Infra-estrutura 4: Pavimentando os caminhos do futuro

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INFRA-ESTRUTURA 4

Vocação para a pesquisa Laboratórios paulistas se equiparam aos melhores do mundo m1994, quando implantou o Programa de Infra-Estrutura, a FAPESP quebrou um paradigma: o de que agências de fomento deveriam financiar exclusivamente bolsas e auxílios à pesquisa, mas não a reforma e modernização de laboratórios, isto é, sua infra-estrutura. Os resultados do programa mostram que a FAPESP estava certa. Desde o início do Infra, a FAPESP destinou um total de R$ 505.215.402,68 para financiar 4.474 projetos de modernização de infra-estrutura apresentados pelas diversas áreas de pesquisa das universidade estaduais e federais e institutos de pesquisa estaduais, federais e municipais localizados no Estado de São Paulo. Na sua primeira fase, em 1995, o Infra I financiou 849 projetos, divididos em dois módulos, o de infraestrutura geral e o de biotérios. No Infra 11,de 1996, aprovou 1.261 projetos, desta vez em cinco módulos: equipamentos especiais multiusuários, redes locais de informática, infra-estrutura para bibliotecas, FAP-Livros - destinado a compra de acervo de bibliotecas - e infra-estrutura geral. No Infra I1I, de 1997, foi excluído

E

PESQUISA

FAPESP

o módulo FAP-Livros - que se tornou autônomo - e aprovados 1.044 projetos, enquadrados nos quatro módulos restantes. Em 1998, no Infra IV, o módulo de financiamento de equipamentos multiusuários foi incorporado às linhas permanentes de fomento da FAPESP, sendo, portanto, excluído do programa, e dois novos módulos foram acrescentados para apoiar museus e arquivos. Naquele ano, 1.053 projetos foram aprovados. Foi realizado também uma nova fase do FAP-Livros, sendo aprovados 191 projetos. O Infra V, lançado em 1999, foi dividido em dois grandes módulos: o de tratamento de resíduos químicos e o de centros de informações, incluindo bibliotecas, museus e arquivos. Nesta fase foram aprovados 76 projetos e 86 encontram-se em análise. Os investimentos já somam R$ 8.125.698,06 (ver tabelas 1 e 2). A revista Pesquisa FAPESP tem publicado, desde o ano passado, uma série de suplementos especiais com reportagens sobre as diversas áreas de pesquisa beneficiadas. O primeiro Suplemento Especial, publicado junto com a edição n= 63 da revista Pesquisa FAPESP, apresen-


tou os resultados dos investimentos do Programa de Infra-Estrutura na revitalização de bibliotecas, museus e arquivos. O segundo Suplemento Especial, que acompanha a edição nv 64 da Pesquisa FAPESP, mostra os investimentos e o impacto da implantação das redes de informática na produção científica paulista. O terceiro Suplemento Especial, que circulou com a edição nv 66 da revista, reuniu reportagens sobre os resultados do apoio do programa nos laboratórios das áreas de Ciências Agrárias e Veterinárias, Biologia e Saúde. Neste suplemento, o foco das atenções são os laboratórios de Física, Química e Engenharia e as áreas de Ciências Humanas. Nas tabelas 3, 4 e 5 estão apresentados os recursos liberados para os laboratórios de pesquisa. Além de computar os recursos do programa no módulo de apoio à infra-estrutura geral, foram incorporados, ainda, dados e valores dos invetimentos do módulo equipamentos multiusuários, já que eles destinaram-se aos laboratórios de pesquisa, e dados e valores do módulo de tratamento de resíduos químicos, mais uma etapa na modernização dos laboratórios. Ao todo, nesses três módulos, o programa destinou R$ 329,5 milhões para apoiar 2.751 projetos de reforma e modernização de laboratórios das universidades e ins-

titutos de pesquisas sediados em São Paulo, em todas as áreas do conhecimento.

OS NÚMEROS DO INFRA (Situação em 30.11.2001) INFRA I

INFRA 11

INFRA 111

1.103

3.017

247

INFRA IV

INFRA V

1.824

1.797

570

1.745

750

734

407

849

1.261

1.044

1.053

76

7

11

30

10

849

1.257

1.029

,

1.015 87

O INVESTIMENTO NO PROGRAMA (Situação em 30.06.2001) PROJ. APROVADOS

INFRA I

849

76.901.764,51

INFRA 11

1.261

146.469.282,89

INFRA 111

1.044

121.011.151.69

INFRA IV

1.053

136.642.624,17

INFRA V

76

8.125.698,06

191

16.064.881,36

4.474

505.215.402,68

FAP-LlVROS IV TOTAL

2

VALORES R$

Engenharia, Física e Química - Nas áreas de Engenharia, Física e Química, o total de recursos ultrapassou a casa dos R$ 124 milhões. Além da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) foram beneficiados com recursos do Programa de Infra-Estrutura importantes institutos de pesquisa estaduais e federais como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Na área de Ciências Humanas, foram beneficiados 168 projetos com um total de recursos da ordem de R$ 16,7 milhões. De forma semelhante ao que ocorria com os laboratórios das áreas de Ciências Agrárias, Biologia e Saúde, os laboratórios da áreas de Engenharia, Física, Química e Ciências Humanas também estavam bastante deteriorados quando do surgimento do Programa. Durante mais de duas décadas, as condições de trabalho nos laboratórios das universidades públicas paulistas e nos institutos representaram uma séria limitação ao trabalho dos pesquisadores. Faltavam equipamentos e FAP instalações adequadas. SoLIVROS IV TOTAL bravam rachaduras, vaza8.520 209 mentos e até cupins. No La12 3.895 boratório de Física Nuclear da USP, em São Paulo, por 4.474 191 exemplo, a torre de 40 me6 64 tros de altura que abriga4.197 46 va o acelerador Pelletron, 87 construída há 30 anos, corria o risco de rachar. Na Unicamp, os quatro departamentos do Instituto de Física Gleb Wataghin, sofriam com constantes interrupções no fornecimento de energia elétrica. O Programa de Infra-Estrutura da FAPESP, em suas diversas fases, destinou R$ 32,1 milhões para apoiar reformas propostas em 235 projetos na área de Física. Boa parte desses recursos foi empregada na substituição das redes elétricas, hidráulicas e no sistema de refrigeração, adequando o fornecimento de energia à demanda das pesquisas e permitindo a instalação de equipamentos modernos. Nos laboratórios de Química a situação não era diferente. Recursos da ordem de R$ 37,8 milhões do Programa de Infra-Estrutura para 262 projetos foram fundamentais para que os laboratórios operassem com mais PESQUISA

FAPESP


A DEMANDA POR RECURSOS (Situação em 30.11.2001) PROJETOS

FASE IV

FASE V

INFRA

FASE 11 EQUIP.

INFRA

EQUIP.

INFRA

RESíDUOS

GERAL

MUlTIUSUÁRIO

GERAL

MUlTIUSUÁRIO

GERAL

FASE I INFRA

BIOTÉRIOS

GERAL

TOTAL

1.005

98

1.209

642

939

364

1.050

52

5.359

226

21

772

431

441

174

465

33

2.563

772

77

432

209

494

169

580

18

2.751

5

2

4

21

5

44

432

207

489

163

559

2.697

7 Concluídos

FASE 111

770

77

OS RECURSOS LIBERADOS (Situação em 30.11.2001) MÓDULOS

Infra Geral

FASE 11

FASE I

FASE 11I

FASE IV

FASE V

PROJ.

VALOR

PROJ.

VALOR

PROJ.

VALOR

PROJ

VALOR

PROJ

VALOR

APROV.

R$

APROV.

R$

APROV.

R$

APROV.

R$

APROV.

R$

772

66.903.432,73

432

50.255.342,56

494

47.661.149,53

580

68.796.334,86-

77

9.998.331,78 209

46.393.822,41

169

36.045.745,23 18

INVESTIMENTO POR ÁREA DO CONHECIMENTO VALOR (R$)

N° PROJETOS CONTRATADOS

Humanas e Sociais Interdisciplinar

404

57.896.935,62

17

1.727.877,58

10

768.487,70

325

38.156.780,30

9

876.610,65

544

54.282.050,82

235

32.134.791,17

113

11.022.161,28

168

16.730.476,08

1

232.436,00

52

8.954.915,43

262

37.823.170,28

611

68.955.252,13 329.561.945,04

PESQUISA

FAPESP

segurança. Hoje, eles estão equipados para desenvolver pesquisa de ponta com refratários, nanossensores, síntese de feronômios ou biossensores, apenas para citar alguns exemplos. As tradicionais escolas e institutos de engenharia paulistas também tinham suas atividades de pesquisas comprometidas pela péssima qualidade das instalações. Um dos maiores problemas era a falta de espaço e as oscilações freqüentes de energia, que acabavam por queimar placas e filamentos, causando prejuízos consideráveis. O Programa de Infra- Estrutura aprovou as propostas de reformas de 544 projetos e destinou R$ 54,2 milhões para o financiamento de modernização das instalações e equipamentos. A área de Ciências Humanas também foi beneficiada. Foram aprovados 168 projetos que contaram com recursos da ordem de R$ 16,7 milhões para reformas e modernização das instalações. Este suplemento, que circula junto com a edição n72 da Pesquisa FAPESP, traz reportagens de Silvia Mendes, Maria Aparecida Medeiros e Marcelo Tamada. A edição deste suplemento é de Claudia Izique, e a diagramação, de Luciana Facchini. • 3


• FíSICA

Programa cria bases sólidas para o avanço das pesquisas Reformas modernizam universidades paulistas Ao criar condições de urante mais de funcionamento adequado aos duas décadas, equipamentos, o Programa de as condições de Infra-Estrutura deu uma base trabalho nos lasólida para o ensino e o avanço boratórios de das pesquisas no Estado, ao física das universidades púmesmo tempo em que ajudou blicas de São Paulo impusea preservar e ampliar um patriram sérios limites ao trabalho mônio incalculável em termos dos pesquisadores, contrariande instalações, ferramentas do todo o esforço na busca da de precisão e computadores. máxima precisão. Por falta de "Sem laboratório, não há físiinvestimentos em Infra-Esca': define o diretor do Institrutura, as instalações foram tuto de Física da Universidase tornando precárias, comde de São Paulo (USP), Silvio prometendo o desenvolvimenRoberto de Azevedo Salinas. to das pesquisas. Por meio do módulo e"Tínhamos dinheiro e quipamento multiusuário, equipamentos sofisticados muitos laboratórios pudepara tocar as pesquisas, mas ram adquirir equipamentos faltava o básico", diz Vanderde última geração, aumenlei Salvador Bagnato, do Instando sua capacidade produtituto de Física da Universitiva e a qualidade dos trabadade de São Paulo (USP), em lhos publicados. Na UFSCar, São Carlos. A lista dos probleo professor Wilson Aires mas denunciava a iminente Ortiz, do Grupo de Superconfalência dos centros de pesGás armazenado na Oficina de Criogenia, da Unicamp dutores e Magnetismo, insquisa: faltavam bancadas, talou, com recursos do Promesas, sistemas adequados grama, um Squid (Superconducting , Boa parte desses recursos foi emde fornecimento de gases, iluminaQuantum Interference Device), senção, refrigeração, ar-condicionado pregada na substituição das redes sor de campo magnético de alto alelétricas, adequando o fornecimento e, ainda mais grave, água e energia cance que permite analisar materiais elétrica. à crescente demanda de energia geautomaticamente e com precisão. A O Programa de Infra-Estruturada com a aquisição de equipamenpossibilidade de ter um equipamenra da FAPESP financiou a modertos modernos, e na instalação de sisto desses foi fundamental para a nização dos laboratórios de Física, temas de ar-condicionado. "Hoje nós produção de novas teses, formar redestinando R$ 32,1 milhões a 235 temos equipamentos altamente sencursos humanos e expandir a fronprojetos distribuídos pelos labosíveise sofisticados,que requerem uma teira das áreas. "Estamos trabalhanInfra- Estrutura confiável do ponto ratórios de diversas instituições de do num laboratório como poucos pesquisa. Foram beneficiados, por de vista de estabilidade da rede eléno mundo", diz Ortiz. O professor exemplo, os institutos da USP, tanto trica, bons aterramentos, estabilidaRettori concorda. "Nossa pesquisa em São Paulo com no campus de de da temperatura ambiente do latem que ser competitiva, e nós jaSão Carlos, da Universidade Estaboratório e da água de refrigeração mais conseguiríamos chegar a isso dual de Campinas (Unicamp) e da dos equipamentos", destaca o profescom uma Infra-Estrutura de 30 Universidade Federal de São Carlos sor Carlos Rettori, do Instituto de fíanos atrás." • (UFSCar). sica da Unicamp.

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PESQUISA FAPESP


Da obsolescência à vanguarda da física nuclear Laboratórios da USP estão entre os melhores do mundo slaboratórios de física da Universidade de São Paulo (USP) estão entre os mais bem equipados do mundo. Sua Infra-Estrutura permite o desenvolvimento das mais avançadas linhas de pesquisas básicas e aplicadas nas áreas de física nuclear e atômica, nanociências, óptica, fotônica, biofísica molecular e espectroscopia, entre outras. O Programa de Infra-Estrutura da FAPESP contribuiu para que esses laboratórios ganhassem posição de destaque no cenário internacional, destinando recursos para a recuperação e ampliação dos prédios, reforma das instalações elétricas e hidráulicas e modernização dos equipamentos. No Laboratório de Física Nuclear da USP, em São Paulo, por exemplo, os pesquisadores participam de projetos arrojados. Embora as pesquisas sejam de interesse puramente acadêmico, envolvem experimentos que resultam numa gama enorme de informação e numa série de equipamentos com aplicação em outras áreas do conhecimento. "Hoje em dia, grande parte da ciência ambiental é baseada em estudos e técnicas de física nuclear. Uma grande parte da instrumentação usada em ciência de materiais tem sua origem e fundamento em técnicas e idéias desenvolvidas na física nuclear", exemplifica Torre de Alejandro Szanto Toledo,

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PESQUISA FAPESP

coordenador do Laboratório Aberto de Física Nuclear da Universidade de São Paulo (USP). Os equipamentos da física médica, como os aparelhos de radioterapia e os traçadores para diagnóstico em medicina nuclear e na investigação biogenética, também são importantes subprodutos da física nuclear. Mas essa posição de destaque do laboratório é recente. Há cerca de cinco anos, havia problemas que iam desde o desgaste da estrutura física do prédio até a limitação imposta por equipamentos ultrapassados. Até a torre de 40 metros de altura que abriga o coração do laboratório, o acelerador Pelletron - equipamento que permite precipitar os núcleos dos átomos uns sobre os outros -, corria o risco de ser inter-

ditada. A estrutura de concreto, construída há mais de 30 anos, corria o risco de rachar. Não haveria o risco de contaminação do meio ambiente, já que o laboratório só trabalha com elementos radioativos de vida curta, mas paralisaria toda a atividade do laboratório. Com a reforma do prédio, toda a instalação elétrica e hidráulica foi refeita, assim como a instalação de arcondicionado e de ar comprimido. "Estamos em pé de igualdade com as melhores universidades da Europa e dos Estados Unidos': garante o pesquisador. O grupo coordenado por Toledo participa de pesquisas que buscam provas experimentais do exato momento em que ocorreu o Big Bang. Esse trabalho é feito em conjunto com

40 metros que abrigava o acelerador Pelletron corria risco de ser interditada

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• FíSICA

Nanociência: uma grande revolução Um dos temas mais excitantes no mundo científico, atualmente, é a Nanociência. Na escala nano, os pesquisadores trabalham com partículas na proporção da milionésima parte do milímetro, o que significa poder manipular átomos individualmente. Para tanto, é preciso uma Infra-Estrutura laboratorial sofisticada. "O Brasil já participa do seleto grupo de países com tecnologia de ponta': diz José Roberto Leite, chefe do Laboratório de Novos Materiais Semicondutores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP). O Brasil montou uma estrutura na pesquisa de Nanociência na década de 80, quando foram investidos recursos na aquisição de equipamentos para pesquisa. Atualmente há 49 instituições brasileiras que pesquisam temas

pesquisadores do Relativistic Heavy Ion Colider (RHIC), em Brookhaven, Nova York, um dos maiores laboratórios do mundo capacitados para pesquisas que envolvem alta energia. "Essa participação só foi possível graças à excelente Infra-Estrutura do nosso laboratório", explica o pesquisador. Os recursos da FAPESP permitiram ainda a modernização do laboratório. Foram adquiridos vários equipamentos periféricos, como detectores e câmaras, que permitem analisar as partículas liberadas com a explosão do núcleo. "Hoje, 90% do instrumental de detecção e observação vem de recursos da FAPESP, tanto dos programas de Infra-Estrutura como de auxílio em diversos projetos temáticos," Com os novos investimentos, a capacidade do laboratório dobrou. "No passado, chegávamos a aproveitar apenas 20% do tempo de ope6

relacionados à Nanociência, 75% na região Sudeste. Alguns desses laboratórios possuem máquinas sofisticadas, de última geração raios X de alta resolução, microscópios eletrônicos, lasers, bobinas supercondutoras, espectrômetros ópticos e de massa por íons secundários, etc. "No Estado de São Paulo, o Programa de Infra-Estrutura da FAPESP foi fundamental para criar as condições ideais de funci-

Leite: manipulando

onamento desses equipamentos': afirma Leite. A Nanociência, acredita-se, será agente de uma revolução com efeitos comparáveis aos da popularização do transistor nas décadas de 40 e 50. Estima-se que, atualmente, o mercado anual de produtos originados da Nanociência gire em torno de US$ 250 bilhões por ano, entre eles, os transistores de alta velocidade usados nos telefones celulares, radares anticolisão, televisão digital de alta resolução e comunicação via satélite e os lasers semicondutores usados nos CDs e DVDs, etc. "Certamente a Nanociência nos trará o computador quântico do futuro", aposta o pesquisador.

partículas de átomos

ração da máquina. Os outros 80% eram perdidos em função de freqüentes problemas na manutenção", conta Toledo. Hoje o acelerador funciona 24 horas por dia, nos sete dias da semana. Com a operação mais confiável, a produtividade aumentou. "Nossa média atual é de dois trabalhos por ano por pesquisador, publicados nas melhores revistas internacionais", afirma Toledo. Até o final deste ano deverá entrar em operação um pós-ace-

lerador linear supercondutor, que deverá expandir ainda mais as atividades do laboratório. O novo equipamento tem capacidade equivalente a quatro aceleradores Pelletron, e foi em grande parte financiado pela FAPESP, incluindo toda a obra civil necessária para sua instalação. "É um equipamento de última geração, que utiliza supercondutividade, o que deverá abrir uma porta para essa nova tecnologia no Brasil", afirma o pesquisador. Enquanto a visibilidade do laboratório cresce, aumentam as perspectivas de participação nacional nos grandes projetos internacionais. "Dentro de dez ou 15 anos haverá uma resposta muito clara para questões sobre a formação do universo, e o Brasil tem grande chance de estar envolvido nisso", afirma. • PESQUISA FAPESP


Um marco histórico para a expansão das pesquisas Física da USp, em São Carlos, faz lasers para medicina uando retornou dos Estados Unidos após concluir o curso de doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge, em 1987, para trabalhar na área de física atômica no Instituto de Física da USP, em São Carlos, Vanderlei Salvador Bagnato jamais poderia supor que, 15 anos depois, estaria coordenando um dos mais avançados, produtivos e bem equipados centros de pesquisa do país. A Infra-Estrutura que encontrou não lhe permitia sonhar tão alto. Assim como tantos outros pesquisadores que passaram anos no exterior e retornaram, em meados dos anos 90, Bagnato teve de arregaçar as mangas e começar praticamente do zero. Nos primeiros seis anos de trabalho, o principal desafio foi criar as condições mínimas necessárias à atividade de pesquisa. A cada projeto, uma pequena parte da verba era

Instituto

está entre os mais avançados, produtivos

destinada a corrigir problemas na rede elétrica, hidráulicae refrigeração, caso contrário, não haveria meios de ligar os equipamentos.

Soluções para agricultura e saúde o grupo de pesquisa em Biofísica Molecular e Espectroscopia, da USP, em São Carlos, também contou com recursos do Programa para trocar as velhas bancadas e a capela, que não tinha boa exaustão. ''Antes de podermos contar com o Programa, não havia um sistema adequado de ventilação e refrigeração artificiais", diz Leila Maria Beltramini, coordenadora. PESQUISA FAPESP

A falta de Infra-Estrutura também comprometia o funcionamento de equipamentos como cromatógrafos, utilizados para separação e purificação de amostras e espectrômetros, utilizados na análise de amostras purificadas. O sistema de refrigeração, com 12 anos de uso, estava ultrapassado e sobrecarregado. A todos esses problemas somava-se ainda outro sério fator de risco: a in-

e bem equipados do país

Como os recursos eram insuficientes para uma obra planejada, tudo era feito na base do improviso. "Naquela época havia tantos fatores ex-

tensa sobrecarga na rede elétrica. ''Atualmente, nossos laboratórios equiparam-se aos do primeiro mundo", diz Leila. O objeto de estudo do grupo, a estrutura de proteínas extraídas de fontes naturais, proteínas recombinantes (obtidas pelas técnicas de engenharia genética) e metaloproteínas, é de grande interesse para áreas como a da saúde e da agricultura. O grupo também vem investigando alguns mecanismos de interação e transporte através de membranas biológicas.

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• FíSICA

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Atendimento sob medida Na Oficina Mecânica, da USP, em São Carlos, fabrica-se desde um simples parafuso até engrenagens sofisticadas. Sua modernização foi uma das prioridades do Instituto de Física na apresentação de projetos para o Programa de Infra-Estrutura, conta o diretor do instituto, Horácio Carlos Panepucci. O investimento foi fundamental para ampliar seu espaço e instalar equipamentos que permitissem atender à atual demanda dos laboratórios. Hoje, os 540 m' da Oficina Mecânica dispõem de tornos e fresadores, alguns com comando digital e controladores numéricos. Em

ternos comprometendo o trabalho que nós não podíamos garantir se o experimento iniciado hoje teria continuidade amanhã ou se estaria totalmente perdido", afirma Bagnato. A solução definitiva só veio a partir de 1995, com os recursos do Programa de Infra-Estrutura da FAPESP. "Tínhamos lasers de US$ 500 mil, mas o chão não era apropriado, as mesas não eram firmes e nem a energia suficiente para ligá -los", conta. A reforma beneficiou todo o Instituto de Física. Os laboratórios ganharam novas instalações elétricas, com uma linha de voltagem especial e sistema de ar-condicionado central. Os problemas com a água foram resolvidos com a construção de um sistema fechado, que permite que a água volte a ser refrigerada, após o uso, podendo ser reutilizada. Todos os prédios do instituto ganharam uma proteção especial contra raios. "Antigamente, a cada tempestade queimavam-se de dois a seis computadores e outros equipamentos", conta o pesquisador. Na opinião de Bagnato, a organização dos bastidores proporcio8

uma ala devidamente climatizada, estão as máquinas mais sofisticadas adquiridas por meio do módulo Equipamento Multiusuários, como a Discovery 4022, um centro de usinagem que executa, com precisão de centésimos de milímetro, peças projetadas em programas, como o Autocad.

Não menos importante foi a instalação de um setor de metrologia de precisão para medidas de dureza e rugosidade de superfícies e para aferição e calibragem com uso de bloco padrão. "Muitas vezes o que o pesquisador necessita é de um produto que ele próprio criou, com uma finalidade bem específica", conta Panepucci. A Oficina construiu, por exemplo, um aparelho de ressonância magnética que está instalado na Santa Casa de São Carlos. Toda a tecnologia, das peças ao software, foi desenvolvida no campus.

paralisados. Também coordenou o projeto que resultou na construção do primeiro relógio atômico da América Latina amplamente utilizado em telecomunicações. Agora, ele está investindo na construção do Fauntain, um chafariz atômico. "São os Ressonância magnética para a San~a Casa novos padrões de tempo e freqüência, uma tecnologia na qual, por enquanto, poucos paínada pelo programa foi um marco ses estão investindo", afirma. histórico. Exemplo disso está no Na Oficina de Óptica, as pespróprio Centro de Pesquisa em Ópquisas estão focadas no desenvoltica e Fotônica, um dos dez Cenvimento de lasers para medicina e tros de Pesquisa, Inovação e Difuodontologia. Atualmente, o centro são (Cepids) formados com apoio da mantém parceria com a Faculdade FAPESP, coordenado por Bagnato e de Medicina da USP em Ribeirão por Carlos Henrique de Brito Cruz, Preto, com o Hospital Amaral Cardiretor do Instituto de Física da Univalho, de Iaú, a Faculdade de Odoncampo O centro reúne pesquisadores tologia da Unesp, em Araraquara, e da USP-São Carlos, Unicamp e Insa Faculdade de Odontologia de Bautituto de Pesquisas Energéticas e Nuruo Um dos trabalhos desenvolvidos cleares (Ipen). Na extensa lista de é a implantação da técnica de fotoprojetos, oito já resultaram em paterapia dinâmica para tratamento tentes registradas. de câncer, uma técnica extremaNa área da física atômica, Bagmente moderna, que compete com nato busca alcançar a condensação quimioterapia e radioterapia em Bose- Einstein, um estado da matémuitos casos. • ria em que os átomos se encontram PESQUISA

FAPESP


Qualidade fortalece intercâmbio com o exterior Instituto de Física da Unicamp investe em instalações urantecerca de 30 anos, pesquisadores e alunos dos quatro departamentos do Instituto de Física Gleb Wataghin, na Unicamp, enfrentaram sérias dificuldades de trabalho. A falta de investimentos na manutenção dos laboratórios fez acumular uma série de problemas, como a obsolescência da rede elétrica. ''A Infra-Estrutura dos laboratórios não tinha acompanhado a evolução tecnológica das últimas décadas': afirma Carlos Rettori, coordenador do Grupo de Propriedades Opticas e Magnéticas dos Sólidos do Departamento de Eletrônica Quântica. Era necessário garantir, no mínimo, condições adequadas de funcionamento de equipamentos computadorizados, propiciando boa estabilidade de temperatura e de energia. A atualização dos laboratórios exigiu um investimento alto e con-

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Departamento de Eletrônica Quântica incorporou novas tecnologias

tou com o apoio do Programa de Infra-Estrutura da FAPESP. Durante o período de obras, tudo teve de ser desligado, acarretando prejuízos para o andamento das pesquisas e a

Ofldna.de Criogenia No ano passado, o Instituto de Física da Unicamp consumiu mais de 28 mil litros de gás hélio líquido. Boa parte das pesquisas exige baixíssimas temperaturas. No caso dos supercondutores, por exemplo, a temperatura mínima necessária é de 130 graus Kelvin, o equivalente a cerca de 140°C abaixo de zero. Assim, o líquido refrigerante (criogênico) é usado para manter esses materiais suficientemente frios, condição fundamental para que exibam a superconduti-

PESQUISA

FAPESP

vidade. "Sempre que algum grupo adquire um sistema que requer resfriamento com hélio líquido, nosso consumo aumenta consideravelmente': explica Maria José Pompeu Brasil, coordenadora do Centro de Criogenia. Os registros do centro mostram que, ano a ano, o consumo vem aumentando. O apoio do centro é crucial para o andamento das pesquisas em laboratórios, como os de Heteroestruturas de Semicondutores, de Materiais Magnéticos e de Super-

conclusão das teses dos alunos. Mas, segundo Rettori, valeu a pena esperar. "Hoje temos instalações adequadas, tanto do ponto de vista da quantidade de energia como da se-

condutores. Para reduzir os gastos com a compra de gás hélio, o Centro de Criogenia reaproveita o gás utilizado pelos laboratórios. Para dar conta da demanda, a oficina teve de passar por uma grande reforma, que permitiu ampliar a área e readequar as redes elétrica e hidráulica. Foi preciso também adquirir novos equipamentos, como um liquefator de hélio. Segundo a coordenadora, a aprovação dos projetos pelo Programa de Infra-Estrutura foi fundamental para manter o setor em atividade e expandir a produção de líquidos criogênicos.

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., • FíSICA gurança, com bom aterramento e proteção contra raios': diz. Foi o fim do caos que se instalava nos dias de tempestade, quando os raios chegavam a queimar várias máquinas e computadores. O sistema de nobreak acabou com os freqüentes apagões, que desligavam equipamentos e destruíam o trabalho de várias semanas. Na fase de preparação de amostras, por exemplo, os materiais geralmente precisam passar por um tratamento térmico de uma semana. "Quando isso é interrompido, volta-se à estaca zero': explica Rettori. Já na etapa de análise, a medição das propriedades físicas dos materiais é feita em equipamentos automatizados, previamente programados de acordo com o tipo de experimento e que precisa funcionar 24 horas por dia. "Se ele entra em colapso, nós perdemos todas as medições:' Os recursos do programa também permitiram a instalação de um sistema de ar-condicionado central que garantiu o bom funcionamento

Tecnologia do plasma O Laboratório de Plasma Industrial desenvolve aplicações industriais do plasma térmico. O plasma é obtido com o aquecimento de gases a mais de 3.000 graus centígrados. Experiências em temperaturas tão elevadas era uma tarefa impossível no antigo laboratório, instalado num dos edifícios do Instituto de Física Gleb Wataghin, da Unicamp. "Nós precisávamos de um local mais adequado", diz Aruy Marotta. Nos experimentos com plasma, a potência mínima exigi da nos experimentos é de 10 quilowatts (kW), enquanto os demais laboratórios consomem no máximo 1 kW. Além disso, o laboratório tem alto consumo de água e de

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e conservação adequada dos equipamentos. "Temos máquinas muito sofisticadas e sensíveis às variações de temperatura': diz Rettori. É o caso do espectrômetro de ressonância paramagnética eletrônica para medidas por microondas, equipamento de US$ 1 milhão recentemente adquirido num projeto temático financiado pela FAPESP. "Um equipamento desse porte não poderia ser instalado se não tivéssemos uma boa Infra-Estrutura." Hoje, os laboratórios operam a pleno vapor, desenvolvendo pesquisas tanto na análise como no desenvolvimento de novos materiais se-

micondutores, que têm diversas aplicações em tecnologia eletrônica e óptica, e supercondutores. Parcerias - O intercâmbio com insti-

tuições no exterior está cada vez mais fortalecido. O grupo desenvolve projetos em conjunto com equipes importantes, como a de Los Alamos National Laboratory, no Novo México; Florida State University, em Tallahassee, Flórida; San Diego State University, em San Diego, Califórnia; Rattgers University, Nova [ersey; Ames Laboratory, de Iwoa; Universidad Del Pais Vasco, Bilbao, Espanha; e Instituto Balseiro, em Bariloche, Argentina. A competitividade do grupo no cenário internacional, segundo Rettori, se deve em boa parte aos recursos do Programa e aos sucessivos projetos temáticos que garantiram a continuidade e o financiamento das pesquisas nos últimos 12 anos. •

chado de água para refrigeração do laboratório, com capacidade para 55 metros cúbicos por hora, sistema de gases criogênicos e de ar comprimido, a central de gases e de exaustão e até um sistema de segurança com câmeInstalações especiais para aplicações de plasma ras, já que o novo laboratório fica em local gases, o que requer um sistema de isolado e sujeito a roubos. Foram instalados dois transformadores, exaustão adequado para evitar riscos de intoxicação. " Sem instasendo um de 500 kVA e 440 volts lações especiais não poderíamos só para a tocha de plasma. Hoje, dar prosseguimento ao trabalho, Marotta desenvolve projeto em diz Marotta. parceria com a Villares Metals S.A.para a aplicação de uma tocha A Unicamp solucionou parte do problema cedendo terreno e de plasma na produção de aço. O sistema atualmente usado na recursos para a construção de Villares Metals propicia uma vaum novo prédio. A outra parte riação muito grande na tempeficou por conta do Programa de Infra-Estrutura, que financiou a ratura do metal, o que compromete a qualidade do produto. construção de um circuito fe-

PESQUISA FAPESP


Reformas, competitividade e pesquisa de fronteira Supercondutores no Departamento de Física da UFSCar

Recursos do Infra proporcionaram

j\

espaço e instalações adequadas para

Péssimas condições de trabalho no laboratório do Departamento de Física' do Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) minavam o esforço dos pesquisadores para desenvolver pesquisas competitivas. Os problemas de infra-estrutura eram semelhantes aos encontrados nas universidades estaduais e institutos de pesquisa: rede elétrica inadequada, falta de ar-condicionado para manter equipamentos funcionando com segurança e pouco espaço para acomodar máquinas e pessoas. Ao longo de 25 anos, o pequeno departamento, criado com o objetiPESQUISA FAPESP

~esenvolver

vo de ensinar física, cresceu. Mas, até meados da década de 80, a atividade de pesquisa ainda era pouco expressiva. "Em 1982, menos da metade dos cerca de 40 professores desenvolvia alguma atividade de pesquisa", afirma Wilson Aires Ortiz, coordenador do Grupo de Supercondutores e Magnetismo. Novos laboratórios - Não foram poucas as dificuldades que esse pequeno grupo de pesquisadores teve de superar para estabelecer uma infra-estrutura laboratorial que os habilitasse a desenvolver pesquisas de fronteira. Até o final de 1994, com recursos do Ministério da Educação (MEC), foi possível du-

pesquisa de fronteira

plicar a área construída, criando novos laboratórios didáticos e oficinas. Na mesma época, surgiram os programas de Infra-Estrutura da FAPESP, que permitiram investimentos na reforma e modernização dos laboratórios. O apoio da Fundação permitiu que toda a rede elétrica fosse substituída para atender à demanda de consumo do Departamento. Também foi possível instalar um sistema de refrigeração e equipamentos de ar-condicionado de forma a criar um ambiente mais adequado para a investigação e preservação dos equipamentos utilizados. "Tínhamos muitos equipamentos instalados de forma precária", lembra Ortiz. 11


f • FíSICA

Otimizando OS investimentos Nos laboratórios do Grupo de Semicondutores, da UFSCar, coordenado por José Cláudio Galzerani, os recursos do Programa de Infra-Estrutura financiaram as reformas de pisos, forros, bancadas e a construção de novas divisórias, solucionando problemas críticos para o funcionamento de sofisticados equipamentos de óptica. Os lasers operavam sem refrigeração adequada, o que representava um sério risco. Mas o problema mais grave estava no laboratório de espectroscopia Raman. "Sem refrigeração adequada e ar-condicionado, o equipamento funcionava abaixo das especificações recomendadas pelo fabricante': conta Galzerani. As instalações tampouco comportavam a operação de mais um espectrômetro. Hoje, os dois laboratórios de espectroscopia estão totalmente reformados e equipados com arcondicionado, mesas mais está-

veis, redes elétricas e de refrigeração adequadas. Outro ponto positivo foi a construção de uma sala limpa para preparação de amostras. "Agora temos capela, fluxo laminar e temperatura adequada, que são condições essenciais para o manuseio dos materiais': diz Galzerani. Ele trabalha com nanoestruturas, materiais produzidos artificialmente cuja principal aplicação é a produção de dispositivos optoeletrônicos, como lasers e memórias de computadores. Nos últimos anos, Galzerani tem se dedicado a estudar as super-redes semicondutoras - camadas muito finas, crescidas praticamente átomo a átomo, que são colocadas de forma alternada. "Conhecer as características elétricas e ópticas desses novos materiais é fundamental' pois eles têm um excelente potencial para o avanço. da indústria opto eletrônica", afirma.

Segurança para crescer Os recursos do Programa de Infra-Estrutura melhoraram as condições de trabalho do Grupo de Cerâmicas Ferroelétricas, da UFSCaro Com as reformas, foi possível dividir os espaços dos laboratórios para acomodar as 18 pessoas que ali trabalham. Faltavam mesas para estudo e não havia armários onde pudessem guardar seu material de estudo e as amostras usadas nos experimentos. Como a construção não permitia uma divisão adequada a cada atividade, a solução foi construir divisórias, separando as salas de experimento, leitura e interpretação de dados das áreas de estudo.

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I

A construção de novas bancadas também ajudou a economizar espaço' acomodando os equipamentos de forma mais racional e segura. Outro ponto fundamental para o bom funcionamento do laboratório foi a construção das redes elétrica, de refrigeração e de gases. Hoje, tubulações aparentes percorrem praticamente todas as paredes dos laboratórios e garantem o funcionamento de dezenas de equipamentos. Antes das reformas, os fornos especiais, onde as cerâmicas são queimadas a altas temperaturas, e a prensa a quente usada na preparação de material cerâmico trans-

parente eram refrigerados com água corrente, o que não garantia uma refrigeração adequada e ainda provocava um grande desperdício, pois a água não era reaproveitada. A nova rede de gás, atualmente com dezenas de pontos de alimentação, garante o fornecimento contínuo de ar comprimido, argônio, nitrogênio e oxigênio, necessários em várias etapas dos experimentos. A rede elétrica também teve de ser redimensionada. "Hoje o laboratório dispõe de energia suficiente para ligar todos os equipamentos e ainda temos um fôlego que vai nos permitir instalar novas máquinas", diz. Competência - O item segurança não

foi esquecido. Na sala de fornos,

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Grupo de Semicondutores: reforma de pisos, bancadas e sala mais limpa

Para o Grupo de Supercondutores e Magnetismo, os recursos do Programa de Infra-Estrutura foram fundamentais para adequar os laboratórios experimentais e a oficina de criogenia. "Para nós, essa oficina é tão importante como ter água e luz", diz o pesquisador. Os supercondutores, ele justifica, são potencialmente importantes para se fazer gravações magnéticas. Apresentam resistência zero, isto é, operam sem perda de energia. Exigem, entretanto, temperaturas extremamente baixas. Devido o alto custo para se manter uma peça dessas funcionando em temperaturas tão baixas, os supercondutores estão restritos a aplicações muito específicas, como em dispositivos usados nas centrais de distribuição de energia elétrica para controlar as oscilações de energia. "Como físicos, nossa tarefa é entender melhor as características intrínsecas desses materiais, assim como a maneira pela qual eles são processados", diz o pesquisador. •

uma rede de exaustão se encarrega de eliminar os gases tóxicos liberados com a queima de alguns tipos de material cerâmico. As estufas a vácuo, que estavam desligadas por falta de bancadas adequadas, também puderam entrar em operação. Com isso, muitos materiais preparados com solventes inflamáveis e tóxicos passaram a ser secados em baixa temperatura e a vácuo, evitando riscos de intoxicação. Também na preparação química das misturas, o trabalho ficou mais seguro. Agora o laboratório tem duas capelas e uma ducha, para o caso de acidentes com produtos químicos. "Graças ao Programa de InfraEstrutura, nós pudemos não apenas instalar vários equipamentos

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que haviam chegado recentemente ao laboratório como também preparar toda a infra-estrutura física para a instalação de novos equipamentos que estão sendo adquiridos por meio de projetos de pesquisa já aprovados pela FAPESP", afirma Dulcinei. É o caso do Sputtering de RF, um equipamento para a fabricação de filmes finos de cerâmica ferro elétrica, utilizados na confecção de sensores e atuadores. A pesquisa tem como objetivo estudar o desenvolvimento de películas adequadas para a produção de sensores de gases e será realizada em parceria com a Universidade Federal do Recife. O Grupo de Cerâmicas da UFSCar, que já tem tradição na pesqui-

sa fundamental dos materiais ferroelétricos, vem ganhando cada vez mais destaque no desenvolvimento de pesquisas aplicadas. Em conjunto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), desenvolveu um equipamento para medir a gordura em rebanhos de suínos. Outro trabalho bem-sucedido foi o desenvolvimento de um sensor para medir vibrações em processos de retífica em conjunto com o Núcleo de Manufatura Avançada (Numa), em Campinas. As parcerias, como se vê, somam competências. "Nós procuramos desenvolver os materiais mais adequados e nos associamos a outros grupos com capacitação no desenvolvimento de produtos", explica Eiras.

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• ENGENHARIA

Uma nova performance para os centros de pesquisa Modernização amplia parcerias com empresas e indústrias ngenharia

é dos setores mais tradicionais de pesquisa no Estado de São Paulo. Desde 1894, data ~ da inauguração da Escola Politécnica de São Paulo, os institutos, escolas e centros de pesquisa paulistas têm tido uma participação decisiva no desenvolvimento de novas tecnologias de ponta que têm alavancado o crescimento do país. A partir de 1995, esses institutos passaram a contar com o apoio do Programa de Infra-Estrutura da FAPESP, que beneficiou 544 projetos de modernização e melhoria de instalações de áreas de pesquisa, num total de R$ 54,2 milhões. As reformas garantiram um salto de qualidade nas pesquisas básica e aplicada. O novo padrão de desempenho tem atraído parcerias importantes com empresas, indústrias e redes de pesquisas e produzido resultados reconhecidos nacional e internacionalmente. "Os pesquisadores devem se concentrar em sua missão fim, sem se preocupar com condições de trabalho'; afirma Nilson Dias Vieira [únior, chefe da Coordenadoria de Caracterização de Materiais do Centro de Lasers e Aplicações, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Ele comanda o único grupo de pesquisa na América Latina que consegue fazer crescer mono cristais de grandes dimensões para uso em lasers, de ampla aplicação industrial, médica e odontológica. O desenvolvimento de produtos de interesse da comunidade e a obtenção de novas patentes em áreas importantes foram impulsionados por reformas realizadas em vários laboratórios das universidades, entre eles, 14

o Laboratório de Bioquímica de Alimentos, da Escola de Engenharia de Alimentos da Unicamp. Foi de lá que saiu o New Sugar, adoçante natural sem calorias, obtido de processos de fermentação. A modernização do laboratório também criou condições para o desenvolvimento de pesquisas sobre compostos nutrientes para alimentos funcionais, com propriedades antiturnorais e de controle de colesterol e hipertensão, entre outras, coordenadas por Yong Park. "Nosso principal entrave era o espaço e tipo de instala. ção", diz Enrique Ortega Rodriguez, chefe do Grupo de Sistemas Agro Alimentares da Escola de Engenharia de Alimentos da Unicamp. Ali, os recursos do Programa de Infra-Estrutura estão financiando a reforma do novo prédio que abrigará um complexo de laboratórios. Será possível desenvolver projetos como os de diagnóstico ambiental da agricultura no Estado de São Paulo, de forma a atender às diretrizes da Agenda 21 para preservação da biodiversidade. Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), será possível, com o apoio de satélite, analisar os principais cultivos usando informações georeferenciadas, desenvolver novas técnicas menos agressi-

vas de cultivo e propor novos meios de gestão de bacias hidrográficas. A reforma também criará condições para, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio ao Micro e Pequeno Empresário (Sebrae), apoiar os produtores de alimentos orgânicos, por meio de projeto de orientação ao cultivo, adequando sua atividade às exigências de certificações e de financiamento. Os recursos do Programa de Infra-Estrutura também beneficiaram, dentro do mesmo Grupo de Agro Alimentos, o Laboratório de

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Automação de Processos de Alimentos, coordenado por Vivaldo Silveira [únior, O laboratório tem atualmente uma área cinco vezes maior, o que permite o desenvolvimento de protótipos de equipamentos sofisticados para auto mação de processamento de alimentos. Na avaliação de Celso Costa Lopes, do mesmo laboratório, o Programa de Infra-Estrutura da FAPESP permitiu que os espaços fossem mais bem aproveitados. Ainda na Escola de Engenharia de Alimentos da Unicamp, dois aportes do Infra possibilitaram a criação de espaços para as instalações do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Reformas no espaço livre do prédio original tornaram disponível para pesquisa uma área total de 1.000 rrr', Foram montadas instalações físicas completas para quatro laboratórios - de Análise Sensorial, Embalagens, Leite e Derivados e

Processos - e um sistema de compressores, câmaras frias e refrigeração para o Laboratório de Carnes e Derivados. Importantes pesquisas foram estimuladas com o funcionamento dessas instalações, a partir do final de 1999, segundo José de Assis Fonseca Faria, chefe desse departamento. Entre elas, as de embalagens assépticas para sucos, leite, isotônicos e água de coco, de bandejas para embalar carnes fatiadas, de congelados e a criação de cadeia industrial para a produção de carne-seca. No Departamento de Engenharia de Materiais (Dema), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a instalação de rede própria de fornecimento e transmissão de energia elétrica, com sistemas de nobreaks, foi fundamental para os difratômetros de raio X e microscópios eletrônicos. Segundo Pedro Iris Paulin Filho, chefe desse Departamen-

to, antes dos recursos do Infra, oscilações de energia freqüentes queimavam placas e filamentos de milhares de dólares, impedindo a seqüência de vários projetos de pesquisas. Motivação - A melhoria das condições de trabalho aumentaram a motivação e contribuíram para uma maior estabilidade do quadro de pesquisadores das instituições e escolas beneficiadas."Na Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, da Unesp, não era rara a evasão de docentes para outra instituição qúe lhes fornecesse melhor infra-estrutura de pesquisa", lembra Laurence Duarte Colvara, do Departamento de Engenharia Elétrica. Com recursos do Infra, a partir de 1995, foi possível melhorar a estrutura física de alguns laboratórios com uma rede elétrica adequada de alta -tensão. O aumento da capacidade e qualidade de trabalho também foi sentido no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos, da USP. Os recursos do Programa de Infra-Estrutura financiaram obras civis, aquisição de mobiliário, implantação de rede lógica e aquisição de equipamentos que modernizaram o Laboratório de MidImagem. Com isso, segundo Azael Rangel de Camargo, foi possível multiplicar por cinco o número de trabalhos de editoração por semana e triplicar o número de imagens escaneadas.Na mesma escolade Engenharia de São Carlos, os recursos do Programa de Infra-Estrutura permitiram que pesquisas, antes predominantemente dirigidas à Engenharia Civil, passassem a atingir também outras áreas, como as de Engenharia Mecânica, Engenharia de Materiais e Engenharia Industrial, explica João Bento de Hanai, coordenador do projeto Infra para os laboratórios do Departamento de Engenharia de Estruturas. • Pesquisadora utiliza o Polidor de lônio no Departamento de Engenharia de Materiais, na UFSCar

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• ENGENHARIA

Centro de produção de radiofármacos Ipen se destaca nas pesquisas e desenvolvimento nuclear m sofisticado equipamento instalado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) foi consumido pelo fogo, em 1996. O prejuízo, de US$ 50 mil, excluídas as perdas com a paralisação das atividades de parte da instituição, foi causado por uma falha de manutenção: não havia uma chave disponível para desligar a força do Departamento de Materiais Especiais - hoje Centro de Lasers e Aplicações -, fato que teria evitado a quase tragédia. O episódio, além de exemplar da fase precária vivida pelo Ipen na época, acabou por despertar os pesquisadores para a necessidade de uma ampla reforma nos laboratórios. Cinco anos depois e com recursos do Programa de Infra-Estrutura da FAPESP, a realidade do Ipen é outra. O Centro de Lasers, mais uma vez, serve de exemplo. Reconhecido internacionalmente, o laboratório é o único da América Latina que domina a técnica de crescimento de cristais de grandes dimensões para uso em laser, um processo com aplicações em processamento industrial de materiais, medicina, odontologia e meio ambiente, conta Nilson Dias Vieira Iúnior, O Ipen, ligado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), foi fundado em 1956, com o objetivo de realizar pesquisas e formar especialistas. Instalado no campus da USP, em São Paulo, numa área de 500 mil m2, o instituto é hoje o principal centro de pesquisa e desenvolvimento nuclear em todo o país, tendo sido pioneiro no domínio das

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Laboratório

de Química Atmosférica,

no lpen, está preparado

tecnologias do ciclo do combustível nuclear. Desenvolve papel importante na aplicações das radiações e radioisótopos, reatores nucleares, materiais e radioproteção. É reconhecido internacionalmente pela produção e distribuição de radioisótopos primários e radiofármacos e reagentes liofilizados utilizados no diagnóstico e terapia de várias doenças. Além de dois reatores nucleares, o instituto conta com laboratório de termo-hidráulica, dois aceleradores de elétrons, irradiadores de cobalto, usinas piloto responsáveis por todo o composto de urânio produzido no país, inclusive o gás hexafluoreto de urânio. O Ipen dispõe ainda de vários laboratórios de processamento e caracterização química, isotópica e

para crescer

física de materiais, entre eles, o Centro de Lasers e Aplicações. O prédio que o Centro de Lasers divide com outros 50 laboratórios foi construído em 1978. Recebia uma manutenção mínima, voltada apenas para emergências, como a do incêndio de 1996 que foi impossível de se evitar. Até pequenos alagamentos ocorriam por falta de impermeabilização no teto. Os recursos do Programa de Infra-Estrutura foram investidos, basicamente, na reforma dos sistemas elétrico e hidráulico do prédio. Em mais de 20 anos, foi o primeiro investimento significativo e lTlanejado na infra-estrutura do prédio. "A reforma preparou o centro para o crescimento e nos permitiu devolver, em aplicações concretas para a sociedade, os PESQUISA FAPESP


recursos aplicados em projetos científicos e tecnológicos", afirma Vieira Júnior. As novas instalações permitiram a realização de importantes estudos, como o do Laboratório de Jovens Pesquisadores. As pesquisas do grupo são baseadas em lasers de diodo, ava. liado em milhares de dólares, e que podem ser danificados por alterações mínimas de energia. «Uma infra-estrutura adequada é vital': diz Vieira Iúnior, A participação do grupo no Centro de Pesquisa em Optica e Fotônica, um dos Cepids mantidos pela FAPESP,ao lado dos institutos de Física de São Carlos e da Unicamp, para o desenvolvimento de novos lasers para aplicações médicas e odontológicas, permitiu a criação de um curso de mestrado profissionalizante para dentistas. Parceria recente foi firmada com a Universidade Técnica de Atenas, na Grécia, para o desenvolvimento de outra linha de pesquisa que prevê a monitoração ambiental. O laboratório também prepara, junto com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e a Companhia de Tecnologia

Instalado no campus da USP, Instituto

PESQUISA

FAPESP

de Saneamento Ambiental (Cetesb), a instalação do primeiro sistema de monitoramento ambiental a laser da cidade de São Paulo. Outro departamento do Ipen que também recebeu aporte significativo do Programa de Infra-Estrutura foi o de Química e Meio Ambiente, chefiado por Ademar Benevolo Lugão. Durante décadas as suas pesquisas estiveram voltadas para os processos do ciclo do combustível nuclear. Com a mudança da política energética governamental foi preciso buscar novos objetivos de trabalho. A área de diagnósticos ambientais foi considerada prioritária. Agora, com laboratórios totalmente adequados será possível cumprir a tarefa a que se propuseram. Benefícios - O primeiro grupo de laboratórios a se beneficiar do Programa de Infra-Estrutura foi o de Diagnóstico Ambiental. O desenvolvimento das pesquisas exigia reformas das redes hidráulica e elétrica, telhados novos, centrais de gases e cabines de força, pára-raios, sistemas de nobreaks e construção de novas capelas. Em 1996,o laboratório recebeu

realiza pesquisas e forma especialistas

o primeiro aporte de recursos do programa e investiu na melhoria das instalações, o que tornou possível adquirir equipamentos importantes para as novas pesquisas. O antigo laboratório de processo pode se transformar em áreas de tecnologias ambientais para pesquisas de reciclagem, aproveitamento de resíduos industriais, etc. O segundo aporte de recursos favoreceu o grupo de Tecnologia Ambiental, e o terceiro, entre 1999 e 2000, foi usado para criar um terceiro grupo de laboratórios, de Química Atmosférica, coordenado por Luciana Vanni Gatti. Hoje, cem pesquisadores, entre contratados e bolsistas, participam de três grupos de laboratório. «O ganho científico é inquestionável', afirma Lugão. As reformas patrocinadas pelo programa deram suporte a um projeto desenvolvido com a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) de modelamento de bacias hidrográficas, com estudo da qualidade da água para consumo humano e identificação de fontes poluentes. As pesquisas se desdobraram num projeto temático associado ao estudo das condições de dispersão de poluentes em São Paulo e permitiram a associação do grupo com um consórcio internacional, formado pelo Brasil, a Agência Espacial Norteamericana (Nasa) e a Comunidade Econômica Européia, para estudo do impacto do sistema atmosférico da Amazônia nas condições ambientais mundiais. Segundo Lugão, apenas o grupo de laboratórios de Tecnologia Ambiental ainda não apresentou resultados de maior impacto, pois suas reformas são muito recentes. Mesmo assim, estão em curso projetos nas áreas de reciclagem e de novas tecnologias de incineração de resíduos industriais e de desenvolvimento de novos polímeros mais compatíveis com o meio ambiente. E, com apoio da FAPESP e parceria com a USP, estão desenvolvendo projeto para tratamento de todos os resíduos da própria universidade. • 17


• ENGENHARIA

Mais qualidade • com menor risco Escola Politécnica da uSP reforça parcerias estratégicas scolaPolitécnica da Universidade de São Paulo, fundada em 1894, introduziu componentes técnicos e científicos ao conhecimento produzido no país, até então de caráter essencialmente humanista. Ao longo de 107 anos, a Poli tem cumprido com sucesso a missão de criar as bases para o desenvolvimento da indústria nacional. O ritmo de desenvolvimento das pesquisas e a ampliação do número de parcerias, no últimos anos, exigiu a ampliação das instalações e a modernização dos equipamentos de seus diversos laboratórios. Desde 1995, a Poli conta com o apoio do Programa de Infra-Estrutura da FAPESP, para financiar as reformas. O Laboratório de Caracterização Tecnológica (LCT), do Departamento de Engenharia de Minas da Escola Politécnica da USP,é um dos projetos beneficiados pelo programa. Implantado em 1991, seu crescimento se deu de forma desordenada, e em pouco tempo tornou-se necessária a modernização de instalações, rede de informática e equipamentos para atender com qualidade à demanda crescente de serviços, segundo seu coordenador, Henrique Kahn. "O Infra veio numa fase de consolidação não só da infra-estrutura já existente como do próprio grupo, mais amadurecido e reconhecido pela comunidade e com maior atuação junto às empresas e à própria universidade': diz Kahn. Atualmente, o LCT é um centro de excelência em pesquisas de matéria-prima mineral, visando ao aproveitamento de recursos não-renováveis. Seus trabalhos estão voltados para o processamento de amostras,

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Laboratório

de Caracterização

Tecnológica,

microscopia eletrônica e avaliação de materiais, orientação de investimentos em projetos de mineração e resolução de seus problemas tecnológicos. Empresas do porte de grupos como Bunge, Fertifós (Bunge/Cargill), Galvani, Companhia Vale do

da Poli, pesquisa matérias-primas

Rio Doce e Votorantim vêm se beneficiando da qualidade das pesquisas desenvolvidas no laboratório, segundo o seu coordenador, Henrique Kahn. O LCT treina e recicla pesquisadores e técnicos dessas empresas de mineração e oferece cursos perióPESQUISA FAPESP


dicos dentro do campus da universidade. O laboratório também mantém acordo com a Philips holandesa para o treinamento do pessoal de seus clientes brasileiros. Os recursos do programa da FAPESP foram utilizados para sanar problemas de infra-estrutura: fiação em contato com água, cupins, arcondicionado deficiente, inexistência de geradores próprios e de sistemas de estabilização e nobreaks. Os investimentos permitiram modernizar alguns setores e equipamentos como os de microscopia eletrônica de varredura, espectrômetro de raio X por extensão de comprimento de onda, de preparação de amostras e de difratometria de raio X."Se agora temos conforto em fornecimento de energia, instalações claras, bem iluminadas, funcionais e esteticamente adequadas, devemos aos recursos do Infra. Houve uma melhora muito expressiva das condições operacionais, minimizando riscos e aumentando a qualidade de vida de nossos pesquisadores", finaliza Kahn.

ria, com a Debis-Humaitá, subsidiária da Mercedes- Benz, está permitindo o desenvolvimento de instrumentação inteligente para a auto mação industrial. O primeiro aporte do Programa possibilitou a criação de uma área exclusiva para pesquisa dos grupos ligados à área de sensores. Foram

na fora do complexo da Escola Politécnica. O potencial de pesquisas alavancado pelos recursos do Programa de Infra-Estrutura foi fundamental para que o Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos fosse cadastrado no Projeto de Apoio e Desenvolvimento Científico (PADCT), do Con-

Silício poroso - Outro departamento

da Escola Politécnica beneficiado pelo Programa de Infra-Estrutura foi o de Engenharia de Sistemas Eletrônicos. O departamento utiliza a tecnologia de uso do silício poroso em pesquisas e que tem enorme potencial para aplicações em componentes de informática. O silício também é material utilizado no desenvolvimento de uma ampla série de sensores de larga utilização nas áreas petroquímicas e de diagnóstico médico, segundo Francisco Iavier Ramirez-Fernandez, que integra a equipe do departamento. Exemplo disso é o projeto de monitoração da qualidade dos combustíveis, por meio de um "nariz eletrônico" - um senso r que detecta aromas de diferentes gases químicos na composição de- combustíveis. O projeto é apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em cooperação com a Petrobras. Outra parcePESQUISA FAPESP

Departamento

de Sistemas Eletrônicos usa tecnologia

construí das bancadas, algumas divisórias e parte do piso. O segundo aporte financiou equipamentos especiais sofisticados, possibilitando o aumento do tempo de trabalho, capacitação de recursos humanos, finalização de programas de pós-graduação e aumento na produção de pesquisas. Para Ramirez-Fernandez, os dois investimentos contribuíram significativamente para o desenvolvimento de cinco grupos de trabalho em cinco laboratórios diferentes: Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI), Laboratório de Microeletrônica (LME), Laboratório de Engenharia Biomédica (LEB), Laboratório de Automação Agrícola (LAA) e Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), o único que funcio-

de silício poroso

selho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para continuar o desenvolvimento da tecnologia do silício poroso. Permitiu ainda a integração na Rede Cooperativa de Pesquisa de Sensores de Automação Industrial, apoiada pela Finep, para o desenvolvimento dos sensores, e ampliou a interação com outras universidades brasileiras. Desde1995, foram finalizados sete programas de mestrado e três de doutorado. Segundo Rarnirez-Fernandez, o salto de qualidade foi sentido também no aumento de publicações em revistas científicas conceituadas. "A capacitação local permitiu a aceitação do nosso grupo de pesquisa em redes de âmbito nacional e internacional", conclui. • 19


• ENGENHARIA

Do óxido de rosas ao Chanel n° 5 Laboratório de Bioaromas da Unicamp ganha mercado primeiro laboratório de bioaromas do país, inaugurado em 1998, na Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, foi totalmente reformado e ampliado com recursos do Infra da FAPESP. "De uma simples 'casinha', onde eram feitas as pesquisas iniciais, surgiu um laboratório com instalações e equipamentos de ponta, que é atualmente referência no Brasile no exterior na produção de aromas naturais a partir da transformação de microrganismos", afirma Gláucia Maria Pastore, chefe do Laboratório de Bioaromas e Carotenóides. As novas instalações permitem o desenvolvimento de pesquisas como a de obtenção do óxido de rosas, base para aromatização de alimentos e cosméticos, como o perfume ChanelS, imortalizado por Marilyn Monroe. Retirado in natura apenas de roseiras da Bulgária e em quantidades muito pequenas, ele é comprado a preço de ouro no mercado internacional. "É um produto tão valioso que empresas alemãs buscam em todo o mundo quem detenha a tecnologia da sua produção': explica Gláucia Maria. O óxido de rosas é obtido a partir de amostras de folhas e frutos nativos, extraído do solo e da água de rios do interior de Alagoas e região do São Francisco. As amostras são incubadas em meio líquido e os microrganismos isolados são inoculados em cascas de laranja, um resíduo geralmente descartado em quantidade no Brasil e que contém limoneno. O resultado é o raríssimo óxido de rosas. O laboratório também produz aromas de queijo, obtidos com fun-

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gos em leite, utilizados em biscoitos, arroz semipronto e outros produtos alimentícios de interesse de empresas brasileiras. Ainda na área alimentícia, são feitos testes de bactérias com função antibiótica para tentar resolver problemas como os de armazenamento de salsichas em geladeiras domésticas. Outra linha de pesquisas, para a caracterização do licopeno, está sendo desenvolvida para a Associação de Produtores de Goiaba. O licopeno tem função anticancerígena e antiradicais livr~s e é encontrado nessa fruta em quantidade e qualidade mais significativas que no tomate. Cooperação - O padrão de qualidade adquirido pelo Laboratório de Bioaromas e Carotenóides possibilitou o estabelecimento de uma linha de

cooperação com a Universidade de Hannover, na Alemanha, que possui laboratório similar, para intercâmbio de alunos e professores. O laboratório também tem parceria com a Universidade de Milão, na Itália, e com a Ohio State University, nos Estados Unidos. O quadro de pesquisadores do laboratório inclui Délia Rodriguez Amaya, considerada a maior especialista do mundo em carotenóides. As suas pesquisas com pigmentos amarelos em frutas e vegetais contam com US$ 1 milhão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os resultados já foram publicados no exterior, divulgados em encontros internacionais e geraram acordo de colaboração com vários organismos e universidades internacionais. •

Engenharia de Alimentos: teste de bactéria com função antibiótica

PESQUISA FAPESP


Um núcleo de excelência no interior de São Paulo Recursos beneficiam laboratórios do Dema, na UFSCar Departamento de Engenharia de Materiais (Dema), do Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é reconhecido como Núcleo de Excelência pelo Programa Pronex, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Essa posição foi garantida pela ampliação e racionalização dos laboratórios, aquisição e instalação de equipamento com recursos do Programa de Infra-Estrutura da FAPESP destinados à área de engenharia. "Foram recursos que dificilmente seriam conseguidos por outros modos, dada a debilidade dos recursos orçamentários das instituições", diz Maurízio Ferrante, que integra a equipe do Dema. O departamento é formado por vários laboratórios em três áreas - Polímeros, Cerâmica e Metais. Todos passaram por reformas para ampliação, recuperação da rede elétrica, instalação de ar-condicionado central, instalação de sistemas de armazenagem, resfriamento e recirculação de água e infra-estrutura operacional de fabricação. A rede elétrica foi planejada de forma a não gerar campo magnético e nem permitir oscilações de energia. A rede antiga foi desmembrada em rede "limpa': destinada a equipamentos de baixa potência, de instrumentação e medida, e a rede "suja': para equipamentos de grande potência e muito ruído, que foram isolados com o novo layout das instalações. Em apenas três anos, o Dema já registrava os efeitos da modernização de suas instalações: praticamente dobraram as teses de mestrado, de 22 para 4l.

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PESQUISA FAPESP

Dema é reconhecido como Núcleo de Excelência pelo Pronex, do MCT Nos Laboratórios para Ensino em Cerâmica, foram instalados pisos, bancadas, capelas e sistemas de refrigeração. As reformas permitiram a instalação de equipamentos de grande porte. Ali são realizadas pesquisas com nanoestruturas para aplicação aeroespacial e eletrônica. O laboratório utiliza fornos de altas temperaturas, que queimam a cerca de 2000oC, a vácuo. A instalação desses fornos só foi possível graças às reformas de rede elétrica e de refrigeração. Sem isso, os equipamentos estariam sujeitos a explosões. Controle de energia - No Laboratório de Corte e Moinhos de PÓ foi instalada uma prensa esostática que necessita de controle rígido de energia. Dois aportes de recursos do Infra criaram espaço para a

instalação de equipamentos doados por instituições alemãs no Laboratório de Metalurgia. A instalação de torres de refrigeração e rede elétrica balanceada foi fundamental para o desenvolvimento das pesquisasno Laboratório de Processos Avançados, para o Lab Nano. Ali, um equipamento melt spinning prepara material cerâmico para aplicações aeroespaciais e eletrônicas. O Laboratório de Ensaios Mecânicos teve sua área aumentada. Na Oficina Mecânica do Dema, são produzidos corpos de provas, peças e dispositivos para manutenção de equipamentos de outros laboratórios. Foram adquiridas máquinas com comando numérico programável, dois tornos, duas fresas, uma plaina, duas máquinas de solda, solda plasma e serra de fita. • 21


• ENGENHARIA

Tecnologia a serviço da comunidade Mudanças ampliam as atividades de Divisão do 1PT iSSãO

do centenário Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) é atender a comunidade, empresas e indústrias interessadas ~ na aplicação prática de pesquisas tecnológicas. Ao longo desse período, o IPT construiu uma sólida parceria com a iniciativa privada. Desde 1995, com o apoio do Programa de Infra-Estrutura da FAPESP, o instituto reformou e modernizou seus laboratórios, o que resultou em mudanças qualitativas no seu padrão de atendimento e relacionamento com o meio externo. Exemplo dessa mudança está na Divisão de Química, Inicialmente, foram beneficiados quatro grandes projetos que abrangiam desde a reforma de rede telefônica até a reforma de cabines de força, construídas ainda na década de 50, conta Marco Giulietti, do Agrupamento de Processos Químicos/Divisão de Química. A partir de 1998, foram contemplados os projetos ligados a laboratórios específicos. Um deles foi o Laboratório de Tecnologia de Partículas, coordenado por Giulietti e Maria Inês Ré, que teve sua área ampliada de 300 m' para 600 rrr'.As novas instalações permitiram instalar equipamentos avaliados em US$ 500 mil, que estavam sem uso ou alocados em outros departamentos. As reformas viabilizaram o desenvolvimento de pesquisa de processos de microencapsulação de perfumes, aromas e produtos veterinários, além de pesquisas de gargalos tecnológicos e de valores a serem agregados a produtos industriais. Estas últimas já geraram duas novas patentes de interesse de empresas nacionais. 22

Laboratório

de Biotecnologia

estuda microrganismos,

"Nos dois últimos anos, após as reformas feitas pelo Infra, nossa atividade simplesmente dobrou e nossa previsão é de alcançarmos US$ 35B mil em 2001", conta Giulietti. Os pesquisadores do Laboratório de Biotecnologia/Divisão de Química do IPT também foram beneficiados. O laboratório realiza, há mais de 20 anos, análises e desenvolvimento de processos que utilizam microrganismos, bactérias, fungos e células animais na transformação de matérias-primas em produtos de interesse da comunidade. Um dos maiores projetos nesta área tem como cliente a Cooperativa de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo Ltda. (Coopersucar). Segundo Elizabeth de Fátima Pires Augusto, doo Agrupamento de Biotecnologia, a verba do Programa foi utilizada para adequar os laboratóri-

bactérias e fungos

os às exigências de manipulação de microrganismos patogênicos. "Sem essa certificação não há possibilidade de receber verbas federais,como as do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep )", explica. Os recursos Infra cobriram cerca de 80% das despesas realizadas. O próprio IPT bancou o restante. O prédio Tokio Morita dos Laboratórios de Análises Químicas Orgânicas e Inorgânicas, da Divisão de Química do IPT, também contou com recursos do Infra para modernizar suas instalações. Realiza hoje cerca de 300 análises de amostras por mês, com possibilidade de ampliar esseatendimento. Antes das reformas era um local com sérios problemas operacionais e de segurança de trabalho. A reforma atendeu às normas de segurança exigi das pelo Ministério do PESQUISA FAPESP


Trabalho, de forma a evitar contaminação por gases químicos, substâncias corrosivas e acidentes pessoais com membros da equipe, explica a prof= Regina Nagamine, chefe do Agrupamento de Materiais Inorgânicos. Foram substituídos os equipamentos de ar-condicionado, a torre de resfriamento muito antiga e foi instalado sistema de detecção e alarme de incêndio. Também foram reformadas as caldeiras e instalações elétricas. "O maior beneficiado foi o cliente do IPT", concluiu Regina. Gás halon - No Laboratório de Segurança ao Fogo, da Divisão de Engenharia Civil (DEC), do IPT, as pesquisas têm como foco a prevenção e proteção de incêndios em edificações, resistência de materiais à combustão e pesquisas de extinção de incêndios. Não existe no país outro similar, garante Rosária Ono, da equipe do Laboratório. Parte da equipe pesquisa alternativas ao uso do gás halon em sistemas de prevenção e combate a incêndio em centrais telefônicas e centros de processamentos de dados (CPDs), locais onde o fogo não pode ser debelado com utilização de água. Esse gás, no entanto, é prejudicial à camada de ozônio. A necessidade de proteção ambiental e de observância a protocolos internacionais de segurança levou concessionárias de telefonia, como a Telefônica e a BCP, a Companhia da Saneamento Básicode São Paulo (Sabesp) e outras empresas estatais e privadas a buscar soluções alternativas ao uso do halon. Segundo Rosária, já existem várias soluções desenvolvidas e utilizadas no exterior. A idéia inicial era testá-Ias aqui, mas o grande empecilho era a falta de condições do laboratório. Para resolver essa questão, um galpão abandonado foi reformado. O equipamento básico das pesquisas são duas câmaras em escala real, resistentes a grandes alterações de temperatura, com sistema de exaustão, para ensaios e testes de materiais de construção e de extinção de incêndio. • PESQUISA FAPESP

Decifrando o código de proteínas LNLS busca a chave para o desenho de novos fármacos Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) é um centro de pesquisas multidisciplinares que possui a única fonte de Luz Síncrotron no Hemisfério Sul. A Luz Síncrotron é de altíssima velocidade e abrange o infravermelho, o ultravioleta e os raios X. Desde 1987, o LNLSjá realizou 800 projetos científicos, sendo 221 em cristalografia de proteinas. Em 1998,ampliou sua atuação na área de biologia molecular implantando o Centro de Biologia Molecular Estrutural (CBME). O CMBE tem papel estratégico no desenvolvimento de estudos funcionais dos genes seqüenciados. Ali estão instalados dois espectômetros de ressonância nuclear magnética (RNM), além de laboratórios decristalografia com raios X, que permitem a elucidação da estrutura das proteínas expressas por esses genes, chave para o desenho racional de drogas inibidoras de processos patológicos. Coordenado por Rogério Meneghini, integra o Centro de Biologia Molecular Estrutural, um dos

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LNLS: a única fonte de Luz Síncrotron no

dez Cepids mantidos pela FAPESP. Está instalado numa área de 3 mil rrr', distribuídos em dois andares de um prédio construído pelo próprio LNLS, que recebeu recursos da FAPESP para a montagem de toda a infra-estrutura necessária ao seu funcionamento. Proteínas - A tecnologia Luz Síncrotron já permitiu definir a estrutura tridimensional de 15 proteínas nestes últimos dois anos, entre elas estão a do DNA de células cancerígenas, a proteína X da hepatite B e as proteínas da malária e doença de Chagas. De acordo com Meneghini, a definição das estruturas dessas proteínas permite desenhar e definir as características da substância química mais adequada para servir de base para a confecção de medicamentos que possam segurar o avanço das doenças a elas relacionadas. Um conhecimento de grande importância, já que mais de 50% dos remédios empregados atualmente agem como inibidores de proteínas. As instalações do CBME foram concebidas dentro das mais rígidas regras de segurança, limpeza, layout e qualidade das instalações. "A estrutura montada com recursos do Infra, mais estimulante e motivadora, vai permitir que a equipe do Centro, hoje com 42 pessoas, dobre em doia anos;' Hemisfério Sul diz Meneghini. • 23


• QUíMICA ,

Investimentos colocam o risco sob controle Laboratórios reorganizam suas áreas de pesquisa m 1988, uma reação de hidrogenação provocou um incêndio no Laboratório de Síntese do Departamento de Química do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ferindo gravemente um aluno e um técnico. Oito anos depois, foi a vez de um dos laboratórios do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP). Esses são apenas dois exemplos dos acidentes ocorridos em laboratórios paulistas. Problemas nas instalações elétricas, inadequação das redes às necessidades dos equipamentos, falta de manutenção e de um sistema adequado de exaustão eram responsáveis por incêndios, explosões, queimaduras e intoxicações que, além de colocar em risco pesquisadores e alunos, comprometiam o desenvolvimento das pesquisas e resultavam em graves prejuízos aos laboratórios das universidades paulistas. A partir de 1995, os laboLaboratório de Produtos Naturais, da Unicamp ratórios de química da USP, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estamotivação para o trabalho e a qualidual Paulista (Unesp) e da UFSCar e dade da formação dos alunos. As de outros institutos de pesquisa pesquisas ganharam competitividade paulistas, puderam contar com R$ e prêmios importantes. Também cres37,8 milhões do Programa de Infraceu o número de publicações de arEstrutura da FAPESP para financiar tigos e de pedidos de novas patentes. reformas e modernizar instalações O Programa de Infra-Estrutura propostas em 262 projetos, de forma a estabeleceu condições mais seguras viabilizar pesquisas de ponta. A mede trabalho. No caso do Laboratório lhoria das instalações aumentou a de Síntese Orgânica e Cromatografia

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Líquida de Alta Eficiência (CLAE), do Departamento de Química da UFSCar, foi possível até criar uma Sala de Reações Perigosas de uso comum de todo o Departamento de Química, conta Quezia Bezerra Casso Queda de energia - "Antes

das reformas, estava difícil trabalhar já que chovia nos equipamentos", lembra Walter Colli, duas vezes diretor do Instituto de Química (IQ) da USP, em São Paulo. As quedas freqüentes de energia queimavam lâmpadas de aparelhos e peças importadas que muitas vezes demoravam de três a quatro meses para serem substituídas. "Num único fim de semana, chegamos a perder US$ 30 mil em produtos químicos destinados às experiências que estavam estocados num freezer, queimado numa dessas quedas de energia." As . bancadas de madeira, feitas artesanalmente há 30 anos, estavam corroídas por cupins. Uma delas, ele revela, ruiu durante uma das experiências. As condições das instalações hidráulicas não eram melhores: dos canos entupidos e enferrujados jorrava "água marrom" que servia os laboratórios, exigindo uma tripla destilação para torná-Ia usável. "A pesquisa científica, que sempre foi de alto nível no IQ-USP, estava sendo prejudicada pela falta de infra-estrutura. Sem o auxílio da FAPESP não poderíaPESQUISA FAPESP


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mos, por exemplo, estar abrigando hoje grupos do Projeto Genoma. Não tínhamos condições assépticas, nem estrutura hidráulica e estabilidade elétrica para permitir o funcionamento dos sensíveis seqüenciadores de DNA", afirma. Os recursos do Infra garantiram ao Instituto de Química da Unicamp um salto de qualidade em pesquisa e a possibilidade de trabalhar com equipamentos de última geração, diz Anita Jocelyne Marsaioli. O seu grupo, formado por 24 professores e cerca de cem alunos, passou a contar com um espectômetro de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) no desenvolvimento das pesquisas, a partir de 1996. O equipamento era a última palavra em espectômetros e permitiu, entre outras coisas, a ampliação de pesquisas em ressonância, estudos de difusão por RMN, determinações estruturais de amostras de menos de um miligrama e RMN de Carbono 13. Em dois anos, cada professor do grupo chegou a publicar entre cinco e sete trabalhos, além das teses associadas dos alunos de pós-graduação. Na mesma universidade, o Infra patrocinou, em 1999, as reformas no Laboratório de Eletroquímica e Eletroanálise para Desenvolvimento de Sensores. Segundo Lauro Tatsuo Kubota, elas contribuíram para que o número de orientandos crescesse de um patamar de 6 a 8 para até 16 alunos. Isso sem falar na melhoria da qualidade e aceleração do ritmo das pesquisas com diferentes tipos de biossensores que têm aplicação na detecção de microrganismos, de glutationa-peroxidase (avaliação de níveis de estresse) e de compostos fenólicos em efluentes. O laboratório já gerou cinco pedidos de patentes de biossensores no Brasil. Na avaliação de Luiz Otávio de Souza Bulhões, do Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (Liec), daUFSCar, "o Infra permitiu o crescimento e a reorganização do trabalho acadêmico e de pesquisa aplicada nos institutos de Química': • PESQUISA FAPESP

Pesquisa atrai interesse de empresas privadas Instituto de Química da USP aposta no futuro riado em 1970, o Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP/SP) sempre foi uma referência científica. "Com o passar do tempo, muitos equipamentos e toda a estrutura física, elétrica e hidráulica dos antigos laboratórios foram se deteriorando': lembra Paulo Sérgio Santos, atual diretor do IQ. Cupins, falta de exaustão adequada, sobrecarga elétrica, quedas de força e contaminação de ambiente laboratorial comprometiam os experimentos e a saúde dos pesquisadores, e a estrutura saturada impedia a aquisição de equipamentos mais modernos. O IQ recursos do Programa de Infra-Estrutura da FA-

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Reformas permitiram

PESP para reformar e ampliar os laboratórios. Hoje, o instituto reúne 80 grupos de pesquisadores em 50 laboratórios, distribuídos por 13 blocos, e conta com o apoio de uma Central Analítica onde estão grandes equipamentos, como os de ressonância magnética nuclear e de espectometria de massas de uso comum. Esses equipamentos também são utilizados na prestação de serviços para as comunidades interna e externa à instituição. "A ciência evolui rapidamente e os equipamentos e instalações podem ficar ultrapassadas em pouco tempo': comenta Santos. A renovação da infraestrutura de pesquisa exige, no entanto, muito dinheiro. Por isso, muitas indústrias desativaram seus labora-

a instalação de novos laboratórios

no 10 da USP

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• QUíMICA

Vanguarda da pesquisa Unicamp conquista espaço s recursos do Programa de Infra-Estrutura da FAPESP financiaram as reformas e a . modernização dos laboratórios do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os investimentos, num total R$ 5,340 milhões, garantiram condições adequadas para o desenvolvimento do ensino e de pesquisas importantes com aplicações nas áreas de meio ambiente, telecomunicações e medicina, entre outras. O Laboratório de Química do Estado Sólido, por exemplo, conta com uma área de pesquisa totalmente modernizada. Suas instalações estão equipadas com pias de inox, armários embaixo das bancadas com rodízios para facilitar o acesso à rede hidráulica e elétrica, bancadas ergonômicas, linhas de gases e encanamentos padronizados e sala com temperatura e umidade controladas. A parte elétrica recebeu uma atenção especial, já que as pesquisas utilizam fornos de até 1700°C para fusão de vidros e cerâmicas especiais. "Precisávamos de linha elétrica específica (de 50KVA), independente da usada para os computadores, e equipamentos eletrônicos mais sensíveis", relata o coordenador do laboratório, Oswaldo Luiz Alves. Havia, ainda, a necessidade de realocar esses fornos instalados num laboratório de ensino, e que por isso só podiam ser usados à noite, nos finais de semana ou em horários não ocupados pelos alunos, e garantir que eles operassem de acordo com padrões de seguranças. "Trabalhamos com óxidos de enxofre e gás sulfídrico que podem

o Instituto de Química da USP é referência científica em todo o país

tórios e buscaram soluções para problemas e novas tecnologias em centros de pesquisa como o do IQ. Santos cita como exemplo o sistema de conversão de energia solar em energia elétrica desenvolvido no Laboratório de Fotoquímica, já em fase de negociação de patente e que tem despertado interesse de empresas multinacionais. Também tem despertado interesse das empresas as pesquisas que estudam a relação entre estruturas moleculares e atividades biológicas de moléculas, realizadas no Laboratório de Espectometria Molecular e que poderão ajudar no estudo do diabetes e mal de Alzheimer. Análises clínicas - Os recursos do Infra permitiram também que a pesquisadora Marina Franco Maggi Tavares instalasse o Laboratório de Cromatografia e Eletroforese Capilar (Lace), há dois anos. Desde então, sua equipe trabalha no desenvolvimento de novos métodos de análises clínicas, como o de hemoglobina glicada, que permite avaliar, por um período de dois a três meses, o tratamento de um diabético . Na linha de pesquisa em alimentação, as suas análises estão utilizando eletroforese capilar para propor novas técnicas de análise de leites, achocolatados e cereais. 26

Uma das áreas de maior investimento no laboratório é a de desenvolvimento de métodos para análise de compostos e produtos fitoterápicos e cosméticos, para atender a uma necessidade de monitoramento e normatização da Vigilância Sanitária. "As excelentes condições de trabalho no Lace permitiram que, no primeiro semestre de 2001, ele fosse o único laboratório considerado apto pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos do Ministério da Saúde para analisar impurezas em remédios genéricos para Aids, distribuídos gratuitamente em postos de saúde", diz. No Laboratório de Química de Produtos Naturais, a necessidade de salas assépticas sem vírus ou bactérias era fundamental para as pesquisas com cultura de tecidos vegetais. "Antes das reformas não podíamos realizar nosso trabalho adequadamente nem integrar programas como o BiotaFAPESP': conta Paulo Moreno. Agora é possível realizar pesquisas de identificação de plantas e isolamento de substâncias químicas de interesse, como taxol, quinino, etc. Essas linhas de pesquisa são importantes já que 25% dos medicamentos existentes no mercado são feitos a partir de plantas ou de seus derivados com bioatividade. •

PESQUISA FAPESP


causar reações alérgicas e até sério comprometimento do aparelho respiratório", justifica Alves. A instalação de capelas com fluxo laminar veio proporcionar a exaustão necessária. Após as reformas, várias pesquisas importantes puderam ser realizadas nesse laboratório que, hoje, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica, um dos dez Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) mantidos pela FAPESP. O laboratório estuda, por exemplo, o desenvolvimento de materiais porosos para retirada de corantes que são descartados nos efluentes por empresas de tingimento de tecido, e que podem comprometer o ambiente, e tecnologias de depósito de películas sobre substratos vítreos (filmes finos), que podem ser usados como sensores para gases de poluição em situações industriais. Pesquisa também a utilização de partículas nanométricas que dão ao vidro propriedades ópticas não lineares ou efeitos quânticos, de utilização em telecomunicações rápidas. "Além do aumento de motivação, o Infra proporcionou à equipe um laboratório de padrão internacional aumentaram a nossa competitividade em relação a outras universidades e despertar o interesse de pesquisadores estrangeiros", afirma Alves.

criavam, muitas vezes, situações embaraçosas. Numa área de apenas 50m2, pesquisadores e alunos se revezavam num único espectômetro. Hoje, com uma área quase cinco vezes maior, de 240m2, utilizada só para pesquisas e um novo laboratório totalmente estruturado, a equipe pode se dedicar ao desenvolvimento e aplicação de novas técnicas para resolução de problemas analíticos de poluentes em água, solo e ar e de existência de metabólitos em fluidos biológicos, apenas para citar alguns exemplos. A infra-estrutura adequada possibilitou a instalação do primeiro espectômetro concebido para ser um pentaquadrupolar (acopla espectômetros de massas de triplo estágio - três análises de mas-

Área maior - O Programa

também beneficiou alunos e pesquisadores do Laboratório Thomson de espectometria de massas do IQ-Unicamp. O seu coordenador, Marcos Nogueira Eberlin, lembra que, antes das reformas, as condições de trabalho PESQUISA FAPESP

Espectometria de Massa teve área ampliada

sas). Trata-se de um aparelho mais sensível, que permite multiplicar a potencialidade de uso do equipamento e realizar uma maior quantidade de experimentos, explica Eberlin. "Pudemos sair na frente na pesquisa básica de mecanismos de reações. Hoje, desenvolvemos novas técnicas para determinação da homocisteína - aminoácido no sangue -, que pode substituir com vantagens as tradicionais dosagens de colesterol", conta Eberlin. A equipe também está pesquisando novas técnicas de monitoração de reações químicas em meio aquoso (análise de compostos orgânicos em água). O laboratório mantém parcerias com várias universidades de São Paulo e de outros Estados e cooperação com grupos de pesquisas da Dinamarca, Finlândia e Estados Unidos. Junto com a Universidade de Purdue, em Indiana (EUA), por exemplo, es- . tão sendo realizados trabalhos com biomoléculas, baseados na descoberta de processo de seleção natural de aminoácidos quirais. O Laboratório de Produtos Naturais, Síntese e Isolamento, onde trabalham cinco professores, não passava por reformas desde sua construção, em 1972. Segundo Anita Iocelyne Marsaioli, só a alvenaria estava intacta. Os recursos do Programa de Infra-Estrutura permitiram a reforma de suas instalações, numa área de 300 m', e o desenvolvimento de pesquisas importantes. "Uma de nossas alunas de pós-doutoramento recebeu recentemente menção honrosa do prêmio Mário Covas por suas pesquisas de filtro solar com ação anticâncer in vitro", revela Anita. • 27


• QUíMICA

Investigação estratégica, • • parcerias promissoras Pesquisas deslancham na área de Química da UFSCar m1989, o Departamento de Química do Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com graves problemas de espaço físico, firmou um convênio com empresas privadas, o que possibilitou a aquisição da área atual. As novas instalações permitiram alavancar financiamentos importantes, mas os novos projetos ampliaram as demandas de pesquisa e acabaram por sobrecarregar a infra-estrutura. "Nossos encanamentos entupiam, os disjuntores caíam, a fiação pegava fogo. E não havia recursos da União para solucionar esses problemas", conta o professor Luiz Otávio de Souza Bulhões, do Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (Liec). Os recursos do Programa financiaram a modernização dos laboratórios e garantiram a expansão de pesquisa de ponta. O Liec, por exemplo, desenvolve atualmente tecnologia para utilização de grafite na baterias de celulares, em parceria com a Empresa Nacional de Grafite. A modernização da infra-estrutura também teve contribuição decisiva para o desenvolvimento de pesquisas na área de cerâmica. O setor utiliza fornos especiais, que atingem até 1600 °C, e equipamentos de defração de raios X com tubos de emissão que operam com 15KVA. "Com recursos do primeiro Infra refizemos a rede elétrica e todo o cabeamento. Trocamos transformadores, adequamos o sistema de exaustão, solucionamos os problemas do primeiro raio X e pudemos construir uma sala adequada e com condições de salu-

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Novas instalações e mais segurança nas pesquisas da área de Cerâmica

bridade para os fornos de altas temperaturas que eliminam gases com eventuais traços de metais pesados", explica Bulhões. O programa também financiou a instalação de sistema de pára-raios e aterramento e a reforma da parte hidráulica. Depois das reformas, afirma Bulhões, o números de alunos dobrou e a produção acadêmica aumentou significativamente. O suporte de Infra-Estrutura permitiu ao Liec sediar o Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos, dirigido pelo professor Elson Longo da Silva, um dos dez Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão(Cepids) mantidos pela FAPESP. O aporte do Programa de Infra-Estrutura, aliado a um financiamento de cerca de R$ 1 milhão do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), do Ministério

da Ciência e Tecnologia (MCT), possibilitou a compra de acessórios sofisticados para melhorar a performance dos equipamentos já existentes. Com isso deslancharam, por exemplo, as pesquisas sobre corrosão de refratários que permitiram alterar os tipos de proteção usados nesses materiais. Também foi possível criar o refratário magnésia carbono, muito usado na indústria siderúrgica em carros-torpedo para o transporte do gusa do alto-forno até o conversor e em panelas para o tratamento final do aço. O principal cliente é a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Para Elson Longo, do Liec, outro grande impacto das melhorias foi permitir a realização de pesquisas em nanotecnologia para criação de nanossensores de detecção de umidade, incêndio ou temperaturas de corpos, para uso em alarmes. As rePESQUISA FAPESP


formas também permitiram o desenvolvimento de tecnologia de adição de oxigênio na temperatura de 500°C a 900°C durante a queima para a produção de cerâmicas mais brancas, sem defeitos ou pontos escuros, causados pela queima inadequada do material orgânico que compõe a sua massa. No laboratório de Síntese Orgânica e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (Clae), os recursos do programa financiaram a montagem de um laboratório com condições de segurança, dotado de chuveiros, escadas e portas de saídas rápidas para emergências, bancadas com tampo de granito, sistema de exaustão, etc. Com as reformas, as pesquisas deslancharam. "Desenvolvemos tecnologia para análise de fluidos biológicos como plasma, urina, saliva e para separação de compostos ópticos" explica Quezia Bezerra Cass.O laboratório realiza,ainda, estudos farmacocinéticos e metabólicos de disposição de drogas no organismo humano. Na avaliação de Massami Yanashiro, do Clae, o programa contribuiu para diminuir a insalubridade no trabalho e trouxe tranqüilidade para o desenvolvimento de suas pesquisas de síntese de feronômios, compostos exalados por insetos para atrair companheiros para o acasalamento, que podem ser utilizados no controle de pragas em culturas como as de milho e café. Os recursos do Infra também beneficiaram os pesquisadores do L~boratório de Cinética e Aluminiscência. ''A falta de condições me fez interromper pesquisas durante três a quatro anos", conta Edward Ralf Dóckal. Hoje, com a reforma e a padronização de acordo com normas de segurança, não existem mais os riscos de intoxicações do passado. Suas pesquisas envolvem sínteses de produtos inorgânicos como reações catalíticas - oxidação de álcool, de compostos de enxofre - e pesquisas de química analítica com biossensores para determinação de presença de substâncias como ácido ascórbico, peróxidos e fenóis. • PESQUISA

FAPESP

Apoio estratégico para a indústria nacional USP de São Carlos investe em energias alternativas Instituto de Química . da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, desenvolve pesquisas de ponta com energias alternativas, polímeros condutores para aplicação aeroespacial e tratamento de resíduos, entre outras investigações de interesse estratégico para a indústria nacional. A modernização dos laboratórios foi financiada com recursos do Programa de Infra-Estrutura da FAPESP. Os investimentos contribuíram para a reforma e ampliação das áreas de pesquisa. O novo laboratório do Grupo de Eletroquímica, por exemplo, ocupa atualmente o antigo pré-

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Destiladores de resíduos no LEI

dio da oficina mecânica do Instituto de Química. Ali, seis professores coordenam as pesquisas com energias alternativas com células a combustível, dispositivos eletroquímicos para converter energia química em energia elétrica. As novas instalações vão permitir, por exemplo, a expansão das áreas de testes de protótipo com células a hidrogênio, conhecidas como células a combustível de eletrólito polímero sólido, foco de interesse do grupo, como explica Francisco Carlos Nart. "Com a nova estrutura pretendemos desenvolver protótipos de 2kW(quilowatt), capazes de mover pequenos veículos, como os utilizados em campos de futebol para transporte de jogadores machucados", prevê. O Laboratório de Eletroquímica Interfacial (LEI), outra área de pesquisa do Instituto de Química, também foi beneficiado. Lá são realizadas pesquisas para o desenvolvimento de polímeros condutores para aplicação aeroespacial, de interesse do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) e da Embraer. O uso desses polímeros condutores envolve ainda a preocupação com a proteção à corrosão, que pode ocorrer em outros tipos de condutores, explica Arthur de Jesus Motheo, da equipe do laboratório. Esses estudos já renderam um recente pedido de patente, em novembro de 2001. O LEI também desenvolve pesquisas na área de eletroquímica ambiental, com degradação de resíduos em efluentes. • 29


• QUíMICA

Instituto apóia políticas públicas municipais IQ da Unesp, em Araraquara, diversifica pesquisas No Laboratório de Materiais FoXPansão atual do Instituto de nova fábrica na cidade de Gavião Peixoto. tônicos, o programa criou condiQuímica (IQ), da Unesp de Paralosé Arana Varela, do Laboções para a instalação de uma torre de Araraquara e sua crescenextensão de fibras ópticas da Telebrás, ratório de Síntese de Processamente participação em importo Cerâmico e do Centro Multidisúnica na América Latina. Com isso tantes projetos científifoi possível fechar um convênio com cos estão diretamente relacionadas ciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos, um dos a Ericsson para desenvolvimento de com as reformas realizadas com reCepids mantidos pela FAPESP, o novas fibras ópticas. cursos do Programa de Infra-EstruInfra contribuiu significativamente Também no Laboratório de tura da FAPESP. "O Infra está em Química Ambiental, as melhores para o desenvolvimento da pesquisa toda a instituição': diz a professora básica. ''A construção de uma sala limcondições de trabalho ampliaram Elizabeth Berwerth Stucci, diretora pa com boa exaustão, ar-condicioa interação com prefeituras, para do IQ. OS recursos financiaram renado e fluxo de ar filtrado nos percontrole e monitoramento de usiformas das redes elétricas, hidráulicas mitiu deslanchar pesquisas com nas de compostagem de lixo, e com e de sistemas de segurança. "A mefilmes finos e estudos de nanomateempresas como a Embraer, para alho ria de qualidade de nossas pesquiriais", diz ele. "A nova estrutura de companhamento e avaliação dos sas nos permitiu pleitear a participatrabalho alavancou pesquisas de mananciais da área de instalação da ção no Cepid, junto com o Centro ponta e vai possibilitar a Multidisciplinar para o Demelhoria de atendimento às senvolvimento de Materiais necessidades de empresas Cerâmicos da UFSCar. E para abrigá-lo, a universidade já de porte como a Companhia Siderúrgica Nacional está construindo um terceiro (CSN) e White Martins", prédio", conta Elizabeth. A conclui Varela. modernização dos laboratórios possibilitou a participaVidraria - A Vidraria da ção dos pesquisadores no Unesp, única na região, projeto de seqüenciamento também recebeu verbas para do Genoma Xanthomonas e no Programa Biota-FAPESP. reformas no sistema de exaustão, de vital importânA nova estrutura possibicia para a atividade. "Nossos litou também ao IQ participar vidreiros trabalham com sído CT-Petro, um programa nacional gerenciado pela Finanlica e maçaricos, em altas temperaturas e muito próciadora de Estudos e Projetos ximo das partículas de sílica (Finep) que investiga novas que podem causar problemetodologias de análise da mas de saúde", explica Anqualidade dos combustíveis, e tônio Eduardo Mauro, coainda manter um Centro de ordenador. Outra melhoria Monitoramento e Pesquisa da Qualidade de Combustível, em proporcionada pela reforma foi a construção de uma caconvênio com a Fundunesp e pela, anexa à oficina, para a Agência Nacional do Petróleo 'uso de gravação em vidros (ANP) para monitoramento de 1.340 postos de abastecique exige a manipulação de Melhores condições de trabalho na vidraria da Unesp solventes tóxicos. • mento no Estado.

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PESQUISA FAPESP


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• HUMANIDADES

A arte de proteger o ensino e o patrimônio Melhoria das instalações alavancam institutos paulistas

Laboratório de fotografia da: FAU ganhou sistema de iluminação, de exaustão e aparelhos de ar-condicionado Instituto de Artes (IA) da Unesp, em São Paulo, está entre as melhores escolas brasileiras que oferecem curso de graduação e pós-graduação em música, artes plásticas e educação artística. "Há seis anos, éramos o terceiro mundo da universidade': lembra Iohn Boudler, professor titular do Departamento de Música. A partir de 1995,recursos do Programa de Infra-Estrutura da FAPESP,equivalentes "à receita de custeio de dois anos", na comparação de Boudler, permitiram a reconstrução da biblioteca e do auditório, melhorando substancialmente

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PESQUISA FAPESP

as condições de ensino. "O antigo auditório não tinha tratamento acústico e sonoro, refrigeração e sequer banheiro': ele conta. Com o apoio do programa também foi possível implantar uma rede de informática. As reformas das instalações, encerradas em 1997, tiveram reflexona procura pelos cursos oferecidos pelo instituto, que conta, atualmente, com 600 matrículas no conjunto dos cursos. "Agora é hora de reestruturar o instituto", afirma Boudler. Os recursos do Programa de Infra-Estrutura para 142 projetos na área de Ciências Humanas e Sociais beneficiaram também o Insti-

tuto de Estudos Brasileiros (IEB), da Universidade de São Paulo (USP). O IEB reúne importantes documentos sobre a história do pensamento brasileiro. Integram seu acervo obras raras, como o Incunábulo, um livro composto no século 15, e seus arquivos reúnem manuscritos e fotos de grandes personagens da cultura brasileira como Graciliano Ramos, Mário de Andrade ou Guimarães Rosa. Isso sem falar nas coleções de intelectuais como lan de Almeida Prado e do historiador carioca Alberto Lamego. Hoje, essa documentação está preservada com segurança e, ao mesmo 31


• HUMANIDADES

Auditório do Instituto de Artes, da Unesp, tem tratamento acústico e sonoro tempo, acessível ao público. No entanto, antes das reformas e modernização das instalações propiciadas pelo Infra, as condições precárias das instalações do IEB representavam uma ameaça a esse patrimônio. Não existia, por exemplo, nenhuma forma de proteção contra incêndio. Apenas a biblioteca contava com ar-condicionado. O sistema elétrico do prédio era gerido por centrais de força distintas, o que dificultava o controle da carga e aumentava o risco de sinistros fatais. As reformas e a melhoria das instalações do prédio foram realizadas com recursos do Programa de Infra-Estrutura da FAPESP. "O Infra foi a solução", sintetiza Marta Rossetti Batista, pesquisadora de História da Arte do 1EB.No caso das áreas de arquivo do instituto, optou-se por um sistema de proteção contra incêndio à base de gás carbônico - já que nesse tipo de documentação a água pode causar tanto estrago quanto o fogo, destruindo todo o material. No arquivo também foi instalado sistema de ar-condicionado e construída uma central de energia elétrica própria, independente da dos demais departamentos e ainda mais potente. O programa financiou a construção de cabines 32

especiais para consultas por meio de microfilmes e computadores, o que facilitou o acesso dos pesquisadores e alunos aos documentos que integram o seu acervo. Os recursos do Infra financiaram, ainda, a troca do mobiliário, a compra de servidores e computadores e a montagem de uma rede de informática. A coleção de artes visuais ganhou um sistema de climatização com ar-condicionado e umidificadores para a conservação das obras, além de nova fiação elétrica e iluminação adequada. As reformas do espaço da biblioteca, que será reaberta ao público este mês, aumentaram a área disponível para guardar um número maior de coleções. "Hoje o IEB está totalmente equipado': garante Marta. A consolidação de uma boa infra-estrutura aumentou o fluxo de consultas nos arquivos e mudou os processos de trabalho. "Foi preciso organizar e metodizar o material de forma a atender melhor e com mais recursos", explica Marta. O apoio do Infra também foi fundamental para a consolidação e expansão do Laboratório de Recursos Áudio Visuais (LRAV) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da USP. O antigo LRAV,criado em 1975, reunia laboratório de

fotografia de uso dos alunos e outro para a prestação de serviços. No início da década de 90, com a ampliação da área de pesquisa de História e do número de bolsistas, fez-se necessário implantar um terceiro laboratório, para uso exclusivo da pós-graduação, com equipamentos mais sofisticados e, conseqüentemente, mais caros, adquiridos com recursos da FAPESP. Mas a única área disponível estava no porão no prédio principal da FAU, e todo o LRAV acabou sendo transferido para um prédio anexo. "As insta1ações eram péssimas e impossibilitavam o trabalho': lembra Nestor Goulart Reis Filho, do Departamento de História da Arquitetura da faculdade. O laboratório não tinha sistema de exaustão de ar para dar vazão aos vapores químicos que exalavam das áreas de revelação de fotos e a cabine de revelação de filmes estava instalada numa sala com janela iluminada, voltada para os jardins da FAU. A área era contígua à oficina da faculdade, onde operavam serras elétricas. O barulho era ensurdecedor e as paredes, de gesso, vibravam perigosamente. E mais: voltado para a face poente, o calor do laboratório era insuportável. "Com os recursos do Infra substituímos o forro por outro, desta vez acústico, adequamos o sistema de iluminação, colocamos persianas, instalamos sistemas de exaustão e ar-condicionado, reformamos o sistema hidráulico e ainda vedamos as salas de forma a melhorar as condições de instalação dos equipamentos': conta Goulart. Para maior segurança de alunos, pesquisadores e do patrimônio, foram instalados detectores de fumaça, sistema de vigilância eletrônica e grades. As reformas permitiram, por exemplo, colocar em operação um equipamento de revelação em cores que estava inoperante. As reformas, ele diz, inauguraram uma nova fase de trabalho no laboratório de pesquisa histórica. • PESQUISA

FAPESP


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