Portfólio de Arquitetura e Urbanismo | João Pedro Pina

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ARQUITETURA E URBANISMO P O RTFÓL I O

João Pedro Pina FAU-UFRJ


CURRICULUM VITAE

João Pedro Pina CONTATO (21) 968169571 pina.jpedro@gmail.com issuu.com/pina.jpedro FORMAÇÃO ACADÊMICA

SOFTWARES

Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU-UFRJ) 7º período

AutoCAD

Ensino Médio Escola SESC de Ensino Médio (2012-2014) Bolsista integral

Rhinoceros Grasshopper Photoshop SketchUP Revit

APTIDÕES

HABILIDADES

Trabalho coletivo Proatividade Organização Criatividade

Maquetes e modelos Desenho a mão livre Fotografia Edição audiovisual

InDesign Illustrator Premiere Lightroom Office QGIS

RECONHECIMENTO

IDIOMAS

Urbanismo Tático: X ações para transformar cidades Coautoria: Adriana Sansão Fontes e Larissa Martins

Português

Livro a ser publicado em 2021 pela Editora UFRJ

Concurso Museu de Arquitetura de Berlim (BAM!) Menção Honrosa no concurso internacional de ideias Archmedium 10 Projetos para São João de Meriti FAU-UFRJ Exposição e catálogo publicado - projeto selecionado Exposição AI1 Atelier Integrado 1 - FAU-UFRJ - projeto selecionado

Inglês Espanhol Francês


EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS

EXTRACURRICULAR

Estagiário Rafael Ramos Arquitetura (atual)

Pesquisador bolsista LANA-ProArq-UFRJ - Narrativas Latino-americanas: uma construção a partir das bienais. (2020-atual) - orientação: Ana Paula Polizzo

- Detalhamentos executivos, elaboração de projetos de arquitetura, instalações, marcenarias, levantamento e acompanhamento de obra.

Voluntário PiriRecicla (2020) - Elaboração das rotas, articulação de atores e criação de conteúdo para mídias digitais para projeto piloto de implementação de coleta seletiva em Pirenópolis-GO.

Estagiário Ancar Ivanhoe Shopping Centers (2020) - Setor de Arquitetura e Ambiente: responsável pelo controle dos procedimentos da área incluindo plantas, inspeção de qualidade e orçamento, auxílio em estudos comerciais e auxílio no processo de legalização.

Estagiário Reforma de escola de dança (2019)

Monitor bolsista Projeto Arquitetônico - FAU-UFRJ (2019) - orientação: Ayara Mendo e Marina Correia Monitor bolsista Geometria Descritiva - FAU-UFRJ (2017) - orientação: Maurício Pereira Monitor voluntário Concepção da Forma Arquitetônica - FAU-UFRJ (2016) - orientação: Gisele Arteiro

- Arquiteta: Chandra Lameu - Detalhamentos e acompanhamento de obra

Editor audiovisual FGV-Rio (2017-2018) - Produção de material didático para a disciplina ‘Direito, Cinema e Nazismo’ e para a disciplina ‘O Direito realiza Justiça?’

Redator Website ‘A Gambiarra’ (2017) - Escrita de matérias diárias e coluna semanal

Pesquisador voluntário LabIT-ProUrb-UFRJ (Laboratório de Intervenções Temporárias e Urbanismo Tático) (2018-atual) - orientação: Adriana Sansão Fontes

Taller Virtual en RED Arquisur Cátedra UNESCO ‘Ciudad + Proyecto’ | Una mirada proyectual del espacio urbano en tiempos de Pandemia - coordenação: Fernando Esperanza (FADU-UBA - Buenos Aires)

Workshop Brasília Metropolitana A Orla do Lago Paranoá

- FAU-UFRJ + FAU-UnB + Ensa-V (Versalhes, França)

Fotógrafo Trabalho autônomo (2016-2018) - Ensaios e eventos

Workshop Ressensibilizando Cidades: ambiências urbanas LASC-PROARQ-UFRJ

Assistente de Produção

Curso de Francês Básico Centro Politécnico SENAC-Rio (2013)

Espaço Cultural Escola Sesc (2016) - Setores: Projeto Social (atuante nas comunidades do entorno), cursos qualificantes ‘Uzina’, Programação cultural, Núcleo de Comunicação e Centro de Memória. - Responsabilidades: Recepção de público e artistas, acompanhamento e mediação de espetáculos e atividades, logística de transporte e alimentação de equipe. Fotógrafo, editor de vídeos, criação gráfica para mídias sociais e gerenciamento dos arquivos de memória do espaço.

- Conferência internacional + workshop

Curso de Fotografia Centro Politécnico SENAC-Rio (2012)



ÍNDICE

projetos selecionados

REFÚGIO URBANO residência temporária 6

VIDE edíficio de escritório misto ALDEIA residência estudantil

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RUA QUINTAL espaço público na periferia KINDERGARTEN REHABILITATION concurso internacional TECHO - Bolívia

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FÁBULA DA EXIBIÇÃO concurso internacional de ideias Archimedium MANUFACTURED LANDSCAPE workshop internacional Brasília Metropolitana

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ALÉM MUROS edifício de uso misto RESSENSIBILIZANDO CIDADES workshop internacional CONJUNTO SANTO CRISTO habitação de interesse social

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TOWARDS A COMMON GROUND concurso internacional UIA2021 RIO NECRÓPOLE taller virtual en red - Arquisur BAIRRO LEOPOLDINA projeto urbano

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MISCELÂNEA coletânea de outros trabalhos


EDIFÍCIO VIDE coautoria: D. Esmael e W. Lopes orientação: Mauro Nogueira disciplina: Projeto arquitetônico 4 local: Botafogo, Rio de Janeiro


O trabalho no mundo contemporâneo O mundo contemporâneo demanda, cada vez mais, flexibilidade nos ambientes, assim como novas possibilidades de organização hierárquica de equipes de trabalho. Entendendo as novas demandas, propomos espaços não homogeneizados que possam ser reorganizados e adaptados para as exigências das mais variadas formas de produção ao longo do tempo.

Através do vazio Os átrios centrais são construídos de tal forma que garantem a captação da ventilação natural e sua distribuição ao longo de todo edifício. Facilitam a vista para a cidade e o contato visual entre os pavimentos, além de promoverem a organização do programa.


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2

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3

3

Trabalho individual Relações independentes de produção. Espaços de reunião pequenos e de descompressão generosos.

Trabalho em equipe Produção autônoma para o mesmo objetivo. Espaços amplos e flexíveis para cada time e espaços de reunião generosos.

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2 3

Trabalho processual Relações dependentes e sequenciais. Espaços de trabalho flexíveis e os de reunião generosos.

Interação

Alta

Média

Baixa

Trabalho em equipe Organização matricial por projeto Espaços flexíveis para equipes variáveis ao longo do tempo com salas de reunião sempre disponíveis.

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Áreas de reunião

2

Descompressão

3

Serviços

Vazio estruturante O diagrama ao lado preenche o vazio que estrutura todo o projeto. É através dele que se garante a entrada de iluminação e ventilação natural, além de guiar a distribuição de todos escritórios. A todos estes é garantida a vista tanto para o átrio interno quanto para a cidade ao redor. 8


Restaurante

Escritórios: 350-550m²

Escritórios: 30-90m² Escritórios: 120- 250m²

Descompressão

Escritórios: 120 - 250m²

Salas de reunião Auditório: 250m²

Coworking: 520m²

Lojas e restaurantes

Lojas

Distribuição espacial A começar pela escala dos ambientes, o projeto se organiza de maneira a colocar frente a frente, na mesma cota, escritórios individuais com lajes corporativas e escritórios de médio porte, alguns deles dispostos em pavimentos duplos. Esse contato é potencializado pelos vazios centrais que permitem o

contato visual com os outros escritórios, dando uma nova dinâmica aos espaços. Além disso, as copas coletivas e as salas de descompressão proporcionam o encontro eventual e a mistura de público dos diferentes ambientes de trabalho nas horas de intervalo e descanso. 9


Polo comercial O bairro de Botafogo é repleto de serviços, comércios e ambulantes, gerando um grande fluxo de pedestres em suas calçadas. A implantação do edifício reconhece e doa espaço para o desenrolar desse fluxo.

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A galeria, em seus dois primeiros pavimentos, de carácter público, utiliza-se desse potencial para ativar o projeto, incluindo-o no Polo Gastronômico de Botafogo e tornando-o um potente espaço comercialmente atrativo.


Corte longitudinal

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5m

10m

20m

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Corte transversal

Um marco O Cristo Redentor é um marco na paisagem do Rio de Janeiro e um dos pontos mais atrativos da cidade. Ele pode ser visto ao longo da Rua São Clemente, que se alinha ao monumento. Busca-se, então, no projeto, privilegiar esse marco de duas formas: 12

0

5m

10m

20m

1. pelo direcionamento do olhar do usuário para o monumento nas áreas coletivas, por um recorte na fachada a partir da linha que conecta o Cristo ao terreno; 2. pelo recúo da implantação, criando um vazio que afasta o edifício das barreiras visuais.


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Laje nervurada U-GLass Arremate em alvenaria Forro de gesso com iluminação embutida

Esquadrias em alumínio galvanizado

Janela de correr

Piso elevado para passagem da fiação e sistema de climatização UFAD Caixilho de fixação na laje

Detalhe da fachada ventilada 15


RUA QUINTAL coautoria: D. Neuman e M. Aguerri orientação: Cauê Capillé disciplina: Projeto arquitetônico 3 local: Centro, São João de Meriti - RJ

“Only by abandoning the primacy of built form it is possible to reposition form so that it may effectively respond to a city dominated by space.” Albert Pope, 1996


Entendendo as questões locais e suas demandas, o projeto desenvolve-se a partir da análise formal da relação entre os espaços privados - casas, comércios e instituições - com o espaço público existente, a rua. A leitura das fachadas mostra que a maioria expressiva não possui nenhuma ou quase nenhuma permeabilidade visual. Muros extensos, portões opacos e grades são alguns dos elementos que desvinculam a rua

da casa, mediando a separação entre o privado e o público em São João de Meriti. O projeto, então, não procura reformular edificações, mas a própria rua, na intenção de gerar uma praça linear com espaços verdes e de permanência, compartilhar a via entre diferentes meios de locomoção (bicicleta, carro e pedestre) e permitir outros usos e apropriações, como a realização de eventos.


Rua Estrada Eliane Castanheira, 2018. A situação atual evidencia a inabilidade do cuidado com as calçadas, que não são utilizadas pelos pedestres.

fluxo alterado mão dupla intensidade do fluxo

A análise do sistema viário de São João de Meriti mostra uma diminuição progressiva da intensidade de fluxo de automóveis a partir das vias expressas até as de caráter mais íntimo. Esse arranjo do traçado cria enclaves que formam recortes de pouca movimentação automobilística, onde até mesmo os transportes públicos não alcançam. Além disso, São João de Meriti 18

possui uma densidade demográfica que ocupa todo solo da cidade, mais de 90% impermeável. Em suma, é uma cidade na qual os espaços públicos se resumem às vias de circulação, cujas calçadas são irregulares e mal-cuidadas. A partir dessa problemática, o projeto propõe a utilização das próprias vias para a criação de espaços públicos para a comunidade.


Cruzamento O encontro transversal com uma via de fluxo mais intenso de carros permanece na cota anterior à intervenção estabelecendo um filtro no acesso dos automóveis. Esse filtro também é reforçado porque as ruas abertas não apresentam mão dupla como as demais.

Acesso às garagens A abertura das ruas não pode negar o acesso via automóvel às residências. A disposição dos balizadores é feita de maneira a permitir tal fluxo em dias comuns. Porém, durante eventos efêmeros, os moradores podem estacionar ao início da rua, onde ficam garantidas algumas vagas para carro.

Áreas verdes Nessas áreas é possível criar espaços de permanência prolongada sem causar incômodo ao morador. A prioridade ao pedestre permite utilizar pisos permeáveis, aliviando as regiões que recebem grande quantidade de água em períodos de chuva.

Topografia A escolha para abertura das ruas tem como critério a menor variação de cotas possível, garantindo o conforto do caminhar do pedestre. Também a direção do fluxo das ruas abertas é determinada em sentido contrário à sua declividade, diminuindo ainda mais a velocidade dos automóveis.

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Corte transversal

Elemento multiplicador: Balizador O elemento multiplicador (Easterling, 2014), organiza o espaço sem limitá-lo. Ele admite 3 tipos de estruturas acopláveis: bancos, mesas, coberturas e bicicletários O Balizador tem o corpo de aço, com 3 pontos para encaixe: 20

0

1m

2m

5m

(1) topo (a 90 cm do chão) para encaixe da estrutura de cobertura e mesas, (2) meio (anel giratório a 45 cm do chão) para bancos e (3) base (anel giratório a 15 cm do chão) para fixação dos bancos e mesas.


Planta baixa

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1m

2m

5m

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A inabilidade, incapacidade, econômica ou política dos moradores de São João de Meriti de tomar para si o cuidado da calçada da rua, bem público de responsabilidade privada, mostra uma das consequências de uma sociedade cuja arquitetura preza pelo refúgio à domesticidade e não pela vida comum e socialmente comunicativa. Entender a rua como uma extensão da casa, um quintal, onde todas as liberdades indivi22

duais precisam ser garantidas em conformidade com os benefícios coletivos, tensiona o projeto para além do espaço físico por interferir diretamente no domínio privado, como as calçadas de acesso às casas. Oyarzun (2015) argumenta que a produção de uma espacialidade comum, por isso, requer o foco simultâneo no individual e no múltiplo (o coletivo, a multidão). O rearranjo da via pública, então, não pressu-


põe que cada imóvel tenha sua parte delimitada, sua intimidade preservada. Ao contrário, a Rua-Quintal tornaria-se uma zona de definição ambígua, onde a distinção entre privado e/ou público se torna irrelevante, mas onde sua característica central se torna a de ser comum. Ela não é um resultado da conformidade da forma, mas uma produção permanente de ações e práticas dos indivíduos políticos que formam

aquele coletivo. A política é o potencial de ação de todo indivíduo na sociedade, e o comum, a realização desse potencial (Oyarzun, 2015). Nesse sentido, os moradores daquele lugar que deverão compartilhar a responsabilidade da gestão e manutenção da rua e gozar de suas possibilidades. Porém, alcançar o potencial político não exclui os conflitos. Então, como mediar esse conflito e explorar a nova disposição de seu espaço? 23


Rua aberta A proposta da intervenção é criar uma zona de definição ambígua, onde a distinção entre privado e público se torna irrelevante, mas onde sua característica central se torna a de ser comum.

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Reforço de autonomia O elemento multiplicador modifica o caráter da via pública, além de possibilitar uma série de atividades, devolve aos pedestres seu poder sobre ela.

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FÁBULA DA EXIBIÇÃO Museu de arquitetura de Berlim

Menção Honrosa no Concurso internacional de ideias Archmedium em 2019 coautoria: B. Kraemer, G. Casal e L. Silva orientação: Marina Correia e Cauê Capillé


“Tradition itself looks like another piece of bric-a-brac on the coffee table - no more than a kinetic assemblage glued together with reproductions, powered by little mythic motors and sporting tiny models of museums. And in its midst, one notices an evenly lighted ‘cell’ that appears crucial to making the thing work: the gallery space.” Brian O’Doherty, ‘Inside the white cube’. 1986

“The space of the museum becomes one in which art, in being abstracted from real life contexts, is depoliticized. The museum, in sum, constitutes a specific form of art’s enclosure which, in Crimp’s postmodernist perspective, art must break with in order to become once more socially and politically relevant.” Tony Bennett, ‘The Birth of The Museum’. 1995


O Cubo - puro, estável e sagrado, é entendido como espaço neutro de contemplação e não conflita com nenhuma outra investigação formal.

Seleciona o que está dentro e o que está fora, por um processo de análise e cópia.

Isola a Igreja St. Matthäus-Kirche, a Orquestra Filarmônica de Berlim, o Palácio do Reichstag e a Neue National Galerie...

Monta seleções apenas com o que é “válido” para entrar na história excludente da arquitetura.

Imita o que foi escaneado e reduz a arquitetura a sua imagem. Realidade torna-se virtualidade...

Em uma tentativa falha de expor um espaço em outro espaço: um museu para arquitetura.

A virtualidade reproduz um espaço em outra dimensão, onde tudo é possível, até mesmo remontar suas sensações intrínsecas.

Mas, ao mesmo tempo que tenta copiar, o Cubo isola a arquitetura de tudo a sua volta...

Guarda uma fortaleza antológica enterrada com toda a memória selecionada da arquitetura. Cria um dentro, para ver o fora.

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Espelho O cubo é o personagem principal da Fábula da Exibição. Puro, estável e sagrado, é entendido como um espaço neutro de contemplação que seleciona, escaneia e reúne alguns edifícios da cidade, removendo-os de seus contextos. O cubo os reproduz virtualmente e reduz a arquitetura à sua imagem, como um espelho. 30


Holograma O cubo também é uma fortaleza que mantém a história selecionada do museu como um bunker infinito, com modelos e desenhos arquivados para posterioridade para proteger a arquitetura de si mesma. Em defesa do espaço da cidade, a fábula é uma estratégia extrema de design usada para destacar as falhas nas intenções de um museu de arquitetura. 31


ALÉM MUROS Edifício de uso misto

coautoria: L. Apolinário orientação: L. Hortêncio (arquitetura); P. Santos (paisagismo); G. Pimenta (gráfica); P.Fernando (estrutura); S. Rola (saneamento); M.C. Cabral (teoria) ; I. Fraga (construção) local: Tijuca, Rio de Janeiro


O muro entre o habitar e o trabalhar O habitar e o trabalhar compõem a vida do sujeito, relacionam-se e complementam-se unidos por sua essência no ocupar. O muro é um elemento concreto que influe nas formas de ocupar, habitar e permanecer na cidade. Ao caminhar pela Tijuca, percebe-se a predominância de muros na paisagem. Tensionamos a ideia de que esse elemento seja parte do pro-

blema da insegurança do caminhar. O muro é uma barreira que, além de separar o público do privado, desestimula a permanência por segregar tanto os espaços quanto as pessoas. Também é suporte para o pixo, entendido como uma reação às imposições do muro. O pixo expõe a atribuição de significado e identidade, e a ocupação dos espaços esvaziados da cidade. Isso fica evidente nas praças da Tijuca.


Paisagem Ao caminhar nos arredores do terreno, na Tijuca, percebe-se a predominância de muros na paisagem. Questionando sua razão de ser, entendemos que comumente é feita uma relação entre a insegurança local, como problema, e o muro como solução. Tensionamos tal ideia ao sugerir que esse elemento seja, na verdade, parte do problema.

Operações A partir dessa percepção, propomos mudar o caráter do muro, fragmentando-o e distorcendo-o para instigar uma experiência corporal vivenciada. Com essa estratégia é possível explorar planos e perspectivas, um jogo entre contínuo e descontínuo, tornando aquele território, então, interessante e ocupável.

Partido volumétrico O partido nasce da ideia de fragmentação do muro. Assim, o volume é cortado por planos e desconstruído com recortes, vazios, que auxiliam na ventilação e iluminação das residências. Esses vazios buscam sugerir a suavização da barreira entre o público e o privado tanto visualmente, na circulação horizontal semi aberta, quanto fisicamente, no grande pilotis que compõe o térreo e abriga uma galeria

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34

Ambiências e fluxos O terreno foi setorizado em diferentes ambiências para responder e direcionar tipos de fluxo distintos. Dessa forma, cria-se dois pátio privados, um descoberto (1) e um coberto (2), um ponto de espera para o ponto de ônibus (3), uma área de contemplação e descanso aberta (4), uma galeria aberta (5) que usa da estrutura para dispor os expositores, uma varanda-palco (6), associada ao atelier, uma área para comer ao redor do café (7), uma escultura ilusória de atrativo (8) e uma plateia (9) para o palco.


imagem: foto de maquete e photoshop

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4

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1 2 3

3 2

1

Planos Unidades residenciais Circulação vertical Terraço-varanda Cooperativas

Escultura contemplativa

Visão serial | galeria

Visão serial | plateia

Escultura lúdica

fotos maquete

fotos maquete

Escultura ilusória Ateliê Recepção Café

Estratégia de implantação Em uma imagem aérea, o muro é apenas uma linha contínua, por isso, não se manifesta na mesma intensidade que pelo ponto de vista do observador na rua. Assim, o partido da implantação é feito com base nas possíveis visadas do transeunte, dando ênfase à esquina. Para a articulação da esquina com o interior do 36

terreno, opta-se pela triangulação tanto de volumes - café, ateliê e recepção- quanto de esculturas - ilusória, lúdica e contemplativa - que compõem ambiências específicas. Dessa forma, o térreo é entendido como uma grande galeria que apresenta usos diversos e proporciona uma maior variedade de experiências, que se relacionam no todo do espaço livre.


R. Alzira Brandão

Av. Heitor Beltrão Planta do térreo 0

2m

5m

10m

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0

Pavimento-tipo O pavimento-tipo possui dois programas: cooperativas e residências. As residências são mistas e flexíveis. Um espaço livre organizado por planos móveis, que dão liberdade para o morador decidir a relação entre o seu habitar e trabalhar. A planta variável fun38

1m 2m

5m

ciona com um sistema de trilhos duplos que permite a dinamicidade dos painéis, que são duplos para o fechamento completo dos vãos. Ainda, trilhos multidirecionais permitem que os painéis se movam em dois eixos, gerando inúmeras possibilidades de plantas.


Planta dos apartamentos

0

1m

2m

5m

Laje Fixação na laje

Guia multidirecional Forro Trilhos superiores

Painel de madeira

Piso acabado Trilhos inferiores Laje

Esquema e detalhe dos painéis móveis 39


Corte transversal

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2m

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10m


Corte longitudinal

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2m

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1 2 3 4 5 6 7

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CAFÉ CAFÉ

1 2 3 4 5

Telha de zinco galvanizado Rufo e pingadeira de alumínio Viga de concreto aparente Forro em compensado naval folheado em madeira freijó Painel de correr ripado em madeira freijó

Fachada dinâmica Existem também outros planos móveis, na fachada, que atuam como elemento de proteção solar. São ripados de madeira que filtram a luz ou permitem a entrada total dela. Isso torna a fachada dinâmica e variável ao longo do dia, operada pelos próprios moradores. 42

6 7 8 9 10

Esquadrias de correr em alumínio anodizado Guarda-corpo em barra chata de aço Piso em cimento queimado Impermeabilização Argamassa de regularização


imagem: foto de maquete e photoshop

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TOWARDS A COMMON GROUND A strategy for blurring borders

concurso: Maré-Cidade UIA2021 coautoria: B. Kraemer, G. Casal, L. Silva e W. Lopes orientação: Marina Correia e Juliana Sicuro local: Complexo da Maré, Rio de Janeiro


Ao longo de sua história, o complexo da Maré foi afetado por grandes projetos de infraestrutura urbana que foram responsáveis pela produção de barreiras materiais e imateriais. Essas barreiras causaram a desintegração do complexo com os bairros do entorno e o estrangulamento de sua malha urbana. O entorno imediato da Av. Brasil é ocupado blocos industriais, com presença de grandes armazéns subutilizados. Isso pressionou as

primeiras comunidades da Maré a construírem suas casas em direção à Baía de Guanabara, separando-as de seu acesso principal, que é a Av. Brasil. A partir disso, duas condições de fronteira são identificadas na região: Avenida Brasil - delimita a Maré em relação aos bairros do entorno - e uma divisa interna que se estabelece no encontro entre dois tipos de tecido - um industrial pouco adensado e outro denso e residencial.


Borda Av. Brasil Apesar de ser seu principal acesso, essa borda isola a Maré do restante da cidade. Possui mais de 70m de largura e calçadas e espaços públicos insuficientes, o que materializa um lugar opressor ao pedestre.

Borda interna: contraste de tecidos O tecido urbano do complexo foi estrangulado por grandes lotes industriais, que roubaram os espaços livres e de moradia, gerando uma setorização de usos e densidades desequilibrada. Análise do tecido Espaço subutilizado: estacionamentos e armazéns Espaço livre público Bordas

1

2

4

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6

7

Masterplan 1. Travessia-museu 46

2. Travessia-restaurante + BRT

3. Travessia-biblioteca + BRT

4. Horta comunitária

5. Coopera


Isolamento

Reconexão

Estrangulamento

Apropriação

Opressão

Espaço Público

As consequências mais nefastas deste processo de ocupação foram a setorização dos usos do solo, a ausência de áreas públicas gratuitas no interior do complexo e a dificuldade de acesso aos principais meios de transporte. A partir disso, o projeto é norteado por estratégias que visam borrar a condição de borda, reconciliando seus contrastes e criando continuidades para o pedestre.

Essas estratégias são: a construção de equipamentos de travessia em pontos específicos da Avenida Brasil; a reapropriação de loteamentos e armazéns subutilizados para equipamentos públicos e habitação; e a abertura de novos espaços livres para onde possam convergir as atividades culturais que atualmente ocupam as ruas e quarteirões do complexo

ativa de reciclagem

3

8

9

0

6. Mercado público

7. Complexo esportivo

50m

100m

8. Ruas compartilhadas, niveladas

200m

9. Calçadão 47


Borda Av. Brasil Essa borda recebe três passarelas programáticas acessadas por meio de espaços públicos amplos, verdes e seguros. A passarela da Biblioteca também articula duas estações de BRT: a linha TransBrasil, já implantada, e a linha TransCarioca, proposta pelo projeto. Além disso, são criadas duas travessias subterrâneas na Av. Brasil que permitem um rápido retorno

pelo território da Maré e de Bonsucesso, ligando os dois bairros. Para soluções urbanas, são reordenadas as calçadas e criados pontos de ônibus para um acesso mais seguro ao sistema de transporte de ônibus. Também são propostos espaços públicos em cada acesso das passarelas, gerando uma continuidade em direção ao tecido interno do complexo da Maré.

Acesso pela nova estação proposta

Acesso pelo canal

BRT Transcarioca

Corte longitudinal 48

Auditório

BRT Transbr


rasil

1

2

3

4

4

5 Planta Travessia-biblioteca 1. BRT Transcarioca

2. Traffic calming

4. Rua compartilhada

5. Calçadão do canal

Biblioteca

0

3. BRT TransBrasil (existente)

Mirante

0

10m

25m

50m

Calçadão

10m

25m

50m

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Borda interna Tal borda é dilatada pela reapropriação e demolição de galpões industriais subutilizados. Ao se criar área verde permeável estabelece-se uma nova centralidade para as atividades que atualmente ocupam as ruas e quarteirões do complexo. Os usos propostos são pensados para criar um movimento cíclico de produção, consumo, gestão de resíduos e reciclagem, com o intuito de gerar mais possibilidades de empregos. A nova área aberta recebe uma horta comunitária, um mercado público e uma cooperativa de reciclagem. Para além do uso coletivo proposto para o parque, a presença de vários armazéns mapeados no território permite vislumbrar novas tipologias para

a questão habitacional, também pela reapropriação destas edificações. Além disso, é mantida a malha urbana atual e as alterações são focadas para permitir o uso compartilhado do espaço das ruas, normalmente apropriado pelos moradores. Para tanto, é proposto o nivelamento da rua, priorizando a bicicleta e a motocicleta. Devido às suas dimensões variadas, muitas ruas não podem ser acessadas pelos serviços públicos regulares, como coleta de lixo e correio. Como forma de conciliar essa barreira, propomos a fragmentação desses serviços com um carrinho de motocicleta que lhes permita penetrar nas ruas mais estreitas para que o lixo e o correio funcionem.

Tipologia habitacional 1: vila

Tipologia habitacional 2: quadra-bar

galpão reapropriado, abertura de rua interna

Rua compartilhada

Corte transversal 50

galpão reapropriado, criação de mini-quadras de térreo comercial

Galpão adaptado para habitação: tipologia 1

Cooperativa de reciclagem


1

2

3 4

Planta - diluição da borda interna 1. Ruas niveladas conciliam as escalas das diversas vias do complexo.

2. Quadra industrial 3. Quadra residencal 4. Bosques

Caixa d’água-mirante

0

Mercado público (galpões reapropriados)

0

10m

10m

25m

50m

Expansão informal

25m

50m

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A expansão do mercado A reabilitação do conjunto de galpões para a criação do mercadão torna o espaço a seu redor totalmente apropriável. Assim, é permitida a conciliação comércio formal e informal em um espaço de proporções adequadas à demanda local. 52


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MISCELÂNEA

Coletânea de outros trabalhos A intenção desta sessão do portfólio é apresentar outras atividades realizadas ao longo da minha trajetória acadêmica e profissional. Na universidade, participei de intervenções, workshops, extensão e pesquisas. Fora

do curso, outras experiências de trabalhos autônomos também contribuíram para minha formação como profissional. Assim, tentarei vislumbrar com essas imagens a versatilidade a que me proponho.



Urbanismo Tático: X Ações para transformar cidades O livro a ser publicado em 2021 analisa os processos pelos quais o urbanismo tático tem sido incorporado na criação de políticas de recuperação e ativação de espaços públicos no cenário contemporâneo, apresentando nove casos em metrópoles do mundo, além de um caso especial sobre as adaptações emergenciais de espaços públicos no contexto da Covid-19, em metrópoles dos cinco continentes. Coautoria: Adriana Sansão Fontes e Larissa Martins

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Manhood Hamburgueria Reconfiguração de duas kitnets em uma cozinha e um salão. A demanda dos clientes era o menor custo e a menor intervenção possível para os espaços. Para a fachada, então, é proposto um revestimento com telhas de zinco para baratear os custos e para que os próprios donos possam fixá-las.

PiriRecicla O mapa ao lado mostra uma das rotas piloto da coleta seletiva em Pirenópolis-GO. Os responsáveis pelos pontos de descarte e coleta se comprometeram com a destinação correta do lixo na cidade e o projeto está articulando a consolidação da coleta. 57


Ex.Vazio O Ex. Vazio foi uma intervenção ocorrida no espaço que abrigava a antiga biblioteca Lúcio Costa, na FAU-UFRJ. A intervenção consiste em um inflável de grandes dimensões, que se adere aos limites físicos do espaço, e foi construído como produto de uma oficina realizada com estudantes, sob a orientação do artista Sergi Arbusà, do coletivo Penique Productions, e das professoras Adriana Sansão (FAU/UFRJ) e Ayara Mendo Pérez (FAU/UFRJ).

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Jéssika Cartaz do curta-metragem de Galba Gogóia, selecionado para Festival do Rio em 2017. A identidade visual do filme exibe o estranhamento entre a imagem e o texto que resumem a tensão do curta sobre o reencontro de uma mãe com sua filha trans no sertão nordestino.

Rio Necrópole Quais memórias foram enterradas no mapa? Quando o passeio pela rua é proibido pela pandemia, nos resta vagar pelas cartografias digitais de uma cidade que venera artistas e heróis e apaga os rostos de sua gente. Na deriva subterrânea, o mapa revela seu passado e anuncia seu futuro. Curta-metragem produzido no Taller Virtual en RED Arquisur Coautoria: D. Vacques, G. Moussa e R. Amorim Assista em: shorturl.at/jnEFG 59


Brasília Metropolitana Neste workshop, o grupo trabalhou com a Barragem do lago, o ponto de partida para a criação de Brasília. Nesse sentido, propõe-se uma reflexão crítica sobre a força de trabalho que criou todo um corpo hídrico para uma nova paisagem. A imagem acima resume a investigação que tensiona a ideia de que tudo é artificial, controlado ou feito pela força humana. A cidade, então, não tem um lado de fora. Tudo é projeto.

Adaptações emergenciais COVID-19 No grupo de pesquisa LabIT, propomos para a Rua Barão do Flamengo, no Rio de Janeiro, um alargamento de calçadas e a criação de ciclovias temporárias por meio de pintura de piso e fixação de balisadores. Isso é uma estratégia rápida e barata para adequar a cidade às indicações da OMS para o distanciamento social durante a pandemia, garantindo que os pedestres caminhem com mais segurança.

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BR Trans Registros do espetáculo de Silvero Pereira, no Espaço Cultural Escola Sesc em 2015. No espaço, atuei como fotógrafo do centro de memória.

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Rio de Janeiro 2021


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