Isso é de Deus? Primeira Igreja Batista Metropolitana em Contagem - 03 de abril de 2016
Introdução: A Palavra de Deus em 1Co 15.33 diz: Não vos enganeis! “As más companhias corrompem os bons costumes”. Quando as tomamos sem os devidos cuidados e influenciado por pessoas distanciadas do temor do Senhor o resultado é catastrófico. Nos faz sofrer. E isso não é a vontade de Deus para nós. O que estou querendo dizer com tudo isso? O que quero é corrigir algumas afirmações que tenho ouvido de que “Isso é a vontade de Deus”. Não, não é. Deus nos criou para a Sua glória (Is 43:6,7 e 1 Coríntios 10:31). Nosso sofrimento vem do pecado da humanidade e muitas vezes de nossas próprias ações (Gn 3.1-6). Deus nos deu o livre arbítrio (Js 24.15 e Rm 10.9), Ele não é responsável por nossas decisões, em especial àquelas que contrariam à Sua vontade. A vontade de Deus é um dos temas mais controversos da experiência cristã. A Bíblia nos revela basicamente três tipos de vontade de Deus: a vontade soberana (decreto), a vontade moral (desejo), e a vontade permissiva ou específica (que leva em conta o arbítrio humano). 1. A vontade soberana
A vontade soberana é aquela que se realiza independentemente da concordância ou cooperação humana voluntária. Quando Deus quer agir, ninguém pode impedir: porta que Deus abre ninguém fecha e porta que Deus fecha ninguém abre. Considerando que Deus tem todo poder, isso significa não apenas que Ele pode decidir livremente (direito) como também que pode executar sua decisão (capacidade). 2. A vontade moral
A vontade moral é aquela que reflete o caráter de Deus, em forma de mandamentos ou princípios. Não matar, não roubar, não mentir são bons exemplos. Mas também ser solidário, praticar a misericórdia, promover a justiça, agir com humildade, cultivar relacionamentos íntegros, honrar as promessas e não manipular pessoas também se encaixam na definição. 3. A vontade permissiva de Deus
Por trás do conceito da vontade específica de Deus está a crença de que tudo o que acontece, desde que não seja um pecado, é da vontade de Deus, pois Ele tem
Isso é de Deus? Primeira Igreja Batista Metropolitana em Contagem - 03 de abril de 2016
um propósito por trás de todas as situações da vida e cada uma das pessoas. Quando alguém fica doente, é preterido para uma promoção, é demitido do emprego, tem um carro roubado, uma viagem adiada ou uma visita inesperada, tudo foi causado ou permitido por Deus porque Ele quer fazer alguma coisa através daquele evento ou naquela situação específica. Além disso, também há a crença que Deus tem a decisão certa a ser tomada em cada circunstância da vida. A vontade específica, entretanto, mais se parece com a perspectiva pagã do determinismo e do fatalismo, a crença no destino, do que com a abordagem bíblica de um Deus que cria seres humanos à sua imagem e semelhança, e portanto livres, e os convoca a que se tornem parceiros na administração da criação e na construção da história. Os cristãos verdadeiros não creem em destino. (1) Em sua vontade soberana, Deus criou o ser humano com vontade livre para decidir, inclusive a obedecer ou não a sua vontade moral. A soberania de Deus é indiscutível, mas a responsabilidade humana é indispensável. (2) Os seres criados à imagem e semelhança de Deus não poderiam ser privados de liberdade, do contrário não poderiam ser julgados moralmente. (3) É fato que nada acontece sem que Deus permita, mas isso não significa que Deus é a causa de tudo o que acontece. Permitir é diferente de fazer acontecer. (4) Por exemplo: a vontade soberana de Deus era tirar Israel do Egito e levar para Canaã (decreto). A vontade moral de Deus era que esse povo fosse obediente, fiel, crente, grato, durante essa peregrinação (desejo). Todavia a desobediência, a murmuração, a infidelidade deles fez com que uma viagem que deveria durar um mês durasse 40 anos (vontade permissiva). Conclusão: Nada acontece sem que Deus permita. Mas isso não significa que Deus é a causa de tudo o que acontece. Permitir é diferente de fazer acontecer. Também é verdade que Deus guia e orienta aqueles que buscam sua sabedoria. Mas isso é diferente de apontar a escolha certa, como se fosse um oráculo. Deus responde orações. Mas não manipula ninguém. Exceto quando livremente decide realizar seus propósitos. Mas aí já não se trata de vontade específica, mas soberana.
Do seu pastor e amigo Argemiro Ribeiro