PALAVRA DO DIRETOR
SER IGREJA EM TEMPO DE ISOLAMENTO SOCIAL E DE TANTOS PRECISANDO DE SOCORRO... O isolamento social em que quase todo o mundo está inserido neste momento singular de nossa história, é evidenciado pelo afastamento das interações e atividades sociais que, em proporção bem menor já existia, como reflexo do individualismo e do egocentrismo de um mundo materializado, coisificado e desumanizado, evidenciando um cenário em que, salvo exceções, as pessoas parecem valer menos do que as coisas, pois as interações sociais são desprezadas há muito tempo, bem antes do “Corona Virus”. Uma evidência disso é que muitos moram em prédios e condomínios e comunidades e sequer sabem o nome de seus vizinhos mais próximos. 2
A “Parábola do Bom Samaritano” é uma advertência de que precisamos estar atentos às necessidades de nosso próximo, tendo registro exclusivo no Evangelho de Lucas no capítulo 10 dos versos 25 a 37, como segue: “E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e
de de todas todas as tuas as tuas forças, forças, e e de todo de todo o teu o teu entendimenentendimento, e to,aoe teu ao teu próximo próximo como como a tia mesmo. ti mesmo. E disse-lhe: E disse-lhe: Respondeste Respondeste bem; bem; fazefaze isso,isso, e viverás. e viverás. Ele,Ele, porém, porém, querendo querendo justificar-se justificar-se a sia si mesmo, mesmo, disse disse a Jesus: a Jesus: E E quem quem é o émeu o meu próximo? próximo? E, E, respondendo respondendo Jesus, Jesus, disse: disse: Descia Descia um um homem homem de Jerude Jerusalém salém para para Jericó, Jericó, e caiu e caiu nasnas mãos mãos dosdos salteadores, salteadores, os quais os quais o despojaram, o despojaram, e e espancando-o, espancando-o, se se retiraretiraram, ram,deixando-o deixando-omeio meio morto. morto. E, ocasionalmente E, ocasionalmente descia descia pelo pelo mesmo mesmo camicaminhonho certo certo sacerdote; sacerdote; e, e, vendo-o, vendo-o, passou passou de de largo. largo. E de E de igual igual modo modo também também um um levita, levita, chegando chegando àquele àquele lugar, lugar, e, vendo-o, e, vendo-o, passou passou de de largo. largo. MasMas um um samaritano, samaritano, queque ia ia de de viagem, viagem, chegou chegou ao pé ao dele pé dele e, vendo-o, e, vendo-o, moveu-se moveu-se de de íntima íntima compaixão; compaixão; E, aproE, aproximando-se, ximando-se, atou-lhe atou-lhe as as feridas, feridas, deitando-lhes deitando-lhes azeite azeite e vinho; e vinho; e, pondo-o e, pondo-o sobre sobre o seu o seu animal, animal, levoulevou-o para -o para umauma estalagem, estalagem, e e
cuidou cuidou dele; dele; E, partindo E, partindo no no outro outro dia,dia, tirou tirou doisdois dinheidinheiros,ros, e deu-os e deu-os ao hospedeiao hospedeiro, ero, disse-lhe: e disse-lhe: Cuida Cuida dele; dele; e tudo e tudo o que o que de mais de mais gas-gastares tares eu to eupagarei to pagarei quando quando voltar. voltar. Qual, Qual, pois, pois, destes destes trêstrês te parece te parece queque foi foi o o próximo próximo daquele daquele queque caiucaiu nasnas mãos mãos dosdos salteadores? salteadores? E ele E ele disse: disse: O que O que usou usou de de misericórdia misericórdia para para comcom ele.ele. Disse, Disse, pois, pois, Jesus: Jesus: Vai,Vai, e e fazefaze da da mesma mesma maneira. maneira. (Lucas (Lucas 10:25-37) 10:25-37) EssaEssa maravilhosa maravilhosa parábola parábola expressa expressa o desejo o desejo de de Jesus Jesus de de queque pratiquepratiquemosmos o amor o amor e o ecuidado o cuidado ao ao próximo, próximo, nelanela Jesus Jesus conta conta a a história história de um de um homem homem queque descia desciade deJerusalém Jerusaléma a Jericó. Jericó. No No caminho, caminho, foi foi vítima vítima de ladrões de ladrões que,que, além além de odeespancarem, o espancarem, roubaram roubaram tudotudo o que o que ele tinha, ele tinha, ficando ficando abandonado abandonado e e muito muito machucado, machucado, caído caído à beira à beira da da estrada. estrada. Passaram Passaram por por ele ele um um sacerdote sacerdote queque atravesatravessou sou parapara o outro o outro ladolado da rua, da rua, fingindo fingindo queque nãonão o viu, o viu, e e também também um um levita, levita, queque 3
também passou longe do homem necessitado, mas um samaritano também passou por ali e, ao ver o homem ferido, teve compaixão dele, tratou dos ferimentos, depois carregando-o em seu próprio animal para uma hospedaria cuidou dele. Antes ir embora, no dia seguinte, o samaritano deu dois denários ao dono da hospedaria (dinheiro que equivalia a dois dias de trabalho naquela época) para que ele cuidasse do homem ferido, assumindo ainda o compromisso de, se necessário, pagar contas adicionais, quando voltasse. Jesus contou essa parábola quando questionado por um doutor da lei, sobre como herdar a vida eterna, Jesus reagiu à pergunta com outra pergunta: “O que está escrito na Lei?” Como lês? (Lucas 10:26). O doutor da Lei respondeu à pergunta de Jesus recorrendo a Deuteronômio 6:5 e Levítico 19:18, resumindo o mandamento divino da 4
seguinte forma: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10:27). Então disse Jesus... Você respondeu corretamente... faze isto e terá a vida eterna. Então o doutor da lei fez mais uma pergunta: “Quem é o meu próximo?” (Lucas 10:29), foi nesse momento que Jesus ensinou com a parábola, que meu próximo é qualquer pessoa que esteja ao alcance de minha ação. O samaritano é a pessoa que, segundo Jesus, fez o que deveria ser feito, contrariando a expectativa dos judeus, pois judeus não falavam com samaritanos, mas a antipatia mútua não impediu que ele ajudasse ao que estava sofrendo e precisava de ajuda. Nesse tempo de tantas dificuldades, como precisamos de homens e mulheres de Deus que
façam façam como como aquele aquele bombom samaritano. samaritano. Há Há muita muita gente gente carente carente de ajuda! de ajuda! O doutor O doutor da da lei lei teveteve de de reconhecer reconhecer queque o homem o homem queque teveteve comcompaixão paixão do do ferido, ferido, isto isto é, oé, o bombom samaritano, samaritano, foi ofoipróxio próximo mo do do carente carente de de ajuda. ajuda. Então Então Jesus Jesus concluiu: concluiu: “Vá “Vá e e continue continue fazendo fazendo o mesmo” o mesmo” (Lucas (Lucas 10:37). 10:37). Nessa Nessa ênfase, ênfase, a Paráa Parábolabola do do BomBom Samaritano Samaritano pode pode ser ser resumida resumida no conno conselho selho de Tiago: de Tiago: “Tornai-vos, “Tornai-vos, pois, pois, praticantes praticantes da palavra, da palavra, e e nãonão apenas apenas ouvintes, ouvintes, enganando-vos enganando-vos a a vós vós mesmos” mesmos” (Tiago (Tiago 1:22), 1:22), do do mesmo mesmo modo modo queque cito,cito, em em recente recente notanota do do Pr. Marcos Pr. Marcos Nascimento Nascimento conclamandoconclamando-nos-nos à ação à ação prática, prática, o texto o texto do apóstolo do apóstolo Tiago: Tiago: 2.16: 2.16: e e qualquer qualquer dentre dentre vós vós lheslhes disser: disser: “Ide“Ide em em paz,paz, aqueaquecei-vos cei-vos e comei e comei até até satisfasatisfazer-vos”, zer-vos”, porém porém semsem lhe lhe dar dar alguma alguma ajuda ajuda concreta, concreta, de que de que adianta adianta isso? isso? Finalizo, Finalizo, estimulando estimulando aos aos irmãos irmãos a seaorganizarem se organizarem pelas pelas redes redes sociais sociais e interae intera-
girem, girem, de todas de todas as maneiras as maneiras seguras, seguras, o mais o mais próximo próximo possível possível dosdos queque carecem carecem de ajuda. de ajuda. Sei Sei queque a maioria a maioria já está já está agindo, agindo, pelopelo queque registro registro minha minha gratidão gratidão aos aos meus meus colegas colegas pastores, pastores, aos aos queridos queridos líderes líderes de de organiorganizações zações a associações a associações e de e de igrejas; igrejas; aos aos meus meus amados amados e e humildes humildes irmãos, irmãos, queque no no anonimato, anonimato, estão estão pagando pagando as contas as contas dosdos queque estão estão em em dificuldade, dificuldade,dividindo dividindoo o alimento alimento queque têmtêm comcom o o necessitado necessitado e aflito, e aflito, estão estão cuidando cuidando de de idosos, idosos, etc.etc. Muito Muito obrigado! obrigado! Deus Deus conticontinuenue a usá-los a usá-los poderosamenpoderosamente! te! “Portanto, “Portanto, enquanto enquanto temos temos oportunidade, oportunidade, façafaçamosmos o bem o bem a todos, a todos, espeespecialmente cialmente aosaos da família da família da da fé. Gálatas fé. Gálatas 6:10 6:10 NVI.” NVI.”
Pr. Amilton Pr. Amilton Vargas Vargas
Diretor Diretor Executivo Executivo da CBF da CBF e Pastor e Pastor Interino Interino da PIB daUniversitária PIB Universitária
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PALAVRA DO REDATOR
PLANO DE CRESCIMENTO PARA A ESCOLA BĂ?BLICA DOMINICAL “antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glĂłria, assim agora como no dia da eternidade. AmĂŠmâ€? (2Pe 3.18)
A BĂblia usa a palavra crescimento PARA IDENTIĂšCAR O PROCESSO EDUCAtivo. Este processo faz parte do crescimento que visa desenvolver nossas potencialidades e vencer nossas fraQUEZAS NOS IDENTIĂšCANDO COM #RISTO A Palavra de Deus ĂŠ enfĂĄtica neste assunto: “Cresçamos em tudoâ€? – EfĂŠsios 4.15 “Crescendo no conhecimentoâ€? – Colossenses 1.10 “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor...â€? 2Pedro 3.18 Mas o crescimento do crente nĂŁo se dĂĄ somente de forma individual. Paulo diz que esse crescimento acontece com a contribuição da Igreja, onde hĂĄ participação de todos: uns plantando e outros regando,
com a certeza de que ĂŠ Deus quem dĂĄ o crescimento. Neste olhar, a Escola BĂblica Dominical se torna uma organização fundamental para o crescimento do cristĂŁo e do nĂŁo cristĂŁo. Entretanto, percebemos que em muitos lugares a EBD parou no tempo, estagnou, e por isso, educadores, diretores da EBD e pastores tĂŞm se preocupado em como e o quĂŞ fazer para o crescimento da Escola BĂblica Dominical, cumprindo assim seu objetivo de fazer e ensinar discĂpulos: “Fazei discĂpulos de todas as naçþes, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do EspĂrito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias,
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atĂŠ a consumação dos sĂŠculosâ€?. (Mt 28.19-20). Dentro desse plano de crescimento, destacamos algumas ideias para que a Escola BĂblica Dominical cresça1: 1. Localizar o povo – Os lĂderes da EBD precisam saber onde se encontra o seu pĂşblico alvo. É necessĂĄrio saber quem sĂŁo e onde estĂŁo os alunos em potencial a serem matriculados na Escola BĂblica Dominical. Onde estĂĄ a fonte de novos alunos? a) Lista de novos convertidos – Muitos se convertem e nĂŁo voltam mais Ă Igreja. Precisamos buscĂĄ-los! Os novos convertidos sĂŁo como crianças recĂŠm-nascidas em Cristo; precisam ser recepcionados e idenTIĂšCADOS IMEDIATAMENTE APĂ‹S A CONversĂŁo. b) Relação de visitantes na EBD e nos cultos da igreja; c) O rol de membros da Igreja – O rol de membros ĂŠ uma fonte quase inesgotĂĄvel. Faça uma campanha com o lema “Cada crente um alunoâ€?. O nĂşmero de matriculados na EBD deverĂĄ ser maior que o nĂşmero de crentes no rol de membros da Igreja; d) A comunidade ao redor da igreja – Faça um recenseamento. Faça uma visita Ă s famĂlias e convide-as para visitar a Escola BĂblica Dominical. (Organize uma classe para nĂŁo crentes.); 1 - https://pregadorjeandersonnunes.webnode.com.br/products
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2. Promova uma campanha contĂnua de matrĂculas – Existe uma ligação direta entre a matrĂcula e a presença na EBD. Ă€ medida que cresce a matrĂcula, cresce tambĂŠm a presença; 3. Elabore um programa de visitação – A visitação visa encorajar os alunos ausentes, e reintegrĂĄ-los Ă vida cristĂŁ. Todo domingo, cada classe deve preparar uma lista de alunos ausentes e determinar quem da classe os visitarĂĄ durante a semana; 4. Providenciar espaço adequado – NĂŁo adianta pensar em matricular novos alunos, em formar novas classes, se nĂŁo existe espaço para a nova classe funcionar. Este ĂŠ um dos principais problemas que explicam o pouco crescimento na maioria das Escolas Dominicais. Aqui vĂŁo algumas sugestĂľes para ajudar no crescimento de sua EBD. Creio que outras poderĂŁo surgir ou atĂŠ mesmo vocĂŞ, como diretor de EBD ou professor, tem utilizado outras ferramentas. Envie-nos sugestĂľes e exemplos que foram utilizados na sua Igreja que ajudou na revitalização da sua EBD para o e-mail: educacaoreliGIOSA BATISTAĂ›UMINENSE ORG BR, que publicaremos nas prĂłximas ediçþes.
Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
Redator da Revista Palavra e Vida Coordenador do Departamento de Educação Religiosa
QUEM ESCREVEU?
Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Conhecido escritor e conferencista, que deixou um grande legado ao falecer em 01.10.2013, era bacharel em filosofia, mestre em educação, teologia. Foi pastor da Igreja Batista Central de Macapá. Ele se identificava como “carioca por nascimento, paulista por jeito de ser, amazônida por desígnio divino, português por herança. Cidadão do Reino por graça de Jesus”. Autor de vários comentários bíblicos, entre eles “Teologia dos Salmos”, “Isaías”, “O Evangelho do Antigo Testamento”, publicados pela JUERP. Casado com Meacir Carolina, pai de Beny e Nelya Coelho. Publicamos essa versão virtual, distribuída gratuitamente, como uma maneira de honrar a esse grande servo do Senhor, que deixou uma história mui digna de honra e louvor ao nosso Deus por sua preciosa e abençoadora existência, que permanece na glória! 27 13
Data do Estudo
Licao 1 Texto Bíblico: Atos 9
A conversão que mudou a história
A
tos 9.1-6 narra um dos momentos mais marcantes da história. O cristianismo e o mundo serão mudados. Uma obscura seita judaica, “O Caminho” (9.2), dará uma guinada em seu rumo. O vinho novo sairá do odre velho, e o instrumento para isso será um fariseu que se encontrou com Jesus ressuscitado. O até então desconhecido fariseu se tornará, depois de Jesus, o maior vulto do cristianismo e da humanidade. O fato deve ter sucedido três anos após a morte de Jesus. Homens e mulheres do Caminho vinham
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pregando o Cristo crucificado, o que despertou a ira de Saulo. O capítulo 9 mostra seu estado emocional: “respirando ainda ameaças” (v. 1). Um homem contra Cristo. E termina com ele pregando (v. 29). Um homem dominado por Cristo. O Caminho não morrerá. A perseguição não o abaterá. Um perseguidor teve um encontro com Jesus e levará seu nome ao mundo, mesmo sob perseguição. E isto de tal maneira que nós, estudando sua vida e lições, somos devedores ao seu ministério. Com mente e coração abertos caminhemos pela vida e ensinos de Saulo de Tarso, depois Paulo, o cristão por excelência.
1. A infância de um menino judeu Pouco se sabe sobre esta fase de Paulo. Ele silencia sobre ela. Há apenas lendas, que não nos interessam, sobre o período. Sua vida, como menino e adolescente judeu deve ter sucedido assim: com cinco anos de idade foi alfabetizado e começou a ler as Escrituras. Com seis foi enviado a uma escola rabínica. Aos dez foi instruído na lei oral. Aos doze teve sua cerimônia de tornar-se filho da lei. Assim começou sua carreira de judeu ortodoxo. Entre os treze e dezesseis anos deve ter sido enviado a Jerusalém para ser educado como rabino: “Eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade, instruído aos pés
de Gamaliel, conforme a precisão da lei de nossos pais, sendo zeloso para com Deus, assim como o sois todos vós no dia de hoje” (At 22.3). Lá estudou com Gamaliel, o mesmo de Atos 22.33-40, que alguns dizem ter sido cristão oculto. Paulo tinha uma irmã morando na cidade (At 23.16). Hospedagem não teria sido problema.
2. Quem era Paulo? Na primeira década de nossa era havia dois meninos, em cidades diferentes (Nazaré e Tarso), sem que um soubesse do outro. O primeiro mudou e marcou o mundo para sempre. O segundo tornou o primeiro conhecido fora dos limites da religião dos dois, o judaísmo. E pôs a vida em função dele, a ponto de dizer: “... e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim...” (Gl 2.20). Graças ao segundo, sabemos muito do primeiro, Jesus de Nazaré. Mas sobre ele, que sabemos? Quem foi ele? Ele nos responde. Pelo nascimento: “Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante da Cilícia” (At 21.39). Não era um qualquer. Orgulhava-se de sua descendência religiosa e de sua cidade natal. Pela cidadania: “Vindo o comandante, perguntou-lhe: Dize-me: és tu romano? Respondeu ele: Sou. Tornou o comandante: Eu por grande soma de dinheiro adquiri este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu o 29 15
sou de nascimento” (At 22.27,28). Era cidadão romano, com todos os direitos. Pela sua cultura, segundo os outros: “Fazendo ele deste modo a sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar” (At 26.28). Seus juízes atestaram sua vasta cultura. Pela sua religião: “Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei fui fariseu; quanto ao zelo, persegui a igreja; quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível” (Fp 3.5,6). Membro da seita mais ortodoxa do judaísmo, ele foi “irrepreensível”. Espiritualmente: “Pois eu sou o menor dos apóstolos, que nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo” (1Co 15.9,10). Extraordinariamente culto, de grande capacidade de trabalho, espiritualmente zeloso, judeu radical. Sua conversão redirecionou todo seu cabedal a serviço de Jesus. No dizer de Stott, Paulo era um homem “intoxicado de Cristo”. O mundo deve muito a esse homem, que Rohden denominou de “o maior bandeirante do evangelho”. Sua paixão por Jesus é um desafio à nossa fé. 30 16
3. A transformação Uma palavra de Paulo merece nossa atenção, por sintetizar sua vida: “nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus” (1Co 15.9). Há dois limites nela: perseguidor da igreja de Deus e apóstolo. A mudança se deu no caminho de Damasco. Há três narrativas de sua conversão, em Atos: 9.1-19 (narrada por Lucas), 22.1-16 (contada por ele em discurso ao povo de Jerusalém após sua prisão) e em 26.10-18 (em Cesaréia, contada por ele, diante de Agripa e de Festo). Esta experiência o marcou para sempre. Nunca mais Paulo foi o mesmo. A conversão deve mudar a pessoa. Muitos tentaram desacreditar esta experiência, dando-a como produto de cansaço físico e emocional ampliado por uma caminhada ao sol do meio-dia. Outros tentaram atribuir-lhe uma doença mental. Sua conversão teria sido apenas uma alucinação. O evento foi sobrenatural, e não uma ilusão, pois foi uma luz mais forte que o sol do deserto, ao meio-dia (At 22.6). Os homens ouviam a voz, mesmo não a entendendo (v. 7, cf. At 22.9). O poderoso e arrogante perseguidor cai por terra. Uma voz o alcança: “Saulo, Saulo, por que persegues?” (At 9.5). A repetição do nome próprio era uma forma carinhosa de tratamento (Êx 3.4, 1Sam 3.4). Ele odiava, sem conhecer, o dono daquela voz. O dono
4. Disposição para o serviço A conversão de Paulo não foi superficial. Foi radical, profunda, como deve ser uma conversão. Ele não se aculturou nem aderiu a um grupo. Ele foi transformado pelo poder de Jesus, e como resultado, quis servi-lo: “Então perguntei: Senhor, que farei? E o Senhor me disse: Levanta-te, e vai a Damasco, onde se te dirá tudo o que te é ordenado fazer” (At 22.10). Quem é autenticamente convertido tem como desejo principal fazer alguma coisa para seu Salvador. Como Paulo mais tarde diria: “Pois o amor de Cristo nos constrange” (2Co 5.14). Conhecer o amor de Jesus provoca um santo constrangimento na vida. Quem conheceu seu amor quer servi-lo. Muitos convertidos hoje
querem entretenimento e que Deus ou a igreja cuide deles. Mas nunca se perguntam o que podem fazer pelo Senhor. Uma pessoa verdadeiramente salva é grata e mostra espírito de serviço. Muitos querem ser servidos, mas a vida cristã é servir. Jesus nos deu o exemplo: “Pois também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10.45). Paulo seguiu seu exemplo.
Para pensar e agir 1. Nenhum coração é bastante duro para não ser alcançado pela graça de Jesus. Não deixemos de orar por pessoas sem Cristo, pensando que elas são muito duras e nunca se converterão. Não há limites para o poder de Jesus. 2. O propósito real de Deus para nós só pode ser descoberto em Cristo. A conversão redireciona nossa vida. 3. Quem é convertido deseja servir a Jesus. Vida cristã é dedicação a Cristo, não busca de vida fácil e prazerosa. Você é convertido? Sirva!
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daquela voz o amava. Atônito, Paulo pergunta: “Quem és tu, Senhor?”. A resposta foi: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”. Que impacto! Que choque! Ele não perseguia seguidores de uma superstição, mas alguém vivo, que agora o alcançara e derrubara! Jesus era real! Estava vivo! E Paulo o perseguia! Caçava seus seguidores! Mas o Grande Caçador dos Céus o alcançou. Não com o ódio com que ele caçava, mas com ternura. A graça de Jesus o alcançou. Por isso, mais tarde ele escreverá, como ninguém, sobre a graça de Deus. Ele a experimentou em Jesus. Quem tem um encontro real com Jesus prova a graça.
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Atos 7. 55-8.3 Atos 9.1-6 Atos 9.17-30 Atos 26.4-19 1Coríntios 15.1-11 Efésios 3.1-13 Gálatas 2. 15-21 31 17
Data do Estudo
Licao 2 Texto Bíblico: Romanos 1.18-2.12
A universalidade da obra de Cristo
D
as muitas virtudes de Paulo, a maior foi tirar o “Caminho” da situação de seita judaica e transformá-lo no cristianismo, religião universal. O mérito é sempre de Deus, que o chamou desde o ventre (Gl 1.15) e que, na sua soberania poderia ter chamado outro. Mas Paulo não foi desobediente à visão celestial (At 26.19).
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O homem de Tarso tornou o homem de Nazaré matéria de culto no mundo inteiro. Ele compreendeu melhor que ninguém que a obra de Jesus tinha dimensão universal. Como dissemos na lição anterior: “O vinho novo sairá do odre velho, e o instrumento para isso será um fariseu que se encontrou com Jesus ressuscitado”. O fato de ele ter sido fariseu torna a questão mais impactante. Hoje, “fariseu” é sinônimo de “hipócrita”, por causa de Mateus 23, que direciona nossa interpretação. “Fariseu” deriva de pherishut, que significa “abstinência e separação”. Era o grupo mais fiel ao judaísmo, preso à Torah (a Lei). O fariseu não era hipócrita, mas alguém sério, zeloso pelo judaísmo, com a mente dominada pela Lei. Paulo, judeu ortodoxo, entendeu o evento Jesus como nem a própria igreja compreendeu, no início.
1. Inicialmente uma seita judaica “E quando Pedro subiu a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão, dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles” (At 11.2,3). Pedro foi censurado pela igreja por ter entrado na casa de Cornélio. Aliás, ele dissera a Cornélio que não devia entrar em sua casa e que o fazia por causa de uma visão de Deus (At 11.28). Quando o Espírito Santo veio sobre Cornélio e sua casa, Pedro e seus acompanhantes
se admiraram (At 10.45). Os gentios também tinham direitos espirituais! Assim é que eles foram batizados (At 10.47,48). Este foi o mistério (o segredo de Deus) que Paulo compreendeu melhor que todos: Efésios 3.1-6. Mas nem assim a questão cessou. Em Atos 15.1-29, as igrejas se reuniram porque alguns defendiam que os gentios que cressem em Cristo deveriam se circuncidar (v. 1). O “Caminho” era uma seita judaica, e quem entrasse nela deveria guardar o judaísmo. Nesta ocasião se deu a ruptura, e o evangelho deixou os limites estreitos que queriam lhe impor. Paulo, que lutou por isto (vv. 2 e 15) já entendera a questão muito antes. Desde sua conversão o Senhor dissera que ele fora escolhido para levar o evangelho aos gentios (At 9.15). E, mais tarde, na sua mais dura carta, ele disse que a circuncisão, como rito religioso, anulava a obra de Cristo (Gl 5.2). Ou cristão ou judeu! Ou a salvação pela graça por meio da fé em Cristo (Ef 2.8 e Gl 2.16) ou a salvação pela Lei. Se a salvação viesse pela Lei, a morte de Jesus teria sido sem sentido (Gl 2.21). É bom lembrar isto, porque vivemos tempos em que alguns desejam restaurar o judaísmo em nossa teologia. Símbolos judaicos, festas judaicas, a estrela de Davi, o quipá (o chapéu masculino judaico), a arca, são trazidos para nossos 33 19
templos. Não somos judeus. Somos cristãos. Não somos filhos do Sinai, e sim do Calvário. Nada temos a ver com Agar, e sim com Sara, pois não somos filhos da Jerusalém geográfica, e sim da Jerusalém espiritual (Gl 4.21-31 e Ap 21.2). Nós somos de Jesus e ouvimos a Jesus, e não a Moisés ou a Elias (Mt 17.1-5). A Lei e os Profetas, como norma, vigoraram até João, e desde então vale o evangelho do reino (Lc 16.16). Cantemos “Eu sou de Jesus, aleluia, de Cristo Jesus, meu Senhor” (401 CC, 454 HCC). Somos dele, e não de Moisés. Não podemos voltar atrás, pois não somos daqueles que recuam na fé (Hb 10.39).
2. O evangelho é para todos Para o apóstolo, esta universalidade do evangelho, com o direito da salvação dos gentios, estava predita desde o início da história da salvação (que começa com Abraão), como lemos em Gálatas 3.8. E ele era o homem que iniciaria este processo na igreja. Obviamente, ele tinha consciência disto, desde sua conversão. O Senhor disse a Ananias que o recém-convertido Saulo era “um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios...” (At 9.15). Tiago, Pedro e João, líderes da igreja de origem judaica, reconheceram que Paulo era o homem destinado por Jesus para pregar o evangelho aos gentios (Gl 2.7-9) e ele mesmo 34 20
se declarou missionário aos gentios, várias vezes: Romanos 11.13 e 15.16, Gálatas 1.16 e 1 Timóteo 2.7. O ensino de Paulo é claro. Deus encerrou todos os homens, quer judeus quer gentios, debaixo de pecado (Rm 1.18 a 2.12, e Gl 3.22), para que a promessa fosse de todos. A vantagem dos judeus é que eles receberam os oráculos divinos (Rm 3.1), mas também estão debaixo do pecado, como os gentios (Rm 3.9-20). Judeus e gentios são pecadores (Rm 3.23), e precisam do mesmo Salvador, Jesus (Rm 6.23). No pensamento de Paulo, Deus é Salvador de todos os homens (1Tm 4.10). É desejo divino que todos os homens, e não apenas os judeus, sejam salvos (1Tm 2.14). Isto é a universalidade da obra de Cristo. Ele é o Salvador possível para todos os homens. Todos podem ser salvos.
3. Universalidade, sim; universalismo, não Dizemos “Salvador possível para todos os homens” para evitar a confusão que a frase “Salvador de todos os homens” traz. Ele é o Salvador possível para todos os homens, mas isto não significa que todos os homens serão salvos. A doutrina que assim afirma se chama universalismo. Ela ensina que todos serão salvos porque a obra de Cristo na cruz redimiu os pecados de todos os homens, independentemente
Para pensar e agir 1. O evangelho acabou com as barreiras humanas, declarando que todos são iguais, tanto como pecadores como objeto da graça de Deus. Por isso, a parede de separação entre judeus e gentios
foi derrubada (Ef 2.14). Não há mérito e ninguém é melhor que ninguém. A salvação é obra da graça. 2. A universalidade do evangelho significa que só há salvação pela graça e por meio da fé em Jesus (Ef 2.8,9). Ninguém pode ser salvo a não ser por Cristo. A igreja de Jesus precisa de visão evangelística e missionária. Ninguém é salvo por ser bom, mas somente por Jesus. O destino eterno de bilhões de pessoas está nas mãos da igreja. Nas minhas e em suas mãos. 3. Precisamos lembrar que o tema central da pregação da igreja é Cristo e Cristo crucificado (1Co 2.2). Há muita pregação sociológica, de conceitos humanos, e igrejas mais preocupadas com sua filosofia eclesiástica e em “fidelizar” clientes do que em anunciar que só Jesus salva. Precisamos evangelizar, pregar mensagens evangelísticas, realizar série de conferências evangelísticas, distribuir folhetos, falar de Jesus ao mundo. Nunca esqueçamos que SÓ JESUS CRISTO SALVA!
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de eles crerem ou não. Muitos tentam dar este sentido a algumas declarações de Paulo, por isso que tivemos o cuidado na frase. Paulo deixou claro que não há salvação compulsória. Os homens a devem querer, devem aceitá-la. Em 2 Coríntios 5.20, após dizer que Deus nos reconciliou consigo em Cristo (2Co 5.18), ele pede que os homens aceitem a reconciliação. A salvação é para “todo aquele que invocar o nome do Senhor” (Rm 10.13). “Invocar” é mais que recitar ou dizer o nome. É colocar-se sob o cuidado do nome. Aquele que se coloca sob o cuidado do Nome sobre todo o nome será salvo. Não há salvação indiscriminada, a todos. Ela vem por causa da obra de Jesus, é oferecida e deve ser aceita. Haverá salvos e não-salvos no dia final, conforme Jesus ensinou (Mt 25.34 e 41). Tendo recebido seu evangelho diretamente de Jesus (Gl 1.11,12), Paulo não entra em contradição com ele, mas apenas ressoa o que o Salvador lhe ensinou. Todos podem ser salvos porque Jesus trouxe uma salvação universal, e Paulo a proclamou ao mundo não-judeu.
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Efésios 2.1-3.6 Romanos 1.18-32 Romanos 2.1-12 Romanos 3.21-31 Gálatas 4.21-31 1 Pedro 2.9-12 João 3.14-21 35 21
Data do Estudo
Licao 3 Texto Bíblico: Efésios 2.8,9
Não às obras, sim à graça
U
ma questão ainda discutida em nosso meio é a relação correta entre a Lei (a Torah), o sistema do Antigo Testamento para se aproximar de Deus, e a Graça, mostrada no Novo Testamento. Algumas seitas evangélicas, confusas, misturam Lei e Graça, e outras, mais confusas, pregam a Lei como essencial à salvação. Paulo era judeu ortodoxo, um fariseu, profundamente imerso no ensino da Lei. Ele foi um dos mais aplicados fariseus: “E na minha nação
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excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (Gl 2.14). Criado no mais rigoroso judaísmo, aprendera que a Lei era o caminho da salvação. A obediência a ela salvava o fiel. Mas após sua conversão, mudou sua posição. Na lição anterior, comentamos o fato de Paulo levar o evangelho aos gentios: “Desde sua conversão o Senhor dissera que ele fora escolhido para levar o evangelho aos gentios (At 9.15). Mais tarde, na sua mais dura carta, ele disse que a circuncisão, como rito religioso, anulava a obra de Cristo (Gl 5.2). Ou cristão ou judeu! Ou a salvação pela graça por meio da fé em Cristo (Ef 2.8 e Gl 2.16) ou a salvação pela Lei. Se a salvação viesse pela Lei, a morte de Jesus teria sido sem sentido (Gl 2.21)”. Continuamos nossa caminhada hoje, vendo como Paulo deu um sonoro “Não!” às obras da Lei.
1. Uma busca inadequada Paulo não encontrou a justificação dos seus pecados na Lei, mas na fé em Jesus: “E seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé” (Fp 3.9). A busca anterior, como fariseu, fora frustrante. A Lei, como qualquer sistema religioso, não pode nos dar o perdão dos pecados. Só a fé em Cristo. Alguém pode se sentir
bem numa religião, cumprindo um conjunto de regras e obedecendo a determinados ritos. Mas isto será uma questão de gosto. Terá paz interior porque satisfez um desejo de seu coração. Mas diante de Deus (isto é bem diferente do que sentimos ou achamos), só a fé em Cristo pode salvar a pessoa. Sistema religioso algum pode nos salvar. Devemos dizer “Não!” às formas religiosas que criamos. Elas seguem a nossa mente, e não a mente de Deus. A bagagem legalista de Paulo foi inútil, como podemos ler em Filipenses 3.4-7. Ele considerava todo o sistema religioso como refugo ou esterco, palavra dura, mas expressiva (Fp 3.8). Sua conduta irrepreensível dentro da Lei era inútil. Obedecer à Lei não era impossível, como dizem alguns. O moço rico que queria a vida eterna disse a Jesus que obedecia a ela, guardando tudo (Mt 19.16-21, Mc 10.17-21, Lc 18.1822). Jesus não contraditou o moço, dizendo que era impossível obedecer a tudo. Aceitou sua palavra. Paulo cumpriu a Lei: “Quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível” (Fp 3.6). Não pensemos que o evangelho veio porque Deus estabeleceu a Lei, ninguém conseguiu cumpri-la, e aí ele viu que era impossível e arranjou outro método. Esta teoria desonra a Deus. A Lei era transitória. Criou uma consciência de pecado (Rm 3.20 e 7.20) e Deus ofereceu a graça aos que reconhecem seus pecados e apelam 37 23
para sua misericórdia. A Lei dizia: “Façam isto e viverão!”. A Graça diz: “Eu fiz para que vocês vivam!”. Buscar salvação na Lei, como Paulo mostrou com sua vida e palavras, é frustrante. Na Graça do Deus que ama, que faz por nós e nos dá gratuitamente no Amado (Ef 1.6), encontramos a vida eterna.
2. Cristo é o fim da Lei A religião legalista (seja a dos fariseus ou seitas atuais, que nos enchem de regras) enfatiza o que a pessoa deve fazer. O evangelho de Jesus, pregado por Paulo, enfatiza que Deus fez, para que ninguém se envaideça por ter feito que Deus o aceitasse (Ef 2.8,9). Deus nos aceita não pelo que fizemos, mas pelo que ele e Jesus fizeram na cruz. Veremos isto depois, no estudo sobre a doutrina da reconciliação, mas guardemos desde agora que Deus estava em Cristo e ele nos reconciliou consigo, na pessoa de Cristo (2Co 5.18,19,21). Deus Pai e Deus Filho fizeram a obra de reconciliação. Deus Espírito Santo trabalha em nós para entendermos o que Pai e Filho fizeram. Ele é o ministro da Graça. O ensino é que Deus fez e que devemos crer no que ele fez. Cristo pôs fim ao valor da Lei e se tornou a norma para nós. Quem defende a Lei tem zelo por Deus, mas sem entendimento (Rm 10.2-4). 38 24
“Cristo é o fim da Lei”, diz Paulo. A palavra “fim” é o grego télos, que significa “meta” ou “término”. E aqui significa os dois. A Lei era uma provisão temporária até a vinda do descendente de Abraão, em quem a promessa se cumpriu. Mas sendo provisão temporária, terminou em Cristo, que é o clímax da revelação de Deus, como Jesus disse, em Lucas 16.16. O evangelho do reino substitui a Lei. A Lei era provisória (Gl 3.19-24). Ela foi um aio para nos conduzir a Cristo. A palavra “aio” é o grego paidagogós, de onde vem pedagogo e Pedagogia. Aparece também em 1Coríntios 4.15, como “preceptores”. O paidagogós era o escravo que cuidava da educação da criança em casa, e que o levava pela mão à escola. A Lei é o paidagogós que conduziu a Cristo. A Lei não tem poder de salvar. Mas Cristo tem. O legalismo leva a praticar boas obras para agradar a Deus. Também leva a cumprir regulamentos religiosos com o mesmo propósito. A Graça mostra que Deus nos ama e nos dá a salvação em Cristo.
3. Salvos pela Graça Dizemos que somos salvos pela fé. A declaração está equivocada. Somos salvos pela Graça, por meio da fé, não pela fé: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8). A pessoa poderia ter uma tonelada de
um entusiástico “Sim!” à Graça. Não somos judeus, mas cristãos. Nosso monte não é o Sinai, mas o Calvário. E do Calvário vem esta declaração: “Verdadeiramente este homem era filho de Deus” (Mc 15.39).
Para pensar e agir Guardemos bem três lições do estudo de hoje. 1. Somos salvos pela Graça, não pela Lei. “Porquanto pelas obras da lei nenhum homem será justificado diante dele; pois o que vem pela lei é o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3.20). 2. Somos salvos pela Graça, por meio da fé. Não é a nossa fé que arranca alguma coisa de Deus. É a Graça de Deus que nos oferece e nos apossamos pela fé. 3. Nunca nos orgulhemos espiritualmente, pois nada somos e nada merecemos. É a bondade de Deus que nos dá tudo: “Para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus” (Ef 5.2).
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fé, mas se não houvesse um grama da Graça, não seria salva. A Graça de Deus, sua bondade para conosco, é a causa de tudo. “O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu” (Jo 3.27). Muita gente se orgulha de ter fé. É a religião legalista, que põe o foco no homem. A Graça nos humilha ao dizer que nada nosso agrada a Deus, mas ele nos ama assim mesmo. Muitos falam mais da fé do que da Graça porque querem o foco sobre si. A Graça põe o foco sobre Deus. Mas isto não é salvação compulsória, como dissemos no estudo anterior. Nós nos apropriamos da Graça pela fé. Basta crer. O carcereiro de Filipos perguntou “Senhores, que me é necessário fazer para me salvar?” (At 16.30) e ouviu a resposta: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (At 16.31). Não há o que fazer. Deus já fez, em Cristo. Basta crer. Não é fé na fé, como alguns parecem crer, dizendo que têm muita fé. É fé em Cristo. Pode-se ter uma tonelada de fé na pessoa errada, e isto não valeria nada. É crer na pessoa certa, Jesus Cristo, a oferta de Deus pelo pecado. Vivemos um tempo de rejudaização do evangelho. A questão que a igreja resolveu em Atos 15, ressurge na ação de alguns que, empolgados pelos seus insights e de gurus iluminados, trazem a fraseologia, os símbolos e as festas judaicas para a igreja. Devemos dar um sonoro “Não!” às obras da Lei, e
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Atos 15.7-20 Filipenses 3.1-11 Lucas 18. 17-30 Quinta:Romanos 8.31-39 2 Coríntios 5.1-21 Miquéias 6.1-8. Efésio 2.1-10 39 25
Data do Estudo
Licao 4 Texto Bíblico: Efésios 1-3
O Cristo cósmico
A
obra de Cristo tem uma dimensão muito mais profunda do que nossas igrejas costumam abordar. Ele é mais que o Salvador das almas e das pessoas. É o Senhor do
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universo, o criador da nova ordem de Deus. Em Efésios, Paulo fala do “mistério” da vontade de Deus, que não fora revelado antes, mas
só agora: Deus uniu judeus e gentios (Ef 3.5-7) e todas as coisas, tanto do céu quanto da terra, hão de convergir em Cristo (Ef 1.9,10). Tudo terminará nele (tudo começou com ele, segundo João 1.3). Ele tem uma dimensão cósmica. Este mistério é manifestado pela igreja aos principados e potestades espirituais (Ef 3.9,10). A igreja ensina às potestades o mistério de Deus, que começa pela união dos homens e termina no destino do universo. Em Cristo, Deus está criando não apenas um novo povo ou uma nova raça, mas um novo mundo: “Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17). “Criatura” é o grego ktisis, que em Romanos 1.20 refere-se ao mundo criado. Seu sentido em 2 Coríntios 5.17 é mais que moral. Não é: se alguém está em Cristo não bebe, não fuma, não adultera. É cósmico. Se alguém está em Cristo faz parte do novo mundo de Deus. Nós, a igreja, somos o início do novo mundo que Deus está criando. Não apenas novo povo ou nova raça, mas novo mundo. Aldous Huxley escreveu “Admirável mundo novo”, onde mostrava um mundo novo produto da tecnologia, e Mao Tse-Tung quis criar o “novo homem”, um produto político. Mas novo homem e o novo mundo surgem em Jesus. É obra divina, em Cristo, não humana.
1. Cristo: autor e sustentador da criação O pecado alterou as relações do homem com Deus (Gn 3.10,11), com o próximo (Gn 3.16) e com a natureza (Gn 3.17,18). Ele teve uma dimensão cósmica: o bom mundo de Deus (Gn 1.31) foi desordenado (Rm 8.19-22). O mundo em que vivemos não é o mundo ideal de Deus. Não plantamos urtigas nem ervas daninhas. Elas surgem. O trigo não brota espontaneamente e tem que ser cuidado. A natureza nos é benéfica, mas também hostil. Ela nos dá água e alimento, mas também terremotos, secas, furacões. Ela não é sábia, como diz a ecolatria moderna da nova era. É uma força cega e irracional. Viemos dela (Gn 2.7), mas ela nos é hostil (Gn 3.18) e nós lhe somos hostis. A ideia em Efésios e Colossenses é que Deus está refazendo o mundo, incluindo aí a nossa relação uns com os outros e com a natureza. Efésios é considerada como “a rainha das epístolas” e onde o gênio de Paulo mais brilha. Colossenses é considerada sua “irmã gêmea”. Nestas duas cartas, a cristologia (o ensino sobre Cristo) muda de funcional (como Cristo funciona para a igreja) para ontológica (Cristo como o Ser, o Absoluto, o Auto e Sempre Existente, a Razão das Coisas). O Cristo de Efésios está assentado nas regiões celestes (Ef 1.3). Ele é Senhor deste século e do século que há de vir (Ef 41 27
1.21). “Século” é o grego aéon, que significa mais que cem anos. Significa uma ordem, um tempo, uma idade, uma era. Cristo é Senhor desta era e da era que há de vir. Tudo foi feito por ele e para ele (Cl 1.16,17). Todas as coisas hão de convergir para ele (Ef 1.10). A expressão “todas as coisas” merece especial atenção. O grego é ta panta, neutro (não é masculino nem feminino, não é gente; é coisa). Refere-se ao mundo material. Ele está desintegrado. A queda o afetou. E Jesus veio reordená-lo. Sua obra inclui recolocar o mundo material em ordem. Cristo está assentado nas regiões celestes, e para ele tudo converge e nele tudo terminará (Ef 1.10). Ele é o Autor e Sustentador da Criação, mas é também seu propósito. A criação foi feita por ele e para ele, e voltará para ele. Sua obra inclui a reconciliação de “todas as coisas” na terra e no céu (Cl 1.20). Ele não é apenas o Salvador pessoal de indivíduos, mas o Senhor cósmico de todas as coisas. Podemos confiar num Salvador que tem poder sobre o tempo, as pessoas e todo o universo. Como diz um de nossos cânticos: “Quão formoso és, Rei do universo, tua glória enche a terra e enche os céus...”. O Filho é o Rei do universo.
2. O novo mundo de Deus Embora bem sustentada em Paulo, esta ideia não foi inventada por ele e 42 28
não é estranha aos demais autores da Bíblia. Lemos, na visão de João: “E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve; porque estas palavras são fiéis e verdadeiras” (Ap 21.5). Agora vem o novo mundo que Deus está criando em Jesus. No final da Bíblia, em Apocalipse 22, quando a obra de Cristo chega à sua consumação, o Éden está de volta. Em Gênesis 3, o homem foi expulso. Em Apocalipse 22 é readmitido. Tudo o que perdeu na queda, recupera em Cristo. Reaparece a árvore da vida (Ap 22.2). Seus frutos são para alimento e as folhas para saúde. A consumação da obra de Cristo nos devolve o que a queda nos tirou. Compare Gênesis 2.17 com Apocalipse 21.4; Gênesis 3.16 com Apocalipse 21.4; Gênesis 3.17 com Apocalipse 22.3; Gênesis 3.22-24 com Apocalipse 22.2. O que perdemos com a queda nos é devolvido em Cristo. O novo mundo traz uma natureza totalmente benéfica: água, alimento e saúde, as perfeitas provisões de Deus. A razão é porque agora “as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4). Cristo refez o mundo.
3. Qual é o nosso lugar neste novo mundo de Deus? Em Efésios 1.22 vemos que todas as coisas foram subjugadas a Cristo, inclusive as do mundo vindouro (Ef 1.21) e ele as deu à igreja. Isto é fantástico. Igreja não
Para pensar e agir 1. O pecado é um desastre. Ele perturbou o relacionamento do homem com Deus, com o próximo e com a natureza. Ele perturbou a ordem de Deus. Cada crente deveria fugir do pecado, pois ele traz perturbação da ordem, que já é frágil. 2. A obra de Cristo é destruir o poder do pecado e de seu autor (1Jo 3.8). E ele construirá um novo mundo. A igreja é a ponta de lança deste projeto de Cristo. Cada convertido é uma pedra a mais na construção do novo mundo de Deus. 3. Esta nova ordem de Deus não é apenas moral, mas cósmica, com estes elementos se desfazendo e um novo mundo chegando (2Pe 3.10-13). Sim, nós esperamos não apenas um céu, mas um novo universo, um novo mundo, em que a paz e a justiça reinarão porque o pecado não mais existirá (Ap 21.3-5). Cristo foi preparar-nos lugar. Não um quartinho, mas um mundo novo.
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é lugar aonde vamos. Não é uma instituição humana ou social. Ser igreja é mais que entoar cânticos e apresentar programas especiais. É fazer parte do novo mundo de Deus, sendo a ponta de lança, mas é também reinar com ele. No momento, a igreja é militante. Um dia ela será triunfante. Isto todos nós sabemos. Mas triunfante de quê? De problemas e de lutas humanas? Das contrariedades deste mundo? Não, a igreja será triunfante sobre o poder do mal e o caos do mundo, por fim. Em Lucas 10.19, ela recebeu poder para pisar escorpiões, símbolo do mal. A igreja será vencedora sobre todo o poder maligno. Sua vitória será global. Ela julgará o mundo e o mal com o Senhor Triunfante (Mt 19.28, Lc 22.30). E desfrutará da vitória de Cristo. Nosso triunfo não é apenas para esta vida, mas é para a nova ordem de Deus, para o novo mundo que o Cristo Senhor do Universo está criando. Ela desfrutará deste novo cosmos: “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já se foram o primeiro céu e a primeira terra, e o mar já não existe” (Ap 21.1). A salvação é mais que libertação do fogo do inferno. É identificação com o Cristo e lugar de honra no novo mundo do Senhor. Nós o desfrutaremos. Em Cristo, “somos mais que vencedores” (Rm 8.37).
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Efésios 1.1-14 Efésios 1.15-23 Efésios 3.1-21 Colossenses 1.13-21 Judas 17-25 Filipenses 2.1-11 Apocalipse 21.1-27 43 29
Data do Estudo
Licao 5 Texto Bíblico: 2 Coríntios 5.18-20
Jesus: a mão amiga de Deus
U
ma questão muito discutida quando se analisa o pensamento de Paulo é qual é o centro ou ponto básico do conteúdo de sua mensagem. Durante muito tempo, por causa da Reforma Protestante, da qual somos herdeiros, afirmou-se que o ponto central do pensamento de Paulo fosse a “justificação pela fé” (nosso próximo assunto). Mas, sem depreciar esta doutrina, nos últimos tempos os teólogos têm apontado outra doutrina
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exposta pelo apóstolo, e a veem como seu pensamento central, a doutrina da reconciliação. Isto não diminui a doutrina da justificação pela fé, como veremos no próximo estudo. Pelo contrário, amplia-a. Mas fiquemos hoje com a doutrina da reconciliação. Ela ocorre de forma bem clara em quatro conhecidas passagens: Romanos 5.10,11, 2 Coríntios 5.1820, Efésios 2.11-16 e Colossenses 1.19-23. O texto clássico, que é seu suporte, é 2 Coríntios 5.19: “Pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação”. O conteúdo do evangelho fica bem claro: ele é uma chamada de Deus para os homens se reconciliarem com ele. Esta é a boa nova: Deus deseja ter bom relacionamento com os homens. O substantivo grego para “reconciliação” é katallagê, cujo sentido é “cessação de inimizade”. A ideia é que duas partes que antes eram hostis agora são amigas. É disto que trata a doutrina da reconciliação: Deus e o homem, antes em campos opostos, se tornam amigos na pessoa de Jesus.
1. A inimizade entre Deus e o homem Isto quer dizer que o homem fora de Cristo não está reconciliado com Deus, e que a inimizade entre os dois permanece. Algumas pessoas objetarão a isto, dizendo: “Como
Deus pode ser inimigo de alguém, se ele é amor?”. Evitemos raciocínios simplórios e argumentos baseados em sentimentalismo humano. A questão para nós deve ser sempre esta: o que a Bíblia diz sobre o assunto? Ela é a autoridade, e não os nossos sentimentos ou nossas impressões. Romanos 8.7 e Tiago 4.4 são passagens bíblicas que mostram haver uma inimizade entre o homem não regenerado, seus impulsos e tudo o que o domina e Deus. Se nos curvamos diante do ensino bíblico, temos que reconhecer que Deus não é o Papai Noel ou a fada madrinha que tantos imaginam (“Deus é Pai, tudo vai resolver”, ou “Quem ama não castiga”). Deus é moral e é justo e os pecadores não reconciliados são seus inimigos, como lemos em Romanos 5.10, Colossenses 1.21 e Tiago 4.4. O homem sem Cristo não é um coitado, e sim um rebelde contra Deus. Isto sucede não porque Deus seja caprichoso ou rabugento, mas porque, diferentemente de nós, sendo absolutamente santo, ele está em veemente oposição a toda forma de mal. Apesar de dizermos que somos bons e de acentuarmos nossos sentimentos positivos, somos pecadores e como tais amamos o erro e praticamos o mal. Quanto a Deus, lembremos desta expressão de Habacuque: “Tu que és tão puro de olhos que não podes ver o mal, e que não podes contemplar a perversidade...” (Hc 1.13a). Esta 45 31
inimizade não é de sentimentos. Alguém pode gostar de Deus, de assuntos espirituais, ser bondoso, mas a inimizade é moral e não sentimental. Tem bases teológicas e não sentimentais. Ela existe, apesar de nossas boas intenções. Se entre Deus e o homem há uma inimizade estabelecida, para um bom relacionamento esta há que ser desfeita.
2. Como desfazer a inimizade? Como é possível desfazer a inimizade? Por sucessivas reencarnações, que supostamente nos tornariam melhores? Pela prática de boas obras? Por cerimônias religiosas que acalmariam a Deus? A resposta está em 2 Coríntios 5.18,19: “Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação”. Deus tomou a iniciativa de cessar a inimizade. Ele nos propõe a paz em Jesus. Ele nos estende a mão, na pessoa de seu Filho. É obra de sua graça, é ato de sua bondade. Ele tornou isto possível! A cruz é o aceno de amor de Deus. O Novo Testamento não diz que Cristo nos reconciliou com Pai, à revelia deste. Os versículos 18 e 46 32
19 são claros. O Pai nos reconciliou consigo, em Cristo. A iniciativa foi dele. O Pai não é um colérico com tendências homicidas, a quem um Filho adocicado vem acalmar, para conseguir nosso perdão. Deus Pai é amor (1Jo 4.8). Algumas ilustrações contadas em sermões fazem de Deus um destrambelhado, furioso, querendo vingança ou justiça a todo custo (o AT também) e mostram Jesus como um filho adocicado que aplaca a cólera deste pai iracundo. Como a do rei que mandou chicotear um súdito fraquinho, que o filho do rei viu que não aguentaria as chicotadas, e então tirou a camisa, afastou o súdito fraquinho e tomou as chicotadas em seu lugar, acalmando a fúria do rei. Esta ilustração ofende a Deus, fazendo dele um ensandecido raivoso. E desvirtua o relacionamento entre Deus Pai e Deus Filho. Na reconciliação, os dois não estão em campos opostos: “Deus estava em Cristo”. A cruz também foi dolorosa para o Pai. A cruz é uma proposta do Pai e do Filho. A Trindade não tem conflitos de relacionamento e o Pai e o Filho se amam (Jo 14.31, 15.9, 17.23 e 17.26). A ênfase do ensino neotestamentário é que o homem deve se reconciliar com Deus: “Rogamos-vos, pois, por Cristo que vos reconcilieis com Deus” (2Co 5.20b). É o pecado que causa a inimizade entre Deus e o homem. Cristo morreu para levar nossos pecados (2Co 5.21). Não há motivo
3. Um episódio curioso Em 1965, soldados japoneses foram capturados em ilhas remotas do Pacífico. Eles não acreditavam que a Guerra acabara em 1945, e ainda continuavam escondidos, em florestas, lutando. Um deles foi capturado e voltou para dizer aos demais que a Guerra acabara havia vinte anos. Alguém comentou sobre eles: “Gente estranha esta, lutando numa guerra que havia acabado há vinte anos!”. Mas muito mais estranho é o tipo de gente que continua lutando contra Deus, dois mil anos após Cristo ter acabado com a inimizade na cruz. Não há mais motivos para manter-se afastado de Deus. Ele nos reconciliou em Cristo, e nos oferece a mão de amizade. A nós compete aceitar sua mão amiga, e à igreja compete a compreensão de que ela chama os homens a refazerem o bom relacionamento com Deus: “De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos exortasse.
Rogamos-vos, pois, por Cristo que vos reconcilieis com Deus” (2Co 5.20).
Para pensar e agir 1. Estamos separados de Deus por causa de nossos pecados, somos inimigos dele, porque ele é santo. Esta inimizade foi criada por nós, e desfeita por ele, na cruz. Em Jesus, Deus nos chama à reconciliação e nos oferece sua amizade. 2. Nada há que possamos fazer que venha nos reconciliar com Deus. Ele fez a reconciliação. É obra dele. A parte ofendida tomou as medidas para acabar a inimizade e a nós cabe aceitar seu gesto de amor. Deus quer voltar a andar com os homens, como fazia no Éden. Em Jesus, ele veio habitar conosco (Jo 1.14) e quer ser nosso amigo. 3. A igreja tem a responsabilidade de anunciar ao mundo que há uma reconciliação proposta por Deus e chamar as pessoas a fazerem as pazes com ele (2Co 5.18, 20). Evangelização e missões são a igreja dizendo ao mundo que Deus estende a mão amiga na pessoa de Jesus.
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para continuarmos em inimizade. Somos chamados a sermos amigos de Deus. A Linguagem de Hoje traduziu, de maneira feliz, 2 Coríntios 5.18 assim: “Tudo isso é feito por Deus, o qual, por meio de Cristo, nos transforma de inimigos em amigos dele”. Como dizia um antigo folheto da Cruzada Mundial de Literatura: “Ele quer ser seu amigo”.
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
2 Coríntios 5.1-10 2 Coríntios 5.11-16 2 Coríntios 5.17-21 Colossenses 1.19-23 Romanos 5.10,11 João 1.12-14 2 Coríntios 5.19 47 33
Data do Estudo
Licao 6 Texto Bíblico: Romanos 3.21-24, 5.1-9, 8.28-30
Culpado ou inocente?
A
doutrina da justificação pela fé marcou a vida de Lutero e acabou por produzir a Reforma Protestante, mas não foi criada por ele. É bíblica. E não se baseia apenas em Romanos 1.16,17, que foi o texto que trouxe luz ao angustiado coração do monge, que buscava a salvação. É possível vê-la em Romanos 3.2124, 5.1-9, 8.28-30, 1 Coríntios 6.11 e Gálatas 2.16 e 3.24. Paulo já a expressara na sinagoga de Antioquia da Pisídia (At 13.39). Esta é a diferença fundamental entre o protestantismo e os evangélicos, de um lado, e o
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catolicismo de outro: como uma pessoa pode ser perdoada e aceita (justificada) por Deus? Cremos e pregamos que o homem é justificado pela fé, enquanto no catolicismo o homem é justificado pelas obras administradas pela igreja. Obras, aqui, não são ações e atos pessoais, mas o agir da Igreja Católica. Cremos que a justificação (que podemos chamar, também, de absolvição) vem pela fé, sem a necessidade de uma instituição e de um clero. Diferentemente da Igreja de Roma, que afirma seu papel como ministradora da salvação.
1. Mas, o que é justificação? Vamos definir os termos, para evitar confusão. Comecemos por uma definição semântica, isto é, das palavras. Obviamente, “justificação” é o ato de “justificar”. O termo hebraico é tsadaq, que significa “tornar reto”. No grego, o termo correspondente é dikaioô, com um sentido mais jurídico: “absolver”, “declarar inocente”, o oposto exato de condenar. Em termos de palavras, “justificação” é o ato de alguém ser tornado reto, diante de Deus. Ser absolvido. A doutrina da justificação trata desta questão: como um pecador culpado diante de Deus e condenado por seus pecados pode ser declarado inocente? Somos pecadores (Rm 3.23) e estamos condenados (Rm 6.23), sabemos disto. Como obter a absolvição?
2. A teologia explica Teologia não é para complicar, mas para esclarecer. Então esclareçamos o significado do conceito, pela Teologia: É o ato de Deus que redime os pecados de homens culpados e que os reputa retos, gratuitamente, por Sua graça, mediante a fé em Cristo, à base, não de suas próprias obras, mas do representante obediente à lei, que derramou seu sangue a favor dos mesmos homens, o Senhor Jesus. Poderemos voltar a esta definição e relê-la outras vezes. Mas vamos ver agora sobre que passagens bíblicas ela foi construída. É oportuna a leitura de Romanos 3.23-26, 4.5-8 e 5.18. No primeiro texto, Deus é justo. E atribui justiça gratuita pela sua graça (v. 24), por meio da fé (v. 25). Quando isto acontece, ele deixa de lado os pecados cometidos (v. 25). Deus é o agente: ele propôs, é por sua graça, por sua paciência. Ele é o justificador. O homem não consegue sua absolvição diante de Deus. Deus o absolve quando ele crê em Jesus Cristo. No segundo texto há uma comparação. O salário do trabalhador não é um favor, mas dever. O trabalhador merece. Mas Deus nos justifica não pelo nosso mérito, mas se temos fé em Jesus. Podemos citar Romanos 5.1: “Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”. Deixamos 49 35
de ser réus, e passamos ao estado de absolvidos, tendo paz com Deus, por causa de Jesus Cristo. Em Romanos 5.18 fica bem claro que foi a obra de Cristo que se tornou o ato que nos justifica, isto é, nos declara isentos de culpa. Em Jesus temos o perdão de nossos pecados. A justificação é um ato da graça de Deus (Tito 3.7). “Justificação” pode ser resumida numa frase: “Deus perdoa os pecados de quem crê em Jesus Cristo”. A ideia é de um culpado condenado diante de um tribunal, mas que é declarado inocente. Principalmente em Romanos 4.5-8 vemos que “justificar” significa perdoar, cobrir os pecados e não imputar os pecados.
3. Um juiz, um tribunal e um réu Alguns questionam a doutrina alegando que a linguagem é de tribunal. E é mesmo! A linguagem é de tribunal! As figuras de juiz, tribunal e réu estão presentes na Bíblia. (1) Há um juiz: Gênesis 18.25, Salmo 7.11. Ele julga mesmo: Isaías 5.16 e 10.22. A vinda de Cristo, expressão máxima de sua graça, não significa que ele deixou de julgar. Pelo contrário, Cristo é o padrão pelo qual Deus julgará o mundo: Atos 17.31. (2) Há um tribunal diante do qual todos compareceremos: Romanos 14.10-12, 2Coríntios 5.10, Hebreus 10.30,31 e 12.22,23. 50 36
(3) Há um réu: nós, como pecadores que somos. Vejamos 1 Reis 8.46, Romanos 3.23 e 6.23. Este é o quadro: somos pecadores, estamos condenados por um justo Juiz e um dia prestaremos contas a ele. Não temos como escapar. Mas Deus nos absolve (justifica) pela sua graça, por meio de nossa fé em Jesus.
4. Quais são os efeitos da justificação? (1) O primeiro de todos é livrarnos da condenação. Ela responde à questão: como me salvar? Vejamos o texto de Romanos 8.31-39. Somos justificados, perdoados, pela fé em Cristo. Israel tentou a justificação pela lei e não conseguiu: Romanos 9.31-33. Nós, gentios, recebemos a justificação porque não dependemos da lei: Romanos 9.30. Cristo justifica o pecador: Romanos 10.4. É fácil ser justificado: Romanos 10.8-11. (2) O segundo é dar-nos paz: Romanos 5.1. Saber-se perdoado por Deus traz paz infinita. Deus nos perdoou os pecados! Quando cremos em Cristo Deus nos trata como se nunca tivéssemos pecado. Esta paz é mais que tranquilidade emocional. É certeza de uma vida nova, de ser tratado de maneira diferente por Deus: Romanos 5.1-11. (3) O terceiro é produzir em nós o desejo de santificação, de abandonar o pecado. Alguém poderia perguntar:
Isaías 64.6 diz que “todas as nossas justiças são como trapos de imundícia”. A expressão “trapos de imundícia” significa os panos usados pelas senhoras da época como absorventes íntimos. Nossas virtudes seriam panos sujos para jogar fora. Não podemos nos salvar nem conseguir nossa absolvição. Nós a recebemos pela fé em Cristo. Ser justificado é uma bênção extraordinária, mas ninguém pode ser justificado por ninguém bem como ninguém pode dar justificação a outra pessoa. É uma experiência pessoal, que cada um deve fazer diante de Deus, com contrição, consciente do valor da obra salvadora de Jesus Cristo. Ele morreu pelos nossos pecados e por sua morte temos salvação. Em Cristo somos perdoados. Em Cristo Deus nos declara inocentes. O texto de Romanos 8.1 deveria estar sempre presente em nossa mente, não
como um instrumento que conduz o pensamento, mas como recordação da graça de Deus em Cristo: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Por isto, nossa palavra deve ser a de Romanos 7.25a: “Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor!”.
Para pensar e agir 1. Em primeiro lugar está a graça de Deus. “O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu” (Jo 3.30). Louvemos a Deus por sua graça e sua misericórdia para conosco. Ele nos ama e providenciou nossa absolvição. 2. Deus justifica (absolve) quem crê. Quem quer salvação pelas obras deve refletir sobre João 6.28,29. A maior obra que se pode fazer é crer em Jesus. 3. Quem foi justificado está livre do passado, e tem uma vida nova pela frente. O crente em Jesus não tem passado. Não importa o que tenha feito. Foi justificado. Consagre o presente e o futuro a Jesus.
Leituras Diárias
Então, se fui perdoado, se Deus usa de graça, posso pecar à vontade? A resposta é NÃO. A justificação faz de nós novas pessoas: Romanos 5.1-7. Aquela pessoa que amava o pecado foi crucificada na cruz de Cristo. Na realidade, Deus não perdoa nossos pecados. Deus os faz cair sobre Cristo. Isaías 53.4-11 mostra isso. Um justificado sabe quanto a absolvição da condenação do pecado custou. Para ele, nada. Mas para Deus, muito. Custou a vida de seu único Filho, Jesus: João 3.16.
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Romanos 1.16-17 Romanos 3.21-24 Romanos 5.1-9 Romanos 8. 28-30 1Coríntios 6.1-11 Gálatas 2.16-20 Gálatas 3.21-24 51 37
Data do Estudo
Licao 7 Texto Bíblico: Romanos 3.23,24; 6.16-22
O preço do resgate
P
odemos dizer, de maneira bem simples, que “redenção significa livrar alguém por meio do pagamento de um preço”. Era assim que os prisioneiros de guerra podiam ser libertados. Pagava-se um valor, chamado de “resgate”. Entre os gregos e romanos, um escravo podia ser libertado pagando-se um valor no santuário de uma pseuda divindade pagã. O processo se chamava redenção, e o preço se chamava resgate.
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Esta é uma das metáforas de Paulo para a obra salvadora de Cristo. E, nesta figura de linguagem, ele também associa “redenção” com “resgate”. O termo grego para ambos é lytron, que se usava para o pagamento de resgate de escravos de guerra. No grego clássico, na 14a. rapsódia da Ilíada, o termo lytron é usado para a recuperação do cadáver de Heitor das mãos dos gregos. Um dicionário grego define o termo assim: “É aquilo que se oferece para libertar e resgatar um homem de uma escravidão bárbara”. Paulo usa apolytrôsis, que também tem o sentido de “livramento sob pagamento de um preço”, e mostra este preço como sendo a morte de Jesus. O termo ocorre dez vezes no NT e apenas oito no grego clássico. Alguns teólogos e estudiosos se chocam com a ideia de Deus negociar com Satanás, mas isto é uma metáfora e não uma realidade. Não há motivo para escândalo.
1. O uso do termo redenção no pensamento bíblico O Antigo Testamento foi escrito em hebraico. Mais tarde, quando foi traduzido para o grego, chamouse Septuaginta. Esta tradução, conhecida também pela sigla LXX, influenciou muito o pensamento dos escritores do Novo Testamento. Eles foram pregar a judeus fora da Palestina, e muitos destes ignoravam
aramaico e hebraico. Falavam o grego, que era uma língua universal, como o inglês, hoje. Os pregadores do Novo Testamento escreveram em grego e se valeram da Septuaginta. A primeira vez que a expressão ocorre é em Êxodo 13.13. Os primogênitos, desde a saída do Egito, pertenciam a Iavé. A ideia ocorre em Êxodo 4.22, onde Israel é declarado como primogênito de Iavé. Em Êxodo 13.2, todo animal primogênito é de Iavé. Mas o jumento era muito necessário, pela sua força física, para o trabalho no campo. Ele podia ser resgatado, ou seja, poderia se pagar um preço por ele, como lemos em Êxodo 13.13. Nesta primeira ocorrência bíblica, a ideia é de dar algo em troca de algo. Um cordeiro, por exemplo. Resgate, aqui, é dar um valor para se ter algo que fora da pessoa, mas que agora não era mais. A segunda ocorrência surge em Êxodo 21.28-30. Como não era um homicídio doloso, o dono do boi podia pagar um valor (em hebraico, kopher) para redimir sua vida ameaçada. O princípio da lei mosaica era vida por vida e ele, para não ser morto, pagaria um preço. Aqui, é pagar um preço para ter vida. A pessoa era culpada, mas pagava um preço e se livrava da condenação. Em Êxodo 30.12 reaparece a ideia, agora com o sentido de “cobertura”. Os israelitas eram recenseados, temporariamente, provavelmente para se dispor deles em algum serviço 53 39
oficial. Pagariam um resgate, um valor, por isto. Uma taxa (imposto) pelo direito de serem do Senhor. Com o tempo, a palavra, tanto no grego (lytron) como no latim (redimo) passou a ter a ideia de um preço pago para comprar um escravo ou um cativo, tornando-o livre. Pagava-se um preço (“resgate”) pela redenção (a liberdade) do cativo. Em Hebreus 11.35, o termo grego ocorre e é traduzido pela Versão Revisada como “livramento”. Os heróis da fé preferiram não ser livrados. Mas esta é a ideia: livramento mediante pagamento. Em Isaías 43.3, por exemplo, Iavé diz que deu partes da África a Ciro, como resgate de Judá. Livrou a nação do cativeiro, dando-lhe outras nações.
2. O que diz a teologia Muita gente pensa que teologia é algo complicado. E não é. Ela nos ajuda a entender as verdades de Deus. Por isso, fiquemos com uma definição teológica de “redenção”: “Redenção inclui tudo aquilo que chamamos salvação: livramento do pecado, perdão dos pecados, justificação, santificação e a vida eterna. É o ato pelo qual a pessoa passa a ser de Deus”. Longe de Deus, a pessoa é escrava do pecado (Jo 8.34,35). Ela encontra sua liberdade em Cristo (Jo 8.36). E é libertada para não mais ser escrava de ninguém (Gl 5.1). É livre. 54 40
3. Cristo, o Redentor Dos muitos títulos de Cristo, este, sem dúvida, é um dos mais preciosos para o fiel. O Novo Testamento o mostra como sendo o Redentor. Vejamos seu ensino: a. Em Cristo temos a redenção dos nossos pecados, não sendo mais nós escravos deles: Romanos 3.23,24. Veja também, a propósito, Romanos 6.16-22. Antes de sermos comprados por Cristo, nós nos oferecíamos ao pecado, para fazer sua vontade. Éramos seus servos: Romanos 7.14. Agora, livres, nós nos oferecemos a Cristo para fazer a sua vontade. “Mas, um momento! Mudamos de servos para servos? Então, não ficamos livres!”, dirá alguém. Quando estávamos debaixo do pecado, não conseguíamos não pecar (Rm 7.23,24). Agora, em Cristo, libertados e tornados livres do pecado, podemos não obedecer a ele e desejamos nos apresentar a Deus para fazer a sua vontade (Rm 12.1,2). O crente de conversão autêntica deseja fazer a vontade do Senhor (At 22.8-10). A submissão ao pecado era escravizante, mas a submissão a Deus é voluntária e enche nossa vida de significado. Não somos mais escravos do pecado (Rm 6.17), mas servos voluntários de Deus. b. O sangue de Cristo, a sua morte na cruz, foi o preço pago pela nossa
Para pensar e agir 1. Redenção ou resgate é a essência da salvação. Significa que fomos comprados para Deus, como o texto de Apocalipse 5.9,10 já nos mostrou. 2. Como consequência ética da nossa redenção, reconheçamos que somos o santuário do Espírito Santo e não mais escravos de alguém nem mesmo donos de nossa vida (1 Co 6.19,20). Neste texto, “corpos” é o grego sôma, que designa mais que a estrutura física. É o âmago do ser, da pessoa, seu centro volitivo e afetivo. Cristo fez a redenção de todo o nosso ser, para sermos do Senhor. 3. Pensemos em 1 João 4.4 e 5.19. Somos do Senhor. Aquele que está em nós, o nosso dono atual, é maior que o dono antigo. Nada de transigir com o pecado. Já que fomos libertados, lembremos de Gálatas 5.1: “Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jugo de escravidão”.
Leituras Diárias
redenção: Romanos 3.25. Não foi o Pai quem obrigou o Filho, mas o Filho que se ofereceu a si mesmo e ofereceu seu sangue, como o preço para nos libertar. E quando libertou, nos deu de presente ao Pai: Apocalipse 5.9,10. O Filho não foi um curandeiro nem um pregador de auto-ajuda nem sequer um revolucionário social, mas alguém que se deu como resgate (“preço”) por nós: Marcos 10.45. c. Ao nos comprar, ele acabou com a nossa condição de escravos e nos tornou participantes de sua natureza, a de Filho: 2 Pedro 1.4. Ele nos tornou seus irmãos, na linguagem do autor de Hebreus, pois passamos a ser filhos do Pai: Hebreus 2.11,12. Tínhamos a natureza de Adão e passamos a ter a natureza de Cristo. d. A nossa redenção nos faz participantes, também, da ressurreição, da ascensão e da glorificação de Cristo: Romanos 4.25 e 8.29,30. Isto significa que temos vida na vida de Cristo. E porque ele ressuscitou, seremos ressuscitados (1Co 15.20-22) e como ele foi glorificado, nós também o seremos (1Jo 3.2). Ao efetuar a nossa redenção, Jesus nos deu sua natureza vitoriosa, sua natureza ressurreta e sua natureza glorificada, e estas duas últimas nós receberemos no tempo apropriado. Isto tudo porque fomos tirados do domínio do pecado e passamos a ser propriedade do Pai.
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Romanos 12.1-8 Apocalipse 5.9-14 Hebreus 2 1Coríntios 15.20-22 I João 1,2 Marcos 10. 35-40 Marcos 10.41-15 55 41
Data do Estudo
Licao 8 Texto Bíblico: 2 Coríntios 5.18,19
Cristo: presente de Deus para o mundo
N
a política internacional do Oriente, o rei de uma nação, para se manter seguro, enviava presente a outro rei, de uma nação mais forte. Era um gesto de boas relações, uma maneira de buscar a paz. Poderíamos dizer que era um ato de “propiciação” , ou seja, “a remoção da ira mediante a oferta de algum presente”.
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“Propiciação” vem de “propiciar”, que significa tornar favorável. O termo grego, usado em Romanos 3.25, é hilastérion, que significa que Deus se tornou favorável a nós pela morte de Jesus. Esta figura de linguagem mostra como Deus, de inimigos que somos, por causa de nossos pecados, faz de nós seus amigos. É a única vez que Paulo o usa, declaradamente, mas a ideia da ira afastada pelo sacrifício de Jesus domina boa parte do seu pensamento. O verbo hebraico para “propiciar” é kipper, “fazer amizade, juntar partes em conflito”. No Novo Testamento, a ideia próxima é “reconciliação”, que se vê bem em 2 Coríntios 5.21. Deus ofereceu Cristo como presente ao mundo para fazer as pazes com este. Parece estranho, mas mostra que Deus tomou a iniciativa, em Jesus, de fazer as pazes conosco. Lembremos de João: “O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu” (Jo 3.27). Propiciação é ato de Deus, e não nosso.
1. A ira e misericórdia de Deus Como “propiciar” tem a ideia de pacificar por meio de um presente, alguns se escandalizam. Parece que está se subornando Deus. Mas é ele quem oferece e não quem recebe. E isto é uma figura de linguagem. Para outros, isto realça muito a ira de Deus. Mas Paulo diz que Deus se ira (Rm 1.18 e Ef 5.6). Ele é tardio em
irar-se (Ne 9.17), mas se ira. E ira não é ódio. É indignação. Alguns acham que Paulo foi violento e não cristão com Barjesus (At 13.4-12). Mas o mago cometera graves pecados. Lidava com artes mágicas, era falso profeta e tentava desviar alguém do caminho da salvação. E Paulo não estava cheio de ódio, mas do Espírito Santo (At 13.9). A propiciação se dá quando Deus tempera a ira e a misericórdia. Sua ira não é um descontrole emocional, mas faz parte da sua moralidade. Se ele não se indignasse contra o erro e o pecado, não seria santo. Por ser santo, ele se ira contra o pecado. Por ser Santo, tem misericórdia. Nele, ira e paciência se ajustam (Nm 14.18). Aqui surge a propiciação.
2. Como remover a ira de Deus? Eis a resposta: a ira não se remove. Ela se desvia (Sl 78.38). O pecado tem um preço (Rm 6.23). É tão sério aos olhos de Deus que exige a morte do pecador. O pecado só é aniquilado pela morte. Deus instituiu o sacrifício no Antigo Testamento para ensinar esta lição. É a morte, o sangue derramando, que faz a propiciação ou expiação dos pecados. Expiação (de dois fazer um ou reaproximar dois que estão distantes e em inimizade) é um conceito parecido com o da propiciação. A última avança por incluir a ideia de um presente. 57 43
3. A ideia do tabernáculo O tabernáculo era o templo móvel de Israel, na caminhada pelo deserto. Era a morada de Deus, lugar de encontro com ele (Êx 33.7-11). Tinha o lugar santo, onde ficava o povo, e o santíssimo ou santo dos santos, onde o sumo sacerdote entrava uma vez por ano, para fazer a expiação do pecado do povo. No santíssimo ficava a arca da aliança. O nome da sua tampa era kaporeth, de um verbo da família kpr, que significa “propiciar” (Êx 25.17-22). Ali o mais perfeito ato de expiação acontecia uma vez por ano. O lugar mais importante e solene do tabernáculo era onde sucedia a propiciação. Ofertava-se a Deus para sua ira se afastar do povo. O sangue era derramado sobre a tampa da arca, chamada “propiciatório”. Propiciação e perdão andam juntos, na Bíblia. Paulo não se detém em explicar a figura, mas ela está presente em seus escritos. A expiação livrava da condenação do pecado. O propiciatório simbolizava a cruz de Cristo, onde se efetuou o perdão dos pecados. Com uma diferença: a cruz não tem prazo de validade. No judaísmo, o perdão durava um ano. O perdão da cruz é eterno. Ela resolveu o problema do pecado para sempre (Hb 9.11-14). Cristo é o Cordeiro que remove o pecado do mundo (Jo 1.36). A propiciação, no judaísmo, simbolizava a obra de 58 44
Cristo em remover os pecados e reconciliar com Deus (2Co 5.18,19). O dia em que o sumo sacerdote entrava no santíssimo (yom kippur, o dia do perdão) era a única ocasião em que o nome de Deus era claramente proferido. O nome sagrado de Deus, que não se dizia mais no tempo de Jesus, expressava o caráter do Pai. O caráter do Pai está ligado à propiciação. Seu caráter nos garante o perdão dos pecados. Não é o nosso caráter, é o dele.
4. A obra de Cristo Em Lucas 18.13, o publicano pede que Deus seja “propício” a ele, ou que seja sua “propiciação”. Ele precisava de perdão. O fariseu achou que não precisava, porque era bom. Deus lhe devia isto. O publicano sabia que não era bom, nada tinha de bom, e que só teria o perdão como propiciação. Ele devia a Deus. Jesus define sua missão, nesta parábola. Ele é o presente divino que reaproxima duas partes afastadas, Deus e o homem. E mostra dois tipos de pessoa. Uma que acha que não precisa de perdão, que Deus deve estar contente com ela. Outra que sabe que precisa de perdão, não o merece e pede um favor a Deus. A propiciação é um ato de misericórdia de Deus, quando esta triunfa sobre sua ira. Paulo mostra o sangue de Jesus como nossa propiciação (Rm 3.25). Ele completa a figura do resgate, que já estudamos.
gesto de amor do Pai (Rm 5.8). Isto é confirmado em Romanos 3.25,26, onde o Pai oferece o Filho como propiciação. Quem crê no poder do sangue de Jesus é perdoado. Um rei guerreava outro por ambição ou por se sentir ofendido. O pecado ofende a Deus e o levaria a nos guerrear, mas em Cristo ele nos estende a mão para fazer as pazes. A propiciação é ato de Deus, oferta do Pai e oferta do Filho.
Para pensar e agir 1. Deus deseja manter bom relacionamento conosco e para estabelecer esta amizade nos ofereceu Jesus Cristo. Ele é o grande presente de Deus à humanidade. 2. O perdão dos nossos pecados só é possível por causa de Jesus Cristo e é um perdão para sempre. 3. É pela fé na morte de Cristo em nosso lugar que temos paz com Deus (Rm 5.1). Não é o que somos ou o que fazemos. Ele fez. Isto é graça. Nós nos apropriamos. Isto é fé. Leia Efésios 2.8,9.
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A morte de Cristo na cruz leva Deus a nos ser propício. Jesus fez a propiciação pelos nossos pecados (Hb 2.17). Ele presenteou o Pai com sua vida para nos conseguir o perdão. Aqui, a oferta é do Filho. Não há choque com textos que dizem que o Pai ofereceu o Filho. A Trindade não entra em conflito, mas age sempre em sintonia. É que Hebreus põe o Filho como agente no processo da salvação. Jesus é a propiciação pelos nossos pecados (1Jo 2.2). Por isso ele é nosso Advogado, junto ao Pai (1Jo 2.1) Como o publicano, não podíamos pagar nosso débito. Jesus o pagou e por isso nos defende. Não devemos mais a Deus porque Jesus pagou os nossos pecados com a sua vida. Não se paga um débito duas vezes. Diz o Novo Comentário da Bíblia neste texto: “Tudo isso nos ajuda a perceber que, aqui, a ‘propiciação’ deve ser tomada em seu sentido usual nas Escrituras. O escritor sagrado estava descrevendo a atividade de Jesus em prol dos homens, como a única coisa que pode fazer desviar a ira divina”. Em 1João 4.10, o Filho é o presente dado pelo próprio Pai. Difere do pensamento de Hebreus. Mas o que interessa é que não é um presente nosso. Não temos o que oferecer. O Pai ofereceu o Filho. Aqui, não é o Filho que se presenteia ao Pai, mas é o Pai quem oferece o Filho ao mundo. A morte de Cristo é um
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Êxodo 33.7-11 Êxodo 25.17-22 Hebreus 9.11-14 Romanos 3.25-26 Lucas 18.9-14 I João 2.1,2 Salmo 78.38,39 59 45
Data do Estudo
Licao 9 Texto Bíblico: Efésios 4.1-16
A igreja, Cristo presente no mundo
A
igreja de Cristo é a mais fantástica instituição na face da terra. Nenhuma outra foi e é tão perseguida como ela. Várias vezes anunciaram sua falência e morte. O maior alarido veio dos teólogos da morte de Deus, nos anos sessentas e setentas. Em nosso tempo, ela é duramente atacada por “teólogos e pensadores cristãos”, que a chamam de alienada e irrelevante. Tais teólogos e pensadores são alienados: não veem a pujança da igreja. E são irrelevantes, pois o que eles dizem estará no lixo bem mais cedo do que pensam. A igreja tem o estranho hábito de sepultar seus coveiros. Eles se vão, ela fica. Como se vão seus críticos amargos, inclusive os de dentro, e ela continua.
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“Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25). Isto a torna única. Não importa que o mundo a odeie e alguns crentes a maltratem. Cristo morreu por ela. Paulo também amava a igreja e se doou a ela (2Co 11.28,29). O fato de tê-la perseguido doía-lhe, e ele nunca se esqueceu disto (1Co 15.9, Gl 1.13 e Fp 3.6). A visão de Paulo sobre a igreja muito nos ajudará, pois é a visão de um perseguidor que se apaixonou por ela.
Difere de demos (“povo”, “multidão”) por ter um caráter organizado. Paulo não lhe dá sentido político, pois é uma ekklesia “em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1.1 e 2Ts 1.1). E Jesus disse que seria a sua igreja (Mt 16.18). “Igreja”, portanto, na maior parte das vezes, é um grupo local de pessoas, reunido em nome de Deus, por causa da fé em Jesus Cristo. É o povo de Deus reunido: 1 Coríntios 11.18 (“quando vos reunis como igreja” – Almeida Séc. 21).
1. O que é igreja?
2. A dimensão universal da igreja
O que Paulo queria dizer com “igreja”? Como a descreve? O termo grego é ekklesia, que ele usa sessenta e duas vezes. Na maior parte, indica uma congregação local de cristãos. Paulo e os demais escritores do Novo Testamento nunca usam o termo como nos acostumamos: um prédio, uma denominação, um ajuntamento de igrejas ou uma instituição. Com o tempo, o termo passou a ter esses sentidos, mas no Novo Testamento, igreja é gente, é povo. Em Atos 20.28 e Apocalipse 5.9, a igreja que Jesus comprou se compõe de pessoas, não de prédios ou instituições. Ekklesia vem de ek kaleo, “chamar”, verbo usado na convocação de um exército. Mais tarde, passou a ter sentido político: cidadãos, no uso dos direitos civis, reunidos para tomar decisões. O termo é usado assim em Atos 19.32, 39 e 41 (“assembleia”).
A carta aos efésios é chamada de “a rainha das epístolas”. É o mais profundo tratado sobre a teologia da igreja já escrito. Nela, o sentido de ekklesia é mais amplo que reunião local. É uma assembleia universal (como em Hebreus 12.23). Assim Paulo usa o termo em Efésios 1.22,23, 3.10 e 21, 5.23,24, 27, 29 e 32. É oportuno ler todos os textos. Aqui o termo alude não apenas aos salvos por Cristo num local, mas a todos os salvos de todas as épocas. Os salvos de todos os tempos são a assembleia de Cristo. Já há uma no céu (Ap 7.9). Veja também a assembleia do Cordeiro em Apocalipse 19.1 e 6. E há uma ekklesia aqui na terra, chamada de “igreja militante”. É a ekklesia de Cristo que prega, sofre e testemunha. Eram militantes as ekklesias do Apocalipse (Ap 2 e 3) e as ekklesias 61 47
às quais Paulo destinou suas cartas. E o são as nossas.
3. Igreja: corpo de Cristo Em 1 Coríntios 12.12-31 e Efésios 4.116, a ekklesia é mostrada como corpo. A figura mostra a interdependência e complementaridade dos crentes e das ekklesias. Num corpo, os membros dependem uns dos outros e se completam. A igreja é um grupo de pessoas que deve viver em solidariedade. Nem as pessoas nem as igrejas devem se isolar umas das outras. Veja-se principalmente 1 Coríntios 12.27. Isto é importante porque os batistas confundem autonomia da igreja com isolamento. O pé não vive isolado da mão. A assembleia universal é chamada de “corpo de Cristo” (Ef 1.22,23). A ideia é que Jesus está presente no mundo por ela. Ela é Cristo na terra. Não há um homem que seja o “vigário (no lugar) de Cristo”. Toda a igreja é. Se Cristo está em cada crente (Jo 14.23), cada crente é morada de Cristo. E também do Pai e do Espírito Santo (Ef 2.22). Em 1 Coríntios 3.16, Paulo diz que somos “santuário de Deus”. O termo grego para santuário é naós, que a Septuaginta usa para o lugar santíssimo, onde Deus ficava. O mesmo texto diz que o Espírito habita em nós. A Trindade está presente no mundo pelos crentes em Cristo. Nós somos o corpo de Cristo, sua presença no mundo. 62 48
4. Igreja local: corpo de Cristo num lugar específico É triste ver hoje tantos crentes falando mal da igreja. Porque não gostam de um aspecto (parece que querem que os demais sejam seus clones) ou se decepcionaram com alguém (esquecem de perdoar e parece que nunca decepcionaram alguém), atacam a igreja. Estranho: falam mal da sua assembleia, da ekklesia da qual fazem parte! A igreja local, a ekklesia num determinado lugar, apesar dos seus defeitos, também é corpo de Cristo! Paulo disse isso aos coríntios (1Co 12.27). A mesma ideia está em Colossenses 1.24. Não há igreja local perfeita. Alguns sonhadores, vez por outra, bradam: “Voltemos à pureza, à santidade e à simplicidade da igreja primitiva!”. Não devem ter lido o Novo Testamento com atenção. Todas as epístolas foram escritas para sanar problemas das igrejas. E havia imoralidade (veja as cartas aos coríntios!)! Simplicidade? Veja-se a desordem na igreja de Corinto e a complexidade dos relacionamentos entre os crentes e igrejas, nas epístolas pastorais! Com todos os seus defeitos e falhas, cada igreja local é o corpo de Cristo na terra! Somos parte deste corpo! Devemos honrá-lo e amá-lo, pois somos a igreja e somos Cristo presente neste mundo! É sério ser igreja! E é glorioso ser igreja! E somos,
5. Igrejas cooperativas e solidárias O Novo Testamento não detalha muito da vida organizacional das igrejas, exceto no episódio de Atos 15, que não foi típico nem repetido. Paulo tinha grande autoridade, mas geralmente recomendava (1Ts 5.1214). As igrejas eram cooperativas (2Co 8.4, 9.1-5 e 12-14, Gl 2.9,10, Fp 3.15-18), não viviam isoladas, e os pastores não viviam em competição e em função do seu ministério, mas da obra em geral. As igrejas eram solidárias. Procurar um modelo de organização eclesiástica nas cartas paulinas pode nos frustrar. Mas o espírito de relacionamento deve ser imitado: governo próprio, cooperação, relacionamento solidário, contribuição aos necessitados (inclusive igrejas) e visão do todo. O elo entre elas era a pessoa de Jesus Cristo, e não um modelo eclesiástico. Bem diferente da visão fragmentária de boa parte das igrejas locais de hoje, que alguém jocosamente, chamou de “adoradores do seu umbigo”.
6. Uma ideia fantástica! A igreja nasceu, idealmente, na eternidade, na mente de Deus, antes de haver mundo (Ef 1.4). Entrou na
história pela pessoa mais fantástica que já viveu, Jesus Cristo (Mt 16.18). Quando a história acabar, na metahistória, não haverá família (Mt 22.30), mas haverá igreja. Porque haverá Deus. A igreja é dele. O evento igreja é maior que o evento família. Ela é tão fantástica que as potestades espirituais aprendem dela (Ef 3.9,10). Há quem cultue anjos e potestades. Eles aprendem da igreja! E Deus ainda trabalha nela (em mim e em você) para aperfeiçoá-la (Ef 5.27b e 4.1-16). A igreja é a menina dos olhos de Jesus, que morreu por ela!
Para pensar e agir 1. A igreja é de Cristo. Não queira ser dono dela. Não aceite donos humanos da igreja. Ela pertence a Cristo. Somos parte dela, cuidamos dela e devemos honrá-la. 2. Seja feliz em ser igreja. É o maior privilégio que alguém pode ter: ser a igreja de Jesus, salvo por ele. 3. Ame sua igreja com paixão. Doe-se a ela.
Leituras Diárias
não pelos nossos méritos, mas pela graça de Deus. “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou” (1Co 15.10).
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Apocalipse 2.1-7 Apocalipse 2. 8-11 Apocalipse 2. 12-17 Apocalipse 2.18-29 Apocalipse 3.1-6 Apocalipse 3.7-13 Apocalipse 3.14-22 63 49
Data do Estudo
Licao 10 Texto Bíblico: 1 Coríntios 2.6-16
A resistência às heresias
U
m dos méritos de Paulo foi tirar o cristianismo do casulo do judaísmo e torná-lo uma fé universal. O evangelho é o vinho novo que não cabe em odres velhos (Mt 9.17). Paulo foi escolhido para esta missão (At 9.15,16). E lutou fortemente com os que queriam judaizar o evangelho (At 15.1-3). Ele entendeu que o evangelho era algo novo, que continuava a revelação dada aos pais, mas descontinuava o judaísmo.
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Paulo é um misto de evangelista, missionário, teólogo e apologista. Sua pregação era muito bem definida e ele não permitiu sua distorção, expressando-a claramente (1Co 15.3,4 e 4.11). Hoje veremos o apologista Paulo. Nossa época é de condescendência. O “politicamente correto” impõe concessões que desbotam o evangelho. É difícil hoje afirmar convicções. Este autor tem lido obras teológicas em que se fala muito do “olhar do outro”, eufemismo para dizer que a opinião do outro vale tanto quanto a nossa. Se for opinião pessoal, sim, vale mesmo. Mas se o olhar do outro for fora da Bíblia, está torto. Qualquer olhar fora da ótica bíblica está errado. Por isso é oportuno ver a postura de Paulo diante das heresias e aprender com ele.
1. O problema com os judaizantes Os judaizantes surgem cedo (At 15.1-5). O evangelho nasceu no judaísmo, mas rompeu com ele em Atos 15. Os judaizantes queriam torná-lo uma seita judaica. Insistiram e perseguiram Paulo por toda a sua vida. Fizeram um estrago doutrinário nas igrejas da Galácia (Gl 1.6-10, 3.3 e 6.12). Aliás, o estudante da Bíblia deve ler toda a epístola, para ter uma ideia do ensino judaizante. Paulo entendeu que a justificação pela lei anularia o evangelho (Gl
2.16-21). A justificação é pela fé em Cristo, e não pela lei (Rm 3.19-24, 26-28, e 5.1). Alguns hoje tentam rejudaizar o evangelho, desde a presença de símbolos judaicos no culto, como a menorah (castiçal de sete braços), a estrela de Davi (que pode ter sido desconhecida a Davi, tendo origem na cabala judaica) e a bandeira de Israel nos templos, até indumentária, como o quipá. Muitos cânticos se baseiam nos salmos, não nos evangelhos e nas epístolas, e certo tipo de liturgia (como danças) vem mais do templo judaico que das reuniões cristãs (que seguiram o modelo da sinagoga, de cânticos e estudo da Palavra). Há cristãos mais empolgados por Israel que pela igreja. Isto é perigoso. Pode levar a esquecer-se que só há salvação em Jesus. E que o verdadeiro povo de Deus é a igreja. Deus não tem dois povos. O povo de Deus é quem crê em Jesus como Senhor e Salvador. Quem não crê em Jesus está perdido, mesmo sendo judeu (At 4.11,12). Não podemos varrer a cruz para baixo do tapete. Ela é central à nossa fé. O único Cristo digno de fé é o crucificado (1Co 1.18, Gl 6.14). Nosso monte é o Calvário, não o Sinai ou o Sião. Somos filhos da cruz, e não da lei. A salvação não vem pela lei, mas pela graça, por meio da fé (Gl 2.16, 3.11, Ef 2.8-9 e Tito 3.7). Isto não pode ser esquecido. Há “cristãos” que são inimigos da cruz, e seu fim é a condenação (Fp 3.18). 65 51
2. Gnosticismo: um movimento esotérico O gnosticismo era um movimento esotérico que ensinava a salvação pela gnôsis, o conhecimento. Sobrevive hoje no racionalismo cristão e certas instituições secretas e ocultistas. Escritos antigos dão Simão, o mago (At 8.9-24) como gnóstico. Segundo fontes posteriores, ele se dizia divino e que sua amante era Helena de Tróia reencarnada. Os textos gnósticos são do segundo século de nossa era, mas eles já existiam na época do Novo Testamento. As cartas de João tratam mais detalhadamente do conflito com eles. Entre suas muitas heresias, negavam a corporeidade de Cristo, sua morte na cruz, sua ressurreição, bem como a nossa, e ensinavam a salvação por um conhecimento secreto. Opondo-se a isto, Paulo afirma que o verdadeiro mistério e o verdadeiro conhecimento estão em Cristo (1Co 2.6-16). Ao falar da ressurreição, ele afirma que Cristo ressuscitou e nós ressuscitaremos (1Co 15). Alguns gnósticos eram docéticos (do verbo dokein, “parecer”) porque diziam que Jesus não era carne, apenas parecia. Para João, esta era a afirmação do anticristo (1Jo 4.2,3). Paulo diz que Jesus veio em carne (1Tm 3.16). Para os gnósticos, Cristo não morrera na cruz. A mensagem da cruz é central no ensino de Paulo. Ele vê a sabedoria gnóstica como falsa 66 52
(1Tm 6.20,21). E não se importava com a sabedoria humana (1Co 2.1-5). Obviamente ele não falava do preparo intelectual, pois tinha grande capacidade cultural. Falava da gnôsis, o esoterismo gnóstico. Ao defender sua autoridade apostólica, criticou a sabedoria que vinha dos sofismas (argumento que parece válido, mas de fato não é verdadeiro). Os gnósticos louvavam-se a si mesmos, por sua sabedoria, e Paulo os ironiza: eles são insensatos (1Co 10.12). O apóstolo é duro contra eles (1Co 11.1-6), ao dizer que a simplicidade do evangelho estava sendo trocada pelo palavrório oco do esoterismo. É uma lição para nós: só há um Cristo, o crucificado, ressurreto, assentado à direita do Pai. O esoterismo é um discurso vazio. Não leva a nada a não ser à perdição.
3. A grande intervenção de Deus na história Jesus veio na plenitude dos tempos (Gl 4.4). Mais tarde alguém dirá que ele é o clímax da revelação (Hb 1.1,2). Na transfiguração, ao tirar Moisés e Elias de cena, Deus disse para ouvirem a Jesus (Mt 17.1-5-8). Segundo Paulo, em Jesus Deus fez a sua mais espetacular intervenção na história. Por isso, “Cristo é tudo em todos” (Cl 3.11). É a expressa imagem de Deus (Cl 1.15). “Imagem” é grego eikon, “espelho”. Jesus é a face de Deus. Vê-lo é ver o Pai (Jo 14.8,9). Esta ideia era determinante da teologia de Paulo
sentimentos do adorador, mas não do Adorado. Culto em que Cristo não seja o centro, cântico em que Cristo não seja glorificado, pregação em que Cristo não seja anunciado é tudo problemático. Deve ser repensado.
Para pensar e agir O antídoto às heresias é uma cristologia forte. Se a pessoa e a obra de Jesus são bem enfatizadas, a igreja está vacinada. Se perder Jesus de vista, a igreja corre riscos. Por isso, fazemos três observações. 1. Recuperemos o valor da cruz na fé cristã. “Sim na cruz, sim na cruz, sempre me glorio”. Amarremos nossas igrejas à cruz de Cristo. 2. A igreja é um evento cristológico. Seu carro-chefe não é o louvor, nem o pregador, nem sua eclesiologia. Cristo é a razão de ser da igreja. 3. Nada além do Novo Testamento. Cristo é o clímax da revelação, e no dizer de Lutero, “o cânon dentro do cânon”. Ele é a chave para se entender as Escrituras. Sem ele não há salvação nem entendimento.
Leituras Diárias
e ele não abria mão dela. Nada era maior que Jesus. Isto era o antídoto contra as heresias. Ele combatia tenazmente qualquer ensino que diminuísse o valor de Cristo. As heresias atuais mostram um Cristo insuficiente. A pessoa é salva por ele, mas fica presa de demônios, de maldição de palavras, de maldição hereditária, e precisa da reza forte de um guru, para quebrar as maldições. Que tristeza: um Cristo fraco e demônios fortes. Cristo salva a pessoa, entra em sua vida, mas não consegue transformá-la e livrá-la do Maligno. Ela é nova criatura (2Co 5.17), mas nada muda, e só passa a ser nova mesmo quando alguém quebra alguma maldição em sua vida. Nesta visão, o salvo precisa de alguma coisa além de Cristo. Eis a base das heresias: Cristo e algo mais. Ele é a Palavra de Deus (Jo 1.1-14), o clímax da revelação (Hb 1.1,2), a expressa imagem de Deus (Cl 1.15), tem um nome sobre todo nome (Fp 2.9-11). Mas os hereges insistem: Cristo e os dons, Cristo e outra revelação (Hellen White, Livro do Mórmon, escritos neopentecostais, bulas papais etc.). Precisamos recuperar a centralidade da pessoa de Jesus Cristo na vida da igreja. Ela é dele. Ele a comprou. Pastores e líderes não são seus donos. Apenas tomam conta dela para ele. Precisamos pregar e ensinar sobre Jesus. Sua figura está desbotada em muito cântico, que fala dos
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Atos 15.1-5 Atos 15.6-18 Atos 15. 19-25 Atos 15.26-35 1Coríntios 11.1-6 Hebreus 1.1-2 Colossenses 3.11 67 53
Data do Estudo
Licao 11 Texto Bíblico: Romanos 12
Uma contracultura num mundo perdido
J
ohn Stott, em um de seus livros, chamou o evangelho de “contracultura”. Segundo ele, os cristãos devem viver em oposição à cultura do mundo. Este está sob o domínio do Maligno, e nós somos de Deus (1Jo 5.19). Além da cultura do mundo, há também uma “teologia do mundo”, aceita por alguns setores
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da igreja e alguns crentes. Acham que a igreja deve ser “amiga do mundo”. Esta não deve ser sua preocupação principal, mas sim ser leal ao seu Senhor, à sua vocação, aos valores que recebeu (Tg 4.4). Há hoje muita gente fascinada pelos valores do mundo, diluindo a mensagem de Jesus para torná-
la mais suave. A preocupação com megaigrejas tem levado alguns a esquecerem que a igreja deve, antes de tudo, lealdade a Jesus e ao seu evangelho. Somos uma contracultura num mundo perdido. Não que devamos nos portar arrogantemente, mas que devemos ser santos e não enamorados do mundo.
1. O ponto de partida Partamos de Romanos 12.1,2. Após expor o conteúdo do evangelho até o capítulo 11, Paulo trata de ética (12.1). Começa com “pois”. O grego é oûn, uma partícula conclusiva, com o sentido de “portanto”. O que se segue é consequência do anterior. Por tudo que foi dito (o conteúdo do evangelho) deve-se viver de uma maneira. Primeiro a teologia (o credo). Depois a ética (a conduta). O que uma pessoa crê afeta sua maneira de ser. O seguidor de Jesus não vive como o mundo sem Jesus vive (Ef 4.18,19). Ele deve apresentar-se a Deus e não se amoldar ao mundo (Rm 12.2). “Não vos conformeis” significa “não tomar a forma do mundo”. O cristão não é massa de bolo que toma a forma de onde é posta. Ele é do Senhor, na igreja, na casa e no mundo. Ele se nega a ser moldado pelos padrões do mundo. Devemos apresentar nossos “corpos” como um ato de culto a Deus (v. 1). O grego é sômata, que significa mais que a parte física. É
“a realidade da existência, a pessoa concreta”. É a totalidade da pessoa, não só o físico. O cristão deu toda a vida a Cristo: física, mental, emocional e espiritual. Por isso, sua “mente” deve ser transformada (v. 2). “Transformai-vos” é metamorfouste, de onde vem “metamorfose”, que é passar para outro estágio. É a lagarta que se transforma em borboleta. Eis o ponto de partida. Cremos em Jesus, assumimos o compromisso de uma vida santa. A ética segue a fé. Quem crê rompeu com o passado. O crente em Jesus não é massa de manobra. Ele ousa nadar contra a correnteza.
2. Como o Novo Testamento vê o mundo Precisamos recuperar a visão bíblica da vida. Muitos crentes são moldados pela mídia e têm uma visão romântica do mundo. Outros o amam. A igreja contemporânea é mundana. Até os critérios para se avaliar uma igreja são mundanos e não bíblicos: a arquitetura do templo, o volume de entradas, o nível social dos membros. O critério deveria ser: quanto de Cristo ela exibe ao mundo? Como o Novo Testamento vê o mundo? Não o cosmos ou as pessoas que Deus amou (Jo 3.16), mas “mundo” como um sistema de valores corrompidos? Não é um olhar positivo. Somos filhos de Deus, no meio de uma 69 55
geração corrupta (Fp 2.15). No longo texto de Efésios 4.17 a 5.21 há uma descrição do mundo, que é como não devemos ser. Por isso, “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1Jo 2.15). A igreja de Jesus não pode ser moldada pelo mundo nem ceder aos seus apelos. A conversa de “igrejas amigas do mundo” é perigosa. Não devemos ser beligerantes nem nos julgarmos superiores. Mas, desde o convite divino ao pai da fé, o chamado é “anda em minha presença, e sê perfeito” (Gn 17.1). Isto não é legalismo nem fundamentalismo. Chamar alguém de legalista e fundamentalista é obra de quem não tem argumento. Isto é santidade. O padrão de vida para a igreja está no Novo Testamento, não em pesquisas de opinião ou em planos de marqueteiros eclesiásticos. Ela deve ser santa, e não bajuladora de pecadores. Paulo diz que é assim que devemos viver (Cl 1.10-12).
3. A santidade é moral, não litúrgica No judaísmo a santidade era litúrgica. Expressava-se por ritos. No evangelho é moral. Ser santo não é adotar posturas no culto. É ter uma moral sadia. A santidade se liga ao caráter. Há uma série de declarações de Paulo que podem ser chamadas de “éreis” e “sois”. Elas mostram o que éramos antes da conversão, e 70 56
o que somos agora. Entre algumas passagens “éreis”, que mostram nosso passado e como não mais devemos ser, estão Romanos 6.20,21, 1Coríntios 6.9-11, 12.2, Efésios 5.8 e Colossenses 1.21. Veja-se ainda 1Pedro 4.3. Entre as passagens “sois” estão Romanos 1.6, 1Coríntios 1.30,31, 3.16,17, 5.7 e 6.19,20, Efésios 2.19-22, 5.1-8 e 1Tessalonicenses 5.5. O exame destas passagens mostra que a conversão é um divisor de águas na vida moral da pessoa. Mudou seu destino final, de inferno para céu. Mudou sua vida aqui na terra. Seus valores mudaram. Quem aceita a Cristo tem um novo jeito de viver. O comportamento do mundo não é sadio. Podemos nos acostumar com o adultério, o roubo, o homossexualismo, a violência, porque a mídia despeja estas coisas em nossas casas e nos anestesia. Mas elas são pecado! Mesmo que as leis humanas as autorizem e punam quem as combatam, elas são pecado! A Bíblia diz que são pecado. A santidade é moral, e não gestual, como levantar as mãos, ou de volume nos cânticos. Santidade é caráter de acordo com o padrão bíblico.
4. A santidade é relacional, não mística Na Idade Média havia os “santos no poleiro”. Eram pessoas que subiam a uma plataforma sobre um alto poste e ali ficavam anos a fio. Alguns,
do reino em geral. Esta santidade mística é desvirtuada. Santidade é relacional, não intimista, apenas eu e Deus. Sou eu, Deus e meu próximo. Isto é a igreja: Deus e nós, e não Deus e eu. Isto é santidade: relações corretas com Deus e com o próximo. Quando saímos do culto, fortalecidos pela comunhão com Deus e com os irmãos, vamos ao mundo testemunhar nossa fé. O caráter cristão, prova da nossa fé, se vê em nossas relações. Mostra misericórdia, apoio aos fracos (Rm 15.1, 1Ts 5.14) e retidão na vida. É melhor ser ingênuo e ultrapassado que ser cruel e frio como o mundo. Deus vê e julga.
Para pensar e agir 1. Não estamos em guerra com o mundo, mas não devemos amá-lo ou cortejá-lo. Nosso amor é a Deus. 2. A solidariedade é uma das marcas da fé cristã. Sem ela, há apenas conversa oca. A santidade não são palavras. São atitudes e gestos. É o que o mundo precisa ver. 3. O que você tem feito para demonstrar solidariedade?
Leituras Diárias
quando retirados, tinham os membros inferiores atrofiados. Isolavam-se do mundo, viviam de comida que lhes davam e ficavam ao relento. Eram inúteis à sociedade. Santos no poleiro não ajudam o mundo em nada. Vivemos num mundo altamente individualista. Na cultura atual, chamada de pós-moderna, prevalece o individual sobre o coletivo. Somos uma sociedade fragmentada, em que cada um busca seu interesse. Um mundo mesquinho. A igreja é uma comunidade e não um bando de solitários. “Deus faz que o solitário viva em família” (Sl 102.6) e isto acontece na igreja. Somos postos como família, para nos relacionar uns com os outros. Na igreja nos agrupamos como pessoas para exercitarmos a fé, aprendermos uns dos outros, aperfeiçoarmos uns aos outros, e recebermos forças para vivermos no mundo. Vivemos em grupo, exercemos a fé em grupo, e vivemos no mundo, como cristãos. A vida cristã não é vida no poleiro, mas bondade nas relações (Ef 4.32). O amor cristão não busca seus próprios interesses (1Co 13.5). Volta-se para os outros. A igreja de Jerusalém e Barnabé nos mostram isso (At 4.3237). Os crentes devem ter vidas entrelaçadas, sendo responsáveis uns pelos outros, como se vê em 2 Coríntios 8.1-5. Muita gente levanta um poleiro espiritual, no culto, onde canta, louva, ora, mas não se envolve com os necessitados nem com a obra
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Efésios 4.17-25 Efésios 4. 26-32 Efésios 5.1-7 Efésios 5. 8-14 Efésios 5.17-21 Colossenses 1.9-14 I João 2.15 71 57
Data do Estudo
Licao 12 Texto Bíblico: 1 Tessalonicenses 4
Há vida após a vida
C
remos na ressurreição dos mortos. Ela sempre fez parte da pregação cristã (At 17.18-32) e era considerada como doutrina rudimentar (Hb 6.2). É a grande esperança cristã: há vida após a vida e o evangelho de Jesus oferece mais que qualquer outra doutrina religiosa. A reencarnação fala da volta do
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espírito. E não tem suporte bíblico. A ressurreição fala da volta à vida do homem integral. Não vê a matéria como má, como no orientalismo (berço da reencarnação), e ensina que Deus nos restaurará por completo. Não só a alma, mas também o corpo. A obra de Jesus é completa e visa ao homem completo.
1. A ressurreição como suporte da fé cristã Vimos que Hebreus 6.2 mostra a ressurreição como doutrina rudimentar. Os cristãos sempre a tiveram em seu credo doutrinário. E isto é fácil de entender. A ressurreição geral (At 24.15) sucederá porque Cristo ressuscitou. Sua ressurreição afiança a de todos (Rm 6.5, 1Co 15.1216,21). O Pai, que o ressuscitou, fará o mesmo conosco (1Co 6.14 e 2Co 4.14). Nossa esperança se baseia no fato de que Jesus ressuscitou. Porque ele vive, nós viveremos. A cruz de Jesus decretou a morte da morte. Ela é moribunda e um dia morrerá (Ap 20.14). Não apenas morrerá. Seus efeitos cessarão. Os mortos reviverão para serem julgados (Ap 20.12,13). A ressurreição do Senhor quebrou o poder da morte e o estabeleceu como Senhor e Cristo (At 2.36 e Fp 2.5-11). Segundo Paulo, crer na ressurreição de Jesus é necessário para a salvação (Rm 10.9). A fé que salva é fé no Cristo crucificado e ressuscitado, não num Cristo mestre, modelo de ética e de caráter. É fé no Cristo levado à cruz, posto na sepultura e de lá saído. Quem não crê neste Cristo não está salvo, porque seu Cristo é impotente. Ele foi ressuscitado para nossa justificação, e sem sua ressurreição esta não aconteceria (Rm 4.25). A ressurreição de Jesus é pilastra da fé cristã (1Co 15.14 e 17). Dezessete
livros do Novo Testamento referem-se explicitamente a ela, e os outros dez tratam dela implicitamente. Negar a ressurreição geral como evento a acontecer é deturpar a fé (2Tm 2.18). Para o apóstolo, não há como fugir disto: Cristo ressuscitou, e nós ressuscitaremos. Curiosamente, Paulo não se preocupa em prová-la. Sua evidência está nas aparições do Ressuscitado (1Co 15.3-8). Se alguém pedisse provas, ele diria: “Um monte de gente viu, pergunte a eles!”. Ele também vira. Nós cremos em fatos. Jesus não é um conceito. É uma pessoa, que viveu, morreu, ressuscitou, foi levado aos céus e voltará para julgar os vivos e os mortos.
2. Como será? A ressurreição geral será com o toque da trombeta anunciando a volta de Cristo. “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará...” (1Co 15.52). Como diz um belo hino injustamente aposentado: “Oh! Que dia faustoso, esse dia há de ser! Quando o som da trombeta ecoar” (CC, 114). Será quando Cristo retornar em poder e glória (Mt 24.31, 1Co 15.52, 1Ts 4.16). Os mortos ressuscitarão primeiro e virão com ele ao encontro dos vivos, naquele dia (1Ts 4.15-17). Como Jesus disse, os crentes nele ressuscitarão naquele dia (Jo 6.40, 44 e 54). 73 59
Isso não depende de nosso querer, de nossas obras, nem mesmo de nossa fé. Foi uma decisão de Deus. Ele assim decidiu: “Porquanto determinou um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que para isso ordenou; e disso tem dado certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At 17.31). A ressurreição de Jesus também coloca o mundo sob juízo. Seu retorno em poder e glória trará galardão aos crentes (2Co 5.10) e juízo aos descrentes. Colocará o ponto final da história, consumará o reino, inaugurará a meta-história e fará com que todos os joelhos, em todos os lugares, se dobrem diante de Jesus Cristo (Fp 2.9-11). Naquele dia, acontecerá o que Jesus anunciou: “Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça” (Mt 13.41-43). Dia bendito! Ouviremos de Jesus: “Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.14). Dia de tristeza! Os incrédulos ouvirão: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos” (Mt 25.41). Como será aquele dia para você? 74 60
3. O que acontecerá? Quando Cristo retornar, os crentes que morreram serão ressuscitados e virão com ele (1Co 15.52 e 1Ts 4.16). Os que estiverem vivos serão transformados (1Co 15.4153, 1Ts 4.17). Os ressuscitados e os transformados terão corpos glorificados (1Co 15.42-49). Isto levanta uma questão: como serão nossos corpos e que tipo de glorificação é esta? O próprio Paulo considerou que alguém poderia fazer esta pergunta (1Co 15.35). Ele disse que traremos a imagem do homem celestial (1Co 15.49). João disse que “seremos semelhantes a ele” (1Jo 3.2). Se seremos semelhantes a ele, lembremos que ele, ressuscitado, comeu (Lc 24.41-43, Jo 21.15, At 1.4). Pode-se argumentar que ele ainda estava na terra, ressuscitado, mas não glorificado, mas pelo menos temos aqui algumas indicações: o Cristo ressuscitado não era um espírito, mas um corpo vivo (Lc 24.39,40) que falava, movia-se, expressava sua vontade, comia e bebia. A ressurreição é do corpo, que será transformado. Não será corruptível, como o nosso corpo atual (1Co 15.50). Não seremos energia cósmica, pensamento puro ou almas descarnadas. Seremos corpos glorificados, imortais, como os anjos (Lc 20.36). Talvez haja muitas perguntas mais a que não sabemos como responder. Mas de uma coisa temos certeza: viveremos
Para pensar e agir Quando ensinou os crentes de Tessalônica sobre o retorno de Jesus Cristo, Paulo começou dizendo que não queria que eles fossem ignorantes (1Ts 4.13) e depois disse que eles deveriam se consolar com estas palavras (1Ts 4.18). A segunda vinda de Cristo não é motivo de terror, mas de júbilo. Somente crentes que não compreenderam o evangelho a temem. Os fiéis, crendo na Bíblia, dizem: “Amém; vem, Senhor Jesus”! (Ap 22.20) E isto nos coloca diante de três atitudes que não podemos deixar de assumir: 1. Demos sempre glórias a Deus pela obra de Jesus e porque o Espírito Santo nos levou a ele. Somos salvos e temos a promessa da vida eterna com Jesus! 2. Consolemo-nos uns aos outros: este mundo é ilusório. “Nunca os bens da terra poderão comprar a mansão celeste em que tu vais morar” (CC, 329, 3ª. estrofe). 3. Os sem Cristo estão perdidos eternamente. Evangelizemos o
mundo, a começar de nossos queridos. Eles têm direito a ouvir as boas-novas de que Jesus salva. Diz assim um trecho do artigo XIX da Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira: “Em cumprimento à sua promessa, Jesus Cristo voltará a este mundo, pessoal e visivelmente, em grande poder e glória. Os mortos em Cristo serão ressuscitados, arrebatados e se unirão ao Senhor. Os mortos sem Cristo também serão ressuscitados. Conquanto os crentes já estejam justificados pela fé, todos os homens comparecerão perante o tribunal de Jesus Cristo para serem julgados, cada um segundo suas obras, pois através destas é que se manifestam os frutos da fé ou os da incredulidade. Os ímpios condenados e destinados ao inferno lá sofrerão o castigo eterno, separados de Deus. Os justos, com os corpos glorificados, receberão seus galardões e habitarão para sempre no céu como o Senhor”.
Leituras Diárias
para sempre com o Senhor (1Ts 4.17). Por isso, façamos nossas as palavras de outro apóstolo: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3).
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Atos 17.18-32 Hebreus 6.1,2 1 Tessalonicenses 4.15-17 João 6. 40-54 Mateus 13.41-43 1Coríntios 15.41-53 1 Coríntios 15.54-58 75 61
Data do Estudo
Licao 13 Texto Bíblico: 1 Coríntios 15. 54-58
A morte da morte
T
errível inimiga da humanidade, a morte morrerá. Ela será lançada no lago de fogo (Ap 20.14). Temos a rica promessa de Apocalipse 21.4: “... e não haverá mais morte”. O seguidor de Jesus superará a morte e viverá para sempre. Jesus mesmo disse (Jo 11.25). Não cremos em
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reencarnação, mas em algo mais rico e mais profundo, a ressurreição. Se Cristo regressar durante a nossa vida, seremos transformados. Se morrermos antes, seremos ressuscitados para não mais morrermos (1Ts 4.13-16). O crente em Jesus viverá para sempre. Um dia, Deus nos trará à vida, uma
nova qualidade de vida, e “estaremos para sempre com o Senhor” (1Ts 4.17). A morte é paciente terminal desde o Calvário, e morrerá, enfim, quando Cristo regressar. A segunda vinda do Salvador porá o último prego no seu caixão. Seus dias estão contados na agenda de Deus. Cremos nisto. Esperamos isto.
1. O fim da história Os gregos diziam que somos um corpo com uma alma. O corpo é o embrulho da alma imortal. Os judeus criam que alma é o sopro da vida que impregna o corpo. O homem é alma vivente (Gn 2.7). Corpo e alma são mortais (na presunção de que a alma seja apenas o fôlego da vida, distinta do espírito). Quando o homem morre, a alma se imobiliza e o corpo volta ao pó. A idéia de reencarnação é inviabilizada neste conceito. A única maneira de voltar à vida é por um novo sopro. Em Ezequiel 37, Judá cativo é como um vale de ossos secos. O sopro do Espírito lhe traz vida. Um sopro de Deus fez a primeira criação (Sl 18.15 e 33.6). Deus também soprou na nova criação do seu povo (Ez 37.9). O Espírito continua soprando, enquanto caminhamos para a última criação (Ap 21.5). Deus está fazendo um mundo novo na pessoa de Jesus (2Co 5.17). Neste novo mundo não haverá mais morte. A melhor descrição do mundo sem morte está em 1 Coríntios 15, um
capítulo fantástico, e o estudante da Bíblia deve ler com atenção! É um dos momentos mais brilhantes de Paulo, o gênio inspirado pelo Espírito Santo. A volta de Cristo marcará o fim da história e o início do novo mundo de Deus, o mundo sem morte, o mundo da vida plena, com ele. Tudo está dependente do regresso de Jesus. A morte morrerá quando ele vier.
2. Quando a trombeta soar O fim começará quando a trombeta soar (Mt 24.31 e 1Ts 4.16). Ela soará, num momento qualquer da história, num piscar de olhos (1Co 15.52). O ato de piscar os olhos leva 1/16 (um dezesseis avos) de segundo. Será algo repentino. A trombeta mencionada era o shophar, de chifre de carneiro. Ela soava nos momentos de calamidade, de convocação ou de júbilo. Aqui, será de júbilo, intenso júbilo. Soará quando Cristo vier para pôr fim à história. A morte está no início da história do homem, que é escrita por eles. Eles inseriram a morte no primeiro capítulo de sua vida, ao desobedecerem a Deus. Mas ele está no comando da história, mesmo sendo esta feita pelos homens. Ele fechará o último volume. Ele lhe porá fim. Ele mandará a trombeta soar. A morte surgiu como maldição (Gn 3). Cristo veio abolir a maldição e na consumação de sua obra, a removerá por completo (Ap 22.3). Isto trará a ressurreição da humanidade, pois a 77 63
maldição da morte não mais existirá. Mas quando Cristo vier muitos estarão vivos. Como será esta mistura de mortos e de vivos? Paulo esclarece quanto à ordem dos eventos: os mortos ressuscitarão primeiro e os vivos serão transformados (1Co 15.5152). O novo sopro se completará. Virá o julgamento final e a morte será julgada (Ap 21.14). Ela morrerá e nós viveremos para sempre, livres do seu poder (Ap 20.6). Por isso o crente espera a trombeta soar, e canta: “Oh! Que dia faustoso esse dia há de ser! Quando o som da trombeta ecoar; Quando Cristo nas nuvens tiver de descer, Para assim entre nós habitar!” (Hino 114, CC). Que soe a trombeta!
3. Quando a morte morrer viveremos para sempre com Deus O homem e a mulher estavam com Deus, no início, mas foram expulsos (Gn 3.23-34). Na volta de Jesus, Deus e a humanidade viverão novamente juntos (Ap 21.3-5). Como dissemos, Deus está reconstruindo o mundo na pessoa de Jesus (2Co 5.17). Ele está fazendo um mundo novo, que se concretizará (Ap 21.5). Este é seu plano, fazer tudo convergir em Cristo (Ef 1.10). Quando este dia chegar, Cristo reinará (1Co 15.24-28). O novo mundo iniciado em Cristo, com sua obra na cruz, será concluído. O que Paulo antecipou (2Co 5.17), a voz do trono confirmou (Ap 21.5). 78 64
Mostrando a unidade das Escrituras, Pedro também se pronunciou sobre o assunto, com as mesmas palavras (2Pe 3.13). Na descrição do novo mundo, surgem o rio da água da vida e árvore da vida (Ap 22.1,2). Em Gênesis 3.2224, a árvore da vida foi vedada ao homem. Mas quando a trombeta soar, tudo será recuperado. Nossa vida será para sempre com Deus (1Ts 4.17). Poderemos viver para sempre.
4.Tudo isto Cristo conseguiu na cruz Na cruz, Jesus consumou o plano do Pai (Jo 19.30). A morte foi ferida na cruz. Paulo zombou dela, e nós nos juntamos a ele: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Co 15.55). Podemos agir assim por causa de Jesus. Ao morrer, ele disse: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46). Estêvão morreu com esta expressão nos lábios: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (At 7.59). Aliás, sua morte causou grande impacto em Paulo. Ele se referiu a ela, algumas vezes. A serena morte de um crente em Jesus abalou o poderoso fariseu e pesou em sua conversão. A morte não mais assusta. Entristece, pois nos separa de pessoas que amamos, mas não assusta. Ela não é invencível. Cristo a venceu na cruz. Passaremos por ela, mas nós a superaremos. Cristo a minimizou (Ap 5.5-10). Ele a superou. Na cruz,
obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (vv. 54-58). Cantemos a vitória em Cristo e firmemo-nos na fé. A morte morrerá e viveremos para sempre com ele. Que venha o fim! E lembremos a última oração da Bíblia: “Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém; vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).
5. Vitória e perseverança
Para pensar e agir
1 Coríntios 15 é o maior capítulo do Novo Testamento. E um dos mais vibrantes. A força espiritual e literária de Paulo brilha como nunca e nos faz antecipar momentos fantásticos e maravilhosos que desfrutaremos. Este autor, particularmente, se comove sempre que lê este poderoso argumento paulino. O capítulo conclui com um canto de vitória e um chamado à perseverança: “Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na
1. A vida cristã inclui bênçãos materiais, mas é muito mais que isso. Temos bênçãos espirituais (Ef 1.3) e esperar só bênçãos materiais é ser infeliz (1Co 15.19). Cristo é para esta vida e para a eternidade. 2. Temos a vida eterna, a vida para sempre com Cristo. Acostumamonos com esta expressão, mas como ela é profunda! Louvemos a Deus por isso! 3. Cristo é o Nome sobre todo nome, e todo joelho se dobrará diante dele (Fp 2.9-11). Ele deve ser o Nome em nossa vida. O que temos e teremos é por causa dele!
Leituras Diárias
Jesus morreu, mas voltou a viver. Na cruz, a morte continuou viva, mas começou a morrer. Ele a venceu. Nós a venceremos. A cruz não sinaliza derrota, mas vitória. Ele não ficou nela, nem na sepultura. O discurso de Pedro no dia de Pentecostes (At 2.14-36) é uma excelente explicação teológica do significado da cruz, da sepultura vazia e o triunfo final de Jesus.
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Ezequiel 37 Mateus 24.29-35 1Coríntios 15.1-10 1Coríntios 15.11-20 1Coríntios 15. 21-30 1Coríntios 15. 31-40 Filipenses 2.9-11 79 65