Claquete

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Claquete WHITEWASHING O embranquecimento das produções cinematográficas

Porque amamos os heróis?

Exercício de Rock in Rio: o que 1s CLAQUETE alteridade nas tela mudou?




AO LEITOR Claquete, o crossover com o mundo real! A revista aborda o mundo da cultura pop por um outro ponto de vista. Nos pautamos nas séries, filmes, livros e músicas para falar sobre o mundo e entender qual a relação de todas essas produções com o nosso dia a dia. Utilizamos nosso tempo livre para conhecermos novas histórias e personagens. Alguns deles nos fazem mudar o jeito de ver a vida e começam a fazer parte do nosso cotidiano como se fossem amigos próximos. Qualquer coisa pode virar uma referência àquele filme ou série que adoramos. Os fãs são assim. Criamos uma revista que possa levar as pessoas que gostam da cultura pop para uma camada mais profunda das histórias que elas já conhecem e também trazer à superfície tudo aquilo que ainda pode ser desbravado pelo imaginário humano. A discussão sobre whitewashing que trazemos em nossa capa é um exercício de reflexão sobre os produtos que consumimos e o que podemos fazer para ter um olhar mais crítico sobre o entretenimento. Tudo aquilo que assistimos, ouvimos e lemos nos trazem novas experiências e tornam a vida mais interessante. Nas páginas seguintes, o universo pop está pronto para ser maratonado pelos nossos leitores e leitoras.

Publicação experimental para fins exclusivamente acadêmicos, desenvolvida pelos alunos do 2º ano de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero no ano de 2017. Orientação: Profª Drª Cândida Almeida As imagens utilizadas nessa publicação foram extraídas dos sites Google, Tumblr e Pinterest. Todas as imagens do índice são fanarts - ilustrações feitas por fãs - encontradas também nos sites já citados, sua maioria sem autoria identificada. Ilustração da capa feita por Gabriele Sousa.

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QUEM SOMOS Séries, música e esportes são as coisas que Fernanda mais ama nesse mundo! Com 19 aninhos, estuda jornalismo na Cásper Líbero e sonha em mudar o mundo. Eterna fã de High School Musical, chorona, rainha dos trocadilhos e intensa sonhadora, Fernanda ama seus amigos (e seus vaaarios ídolos) e canta o dia inteiro na esperança de deixar tudo em harmonia.

Bia Henriques tem 18 anos e é estudante de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Apaixonada por bandas que tem tendência a se separarem ou fazerem hiatus eternos. Quando tem tempo livre, ela estará fazendo carinho em gatos, tomando sorvete ou escrevendo alguma coisa aleatoria.

Estudante de jornalismo,apaixonada pela profissão. Uma taurina de 19 anos que gosta muito de filmes, series e música. Não vive sem Gossip Girl, PLL e Girl Boss. Fashionista, natural de zona leste de São Paulo, que adora passar o tempo na companhia das amigas, do Netflix ou a sua própria, para poder conversar sozinha. Beatriz é, antes de mais nada, uma sonhadora.

Natália tem 20 anos, é estudante de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero e tem um yellow umbrella. Além de How I Met Your Mother, Sherlock é a outra série que habita o seu coração. Coleciona os ingressos de todos os shows que já foi e não dispensa uma conversa sobre seus artistas, filmes, séries e livros favoritos. Ela ainda está esperando o dia em que a TARDIS vai aparecer na sua frente e ela finalmente conhecerá o Doctor.

Rita é estudante da Cásper Líbero que completa 19 primaveras em agosto. Uma amante de livros, música e Disney que adora escrever. Fã da Disney não consegue decidir só um filme favorito, e por isso tem três: Irmão Urso, Frozen e Lilo & Stitch. Nas séries sua favorita é Breaking Bad, e o livro que ela mais ama é O Apanhador no Campo de Centeio.

Julia é romântica, sonhadora e tem 19 anos. É estudante de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero e acredita que filmes, livros e séries são os melhores acompanhantes nos momentos livres do dia a dia. Não há nada mais gostoso do que assistir Skam e estar com os amigos conversando, dando risada e se divertindo com as coisas mais simples da vida: o melhor está sempre nos detalhes.

CLAQUETE

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ÍNDICE

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Dreamcast de Moana

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Nada de capa - o figurino dos heróis

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Exercício da alteridade - filmes que farão você parar e refletir

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Os clássicos do terror e suas curiosidades

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39

SKAM: a série que você precisa conhecer


09 42 CAPA: O fenômeno do Whitewashing A Odisseia de Michael Scofield

12 54

30 41

Sherlock Holmes: o 221B do século XXI

44

Top 5 dos livros de Rory Gilmore

50

Além de Hollywood - O que assitir

52

Loja Geek

56

Teste - Você seria um dos 3%?

57

Agenda - shows de 2017

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20 ANOS DA NETFLIX Em homenagem aos 20 anos da Netflix, a Claquete selecionou os acontecimentos mais expressivos sobre a história da empresa. Desde o dia de sua criação até o auge nos dias de hoje, foram muitos oferecimentos, parcerias e conteúdos produzidos para um público mundial que se expande a cada ano. Viaje no tempo e conheça um pouco mais sobre o lado oculto do serviço de streaming mais conhecido do mundo atual.

Texto: Beatriz Henriques e Júlia Alves Arte: Natália Pinheiro


1997

2000

2007

No dia 29 de agosto, os empreendedores Reed Hastings e Marc Randolph fundam um serviço online de locução de filmes. Este serviço, que tem sua sede mundial em Los Gatos, na Califórnia, recebe o nome de Netflix e, um ano depois, se torna um site (www.netflix.com) onde as pessoas podem solicitar DVD’s que chegam via correio em suas casas.

O plano de assinaturas é muito bem sucedido e resulta no oferecimento da Netflix para a rede de locadores Blockbuster, que até então era a principal concorrente da empresa, porém não foi aceita devido à falta de confiança no negócio. Passados dez anos, a Netflix tem suas ações super valorizadas, enquanto a Blockbuster fale nos Estados Unidos.

Chega ao mercado o tesouro da empresa: o serviço de streaming (tecnologia que envia informações multimídia através de dados e redes de computadores ligadas à internet).

Os donos da empresa decidem criar o pacote de assinatura mensal, a partir do qual é possível alugar filmes ilimitadamente. O cliente escolhe uma série de filmes pelo site e, assim que devolve um pelo correio, a Netflix envia o próximo da lista.

1999

Quando já passa dos 600 mil assinantes, a Netflix faz uma oferta pública na bolsa de valores de Nova York, com o símbolo “NFLX”.

2002

O empreendimento inicia seu processo de estabelecimento de parcerias com fabricantes de eletrônicos para que todo o conteúdo seja transmitido em dispositivos como videogames, smartphones, tablets e televisões conectadas.

2008

4 CURIOSIDADES SOBRE A NETFLIX • “Binge watching” é o ato de assistir dois ou mais episódios de uma série de uma só vez. • Uma das principais formas da empresa analisar se uma série tem potencial dentro de sua plataforma é através da taxa de downloads ilegais. • A primeira série brasileira produzida pela Netflix foi “3%”, que estreou em 2017. • O valor de mercado da empresa é de 20 bilhões de dólares.


2010 O negócio começa a se expandir pelo Canadá e, em seguida, vai para a América Latina, Europa, Austrália, Nova Zelândia e Japão.

A empresa inicia seus serviços no Brasil.

2011

2013

2016

A Netflix começa a produzir conteúdo original para seu serviço de streaming. O primeiro deles foi o seriado House of Cards, seguido pelas séries Hemlock Grove e Orange is the New Black. House of Cards levou o prêmio de Melhor Direção em Série Dramática no Emmy, sendo a primeira websérie a ganhar um troféu em uma das maiores premiações da televisão americana.

A empresa atinge 75 milhões de assinantes e alcança quase todos os países do mundo, com exceção da China, a Coreia do Norte, a Crimeia e a Síria, uma vez que nesses locais os governos não permitem o acesso a serviços prestados por empresas americanas.

O primeiro filme original da empresa, Beasts of No Nation, é lançado.

2015

Atualmente, a empresa tem em seu acervo mais de 100 mil títulos, provenientes de estúdios tradicionais, como Universal, 20th Century, Fox, Paramount, Warner Bross e outros. Além disso, são 400 milhões de visitas ao ano em seu site e, a cada mês, os clientes assistem a mais de 1 bilhão de horas de filmes, seriados e produções originais.

2017

Fundadores da Netflix: a esquerda Marc Randolph e a direita Reed Hastings


1985 2017

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ROCK IN RIO O QUE MUDOU? Texto e arte: Natรกlia Pinheiro

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MÚSICA

A

primeira edição do Rock in Rio, realizada evento. Até porque, 120 mil ingressos - dos 700 mil, em 1985, carregava consigo uma profe- no total - foram vendidos em menos de uma hora cia: Nostradamus, alquimista francês na venda adiantada em novembro de 2016, antes do século XVI, deixou registrado que “um grande mesmo da maioria das atrações serem anunciadas. encontro de jovens na América do Sul perto do final Já o irmão mais velho do Rock in Rio VII, de 1985, do século terminaria com uma tragédia que causaria considerava os artistas internacionais a sua coluna a morte de milhares de pessoas”. Nas vésperas do vertebral. festival, as palavras do vidente viraram um forte boaNa primeira edição, o Brasil passava por uma to. Apesar de ser conhecido mundialmente por suas transição significativa da ditadura militar para a previsões, Nostradademocracia com a mus errou feio. No máeleição do presidenximo, a chuva castigou te Tancredo Neves e a cidade do rock em receberia o maior fesJacarepaguá e deixou tival de música que a multidão suja de um brasileiro podelama. Ainda bem. ria imaginar em seu Já a sétima edipróprio país nos anos ção brasileira do fes80. A vinda de artistival, em 2017, está tas internacionais de livre desse tipo de supeso ao país era poufoco: a nova cidade do co frequente e o Yourock será construída Tube não existia para no Parque Olímpico e alegrar os fãs com víreceberá 75.000 m² deos de performances de grama sintética. A ao redor do mundo. O tecnologia estará no boato de uma tragédia Programação do primeiro Rock in Rio chão e também no céu. já prevista por NostraUma das atrações desse ano será a apresentação de damus parecia fazer algum sentido. Para ajudar, o drones com luzes coloridas formando símbolos rela- cardeal D. Eugênio Sales, arcebispo emérito do Rio, cionados a música, como ondas de som e guitarras. soltou uma nota, pouco antes do evento começar, A própria organização do evento afirmou que será dizendo que o rock era um estilo musical que agia um “Show de Drones”. Os nove minutos de apresen- contra a moral e condenou o festival. tação serão acompanhados ao som da orquestra Em meio a crenças e condenações, o principal austríaca Passion for Life, que fará um arranjo inspi- problema do Rock in Rio I foi a dificuldade de trarado na música clássica e na bossa nova. zer essas tais atrações internacionais para o Brasil. Criar uma cidade do rock que ultrapassa os Apesar da realização de shows bem-sucedidos anteshows e proporciona uma experiência completa faz riormente do Queen em 1981 e da banda KISS em parecer que os artistas são apenas uma parte do 1983, a imagem do país não era boa. O Brasil não

1985 A primeira edição teve um palco de cinco mil metros quadrados, o maior já construído naquela época. A infraestrutura do evento foi erguida para receber um milhão e meio de pessoas, o equivalente a 5 Woodstocks.

1991 A cidade do rock mudou para o estádio de futebol do Maracanã. Dessa vez, a banda mais aguardada para o festival foi o Guns n’ Roses. A segunda edição do Rock in Rio foi encerrada ao som de George Michael.

2001 Agora, no mesmo espaço em que aconteceu a primeira edição, foram criadas “tendas” com shows paralelos aos que aconteciam no palco principal. “Tenda Eletro”, “Tenda Brasil”, “Tenda Raízes” e “Tenda Mundo Melhor”.

2011 A cidade do rock foi construída na Tijuca. A quarta edição trouxe outras atrações além dos shows: roda gigante de 28 metros de altura, tirolesa e uma rua cenográfica inspirada em Nova Orleans, cidade norte-americana.


era bem visto no mercado musical e a acusação de furto de equipamento feita pela banda Van Halen repercutia de forma negativa no exterior. Apesar disso, a primeira edição do Rock in Rio nasceu. O empresário Roberto Medina, idealizador do evento, conseguiu trazer um nome de peso para o line-up: Rod Stewart. Após sua confirmação, nomes como Iron Maiden, Ozzy, Scorpions e Yes juntaram-se ao festival. As atrações brasileiras não ficaram para trás: Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Rita Lee e Ney Matogrosso também se apresentaram no Rock in Rio I. O primeiro Rock in Rio foi um projeto ousado e ambicioso. O Brasil era ultrapassado em vários aspectos do show business: palco, som, iluminação. A diferença de produção ficava ainda mais clara ao comparar artistas internacionais e nacionais. No documentário ‘Rock in Rio: 30 anos’ exibido pelo Multishow em 2015, Erasmo Carlos afirma que “o som deles [artistas internacionais] era muito mais perfeito e mais alto”. Porém, o evento foi um marco para o cenário musical no Brasil. As consequências do sucesso do Rock in Rio I reverberaram até hoje e as evoluções do festival confirmam isso. A música tema do evento começa dizendo que estão “todos numa direção, uma só voz numa canção”, mas a realidade é que nem todo mundo quer cantar algumas das canções do Rock in Rio. Desde sua primeira edição, discute-se os gêneros musicais incluídos no evento que fogem do estilo rock. Se hoje, Ivete Sangalo parece não ter nada a ver com a cidade de rock, em 1985, Ivan Lins era

o artista considerado deslocado. Ainda no documentário dirigido por Daniel Ferro, o jornalista e produtor musical Nelson Motta quebra o pensamento de que o festival é destinado apenas para os rockeiros e metaleiros: “[a noite da apresentação de Ivan Lins] foi uma das melhores noites do festival e as pessoas entenderam que o Rock in Rio tem rock, samba, MPB, pop... o que quiser”. Com mais pop, eletrônica e artistas nacionais já bem conhecidos pelo público, o Rock in Rio VII ainda possui sua aura de libertação por meio da música, mas é nítido que a comemoração da liberdade em 1985 era muito mais política do que hoje e o festival está transformando-se cada vez mais em um parque de entretenimento. A recém parceira com a Comic Con Experience é exemplo disso. Nesse ano, a área de duas das arenas olímpicas utilizadas nos Jogos Rio 2016 será destinada ao Game XP, um espaço com arena de eSports, auditórios para talk shows e estandes de grandes marcas de games. “O Rock in Rio é um espaço de experimentação”, diz Roberto Medina em matéria veiculada no próprio site do evento. Em 1985, a multidão acompanhou Freddie Mercury no coro de “Love Of My Life”, do Queen, em uma apresentação marcante e lembrada até hoje. Em 2011, a banda Maroon 5 dividiu a plateia ao meio para cantar um trecho de “She Will Be Loved”. Apesar de line-ups que provocam questionamentos e divergências, o Rock in Rio faz o brasileiro cantar. Qual será o canto em uníssono de 2017? O mês de Setembro responderá.

“Em meio a crenças e condenações, o principal problema do Rock in Rio I foi a dificuldade de trazer essas tais atrações internacionais para o Brasil”

2013 Com morada fixa na Barra da Tijuca, o Rock in Rio passou a ter uma periodicidade de dois anos em terras brasileiras. Nessa edição, uma homenagem ao cantor Cazuza inaugurou os shows do Palco Mundo.

2015 O festival comemorou 30 anos de existência e trouxe de volta a banda Queen. Só que com outro vocalista. Adam Lamber t foi o frontman substituto nesse show nostálgico e que prendeu a atenção do público.

2017 De endereço novo, o Parque Olímpico, a sétima edição evoluiu nos ingressos. Agora, são pulseiras com tecnologia RFID, um chip que guarda e transmite informações de um ponto a outro por radiofrequência.


E se ganhasse um live-action? O filme da Disney, lançado em janeiro de 2017, teria um time de peso no elenco Live-action é um termo utilizado no mundo dos cinemas e séries para definir os trabalhos adaptados, que são realizados por atores reais, onde, normalmente, seriam utilizadas animações. Para ilustrar melhor este conceito, pode-se considerar o filme “A Bela e a Fera”, da Disney, lançado em 2017. No mesmo ano, a multinacional estreou nos cinemas o longa animado Moana - Um Mar de Aventuras. Que tal especular sobre o elenco de um possível live-action da mais nova princesa da Disney? Zendaya como Moana

The Rock como Maui

Nicole Scherzinger como Sina

Shermar Moore como Tui

Queen Latifah como Vovó Tala

Viola Davis como Te Fiti


NADA DE CAPA!

A

lguns super-heróis seguiram os conselhos da estilista dos Incrìveis, Edna Moda, e não quiseram arriscar suas vidas com uma capa em seus uniformes. A Mulher Maravilha, que teve a estreia de seu filme no dia 1 de junho deste ano, está entre os nomes desta lista. Outros exemplos são o Arqueiro Verde, o Capitão América e a Viúva Negra. “A sorte ajuda quem se prepara”, como já diria a designer dos figurinos heróicos.


EXERCÍCIO DA ALTERIDADE A

ascensão da extrema direita na sociedade atual traz a tona discussões que, antes, pareciam estar ganhando novos rumos. Assuntos como o feminismo, o racismo, a estratificação social, a homofobia e a transfobia estão mais atuais do que nunca e precisam receber maior atenção para que o preconceito diminua. Pelo fato de grande parcela da população ainda ter uma postura de discriminação diante do diferente, é essencial que as pessoas se conscientizem de algu-

Top 4 citações 1. A Garota Dinamarquesa: “Eu te amo porque você é a única pessoa que me fez ter sentido. Você me fez possível.” 2. Estrelas Além do Tempo: “Toda vez que temos uma chance de avançar eles vem e nos colocam no final da fila. Toda vez!” 3. As sufragistas: “Nos quebramos janelas, queimamos coisas. Porque guerra é a única linguagem que os homens entendem. O que você vai fazer? Prender todas nós? Nós estamos em cada lar, nós somos metade da humanidade. Você não pode parar todas nós.” 4. Que horas ela volta?: “Quando eles oferecem alguma coisa deles, é por educação; eles sabem que vamos dizer ‘não’.”

ma forma em relação a temas que geram segregação. Selecionamos alguns filmes que podem colaborar para a mudança de mentalidade das pessoas. Neles, questões sociais são abordadas e mostradas de acordo com a realidade de grupos que sofrem com a intolerância de outros indivíduos diariamente.

As sufragistas e o feminismo

A desigualdade entre gêneros ainda é um enorme problema nos dias atuais e a cultura machista está espalhada por todas as instituições da sociedade: na família, nas escolas e na mídia, por exemplo. Manchetes como “Bela, recatada e do lar” demonstram como estamos estagnados no tempo, e como a mulher continua sendo colocada em posições inferiores aos homens. Se em 2017 vivemos um contexto no qual mulheres continuam lutando pelos seus direitos, no início do século XX as coisas eram muito piores. Essa época histórica é representada no filme “As Sufragistas”, que conta a batalha das mulheres pelo simples direito de voto, e cada uma que participasse do movimento era taxada como sufragista. O filme retrata como os homens comandavam a sociedade e as mulheres eram exploradas, mal tratadas e, em muitos casos, assediadas. A protagonista Maud é um bom exemplo do que acontecia com mulheres que participassem das manifestações: eram marginalizadas, presas e sofriam repressão física. A principal mensagem passada por “As sufragistas”, é que por mais que a luta feminista por busca de igualdade seja conflituosa e lenta, ela deve ser contínua e buscar cada dia mais o engajamento das mulheres. A imposição de vozes é essencial e, por mais difícil que seja, devem resistir ao silenciamento imposto pela sociedade.


Estrelas além do tempo e o racismo

Na sociedade atual, indivíduos brancos continuam sendo privilegiados e a discriminação racial ainda acontece de diversas formas e em vários graus: pequenas manifestações, como atravessar a rua ao ver uma pessoa negra, até grandes acontecimentos, como violência física contra alguém negro. Levando em conta esse cenário, o filme “Estrelas Além do Tempo” retrata exatamente as dificuldades de pessoas negras ganharem o reconhecimento que merecem e serem colocadas em posições iguais aos brancos. A história foca em três personagens: Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson. Todas elas trabalham na NASA, e buscam ascensão em seus cargos, mas por serem negras e mulheres, encontram inúmeras barreiras que, ao longo do filme, são quebradas. Além disso, as personagens estão inseridas no contexto histórico dos anos 60, no qual a sociedade era extremamente segregatória, tendo até mesmo banheiros separados para negros e brancos. A resistência contra o preconceito é essencial para vencer a ignorância daqueles que, através de atos ou palavras, expressam o racismo. Somente através da persistência é possível avançar em busca de um mundo mais igualitário e o papel que os brancos devem exercer é o de dar espaço e voz para que os negros exponham suas ideias.

A Garota Dinamarquesa e a transexualidade

O filme “A garota dinamarquesa” é baseado em fatos reais que aconteceram na vida da primeira transexual da História: Lili Elbe. A trama começa em Copenhague no ano de 1926, quando Lili era Einar Wegener. Durante a infância, ele já havia passado por experiências que realçaram a essência feminina que possuía. Porém, o auge de tudo acontece quando Gerda, sua esposa, que era pintora e fazia retratos, pede para o rapaz vestir a roupa da modelo que faltou à sessão para que pudesse continuar seu trabalho. A partir disso, muitos impactos são causados na vida do casal: como a Dinamarca era um país totalmente conservador, decidem se mudar para Paris, onde ninguém os conhecia. Depois de muitas buscas e pesquisas realizadas pelos dois, Einar passa por 5 cirurgias, realizadas na Alemanha, nos 2 anos seguintes. A transexualidade acontece quando uma pessoa tem a percepção íntima de que não pertence ao seu gênero biológico, e ela não interfere na orientação secual da pessoa, pois isso se refere ao desejo e não a identidade. O Brasil é considerado o país mais transfóbico do mundo e, portanto, o dia 29 de janeiro foi eleito o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Entretanto, a preocupação contra o preconceito atinge todo o planeta e o dia 17 de maio é o Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia e a Transfobia.

“[...] Por mais que a luta feminista por busca de igualdade seja conflituosa e lenta, ela deve ser contínua e buscar cada dia mais o engajamento das mulheres.”


Apesar do filme não representar diretamente a transfobia, mostra as dificuldades que uma pessoa transexual passa até conquistar a liberdade de ser quem realmente quer ser e se autoaceitar. O mais interessante em tudo isso é que, além da encenação cinematográfica, os medos e inseguranças de Lili ainda são encontrados no Museu de Arte de Vejle e no diário “Man Into Woman” escrito por ela mesma durante sua vida.

Que Horas Ela Volta? e a estratificação social

A estratificação social é o conjunto de desigualdades que separa os sujeitos de uma sociedade, não sendo apenas uma característica do mundo contemporâneo; existe desde quando a humanidade surgiu e já se apresentou com diversas faces. Atualmente, o sistema de classes prevalece e enaltece o chamado status social, que gera, muitas vezes, violência moral e física. O filme “Que horas ela volta?”, dirigido por Anna Muylaert, retrata algumas características do preconceito social.

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A protagonista Val trabalha na casa de uma família rica há 13 anos e nunca foi capaz de enxergar a rejeição que sofre pela patroa, Bárbara. O auge da trama acontece quando Jéssica, filha de Val, chega de Pernambuco para passar um tempo em São Paulo e prestar vestibular. A menina se sente igual e é desapegada dos cuidados e comportamentos que Val acredita ser necessários na frente dos patrões; com isso, enxerga tudo o que a protagonista não vê. O filho do casal, Fabinho, representa uma oposição a Jéssica: ele é o jovem abastado que tem todas as chances para entrar em uma boa faculdade e ela é a menina humilde que tem que atravessar muitos obstáculos para conseguir as mesmas coisas. A partir disso, percebe-se o preconceito que as pessoas mais simples sofrem a todo o momento, desde os rostos de desgosto olhando para elas como se representassem falta de credibilidade, até o xingamento e o distanciamento descarados. O filme provoca desconfortos, uma vez que encena de forma íntegra e acessível todas as dificuldades que o sistema de classes impõe na sociedade atual e a importância da luta contra as diferenças.


FELIZ ANIVERSÁRIO! 15 ANOS SONGS ABOUT JANE - MAROON 5

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ongs About Jane foi o primeiro álbum produzido pela banda Maroon 5, lançado no dia 25 de junho de 2002. Até 2015, vendeu mais de 11 milhões de cópias no mundo e teve cinco singles alcançando o topo das paradas de sucesso. O que muitos não sabem é que o Maroon 5 existia muito antes de ter esse nome. Durante o ensino médio em Los Angeles, Adam Levine, Jesse Carmichael, Mickey Madden e Ryan Dusick se conheceram e formaram a banda de rock Kara’s Flowers. Em 1997, eles até lançaram um disco chamado The Fourth World (O Quarto Mundo), mas não obtiveram sucesso. Em 2001, com a integração do guitarrista James Valentine, o grupo resolveu trocar o nome da banda para Maroon 5. Um ano depois, lançaram o primeiro álbum sem nem imaginar o sucesso que alcançariam. O nome do disco foi inspirado em uma ex-namorada do vocalista Adam Levine chamada justamente Jane. Em entrevista à uma rádio de Nova York, Levine contou que ligou para ela, dizendo que queria colocar um título honesto no álbum, e perguntou se poderia ser Músicas sobre Jane: “Eu lembro da reação dela ter sido algo como ‘Claro, tudo bem por mim’. O ex-baterista do grupo, Ryan Dusik, resumiu em uma frase como Songs About Jane mudou a vida e a carreira da banda:“Nós passamos de músicos famintos, que se perguntavam o que o futuro nos prometia, a uma onda de sucesso além de nossas mais selvagens expectativas”.

20 ANOS HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL - J.K. ROWLING Há 20 anos, o bruxo mais famoso do mundo ganhava sua primeira história: em 26 de junho de 1997, Harry Potter e a Pedra Filosofal era lançado no Reino Unido. O livro, escrito pela autora J.K.Rowling, foi traduzido desde então para mais de 67 idiomas e ganhou mais sete sequências em 10 anos. O livro conta a história de Harry Potter, um garoto órfão criado por seus tios que descobre em seu aniversário de onze anos que é um bruxo. No romance, são narrados os seus primeiros passos na comunidade bruxa, sua ingressão na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e o início de sua amizade com Rony Weasley e Hermione Granger. A obra ganhou diversos prêmios literários e, em agosto de 1999, entrou para a lista de best-sellers de ficção do The New York Times, onde permaneceu até fevereiro de 2000. A série também acabou recebendo críticas de grupos religiosos e chegou a ser proibida em alguns países devido à acusações de promoção à bruxaria. Em 2001, a história também ganhou as telas de cinema. Dirigida por Chris Columbus, a adaptação cinematográfica arrecadou, até 2002, 926 milhões de dólares (cerca de 2,33 bilhões de reais, na conversão da época) e entrou para a lista de filmes de maior bilheteria da história. Agora, em 2017, uma edição especial comemorativa foi lançada com quatro capas diferentes, cada uma estampa as cores e símbolos das casas de Hogwarts: Grifinória, Lufa-Lufa, Sonserina e Corvinal.

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Hey, what’s going on?

A música tema de Sense8 faz todo sentido em relação ao destino inesperado da série. Após ser cancelada, o sentimento que fica é: “Ei, o que está acontecendo?” Texto: Fernanda Zalcman e Natália Pinheiro Arte: Natália Pinheiro

O

mês de junho trouxe uma péssima notícia para os fãs de Sense8, série original da Netflix. Depois de duas temporadas, o serviço de streaming anunciou o cancelamento do seriado. Cada episódio da segunda temporada, lançada no dia 5 de maio desse ano, custou US$ 9 milhões e foi gravada em 13 países. Roberto Malerba, um dos produtores de Sense8, já havia dito para o site italiano Newsflix que a história poderia terminar na terceira temporada devido ao alto custo de produção dos episódios e o afastamento de Lilly, uma das irmãs Wachowski que escrevem a série. Em uma carta aberta aos fãs no twitter, o ator Brian J. Smith, que interpretava o policial Will Gorski, afirmou que o motivo para interrupção definitiva do seriado foi a baixa audiência: “[...] a série teria continuado se ao menos a audiência justificasse os gastos. Pode não parecer justo perante a reação de fãs tão apaixonados, mas sempre, SEMPRE, tudo se resume aos números”. Mesmo com um último episódio que deixou vários arcos narrativos abertos e inúmeras dúvidas no ar, Sense8 ensinou muito sobre aceitação, diver-

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sidade étnica e sexual e cultura. Aqui, separamos as frases mais marcantes dessa história de oito pessoas interligadas ao redor do mundo por meio de uma conexão psíquica exclusiva de sua evolução genética.

CANCELARAM!


“A real violência, a violência que eu percebi ser imperdoável, é a violência que fazemos a nós mesmos quando temos muito medo de ser quem realmente somos” - Nomi Lito é um ator de sucesso no México e esconde sua homossexualidade para não perder contratos na indústria do cinema. Sentado em um banco do Museo Anahuacalli, Nomi se conecta com ele para alertá-lo que a auto rejeição é a pior escolha a ser feita. Aceitarmos quem somos elimina uma das piores dores: a que causamos a nós mesmos.

“Ele é meu irmão. E não por algo tão acidental como sangue… por algo muito mais forte. Por escolha.” - Wolfgang Ao falar de seu melhor amigo Felix, o sensate Wolfgang mostra que uma amizade pode ser muito mais forte do que um laço de sangue. E que não há nenhum problema nisso.

“Isto é o que a vida é: medo, raiva, desejo… amor. Parar de sentir emoções, parar de querer senti-las é sentir… a morte.” - Sun A sensate coreana e lutadora de kickboxing discute uma das funções mais primárias e também complexas do ser humano: o ato de sentir; as emoções. Para as pessoas com medo de dar espaço aos próprios sentimentos, Sun é clara: quem não sente, não vive.

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“Nós podemos estar casados, mas o meu corpo é somente meu!” - Kala Kala se sente pressionada por seu marido para que a primeira relação sexual dos dois aconteça, agora que eles se casaram. Ela enfrenta a ideologia machista que julga o corpo feminino como uma posse do homem e defende que a mulher não deve fazer nada contra sua própria vontade.

“Sim, eu amei uma mulher. É verdade. Eu também amei homens. Eu me apaixono pela pessoa, não seus genitais.” - Zakia A confiança e clareza da jornalista ao conversar com Capheus sobre sua vida amorosa durante a faculdade mostra que a bissexualidade não é uma indecisão. Ela ama pessoas. E é isso. Simples assim.

“Você está com medo (agora) porque a arte, (assim) como a vida, é cheia de riscos. E isso é bonito. [...] Se seus sonhos não valem os riscos, o que vale?” - Hernando Depois de muito tempo escondendo quem ele realmente era, Lito finalmente acaba sendo descoberto pelo público como homossexual. E nesse momento, ele entende que sua carreira corre perigo, e claro, sente medo de nunca mais poder fazer aquilo que ama: atuar. Mas seu parceiro, Hernando, faz questão de apoiá-lo, ressaltando que o sonho é algo que vale a pena lutar, independente do que possa acontecer. Porque quem foge do risco, foge do erro e, consequentemente, do aprendizado.

“O coração não é um relógio. Amor não é algo que nós damos corda, que nós estabelecemos ou controlamos. Amor é como arte: uma força que entra nas nossas vidas sem quaisquer regras, expectativas ou limitações. Amor, como arte, deve sempre ser livre” - Hernando Hernando mais uma vez dá uma aula sobre a vida - até porque ele é professor. Dessa vez o assunto é amor! Ele defende que o amor não deve ter barreiras ou preconceitos. O ato de amar faz parte da vida de todo mundo e todos deveriam poder experimentá-lo da maneira que lhe fizer melhor. Não importa quem você ama, e sim se você ama.

“Nada de bom acontece quando as pessoas se importam mais com as diferenças do que com o que temos em comum” - Capheus Capheus fala uma das frases talvez mais marcantes da série ao discursar em um palanque pela sua candidatura para presidência do Quênia. Capheus mostra que as diferenças nada mais fazem do que criar barreiras entre as pessoas, quando, na verdade, elas fazem parte da vida e são elas que tornam o humano um ser tão único. Os rótulos escondem a essência e enquanto continuarmos olhando apenas para o que temos de desigual em relação ao outro, estaremos deixando de ter experiências enriquecedoras que nascem do contato justamente com o diferente.

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CINEMA

CURIOSIDADES DO

E

TERROR

Texto: Rita Corazza Arte: Natália Pinheiro

xistem pessoas que são malucas. Talvez não no sentido clínico, mas que não teriam nenhum problema em admitir algo que à primeira vista pode parecer bizarro: elas gostam de sentir medo. Para alguns, aquele misto de arrepio e frio na barriga é maravilhoso! Se você também é assim, e se diverte assistindo filmes que dão frio na espinha, essa é a sua matéria! Entre assassinos, monstros e demônios, descubra curiosidades sobre seis filmes que entraram para a história, e arrancaram bons gritos daqueles que foram corajosos o suficiente para assisti-los.

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•Com 10 indicações ao Oscar, O Exorcista foi o primeiro do gênero terror a conquistar o troféu por Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som; •Filmes de terror não costumavam a ter a mesma produção de O Exorcista, e por isso as pessoas passavam muito mal nas salas de cinema ao assistir o filme pela primeira vez, desmaiando e vomitando. Você pode conferir dois vídeos do Youtube que mostram a reação das pessoas, procurando por “The Exorcist – Audience Reaction”; •O diretor William Friedkin chamou a radialista Mercedes McCambridge para gravar a voz grave e assustadora do demônio. Ela comeu ovos crus, tomou muito álcool e fumou cigarros para conseguir fazer a voz perfeita; •A cena em que a atriz Ellen Burstyn é arremessada para longe por Reagan – a menina possuída e que precisa do exorcismo que dá nome ao filme – contém um grito genuíno da atriz, que bateu o cóccix contra a cama enquanto a sequência era gravada. Felizmente, não foi nada sério.

•A música de abertura do filme é cantada pela atriz Mia Farrow, que interpreta Rosemary no longa; •O filme foi filmado no Edifício Dakota, onde 12 anos depois John Lennon foi assassinado; •Mia Farrow afirma que a cena em que ela corre na frente de carros foi espontânea, pois o diretor do filme Roman Polanski disse que ninguém atropelaria uma mulher grávida; •O bebê de Rosemary nasceu no dia 6/6/66. Coincidência?

• O Chamado é um remake do filme japonês Ringu (1998), que por sua vez é baseado no livro de mesmo nome, escrito por Kôji Suzuki em 1991; • É possível perceber sutis imagens de círculos espalhadas por todo filme, que têm um forte significado revelado no final do longa; • Daveigh Chase, a atriz que interpretou a vilã Samara Morgan no filme, usou uma maquiagem muito pesada para o papel, e por isso era considerada pela equipe de filmagens uma nova Reagan, em referência ao clássico filme O Exorcista. Ela mesma não se reconheceu nas telas ao assistir ao filme; • Você pode não ter percebido essa sutileza ao assistir o filme pela primeira vez, mas as sombras projetadas pelos atores foram propositalmente apagadas do filme. Segundo o diretor, isso faria com que o espectador se sentisse perturbado de forma inconsciente.

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• No livro de Stephen King que inspirou o filme, os acontecimentos sinistros acontecem no quarto 217. Porém, a administração do Hotel Timberline Lodge, situado em Oregon, onde foram gravadas algumas cenas do filme, pediu para que o quarto fosse mudado para o número 237. A ideia era que os hóspedes não ficassem com medo de se hospedar no quarto 217, que realmente existe. • O ator Danny Lloyd, que interpreta Danny no filme, não sabia que estava participando de um filme de terror. Na época, o diretor Stanley Kubrick quis proteger o ator de apenas 5 anos. Ele só viu o filme com 16 anos, e disse que não achou assustador, já que esteve nos bastidores; • Para criar a neve que cobria o labirinto no qual Jack persegue Danny, foram necessárias 900 toneladas de sal, além de pedaços de isopor; • O título do livro de Stephen King foi inspirado em uma música de John Lennon chamada Instant Karma!, que contém a frase “We all shine on…”.

•Psicose foi baseado no livro de mesmo nome de Robert Bloch, que por sua vez usou o serial killer Ed Guein como inspiração para escrever a história. Ed também inspirou filmes como O Silêncio dos Inocentes e O Massacre da Serra Elétrica; •O diretor do filme Alfred Hitchcock comprou todas as cópias do livro disponíveis, para que ninguém soubesse qual era o final de Psicose; (pesquisar) •O filme foi filmado em preto e branco por opção de Hitchcock, que considerava que o filme ficaria “ensanguentado demais” com as cores; • O som da faca sendo fincada no corpo de Marion é, na verdade, o som de um facão encravando em um melão.

•O filme levou 18 dias para ser gravado e editado, e as cenas gravadas como ensaio acabaram fazendo parte do longa; •A sequência do filme, Jogos Mortais 2, foi aprovada na semana de lançamento de Jogos Mortais, devido à grande popularidade que ele alcançou; •Inicialmente o filme seria lançado diretamente em vídeo nos Estados Unidos, mas depois de ter sido aplaudido de pé no Festival de Toronto, a Lions Gate resolveu lançar o filme nos cinemas; •O investimento do filme foi de 1 milhão de dólares, e ele arrecadou mais de 100 milhões de dólares em bilheteria.

Fontes: Youtube, Adoro Cinema, Imdb

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SÉRIE

Destaque Norueguês

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iferente do que estamos acostumados a assistir, Skam, que na tradução literal para o português significa “Vergonha”, é uma série de origem norueguesa, criada por Julia Andem e produzida por Marianne Furevold-Boland. A história se passa na capital da Noruega, Oslo, e representa os conflitos pessoais e sociais da vida de adolescentes do Ensino Médio da Hartvig Nissens Skole, localizada no bairro nobre de Frogner. Originalmente, a série foi exibida apenas no site da NRK (emissora da televisão norueguesa), mas atualmente também se apresenta no canal NRK P3 (Norsk Rikskringkasting AS). A estréia aconteceu no dia 25 de setembro de 2015 e toda sexta-feira acontece o lançamento de um episódio novo. Cada temporada é focada em um personagem diferente, de modo que os temas mais polêmicos da atualidade são abordados de diversas maneiras. A primeira temporada trata da personagem Eva Kviig Mohn e os temas principais foram a solidão, a identidade e a amizade. Eva passa por muitos problemas no conturbado relacionamento que mantém com Jonas Vasquez e são suas melhores amigas Noora, Vil-

de, Sana e Chris que ajudam a moça a solucionar suas dúvidas. A amizade, portanto, é essencial para que Eva enfrente suas dificuldades e Noora tem um papel essencial, pois ela dá conselhos inteligentes e racionais para sua amiga, que em muitos momentos se perdia em meio às emoções. Já a segunda temporada representa a vida de Noora Amalie Sætre e o início de seu relacionamento com William Magnusson, um menino muito diferente dos conceitos que a jovem possuía de “garoto ideal”. Os doze episódios da temporada abordam temas como o feminismo, a violência, os distúrbios alimentares e o abuso sexual, temas essenciais para a conscientização dos jovens. A terceira temporada se configura ao redor de temas como o amor, a sexualidade, a autenticidade e os transtornos mentais, uma vez que o protagonista é Isak Valtersen, um garoto que descobre sua orientação sexual e se apaixona por Even Bech Næsheim. Nessa fase da série, os personagens representam as dúvidas e indecisões que os adolescentes enfrentam diariamente, e deixam como marca da temporada a frase “você não está sozinho”, passando aos espectadores


a mensagem de que todo ser humano é importante, não importa a sexualidade e os problemas que cada um possui. No dia 7 de abril de 2017, a produtora da série publicou um texto em uma de suas redes sociais anunciando que a quarta temporada seria a última da série. Portanto, a protagonista, Sana Bakkoush, seria a última a ter sua vida pessoal representada. A menina é uma muçulmana que sofre com a polêmica do preconceito em torno da religião islâmica e com seu amor por Yousef Acar, que não acredita em Allah (nome muçulmano para Deus). Sana demonstra sua força como mulher independente ao longo de toda a série, e em várias cenas responde a frases preconceituosas, sempre enfatizando que a religião muçulmana é igual a todas as outras, como em um momento em que é questionada pelo amigo Isak sobre os conceitos da religião e diz: “Então se você ouvir qualquer pessoa usando religião como argumento do seu ódio, não escute eles porque ódio não vem da religião mas sim, do medo.” A série foi recebida de forma positiva pelos críticos e chegou a ser considerada como a melhor série de televisão norueguesa pela crítica Martine Lunder Brenne e pelo jornal NATT E DAG em 2015. Até a polícia norueguesa lançou elogios quando o seriado abordou o tema do abuso sexual de uma maneira inteligente e mostrou diferentes formas de combate a esse mal. Com a explosão do sucesso, no final de 2016 a produtora de entretenimento de Simon Fuller, criador do programa American Idol, assinou uma carta de intenção para uma versão americana da série para os Estados

Unidos e o Canadá, com produção prevista para 2017. Cada personagem possui um perfil no Instagram, e as pessoas podem seguir essas contas e interagirem, como se os personagens deixassem de ser fictícios para serem reais. As atualizações dos perfis são constantes e acompanham o andamento da série, por exemplo, se o próximo episódio tiver uma festa, as contas irão postar fotos desse evento antes do episódio ser lançado. Aumentando ainda mais a realidade proposta pela série, a página oficial de Skam no site da NRK libera print screens simulados de mensagens trocadas entre os personagens, dando dicas de alguns assuntos que serão abordados. Também publicam pequenos clipes com cenas do episódio a ser lançado, e esses vídeos são postados no tempo real que o fato acontece: se Isak se encontrou com Even as três da tarde, é nessa hora que o clipe será divulgado (de acordo com o horário da Noruega). A série, portanto, acontece em tempo real e o desenvolvimento dos personagens ao decorrer dos episódios nunca é feito de forma repentina e temos a oportunidade de entender a fundo os problemas e dúvidas que cada um deles enfrenta. Com personagens bem construídos, temas importantes sendo abordados e uma forma de narrativa simples e atual, Skam conquista novos espectadores a cada dia, principalmente por mostrarem não só os aspectos positivos de cada personagem, como também seus erros. Mesmo estando na última temporada, a série ainda será muito comentada por um bom tempo.

“Então se você ouvir qualquer pessoa usando religião como argumento do seu ódio, não escute eles porque ódio não vem da religião mas sim, do medo.”

Encontre os personagens no Instagram Isak Valtersen: Isakyaki Noora Sætre: loglady99 Jonas Noah Vasquez: jonas9000 Eskild Trygvasson: easy_eskild Sana Bakkoush: sana_bakkoush

Vilde Lien Hellerud: ellevillevillde Eva Kviig Mohn: evamohn2 Chris Berg: stas_a_vaere_chris William Magnusson: magnussonwilliam Christoffer Schistad: chrisschistad


CAPA

WHITEWASHING As histórias que deixam de lado as verdadeiras origens étnicas de seus personagens 30


Onde foram parar os personagens originais?

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tephen Strange é um neurocirurgião americano britânico Jim Sturgess interpretou o aluno do MIT Jemuito bem-sucedido. Suas mãos extremamen- ffrey Ma no filme “Quebrando a Banca”. Porém, na te precisas são o seu instrumento de trabalho. vida real, o estudante que contava cartas para queCheio de si, Strange se mostra um homem arrogan- brar os cassinos de Las Vegas é de ascendência chinete e preocupado apenas com sua reputação como sa. Muito diferente do ator que o interpretou no filme. médico. A caminho de um evento, o doutor sofre Mas por que tantos atores caucasianos conum acidente de carro que incapacita suas mãos e o tam histórias de pessoas de outras etnias? O proafasta de sua profissão. Essa é a história de “Doutor blema começa bem antes da atuação. “A questão é: Estranho”, o herói místico da Marvel. Na adaptação quando eles [os produtores] fazem um filme muito cinematográfica de 2016, Strange é interpretado por grande, eles gastam muito dinheiro e precisam recuBenedict Cumberbatch, um homem branco, de olhos perá-lo”, afirma José Vicente, professor de cinema da claros e cabelos levemente lisos, muito parecido FAAP. A questão financeira é um fator impactante na com o personahora de produzir gem original dos uma série ou um HQs. filme de grande Ainda sem alcance, como sucesso na meas produções dicina ocidende Hollywood. tal tradicional, Para ter retorno o personagem e audiência, o de Cumberbatcinema nortech descobre um -americano já local capaz de percebeu que curá-lo: Kamarprecisa seguir -Taj, no Nepal. determinadas Lá, Strange co“convenções” e nhece um ser uma delas é inpoderoso que citar em seu púpode trazer de bico algum tipo volta os movide identificamentos de suas ção. Em 2015, a mãos. Mas sua empresa Harris Anciã e Stephen Strange em “Doutor Estranho” experiência em CatPoll, responsável por mandu, a capital do Nepal, vai além: Strange desco- pesquisas de mercado, elencou os dez atores e atribre uma outra dimensão do mundo e toda a magia zes de cinema mais queridos pelo público dos EUA. que circunda esse universo. O ser que mostra esse No topo estão os artistas Tom Hanks e Johnny Depp, outro lado para o Dr. Estranho é a Anciã, uma mu- a lista ainda cita Brad Pitt e Julia Roberts. O único nelher branca de olhos claros, interpretada por Tilda gro que aparece na pesquisa é Denzel Washington. Swinton. Mas há algo de errado... Nepal é um país José Vicente entende que “o público gosta desses asiático, certo? Mas a Anciã é branca. artistas porque a classe média é a que mais frequen Esse é um exemplo de whitewashing, ta o cinema e ela é predominantemente branca”. o processo pelo qual os personagens de origem asi Assim, a preocupação com audiência ática ou negra nas histórias originais passam por acaba sendo um ponto-chave - nem sempre fácil um “embranquecimento”, sendo representados por de lidar - para entender esse “embranquecimento” atores e atrizes brancas nos filmes de Hollywood. O nas telas hollywoodianas. Recentemente, quando caso de Tilda Swinton é apenas um dentro de uma Scarlett Johansson apareceu como a policial lista maior e antiga. Em 2008, por exemplo, o ator cibernética major Motoko Kusanagi, originalmente

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japonesa, no filme “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell”, os comentários negativos sobre a escalação apareceram. O filme teve pouca bilheteria e Kyle Davies, chefe de distribuição da Paramount - empresa que lançou o filme -, deu uma declaração a respeito da reação do público: “ [...] você está sempre tentando encontrar a medida exata entre honrar o material de origem e fazer um filme para uma audiência de massa”. Outro fator essencial para entender esse fenômeno é o processo de criação da história e dos personagens, que conta muito no resultado final apresentado. Antes da interpretação dos artistas, há a construção do roteiro e a escolha do elenco. O que o roteirista pode ou não escrever sobre seus personagens é uma discussão subjetiva. Por um lado, os detentores da criatividade ficcional podem criar personagens que não são brancos, mas por outro lado, podem acabar caindo no estereótipo, pois eles não fazem parte do universo que estão escrevendo. “Quando o roteirista começa a trabalhar, a não ser que ele queira debater alguma questão de cunho racial ou coisa do gênero, ele escreve personagens do círculo dele”, afirma o professor e roteirista José Vicente. Se a maioria dos roteiristas são homens brancos, a probabilidade de aparecer personagens dessas características nas produções culturais são maiores. As pesquisas feitas para escrever o roteiro ajudam na hora de dar vida a um personagem fora do universo do escritor, mas ainda não é o suficiente. “Vamos supor que eu decida fazer um filme sobre como se sente uma mulher de madrugada em São Paulo”, conta o professor. “ Por que eu estou fazendo um filme sobre isso? Porque toda mulher que anda sozinha de madrugada fica com medo, já que pode ser estuprada. Eu posso consultar quantas mulheres eu quiser, mas vai ser muito difícil eu transcrever isso. Seria muito mais interessante uma mulher escrever sobre isso”. Desse modo, a pouca representatividade nas telas é um reflexo da equipe que está por trás, aquela encarregada da produção de uma série ou filme. Novos pontos de vista surgiriam se houvesse maior diversidade entre os roteiristas. Mulheres, pessoas da comunidade LGBT, negros e asiáticos poderiam

A pouca representatividade nas telas é um reflexo da equipe que está por trás, aquela encarregada da produção de uma série ou filme. 32

escrever sobre seus universos com maior propriedade e legitimidade. O problema é estrutural e começa muito antes do universo cinematográfico. No filme “Estrelas Além do Tempo”, Mary, a personagem de Janelle Monáe, faz parte do time de cientistas mulheres da NASA. Entretanto, sua personagem explicita a influência do preconceito racial em sua vida, na época da corrida espacial durante a Guerra Fria. Seu superior pergunta se ela queria ser um engenheiro caso fosse um homem branco, a res-

posta de Mary é cortante: “Não precisaria querer. Eu já seria um”. O filme não contém um exemplo de whitewashing, mas faz refletir sobre as ocupações que os negros recebem na vida cinematográfica. E não é preciso ir muito longe para fazer esse exercício. A pesquisa “A Cara do Cinema Nacional”, de Marcia Rangel Candido e Verônica Toste Daflon, e coordenada pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade Estadual do Rio de Janei-


ro (UERJ) analisa gênero e cor dos atores, diretores e roteiristas dos filmes brasileiros durante o período de 2002 a 2012. Os resultados mostram que os negros aparecem em 31% dos filmes, sendo que são quase sempre caracterizados a partir de estereótipos que os associam à pobreza ou à criminalidade. Os papéis mais diversificados em questão de emprego e classe social são direcionados aos brancos. Esse não é um fenômeno que ocorre apenas no Brasil. O professor da FAAP, José Vicente, estende

o ocorrido para os filmes de bilheteria mundial: “Se você pega todos os filmes encabeçados por um branco, de grandes produções, você não tem dúvida de que o protagonista é uma boa pessoa. Ele pode cometer erros, mas são erros “equivocados”. No fundo, ele sempre teve vontade de fazer o bem”. O mesmo acontece com os super-heróis que são considerados, por muitos, como um exemplo do bom caráter. É difícil encontrar um herói negro que

seja protagonista e não um ajudante de algum outro herói branco, da mesma forma que se tem bem menos heroínas nas séries e filmes. Nos últimos tempos, isso até tem mudado. Há dois anos, Supergirl e Jessica Jones ganharam suas primeiras temporadas, assim como Luke Cage no ano passado. E o exemplo mais recente é o filme da Mulher Maravilha que, além de ter uma mulher como protagonista, foi dirigido também por uma mulher. Mas ainda é um esboço de melhora se comparado com a quantidade de outros super-heróis homens e brancos que seguem ganhando novas franquias a cada ano. O exemplo mais próximo disso é a estreia em agosto de Death Note, um liveaction produzido pela Netflix que contará com Nat Wolff no elenco. Ele interpretará Light Yagami, personagem originalmente japonês nos mangás. A dúvida que fica é se há algo a se fazer a respeito. Existe alguma solução? Por se tratar de algo estrutural, como dito acima, a questão se torna muito mais complicada. Segundo José Vicente, “é quase insanável, porque o público está muito acostumado a um determinado tipo de coisa. Não é só no cinema... é na televisão, na música, tudo quanto é lugar”. Não existe resposta absoluta nem solução rápida. Mas algumas atitudes podem ser tomadas para que, pelo menos, um caminho que vá na direção contrária do whitewashing comece a ser trilhado. “Uma solução é você fazer o contrário, você colocar não o que as pessoas não querem assistir, mas o que elas não estão acostumadas a assistir”, conclui o professor da FAAP. “Porque se você não consegue colocar um pouco de raciocínio na cabeça da pessoa, o problema vai se manter”.

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No Brasil

O Brasil não fica atrás quando o assunto é whitewashing. Ao analisar algumas novelas, um gênero tipicamente brasileiro de programa televisivo, é possível encontrar exemplos: Sol Nascente A novela da Rede Globo, que foi ao ar em 2017, retrata a trajetória e o entrelaçamento da história de duas família: uma tipicamente italiana e a outra tipicamente japonesa. O problema é que Luís Melo, o ator escalado para ser o patriarca da família japonesa, de japonês não tem nada, sendo descendente de índios e italianos, segundo a Folha de São Paulo. O caso teve grande repercussão, principalmente nas redes sociais, mas mesmo assim o que prevaleceu foi uma caricatura da cultura japonesa que não agradou muito.

Caminho das Índias Outra novela da Rede Globo, de 2009, que escalou atores brancos para representar indianos. Além disso, a novela fez qualquer coisa menos retratar a realidade vivida na Índia, somente reproduzindo estereótipos muito comuns em Hollywood, como o “indiano taxista” e fazendo os atores forçarem um falso sotaque indiano. José do Egito A produção da RecordTv, de 2013, conta a história bíblica que se encontra no livro do Gênesis. Como o próprio nome indica a história se desenrola no Egito, mas todos os atores mais uma vez são brancos, e também reproduzem os estereótipos tipicamente hollywoodianos dos egípcios antigos.

Nem tudo está perdido

Sense8 A série original do serviço de streaming Netflix conta a história de oito pessoas ao redor do mundo. Ao invés de atores estadunidenses interpretarem todos os personagens, o seriado escalou atores que compartilham das mesmas características de seus personagens. Max Riemelt é alemão e interpreta Wolfgang. A sul-coreana Doona Bae dá vida a personagem de mesma origem que a sua, Sun Bak. Tina Desai é indiana assim como sua personagem Kala Dandekar. E Jamie Clayton é uma atriz transexual que interpreta a Nomi Marks. Luke Cage Heróis negros são uma raridade, porém mais uma produção original da Netflix vai na contramão do senso comum. Mike Colter dá vida ao protagonista da série, Luke Cage. Além dele, o elenco ainda conta com vários atores negros como o vencedor do Oscar com Moonlight, Mahershala Ali e Simone Missick na pele da policial Misty Knight.

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Jump In Em 2007, o Disney Channel lançou o filme Jump In, protagonizado por atores negros. Corbin Bleu, que interpretou Chad em High School Musical, viveu Izzy, um menino que acabou descobrindo seu amor por pular cordas quando passou a fazer parte de um grupo dessa modalidade esportiva composto apenas por mulheres - e negras. Além disso, as “vilãs” do filme foram representadas por atrizes brancas, contrariando também o senso comum. Dreamgirls e Hairspray Os musicais não ficaram de fora. O filme Dreamgirl (2006) narra a vida de um de cantoras negras que formam o grupo “The Dreamettes”. O elenco conta com nomes como Beyoncé, Jennifer Hudson, Eddie Murphy e Jamie Foxx. O filme Hairspray foi lançado um ano depois, em 2007. Apesar de ter uma protagonista branca, Nikki Blonsky foge dos padrões de mulher loira e magra presente na maioria das produções culturais. Além disso, a trama discute a falta de representatividade na televisão nos anos 1960 - e que, convenhamos, não mudou muito.


CRÔNICA

Por Natália Pinheiro

Eu não me vejo aqui Q uando eu era mais nova, adorava vestir meu pijama de estampa militar e roubar a faixa do robe azul de minha mãe para amarrar na cabeça. Às vezes, completava o visual com uma pistola lança água e ia viver minhas aventuras na área externa de casa. Eu era a garota que derrotava monstros imaginários e salvava o planeta. O pijama de soldado não serve mais e o robe agora é vermelho. Comecei a travar batalhas mentais no dia a dia e enxergar monstros mais reais. Em meio a livros, filmes e séries, comecei a perceber que eu era uma aventureira solitária. As personagens femininas precisavam demonstrar certa fragilidade para que um homem, o verdadeiro salvador, tirasse essas donzelas da zona de perigo. Mulheres poderosas eram vilãs e queriam destruir o mundo. Na Comic Con Brasil do ano passado, a falta de representatividade ficou mais clara para mim. Eu vi cosplays femininos incríveis como a Mulher-Maravilha, Tomb Raider e Harley Quinn. Apesar de eu ser jovem e branca, ainda não me via naquelas personagens que, mesmo com personalidades fortes, foram desenhadas de forma hiperssexualizada por seus criadores. O sub-zero derrota seus oponentes com o corpo quase todo coberto. Os figurinos femininos são lindos, mas eu sempre me perguntei se aquelas blusas e saias curtas não atrapalhariam uma heroína do mundo em que eu vivo. Um dos meus personagens favoritos do mundo pop/geek é um alienígena. O Doctor é um Senhor do Tempo. Vindo do planeta Gallifrey, ele tem aparência humana e uma inteligência excepcional. Os seus mais de 900 anos contribuem para essa última característica. A bordo da TARDIS, uma cabine policial azul dos anos 1960, ele viaja pelo tempo e espaço. Só que perambular sozinho pelo universo não tem muita graça, por isso ele está quase sempre acompanhado de uma humana, as chamadas “companions”. Assim como a idade do Doutor pode assustar, o tempo de exibição da série Doctor Who é singular: a ficção científica britânica completou

50 anos em 2013. Como o protagonista não morre, ele apenas se regenera em um novo corpo, muitos atores já interpretaram o Time Lord. Todos homens. Esse ano a BBC resolveu mudar e escalou Jodie Whittaker para interpretar o Doctor. Ela será a 13ª Doctor. Ou seja, o 12º Doctor irá se regenerar em uma mulher. Teremos agora uma... “Time Lady”? Sim. E isso desagradou um pouco. Alguns fãs argumentaram que mudar o gênero descaracterizaria o personagem. Logo ele, um alienígena que está sempre mudando de corpo. Até conta no twitter foi criada para criticar a escalação da atriz para o papel. Casos como esse lançam dois tipos de pensamento na minha mente: a mudança e a resistência a ela. O aumento do protagonismo feminino no entretenimento já é um fato. O filme da Mulher-Maravilha atingiu a marca de 800 milhões de dólares na bilheteria mundial, um grande feito para a DC Comics. Por outro lado, mulheres que saíam de uma sessão exclusiva para elas na Bélgica se depararam com uma situação intrigante. Ao fim do filme, foram oferecidas sacolas com brindes dentro: esponjas de lavar louça e objetos para limpar o banheiro eram alguns dos produtos selecionados. O discurso do mundo pop está em transformação e isso me deixa feliz, mas parte de mim insiste em dar um passo para trás e analisar a situação com mais cuidado. A publicidade e os produtores culturais já perceberam que as mulheres aceitam cada vez menos a objetificação e os estereótipos de seu gênero. Algumas marcas de roupa produzem peças com frases feministas porque sabem que ganharão dinheiro com isso. É quase impossível desvincular arrecadação de produção. Mesmo assim, é gratificante ver que as mulheres estão escrevendo, dirigindo e interpretando histórias incríveis que causam impacto no mundo. Ser mulher é uma constante luta que eu abracei, e por mais que eu não encare vilões extraordinários no cotidiano, agora eu posso ver nas telas mulheres salvando o mundo - e não mais sendo salvas por outrem.

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POR QUE AMAMOS

Texto: Fernanda Lucki Zalcman Arte: Natรกlia Pinheiro e Fernanda Zalcman


OS SUPER-HERÓIS?


“As pessoas precisam de exemplos dramáticos para tirá-las da apatia e eu não posso fazer isso como Bruce Wayne. Como um homem de carne e osso, eu posso ser ignorado e destruído, mas como um símbolo eu posso ser incorruptível, eu posso ser eterno” - Bruce Wayne

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ão é segredo para ninguém que os filmes e séries de super-heróis fazem um imenso sucesso. Desde as inúmeras estreias até os mais variados objetos de coleção como camisetas, garrafinhas de água e capinha para celular, esses personagens fazem parte da vida de muitas pessoas, sem importar a faixa etária. No ranking de maiores bilheterias de todos os tempos, os super heróis marcam presença: os Vingadores aparecem na quinta posição, seguidos pelo segundo filme da franquia, A Era de Ultron, em sétimo lugar e Homem de Ferro 3 em décimo. Só em 2016, dos dez filmes mais vistos no mundo, seis são de super-heróis. No Brasil, o líder foi Capitão América: Guerra Civil que arrecadou mais de 143 milhões de reais e foi assistido por mais de 9,6 milhões de pessoas. Também foi o ano das séries. Pelo lado da Marvel, em parceria com a Netflix, duas estreias: Luke Cage e Punho de Ferro, além da segunda temporada de Jessica Jones. Já pelo lado da DC Comics, Arrow buscou se redimir de uma quarta temporada fraca - e conseguiu com a quinta e talvez melhor temporada de todas. The Flash seguiu com seu terceiro ano e com o terceiro vilão velocista, enquanto Supergirl e DC’s Legends of Tomorrow tentaram se consolidar com suas respectivas segundas temporadas. E em 2017 não seria diferente. Logo no primeiro semestre, uma quebra de recorde: Mulher Maravilha

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fez, em três dias nos Estados Unidos, 100,5 milhões de dólares, se tornando a maior abertura de um filme dirigido por uma mulher. No mundo, arrecadou um total de 223 milhões de dólares. Isso sem contar o grande sucesso de Guardiões da Galáxia II e as várias estreias previstas para o decorrer do ano como Homem Aranha e a série do Netflix e da Marvel, Os Defensores, que reúne todos os heróis da franquia em uma única produção Mas por que tanto sucesso? O que faz as pessoas gostarem tanto desses personagens? Por que amamos os super heróis? Para responder essas questões, conversamos com o professor e wdoutor em Ciências Sociais Luís Mauro Sá Martino. Antes de mais nada, vale ressaltar alguns pontos. Historicamente, os heróis e heroínas sempre existiram e, de acordo com Luís Mauro, sempre estiveram ligados ao nosso imaginário, ao mundo dos sonhos e ao mundo das nossas projeções, ou seja, das nossas aspirações. Além disso, há dois tipos de herói: aquele que não tem poderes, mas que consegue fazer alguma coisa além do “bem” e do “mal” e que faz coisas que outros não fariam; e o herói que possui super poderes, como super velocidade ou super força. Tendo isso em mente, destacamos quatro aspectos essenciais para poder entender de que maneira isso se dá na prática e de onde vem essa admiração pelos super heróis.


Temporalidade O mito do herói está sempre adequado à época na qual ele vive”, afirma Luís Mauro. Nesse sentido, ele trabalha em duas temporalidades: o tempo eterno, tratando de assuntos que, mesmo com o passar dos anos, não perdem o significado; e o tempo atual. Em cada época ou contexto, o personagem é trabalhado em meio a uma ideologia, que é o modo de ver o mundo naquele determinado momento. Isso revela vários aspectos sobre o universo no qual os heróis estão inseridos. Por exemplo, nas histórias do Capitão América (1940) e do Super-Homem (1938). Ambos estão estritamente ligados à mentalidade patriótica dos estadunidenses, característica do período do qual fazem parte, isto é, a Segunda Guerra Mundial, e que os associa à figura do “bem” que combate o “mal”. Fica claro, então, que as diversas tramas e narrativas refletem o mundo no qual estão inseridas. Assim, as séries e filmes trazem à tona questões sociais, políticas, econômicas e culturais que despertam o interesse do público por se tratarem de temas contemporâneos a ele. Hoje se observam, por

exemplo, discussões sobre posse de armas, tráfico de droga, justiça com as próprias mãos, preconceito, entre muitos outros, que ultrapassam o universo da ficção.Não necessariamente os heróis precisam se posicionar sobre esses assuntos, mas o simples fato de mencioná-los, faz com que o espectador, no mínimo, reflita sobre eles. Um caso interessante é o de Supergirl. A série faz uso de uma metáfora para falar sobre o preconceito latente que existe na sociedade atual usando a discriminação sofrida pelos alienígenas de National City. Esses alienígenas são os negros, muçulmanos, homossexuais, entre tantas outras minorias do mundo todo que sofrem todos os dias com o preconceito. Assim como no “mundo real”, o diferente assusta e acaba sendo isolado. A série não só mostra a vida marginalizada que esses seres levam, como também traz discussões com pontos de vista diferentes acerca de como lidar com eles e o que se pode fazer nessa situação. E, com isso, faz – mesmo que não explicitamente e guardadas as devidas proporções um alerta sobre uma questão tão importante e atual como o preconceito.

Aspiração “Eles fazem parte dos nossos sonhos de ser mais do que nós somos. No fundo, esse sonho do herói está ligado aos mesmos impulsos que nos levam a criar, a ir à lua, a pintar um quadro... a ser algo a mais”, diz o professor. A figura do super-herói resume aquilo que o espectador quer ser. É a personificação do bom caráter, do senso correto de justiça, do autocontrole, da bondade, do altruísmo. É a figura de admiração pelo

o que ele é e faz por si e pelos outros. O herói, como diz Bruce Wayne, o Batman, é um símbolo. Um símbolo recheado de ideais pelos uais luta, se tornando outra pessoa, outra coisa, algo maior que si mesmo. “O herói é aquilo que nós tentamos ser, aquilo que, até em alguns casos, a gente consegue ser no dia a dia, mas não o tempo todo”. O que nos leva para o próximo item.

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Identificação “O herói tem essa dupla face no sentido de ser também igual a nós. Porque se ele for muito diferente da gente, nós não conseguimos nos identificar”, declara Luís Mauro. Da mesma maneira que o herói é algo a mais, algo que se deseja alcançar, ele também é uma pessoa comum, é um ser humano como qualquer outro. O herói também tem medo, também tem conflitos, também ama. Não à toa os anti-heróis, os vilões exploram justamente as fraquezas do seu inimigo, porque se o herói não é colocado à prova, ele não tem como demonstrar o seu heroísmo. E quase ninguém foi colocado tão à prova como o Arqueiro Verde em sua última temporada. O vilão da

vez, Prometheus, em nenhum momento queria que o herói o matasse. Seu objetivo sempre foi fazer com que Oliver Queen admitisse que ele gosta de matar. Essa característica de assassino é a herança da primeira temporada que o herói tanto luta para deixar para trás, e é justamente nesse ponto fraco que o vilão vai atuar durante toda a trama. Sem dar muitos spoilers, Oliver mostra o porquê de ele ser um verdadeiro herói em um último episódio para lá de especial para os fãs da série. “Herói sem conflito é chato. Por quê? Porque a nossa vida tem conflitos, nós somos seres conflituosos. Então o herói sem conflitos, o herói perfeito é chato, porque não tem como eu me identificar”.

Superação A superação trabalha nos dois âmbitos: no da aspiração e no da identificação. Ao mesmo tempo em que o espectador se vê representado na figura do herói quando este passa por algum tipo problema, a maneira como ele trabalha para vencer suas batalhas, sejam elas internas ou externas, inspira quem está assistindo a fazer o mesmo. Essa questão é muito importante e está presente na maioria das histórias: “o herói precisa desse inimigo que também muitas vezes é interno”. Exemplos não faltam. Pode ser um trauma de infância como nos casos do Batman, do Flash, do Homem de Ferro, entre tantos outros. Ou até

mesmo algo mais tardio como o Arqueiro Verde e a Supergirl. A Mulher Maravilha pode ser vista como uma figura icônica do feminismo e, consequentemente, do empoderamento, já que consegue seu espaço mesmo sendo mulher em um contexto extremamente machista. Peter Parker, o Homem Aranha, perde seus pais ainda criança e, mesmo com muita dor e saudade, consegue seguir em frente. Desse modo, para alguém que viveu seus próprios traumas, a vitória do herói tem uma função importante como instrumento de apoio, para que este também supere seus próprios obstáculos.

Então, por que amamos os super- heróis? Eles são o que não somos e, ao mesmo tempo, são o que somos. Vivem em um tempo que é eterno, mas que também é o nosso. É esse jogo de dualidades entre realidade e aspiração que desperta em nós esse sentimento de atração e aadmiração.

Assim, os super-heróis se mostram especiais, mas por serem também gente como a gente, mostram que é possível cada um de nós termos esses momentos especiais. Todo mundo pode ter uma “identidade secreta”: ser uma pessoa comum de dia e um herói à noite.

Alfred Pennyworth: “Saiba seus limites, Mestre Wayne.” Bruce Wayne: “O Batman não tem limites.” Alfred Pennyworth: “Bom, você tem, Senhor.* *Diálogo entre o Bruce Wayne e seu mordomo

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SÉRIE

D

QUANDO SÉRIE E LITERATURA SE MISTURAM

epois de oito anos, a saga da dupla de irmãos mais famosa da TV mundial ganhou novos contornos. Michael Scofield e Lincoln Burrows não se deram por satisfeitos com quatro temporadas, e estrelaram a quinta da franquia Prison Break. A trama se passa em dois lugares diferentes: Estados Unidos e Iêmen onde Michael esteve preso nos últimos anos. Pudemos rever personagens queridos como Sarah, Sucre, T-Bag, C-Note, Kellerman e, claro, Mike Scofield já crescido com cerca de sete ou oito anos. O que ninguém esperava encontrar era uma

temporada banhada de referências da famosa obra “ A Odisseia” de Homero. A primeira e grande semelhança é o próprio enredo. A série gira em torno da volta para casa do protagonista Michael que até etão era dado como morto, da mesma forma que no livro, Ulisses passa anos tentando retornar para sua terra natal depois da Guerra de Tróia sem que ninguém soubesse, também, que ainda estava vivo. Além dessa característica em comum, listamos mais quatro aspectos que Prison Break e A Odisseia tem em comum.

OGYGIA x

SÉRIE Prisão no Iêmen onde o protagonista Michael Scofield fica preso por cerca de quatro anos.

LIVRO Ilha habitada pela ninfa Calipso na qual o protagonista da obra, Ulisses, passou sete anos preso.

POSÊIDON Agente duplo da CIA que controla Michael, impedindo que ele volte para sua casa e sua família.

Deus dos mares que controla Ulisses, impedindo que este possa voltar para sua terra natal.

SÉRIE

PHAECIA

Cidade do Iêmen onde Michael e seus companheiros chegam depois de saírem da prisão e onde são ajudados pelo povo local a voltar para casa.

PHAECIA, IÊMEN

SÉRIE

ÍTACA

Cidade na qual Sarah, seu filho Mike e seu novo marido Jacob moram, e para onde Michael quer voltar.

DON POSÊI R) LE (SPOI

LIVRO

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SÉRIE

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LIVRO

Terra natal de Ulisses e sua família, na qual, durante sua ausência, Penélope sua esposa não se casou novamente (diferente da série)

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LIVRO

Terra dos Feácios onde Ulisses chega depois de ser libertado por Calypso e onde é ajudado pelo rei Alcino a voltar para casa.


CINEMA i

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E m 2 017 , um engano histórico marcou a cerimônia de entrega do Oscar. Um dos apresentadores anunciou o vencedor da categoria Melhor Filme errado. Tudo aconteceu por causa da troca de envelopes feita - ou não, no caso - por um funcionário da PwC, empresa de auditoria responsável pelo cálculo dos resultados da premiação. Brian Cullinan colocou na mão de Warren Beatty e Faye Dunaway o papel que revelava quem levaria o prêmio de melhor atriz. Neste ano, foi Emma Stone, de “La La Land: Cantando Estações”, o nome pronunciado antes do quesito mais esperado da noite. A apresentadora, então, anunciou o musical como o melhor filme do ano, ao ler o conteúdo do envelope. A Academia e a PwC foram rápidas na resolução do problema e, logo, “Moonlight: Sob a Luz do Luar” tomou seu lugar de direito. Mas essa confusão foi uma surpresa. Afinal, a produção foi uma das mais elogiadas pela crítica e, deixando para trás Titanic (1997), bateu o recorde de mais indicações ao Oscar, com seu nome em 14 categorias. Tamanho sucesso deve-se, segundo Francisco Russo, editor do portal AdoroCinema, ao caráter inovador do longa, que, diferente dos outros filmes do gênero, traz músicas pontuais e muita fala, evitando o afastamento dos espectadores. Outro ponto destacado pelo crítico é a soma direção (feita por Damien Chazelle), fotografia e trilha sonora. Tal combinação gera uma técnica que se sobressai à história e prende a audiência. Esse enredo, ofuscado pela parte prática, fala sobre a vida de Mia (Emma Stone), uma aspirante à atriz e apaixonada por filmes antigos) e Sebastian (Ryan Gosling), músico, que sonha em ter seu próprio bar de jazz e quer levantar o gênero, que anda meio caído. “Não é a história mais original do mundo. Mas, assim como Stranger Things, é verdadeiro exercício de nostalgia, e por isso triunfou”, afirmou Sara Preciado, uma fã de musicais e autora do vídeo “La La Land - Referências no Filme” São esses sutis déjà-vu, que “La La Land: Cantando Estações” provoca no público, a grande chave do sucesso desta produção. Em pequenos trechos, o diretor deixou escapar algumas ligações com os musicais clássicos e leva seus espectadores em uma viagem no tempo, partindo de Cantando na Chuva passando por Grease e chegando a Moulin Rouge.


Another Day of Sun | Número de Abertura (Ballet) Duas Garotas Românticas (1967) Basta o filme começar para que a “máquina do tempo” decole e vá direto para 1967, para um filme no qual o pontapé para o encadeamento da história, também, é em um engarrafamento. Em ambas as cenas, pessoas que estão presas no trânsito começam um número musical. O corte de cenas e a dificuldade da coreografia do balé são bem mais elaboradas na obra quase 50 anos mais nova, mas a essência ainda é a mesma. Someone in the crowd | Look at me I’m Sandra Dee Grease (1978) Na sequência, Tracy, personagem de Callie Hernandez, faz a Betty Rizzo, Stockard Channing no clássico dos anos 70, e brinca com um lenço na cabeça à la mocinha de filme. Assim como a icônica antagonista, a amiga de Mia (Emma Stone) debocha de um momento “careta” da ruiva, ao não querer comparecer a uma festa.

Lovely Night | Dancing in the dark A roda da fortuna (1953) Essa “bricadeira” com os passos de dança é familiar para os fãs de musical. Em, 1953, Fred Asteire e Cyd Charisse já valsaram sem se tocarem muito, assim como acontece na cena do sucesso musical de 2017. Só há duas diferenças, uma é o sapateado feito por Emma e Ryan. A outra é que, em La La Land, o jogo é mais um “briga” do que um flerte, ao contrário do clássico. Planetarium | Your Song Moulin Rouge (2001) Voar pelo céu estrelado não é novidade no mundo dos musicais. Em 2001, Santine (Nicole Kidman) e Christian (Ewan McGregor) já estiveram dançando no espaço em uma versão mais cantada e com efeitos especiais mais primários, do que os usados na produção de 2016. Mas mantendo o romance (e nuvens) no ar. Epilogue | Broadway Rhythm Ballet Singing in the rain (1952) O cenário bem colorido, feito de papel (em 2D) é um recurso que já foi usado no mundo dos musicais. Há mais ou menos 65 anos atrás, Grace Kelly e Cyd Charisse dançavam e interpretavam em meio a figuras chapadas. Sem falar nada, mas contando tudo, as cenas resumem bem momentos dos seus casais protagonistas. Além do plano de fundo, o contraste de cores (principalmente nos figurinos) é, claramente, lembrado no de 2017.

Música

Referência

O que acontece


O NOME É

SHERLOCK HOLMES E O ENDEREÇO É

221B BAKER STREET

O

ano de 1887 chegava para mudar o imaginário britânico. Em novembro, a revista Beeton’s Christmas Annual publicava a primeira história do detetive Sherlock Holmes e de seu amigo Doutor John Watson, intitulada “Um Estudo em Vermelho”. Ao voltar ferido do Afeganistão, Watson busca por um apartamento em Londres. É assim que ele é apresentado a Holmes, um homem com incríveis habilidades de dedução e em busca de um colega de quarto. O detetive já foi interpretado por diversos atores – Robert Downey Jr, Basil Rathbone e Jeremy Brett estão na lista. E as histórias de Sir Arthur Conan Doyle foram adaptadas para filmes e séries. Inclusive com a mudança da época em que a trama se passa originalmente. Em 2010, a TV britânica BBC deu vida a dupla Holmes e Watson com a série “Sherlock”. Ao invés da era vitoriana com cachimbos e cabelos comportados, o seriado transformou Holmes em um homem moderno que usa adesivos de nicotina, tem um smartphone e se considera um sociopata altamente funcional. Enquanto isso, Watson deixou de escrever para revistas as experiências policiais dos dois e criou seu próprio blog na internet. O encontro de John (Martin Freeman) e Sherlock (Benedict Cumberbatch) na série não poderia resultar em algo diferente do texto clássico: os dois conhecem o famoso 221B da Baker Street, decidem

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alugá-lo e começam a resolver casos juntos, só que agora, no século XXI. O detetive e o doutor foram infalíveis ao resolverem os enigmas apresentados nos doze episódios durante as quatro temporadas do seriado, mas há um mistério que eles não conseguiram esclarecer para os fãs de “Sherlock”: como é o apartamento desses dois amigos? Dois cômodos são mais conhecidos na produção da BBC. Inúmeras cenas de Sherlock e John atendendo seus clientes ou tentando resolver um caso se passam na sala de visitas. Além disso, Holmes faz vários experimentos químicos na própria cozinha, como um laboratório particular. Em alguns episódios é possível conhecer um pouco do quarto de Sherlock e reparar que o banheiro fica ao lado. Mas e o quarto de John? Ou o apartamento de Mrs. Hudson, a senhoria? No site japonês “Pixiv”, um membro desvendou a planta do 221B moderno, o cenário mais importante da série. Ora, ora... parece que temos um Sherlock Holmes aqui!

“Encontramo-nos no dia seguinte, tal como combinado, e inspecionamos os aposentos da Baker Street, nº 221B, de que ele [Holmes] falara. Consistiam em dois confortáveis quartos de dormir e uma única e espaçosa sala de estar” - Dr. Watson em “Um Estudo em Vermelho”


O 221B - Os ambientes comuns e o quarto de Sherlock Tiros na parede, crânio no aparador da lareira, violino na poltrona, mesa para repousar a xícara de chá servida ao seu pior inimigo... A sala é o maior cômodo do 221B e também o local protagonista das aventuras de Sherlock e John. As duas grandes janelas proporcionam à

dupla uma boa visão da famosa Baker Street. Para chegar ao quarto do detetive, é preciso passar pela cozinha e pelo corredor que também dá acesso ao banheiro. Sim, aquele mesmo, que Sherlock dividiu com Janine - o breve caso amoroso de Holmes - e deixou John perplexo.

Quartos de John e Mrs Hudson Na série, apenas a cozinha de Mrs Hudson, que fica no andar térreo, aparece. Quanto a John, apenas sabemos que ele utiliza um outro quarto separado de Sherlock. Seguindo a estrutura do prédio já vista nos episódios, o dormitório de John e o apartamento da senhoria ficam no segundo andar, acima do 221B. O Speddy’s Cafe está no térreo, assim como um possível armazém, um banheiro e um jardim ao fundo. É difícil definir o interior do prédio, mas é possível visitar sua fachada. Na vida real, o 221B Baker Street fica na 187 North Gower Street, em Londres. Aproveite para tomar um chá no Speedy’s, a cafeteria existe e funciona normalmente.

CLAQUETE

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SÉRIE

I

nsegurança. Uma palavra que paira no ar quando o tema de uma conversa é o bullying, e como ele afeta a vida de suas inúmeras vítimas. Mesmo anos depois de terem sofrido bullying, é difícil largar do velho hábito de sempre achar que algo está errado, que elas não se encaixam, que as pessoas não gostam delas verdadeiramente. Mas o que é bullying? A palavra vem do inglês “bully”, que quer dizer “valentão”, “brigão”. A ação se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva. Podia não ter esse nome, mas o bullying existe há muito tempo. No fim da década de 1970, o termo foi usado pela primeira vez pelo professor da Universidade da Noruega, Dan Olweus, ao estudar tendências suicidas entre os adolescentes. Com a influência dos universos eletrônico e digital, o fenômeno acabou crescendo e passou a ser mais conhecido pelas pessoas. Psicólogo e orientador em escolas, Bruno Weinberg ressalta o impacto das redes sociais: “O que acontecia é que a brincadeira morria ali… era algo naquele lugar, com aquelas pessoas, naquele contexto. Mas hoje com você podendo gravar, filmar, com Facebook e What’s App, tudo vira gigantesco e você expõe aquilo para muita gente”. Neste ano, o assunto bullying novamente veio à tona com a estreia da série 13 reasons why, que dividiu opiniões.

O seriado, do serviço de streaming Netflix, tornou-se uma febre mundial. Na sua primeira semana, já bateu um recorde: de acordo com uma pesquisa feita pela empresa Fizziology, que analisa dados das redes sociais, a série foi mencionada em mais de 3,5 milhões de tweets. Até então, a maior marca pertencia à Chasing Cameron com 1,3 milhões de tweets. A série, baseada no livro homônimo de Jay Ascher, conta a história de Hannah Baker, uma menina de 17 anos que tira sua própria vida e deixa para trás 13 fitas cassetes nas quais conta os motivos que a levaram a cometer o suicídio. Um ponto relevante trazido pelo seriado é o quanto o outro e seus problemas passam despercebidos no dia a dia. Ninguém percebeu que a protagonista Hannah estava passando por dificuldades e, consequentemente, ela não recebeu nenhuma ajuda. Nem sempre é tão fácil notar que uma pessoa está passando por dificuldades, mas existem alguns sinais que podem chamar a atenção e que servem como um alerta. Segundo Weinberg, tudo que indica uma oscilação grande de comportamento pode apontar para alguma coisa que não vai bem: “a gente pode ver e comparar, por exemplo, o início do ano na escola com o meio. Mudou o comportamento, mudou o humor? Está mais agressivo, mais isolado socialmente? Como é que está o quadro de notas?”.


Felizmente, a morte não é o destino da maioria das vítimas – o que não significa que seguir em frente seja fácil. A questão que fica, então, é: e depois do bullying? Como as vítimas lidam com tudo o que aconteceu? Quais são as consequências e possíveis “sequelas” que essas pessoas podem vir a ter? H.R., B.A. e O.Q.* contam em entrevista suas experiências pessoais com o assunto, além de dizerem suas opiniões sobre a série 13 reasons why. “Eu tinha muitos questionamentos com aparência”, diz H.R., que sente que sempre foi o alvo de piadinhas maldosas em sua época de colégio. Na verdade, suas agressoras nunca consideraram que estavam fazendo um mal à H.R., e diziam que ela não deveria levar tudo tão a sério: “Elas tratavam como se fosse brincadeira, mas me machucava, me magoava. Elas sabiam que me magoava. Acho que cheguei a chorar, assim…” Com o tempo, H.R. tornou-se muito hesitante, o que fez com que sua vida se tornasse difícil, sempre pensando que estava sendo notada ou fazendo algo errado: “Eu ainda fico com medo das pessoas notarem as coisas”, por exemplo, sua mochila. H.R. morava em uma república com outras quatro meninas que comentavam sempre sobre ela. Disse que chegava em casa ansiosa com medo de que elas fossem “implicar e zuar” mais uma vez: “Eu acho que eu ainda sou muito insegura, em grande parte por isso”. Sobre 13 reasons why, H.R. assistiu a todos os episódios do seriado, e diz que pensou em como os agressores também podem ser pessoas tão cheias de problemas quanto os agredidos: “De certa forma, é um pouco reconfortante saber que a pessoa que faz as coisas sem pensar também pode estar passando por outras coisas…”. Ela ainda completa dizendo que o seriado ajudou a perceber que talvez a culpa não seja dela, mas que o agressor pode ter algum motivo exterior para praticar o bullying. Em relação a isso, o psicólogo afirma que nem sempre aqueles que praticam o bullying têm noção do mal que possam estar causando na outra pessoa. Às vezes, eles próprios podem ter problemas internos, que vem de infância ou na família, como no caso de Justin na série, mas não necessariamente. Pode ser apenas um jeito de se afirmar para as pessoas ou até mesmo como um divertimento - por mais errado que seja. B.A., por sua vez, sofreu por um motivo um pouco mais específico: seu cabelo: “Por ter um cabelo grande e um estilo diferente, as pessoas acabaram não aceitando isso da maneira mais normal. E eu acabei me afastando. Até inventaram um apelido para mim, que eu não quero falar porque me traumatizou”. Até hoje ele odeia que falem de seu cabelo e se diz mais fechado devido ao bullying que sofreu, só se abrindo depois de conhecer as pessoas melhor: “Para a minha autoestima, até hoje afetou. Eu tenho um pouco de trauma, não sou muito seguro”. *Os entrevistados não quiseram se identificar


“Tem de melhorar! O jeito como tratamos uns aos outros e cuidamos dos outros…

Tem de melhorar de alguma forma!” - Clay Jensen B.A. não assistiu ao seriado, mas sabe do que se trata e deu sua opinião sobre o assunto: “Sinceramente, acho legal mostrar uma situação dessas porque é um negócio que eu nunca tinha visto antes”. Quanto à série, Weinberg discorda um pouco dos outros entrevistados. Não gostou muito, achou tudo bastante glamourizado e um pouco sádico: “o que me incomodou foi que o suicídio é visto como alguma coisa para responsabilizar o outro porque eu estou me matando. Esse é o pior jeito de lidar com o suicídio. ” Porém, a série tem sim pontos positivos e o melhor deles é o tema, uma vez que fez assuntos tão importantes como bullying e suicídio circularem: “Isso é muito legal, porque a gente tem um tabu na sociedade de que não se pode falar sobre isso. É bom até para quem está vivendo essas coisas pensar: ‘Olha! Não sou só eu que estou vivendo isso’, ‘Podemos falar sobre isso’”. Por fim, O.Q. sempre teve dificuldades de se encaixar nos padrões de menino idealizado pelas pessoas ao seu redor, o que fez com que ele sofresse bullying na época da escola: “É um período de formação para a criança, e enfrentar isso com 12 anos é uma tarefa muito maior do que ela pode aguentar. ” Hoje, O.Q. ainda se importa muito com o que os outros vão pensar: “Quando eu vou expor alguma opinião eu tenho algumas ressalvas, eu penso no que as pessoas vão falar, ou o que elas vão pensar do assunto. O que é completamente danoso, porque a pessoa perde a segurança na sua individualidade”. Ele sente que teve de descobrir seus próprios meios de encarar seu problema, criando uma “persona” exterior, bem defensivo e grosseiro.

Nesse sentido, Weinberg afirma que tudo depende de como a vítima lida com o ocorrido. Algumas pessoas vão lidar melhor, enquanto outras podem acabar guardando aquilo para si e esse caso é considerado como o mais complicado para o psicólogo porque fica difícil ajudar a pessoa. E o que complica ainda mais o assunto é que o bullying “pega carona em um monte de coisas”. Geralmente, a pessoa tem alguma ferida dentro de si que, por coincidência ou não, é justamente o ponto que será atacado pelos agressores: “o bullying te fisga em algum ponto seu. É o bullying associado a, por exemplo, como ela se vê no mundo, a auto estima dela. E dependendo do jeito que ele foi lidado, a pessoa pode ficar ainda com resquícios de uma insegurança. A marca do sofrimento continua”. No caso de O.Q., ele aprendeu a conviver com tudo o que passou com o tempo e com a ajuda de um profissional: “Com o psicólogo eu fui tendo mais segurança na minha individualidade. Percebi que eu tenho uma personalidade que vale a pena ser mantida, e que eu não tenho que ficar me transformando a cada vez que uma pessoa acha que não é ‘ok’ eu ser de um jeito. ” Sendo assim, quando o assunto é bullying não se tem uma receita. Cada caso é um caso e cada um lida à sua maneira com o ocorrido. O que se pode sim ter certeza é que ele existe e, por diversas vezes, não o enxergamos. Talvez, porque não prestamos atenção suficiente a quem está ao nosso redor ou porque, simplesmente, não nos importa. A herança que a série deixa, portanto, é que precisamos parar de olhar o tempo todo para o nosso próprio umbigo e começar a cuidar e a amar mais o próximo.


2ª temporada Parece que não fomos os únicos a querer saber as consequências/ o que acontece depois do bullying. No dia sete de maio, a produtora executiva, Selena Gomez, anunciou a segunda temporada com um trailer que traz a frase “a história ainda não acabou”. Pensando justamente nessa questão, o roteirista Brian Yorkey disse, em entrevista para o site Entertainment Weekly, que “todas a perguntas serão respondidas”: “Eu acho que uma das questões que ficaram no ar é se alguém foi responsável pela morte da Hannah? A escola foi responsável? Quem foi o responsável, se é que foi alguém? Nós vamos explorar essa questão no processo de julgamento e também através da reflexão sobre como estão esses jovens depois de alguns meses e que outros segredos eles escondem. Isso vai nos levar ao passado, à história de Hannah”. Um dos motivos pelo qual a série recebeu críticas de muitas pessoas foi por não ter indicado uma possível “saída” para aqueles que sofrem bullying a não ser a mesma da protagonista Hannah, ou seja, o suicídio. A segunda temporada pode continuar sem satisfazer essas pessoas, mas pode talvez trazer mensagens e lições extremamente importantes.

Na nova trama, além de continuar explorando as consequências do bullying para quem o sofre, será possível também entender melhor o lado daqueles que o praticam. Não que os abusos possam ser justificados, mas que existe um outro lado da história que se mostra tão importante quanto e que nesse mesmo lado, pode ter alguém que também precisa de auxílio e está pedindo por ajuda da mesma maneira que aconteceu com Hannah. De acordo com Yorkey, depois de 13 episódios, os personagens ainda estão apenas começando o processo de recuperação e que o fato deles talvez chegarem a uma conclusão sobre o quanto eles influenciaram na morte de Hannah pode mudar suas vidas dali em diante. Também fez questão de ressaltar que “a série é sobre a maneira como criamos os meninos para se tornarem homens e como tratamos as meninas e as mulheres na nossa cultura - e o que poderíamos fazer de melhor em ambos os casos”. Serão 13 episódios que estarão divididos entre passado e presente, com novos personagens narrando as histórias e com as fitas sendo substituídas por outro objeto analógico. A série deve estrear na Netflix em 2018, mas ainda não tem uma data definida.


A LISTA DE LIVROS DA RORY GILMORE

S

e você é fã de Gilmore Girls com certeza já se perguntou quantos livros a protagonista, Rory Gilmore, leu no decorrer das oito temporadas de seriado, e a resposta é surpreendente: 339 livros. O desafio de ler todos os livros que a Rory já leu pode parecer difícil de concluir, mas são todos tão bons que o difícil mesmo é parar de ler! Confira 6 livros imperdíveis para dar o pontapé inicial na lista da Rory.

1984 – George Orwell A distopia criada pelo autor britânico George Orwell consegue tratar de forma ficcional uma das maiores feridas que o século XX deixou para a humanidade: o totalitarismo. O personagem principal, Winston Smith, está inserido em uma sociedade comandada por um ser conhecido por todos como Big Brother (agora você sabe que aquele famoso programa de televisão não recebeu seu nome por acaso). O Big Brother está de olho em tudo que todos fazem, literalmente, a partir do sistema de ‘teletelas’, algo análogo às nossas câmeras de segurança atuais. Winston é um funcionário do governo, e trabalha no Departamento de Documentação do Ministério da Verdade, e sua função é falsificar registros históricos, para que o passado seja moldado de acordo com os interesses atuais do Big Brother. Ele odeia o sistema, e vive uma luta durante o livro para conseguir desafiar a tirania e preservar sua vida ao mesmo tempo. É difícil não sentir o sufoco e a vontade de rebelar-se de Winston durante a leitura, que acima de tudo conta com um final esplêndido. Não há dúvidas de que esse livro te fará refletir até mesmo sobre o século XXI e a vida que levamos atualmente. A Metamorfose – Franz Kafka Um dos livros mais famosos de Franz Kafka conta a história de Gregor Samsa, que acorda um dia e descobre que havia se transformado em um inseto horrendo. O que superficialmente pode não parecer nada além de uma maluquice ganha contornos muito mais interessantes quando entendemos as implicações que a metamorfose tem psicologicamente e socialmente na vida do protagonista. A forte crítica social de Kafka merece ser lida e interpretada, e mesmo tendo sido escrito no início do século XX, o livro consegue manter-se atual, pois fala de assuntos bastante característicos da sociedade contemporânea, como a crise existencial, o capitalismo, a família e a solidão.

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Harry Potter e a Pedra Filosofal – J.K. Rowling O primeiro livro da saga Harry Potter nos introduz à famosa história do bruxo de 11 anos que não sabia que era bruxo, até receber uma carta que o convida a estudar em Hogwarts, a escola de magia e bruxaria da Inglaterra. Lá ele conhece seus amigos Rony Weasley e Hermione Granger, que vão estar ao seu lado e ajuda-lo durante toda a série de livros. Harry não sabia da existência de magia, pois seus pais morreram quando ele ainda era criança, e ele foi criado por seus tios trouxas – sem ofensas: é assim que as pessoas que não são bruxas são denominadas nos livros. A morte de seus pais o deixou muito famoso no mundo bruxo, pois Harry foi a única pessoa que conseguiu sobreviver a uma maldição da morte, lançada pelo antagonista da saga Voldemort, ficando somente com uma cicatriz em formato de raio na testa como sequela. Durante os seis livros subsequentes, mergulhamos em um mundo mágico muito bem arquitetado por J.K, a partir das aventuras vividas pelo bruxo. Seja em Hogwarts, no Ministério da Magia, no Banco de Gringotes, na Toca dos Weasley ou no Beco Diagonal, é difícil não se apaixonar por esse universo tão bem bolado, e mesmo não tendo mais 11 anos você vai esperar muito pela sua carta de Hogwarts! O Grande Gatsby – F. Scott Fitzgerald A história é ambientada na Long Island dos anos 20, que é o local onde os mais ricos dos Estados Unidos possuíam enormes mansões e sustentavam seus estilos de vidas luxuosos. Nick Carraway, o protagonista da história, aluga uma pequena casa na região e torna-se testemunha de tudo que acontece naquele mundo dos magnatas, principalmente quando se aproxima de Gatsby. Gatsby é muito misterioso, e seus milhões de dólares, destinados em grande parte a festas enormes que abrigam somente a nata de Nova York, são alvo de muitos rumores e especulações. Ao conhecer seu excêntrico vizinho, Nick descobre que no passado ele havia tido um relacionamento com Daisy, esposa do também milionário Tom Buchanan, que também vivem em uma mansão em Long Island. A envolvente trama se desenvolve a partir das descobertas de Nick sobre os planos de Gatsby de reconquistar Daisy, e faz com que o leitor sinta-se inserido na euforia dos Estados pré-crise de 29, cheio de oportunidades e claro, dinheiro. As vantagens de ser invisível – Stephen Chbosky O livro relata por meio de cartas as dores e amores que Charlie sente ao crescer e passar pela adolescência de forma muito sincera. Ao entrar no ensino médio, o protagonista precisa se libertar de seu passado, e seus novos amigos, Sam e Patrick, mudam completamente sua forma de enxergar a vida e a si mesmo. Cheio de frases maravilhosas e uma melancolia doce, vale a pena deixar-se levar pelas inúmeras narrativas envolventes de Charlie, que conseguem expressar toda a dificuldade de criar uma identidade e entender o mundo e as pessoas que convivem conosco durante essa fase decisiva da vida de qualquer pessoa. O Apanhador no Campo de Centeio - J.D. Salinger O livro é narrado por Holden Caulfield, que conta a história do fim de semana que passou sozinho em Nova York antes de voltar para casa e contar aos seus pais que havia sido reprovado no conceituado internato no qual estudava. Durante seu caminho, Holden faz um profunda autorreflexão sobre diversos temas da vida, como a solidão, a depressão, o amor, a perda de alguém importante, a falsidade do mundo adulto. Holden se recusa a crescer e lidar com o sofrimento que isso implica. Uma leitura fluida e muito metafórica, O Apanhador no Campo de Centeio nos leva principalmente a fazer uma reflexão do mundo adulto no qual esperamos que as crianças se enquadrem um dia, sem ligar muito para imaginação ou individualidade.

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ALÉM DE

P

roduções norte-americanas são, na maioria das vezes, as que ganham mais destaque entre o público, mesmo tendo outros filmes para serem explorados. Além disso, grandes produções com diretor e elenco famosos podem gerar bons filmes, mas produções de outros países são tão boas quanto e, a cada ano que passa, ganham o reconhecimento que merecem. Em vista desse contexto, elegemos 7 filmes de diferentes países, como Argentina, França, Jordânia, Alemanha e até mesmo do Brasil, para que essas diferentes produções recebam mais valor e prestígio.

1. Medianeras Argentina

Retrata uma Buenos Aires com crescimento urbano e arquitetura desordenados e essas características são refletidas na vida dos habitantes da cidade. Os personagens Martin e Mariana, interpretados por Javier Drolas e Pilar Lópes de Ayala, moram na mesma rua e passam pelos mesmos lugares diariamente, mas nunca se encontraram. Ambos são solitários e compartilham dos mesmos sentimentos de tristeza e desânimo. O filme mostra como a vida é cheia de desencontros e expõe alguns aspectos de uma realidade tão cheia de informação e, ao final, o encontro de duas pessoas que formam uma harmonia em meio ao caos.

2. Relatos Selvagens Argentina

É dividido em seis episódios e as histórias não se cruzam em nenhum momento. Cada narrativa aborda temas extremamente diferentes, mas que fazem os personagens agirem de formas parecidas: um sujeito que reuniu todos os seus inimigos no mesmo voo, uma garçonete que atende um homem que destruiu sua família, dois mo-

toristas que se desentendem na estrada, um homem que tem seu carro guinchado inúmeras vezes, um pai buscando uma saída ilegal para uma infração grave cometida por seu filho e noivos brigando na própria festa de casamento. As situações parecem despretensiosas, mas cada uma delas faz o pior que cada ser humano tem dentro de si se sobressair. A construção do filme baseia-se na dualidade entre civilização e barbárie e mostra o mundo da selvageria, do desencanto e da falta de justiça.

3. Hoje Eu Quero Voltar Sozinho Brasil

Foca na vida do personagem Leonardo, interpretado por Ghuilherme Lobo. O jovem é cego e gay, mas ele não é visto como um símbolo dessas características, pois esses aspectos são apenas uma parte da personalidade de Leonardo. Ele tem uma melhor amiga, Giovana (Tess Amorim), e logo no início do filme também faz amizade com Gabriel (Fabio Audi). No decorrer do filme Leonardo vivência problemas enfrentados por todo adolescente, como a busca de independência, conflitos na amizade e na definição de sua personalidade e dúvidas quanto a sexualidade. O interessante do filme é a forma como a deficiência visual de Leonardo é tratada de uma forma simples, não sendo o fato que mais importa na trama, assim como sua sexualidade, tornando-se apenas particularidades do menino.


4. Ida

6. Elle

Acontece no século XX, na Polônia. Anna (Agata Trzebuchowska) é uma noviça prestes a se tornar freira, mas a Madre Superiora (Halina Skoczynska) insiste pela visita da moça à tia Wanda (Agata Kulesza), única familiar restante. Wanda é juíza, defensora do Partido Comunista e revela muitas coisas sobre o passado da sobrinha: seu nome real é Ida, a sua família era judia e foi capturada e morta pelos nazistas. Com tantas descobertas, as duas decidem iniciar uma jornada de buscas e autoconhecimento e desvendar o desfecho de toda essa história. Porém, Wanda e Ida possuem características opostas que são reforçadas ao longo do tempo. Enquanto a sobrinha é inocente e enigmática, a tia é amargurada e alcoólatra. O filme trata da busca incansável pela decisão de Ida: viver no mundo do convento, onde tudo é ordenado ou em um mundo cinzento, onde há muita confusão? A procura das duas mulheres remexe um passado doloroso e proporciona novas experiências na vida da jovem.

Tem como protagonista uma mulher de sucesso chamada Michele Leblanc (Isabelle Huppert), que trabalha em uma empresa de videogames. Durante um dia como outro qualquer em sua vida, ela foi abrir a porta de casa para o gato entrar e foi pega de surpresa por um invasor. O homem a agrediu fisicamente e a violentou, entretanto ela não tomou nenhuma providência. Com toda a inteligência e indestrutibilidade que possui, a moça decide rastrear e encontrar o criminoso com as próprias mãos. Ambos entram em um jogo de suspense, que pode sair de controle a qualquer momento. Diferente do que muitos podem pensar, a humilhação não cria a vontade de vingança em Michele, mas o desejo de mudanças. Para voltar a ter seus direitos garantidos, utiliza seus poderes no desenvolvimento de games para enfrentar os problemas familiares e transformar-se em heroína.

5. Nós somos as melhores

7. O Filho de Saul

Expressa a era punk no início dos anos 1980 através de três meninas: duas delas, Klara e Bobo (Mira Grosin e Mira Barkhammar) já se identificam com o estilo punk e levam essa ideologia como um princípio de vida, mas Hedvig só é inserida ao mundo punk por meio das outras duas. Hedvig (Liv LeMoyne), é um ano mais velha que as Klara e Bobo e é católica praticante, fato que destoa das características dos punks. As três, ao se unirem para formar uma banda, criam um laço de amizade e buscam juntas afirmar seus gostos musicais e personalidades diante de uma sociedade que tende a olhar o diferente com visão discriminatória. Levando em conta contexto do filme, a trama explora a identidade punk, movimento que já não estava mais no auge, mas que é resgatado por essas meninas de 13 e 14 anos.

O filme se passa no ano de 1944, no campo de concentração de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. Saul (Géza Röhrig) é um judeu membro do grupo Sonderkommando, que trabalha para os nazistas e é responsável pela limpeza das câmaras de gás, onde inúmeros judeus já haviam sido mortos. Em meio às suas tarefas, certo dia, o rapaz reconhece o corpo do próprio filho entre os mortos. A partir deste momento, começa a planejar uma missão impossível: deseja salvar o corpo da criança das chamas, chamar um rabino para recitar o Kadish (hino do judaísmo de louvor a Deus) e proporcionar ao menino um enterro apropriado. Saul representa, através de sua aparência envelhecida e desesperada, todos os outros 6 milhões de judeus mortos pelos nazistas e a vontade de luta e mudança.

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PLL: quem são essa estilosas #fashionradar

Sobre a autora Blair Waldorf é a rainha do Upper East Side, em Nove York. Além de estilista, casada com o empresário Chuck Bass (Ed Westwick) e mãe do pequenino Henry. Dona de uma personalidade forte, a fashionista não aceita um “não” como resposta e sabe reconhecer de longe quem tem estilo. No colégio era aquela garota popular e malvada que todos temiam. Antes de qualquer coisa, Blair é a protagonista da série Gossip Girl, que foi ao ar a primeira vez em 2007, terminando cinco anos depois. A meangirl, interpretada por Leighton Meester, conquistou o público com seu jeitinho mimado, direto e, até, cômico.

#FashionRadar: Quem são as meninas estilosas de Rosewood que estão bombando na web? #PLL

Oi, minhas “minions”! No #FashionRadar desta semana vamos falar sobre cinco meninas que estão mexendo com a cabeça dos fashionistas! Aria Montgomery, Alison DiLaurentis, Hanna Marin, Emily Fields e Spencer Hastings são de Rosewood, uma cidadezinha da Pensilvânia, e se conhecem desde pequenas. As amigas já passaram por muitas coisas juntas, como por exemplo o desaparecimento de Ali, que durou cerca de dois anos e quase enlouqueceu as meninas. Porque? Elas começaram a receber mensagens estranhas e ameaçadoras nos celulares, que prejudicaram suas vidas e as viraram de cabeça para baixo! O jogo da A (que passou pelas mãos de várias “bitches”, como as cinco besties chamavam) fez as garotinhas de Rosewood amadurecerem mais


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rápido, reencontrarem a melhor amiga delas e, até, infringirem a lei. Toda essa confusão, porém, fez com que elas ficassem cada vez mais unidas e estilosas. “Como assim estilosas? ”. Calma, eu explico. Para enfrentar alguém como - A não basta só ter coragem e força, é preciso mostrar isso. Que jeito melhor de fazê-lo senão através das roupas? Essas adolescentes “combatiam o mal” até de salto alto - não que isso seja uma coisa que eu não faça, né? Georgina Sparks conhece bem essa minha façanha. Mas o que todo mundo quer saber é: “Como faço para me vestir como essas estilosinhas? ” Por isso, a coluna dessa semana vai desvendar o visual de Aria, Alison, Hanna, Emily e Spencer. Começando pela malvadinha mais querida da cidade. Alison Dilaurentis, era a meangirl da escola – até me lembra dos meus tempos de estudante. Depois de quase morrer e ficar desaparecida por dois anos, ela ganhou um pouco de peso, porém não perdeu a classe. A loira incorporou as curvas ao estilo e começou a usar saias midi com maestria. Neste look, por exemplo, ela apostou na mistura de estampas, com essa blusinha listrada e o floral na parte de baixo da composição. O blazer estruturado, com a transparência nas mangas fez a diferença para deixar esse visual digno de uma professora. Quem, também, entende de mix de texturas e prints é a Aria Montgomery. Desde sempre, essa menina mostrou um talento para a moda e na sua formatura, claro, não foi diferente. Apostando em um visual moderno, mas sem perder sua essência cute, a morena combinou um cropped azul, com textura, e uma saia floral, com um efeito bem cheio, tipo vestido de baile. Os destaques ficam para os acessórios, que são um cinto largo, de couro, na cor do top e com pedrarias. Além de uma tiara de laço vermelho, que foi a cereja do bolo (e a minha favorita, como todos sabem, eu AMO arquinhos).

Hanna Marin não fica atrás, afinal, um assistente de estilista não pode errar no look. Mas isso nunca foi um problema para essa loirinha corajosa. Assim como eu, ela sabe como usar um vestido. Este, por exemplo, clássico, mas com um ar moderno, foi combinado de forma muito inteligente com a jaqueta, que tem esse padrão étnico, contrastando com a estampa da peça única. O colar delicado deu ao look o ar angelical, mas poderoso que me faz lembrar Serena Van Der Woodsen, minha bestie. Para contrastar com essas meninas modernas, temos a senhorita Spencer Hastings, que adora um ar vitoriano e BEM confortável em seus look. A mente brilhante do grupo, não deixa de se importar com o que vai vestir, mas sempre aposta em algo mais forma e seguro. Parece que dá certo e combina muito com sua personalidade. O look que eu separei mostra bem esse ar “college” que ela quer dar ao visual, particularmente, essa calça xadrez, que combinada com a camisa, o suéter (até que bem ousado por causa das taxas nos ombros) e a camisa branca, fizeram um belo conjunto. Ainda na vibe confort, está Emily Fields, que adora o clássico jeans e camiseta. Para destacar o estilo dessa morena mais que linda, resolvi variar esse padrão e pegar outra peça quadriculada. desta vez um shorts-saia inovador. Só está vendo um shorts? Calma, a parte da saia fica para a ilusão de uma jaqueta amarrada na cintura. Por falar nessa peça, a peça jeans do look, traz mangas de moletom, conferindo um ar bem jovem à composição. A blusinha branca que ela usa em baixo não tem erro, né, bitches? Agora que já analisei o que tem de melhor nos outfitts dessas meninas para as leitoras, quero ver vocês me mostrando como aplicaram essas regras no dia-a-dia. É melhor fazerem direito, ein? E lembrem-se na moda, tudo o que importa é o que você mostra ao mundo.


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TESTE

Será que você é um dos 3%? Se você tivesse que enfrentar o Processo de 3%, a série brasileira da Netflix, pasaria para o “lado de lá”?

1 -O que você espera do Maralto?

2 -Se tivesse que montar cinco cubos a partir

de outras formas geométricas, em dois minutos, como faria?

a) Ascenção social pelo meu mérito. (3pts)

a) Faria o meu sem interagir com os outros. (3pts) b) Enrolaria e roubaria o do concorrente. (2pts) c) Ajudaria um colega que precisasse. (1pt) d) Cubo? Que cubo? Não sou muito bom de lógica. (0pts)

b) Me curar de uma doença. (1pt) c) Dar uma vida melhor para minha família. (0pt) d) Mostrar que a minha família é a melhor. (2 pts)

3 -Se você estivesse preso em uma casa mal 4 -Imagine que você está preso no subsolo com racionamento de comida. Qual atitude a) Enfrentaria os monstros para defender a todos. (2pts) você tomaria? assombrada...

a) Dividiria com quem estivesse passando mal. (0pts) b) Tomaria os suprimentos dos outros à força. (1p) c) Correria e gritaria sem pensar duas vezes. (0pts) c) Me esconderia e faria minha comida valer. (2pts) d) Tentaria achar a saída mais próxima e acalmaria a d) Organizaria tudo, de forma que ninguém entrasse todos. (3pts) em pânico. (3pts) b) Me esconderia até achar seguro sair. (1pt)

5 -Se te oferecessem dinheiro para desistir do 6 -Você está quase lá, mas precisa tomar Processo e voltar para sua família, você aceitaria?

uma vacina que te deixa estéril. E aí?

a) De jeito nenhum. Quero muito ir para o Maralto! (3pts) a) Claro que tomo! Nem queria ter filhos, mesmo. (3pts) b) Pensaria um pouco, mas a pegaria a grana. (1pt)

b) Talvez, mas família em primeiro lugar. (1pt)

c) Aceitaria de primeira. (0pts)

c) Sim. Seria horrivel desistir de um sonho, mas pelo Maralto vale tudo! (2pts)

d) Conversaria com meus pais e eles me fariam desistir da quantia. (2pts)

Exatamente 18 pontos Você já está “do lado de lá”. Parabéns pela conquista e bem-vindo ao Maralto!

d) N-U-N-C-A. (0pts)

17 - 12 pontos Quasé lá! Vale a pena se esforçar. Afinal: “Você é o criador do seu próprio mérito”.

10 - 0 pontos Infelizmene, você está fora do Processo. Vai ficar no Continente.


SHOWS

CALENDARIO Rock in Rio

AGOSTO Ana Carolina

15/09 a 24/09 O line-up inclui Lady Gaga, Justin Timberlake, Shawn Mendes, 30 Seconds to Mars, Aerosmith, The Who, Guns N’ Roses e outros.

05/08 - SP

Maroon 5 14/09 - PR

Trinca de Ases: Gal Costa, Gilberto Gil e Nando Reis

5 Seconds Of Summer

04 e 05/08 - SP 11 e 12/08 - RJ

Mr. Big

17/08 - AM 19/08 - SP 20/08 - MG 22/08 - RS

Luan Santana

Paul McCartney 13/10 - RS 15/10 - SP 17/10 - BH 20/10 - BA

NOVEMBRO

14/09 - SP

São Paulo Tri

21/09 a 26/09 O line-up inclui The Who, Bon Jovi, Guns ‘N’ Roses, Aerosmith, Def Leppard, The Cult e Alice Cooper.

Pet Shop Boys 19/09 - SP

Popload Festival

15/11 - SP O line-up inclui Phoenix, PJ Harvey, Daughter, Neon Indian e Carne Doce.

Bruno Mars

18 e 19/11 - RJ 22 e 23/11 - SP

Sigur Rós

19/08 - SP

29/11 - SP

Hanson

24/08 - RJ 25/08 - BH 26/08 - SP

OUTUBRO John Mayer

SETEMBRO Victor & Leo 01/09 - BH

Capital Inicial 02/09 - BH

18/10 - SP 20/10 - BH 22/10 - PR 24/10 - RS 27/10 - RJ

U2

19/10 - SP

Luan Santana 07/10 - BH

DEZEMBRO Victor & Leo 08 e 09/12 - SP Solid Rock

12/12 - PR 13/12 - SP 15/12 - RJ O line-up inclui Deep Purple, Lynyrd Skynyrd e Tesla.


CLAQUETE

59


Editora Cรกsper 60


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