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& TERESA ROZA D’OLIVEIRA
com participação especial de | with the special participation of SAMUEL MUANKONGUE
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A exposição “ Mãos de Escultura e uma visionária na ilha (de Moçambique)”, patente entre 14 de março e 5 de maio de 2023 na Perve Galeria e Casa da Liberdade - Mário Cesariny, em Alfama, coloca em diálogo a obra de Teresa Roza d’Oliveira (1945-2019) e Reinata Sadimba (n. 1945), duas importantes mestres moçambicanas. Com curadoria de Carlos Cabral Nunes, e participação especial do escultor Samuel Muankongue (n. 1974, Moçambique), a exposição assume-se como um momento fundamental para a compreensão da arte moderna e contemporânea da lusofonia.
Teresa Roza d’Oliveira, artista lusodescendente que viria a falecer em Portugal em 2019, nasceu na ilha de Moçambique em 1945. Foi casada com o poeta Lourenço de Carvalho, pai dos seus dois filhos, de quem se separou no final da década de 1970. Importante ativista pela independência do seu país e pelo fim da ditadura, fez parte de uma geração de artistas moçambicanos onde pontuavam Alberto Chissano, Malangatana Ngwenya, Ernesto Shikhani e, mais tarde, Reinata Sadimba. Instalada em Portugal desde 1977, regressou a Moçambique em 1990, onde permaneceu durante cerca de um ano. De regresso a Portugal, viveu até 2019 na companhia da sua companheira Maria Emília Moraes.
O seu espólio foi integrado na Perve Galeria em janeiro de 2022, e em novembro desse mesmo ano a sua obra esteve em destaque no leilão dedicado à arte moderna e contemporânea africana promovido pela Piasa, uma das mais conceituadas leiloeiras francesas, ilustrando a capa da secção dedicada aos artistas de língua portuguesa.
The exhibition “Hands of Sculpture & a visionary on the island (of Mozambique)”, on show between the 14th of March and the 5th of May 2023 at Perve Galeria and Freedom’s House - Mário Cesariny, in Lisbon, puts the work of Teresa Roza d’Oliveira (1945-2019) and Reinata Sadimba (b. 1945), two important Mozambican masters, in dialogue. Curated by Carlos Cabral Nunes, and with the special participation of the sculptor Samuel Muankongue (b. 1974, Mozambique), the exhibition is a key moment for the understanding of modern and contemporary art in Lusophony.
Teresa Roza d’Oliveira, Luso-descendant artist who would die in Portugal in 2019, was born on the island of Mozambique in 1945. She was married to the poet Lourenço de Carvalho, father of her two children, and from whom she separated in the late 1970s. An important activist for the independence of her country and for the end of the dictatorship, she was part of a generation of Mozambican artists which included Alberto Chissano, Malangatana Ngwenya, Ernesto Shikhani and, later, Reinata Sadimba. Settled in Portugal since 1977, she returned to Mozambique in 1990, where she stayed for about a year. On her return to Portugal, she lived until 2019 in the company of her partner Maria Emília Moraes.
Her estate was integrated in Perve Galeria in January 2022, and in November of that same year her work was highlighted in the auction dedicated to modern and contemporary African art promoted by Piasa, one of the most prestigious French auction houses, illustrating the cover of the section dedicated to Portuguese-speaking artists.
Reinata Sadimba, considerada a mais importante artista africana viva da sua geração, nasceu em 1945 na pequena aldeia de Nemo, no planalto de Mueda, na província de Cabo Delgado. Com um percurso bastante singular, cedo assumiu uma voz ativa na defesa do seu povo, os Maconde, integrando o movimento de libertação surgido na sequência do hediondo “Massacre de Mueda” (16 de junho de 1960), perpetrado pelo regime ditatorial português. Após a independência de Moçambique, em 1975, tendo perdido seis dos seus sete filhos e sido abandonada pelo marido, Reinata Sadimba, respondendo a um chamamento interior, dedicou-se à escultura figurativa em terracota, algo que à época estava vedado à mulher, naquilo que eram as regras do seu grupo étnico, que permitia à mulher apenas a realização de objetos utilitários em cerâmica.
Reinata Sadimba está, desde 15 de janeiro, a realizar uma residência artística com a Perve Galeria, a preparar esculturas que serão integradas nesta mostra, onde se expõe um conjunto alargado de trabalhos elaborados desde os finais da década de 1970 até ao presente.
“Mãos de Escultura & uma visionária na ilha (de Moçambique)”, que ficará patente até 5 de maio, assume assim um caráter antológico sobre a obra das duas mestres moçambicanas, que têm em comum uma linguagem de assumido caráter fantástico e surrealizante, reconfigurado por uma experiência pessoal e uma imaginação fértil, abordando os temas da identidade social e individual – particularmente das mulheres.
Reinata Sadimba, considered the most important living African artist of her generation, was born in 1945 in the small village of Nemo, on the plateau of Mueda, in Cabo Delgado province. With a particularly unique path, she soon assumed an active voice in defence of her people, the Maconde, being part of the liberation movement that emerged after the heinous “Mueda Massacre” (June 16th 1960), perpetrated by the then Portuguese dictatorial regime. After the independence of Mozambique, in 1975, having lost six of her seven children and having been abandoned by her husband, Reinata Sadimba, responding to an inner calling, dedicated herself to the figurative sculpture in terracotta, something that at the time was forbidden to women, according to the rules of her ethnic group (which allowed to women only the making of utilitarian objects in ceramics, reserving to man the role of creating figurative Maconde statuary, usually in “black wood”).
The first artworks made by Reinata Sadimba date from the late 1970s, one of which will be on display, as well as a wide range of works elaborated from that time until the present day. In fact, Reinata Sadimba is, since the 15th of January, on an artistic residence with Perve Galeria, precisely to prepare sculptures that will be integrated in this exhibition.
Dá-se assim destaque a duas mulheres que se emanciparam dos constrangimentos societais para viverem em liberdade, uma liberdade nascida da luta e da resistência, a liberdade no ser e no fazer.
A exposição contará ainda com a presença do escultor Samuel Muankongue, único filho sobrevivente de Reinata Sadimba, que, tendo desde cedo acompanhado o percurso artístico da mãe, aprendendo com ela as técnicas de manipulação do barro, tem vindo a trilhar um caminho de linguagem muito própria.
Paralelamente à exposição na Perve Galeria e na Casa da Liberdade – Mário Cesariny, estará patente no 27ARTe, espaço de arte contemporânea ao ar livre, aberto 24h por dia, 7 dias por semana, uma exposição na qual artistas nacionais e internacionais, como Claude Yersin, Ivo Bassanti, Ivan Villalobos e Javier Félix, prestam homenagem a Reinata Sadimba.
“Hands of Sculpture & a visionary on the island (of Mozambique)” thus assumes an anthological character on the work of the two Mozambican masters, who have in common a language with an assumed fantastic and surreal character, reconfigured by a personal experience and a fertile imagination, approaching, in a traditional and modern manner, the themes of social and individual identity – particularly of women. This highlights two women who emancipated themselves from societal constraints to live in freedom, a freedom born of struggle and resistance, freedom in being and doing.
The exhibition will also count with the presence of the sculptor Samuel Muankongue, Reinata Sadimba’s only surviving son, who, having followed his mother’s artistic path from an early age, learning from her the techniques of clay manipulation, has been treading a path of his own language.
Parallel to the exhibition at Perve Galeria and Freedom’s House – Mário Cesariny, an exhibition in which national and international artists, such as Claude Yersin, Ivo Bassanti, Ivan Villalobos, and Javier Félix, pay homage to Reinata Sadimba, will be on display at 27ARTe, an open-air contemporary art space open 24/7.