os pais têm tempo de se comunicar com os professores e Coordenadores pessoalmente, por que não usar a internet para estreitar esses laços? Graças à tecnologia, é possível construir uma relação com as famílias, conectando-as com a realidade da escola e consumindo menos tempo de ambas as partes, além de ser mais conveniente para muitos. Confira algumas dicas:

1. GRUPOS NO WHATSAPP Muitos pais já têm grupos com pais de outros alunos para socializarem as experiências dos filhos na escola, falarem sobre trabalhos, eventos e programas de caronas. Por que não agregar professores a essa rede? Um grupo com professores e Coordenadores no WhatsApp pode aproximar os pais da realidade escolar, ao passo que aproximará os educadores da realidade do aluno em casa. Além disso, tornará mais fácil a comunicação na hora de tirar alguma dúvida sobre o que foi passado na agenda, sobre o material que deve ser levado, sobre a hora dos eventos. Um detalhe importante é que os grupos não devem ser muito grandes para não gerarem spam. Nossa sugestão é um grupo por turma.

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2. NEWSLETTER Uma máxima no mundo do marketing é que “o segredo” está na lista de e-mail, também conhecida como newsletter. Por meio de plataformas como o MailChimp ou UOL Host, é possível criar um e-mail personalizado que pode ser mandado periodicamente com novidades sobre a escola, informações internas sobre matrícula, eventos ou informações sobre notas e boletins, além de mensagens especiais em datas como Dia das Mães, Dia dos Pais, Páscoa e Natal.

3. ATUALIZE AS REDES SOCIAIS, COMO INSTAGRAM, TWITTER, FACEBOOK E LINKEDIN Mídias sociais são muito importantes – hoje em dia, pessoas nascidas na geração Y já são pais e mães completamente inseridos nos meios digitais. Esses pais e mães usam internet para, entre outras coisas, falar – e muito – sobre seus filhos, contar sobre seu dia a dia, suas experiências. Muitas mães, aliás, trocam essas experiências entre si, contando qual o melhor lugar para levar filhos nas férias, os restaurantes que oferecem boas opções de cardápios para crianças e, certamente, as melhores escolas e creches. Logo, empresas e instituições com boas páginas na internet causam boa impressão nesses pais.

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4. SITE DA ESCOLA SEMPRE ATUALIZADO, COM REALIZAÇÕES DOS ALUNOS Sua escola pode ter uma proposta pedagógica interessante, promover bons projetos, ter compromisso com o meio ambiente, levar os alunos a pensar diferente. Mas de que adiantam tantas qualidades se, ao procurar pelo nome da instituição no Google, os pais acharão uma página vazia, cinza, com poucas informações? É preciso que o site mostre o que aquela escola tem de bom, mas acima de tudo o que ela tem de diferente das outras – colagens com matérias da escola que saíram na mídia, fotos das competições e eventos de que os alunos participaram, atividades extracurriculares, portfólios sobre os projetos, além de uma área dedicada para contato, onde os pais possam receber a newsletter por e-mail. É interessante também frisar no topo do site a missão, metas e valores da escola.

5. ENVIAR POR E-MAIL LISTA DE SITES ONDE OS PAIS PODEM AJUDAR SEUS FILHOS COM AS TAREFAS Peça para que seus professores recomendem sites onde os alunos possam pesquisar sobre conteúdos, acessar bancos de questões, tirar dúvidas e aprender mais. Com esses sites na mão, repasse para os pais inscritos na newsletter e divulgue no Facebook da escola que é possível obter essa lista ao se inscrever no site da escola, agregando mais pais para a sua rede de contatos por e-mail. (RAO, 2014)

6. ENVIAR FORMULÁRIOS DE SATISFAÇÃO PERIODICAMENTE O feedback dos pais é essencial para que a escola reconheça em que pode melhorar e entenda mais claramente o que os pais esperam dela. Com formulários em plataformas como o Google Forms, você pode medir a satisfação dos pais e identificar áreas em crise com perguntas sobre diversos aspectos, como estrutura, professores, didática. Os pais gostarão de saber que a opinião deles importa! (RAO, 2014).

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BIBLIOGRAFIA

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IMAGENS ACE Foundation https://flic.kr/p/9yMr5u - “Flute Day 022” por ACE Foundation. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 Amanda Golden https://flic.kr/p/nzrvNp - “kid using ipad 1” por Amanda Golden. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 Brad Flickinger (01) https://flic.kr/p/b9wcMV - “student_ipad_school - 025” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (02) https://flic.kr/p/b9wsEp - “student_ipad_school - 096” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (03) https://flic.kr/p/b9wz12 - “student_ipad_school - 123” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (04) https://flic.kr/p/b9wejM - “student_ipad_school - 033” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (05) https://flic.kr/p/b9wKde - “student_ipad_school - 175” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (06) https://flic.kr/p/9CNkJD - “student_ipad_school - 004” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (07) https://flic.kr/p/b9wCVn - “student_ipad_school - 143” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (08) https://flic.kr/p/b9w8Yz - “student_ipad_school - 007” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (09) https://flic.kr/p/kcHAzM - “student_ipad_school - 233” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (10) https://flic.kr/p/b9wuba - “student_ipad_school - 103” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (11) https://flic.kr/p/b9wAtF - “student_ipad_school - 131” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (12) https://flic.kr/p/b9wevk - “student_ipad_school - 034” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (13) https://flic.kr/p/b9wCJD - “student_ipad_school - 142” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0


(14) https://flic.kr/p/b9wGuk - “student_ipad_school - 162” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (15) https://flic.kr/p/b9wfxp - “student_ipad_school - 038” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (16) https://flic.kr/p/b9whH2 - “student_ipad_school - 049” por Brad Flickinger. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 NASA (01) https://flic.kr/p/a5xj7d - “NASA Visualization Explorer Now Available For All iOS Devices” por NASA Goddard Space Flight Center. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 (02) https://flic.kr/p/kW9YmR - “NASA Visualization Explorer Now Available For All iOS Devices” por NASA Goddard Space Flight Center. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 RoboCup2013 https://flic.kr/p/eL92hY - “RoboCup Piazza demo” por RoboCup2013. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 Sarina Brady https://flic.kr/p/bVACx8 - “teacher’s conference 2011” por Sarina Brady. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 Tia Henriksen https://flic.kr/p/bjDLKe - “Jan 27 12 ipad Carson 27/366” por Tia Henriksen. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0 woodleywonderworks https://flic.kr/p/bVACx8 - “Insect Convention [Classroom Pano]” por woodleywonderworks. Publicado sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0

ABERTURAS DE CAPÍTULO (a) Esta capa é uma derivação de “Amazing Office” por Chris Meller (https://flic.kr/p/3aVBS2), publicada sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0. Publicada sob licença CC BY por Escribo. (b) Esta capa é uma derivação de “Bootcamp Business Model Canvas the Game, June 5-7 2013 in Amsterdam.” por Sebastiaan ter Burg (https:// flic.kr/p/eEFMT3), publicada sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0. Publicada sob licença CC BY por Escribo.


(c) Esta capa é uma derivação de “Bootcamp Business Model Canvas the Game, June 5-7 2013 in Amsterdam.” por Sebastiaan ter Burg (https:// flic.kr/p/eEzFXV), publicada sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0. Publicada sob licença CC BY por Escribo. (d) Esta capa é uma derivação de “Office” por Dan Previte (https://flic. kr/p/tKEZ7), publicada sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0. Publicada sob licença CC BY por Escribo. (e) Esta capa é uma derivação de “Window Office” por Ben Husmann (https://flic.kr/p/d4SGb), publicada sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0. Publicada sob licença CC BY por Escribo. (f) Esta capa é uma derivação de “The Classroom 01” por Missoula Public Library (https://flic.kr/p/HM1dw), publicada sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0. Publicada sob licença CC BY por Escribo. (g) Esta capa é uma derivação de “classroom” por Lauren Manning (https://flic.kr/p/4wVccL), publicada sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0. Publicada sob licença CC BY por Escribo. (h) Esta capa é uma derivação de “Fake office” por Loozrboy (https://flic. kr/p/9XrMBB), publicada sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0. Publicada sob licença CC BY por Escribo. (i) Esta capa é uma derivação de “7dc_c185226-empty-offices-forlorn” por Wolfgang Lonien (https://flic.kr/p/dCjsRP), publicada sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0. Publicada sob licença CC BY por Escribo. (j) Esta capa é uma derivação de “New office, lounge area” por Jyri Engestrom (https://flic.kr/p/2vWyUV), publicada sob licença Creative Commons Atribuição CC BY 2.0. Publicada sob licença CC BY por Escribo.



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