Revoada Segura: Umfeat Entre
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Esse registro não poderia começar de forma diferente se não com uma chuva de agradecimentos Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à equipe da Casa de Cultura do Campo Limpo, à Fefa Peis por sempre abraçar minhas provocações, por confiar no potencial das minhas ideias, pelo incentivo e autonomia para realização desse PIAC. Aos JMCs e ex-JMC incríveis que estiveram comigo nessa formação e me deram todo o suporte que precisei para chegar até aqui: Ale Barreto, David Ferreira, Leo Aguiar e Paula Ariane, agradeço a essas lindezas também pela parceria e companheirismo
Ao melhor agente de formação, Ewerton Correia por ter me guiado na construção e desenvolvimento desse PIAC, sempre trazendo ideias incríveis, incentivos e muito apoio. E também por toda a paciência, sobretudo nessa reta final.
Dedico um agradecimento mais do que especial a todos os parceiros que contribuíram para que as ações pudessem acontecer e ser tão completas
No CTA José Araújo, gostaria de destacar a assistente social Maria, que sempre me recebeu com muito carinho e abraçou todas as propostas que levamos e tornou possível essa parceria.
No CAPS Ad Campo Limpo, deixo um muito obrigado em destaque aos trabalhadores João, Grazi, Ana e Marília que estiveram mais próximos e foram de suma importância para que as ações conjuntas acontecessem.
No Centro de Convivência de É de Lei, além de agradecer a toda à equipe, deixo menção especial à Coordenadora Geral e de Práticas de Redução de Danos Matuzza Sankofa por propor a ação em conjunto no território do Campo Limpo e pela autonomia de articulação da ação e pelos folders; e ao Willy Araujo, redutor de danos, artista e parceiro por todas as trocas de saberes sobre cuidado e cultura.
Rebecca Berniz Mauricio, Casa de Cultura Campo LimpoE aí, bonites! Vocês devem estar olhando para o rostinho bonito da foto e se perguntando o que mais ele sabe fazer além de encantar rsrsrs Pois muito que bem, saibam que a Rebequinha da Redução de Danos é moradora do distrito do Campo Limpo desde que nasceu e além de JMC da Casa de Cultura do Campo Limpo, é psicóloga recém-formada, poeta de gaveta, entusiasta de políticas públicas, aspirante a pesquisadora, redutora de danos em tempo integral, tutora de sete felinos, extremamente tagarela.
Antes de apresentar um pouco sobre o meu PIAC, bora bater um papo? Vou te perguntar algumas coisas e seria muito massa se você parasse pra pensar um pouco sobre, ok? Então lá vai:
O que você sabe sobre drogas?
Por que você acredita que as pessoas usam drogas?
Pense no último rolê de festa ou cultural (como shows, festivais de música, slam, etc ) que você foi Você fez ou viu alguém fazendo uso de alguma droga (lícita ou ilícita)?
Você acredita que possui informações suficientes sobre o uso de drogas e como fazê-lo de uma forma segura e até mesmo saudável?
Acredita que informações eficazes sobre como reduzir os danos do uso de drogas são de fácil acesso a todes que fazem uso?
Você acha que a atual maneira com a qual lidamos com a questão das drogas é eficaz?
O uso de drogas está presente desde que se existe registros da história nas mais diversas culturas com diferentes significados, lugares e relações estabelecidas. Na sociedade atual, principalmente na quebrada, o uso de algumas drogas é criminalizado e marginalizado enquanto outras são romantizadas e tem seus usos estimulados sem chamar a gente pra pensar sobre ou fazer com que essa relação não ocorra da forma mais segura possível, muito pelo contrário!
Querem que a gente acredite que não é possível juntar cuidado e uso de drogas, afinal, desde muito cedo nos ensinam que usar drogas é errado, faz mal e que só é possível ser saudável sendo careta (Alôooo PROERD)
Os contextos de atividades culturais (festas, shows, etc) é um espaço comum onde se faz uso (inseguro) de drogas e por isso a aproximação entre ações de Redução de Danos e espaços culturais é muito necessária.
Além disso, não podemos ignorar a potência da cultura pra deixar a gente sensível que nem manteiga derretida, chamando pra trocar ideia sobre umas paradas muito punks de uma forma bem mais leve e de dar um outro sentido pra vida, né?
Pensando em tudo isso e pra construir alguma coisa que fosse muito massa, os objetivos desse projeto foram:
Pautar e promover a relação entre redução de danos e cultura na Casa de Cultura do Campo Limpo;
Utilizar o espaço das atividades da Casa de Cultura para estimular a conscientização acerca de estratégias de redução de danos; Disseminar informações e ações de Redução de danos no território ao qual pertence a Casa de Cultura do Campo Limpo.
Caso você tenha dúvidas sobre o que é redução de danos, clique aqui e veja um vídeo de 1min explicando um pouco mais sobre o tema
Vocês devem estar se perguntando, COMO???? Te explico já já, antes é importante te contar um pouco sobre os fatores importantes para o desenvolvimento do projeto no território do Campo Limpo, principalmente nos entornos do espaço cultural:
Temos a praça do Campo Limpo que fica de frente para a Casa de Cultura, que é um ponto de encontro para a galera dar rolê, com goró e ganja*;
Existe uma cena de prostituição próxima;
Há pelo menos três ocupações de moradia compostas por malokas próximas;
Nos entornos tem também a presença um Centro de Testagem e Acolhimento (CTA Pq. Ipe) e um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras drogas (CAPS Ad Campo Limpo); Antes da pandemia esses espaços possuíam articulação com a Casa de Cultura para realização de atividades conjuntas (concessão de espaço para realização do Sarau do CAPS e displays para distribuição de preservativos e informativos sobre ISTs) e durante o período da pandemia esses vínculos se perderam.
*Um dos nomes popularmente utilizados para maconha
Pensando nisso, foi feito um trabalho de (re)articulação com o CAPS Ad e com o CTA e algumas ações foram desenvolvidas para que a Casa de Cultura do Campo Limpo pudesse ter um projeto de redução de danos com a parceria desses atores:
Com o CTA:
Retomamos a parceria para distribuição de preservativos, lubrificantes, autotestes de HIV e informativos sobre ISTs e HIV/Aids; Concessão de espaço para desenvolvimento de atividades da equipe, como formação interna; Articulação para ações de testagem rápida para Hepatites, Sífilis e HIV;
Com o CAPS Ad: Fizemos algumas reuniões para discutir o território e pensar parcerias e ações em conjunto;
Foi possível também construir uma parceria com o Centro de Convivência É de Lei para a realização de uma ação em conjunta com a Casa de Cultura do Campo
Limpo, o CAPS Ad e o CTA; Também para a doação de alguns folders que eles produzem com conteúdos sobre redução de danos no uso de álcool e outras drogas para que pudéssemos distribuir
Nessa ação, foi desenvolvido um workshop com algumas informações introdutórias sobre a redução de danos, seus sentidos e como a cultura é uma potente ferramenta para a construção de cuidado
o intuito principal foi que antes de poder trabalhar com o público externo, o plano de ação fizesse sentido para a própria equipe da Casa de Cultura. Esse foi o nosso marco zero.
Essa foi a primeira ação externa realizada Nesse dia, recebemos diversas atividades do mês do hip hop e a ação contou com: ·Testagem e aconselhamento sobre ISTs e HIV/Aids: convidamos o CTA Pq Ipe e o Centro de Cidadania LGBT da Zona Sul para realizar teste rápidos de ISTs e distribuição de insumos como: preservativos, lubrificantes, autoteste de HIV, chuca descartável, informativos diversos sobre a temática;
Articulamos com o pessoal do CAPS Ad Campo Limpo para convidar os usuários do equipamento para vir participar das atividades e super deu certo! No dia, vieram profissionais e usuários para as apresentações que ocorreram no período da tarde e houve uma interação muito massa, além do resgate de memórias afetivas que tinham com o espaço cultural e com a praça, eles também já aproveitaram para colocar os testes em dia com o pessoal da ação de testagem.
Nessa data, a Casa de Cultura do Campo Limpo recebeu uma das últimas edições da Crash Party e com o apoio dos nossos parceiros CTA e Centro de Convivência É de Lei, conseguimos montar um stand com informativos e insumos para distribuição durante o rolê A galera super se amarrou na iniciativa e foi possível atingir ao menos 20 das 30 pessoas q ocuparam o espaço na atividade.
Como o Campo Limpo é muito chic, recebemos na nossa praça o baile modernista com presenças finíssimas como Irmãs de Pau e Uriassssss. Nesse dia, deu pra montar um stand babadeiro e rolou uma articulação com o MC para que entre as apresentações fosse divulgado que essa ação estava rolando Nesse dia, circulou tanta gente pelo Stand que eu não sabia nem pra quem dar atenção! Haha mas foi tudo na carreira deste PIAC e eu posso provar com alguns números: 31 autotestes de HIV distribuídos, 100 sachês e 35 tubos de gel lubrificante, 70 preservativos externos e 16 internos e 195 informativos
Nós desenvolvemos uma ação em parceria com eles onde todos os puderam contribuir de alguma forma: o CAPS Ad com seu conhecimento sobre em quais pontos do território poderíamos ir (Praça do Campo Limpo e uma outra praça um pouco depois do Terminal Campo Limpo), o CTA com os insumos preventivos de ISTs, o É de Lei com informativos e insumos de redução de danos para uso de drogas (Piteiras de cachimbo pra quem faz uso de crack; canudos e kit sniff pra quem faz uso de droga aspirada como a cocaína; seda e piteira pra bolar aquele beckzinho de maneira mais segura; protetores labiais pra manter os lábios hidratados e prevenir machucados que podem facilitar a exposição a uma série de riscos, etc).
Essa ação em específico tem um lugar muito especial no meu coração e nesse projeto. Em troca com o CTA e com o CAPS, foi possível perceber uma necessidade de mais ações de campo (abordagem de rua) onde se pudesse trocar ideia com a galera sobre redução de danos e riscos associados ao uso de drogas. E foi aí que o É de Lei entrou pra somar diretamente com a gente!
E se vocês estão achando que a Casa de Cultura do Campo Limpo contribuiu apenas com a articulação da ação vocês estão muito que enganados, meus amores! Nós também queríamos ofertar o convite para que as pessoas pudessem ocupar nosso espaço, então aproveitamos para panfletar nossa programação e entregar um convite dizendo como as pessoas podem utilizar nosso espaço.
Nós dividimos o grupo que estávamos em dois e cada grupo foi para um dos locais que escolhemos. Essa ação foi tão chique! Conseguimos trocar ideia a galera do skate que sempre entra no espaço apenas para usar o banheiro e beber água E na outra praça, um pouco mais distante do espaço cultural, fomos tão bem recebidos pelas pessoas que ocupam o espaço, que até uma mesinha descolaram pra gente colocar os insumos.
É importante contar, que quando eu iniciei esse PIAC a ideia era apenas desenvolver ações dentro dos eventos culturais da casa de cultura com a entrega de informativos com dicas de Redução de Danos Aos poucos, a sensação de que ele poderia ganhar outras formas foi tomando conta e então ações como a que aconteceu em parceria com É de Lei foram somando e outras foram deixadas pra trás.
Umas das ideias era construir uma articulação com o CAPS Ad para que os usuários do CAPS frequentassem nossas oficinas e para que juntos com os oficineiros também pudéssemos construir atividades no território. Com isso foi possível que houvesse uma boa troca com a nossa oficina de expressão corporal, onde o nosso oficineiro foi até a convivência do CAPS um dia para dar uma dinâmica e tempos depois os trabalhadores do CAPS trouxeram algumas pessoas pra fazer uma aula da oficina. Mas não conseguimos que isso tivesse uma continuidade, como era o plano.
A outra ideia, que estava prevista como última ação era a realização de um cortejo junino no entorno da praça do Campo Limpo, somando forças entre nossa oficina de teoria e prática musical e a oficina de percussão do CAPS Ad Mas nas semanas de preparação e realização, fomos impedidos de botar nosso bloco na rua pois alguns trabalhadores do CAPS pegaram covid e o nosso oficineiro também (Aliás, a pandemia ainda está aí viu querides? Espero que estejam se cuidando e com a vacinação em dia)
Eu sou suspeita, suspeitíssima pra falar sobre o impacto desse PIAC, porque ele é sem dúvida umas das coisas que eu mais me orgulhei de ajudar a desenvolver na vida! E digo ajudar porque ele é fruto de um esforço coletivo, que sem as demais pessoas e instituições envolvidas não teria acontecido. Gostaria de deixar aqui alguns dados quantitativos então pra quem gosta de números (não é o meu caso) e qualitativos também
Desde o início do projeto até o momento de registro foram distribuídos aproximadamente:
5.040 preservativos externos
1.250 preservativos internos
1.300 Sachês de lubrificante
100 tubos de lubrificante
30 unidades de chuca descartável*
60 autotestes de HIV
300 informativos variados sobre drogas
700 informativos variados sobre HIV/Aids e outras ISTs
*Chuca ou "fazer a chuca" é uma técnica de limpeza do ânus e do reto comumente feita antes do sexo anal com o objetivo de evitar que as fezes saiam durante a relação Se atualiza no Pajubá, mona!
Isso não é um mural do orkut (infelizmente), mas vou deixar aqui alguns depoimentos de parceiros do projeto:
"Eu amei participar da ação do PIAC sobre redução de danos, que teve na praça do Campo Limpo, fiquei na parte de distribuição dos Zines da programação de eventos da Casa, acompanhei o trabalho dos redutores de danos que estavam presentes, foi muito bom ouvir, ver e saber como que é feito o trabalho de campo, como abordam as pessoas para distribuir os informativos e insumos de proteção à saúde." -Paula, JMC da Casa de Cultura do Campo
"O Centro de Testagem e Aconselhamento Ists/HIV/AIDS José Araújo, antigo Parque Ipê com a Casa de Cultura representada pela Rebecca nos proporciona uma parceria , cheia de troca de conhecimentos, onde a cultura e a saúde especializada se unem em prol das pessoas com uma efetividade maior , porque ao meu ver a área da saúde necessita sempre de um olhar visando atingir as pessoas na prevenção e /ou no tratamento e a cultura faz as pessoas virem ao espaço com mais leveza , quebrando muros que as pessoas constroem com medo de serem julgadas,discriminadas e conseguimos desconstruir esse olhar dizendo ao outro que todos somos diferentes , mas que o respeito precisa perpassar todas as relações humanas.
Rebecca representa pra nós e pra mim especialmente, uma profissional com uma ética profissional regada de uma ternura e amor ao seu trabalho que as vezes que não podemos nos encontrar para planejar nossas ações por causa do atendimento de porta aberta do CTA , ela acaba vindo ao nosso encontro na grande maioria das vezes.
Esperamos que essa parceria seja longa.
Gratidão !!!" -Maria, Assistente Social do CTA José Araújo
A menina disse: Metendo As colheres
Mulheres, mães, Grafiteiras Colorindo o território Essa porra Não pode ser Apenas um bairro dormitório.
Dr. Willy.