A arte existe porque a vida não basta
Por Micaele Bardo e Jonathan Yuri![](https://assets.isu.pub/document-structure/221206151206-be8705e69d123363087a139bf4627f40/v1/02038569e3a55d28949f1cd0cfc69ddf.jpeg)
A arte existe porque a vida só não basta Desde que o ser humano esta na terra ele faz arte, essa é a forma de comunicar, se entender e elaborar possibilidades novas. Nossa ferramenta de expressar e criar, mas no seu estudo também uma forma de nos entender, de descobrir os valores de cada tempo, não falamos só com palavras, as imagens são lidas consciente e inconscientemente criando repertório e imaginário, sendo nosso filtro para ver, entender e estar na realidade
Na nossa história de dominação essas narrativas estão todas sendo dadas pelas classes dominantes e hegemônicas. A arte ganha uma carga elitista, trancada em museus onde parece uma coisa velha e chique, mas não sabemos o poder contido ali, esse poder não é pra nós, não consiguimos perceber o que essas imagens, telas e esculturas estão dizendo sobre nós e sobre nossa história também Sobre como elas moldam a lente com que vemos o mundo e a história é contada
Esse poder semiótico ainda esta ai, em toda a nossa volta no nossa mundo de imagens da internet, das propagandas, no que faz a gente definir o que seria ou não arte Dominar esse conhecimento é perceber o que as imagens que nos cercam estão tentando dizer, e na verdade dizendo e nos educando, é passar a ter domínio e criticidade sobre isso Outro ponto, conhecer a técnica nos permite identificar a potencia das nossas obras, que diferença tem nas potencias técnicas de um Van Gogh num museu e um grafitti? Deter esse conhecimento não nos coloca a merce da academia, mas nos ajuda a defender nossas obras nas disputas por espaço nessas narrativas
A execusão de um projeto envolve desafios e imprevistos, e nesse momento que precisamoos adaptar, reenventar e observar para conseguir chegar aos objetivos
1- Quantidade de participantes
Nosso primeiro desafio foi lidar com a falta de adesão de participantes na oficina
Com todas as mudanças e desafios nós tivemos que alterar o cronograma
2- Mudanças na vida pessoal
Durante a oficina tivemos desafios pessoais que nos obrigaram a se readaptar
A oficina havia sido pensada para até 30 participantes, mas das inscrições apenas 1 veio a frequentar os encontros Diante da frustração tivemos que pensar em maneiras de contornar a situação, refizemos a divulgação e não adiantou então foi necessário mudar a forma de ver o projeto e entender ele qualitativamente e não quantitativamente Defender o projeto para quem estava lá e buscar chegar nos objetivos traçados. Foi quando percebemos que os encontros estavam funcionando
O ano é 2021 e os corres são muitos Houve momentos no decorrer do projeto em que por questões de trabalho para complementar renda, estudos e afins o nosso participante não pode comparecer no horário da oficina, a vida dos oficineiros estava agitada com as mesmas questões. O jeito foi mudar, readaptar dia e horário dos encontros. Nesse momento talvez a desvantagem virou vantagem pois a gente pode sentar e combinar como rever nossos horários são grandes dificuldades pois não tinhamos 30 agendas pra encaixar.
Bom mas isso causou atraso, e agora?
Foi a hora de rever o cronograma e adaptar o conteúdo Nesse momento o domínio do tema porque estava ministrando os encontros, o trabalho em equipe e o projeto estar bem estruturado foi fundamental para as adaptações.
Quando a gente se depara com problemas inesperados no projeto existem duas possibilidades, uma a gente se desespera, na outra a gente torna isso uma chance para fortalecer pontos, mudar o que precisa e ganhar experiência. O bacana de estar no PIAC nos pareceu exatamente isso, a chance de por uma ideia a prova, experimentar e quem sabe dai essa ideia pode ganhar força e voar
Ficou para nós a questão de em uma reedição do projeto rever a estratégia de divulgação, para saber se algo faltou ou poderia ser melhor
Nós acreditamos no projeto, mas a sua temática é cercada de preconceitos, seja por experiências mal sucedidas no ensino comum, seja por não compreender o assunto e não se sentir pertencente. Nós sabíamos que esse era um desafio, fazer com que as periferias se apropriassem da temática da arte e cultura visual, dos museus e afins. Talvez caiba daí uma reflexão de se conseguimos deixar o projeto atrativo e chamativo.
Nós refletimos também sobre a pandemia, e que estávamos em uma fase dela em que as pessoas estavam muito cansadas de encontros on line. Aconteceu um boom de cursos no inicio e agora existia uma sensação geral de cansaço
Claro, a possibilidade da presença poderia ser algo que potencialize Fazer uma visita aos museus, aos espaços de arte urbana e confrontar essas experiências poderia dar um salto no resultado final do projeto
Jovem continuísta idealizadora do PIAC
Quando se pensa em educação, se pensa em algo que perde sua força quanto mais se aproxima das marginais dos grandes centros. Quando se pensa em arte e cultura, fica claro que há mais uma questão de identificação do que de conhecimento, a elitização dessas linguagens fazem com que nossa sensibilidade se perca.
A arte existe porque a vida não basta, é uma frase de Goulart que explica, a arte está em tudo, desde do mais erudito nos grandes teatros até a intervenção da policia nas Favelas do Rio de Janeiro, a arte existe porque a vida não da conta de falar por si só Essa oficina desde o primeiro momento foi isso, o desafio de juntar educação e arte onde não há incentivos, de fazer se indentificarem com o que foi criado pela periferia, mas que não foi criada para periferia, entender a arte envolve mais do que só ler quadros em grandes museus, entender a arte envolve entender a vida e como você está inserido nela. só tenho a agradecer por esse momento
Jovem ingressante convidado para integrar o PIAC
Para mim foi uma experiência muito rica, esta não era minha área de domínio embora eu seja do universo artístico, minha formação esta ligada as artes cênicas. Mas me interessei muito pelo projeto e entendi que fazer parte dele poderia me trazer novas perspectivas Tive que estudar muito, a Micaele passou um vasto material de leitura e falamos muito para preparar os encontros, e eu conseguir encontrar onde iria contribuir, fui trazendo perguntas, reflexões e referencias que ia fazendo contra ponto com os conhecimentos técnicos que a Micaele dominava muito bem. Isso ajudou a tornar o conteúdo algo de que se apropriamos e conseguimos trazer para relações da nossa realidade cotidiana com espaço para reflexões criticas.
Eu entrei nesta oficina esperando entender um pouco mais sobre a história da arte, porque sempre gostei dessa matéria na escola e tive minhas expectativas atendidas e superadas A forma jovial e atual do assunto ser abordado e as interações fizeram da experiência algo marcante e que eu sempre esperasse pelo dia e horário da aula Cheguei imaginando o quanto a arte é importante pra a história e saí sabendo e entendendo que essa importância é ainda maior.
Essa oficina me proporcionou aprofundar minha percepção de obras artísticas, sejam elas escritas, arquitetônicas, plásticas ou áudio visuais.
Através dos ícones e signos ali apresentados e presentes nas obras trazidas pela ministrante e por mim também e acrescentando a consciência de que é de extrema importante considerar a época, contexto social, econômico e político em que u artista está inseride pude ter uma visão muito mais completa da importância de cada obra artística na sua época e para a história através dos anos.