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Universidade Federal de Santa Catarina Grupo PET Arquitetura e Urbanismo 2020 UBALDO CESAR BALTHAZAR Reitor SEBASTIÃO ROBERTO SOARES Pró -Reitor de Pesquisa ROGÉRIO CID BASTOS Pró-Reitor de Extensão PROFESSOR EDSON ROBERTO DE PIERI Diretor Centro Tecnológico SORAYA NÓR Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo NOME TUTOR Professor Tutor MAÍRA LONGHINOTTI FELIPPE PATRÍCIA BIASI CAVALCANTI Professoras Orientadoras DOUGLAS HINCKEL FAUSTINO JULIE SURKAMP GERBER Bolsistas
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INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE AMBIENTES HOSPITALARES
DOUGLAS HINCKEL JULIE GERBER MAÍRA FELIPPE PATRÍCIA CAVALCANTI FLORIANÓPOLIS, 2020.
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SUMÁRIO 4
06. 09.
Introdução Apresentação
Objetivos Objetivos Gerais Objetivos Específicos
12.
Percurso Metodológico
15.
Resultados e Discussão Aproximação aos Conceitos Básicos de Arquitetura Hospitalar Flexibilidade Expansibilidade Humanização Instrumentos Existentes de Avaliação de Edifiícios Hospitalares Visitas Exploratórias Visita 1 Visita 2 Construção do Questionário e Entrevistas Primeira Aplicação O instrumento: Aplicação Final
50.
Considerações Finais
54.
Referências Bibliográficas
58.
Apêndices 5
1. INTRODUÇÃO
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A maior parte da população brasileira, cerca de 70%, é atualmente atendida por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), segundo pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) (BOCCHINI, 2018). Com o gradativo aumento populacional no Brasil, a demanda por assistência à saúde tem crescido proporcionalmente e deve ainda acentuar-se no futuro (MENDES et al. 2012). Dessa forma, é muito comum que os edifícios hospitalares sejam constantemente adaptados, reformados e ampliados para acomodar, tanto a crescente demanda, como também, a evolução das tecnologias relativas aos tratamentos médicos (LEMOS, 2017). A arquitetura hospitalar, ao ser planejada, costuma fazer referência à época que está se vivendo (CARVALHO, 2014). Cabe observar que boa parte da infraestrutura hospitalar pública brasileira tem décadas de existência e, portanto, foi planejada para um público mais reduzido e em uma época em que os tratamentos e a tecnologia médica eram distintos dos atuais. Soma-se a isso o fato de que a grande maioria dos
hospitais públicos do Brasil não possuem um plano diretor que oriente seu planejamento a longo e médio prazo. Assim, muitas obras de reforma e ampliação são feitas com base em demandas iminentes, constatadas pelo corpo de saúde e gestores, e que, na maioria dos casos, não consideram o edifício como um todo. Tais obras, ainda que necessárias, ao serem realizadas isoladamente em diferentes setores e unidades do hospital, podem acabar comprometendo a ambiência, a funcionalidade e a vivência do edifício quando considerado em sua totalidade (MENDES, 2007). Desse modo, busca-se, com o presente trabalho, contribuir para o tema por meio da elaboração de um instrumento de avaliação dos edifícios hospitalares, que possa ser aplicado em grande escala e sem a presença dos autores. A intenção é que, por meio deste, se avalie a percepção dos usuários desses espaços (como a equipe médica e de enfermagem, pacientes, acompanhantes, técnicos, entre outros) sobre as condições de infraestrutura física do hospital, para que seja possível orientar um planejamento de reformas a curto, médio e longo prazo, de acordo com as demandas levantadas pelos 7
membros participantes da análise. Sendo assim, um dos produtos do trabalho é a avaliação do hospital no qual será realizado o estudo piloto, permitindo fornecer aos seus gestores a percepção dos usuários sobre quais seriam as obras de reforma e ampliação mais urgentes ou prioritárias. Porém, acreditamos que o principal resultado do trabalho é o instrumento de avaliação
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do edifício hospitalar centrado no olhar de seus usuários, e que favoreça a posterior elaboração de um plano diretor e/ou de obras de reforma e ampliação. Esperase com isso contribuir para a melhoria dos espaços hospitalares, assim como trazer informações relevantes para órgãos públicos e gestores de instituições de saúde de todo o país.
2. OBJETIVOS
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2.1
OBJETIVO GERAL O objetivo geral do presente estudo é construir um instrumento de avaliação do ambiente físico hospitalar, aplicá-lo no contexto de uma instituição hospitalar e tornálo público e gratuito, possibilitando a sua utilização em diversos hospitais brasileiros. A avaliação do ambiente físico hospitalar
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pode auxiliar no planejamento de obras hospitalares e a rede pública de saúde do país em geral, identificando as principais alterações necessárias por meio do olhar de quem, de fato, utiliza tais espaços.
2.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS São objetivos específicos do estudo: Estudar os conceitos básicos em Arquitetura Hospitalar, inclusive através de visitas técnicas e, por meio da realização de publicações e eventos sobre a temática, contribuir com o meio acadêmico a respeito de tais ideias; Elaborar uma revisão dos instrumentos de avaliação do ambiente hospitalar já existentes, em âmbito nacional e internacional, de modo a conhecer suas dimensões, características, limitações e pontos de força; Contribuir com o meio acadêmico a respeito do percurso metodológico realizado pelo grupo a respeito da elaboração de questionários e as formas de aplicação dos mesmos; Contribuir com a gestão de um hospital público da Grande Florianópolis, por meio da aplicação do instrumento avaliativo desenvolvido pelo grupo, dando suporte à organização espacial de suas unidades de saúde; Contribuir com o meio acadêmico e com a rede de saúde pública nacional a respeito dos resultados obtidos e com todo o percurso da atividade por meio da publicação online dos mesmos.
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3. PERCURSO METODOLÓGICO
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O presente estudo teve caráter exploratório, e fundamentou-se nas linhas de pesquisa da Psicologia Ambiental e Arquitetura Hospitalar. Os métodos aplicados incluem: revisão de literatura; visitas exploratórias a hospitais; estudo de instrumentos de avaliação de edificações hospitalares existentes; elaboração de um instrumento próprio de avaliação do edifício hospitalar, bem como de um projeto piloto com sua primeira aplicação; revisão do mesmo para uma segunda e última aplicação e análise dos dados coletados. Esses métodos são brevemente descritos abaixo. Preliminarmente, e buscando-se uma aproximação ao tema, foi realizada a revisão de literatura sobre as seguintes temáticas: plano diretor hospitalar, critérios determinantes da qualidade do edifício hospitalar, e instrumentos de avaliação já desenvolvidos e aplicados no contexto nacional e internacional. Em seguida, foram realizadas visitas exploratórias a dois hospitais da Grande Florianópolis, sendo um deles público e outro privado, visando compreender e contextualizar o que foi lido e, em especial, refletir por meio da
vivência do ambiente sobre os critérios desejáveis ao edifício hospitalar. Buscou-se ainda refletir sobre qualidades e carências que os hospitais brasileiros apresentam atualmente, trazendo as leituras realizadas para o contexto local. Posteriormente, foi realizada uma análise comparativa de instrumentos nacionais e internacionais específicos de avaliação do edifício hospitalar. Buscou-se fazer uma análise aprofundada dos critérios de avaliação de cada instrumento, visando identificar sua relevância e pertinência ao âmbito da análise arquitetônica e adequação ao contexto local. Dando sequência à atividade, foi realizado um breve estudo a respeito da elaboração de questionários, visando compreender aspectos como a linguagem a ser utilizada, escala de respostas, entre outros itens que seriam úteis na etapa seguinte: a construção de um instrumento próprio. Algumas das principais diretrizes utilizadas na elaboração do instrumento, com base nas leituras realizadas, foram a linguagem clara e objetiva, para que se alcançasse um número maior de pessoas, como também se evitasse a ambiguidade. 13
Segundo Ghiglione e Matalon (1993, p. 119), “ a formulação das questões constitui, portanto, uma fase crucial do desenvolvimento de um inquérito. Qualquer erro, ou ambiguidade repercutir-se-á na totalidade das operações até as conclusões finais.” Além disso, foi importante atentarmos para a quantidade de perguntas realizadas e a ordem das mesmas, de modo que não houvesse fadiga do participante, o que poderia resultar em respostas inconsistentes. Outro objetivo importante na elaboração do instrumento foi a intenção de colocar primeiramente perguntas mais gerais e no final as mais específicas, considerando a grande quantidade de temas a abordar, e a facilidade de gerar dúvidas ao participante. Ademais, muito se examinou sobre as tipologias de escalas de respostas, e a entendida como a mais adequada pelo grupo foi a escala de satisfação, visando uma maior imparcialidade no texto apresentado ao respondente. Com a elaboração da primeira versão de tal questionário foi realizada uma série de entrevistas com profissionais arquitetos que trabalham na área da saúde para entendermos maiores dificuldades dentro das questões escolhidas, assim como a pertinência ou não 14
de cada uma delas, o tamanho do questionário frente ao tempo que o participante irá dispor, entre outras análises. Foram realizadas quatro entrevistas, que resultaram em alterações relevantes no documento inicial antes da próxima etapa: a primeira aplicação do instrumento. O primeiro questionário foi aplicado em um hospital público da Grande Florianópolis, com uma amostra pequena, de modo a se entender as maiores dificuldades dos participantes frente às perguntas. Assim, com uma amostra de aproximadamente 15 pessoas, foi possível entender as principais alterações a serem realizadas, para que pudéssemos ter uma última aplicação-piloto. A segunda aplicação, já do questionário ajustado, foi realizada no mesmo ambiente hospitalar, com uma amostra de 100 pessoas, sendo possível, assim, realizar uma análise mais aprofundada do hospital explorado. Por fim, foram analisados os dados coletados na última amostra, de modo a se fazer críticas e reflexões.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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4.1
APROXIMAÇÃO AOS CONCEITOS BÁSICOS EM ARQUITETURA HOSPITALAR
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Por muito tempo o hábito de cuidar da saúde passava longe dos hospitais. A saúde esteve, ao longo da história, centrada no ambiente doméstico, onde ocorriam trocas de saberes entre amigos e vizinhos, e mesmo o atendimento médico particular sempre que existente. Então, na Europa, até por volta de 1850, os locais denominados como hospitais costumavam ser lugares onde os doentes, principalmente os indigentes, recebiam atendimento assistencialista e espiritual, mais do que médico, e por isso, apresentavam elevados índices de mortalidade. Especialmente na Idade Média e Moderna, a religião se sobrepôs à medicina, fato exemplificado pela presença de altares e imagens religiosas nos hospitais, que se organizavam até mesmo de forma muito semelhante aos locais religiosos. A nave e o claustro, por exemplo, foram algumas das primeiras tipologias arquitetônicas para estabelecimentos de saúde. Tal fato demonstrava a falta de conhecimento sobre as diferentes doenças e o caráter asilar dos hospitais daquele momento (CARVALHO, 2014). Com o crescimento populacional urbano, observouse o aumento da pobreza e das epidemias, notáveis por atingir
grande parte da população da época. Foi assim, então, que surgiu nos hospitais o modelo de naves cruzadas, com maior diferenciação espacial, assim como a necessidade de maior higiene, organização e avanços médicos (BITENCOURT, 2014). A Medicina segue em seu desenvolvimento e avanços mais recentes como: a descoberta da anestesia, do Raio-X e da microbiologia, por exemplo, refletem-se na forma de organizar a arquitetura hospitalar, como também no seu caráter sóciofuncional. Além disso, vale ressaltar os avanços dos estudos de enfermaria, que também exerceram grande influência, especialmente com a participação de Florence Nightingale, uma das primeiras mulheres a se dedicarem na disseminação do conhecimento da área, que acabou por auxiliar, principalmente, a a população mais vulnerável (VALENTUNIZZI; LEDER, 2009). É desse modo que surgiram as primeiras grandes modificações nos ambientes de saúde: a preocupação com a assepsia, a técnica e a organização espacial aumentou significativamente no último século. Tais fatos fizeram com que os hospitais se tornassem locais especializados na cura das 17
doenças e na sua prevenção. Com tais modificações sóciofuncionais, surgiram também as transformações espaciais. O ambiente moderno hospitalar modificou-se, então, para se tornar um local orientado de fato às pessoas, com unidades altamente complexas, nas quais os pacientes ingressam com uma grande perspectiva de melhoria do seu estado de saude. Também a alta complexidade e o nível de aperfeiçoamento médico fazem
4.1.1 Flexibilidade
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A flexibilidade é uma característica desejável a qualquer projeto de arquitetura hospitalar e caracteriza-se como a facilidade de se modificar um espaço, de forma a adequá-lo a novas necessidades e atividades. Tendo em vista o dinamismo tecnológico e a velocidade dos estudos científicos na área da saúde que se refletem em mudanças nas formas de atendimento, a flexibilização dos espaços caracteriza-se como um relevante propósito para a arquitetura hospitalar atual. É partindo desse princípio que modificações nas unidades de saúde costumam acontecer antes mesmo da finalização da obra, e estão presentes durante
surgir unidades hospitalares diferentes entre si, as quais necessitam de um olhar projetual mais atencioso. O desenvolvimento de um ambiente hospitalar contemporâneo deveria considerar o grande número de modificações que ocorrem com a implementação rápida e constante de novas tecnologias. Esses aspectos se refletem na necessidade de projetos apoiados nas noções de flexibilidade, expansibilidade e humanização (VALENTUNIZZI; LEDER 2009). toda a vida útil da construção. “A busca por flexibilidade confundese com a própria luta contra a obsolescência da construção hospitalar” (MIQUELIN, 1992, p. 185). Uma vez que não é possível prever todas as modificações futuras necessárias, busca-se minimizar o risco de problemas arquitetônicos que possam limitar a qualidade espacial após as novas intervenções (BITENCOURT, 2014; CARVALHO, 2014). Para alcançar a flexibilidade, pode-se utilizar estratégias como prever — onde necessário e permitido — materiais de acabamento e estruturas que favoreçam a realização de mudanças e ajustes futuros. Soluções frequentes
incluem: a utilização de gesso acartonado em fechamentos internos, facilitando a relocação de paredes e a execução com rapidez de obras diversas; a concentração de instalações complementares em shafts de forma a facilitar sua manutenção e localização; e a coordenação modular de forma a proporcionar vãos propícios para atuais e futuros arranjos de paredes; entre outras. Um bom planejamento dos diferentes setores do hospital também pode facilitar rearranjos, realocando ambientes de acordo com necessidades emergentes. Não obstante, é também nesse ponto em que a modulação espacial e um sistema construtivo que permitam variações de uso e adaptações futuras na edificação são fundamentais (CARVALHO, 2014; MIQUELIN, 1992).
são edificações que perdurarão por décadas ou mesmo séculos, e certamente novas demandas vão emergir. Quando não são previamente planejadas, podem acabar sendo executadas de forma a comprometer a qualidade da edificação como um todo. O planejamento a longo prazo permite evitar que anexos e ampliações de áreas ocorram sem uma análise aprofundada. Baseado nisto, o conceito de implantação — partido horizontal e vertical — destaca-se. A verticalização do edifício possui vantagens, que incluem maior aproveitamento de áreas urbanas restritas e de alto valor, e desvantagens, voltadas a uma elevação do custo no período construtivo do hospital (DE GÓES, 2011). Além disso, a flexibilidade é solicitada já na fase de estudo dos partidos arquitetônicos e seu impacto na implantação — 4.1.2 Expansibilidade soluções verticais, por exemplo — costumam apresentar maiores desafios quanto à adaptações Um bom projeto hospitalar futuras. Tal recurso influencia, requer um cuidado essencial inclusive, nas soluções de para a expansibilidade física do circulação, tão significantes dentro edifício, isso é, que seja possível das unidades de saúde, as quais ampliá-lo à medida que ocorrer também devem ser previstas dentro o aumento da demanda de de um plano de expansibilidade. público ou para acomodar novas De qualquer modo, sejam em formas de atendimento que se edificações horizontais ou verticais, mostrem necessárias. Hospitais a possibilidade de realizar futuras
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ampliações, expandindo alguns setores ou mesmo blocos inteiros deve idealmente já ser prevista no lançamento da proposta, de forma a facilitar sua execução futura. Isso pode ocorrer, por exemplo: prevendo eixos de circulação que conectem o edifício existente aos futuros blocos; prevendo um sistema estrutural que permita elevar o número de pavimentos; reservando áreas livres para tais ampliações; setorizando o pavimento de forma a posicionar setores que possivelmente demandarão as ampliações em locais estratégicos, entre outros. A expansibilidade está totalmente ligada à flexibilidade e, em casos de falta de planejamento prévio, está relacionada à inviabilização de uso de determinados espaços (CARVALHO, 2002). Planejar edifício hospitalar de forma a facilitar a execução de reformas e almpliações certamente contibuirá muito para evitar sua obsolescência precoce.
ambiental. Busca-se assim transformá-los nos chamados “ambientes restauradores”. Pesquisas vêm trazendo esse aspecto como um dos mais importantes em termos projetuais mais modernos, com destaque às teorias de Roger Ulrich e de Rachel e Stephen Kaplan (Cf. GRESSLER, S. C.; GÜNTHER, I. A., 2013) . Segundo Malkin (2002), os cuidados com a saúde não podem ser separados do seu ambiente construído. Dessa forma, diversos recursos e estratégias projetuais como integração interior-exterior, planejamento cuidadoso de interiores através do uso de cores, obras de arte, outras distrações positivas estão ganhando cada vez mais importância (BICALHO, 2002; DE GOÉS, 2011; GLESSER, 2013; ULRICH, 2010). É dentro desse contexto que alguns pontos teóricos se destacam. Como um dos maiores expoentes dessa frente arquitetônica, Ulrich (1991) afirma que os ambientes de saúde podem apoiar e promover o bem4.1.3 Humanização estar dos pacientes, caso sejam A humanização busca qualificar os projetados para estimular três ambientes para os futuros usuários características: dos estabelecimentos assistenciais de saúde, considerando-se que, 1. Senso de controle com muitas vezes, tais locais são eles relação ao ambiente físico, que mesmos promotores de estresse abrange a questão do usuário poder 20
ter autonomia para determinadas situações, como ter privacidade ou querer se socializar, por exemplo; 2. Acesso ao suporte social: inclui visitação e relações sociais, para que alguém não se sinta sozinho e/ou isolado, e encontre apoio no contato com outras pessoas 3. Acesso a distrações positivas no ambiente físico, podendo ser uma exposição visual a árvores, água e outros elementos da natureza, assim como quadros de arte que se assemelham à realidade (ULRICH, 1984). As distrações positivas teriam o papel de desviar o foco da atenção dos usuários de aspectos negativos ligados à hospitalização, como a dor, o medo e a incerteza.
Figura 1: Scripps Center for Integrative Medicine, La Jolla. Fonte: http://jainmalkin.com/html_site/portfolio/Medical_and_ Dental_Office_Design/Scripps-Center-for-Integrative-Medicine/ oncology-infusion-room-design.html
Figura 2: Hospital Sarah Kubitschek Salvador. Fonte: Nelson Kon
Figura 3: Hospital Sarah Kubitschek Salvador. Fonte: Nelson Kon
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Já a teoria dos Kaplan aborda questões da restauração da atenção. Argumentam que os indivíduos necessitam de esforço constante para não perderem o foco de sua atenção direta, o que resulta em fadiga e estresse. (GRESSLER, GUNTHER, 2013.) Dessa forma, os autores acreditam que a distração por meio de elementos da natureza, do uso da cor, da presença de televisão, livros etc, fazem com que o indivíduo não tenha um processo de recuperação da saúde tão exaustivo. Alguns dos conceitos sugeridos pelo autor são: 1.Fascinação: é a atenção involuntária que não exige esforço de estimulos concorrentes. Podendo ser leve (centrada em estímulos esteticamente agradáveis) ou forte (não permitindo a reflexão, e assim alcançando os benefícios mais profundos de uma experiência renovadora); 2.Afastamento: proporcionar uma distância mais conceitual do que fisica, já que um ambiente novo ou a novidade por si só, não é restauradora, mas se torna caso promova uma mudança nos nossos pensamentos, relacionados as pressoes e obrigações da vida cotidiana.
3.Extensão: Ambientes que possuam alcances suficientes para manter a interação sem provocar tédio, durante um periodo de tempo. Abrangente o suficiente para engajar a mente, instigando explorar aquilo que não é imediatamente percebido.
Figura 4: Hospital Infantil EKH / IF (Integrated Field). Fonte: https:// www.archdaily.com.br/br/935133/hospital-infantil-ekh-if-integratedfield?ad_medium=widget&ad_name=navigation-prev
Figura 5: Hospital Infantil EKH / IF (Integrated Field). Fonte: https:// www.archdaily.com.br/br/935133/hospital-infantil-ekh-if-integratedfield?ad_medium=widget&ad_name=navigation-prev
Figura 6 : acervo autores. Ospedale Pediatrico Meyer, Firenze, Itรกlia
Figura 7: acervo autores. Ospedale Pediatrico Meyer, Firenze, Itรกlia
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Figura 8 : acervo autores. Ospedale Pediatrico Meyer, Firenze, Itรกlia
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4.2
INSTRUMENTOS EXISTENTES DE AVALIAÇÃO DE EDIFÍCIOS HOSPITALARES
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Em vistas de formar uma curadoria bibliográfica, buscouse por instrumentos em sites de publicação de artigos ligados à arquitetura hospitalar. Foram encontrados apenas quatro instrumentos específicos de análise do espaço físico hospitalar, quase todos estrangeiros. Também foram considerados neste estudo, os checklists do livro Design that cares, de Carpman e Grant (2001), com questões para reflexão sobre a qualidade do ambiente físico, pela sua completude e pertinência ao tema. Dentro do cenário nacional encontramos apenas um instrumento, conectado à EBSERH (Empresa Brasileira de Edifícios Hospitalares), que aborda de forma muito sucinta aspectos associados à arquitetura hospitalar, visto estar mais focado na avaliação da qualidade do atendimento do que propriamente do espaço físico. No entanto, o instrumento foi considerado neste estudo por ser o único instrumento similar encontrado no país, e por abordar a avaliação de alguns aspectos do espaço físico como as áreas de espera e recepção. Entre os instrumentos internacionais se destacaram dois do NHS (National Health System, 26
instituição para a assistência à saúde do Reino Unido), sendo um deles denominado AEDET Evolution — Achieving Excellence Design Evaluation Toolkit (NATIONAL HEALTH SYSTEM, 2018), o qual aborda o edifício como um todo, com uma análise abrangente. Ele possui três seções principais: impacto, qualidade de construção e funcionalidade. Os critérios avaliam o quão bem um edifício de saúde está em conformidade com as melhores práticas. Além dele, e também de origem inglesa, tem-se o ASPECT — A Staff and Patient Environment Calibration Toolkit (DH ESTATES AND FACILITIES, 2008), que, diferente do anterior, é uma ferramenta desenvolvida para avaliações hospitalares em projetos em execução, como também os já finalizados, além do seu foco trazer a perspectiva de análises mais específicas. Ao encontro do ASPECT, o PHEQI — Perceived Hospital Environment Quality Indicators (MORAIS; ANDRADE; BERNARDES; PEREIRA, 2015) também traz análises mais específicas e divide-se em quatro macrotemas: conforto físicoespacial, orientação, tranquilidade, e vista e iluminação. Neste instrumento, cada aspecto do
ambiente analisado é traduzido para uma escala de cinco pontos variando de ‘discordo totalmente’ até ‘concordo totalmente’. Além desses quatro instrumentos, também foi analisado um artigo intitulado Healthcare providers’ perception of design factors related to physical environments in hospitals, elaborado por Monjur Mourshed e Yisong Zhao, do Reino Unido, e publicado em 2012. O artigo relata uma pesquisa sobre o tema e algumas análises diferentes em vista de ter sido realizada num contexto oriental. Foram ainda estudados os checklists para edificações hospitalares presentes no livro Design that cares: planning health facilities for patients and visitors, de Carpman e Grant (2001). Estes checklists sintetizam uma grande quantidade e variedade de aspectos relevantes a serem considerados no planejamento dos ambientes de saúde, dos mais específicos para os mais amplos, elaborados na forma de perguntas. Para dar suporte à análise comparativa foi então elaborado um quadro síntese (Quadro 1), que resume os principais critérios de avaliação de cada um dos instrumentos citados acima. O quadro foi organizado por macro e
micro temas abordados- marcados em verde- pelos instrumentos estudados, de modo a tornar mais fácil a análise comparativa. A análise retrata a importância dos critérios de avaliação que se repetem em diferentes instrumentos, destacando-se em ordem decrescente de frequência: conforto ambiental (lumínico, térmico, acústico, etc.), aspectos relativos à humanização do ambiente, aspectos técnicos (elevadores, manutenção, acabamentos, etc.), legibilidade e orientabilidade, integração urbana e social. Também foi possível observar aspectos que apareceram com menor frequência nos instrumentos de avaliação como: relação interior e exterior, aspectos ambientais relativos ao conforto dos funcionários, e aspectos relativos à qualidade do atendimento hospitalar. Este último aspecto, constatado em três instrumentos analisados, foge ao âmbito da arquitetura, e portanto, ao propósito desta pesquisa.
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Quadro 1 - SĂntese de instrumentos avaliativos no âmbito hospitalar.
Fonte: dos autores, 2019. 28
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Percebe-se que alguns dos itens de análise podem ser avaliados por todos os usuários de um hospital — profissionais de saúde, pacientes, acompanhantes, demais funcionários. É o caso, por exemplo, da facilidade de identificar as entradas principais do hospital. Já outros itens de análise só podem ser avaliados por grupos específicos de usuários com maior domínio e vivência do edifício hospitalar. Este é o caso das condições ambientais de conforto dos funcionários, envolvendo aspectos como a sua privacidade dentro dos setores, ou ainda de aspectos técnicos referentes à infraestrutura, que uma menor quantidade de funcionários do hospital poderia analisar. A análise comparativa permitiu, portanto, identificar temas a serem abordados no instrumento de avaliação que se pretendeu desenvolver, bem como quais temas são pertinentes para quais grupos de usuários. Também foi ainda possível refletir, a partir da revisão de literatura prévia, sobre os itens de análise a serem incluídos no instrumento de avaliação. É o caso de aspectos como contiguidade (proximidade entre setores que prestam serviços afins), adequação do dimensionamento dos ambientes versus demanda de público 30
atendido, e sobreposição de usos, que não foram aspectos avaliados em nenhum dos instrumentos desta análise comparativa, mas que estão presentes na revisão de literatura e em estudos anteriores, e que podem trazer informações relevantes para a elaboração de planos diretores hospitalares. As figuras 9 e 10 mostram integrantes do grupo apresentando esses dados no Evento Nacional de Grupos PET, em Natal (RN), e no evento organizado pelo grupo PET Arquitetura: Qualidades Materiais e Imateriais do Ambiente Hospitalar, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Figura 9 : dos autores, 2019. Integrantes do Grupo Apresentando Dados Coletados atĂŠ tal etapa do trabalho no Evento Nacional dos Grupos PET em Natal, RN.
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Figura 10 : dos autores, 2019. Integrantes do Grupo Apresentando Dados Coletados atĂŠ tal etapa do trabalho no evento Qualidade Materiais e Imateriais do Ambiente Hospitalar, na Universidade Federal de Santa Catarina.
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4.3
VISITAS EXPLORATÓRIAS
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Após a revisão de literatura, deu-se início a uma etapa mais prática da pesquisa. Dessa forma, partimos para a realização de visitas exploratórias a dois hospitais da Grande Florianópolis, sendo um público e outro privado. As visitas exploratórias vieram como uma necessidade dentro do estudo de modo a introduzir a todos os participantes ao ambiente
4.3.1
VISITA 1
A primeira visita foi realizada em um edifício hospitalar de caráter público voltado ao atendimento pediátrico, que fica localizado na parte central da cidade de Florianópolis. O hospital é considerado um dos oito melhores para o público infantil e para o ensino de pediatria da América Latina. Participaram da visita os alunos Douglas Hinckel e Julie Surkamp, acompanhados da orientadora Maíra Longhinotti Felippe, com duração total de 1 hora e 30 minutos. Tendo em vista o porte do hospital e a disponibilidade de tempo, foi possível visitar os seguintes setores: acessos e corredores em geral, leitos de internação, centro de oncologia, ala de queimados e recepção 34
hospitalar propriamente dito. Elas permitiram verificar in loco se os diversos atributos ambientais desejáveis ao edifício hospitalar, verificados na literatura, estavam ou não estavam de fato presentes nas edificações visitadas. Isso é, elas proporcionaram uma aproximação entre a revisão de literatura e a realidade da arquitetura hospitalar local.
da emergência. Por outro lado, algumas áreas de interesse estavam restritas para visitantes, então não houve acesso, como o centro cirúrgico. O hospital visitado tem um partido e volumetria predominantemente horizontais, o que gera por um lado grandes circulações a serem percorridas (dependendo das distâncias entre os setores), mas por outro lado favorece a integração interiorexterior. Hospitais com volumetria horizontal tendem a ser cada vez mais raros nas grandes cidades, devido à escassez de grandes lotes urbanos disponíveis para este fim e ao elevado custo do solo. A ligação interna principal entre um bloco e outro do hospital é feita por grandes e eficientes rampas,
que conferem uma identidade marcante para a sua organização, isso é, são elementos essenciais na estruturação de sua arquitetura. Por outro lado, a orientabilidade não é algo que se destaca de imediato. Isso é, parece ser necessária ter alguma vivência do hospital ou um mapa para conseguir se localizar e se orientar facilmente. O Centro de Oncologia destacouse pelos aspectos relativos à humanização de seus ambientes, distinguindo-se sensivelmente de outros setores. Possivelmente isso ocorre devido ao perfil de seus usuários, bem como à possibilidade de realizar melhorias no local com o auxílio financeiro específico de instituições filantrópicas privadas, por meio de doações. Os materiais de acabamentos eram mais bem conservados e havia mais equipamentos de lazer do que em outros setores visitados.
4.3.1
VISITA 2
A segunda visita exploratória teve duração de 2 horas, guiada por uma profissional técnica da área comercial da instituição, e também realizada pelos alunos Douglas e Julie e pela orientadora Maíra. O hospital tem caráter privado e é direcionado ao atendimento geral, para adultos
Porém, no âmbito do bem-estar dos pacientes, o centro de oncologia não é o único espaço onde a humanização é bastante evidente. As crianças podem ter acesso a um espaço de solário, que serve como um local de recreação e descanso, com brinquedos, plantas, visão do céu e uma circulação agradável. Entretanto, o acesso ao local por pacientes - seja de qualquer área de tratamento - é restrito: depende da gravidade e do tipo de patologia que os mesmos possuem. Devido à limitação de tempo e também à dificuldade de visitar algumas unidades com acesso restrito, não foi possível conhecer a totalidade do hospital. Porém, a visita mostrou-se muito importante para consolidar o aprendizado e também para auxiliar na fase de elaboração do instrumento de avaliação do edifício hospitalar.
e crianças. Caracteriza-se como sendo de grande porte, com três prédios, sendo um deles comercial e outros dois para atendimento hospitalar. A circulação é predominantemente vertical, com ligação entre os edifícios. Foi possível percorrer, na visita, todas as unidades do hospital, desde 35
setores como UTIs, unidades de internação, bem como cozinhas, refeitórios, entre outros. A visita foi essencial para refletir sobre os conteúdos da revisão de literatura e verificar a organização, a funcionalidade e a circulação geral de um hospital de grande porte. Na visita destacaramse a assepsia de todos os ambientes e a qualidade dos acabamentos — sua adequação e manutenção — comparativamente aos problemas enfrentados por muitos hospitais públicos. Além disso, ficou claro que a circulação para pacientes é de fácil entendimento, entretanto, os fluxos de circulação utilizados por funcionários (circulação vertical e horizontal) mostrou-se mais complexa, o que é acentuado pelo fato de que o hospital organiza-se em dois blocos. Destacou-se também a carência de instrumentos ou elementos que busquem a restauração mental e física dos pacientes, conhecida também como humanização. Muitos ambientes são monocromáticos e austeros, inclusive no setor infantil. Não há adequada relação interiorexterior ou pátios no setor de internação, a não ser pelas janelas dos apartamentos, que são fixas. Ainda no quesito humanização, no 36
setor infantil, faltam brinquedos e locais para descontração. Na recepção, observou-se que também há poucos recursos distrativos. Cabe, no entanto, destacar que, de modo geral, o hospital e o planejamento de seus ambientes transmite uma imagem de eficiência, funcionalidade e qualidade dos serviços prestados.
4.4
CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO E ENTREVISTAS
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Após a revisão literária e as visitas exploratórias, foi iniciada a etapa de elaboração do que seria o instrumento final de avaliação de edifícios hospitalares. Buscouse construir um instrumento que permitisse avaliar de forma abrangente e exploratória a totalidade da edificação, permitindo identificar quais setores seriam mais problemáticos na percepção de seus usuários e quais os principais problemas em questão. O questionário foi construído em duas versões, visando dois diferentes grupos de usuários que utilizam esses espaços hospitalares: os pacientes e acompanhantes, que possuem uma percepção da infraestrutura e acomodações de um hospital, entretanto não têm acesso a todos os ambientes para assim avaliar questões que se referem ao hospital como um todo; e os funcionários, que, diferentemente dos pacientes, possuem um conhecimento sobre a totalidade da edificação, por ter acesso a todos os espaços do hospital. Com a primeira versão concluída e revisada optouse então por submete-la à análise crítica de arquitetos com reconhecida experiência e atuação 38
na área. Buscou-se checar junto a eles se o instrumento era de fato adequado à avaliação do edifício hospitalar, se todas as perguntas estavam suficientemente claras, se os principais temas haviam sido ou não abordados, se havia perguntas em excesso ou faltantes, entre outros. A decisão de convidar tais profissionais nessa etapa foi por conta da grande importância de uma avaliação por aqueles que já são experientes, podendo ter uma troca de conhecimentos entre a equipe de pesquisa e os arquitetos já atuantes na área hospitalar. Ao todo foram cinco entrevistados: Fábio Bitencourt, doutor em Arquitetura de Ambientes de Saúde pela FAU/ UFRJ e mestre em Ciências da Arquitetura pela FAU/UFRJ, com ênfase em Conforto Ambiental e Eficiência Energética aplicados em ambientes de saúde; Inara Rodrigues, diretora proprietária do Salutare Arquitetura, escritório especializado em ambientes de saúde; Patricia Paiva D’Alessandro, arquiteta sócia do escritório IDEIN, que também tem significativa atuação na área da saúde, e diretora regional da ABDEH/SC (Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar/SC); Herminia Silva Machry, arquiteta
atuando principalmente em projetos e pesquisas relacionados a edifícios hospitalares; e Professor Antônio Pedro de Carvalho da UFBA, arquiteto e engenheiro civil com renomada atuação em pesquisas na área de arquitetura de estabelecimentos assistenciais de saúde. Todos foram muito pertinentes em suas recomendações, contribuindo para o aprimoramento e para a efetividade do instrumento desenvolvido neste estudo. Diante de suas propostas, foram recolhidos encaminhamentos para a melhoria da versão preliminar do instrumento como aspectos relativos à linguagem adotada que deveria ser bastante simples, sem termos muito técnicos e academicistas que poderiam ser de difícil compreensão para o público em geral. Também foram feitas
4.4.1
sugestões de diferenciação da quantidade de perguntas para os dois grandes grupos usuários (pacientes e acompanhantes; e funcionários). Outras recomendações pertinentes foram referentes à aplicabilidade do questionário, em que uma das orientações foi a aplicação do instrumento presencialmente para ser o mais inclusivo possível. Outras sugestões foram feitas, incluindo a diminuição do número de perguntas, para tornar sua aplicação mais rápida, evitando cansar os respondentes.
PRIMEIRA APLICAÇÃO
Com as premissas de avaliação estabelecidas, os alunos iniciaram uma etapa de coleta de dados concernente à primeira etapa de investigação prática do instrumento, ou seja, a primeira aplicação, funcionando como um estudo piloto. Foram efetuadas cerca de 15 entrevistas com
pacientes, funcionários em geral e acompanhantes, em dois períodos vespertinos, em unidades diferentes do mesmo hospital. As entrevistas foram realizadas de modo que os estudantes do grupo pudessem entender quais eram as maiores dificuldades dos participantes com o documento, entre as que mais 39
se destacaram: uso de palavras técnicas causaram dúvidas, principalmente no questionário voltado aos pacientes em geral; a quantidade de perguntas também se mostrou exagerada; além da revisão geral da pertinência ou não de alguns questionamentos, tendo como objetivo uma macro e micro análise do hospital em estudo. Com essa primeira aplicação e revisão foi possível se ter em mãos o instrumento finalizado, que foi aplicado uma última vez, com uma amostra de participantes maior.
40
4.4.2
O INSTRUMENTO:
4.4.2.1 Contexto de Estudo
4.4.2.2 O Instrumento
Após as etapas anteriormente citadas -aprimoramento do instrumento a partir da visão de arquitetos hospitalares e a partir da aplicação piloto - deu-se início, então, à aplicação final do instrumento de avaliação em uma edificação hospitalar. Esta coleta de dados foi realizada em quatro períodos vespertinos, no mesmo hospital público de Florianópolis, local onde também foi realizado o estudo piloto. A grande diferença entre as duas versões são o número de entrevistados -a primeira com 15 participantes e a última com 100 -, e a quantidade de unidades analisadas, sendo que inicialmente foram contempladas 4 unidades do hospital e, posteriormente, todas as 24 unidades, entrevistandose praticamente a totalidade dos profissionais atuantes em cada uma delas.
O instrumento em sua versão final manteve, então, sua estrutura díspar para os dois públicos: o de pacientes em geral e acompanhantes e o de funcionários. Como já citado, a premissa do documento e de seu aprimoramento a partir das diferentes etapas da pesquisa foram a linguagem clara e objetiva, evitando termos técnicos e acadêmicos que pudessem não ser compreendidos por leigos em arquitetura, buscando substituílos por expressões mais usuais de modo a facilitar sua compreensão por todos os participantes. As perguntas em ambos os casos são de múltipla escolha e contém opções de respostas fechadas numa escala de muito insatisfeito até muito satisfeito, possuindo a neutralidade como uma opção. Foram exceção alguns questionamentos abertos concernentes aos funcionáriosperguntava-se três possibilidades de melhorias na unidade em que o participante trabalha. Buscou-se ainda elaborar perguntas neutras, que não induzissem nenhum tipo de resposta, seja positiva ou negativa, de forma a favorecer a
41
efetiva expressão da percepção dos respondentes. Ambos os documentos iniciam com perguntas mais gerais concernentes à avaliação do hospital como um todo, como a facilidade de se localizar ou de identificar acessos, por exemplo. Na sequência, o formulário apresenta questões mais específicas referentes ao local em que o paciente esteve com maior frequência ou a unidade em que o funcionário trabalha, como a satisfação do usuário com a iluminação natural do local, por exemplo. A escolha dos temas abordados também foi bastante discutida pela equipe, tendo em vista a grande abrangência de temáticas concernentes às edificações hospitalares e passíveis de serem avaliadas. A seleção das perguntas foi realizada, então, de acordo com a revisão básica literária, entendendo as principais características que um hospital deve possuir e ainda buscando avaliar apenas os aspectos essenciais do edifício hospitalar, que poderiam efetivamente contribuir para seu planejamento de longo prazo e para a elaboração de um possível plano diretor por seus gestores. Assim, foi levada em consideração a frequência dos temas abordados 42
nos instrumentos de avaliação do edifício hospitalar já existentes, com o discernimento de adequação ao contexto local e de evitar tornarse demasiado extenso e cansativo para os futuros participantes. As principais temáticas abordadas no instrumento foram: orientabilidade, facilidade de se locomover e encontrar o que deseja; conforto ambiental (ventilação, iluminação, conforto térmico, etc.); humanização (uso de espaços externos, opções de descanso e lazer, etc.); além dos itens de expansibilidade e flexibilidade, abordados de forma indireta nas perguntas, dada sua relevância para o planejamento da edificação hospitalar. Dessa forma, o instrumento final do público em geral resultou em dezessete questionamentos, com três páginas, enquanto que o de funcionários em vinte e seis perguntas, com quatro páginas. O tempo médio de cada aplicação do instrumento é de dois minutos.
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO EDIFÍCIO HOSPITALAR Bom dia! Através deste formulário, pretendemos conhecer a sua opinião a respeito deste edifício hospitalar. Com base na sua avaliação e dos demais usuários (profissionais de saúde, pacientes, acompanhantes, técnicos) será possível auxiliar o planejamento de futuras melhorias. Por isso sua contribuição é muito importante para nós! Ressaltamos que a avaliação em questão não se refere à qualidade do atendimento médico e de enfermagem prestado, mas somente ao espaço físico (edifício, unidades e ambientes). Agradecemos muito desde já sua participação!
Primeiramente, gostaríamos de saber um pouquinho mais sobre você. Você é…? ( ) Paciente
( ) Acompanhante/visitante ( ) Profissional de saúde
( ) Outro funcionário
( ) Outro. Qual: _____________________________
Como você chegou a este hospital? ( ) Veículo particular (moto, carro) ( ) Transporte público ( ) Táxi, Uber, etc ( ) Transportes alternativos (bicicleta, etc.) ( ) Ambulância ( ) A pé ( ) Outro. Qual:_____________________________
Dos setores do hospital listados abaixo qual você utilizou ou utiliza com mais frequência? (
) Ambulatório (consultórios)
(
) Cozinha
(
) Unidade de Urgência e Emergência
(
) Refeitório
(
) Unidade de Internação
(
) Farmácia
(
) UTI - Unidade de Tratamento Intensivo
(
) Outro:__________________________
(
) Setores de exames (exames laboratoriais, imagem,...)
(
) Centro Cirúrgico
A partir de agora daremos início a uma série de perguntas que irão avaliar questões específicas da Unidade que você escolheu qualificar. Qual seu nível de satisfação em relação à facilidade de chegar até essa Unidade e encontrar sua entrada principal? ( ) Muito satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Neutro ( ) Insatisfeito ( ) Muito insatisfeito ( ) Não se aplica
Figura 11- Questionário Aplicado ao Público em Geral
43
Além disso, é importante ressaltar que o grupo sempre almejou que tal instrumento fosse passível de ser aplicado por qualquer pessoa em qualquer local do país, por isso a linguagem bastante clara e objetiva foi de tamanha importância nas etapas anteriormente citadas. Inicialmente, o grupo desejava a aplicação online da versão final do instrumento, mas optou-se pelo modelo de entrevista para que se
pudesse compreender, de fato, as dificuldades de cada respondente em aspectos como: perguntas que poderiam ainda não estar suficientemente claras, perguntas menos relevantes ou ainda avaliar a extensão do instrumento e o tempo de aplicação, permitindo sugerir ajustes finais ao término da pesquisa. Os intrumentos completos constam nos apêndices de número 5 e 6.
4.4.2.3 Procedimentos
44
Inicialmente, antes das aplicações dos instrumentos serem realizadas, foi necessária a autorização da instituição hospitalar em estudo, que analisou e aprovou a proposta de pesquisa através de setor dedicado a tal fim. Após a autorização do hospital, obteve-se a aprovação do projeto de investigação no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (parecer consubstanciado nº 3.495.035, de 8 de agosto de 2019). Apenas após ambas as aprovações foi possível iniciar a coleta de dados da pesquisa por meio das entrevistas aos participantes. A abordagem aos participantes sempre foi bastante clara: os estudantes explicavam quem eram e introduziam a pesquisa em
questão e o seu TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, exposto pelo apêndice de número 3. Assim, se a pessoa consultada concordasse em participar era necessário que assinasse o TCLE, no qual possuía um resumo breve da atividade, os dados dos participantes, além da explicação a respeito do sigilo das informações coletadas, de ser uma atividade voluntária e que não apresentava riscos a nenhum respondente. Após o participante assinar, a cópia assinada era guardada, de modo a zelar pela confidencialidade dos dados, e outra cópia era retornada ao participante. A entrevista era então realizada e tinha a duração de cerca de dois minutos.
4.4.2.4 Análise A partir, então, dessa última aplicação foi possível coletar dados mais aprofundados no hospital analisado, tendo em vista tratar-se de uma amostra maior de respondentes. Dentre os 100 participantes, 57 eram profissionais do hospital. Dentre os dados coletados, se destacou: a maioria dos usuários do espaço se locomove até ele com veículo particular, o que pode significar a dificuldade de acesso ao local por transporte coletivo. Também se destacou o fato de que a maioria dos participantes estava satisfeita com a orientabilidade do espaço e com aspectos relativos ao conforto ambiental -ventilação, iluminação natural, etc. -, tal fato pode estar atrelado à implantação do hospital ser predominantemente horizontal, o que facilita as posições das aberturas, além da lógica da disposição do edifício. Ademais, fato que se destacou muito foi a grande quantidade de respostas “muito satisfeito” em relação ao contato com a natureza, o que se deve à implantação horizontal com jardins entre as unidades. Apesar da boa relação interior-exterior, verificouse a insatisfação dos participantes
no que se refere a humanização do ambiente hospitalar em perguntas como o acesso a ambientes ou recursos de descanso e lazer, entendendo-se que problemas relativos à humanização dos espaços não são exclusivos deste hospital mas relativamente comuns em diversos outros hospitais públicos no país, onde há escassez de recursos financeiros para gerenciamento e qualificação do espaço físico. Entre os dados onde houve maior nível de insatisfação destaca-se a questão da infraestrutura geral das unidades como: a conservação dos ambientes em geral; sua qualificação para dar suporte aos acompanhantes e visitantes; o controle de aspectos ambientais (iluminação, som, etc.), fato este provavelmente atrelado aos quartos abrigarem dois ou mais pacientes, o que tende a comprometer a privacidade e dificulta o ajuste do local a necessidades individuais. Entre todas as unidades do hospital as que apresentaram maior urgência de reforma segundo seus usuários são as unidades de internaçãodenominadas DIP I e DIP II -, além do setor de pneumologia, que também possui leitos de internação porém mais restritos, os quais inclusive são os setores que menos 45
passaram por reformas desde a criação do hospital, na década de 40. A presença de jardins é elemento singular no espaço, tendo em vista que, associada a outros recursos como as aberturas, favorece uma boa iluminação, ventilação e temperatura para a maioria das unidades. Além disso, o contato com a natureza auxilia muito no que diz respeito aos ambientes restauradores, ou seja, auxilia na recuperação do paciente. Entretanto, como boa parte da estrutura de saúde pública do país, o edifício necessita de modificações e reformas, indicadas pelos dados anteriormente expostos. A seguir, coloca-se à disposição gráficos resultantes da aplicação final do questionário, de forma a exemplificar o método utilizado pelo grupo para realizar a análise geral. Ao fim do trabalho será possível encontrar os gráficos de todas as perguntas realizadas.
46
Qual seu nível de satisfação em relação a esta edificação como um todo?
Pergunta apenas ao
realizada público de
Das Unidades deste hospital descritas abaixo, e que você conheça, quais você acha que precisam de reformas (renovação) ou ampliação com maior urgência (setor está mal posicionado, falta infra-estrutura, está subdimensionado,....)?
Pergunta apenas ao
realizada público de
47
Qual seu nível de satisfação em relação à facilidade de se orientar e de caminhar dentro do hospital (facilidade de se guiar e visualizar a sinalização do hospital)?
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
Qual seu nível de satisfação no que se refere ao contato com o exterior a partir de dentro da unidade (poder olhar para a natureza, utilizar jardins e terraços...)?
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
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Qual seu nível de satisfação em relação à infra-estrutura dada aos acompanhantes dos pacientes dentro da unidade ? (disponibilidade de ambientes e móveis para acomodar os acompanhantes, como banheiros e locais para comer)
Pergunta realizada apenas ao público em geral do hospital
Qual seu nível de satisfação em relação à infra-estrutura dada aos acompanhantes dos pacientes dentro da unidade ? (disponibilidade de ambientes e móveis para acomodar os acompanhantes, como banheiros e locais para comer)
Pergunta realizada apenas ao público em geral do hospital
49
5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
50
Acredita-se que foi possível alcançar o objetivo do estudo em questão: elaborar um instrumento de avaliação inicial ou exploratória do edifício hospitalar, que proporcione uma compreensão abrangente de seu espaço físico a partir da percepção de seus usuários. Espera-se que tal instrumento possa efetivamente auxiliar gestores da rede pública de saúde do país a entender as principais demandas e limitações de cada edifício hospitalar, e dentro deste, também os problemas existentes em cada unidade, dando suporte ao seu planejamento de médio e longo prazos e possivelmente de um plano diretor. Com base em todas as etapas realizadas - revisão de literatura, entrevistas com profissionais da área, primeira e segunda aplicação do instrumento de avaliação do edifício hospitalar - foi possível identificar alguns dos atributos considerados relevantes para seu planejamento. Dentre esses atributos ambientais estão: um zoneamento claro das diferentes Unidades do hospital facilitando a orientação e o deslocamento dos pacientes e funcionários; a importância de elementos restauradores, centrados na humanização dos ambientes, e
em como esse processo auxilia a melhora e o bem estar dos pacientes e dos funcionários; flexibilidade para a execução de obras de reforma; expansibilidade para execução de obras de ampliação quando necessárias; além da qualidade ambiental do espaço, e a influência de tais aspectos no conforto de quem utiliza os ambientes do hospital diariamente. O instrumento de avaliação do edifício hospitalar desenvolvido, além de incluir tais itens, têm como uma das principais características a linguagem clara e objetiva de modo a ser o mais facilmente compreendido por todos os possíveis participantes. Buscouse, em seu desenvolvimento, que o instrumento facilitasse a posterior coleta de dados por qualquer pessoa, tendo em vista a predominância de questões de múltipla escolha. Entretanto, embora inicialmente ele tenha sido idealizado para a possibilidade de aplicação online, vale salientar ainda, as dificuldades enfrentadas neste estudo, que acabou levando à aplicação presencial. Constataramse aspectos como: a preferência da gerência da instituição pela aplicação presencial; o exíguo tempo disponível para participar 51
da aplicação por parte dos profissionais de saúde; além da compreensão de que possivelmente nem todos os usuários do hospital teriam facilidade para acessar o documento no modo online ou poderiam não ter acesso a um equipamento móvel ou à rede de internet, o que acabaria por restringir bastante o público respondente da pesquisa. Por outro lado, a aplicação presencial neste estudo possibilitou refletir mais uma vez sobre o instrumento desenvolvido, avaliando se as perguntas eram efetivamente claras para todos os respondentes, se havia perguntas que soavam repetitivas, se a extensão do formulário estava adequada, entre outros aspectos. No que diz respeito à aplicação presencial, como entrevista, acredita-se que o documento está pronto para ser adotado em grande escala. Acredita-se ainda que, desse modo, é possível abordar uma maior quantidade de participantes, estimulá-los à participação e ainda refletir sobre o instrumento, podendo, inclusive, auxiliar em novo aprimoramento futuro. A partir da aplicação do instrumento em um hospital público local foi possível entendermos as suas principais limitações no que se refere ao espaço físico, na 52
visão do público e também dos profissionais que lá atuam, assim como identificar as unidades que demandam obras de reforma com maior urgência. A aplicação do instrumento neste hospital trouxe inúmeros resultados e evidenciou os seus benefícios que poderiam ser ampliados caso o instrumento fosse adotado em grande escala, para avaliação de outras edificações de saúde da rede municipal, estadual e até federal. Dessa forma, poderiase investir na infraestrutura pública do país de forma mais racional e objetiva. Ademais, a publicação deste relatório tem como principal intenção auxiliar os meios acadêmicos na área de arquitetura hospitalar por meio do entendimento do processo do estudo em questão e dos resultados obtidos. Ao analisarmos e estudarmos o contexto local no que diz respeito à à temática de arquitetura hospitalar brasileira, entendemos a grande carência de investimentos na área, assim como pesquisas e extensões que auxiliem do desenvolvimento da temática no país. A falta de dados, como os coletados dentro do estudo em questão, em escalas maiores, aliado a dificuldades enfrentadas pela gestão da rede pública, faz com
que reformas sejam feitas de maneira emergencial e sem a percepção do impacto que as mesmas terão na qualidade do edifício hospitalar como um todo.
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6. REFERÊNCIAS
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56
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7. APÃ&#x160;NDICES
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1. Banner Semana do Ensino Pesquisa E Extensao
INSTRUMENTO PARA QUALIFICAÇÃO DO EDIFÍCIO HOSPITALAR
Douglas Hinckel, Julie Gerber, Maíra Felippe, Patrícia Cavalcanti
APRESENTAÇÃO
METODOLOGIA
A maior parte da população brasileira é atualmente atendida por meio do Sistema Único de Saúde – SUS. Com o gradativo crescimento populacional no Brasil a demanda por assistência médica só aumenta. Cabe observar que boa parte da infraestrutura pública, incluindo os edifícios hospitalares, tem décadas de existência e, portanto, foi planejada para um público mais reduzido.
- Revisão de literatura sobre quais são os princípios básicos para um projeto de um edifício hospitalar;
Com isso, é muito comum que os edifícios hospitalares sejam constantemente adaptados, reformados e ampliados para acomodar tanto a crescente demanda de atendimento quanto às próprias alterações nos modos de tratamento e nas tecnologias médicas.
-Visitações em unidades de saúde;
Porém, tem-se por pressuposto que a maioria dos hospitais públicos brasileiros não tem um plano diretor que oriente a execução das obras de reforma, ou ampliação, considerando a qualidade do edifício em longo prazo. Acredita-se que tais modificações são feitas para atender, de forma rápida, as demandas eminentes constatadas pelo corpo de saúde e gestores. É dessa forma que os edifícios hospitalares tornam-se, pela percepção dos usuários, locais hostis, confusos e que trazem sensações ruins. Tendo em vista a falta de ambiência e funcionalidade, perdidas em adaptações sem estudos prévios. Com o presente projeto de pesquisa, pretende-se contribuir para a problemática. Objetiva-se elaborar um instrumento de avaliação do edifício hospitalar, principalmente no que diz respeito à sua infraestrutura, e com enfoque na percepção dos seus diferentes usuários. Dessa forma, poderá se orientar possíveis modificações a curto, médio e longo prazo, referente as unidades estudadas. Além disso, caracterizando-se como um instrumento de fácil aplicação, poderá, inclusive, dar suporte à futura elaboração de planos diretores hospitalares.
-Estudo de projetos, com desenhos técnicos, para entender a espacialidade dos ambientes;
- Elaboração desse instrumento de avaliação da totalidade do edifício hospitalar, centrado na percepção dos usuários e adequado ao contexto local; - Teste desse instrumento de avaliação do edifício hospitalar por meio de um projeto piloto a ser realizado em um hospital local ainda a ser definido. Pretende-se aplicar o instrumento, checando possíveis ajustes que possam se mostrar necessários para seu aprimoramento, a fim de assegurar a clareza dos tópicos investigados bem como a coerência com os resultados pretendidos. - Análise os dados coletados no teste piloto e identificação de algumas estratégias ou recomendações a serem consideradas no plano diretor ou no planejamento do hospital investigado, visando sua qualificação a longo prazo. Isso é, pretende-se dispor de resultados que sejam de interesse também do hospital no qual será feita a aplicação do estudo piloto; - Aprimoramento deste instrumento para sua posterior disponibilização e utilização por outras instituições ou profissionais atuantes na área da saúde.
Fonte: FEMIPA, 2016.
RESULTADOS ESPERADOS Como resultados esperados tem-se a avaliação do hospital no qual será feito o teste piloto, na qual se pretende elaborar algumas recomendações a serem incorporadas ao seu planejamento no curto, médio e longo prazo. Espera-se assim contribuir para a qualificação do edifício hospitalar no qual o estudo foi feito. Além disso, pretende-se ao final do processo disponibilizar a versão final desse instrumento de avaliação do edifício hospitalar, para que a mesma possa ser aplicada em diferentes localidades do país para fins de planejamento e gestão do edifício hospitalar. Com isso, o grupo PET-ARQ espera auxiliar no desenvolvimento de atividades acadêmicas em padrões de qualidade de excelência, mediante grupos de aprendizagem tutorial de natureza coletiva e interdisciplinar, assim como contribuir para a elevação da qualidade da formação acadêmica dos alunos de graduação em geral.
Fonte: ArchDaily, 2012.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS MIQUELIN, Lauro Carlos. Anatomia dos edifícios hospitalares. São Paulo: CEDAS, 1992. CARVALHO, Antônio Pedro Alves de. Introdução à Arquitetura Hospitalar. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2014. Toledo, Luiz Carlos. Feitor para Curar. Rio de Janeiro: ABDEH, 2006. Ulrich, Roger. Effects of interior design on wellness: Theory and recent scientific research. 1991
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2. Quadro Comparativo de Instrumentos no Ă&#x201A;mbito
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3. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Utilizado na Aplicação do Instrumento
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Departamento de Arquitetura e Urbanismo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa intitulada “Instrumento para auxiliar na elaboração de um plano diretor hospitalar” a ser conduzida pelos acadêmicos Julie Gerber e Douglas Hinckel, sob responsabilidade das professoras Patrícia Biasi Cavalcanti e Maíra Longhinotti Felippe, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e do Departamento de Expressão Gráfica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Por favor, leia este documento com bastante atenção antes de assiná-lo. Peça orientação quantas vezes for necessário para esclarecer todas as suas dúvidas. A proposta deste Termo é explicar tudo sobre o estudo e solicitar a sua permissão caso deseje participar do mesmo. O objetivo desta pesquisa é criar um instrumento de avaliação do edifício hospitalar segundo a percepção de diferentes grupos usuários (médicos, enfermeiros, corpo administrativo, pacientes, acompanhantes, etc). Para tanto, aqueles que desejarem participar da pesquisa serão convidados a responder a um questionário de avaliação do ambiente do hospital, com duração estimada de 30 minutos. Participar desta pesquisa poderá oferecer riscos mínimos a você referentes a algum possível cansaço ou aborrecimento ao responder ao questionário. Caso isso ocorra, você poderá interromper sua participação sem nenhum problema. Outro risco inerente à pesquisa é a remota possibilidade da quebra do sigilo, mesmo que involuntário e não intencional (por exemplo, perda ou roubo de documentos, computadores, pen-drive). Sinta-se absolutamente à vontade em deixar de participar da pesquisa a qualquer momento, sem ter que apresentar qualquer justificativa e com a certeza de que você não terá qualquer prejuízo. Caso você venha a sofrer qualquer dano ou prejuízo decorrente desta pesquisa, você terá garantia de indenização. Todas as informações colhidas serão analisadas em caráter estritamente científico, os pesquisadores serão os únicos a ter acesso aos dados e tomarão todas as providências necessárias para manter o sigilo. Os resultados deste trabalho poderão ser apresentados em encontros ou revistas científicas da área da arquitetura ou psicologia ambiental e mostrarão apenas os resultados obtidos como um todo, sem revelar seu nome dos participantes, nome da instituição ou qualquer informação relacionada à sua privacidade. Os dados coletados serão utilizados apenas para essa pesquisa e ficarão armazenados por pelo menos cinco anos, em sala e armário chaveados, de posse das pesquisadoras responsáveis, podendo ser descartadas (deletados e incinerados) posteriormente ou mantidos armazenados em sigilo. Você não terá despesas pessoais em qualquer fase deste estudo e também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Caso você tenha alguma despesa ou qualquer prejuízo financeiro em decorrência desta pesquisa, você terá garantia de ressarcimento. Por outro lado, embora esta pesquisa não lhe ofereça benefícios diretos imediatos, você poderá contribuir para a identificação de unidades ou setores do hospital que necessitam de maior atenção, em obras de reforma ou ampliação, por exemplo, no curto, médio e longo prazo. Os dados possibilitarão que seja construído um relatório de pesquisa, que será encaminhado ao responsável legal desta instituição, visando à qualificação do edifício hospitalar no qual o estudo está sendo feito. Caso o participante queira saber sobre o andamento da pesquisa ou queira receber os resultados prévios, este terá o direito de solicitar e receberá os resultados via e-mail ou por correspondência ao endereço que disponibilizar aos pesquisadores. Os pesquisadores responsáveis comprometem-se a conduzir o estudo de acordo com o que preconiza a Resolução 466/12, que trata dos preceitos éticos e da proteção aos participantes da pesquisa. Duas vias deste documento estão sendo rubricadas e assinadas por você e por um pesquisador responsável. Guarde cuidadosamente a sua via, pois é um documento que traz importantes informações de contato e garante os seus direitos como participante do estudo. Caso você queira maiores explicações sobre a pesquisa você poderá entrar em contato com Patrícia Biasi Cavalcanti ou com Maíra LonghinottiFelippe, através dos e-mailspatibiasi@yahoo.com ou mairafelippe@gmail.com. Em caso de dúvidas ou preocupações quanto aos seus direitos como participante, você pode entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC pelo telefone (48)3721-6094; e-mail cep.propesq@contato.ufsc.br ou pessoalmente na Rua Desembargador Vitor Lima, n° 222, 4° andar, sala 401, bairro Trindade.
Declaração de Consentimento
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4. Resumo Expandido Publicado no XXIV Encontro
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5. Instrumento Aplicado para o PĂşblico Geral
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6. Instrumento Aplicado para os Funcionรกrios do Hospital
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7. Gráficos completos a partir da última aplicação dos instrumentos
Nesse hospital, você é... ?
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
Como você chegou a este hospital?
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
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Qual seu nível de satisfação em relação a esta edificação como um todo?
Pergunta realizada ao público de profissionais do hospital
Qual seu nível de satisfação em relação à facilidade de chegar ao hospital (proximidade a pontos de ônibus, acesso a estacionamentos, acesso a pé, por transporte coletivo...)?
Pergunta realizada ao público de profissionais do hospital
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Qual seu nível de satisfação em relação à facilidade de se guiar e caminhar pelo hospital?
Pergunta realizada ao público de profissionais do hospital
Das Unidades deste hospital descritas abaixo, e que você conheça, quais você acha que precisam de reformas (renovação) ou ampliação com maior urgência? (apontar até 3 unidades)
Pergunta realizada ao público de profissionais do hospital
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A partir de então, gostaríamos de avaliar questões específicas da unidade em que você trabalha, ou que voce utiliza com mais frequência Qual seu nível de satisfação em relação ao espaço físico desta Unidade como um todo?
Pergunta realizada ao público de profissionais do hospital
Qual seu nível de satisfação em relação à facilidade de chegar até essa Unidade e encontrar sua entrada principal?
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
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Qual seu nível de satisfação em relação à facilidade de caminhar dentro da unidade?
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
Considerando esta unidade, qual seu nível de satisfação em relação aos aspectos abaixo: Iluminação natural (entrada da luz do dia)
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
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Iluminação artificial (luz vinda das luminárias e lâmpadas)
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
Temperatura
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
Ventilação natural (ar que entra pelas janelas)
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Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
Sons e Ruídos (barulhos)
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
Qual seu nível de satisfação em relação à posição dos móveis da unidade?
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
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Qual seu nível de satisfação em relação ao estado de conservação da Unidade (qualidade de pisos, tetos, paredes, móveis...)?
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
Qual seu nível de satisfação em relação a poder olhar ou poder utilizar a natureza, jardins, terraços e espaços externos a partir desta unidade?
Pergunta realizada aos dois públicos: usuários em geral e profissionais do hospital
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Qual seu nível de satisfação em relação aos ambientes para descanso ou lazer dentro desta unidade?
Pergunta realizada ao público de: profissionais do hospital
Qual seu nível de satisfação em relação à existência de elementos que lhe entretenham? (visuais nas janelas, livros ou revistas, obras de arte ou gravuras nas paredes, televisão, etc)
Pergunta realizada ao público de usuários em geral
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Qual seu nível de satisfação em relação às condições de privacidade proporcionadas à você nesta Unidade ?
Pergunta realizada ao público de: usuários em geral
Qual seu nível de satisfação em relação à infra-estrutura dada aos acompanhantes dos pacientes dentro da unidade ? (disponibilidade de ambientes e móveis para acomodar os acompanhantes, como banheiros e locais para comer)
Pergunta realizada ao público de usuários em geral
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Qual seu nível de satisfação em relação ao controle que você tem em relação a esta Unidade? (controle da programação da televisão; da temperatura do ar condicionado; da abertura de janelas; possibilidade de mover e ajustar os móveis, …)
Pergunta realizada ao público de usuários em geral
Qual seu nível de satisfação em relação à posição desta Unidade dentro do hospital?
Pergunta realizada ao público de: profissionais do hospital
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Qual seu nível de satisfação em relação à infraestrutura na Unidade (equipamentos, ambientes, instalações elétricas ou hidráulicas... ) ?
Pergunta realizada ao público de: profissionais do hospital
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