Tulio Pinto: ATHAR | Piero Atchugarry Gallery

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Túlio Pinto ATHAR





Túlio Pinto Athar


Camino a Izcua 1543 2 Garzón | Uruguay 5520 NE 4th Avenue Miami | United States Italy +39 3275550791 United States +1 631 5651671 Uruguay +598 95646696 info@pieroatchugarry.com www.pieroatchugarry.com

Ficha Catalográfica Pubblicato – Pinto, Túlio. Athar.

P659a

Pinto, Túlio. Athar / Túlio Pinto. – Porto Alegre: Pubblicato Editora, 2018. . 140 p. : il. Edição bilíngue: português / espanhol ISBN 978-85-66940-11-4 1. Artes Plásticas. 2. Escultura. 3. I. Título. CDU – 73

Túlio Pinto | Athar First print run of 1000 catalogues September, 2018 Milan, Italy

Catalogação elaborada por Aline de Medeiros - CRB 10/1977.


Dedico esse livro à Tessália e Aurora meus dois universos.

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Athar | Piero Atchugarry Gallery

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Sístole e diástole da paisagem

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Systole and diastole of the landscape

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Esculturas e outros projetos Sculptures and other projects

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Conjugação de forças

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A conjugation of forces

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Biografia | Biography


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Angélica de Moraes 10

SÍSTOLE E DIÁSTOLE DA PAISAGEM

2018

A percepção imediata ao se entrar na exposição individual de esculturas de Túlio Pinto em Garzón é que todas as obras, de diversas soluções

construtivas, convergem para evidenciar linhas de tensão em equilíbrio. Há nesse conjunto um duplo movimento virtual: diástole e sístole, que dilata e contrai nossa percepção de limites, espaço e tempo.

Linhas reais ou virtuais sustentam pesos, se ancoram em paredes,

deslizam e deformam reflexos gráficos em superfícies transparentes, rebatem o olhar ou o absorvem.

Todas as obras se referem a um jogo interno de forças estabelecido

nelas mesmas e delas com horizontes absolutos, inalcançáveis ou ideais, muito além delas, conjuradas em refrações ou memórias. São parte de

um todo regulado pelas leis do universo que está também dentro de nós. Desta forma, podemos também sustentar que há nessas esculturas uma

potência de análise do gênero paisagem e de como ele pode se apresentar

e ser reposicionado e expandido na contemporaneidade. É uma paisagem


mental, introspectiva, que toca os limites do horizonte e dos

de deslocamento a pé que fez pelo interior do território do Uruguai,

que reapresenta, desconstrói e analisa os significados atuais e

no Espacio de Arte Contemporâneo (EAC, Montevidéu).

fenômenos naturais. Uma paisagem anti-ilusionista e anti-narrativa, permanentes da nossa relação com a natureza.

Com um mínimo de meios e um máximo de resultados, Túlio nos faz refletir sobre a trama de resignificações poéticas que podem

em 2013, quando realizou a residência artística Sala Taller III Túlio percorreu os vetores que traçou sobre a cartografia para simular o prolongamento, até a região de fronteira uruguaia,

dos pavilhões do que antes foi uma prisão (Cárcel de Miguelete).

derivar da mecânica dos corpos submetidos aos princípios da Física.

Esse perambular artístico foi registrado em rápidos esboços

pertencimento. A gravidade terrestre surge como elo comum de

e longitude), em cadernos de campo, quase como um

Assim, ele nos conduz para um forte sentimento de natureza e

nossa inserção no todo da existência das coisas, de nós mesmos e do outro. Antagonismo de forças a exigir resiliência e reação,

mas também aproximação e convívio. Um convívio de equilíbrios delicados, provisórios, negociados.

Não por acaso, o artista admite que boa parte das idéias que deram origem a essas esculturas foram pensadas durante uma experiência

de desenho de locais e suas coordenadas geográficas (latitude experimento científico. Foi uma árdua jornada em que percorreu aproximadamente 1600 quilômetros em três meses.

“Coloquei meu corpo no território e fui esculpido por essa paisagem que me recebia” conta ele.

A escultura, por paradoxal que possa parecer (já que costuma ser identificada com coisas fixas e imutáveis), talvez seja uma das

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Nadir x, y, z 2017 lâminas de vidro, pedras, areia, corda Galeria Piero Atchugarry - Garzón, Uruguai dimensões variáveis Nadir x, y, z glass slides, stones, sand and rope

ferramentas mais eloqüentes para se pensar as características fluidas, 12

velozes e contingentes do mundo atual. Ao romper a tradição

que apontava para as formas estáveis que visavam o eterno, ela se

paredes, na famosa exposição individual que o situou nos livros de História da Arte.

reinventou na construção e desconstrução derivadas das vanguardas

Ainda podemos ver um desdobramento dessa tradição nas lâminas

em diálogo fecundo com essa tradição, expandindo-a.

retos e inclinados em relação aos planos da parede e do chão.

russas do início do século 20. Chega à segunda década do século 21

A obra de Túlio Pinto se insere nessa linha de tempo com riqueza e eficácia de diálogos. É como podemos observar a sua concisa e sutilíssima peça Vetoriais: situação de canto, em que uma haste

vertical de aço comprime uma bolha de vidro soprado contra um

ângulo de parede. Há aí uma releitura original das lições do escultor

russo Vladimir Tatlin. Este, por sua vez, ecoava na escultura Contrarelevo angular (1915) a tradição russa de situar em ângulos de

parede os ícones religiosos de culto doméstico. Coisa que também

foi evocada por Malévitch quando colocou seu Quadrado negro sobre fundo branco (também de 1915) bem ao alto de outro ângulo entre

de vidro Nadir x, y, z que Túlio distribui pelo espaço em ângulos

Sistema estabelecido apenas pela pressão da corda tensionada sobre as laterais dos vidros, por meio de pesos e contrapesos irradiados

desde um conjunto de pedras. Desse modo, ele cria uma conjunção de linhas reais e virtuais (espessura do vidro e sombra da corda).

Quase como relógios de sol, as peças se constituem em armadilhas para a luz natural que inunda o local e desenha sombras/ponteiros nelas. Uma situação que, aliás, potencializa toda a mostra com diversas possibilidades de leitura da espacialidade do entorno,

transformado pelas sombras/linhas que, com o passar das horas, escorrem e projetam-se de uma a outra obra, atravessando-as.


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Athar #3 2018 lâmina de vidro, vidro soprado, vigas de aço e pedra 280 x 150 x 245 cm Galeria Piero Atchugarry - Garzón, Uruguai Athar # 3 glass blade, blown glass, steel beans and stone

Também na escultura construtiva produzida no Brasil há pontos 14

de contato que podem ajudar na leitura da contribuição trazida

por Túlio a essa expressão visual. Talvez o mais emblemático disso seja observar como a operação de corte e dobra levada à chapa de aço corten por Amilcar de Castro identifica uma época em que

os gestos definitivos ainda cabiam em um mundo que não tinha

colocado em xeque, como agora, o quanto estamos submetidos às flutuações do momento.

A mudança de percepção do tempo ocorrida na contemporaneidade já não sustenta gestos heróicos nem permanentes, parece apontar

a obra Athar #2, de Túlio Pinto. O aço corten agora comparece em três vigas que mantém seu formato industrial original.

A intervenção do artista se resume a articular o equilíbrio entre

elas ao inserir uma bolha de vidro soprado no ângulo superior do tripé e ancorar suas extremidades inferiores às paredes. Uma vez mais se demonstra aqui o gesto artístico em total sintonia com


Cumplicidade #8 2016 bolha de vidro e aço 90 x 80 x 80 cm Galeria Piero Atchugarry - Garzón, Uruguai Complicity #8 glass bubble and steel

as características dos materiais: o vidro soprado “copia”

os relevos das vigas, ajudando a fixá-las em equilíbrio e inserção com a arquitetura do espaço.

O vidro soprado cumpre a função de respiro, coágulo de tempo depositado sobre o que está planejado

industrialmente para a duração (o aço). É também índice de que não há mais gestos absolutos e que

“Tudo que é sólido desmancha no ar”, como nos fez ver o livro de Marshall Berman, de igual título.

A dimensão espaço-temporal da atualidade é extenuante, exige persistência e clareza. Como o vidro ou o cristal.

A fragilidade é enganosa, comprova a peça Cumplicidade #8, em que um pesado cubo de aço pousa uma de suas

arestas sobre um vidro soprado que o sustenta como se

flutuasse no ar. Em outra peça, Cumplicidade #15, bolhas de cristal não só estão na base como se inserem entre

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Cumplicidade #15 2017 bolhas de vidro e vigas de aço 46 x 93 x 45 cm Galeria Piero Atchugarry - Garzón, Uruguai Complicity #15 glass bubbles and steel beams

duas pequenas secções de vigas de aço, tornando absurda a sensação de leveza.

Construção ainda mais arriscada acontece em Athar #3, conjunção improvável entre duas vigas sustentadas em

equilíbrio aéreo por uma bolha de cristal e uma lâmina

de vidro apoiada em uma pedra, no chão. Aqui acontece

um dos momentos de inversão mais radical dos conceitos de resistência dos materiais: é o etéreo vidro que sustenta

as densas peças de aço feitas para suportar grandes pesos.

Vidro ancorado na pedra, como a comunicar céu e terra a sonhos difíceis de sonhar.

As pedras são protagonistas ou coadjuvantes freqüentes

na produção atual do artista. Esse fascínio pelo material o acompanha desde a infância, quando as examinava longamente, de perto, pequenas, entre as mãos.

Há nelas extenso vocabulário de situações de massa

e peso ao mesmo tempo em que proporcionam uma variedade de conceitos para acionar diálogos com o natural. Material identificado com a arte povera,

é índice poderoso de paisagem. Funciona também

como índice de tempo. Na aparente inércia, é atravessada de forças físicas que a fixam no chão e a identificam com os atos de resistência. É ação em potência. Associada ao gesto rápido da mão, pode ser arma e protesto.

Acumulada em grandes quantidades, pode ser abrigo. Os fenômenos naturais, como as pedras, parecem ser

das poucas verdades (quase) imutáveis que dispomos. Túlio Pinto nos faz pensar sobre isto e muito mais,

ao escolher a Arte como uma atitude de investigação do mundo em experiências tão abertas e vivas como os elementos em tensão, potência e risco que reúne para criar suas paisagens mentais do agora.

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pรกginas anteriores | previous pages Athar #2 2018 bolha de vidro e vigas de aรงo 150 x 347 x 347 cm Galeria Piero Atchugarry - Garzรณn, Uruguai Athar #2 glass bubble and steel beams

20 Croqui para Athar #2 Sketch for Athar #2


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Cumplicidade Vetoriais #2 2017 vidro soprado e aรงo 125 x 165 x 27 cm Galeria Piero Atchugarry - Garzรณn, Uruguai Complicity Vectors #2 blown glass and steel


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Croqui para Athar #3 Sketch for Athar #3

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Cumplicidade #12 2016 vidro soprado e mรกrmore 160 x 45 x 60 cm Galeria Piero Atchugarry - Garzรณn, Uruguai Complicity #12 blown glass and marble

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próximas páginas | next pages Cumplicidade vetorial #situação de canto 2018 vidro soprado e aço 223 x 40 x 47 cm Galeria Piero Atchugarry - Garzón, Uruguai Complicity Vector #corner situation blown glass and steel Cumplicidade vetorial #4 2018 bolha de vidro e aço 120 x 130 x 41 cm Galeria Piero Atchugarry - Garzón, Uruguai Complicity Vector #4 glass bubble and steel


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Cumplicidade vetorial #situação de canto 2018 vidro soprado e aço 223 x 40 x 47 cm Galeria Piero Atchugarry Garzón, Uruguai Complicity Vector #corner situation blown glass and steel


Cumplicidade vetorial #4 2018 bolha de vidro e aรงo 120 x 130 x 41 cm Galeria Piero Atchugarry Garzรณn, Uruguai Complicity Vector #4 glass bubble and steel

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Systole and diastole of the landscape Angélica de Moraes

landscape that reintroduces, deconstructs and analyses

2018

with nature.

the current and permanent meanings of our relationship

With minimal means and maximum results, Túlio makes us reflect on the mesh of poetic resignifications, which

can derive from the mechanic of bodies subjected to the

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The immediate perception upon entering the exhibition

principles of Physics. In this sense, he leads us to a strong

from different constructive solutions, converge to make

as a common link between our insertion in the whole

a double virtual movement: diastole and systole,which

antagonism of forces demanding resilience and reaction,

time. Real or virtual lines support weights, are anchored

delicate, provisional, negotiated balances.

transparent surfaces, return or absorb the gaze.

Not by chance, the artist admits that a fair part of the

Every piece refers to an internal game of forces

him during a journey on foot that he underwent in the

absolute, unreachable or ideal horizons, far beyond them,

the artistic residency Sala Taller III at Espacio de Arte

a whole governed by the laws of the universe, which are

the vectors he traced over cartography to simulate the

of Túlio Pinto’s sculptures in Garzón is that all the pieces,

sense of nature and belonging. Earth gravity appears

evident the balanced lines of tension. In this set, there is

of the existence of things, ourselves and the others. An

dilatates and contracts our perception of limits, space and

but also proximity and interaction. An interaction of

on the walls, slide and deform graphic reflexes on

ideas that gave origin to these sculptures first came to

established within themselves, and from them, with

countryside of Uruguay in 2013, when he was part of

conjured from refractions or memories. They are part of

Contemporaneo (EAC, Montevideo). Túlio went trough

also inside us.

prolonging up to the Uruguayan border region of the

In this sense, we can also affirm that in these sculptures

Miguelete).

how it can present, be repositioned and expanded in

This artistic roaming was registered in rapid sketches

one that touches the limits of the horizon and natural

longitude), in field notebooks, almost like a scientific

there is a power of analysis of the landscape genre and

pavilions of what had been once a prison (Cárcel de

contemporaneity. It is a mental, introspective landscape,

of places and their geographic coordinates (latitude and

phenomena. An anti-illusion and anti-narrative

experiment. It was an arduous journey of approximately


1,600 km in three months. ‘I placed my body in the

We can also see an unfolding of this tradition in the glass

he tells.

straight and inclined angles in relation to the planes of

territory and was sculpted by this receiving landscape’,

The sculpture, as paradoxical as it may seem (since it

is usually associated with fixed and immutable things), may be one of the most eloquent tools to think about

the fluid, fast and contingent characteristics of the world today. Upon breaking the tradition that pointed to the

stable forms that aimed at the eternal, it reinvented itself in the construction and deconstruction derived from the Russian vanguards of the beginning of the 20th century. He arrives in the second decade of the 21st century in a fertile dialogue with this tradition, expanding it.

Túlio Pinto’s work is inserted in this timeline with rich

and efficient dialogues. One example is his concise and

sheets Nadir x, y, z, which Túlio spreads in the space in

the wall and the ground. A system established solely by

the pressure of the rope tensed over the sides of the glass, using weights and counterweights radiating from

a group of rocks. This way, he creates a set of straight and virtual lines (the thickness of the glass and the

shadow of the rope). Almost like sundials, the pieces

constitute entrapments for the natural light that floods the place and draws shadows/clock arms on them. A situation, which, as a matter of fact, potentializes the

entire exhibition with several possible understandings

of the spatiality of the surroundings, transformed by the

shadows/lines, which, as the hours go by, flow and project itself on one and another piece, crossing it.

very subtle piece Vetoriais: situação de canto (Vectors: corner

In the constructive sculpture produced in Brazil, there

a bubble of blown glass against an angle on the wall.

Túlio’s contribution to this visual expression. Maybe the

situations), in which a vertical steel beam compresses

There is an original reinterpretation of the lessons of the

Russian sculptor Vladimir Tatlin. He, on his turn, echoed in the sculpture Corner counter-relief (1915) the Russian tradition of placing in angles on the wall the religious

icons for home worshiping. Something also evoked by

Malévitch when he put his Black Square (also from 1915)

are also points of contact that can help understand

most emblematic in this is observing how the cutting and folding of the corten steel by Amilcar de Castro

identifies a time in which the definitive gestures still fit a world that had not put in check, like now, how much we are subjected to the fluctuation of the moment.

high on the top of another angle between walls in the

Túlio’s piece Athar #2 seems to call our attention to the

History books.

contemporaneity. There are no heroic or permanent

famous solo exhibition, which included him in the Art

change in the perception of time, which takes place in gestures anymore. The corten steel now appears in

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three beams, which keep its original industrial shape.

most radical moments of inversion of material resistance

the balance among them when inserting a blown glass

pieces of steel made to withstand heavy weights.

The intervention of the artist sums up to articulate

bubble in the superior angle of the tripod and anchor its inferior extremities to the walls. Once more it is proven

The rocks are frequently the main or the secondary

characteristics of the materials: the blown glass ‘copies’

This fascination for the material has been constant

here the artistic gesture in total connection with the

the beams reliefs, helping anchor them in balance and insertion with the architecture of the space.

The blown glass fulfills the function of breathing, a time clot deposited over what is industrially planned to last

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takes place: it is the ethereal glass that supports the dense

materials in the artist’s current production.

since his childhood, when he would examine them long and closely, small in his hands. There is an extensive

vocabulary of situations of mass and weight in them, at the same time in which they provide a variety of

concepts to set in motion dialogs with the natural.

(the steel). It is also an index that there are no more

A material identified with the arte povera, it is a powerful

air’, as the book of equal name by Marshall Bernan made

In the apparent inertia, it is crossed by physical forces

absolute gestures and that ‘All that is solid melts in the

us see. The current space-time dimension is grueling; it

demands persistence and clarity. Such as glass or crystal. The frailty is deceiving, as attests the piece Cumplicidade #8 (Complicity #8), in which a heavy steel cube rests one

of its edges on a blown glass that supports it as if floating

index of the landscape. It also works as an index of time. that fixed it to the ground and identify it with acts of

resistance. It is a potential action. If associated with a fast hand gesture, it can be a weapon and a demonstration. If collected in large quantities, it can be a shelter.

on air. In another piece, Cumplicidade #15 (Complicity

The natural phenomena, such as rocks, seem to be

inserted between two small sections of steel beams,

Túlio Pinto makes us think about this and much more

#15), crystal bubbles are not only at the base, but also making absurd the sense of lightness.

An even riskier construction takes place in Athar #3, an

unlikely conjunction between two steel beams supported in an aerial balance by a crystal bubble and a glass sheet

resting on a rock on the ground. This is when one of the

one of the few (almost) immutable truths we have.

when choosing Art as an act of investigation of the world in such open and vivid experiences like the elements in

tension, potency and risk, which he gathers to create his mental landscapes of the now.


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ESCULTURAS E PROJETOS | SCULPTURES AND PROJECTS

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Nadir # Norte - Leste 2016 performance (performer: Diego Passos) traje de corda, relógio, lâminas de vidro, pedras e areia Festival Mais Performance - Oi Futuro - Rio de Janeiro/Brasil curadora/curator: Caroline Menezes Nadir # North - East Rope suit, clock, glass blade, stones and sand

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63 Transposição 2012 6.000 blocos de concreto, 3 carrinhos de mão, 1 habitação temporária, 2 espaços públicos e tempo Praça da Alfândega e Galeria Augusto Meyer Porto Alegre/Brasil Transposition 6,000 concrete blocks, 03 wheelbarrows, 01 temporary housing,2 public spaces and time


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Angélica de Moraes

CONJUGAÇÃO DE FORÇAS 2016

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Túlio Pinto constrói sua obra estabelecendo tensões que desafiam a lei

da gravidade e instauram equilíbrio, conjugando materiais de naturezas e comportamentos opostos. É assim que ele sente e traduz o pulso do mundo das coisas para refletir (também) sobre o mundo das relações

humanas. Um jogo ambíguo que, a uma primeira leitura, pode parecer

circunscrito às combinações formais nascidas da herança construtivista

brasileira ou do minimalismo internacional. A um segundo olhar é que

emerge a percepção de que, para além da tradição (que o artista refere e expande com competência e rigor), há uma poética autoral consistente, subvertendo o estabelecido. Para apontar urgências mais do que nunca atuais: o território movediço e utópico da harmonia entre contrários. O jovem artista multimeios (formou-se na universidade em 2009) é extremamente focado e prolífico. Despontou com força no circuito artístico do Brasil no final da primeira década deste século, com

esculturas em que frágeis bexigas coloridas, infladas de oxigênio, se opunham a espessas placas de concreto. Algo ali parecia respirar,


Tempo - ciclo de 31 dias 2010 Bloco de concreto e balão 160 x 63 x 60 cm Time - 31-day cycle Concrete block and balloon

Waiting room 2014 doze cadeiras e gelo dimensões variáveis IZOLYATSIA. Platform for Cultural Initiatives - Donetsk, Ucrânia Waiting room twelve chairs and ice

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esgotar-se lentamente em suspiro. Respiração agônica, que nos

Areia de castelos de areia, metáfora ancestral do sonho. Areia de

imersos em pesadas estruturas do viver.

de 1,60 metro de lado conjugada a uma lâmina de vidro que o

remetia a nossa própria respiração de urbanóides, cercados e

Essa respiração das coisas ampliou-se gradualmente,

anexando o léxico de outros materiais. As bexigas de gás

cederam lugar ao vidro soprado. As vigas de concreto foram substituídas por vergalhões de ferro ou blocos de madeira.

Cabos de aço e faixas de tecido passaram a unir e estabelecer equilíbrios contingentes a esses elementos. Faces de sólidos

geométricos ganharam a inserção oblíqua de lâminas de vidro ou, em gesto ainda mais radical, cubos ou triedros de areia (sílica).

Assim, sempre fiel à natureza dos materiais, Túlio passou a utilizar

risco construtivo. Foi com um enorme cubo de areia molhada

artista enfrentou uma de suas apostas mais arriscadas. Durante

a montagem da peça, para individual na Baró (São Paulo, 2013) o sólido de areia colapsou em grumos no chão. Refazer? Nada

disso. Em atitude emblemática de seu processo de trabalho Túlio simplesmente incorporou o acidente à obra, que cresceu em

eloquência. “O abismo me interessa, especialmente o abismo dos

limites da resistência dos materiais”, observa o artista. “O risco e o

acaso são elementos do meu trabalho assim como estão presentes na nossa vida. Se estamos atentos, eles nos apontam caminhos”.

o componente primordial para a fabricação do vidro.

O equilíbrio instável feito de dualidades opostas pode incorporar

irrepreensíveis.

Foi assim que o artista criou Trajetórias Ortogonais: articulando

Um amplo vocabulário para uma obra de coesão e nexos

um terceiro elemento: a inserção no espaço arquitetônico.

blocos de madeira mantidos em suspensão apenas pela força da


Trajetórias ortogonais 2009 blocos de concreto e cubos de madeira dimensões variáveis Atelier Subterrânea - Porto Alegre, Brasil Orthogonal Trajectories Concrete blocks and wooden cubes Dispositivo Temporário #2 2009 cadeiras e balão dimensões variáveis Atelier Livre - Porto Alegre, Brasil Temporary Device #2 chairs and balloon

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Situação de Encontro 2013 6 toneladas de areia e lâmina de vidro dimensões variáveis Meeting situation 6 tons of sand and glass blade


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Práticas de reconhecimento e algumas aproximações 2012 canteiros, hortaliças e balões dimensões variáveis Museu da Sustentabilidade – Praça Victor Civita - São Paulo, Brasil Recognition practices and some approximations Flower beds, greenery and balloons

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gravidade e das tensões entre paredes, teto e chão.

experiências que, como ocorreu quando realizava residência em

e sua La Scultura Che mangia (A escultura que come), de 1967,

que ele denomina de “agenciamentos escultóricos mentais”.

Ou, em inteligente remissão à arte povera de Giovani Anselmo a criação da instalação Práticas de reconhecimento e algumas

Phoenix (Arizona, EUA; 2015), envolvem também deslocamentos

aproximações (2012): caixotes com canteiros de verduras

São experiências processuais que tanto podem traduzir-se em

período expositivo, parte da obra foi servida na forma de salada

feita a pé como em performances e vídeos. Foi assim que realizou

comestíveis que pressionavam bexigas de látex. Ao final do

aos visitantes, refazendo o arco de referências entre arte e vida, orgânico e inorgânico.

Com crescente inserção no circuito internacional e repertório arejado em diversas residências artísticas no exterior,

Túlio Pinto cada vez mais desponta em exposições individuais que confirmam sua solidez de propósitos e resultados.

Foi assim na nova individual realizada na Baró Galeria (2016) em que ampliou ainda mais o escopo de sua poética.

Assim, constrói uma trajetória nutrida do risco e do desafio de

minuciosas anotações em diários de campo de uma longa viagem o vídeo Unicórnio (2016), em que perambula por formações

rochosas das Superstition Mountains (Arizona, EUA), durante residência artística em Phoenix (2015). Em Unicórnio, Túlio

reverbera a tradição surrealista sem cortar o cordão umbilical

(bexigas de gás hélio) com que costura boa parte de sua produção. Elas funcionam, então, como grafismos de cor no espaço.

Ou assinalam um desatar de percepções irremediavelmente

expulsas de um abrigo (útero?), deslocadas em geografia inóspita.


UnicĂłrnio 2015 still do vĂ­deo Superstition Mountains, Phoenix, USA Unicorn still from video

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Linha de Terra # 7 – uma questão de estação 2014 aço e cubo de gelo 275 x 300 x 275 cm IZOLYATSIA. Platform for Cultural Initiatives - Donetsk, Ukraine Land Line # 7 – a seasonal issue steel and ice

Para o que ficou, é uma questão de tempo 2014 alcatrão, neve e mesa IZOLYATSIA. Platform for Cultural Initiatives - Donetsk, Ukraine For what’s remained, it’s a matter of time tar, snow and table

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Unicórnio ou minotauro? De qualquer modo, são personagens

na criação é mesmo o medo: “O medo me instiga, me desafia, me

avesso, apontar o único caminho possível para suportar o estar no

a fundura e o risco. O abismo surge quando o material mostra sua

mitológicos a sublinhar a inadequação do humano ou, pelo seu

mundo: o exercício do desejo e do sonho para além das asperezas do horizonte e da razão.

fascina como um abismo em que preciso chegar na borda para olhar potência, que às vezes a gente desconhece e só descobre quando tira do uso habitual e abre uma tangente, um espaço para o imprevisto”.

Também interessa ao artista explorar matérias que transitam entre

Túlio se interessa por todos os materiais contingentes, mutáveis,

o gelo, fornece elementos para adensar sua poética. Ou alcatrão.

natureza mesma do escultor não fosse a já longa tradição nascida da

o sólido e o líquido. Até o mais contingente de todos os materiais, O vidro, vale lembrar, também escorrega e empoça, embora a uma

velocidade tão lenta que só pode ser percebida ao longo de séculos. Para sublinhar, talvez, o instante mutável que nós também somos.

Túlio surpreendentemente admite não ter sido um aluno aplicado de Física, embora tenha evidente fascínio pelo assunto. Nas peças maiores e mais arriscadas, recorre a um engenheiro calculista de estruturas. Coisa rara, porém. Confessa que seu principal aliado

provisórios. Algo que, de imediato, poderia parecer avesso à

costela do construtivismo russo. Não costuma usar as ferramentas tradicionais de seu ofício. Não esculpe nem modela formas. Ele as obtém após estabelecer um convívio instável entre coisas de

pesos, densidades e dimensões diversas. Conjuga diferenças em

um resultado escultórico cheio de frescor e inventividade. O alvo

constante, frisa o artista, “é a materialização do invisível: a força da

gravidade. Algo que a gente sente mas não vê, apesar dela subjugar tudo e todos no mundo inteiro”.


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Time Cut - primeiro, segundo e terceiro movimento 2014 alcatrão e aço IZOLYATSIA. Platform for Cultural Initiatives - Donetsk, Ukraine Time Cut - first, second and third move tar and steel


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Retângulo #3 2018 vidro, barra de aço e mármore 263 x 90 x 115 cm Baró Galeria - São Paulo, Brasil Rectangle #3 glass, steel bar and marble


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Athar #5 | 2018 viga de aรงo e vidro soprado 780 x 260 x 173 cm Barรณ Galeria - Sรฃo Paulo, Brasil Athar #5 steel beam and blown glass

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Cumplicidade #16 2018 viga de aรงo e vidro soprado 98 x 120 x 165 cm Pinacoteca Rubem Berta - Porto Alegre, Brasil Complicity #16 steel beam and blown glass

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páginas anteriores | previous pages Abismos #2 2018 mesa, corda, vidro e pedras 205 x 80 x 350 cm Pinacoteca Rubem Berta | Porto Alegre, Brasil Abyss #2 table, rope, glass and stones

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Cumplicidade #16 2018 vigas de aço e vidro soprado 98 x 120 x 165 cm Complicity #16 steel beams and blown glass

próximas páginas | next pages Athar #1 2017 vigas de aço e vidro soprado | 300 x 180 x 150 cm Fundação Vera Chaves Barcellos - Porto Alegre, Brasil Athar #1 steel beams and blown glass


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Cumplicidade # 18 2018 viga de aรงo e vidro 29 x 25 x 67 cm Complicity # 18 steel beam and glass


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Compensação #3 2013 Cubos de aço e lâmina de vidro 250 x 130 x 200 cm Compensation #3 Steel cubes and glass blade

Retângulo # 2 2018 vidro e aço 213 x 85 x 62 cm Rectangle # 2 glass and steel

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páginas anteriores | previous pages Prenúncio 2017 bolha de vidro, pedra e corda 180 x 80 x 25 cm Presage glass bubble, stone and rope Retângulo 2016 bolha de vidro, pedra e corda 155 x 70 x 35 cm Rectangle glass bubble, stone and rope

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Linha de Terra #9 2017 aço, pedra e vidro 165 x 165 x 215 cm Land Line #9 Steel cube and glass


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Linha de Terra #2 2013 cubo de aço e vidro 154 x 100 x 130 cm Land Line #2 Steel cube and glass slide

Nadir #13 2016 Lâminas de vidro, pedras e corda 200 x 160 x 220 cm Nadir #13 glass blade, stones and rope


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páginas anteriores | previous pages Escaleno 2018 vidro e barra de aço 151 x 102 x 90 cm Scalene glass slides and steel bar Linha de Terra #3 2013 Aço corten e lâmina de vidro 275 x 300 x 275 cm Land Line #3 Corten steel and glass blade

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Nadir #8 2014 escada de aço, lâmina de vidro, pedras, e corda 204 x 260 x 80 cm Nadir #8 steel ladder, glass blade, stones and rope


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Nadir x, y, z 2017 lâminas de vidro, pedras, areia, corda Humo Gallery - Zurich, Switzerland Nadir x, y, z glass blade, stones, sand and rope

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próximas páginas | next pages Nadir #Escaleno 2016 foto performance (performer: Diego Passos) traje de corda, lâmina de vidro e pedra Nadir #Scalene photo performance (performer: Diego Passos) Territórios 2013 cadeiras, mesa, blocos de concreto, vidro e cabo de aço 131 x 100 x 200 cm Territories chairs, table, glass slide, concrete blocks and steel cable


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Vetoriais #5 2018 vigas de aço e lâminas de vidro 142 x 275 x 220 cm Vectors #5 steel beams and glass slides


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Nadir #13 2016 Lâminas de vidro, pedras e corda 200 x 160 x 220 cm Galeria Rosenfeld Porcini, Londres/Inglaterra Nadir #13 glass blade, stones and rope


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Linhas 2014 balões e gás hélio dimensões variáveis Kromhout Museum - Amsterdã, Holanda Lines balloons and helium gas

Objectual 2014 balões e gás hélio dimensões variáveis Praça dos Museus - Amsterdã, Holanda Objectual balloons and helium gas

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Cumplicidade #10 e #11 2016 aço corten 325 x 360 x 266 cm e 330 x 150 x 290 cm Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil Complicity #10 and #11 corten steel


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Linha de Terra #8 2017 aรงo corten e mรกrmore 218 x 142 x 165 cm Land Line #8 corten steel and marble


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Confidentes 2011 cubos de madeira (50 x 50 x 50 cm cada) e tecido dimensĂľes variĂĄveis Traneudstillingen Exhibition Space - Copenhagen, Dinamarca Confidants wooden cubes and tissue


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Diagonal 2011 Blocos de concreto (150 x 30 x 10 cm cada) e tecido dimensões variáveis MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto - Ribeirão Preto, Brasil Diagonal Concrete blocks and fabric

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Vetoriais - 27 unidades 2009 vidro e fita adesiva dimensões variávies Atelier Subterrânea - Porto Alegre, Brasil Vectors - 27 units glass and adhesive tape

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SilĂŞncio 2011 135 x 470 x 510 cm tecido e blocos de concreto Silence fabric and concrete blocks


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A Conjugation of Forces Angélica de Moraes 2016

agonic breath, which reminded us of our own urbanite breathing, surrounded and immersed in heavy living

structures. This breathing of things gradually enlarged to include the lexical of other materials. The gas

balloons gave way to blown glass. The concrete beams were replaced by iron rebars or wood blocks.Steel

cables and fabric bands started to unite and establish Túlio Pinto builds his artwork by establishing tensions that defy the law of gravity and provide balance, using

materials of opposing nature and behavior. This is how he feels and translates the pulsation of the world of things to be reflected (also) in the world of human

relations. An ambiguous game, which, in a first reading may seem circumscribed to the formal combinations 128

that were born from the Brazilian constructivist inheritance or the international minimalism.

A second analysis, though, brings the perception that,

beyond tradition (which the artist makes referenceto and

competently and rigorously expands), there is a consistent authorial poetics, which subverts the already established. It indicates urgencies that remain current: the shifting and utopic territory of harmony among opposition. The multimedia young artist (he graduated from

college in 2009) is extremely focused and prolific. He rose in the Brazilian artistic field at the end of the

2000s, with sculptures in which colored balloons were

opposed to thick concrete plates. Something seemed to breathe there, though slowly draining into a sigh. An

a contingent balance for these elements. Faces of

geometric solids had an oblique insertion of glass

sheets or, a more radical gesture, sand (silica) cubes or

trihedrals. Thus, faithful to the nature of the materials, Túlio started to use the primordial component in

making glass. A wide vocabulary for a body of work of irreproachable cohesion and nexus.

Sand for sand castles, an ancestral metaphor for dreams. Sand of constructive risk. It was with an enormous cube of wet sand (1.60 m of side),connected to a glass sheet, that the artist faced one of his riskiest bets. During the assembly of the piece for an individual exhibition at

Baró Gallery (São Paulo, 2013), the sand cube collapsed in lumps on the floor. Reassemble it? No way. In an emblematic behavior of his working process, Túlio

simply incorporated the accident to the piece, which

grew in eloquence. ‘The abyss fascinates me; especially

the abyss of limits ofresistance for materials,’ the artist

notes. ‘Risk and chance are elements in my work, in the same way that they are present in our lives. If we pay attention, they show us the way’.


The unstable balance made of opposing dualities

Those are procedural experiences that may be translated

the architectonic space. This is how the artist created

undertook on foot or into performances and videos.

may incorporate a third element: the insertion of Trajetórias Ortogonais (Orthogonal Trajectories):

articulating wood blocks that were suspended merely due to the force of gravity and the tensions between

walls, ceiling and floor. Or, in an intelligent reference to

Giovani Anselmo’s Arte Povera and his La Scultura Che Mangia (‘The sculpture that eats’), from 1967, he created the installation Práticas de reconhecimento e algumas

aproximações (‘Recognition practices and some approaches), from 2012: boxes containing eating vegetable beds

pressuring latex balloons. In the end of the exhibition period, part of the piece was served as salad to the

visitors, recreating the arch of references between art

into detailed notes in thejournal of a long journey he

This is how the video Unicórnio (Unicorn), from 2016, came to be. In this video, he wanders amongst rock

formations at the Superstition Mountains in Arizona, during his artistic residence in Phoenix (2015). In

Unicórnio, Túlio reverberate the surrealist tradition

without cutting the umbilical cord (helium gas-filled

balloons) that he uses to tailor most of his production. They function, then, as colored graphisms in space.

Or they signal an unfolding of perceptions that have

been irremediably expelled from a shelter (the uterus?), displaced in an inhospitable geography.

and life, organic and inorganic.

Unicorn or Minotaur? In any case, these are

With an increasing insertion in the international circuit

of humans or otherwise to show the only way possible

and a fresh repertoire in several art residencies abroad, Túlio Pinto’s presence in individual exhibitions is also

increasing, thus confirming his solidity of purposes and results.

mythological characters that highlight the inadequacy

to stand being in the world: the exercise of wishing and dreaming beyond the roughness of the horizon and reasoning.

This was the case for the individual exhibition that

The artist is also interested in exploring materials

broadened his poetics even further.He constructs a

contingent of all materials, ice, supplies elements to

took place at Baró Gallery (2016), in which he

journey that is filled with the risk and the challenge

of experiences, which, in the same way that happened

when he was residing in Phoenix (Arizona, 2015),also involve displacements that he calls ‘mental sculpting intermediations’.

that move between solid and liquid. Even the most

make his poetics denser. Or tar. Glass, it is of notice, also slips and makes puddles, although at a speed so

slow that can only be perceived after centuries. Perhaps to highlight the changeable instant we all are.

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Túlio surprisingly admits he was not a good student

of physics, although he is evidently fascinated by the

subject. In the larger and riskier pieces, he asks for the support of a structure engineer with the calculations.

This is rare, though. He confesses that his main ally in

creating the pieces is fear: ‘Fear instigates and defies me. It fascinates me like an abyss. I need to get to the edge

and look down to see how deep and risky it is. The abyss appears when the material shows its potential, which is sometimes unknown, and we only discover such

potential when we use the material in a different way, creating a tangent, a space for the unforeseen’.

Túlio is interested in all contingent, changeable, 130

temporary materials. Something that could immediately seem opposed to the nature of the sculptor, if it were

not for the long tradition that comes from the Russian Constructivism. He does not customarily use the

traditional tools in his pieces. He does not sculpt, nor

shape anything. He obtains the pieces after establishing an unstable interaction with different things such as weight, density and dimension. He transforms

differences into a sculpting result that is fresh and

inventive. The constant target, the artist reinforces, ‘is

the materialization of the invisible: the force of gravity.

Something we feel, but do not see, despite the fact that it overpowers all and everyone in the world.’


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Túlio Pinto é formado em artes visuais com ênfase em escultura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (2009). Vive e trabalha em Porto Alegre. Entre suas exposições, destacam-se Athar (Piero Atchugarry Gallery, Garzón/Uruguai, 2018); Ground Control (Humo Gallery, Zurich/Suíça, 2017); Azul e Unicórnio (Galeria Baró, São Paulo, 2016); Onloaded: Túlio Pinto (Phoenix Institute of Contemporary Art – PhICA, Phoenix/EUA, 2015); Bienal de Vancouver (Vancouver/Canadá, 2014); De Territórios, Abismos e Intenções (Projeto RS Contemporâneo - Santander Cultural, Porto Alegre, 2013); CEP: Corpo, Espaço e Percurso (Galeria IFRN, Natal, 2013); Ground (Galeria Baró, São Paulo, 2013); Salvaje – Digesting Europe Piece by Piece (Traneudstillingen Exhibition Space, Copenhagen/Dinamarca, 2012); Transposição (Galeria Augusto Meyer - Casa de Cultura Mario Quintana, Porto Alegre, 2012); Nova Escultura Brasileira (Caixa Cultural Rio de Janeiro, 2011), entre outras.

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Túlio recebeu os seguintes prêmios: Nomeado para o prêmio EFG/Artnexus’s Latin America Art Award 2018; Prêmio Aquisição - 65º Salão Paranaense – Museu de Arte Contemporânea do Paraná – MAC/PR (Curitiba, 2014); 13º Prêmio Aquisição - Salão Nacional de Arte de Itajaí (Itajaí, 2013); Prêmio ARTIGO Rio, 2013 – Programa Artista em Residência ARTIGO Rio/ARTTOWN – Amsterdã, Holanda; 9ª Rede Nacional Funarte, 2013 - CEP: Corpo, Espaço e Percurso – Brasil; Prêmio Energisa Artes Visuais 2011-2012 ( João Pessoa); Prêmio Aquisição – Salão de Arte do Mato Grosso do Sul, 2011; 35º Prêmio Aquisição Leonello Berti – SARP (Ribeirão Preto, 2010); IV Prêmio Açorianos de Artes Visuais – Destaque em Escultura (Porto Alegre, 2009). Seus trabalhos fazem parte das seguintes coleções: Coleção Ca.Sa (Santiago - Chile); Grupo Iguatemi; Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, UFCSPA (Porto Alegre – Brasil); Phoenix College Art Collection (Phoenix, Arizona-EUA; Mesa Community College Gallery (Mesa, Arizona-EUA); Senac-SP (São Bernardo do Campo); Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba); Fundação Cultural Itajaí (Itajaí); Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto); Usina Cultural Energisa ( João Pessoa); Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (Porto Alegre); Marco – Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande (Campo Grande); Museu Nacional de Brasília (Brasília); Museu de Arte de Ribeirão Preto (Ribeirão Preto); Pinacoteca Municipal Aldo Locatelli (Porto Alegre). Túlio também possui obras em coleções particulares no Brasil, Peru, Argentina, Uruguai, EUA, Canadá, Portugal, Espanha, Itália, França e Bélgica. Nos últimos três anos, ele manteve residências artísticas em países como Espanha, Ucrânia, Canadá, Portugal, Estados Unidos, Inglaterra, Uruguai e Holanda.


Túlio Pinto holds a degree in visual arts with an emphasis in sculpture from the University Federal University of Rio Grande do Sul - UFRGS (2009). Lives and works in Porto Alegre. Among his exhibitions are Athar (Piero Atchugarry Gallery, Garzón/Uruguay, 2018); Ground Control (Humo Gallery, Zurich/Switzerland, 2017); Blue and Unicorn (Baró Gallery, São Paulo, 2016); Onloaded: Túlio Pinto (Phoenix Institute of Contemporary Art - PHICA, Phoenix/USA, 2015); Vancouver Biennale (Vancouver/Canada, 2014); From Territories, Abysses and Intentions (Contemporary RS Project - Santander Cultural, Porto Alegre, 2013); CEP: Body, Space and Route (IFRN Gallery, Natal, 2013); Ground (Baró Gallery, São Paulo, 2013); Digesting Europe Piece by Piece (Traneudstillingen Exhibition Space, Copenhagen, Denmark, 2012); Transposition (Galeria Augusto Meyer - Casa de Cultura Mario Quintana, Porto Alegre, 2012); New Brazilian Sculpture (Caixa Cultural - Rio de Janeiro, 2011), among others. Túlio received the following awards: Nominated to the EFG / Artnexus’s Latin America Art Award 2018; Acquisition Prize - 65th Paranaense Saloon - Museum of Contemporary Art of Paraná - MAC / PR (Curitiba, 2014); 13th Acquisition Prize - Itajaí National Art Saloon (Itajaí, 2013); ARTIGO Rio Award, 2013 - Artist in Residence Program ARTIGO Rio / ARTTOWN - Amsterdam, The Netherlands; 9th National Funarte Network, 2013 - CEP: Body, Space and Course - Brazil; Energisa Visual Arts Award 20112012; Acquisition Award - Art Saloon of Mato Grosso do Sul, 2011; 35th Acquisition Award Leonello Berti SARP (Ribeirão Preto, 2010); IV Açorianos Prize of Visual Arts - Featured in Sculpture (Porto Alegre, 2009). His works are part of the following collections: Collection Ca.Sa (Santiago - Chile); Iguatemi Group; Federal University of Health Sciences of Porto Alegre, UFCSPA (Porto Alegre, Brasil); Phoenix College Art Collection (Phoenix, Arizona-USA); Community College Gallery (Mesa, Arizona-USA); Senac-SP (São Bernardo do Campo, Brasil); Museum of Contemporary Art of Paraná (Curitiba, Brasil); Itajaí Cultural Foundation (Itajaí, Brasil); Figueiredo Ferraz Institute (Ribeirão Preto, Brasil); Cultural Plant Energisa ( João Pessoa, Brasil); Museum of Contemporary Art of Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Brasil); Marco - Museum of Contemporary Art of Campo Grande (Campo Grande, Brasil); National Museum of Brasilia (Brasilia, Brasil); Art Museum of Ribeirão Preto (Ribeirão Preto, Brasil); Pinacoteca Municipal Aldo Locatelli (Porto Alegre, Brasil). Túlio also has works in several private collections in Brasil, Peru, Argentina, Uruguay, USA, Canada, Portugal, Spain, Italy, France and Belgium.

Over the past three years, he has held artistic residencies in countries such as Spain, Ukraine, Canada, Portugal, United States, England, Uruguay and the Netherlands.

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Agradecimentos | Acknowledgments Gostaria de agradecer em primeiro lugar à Lucia Magali Mangeon dos Santos Pinto e José Eurico de Andrade Neves Pinto, meus pais e maiores incentivadores! À Galeria Piero Atchugarry pelo apoio e parceria na realização deste projeto. À Galeria Baró pela confiança e cumplicidade nessa caminhada e a todos os colecionadores, curadores e instituições que acreditam e apoiam aquilo que é o resultado do meu diálogo com o mundo.

I would like to thank Lucia Magali Mangeon dos Santos Pinto and José Eurico de Andrade Neves Pinto, my parents and greatest supporters! To Piero Atchugarry Gallery for the support and partnership in the accomplishment of this project. To Baró Gallery for the trust and complicity in this journey and all the collectors, curators and institutions that believe and support what is the result of my dialogue with the world.

Realização | Promoted by

Apoio | Support


Créditos | Credits Autor | Author Túlio Pinto

Texto | text Angélica de Moraes

Design gráfico | graphic design Guilherme Dable

Tratamento de imagens | image processing Anderson Astor

Revisão | Proofreading Lucia Magali Mangeon dos Santos Pinto Tradução | translation Roberta Martins - Palavras em Contexto Editora | Publisher Pubblicato Fotografia | Photography Anderson Astor: p. 16, 38, 58, 59, 60, 61, 81, 82, 83, 86, 87, 104, 112, 122, 123 | Bon Wongwannawat:

91, 95, 102 | Christine Cassano: p. 69 | Coletivo Clap: p. 54, 55, 56, 57 | Diego Santovito: p. 84, 85, 96, 105, 107 | Edouard Fraipont: p. 76, 77, 78, 79, 80 | Felipe Censi: p. 66, 67, 90, 99 | Gui Gomes:

p. 93 | Lorena Larriestra e Nicolás Vidal: 4, 5, 9, 11, 12, 14, 15, 17, 18, 20, 22, 23, 24, 25, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 39, 40, 44, 45, 47, 48, 49, 53, 128 | Luke A. Walker: p. 108 | Maiia Saienko: p. 74, 75 |

Marcos Cimardi: p. 114, 127 | Túlio Pinto: p. 10, 19, 21, 26, 27, 36, 41, 42, 43, 46, 63, 65, 68, 70, 71, 72, 73, 88, 92, 98, 110, 111, 116, 117, 119, 120, 121





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