Prêmio FCW 2011

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Especial Os vencedores do Prêmio Conrado Wessel de Arte, Ciência e Cultura 2011

p r ê m i o

fcw Fundação

Conrado

Wessel


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FCW completa 10 anos de premiação aos melhores em Arte, Ciência e Cultura

8

Arnaldo Cohen comemora 40 anos de carreira tocando o que quer e onde gosta 22

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Critérios de escolha dos vencedores continuam sendo aprimorados

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Jorge Kalil contribuiu para a imunologia de transplantes e a criação da ABTO

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O urologista Miguel Srougi se empenha em melhorar as instituições em que trabalha

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O zoólogo e compositor Paulo Vanzolini é autor de canções memoráveis

34

Conheça os três ensaios fotográficos ganhadores de 2011

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Veja as fotos premiadas em todas as edições do Prêmio FCW de Arte desde 2002

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Conselho curador e diretoria da FCW Conselho curador Presidente Dr. Antonio Bias Bueno Guillon Membros Dr. José Álvaro Fioravanti Dr. José Antonio de Seixas Pereira Neto Dr. José Hermílio Curado Tte. Cel. PM Kleber Danúbio Alencar Júnior Dr. Reinaldo Antonio Nahas Prof. Stefan Graf Von Galen

diretoria executiva Diretor-presidente Dr. Américo Fialdini Júnior Diretor vice-presidente Dr. Sérgio Roberto de Figueiredo Santos e Marchese superintendente Dr. José Moscogliatto Caricatti Coordenador Científico Dr. Erney Plessmann de Camargo Coordenador Cultural Dr. Carlos Vogt

coordenação desta edição Dr. José Moscogliatto Caricatti Fundação Conrado Wessel Rua Pará, 50 - 15º andar Higienópolis - 01243-020 São Paulo, SP - Brasil Tel./fax: 11 3237-2590 www.fcw.org.br diretoria@fcw.org.br

as fotos das páginas 5-7, 14, 16-19 e capa são de autoria dos fotógrafos fernando silveira, pedro vertulli e polini prizmic

Índice


Saudação

Benefício ao país

N

E

a retrospectiva dos 10 anos de Prêmios FCW de Arte, Ciência e Cultura, como presidente do Conselho Curador e em nome da Fundação Conrado Wessel, agradecemos a participação de nossas grandes parceiras e saudamos a todos quantos, ano a ano, acompanham-nos com seu prestígio em nossa premiação. Hoje temos o olhar mais voltado para os nomes que abrilhantam nossa galeria de 83 grandes Prêmios FCW, a saber, 35 de Arte, 27 de Ciência, 12 de Cultura, 9 de Medicina. Entretanto, não é apenas esse o ângulo de visão que nos move. É oportuno, mais do que nunca, convidar todos a projetar a trajetória de nosso apoio à educação no Brasil, expandido ao Prêmio Almirante Álvaro Alberto com o CNPq e a Marinha do Brasil, às bolsas Grandes Teses Capes, às revistas científicas Anais da Academia Brasileira de Ciências, Pesquisa Naval (da Marinha do Brasil), JATM (do DCTA), a edição deste especial em Pesquisa FAPESP e a inúmeras outras ações de incentivo permanente às iniciativas acadêmicas e científicas de nosso país. O prisma que norteia a atuação da Fundação Conrado Wessel se estende a atividades afins, com intuito intrinsecamente educacional: ela realiza anualmente grandes doações a entidades escaladas pelo instituidor, a fim de que tais entidades promovam atividades educacionais. Disso é prova o desempenho mais conhecido, o do Corpo de Bombeiros da PM do Estado de São Paulo, aquinhoado anualmente com doação que permite encaminhar entre 40 e 60 bombeiros para o exterior a fim de aperfeiçoar sua capacitação. O comprovado desempenho profissional do Corpo de Bombeiros documenta por si o benefício trazido pela nossa doação anual. Nestas páginas, de forma sucinta, vai-se ver uma síntese do trabalho formidável desenvolvido nesses anos que hoje festejamos. E, certamente, hão de conferir todos que se espelha, no perfil da Fundação Conrado Wessel, o reconhecimento do modelo correto para transformar o país, com foco voltado às novas gerações concitadas a promover novos talentos e premiar exemplos de dignidade e dedicação extrema à Arte, à Ciência e à Cultura. A história dos Prêmios FCW revela que o grande vencedor deles é a nação, e cabem a todos os nossos parceiros e participantes, a todos nossos conselheiros, diretores e funcionários, os reais parabéns pelos 10 anos hoje encerrados. Sejam os próximos mais brilhantes ainda!

m 2002, quando a Fundação Conrado Wessel iniciou a entrega dos Prêmios FCW, o período da primeira administração havia terminado junto com a transição patrimonial do espólio. Teve início simultâneo a administração atual, que, nestes 10 anos, materializou a determinação testamentária de incremento à Arte, Ciência e Cultura, com resultados financeiros de um empreendimento a erguer-se no bairro de Higienópolis. Ela ampliou em 530% o patrimônio recebido e consolidou a geração de recursos destinados à finalidade que hoje comemoramos, os 10 anos dos Prêmios FCW. Nasceu o maior fenômeno acadêmico nacional, a outorga do equivalente a US$ 1 milhão anualmente aos premiados e às publicações de Arte, Ciência e Cultura, pela Fundação Conrado Wessel. Seu impacto na realidade acadêmica e no meio científico não tem parâmetros, são 48 ícones já consagrados em Ciência e Cultura e 35 em Arte. As universidades, academias e institutos responsáveis pela produção científica e cultural do país se aliam na indicação de nomes para a Comissão Julgadora do Prêmio FCW de Ciência e Cultura, juntamente com fotógrafos artistas participantes espontâneos do Prêmio FCW de Arte por todo o território nacional. A estrutura de sua Comissão Julgadora reflete a competência e a visão holística de inúmeros cientistas, acadêmicos e profissionais consagrados, representantes das entidades responsáveis pela escolha dos vencedores. Formam a Comissão Julgadora a ABC, a ABL, a Capes, o CNPq, o Confap, o DCTA, a FAPESP, a FCW, a Marinha do Brasil e a SBPC. A Fundação Conrado Wessel centraliza todo esse crescente envolvimento nacional em apoio à Arte, à Ciência e à Cultura. Hoje, ciente do benefício que vem carreando ao país, ela estende ao público presente às cerimônias de premiação, às entidades parceiras e aos leitores desta mensagem os agradecimentos e parabéns pela primazia do talento aduzido à história destes 10 anos de Prêmio FCW.

ANTONIO BIAS BUENO GUILLON

AMÉRICO FIALDINI JÚNIOR

Presidente do Conselho Curador da Fundação Conrado Wessel

Diretor-presidente da Fundação Conrado Wessel

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Honra ao mérito Fundação Conrado Wessel completa 10 anos de prêmios aos melhores em arte, ciência e cultura

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ntre 1919 e 1920, em São Paulo, a professora Júlia Teani abriu uma escola para crianças da Barra Funda, na rua Lopes de Oliveira, 198. No início, tudo correu bem. Mas em pouco tempo problemas de inadimplência levaram ao seu fechamento. A casa ficou vazia até ser comprada em 13 de julho de 1921 por Guilherme Wessel, pai de Ubaldo Conrado Wessel. O objetivo era instalar ali a Fábrica Privilegiada de Papéis Fotográficos Wessel, a primeira do gênero na América do Sul. Quase 90 anos depois o que era um empreendimento modesto deu lugar a uma entidade responsável pelos maiores prêmios à arte, à ciência e à cultura do Brasil. Em 2012, a Fundação Conrado Wessel (FCW) completa 10 anos premiando o mérito. A trajetória de Conrado Wessel foi cheia de acidentes e obstáculos, muitas vezes só removidos depois de muito trabalho e talento. Nos primórdios da fábrica, para emulsionar papel com a fórmula de patente do papel de seu filho, Guilherme comprou os equipamentos necessários “do dr. Picarollo, professor de filosofia na Escola Normal, hoje Caetano de Campos”, segundo os escritos deixados por Conrado. Curiosamente, Antonio Picarollo tinha importado tais equipamentos para o filho mais velho, ex-estudante de fotoquímica em Milão, que havia tentado também emulsionar e fabricar papel fotográfico, sem sucesso. A primeira tentativa que Conrado fez não deu certo e ele pensou em desistir, tal qual o filho de Picarollo, por não conseguir resolver o problema das bolhas que se formavam sobre o papel fotográfico quando este recebia o banho de emulsão. Certo dia foi tratar de clichês numa fábrica de linhas e viu a máquina de gomar rótulos que o atendente tinha sobre a mesa na recepção. A maquininha tinha um cilindro e um reservatório de cola que banhava o cilindro a cada giro para umedecer o rótulo.

Conrado Wessel aos 80 anos, em São Paulo: perseverança recompensada


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acervo fcw


Conrado viu ali uma solução. Desenhou um croqui do aparelhinho e mandou fazer outro aparelho maior. Em lugar de banho de cola, o dispositivo desenhado por ele dava banho da emulsão que ele patenteara para transformar o papel em papel fotográfico. Acertou em cheio – e assim resolveu o banho do papel sem bolhas. A pequena fábrica cresceu e foi preciso construir uma nova, no bairro de Santo Amaro, com uma produção que tomou conta do mercado nacional. Valeram os 16 anos de pesquisa removendo obstáculos e os 35 de produção.

H

acervo FCW

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oje a FCW ocupa lugar proeminente no meio acadêmico ao dar por mérito, depois de analisar as indicações, os Prêmios FCW de Arte, Ciência e Cultura. A fundação foi criada com um patrimônio de potencial relativo, alavancou seu crescimento a mais de 530%, a partir do ano 2000, quando tomaram posse os novos administradores. Esse crescimento, fruto do empenho tanto do Conselho Curador quanto da diretoria da fundação, responde pe­lo rol de numerosas ações filantrópicas e acadêmicas, que se dividem em doações e incentivo à arte, à ciência e à cultura. As doações são anuais e provêm de resultados financeiros obtidos com alu-

guéis de imóveis legados por Conrado Wessel. Dividem-se os resultados líquidos desse conjunto de imóveis por cotas disA fundação tribuídas entre seis entidades. alavancou seu Dessas, o filantropo designou crescimento cinco em testamento e uma cota é distribuída na forma de grana mais de des cestas natalinas para outras 530% a partir entidades escolhidas em parceria com o Ministério Público do do ano 2000 Estado de São Paulo. O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar paulista, uma das escolhidas por Wessel, utiliza a doação anual para reciclar seus profissionais no exterior. Já foram patrocinados pela FCW 359 bombeiros, que assistiram a reuniões e participaram de treinamento especial em países da Europa, nos Estados Unidos, Canadá, México, Austrália, China e Coreia do Sul. As outras quatro entidades designadas pelo inventor são a Promoção Social do Exército de Salvação, as Aldeias Infantis SOS do Brasil, a Fundação Antonio PruColégio Benjamin dente e a Associação Benjamin Constant, Constant, em que mantém colégio do mesmo nome, onSão Paulo, onde Wessel de Wessel estudou. Todas recebem uma estudou cota anual de doação. O montante já ul-

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trapassou a casa dos R$ 10 milhões nos últimos 10 anos (ver quadro ao lado). Já as entidades escolhidas juntamente com o Ministério Público somam, a partir de 2005, 18.698 famílias, numa progressão de mais de 2.700 a cada ano. O principal objetivo da FCW é incentivar a arte, a ciência e a cultura. Essa meta é alcançada com resultados financeiros, obtidos pela atual administração com a realização de empreendimentos em terrenos legados por Wessel. Anualmente o resultado deles se converte nos Prêmios FCW (já foram outorgados 83 deles), Prêmio Almirante Álvaro Alberto (6 outorgados), bolsas Grandes Teses Capes (18), revistas científicas da ABC, da Marinha e do DCTA, edição de livros de estudos estratégicos e outros de apoio às entidades parceiras e eventos diversos. Desde 2004 a revista Pesquisa FAPESP produz anualmente o suplemento especial Prêmio FCW em parceria com a fundação. A presente edição é a oitava.

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sse conjunto de prêmios, bolsas e publicações representa um total superior a R$ 14 milhões, equivalente a US$ 7,5 milhões. É o maior volume de investimento privado em ciência, cultura e arte no Brasil (ver quadro ao lado). Todas essas realizações são consideradas importantes pela fundação. Porém, independentemente de conseguir efetivá-las, a gestão patrimonial da FCW consolidou e expandiu seu patrimônio. A atual administração, ao assumir a fundação em 2000, encontrou um patrimônio que representava 18.727 metros quadrados de área construída. Gradativamente, esse patrimônio foi dinamizado com novas aquisições em áreas de melhor retorno, com ampliações e construção de novas unidades. Doze anos depois foram agregados aproximadamente 50% mais de metros quadrados em área construída, sem contar os projetos já em execução, ampliando mais ainda o patrimônio, que hoje está duplicado. Assim o ideal filantrópico e a perspectiva científica que visavam à criação da fundação, como instrumento de progresso para o país, materializaram-se. Hoje é consenso no meio acadêmico nacional que

O legado de Conrado Wessel Filantropia A FCW faz doações anuais em dinheiro e espécie para seis entidades – em milhões de R$ 12 10 8 6

Total acumulado

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Doações anuais

2 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Investimento Conjunto de prêmios, bolsas e publicações da fundação é o maior do país – em milhões de R$ 16 14 12 10 8

Total acumulado

6

Premiações e incentivos anuais

4 2 0

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

a FCW é sinônimo de patrocíOs prêmios nio à arte, à ciência e à cultura. concedidos A presente edição comemora esse sucesso em 68 páginas. são os maiores Traz os perfis dos ganhadores investimentos de 2011, Jorge Elias Kalil Filho, Privados em em Ciência, Miguel Srougi, em Medicina, e Paulo Vanzolini, arte, ciência em Cultura (página 16). Como e cultura parte das comemorações pelos 10 anos da premiação, todos os no país que já foram laureados nos anos anteriores são lembrados (página 10). E as fotos vencedoras são novamente mostradas aqui (página 34). Por fim, o pianista e professor Arnaldo Cohen ganha destaque tanto pela parceria constante com a FCW como pelos 40 anos de carreira comemorados em 2012, sempre em prol da música e do ensino (página 8). n

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A vida sem partitura O pianista Arnaldo Cohen comemora 40 anos de carreira e passa 2012 tocando apenas onde quer e o que gosta

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s 40 anos de carreira do pianista carioca Arnaldo Cohen, que ocorrem este ano, contemplam o seu maior desejo de consumo: tempo para fazer apenas o que gosta. À profissão de pianista iniciada em 1972 ele agregou definitivamente a de professor desde 2004 ao assumir a cátedra vitalícia na Escola de Música da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. “Este ano me permiti um luxo. Continuarei tocando, mas somente onde gosto e o que amo”, diz ele. A 10ª edição do Prêmio FCW de Ciência, Arte e Cultura, cuja premiação ocorreu na Sala São Paulo, na capital paulista, foi uma dessas ocasiões. O músico tem uma carreira reconhecida como brilhante pela crítica especializada internacional há décadas. Cohen, de 64 anos, realizou mais de 3 mil concertos como solista de importantes orquestras como a Royal Philharmonic Orchestra, da Inglaterra, a Filarmônica de Los Angeles, dos Estados Unidos, e a da Accademia di Santa Cecilia, da Itália. Colaborou com regentes como o norte-americano Yehudi Menuhin e os alemães Kurt Masur e Klaus Tennstedt, entre muitos outros. Também toca música de câmara: por cinco anos integrou o Trio Amadeus, formado pelo violinista Norbert Brainin e o violoncelista Martin Lovett, membros do Quarteto Amadeus, e participa regularmente de outras formações. A vida acadêmica de Cohen é menos conhecida. Por três anos ele frequentou a Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) até mudar e graduar-se em piano e violino pela Escola de Música da mesma universidade. Estudou por quatro anos com o pianista Jacques Klein e trabalhou como violinista da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio para bancar os estudos. Complementou sua formação em Viena, na Áustria, e teve aulas com Bruno Seidlhofer e Dieter Weber.


Universidade de Indiana

9 O pianista nunca esqueceu a dedicação de Jacques Klein e outros mestres que teve. Decidiu aproximar-se da academia pelo desejo de retribuir e ajudar outros jovens. Não cursou pós-graduação, mas ganhou o reconhecimento de “notório saber” da UFRJ quando prestou concurso para professor da Escola de Música, onde ficou de 1977 a 1981. “Na Inglaterra tive a honra de receber o título de fellow Honoris Causa do Royal Northern College of Music, de Manchester”, conta. Antes havia também lecionado na Royal Academy of Music, em Londres. Hoje suas atividades na Universidade de Indiana vão além do ensino. “Participo de um trabalho de pesquisa, ligado ao setor de tecnologia, em que desenvolvemos um software que tem como objetivo fazer com que um CD, gravado por uma orquestra, possa ser sincronizado com o que um pianista executa”, explica. “Em suma, uma orquestra e maestro virtuais. Perfeitos.” A ligação com a Fundação Conrado Wessel vem desde os primeiros anos – a

quarta premiação teve Cohen como solista. A fundação concedeu quatro bolsas de graduação em música para o violinista gaúcho Moisés Bonella, de 22 anos, fazer o curso de música da Universidade de Indiana de 2007 a 2011 por influência e tutela de Cohen. Para o pianista, já há no Brasil profissionais competentes que, após aperfeiçoamento no exterior, trouxeram mais conhecimento para ser aplicado aqui: “Penso ser fundamental a vivência em importantes centros culturais”. Neste ano de comemorações, as viagens continuam nos planos do pianista. “Mas o sonho é acordar e improvisar o que farei. Tocar a vida sem partitura”, diz. Ainda assim, em 2012 ele deverá se apresentar nas principais capitais brasileiras. “Celebrarei 40 anos de muita luta e de uma carreira internacional, iniciada no dia 1º de setembro de 1976, quando venci o primeiro prêmio no Concurso Internacional Busoni, na Itália”, lembra. Para Cohen, olhar para o passado com um sorriso é o grande prêmio. n

Cohen trabalha com ensino e pesquisa na Universidade de Indiana

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Esforço para melhorar FCW e instituições parceiras trabalham no aprimoramento dos critérios de premiação

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2011 ciência

Jorge Kalil medicina

Miguel Srougi cultura

Paulo Vanzolini

fotos Léo Ramos

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m 10 anos de edição foram concedidos 83 Prêmios FCW. Destes, 35 couberam à Arte, 27 à Ciência, 9 à Medicina e 12 à Cultura. Outros 6 fizeram parte da parceria entre a Fundação Conrado Wessel, o Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Marinha do Brasil para concessão do Prêmio Almirante Álvaro Alberto. O valor distribuído individualmente aos ganhadores cresceu ao longo dos anos. Na primeira edição, em 2002, foram R$ 300 mil para os vencedores de Ciência, Medicina e Cultura e R$ 140 mil distribuídos entre os três fotógrafos de Arte (fotografia publicitária). Hoje são R$ 900 mil e R$ 200 mil, respectivamente. Junto com o cheque todos recebem uma escultura do artista plástico Vlavianos. Nesse período os Prêmios FCW foram sendo aperfeiçoados pela administração da fundação com a colaboração de seus parceiros, entre eles a Marinha do Brasil, a mais nova instituição a ter um convênio com a fundação, embora estivesse presente já na primeira premiação quando havia a subcategoria Ciência Aplicada ao Mar, em 2002 (conheça todos os parceiros na página 66). Os responsáveis por laurear os melhores cientistas, artistas e fotógrafos se esforçam em aprimorar os critérios que regem o prêmio. As subcategorias de cada área foram as que mais mudaram. Na edição de 2003 havia cinco subcategorias em Ciência: Ciência Geral, Ciência Aplicada ao Campo, Ciência Aplicada ao Mar, Ciência Aplicada ao Meio Ambiente e Medicina. Em 2007, o número de subcategorias diminuiu para três (Ciência Geral, Ciência Aplicada e Medicina) e em 2010 e 2011 para duas (Ciên­cia, que engloba todas as outras, e Medicina). A categoria Cultura premiou escritores e poetas nos primeiros anos, como Lya Luft, Ferreira Gullar, Fábio Lucas e Ruth Rocha. Em 2007 o ganhador foi Affonso Ávila, poeta cuja principal con-



fotos 2010  1 Leo Ramos 2 liane neves 3 eduardo cesar

2010

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ciência Geral

medicina

cultura

Jairton Dupont

Angelita Habr-Gama

Nelson Pereira dos Santos

Químico

Coloproctologista

Cineasta

tribuição é a divulgação do acervo barroco mineiro por meio de pesquisas publicadas na revista Barroco, editada por ele. O dramaturgo e homem de cultura Ariano Suassuna, o dançarino e músico Antonio Nóbrega e o cineasta Nelson Pereira dos Santos foram os laureados posteriormente. Em 2011, o escolhido foi Paulo Vanzolini, zoólogo renomado e músico que se tornou uma espécie de ícone do samba paulista.

A

categoria Arte também sofreu mudanças. No início apenas as fotos feitas com objetivo publicitário, encomendadas por uma agência do setor, eram premiadas. Com o tempo houve uma gradativa alteração do enfoque de fotografia publicitária para ensaios fotográficos divididos entre Ensaio Inédito e Ensaio Publicado, em 2010. A partir de 2011 não se distingue mais entre publicado e inédito – agora são escolhidos os melhores ensaios para o primeiro, segundo e terceiro lugares. As inscrições para Arte são feitas via internet pelo endereço eletrônico www. fcw.org.br e mostram uma intensa participação de todas as regiões do Brasil, com

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destaque para o Sudeste e Sul em razão da concentração populacional. No segundo semestre do ano de outorga dos prêmios a fundação edita um livro, já tradicional, com as fotos de todos os finalistas. Nas páginas seguintes há uma relação de todos os ganhadores dos Prêmios FCW, com as respectivas fotos. Apenas uma vez, em 2004, ganharam dois institutos de pesquisa, o Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, em Ciência Aplicada ao Campo, e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em Ciência Aplicada ao Meio Ambiente. Nas demais 46 indicações de Ciência e Cultura sempre um cientista, médico, artista ou literato foram os preferidos do júri de cada categoria (conheça o júri na página 67). As biografias registradas em reportagens de edições especiais anuais como esta apresentam o mérito científico e cultural de cada um dos premiados e mostram como a sociedade brasileira vem se beneficiando com a produção contínua de conhecimento gerado por eles. Há 10 anos a Fundação Conrado Wessel ajuda a reconhecer esse mérito. n


fotos 2009  1 Leo Ramos 2 jader rocha 3 eduardo cesar 4 silvia machado fotos 2008  2 paulo soares/esalq fotos 2007  1 liane neves 2 eduardo cesar 3 fábio motta/AE 4 gláucia rodrigues

2009 Ciência Geral

Ciência Aplicada

Medicina

Cultura

Jerson Lima da Silva

João Gomes de Oliveira

Ricardo Pasquini

Antonio Nóbrega

Bioquímico

Engenheiro mecânico

Hematologista

Músico e dançarino

2008

13 Ciência Geral

Ciência Aplicada

Medicina

Cultura

Leopoldo de Meis

Ernesto Paterniani

Fulvio Pileggi

Ariano Suassuna

Bioquímico

Geneticista de plantas

Cardiologista

Dramaturgo

Ciência Geral

Ciência Aplicada

Medicina

Cultura

Iván Izquierdo

Hisako Higashi

Ivo Pitanguy

Affonso Ávila

Neurocientista

Bioquímica

Cirurgião plástico

Poeta e ensaísta

2007 p e s q u i s a fa p e s p   •   e s p e c i a l p r ê m i o c o n r a d o w e s s e l


Ciência Geral

Medicina

Ciência Aplicada

Cultura

Sérgio Mascarenhas

Ricardo Brentani

à Água

Aldo Rebouças

Ruth Rocha

Físico

Oncologista

Geólogo

Escritora

Ciência Aplicada

fotos 2006  1, 3, 4 Miguel Boyayan 2, 5 eduardo cesar 6 ÂNgelo abreu/ufla

2006

14 Ciência Aplicada

Cultura

Ciência Aplicada

ao Campo

à Água

ao Meio Ambiente

Luiz C. Fazuoli

Fábio Lucas

Galizia Tundisi

Aziz Ab’Sáber

Cardiologista

Agrônomo

Crítico e ensaísta

Biólogo

Geógrafo

fotos 2003  1 Miguel Boyayan 2 eduardo tavares 3 Marcos Esteves/Embrapa 4 Divulgação 5 Léo Ramos 6 ASCOM/INPA

Medicina

Adib Jatene

2003 Ciência Aplicada

Ciência Aplicada

Ciência Geral

à Água

ao Meio Ambiente

Alberto Franco

Museu Paraense Emílio Goeldi

Carlos Henrique de Brito Cruz

Oceanógrafo

e s p e c i a l p r ê m i o c o n r a d o w e s s e l   •   p e s q u i s a fa p e s p

Físico


fotos 2005  1 Leo Ramos 2, 3 Eduardo Cesar 4, 5 Miguel Boyayan 6 Francisco Emolo/Jornal da USP fotos 2004  1 Miguel Boyayan 2 Arquivo pessoal 4 Léo Ramos 5 Eduardo Cesar

2005 Ciência Aplicada

Ciência Aplicada

Ciência Geral

ao Meio Ambiente

ao Campo

Carlos Nobre

Magno Ramalho

Wanderley de Souza

Climatologista

Geneticista de plantas

Parasitologista

2004

15 Ciência geral

Medicina

Ciência Aplicada

Cultura

Isaias Raw

César Victora

ao Campo

Ferreira Gullar

Bioquímico

Epidemiologista

Instituto Agronômico

Poeta

Medicina

Ciência Aplicada

Cultura

Ciência Aplicada

Ciência Aplicada

Maria Inês Schmidt

ao Campo

ao Mar

ao Meio Ambiente

Jairo Vieira

Lya Luft

Dieter Muehe

Philip Fearnside

Epidemiologista

Agrônomo

Escritora

Geógrafo

Biólogo

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Batalhas contra a rejeição Jorge Kalil contribuiu para o avanço da imunologia de transplantes e a criação de entidade que organiza a doação de órgãos

16 ciência

E

m uma de suas visitas ao Brasil, o cientista francês Jean Dausset foi recebido pelo amigo Jorge Elias Kalil Filho, de quem tinha sido orientador no doutorado na Universidade Paris VII. Os dois discutiam formas de convencer o governo brasileiro a criar um programa nacional de transplantes quando Dausset, Prêmio Nobel de Medicina de 1980, deu o seguinte conselho: os envolvidos diretamente com transplantes deveriam criar uma sociedade civil e começar o programa por conta própria. Quando o governo percebesse a importância da causa para a saúde, iria atrás e a encamparia. “Foi o que fiz”, diz o imunologista brasileiro. “Convidei os professores Euryclides Zerbini, Adib Jatene, Silvano Raia e Emil Sabbaga, todos famosos e experientes em transplantes, para ajudar a pensar, estruturar e organizar o modo de operação de uma associação.” Em dezembro de 1986 foi fundada a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), cujo primeiro presidente foi Jorge Kalil. Não foi a primeira vez que um francês foi decisivo na vida desse gaúcho de Porto Alegre. Durante a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), nos anos 1970, Kalil e um grupo de amigos estudavam o idioma à noite quase como um hobby – depois todos saíam para se divertir. No último ano da faculdade, quando era monitor de genética, foi fazer um curso de imunogenética para pós-graduandos no Rio de Janeiro ministrado por pesquisadores do Instituto Pasteur, de Paris. “No primeiro dia de aula os professores concluíram que os alunos não tinham entendido nada”, conta Kalil. Durante a happy hour ele comentou com os franceses que o problema era a falta de algumas noções básicas de genética humana, um pressuposto do curso. Para remediar a situação, um assistente de Jean Dausset, Marc Fellous, pediu ao estu-

Jorge Kalil: formação na França e pesquisa e ensino no Brasil


lĂŠo ramos


fotos arquivo familiar

18

dante ministrar esses conceitos aos pós-graduandos. “Dei uma manhã de aula e o curso deslanchou. Os franceses ficaram impressionados e o Fellous me convidou para trabalhar com eles.” Em março de 1978 Kalil, aos 24 anos, casou com Liana, de 21, e embarcou para Paris. Ele frequentou o curso de imunologia no Instituto Pasteur antes de começar a trabalhar no Laboratório de Imunogenética do Transplante Humano sob a direção de Marc Fellous, dentro da unidade de responsabilidade de Dausset. Naquela época, iniciava-se no laboratório o desenvolvimento de uma tecnologia nova, recém-desenvolvida pelo argentino César Milstein e pelo alemão Georges Köhler – que também viriam a ganhar um Nobel –, chamada de anticorpos monoclonais (mAbs). Os anticorpos são proteínas do sistema imunológico que identificam e neutralizam corpos estranhos como bactérias, vírus ou células tumorais. Pela nova tecnologia, os mAbs podem ser gerados in vitro e não precisam do soro do animal.

J

orge Kalil percebeu ali uma oportunidade e foi pioneiro em fazer mAbs na França, especificamente para caracterizar a estrutura e função de moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (HLA). O HLA controla a resposta imunitária e é também o alvo molecular da rejeição nos transplantes. A compatibilidade HLA diminui a rejeição e au-

menta as chances de longa sobrevida dos transplantes. “Começamos a fazer mAbs contra as moléculas HLA, além de outras moléculas importantes em doenças. Isso teve muita repercussão e alavancou minha carreira”, diz ele. De 1978 a 1982 o jovem pesquisador fez mestrado e doutorado e publicou 30 artigos. Naquele período, a sorte, ele diz, o favoreceu. “Sorte é estar no local certo, na hora certa e saber usar isso”, observa. Seu chefe direto, Marc Fellous, saiu para um ano sabático no exterior e o brasileiro se tornou o responsável pelo Laboratório de Anticorpos Monoclonais, dentro da unidade comandada por Dausset. Em 1980, o francês ganhou o Nobel de Medicina, dividido com Barruf Benacerraf e George Snell. “Eu já estava tão integrado à cultura francesa que confiaram a mim a compra do champanhe para comemorarmos, o que não é pouca coisa em se tratando de franceses”, conta, divertido. Naquele momento Dausset acenou com a possibilidade de contratação definitiva, mas o casal decidiu voltar ao Brasil. Nesses cinco anos em Paris nem tudo foi alegria. Seu pai morreu no Rio Grande do Sul e ele só chegou para o enterro. Em 1983, Kalil estava instalado em Porto Alegre com um cargo de professor assistente na UFRGS e como pesquisador do recém-criado Centro de Biotecnologia do Rio Grande do Sul. Em 1985 foi contatado por Fulvio Pileggi e Adib Jatene, direto-

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Formatura na UFRGS, em 1977, e com a mulher, Liana, em Paris, em 1979


res do InCor – e aquele encontro mudou o rumo de sua vida. “Ambos me disseram que iriam relançar o programa de transplantes Kalil foi e precisavam de bons cientistas pioneiro que conhecessem imunologia. em fazer E me convidaram para mudar para o InCor.” anticorpos Kalil fez uma proposta ammonoclonais biciosa que foi aceita imediatamente. “Contratei pelo curna França rículo, que era muito bom. Nós e no Incor precisávamos de gente no InCor para fazer imunologia de transplante”, conta Pileggi, hoje aposentado. “Aqui ele progrediu muito porque tinha uma base excelente e demos condições para isso.” Como não havia área disponível dentro do InCor, o Laboratório de Imunologia foi instalado na FMUSP. No laboratório, Kalil mostrou como trabalhar com os mAbs e foi pioneiro na implantação de técnicas de biologia molecular no Brasil, além de ter No Hospital Saint Louis, em Paris, em estudado o polimorfismo genético dessas 1980, quando Jean moléculas. Também contribuiu para a Dausset (de paletó escuro, ao lado de pesquisa de moléculas da superfície de Kalil) ganhou o Nobel células endoteliais envolvidas em rejeição

de transplantes e propiciou o desenvolvimento de estudos sobre o reconhecimento imunológico em três modelos humanos: transplante, doença de Chagas e febre reumática. Ele foi um dos cinco brasileiros selecionados por sua contribuição científica e tornou-se international scholar do prestigioso Howard Hughes Medical Institute, nos Estados Unidos.

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oi em 1985 que Jean Dausset, morto em 2009, esteve em São Paulo e aconselhou Kalil a montar a ABTO. Antes da associação havia pouquíssima doação de órgãos no país. Junto com Zerbini, Kalil viajou pelo Brasil para mostrar a importância de doar. “Aos 74 anos, Zerbini era um garoto-propaganda bárbaro”, relata. A associação conseguiu a mudança da lei para facilitar a doação para transplante, cujo relator foi o então deputado e atual governador paulista Geraldo Alckmin. “Hoje o Brasil tem o maior programa público de transplantes do mundo e é o terceiro país que mais faz o procedimento, atrás dos Estados Unidos e da China”, conta Jorge Neumann, diretor do Laboratório de Imunologia de Transplante da

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missos em São Paulo”, diz o imunologista. O casal tem dois filhos. Emmanuelle, de 28 anos, formada em administração na FGV com pós-graduação na França, trabalha em uma multinacional de cosmé­ ticos no Rio de Janeiro. Fernando, de 26 anos, é engenheiro formado pela Poli-USP com duplo diploma na École des Ponts e Chaussées de Paris, mas optou pelo mer­ cado financeiro. Liana é psicóloga formada em Paris e hoje não atua mais.

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m 1998 pela primeira vez foi aberto concurso para professor titular de imunologia clínica e alergia da FMUSP. Ele concorreu, ganhou e estendeu seu campo de atuação científica. “Em 2006 Kalil foi presidente do InCor e do Conselho Curador da Fundação Zerbini, quando houve a grande crise por lá e ele se saiu muito bem”, lembra Giovanni Guido Cerri, secretário estadual da Saúde e ex-diretor da FMUSP. A inserção em entidades internacionais também cresceu. Hoje ele é vice-presidente da União Internacional de Sociedades de Imunologia, que congrega as sociedades dessa especialidade de 65 países, e a partir de 2013 será o presidente. “Desde a minha volta para o Brasil sempre fiz política científica”, diz o imunologista, lembrando ter participado dos comitês gestores do PADCT e Pronex. “Na etapa que estou da carreira, gostaria de fazer a tradução da pesquisa para a utilidade clínica”, explica Kalil, de

fotos arquivo familiar e Eduardo César

Santa Casa de Porto Alegre, que tem o único hospital do hemisfério Sul dedicado inteiramente a transplantes. Neumann se forDesde sua mou na Faculdade de Medicina volta ao da UFRGS junto com Kalil, foi Brasil em 1983, seu vice-diretor no Laboratório de Imunologia do InCor por seKalil sempre te anos e um dos fundadores da participou ABTO. Admirador da capacidade intelectual do amigo, ele diz da política que a gestão é um de seus pontos científica mais fortes. “Ele gosta muito de gerir e fazer contatos.” Em 1991, Kalil passou um ano sabático como professor visitante na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, trabalhando no Laboratório de Tipificação Celular, onde se tornou diretor em exercício. Publicou vários artigos naquele ano e contribuiu para os estudos de ligação entre HLA e narcolepsia. “Me deram o laboratório para tomar conta. No final me convidaram para ficar em definitivo”, diz. A mulher, Liana, gostou da ideia. “Já que não conseguimos ficar na minha terra, pelo menos em Menlo Park, na Califórnia, a qualidade de vida era muito melhor do que em São Paulo”, conta Liana. “O Jorge ia e voltava do laboratório de Em 1991, com a família em bicicleta, chegava cedo em casa, produzia Menlo Park, muito. Era outra vida.” Mas não foi o que na Califórnia, e indo trabalhar aconteceu. “Voltamos. Eu tinha laboratóde bicicleta rio, gente contratada e muitos compro-


No butantan, o objetivo é fazer a tradução da pesquisa para a utilidade Clínica

No Instituto Butantan, que ele dirige desde 2011: nova etapa da carreira

58 anos, que além dos laboratórios no InCor e na FMUSP coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de imunologia. Atualmente dedica-se com seus colaboradores, entre outros projetos, ao desenvolvimento de duas vacinas: uma contra estreptococo para evitar febre reumática e outra contra HIV. Em 2011 surgiu essa oportunidade no Instituto Butantan, do qual se tornou diretor. “Acho que o Butantan precisa de alguém como ele para reestruturar a fabricação de vacinas e hemoderivados. E, naturalmente, introduzir novas vacinas e produtos”, diz o secretário Cerri, que o convidou para ocupar o cargo. Além disso, Kalil quer ajudar no desenvolvimento de várias molécu-

las com ação farmacológica descobertas no instituto. “O Brasil tem de aprender a dar esse passo tecnológico.” As pesquisas dos laboratórios que ele dirige não ficam abaladas por esse mergulho nas funções executivas? “Não, porque ele se cerca de pessoas que o ajudam a pensar. Conheço poucos pesquisadores que aliam tamanha capacidade de pesquisa e de gestão como ele”, responde Edécio Cunha-Neto, professor associado da FMUSP, chefe do Laboratório de Imunologia Clínica da FMUSP e pesquisador do Laboratório de Imunologia do InCor. A cada semana Kalil dedica três horas para os alunos e de duas a quatro aos pesquisadores seniores. “Dessa forma, não perde o contato, acompanha e orienta as pesquisas.” Para Edécio, a instalação do Laboratório de Imunologia em 1985 foi talvez a ação científica mais importante de Kalil porque ele trouxe para o Brasil um olhar mais molecular para a imunologia. Luiza Guilherme, pesquisadora de primeira hora desse laboratório, concorda. “A maior contribuição foi a implementação do conhecimento na área da imunologia do transplante de órgãos no Brasil e em doenças autoimunes”, diz. Kalil segue publicando. No ano passado foram 22 artigos. Em 2005 ganhou o Prêmio Mundial de Biologia da Academia de Ciências para os Países em Desenvolvimento (TWAS) por sua contribuição em autoimunidade. Ele descreveu os mecanismos celulares e moleculares em que uma doença infecciosa desencadeia uma doença autoimune. A ciência continua sua grande paixão. n

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Valores humanos O urologista Miguel Srougi, autor de 4 mil cirurgias, se empenha em melhorar as instituições em que trabalha

22 medicina

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uem passasse pela rua Urano na primeira metade dos anos 1960 talvez escutasse o som de um rádio ligado em alto volume que saía de uma das casas do tranquilo bairro paulistano da Aclimação. Dentro da residência, debruçado sobre livros e cadernos, um jovem assoviava e ouvia música enquanto fazia a revisão das disciplinas que estudava. O que à primeira vista poderia parecer displicência era a demonstração de uma profunda capacidade de concentração do então estudante Miguel Srougi, que tirava sempre a nota máxima no Colégio Santo Agostinho, no bairro da Liberdade. Quase 50 anos depois, o agora médico e pesquisador continua com a mesma capacidade de concentração que permite a ele realizar cinco cirurgias num único dia sem complicações posteriores. O urologista Miguel Srougi tem cerca de 4 mil operações realizadas em câncer de próstata em 42 anos de carreira. Há apenas outro cirurgião no mundo com um número maior, o norte-americano Patrick Walsh, que foi quem desenvolveu a cirurgia preservadora de nervos em 1979, procedimento que evita a impotência e a incontinência urinária na maioria dos casos. “Rea­ lizo grande número dessas intervenções porque quando iniciei ela não era executada no Brasil. O tempo me lapidou, as taxas de sucesso cresceram e o mito, merecidamente ou não, se propagou”, diz o brasileiro. Nos homens mais velhos o risco dessas complicações é um pouco maior, mas nos mais jovens a impotência caiu de 100% para 15% e a incontinência de 35% para 2%. “Miguel é o melhor cirurgião de todos nós e o melhor urologista que conheço”, diz José Cury, também urologista, coordenador da graduação médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e do laboratório de sexualidade do Hospital das Clínicas (HC). “Ele tem enorme credibilidade e não é por

O cirurgião Miguel Srougi: admiração dos colegas, alunos e pacientes


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acaso que o PIB do Brasil passa pelas suas mãos.” Cury refere-se aos empresários das grandes companhias que geram boa parte Só há um do Produto Interno Bruto brasioutro leiro e aos políticos influentes de cirurgião no todos os partidos que são ou já foram tratados por Srougi. mundo com O médico paulistano formais cirurgias mou-se na FMUSP em 1970. Fez residência médica, espede câncer de cialização em cirurgia e paspróstata do sou dois anos na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, que Srougi se aprimorando em urologia. Na volta, doutorou-se na USP, mas decidiu não ficar na instituição. “Achei que não havia lugar para mim aqui na época e aceitei o convite do empresário Antônio Ermírio de Moraes para montar um serviço de urologia no Hospital da Beneficência Portuguesa”, conta Srougi. Anos depois foi chamado a prestar concurso para professor titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O período na Unifesp, de 1996 a 2005, foi especialmente importante para o cirurgião. “A medicina da Unifesp é carente de recursos e quase abandonada pelos órgãos que deveriam apoiá-la economicamente. Srougi em Harvard, entre 1976 e 1977, Mas tem profissionais muito qualificados, e no concurso com um espírito institucional admirável”, para titular da FMUSP, em 2005 diz. “Foi lá que aprendi os valores ver-

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dadeiros da academia.” Por que, então, a volta para a FMUSP? O cirurgião conta que foi por uma questão de raízes, por ter sido formado e crescido na instituição.

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retorno gerou mudanças importantes na urologia da FMUSP e do HC a partir de 2005, quando Miguel Srougi se tornou professor titular na sua casa de origem. Com características pessoais voltadas para pesquisa, ensino e clínica, o cirurgião diz não ter nenhum pendor para cargos administrativos. “Antes falávamos em pesquisa, ensino e assistência. A esses se agregou também a capacidade de gestão”, informa Srougi. “Ora, os grandes líderes em medicina não conseguem exercer essas quatro atividades com a mesma competência, é impossível.” O atual secretário estadual de Saúde, ex-diretor do HC e também professor da FMUSP Giovanni Guido Cerri elogia não só o médico, mas também o talento administrativo que Srougi diz não ter. “Ele tem sim essas características. Sabe utilizar o prestígio profissional para investir e administrar projetos, mas acima de tudo é um grande urologista”, afirma o secretário. O cirurgião diz ter suas preferências: o ensino da medicina e o atendimento aos pacientes. “Formar novos médicos com valores para exercer uma medicina humanizada é inebriante”, diz ele. Como atua


Fotos aquivo familiar

intensamente na área de câncer urológico, operando no HC e em hospitais privados, passa muitas horas por semana se atualizando. Mas ainda há muito do que cuidar: os muitos doentes do HC, os alunos da graduação e da pós-graduação, os residentes e o laboratório. Para dar conta de tudo é preciso da ajuda de outros profissionais. No retorno à USP, Srougi chamou a patologista Kátia Leite, então no Hospital Sírio-Libanês, para chefiar o LIM 55, um dos laboratórios de investigação médica do HC, dedicado à pesquisa. Até voltar para FMUSP, ele tinha quase 130 trabalhos indexados no PubMed. Nos últimos sete anos, esse número subiu para 370. A mudança se deve à produtividade do LIM comandado por Kátia desde 2006. Foram cerca de 40 trabalhos publicados por ano nos últimos seis anos pelo grupo de urologia, num total de 240 artigos indexados. “Sem contar livros, capítulos e apresentações em congressos”, diz. Kátia Leite conhece Miguel Srougi desde quando era aluna da FMUSP. Se reencontraram na primeira passagem dele pelo Sírio-Libanês, em 1988. Depois Srougi ficou por dois anos no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, onde criou o Instituto da Próstata, e voltou para o Sírio. Posteriormente, instada por Srougi, Kátia

fez o doutorado na Unifesp. Na USP, quando se tornou responsável pelo LIM, ela e o grupo de pesquisadores da urologia começaram a montar um banco de tumores de próstata, atualmente um dos maiores do mundo, para investigação científica utilizando técnicas moleculares.

Miguel Srougi operando; com a nora Karin, a esposa, Iara, e os filhos Victor e Thomaz em Aspen, nos Estados Unidos; e durante a graduação, em 1967 (no centro da foto)

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átia atribui a mudança e a consequente produtividade do laboratório à mentalidade de Srougi. “Ele é altamente estimulante, a qualidade principal do líder. Valoriza a ação das pessoas e ajuda sempre. É um facilitador que não tenta competir”, relata. Segundo ela, o brasileiro faz parte de uma elite mundial de cirurgiões e pesquisadores que contribuí­ ram para o entendimento do câncer de próstata e conseguiram aumentar a taxa de sucesso das cirurgias, como Patrick Walsh, Peter Scardino e William Catalona. A intensa atuação do médico elevou o parâmetro de ensino na sua área dentro da Faculdade de Medicina, onde há critérios internos de avaliação de cursos. Há dois anos a urologia tinha 16% de ótimo e bom na opinião dos alunos de graduação. Hoje tem 100%: 94% ótimo e 6% bom. Na pós-graduação a melhora foi menos espetacular, mas também sensível. “Quando cheguei aqui nossa pós-graduação tinha nota 3 me-

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26 O urologista em uma das novas salas de cirurgia do HC, construídas com dinheiro de doação

nos na Capes. Em um ano e meio pulamos para 5 – o máximo é 7 – e na última avaliação passamos para 6”, diz Srougi, envaidecido. Isso levou o curso a ficar entre os três únicos programas de pós-graduação em cirurgia com nota 6 no Brasil.

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o sucesso como cirurgião Srougi aliou outra qualidade, rara em qualquer profissão. Ele se tornou um habilidoso captador de recursos utilizados em obras de melhoria dentro das instituições que trabalha. No período da Unifesp, por exemplo, conseguiu R$ 2,8 milhões de empresários para reformar as enfermarias do Hospital São Paulo, vinculado à universidade, e cerca de R$ 13 milhões do governo federal, para apoio à instituição. No HC vem ocorrendo o mesmo. Em outubro de 2011, com apoio de Aloysio Faria, do Banco Alfa, ficaram prontas duas novas salas cirúrgicas e uma enfermaria humanizada, que custaram R$ 8 milhões. As duas salas são as mais modernas da América Latina, equipadas com aparelhos

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suspensos por braços mecânicos, equipamentos de raios X, laser e microscópios acoplados às mesas de cirurgia, por exemplo. O sistema de comunicação poderá transmitir uma operação para todos os anfiteatros da instituição e via internet, o que permitirá a um médico no exterior ver a cirurgia em tempo real e opinar em casos complexos. Há um pequeno anfitea­ tro, separado das salas por vidro, para os alunos e residentes terem aulas e cursos. “Isso tudo foi feito para os pacientes carentes, que mal conseguem chegar ao hospital por falta de recursos”, lembra o urologista José Cury. As salas serão usadas para cursos de aperfeiçoamento por todas as disciplinas de cirurgia do HC. Em outubro de 2011, apenas na urologia havia uma fila de 892 doentes à espera de vaga para serem operados. Destes, 140 eram crianças e 50 tinham câncer. “Na urologia contamos com cerca de 50 cirurgiões altamente qualificados”, diz Srougi. “Hoje fazemos 300 operações por mês e pretendemos executar mais 150 intervenções mensais.”


Fotos eduardo cesar e aquivo familiar

Srougi fez muitas reformas com dinheiro de doações no HC. Nas salas e enfermarias da urologia, na Associação Atlética dos alunos, na escola municipal frequentada pelos filhos dos funcionários do hospital e no LIM, entre outros lugares. Para ajudar os alunos sem recursos, Srougi reformou a Casa do Estudante ao conseguir reunir 18 doadores – e ele foi um deles –, que deram cada um R$ 180 mil. A casa estava em péssima situação, com apenas dois banheiros, e alojava 30 alunos e alunas. Dos 1.200 estudantes da FMUSP, pelo menos 100 apresentam dificuldade material para se instalar em São Paulo. “Em 2007 gastamos mais de R$ 3 milhões na reforma e construímos biblioteca, lavanderia, salas de almoço, salas de convivência e de estudos, jardim. Agora são 26 quartos com computador e banheiro para 52 alunos que são selecionados na USP.” Srougi usa parte das doações que consegue também para dar bolsas para residentes e membros da instituição se aperfeiçoarem no exterior.

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ual a mágica para conseguir dinheiro dos empresários? “Nada torna uma relação humana mais forte quando se consegue resgatar uma pessoa para a vida, sem envolvimento material. Esse tipo de relação cria cumplicidade e confiança”, diz ele. “As pessoas que têm recursos e que me privilegiam com seu apoio sabem que nossos projetos irão melhorar o nosso entorno.” O amigo de infância Nelson Cury, industrial conhecido como Diné, confirma: “Quando o Miguel levanta a mão todos acorrem porque sabem que ele

vai usar bem o dinheiro”. Diné é um dos velhos amigos da rua Urano, no bairro da Aclimação. “As pessoas querem retribuir o A volta para carinho e a competência com a USP gerou que foram tratadas.” mudanças Outro amigo do tempo de colégio, Valentim Gentil Filho, importantes do departamento de psiquiatria na urologia da FMUSP e do Instituto de Psiquiatria do HC, tem opinião seda faculdade melhante. Ele conta que os pade Medicina cientes são apaixonados pelo urologista. “Convivo socialmente e do HC com ele e as pessoas fazem questão de dizer que são pacientes do Miguel, não importa se são muito ricas ou muito pobres”, diz Gentil. A vida familiar de Miguel Srougi parece tão bem-sucedida quanto a profissional. Casado com Iara, filósofa de formação, tem dois filhos. Thomaz é economista pós-graduado pela Universidade de Chicago. Victor é residente da FMUSP. “Ele dizia que não queria se aproveitar do meu nome e que faria cirurgia plástica. Só decidiu pela urologia no último dia”, conta Srougi. A urologia é a mais disputada entre as 11 disciplinas cirúrgicas – no ano passado, dos 36 candidatos à residência, 18 a queriam. Havia apenas seis vagas. Victor competiu e ganhou. “Ele comemorou mais do que quando entrou na faculdade. Ficou oito anos me enganando”, diz o cirurgião. “Mas eu também Casa do Estudante da FMUSP, reformada o enganava”, revela com um sorriso. “Eu em 2007, e Srougi sempre disse para ele que não ligaria se com docentes da Unifesp, em 2000 optasse pela cirurgia plástica.” n

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Cobras, lagartos e samba Autor de canções memoráveis, Paulo Vanzolini contribuiu para o desenvolvimento científico

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oologia e samba, obrigatoriamente nesta ordem. O paulistano Paulo Emílio Vanzolini, aos 88 anos, é reconhecido pelas suas significativas contribuições culturais, tanto na ciência quanto na música. No mundo científico, o autor de canções como Volta por cima não tem apenas um extenso currículo. A qualidade de suas contribuições é grande. A ativa participação na criação da FAPESP, que completou 50 anos em 2012, também. Vanzolini é considerado pelos seus pares um grande estudioso da história natural, com vastas excursões por todo o país. Sua formação de origem foi a medicina, e não a biologia. Uma das razões para isso foi a pobreza do curso oferecido pela Universidade de São Paulo (USP) no início dos anos 1940 – “uma porcaria”, na opinião sem meias palavras do zoólogo. Ele cursou a Faculdade de Medicina da USP entre 1942 e 1947. Na virada de 1948 para 1949 estava em Boston, nos Estados Unidos, para fazer doutorado na Universidade Harvard. E, de quebra, frequentar bares americanos onde ouvia boa música. Foi André Dreyfus, do grupo pioneiro que criou a USP, chefe do departamento de biologia geral da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e amigo do pai de Vanzolini, quem sugeriu ao estudante: “Vá para a Faculdade de Medicina, onde o curso básico, principalmente o de anatomia, é muito bom”. Vanzolini seguiu o conselho, mas assim que se formou enveredou pela zoologia. O cientista sempre soube que queria estudar bichos, e não gente. Quando voltou dos Estados Unidos, ele mostraria ter uma visão moderna do papel do cientista ao se preocupar com o financiamento da ciência, mesmo avesso às questões da política científica e tecnológica. De acordo com o historiador da ciência da USP Shozo Motoyama, havia um grande movimento da comunidade científica paulista para tentar concretizar a FAPESP

Paulo Vanzolini: carreira como zoólogo e composições nas horas vagas


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no final dos anos 1950. “No meu entender, o papel principal de Vanzolini foi resgatar esse movimento dentro do Grupo de Planejamento do governo Carvalho Pinto e incluir a Fundação entre as prioridades daquela gestão”, observa o historiador. “Por ordem de Carvalho Pinto, escrevi a lei de criação da FAPESP”, atesta Vanzolini, integrante do primeiro Conselho Superior da Fundação.

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utra instituição atrelada à vida de Vanzolini é o Museu de Zoologia da USP. Só como diretor foram 31 anos, de 1962 a 1993. Neste período – e ele sempre fala disso cheio de orgulho – o museu passou a contar com uma excepcional coleção de espécies. “É uma das melhores do mundo”, costuma dizer. Quando o assunto é coleta de animais, não se importa em parecer politicamente incorreto. “As ONGs que criticam a captura de bichos falam bobagem. É claro que não se deve caçar animais se não for para aproveitar bem ele. No caso, montar uma coleção”, explica. Nas grandes expedições que fazia, Vanzolini sempre levava para o Museu de Zoologia os animais novos que encontrava para estudo e exposição. O acervo bibliográfico pessoal do cientista, doado à USP, está avaliado em US$ 300 mil e dá uma pista de como ele leva-

va a sério o seu interesse pela sua área de pesquisa. Em certo momento da carreira, antes de se aposentar, em meados dos anos 1990, ele chegou a ter 100% de todos os artigos científicos que haviam sido publicados até ali sobre répteis na América do Sul, fossem originais ou fotocópias. Outros zoólogos demonstraram reconhecimento pelas contribuições científicas de Vanzolini ao batizar animais ainda não descritos com seu nome. Hoje ele dá nome a mais de 10 espécies, uma delas de macaco, embora sua especialidade sejam cobras e lagartos (herpetologia). Em seus trabalhos originais fica claro que o cientista estava longe de ser um mero taxonomista. Ele fazia isso com grande competência, mas também abordava a questão ecológica e biogeográfica dos grupos estudados. A chamada teoria dos refúgios, que descreve uma hipótese ainda bastante aceita de como a diversidade biológica explodiu na Amazônia, é uma das contribuições do zoólogo para a ciência. A narrativa de como essa descoberta está perpetuada, por meio de artigos científicos, mostra várias características da personalidade do cientista e sambista. “Em 1969 recebi, pelo correio, um exemplar da revista Science para dar um parecer a um trabalho. Quando abri o envelope e comecei a ler, falei para o Er-

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Uma das excursões do pesquisador pelos rios da região amazônica


à mesa, conversaram, tomaram algumas cervejas e viraram grandes amigos. Vanzolini se refere ao próprio trabalho dizendo não ter feito nada pensando no desenvolvimento da ciência, mas apenas para ter o prazer de escrever um trabalho benfeito. Quando o assunto é música ele se torna ainda mais comedido. “Não sei se tenho relevância nessa área”, diz. Amigos do compositor como o violonista Paulinho Nogueira, grande companheiro, costumam brincar com as deficiências musicais dele. Certa vez, durante um show do qual participavam com Eduardo Gudin, Paulinho agradeceu as palmas e disse para a plateia, “Vocês bateram palmas para a única pessoa neste palco que não sabe a diferença entre tom maior e tom menor”.

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anzolini confirma que não sabe o que é uma nota musical e que “essa coisa de ter ouvido treinado” também não é com ele. Afirma que apenas gostava de fazer letras, do que desistiu há décadas, principalmente depois da morte do amigo Luís Carlos Paraná, cantor de samba. O zoólogo era o letrista de suas músicas e contava sempre com amigos, como Eduardo Gudin e outros, para refinar a melodia. Autor de composições conhecidas, como Ronda e Pedacinho de céu, e ícone do samba paulista, ele gosta de citar outras

fotos arquivo familiar

nest Williams, ‘Nos passaram a perna’”, relata. O artigo a que ele se referia era do pesquisador Vanzolini teve alemão Jürgen Haffer. A pesquisa tratava da distribuição de participação aves na Amazônia. A teoria que importante embasava o trabalho era muito parecida com as ideias que Vanno museu zolini e Williams, colaborador de zoologia americano do zoólogo brasileiro, haviam discutido em outro e na criação artigo, que tratava da distribuidA fapesp ção ecológica e geográfica de um grupo de lagartos amazônicos. Nas palavras de Haffer, eis o cerne da ideia: “A teoria dos refúgios propõe que as mudanças na vegetação seguiram reversões climáticas em virtude dos ciclos naturais durante algum período da história da Terra, causando a fragmentação dos centros de origem das espécies e o isolamento de parte das respectivas biotas em refúgios ecológicos separados entre si”. Vanzolini gostou das ideias do cientista alemão, morto em 2010. “Ernst e eu não propusemos teoria Vanzolini (no centro da foto à esquerda) nenhuma. Apenas ajudamos a explicar em Mato Grosso; na aquilo que o Haffer havia teorizado”, diz rede, na casa do pai, em São Paulo; e em com franqueza o zoólogo. O brasileiro cobarco em um dos nheceu Haffer quando, informado do trarios da Amazônia, balho sobre o lagarto, o cientista alemão tomando notas (fotos sem data) resolveu vir ao Brasil. Eles se sentaram

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fício dos Diários Associados, na rua Sete de Abril, no centro de São Paulo. “Lá tinha um barzinho que a gente frequentava e O gosto depois fechou”, conta o compopela música sitor. “O pintor Rebolo e outros impregnou fizeram o Clube dos Artistas e Amigos da Arte, mais conhecido o compositor como clubinho.” De acordo com na época Vanzolini, ele começou na rua Barão de Itapetininga, no funda faculdade, do de uma galeria de pintura, nos anos 1940 e depois foi para a boate Oásis, na praça da República, antes de chegar ao prédio do Instituto dos Arquitetos do Brasil. “A Inezita Barroso dava show quase toda noite e corria o chapéu. Era um lugar para estar entre a hora do serviço e a do jantar. Depois ainda frequentei o bar Jogral, que era do Paraná.” O gosto pela música impregnou Vanzolini na época da Faculdade de Medicina. Naquele tempo ele frequentava as rodas boêmias da cidade, antes de trabalhar em programas musicais na televisão para aumentar a renda. Nesse convívio, surgiu uma amizade fraterna com Sérgio Buarque de Holanda e a mulher dele, Maria

fotos léo ramos

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canções menos conhecidas do público em geral. Vanzolini gosta de Capoeira do Arnaldo, uma música de tom nordestino: “(...) Quando eu vim da minha terra / Veja o que eu deixei pra trás / Cinco noivas sem marido / Sete crianças sem pai / Doze santos sem milagre / Quinze suspiros sem ai / Trinta marido contente / Me perguntando ‘já vai?’/ E o padre dizendo às beata / ‘Milagre custa, mas sai’ (...)”. “É uma das minhas melhores”, acredita. A letra surgiu em um ônibus a partir do desafio de um amigo, o artista plástico e crítico de arte Arnaldo Pedroso Horta. “Carybé, pintor de origem argentina, era muito meu amigo. Certa vez, aqui em São Paulo, ele começou a cantar capoeira no clubinho e no barzinho do museu e o Arnaldo me desafiou dizendo, ‘Você não presta para nada, porque esse gringo chegou aqui cheio de capoeira e você nunca fez nenhuma’”, conta Vanzolini. No dia seguinte, a letra da capoeira, enorme, com cinco estrofes e 65 versos, estava pronta. O clubinho e o museu aos quais o cientista e compositor se refere foram importantes para ele. A primeira sede do Museu de Arte de São Paulo, o Masp, foi instalada por Assis Chateaubriand em 1947 no edi-

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Vanzolini durante show no Sesc Pompeia, em São Paulo, em janeiro deste ano. Sua mulher, Ana Bernardo, cantava e ele pontuava com histórias sobre as canções e os artistas que conheceu

Amélia. A família merece elogios rasgados do compositor até hoje. Com fama de ranzinza, quando gosta de alguém Vanzolini é farto em afagos. Quando não gosta, as críticas são impiedosas. Chico Buarque, a quem Vanzolini conheceu criança e “viu nascer” como artista, é um dos mais bem tratados pelo autor de samba como Praça Clóvis, gravado por Chico.

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aquelas reuniões em bares do centro da cidade, depois do expediente no museu, Vanzolini começou a penetrar na cena cultural da cidade e colecionar amigos – e também alguns inimigos atingidos pelos comentários duros do compositor. Entre os companheiros, ele cita, além de Eduardo Gudin, o “maior violonista do mundo”, Isaías Bueno de Almeida, líder do conjunto Isaías e Seus Chorões. Entre os desafetos recentes, ele lembra de Toquinho e Caetano Veloso, sem dar detalhes. O método de compor as músicas, e todas elas podem ser encontradas na coleção Acerto de contas, não tinha nada de romântico. Ele as fazia em casa, quase remoendo as frases. “Dá muito trabalho compor”, diz. Ouvir Vanzolini contar es-

sas e outras histórias da sua vida, sentado ao lado dele, na sala de sua casa em uma vila charmosa e antiga no bairro do Cambuci, é ter certeza de que a música surgiu naturalmente na vida do compositor, como ele mesmo gosta de dizer e repetir. “Quando Deus me fez zoólogo sabia o que estava fazendo”, é uma das frases que gosta de repetir. Não é que ele despreze o lado artístico. Mas sempre viveu e criou os cinco filhos fazendo ciência, percorrendo o Brasil e todas as regiões da América do Sul, além do trabalho no Museu de Zoologia. Vanzolini vive hoje ao lado da sua segunda companheira, a cantora Ana Bernardo. Conhecedor da Amazônia, para onde fez numerosas excursões, Vanzolini é um crítico da atual situação da região. Para ele, toda aquela área está sendo destruída com a conivência dos povos que lá vivem. O pesquisador deixa claro que ter a mente aberta – apesar da fama de irascível – é que o fez transitar livremente pelo meio intelectual paulista e, dessa forma, ter deixado aflorar o seu lado de compositor. Talvez seja uma qualidade de pessoas que miram a natureza como sua principal fonte de interesse. n

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Sutilezas do desconforto 34 arte

O

ensaio fotográfico Albinos, de Gustavo Lacerda, vencedor do prêmio de Arte de 2011, foi descrito por ele da seguinte maneira: “Já há alguns anos, os albinos despertam minha atenção. Um interesse peculiar, que vai além da questão do ‘ser diferente’, do inusitado. Eles trazem traços singelos de uma beleza em tons pastel ressaltados na pele, nos lábios, nos olhos e nos pelos”. Ao levá-los para o estúdio e colocá-los em posição de destaque, Lacerda notou nos retratados certo desconforto e estranhamento. “Daí brota a essência do trabalho: tentar captar essa beleza única e as sutilezas desse desconforto, num misto de orgulho e timidez”, diz. O sucesso ao capturar em foto a essência de pessoas, situações, paisagens ou objetos é o que explica o encanto dos ensaios premiados pela Fundação Conrado Wessel (FCW). Lucio Adeodato, com Negros paroxismos, e Cassio Vasconcellos, com Panoramas, ganharam em segundo e terceiro lugar do prêmio, respectivamente. O vencedor leva R$ 114 mil e os outros dois R$ 43 mil cada um. Os três foram escolhidos entre 15 finalistas por um júri presidido por Rubens Fernandes Junior, curador de fotografia da FCW e diretor da Faculdade de Comunicação e Marketing da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Todos receberão também uma escultura representando o prêmio, de autoria do artista plástico Vlavianos. Esta edição comemorativa traz as fotos premiadas pela FCW desde 2002. São 32 páginas com 94 imagens. Nesses 10 anos, foram entregues 35 prêmios para 30 fotógrafos diferentes – três ganharam mais de uma vez e um dos trabalhos vencedores era um ensaio com dois autores. A subcategoria Fotografia Publicitária, que existiu até 2009, foi extinta em 2010. Agora valem apenas os ensaios fotográficos.

2011 fotógrafos finalistas André Hauck Nego Miranda Cassio Vasconcellos Edu Simões Gustavo Lacerda Leandro Viana Lucio Adeodato Tadeu Vilani Luiz Braga Marcelo Correa Marcio Scavone Marco Mendes Paulo Mancini Pedro David Rodrigo Braga

Ao lado, foto do ensaio Albinos, de Gustavo Lacerda



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ensaio fotográfico 1º lugar Albinos, de Gustavo Lacerda

O fotógrafo começou a pesquisar sobre albinos em 2009. Fez o trabalho com retratos posados, como se eles fossem atores de si mesmos. Segundo Lacerda, esse destaque muitas vezes causou nos retratados certo desconforto e estranhamento

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ensaio fotográfico 2º lugar Negros paroxismos, de Lucio Adeodato

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Segundo o autor, as fotos feitas em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia remetem a uma ideia de imagem formada na mente humana que, junto com a memória e o sonho, misturam-se para formar a realidade. “O ensaio convida a repensar o que chamamos realidade”, diz Adeodato

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ensaio fotográfico 3º lugar Panoramas, de Cassio Vasconcellos

A paixão pela foto aérea levou Vasconcellos a retratar o Brasil de cima. O ensaio foi realizado em dois anos, com três grandes voos e outros de curta duração pelo país. “Busco mostrar nas fotos as texturas dos relevos e das paisagens”, conta o autor

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2010 ensaio fotográfico 1º lugar TV P&B, de Tadeu Vilani

As fotos mostram a retirada de moradores de uma favela em Porto Alegre através de molduras de velhas TVs. “Capturei o momento daquelas pessoas como uma manifestação inconsciente de serem vistas”, explica Vilani

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ensaio fotográfico 2º lugar Drom, o caminho cigano, de Gui Mohallem

O ensaio foi realizado durante as filmagens de Ao relento, de Julia Zakia, no Nordeste. “Sempre tive fascínio pelo povo cigano e quando recebi o convite de Julia pude chegar mais perto deles”, conta Mohallem

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ensaio fotográfico 3º lugar Índios contemporâneos, de Kenji Arimura

Em 2009 o fotógrafo foi convidado por um índio Terena a conhecer sua aldeia, em Mato Grosso do Sul. Segundo Arimura, como queria saber mais sobre os indígenas, aquela foi uma boa oportunidade para buscar respostas

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2009

fotografia publicitária 1º lugar Ousadia ímpar, de Denise Wichmann

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ensaio fotográfico publicado 1º lugar O sol no céu de nossa casa, de Marcio Rodrigues e Marco Mendes

O ensaio da dupla foi uma encomenda de uma grande empresa para que fossem retratadas as pessoas no Vale do Jequitinhonha (MG) após a chegada da energia elétrica. “Enquanto um de nós fotografava o dono da casa, outro ia para o quintal ou cozinha atrás de outras imagens”, conta Rodrigues

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ensaio fotográfico publicado 2º lugar Imagens humanas, de João Roberto Ripper

O fotógrafo e documentarista Ripper tem como proposta profissional colocar a fotografia a serviço dos direitos humanos. Neste ensaio ele retrata, por exemplo, carvoeiros e crianças submetidas a duras jornadas de trabalho

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ensaio fotográfico inédito 3º lugar Sem título, de Ricardo Barcellos

“Prédios esvaziados anunciam mensagens como gigantestos tabloides, viram pele tatuada de signos, carcaças urbanas abandonadas”, escreveu Barcellos. Os registros foram feitos em São Paulo

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2008

fotografia publicitária 1º lugar Cantora de ópera, de José Luiz Pederneiras

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ensaio fotográfico publicado 1º lugar A curva e o caminho, de André François Quais são os caminhos que as pessoas fazem para conseguir ter acesso ao médico ou posto de saúde? “Tento há vários anos explorar esse tema”, diz François. O ensaio foi feito nas pequenas e grandes cidades

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ensaio fotográfico publicado 2º lugar Vi elas, de Francilins Castilho Leal

A série de fotos mostra prostitutas da rua Guaicurus, no centro de Belo Horizonte, que concentra o baixo meretrício da cidade. Esse mundo, que tem sua própria cultura, linguagem, prática religiosa e códigos, foi capturado por Castilho Leal em 2006

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ensaio fotográfico inédito 1º lugar Cidadão X, de Júlio Bittencourt

Neste ensaio, as pessoas e o interior de suas residências são apresentados de forma crua. “Quis mostrar a relação entre os moradores e o local onde eles vivem”, diz Bittencourt

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2007

fotografia publicitária 1º lugar Caminhos do coração, de Alexandre Salgado 2º lugar 120 razões para ser cliente completo, de Gustavo Lacerda

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ensaio fotográfico 1º lugar Redemunho, de João Castilho Esta série é sobre o sertão brasileiro e parte das crenças muito presentes por lá, segundo o autor. O ensaio foi fotografado e editado com sequências azuis seguidas das sequências laranja e terrais. “Algumas fotos remetem ao divino e, outras, às trevas”, diz o fotógrafo

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ensaio fotográfico 2º lugar O homem e a terra, de Lalo de Almeida A ideia do ensaio é mostrar a diversidade das populações brasileiras e a ligação forte que cada uma delas tem com a paisagem que as cerca. “A inspiração partiu de Os sertões, de Euclides da Cunha”, diz Almeida, que percorreu da Amazônia ao Rio Grande do Sul para compor os retratos

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2006

fotografia publicitária 1º lugar Tim: viver sem fronteiras, de Gustavo Lacerda 2º lugar Abraço, de Ricardo de Vicq 2º

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Ensaio fotográfico 1º lugar O chão de Graciliano, de Tiago Santana O autor fotografou em várias cidades do sertão de Alagoas e Pernambuco para apresentar o cenário onde nasceu e cresceu o escritor Graciliano Ramos. “O convite do projeto partiu do jornalista alagoano Audálio Dantas e levou quatro anos para ser concluído”, diz Santana

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Ensaio fotográfico 2º lugar Numa janela do edifício Prestes Maia, 911, de Julio Bittencourt

“A intenção foi discutir, por meio da fotografia, como ocupamos as cidades, a relação da arquitetura com a sociedade, as barreiras que elas se impõem e algumas consequências”, diz o autor. O edifício fica no centro de São Paulo

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2005 fotografia publicitária 1º lugar Existem chances de cura..., de Maurício Nahas

62 3º lugar Lonas Alpargatas: o superpoder do caminhoneiro, de Gustavo Lacerda

2º lugar Gol. Sempre fiel a você..., de Andreas Heiniger

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2004 fotografia publicitária 1º lugar Irado, de Ricardo Cunha

2º lugar Borboleta, de Paulo Vainer

3º lugar Gordinha, de Felipe Hellmeister

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2003 fotografia publicitária 1º lugar Campanha do produto giz, de Bob Wolfenson

3º lugar Menino com bola, de Márcia Ramalho

2º lugar Píer, de Leonardo Martins Vilela, para G’Staff

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2002 2º lugar AXE, de Maurício Nahas

fotografia publicitária 1º lugar Colorama, de Klaus Mitteldorf

3º lugar ISA - Projeto Água Viva, de Allard

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Instituições Parceiras da FCW Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP

Ligada à Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, é uma das principais agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica. Desde 1962 concede auxílio à pesquisa e bolsas em todas as áreas do conhecimento, financiando atividades de apoio à investigação, ao intercâmbio e à divulgação da ciência e tecnologia em São Paulo. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes

Vinculada ao Ministério da Educação, promove o desenvolvimento da pós-graduação nacional e a formação de pessoal de alto nível, no Brasil e no exterior. Subsidia a formação de recursos humanos altamente qualificados para a docência de grau superior, a pesquisa e o atendimento da demanda dos setores públicos e privados. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

Fundação vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia para apoio à pesquisa brasileira, que contribui diretamente para a formação de pesquisadores (mestres, doutores e especialistas em várias áreas do conhecimento). É uma das mais sólidas estruturas públicas de apoio à ciência, tecnologia e inovação dos países em desenvolvimento.

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Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC

Fundada há mais de 50 anos, é uma entidade civil, sem fins lucrativos, voltada principalmente para a defesa do avanço científico e tecnológico e do desenvolvimento educacional e cultural do Brasil. Academia Brasileira de Ciências – ABC

Sociedade civil sem fins lucrativos, tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento da ciência e tecnologia, da educação e do bem-estar social do país. Reúne seus membros em 10 áreas das Ciências: Matemáticas, Físicas, Químicas, da Terra, Biológicas, Biomédicas, da Saúde, Agrárias, da Engenharia e Humanas. Academia Brasileira de Letras – ABL

Fundada em 20 de julho de 1897 por Machado de Assis, com sede no Rio de Janeiro, tem por fim a cultura da língua nacional. É composta por 40 membros efetivos e perpétuos e 20 membros correspondentes estrangeiros. Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial

Criado na década de 1950, é uma organização do Comando da Aeronáutica que tem como missão o ensino, a pesquisa e o desenvolvimento de atividades aeronáuticas, espaciais e de defesa, nos setores da ciência e da tecnologia. Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa

Organização sem fins lucrativos que tem por objetivo maior articular os interesses das agências estaduais de fomento à pesquisa em todo o país. Criado oficialmente em 2007, o conselho já agrega fundações de 22 estados mais o Distrito Federal. Marinha do Brasil

Integrante do Ministério da Defesa. Contribui para a defesa do país e atua na garantia dos poderes constitucionais e em apoio à política externa do país.

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Júri dos prêmios FCW de 2011 ciência

parceira que indicou

Jacob Palis Jr. / Presidente

abc

Carlos A. Vogt

fcw

Erney Plessmann de Camargo

Fcw

Glaucius Oliva Cnpq Ilques Barbosa Júnior Marinha do Brasil Jorge Almeida Guimarães

Capes

José Roberto Drugowich de Felício

Fcw

Marco Antonio Sala Minucci

Dcta

Mario Neto Borges

Confap

Regina Pekelmann Markus

Sbpc

Walter Colli

Fapesp

cultura Celita Procopio de Carvalho / Presidente

Fcw

Ana Mae Tavares Bastos Barbosa

Fcw

Carlos A. Vogt

Fcw

Celso Lafer

Fapesp

Geraldo Holanda Cavalcanti

Abl

João Grandino Rodas

Fcw

José Murilo de Carvalho

Abc

Odenildo Teixeira Sena

Confap

Otavio Cardoso Alves Velho

Sbpc

Paulo Sergio Lacerda Beirão

Cnpq

medicina Renata Caruso Fialdini / Presidente

Fcw

Angelita Habr-Gama

Fcw

Eliete Bouskela

Confap

Erney Plessmann de Camargo

Fcw

Guilherme Suarez Kurtz

Fcw

Helena Bonciani Nader

Sbpc

Luiz Roberto Londres

Capes

Paulo Sergio Lacerda Beirão

Cnpq

Protásio Lemos da Luz

Fcw

Arte / ensaio fotográfico Rubens Fernandes Junior / Presidente

Fcw

Alexandre José Belém de Souza

Editor do blog Olhave e da veja.com, Recife

Eugênio Sávio Lessa Baptista Diretor do Festival de Fotografia de Tiradentes Juan Esteves Crítico e articulista da revista Fotografe Melhor Joaquim Marçal Ferreira de Andrade

Biblioteca Nacional e professor da Puc-Rio

Ricardo de Leone Chaves

Fotógrafo e colaborador do jornal Zero Hora

Ronaldo Entler Coordenador da pós-graduação da Facom-Faap Silas José de Paula

Fotógrafo e professor da Ufce, Fortaleza


Cronograma da premiação 2012

Prazo para recebimento das indicações (Ciência e Cultura)

10 de novembro de 2012

Preparação dos dossiês dos indicados (Ciência e Cultura)

10 a 20 de novembro de 2012

Julgamento e escolha dos premiados (Ciência e Cultura)

28 e 29 de novembro de 2012

3 de dezembro de 2012 a 8 de março de 2013

Prazo para recebimento das inscrições (Arte)

Escolha dos premiados (Arte)

25 a 29 de março de 2013

17 de junho de 2013

Cerimônia de premiação

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