Cinema Fora do Eixo

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CINEMAFORADOEIXO
Projeto
Intervenção Artístico
DeuseoDiabonaTerradoSol (Dir.GlauberRocha,1964)
São Paulo 2021 MILENA LUCZENSKY
de
Cultural Cinema Fora do Eixo

Milena Luczensky tem 25 anos, é jovem monitora continuísta na Biblioteca Milton Santos e formada em Comunicação Social pelo FIAMFAAM Centro Universitário. É apaixonada por Cinema e durante a graduação começou a pesquisar o Cinema em contextos políticos e elaborou o projeto “Cinema Fora do Eixo” através do Plano de Intervenção Artístico Cultural (PIAC), do Programa Jovem Monitor Cultural (PJMC) da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo (SMC) em parceria com o Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS).

apresentação

sobre o PJMC e PIAC

O Programa Jovem Monitor Cultural é uma iniciativa da SMC em parceria com o CIEDS, como forma de integração e formação profissional cultural das juventudes da cidade de São Paulo. O programa é segmentado em duas etapas de formação, sendo I) formação teórica: onde os jovens têm contato com agentes culturais e conteúdos que abordam diversidade, política e arte; II) formação prática: modalidade onde os jovens podem atuar em equipamentos culturais (ex: bibliotecas, casas de cultura, museus, teatros, etc).

O PIAC surge como uma forma de integrar as duas formações na forma de um projeto elaborado por um ou mais jovens monitores. Além de usar como referência as experiências práticas e teóricas adquiridas ao longo do programa, o jovem pode ainda usar sua própria bagagem cultural e linha de interesse para montar um projeto vinculado ao equipamento em que atua.

introdução

O projeto “Cinema Fora do Eixo” foi concebido com o intuito de divulgar filmes nacionais e internacionais, gerando um “acervo” de dicas e informações que pudessem mostrar a diversidade e possibilidades dentro das propostas de Cinemas ao redor do mundo É uma forma de questionar a hegemonia da distribuição fílmica no Brasil, onde os filmes norte americanos ocupam a maior parte dos catálogos de streamings ou salas de cinema

motivação

Durante o período da graduação, realizei uma Iniciação Científica com o título “Um Rei em Nova York: Narrativas sobre o macarthismo e o comunismo no cinema de Charlie Chaplin” (2019), onde analisei alguns filmes hollywoodianos produzidos durante o macarthismo e seus discursos políticos como forma de oficializar a narrativa dos EUA durante a Guerra Fria e a contrapartida do discurso no filme “Um Rei em Nova York” (1957). Um dos filmes analisados nessa IC foi “007 Contra o Satânico Dr No” (1962), que foi também objeto de pesquisa de minha monografia “Projeções imperialistas no cinema: Análise das representações étnicas em ‘007 Contra o Satânico Dr No’” (2020) Nessa pesquisa, foquei nas representações de personagens asiáticos, latinos e afro americanos como forma de afirmar os aspectos positivos de James Bond, protagonista do filme

Durante essas pesquisas, foi fácil perceber a desigualdade de distribuição fílmica nos cinemas brasileiros, sendo possível notar uma clara preferência para filmes norte americanos. Além disso, surgiu ao mesmo tempo um grande interesse em conhecer mais do Cinema Brasileiro, o que me fez buscar mais filmes e mudar, individualmente, a lógica hegemônica de consumir mais filmes hollywoodianos que nacionais (ou latino americanos, asiáticos, africanos, etc)

Dessa forma, vi um grande potencial em trazer para a biblioteca Milton Santos indicações de filmes que mostram uma nova narrativa e representação, além de apresentar novas possibilidades de entretenimento. Usando o formato de indicações de livros que desenvolvemos durante o período em que a biblioteca esteve fechada, passamos a produzir material visual com indicações e informações sobre filmes fora do eixo de Hollywood.

processo

O projeto, assim como seu formato e ideias iniciais foram apresentados à gestora Lourdes Ferreira, ao jovem ingressante do equipamento, Maccolin Kevin, e à agente de formação do CIEDS, Roberta Stein. Através de reuniões pelo Google Meet começamos a lapidar e discutir a viabilidade do PIAC Nessas reuniões, decidimos que o projeto seria dividido em duas partes: 1) dedicada ao cinema Brasileiro e 2) dedicada aos cinemas de outros países, divididos por continentes

Cabra Marcado Para Morrer (1984) Dir : Eduardo Coutinho Vidas Secas (1963) Dir : Nelson Pereira dos Santos Machuca (2004) Dir : Andrés Wood O diário do pescador (2020) Dir : Enah Johnscott

PARTE I - Cinema Brasileiro

A primeira parte aconteceu diariamente de 19 até 25 de junho, com colaboração do jovem ingressante, Maccolin, e da gestora ajudando a buscar títulos de filmes. Sugerimos a possibilidade de dividir a tarefa de criar os conteúdos visuais, mas decidi fazer essa parte sozinha, para manter uma identidade visual para o PIAC, pensada a partir do primeiro conteúdo

Foram 40 títulos distribuídos em 12 posts segmentados nos seguintes temas:

Anúncio do projeto e comemoração ao Dia do Cinema Brasileiro

Como 19 de junho se tornou o Dia do Cinema Brasileiro

Indicações de diretoras e diretores brasileiros

- Premiações brasileiras

Filmes brasileiros premiados (internacional e nacionalmente)

- Cinema Novo

Documentários brasileiros

Curtas metragens brasileiros

Indicações de filmes

- Dica de streaming brasileiro gratuito

Indicações de filmes em homenagem ao mês do Orgulho LGBTQIA+

Cinebiografias

Além desses filmes indicados no feed das redes sociais, usamos os stories para interagir e indicar novos filmes; fizemos alguns templates para os usuários divulgarem em seus próprios stories e divulgamos uma seleção de filmes com temática LGBTQIA+ apenas nos stories.

Lista de filmes indicados na primeira parte:

Café com canela (Dir : Glenda Nicácio e Ary Rosa, 2017)

Ilha (Dir : Glenda Nicácio e Ary Rosa, 2018)

O auto da compadecida (Dir : Guel Arraes, 2000)

Lisbela e o prisioneiro (Dir : Guel Arraes, 2003)

A negação do Brasil (Dir : Joel Zito Araújo, 2000)

Meu Amigo Fela (Dir : Joel Zito Araújo, 2019)

Elena (Dir : Petra Costa, 2012)

Democracia em vertigem (Dir : Petra Costa, 2019)

O menino e o mundo (Dir : Alê Abreu, 2013)

Central do Brasil (Dir : Walter Salles, 1998)

Bacurau (Dir : Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, 2019)

O pagador de promessas (Dir : Anselmo Duarte, 1962)

Cinco Vezes Favela (Dir : Marcos Farias, Miguel Borges, Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman, 1962)

Vidas secas (Dir : Nelson Pereira dos Santos, 1963)

Deus e o Diabo na terra do sol (Dir : Glauber Rocha, 1964)

Cabra marcado para morrer (Dir : Eduardo Coutinho, 1984)

Jogo de cena (Dir : Eduardo Coutinho, 2007)

Espero tua (re)volta (Dir : Eliza Capai, 2019)

Atravessa a vida (Dir : João Jardim, 2007)

Aruanda (Dir : Linduarte Noronha, 1960)

Ilha das flores (Dir : Jorge Furtado, 1989)

Recife frio (Dir : Kleber Mendonça Filho, 2009)

Amigos bizarros do Ricardinho (Dir : Augusto Canani, 2009)

Eu não quero voltar sozinho (Dir : Daniel Ribeiro, 2010)

Carne (Camila Kater, 2019)

Abril despedaçado (Dir : Walter Salles, 2001)

Estômago (Dir : Marcos Jorge, 2007)

As hiper mulheres (Dir : Carlos Fausto, Leonardo Sette, Takumã Kuikuro, 2011)

Temporada (Dir : André Novais Oliveira, 2018)

Alice Júnior (Dir : Gil Baroni, 2019)

A febre (Dir : Maya Werneck Da Rin, 2019)

Òrun Àiyé: A criação do mundo (Dir : Cintia Maria, Jamile Coelho, 2015)

A cidade dos piratas (Dir : Otto Guerra, 2018)

Maria Luiza (Dir : Marcelo Díaz, 2019)

Madame Satã (Dir : Karim Aïnouz, 2002)

Elvis e Madonna (Dir : Marcelo Laffitte, 2010)

Sócrates (Dir : Alex Moratto, 2018)

Memórias do cárcere (Dir : Nelson Pereira dos Santos, 1984)

Nise: o coração da loucura (Dir : Roberto Berliner, 2015)

Bingo: o rei das manhãs (Dir : Daniel Rezende, 2017)

PARTE II - Cinema Fora do Eixo

Ao final da primeira parte, o jovem ingressante se desligou do PJMC, dessa forma a segunda parte foi realizada inteiramente por mim, após conversas e planejamentos com a gestora do equipamento Foi na segunda parte também que o nome “Cinema Fora do Eixo” surgiu, destinado aos cinemas de países latino-americanos, africanos e asiáticos, além de países árabes

Inicialment

receu ser mais simple os filmes Após um víd ndicações seguiram d ilmes:

Lista de filmes indicados na segunda parte:

CINEMA ÁRABE

- Cafarnaum (Dir.: Nadine Labaki, 2018 Líbano)

- As ruas de Casablanca (Dir: Nabil Ayouch, 2000 Marrocos)

CINEMA LATINOAMERICANO

- Caixa de recordações (Dir.: Alvaro Delgado Aparicio, 2017 Peru)

- Memórias do subdesenvolvimento (Dir : Tomás Gutiérrez Alea, 1968 Cuba)

Machuca (Dir : Andrés Wood, 2004 Chile)

Roma (Dir : Alfonso Cuáron, 2018 México)

Ceddo (Dir : Ousmane Sembene, 1977 Senegal)

CINEMA ASIÁTICO

Assunto de família (Dir : Hirokazu Koreeda, 2018 Japão)

- Paraíso no oceano (Dir.: Xue Xiaolu, 2010 China)

- O cheiro do papaia verde (Dir : Tran Anh Hùng, 1993 Vietnã)

Lola (Dir : Brillante Mendoza, 2009 Filipinas)

CINEMA AFRICANO

- O diário do pescador (Dir : Enah Johnscott, 2020 Camarões)

Ceddo (Dir : Ousmane Sembene, 1977 Senegal)

O Orokoshi perdido (Dir : Abba Makama, 2019 Nigéria)

- Terra Sonâmbula (Dir.: Teresa Prata, 2007 Moçambique)

desafios

Um dos principais desafios é confrontar o baixo alcance das postagens nas redes sociais que, apesar de um bom número de seguidores, não possui muita interação direta. As postagens do PIAC, no entanto, mostraram um maior alcance e interesse por parte dos usuários que compartilharam e interagiram com as postagens Outro desafio foi a pesquisa pelos filmes, uma vez que a busca por títulos que não estejam dentro da hegemonia hollywoodiana requer pensar questões de acesso. Ou seja, a ideia não era fazer uma seleção de filmes com boas sinopses, mas que seriam muito difíceis de serem encontrados e assistidos Além disso, entendemos que seria impossível “abraçar o mundo” e muitas possibilidades poderiam ficar de fora, por isso sempre reiteramos que nosso objetivo era fortalecer o cinema brasileiro, na primeira parte, e gerar curiosidade e interesse no público para que buscassem conhecer novos Cinemas

conclusão

Dessa forma, conseguimos trazer para as redes sociais do equipamento um conteúdo diferenciado e com uma linguagem fácil. Além disso, percebemos uma maior aderência do público, ao comparar com outras postagens, principalmente através das interações feitas através dos stories, que se mostrou uma ferramenta com grande potencial para diálogo com o público Pessoalmente, foi uma grande satisfação finalizar esse projeto e poder colocar minhas próprias percepções sobre o Cinema, criando esse pequeno “acervo” disponível ao público e, quem sabe, despertando o interesse e olhar questionador em outras pessoas acerca do tema

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