CIDADE anรกlise
O BALNEÁRIO DE ÁGUAS DA PRATA ARQUITETURA - CIDADE - MEMÓRIA
JúliaTampellini Biá Pimenta - São Paulo, 2019. Trabalho Final de Graduação (TFG) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Orientação: Profª Drª Beatriz Mugayar Khül. Orientação metodológica: Profª Drª Klara Anna Maria Kaiser Mori.
SOBRE ESTE CADERNO Este caderno corresponde a um dos três volumes que analisam o Balneário de Águas da Prata (ou Balneário Teotônio Vilela), em três períodos distintos: as décadas de 1970, 2000 e 2010. Nele serão definidas as diretrizes de intervenção urbanística que embasarão a proposta final de restauração do complexo.
Leia os volumes na ordem desejada.
ÁGUAS DA PRATA, ESTÂNCIA HIDROMINERAL
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Águas da Prata, local em que se situa o Balneário Teotônio Vilela, é uma cidade paulista localizada a 238 km da capital. Por fazer divisa com Poços de Caldas, importante pólo turístico de Minas Gerais, a cidade é um necessário local de passagem e trânsito de pessoas rumo a esse destino. Além disso, em função da diversidade natural, da pungente presença de cachoeiras, das trilhas e das fontes cujas águas são de qualidade ímpar, atrai muitos ciclistas, motociclistas e turistas de diversas regiões do país, sem contar o fato de que a cidade integra o Caminho da Fé, tornando-se ponto de passagem de inúmeros peregrinos. Constituindo-se em um dos 11 municípios considerados Estâncias Hidrominerais pelo Governo do Estado de São Paulo, Águas da
O BALNEÁRIO DE ÁGUAS DA PRATA
CIDADE
Por esses motivos, o complexo projetado por Toscano reforçou o reconhecimento da cidade de Águas da Prata como a “Vichy brasileira”, status conferido desde a década de 1870, quando o teor bicarbonatado das fonA partir da leitura de importantes documen- tes d’água foi comprovado. tos oficiais, jornais, revistas e planos diretores feitos para a cidade, tal como o Programa de Ainda, o edifício que ocupa cerca de 8 mil Urbanização para a Estância de 1946(2), é metros quadrados está localizado em meio possível concluir que o imaginário das águas a 13 mil metros quadrados de uma área de sempre esteve presente com significativo preservação ambiental, parte do Bosque Mupeso nas decisões e nas políticas públicas re- nicipal de Águas da Prata, próxima ao centro lativas ao município de Águas da Prata, mes- urbano histórico da cidade. mo que atenuado nas décadas mais recentes. Vale situar que, a partir do Decreto Estadual Trabalha-se com a hipótese de que esse é um 63.454, de 05 de junho de 2018(3), foi criaargumento convincente para dialogar com o do o Parque Estadual de Águas da Prata em poder público no contexto atual, no sentido parte da área da Reserva Estadual de Águas de viabilizar a reativação do importante Bal- da Prata, inserida nas áreas da Fazenda do neário, edifício implantado na porta de en- Estado de São Paulo, decisão importante trada de Águas da Prata, cartão postal ainda para conservar e proteger a vegetação nativa valioso para os moradores e turistas. e as fontes de águas com características radioativas do município. O Balneário foi construído nos anos 70, em uma época de muita valorização do uso das Torna-se oportuno “colocar a questão do águas minerais como forma de tratamento projeto do Balneário dentro de um contexto de saúde e num momento histórico no qual a urbano, capaz de vir a se constituir em centro indústria farmacêutica não era popular e não comunitário perfeitamente integrado à cidaatingia a maioria da população. de”(4) e à natureza, tornando-o um núcleo de referência para quem vive e para quem cheComo cada uma das oito fontes d’água existen- ga no local, com capacidade para dinamizar tes no perímetro urbano da cidade possui ca- toda a malha urbanística em seu entorno. racterísticas distintas, as suas propriedades podem auxiliar no tratamento de dores crônicas, Considera-se, portanto, desde o momento problemas digestivos, alergias, dentre outros. de sua idealização, que eram muitas as persPrata ganha status que lhe garante uma verba maior para promoção do turismo regional(1), dado fundamental para o desenvolvimento desta pesquisa.
Foto do cabeçalho: Acervo Antonio Carlos R. Lorette (1) Wikipedia. Águas da Prata. (2) Secretaria da Educação e Saúde Pública, 1946. (3) SÃO PAULO, Estado de. Decreto-Lei nº 63.454, de 05 de junho de 2018. (4) ACRÓPOLE, 1971, p. 25.
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pectivas em relação ao impacto urbano a ser em três diferentes contextos: 1974, 2006 e causado pelo Balneário. 2019. As datas são significativas para a análise, pois marcam momentos importantes Todas essas perspectivas apontavam para da história do Balneário, imprimindo força a estreita ligação entre o desenvolvimento ao argumento de que a presença do edifício econômico da cidade e o aproveitamento efetivamente contribuiu para o desenvolvidos recursos naturais e hidrominerais locais. mento urbano local, bastante impulsionado pelas dinâmicas do turismo. Como expresso no artigo da Revista Acrópole, escrito em 1971 e referenciado ante- Como será descrito na sequência de mapas, riormente, “com essa iniciativa, novas pers- de 1974, quando da abertura do complexo, pectivas se abrirão para o estabelecimento até 2019, quando o edifício se encontra progressivo de instalações hoteleiras, insta- completamente abandonado e desativalações de serviços pessoais como teatros, ci- do, não por mera coincidência, nota-se o nemas, clubes, manicures, guias, intérpretes fechamento parcial ou total da maioria e implantação de um comércio diversificado dos hotéis da cidade. Enfatiza-se, ainda, com a manutenção e desenvolvimento do a carência de espaços de difusão cultural, artesanato típico da região”. artística e educacional no centro urbano, alternativas e meios de sociabilidade para Sabe-se que no período áureo do Balneário a população local, concomitantemente ao essas perspectivas se consolidaram, viabili- processo de desativação do Balneário. zando a projeção da cidade no cenário turístico das Estâncias Hidrominerais. Nesse Em tempo, um dado que comprova a imsentido, o abandono do edifício implicou portância internacional dessa obra, fato que em severos impactos negativos na organiza- invariavelmente impulsionou o turismo na ção socioeconômica e urbanística da cidade região, foi a incorporação do projeto ao de Águas da Prata. acervo permanente do Museu Nacional de Arte Moderna, no Centre Pompidou, em A partir dessa hipótese, interessou a este Paris, na França. trabalho mapear alguns desses efeitos, como o fenômeno do sucateamento da Segundo um estudo que embasou uma das rede hoteleira local. propostas pós-abandono para o edifício(5), a reativação do complexo geraria aproximaAssim, este caderno contém mapemen- damente 20 empregos diretos, beneficiantos dos marcos do centro urbano pratense do moradores e turistas, e 500 indiretos,
(5)
Associação de Amigos do Balneário (ABA), 2011, p. 4.
beneficiando o turismo, a hotelaria, a rede de restaurantes e comércio e as atividades culturais locais, vinculando-se naquela proposta a reativação do complexo à uma promessa de dias melhores para os moradores do município pratense. Este caderno também sintetiza os planos diretores desenvolvidos para a cidade de Águas da Prata, de modo a investigar o histórico de implementação de importantes equipamentos relacionados ao turismo e ao uso das águas minerais, tais como o Balneário.
o planejamento do centro urbano adjecente ao complexo a partir dele, traduzido num conjunto arquitetônico e paisagístico dotado da capacidade de integrar a obra ao seu entorno. Dessa maneira, além de reconhecer o Balneário como um ícone da arquitetura modernista paulista, este trabalho reconhece a sua vocação enquanto centro destinado à conexão de pessoas - através da arte, da cultura e do esporte - e dinamizador da vida urbana.
Nas páginas seguintes, serão abordados os temas da localização geográfica do complexo, da sua inserção na Estância Hidromineral de Águas da Prata, da posição das fontes d’água no perímetro urbano, da maneira como é vista a questão do turismo nos principais planos diretores elaborados para a ciAinda que se dê a ele outros usos que não dade e, por fim, do mapeamento dos marcos passem pela exploração direta das águas urbanos em 1974, 2006 e 2019. minerais, sua reativação simbolizaria um novo impulso para o turismo local e um Os mapas indicam quais os equipamentos inegável benefício em todos os aspectos da que se encontram em total funcionamento; dinâmica da cidade, especialmente o social, em funcionamento parcial ou desativados; cultural e econômico. com uso distinto do original; e abandonados ou em ruína, nos referidos anos. Como será visto adiante neste caderno, tal é a centralidade da importância do edifí- A análise desses dados possibilitou fundacio do Balneário para a cidade de Águas mentar a proposição das diretrizes urbanísda Prata, que o próprio arquiteto da obra, ticas do projeto de restauro apresentado por João Walter Toscano, concebeu, em parce- este trabalho para o edifício do Balneário ria com a paisagista Odiléa Setti Toscano, Teotônio Vilela, de Águas da Prata. Assim, fica evidenciada a presença desse potencial hidro-turístico desde o momento da criação da Estância e que, mesmo após o abandono do complexo do Balneário Teotônio Vielela, permanece vivo.
07
Projeto de renovação do Grande Hotel Prata
2006
2007
Demolição do Ar Palice Hotel
[...]
2010
[...]
2012
Fechamento definitivo do imóvel da Farmácia Santana
Projeto de Reforma de J. W. Toscano
PERÍODO DE ATIVIDADE
1970
1974
1980
1990
(*)
Fotos hospedadas do grupo do Facebook “Águas da Prata, memórias...”.
Foto: Emily Correa(*)
Foto: Cidinha Dezena(*)
08
MPF/SP(3) investiga ausência de Plano Diretor em Águas da Prata
2013
[...]
Parecer técnico do CONDEPHAAT(1) referente ao conjuto patrimonial do centro urbano
2015
MPF/SP apura abandono do Balneário
2016 COMDEPHICN(2) decreta o tombamento do Hotel São Paulo
ARTICULAÇÕES COM VISTAS À REFORMA
1998
2000
2017
2006
Tombamento da Estação Ferroviária
2018
2019
Demolição da fachada histórica do Grande Hotel Prata
Projeto de TFG de J. T. B. Pimenta
PERÍODO DE ABANDONO DO COMPLEXO
2019
2010
Foto: Acervo Raphaela Pereira
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Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico. Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural. (3) Ministério Público Federal de São Paulo. (1) (2)
010
MG
A. PRATA
SP
BRASIL 0 100
Localização geográfica
250
500 (km)
ÁGUAS DA PRATA
CAMPINAS
011
SÃO PAULO
ESTADO DE SP
0 25 50
100 (km)
Fonte: Plano Diretor de Águas da Prata, 1958-59. Biblioteca e Arquivo FAU USP. Prancha 1: Situação do município no estado e no país.
BR 267
SÃO SEBASTIÃO DA GRAMA
VARGEM GRANDE DO SUL
POÇOS DE CALDAS
SÃO ROQUE PORTO DA CASCATA
ÁGUAS DA PRATA 012
SÃO JOÃO DA BOA VISTA
SP 342
ANDRADAS
SP
MG
0
5
10
20
(m)
Águas da Prata, porta de entrada do estado de São Paulo Com área de 142,58km², a cidade de Águas da Prata, no interior do estado de São Paulo, possui 8.104 habitantes segundo os dados estimativos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de julho de 2017. Politicamente, a cidade de Águas da Prata é compreendida dentro da microrregião de São João da Boa Vista. O município faz divisa ao norte com as cidades de São Sebastião da Grama e Vargem Grande do Sul, ao leste, com Poços de Caldas, ao sul, com Andradas (ambas Poços de Caldas e Andradas pertencentes ao estado de Minas Gerais), e a oeste, com São João da Boa Vista. O perímetro do município Águas da Prata é composto pelos distritos de São Roque da Fartura e Porto da Cascata, de onde nasce o corpo d’água Ribeirão do Quartel, que chega até o núcleo urbano ao sul.
Fonte: CSR UFMG, adaptado.
013
Chafariz localizado na Praça da Bandeira. Foto: Acervo Antonio Carlos R. Lorette
014
Imagens de duas das 28 cachoeiras existentes na cidade, Cascatinha e Platina. Fotos: Acervo Antonio Carlos R. Lorette
A estância hidromineral
Imagem panorâmica de Águas da Prata tirada em 1997. Foto: Antigo cartão postal da cidade
Capa do “Guia das Águas”, material para promoção turística da cidade, desenvolvido durante a gestão do prefeito Jair Valente Fernandes. Foto: Guia das Águas, 1992.
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Imagens da fachada do antigo Balneário de Águas da Prata. Foto: Acervo Antonio Carlos R. Lorette 016
Publicação “Águas da Prata e suas águas minerais”, produzida durante a gestão do prefeito Manoel Junqueira. Foto: Acervo Antonio Carlos R. Lorette
Imagem da “Cascatinha”, uma das cachoeiras existentes próximas ao centro urbano. Foto: Reginaldo Lima(*)
Banhistas utilizando a piscina da Praça de Esportes. Foto: Fernando Dezena(*)
017
Antigos rótulos da “Água Prata”. Foto: Acervo Antonio Carlos R. Lorette
(*)
Fotos hospedadas do grupo do Facebook “Águas da Prata, memórias...”.
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“Águas da Prata constrói seu novo balneário, que será entregue ao público em alguns meses” Fonte: O Estado de São Paulo, 24/12/1972
“O ar puro das estâncias” Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/1983
Nos anos de construção, lançamento e funcionamento do complexo do Balneário, o projeto e a Estância Hidromineral de Águas da Prata foram mencionados em veículos de mídia de grande circulação, tal como O Estado de São Paulo. É muito impressionante que os acontecimentos pertinentes a uma cidade com pouco mais de 8 mil habitantes tenha conseguido espaço de inserção em veículos de porte central do município de São Paulo. Esse dado demonstra a importância da Estância naquele contexto, densamente alavancada pela posição de destaque na oferta de uma programação turística fortemente destinada ao público jovem. “Turismo quer atrair os jovens” Fonte: O Estado de São Paulo, 28/11/1971
019
FONTES D’ÁGUA PERÍMETRO URBANO
RESERVA ESTADUAL DE ÁGUA DO PRATA
4
3
5 CENTRO HISTÓRICO
6 7
020
8
1
Fonte Paiol
2
Fonte Platina
3
Fonte do Padre
4
Fonte Vilela
Segundo consta do Plano Diretor de 1958 de Águas da Prata, o Balneário utilizava as águas da “Fonte Nova”, correspondente à “Fonte do Balneário” no mapa ao lado.
1
021
BAIRRO FONTE PLATINA
2
5
Fonte do Balneário
6
Fonte Prata
7
Fonte Vitória
escala 1:25000
8
Fonte Borba
0 100
250
500
1000 (m)
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PLANO DE URBANIZAÇÃO 1946
O “Programa de Projeto de Conjunto para Reforma e Urbanização da Estância de Águas da Prata” é uma publicação datada de 1946(1) que expõe um projeto de 1923, desenvolvido por conceituados engenheiros da Politécnica de São Paulo, dentre eles, Ulhôa Cintra, Saturnino de Brito e Victor Dubugras. Estabelece, ainda, outros parâmetros para a implementação de um programa da organização do referido projeto. No documento em questão, enfatiza-se a importância da proteção das águas e, inclusive, prevê-se a construção de “estações hidrominerais”. No programa, atribui-se às águas o potencial de ação fisiológica, terapêutica e recreativa, de forma que os banhos minerais quentes, as massagens, as piscinas e as duchas são reconhecidos como importantes pelo Governo do Estado de São Paulo, desde o momento do planejamento, da construção e da fundação da cidade. Com os objetivos centrais de melhorar a infraestrutura urbana e o alavancar o turismo, no documento são citados e definidos usos para cada terreno do mapa, dentre eles: cassino, hotéis, prefeitura, estação, alojamento e delegacia de polícia, bombeiros, cadeia, telégrafo e correio, repartição de águas e esgoto, igreja, escola, mercado, hospital, lavanderia, cemitério, playground e campo de esportes. No local onde hoje se localiza o Balneário, foi proposta a construção de uma piscina pública. Apesar do desenho e das indicações modernas para a época, o traçado não foi efetivamente implantado, tanto por sua complexidade, quanto pelos alto investimento necessário à sua implementação. (1)
Secretaria da Educação e Saúde Pública, 1946.
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024
025
026
PLANO DIRETOR 1958-59 O loteamento do primeiro núcleo urbano de Águas da Prata, considerado um desenho mais simples do que o proposto em 1923, foi realizado a partir de um projeto do engenheiro civil Francisco de Palma Travassos, em 1924. Previa uma adaptação do traçado à topografia, com ruas radiais, praças largas e calçadas generosas e arborizadas, remetendo invariavalmente ao modelo cidades-jardins, de Ebenezer Howard, ou ao bairros Jardins, em São Paulo. No final da década de 50, é proposto um novo Plano Diretor, desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Estudos Urbanísticos (CPEU) da FAUUSP. O documento leva em conta os traçados propostos nos projetos de 1923 e 1924, bem como o plano de urbanização de 1947, e é composto por três partes, sendo que a primeira considera o município na sua totalidade, estudando seus principais problemas e sua importância na região. As outras duas partes tratam, respectivamente, das zonas rural e urbana. O Plano demonstra a patente necessidade de de equipar a cidade para que venha a ser atrativa sob o ponto de vista turístico. Estabelece como diretriz que, “como estância, Águas da Prata deve ser planejada em função da necessidade dos turistas. (...) A mola propulsora da estância são as águas minerais. Se não fosse por motivo de tratamento, os visitantes buscariam outras localidades”(1). Ainda, apresenta um mapeamento detalhado da influência regional da Estância e outros tantos desenhos, tais como o mapa de planejamento rural e o projeto para o sistema viário principal. (1)
Centro de Pesquisa e Estudos Urbanísticos (FAUUSP), 1958-59, p. 28.
027
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030
O CENTRO URBANO NA VISÃO DE JOÃO W. TOSCANO E ODILÉA SETTI
O edifício do Balneário Teotônio Vilela representa a peça central de todo o projeto arquitetônico e paisagístico desenvolvido, respectivamente, por João Walter Toscano, com a colaboração de Massayoshi Kamimura, e Odiléa Setti Toscano. A autora deste trabalho teve acesso aos desenhos desse projeto pela Seção de Materiais Iconográficos da Biblioteca da FAUUSP e pela publicação organizada por Rosa Artigas(1). No projeto original, o Balneário é o núcleo de um circuito urbanístico e paisagistico amplo, pensado para compor um conjunto harmônico, com generosos espaços para a circulação e permanência de pessoas, beneficiando-se da topografia e de toda a potência do ambiente natural local. Apesar de toda essa amplitude, na operacionalização do projeto, os esforços foram concentrados na construção do edifício do Balneário. Assim, mesmo que a revitalização de seu entorno tenha recebido alguma inspiração do projeto original, nota-se, a partir da análise de todos os registros e documentos, que não houve um real propósito de efetivação do projeto em sua totalidade.
Fotos: Acervo Antonio Carlos R. Lorette (1) ARTIGAS, Rosa, 2002, p.76.
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Implantação do Balneário de Águas da Prata contemplando edificação e paisagismo da atual praça Basílio Ceschin, parceria entre o casal de arquitetos João Walter Toscano e Odiléa Setti Toscano. Fonte: ARTIGAS, Rosa, 2002, p.76.
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MARCOS URBANOS EM 1974
2 1
3 4 7 15
034
14
16 18
8
6
13
17 12
5 9
11
19
10
Em total funcionamento
Em funcionamento parcial ou desativado Com uso distinto do original
Abandonado e em ruína parcial
LEGENDA 1. Balneário Teotônio Vilela 2. Bosque municipal 3. Hotel Glória e Cassino Prata 4. Hotel São Paulo 5. Estação ferroviária 6. Farmácia Santana e pousada 7. Pensão São José 8. Igreja matriz 9. Hotel Prata 10. Indústria Águas Prata 11. Hotel Panorama 12. Hotel Ar Palice 13. Pensão Zago 14. Pensão Maris 15. Praça da Bandeira 16. Hotel Santista 17. Hotel Ideal 18. Mirante do Cristo 19. Praça de esportes e bar do campo
035
escala 1:7500 0
50
100
200
300
500 (m)
MARCOS URBANOS EM 2006
2 1
3 4 8 17
036
16
9
6
15 20
18 14 19
5 10
12 13
21
7
11
Em total funcionamento
Em funcionamento parcial ou desativado Com uso distinto do original
Abandonado e em ruína parcial
LEGENDA 1. Balneário Teotônio Vilela 2. Bosque municipal 3. Praça Basílio Ceschin 4. Hotel São Paulo 5. Estação ferroviária 6. Farmácia Santana e Pousada 7. Estação rodoviária 8. Laticínios e Fábrica de Doces Prata 9. Igreja matriz 10. Hotel Prata 11. Indústria Águas Prata 12. Hotel Panorama 13. Hotel Canto das Águas 14. Hotel Ar Palice 15. Pensão Zago 16. Pensão Maris 17. Praça da Bandeira 18. Hotel Ideal 19. Escola Estadual Professor Timotheo Silva 20. Mirante do Cristo 21. Praça de esportes e bar do campo
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escala 1:7500 0
50
100
200
300
500 (m)
MARCOS URBANOS EM 2019
2 1
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4 8
17
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16
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6
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18
19
5 11
13 14
21
7
12
Em total funcionamento
Em funcionamento parcial ou desativado Com uso distinto do original
Abandonado e em ruína parcial
LEGENDA 1. Balneário Teotônio Vilela 2. Bosque municipal 3. Praça Basílio Ceschin 4. Hotel São Paulo 5. Estação ferroviária 6. Farmácia Santana e Pousada 7. Estação rodoviária 8. Laticínios e Fábrica de Doces Prata 9. Agência Prata Expedições 10. Igreja matriz 11. Hotel Prata 12. Indústria Águas Prata 13. Hotel Panorama 14. Hotel Canto das Águas 15. Pensão Zago 16. Pensão Maris 17. Praça da Bandeira 18. Hotel Ideal 19. Escola Estadual Professor Timotheo Silva 20. Mirante do Cristo 21. Praça de esportes e bar do campo
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escala 1:7500 0
50
100
200
300
500 (m)
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Foto: Antigo cartĂŁo postal da cidade
DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO
CIDADE
I. II.
III. IV.
Trazer os cidadãos para dentro do Balneário, ressignificando a sua importância turística e urbana; Abrir caminhos para um debate profundo sobre a memória urbana e o patrimônio de Águas da Prata, a partir da proposta de preservação; Ter cautela na utilização dos recursos hídricos e prezar pelo equilíbrio ambiental do complexo; Desenhar uma arquitetura que estabeleça relações com o entorno e com a cidade, dialogando com a paisagem e com as dinâmicas urbanas existentes.
041
REFERÊNCIAS Foram analisadas diversas fontes, dentre elas originais dos projetos de arquitetura, elétrica e hidráulica, periódicos, documentações, fotografias, artigos e livros, possibilitando a realização deste trabalho. Gratidão especial às instituições da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (Arquigrafia, Biblioteca e Seção de Materiais Iconográficos) e à Prefeitura Municipal de Águas da Prata por concederem as autorizações necessárias, viabilizando a consulta a materiais pertinentes ao edifício do Balnéario.
ACRÓPOLE. Balneário de Águas da Prata. Revista Acrópole, n.382, p.22, mar. 1971. Disponível em: <http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/382>. Acesso em setembro de 2018. ARTIGAS, Rosa (Org.). João Walter Toscano. São Paulo: Editora UNESP/ Instituto Takano de Projetos Culturais Educacionais e Sociais, 2002. 042
Associação de Amigos do Balneário (ABA). Projeto: Revitalização do Balneário Teotônio Vilela de Águas da Prata. Águas da Prata, 2011. Centro de Pesquisa e Estudos Urbanísticos (FAUUSP). Plano Diretor de Águas da Prata. São Paulo, 1958-59. CSR. Centro de Sensoriamento Remoto. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte-MG. Disponível em <maps.csr.ufmg.br>. Acesso em maio de 2019. FRITOLI, Natália Santos. Balneário Teotônio Vilela: o resgate da sua importância para Águas da Prata. Poços de Caldas, 2018. MAZZALI, Pecos. Estudo de requalificação do Balneário de Águas da Prata. Unifeob. São João da Boa Vista, 2018. Prefeitura da Estância Hidromineral de Águas da Prata. Guia das águas: suas análises, aplicações e indicações terapêuticas. Águas da Prata, 1992. Secretaria da Educação e Saúde Pública. Programa de Projeto de Conjunto para Reforma e Urbanização da Estância de Águas da Prata. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1946. SÃO PAULO, Estado de. Decreto-Lei nº 63.454, de 5 de junho de 2018. Cria o Parque Estadual Águas da Prata e dá providências correlatas. Wikipedia. “Águas da Prata”. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81guas_da_Prata>. Acesso em feveveiro de 2019.
O BALNEÁRIO DE ÁGUAS DA PRATA
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