Just One Year

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A presente tradução foi efetuada pelo grupo WICKED LADY, de modo a proporcionar ao leitor o acesso à obra. Incentivando à posterior aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-os ao leitor, sem qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto. Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo,

não

poderiam,

impossibilitando

o

a

não

ser

conhecimento

no de

idioma

original,

muitos

autores

desconhecidos no Brasil. A fim de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o grupo WICKED LADY poderá, sem aviso prévio e quando entender necessário, suspender o acesso aos livros e retirar o link de disponibilização dos mesmos, daqueles que foram lançados por editoras brasileiras. Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que o download se destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se de o divulgar nas redes sociais bem como tornar público o trabalho de tradução do grupo, sem que exista uma prévia autorização expressa do mesmo. O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá pelo uso incorreto e ilícito do mesmo, eximindo o grupo WICKED LADY de qualquer parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito cometido por presente obra literária para obtenção de lucro direto ou indireto, nos termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998.




O início do meu segundo ano na faculdade teve um começo difícil. No primeiro dia de orientação, tive uma briga com um britânico irritante dentro do banheiro do campus. (O banheiro das mulheres estava com problemas. Então, usei o banheiro dos homens. Não julgue.) Cheguei em casa mais tarde naquela noite e percebi que o estudante estrangeiro que esperávamos alugar um quarto na casa dos meus pais, era alérgico ao nosso gato. Então, o quarto de hóspedes foi para outra pessoa: Caleb – o britânico do banheiro masculino. E assim começou... minha história de amor e ódio com Caleb Yates. Ou era ódio-amor nessa ordem? O cara sabia como apertar cada um dos meus botões. Às vezes, eu enviava um e-mail para ele para expressar meu desagrado e desdém. E ele realmente reescrevia minhas próprias palavras e as enviava de volta para mim. Esse era o tipo de pessoa irritante que Caleb era. Frustrante. E… Às vezes, incrivelmente engraçado e carinhosamente doce. E quente. Ele finalmente cresceu em mim, e Caleb logo se tornou um dos meus melhores amigos naquele ano.


Você já teve um daqueles dias em que tudo parece dar errado a partir do momento em que você acorda? Como se alguém lá em cima decidisse que esse seria um dia ruim para você, e não importa para onde você vá ou o que faça, você não consegue evitar problemas? Hoje foi esse tipo de dia para mim. Era o dia de orientação do segundo ano na Northern University, e tudo o que podia dar errado hoje, deu. Primeiro, fui informada de que não entrei na aula de química que eu queria. Eles aceitaram inscrições demais e precisaram tirar as últimas pessoas que se inscreveram. Em vez disso, eu teria que sofrer com a física, que eu acho chata e fácil, porque era a única coisa que se encaixava na minha agenda. Então eu descobri que o pedido da Maura, de ter um estudante internacional morando conosco durante o ano, foi aceito. A universidade tinha escassez de moradias e dava subsídios às pessoas que moravam nas proximidades que estavam dispostas a abrigar alguns dos estudantes. Minha madrasta havia solicitado especificamente um estudante internacional porque queria ensinar


minha irmãzinha sobre uma cultura estrangeira. Receberíamos um cara da China. Descobrir que estávamos prestes a ter um estranho morando

conosco

colocou

outra

trava

na

minha

tarde. Eu

realmente não tinha vontade de estar na minha própria casa. Mas, essa notícia não foi nada comparada à pior parte do meu dia: minha situação atual enquanto corria em busca de um banheiro. Eu tinha menstruado inesperadamente enquanto visitava um dos edifícios escolares recém-construído. Enquanto eu me afastava do laboratório de ciências, o som dos meus sapatos batendo no chão ecoou nos corredores. Quando finalmente encontrei um banheiro feminino, uma placa na porta dizia: FORA DE SERVIÇO. Claro! Como não podia perder tempo procurando outro banheiro, tomei a decisão precipitada de usar o banheiro masculino adjacente. Colocando meu ouvido na porta, eu não ouvi nenhuma atividade lá dentro. Felizmente estava vazio quando entrei. Havia dois mictórios em uma parede e duas cabines na outra. A primeira cabine em que entrei parecia que o banheiro estava prestes a transbordar, então, eu abri a segunda. O fedor mais horrível que eu já senti na minha vida emanava dele, mas parecia, pelo menos, estar funcionando. E agora eu não tinha escolha a não ser usá-lo. Segurando meu nariz, tentei tirar um tampão da bolsa com a mão que sobrou. Curvando-me sem tocar no assento do vaso


sanitário, eu fiz o que precisava o mais rápido possível — mas não antes de alguém entrar. A porta rangeu quando se abriu. Ótimo. Apenas ótimo. "Espere!" Eu disse por atrás da porta da cabine enquanto corria para puxar meu shorts. “Não tire as calças ainda. Eu estou saindo.” Ainda não tire as calças? Eu me encolhi com a minha escolha de palavras. "Eu sinto muito?" Uma voz disse. Eu saí da cabine. "O banheiro das mulheres está fora de serviço e eu realmente precisava usar o banheiro." Ele cheirou. "Evidentemente." Merda! Ele acha que sou responsável pelo cheiro. Não faça isso. O reconhecimento fará com que você pareça culpada. Mas não pude evitar. “Eu só quero que você saiba – o cheiro... não fui eu. Estava assim quando entrei.” Para piorar a situação, esse cara tinha uma aparência incrível, não a pessoa ideal para me pegar no banheiro masculino. Havia realmente uma pessoa ideal? Meu coração batia mais rápido enquanto lavava minhas mãos.


"Hmm... Curioso, se você me perguntar," ele murmurou com seu sotaque britânico. "Curioso? O que isso significa?" Ele sorriu. “A coisa toda é curiosa. Você não deveria estar aqui. Você parece culpada. E cheira como se alguém tivesse morrido. Suspeito. Mas não é da minha conta.” Sacudi minhas mãos e peguei um pedaço de papel toalha, rasgando-o com força. "Você não pode estar falando sério." Ele me olhou de cima a baixo. "É surpreendente uma coisinha como você ter criado um fedor tão grande." Meu coração disparou. "Não fui eu." Eu sabia que quanto mais eu negava, pior me fazia parecer. Eu precisava sair daqui. Ele riu. "Relaxa. Estou brincando." Ele está? Eu corri por ele. "Tenha um bom dia." "Cheiro você mais tarde, amor," ele chamou atrás de mim. Eu atravessei por aquela porta e pelo corredor como um morcego fora do inferno.


Minha família morava cerca de dez minutos do campus principal da Northern, em Boston, na cidade do Brookline. Nossa casa é uma grande, antiga casa vitoriana, com móveis de madeira escura e uma escada em espiral. Vintage era a melhor maneira de descrevê-la – roxo brilhante por fora com uma porta vermelha. Parecia algo que pertencia a um livro infantil. Por mais bonitos que os quartos fossem, quando eu fiz dezoito anos no ano passado, meu pai me permitiu descer para o andar de baixo. O sótão tinha seu próprio quartinho e um banheiro adjacente. No meu aniversário, em vez de festejar ou sair para resgatar minha bebida de cortesia no Starbucks, passei o dia inteiro movendo meus pertences. Meu quarto agora tinha sua própria porta que dava para o jardim. Isso tornou fácil para escapar quando eu precisei. Eu gostava de ir e vir como quisesse sem precisar falar com meu pai, Maura, ou minha meia-irmã de doze anos, Shelley. Não é que eu odiava estar perto deles. Eu só precisava do meu espaço. Mas não fazia sentido pagar pela moradia na universidade quando morávamos tão perto. Então o sótão era meu compromisso. Como tínhamos muito espaço e morávamos tão perto da faculdade, Maura costumava oferecer um de nossos quartos para várias pessoas que viajavam pela cidade, ou estudantes que precisavam alugar um quarto. Ter estranhos em minha casa nunca me incomodou quando eu era mais jovem. Mas agora que eu frequentaria a faculdade com esse último aluno internacional, seria estranho tê-lo por perto.


"Você está atrasada," disse minha madrasta quando entrei na cozinha naquela tarde. “Sim. A orientação foi estressante. Eu assisti a um filme depois que saí da faculdade para me distrair.” O cinema Syd, a pequena casa de cinema independente da minha cidade, estava praticamente vazia durante os dias da semana. Minha madrasta estava convencida de que as pessoas erradas espreitavam lá em períodos de baixo movimento — como o meio do dia –, mas era exatamente quando eu gostava de ir, quando eu estava sozinha, ou quase sozinha no local. Ela fez uma careta. "Eu disse para você parar de ir para lá." “Está bem. Ninguém nunca me incomodou. Na verdade, eu era a única lá hoje. Ninguém pode incomodar se você estiver sozinho. Além do piso ser pegajoso, é inofensivo.” “Deus sabe o que está no chão que faz dele todo pegajoso. E você estava sozinha? É exatamente o que eu quero dizer. Você é um alvo fácil. Eu tenho um mau pressentimento sobre esse lugar.” Mudei de assunto porque não precisava mais ter essa discussão idiota. "O estudante de intercâmbio chegou?" Batendo uma colher de metal contra a panela que ela estava mexendo, ela disse: “Houve uma mudança nos planos. Bo Cheng, da China, não vai mais morar conosco.” "Por que não?"


“Acontece que ele é altamente alérgico a gatos. Ele apareceu mais cedo com todas as suas coisas e não conseguia parar de espirrar. Ele voltou para a faculdade e solicitou uma transferência.” Minhas esperanças aumentaram. "Então, ninguém se mudará para cá?" “Eles conseguiram achar outro aluno disposto a trocar com Bo. Então agora ele está vindo. Ele deve chegar hoje à noite. Acho que ele está arrumando suas coisas.” Suspirei. "O que ele faz?" “Eles não disseram. Será como desembrulhar um presente,” ela brincou. Sentindo a ansiedade borbulhar no meu peito novamente, fui para o meu quarto e deitei na minha cama, olhando para o teto, mais uma vez apreciando o santuário que era meu próprio espaço. A porta de tela que dava para o meu quintal deixava entrar uma brisa fresca. Ouvindo o farfalhar das folhas, adormeci.

A voz da minha irmã me acordou algum tempo depois. "Suba e conheça Caleb!"


Grogue, esfregando meus olhos, eu murmurei: "Quem?" “Caleb. O cara que vai morar com a gente!” Ugh. Ela caiu na minha cama. “Ele é muito legal. Ele já consertou minha bicicleta. Ele descobriu como afrouxar o assento preso.” "Ele está aqui há um tempo?" “Cerca de uma hora e meia. Ele está lá em cima colocando as coisas dele no quarto, mas mamãe chamou todos para jantar. Estamos prestes a começar a comer. Ela fez espaguete.” Olhei para o relógio. Jesus. Eram quase oito da noite. Depois que minha irmã subiu as escadas, forcei-me a sair da cama e fui até o espelho. Amarrei meus longos cabelos castanhos claros em um nó. Eu não usava meu cabelo solto há anos e maquiagem não era minha coisa. Bom o bastante. Eu não estava tentando impressionar ninguém, de qualquer maneira. Lentamente, subi as escadas. Quando cheguei ao topo, um sotaque britânico começou a ser registrado. Parei um pouco antes da sala de jantar e permaneci na curva antes de entrar. Por que sua voz soa tão familiar? Inclinei minha cabeça para dar uma espiada na sala. Não! Apenas não!


Por quê? Foi o rosto esculpido do cara que me julgou no banheiro masculino hoje. Meu estômago afundou. Não o Britânico do banheiro! Qualquer um menos ele. Ele era nosso novo inquilino? Meu pai me viu, frustrando minha tentativa de me esconder. “Teagan! Que gentil da sua parte se juntar a nós.” Dei alguns passos relutantes para dentro da sala de jantar. Caleb se virou para encontrar meus olhos chocados. Sua boca se abriu antes de se curvar em um sorriso divertido. Maura nos apresentou. "Teagan, este é Caleb." Ela sorriu. "Caleb, esta é nossa filha, Teagan." "Prazer em conhecê-lo," forcei para fora. Ele sorriu. "Na verdade... Já nos conhecemos antes, não é?" Maura olhou entre nós. "Vocês se conhecem?" Caleb assentiu. "Nós nos encontramos hoje na orientação." Eu

estreitei

meus

olhos

para

ele. “Oh,

está

reconheço você agora.” "Foi breve... mas memorável." Ele piscou. "Não foi?"

certo. Eu


Eu queria dar um tapa nele do outro lado da mesa. Mas, em vez disso, sentei-me, prometendo não dizer mais nada para ele. Durante o jantar, brinquei com meu macarrão e evitei fazer contato visual. Maura empurrou a travessa para mais perto dele, um encorajamento silencioso para comer. “Então, Caleb, o que o traz aos Estados Unidos? Quero dizer, eu sei que você está estudando na Northern, mas por que você decidiu fazer essa mudança?” Ele tomou um gole de água. “Bem, tirei alguns anos de folga depois do ensino médio. Eu não tinha certeza em que eu queria me formar. É por isso que, aos 22 anos, sou um pouco velho para um calouro. Minha universidade na Inglaterra tem uma parceria com a Northern. Tive a opção de passar um ano aqui. Então, eu escolhi o primeiro ano. Eu pensei, quando em minha vida terei uma oportunidade dessa?” "Esta é a sua primeira vez nos EUA?" Ele limpou a boca e assentiu. "Sim." "O que você acha até agora?" Ela perguntou. "Estou

amando.

Mas,

definitivamente

estou

percebendo

algumas diferenças.” Maura se inclinou. “Oh? Gostaríamos muito de saber mais.” Ela se virou para minha irmã. “Shelley, preste atenção. Isso é bom para você aprender.”


"Bem, por um lado, os tamanhos das porções aqui são mais adequados para um gorila." Todos, menos eu, riram muito disso. "Não que eu esteja reclamando..." ele acrescentou. “Eu acho ótimo. Nós simplesmente não recebemos tanta comida em casa.” Sorrindo, meu pai cruzou os braços e recostou-se na cadeira. "O que mais?" “Bem, até agora estou descobrindo que existem dois tipos de pessoas aqui. Existem pessoas extremamente amigáveis que começam a conversar com você no metrô sem motivo algum. E depois há pessoas que parecem incapazes de brincar ou rir das coisas.” Ele se virou e olhou diretamente para mim. "Sinto que os britânicos estão em algum lugar entre os dois – mais neutros, na verdade." Maura encheu seu copo com mais água. “Isso é tão interessante. Então, nossas personalidades são mais extremas.” "Possivelmente." Ele sorriu para mim. Minha madrasta continuou interrogando Caleb durante a sobremesa. Ele parecia mais do que feliz em responder às perguntas dela. Enquanto isso, eu queria escapar, mas fiquei porque não queria parecer mais rude do que ele aparentemente pensava que eu era.


Depois do jantar, Caleb nos ajudou a limpar, apesar da insistência de Maura de que ele não precisava. Ele definitivamente tinha boas maneiras. Eu daria isso a ele. Já era tarde quando tudo foi guardado. Para minha alegria, Caleb se retirou para seu quarto. O alívio tomou conta de mim, já que eu não tinha mais que evitar olhá-lo. Eu poderia momentaneamente esquecer que ele estava morando na minha casa.

Na manhã seguinte, enquanto eu estava na cozinha servindo café, senti a vibração de sua voz nas minhas costas. "Bom dia, colega de quarto." Eu pulei e, ainda de costas para ele, consegui dizer olá. “Você sabe, se vamos morar juntos, é melhor você aprender a olhar para mim. Eu posso imaginar que é muito mais trabalhoso evitar o contato visual. É como jogar queimada com os olhos.” Isso me fez rir um pouco. Eu me virei para encará-lo. “Nós não começamos exatamente com o pé direito. Acho que ainda estou


tentando aceitar que você está aqui sob o nosso teto, dada a forma como fomos apresentados.” "Você deve ter quase cagado quando me viu." Revirei os olhos enquanto sua boca se abriu em um sorriso malicioso, seus dentes brancos quase me cegando. Ele era dolorosamente bonito, e eu odiava. Seu cabelo grosso e lindo também era uma bela bagunça pela manhã. Garoto bonito idiota. “Sim. Era para ser Bo Cheng, não você,” falei. Os olhos dele se estreitaram. "Bo Cheng?" “O cara que você substituiu. Esse é o nome dele.” “Ah. Aquele cara. Eu o conheci brevemente quando estava saindo de outro lugar. Seus olhos estavam todos inchados.” “Sim. Ele era alérgico a Catlin Jenner.” "Quem?" "Catlin Jenner, a gata." "Ah, esse é o nome dela?" "Sim. Shelley nomeou-a após o pai das Kardashian, que agora é mulher – Catlin Jenner. Exceto que a nossa é Cat-lin Jenner. Entendeu?" “Ela é inteligente, sua irmã. E isso faz sentido sobre as alergias. Aquele gato certamente não tem falta de pelo.”


"Ela é persa." “Ela é linda. Dormimos juntos ontem à noite, na verdade.” Eu tinha certeza de que não era a primeira vez que ele dizia isso. “Seja cuidadoso. Ela arranha às vezes.” "Arranhões não me assustam." Por que cada palavra que saiu de sua boca colocou minha mente na sarjeta? Ele

pegou

uma

caneca

do armário. "Então, tenho que

agradecer à Catlin Jenner pelo fato de agora estar morando nesta casa incrível?" "Você está sendo sarcástico?" Caleb fechou o gabinete um pouco forte demais. “Você está de brincadeira? Este lugar é brilhante. Eu nunca comi tão bem, dormi tão bem. Eu amo isso aqui. Eu me sinto mais em casa do que minha própria casa na Inglaterra.” “Oh. Eu não sabia dizer se você estava brincando.” "Você não sente o mesmo?" Ele perguntou. “É diferente quando algo não é novidade. Acho que eu—” "Não reconhece o valor disso?" Suspirei. "Talvez um pouco. Sim."


Olhei para os meus sapatos – qualquer coisa para evitar contato com aqueles ardentes olhos verdes. "Então... você teria olhado Bo Cheng nos olhos?" "Provavelmente," eu disse, ainda me recusando a olhar para cima. “Devemos trazê-lo de volta, dar-lhe algum medicamento para alergia? Acabar com seu sofrimento?” “Isso não é necessário. De qualquer maneira, não nos veremos além dos horários das refeições.” “Oh, está certo. Você se esconde no porão, mal presta atenção à sua irmã...” O quê? Como ele ousa! "Quem disse isso?" "Shelley parece pensar que você a evita." Agora ele está conspirando com minha família contra mim? A raiva correu por minhas veias. “Ela te contou isso? Isso é ridículo! O que você está fazendo falando com minha irmã sobre mim?” “Eu não estava falando com ela sobre você. Ela ofereceu a informação. Perguntei-lhe como vocês se dão, e ela me informou que você não parece ter tempo para ela.”


Isso dói. Eu não sabia o que me incomodava mais – o que ela disse ou que estava falando com ele sobre isso. Ou, talvez isso me incomodasse porque era verdade. Não evitei tanto minha irmã, como minha família, em um todo. Eu poderia fazer um trabalho melhor em me relacionar com todo mundo, mas me irritava que ele estivesse interferindo quando nem me conhecia. Ele morava nesta casa há menos de vinte e quatro horas. "Estou sempre aqui se ela precisar de mim, e ela sabe disso." “Realmente? Quando foi a última vez que você tomou a iniciativa para passar um tempo com ela, ajudou-a com a lição de casa?” Eu não tive uma resposta. E isso me fez sentir uma porcaria. No ano passado, eu havia me retirado muito para o meu próprio mundo. Eu fui uma irmã de merda. Não havia como negar. Eu simplesmente não gostei de um estranho entrando na minha vida e me chamando a atenção para isso. Pela primeira vez, eu realmente olhei Caleb nos olhos. "Eu não sei quem você pensa que é, mas meu relacionamento com minha irmã não é da sua conta." Ele tomou o último gole de café antes de colocar a caneca na máquina

de

lavar

louça.

"Muito

bem

"Felicidades. Boa conversa." Então o bastardo crítico saiu da sala.

então." Ele

assentiu.


Que audácia dele. As aulas ainda não começaram, então eu não tinha nada melhor para fazer com o resto da minha manhã do que julgar Caleb. Ele não me conhecia nem nada sobre os problemas que tive com minha família. Então a culpa pelo que ele disse começou a se estabelecer. Maldito seja, Caleb, por entrar na minha cabeça. Eventualmente, fui com Maura à loja, mas quando minha amiga Kai apareceu no início da tarde, ela viu que eu ainda estava chateada com alguma coisa. "O que está acontecendo?" Ela perguntou. Kai morava algumas portas ao lado da minha casa. Ela era um ano mais velha que eu e foi para a Universidade de Suffolk. "Você lembra quando eu te disse que receberíamos um estudante de intercâmbio para morar conosco?" “Sim. O cara da China...”


“Não. Esse é o Bo Cheng. Eu gostaria que fosse ele morando conosco. Ele teve que se mudar porque é alérgico a Catlin Jenner.” “Oh, que chatice. Ok... Então... Qual é o problema?” "A universidade enviou outra pessoa, um cara irritante chamado Caleb Yates da Inglaterra." Eu comecei a contar a ela a história de como conheci Caleb no banheiro masculino. Ela caiu na gargalhada. "Puta merda." Revirei os olhos. "Sim, literalmente." “Ok, então qual é o problema? A vida fez uma brincadeirinha com você. Supere isso.” “Eu

totalmente

posso

superar

a

maneira

como

nos

conhecemos. De verdade. Isso não é meu problema. Meu problema é que ele decidiu me abordar na cozinha hoje de manhã.” Ela franziu as sobrancelhas. "Parece emocionante." “Nada emocionante sobre isso. Desculpe. Ele começou a me perguntar por que eu evito Shelley. Você pode acreditar nisso? Quero dizer, sério? Você está morando na minha casa por alguns segundos e está questionando meu relacionamento com minha irmã? Tipo... quem é você?” Ela aprofundou o olhar. "Você, de fato, evita Shelley."


Eu soltei um suspiro frustrado. “Et tu1, Kai? Não é disso que se trata.” "Tudo bem, tudo bem. Eu entendo que não é esse o ponto aqui. A questão é, o que você faz, ou como se comporta não é da conta dele. O que você disse para ele?" "Eu disse a ele exatamente isso – que não era da conta dele." "O que ele disse?" "Ele foi embora." Ela assentiu. "E isso incomodou você ainda mais." "Bem, sim, porque ir embora não é a pior coisa que você pode fazer quando está no meio de uma discussão com alguém?" "Na verdade, é provavelmente a coisa mais inteligente a se fazer às vezes." Soltando um suspiro frustrado, abracei um dos meus travesseiros. Eu precisava que ela fosse minha amiga e concordasse comigo hoje, mesmo que eu não estivesse certa. Parte de mim sabia que estava exagerando. Mas não podia evitar de me sentir assim. Suspirei. “Eu não sei por que estou deixando-o ficar sob minha pele assim. Eu realmente não sei.” "Como esse cara se parece?" Puxei meu rabo de cavalo. Eu digo a ela? 1

Famosa expressão latina. “Até tu, Brutus?”


Minhas palavras saíram rapidamente. “Ele é irritantemente bonito e cheira muito bem. É irritante.” “A-ha! Você sabe que usou a palavra irritante duas vezes para descrevê-lo.” Ela riu. “De qualquer forma, eu sabia que tinha que haver algo alimentando essa reação. Ele é bonito, acima de tudo, e isso está tornando tudo ainda mais estranho para você.” "Minha reação seria a mesma, independentemente." “Não, não seria. Você não se importaria tanto se ele não tivesse outro tipo de efeito em você – o efeito que você está sempre tentando evitar quando se trata de homens.” “Não vá lá, ok? Estamos falando sobre ele, não sobre mim.” “Certo, bem, você sabe o que deve fazer? Envie algo para ele por escrito, como um e-mail. Corte isso pela raiz. Diga a ele que, embora aprecie a preocupação dele, não gosta que ele enfie o nariz onde não pertence quando se trata de assuntos pessoais.” Eu levantei minha sobrancelha. "Você realmente acha que isso vai ajudar?" “Os sentimentos por escritos são mais formais e mostram um certo nível de seriedade. Se você reservar um tempo para escrevê-lo, deve realmente dizer a verdade.”


Depois de muita consideração, decidi fazer o que Kai disse. Peguei um papel amarelo e comecei a escrever meus pensamentos. Depois de ir e voltar e rasurar as coisas, finalmente determinei qual seria minha mensagem para Caleb. Fui procurar Maura para ver se ela tinha o endereço de e-mail de Caleb com as informações que recebera da universidade. Como esperado, ela perguntou por que eu escreveria para ele quando ele estava logo ali em cima, mas ela me deu sem bisbilhotar demais. Voltei para o meu quarto e digitei cuidadosamente minha mensagem.

Assunto: Conselho não solicitado.

Prezado Caleb, Embora aprecie sua preocupação com a minha falta de interação com minha irmã, acho que o fato de você estar se inserindo em nossos negócios é muito intrusivo e impróprio de alguém que não me conhece. Você não conhece todos os detalhes da minha vida ou da minha história com minha família. Na verdade, você não me conhece.


Então, eu agradeceria muito se você não oferecesse conselhos não solicitados sobre assuntos que não entende.

Saudações, Teagan.

Eu li algumas vezes e pressionei enviar antes que eu pudesse mudar de ideia. Garoto, isso foi bom. Eu mantive meu computador aberto enquanto dobrava algumas roupas durante os próximos minutos. Então, eu ouvi o aviso de notificação do meu e-mail. Uma mensagem em negrito mostrou uma resposta de Caleb.

De: Caleb Yates Para: Teagan Carroll RE: Conselho não solicitado

Prezada Teagan, Editei seu e-mail. Eu acredito que isto é o que você quis dizer:


Querido Caleb, Não gosto de ser apontada pelo meu comportamento horrível, porque isso me faz ter que parar e me olhar no espelho. Não gosto do fato de que, mesmo que você não conheça os detalhes da minha vida, ainda foi capaz de reconhecer algo sobre mim que eu não gosto em mim mesma – portanto, a atitude que lhe dei. Eu quero mudar, para melhorar, mas não sei como. Veja bem, eu fico muito envolvida em minha própria cabeça ultimamente. Se eu não tivesse te forçado a se afastar de nossa discussão, talvez eu descobrisse que você só tinha em mente os melhores interesses para Shelley e eu. Mas como eu estava com a minha cabeça enfiada na minha bunda no momento, eu escolhi acreditar que você é um idiota e escrevi esse bilhete para você, mesmo que você esteja lá em cima.

Foda-se, Teagan

Oh meu Deus. Oh. Meu. Deus. Meu sangue ferveu.


Você está brincando comigo? Dessa vez, comecei a escrever sem pensar primeiro. Eu bati nas teclas com raiva.

De: Teagan Carroll Para: Caleb Yates RE: Conselho não solicitado

Prezado Caleb,

Você está falando sério???

Enviar. Dez segundos depois, um novo e-mail chegou. O fato de ele estar esperando pelo computador a minha resposta me incomodou ainda mais.

De: Caleb Yates Para: Teagan Carroll RE: Conselho não solicitado


Prezada Teagan, Você perguntou se eu estava falando sério. Vou assumir que é uma pergunta retórica, e que você realmente não quer que eu responda. Deixe-me saber se estou enganado.

Caleb

Novamente, digitei sem pensar.

De: Teagan Carroll Para: Caleb Yates RE: Conselho não solicitado

Não, não era retórico. Perguntei se você estava falando sério porque achei sua atitude inacreditável. Eu realmente quero saber por que você acha que está ok analisar alguém que você nem conhece. Sério!


Expirando minha frustração, disse a mim mesma que essa tentativa infrutífera de comunicação estava concluída – até que meu computador apitou novamente. Eu cliquei na sua resposta.

De: Caleb Yates Para: Teagan Carroll RE: Conselho não solicitado

Parece que você seriamente tem um problema sério comigo e um uso excessivo da palavra sério.

O quê? Eu digitei.

De: Teagan Carroll Para: Caleb Yates RE: Conselho não solicitado

Não faz sentido continuar essa troca de e-mail.


Quase imediatamente, ele respondeu.

De: Caleb Yates Para: Teagan Carroll RE: Conselho não solicitado

Ding! Ding! Ding! Ela finalmente entende. Nunca houve motivo para essa troca de e-mail. Isso nunca deveria ter acontecido. Quer adivinhar o porquê?

Eu bati no meu teclado enquanto respondia.

De: Teagan Carroll Para: Caleb Yates RE: Conselho não solicitado

Do que você está falando?


Mais uma vez, sua resposta foi imediata.

De: Caleb Yates Para: Teagan Carroll RE: Conselho não solicitado

Nunca houve motivo para essa troca de e-mails porquê... DRUMROLL2... Estou no andar de cima. À direita no andar de cima, Teagan. Por que você me enviou um e-mail em vez de vir falar comigo? (Sério!)

Bati meu laptop com força. Eu terminei. Terminei. No entanto, ao longo dos próximos minutos, enquanto continuava a guardar minhas roupas, não fiz nada além de ficar obcecada. Por que eu estava deixando ele chegar até mim? Eu não queria reagir dessa maneira. Ele explodiu a coisa toda fora de proporção. O e-mail foi uma tentativa para ele entender meu ponto

2

Som de tambores.


de vista sem precisar vê-lo, mas talvez eu tivesse que fazer isso cara a cara, afinal. Subi as escadas correndo e fui direto para o meu antigo quarto – o quarto dele. Mas, quando cheguei ao topo da escada, engoli as palavras que eu estava preparada para soltar. A visão inesperada do Caleb fazendo flexões me pegou. Ele usou uma barra fixada no topo da porta para se levantar. Ele usava uma camiseta que subia cada vez que se levantava. Seus abdominais duros estavam agora olhando para mim, ondulações de músculos esculpidos. Ele usava braceletes pretos. Ele transformou meu antigo quarto em uma academia em casa. Ele era um bastardo – mas não havia como negar que ele era bonito. Eu limpei minha garganta. "Meu pai lhe deu permissão para colocar essa coisa na porta?" A casa tremeu quando ele caiu de pé. “Bem, olá, Teagan. Incrível como é fácil subir as escadas, não é?” Ele pegou uma toalha e limpou o suor da testa. "E sim, de fato, seu pai me deu permissão para colocar a barra." Eu saí dessa. “Você acha que sabe tudo, não é? Quem é você?” Ele olhou para mim. “Quem sou eu? Bem, foi gentil da sua parte perguntar, Teagan.” Ele jogou a toalha sobre a mesa. “Você não teve interesse em me conhecer desde o momento em que entrei pela porta. Mas, desde que você finalmente fez a pergunta... Oi, eu


sou Caleb Yates. Feliz por estar aqui. Não tenho ideia do que estou fazendo da minha vida e tenho uma situação de família um tanto ruim na Inglaterra. Então, eu vim para um país estranho pela primeira vez para fugir um pouco. Sinto falta da minha mãe, mas a boa notícia é que acabei de me mudar para uma casa onde todo mundo é cordial, exceto a moça irritada no porão.” Uau. "Isso é um pouco duro, você não acha?" Ele chegou mais perto, e o cheiro de sua colônia misturada ao suor era... interessante. Não poderia dizer que era uma coisa ruim, com certeza. “Você não precisava me escrever um e-mail arrogante, Teagan. Você pode vir falar comigo se eu fizer algo para te irritar. Se você me escrever e-mails assim quando eu estiver bem aqui em cima, esse é o tipo de resposta que você receberá, sempre.” Ele tinha um ponto. O e-mail foi um pouco covarde da minha parte. Ainda assim, eu tentei me convencer de que era uma boa ideia. Ele estava certo. Qualquer coisa que eu precisasse dizer a ele, seria capaz de dizer na sua cara. Sinceramente, o benefício disso também era olhar seu rosto – olhar para ele, quero dizer. Acabou que olhar para ele era muito mais divertido do que evitar o contato visual. Graças a Deus ele não pode ler minha mente agora. Ver que ele realmente parecia zangado ao invés de divertido me fez mudar minha música – isso e talvez o cheiro dele fosse direto


para a minha cabeça enquanto seguia minha mente direto para a sarjeta. Ele estendeu a mão. "Dê-me isto." Eu olhei para minhas mãos vazias. "Te dar o quê?" “O pau na sua bunda. Retire e dê para mim.” Eu enruguei minha testa. "O quê?" Ele mexeu os dedos. "Vamos. Entregue.” Genuinamente curiosa para saber onde ele estava indo com isso, gesticulei com a mão, fingindo remover o bastão imaginário do meu traseiro e jogando-o sobre ele. Ele fingiu pegá-lo e depois fingiu pesá-lo. "É maior do que eu pensava." Olhando em volta, ele disse: “Vou encontrar um espaço para isso. Espere." Eu ri, contra o meu melhor julgamento. Ele enfiou o bastão imaginário embaixo da cama e limpou a poeira falsa das mãos. "Agora que isso está fora do caminho, por que não começamos de novo?" Eu realmente tenho uma escolha? Esse cara vai morar conosco por um ano. Seria mais fácil nos darmos bem do que continuar no caminho rochoso que começamos – o caminho rochoso que eu esculpi. Por mais irritante que Caleb fosse, ele conseguiu me encantar apenas o suficiente. Eu decidi tentar deixar minha raiva ir.


"Ok, Caleb." Ele ficou muito divertido com a minha mudança de atitude. “Uau. Não achei que seria assim tão fácil.” "Bem, ocorreu-me que você não vai a lugar nenhum." “Ah. Então, eu sou como uma doença incurável.” "Ou uma alergia." Eu ri. “Rápido. Alguém diz a esse camarada Bo Cheng que fique longe de mim.” “Bom e velho Bo Cheng. Ele não percebe que se esquivou de uma bala com a garota rabugenta no porão,” eu rachei. Eu estou realmente indo na onda aqui? Que tipo de feitiço esse cara colocou em mim? "Por que você está no porão?" Ele perguntou. “Esta é uma casa tão bonita. E como estou agora no seu antigo quarto e posso atestar pessoalmente como é bom, não consigo imaginar por que você desistiu desse espaço para aquele quartinho lá embaixo.” Seu comentário disparou um alarme em mim. "Você viu meu quarto no porão?" “Sim. Eu saqueei quando você estava fora. E o que eu descobri explica muito.” Sua risada sufocada o denunciou. "Não, você não fez!"


“Relaxe. Seu pai me deu uma visita adequada à propriedade enquanto você estava na loja mais cedo. Ele me levou para o porão e me mostrou onde está a máquina de lavar. Por acaso vi seu quarto enquanto estava lá.” "Eu vejo." "A propósito, achei muito estranho." "Meu quarto?" “Não. A máquina de lavar no porão. Na Inglaterra, lavamos roupas na cozinha.” “Oh, isso é estranho. E a secadora?” “Nós não temos uma. Minha mãe apenas pendura as roupas do lado de fora.” "Eu não posso imaginar isso." "O que, você não pode imaginar suas calcinhas voando ao vento para todo o mundo ver?" Eu rio. "Praticamente." Ele coçou o queixo. "Você é muito conservadora, não é?" Eu provavelmente deveria ter respondido à sua pergunta. Em vez disso, deixei meus olhos viajarem por seu peito, notando como sua camisa se agarrava aos músculos suados. Eu me senti longe de ser conservadora agora. Eu balancei minha cabeça. "Por que você diz isso?"


“A maneira como você se veste – sempre se cobre muito bem da cabeça aos pés. Além disso, a maneira como você reagiu quando nos encontramos no banheiro masculino da universidade. Você ficou mortificada com a perspectiva de eu pensar que você era responsável pelo cheiro.” “Não vamos falar disso, por favor. Estamos indo tão bem.” Ele riu e caminhou até a estante de livros, que abrigavam dezenas dos meus livros antigos. Eu não me incomodei em movê-los para o andar de baixo porque não tinha muito espaço. Passando o dedo indicador por alguns livros, ele disse: "Bela coleção, por sinal." Minha testa franziu. “Isso é sarcasmo? Não sei dizer.” “Não. Você tem alguns livros interessantes aqui. Eckhart Tolle. Deepak Chopra. É como uma central de autoajuda. Presumo que todos te... ajudaram? Totalmente zen? Sem problemas?” "Não exatamente." Ele escolheu um da estante. “Dez segredos. Esse é sobre o quê?” "É um livro de autoajuda," eu brinquei. "Não diga." “A essência é que todo mundo está escondendo pelo menos dez segredos que os impedem de realmente progredir na vida."


"Dez? Isso está certo?" “Sim. Às vezes, nem estamos cientes de que estamos suprimindo-os.” Ele olhou para a capa e depois para mim. “Eu tenho pelo menos um, mas não tenho certeza sobre os dez. Você?” “Claro. Todos temos segredos, coisas que apodrecem.” Ele folheou o livro. "Diga-me um dos seus." "Se eu te dissesse, não seria um segredo." Ele apontou para as páginas. "Sim, mas de acordo com este livro, seus segredos estão prendendo você." "Eu vou viver com o risco." Caleb riu. "Eu tenho um segredo que você estaria interessada em conhecer, um que pertence a você." Meu coração acelerou. "Realmente?" "Sim." Ele levantou o queixo. "Quer saber o que é?" "Sim, eu quero, se isso pertence a mim." Caleb colocou o livro de volta na prateleira e esfregou as mãos. "Meu segredo é..." Ele fez uma pausa. Quando não aguentava mais, disse: "O que é?"


"Você definitivamente vai querer ouvir isso," ele murmurou. Eu rio. "Ok... Então me diga." Ele deu alguns passos em minha direção e se inclinou perto do meu ouvido. Calafrios passaram por mim enquanto ele disse: "Eu sei que não foi você quem fez aquele cheiro no banheiro," Eu olhei nos olhos dele. "Como?" "Porque eu estive no banheiro masculino mais cedo naquela manhã e cheirava exatamente o mesmo." "Por que você não disse isso na hora?" "Porque foi muito divertido ver você se contorcer." Ele piscou. “Ainda bem que estou morando aqui. Vou ter muito mais chances de fazer isso.”


Mais tarde naquele dia, eu quase caí da cadeira em que estava na cozinha quando Caleb apareceu atrás de mim. "Precisa de alguma ajuda?" Tremi enquanto descia lentamente. Por alguma razão, eu assumi que ele tinha saído de casa. Já era tarde. Meu pai ainda estava no trabalho, e Maura e Shelley foram para o treino de torcida da minha irmã. As aulas não começariam no Northern até a segunda-feira seguinte, então, aparentemente, Caleb não tinha nada melhor para fazer do que ficar por aqui. Suponho que isso não deveria ter me irritado desde que ele morava aqui agora, mas o fez. Com Maura fora de casa, imaginei que essa era minha oportunidade de invadir a prateleira de doces. Eu a tinha visto escondendo alguns sacos no outro dia. Ela estava reprimindo recentemente os hábitos alimentares de Shelley e meu pai, então eu assumi que ela estava escondendo os doces na prateleira mais alta da cozinha. Mas, como nossos tetos eram muito altos e nossos


armários, lá em cima, eu subestimei a capacidade dessa cadeira de chegar lá. Caleb apareceu no meio do meu esforço mal feito. "Tentando alcançar alguma coisa?" "Sim, na verdade." Eu podia me sentir suando. Ele empurrou a cadeira de volta para a mesa e coçou o queixo enquanto olhava para cima. Tão alto quanto Caleb é, ele também não conseguiria alcançar o armário. Para minha surpresa, ele se ajoelhou na frente do balcão e apontou para os ombros. "Suba." "O quê?" "Vou te dar uma carona para conseguir o que você precisa." Ele quer que eu fique nos ombros dele? "Tudo bem." Ele insistiu. "Pule." Engoli em seco e fiz o que ele disse, sentando-me em seus ombros e envolvendo minhas pernas em volta do seu pescoço. A sensação de seus músculos duros pressionando contra meu clitóris era interessante, para dizer o mínimo – tenho certeza que essa foi a derradeira emoção barata. Ele se levantou devagar e, quando alcançou sua altura máxima, eu estava exatamente onde precisava estar para abrir o armário proibido no topo.


Foi difícil me concentrar no que eu vim aqui para recuperar, no entanto. Não havia luz dentro do armário e, confesso, eu não estava prestando muita atenção. Tudo o que foi registrado foi o calor do seu corpo e a sensação de suas mãos fortes segurando cada uma das minhas pernas. E daqui de cima, seu cheiro almiscarado foi amplificado. Meu coração estava disparando um quilometro por minuto enquanto agarrava qualquer coisa. "Peguei," eu disse, assumindo que havia encontrado algum tipo de doce azedo ou chocolate. Qualquer coisa serviria para satisfazer o meu desejo por doce. O maior problema agora era o fato de meus mamilos estarem duros. Eu precisava descer dos ombros do Caleb porque ele seria capaz de ler a reação do meu corpo se eu continuasse com a parte de trás da cabeça dele entre as minhas pernas por mais tempo. Somente meu corpo carente poderia desfrutar de um passeio no ombro. Ele se abaixou no chão e eu desci. "Obrigada." Seus olhos caíram no saco de doces na minha mão. Ele apertou os olhos. "Escolha interessante." "O quê…" Eu olhei para o pacote. Que diabos, Maura? "Hum... Isso... Eu nem sei o que é isso."


Ele quase bufou. "Você passou por todo esse problema por doces de pênis?" O saco estava cheio de doces azedos cor de arco-íris em forma de paus. Eu queria matar minha madrasta. Então lembrei que ela estava planejando um chá de panela para sua amiga Darlene. Provavelmente ela os comprara como favores e os escondeu de Shelley. “Ok, revelação completa: eu estava tentando satisfazer um desejo por doce e realmente não estava prestando atenção no que peguei. Eu só queria algo açucarado. Eu não tinha ideia de que Maura estava escondendo isso lá em cima. Tenho certeza de que são para um chá de panela que ela está planejando para a amiga.” Ele parecia confuso. "Chá de panela?" “Sim. É uma festa que você faz para uma mulher que está prestes a se casar.” “Ah. Como uma despedida.” "Despedida?" “Sim. Uma despedida de solteiro. É assim que chamam lá em casa quando levam a garota para fora antes do casamento.” Eu assenti. "Despedida de solteira – sim, algo assim." Ele sorriu. “Então é isso que vocês mulheres fazem nessas coisas? Sentam-se por aí comendo balas de pênis?”


"Nem sempre." Eu balancei minha cabeça. "Deixa pra lá." Caleb pediu a sacola. Eu entreguei a ele, e ele examinou. Então ele pegou uma cadeira para poder devolver o doce ao armário. Depois de

alguns segundos, ele

anunciou: "Bem, está

confirmado." "O quê?" “Definitivamente, há uma festa de pau acontecendo. Um enorme Piñata3 de pênis recheado na parte de trás aqui.” Eu não pude deixar de rir. "Merda.” “Oh, espere. Estou errado. Não é apenas uma festa do pênis. Também há alguns pirulitos de boceta aqui.” Ele bufou. “Essa sacola já está aberta. O que isso significa?” Que eu estou mortificada. Apenas mortificada. "Você se importa apenas de... Descer, por favor?" "Claro, amor." Ele fechou o armário e desceu da cadeira. Ele não desceu de mãos vazias, no entanto. “Você acha que Maura se importaria se soubesse que eu roubei um pirulito de boceta de pêssego? Era um pacote de cem.”

3

Jogo em que, de olhos vendados, se deve quebrar um recipiente cheio de doces.


Meu rosto deve estar tão vermelho agora. Ele puxou a embalagem e lambeu-a com um golpe longo. Isso enviou um arrepio indesejável ao longo da minha espinha que foi direto para o meu ventre. Ele colocou na boca. "Seu rosto nesse momento?" Ele riu enquanto chupava. "Impagável." Quando se tratava desse cara, eu tinha que ser amaldiçoada. "Eu só queria um pedaço de doce," murmurei. Ele puxou o pirulito da boca e o entregou para mim. "Bem, aqui está." Ele piscou e apertou meu ombro antes de subir as escadas. Fui

para

o

meu

quarto sentindo-me

embaraçosamente

excitada. Deitei-me na minha cama e chupei o pirulito de boceta, dolorosamente consciente de que ainda estava molhada de sua boca e com nojo de mim mesma por estar tão excitada com isso.

Depois que as aulas começaram, eu evitei Caleb quando o vi pelo campus. Eu não tinha muita certeza de porque era tão


estranho encontrá-lo lá, em todos os lugares. Ele levantava a mão e acenava do outro lado do grêmio estudantil ou se esforçava para dizer olá se passássemos um pelo outro. Eu, por outro lado, andava para o outro lado, se ele não tivesse me visto ainda. As coisas com ele haviam melhorado em casa, no entanto. Não há mais argumentos ou encontros embaraçosos para falar. Ele comia conosco algumas vezes por semana – sempre uma adição divertida para os nossos jantares e, na maioria das vezes, o centro de nossas conversas. O choque inicial dele estar aqui havia diminuído. No geral, ter Caleb morando conosco era muito diferente do que eu imaginava que seria. Ele não passou as noites me provocando ou tentando me conhecer melhor. Com o passar dos dias, ele se manteve para si mesmo cada vez mais. E isso foi bom, certo? Quero dizer, eu não precisava da complicação de ter que fazer amizade com ele, além de tudo o que estava acontecendo: adaptando-me às minhas aulas e iniciando meu novo estágio no New England Aquarium. Como graduanda em biologia marinha, fiquei empolgada com a experiência prática que me ajudaria a ter uma carreira como pesquisadora bióloga. Portanto, dado esse ritmo cordial que Caleb e eu descobrimos, não deveria ter me incomodado quando uma garota que reconheci da minha aula de biologia apareceu em casa no sábado. E, no entanto, um ciúme visceral indesejado me atingiu como uma tonelada de tijolos.


Eu sabia que o nome dela era Veronica. Ela era alta, com longos cabelos castanhos e um rosto lindo. Ela ainda não havia batido, mas eu a vi se aproximando pela janela da cozinha. Eu só podia assumir que ela estava aqui por Caleb. "Oi. E aí?" Eu disse quando abri a porta. Ela pulou para trás, surpresa. "Oh, desculpe," disse ela. “Ele disse que estava vindo me encontrar. Eu não ia incomodá-la. Estou aqui para ver Caleb.” Grande surpresa. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, o som de Caleb pulando os degraus foi registrado. "Ei, Veronica." Ele se virou para mim. “Desculpe. Não queria que você tivesse que atender a porta, Teagan. Veronica me mandou uma mensagem de que ela estava aqui.” Dei de ombros. “Oh, não se preocupe. Eu estava perto da porta de qualquer maneira.” "Você já conheceu minha pseudo-irmã Teagan antes?" Ele perguntou a ela. Pseudo-irmã? “Não oficialmente. Embora...” ela apertou os olhos. “Eu acho que você está em biologia comigo, certo?” “Sim. É, eu te reconheço agora.”


Meus olhos pousaram em sua mão quando tocou as costas dela, enviando outra pontada de ciúme através de mim. Eu limpei minha garganta. "Onde vocês estão indo?" “Na verdade, vamos conferir o cinema na esquina – o sombrio que sua madrasta mencionou durante o jantar. Syd, não é? Fiquei curiosamente mórbido sobre isso.” Doeu um pouco que eles estavam indo para lá. Não sei por quê. "Oh." Eu assenti. "Bem, divirtam-se." "Obrigada." Veronica sorriu. "Nós vamos." Indo para o cinema em um dia sombrio soava muito bom. Mas eu poderia ter feito isso sozinha, se eu quisesse. Eu estava oficialmente me irritando. Caleb era um cara bonito, mas havia muitos caras bonitos. Eu acreditava que tinha algum tipo de direito territorial nele porque ele morava aqui? Observei

enquanto

eles

se

afastavam. Qualquer

dúvida

patética que eu pudesse ter sobre se eles teriam alguma coisa saiu pela janela quando o vi puxá-la para perto da calçada e plantar um longo beijo em seus lábios. Meu estômago revirou enquanto eu os observava até que eles finalmente desapareceram de vista. Shelley desceu correndo as escadas, tirando-me dos meus pensamentos. "Você viu que Caleb tem uma namorada?"


"Como você sabe que ela é namorada dele?" Eu perguntei, ainda olhando para fora. "Bem, eu não sei, mas eu os vi se beijando da janela do andar de cima." "Você deveria cuidar de seus próprios negócios, em vez de espionar Caleb." Eu estava prestes a me virar e descer as escadas quando me contive. Era típico de mim ter esse tipo de breves interações com minha irmã e depois me retirar imediatamente para o meu quarto. Quer

eu

quisesse

admitir

ou

não,

Caleb

percebendo

meu

comportamento em relação a Shelley meio que me atingiu onde doía. E eu realmente queria ser melhor, mesmo que meu relacionamento com minha família sempre tenha sido desafiador. Eu forcei as palavras. “Você gostaria de ir a Coolidge Corner? Comer alguma coisa?” Ela enrugou a testa. “Você acabou de me dizer para cuidar do meu próprio negócio. Agora você quer me levar para sair?” “Eu sei. Sinto muito por dizer isso. É natural ser curioso.” Eu sorri. “Enfim... Eu apenas pensei que talvez devesse passar mais tempo com você. Quer ir?" “Caramba, sim, eu quero ir! Preciso de dinheiro?” “Não. Eu tenho.”


Às vezes, você precisa se forçar a fazer o que é certo, mesmo que não pareça natural. Talvez, eventualmente, ficasse mais fácil. Faça de conta até dar certo. Eu precisava trabalhar nas coisas com minha irmã – e minha família, nesse sentido. Mas um passo de cada vez.

Shelley e eu acabamos nos divertindo muito naquela tarde. Fomos

comer

comida

japonesa. Shelley

optou

pelo

hibachi

enquanto eu pedi alguns maki rolls diferentes. O restaurante era um dos meus favoritos. Eles tinham a melhor sopa de missô e shumai. Também aconteceu de ser na mesma rua do cinema. Não pude deixar de me perguntar qual filme Caleb e Veronica haviam escolhido. Também me perguntei se eles estavam assistindo o filme. Enquanto comíamos as fatias de laranja que a garçonete trouxe à nossa mesa junto com a conta, minha irmã disse algo que me deixou completamente chocada. "Você sabia que a irmã de Caleb morreu?" Eu parei de mastigar. "O quê?" “Sim. Perguntei-lhe se ele tinha algum irmão e ele me disse que tinha uma irmã que morreu quando eram mais jovens.”


A laranja parecia voltar quando meu coração afundou. “Oh meu Deus. Isso é terrível. Eu não fazia ideia. Ele disse como aconteceu?” "Não." Nesse momento, ocorreu-me por que ele poderia ter se sentido tão compelido a me lembrar de não tomar minha irmã como garantida – ele não tinha mais a dele. O resto daquele sábado, meu peito estava pesado. Era impossível pensar em qualquer outra coisa.

Na noite seguinte, eu estava lendo lá embaixo no meu quarto quando Caleb apareceu na porta. “Maldita Mensa4, Teagan? Como você pôde esconder isso de mim?” Sentindo

minhas

bochechas

esquentarem,

fechei

meu

livro. "Quem te contou sobre isso?" "Shelley." Ele entrou e se sentou na beira da minha cama. “Então é verdade? Você é um gênio?"

4

Mensa : sociedade de mesa redonda onde o critério de elegibilidade é ter um Q.I. alto.


Eu balancei minha cabeça. "Não é grande coisa." "Não é grande coisa que você é um gênio – a porra de um gênio?" Alguns anos atrás, eu tinha feito um teste que me qualificou na particular sociedade de QI alto. Aqueles que obtiverem pontuação igual ou superior a noventa e oito percentil nos testes de inteligência aprovados pela Mensa são membros. “Não é nada de especial. Significa apenas que posso passar em um teste.” “Puta merda. Você não percebe o quão impressionante isso é?” Dei de ombros. “Quero dizer... Eu nunca penso nisso. Eu...” “Deixe-me dizer, então. É realmente impressionante.” "OK. Se você diz…" O sangue parecia correr para a minha cabeça. Eu não estava acostumada a elogios, aparentemente. Ele deitou-se horizontalmente no final da cama, colocando as mãos atrás da cabeça e olhando para o teto. "Eu sabia que você era mais do que apenas um rato doméstico." "Um rato doméstico?" Eu perguntei. "O que é isso?" Ele riu. “Eu nem tenho certeza. É apenas o primeiro termo que veio à mente. Talvez seja como, uma criatura que hiberna no porão, roendo queijo ocasionalmente. Pelo menos agora eu sei que você


está fazendo coisas brilhantes aqui embaixo. Eu daria tudo para ser capaz de ser bom nos testes.” "Você me parece alguém muito inteligente." Ele continuou olhando para o teto enquanto confessava: “Eu sou esperto, não necessariamente inteligente. Tenho potencial para ser inteligente, mas me distraio com muita facilidade. Essa é a minha ruína.” No momento, eu estava distraída com seu corpo longo e magro espalhado na minha cama, e com seu cheiro intoxicante, agora saturando o ar no meu quarto e fazendo minhas pernas parecerem fracas. Meu santuário silencioso foi dominado por sua energia masculina. "Distraído pelo quê?" Eu perguntei. “Tudo. O cheiro de bacon. Uma menina bonita. Uma mosca na parede. Anúncios

Canções de

na

minha

medicamentos

cabeça. às

Pensamentos

duas

da

manhã.

aleatórios. Imagens

pornográficas. Você escolhe, isso me distrai.” "Então, como TDA?" “Não é como TDA. TODA real. Eu sempre lutei com minha atenção.” "Oh, ok." “Sim. Então, a escola sempre foi um desafio para mim. Levei alguns anos para reunir coragem para começar a universidade. É


parte do motivo pelo qual estou atrasado no jogo. Sinto como se fosse oficialmente o calouro mais velho do Northern.” Como ele era calouro e eu era veterana, às vezes esquecia que Caleb – aos 22 anos – era três anos mais velho que eu. Lamento que ele tenha lutado na escola. Era difícil para mim imaginar, porque os estudos sempre foram tão fáceis para mim. Eu percebi que tive sorte. Sugeri algo que esperava não me arrepender. “Bem, se você quiser estudar junto comigo, avise-me. Posso fazer um teste ou manter sua responsabilidade, para garantir que você não esteja brincando.” O rosto de Caleb se iluminou quando ele se levantou. "Você está falando sério sobre isso?" Um pouco insegura no que eu estava me metendo, eu disse: "Eu não teria oferecido se não estivesse falando sério." “Eu sei, mas às vezes as pessoas oferecem coisas esperando que a pessoa realmente não as aceite. Como quando você vê alguém que não vê há um tempo e diz: 'Deveríamos nos encontrar algum dia'. Na metade das vezes, você sabe que isso não vai acontecer e provavelmente nunca mais os verá depois que se afastar. Sou o tipo de pessoa que, se você me convidar para jantar, estou lhe mandando uma mensagem imediatamente para marcar uma data.” "Isso é um pouco chato." Eu ri.


“É chamado de comprometimento. Mais pessoas deveriam se comprometer com as coisas da vida em vez de apenas falar sobre elas. Se a vida não passasse de promessas vazias, onde nós estaríamos?” "Oh, isso é tão profundo," brinquei. "Isto é." Ele me deu uma olhada. “Então, de qualquer maneira, se você fala sério sobre estudar juntos, eu vou aceitar isso. Eu acho que apenas ter alguém fisicamente lá que também está estudando pode ajudar minha mente distraída.” "Sim claro. Por que não? Você sabe onde me encontrar." "Na sua masmorra." Ele piscou quando colocou a mão brevemente no meu braço. Esse único toque enviou uma corrente elétrica através de mim. Caramba, eu precisava transar. Suspirei. "Você vai parar de fazer minha necessidade de privacidade parecer um filme de terror?" “Você sabe que eu estou brincando, certo? Eu só gosto de provocar você, porque toda vez que o faço, seu rosto fica vermelho. Se você não tivesse essa reação, não seria divertido, e eu provavelmente não faria isso.” "O que a trouxe para minha masmorra hoje à noite novamente?"


"Eu descobri que você é um gênio e tive que informá-la, lembra?" “Oh, está certo. Minha irmãzinha gosta de conversar, não gosta?” “Ela é uma ótima criança. Ela não quer causar mal nenhum.” Ele sorriu. "Ela me disse que você a levou para sair ontem." “Sim. Tivemos um bom almoço no restaurante japonês.” "Significou mais para ela do que você imagina." O fato de Caleb ter perdido sua irmã ainda estava fortemente em minha mente. Eu não tinha certeza se deveria perguntar a ele sobre isso... suponho que ele teria mencionado se quisesse discutir. Eu mudei para outro assunto. "Como foi o filme ontem... com Veronica?" Ele encolheu os ombros. “Foi tudo ok. Era italiano com legendas. Mas Maura estava certa sobre aquele lugar. Havia algumas pessoas mal encaradas lá, e isso em uma tarde de sábado com muitas pessoas de aparência normal por perto.” “Você já parou para pensar que eu poderia gostar de qualquer pessoa potencialmente louca que encontrar no cinema? Ou que eu possa ser um deles?” "Você levanta um bom argumento." Ele piscou. Depois de um momento de silêncio constrangedor, eu disse: "Então... Você e Veronica... Vocês estão namorando..."


Obrigada, capitão Óbvio. Ele hesitou. "Sim. É novo." Uma onda de ciúme me atingiu novamente. "Ela é realmente bonita." "Sim. De fato, ela é.” Ele sorriu. "E você? Você está com alguém?" “Não, não no momento. Meu último relacionamento terminou alguns meses atrás.” Eu namorei um cara chamado Thad por alguns meses. Enquanto ele era muito gentil, eu não queria fazer sexo com ele, então terminei. "O que aconteceu?" "Eu simplesmente não vi sentido em continuar." Ele riu. “Acho que isso pode ser motivo suficiente. Você não gostava dele?” “Ele era legal. Nós nos demos muito bem. Mas eu não estava tão atraída por ele fisicamente.” Ele assentiu. "Sim. Atração física é importante. As pessoas com quem você não se sente fisicamente atraído são chamadas de amigos.” Eu ri. "Isso é verdade." Ele bateu palmas. "Então, quando vamos estudar juntos?"


Eu acho que ele não esqueceu. "Quando quiser." “Bem. Às oito amanhã à noite, depois do jantar, parece bom para mim.”


Shelley enfiou a cabeça no meu quarto na tarde de segundafeira depois que eu voltei da aula. Eu tinha acabado de começar uma série de braço quando ela me interrompeu. "Quer ver algo engraçado, Caleb?" Eu abaixei meus pesos. "Fala aí?" Ela pegou algo em seu telefone. "O que é isso?" “É um aplicativo de karaokê onde as pessoas podem cantar e gravar músicas. Se eles tornarem isso público, estranhos podem cantar a mesma música e se juntar à sua performance. Então o aplicativo reúne tudo como um dueto.” Limpei minha testa com uma toalha. “Isso parece perverso. Você gosta disso, hein?” Ela balançou a cabeça. “Não. Mas veja quem é.” Shelley riu quando me entregou o telefone.


Eu apertei play no vídeo. Levei alguns segundos para perceber que eu estava assistindo... Teagan. Teagan cantando! Teagan cantando "Someone Like You", de Adele. Eu fiquei chocado. Apenas quando você acha que descobriu sobre a pessoa... A voz dela não era perfeita, mas se expor assim era impressionante. Anotei mentalmente o nome de usuário dela: teagirl888. “Obrigado por compartilhar. Melhor não dizer a ela que eu sei, no entanto. OK?” Meu telefone tocou naquele momento, interrompendo a conversa. “É melhor eu atender isso. É a minha mãe.” Eu pisquei. Shelley saiu da sala para me dar um pouco de privacidade. Eu atendi a ligação. "Ei, mãe." "Como está meu bebê?" “Bem. Está tudo bem em casa?” Abri um pacote de Hot Cheetos. Eu era viciado neles desde que cheguei aqui. “Sim. Eu só queria verificar você. Não tenho notícias suas há um tempo.” “Eu sei. Eu sinto muito. Está corrido aqui. Consegui um emprego, no entanto.” "Oh?"


"Sim,

eu

vou

servir

mesas

em

um

pub

na

rua

da

universidade." “Muito bom. Quando começa?” “Neste fim de semana eles vão me treinar. Também terei turnos durante a semana.” “Isso é excelente. E você ainda está gostando da casa em que vive?” Coloquei um dos Cheetos na minha boca. “É imensamente incrível. Meu quarto é maior que a metade do nosso apartamento em casa.” “Brilhante. E as pessoas?” “Os Carrolls são uma família muito legal. O pai, Lorne, é um homem de verdade, sabe? Como papai. Ele gosta de assistir futebol americano. Ele é professor. A mãe, Maura, é muito doce. E Shelley, sua filha de doze anos, é hilária.” "Você disse que a filha mais velha vai para a faculdade com você, certo?" "Sim..." Eu suspirei. “Teagan. No começo, ela era um pouco irritante comigo, mas estamos nos dando bem agora.” Mamãe riu. "Por que ela era irritante?" “Eu não tenho certeza. Eu acho que ela me achou intrusivo. Ainda não a desvendei. Ela é parte genial, parte extrovertida depois


que você a conhece, aparentemente. Mas devemos estudar juntos mais tarde. Então, acho que vou conhecê-la.” “Isso deveria ser... divertido? Parece que ela é muito diferente da irmã.” “Teagan não é filha de Maura, na verdade. Ninguém fez menção à mãe de Teagan, além de Shelley dizendo que ela não está mais por perto.” "Significando que ela está morta?" "Não, ela está viva, eu acho, apenas não acessível." “Oh isso é interessante. Gostaria de saber qual é a história nisso. Pobrezinha. Uma garota, especialmente nessa idade, precisa da mãe.” “Sim, isso pode explicar por que ela é um pouco vigiada. Eu gosto dela, no entanto. Parece uma boa pessoa.” "Sua tia me disse que viu uma foto sua com uma garota no Instagram – disse que ela era bonita." Ótimo. Eu tinha esquecido que minha tia intrometida me vigiava lá. "Essa é a Veronica." "Você gosta dela?" “Apenas começamos a sair. É novo.”


"Bem, tenha cuidado." A voz da minha mãe ficou severa. "Você sabe o que eu quero dizer." Revirei os olhos. "Sim, mãe, eu sei." “Bem, tudo bem então. Eu não vou segurar você.” Antes que ela desligasse, eu perguntei. "Ei, como está o papai?" "Ele está bem. Ocupado como sempre. Você sabe como é." Suspirei, de repente me sentindo deprimido. "Sim." Sempre foi minha mãe ligando, nunca meu pai. Nem uma vez ele telefonou para me checar desde que me mudei para os Estados Unidos. “Amo você, meu garoto. Cuide-se.” “Também te amo, mãe. Eu me cuido.”

Bati em um ritmo alto na porta de Teagan, que estava meio aberta. Ela pulou e colocou a mão sobre o peito. "Você me assustou."


"Você não esqueceu nosso encontro para estudar, não é?" Tirando os fones de ouvido, ela disse: "Não, eu não esqueci." Dei alguns passos para dentro. "Você não estava no jantar, então eu pensei que talvez você estivesse me dando um bolo hoje à noite." Sentei-me em frente a ela na cadeira ao lado de sua mesa. "Sim, meu estágio no aquário atrasou, então eu comi alguma coisa no caminho de casa." "Como está indo?" “Está tudo bem – perfeito para alguém como eu, que gosta mais de peixe do que de pessoas. Eu sou estranha assim.” “Eu gosto disso em você, que você é um pouco estranha. Não foi muito fácil de descobrir, de qualquer jeito. Isso a torna interessante – e é melhor ficar com o peixe do que fingir gostar de pessoas de uma maneira falsa.” Ela corou, e isso me fez rir. Eu me pergunto se ela estava perturbada

quando

entrei

porque

interrompi

uma

de

suas

apresentações no aplicativo de karaokê. Teagan correu para abrir seu laptop. “Vamos começar a estudar. Caso contrário, conversar anula o propósito de estarmos aqui.” Hmmm... no momento que você voltou a atenção para Teagan, ela tentou mudar a atenção para outra coisa.


"Sim,

senhora." Eu

disse. “Uma

disciplinadora. Eu

gosto

disso.” Passamos a hora seguinte alternando entre estudar em silêncio e Teagan me interrogando sobre algumas questões de história. Ela também me ajudou a esboçar um ensaio que eu tinha que fazer para a minha aula de literatura. Algumas pessoas eram melhores

em

matemática

e

ciências,

enquanto

outras

se

destacavam por escrito. Teagan parecia inteligente em tudo. Voltamos a estudar por um tempo, mas, sendo o mestre da distração que eu era, minha mente começou a vagar. Bem, na verdade meus olhos começaram a vagar. Enquanto ela olhava para o laptop, levei algum tempo para examinar o rosto de Teagan sem que ela soubesse. É perfeito, de verdade. Ela tinha olhos grandes e lábios carnudos. Algumas sardas pontilhavam seu nariz pequeno, que tinha uma pequena protuberância no meio. Seu cabelo estava em algum lugar entre a cor da areia e de caramelo. Ela normalmente usava um nó enorme, mas imaginei como poderia parecer solto. E eu sabia que, por baixo das camadas de roupa que ela usava como armadura, deve haver um corpo bonito também. Mas ela tentava como o inferno esconder tudo. Eu me perguntava o porquê. Ela, de repente, olhou para cima. "O que você está fazendo?" Merda. "Estudando…" “Não, você não está. Você está olhando para mim.”


“OK. Eu estava estudando você.” Ela virou a cabeça. "Não faça isso." "Por que não?" "Porque eu não gosto quando as pessoas olham para mim." Seus olhos dispararam para o lado, como se ela não quisesse lidar com a minha reação. “Eu sei. É por isso que eu estava tentando fazê-lo quando você não estava prestando atenção.” "Esquisito." Na tentativa de não parecer um esquisito, para garantir a ela que não estava secando-a, acrescentei: “Você é como uma irmãzinha que eu amo irritar." Um olhar cruzou seu rosto que parecia um pouco... Decepção. Será que meu comentário de irmã a aborreceu? "Bem, pare de ser irritante e volte a estudar," ela exigiu. "Seu próximo teste é em aproximadamente vinte minutos." "Merda." Ela me deu uma olhada e tratou dos seus negócios. Eu tentei voltar ao que deveria estar fazendo. Após cerca de dez minutos de trabalho duro, percebi que talvez a fome fosse a razão pela qual eu estava tendo tantos problemas para me concentrar. Eu decidi mandar uma mensagem


para ela, mesmo que ela estivesse do meu lado – só para mexer com ela.

Caleb: O que você está fazendo?

Teagan: Tentando estudar, que é o que VOCÊ deveria estar fazendo.

Caleb: Eu sinto que já fizemos o suficiente hoje à noite. Não é? Daria tudo por um lanche.

Teagan: Tudo?

Caleb: Sim.

Teagan: Mas tudo mesmo? LOL

Caleb: Não. Isso só significa que eu estou com muita vontade de comer algo.


Teagan: Bem, aqui significa outra coisa. Como querer fazer você me dar.

Eu rio enquanto digitava.

Caleb: Eu definitivamente fiz algumas garotas me darem.

Seus olhos se arregalaram quando ela olhou para mim. Eu bufei com a reação dela.

Teagan: OMG. Você é nojento.

Caleb: LOL. Você entrou nessa.

Teagan: Então, você está querendo que tipo de lanche?

Caleb: Bem, não um pirulito de boceta ou um doce de pênis.

Teagan: Graças a Deus. LOL.


Caleb: ;)

Teagan: Se você quiser terminar de estudar, podemos parar.

Caleb: Que tal eu subir e fazer alguma coisa para nós? Então podemos continuar.

Ela fechou o laptop e disse: “Eu gostaria de comer. Eu jantei muito cedo.” “Há algo que eu estou com vontade de tentar. Eu nunca tinha ouvido falar disso antes de vir aqui.” "O quê?" "Chama-se s'mores5?" Ela começou a rir. "Você está rindo de mim, Teagan?" “Sim. Do jeito que você disse... Como se não soubesse se estava dizendo corretamente.” "Eu não fiz." É um petisco tradicional para fogueiras noturnas, popular nos Estados Unidos e no Canadá, consistindo em um marshmallow assado no fogo e uma camada de chocolate entre duas fatias de biscoito 5


"Eles não fazem s’mores na Inglaterra?" "Se o fazem, nunca ouvi falar." "Bem, eu duvido que tenhamos as coisas para fazer s’mores agora”. Eu pulei do meu lugar. "Vamos à loja então." “Você não pode simplesmente fazer s’mores. Você precisa acender uma fogueira. Não é um lanche. É uma experiência.” "Então, vamos acender uma." "Você chama isso de uma rápida pausa no estudo?" Ela riu. “Isso se chama acampar. É muita coisa envolvida.” “Bem, então, nós temos um problema. Porque uma vez que eu anseio por algo, não consigo tirá-lo da minha cabeça. Literalmente. Então, agora temos que fazer isso.” Teagan levantou-se da cama e colocou o laptop na mesa ao lado do meu antes de pegar a jaqueta. Surpreendeu-me que ela estava indo para isso. Eu não havia a considerado uma pessoa espontânea. Chegamos a uma loja 24 horas na rua que, felizmente, tinha todos os ingredientes: marshmallows, chocolate e biscoitos. A data de vencimento dos biscoitos passou, mas eles teriam que servir. Trouxemos tudo de volta ao quintal dos Carroll e juntamos algumas varas para fazer uma fogueira.


Depois que acendemos as chamas, perguntei-me se a irmã dela poderia querer se juntar a nós. “Shelley está dormindo?” Eu perguntei. "Sim. Ela tem escola amanhã. Ela geralmente está na cama às dez durante a semana.” "Eu me sinto meio culpado por fazer isso sem ela." "Sim," disse Teagan. "Tenho certeza que ela adoraria." "Podemos fazer isso novamente com ela algum dia." Nesse momento, Maura saiu para o quintal. Ela puxou o suéter para perto e estremeceu. “Oh, eu não percebi o que diabos vocês estavam fazendo. Vi chamas da janela e surtei.” "Desculpe, Maura," eu disse. "Nós provavelmente deveríamos ter lhe dito que estávamos fazendo s'mores, para que você não achasse que houve um incêndio na floresta no seu quintal." "Ele nunca teve s'mores antes," explicou Teagan. "Eu não quis interromper." Ela sorriu, olhando entre nós. "Fico feliz em ver vocês dois se dando bem." Eu levantei minha bengala. "Você quer ficar e ter algumas s'mores conosco?" “Não, obrigada. Vocês se divirtam. Meu livro e um chá quente estão esperando por mim no fogão a lenha.”


Depois que ela voltou para dentro, joguei mais lenha nas chamas e virei para Teagan. "Maura parece surpresa que estamos nos dando bem?" Eu arqueei minha sobrancelha. "Algum motivo em particular que a surpreenderia?" "Eu poderia ter falado um pouco sobre você quando você se mudou." Ah. "Eu julguei você, pensando que você estava sendo... Juiz," disse ela. "Eu não me sinto mais assim, nem acho que suas intenções eram ruins." "Estou feliz que você possa ver isso agora." Depois que Teagan me ensinou sobre os passos para fazer s'mores, eu rasguei o saco de marshmallows e coloquei um na minha boca. Enfiei um graveto no próximo e entreguei a ela. Passamos os próximos minutos observando silenciosamente a transformação de nossos marshmallows de branco para marrom tostado. Eu levantei o meu. "Parece pronto, sim?" “Mais do que isso, e vai queimar. Então, sim, isso é perfeito.” Coloquei o marshmallow sobre um quadrado liso de chocolate e joguei-o entre dois biscoitos. Dando uma mordida, suspirei antes de falar com a boca cheia. “Porra, isso é bom. É a mistura perfeita de sabores.”


Teagan gemeu quando devorou o seu. Foi o som mais entusiasmado que eu já ouvi sair dela. E isso me excitou um pouco. Foi a primeira vez que meu corpo reagiu a ela assim, e me pegou de surpresa. Eu

dei

a

última

mordida. "Então,

quantos

deles

são

permitidos?" "Quantos você quiser." "Eu vou continuar fazendo-os, a menos que você me pare, você sabe." Ela sorriu. "Vá em frente. É a sua primeira experiência s'mores. Entendi." Depois que eu consumi cinco sanduíches consecutivos, Teagan olhou para mim do outro lado das chamas. "Não vamos mais estudar hoje à noite, não é?" "Já que estou prestes a me transformar em um marshmallow e entrar em combustão, provavelmente não." O fogo estalou quando nos sentamos em silêncio. Era tão pacífico e sereno que eu poderia ter adormecido aqui. O leve frio no ar era o complemento perfeito para o fogo. Algumas folhas das árvores caíram ao nosso redor quando o vento as soprou. O bairro dos Carrolls era calmo à noite – definitivamente diferente do que eu estava acostumado na minha casa.


Minha curiosidade sobre Teagan aumentava a cada minuto que passava com ela. Decidi fazer uma pergunta que esperava que não a chateasse. Eu só queria realmente entendê-la. "O que aconteceu com sua mãe?" Seus olhos se arregalaram quando encontraram os meus através do fogo, mas ela não disse nada. Segundos se passaram enquanto as chamas continuavam crepitando. Eu comecei a me arrepender da pergunta quando ela finalmente começou a falar. "Sinceramente, não sei," disse ela, "além do fato de ter saído logo

após

o

meu

nascimento".

Ela

engoliu,

parecendo

desconfortável. Agora eu definitivamente me arrependi de perguntar. “Você não precisa falar sobre isso. Eu sei que não é da minha conta. Eu só fiquei muito curioso. Eu comecei a me sentir bem perto de todos vocês muito rápido. Minha observação é que Maura, Lorne e Shelley são como uma família feliz, e você é mais ou menos isso, mas distante, esse mistério. Parece que falta uma peça de quebra-cabeça em algum lugar.” Teagan assentiu e olhou como se estivesse ponderando minhas palavras. Eu suspeitava que ela estivesse se preparando para se abrir, então fiquei quieto. "Minha mãe era uma stripper," ela anunciou de repente. "Você estava esperando que eu dissesse algo diferente?"


Eu rio, meus olhos arregalados. "Possivelmente."


Não sei por que me abrir com Caleb pareceu natural de repente. Mas seus olhos permaneceram tão intensamente focados em

mim

que

eu

decidi

que

ele

era

apenas

uma

pessoa

genuinamente curiosa, não julgadora como eu pensava. Talvez minha atitude tenha mudado por causa do que Shelley me contou sobre ele perder a irmã. Eu não tinha certeza. "É tão estranho admitir a coisa de stripper em voz alta, mas é uma das poucas coisas que sei sobre ela," eu disse. “Eu acho fascinante, em certo sentido. Mas a parte da stripper é apenas o começo de uma longa e fodida história, para a qual você provavelmente não tem tempo.” A luz do fogo fez os olhos verdes de Caleb brilharem. "Olha," disse ele. “Eu me transformei em um marshmallow. Não vou a lugar nenhum por um tempo. Então, eu tenho tempo, se você quiser falar sobre isso.” Ele se moveu do outro lado do fogo para o meu lado. Essa simples mudança de posição foi provavelmente a diferença em tentar sair dessa conversa, ou seguir adiante. Algo sobre a proximidade dele, aquela demonstração silenciosa de apoio, foi suficiente para me fazer apertar o gatilho.


"Eu realmente não falo sobre ela, mas provavelmente eu deveria falar algumas vezes." “Eu tenho coisas assim na minha vida. Coisas sobre as quais eu deveria falar, mas não falo,” ele murmurou. "Acredite em mim." Eu me perguntei se ele estava se referindo à sua irmã. Fiz uma pausa, pensando que ele poderia elaborar, mas quando não o fez, comecei a contar minha história. "Você sabe que meu pai é professor, obviamente." "Sim. Claro." “Bem, anos atrás, quando ele começou, ele se apaixonou por uma de suas alunas. O nome dela era Ariadne Mellencamp.” "Nome bonito. Sua mãe?" "Sim." "Certo." "De qualquer forma, eles tiveram um caso de amor muito proibido e intenso." Os olhos dele se arregalaram. “Espere, caso? Ele não era casado com Maura, ou era?” “Ah não. Isso foi antes de ele conhecer Maura. Meu pai tinha apenas alguns anos de carreira na época. Ele tinha trinta e poucos anos e Ariadne tinha apenas vinte anos.” "OK…"


“Como eu mencionei, ela era uma dançarina exótica. Foi assim que ela pagou pela faculdade. Meu pai achou que ela era a coisa mais linda que ele já tinha visto. Ele meio que ficou obcecado por ela. Quando ele descobriu onde ela trabalhava, foi vê-la dançar uma noite sem que ela soubesse. Ele ficou no canto onde ela não podia vê-lo.” Caleb riu um pouco. "Jesus, Lorne era um perseguidor?" "Sim." Eu ri. “Eventualmente, eles começaram a se esgueirar juntos. Ele a mudou para sua casa e cuidou dela. O relacionamento deles era muito... Sexual.” Caleb soltou um suspiro. “Estou tão fodidamente intrigado com essa história que nem é engraçado. Continue.” Eu nunca disse isso a ninguém antes. Eu respirei fundo. “Bem, a melhor parte já acabou. Ariadne era manipuladora. Ela convenceu meu pai a deixar o emprego e viajar com ela – ele pagando a conta, é claro. Então eles viajaram pelo mundo por dois anos. Um dos lugares que eles visitaram foi a Inglaterra, na verdade.” "Parece uma vida agradável." "Sim, exceto que ela ficou grávida de mim, e isso meio que prejudicou o estilo de vida deles." Sua expressão ficou séria. "Ah... entendo."


“Minha suposta mãe não me queria. Ela queria um aborto. Mas meu pai implorou para que ela não fizesse. Ele a amava tanto, e o bebê era uma extensão disso.” Eu brinquei com um pouco de grama. “Eles conversaram muito sobre isso e, em algum momento, era tarde demais para abortar a gravidez. Então, ela passou por esses meses enquanto meu pai cuidava dela.” Caleb olhou para mim. "E depois que você nasceu?" “Ela ficou tempo suficiente para me dar à luz. E então ela fez as malas e foi embora.” "Bem desse jeito?" "Sim," eu sussurrei. “Meu pai ficou arrasado por alguns anos depois disso. De alguma forma, ele conseguiu voltar a ensinar. Ele encontrou uma creche para mim. Ele funcionava, mas seu coração estava

quebrado.

Ele

realmente

amava Ariadne.

E ela

era

basicamente apenas egoísta. Ela não queria nada com a própria filha.” Eu fingi rir. "Mas ela se importava o suficiente para não me abortar, suponho." Caleb olhou para o fogo. "Então, depois que ela saiu, seu pai fez o melhor que pôde..." "Sim, com o passar do tempo, o efeito que ela teve na vida dele diminuiu, embora ele nunca pudesse realmente esquecê-la." "Para onde ela foi quando saiu?"


“Ele não sabe. Ela simplesmente desapareceu. Dezenove anos depois, ainda não sabemos onde diabos ela está.” "Você nunca tentou encontrá-la?" "Para quê?" Joguei os pedaços de grama que reuni no chão. “Ela não me queria. E vê-la novamente provavelmente machucaria meu pai. Ela sabe onde encontrá-lo, nós, e nunca tentou.” Seus olhos se encheram de simpatia. "Justo." “De qualquer forma, aqueles primeiros anos de me criar sozinho não foram fáceis para o meu pai. Um dia, ele percebeu que seria mais econômico encontrar uma babá do que pagar pela creche onde ele me colocara. Então ele contratou uma mulher em tempo integral para cuidar de mim.” "Como isso funcionou?" Eu sorri. "O nome dela era Maura." “Realmente... Uau. Sua madrasta.” "Sim." “OK. Faz sentido, suponho.” "Eu sei." "Acho que sei para onde esta história está indo agora," disse ele. “Sim. Então foi isso. Meu pai fez uma vida com Maura. E mesmo que ela seja a única mãe que eu já conheci, ainda não lhe


dei o respeito que ela merece – chamando-a de mãe. Não sei por que é tão difícil para mim. Comecei a chamá-la de Maura quando tinha quatro anos, e ela sempre foi Maura. Mesmo nessa idade, eu sabia a diferença entre Maura e uma mãe biológica. Talvez se ela tivesse me criado desde que eu era bebê, as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas na verdade, me lembro da época em que éramos apenas eu e meu pai – antes de Maura. Eu sabia que ela era minha babá desde o início, então sempre foi difícil vê-la como minha mãe. Então, quando Shelley apareceu, observando o relacionamento mãe-filha, a proximidade delas – é apenas natural. A diferença está clara para mim. Maura não é minha mãe. Eu não tenho mãe.” Caleb piscou várias vezes. "É natural com Maura e Shelley, ou é apenas o fato de você sempre se colocar um escudo e não permitir que ela seja sua mãe?" Eu levei um momento para pensar sobre isso. Muito disso foi minha culpa. "Talvez seja um pouco dos dois." Ele assentiu. “E seu pai? Como está seu relacionamento com ele? Eu não fui capaz de entender isso.” Ele colocou a mão no meu joelho. “Desculpe-me se isso parece uma inquisição. Você não precisa entrar em detalhes.” O breve contato de seu toque foi bom. "Está tudo bem," eu disse. “Eu tenho um relacionamento muito estranho com meu pai. Ele me ama, mas eu estou sempre com medo que ele a veja em mim. Ele nunca me disse exatamente


que sou um lembrete doloroso de Ariadne, mas acho que ainda me preocupo que tudo o que ele vê quando olha para mim seja ela.” "Você se parece com ela?" “Eu pareço exatamente com ela. Ele me mostrou uma foto dela uma vez. Quando eu tinha treze anos, ameacei fugir se ele não me dissesse a verdade honesta sobre minha mãe e o que aconteceu entre eles. Ele tinha sido tão insistente em não me dizer até aquele momento. Todas as informações que tenho hoje vieram basicamente de uma conversa muito longa.” "Uma e acabou." "Sim." Eu ri. “Então, porque eu pareço muito com ela, eu sei que meu pai deve ver Ariadne sempre que ele olha para mim. E isso me deixa triste. Eu não quero isso.” Caleb olhou para o céu noturno. “Você acha que é por isso que você está meio... Distante da sua família? É como se você estivesse tentando se esconder de alguma maneira.” Caleb

percebeu

as

coisas

de

uma

maneira

que

me

surpreendeu. Esconder era uma boa maneira de descrever o que fiz quando se tratava da minha família. De muitas maneiras, eu me sentia uma estranha. “Eu acho que, de certa forma, eu me sinto uma extensão de Ariadne, mesmo que eu não a conheça – especialmente porque agora eu tenho praticamente a idade que ela tinha quando meu pai a conheceu. É estranho, porque, por mais que ela não me quisesse,


sinto essa estranha conexão com ela – uma conexão com sua necessidade de fugir. Só não tenho coragem de sair.” Eu sabia que poderia ter divulgado mais do que deveria. Balançando a cabeça, eu disse: "Acabei de lhe dizer demais." “Estou

realmente

fascinado,

Teagan.

Obrigado

por

compartilhar a história comigo. Honestamente, isso explica muito.” Eu sorri "Isso conta para o meu primeiro segredo de dez?" “O fato de você se esconder de tudo porque se sente como um reflexo de sua mãe que a abandonou? Sim, eu diria que isso conta para um grande segredo.” "Sim," eu sussurrei. Sentamo-nos em um silêncio confortável. Então Caleb me assustou quando pulou. "Puta merda, Teagan!" "O quê?" "Há um último marshmallow no pacote." Ele sorriu de orelha a orelha. Ele tinha um sorriso tão lindo. "Você me assustou." “Eu pensei que nós tínhamos terminado com eles. Vou queimar esse agora, a menos que você queira?” "Não. Eu estou bem."


Depois de alguns minutos observando-o assar o último marshmallow, percebi que meus lábios estavam virados para cima. E eu não sabia quanto tempo eu estava sorrindo. De alguma forma, ele conseguiu colocar um sorriso no meu rosto hoje à noite, mesmo que eu tivesse revelado meu segredo mais sombrio. “Tudo bem, Caleb. Sua vez. Agora você tem que me contar seu primeiro segredo das dez.” "Eu já te contei meu primeiro segredo, lembra?" Eu apertei os olhos. "Não." “Com certeza. Você sabe que você não foi o responsável pelo cheiro no banheiro.” “Ah. Bem, isso é uma espécie de desperdício de segredo.” "Ainda conta." Ele olhou para as chamas um pouco antes de se virar para mim, seu olhar mais incendiário que o fogo. “Teagan, eu tenho segredos, e o meu maior é algo que é muito difícil para eu dizer em voz alta. Mas talvez com o tempo eu possa falar sobre isso com você. OK?” Calafrios percorreram meu corpo. "OK." Minha mente começou a correr. É sobre a irmã dele? Ele já havia dito à Shelley que sua irmã morreu, então seu maior segredo tinha que ser outra coisa. Percebi naquele momento que meu pseudo-irmão espirituoso e feliz era muito mais complexo do que eu pensava. Talvez eu não


fosse mais a única nesta casa com problemas. Esse conhecimento realmente trouxe algum conforto para mim. Depois que Caleb terminou o marshmallow, ele falou com a boca cheia. “Isso foi divertido. Como muito, muito divertido. Obrigado por concordar com isso.” "Eu não quero que você tenha a ideia de que eu vou deixar você ficar à toa assim o tempo todo quando você deveria estar estudando," eu provoquei. "Entendido." "Vou ter que começar a estalar o chicote." Ele sorriu maliciosamente. “Bem, eu não sabia que você gostava de BDSM. Mas tudo bem... ” Mesmo no escuro, ele deve ter notado minhas bochechas ficando vermelhas. Oh, as imagens que eu conjurei.


Veronica e eu passamos pelo campus em direção à plataforma do bonde para podermos almoçar na Kenmore Square depois que nossas aulas do dia terminaram. Ela parecia ansiosa e não tinha muito a dizer, mas finalmente se virou para mim. "Então, não me mate." "Uh..." Eu balancei minha cabeça. "Eu não tenho nenhuma intenção de fazer isso." "Você pode, depois de ouvir o que estou prestes a dizer." Eu parei de andar por um momento. "O que é?" “Meus pais decidiram viajar por alguns dias. Eles estão aqui. Meu pai realmente queria ver mais de Boston, então eles decidiram matar dois coelhos com uma cajadada só – Vieram me ver e fazer coisas turísticas.” Continuamos em direção à plataforma. "Isso é brilhante. O que há de errado nisso?”


“Quando chegarmos ao restaurante, eles estarão lá. Vamos encontrá-los para o almoço.” Ugh. Agora eu vi onde isso estava indo. "Oh." “Eu sei que é muito cedo para conhecer meus pais. Mas eles viram minha foto com você no Instagram e estão curiosos sobre com quem estou passando meu tempo.” Paramos na plataforma para esperar o bonde. Foi uma emboscada. Olhando para meus jeans rasgados e capuz preto, eu disse: "Eu teria me vestido melhor, ou algo assim, se soubesse que conheceria seus pais hoje.” Ela colocou a mão no meu peito. “Você parece bem. Apenas seja seu eu habitual charmoso.” Minha mente correu durante o passeio de bonde, que foi apenas uma estação. Eu não tinha ideia do que Veronica havia dito a seus pais sobre mim. Também nunca discutimos exclusividade, apesar de eu não namorar mais ninguém desde que cheguei em Boston. Eles achavam que eu era o namorado dela? Eu era o namorado dela? Como eu vou me apresentar? Veronica e eu estávamos nos divertindo, transando e saindo. Mas eu não estava nem perto do ponto de encontro com os pais.


Quando chegamos ao restaurante, Veronica acenou para um casal mais velho, que já estavam sentados. Os dois se levantaram ao mesmo tempo. "Mamãe e papai, este é Caleb." Ela se virou para mim, parecendo quase tão nervosa quanto eu. "Caleb, esses são meus pais, Lawrence e Virginia McCabe." Estendi minha mão para cada um deles. "Prazer em conhecêlo, Sr. e Sra. McCabe." A mãe dela sorriu. "Eu simplesmente amo seu sotaque." Essa foi provavelmente a coisa que eu mais ouvi desde que me mudei para cá. Estava ficando um pouco chato. "Obrigado." Sentamos e tudo ficou quieto enquanto os pais dela esperavam que examinássemos o cardápio. Depois que pedimos, a inquisição que eu temia começou. McCabe cruzou os braços. "Então, Caleb, qual é o seu diploma?" Tomei um gole da minha água. “Neste momento, eu estou em estudos gerais. Ainda não descobri o que quero fazer da minha vida.” Ele levou um momento para deixar isso entrar. "Você está relutante em se comprometer." Aqui vamos nós. "Eu suponho que sim."


"Às vezes na vida, filho, você tem que fazer uma escolha e agarrar-se a isso." Eu me endireitei na minha cadeira. “Sim eu entendo isso. A vida é feita de escolhas. Mas estou relutante em tomar uma decisão sobre minha carreira agora. Então, eu estou tentando encontrar minha paixão para que eu possa realmente me concentrar nisso na pós-graduação. Espero que isso chegue até mim em breve.” "O que fez você decidir vir à faculdade nos Estados Unidos do que fazer uma em casa?" A senhora McCabe perguntou. “Bem, minha universidade tem uma parceria com a Northern, então eu podia estudar por um ano aqui. Assim, os outros três anos terminarei em casa.” Ela pareceu surpresa. "Oh, você não vai ficar aqui pelos quatro anos?" “Não senhora. O plano é voltar para casa depois deste ano.” Veronica ficou tensa. "Você tem a opção de ficar além deste ano, se quiser?" Eu não tinha certeza da resposta para isso, mas queria que Veronica não tivesse me colocado nessa situação. Nós não tínhamos discutido isso antes, e a primeira vez não deveria ser na frente dos seus pais.


“Eu realmente não perguntei, mas meu plano sempre foi voltar para casa. Acho que minha mãe teria minha bunda se eu ficasse mais de um ano.” A mãe de Veronica se dirigiu a ela. "Você está preparada para Caleb sair?" Ela se virou para mim. "Por que você não está levando nossa filha para a Inglaterra." Ela disse isso de brincadeira, mas eu sabia que ela estava falando sério. Depois que a comida chegou, fiz o meu melhor para enterrar meu rosto nas minhas fajitas, esperando que o interrogatório tivesse parado. Eu até fantasiei ir ao banheiro masculino e sair pela janela. Depois que os pais dela se foram para visitar o Fenway Park, dei um grande suspiro de alívio e imediatamente pedi uma cerveja, agradecendo a Deus que eu tinha idade legal para fazê-lo agora. Veronica se encolheu. "Sinto muito, eles foram muito difíceis." Levei cerca de um minuto para responder, minha frustração aumentando a cada segundo. “O que fez você pensar que era uma boa ideia me trazer aqui para conhecê-los? Certamente você sabia como seus pais reagiriam a mim.” "Eu nunca pensei que seria assim tão estranho."


"Seu pai pensa que eu sou um idiota, porque não tenho carreira,

e

sua

mãe

espera

que

eu

me

mude

para

permanentemente, se eu quiser continuar vendo você." Veronica parecia que estava prestes a chorar. Eu não quis aborrecê-la. Eu fiquei perplexo com o comportamento dela. Tomei um longo gole da minha cerveja. “Vamos esquecer, ok? Sinto muito por ficar chateado.” Ela sentou e observou enquanto eu continuava a beber minha bebida. Por mais que eu insistisse para que ela esquecesse, eu ainda estava fervendo enquanto olhava pela janela para a agitação da Kenmore Square. O Sr. McCabe me lembrou muito meu próprio pai – sua natureza crítica. Talvez fosse por isso que eu estava passando por um momento tão difícil. Permaneci em um estado contemplativo até meu telefone tocar, sinalizando que um texto havia chegado. Provavelmente era a última coisa que eu esperava: uma mensagem de Maura.

Maura: Teagan está bem. Mas ela foi atacada no cinema Syd hoje. Ela parou o cara antes que algo terrível acontecesse. Não acredito que meu pior medo se tornou realidade.

O quê?


Eu me levantei do meu lugar. “Eu tenho que sair. Algo aconteceu em casa. Não há tempo para explicar. Eu vou te mandar uma mensagem em breve.” Eu nem sequer fiz contato visual com Veronica enquanto me afastava. Meu pulso disparou quando eu saí do restaurante e corri pela Beacon Street em direção ao Brookline. Eu teria pulado em um bonde, mas não havia nenhum se aproximando que eu pudesse ver. Então, nesse ponto, o caminho mais rápido para casa era correr. Quando cheguei em casa, todos haviam cercado Teagan na sala de estar. Além de uma contusão no rosto, ela parecia bem – fisicamente, pelo menos. Eu ofeguei por causa da minha corrida. "Você está bem?" Em vez de responder, Teagan perguntou: "Você correu para casa?" "Sim. Ouvi dizer que você estava machucada, então cheguei aqui o mais rápido que pude.” Maura sorriu para mim com simpatia. Lorne parecia mais irritado do que eu já tinha visto, e Shelley parecia completamente assustada. Eu queria perguntar à Teagan exatamente o que havia acontecido, mas não tinha certeza de que ela gostaria de repetir o momento novamente. Em vez disso, sentei-me ao seu lado e não disse nada. Ela deve ter visto as muitas perguntas escritas em todo o meu rosto, porque ela começou a falar.


“Então, eu estava sentada no meu lugar de sempre. Eu pensei que estava sozinha. Mas, aparentemente, havia um homem em algum lugar do cinema. Ou ele me viu do lado de fora e me seguiu, ou ele já estava lá. Ele veio ao meu lado e colocou a mão na minha boca. Comecei a chutar e gritar, mas minha voz estava abafada. Ele disse que tinha uma faca, mas estava escuro demais para dizer se ele realmente tinha. Felizmente, eu tinha o botão de pânico que sempre mantenho comigo. Aquilo emite um som alto. Eu fui capaz de enfiar a mão no bolso e pega-lo. Quando o ativei, um funcionário entrou no cinema e o homem me soltou.” Meu coração estava palpitando. Teagan e eu não nos conhecíamos há muito tempo, mas cresceu em mim um sentimento forte de cuidado com ela e com todos os outros nesta casa. O pensamento de alguém tentando machucá-la trouxe uma raiva protetora em mim. "Quando ele fugiu, eu corri atrás dele," continuou ela. "Tudo o que eu conseguia pensar era que, se não o pegasse, ele faria isso com outras pessoas." Ela olhou para a irmã. "Pensei em Shelley." Ela correu atrás dele? “Então eu corri o mais rápido que pude, e o funcionário do cinema

correu

comigo.

Quando

o

alcançamos,

imobilizar o cara no chão até a polícia chegar.” “Puta merda, Teagan. Você o pegou?”

conseguimos


Ela conseguiu dar um leve sorriso. “Eles me levaram à delegacia para interrogatório. E agora ele está sob custódia. Aparentemente, ele é um criminoso sexual registrado.” Teagan tinha chegado tão perto de ser estuprada naquele cinema. E em vez de fugir quando teve a chance, ela correu na direção dele. A coragem dela me impressionou. Eu estava tão orgulhoso dela. "Eu farei pessoalmente o que for preciso para que ele fique atrás das grades," disse Lorne. "Obrigada, pai," ela sussurrou. "Posso pegar alguma coisa para você?" Maura perguntou a ela. "Não. Estou bem. Talvez eu ainda esteja em choque. Eu não sei." Shelley abraçou a irmã. Foi bom ver que em um momento como esse, Teagan não estava empurrando sua família para longe. Mas eu sabia que sua tolerância era limitada para ser sufocada. Depois de vários minutos sentados com todos em choque, ela pediu licença para seu quarto. Juntei-me ao resto da família, dando-lhe espaço, mas não consegui me concentrar em nada pelo resto da tarde. Mais tarde, Teagan não quis subir para jantar, então todo mundo comeu em silêncio. Eu tinha certeza de que todas as


pessoas na mesa estavam revivendo os eventos dessa tarde em suas mentes. Em uma tentativa contínua de deixar Teagan descansar, voltei ao meu quarto depois do jantar. Fiquei chocado quando ela me enviou uma mensagem.

Teagan: Não se esqueça, hoje é a nossa sessão de estudo às 8.

O quê? Ela está falando sério?

Caleb: Eu assumi que você não estaria bem para isso.

Teagan: Qualquer coisa para sair dessa, hein, Yates?

Caleb: Você me pegou. Sempre o preguiçoso. Eu vou descer em dez.

Não se passou nem dez minutos antes de eu descer as escadas. Teagan claramente não esperava por mim tão cedo, porque quando eu estava na porta, eu a encontrei enxugando lágrimas dos


olhos. Talvez eu tivesse entrado quando finalmente o que aconteceu hoje a atingiu. Quando ela me viu, ela enxugou os olhos novamente e fungou. "Desculpa." “Porra, Teagan. Não peça desculpas.” Eu me mexi para sentar na beira da sua cama, colocando meu laptop ao meu lado. Meu peito estava apertado, e as palavras certas não saíam. Ela falou antes que eu tivesse a chance de descobrir o que dizer. "Você sabe do que eu estou mais chateada?" "O quê?" “O fato de Maura estar certa. Você sabe quanto tempo eu defendi aquele lugar maldito, argumentei que era seguro?” "Eu disse a você que achei perigoso, mas também nunca imaginei que algo assim acontecesse." Ela olhou para a colcha por um tempo e depois olhou para mim. “Você me pegou chorando... Porque eu deixei minha mente ir para aquele lugar 'e se' por um momento, mas eu não posso fazer isso. O pior não aconteceu. Eu só preciso ser grata.” “Você foi esperta por ter esse botão de pânico no bolso. Você se salvou.” “Eu tive sorte. Não importa quão inteligente você seja, quão rico ou pobre, como você se parece, se alguém está atacando você, você depende da sua força física – sua vontade de arriscar sua vida


para fugir.” Ela balançou a cabeça, como se para impedir-se de pensar muito sobre isso. "De qualquer forma, vamos ao trabalho." Estudar no momento não parecia certo. "Você tem certeza que quer estudar hoje à noite?" Eu perguntei. “Podemos apenas conversar ou sair. Você teve um dia e tanto.” "Na verdade, acho que estudar me ajudará a tirar as coisas da cabeça." "Certo. Bom o bastante." Nós nos concentramos direto em nossa lição de casa. E eu fiz o meu melhor para me concentrar. Como sempre, ela parou em um determinado momento para me interrogar. Dessa vez, eu me arrepiei, mas não queria admitir que era porque também não conseguia parar de me perguntar sobre os 'e se' de hoje – a mesma coisa que eu disse a ela para não fazer. "Desculpa. Estou particularmente mau essa noite, não estou?” Eu finalmente disse. “Está bem. Acho que podemos jogar fora esse dia”. Ela fechou o laptop. “Você sabe o que mais é realmente uma merda? Eu adorava ir àquele cinema idiota. Era o meu lugar. Agora, acho que não posso voltar sem pensar no que aconteceu hoje.” O fato de ela considerar voltar para lá me deixou perplexo. Mas se houvesse algum lugar que eu adorasse ir e alguém tivesse tirado isso de mim, eu poderia ter me sentido da mesma maneira.


"Você pode ser capaz de voltar um dia." Ela exalou. "Onde você estava hoje quando Maura te mandou uma mensagem sobre mim?" Eu ri um pouco, lembrando-me do meu encontro miserável com os pais de Veronica. Foi a primeira vez que pensei nisso desde que cheguei em casa. Revirei os olhos. "Oh, isso é uma história para outro dia." "Não. Conte-me." Suspirei. “Bem, Veronica e eu tínhamos planos de almoço na Kenmore Square, só que ela não me disse que incluía conhecer os pais dela. Foi uma espécie de emboscada.” Teagan estreitou os olhos. "Eu não sabia que vocês estavam tão sérios." “Não estamos. Quero dizer, acho que não estamos vendo outras pessoas, mas, na minha opinião, conhecer os pais foi prematuro.” "Como eles eram?" “Como meu maior pesadelo. O pai dela questionou minha decisão de me formar em estudos gerais, e sua mãe basicamente disse que eu poderia terminar com a filha agora se planejasse voltar para a Inglaterra.” "Ai."


“Sim. Eles acabaram saindo para passear. Então pedi uma cerveja e bebi um pouco antes de receber o texto de Maura sobre você. Então eu saí e deixei Veronica sentada lá.” Os olhos dela se arregalaram. “Você contou a ela o que aconteceu? Por que você foi embora?” “Não. Só que algo aconteceu em casa. Eu enviei uma mensagem para ela mais tarde para explicar e me desculpar por sair repentinamente de lá.” "Você correu da Kenmore Square?" “Claro. Eu estava enlouquecendo, pensando que você estava machucada.” O que eu deixei de mencionar foi o quão irritada Veronica estava depois que eu a deixei no restaurante. Ela não entendeu minha reação. Eu não esperava que ela entendesse também, considerando que ela e eu nunca discutimos minha amizade com Teagan. Teagan piscou. "Obrigada por se importar tanto." “Claro. Vocês são como uma segunda família para mim. Não podia imaginar nada acontecendo com você, Teagan.” Eu queria dizer isso. Teagan não tinha ideia dos problemas com os quais lidei em casa. Estar aqui com os Carrolls era como uma lufada de ar fresco.


Ela olhou para fora. Novamente, sua mente parecia deslizar para

um

lugar

contemplativo.

Supus

que

quando

você

experimentou um evento traumático, a realização vinha em ondas. "Faço tudo ao meu alcance para esconder sexualidade," ela finalmente disse. “E, no entanto, apenas sendo mulher, sou um alvo. É tão assustador.” “Mesmo se você estivesse exibindo sua sexualidade, não teria sido sua culpa. Nunca é culpa de alguém que uma pessoa doente decide atacá-la.” Ficamos em silêncio por um tempo. "Posso te contar um segredo?" Eu finalmente disse. "Este seria o seu segundo segredo de dez, portanto, certifiquese de que seja bom." Ela sorriu. É bom vê-la sorrir. “Ok, então eu devo esclarecer que não é oficialmente um segredo, porque eu meio que insinuei isso antes, principalmente quando falamos sobre sua inteligência, mas hoje isso se aplica mais ao seu caráter geral. Não tenho certeza se alguém lhe contou isso, mas você deveria saber.” "O quê?" "Você é fodona, Teagan." “Esse é o seu segredo? Que eu sou durona?”


"Sim." Sua boca se curvou em outro sorriso. "Bem, obrigada." "Você realmente é. E acho que precisamos celebrar esse fato hoje à noite.” "Como vamos fazer exatamente isso?" "Spoiler: não estudando." "Bem, isso é obvio." “Vou te dar uma dica do que eu gostaria de fazer para comemorar seu momento de durona. Começa com um S e rima com floors6.” Ela levou um segundo para refletir. "Você quer comemorar com s'mores." "Eu pensei que você nunca perguntaria." "Nós não fizemos s'mores na outra noite?" “Eu não posso evitar. Eu acho que sou viciado em s'mores e Hot Cheetos. Duas coisas que não tenho em casa. Eu preciso me encher enquanto estou aqui.” "Você pode fazer s'mores em casa."

6

Floors (piso em inglês)


“Eu suponho. Embora eu não me veja acendendo uma fogueira do lado de fora do nosso apartamento sem ter realmente um quintal. Certamente isso não é permitido.” "Sim, isso provavelmente não vai funcionar." Eu fiquei de pé. "O que você diz?" "Eu digo que você é louco." Ela encolheu os ombros. "Mas vamos fazer isso."


Uma semana depois, eu estava no meu quarto quando percebi que havia deixado passar uma notificação de que alguém havia participado de uma de minhas apresentações no aplicativo de cantar. Isso raramente acontecia comigo. Eu o abri e vi o nome do usuário: S'moresDude. Meu coração acelerou quando eu cliquei nele e vi o rosto sorridente de Caleb na pré-visualização. Oh meu Deus! Não, ele não fez. Como ele soube disso? Tinha que ser Shelley. Ela costumava furtar meu telefone antes de conseguir o seu próprio. Eu vou matála! Depois de pressionar o play, não pude deixar de rir como uma tola enquanto assistia nosso dueto, uma tela dividida de Caleb e eu cantando

"Someone

Like

You"

de

Adele.

Nossas

vozes

se

misturaram bem, seu barítono profundo complementando minha soprano. Foi meio legal, na verdade.


A expressão exageradamente séria em seu rosto enquanto ele cantava me quebrou, e a voz de Caleb era muito boa. Eu não era profissional, mas podia cantar uma música, e aparentemente ele também. Atrevo-me a dizer que sua voz era melhor que a minha. Eu sempre fazia isso por diversão, para me soltar, não porque achava que

tinha

algo

a

oferecer

no

departamento

de

canto.

Estranhamente, embora eu tendesse a me sentir desconfortável por me expressar em torno de pessoas que conhecia, não tive problemas em interagir com estranhos. Ninguém me conhecia no aplicativo – até agora. Era um lugar onde eu podia deixar minhas inibições irem e não serem julgadas ou reconhecidas. Ou assim eu pensei. Saí do aplicativo e cliquei no ícone do meu texto.

Teagan: Eu nem vou perguntar como você descobriu o aplicativo de canto.

Os pontos dançaram quando ele digitou uma resposta.

Caleb:

Você

demorou

demais!

Eu

estava

curiosidade para saber sua reação há dois dias.

morrendo

de


Teagan: Você é louco. E eu te odeio por fazer isso. Mas isso me fez rachar de rir.

Caleb: Eu acho que somos uma ameaça para a carreira do Shawn Mendes e da Camila Cabello, não é?

Teagan: Eu não desistiria do seu trabalho ainda, S'moresDude.

Eu ainda estava sorrindo de orelha a orelha quando Kai veio visitar um pouco mais tarde. Estávamos curtindo no meu quarto. Eu escolhi não contar à Kai sobre o ataque no cinema porque não queria lidar com a reação dela. Eu esperava que ela não tivesse visto a história no noticiário, embora meu nome não tenha sido mencionado. Entre conversar com a polícia na semana passada e repetir tudo com a minha família, eu não queria revivê-lo novamente. Então, estávamos fazendo o que fazem duas garotas sem nada demais para discutir: passar tempo em nossos telefones e ignorar uma à outra. “Vi Caleb beijando Veronica na Coolidge Corner ontem. Ele a prendeu contra a parede de um prédio de tijolos. Acho que eles ainda estão fortes.” Levantei os olhos do meu telefone. "Por que você está me contando isso?" Meu tom era definitivamente defensivo.


“Eu não sei. Estou apenas fofocando, eu acho. Normalmente você gosta disso.” "Sim, bem, eu não preciso saber sobre Caleb." Ela estreitou os olhos. "Você está... A fim dele agora ou algo assim?" “Claro que não. Por que você diria isso? Ele é basicamente como meu irmão neste momento,” eu menti. Não havia nada em Caleb que o fazia parecer um irmão. Mas fingir era minha maneira de esconder qualquer sentimento que eu pudesse ter por ele. "Por que eu diria isso?" Ela perguntou. "Porque você acabou de gritar por dizer algo que eu observei." "Entendo que foi apenas uma observação, mas é sobre a qual não preciso ser informada." Kai olhou para mim por alguns segundos. "Porque você gosta dele." Meu pulso começou a acelerar. "Não." "Por que mais isso te incomodaria tanto?" "Isso não me incomoda." “Olha, eu entendi. Ele é super gostoso, e de tudo o que posso dizer, muito doce e gentil. Você me disse que vocês estão se dando bem ultimamente. Por que você não ficaria com ciúmes?”


“Isso não é novidade. Eu sei que ele está com Veronica. Eu sei que ele faz sexo com ela. O fato de que eles estavam se beijando é apenas... Nenhuma novidade.” Kai olhou para mim e sorriu. "Há quanto tempo você está apaixonada pelo Caleb?" Comecei a sentir minha testa suar. Eu instintivamente limpei. "Eu não estou apaixonada por ele." Percebendo que minha reação física poderia estar me denunciando, decidi conceder. "Mas estou começando a ter carinho por dele." "Defina carinho por ele." Levantei-me e fui até a janela para esconder meu rosto dela. "Não importa. Ele tem uma namorada." "E se ele não tivesse?" "Então, eu ainda manteria meus sentimentos para mim, porque ele vai voltar para Londres no final do ano letivo, e nada de bom poderia vir se eu me apegar." Eu me virei para encará-la. “Mas, aqui está porque, realmente, não deveríamos ter essa conversa: Caleb não gosta de mim dessa maneira. Ele me chama de 'pseudoirmã' e, embora ele goste de estar ao meu redor e possa ser um pouco protetor, ele não estaria interessado em mim.” “Bem, você não faz nada para sugerir que pode estar aberta a qualquer coisa. Quando foi a última vez que você soltou o cabelo ou vestiu algo feminino?”


“Feminino não é meu estilo. Eu sou uma garota de jeans e camiseta. Você sabe disso." “Você é linda, Teagan. E a única razão pela qual você não está com alguém agora é porque você escolheu não estar.” "Eu fiquei com Thad por três meses." Ela inclinou a cabeça. "E como isso acabou?" "Eu terminei porque não estava sexualmente atraída por ele." “Ok, mas você sabia que não havia química sexual antes de começarem a namorar. Eu acho que você escolhe intencionalmente pessoas pelas quais não é sexualmente atraída, porque não quer se preocupar com sexo, ou com todos os sentimentos que o acompanham.” “Eu tive sexo.” "Uma vez na escola, 'apenas para terminar', como você diz, realmente não conta, Teagan." "Claro que sim." "Você teve um orgasmo?" "Não." “Sexo sem orgasmo é como uma vela sem fogo. Sem utilidade. Realmente não conta.”


No dia seguinte, eu estava saindo do campus quando Caleb veio correndo pelo gramado. "Teagan, espere." Ele estava um pouco sem fôlego quando chegou a mim. "Ei!" Eu sorri "Oi." Ele deu um sorriso largo quando se juntou a minha caminhada. "Você está voltando para casa?" "Sim." "Eu também." "Eu pensei que você trabalhava às quartas-feiras depois da aula," eu disse. “Troquei com um amigo. Em vez disso, trabalharei no último turno.” "Acabei de ver Veronica subir no Bonde." "Sim," ele disse. "Ela vai fazer compras na Newbury Street com alguns amigos." “Oh. Chique.” "Ela gosta de gastar dinheiro."


"Ela vem de berço de ouro, não é?" “Os pais dela são ricos, sim. Então, naturalmente, eles adoram o fato de que ela está perdendo seu tempo namorando um vagabundo que está deixando o país em menos de um ano.” Eu odiei que ele disse isso. Pessoalmente, eu senti que Veronica era a garota mais sortuda do campus – talvez do mundo – por estar com Caleb. "Ela poderia escolher quase qualquer cara aqui," eu disse. “Mas ela escolheu você. Você é carismático e interessante em comparação

com

as

opções

dos

caras

monótonos.

Então,

obviamente, ela não concorda que estar com você é uma perda de tempo.” “Você está tentando me fazer sentir melhor comigo mesmo, Teagan? Você deveria estar esvaziando o meu ego, não o tornando maior.” Ele piscou. "Por mais agradável que seja lançar insultos em você, também tenho que ser honesta, às vezes." Ele cutucou seu ombro no meu. “Bem, obrigado por esse elogio. De verdade." Sentindo-me corada, mudei de assunto, lembrando-me de uma história que queria contar a ele. “Oh meu Deus. Você nunca vai acreditar em quem eu encontrei hoje.” "Mark Wahlberg."


"O que?" Eu ri. "Não! Por que você pensou nele?” "Porque ouvi dizer que ele estava na área filmando um filme." "Sério? Droga. Eu não me importaria de encontrá-lo, mas não.” "Você gosta de Marky Mark, hein?" "Sim. Mas, infelizmente, não foi ele que encontrei. Foi Bo Cheng.” “Ah, o bom e velho Bo Cheng. Como está meu parceiro?” “Imagine isso... eu estava na frente desse cara na fila de saladas do restaurante no grêmio estudantil. E ele começou a espirrar repetidamente. Você sabe como quando alguém espirra, você diz 'Deus te abençoe'?” "Sim." “Bem, eu tive que continuar dizendo isso repetidas vezes, até que era idiota continuar, porque ele estava espirrando muito. Então eles chamaram o nome dele para atender seu pedido. Era Bo. E percebi que era o Bo Cheng.” "O mito, a lenda!" “Sim. Não apenas isso, mas me ocorreu que o motivo pelo qual ele estava espirrando era eu!” Caleb riu. “Você é uma reação alérgica ambulante, Teagan. Comédia, porra. Você disse a ele quem você era?”


“Não. Não tinha por quê. Mas devo ter germes de gatos por toda a minha camisa, o que faz sentido desde que eu estava aconchegando-me com Catlin Jenner esta manhã.” Praticamente chorando, ele enxugou os olhos. "Esse foi o acontecimento mais engraçado do dia." Eu estava ansiosa para contar a Caleb isso desde que aconteceu. Sua reação foi ainda melhor do que eu esperava. Caleb se elevava sobre mim enquanto caminhávamos pela Beacon Street. Eu não tinha certeza se alguma vez percebi o quanto ele era mais alto que eu. Era raro andar com ele assim. Normalmente estávamos sentados um em frente ao outro. Estávamos prestes a passar pelo cinema – o meu agora proibido lugar favorito. E caramba, eles estavam passando um filme que eu realmente queria ver. Caleb provavelmente assumiu que o olhar no meu rosto quando vi o anúncio era devido ao ataque. Mas não foi. "Você está bem?" Ele perguntou. "Sim. Isso me irrita. Eu quero ver esse filme.” Ele

parou

de

andar. “Realmente? Foda-se,

então. Vamos

assistir. Eu não acho que você deveria ir lá sozinha, mas eu estarei com você.” Eu hesitei. "Eu não quero fazer você perder tempo apenas para me proteger."


"Você está de brincadeira? Eu amo filmes sobre...” Ele fez uma pausa e olhou para a placa. "Amor em Praga." “Não é esse que eu quero ver. O assassinato.” "Tanto faz." Ele sorriu e gesticulou com a cabeça. "Vamos." Um sentimento desconfortável tomou conta de mim enquanto eu seguia Caleb para o cinema. Mas, a cada segundo que passava, esse sentimento era substituído pelo poder. Eu me acomodei no assento ao lado dele, e era bom estar de volta e ter meu amigo comigo. Foi o melhor dos dois mundos: poder apreciar o filme e, também me sentir segura. As chances de ser atacada duas vezes aqui eram provavelmente bem pequenas, mas, de forma nenhuma eu estaria me arriscando. Eu também não me importei de ter a oportunidade de me sentar com Caleb por algumas horas. Quando estudamos juntos, nunca chegamos tão perto. Mas ele sempre cheirava tão bem, e quanto mais perto eu estava, melhor para sentir. Pensei em entrar furtivamente em seu quarto quando ele não estava em casa para ver que perfume ele usava. Eu poderia comprá-lo e ainda conseguir senti-lo depois que ele voltar para a Inglaterra. Eu nunca admitiria isso para ninguém, é claro. Eu me odiava por pensar assim. Nada de bom viria da minha atração por Caleb. Mesmo se ele não estivesse saindo, ele estava completamente fora do meu alcance. Eu só precisava agradecer que ele era doce o suficiente para me acompanhar aqui hoje. O filme começou e ele pareceu gostar.


No meio do filme, notei que a linguagem corporal de Caleb havia mudado. Durante uma cena em que a heroína foi sequestrada e enfiada no porta-malas de um carro, Caleb começou a se mexer, e sua mão, que estava apoiada no braço da cadeira, tremeu um pouco. Sua respiração ficou irregular quando o personagem do filme começou a gritar por sua vida. "Eu preciso sair," ele disse de repente. O que está acontecendo? Sem questionar, eu o segui para fora do cinema. Caleb ofegou quando fizemos o nosso caminho para a calçada. Ele se sentou no chão e não disse nada enquanto eu me sentava ao lado dele. Essa cena aparentemente desencadeou essa terrível reação, e eu não conseguia entender o porquê. Eu suspeitava que tivesse algo a ver com o grande segredo que ele disse que poderia me contar um dia. Caleb tinha sido abusado? Alguém já tentou sequestrá-lo e colocá-lo em um porta malas? “Eu não vou fazer você falar sobre o que aconteceu lá. Mas se você quiser, eu estou aqui. Eu não vou deixar você. Seja o que for, você está bem. Tudo vai ficar bem." Ele soltou um suspiro e assentiu, ainda tentando ganhar a compostura.


Então ele pegou minha mão e enlaçou seus dedos com os meus. Não era um gesto romântico. Eu sabia. Ele me procurou por apoio, porque eu estava lá. Mas também porque ele confiava em mim, como eu confiava nele. Ficamos lá na calçada por um tempo indeterminado, Caleb descansando a cabeça contra a parede de tijolos do cinema e eu alternando entre observá-lo e distribuir olhares maldosos aos espectadores por torcerem o nariz para nós por estarmos no chão. Eu tinha certeza de que alguns pensavam que estávamos prestes a pedir esmola. Caleb finalmente se virou para mim. "Eu acho que essa merda de cinema é amaldiçoado." Ele conseguiu rir, então eu segui o exemplo. Ainda estávamos de mãos dadas quando ele se levantou e me puxou junto com ele. Só então ele me soltou. Por mais que o que aconteceu tenha sido horrível, eu certamente gostei do seu toque. "Vamos para casa," disse ele. Eu assenti. Caminhamos juntos em silêncio enquanto as folhas de outono trituravam sob nossos pés na calçada. Uma vez de volta em casa, Caleb foi direto para o quarto dele, e eu passei o resto da tarde no meu quarto, incapaz de parar de pensar

em

traumatizado.

seu

surto.

Doeu-me

saber

que

algo

o

havia


Caleb não estava no jantar naquela noite, o que não me surpreendeu, já que ele me disse que tinha que trabalhar até fechar o restaurante. Mais tarde, depois das 23 horas, ele apareceu na porta externa que dava para o meu quarto. Em vez de entrar em casa pela frente com a chave, ele escolheu passar pelo quintal. Ele nunca havia entrado por aquela porta antes. Levantei-me para deixá-lo entrar. "Eu acordei você?" Ele perguntou. Voltando para a cama, eu disse: “Não, de jeito nenhum. Eu estava apenas assistindo um programa no meu laptop.” Ele começou a deitar ao meu lado na cama – outra primeira vez. Ele encostou a cabeça na cabeceira da cama e fechou os olhos. Depois de um minuto, ele se virou para mim. “Sinto muito por hoje, Teagan. Era tudo que eu conseguia pensar hoje à noite no trabalho. Eu deveria estar apoiando você e estraguei tudo.” Eu me mudei para encará-lo. "Você está de brincadeira? Você não me deve um pedido de desculpas. Claramente o filme provocou


uma memória ruim para você. Eu entendi aquilo. Você não pôde evitar.” “Você que deveria ser a pessoa traumatizada por causa do cinema, não eu. Sinto-me um pouco envergonhado pela forma como reagi. Desculpa.” “Caleb, sério. Por favor, pare de se desculpar. Você não tem nada para se envergonhar." “Mas eu faço, Teagan. Realmente tenho, e você nem sabe a metade disso.” Quando ele olhou para mim de novo, a dor em seus olhos era tão palpável que eu praticamente podia senti-la apertando meu peito. "Fiz uma coisa terrível," disse ele. Meu coração afundou, mas, por alguma razão, nada disso me assustou. Eu sabia pela expressão de dor em seu rosto que ele não poderia ter intencionalmente feito nada terrível. O que quer que fosse, claramente o encheu de tristeza e arrependimento. “Você pode me dizer. Eu prometo que não vou julgá-lo. Eu não ligo para o que é”. Quando ele ficou calado, eu disse: "Eu também fiz coisas terríveis.” Ele olhou para mim enquanto eu vomitava a primeira coisa que me veio à mente.


“Uma vez, quando Maura estava comendo uma asa de frango, desejei que ela se engasgasse. Eu realmente não quis dizer isso. Mas eu tive o pensamento, no entanto.” Ele abriu um leve sorriso, e isso por si só fez a minha ridícula confissão valer a pena. Aquele breve alívio de sua dor, no entanto, não fez nada para me preparar para o que ele disse a seguir. Nada poderia ter. "Teagan..." Ele fez uma pausa. "Eu matei minha irmã."


Eu nunca pronunciei essas palavras em voz alta. Eu não tinha planejado admitir isso para ninguém aqui, muito menos para Teagan. Mas, depois do que aconteceu hoje, senti que lhe devia uma explicação. Uma parte de mim queria contar a ela, não apenas para explicar as coisas, mas porque sua própria honestidade havia me

inspirado

a

querer

me

abrir

para

ela

também. Isso

simplesmente

não

aconteceu

tão

organicamente

esperava.

que

aconteceu

no

cinema

O

me

quanto

roubou

eu essa

oportunidade, não me deixando outra opção senão forçá-lo a sair. "Tudo bem," disse ela depois de um momento. “A propósito, ainda não estou julgando você. Só para você saber.” Eu a amava por dizer isso, porque me deu coragem para continuar falando. “É difícil falar sobre isso, porque falar me obriga a pensar sobre isso. E quando penso nisso, eu desligo.” "Tudo bem se isso acontecer," disse ela. "Não há pressa."


Respirei fundo e exalei até que não houvesse mais ar em mim. “O nome da minha irmãzinha era Emma. Ela e eu, éramos unha e carne quando crianças. Nós só tínhamos um ano de diferença. Embora mal me lembro dela, tenho pequenos vislumbres — o suficiente para saber que ela estava realmente lá e eu realmente a amava.” Apesar do aperto no meu peito, eu continuei. “Em uma tarde, meus pais nos deixaram com uma babá. Tínhamos quatro e três anos na época. Nós dois éramos crianças fáceis de vigiar. Nós tínhamos um ao outro, então apenas brincávamos juntos.” Teagan se agarrou a cada palavra, um olhar de antecipação temerosa em seu rosto. Ela assentiu em silêncio. "Tínhamos esse baú de brinquedos, uma grande caixa de madeira que minha mãe herdara da sua avó." Fechei os olhos brevemente. “Eu pensei que seria engraçado se eu esvaziasse todos os brinquedos e minha irmã entrasse enquanto eu fechava a tampa. Então ela poderia pular como um macaco da caixa. E nós rimos disso. Tínhamos tantos brinquedos dentro que o baú sempre ficava aberto.” Teagan piscou mais rápido enquanto parecia entender para onde isso poderia estar indo. "Supus que seria capaz de abri-lo e deixá-la sair depois de alguns segundos." Engoli. "Mas uma vez que ela entrou, o baú pesado trancou e eu não consegui abri-lo."


Teagan agarrou meu braço quando eu fechei meus olhos. Não havia como voltar agora. Eu tive que contar o resto. Minha voz falhou. "Minha irmã estava chutando e gritando, e não havia nada que eu pudesse fazer porque estava apenas... Trancado." Teagan apertou meu braço. “Entrei em pânico – corri para encontrar a babá. Porque supostamente deveríamos estar cochilando, a babá tinha saído para um cigarro. Eu gritei e gritei até que ela finalmente me ouviu e voltou.” Eu parei. “Corremos de volta para o andar de cima, e ela também não conseguiu abrir o baú. Naquele momento, minha irmã havia parado...” minhas palavras sumiram. Ela apertou meu braço novamente. "Você não precisa dizer isso." Sentindo-me exausto, assenti, aceitando sua permissão para não continuar. Ficamos um pouco em silêncio até que eu disse: “Não há como prever quando algo vai acionar a memória. Essa cena no filme obviamente fez isso. Mas já vi coisas semelhantes antes e não tive problemas. Por alguma razão, não pude controlar minha reação hoje.” "Eu entendo completamente agora."


“Eu tento muito bloquear isso e não pensar sobre. Mesmo depois de anos de terapia, não é algo que eu possa superar.” Teagan olhou nos meus olhos. "Eu sei que, em algum nível, você sabe disso... Mas não foi sua culpa." Eu já tinha ouvido isso antes, mas nunca consegui aceitar. “Eu fechei a tampa. Eu disse a ela para entrar. Mesmo não pretendendo que ela morresse, eu causei isso. Foi ideia minha e, de fato, foi minha culpa, Teagan. Não era minha intenção, mas sempre será minha culpa.” Ela parecia perdida. Como alguém poderia argumentar? Não podia culpá-los por tentar, mas o fato de eu ter causado a morte de minha irmã não estava para debate. "Durante muito tempo, quando criança, não fui capaz de ver fotos de Emma," disse a ela. “Parte da minha terapia foi aprender a tolerar. Eu me sentava lá, chorava e sofria a cada segundo agonizante de ter que olhar para o seu lindo sorriso, percebendo que eu tinha causado o fim dela. Eu nunca fui capaz de lidar com isso fora do consultório do terapeuta. Eventualmente, minha mãe cedeu e tirou a maioria das fotos. Só espero que onde quer que Emma esteja agora, ela possa me perdoar.” "Você parou a terapia?" “Eu fui desde os cinco aos doze anos. Acabou por ser muito caro. Mas estou começando a pensar que voltar pode me fazer bem.”


“Não é algo que você supere, eu imagino. Apenas algo que você aprende a conviver,” disse ela. Eu assenti. “Não é apenas a perda da pessoa, sabe? Mas os efeitos duradouros sobre aqueles deixados para trás. Meu pai se ressente de mim, se ele percebe isso ou não. Ele sempre me tratou terrivelmente, e acredito que é porque, em algum nível, ele não pode me perdoar. Ele sabe que não era minha intenção machucar minha irmã, mas ele não pode ver além do que eu fiz. Se eu não tivesse tomado essa decisão estúpida, ela ainda estaria viva. E ele não pode deixar isso ir. Nem eu posso." "Lamento ouvir isso sobre o seu pai." “Passei minha vida inteira tentando fazer as pazes com ele, mas nunca é bom o suficiente, porque nada que eu faça pode trazer minha irmã de volta. Ele me evita na maioria das vezes, distanciouse da minha mãe e de mim, no geral.” "Você e sua mãe são próximos?" “Sim. Minha mãe é ótima.” "Ela deve sentir sua falta." “Ela sente. Mas ela verifica muitas vezes. Vir aqui era tanto para escapar da situação com meu pai quanto para experimentar um novo lugar. Aqui, eu me sinto desejado. Por mais que minha mãe me ame, eu simplesmente não me sinto desejado em casa por causa de meu pai.”


Teagan continuou a olhar para mim, absorvendo tudo isso. Abençoada seja por ser uma boa ouvinte e por lidar com essa porcaria hoje à noite. Eu forcei um sorriso. “Vê? Você pensou que era a única com problemas, Teagan. Você estava tão errada.” "Não acho que haja comparação..." "Exatamente. Estou muito mais fodido do que você.” Ela balançou a cabeça. "Não foi isso que eu quis dizer, apenas que estamos fodidos de maneiras diferentes." “Bem-vindo ao clube dos ferrados pelos pais. Pegue um lugar. Fique um pouco." Eu sorri e olhei nos olhos dela. "Obrigado por ouvir." “Claro. Eu estava super preocupada com você o dia todo. Fico feliz que você veio falar comigo.” Eu definitivamente me senti melhor agora que eu deixei sair. "Eu também." Ela hesitou. "Veronica sabe?" “Não. Eu disse a ela que minha irmã morreu em um acidente, mas não contei as circunstâncias. Eu realmente não queria ir a este lugar na frente dela. Não sei por quê. Eu acho que estou mais confortável em alguns aspectos ao seu redor. Não sinto que você julga.” Ela assentiu. "Eu sou mais defensora do que uma juíza."


Eu levantei minha sobrancelha. "Possivelmente." “Mas, falando sério, Caleb, você nunca terá que se preocupar comigo, julgando você por isso. Nunca. OK?” Eu não merecia a aceitação dela, mas aceitei. "Obrigado, Teagan." Eu olhei para a hora. Era tarde. No entanto, eu não estava com vontade de me mover desse lugar. Mas, mesmo que eu me fiz confortável na cama de Teagan, não era legal para mim ficar aqui indefinidamente. Forçando-me, eu disse: "De qualquer forma, eu vou deixar você dormir." "Você não precisa ir," ela respondeu. Eu não quero ir. Mas eu preciso. "É melhor eu ir. Está tarde." Ela se levantou da cama também. "OK…" Nós nos encaramos por mais de alguns segundos, e eu tive a súbita vontade de abraçá-la. Parecia a coisa natural a se fazer depois que ela me deixou derramar minha alma. Então eu fiz. No momento em que me inclinei, ela caiu nos meus braços, acolhendo isso. Seus seios macios pressionaram contra o meu torso. O não julgamento de que falou se manifestou através de seu


toque. Nos braços dela, eu me senti verdadeiramente aceito. Eu me senti tão bem. Bem demais. Tão bem como ‘mais que um amigo’. ‘Mais que um amigo’, ótimo, de fato. Portanto, perigoso. Seu coração batia contra mim, e eu tinha certeza que ela podia sentir o meu também. O topo da cabeça dela estava bem contra o meu peito. Tomei um longo suspiro do cabelo dela e me forcei a voltar. Olhamo-nos por mais alguns segundos antes de eu acenar e sair do quarto. Quando subi, meu coração continuou disparado.


Mesmo depois de alguns dias, eu não conseguia tirar da mente a admissão de Caleb. Foi provavelmente a coisa mais comovente que eu poderia ter imaginado. Então minha mente vagou para o abraço que ele me deu. Embora fosse inocente, o calor de seu peito pressionado contra o meu acendeu um fogo dentro de mim, um que ainda parecia estar fervendo. Uma coisa tão simples, e meu corpo saiu completamente de contexto. Eu me perguntei se ele havia notado como meu coração estava batendo fora de controle. Minha reação foi completamente inadequada, dadas as tristes circunstâncias, mas eu não pude evitar o quão atraída eu estava por ele. Apesar de não querer me apaixonar por Caleb, isso parecia exatamente o que estava acontecendo. Eu esperava esbarrar nele, mas ele não estava por aqui ultimamente. Subi para ver o que conseguia descobrir. "Caleb está em casa?" Eu perguntei à Maura.


Ela balançou a cabeça. “Eu o peguei quando ele estava indo para a casa de Veronica. Ele disse que ia passar a noite lá. Ele queria me dizer para não me preocupar. Ele é tão atencioso.” Meu estômago afundou quando tentei parecer indiferente. “Oh. OK. Ele normalmente não faz isso – passa a noite lá.” “Eu sei. As coisas devem estar ficando sérias entre eles.” Maura inclinou a cabeça. "Como você se sente sobre isso?" "Como eu deveria me sentir?" Eu respondi defensivamente. "Por que eu sentiria algo sobre isso?" “Você e ele parecem se dar muito bem. Só me perguntei se talvez você...” Quando ela hesitou, terminei sua frase. "Se eu tenho sentimentos por ele?" “Bem, sim. Quero dizer, ele é obviamente um cara muito bonito. E eu não sei... Desde aquela noite em que saí e encontrei vocês dois fazendo besteiras, pensei que poderia haver... alguma coisa lá.” Minha boca se fechou. Eu, com certeza, não queria admitir para Maura que eu tinha uma queda por Caleb. Mas eu temia que negar isso, de alguma forma, tornaria tudo ainda mais óbvio. Então eu não disse nada. Eu era muito boa nisso. "Você sempre resistiu em se abrir para mim," disse ela. “Não há muito que eu possa fazer para mudar isso, porque quanto mais


eu tento, mais você se retrai. Mas quero lembrá-la novamente que estou do seu lado. Você pode me dizer qualquer coisa, e eu vou ouvir, Teagan. Não trouxe Caleb ao assunto para te envergonhar. Eu apenas sinto algo entre vocês e pensei que talvez você gostaria de falar sobre isso. Eu sei que não é da minha conta. Você tem dezenove anos agora – uma adulta. Pelo menos, se você não me deixa ser sua mãe, deixe-me ser sua amiga.” Não havia razão para eu continuar colocando Maura para fora. Eu simplesmente não sabia como deixá-la entrar. “Sinto muito, Maura. Sou eu, não você.” "Eu estou preocupada com você," ela admitiu. Por causa de Caleb? "Por quê?" “Eu sinto que você pode estar escondendo suas emoções desde o ataque. Tem certeza de que não quer que eu te encontre um terapeuta?” Oh “Se eu fosse a um terapeuta, provavelmente já deveria ter ido há muito tempo por outras razões além do que aconteceu no cinema. Eu realmente estou bem.” Não entendi por que não fiquei mais traumatizada pelo ataque. Eu tive um bom momento para chorar naquela noite – a noite em que Caleb entrou e me viu chorando – mas eu não tinha experimentado nada assim desde então. Ultimamente, eu estava pensando em Caleb, imaginando se ele estava bem, porque ele parecia estar me evitando desde a noite em que me contou sobre


sua irmã. Ele cancelou nossa última sessão de estudo sem motivo real. Eu sentia falta de sair com ele, mas também reconheci que meus sentimentos eram perigosos. Eu precisava terminar essa conversa. “Obrigada por sempre estar lá, Maura. Eu sei que você quer meu bem. E me desculpe se parece que eu não aprecio.” “Eu só quero que você seja feliz, Teagan. Você está em uma idade difícil. Contanto que você saiba que pode me procurar sobre qualquer coisa...” "Eu sei. Obrigada."

Mais tarde naquela noite, Caleb mandou uma mensagem, o que foi estranho, considerando que ele estava dormindo na casa de Veronica.

Caleb: Então, quando você imaginou Maura engasgando-se com um osso de galinha, era de um churrasco ou frango frito?

Oh meu Deus.


Teagan: Eu esperava que você não se lembrasse dessa admissão.

Caleb: Eu me lembro de tudo. Então você está sem sorte.

Teagan: Ótimo.

Caleb: Então foi frito? Talvez um pouco de queijo azul ao lado?

Teagan: Teriyaki. LOL.

Alguns segundos depois, ele respondeu.

Caleb: Desculpe por não estar por perto para estudar ultimamente.

Teagan: Desculpas. Desculpas.


Caleb: Voltarei aos trilhos na próxima semana.

Meu estômago deu um pequeno mergulho com a perspectiva.

Teagan: O que você está fazendo agora?

Caleb: Veronica está dormindo e estou entediado. Achei que eu poderia provocar você.

Teagan: Por que você não está dormindo?

Caleb: Por que você não está dormindo?

Teagan: Tomei duas xícaras de café depois do jantar.

Caleb: Eu só estou acordado sem motivo.

Ele mandou uma mensagem novamente antes que eu tivesse a chance de responder.


Caleb: Eu também queria agradecer por ouvir na outra noite.

Teagan: Eu estava preocupada que talvez você estivesse me evitando porque se sentia envergonhado ou algo assim.

Caleb: Não é isso. Acho que só precisava de um tempo. Sei que, assim que olhar para você, começarei a sentir algumas dessas emoções novamente. Porque agora você sabe, e não há como esconder isso. É complicado, eu acho. Eu precisei de alguns dias.

A confirmação de que ele estava intencionalmente longe me deixou um pouco triste, mas eu entendi.

Teagan: Entendi.

Caleb: Eu senti falta de estudar com você.

Eu queria dar um tapa na minha cara por sentir um formigamento. Eu gostei de ouvir isso. Mais uma vez a prova de que eu não conseguia controlar meus sentimentos – sobre um cara que


me via como uma irmã. Então eu comecei a analisar demais. Ocorreu-me que talvez ele gostasse de mim porque eu o lembrei de como teria sido se sua irmã estivesse viva. Ela era mais nova que ele. Eu também. Eu gostaria de poder vê-lo como um irmão. Isso tornaria as coisas muito menos complicadas. Eu odiava sentir ciúmes por ele dormir no Veronica. Mas não pude evitar.

Caleb: Como está indo o estágio?

Teagan: Eu tenho uma nova tarefa no aquário, mas estou relutante em falar sobre isso com você.

Caleb: Por quê?

Teagan: Porque você vai rir de mim.

Caleb: Eu prometo que não vou. Conte-me.

Apenas digitar as palavras me fez rir.


Teagan: Eu tenho que me vestir de golfinho e distribuir ingressos para o show de golfinhos.

Ele

não

respondeu

imediatamente.

Então

eu

digitei

novamente.

Teagan: Pare de rir. Você disse que não faria.

Os pontinhos dançavam ao redor enquanto eu esperava sua resposta.

Caleb: Acontece que rir é involuntário.

Teagan: Suspiro.

Caleb: Eu devo ir para ver isso.

Teagan: Por favor, não.

Caleb: Você leva de boa isso.


Teagan: Eu não tive escolha!

Caleb: Você poderia ter lutado contra isso. Mas tenho certeza que você foi com o fluxo.

Fui acusada de esconder minha feminilidade. Mas agora eu sabia que nada faz você se sentir menos feminina do que uma roupa de golfinho peluda. Eu definitivamente não precisava me preocupar com alguém dando em cima de mim no trabalho agora. Decidi enviar a ele uma foto que meu colega de trabalho havia tirado de mim na fantasia.

Teagan: Pensei em poupar a viagem.

Cerca de um minuto se passou. Então ele respondeu.

Caleb: Eu acho que quase acordei Veronica. Isso está muito divertido.

Teagan: Ainda bem que pude fazer você sorrir.


Caleb: Você sempre me faz sorrir, mesmo quando não está vestida com uma fantasia ridícula.

Eu queria estrangular meu coração por bater tão rápido. Minha própria opinião sobre mim não se alinhava com isso.

Teagan: Por que eu faço você sorrir? Em geral, sou uma pessoa bastante infeliz.

Eu esperei para sempre por sua resposta.

Caleb: Eu não compro isso. Você gosta de guardar para si mesma, mas isso não te faz uma pessoa infeliz. Quando você sorri, é genuíno. Um sorriso genuíno vale mais do que mil sorrisos falsos. Você não é capaz de ser falsa.

Ele claramente viu algo em mim que eu não vi.

Teagan: E você? Com que frequência seus sorrisos são reais? Quantas vezes você finge?


Caleb: Eu fingi menos desde que cheguei aqui.

Caleb: E eu nunca fingi ao seu redor.

Meu coração acelerou.

Teagan: Estou feliz.

Caleb: Não tenho certeza se quero voltar para casa, mas sei que preciso. Minha mente não vagueia tanto por lugares escuros aqui.

Ele só estava aqui há alguns meses, mas a ideia de Caleb partir já me deixou ansiosa. Ele me fez sentir menos sozinha, como se finalmente houvesse alguém nesta casa que me entendesse um pouco.

Teagan: Minha mente também vagueia por lugares escuros.

Após vários segundos de vazio, ele respondeu novamente.


Caleb: Diga-me o seu pensamento mais sombrio, e eu direi o meu. As águas turvas são menos assustadoras para navegar quando não estamos sozinhos.

Eu não tive que pensar sobre isso. Meu pensamento mais sombrio foi recorrente.

Teagan: Meu pensamento mais sombrio é que minha mãe estava certa – que ela não deveria ter me tido. Sempre que me sinto deslocada ou desapegada de tudo ao meu redor, acho que talvez seja porque não deveria estar aqui.

Pude ver que ele estava digitando alguma coisa.

Caleb: Nossos pensamentos mais sombrios têm um tema semelhante. O meu é que eu desejo com todo o meu coração e alma que tivesse sido eu a subir naquele baú em vez de Emma. Então, você e eu somos duas pessoas que se perguntam se pertencemos aqui. Nós temos isso em comum.

Uau. Eu acho que sim.


Teagan: Eu definitivamente me sinto menos sozinha desde que você chegou.

Eu não tinha a intenção de ser tão sincera. Eu gostaria de poder voltar atrás até sua resposta.

Caleb: Você não é a única, Teagan.


Era sete da noite, pouco antes do jantar. Eu estava ansioso para passar minha primeira noite de volta à casa em alguns dias e retomar minhas sessões de estudo com Teagan hoje à noite. A campainha tocou e Maura foi atender. Então ouvi meu nome ser chamado por alguém com sotaque britânico. Desci as escadas para verificar as coisas, e a visão do meu amigo do Reino Unido parado na porta quase tirou o ar dos meus pulmões. O que diabos ele está fazendo aqui? Archie me viu no topo da escada e estendeu as mãos. "Surpresa!" Desci correndo as escadas. “O que está acontecendo? Por que você está aqui?" "É bom ver você também, parceiro." Maura sorriu largamente, provavelmente pensando que era uma surpresa agradável. Realmente não era. Isso foi estranho. “Estou apenas chocado. Você não me disse que estava vindo.”


"Eu sei. Era para ser uma surpresa. Sua mãe me deu o endereço. Eu me inscrevi para um trabalho de três meses aqui nos Estados Unidos e não tinha certeza se conseguiria. Finalmente recebi a confirmação há algumas semanas. E aqui estou eu." "Quem é esse adorável jovem, Caleb?" Maura perguntou. Ele respondeu antes que eu tivesse a chance. "Eu sou o melhor amigo de Caleb, Archie." Melhor amigo? Isso foi um pouco exagerado. Archie e eu nos conhecíamos desde a infância, sim. Mas eu nunca me referi a ele como meu melhor amigo. Eu tinha um amigo em casa chamado Charlie, a quem eu dei a posição. Archie era mais uma pessoa que sempre ficava próxima, uma da qual eu não conseguia me livrar — como uma verruga. "Você deve ficar para o jantar," disse Maura. Archie olhou entre Maura e eu. "Você tem certeza? Não quero me intrometer.” Claro que não.


Todos se reuniram à mesa para o famoso espaguete e almôndegas de Maura. Acabei de entrar na sala de jantar com Archie depois de mostrar a ele meu quarto e o resto da casa. "Prazer em conhecê-lo, Archie," disse Shelley antes que eu tivesse a chance de apresentá-lo a alguém. "Quem é essa adorável dama?" Ele perguntou. "Esta é minha pseudo-irmã, Shelley," eu disse antes de olhar para Teagan, que já estava sentada. "E esta é... Teagan." Eu não sabia o que Teagan era para mim no momento, apenas que ela significava muito mais do que quando tinha me mudado. Teagan assentiu e sorriu, mas não se incomodou em levantar ou estender a mão. Típico de Teagan – guardada e distante, exatamente do mesmo jeito que eu comecei a gostar dela. Especialmente agora. Eu estava perfeitamente bem com ela mantendo a guarda em torno desse cara. Eu não queria Archie em qualquer lugar perto dela. Quando estávamos sentados em nossos assentos, Maura começou a fazer perguntas. A inquisição amigável me lembrou um pouco da minha primeira noite aqui. "Então me conte sobre o que a traz a Boston, Archie." “Eu me formei na universidade no ano passado e consegui um emprego para uma empresa biomédica. Temos um cliente aqui em


Boston. É uma tarefa de três meses para ajudá-los no design de um novo produto.” Ele olhou para mim. "Eu realmente esperava conseguir, pois sabia que meu amigo estava aqui." Lorne falou com a boca cheia de macarrão. "Onde você vai ficar?" “Bem, minha empresa me deu uma bolsa, mas ainda estou tentando resolver isso. Não é fácil encontrar algo por apenas alguns meses. Eu tinha combinado alugar um quarto de uma garota em Dorchester, mas ela está com problemas para tirar o ocupante anterior.” Maura balançou a cabeça. “Absurdo. Temos um quarto extra no andar de cima. Está apenas sem uso como minha sala de costura. Você pode ficar livre de taxa e ficar com a bolsa.” Eu amava Maura, mas agora eu meio que queria matá-la — com um osso de galinha, talvez. Archie parecia uma criança na manhã de Natal. "Você tem certeza?" "Você é amigo de Caleb, então você vem pré-aprovado, certo?" Ele se virou para mim. "Tudo bem para você, Caleb?" O que eu devo falar? "Sim, é claro," eu ofereci com relutância. Ele olhou de volta para Maura. “Isso é incrível. Não posso agradecer o suficiente.”


Eu suspirei internamente. Estar nos Estados Unidos foi minha fuga de casa e de todas as pessoas de lá. Archie explodiu aqui como uma tempestade indesejada. Ele roubou um pouco da paz que eu não poderia pegar de volta. "Há quanto tempo vocês são amigos?" Shelley perguntou. "Nós crescemos na mesma rua," respondeu Archie. "Moramos perto um do outro a vida toda." Foi exatamente por isso que eu não precisava morar com ele agora. Eu respirei fundo. Não que eu visse Archie como um inimigo. Mas ele sempre foi competitivo, constantemente tentando me superar. Se minha mãe me inscrevesse em um esporte, ele fazia sua mãe o inscrever para o mesmo time e depois me superava. Parecia que em qualquer lugar que eu fosse, eu não poderia escapar dele. E a situação atual não foi diferente. "Então eu aposto que você poderia nos contar algumas histórias divertidas sobre o nosso garoto Caleb." Maura piscou. "Tirei

algumas

fotos

de

nossa

infância

com

as

quais

certamente poderia chantagear Caleb, principalmente nossos dias de sapateado." Ótimo. Aqui vamos nós. Teagan abriu um sorriso. Imaginei que ela voltaria com esse assunto depois.


Eu senti a necessidade de explicar. “A mãe de Archie era instrutora de dança. Ela sempre reclamava que não havia meninos suficientes matriculados nas aulas de sapateado. Ela perguntou à minha mãe se eu estaria interessado em aulas gratuitas. Minha mãe achou que era uma ideia brilhante, então ela me registrou. A mãe de Archie também o matriculou. Então aí está.” Os olhos de Shelley quase saltaram de sua cabeça. “Você dançou? Eu tenho que ver isso.” Archie piscou. "Isso pode ser arranjado." Teagan, ainda quieta, parecia mais divertida do que nunca. Archie notou que ela amoleceu e tomou como sugestão para começar a falar com ela. "Teagan, onde você estuda?" "Eu vou para o Northern com Caleb." “Ah. OK. Então, obviamente, você escolheu não ir para muito longe para ir à universidade.” "Pensei em me mudar para a faculdade, mas no final, Boston tem tantas opções excelentes e não precisar me preocupar em pagar pela moradia – essa situação fazia mais sentido." Os olhos de Archie desceram para os seus seios e meu pulso disparou. Teagan usava uma camisa xadrez aberta com uma blusa preta por baixo. Uma pequena quantidade de decote aparecia através do topo. Um sinal que estava bem entre seus seios entrou


na minha percepção pela primeira vez. De todas as noites para ela mostrar o máximo de pele que eu já vi, tinha que ser hoje à noite? "Eu adoraria que você me mostrasse a cidade um dia... Desde que você cresceu aqui," disse Archie. "Você provavelmente sabe onde está a ação melhor que meu amigo aqui." Eu senti minha pressão arterial subir. Ele certamente não estava perdendo tempo para tentar entrar nas calças de Teagan. Ela fez uma pausa, parecendo incerta sobre concordar. Então ela deu de ombros. "Certo." Archie olhou para Maura. "Mais uma vez, não posso agradecer o suficiente pela oferta para ficar aqui." "Minha mãe gosta de alugar quartos para estrangeiros," disse Shelley. “Não interprete isso mal,” disse Maura rindo. “Eles sempre são cuidadosamente examinados. Mas se tivermos espaço, por que não? Esta cidade está cheia de estudantes internacionais e pessoas que precisam de um lugar para ficar.” Ela sorriu. "De qualquer forma, você não é um estranho como algumas das pessoas que alugaram um quarto aqui." “Costumava ser gatos perdidos. Agora são pessoas perdidas,” Lorne rachou. Archie sorriu. "Miau?" Todo mundo riu, exceto eu.


O nível de conforto que encontrei aqui, a sensação de que de alguma forma pisei em um oásis longe da Inglaterra, acabou. Mas minhas mãos estavam atadas. O que eu deveria contar para Maura? Para renegar sua oferta, porque, embora Archie e eu fôssemos amigos, ele me irrita? Eu não poderia colocá-la nessa posição. Ela já havia oferecido a ele um quarto. Ele já tinha aceitado. Então agora meu trabalho era garantir que ele não colocasse as mãos em Teagan.

Naquela noite, quando fui ao quarto de Teagan para nossa sessão de estudo, ela imediatamente perguntou: "Então, qual é o problema com você e Archie?" "O que você quer dizer?" Eu perguntei quando me sentei na cadeira dela. "Você parece desconfortável com ele ficar aqui." Aqui eu estava pensando que tinha feito um bom trabalho de escondê-lo. Não queria pintar uma pessoa terrível de Archie, esse era um problema mais sobre mim do que sobre ele. “Isso me pegou de surpresa. Eu estava aproveitando a folga de casa – e todas as coisas que a acompanham.”


"E você se seniu como em casa quando ele entrou pela nossa porta hoje à noite." "Sim." Recostei-me no meu assento e chutei minhas pernas no final da cama dela. "Isso também me irritaria." Foi um alívio que ela entendeu para onde eu estava indo. Suponho que se alguém pudesse se relacionar com a necessidade de espaço, era Teagan. "Onde ele está agora?" Ela perguntou. "Ele foi conhecer alguns de seus colegas para tomar um drinque no centro.” Abri meu laptop. “De qualquer forma, chega dele. Estamos atrasados em nossos estudos, graças a mim.” "Isso é porque você está passando mais noites na Veronica ultimamente." Sua voz continha uma pitada de desdém. Ou talvez fosse minha imaginação. "Isso te incomoda?" Eu perguntei. “Não. Por que isso me incomodaria? Ela é sua namorada. Eu estava apenas apontando. Se você está lá, não pode estar aqui, daí a falta de estudo.” Apesar de sua afirmação, seu rosto ficou vermelho. "Claro," eu disse.


Teagan levantou-se logo depois e abriu a janela do quarto, embora estivesse congelando. Achei isso um pouco bizarro e me perguntei se ela estava mentindo para mim. Felizmente, depois de alguns minutos estranhos, voltamos ao normal. Teagan me interrogou sobre minhas perguntas de história, e as coisas pareciam tão confortáveis quanto costumávamos ser. No entanto, no fundo, eu ainda estava fixado em quão vermelha ela tinha ficado antes. Teagan tinha sentimentos por mim que foram além da nossa amizade? Eu senti uma emoção desconfortável. Eu sabia que nada poderia acontecer, mas o pensamento de estar com alguém inatingível estava despertando o seu próprio caminho proibido. Conseguimos manter o nariz nos livros por um tempo. Em seguida, dei respostas incorretas a quase metade das perguntas da segunda rodada de perguntas. "Você está fora do seu jogo esta noite, Yates." "Eu sinto muito. Farei melhor da próxima vez. Este dia me tirou do eixo.” "Bem, seu exame é amanhã e, infelizmente, isso não se importa com o tipo de dia que você teve." "Posso emprestar seu cérebro?" Eu perguntei. "Eu prometo que vou cuidar bem disso."


“Hummm. Não sei se ele quer passar o dia inteiro na sua cabeça. Eu posso acabar tendo diversão demais e ter problemas por ser muito irritante ou algo assim.” "Muito engraçada, Golfinha." Amassei um pedaço de papel e joguei para ela. "Oh, esse é o meu nome?" “Agora é sim. Na verdade, acho que posso ter um desejo incontrolável de ir ao show dos golfinhos nesta sexta-feira, para poder vê-la nesse traje. Esse é o dia em que você distribui os ingressos, sim?” "Sim. Entrego para pessoas reais que querem assistir ao show, não para amigos irritantes que querem tirar sarro de mim em minha fantasia.” "Quanto dinheiro eu teria que pagar para que você me deixasse levá-la para jantar no North End vestida com sua fantasia de golfinho?" Ela riu. “Seriamente? Eu posso ser comprada.” Eu levantei meu queixo. "Quanto?" Ela coçou a cabeça. "Mil dólares." "Realmente?" Teagan mordeu o lábio inferior e sorriu. "Sim." "Isso é um pouco manejável, pelo menos."


"Você não está falando sério, está?" "Eu não sei. Eu posso estar." Ela balançou a cabeça e voltou sua atenção para a tela do computador. "Você é louco." Se ela soubesse de todas as maneiras que eu estava planejando conseguir esse dinheiro.


Eu não tinha a intenção de passar a tarde de sábado com Archie. Quando acordei esta manhã, percebi que Caleb havia passado mais uma noite de sexta-feira na casa da Veronica. Archie estava tomando café na cozinha sozinho quando entrei. Ele me perguntou se eu tinha vontade de mostrar os arredores a ele. Sem saber como sair disso, eu concordei. Levei-o a todos os lugares típicos: o Jardim Público, o Museu de Belas Artes, a Praça Copley. Enquanto conversava com ele, percebi que ele era tão carismático quanto Caleb. Talvez houvesse algo na água onde eles crescessem que os tornasse assim. Archie me fez rir muito. Sem mencionar, ele e Caleb eram igualmente lindos – Archie de uma maneira um pouco mais sombria e misteriosa. A única diferença, suponho, era que não confiava em Archie do jeito que confiava em Caleb. Quero dizer, claro, acabamos de nos conhecer, mas era mais do que isso. Eu não conseguia entender o porquê.

Às

vezes

é

apenas

uma

sensação

que

você

tem.


Estranhamente, passar o dia inteiro com seu amigo me fez sentir falta de Caleb. Quando voltamos para casa, já era tarde. "Obrigado por concordar em ser minha guia," disse Archie. "Sem problemas. A qualquer momento." Ele passou a mão pela espessa juba de cabelo preto. “Sim? Eu adoraria sair novamente algum dia então.” Ele está me convidando para sair? Sem saber o que dizer, respondi: "Talvez sim." Eu me virei para ir embora. "Bem, é melhor eu ir verificar o meu... Quarto." Meu quarto? Acabei de dizer meu quarto? “Ah sim. O quarto pode estar muito carente,” Ele sorriu. Eu sorri e desci as escadas, sentindo-me uma idiota total.

Na manhã seguinte, eu sabia que meu pai, Maura e Shelley tinham ido a um culto na igreja. Minha família não era particularmente religiosa, mas alguns anos atrás, Maura começou a se voluntariar em uma igreja congregacional liberal e começaram a


frequentar cultos lá também. Meu pai e Shelley foram junto com ela. Os domingos eram, portanto, tipicamente calmos pela manhã. Eu estava prestes a subir as escadas para tomar um café da manhã quando ouvi duas vozes na cozinha – duas vozes britânicas. Caleb deve ter chegado do dormitório da Veronica, tarde da noite ou no início desta manhã. "Não esperava vê-lo esta manhã..." ouvi Archie dizer. O tom de Caleb era amargo. "Por que não? Eu moro aqui." “Você passou as últimas noites na casa da namorada. Não sabia que você voltou para casa ontem à noite.” “Sim, bem, eu fiz. Era tarde.” “Eu devia estar dormindo. Fiquei exausto depois de um longo dia de passeios turísticos.” "Turismo com quem?" "Teagan me mostrou alguns lugares por Boston." Eu me preparei para sua resposta, mas ela não veio imediatamente. "Ela fez..." Caleb finalmente disse. “Sim. Ela me levou para alguns dos lugares turísticos. Foi um tempo muito bom. Ela é uma ótima garota.”


Caleb não disse nada sobre isso, e sem ver seu rosto, era difícil supor se ele estava com raiva ou não era afetado. "Como é que eu não conheci sua namorada?"

Archie

perguntou. "Você está escondendo-a de mim, ou algo assim?" “Não. Eu simplesmente não a trago para casa. Não trago amigos aqui.” Não tenho certeza se Archie entendeu o sarcasmo, mas eu certamente entendi. "Deveríamos sair um dia," disse Archie. "Eu adoraria conhecêla." “Oh sim? Você gosta de ser a pessoa sobrando?” Caleb provocou. “Não. Vou perguntar a Teagan se ela quer ir junto.” Mais uma vez, outra pausa. "Não tenho tanta certeza de que seja uma boa ideia," disse Caleb. Oh? "Importa-se em me dizer por quê?" "Teagan não é seu tipo." O que diabos isso significa? "Não é meu tipo?"


"Isso mesmo." “Ela é linda e doce. Por que esse não é o meu tipo?” Archie perguntou. Antes que Caleb pudesse responder, ouvi o som de vozes adicionais. Minha família voltou da igreja, interrompendo a conversa. Droga! Por que eu não era o tipo de Archie? Eu não era bonita o suficiente... sexy o suficiente? Por que eu não era namorável?

Durante toda a tarde, fiquei obcecada com a resposta à pergunta de Archie. Eu não podia perguntar exatamente a Caleb o que ele quis dizer quando eu não deveria ter ouvido a conversa deles. Mas eu estava machucada. Fiquei magoada por ele ter desencorajado seu amigo de me convidar para sair – não porque eu queria sair com Archie, mas porque eu me importava com o que Caleb sentia por mim. E se eu não era o tipo de pessoa digna de ser convidada para sair, que tipo eu era? O tipo de pessoa que você faz


amizade, mas não cobiça, não respeita, não ama? O que ele quis dizer? Kai bateu na porta do lado de fora do meu quarto enquanto eu estava quase sendo engolida por minha própria ansiedade. Ela franziu a testa quando eu abri a porta. "O que diabos está acontecendo, Teagan?" Depois que contei a ela a história do que ouvira, ela pareceu inflexível de que havia apenas um próximo passo. "Se Archie te convidar para sair, você vai." “Mas eu não gosto dele assim. Ele é bonito, mas...” “Não importa se você gosta dele ou não. Você precisa provar que Caleb está errado. Você é o tipo de pessoa que Archie gostaria de namorar.” Quanto mais ela falava, mais ansiosa eu ficava. Eu nunca me importei muito com o que as pessoas pensavam de mim. Mas, por alguma razão, eu me importava com o que Caleb pensava. Ele realmente me via como alguém para não namorar? "E quem exatamente é o tipo de pessoa que Archie gostaria de namorar?" Eu perguntei. Kai enrolou seus longos cabelos pretos. “Oh, eu não sei. Talvez alguém que solte o cabelo de vez em quando, alguém que não esconda o corpo. Alguém com apelo sexual?”


Acenei minha mão com desdém. “Você sabe que isso não sou eu. Isso não é quem eu sou.” “Estou bastante ciente disso. Mas isso não é sobre o seu normal. Trata-se de sair da sua zona de conforto e provar um ponto ao mesmo tempo. Qualquer cara teria sorte em namorar você. Quem diz o contrário é um idiota.”

Kai tinha me irritado. Eu nunca admiti a verdadeira razão para esconder minha sexualidade para ela. Ela não sabia quão profundamente enraizados meus problemas eram e o quanto eu sempre tentei não parecer com minha mãe biológica que me abandonou. Não era que eu não quisesse experimentar minha sexualidade. Mesmo que nada estivesse acontecendo entre Caleb e eu, apenas têlo por perto me fez sentir mais conectado ao meu lado feminino – o lado sexual. Sua presença significava que havia uma energia sexual na minha vida, gostasse ou não. E gostei principalmente. Ok, eu adorei – isso é, quando não estava chateada com ele por me insultar. Olhando no espelho, eu me perguntei se talvez pudesse brincar um pouco sobre isso. Eu soltei meu cabelo e o escovei. Era


muito grosso – longo e reto, marrom claro com reflexos loiros naturais. Eu provavelmente poderia contar com minhas mãos o número de vezes que o usei solto desde os meus quinze anos. E não havia nada no meu guarda-roupa que pudesse ser considerado sexy ou revelador. Isso foi intencional – embora alguns itens sejam mais atraentes que outros. Minha roupa típica consistia em camisetas espaçosas, jeans e tênis Converse. Peguei uma das poucas camisas justas que eu possuía antes de tirar minha camiseta e me trocar. Os seios amplos que eu tentava esconder estavam agora completamente delineados pelo tecido fino e pegajoso. Trocando o jeans, substituí-o por um par de leggings pretas que abraçavam as curvas. Tirando meu tênis, coloquei um par de sapatilhas pretas que Maura havia me comprado em um Natal, provavelmente esperando que eu entendesse a dica. Mas, infelizmente, a caixa nunca havia sido aberta até agora. Olhando-me no espelho, inclinei minha cabeça. “Bem, o que você acha? Ela parece bonita.” Lembrando que eu tinha maquiagem velha no meu banheiro, entrei e abri a gaveta, sentindo-me sem noção. O que fazer. O que fazer. Depois de um momento, percebi que não sabia como aplicar o delineador. Então, liguei um desses tutoriais do YouTube e observei uma garota com mais de dois milhões de visualizações aplicar a maquiagem dos olhos até me sentir confiante o suficiente para experimentar sua técnica. Demorou cerca de vinte minutos e algumas tentativas e erros, mas meus olhos estavam agora totalmente delineados e meus lábios inchados com uma cor malva.


O toque final foi um pouco de blush nas minhas bochechas. Inicialmente, passei demais e tive que limpar um pouco. Quando terminei, consegui alcançar o que sempre tentara evitar: parecia-me ainda mais com Ariadne. Pensando bem, hesitei antes de subir para o jantar de domingo. Mas não ia ficar mais fácil, então me dei uma cutucada mental e subi as escadas. Quando entrei na sala de jantar, todas as cabeças se viraram na minha direção. O tempo pareceu parar enquanto eles me recebiam. Isso foi tão drástico? Meu pai parecia atordoado, provavelmente ao ver a imagem cuspida da mulher que havia partido seu coração. Maura parecia quase orgulhosa, como se estivesse dizendo para si mesma finalmente. Shelley parecia invejosa, e eu assumi que ela estaria vasculhando meu quarto o mais rápido possível, procurando a maquiagem. E Archie e Caleb? Bem, digamos que, se houvesse uma competição por cair o queixo, não tenho certeza de qual cara teria vencido.


Cristo. O que ela fez para si mesma? Seus olhos, lábios, seios — tudo foi ampliado. Ela parecia diferente, mas absolutamente linda. Eu sempre reconheci a beleza natural de Teagan, mesmo quando ela se esforçava ao máximo para escondê-la. Mas agora ela estava exibindo. E eu não sabia o que fazer com isso, exceto que suspeitava que tivesse algo a ver com Archie. Isso me irritou por muitas razões. Os olhos de Shelley estavam arregalados. "Você está linda, irmã." "Obrigada." Teagan golpeou os cílios e olhou para os pés. Sem palavras, eu não conseguia parar de encará-la. "O que fez você ficar toda arrumada?" Maura perguntou. "Eu senti que precisava de uma mudança." Você podia ver o orgulho na expressão de Lorne. "Você está linda, querida."


"Eu concordo com isso," disse Archie. Claro que você faz. Eu era o único que não tinha dito nada, principalmente porque estava sem palavras. As bochechas de Teagan ficaram mais vermelhas, e não era a maquiagem. Ela claramente não estava acostumada a ser bombardeada com tantos elogios ao mesmo tempo. Deus, ela realmente estava linda. Era como se ela tivesse ido para o quarto como uma garota e subido como uma mulher. Eu nunca tinha percebido quanto cabelo ela tinha também. Ela normalmente o mantinha amarrado em um rabo de cavalo ou em um nó. A maquiagem que ela usava destacou o verde em seus olhos. E era difícil não notar seu amplo conjunto de seios naquela camisa justa. Nas últimas semanas, eu comecei a vê-la de uma maneira sexual – por mais que tentasse não fazer isso. Ela sempre se escondia atrás de suas roupas, mas ver o esforço que fazia hoje à noite me assustou. Na verdade, eu precisava me preocupar com ela e Archie, e isso não caiu bem no meu estômago. Agora eu podia ver como meus sentimentos por Teagan eram complicados.

Eu

simplesmente não sabia o que fazer com essa realização. Ela finalmente se sentou, e a atenção de todos foi dela para a comida na frente deles. Além de continuar olhando para ela, o jantar foi como sempre, até Archie falar.


"Teagan, isso pode ser uma pergunta idiota, mas você tem um toque de recolher?" Meus punhos se apertaram. "Eu tenho dezenove. O toque de recolher terminou quando eu completei dezoito anos.” “Ah. Ótimo. Lembra-se do boliche que você estava me contando ontem, aquele que fica aberto até tarde?” "Sim?" Ele inclinou a cabeça para o lado. "Você gostaria de ir hoje à noite?" A baguete de pão que eu estava segurando estalou na minha mão. “Certo. Parece divertido,” ela disse. Limpando

a

garganta,

perguntei:

"Como

esse

lugar

é

chamado?" "Wonder Bowl," ela respondeu. “Fica aberto até muito tarde. Depois das dez da noite, o boliche fica pela metade do preço. E eles têm jarras de cerveja a seis dólares”. Ela olhou para o pai. "Para quem tem idade para beber, é claro." "Quando ela estava me mostrando a cidade, Teagan disse que se sentia meio idiota por gostar de jogar boliche," explicou Archie. "Eu disse a ela que estive, por um tempo, em uma liga em casa."


Revirei os olhos. Claro que ele esteve. De jeito nenhum eu a deixaria sair sozinha com ele esta noite. Eu olhei para ele. “Parece divertido. Vou perguntar à Veronica se ela quer se juntar a nós. Todos nós podemos ir.” Archie forçou um sorriso. "Brilhante, então." Ele definitivamente sabia qual era a minha. Mas eu não me importei. Cuidar de Teagan era minha prioridade.

Pedimos emprestado o carro do Lorne para dirigir até a pista de boliche. Veronica não estava empolgada. Aparentemente, ela nunca jogou boliche em sua vida e não tinha interesse em vir. Mas fiz parecer que eu realmente queria ir e, eventualmente, ela cedeu e concordou. Enquanto

esperávamos

na

fila

por

aqueles

sapatos

desagradáveis de boliche, Veronica conversou um pouco com Teagan. Pareceu forçado. Suspeitei que Veronica ainda guardasse rancor por eu tê-la deixado no restaurante para checar Teagan no dia do ataque.


Veronica a olhou de cima a baixo. "Eu quase não te reconheci quando te vi hoje à noite." Teagan olhou para os pés dela. "Eu estava apenas brincando com o cabelo e maquiagem." "Você está bonita." Ela sorriu timidamente. "Obrigada." Chegamos à nossa pista e nos instalamos no boliche. Toda vez que Teagan se inclinava para lançar sua bola de boliche, os olhos de Archie pousavam em seu traseiro. Eu o assisti tanto que não consegui me concentrar no maldito jogo na minha vez. Minha pontuação foi patética. Continuei fazendo jogadas ruins uma depois da outra, o que nunca tinha acontecido comigo antes. Naturalmente, Archie me superava, como costumava fazer em situações competitivas. Veronica deixou bem óbvio que nunca havia jogado boliche antes. Toda vez que ela subia à pista, ela segurava a bola com as duas mãos, descia e passava a bola entre as pernas. Levou tudo em mim para evitar cair na gargalhada todas as vezes que ela jogava. Teagan fez contato visual comigo sempre que Veronica se levantava para jogar, e eu sabia que ela estava pensando o que eu também pensava: que a técnica de boliche de Veronica era absolutamente ridícula. A certa altura, Teagan se inclinou e sussurrou: “Uma ótima tacada de vovó.”


Ao sentir sua respiração, eu sabia que minha atração por ela era muito mais do que mental. Então veio a parte da noite que realmente me testou. Teagan fez um strike, e Archie correu e a levantou, ela envolveu as pernas em volta da cintura dele enquanto as mãos dele pousaram em sua bunda. Ele a girou, e parecia que minha cabeça estava girando ao mesmo tempo. "Eles formam um casal fofo, hein?" Veronica disse. "Ele definitivamente mudou por ela." “Mudou? O que você quer dizer com isso?" “Olha para ela. Ela normalmente se veste como um cara. Eu quase não a reconheci esta noite. Ela está trabalhando duro para impressioná-lo.” Engoli. "Sim, eu suponho." Foi a minha vez jogar, e desta vez meu estresse foi bem aproveitado. Aparentemente, tudo que eu precisava fazer era imaginar que a bola fosse a cabeça de Archie. Eu fiz três strikes seguidos. O que mais me incomodou com a minha reação hoje à noite foi o fato de eu não ter motivos para isso. Não havia razão para que Archie e Teagan não pudessem, ou não devessem namorar. Meus sentimentos eram meu próprio problema, e eu teria que lidar com eles.


Eventualmente, nós quatro paramos de jogar por um tempo e nos sentamos. Archie trouxe uma pizza e uma jarra de cerveja para a mesa. "A que horas esse lugar fecha?" Veronica perguntou. "Meia-noite," respondeu Archie. Teagan soprou sua fatia de pizza. “É tão legal que eles permanecem abertos. Não me lembro da última vez que saí tão tarde, o que é bastante patético.” Ela riu. "Talvez eu não devesse admitir isso." "Bem, isso é inaceitável," Archie falou. “Precisamos levá-la para fora mais vezes, Teagan. Eu me ofereço como tributo.” Quando ele começou a derramar cerveja na caneca de Teagan, eu estendi minha mão. "Ei. O que você está fazendo?" Archie momentaneamente parou de derramar. "O que você quer dizer?" “Ela não pode beber. Ela é menor de idade,” eu repreendi. “Você está brincando comigo, certo? Não bebemos desde os quinze anos?” “Isso não importa. Se alguém aparecer e pedir a identidade dela, ela poderá ter problemas.” Teagan deu de ombros para a coisa toda. "Está bem. Eu não sou uma grande bebedora de qualquer maneira.” Ela deslizou o copo de volta para ele.


Archie olhou para mim incrédulo. Veronica deu um tapa na minha perna. “Desde quando você se tornou um disciplinador, Caleb? Você não diz um ai quando eu bebo e eu sou menor de idade. Você até compra para mim.” Merda. Ela está certa. Eu sou um hipócrita. A verdade é que eu não queria que Teagan bebesse, porque sabia que isso mexeria com suas inibições. Eu deveria passar a noite na casa de Veronica, enquanto Teagan voltaria para casa com Archie. Eu sabia que ele tentaria abrir caminho para o quarto dela. Ainda assim, eu precisava encontrar uma resposta para o meu comportamento que Veronica acharia adequado. “Sinto-me responsável por ela, porque seus pais foram muito bons comigo. Ela pode fazer o que quiser, mas é estúpido dar bebida a alguém menor de idade em um local público.” "É para isso que servem as identidades falsas." Veronica piscou. "Então você nunca precisa se preocupar com isso." "É desconcertante o quão bonzinho você se tornou, Caleb." Archie riu. “Eu poderia contar muitas histórias sobre os problemas que Caleb nos meteu.” Veronica sorriu. “Eu adoraria ouvir algumas delas. Eu só vejo o lado menino mau dele na cama.”


Poderia ter sido minha imaginação, mas Teagan, de repente, pareceu um pouco desconfortável. Todo esse passeio foi muito desconfortável para mim também. "Você vai para casa no Natal?" Archie me perguntou de repente. "Tenho certeza que sua mãe sente sua falta." O Natal chegaria em algumas semanas e eu não tinha planos de deixar Boston. Eu balancei minha cabeça. "Não." "Por que não?" "Os meus recursos estão um pouco apertados no momento." Embora o dinheiro fosse uma questão parcial, não era por isso que eu não iria para casa. Este seria o primeiro Natal que eu passaria longe dos meus pais, e tudo bem para mim. O Natal era provavelmente a época mais dolorosa do ano. Minha mãe sempre pendurava as meias de Emma na cornija de lareira ao lado da minha. Meu pai se fechava dentro de si mesmo ainda mais do que o normal. E minha mãe sempre insistia em embrulhar um presente para minha irmã morta, que seria apropriada para a idade se ela ainda estivesse viva. Então, uma vez que ela abrisse, doaria para caridade. O Natal não era apenas triste, era torturante. E este ano foi a primeira oportunidade de renunciar a essa dor.


"Vou emprestar-lhe o dinheiro para comprar sua passagem, se você quiser ir para casa," disse Archie. É claro que ele usaria essa oportunidade para parecer um mártir, para exibir o fato de ter um emprego de período integral e dinheiro. “Obrigado. Mas estou realmente ansioso para experimentar o Natal aqui em Boston. Será a minha única oportunidade de fazer isso.” Veronica pareceu desapontada. "Eu pensei que você tinha dito que pensaria em vir comigo para casa em Minnesota." A última coisa que eu queria era outra inquisição dos pais dela, dessa vez durando uma semana inteira ou mais. "Acho melhor você passar um tempo com sua família sozinha," eu disse. Quando ela não disse mais nada, eu sabia que isso surgiria mais tarde e se transformar em uma discussão sobre como ela acreditava que eu planejava abandoná-la. Eu nunca disse à Veronica, de uma forma ou de outra, quais seriam meus planos para nós quando o ano letivo acabasse. Mas não era óbvio? Voltar para a Inglaterra, é claro, implicava que estaríamos nos separando. No entanto, ela ainda parecia tratar as coisas como se fôssemos sérios. Querendo que eu me junte a ela em Minnesota no Natal como algo certo. No final, eu acredito que estava planejando


abandoná-la. Mas ela parecia determinada a me fazer mudar de ideia sobre sair ou que poderíamos funcionar a longa distância. "O lugar vai fechar em quinze minutos," disse Teagan. "É melhor irmos." Teagan dirigiu o carro de Lorne no caminho de volta. Eu sabia que todo mundo na casa provavelmente estaria dormindo, e Archie e Teagan estariam sozinhos quando chegassem lá. A primeira parada seria no dormitório de Veronica. Depois que eu disse o caminho para Teagan até lá, meu instinto me levou a tomar uma decisão em uma fração de segundo. Quando Veronica estava prestes a sair do carro, em vez de segui-la, eu disse: "Acho que vou voltar para casa hoje à noite.” Ela fez beicinho. "Você disse que passaria a noite na minha casa..." "Sim, eu disse. Mas lembrei que disse à Shelley que consertaria sua bicicleta novamente para que ela pudesse levá-la para a escola amanhã. É o mesmo problema que continua acontecendo, e eu sou o único que sabe como corrigi-lo. Eu esqueci totalmente." Isso não era uma mentira completa. Eu disse à Shelley que consertaria a bicicleta dela "em algum momento desta semana". Isso mudou para hoje à noite agora, porque eu realmente queria ficar de olho em Archie. Ele me deu a impressão de que ele não estava nem perto de terminar com Teagan esta noite.


"Ok, tanto faz," Veronica bufou enquanto se afastava. Eu pagaria por isso amanhã, mas não conseguiria dormir se deixasse Teagan voltar para casa sozinha com Archie. Ao mesmo tempo, isso foi um pouco louco. Ele ficaria aqui por três meses. Eu seria capaz de interceptar todas as oportunidades que ele tinha para ficar sozinho com Teagan? Provavelmente não. Se ela gostasse dele, eu teria que aceitar isso. Mas eu o conhecia. Archie gostava de usar garotas para fazer sexo e seguir em frente quando ele se entediava. E eu estaria condenado se ele fizesse Teagan só mais uma na sua lista. Maldito seja. As coisas ficaram quietas pelo resto do caminho de volta para casa. A tensão definitivamente permaneceu no ar – houve meu adeus levemente volátil com Veronica, e eu também tinha certeza de que Archie estava começando a pegar meus sentimentos sobre essa situação. Ele tentaria ainda mais conquistar Teagan se sentisse que estava em algum tipo de competição comigo. Eu tenho que andar com cuidado, ficar de olho nela sem que ele pensasse que eu também tinha sentimentos por ela. Eu teria que voltar a usar o cartão de pseudo-irmã. Eu estava tentando impedir que ela fosse machucada por ele. Meus sentimentos complicados eram apenas uma parte extra que eu teria que esconder. Quando nós três entramos na casa pela porta principal, minhas suspeitas foram confirmadas.


"Gostaria de continuar a noite, Teagan?" Archie perguntou. Eu endureci. Antes que ela pudesse abrir a boca para responder, eu disse: “Ótimo. O que vamos fazer?" Os olhos de Archie dispararam para os meus. "Eu estava pensando... Apenas Teagan e eu, na verdade." "Isso não vai acontecer." Ele apertou os olhos. "Qual é o seu problema?" Ele disse isso em voz alta, e eu temia que ele acordasse toda a família. "Abaixe sua voz," eu exigi. "Então vamos lá fora." Teagan parecia chateada e nos seguiu de volta para a porta. Archie e eu nos encaramos no gramado da frente. "Agora que estamos aqui, me diga qual é o seu problema, Caleb." “Meu problema é que você está aqui há apenas um minuto e já está com os seus jogos.” "Jogos? Que diabos você está falando?" Teagan interrompeu: “Com licença. Eu não tenho uma palavra a dizer nisso?”


Nós dois nós viramos para ela. Ela cruzou os braços e olhou diretamente para mim. “Se eu quiser passar um tempo com Archie, se eu quiser convidá-lo para o meu quarto, a escolha é minha. Não sua.” Ela estava certa, mas só de ouvi-la mencionar ele no seu quarto me deixou mal do estômago. Eu balancei a cabeça lentamente enquanto Archie sorria. "Mas você sabe o quê?" Ela adicionou. “Estou cansada e vou para a cama. Então, eu não vou sair com ninguém hoje à noite. Eu sugiro que vocês façam o mesmo – especialmente você, Caleb, porque você tem aula de manhã e a bicicleta da minha irmã para consertar, caso você tenha esquecido.” Ela se virou para Archie. "Boa noite. Obrigada por um ótimo tempo. Foi muito divertido." Não dissemos nada quando Teagan entrou na casa. Então éramos apenas nós dois deixados na grama gelada. Archie balançou a cabeça. "De onde isso veio?" Um sopro de ar frio saiu por sua boca. “Você tem uma queda por ela, ou algo assim? Porque se você tem, isso é realmente lamentável para sua namorada.” Eu olhei para os meus pés. “Eu sou protetor com ela. Não preciso ter algo por ela para me importar com ela e não quero que ela se torne apenas mais uma de suas conquistas.” “Você já teve muitas conquistas também. Isso não significa que eu saio por aí avisando sua nova garota para não confiar em


você. Pessoas mudam. Amadurecem. Querem coisas diferentes do que poderiam querer alguns anos atrás.” "Você está tentando me convencer de que não está pensando em foder Teagan enquanto estiver aqui?" “Eu realmente gosto dela. Ela é tão doce e inteligente quanto atraente.” Essa admissão me incomodou tanto quanto o pensamento dele tentando dormir com ela. "Você está saindo em três meses, então por que se preocupar?" “Bem, eu poderia perguntar o mesmo de você sobre Veronica. Como é que isso é diferente?" Passei a mão pelo cabelo. Eu entrei direto nessa e não tive resposta, porque não havia nenhuma. Não havia diferença. Eu estava passando o tempo com Veronica sem nenhum plano futuro a longo prazo, admitindo-o ou não. Mas, na minha opinião, Teagan era diferente. Veronica me superaria em pouco tempo, passaria para outra pessoa. Mas Teagan? Ela era vulnerável, especial, e ela merecia estar com alguém que ficaria por perto. Talvez Archie tivesse amadurecido nos últimos dois anos, mas eu não podia confiar que ele não a machucaria. Caminhando de volta para a porta, murmurei: “Foi um longo dia. Vamos pôr um ponto final nisso.” "Imagino que você não tem resposta para mim."


Eu virei minha cabeça. "Eu não lhe devo respostas." "Legal. Muito legal. Boa discussão, Caleb.” Ele balançou sua cabeça. "O que diabos deu em você?" Eu esperei na cozinha até Archie finalmente subir as escadas para o quarto dele. Eu não confiava que ele não desviaria para o porão. Mas quando voltei para o meu quarto, não consegui dormir de jeito nenhum.

Quando acordei de manhã, verifiquei meu telefone para encontrar um e-mail de Teagan. Ela escreveu há alguns minutos. Faz um tempo desde que ela me enviou um e-mail. Provavelmente isso não foi bom.

De: Teagan Carroll Para: Caleb Yates Assunto: Você tem coragem.

Caleb,


Quanto mais eu penso sobre isso, mais não consigo segurar. Estou realmente confusa sobre o porquê de você estar agindo dessa maneira. Você tem zero direito de ditar quem eu posso e com quem não posso passar tempo. Se eu queria passar um tempo com Archie na noite passada, essa escolha era minha e não seu lugar para intervir. Quem você pensa que é?

Não foi a primeira vez que ela me fez essa pergunta. Agora, eu era um bastardo ciumento. Eu deveria ter me desculpado, mas fiz o contrário.


Alguns minutos depois que enviei o e-mail para o Caleb, que eu sabia que era o meio de comunicação menos favorito dele, verifiquei meu telefone para descobrir que ele havia respondido. Isso foi rápido. Meu coração bateu forte quando eu cliquei em sua mensagem.

De: Caleb Yates Para: Teagan Carroll RE: Você tem coragem.

Querida Teagan, Como

você

está

claramente

enganada

sobre

minhas

intenções na noite passada, eu reescreverei sua mensagem.


Querido Caleb, Quanto mais eu penso sobre isso, mais percebo que suas ações na noite passada foram para o meu próprio bem. No começo, fiquei confusa sobre o porquê de você ter agido dessa maneira. Pensei que talvez você achasse que tinha o direito de ditar com quem eu poderia ou não gastar tempo. Mas então eu decidi que, se você estava agindo tão beligerante com seu próprio amigo, deve saber algo que eu não sei. Você deve estar fazendo isso para me proteger. Você deve ter um BOM MOTIVO. Originalmente, eu perguntava: "Quem você pensa que é?" Mas eu sei quem você é: um bom amigo, que só está cuidando de mim.

Minha pressão arterial aumentou. Ele voltou a isso de novo? Eu queria tanto escrevê-lo de volta, mas não tive tempo suficiente para encontrar a resposta certa, pois já estava atrasada para a aula. Então, em vez disso, peguei minha mochila e saí pela porta, eu fiquei obcecada por todo o caminho para a faculdade.


Antes de nossa irritante troca de e-mails esta manhã, Caleb e eu tínhamos uma sessão de estudo agendada para hoje à noite. Dada a situação de Archie, eu não tinha certeza agora se nossos planos ainda estavam intactos. Nem

Archie,

nem

Caleb

estavam

no

jantar.

Archie

aparentemente teve um jantar de negócios com alguns colegas, e Caleb havia dito a Maura que ele havia pego um turno no restaurante. Dado isso, fiquei chocada quando ele apareceu na porta do meu quarto às 20:00 em ponto. Meu coração bate mais rápido. "Eu não estava esperando você hoje à noite." Ele entrou e sentou-se em seu lugar de sempre na mesa em frente à minha cama. “Por que não? Nós precisamos estudar.” Seu tom era um pouco irritado. "Sim, mas dado o nosso desentendimento esta manhã, eu apenas pensei... " “Não foi uma briga. Foi um esclarecimento.” “Bem, deixe-me esclarecer uma coisa, então. Não aprecio quando você torce minhas palavras e as envia de volta para mim.” O rosto dele ficou bravo. "Você se lembra o que eu disse a você, no primeiro dia que eu me mudei, sobre escrever para mim, em vez de falar comigo, quando estou em casa?"


“Era cedo. Ainda não tinha certeza se você estava acordado e não queria acordá-lo. Eu precisava tirar isso do meu peito.” Quando eu disse peito, seus olhos caíram nos meus seios brevemente. Eu vestia uma camisa semelhante à que eu usava no boliche, que abraçava minhas curvas. Eu também continuava usando meu cabelo solto e usava um pouco de maquiagem, embora não tanto quanto na primeira noite. Minha necessidade de fazer Caleb comer seu coração havia superado meu medo de parecer Ariadne, ao que parecia. E eu estava repensando esse medo de qualquer maneira, pois meu pai não parecia incomodado com o meu novo visual. Ele foi apenas positivo e solidário. Então, talvez minhas preocupações em provocar más lembranças para ele tivessem sido apenas isso – minhas preocupações. “Teagan, espero que seja a última vez que eu tenha que lembrá-la que, se você tem algo a dizer para mim, diga, para que possamos conversar sobre isso. Eu não jogo o jogo por e-mail.” Ok então. Eu vou dizer isso. "Por que você disse a Archie que eu não era o tipo dele?" Eu soltei. A testa de Caleb enrugou em confusão. "Do que você está falando?" “Eu ouvi você conversando na cozinha um dia depois que eu o levei para passear ao redor da cidade. Ele manifestou interesse em me convidar para sair. Você não avisou a ele para não mexer


comigo. Em vez disso, você disse que eu não era o tipo dele. Você nunca esclareceu o que isso significava. E fiquei pensando.” O lábio de Caleb se contraiu. Ele finalmente soltou um suspiro profundo. "Eu não sabia que você estava ouvindo." "Claramente," eu bufei. “Honestamente? Eu nem sei o que eu quis dizer com isso, Teagan. Eu teria dito qualquer coisa naquele momento para desencorajá-lo de persegui-la. Dizer que você não era o tipo dele foi a minha maneira de despistá-lo ao invés de dizer a ele que não achava que ele era digno de você. Não foi uma provocação para você, se é isso que você pensou. Exatamente o oposto.” Eu olhei para ele por um momento, ainda perplexa. Mesmo se ele estivesse tentando me proteger, ele não tinha o direito de intervir. "E se eu quisesse que ele me perseguisse?" O rosto de Caleb ficou vermelho. “Eu não posso impedi-lo de fazer qualquer coisa. Ele é meu amigo, mas trata as mulheres como lixo.” "Ele parece pensar que você era da mesma maneira na Inglaterra." "Eu era," disse ele sem hesitar. "E você não é mais?" "Eu estou um pouco mais velho e mais sábio."


"Então por que você não pode dizer o mesmo sobre Archie?" “Só estou arriscando meu melhor palpite, com base na experiência passada, de que Archie não é adequado para você. Você quer se envolver com alguém que vai embora em menos de três meses?” “Você não ficará aqui por muito mais tempo do que isso. Por que você não está se preocupando pela Veronica também?” Caleb inclinou a cabeça para trás e exalou. “Archie me perguntou a mesma coisa ontem à noite, e eu não tinha uma resposta para ele. Eu ainda não tenho.” “Você está sendo hipócrita. Essa é a resposta.” “Talvez. Mas não me importo, se isso significa proteger você.” Ele esfregou as têmporas. Olha... eu só não quero que você se machuque. É tudo o que se resume. Se você quer namorar com Archie, não posso impedi-la. Eu te avisei. É tudo o que posso fazer. Não vou mais interferir.” Eu não tinha intenção de namorar Archie. Não vale a pena — não apenas porque Archie estava saindo em breve, mas porque eu sabia que isso perturbaria Caleb. Ele era meu amigo, e eu nunca faria nada para machucá-lo. Agora, para irritá-lo um pouco? Talvez. Mas estava na hora de deixar tudo limpo. “Quando você disse que eu não era o tipo dele, isso me irritou. Eu me perguntei se você quis dizer que eu não era... sexy o suficiente, desejável o suficiente. Foi quando comecei a testar com


meu o cabelo e a maquiagem. Eu me sinto idiota, mesmo admitindo isso para você.” Os olhos de Caleb se arregalaram. “Eu assumi que você estava fazendo isso para impressioná-lo. Eu nunca imaginei que tivesse algo a ver com algo que eu disse.” Ele fechou os olhos por um momento. “Porra, Teagan. Você não precisa dessa lama no seu rosto. Você está dez vezes mais bonita agora do que na noite passada.” Ele imediatamente desviou o olhar. Eu me perguntei se ele se arrependia de ter dito isso. Mas era tarde demais. Essas palavras ficariam para sempre alegremente arraigadas em minha memória. "Eu concordo com a maquiagem." Eu sorri. “Mas eu gosto do meu cabelo solto. Talvez eu os deixe assim.” "Você tem um cabelo bonito," ele sussurrou, quase como se não quisesse que eu ouvisse. Eu me senti esquentando lá embaixo. "Obrigada." O que estava acontecendo entre nós agora? Sinceramente, não sabia. Nada havia mudado. Caleb ainda tinha uma namorada. E eu ainda era a garota estranha no porão. No entanto, a vibração, de alguma forma, parecia diferente do que antes. "Teagan," disse ele. “Nem todo mundo teria admitido o que você acabou de fazer – que eu fiz você se sentir insegura. Eu amo como você é honesta. Há muito poucas pessoas neste mundo em que posso contar por ser honesto. É por isso que me deixa tão


bravo quando você me envia um e-mail quando está chateada. Eu sei que você é capaz de muito mais. Nós dois somos." Ele olhou para o teto. “Eu realmente cheguei a valorizá-la como amiga. E meu comportamento nos últimos dias tem tudo a ver com isso. Eu não quero que você se machuque. Isso é tudo." Seus olhos encontraram os meus novamente. "Eu me preocupo muito com você." Ele parecia em conflito. Eu não sabia o que dizer. Meu corpo vibrou com uma energia excitante, provavelmente alimentada por alguma esperança insana de que seus sentimentos por mim fossem além da amizade. Por mais que tivéssemos acabado de nos abrir um para o outro, eu não sentia que foi o fim. Ele estava sendo mais honesto do que eu. Meus sentimentos por ele haviam passado de um ponto inocente. Mas eu não vi o bem que seria admitir isso. Além do fato de ele ter uma namorada, eu não tinha ideia se seus sentimentos por mim eram realmente platônicos ou não. Ele cuidou de mim como uma irmã ou estava começando a sentir mais? Fiquei com medo de perguntar diretamente. Eu não estava preparada para a resposta, não importava qual fosse. Eu decidi mudar de assunto completamente. "Então, você vai ficar aqui no Natal?" "Sim. Espero que esteja tudo bem.”


“Fiquei feliz em ouvir isso, embora eu ache que sua mãe possa estar chateada. Seus pais não podem realmente levá-lo para casa, ou simplesmente não quer ir?” Sua mandíbula apertou. “Não queria entrar nesse assunto no boliche, mas há mais nisso do que apenas o custo. O Natal é uma época difícil do ano para minha família. Minha irmã morreu no Natal, por isso o fato de ela ter ido só faz ser pior. Estou me dando um tempo sobre isso este ano.” Eu assenti, não surpresa com a explicação dele. “Bem, espero que você se divirta aqui. Maura faz um ótimo trabalho tornando tudo festivo. Temos uma festa na véspera de Natal, e ela convida todo o bairro. A casa fica tão fria da porta abrindo e fechando constantemente com as pessoas indo e vindo.” "Haverá uma piñata de pênis?" "Felizmente, não." Eu rio. Caleb sorriu. "Mal posso esperar." “Minha situação não é nada comparada à sua, mas também fico mais deprimida nos feriados. É engraçado como isso funciona. Deveria ser um momento tão alegre e, no entanto, para muitas pessoas, é o contrário. É uma sensação estranha.” "Bem, podemos nos sentir estranhos juntos este ano." Ele piscou.


Eu sorri largamente. A ideia de tê-lo aqui no Natal me deixou tão feliz – inebriada até, a antítese total de como eu normalmente me sentia quando os feriados se aproximavam. Caleb mudou minha visão da vida. O fato de ele ter sofrido tanta dor e ainda ter a capacidade de rir, de encantar as pessoas, de sangrar carisma, fezme perceber, mesmo que às vezes, você se sinta morto por dentro, você pode viver. Você pode fingir até conseguir. Você não precisa viver como se estivesse morto. Eu não queria pensar em como me sentiria quando chegasse a hora de Caleb partir. Eu só sabia que este ano com ele era algo que eu nunca esqueceria.


Na tarde seguinte, Archie entrou na cozinha com uma mala enquanto eu fazia um lanche. "Posso falar com você por um segundo, parceiro?" Eu olhei para a bagagem dele. "O que está acontecendo?" Ele deixou a mala no canto. “Olha, eu não senti que você me queria aqui desde o momento em que entrei na porta. No começo, pensei que minha aparição repentina tinha acabado de pegá-lo de surpresa, mas depois percebi que era algo mais do que isso.” Fechei os olhos brevemente. "Você está certo. Mas é meu problema mais do que qualquer coisa. Desculpe-me se eu...” “Não se preocupe em explicar. Um amigo de verdade não ficaria

por

perto

se

isso

o

deixasse

desconfortável,

independentemente do motivo. Nossa amizade pode não ser perfeita, mas eu valorizo demais para estragar tudo por um quarto livre. Você claramente quer seu espaço. E você me quer longe de Teagan. Seja qual for o seu motivo, preciso respeitar isso.”


Esta deveria ter sido a parte em que eu dissesse a ele que ele estava errado, que eu estava arrependido e pedia para ele ficar. Mas eu não fiz. Eu fiquei aliviado. Evitando

especificamente

a

parte

de

Teagan

de

seu

comentário, perguntei: "Onde você vai ficar?" Sua boca se curvou em um sorriso. “Aquela garota em Dorchester finalmente tirou seu inquilino. Fui hoje para verificar o quarto, o que é brilhante.” Ele piscou. "E acontece que ela também." Ah. Bem, certamente não demorou muito para seguir em frente. "Você está saindo porque a garota em Dorchester é quente?" Ele riu. “Essa não é a única razão. Eu perturbei sua paz aqui. E eu não pretendia fazer isso.” Ele encolheu os ombros. “Aconteceu que a quarto ficou vago ao mesmo tempo em que eu percebi. Eu ainda estarei na cidade. Você ainda vai me ver, mas não exatamente debaixo do seu nariz.” "Você disse à Maura?" “Sim. Agradeci profundamente por sua hospitalidade. Ela é uma ótima dama. Você ganhou na loteria com este lugar.” Soltei um longo suspiro. "Sinto muito pela maneira como agi." "Posso te dar um conselho?" Ele perguntou. "Certo. O que é?"


“Salve-se do problema mais tarde. Termine com essa sua garota. Não vai a lugar nenhum mesmo. Ela não faz seu rosto se iluminar como Teagan. Isso me ocorreu depois que nos separamos naquela noite – o que realmente estava acontecendo, o quanto você gosta dela. Você percebe que é Teagan que você quer, certo? Porque se você não vê agora, acabará vendo”. Ele sorriu. "Vou ligar para você em breve." Enquanto eu não disse nada, ele me deu um tapinha no ombro, puxou a mala e saiu pela porta.

Alguns dias depois, meu estômago estava em um nó enquanto eu assisti Veronica fazer as malas para sua viagem para casa em Minnesota, para o feriado. Se havia um benefício na recente passagem de Archie na casa, foi que ele me empurrou para fazer algo que eu sabia que precisava. Eu estava prestes a terminar as coisas com Veronica – não para começar algo com Teagan, mas porque não queria mais lidar com Veronica. Estar com Teagan não era uma opção. Eu ainda sairia no final do primeiro ano, e não era sensato me envolver com alguém neste momento, muito menos Teagan, independentemente de quaisquer sentimentos inegáveis que eu pudesse ter.


Veronica fechou a mala de mão. "Eu vou sentir saudades de você." Essa foi a minha sugestão para arrancar o Band-Aid. Saber o que estava para acontecer enquanto ela parecia não ter ideia era excruciante. Meu coração bateu forte. Eu me importava por ela. Eu simplesmente não estava me apaixonando por ela e nunca pensei que iria. Ela merecia melhor. Esfregando as palmas das mãos suadas, eu deixei sair: "Precisamos conversar, Veronica." Ela tinha acabado de abrir uma gaveta quando congelou e olhou para mim. “Eu não gosto do som disso. Também não gosto do seu rosto.” Desembucha. “Eu não quero te machucar. Você foi tão boa comigo. E estar com você tem sido um dos destaques da minha vida. Mas tenho que ser honesto e não vejo isso funcionando a longo prazo.” Ela colocou a mão no peito. "Oh meu Deus. O que você está dizendo? Eu sabia que você ia fazer isso comigo!” Sua reação apenas tornou as coisas mais difíceis. “Estou voltando para Londres no final do ano letivo e não vai dar certo entre nós. Eu acho que é melhor se terminarmos as coisas agora. Só vai doer quanto mais estivermos juntos.” “Então é isso? Você está terminando comigo antes do Natal? Você sabia o tempo todo que esse era o nosso destino?”


"Não é desse jeito. Só recentemente percebi que isso precisava acontecer. Minha intenção não é estragar o seu Natal. Achei que esse era o melhor momento para nos separar. Você terá sua família ao seu redor como uma distração e, quando voltar, o novo semestre será como um novo começo.” "Que gentileza da sua parte," disse ela graciosamente. "Então você se divertiu comigo este semestre, fodeu comigo várias vezes, e este é o meu presente de Natal?" Às vezes, você precisava saber quando calar a boca. Essa pergunta não foi feita para ser respondida. Eu não poderia culpá-la por estar chateada. “Eu sei que isso é péssimo. Sinto muito, Veronica.” "Sim eu também." Ela começou a jogar um monte de suas roupas na mala. “Saia. Apenas vá. Não há mais nada a dizer aqui.” Eu não encheria ela com besteira, como nós devemos manter contato ou permanecer amigos. Eu sabia melhor. Isso não beneficiaria nenhum de nós. "Cuide-se," eu disse antes de sair. Apesar de me sentir uma porcaria por machucá-la, eu caminhei do seu dormitório para casa com uma sensação de liberdade que não tinha experimentado desde que aterrissara em Boston. Alívio.


Veronica e eu começamos a namorar assim que cheguei. Enquanto eu sempre olharia com carinho para o meu tempo com ela, foi muito cedo. Respirando o ar frio do inverno, eu me senti eufórico pela primeira vez em muito tempo, completamente inseguro do futuro e perfeitamente bem com isso.

Archie pode ter deixado a residência Carroll, mas ele não foi em silêncio. Aquele idiota. Quando cheguei em casa depois de sair do apartamento da Veronica, colada na porta do meu quarto havia uma foto de Archie e eu tirada quando tínhamos cerca de dez anos. Usávamos fantasia de marinheiro combinando e tínhamos os nossos sapatos de sapateado. Nossas mãos estavam esticadas na mesma pose. Shelley riu atrás de mim. Arranquei a foto da porta. "Você colocou isso aqui?" “Archie me deu isso antes dele sair. Ele disse que eu poderia fazer o que quisesse com isso. Vocês eram tão fofos.”


Teagan chamou do pé da escada. "O que é tão engraçado?" Ótimo. "Nada," eu gritei. Shelley gritou. "Você tem que ver isso, Teagan!" Teagan se apressou e avistou a foto na minha mão. "Oh meu Deus. Você e Archie?” "Receio que sim." “Você era adorável. Vocês dois." “Acho que tenho que ser dono disso agora, não é? Eu era muito bom, na verdade. Provavelmente o sapateado foi a área em que superei Archie, mesmo que tecnicamente não fosse uma competição.” Teagan arqueou a sobrancelha. “Então, se eu fosse sair hoje e comprar um par de sapatos de sapateado, você poderia sapatear? Como Fred Astaire?” Minha testa franziu. "Isso é um desafio, Srta. Carroll?" Shelley bateu palmas e pulou. "Faça! Faça!" Uma ideia brilhante veio a mim naquele momento. "Eu te direi uma coisa. Eu estaria disposto a mostrar minhas habilidades de sapateado publicamente pelas ruas de Boston, se você renunciar à sua exigência de mil dólares e jantar fora comigo vestida com sua fantasia de golfinho.”


A boca de Teagan ficou aberta. Eu pensei que ela nunca faria isso, mas então ela disse: "Oh... Isso é tentador." "Pense nisso." “Na verdade, eu não preciso. Desde que eles me deixem trazer a roupa para casa comigo nesta sexta-feira, você tem um acordo para jantar no sábado à noite. A menos que você tenha planos?” "Nada mais importante do que vê-la passear pela cidade como um golfinho." Eu sorri. "É melhor encontrar sapatilhas masculinas tamanho 44 antes disso." Shelley esticou o lábio inferior em um beicinho. "Eu posso ir?" "Claro," eu disse. "Quanto maior o público, melhor."

Foi mais engraçado do que eu esperava. Teagan parecia absolutamente ridícula quando descíamos a Hanover Street. Ela deveria ser um golfinho, mas também poderia ter se passado como uma gigantesca banana azul. Ela se virou para mim. "De novo, por que estou fazendo isso?"


Eu amei quando ela se virou para olhar para mim, porque ela teve que virar todo o seu corpo. Isso era hilário. O rosto de Teagan era a única parte dela não coberta completamente de pelo azul. Ela estava continuamente espiando por um buraco. As crianças nos paravam ocasionalmente para tirar fotos, e eu também tinha minha câmera pronta. A coisa toda era louca, mas talvez a melhor parte fosse ver Teagan e Shelley se unindo ao ridículo. Eu nunca as vi rindo tanto juntas do que hoje. Só isso fez valer a pena. Decidimos que íamos ao restaurante mais exclusivo de todo o North End. O jantar foi por minha conta, é claro. Uma refeição de duzentos dólares era muito mais barata que os mil dólares que essa experiência originalmente custaria. Meus sapatos de sapateado, que pude alugar de uma escola de dança local, estavam em uma bolsa preta que eu pendurava por cima do ombro. Nosso plano era jantar e depois visitar uma das famosas pastelarias italianas para a sobremesa antes de terminar a noite com uma coreografia de sapateado em algum lugar nas ruas de Boston. Eu não sapateava a mais de uma década, então não tinha certeza se os passos voltariam para mim. Shuffle, ball change7. Era tudo o que eu conseguia lembrar. Quando chegamos ao restaurante, a anfitriã não parecia muito divertida.

7

Tipos de coreografia de sapateado


Ela deu olhou Teagan de cima a baixo. "Posso ajudar?" "Eu tenho uma reserva," eu disse no meu tom mais sério. "O nome?" "Dolphina". Teagan riu. A anfitriã procurou nosso nome no computador. "Hum... Eu não tenho certeza se ela pode vir aqui assim." "Por que não?" "Não é óbvio?" Eu tive que parar de rir. “Você a está discriminando? Golfinhos são mamíferos. Somos todos mamíferos. Qual é o problema?" Teagan bufou e Shelley estava praticamente chorando. A anfitriã sempre educada, sem senso de humor, revirou os olhos e hesitantemente pegou alguns menus. "Sigam-me." Uma vez sentados, a garçonete foi muito mais gentil do que a anfitriã, parecendo pegar a graça. Depois da explicação que coloquei Teagan nisso como parte de uma aposta, a garçonete disse: “Eu também poderia fazer qualquer coisa que você me pedisse.” Ela piscou.


OK. Eu não esperava isso – ou a porra do olhar que acompanhou isso. O olhar sujo que Teagan mostrou a ela era impagável, mesmo que a garçonete não tivesse notado. O rostinho de Teagan espiando pela abertura era dez vezes mais bonito quando exibia uma careta. Acabei pedindo bife, enquanto Shelley pegava um hambúrguer abastecido. Teagan insistiu em manter o que os golfinhos comem, então ela pediu cavala – um peixe. Eu também peguei uma cerveja, esperando que isso me ajudasse a relaxar um pouco antes da minha apresentação de dança mais tarde. Divertimo-nos rindo de todos os olhares estranhos que Teagan recebeu, e quando a comida chegou, foi fenomenal. Eu sabia que cada pedaço do meu prato seria devidamente destruído. Um pouco mais tarde, a garçonete voltou e colocou outra cerveja na minha frente. Eu olhei para cima. "Oh, eu não pedi outra." "Eu sei." Ela sorriu paquerando. "É por conta da casa." Ela parecia esperar que eu desse a ela pelo menos uma boa gorjeta, possivelmente mais. Até Shelley percebeu. “Eu acho que ela gosta de você. Pena que você tem uma namorada”.


Esse comentário me deu uma pausa. Eu ainda não tinha anunciado que tinha terminado as coisas com Veronica. Agora ela me dera uma boa oportunidade de abordar isso. Eu limpei minha garganta. "Na verdade, eu não tenho mais." Meus olhos foram imediatamente para Teagan, que encontrei olhando para a cavala. Ela levantou a cabeça. A boca dela estava cheia. "O quê?" "Sim... Nós terminamos." "Ela terminou com você?" Shelley perguntou. Talvez tenha sido um erro trazer isso à tona. Não queria entrar em detalhes na frente de Shelley. Mas os olhos de Teagan estavam fixos nos meus agora, aguardando minha resposta, então eu tive que explicar mais. "Na verdade, fui eu quem terminou as coisas." Shelley parecia quase triste. "Você partiu o coração dela?" Como devo responder isso? “Espero que não esteja totalmente quebrado. Mas foi a decisão certa, considerando tudo.” “Uau. Eu não estava esperando isso.” Teagan disse, o olhar em seu rosto contradizendo a tolice de seu traje. "Você está bem?" "Sim. Eu estou." Voltamos a jantar, mas ao longo dos próximos minutos, o rosto de Teagan ficou mais vermelho do que eu já tinha visto.


"Você está bem?" Eu perguntei a ela. “Honestamente, acho que preciso sair de todo esse pelo. Estou queimando.” “Bem, você mais do que pagou sua dívida. Você deveria ter dito algo antes. Tire essa coisa.” Ela levantou-se da cadeira. "Eu volto já." Shelley e eu conversamos um pouco, mas minha mente estava preocupada. Fiquei olhando para os banheiros; Teagan estava demorando muito tempo. Começou a me preocupar um pouco, então eu disse a Shelley que voltaria logo, que iria verificar a irmã dela. Bati na porta do banheiro feminino. "Teagan, você está bem?" "Sim." Por alguma razão, eu não confiava nisso. "Você está sozinha?" Eu perguntei. "Sim." Abri e entrei no banheiro, onde ela estava na pia, jogando água no rosto. "Você não pode entrar aqui," disse ela. “Está vazio. Além disso, você está esquecendo como nos conhecemos?”


Sua respiração estava pesada. "Bom ponto." Ela pendurou a fantasia no gancho de uma cabine aberta. “Dê-me essa coisa. Vou levar de volta para a mesa.” Ela me entregou antes de abrir a torneira novamente e derramar mais água no rosto. Ela olhou no espelho por alguns segundos antes de se virar para me encarar. "Por que você nunca me disse que terminou com Veronica?" “Isso aconteceu há alguns dias. Você e eu não tínhamos saído até hoje. Eu ia lhe contar.” Ela ainda parecia corada. Eu dei um passo à frente e coloquei minha mão em sua testa. “Parece que você está queimando. Tem certeza de que está bem?” "Sim. Eu só estou quente por causa de todo o pelo. Eu vou ficar bem." Examinei seu rosto por alguns segundos e decidi dar-lhe espaço. "OK. Eu voltarei para Shelley então. Só queria ter certeza de que você estava bem.” "Obrigada." Voltei para a nossa mesa, mas ainda me perguntava se havia mais na reação de Teagan do que o calor do traje.


Você pensaria que as notícias de Caleb teriam me trazido alívio, ao invés disso me causou pânico. Mas eu acho que o relacionamento dele com a Veronica havia significado que eu não precisava enfrentar meus sentimentos por ele, ou me perguntar como ele se sentia por mim. A perspectiva de ele estar livre para namorar quem ele quisesse era um pouco assustadora. Em vez de uma garota, poderia haver muitas. Tão ciumenta, quanto seu relacionamento

com

Veronica

me

deixou,

havia

uma

certa

estabilidade e segurança – e isso se foi. O que acontece agora? Acho que estava prestes a descobrir. Depois de espirrar um pouco de água no meu rosto, voltei para a sala de jantar e recostei-me no meu lugar. Um olhar de preocupação cruzou o rosto de Caleb. Ele enfiou minha roupa gigantesca no quarto assento da nossa mesa. "Sentindo-se revigorada?" "Sim." Eu respirei. "Eu estou bem." Bebi o copo de água na minha frente, que a garçonete deve ter enchido novamente


enquanto eu estava no banheiro – provavelmente outra desculpa para voltar e dar em cima do Caleb. Felizmente, consegui terminar meu jantar sem incidentes e, quando saímos do restaurante e voltamos ao ar frio, senti-me dez vezes melhor. Talvez o calor por causa da fantasia realmente tivesse subido à minha cabeça, afetando minha reação às notícias de Caleb. Fomos até a pastelaria do Mike para seus famosos cannoli, com Caleb carregando minha roupa enorme. Entrei e esperei na fila, depois trouxe os doces para Caleb e Shelley. Nós os devoramos do lado de fora da loja antes de descermos a rua para encontrar um lugar apropriado para a performance de sapateado de Caleb. A vertigem passou por mim com a perspectiva de vê-lo dançar. Finalmente, encontramos um homem com longos dreadlocks; ele estava sentado na calçada, tocando uma guitarra elétrica e tocando "No Woman, No Cry" de Bob Marley. A

música

e

o

estilo

da

música

eram

completamente

inapropriados para o sapateado. No entanto, Caleb parou ao lado do cara e passou a calçar seus sapatos pretos brilhantes. Depois que o músico de rua terminou sua versão da música, Caleb sussurrou algo no ouvido do homem e passou um pouco de dinheiro para ele. O cara assentiu. O homem começou a tocar uma música de reggae que eu não reconheci, e Caleb começou a sapatear bem ao lado dele. As batidas


dos seus sapatos na calçada fizeram pedestres confusos pararem para assistir. O ritmo das batidas foi um pouco rápido demais e não combinava com o ritmo da música. A parte mais engraçada foi o sorriso pateta no rosto de Caleb. O músico continuou tocando e cantando, parecendo ignorar as palhaçadas de Caleb. A coisa toda era bizarra Shelley e eu morremos de rir. Caleb era muito bom, apenas um pouco descoordenado e definitivamente digno de se apresentar em, digamos, em um recital de dança do ensino médio. O sapateado e o reggae certamente não combinavam, mas foi exatamente isso que o tornou tão divertido. Passamos

tantos

dias

em

nossas

vidas

que

não

nos

lembramos. Mas esse dia eu sabia que ficaria comigo. Eu não tinha apenas me conectado com Caleb, mas também com minha irmã. E isso, para mim, era o que importava.

Alguns dias após o nosso passeio no North End, era véspera de Natal. Maura tinha toda a casa decorada para a nossa festa de porta aberta da vizinhança. Ela passou a semana preparando o lugar – almofadas xadrez no sofá da sala de estar, guirlandas pendurada no topo das janelas e, é claro, a árvore completamente


decorada e iluminada. O fogão a lenha estava a todo vapor porque estava congelando, e havia rumores de que poderíamos ter alguns flocos de neve hoje à noite. Como sempre, Maura e meu pai convidaram todos os vizinhos a aparecerem naquela noite. A única coisa que Maura pediu foi que eles trouxessem um item de comida ou bebida para compartilhar. Sempre terminávamos com mais do que sabíamos o que fazer. Geralmente comemos sobras por uma semana ou até mais. Enquanto muitas pessoas esperavam até a manhã de Natal para abrir presentes, minha família abria os nossos na véspera de Natal. Portanto, sempre havia algo para se esperar depois que os convidados saíssem – embora Shelley frequentemente começasse a abrir os dela no início da noite. Caleb parecia realmente feliz por estar aqui. Ele passou o dia inteiro pendurando luzes dentro e fora da casa e ajudando a decorar. Ele disse que seus pais nunca se incomodaram com muitas decorações de Natal, então essa foi uma nova experiência para ele. Ele parecia ainda mais bonito com linhas de luzes de Natal espalhadas por seu corpo. Essa é uma árvore de Natal que eu não me importaria de subir. Caleb me encontrou na cozinha pouco antes das pessoas começarem a chegar. Eu estava mexendo um pouco a sidra de maçã quente, a bebida da estação, quando o peguei me olhando. Uau.


Ele parecia bem – cheirava bem também. E ele fez algo diferente em seus cabelos. Estava repartido para um lado, parecendo mais formal, talvez. Um suéter marrom com uma faixa verde no peito abraçou seus músculos e me fez querer me enrolar nele. De repente, esqueci o que deveria estar fazendo. Eu parei de mexer a cidra. "Você está bonito," eu disse. Ele sorriu. "Você também." Eu tive que olhar para baixo para me lembrar do que estava vestindo: leggings pretas, uma camisa vermelha justa e aquelas sapatilhas pretas que Maura havia me comprado. Mais uma vez, eu estava com o cabelo solto. Caleb espiou dentro da panela de cidra. "Posso ajudar?" Voltei a mexer. "Não, eu tenho isso." Quando ele sorriu para mim novamente, senti meu pulso reagir. Este foi o melhor Natal de que me lembro em muito tempo. Quando os convidados começaram a chegar, pensei em engolir essas palavras. Por um tempo, fiquei ocupada na cozinha, ajudando Maura a cortar legumes para a travessa de legumes e queijo. Quando finalmente voltei para a sala, vi Caleb conversando com Bethany Grillo, uma das filhas do nosso vizinho, que estava na faculdade. Ela era muito atraente, e sua linguagem corporal era paqueradora.


Eu fiquei em um canto observando-os. Tudo o que eu conseguia pensar era: está acontecendo. Isso não demorou muito. Ele acabaria tendo um caso com ela no feriado, o que marcaria o início oficial de sua nova era de liberdade. Meu pai interrompeu meus pensamentos quando ele veio por trás de mim. "Oi, querida." Eu forcei meus olhos para longe de Caleb e Bethany. "Olá, pai." "Por que você está aqui sozinha no canto?" Bem, não vou admitir estar espiando a conversa de Caleb. "Só relaxando um pouco." Ele sorriu. "Você está bonita esta noite." "Obrigada." Seu elogio me deu sentimentos confusos. Eu nunca tinha discutido minha conversa sobre parecer Ariadne com ele. Mas talvez agora fosse a hora. "Sabe, eu sempre pensei que se eu usasse meu cabelo solto ou me vestisse de uma certa maneira, isso iria incomodá-lo." Papai assentiu e parecia saber exatamente o que eu quis dizer. "Porque você se parece com ela?" "Sim."


Ele suspirou. "A semelhança é estranha. Ela era linda, como você. Mas olhar para você nunca poderia me deixar chateado. Você não é ela. Você tem um bom coração e um espírito puro. Fico feliz que Ariadne tenha lhe dado uma boa qualidade: sua aparência. Mas fora isso, você não é como ela.” Ouvir isso me trouxe algum conforto, apesar de eu ainda não ter certeza de que de alguma maneira eu não era parecida com ela. "Tenho certeza que a maioria das minhas outras partes boas veio de você," eu disse. "Eu não vou discutir com isso." Ele piscou. Eu sorri e olhei na direção de Caleb. Alguns segundos depois, seus olhos encontraram os meus. Em vez de continuar a conversa com Bethany, ele imediatamente se desculpou e veio direto até mim. De repente, tudo estava certo novamente no mundo. “Aí está você. Fiquei imaginando o que aconteceu com você,” ele disse. Meu pai colocou a mão no meu ombro. "Vou ver se Maura precisa de alguma coisa." Enquanto meu pai se afastava, eu me virei para Caleb. "Você não precisava ter deixado sua conversa." "Eh." Ele encolheu os ombros. "Eu estava procurando uma desculpa." Alívio tomou conta de mim. "Eu estou surpresa."


Ele inclinou a cabeça para o lado. "Por que diz isso?" “Ela é realmente bonita. Eu pensei que talvez você estivesse a fim dela.” “Não. Não é meu tipo. Garota legal, no entanto. Parece realmente inteligente. Mas não tão inteligente, quanto outra pessoa que conheço.” Ele piscou. Eu olhei para seu copo vermelho de plástico. "O que você está bebendo?" “Gemada com álcool. Você quer um pouco?” "Eu pensei que você era contra menores de idade beber." Ele se inclinou e seu hálito quente roçou minha bochecha. "Não estamos em público hoje à noite." Senti um formigamento descendo por minhas costas. "Eu sei. Estou apenas brincando. Na verdade, Maura e meu pai não se importam se eu tomo alguns drinques, desde que eu esteja em casa, onde eles possam ficar de olho em mim.” "Seus pais são muito legais," disse ele. “Eu espero que você saiba disso. Você tem sorte de tê-los.” "Eu sei disso." Eu sorri. "Falando em pais, você ligou para sua mãe hoje à noite?" Ele olhou para dentro do copo. “Sim... É tarde lá agora. Então eu liguei para ela antes da festa começar. Desejei a meus pais um


feliz Natal. Até conversei com meu pai pela primeira vez em muito tempo.” "Como foi isso?" “A

conversa

tensa

usual

de

sempre.

Obrigatória,

principalmente.” Isso me deixou triste. "Eu sinto muito." Seu humor sempre mudava quando ele mencionava seu pai. Eu mudei de assunto. "A propósito, há algo errado com o seu telefone?" "Por que você pergunta?" “Antes,

quando

você

estava

fora

e

me

mandou

uma

mensagem, perguntando se eu precisava de alguma coisa da loja, ele me enviou a mesma pergunta umas vinte e cinco vezes. Não parava.” Ele estreitou os olhos. "Merda. Isso não é bom. Vou ter que desligar”. Ele pegou o telefone do bolso e apertou o botão de desligar. "Pronto. Vamos ver se isso ajuda.” “Sim, foi meio engraçado. Até que não.” "Isso pode ser irritante." Nossa atenção voltou-se para Shelley, que começou a abrir alguns de seus presentes. Ela ainda recebeu toneladas de


presentes, e Maura marcou todos eles de "Papai Noel," apesar de Shelley ter descoberto a verdade há alguns anos. Quando ela abriu seu último pacote, havia um cartão de presente da Target e uma foto emoldurada. Ela correu para Caleb e deu-lhe um abraço enorme. Então ela me mostrou a foto. "Olha, Teagan." Ela me entregou a moldura e eu examinei a imagem. Éramos nós três, tirada quando eu vesti minha fantasia de golfinho pela primeira vez na outra noite. Realmente era uma foto fantástica. Caleb tornou-se parte da nossa família. Honestamente, desde a sua chegada, eu também. Eu nunca passei tanto tempo com minha irmã, ou mesmo com Maura e meu pai. Por causa de sua própria perda, Caleb apreciava as coisas que eu sempre tive como garantido. E ele me ensinou a apreciar mais minha família. Sua estadia aqui deixaria uma marca na minha vida. Depois que Shelley voltou ao seu lugar no sofá, Caleb parecia estranhamente

nervoso.

"Posso

te

dar

seu

presente?"

Ele

perguntou. "Você não precisava ter me comprado nada," eu disse. “Eu tenho seu presente lá embaixo. Eu embrulhei todos os meus presentes, mas ainda não tive a chance de trazê-los.” "Eu gostaria de lhe dar o seu em particular," disse ele. "Só porque eu quero explicar sem que todos escutem." Agora ele me deixou intrigada. "Podemos descer," sugeri.


"Deixe-me subir as escadas e pegá-lo, e eu te encontro lá embaixo," disse ele. Ao

me

aventurar

no

meu

quarto,

senti

meus

nervos

formigarem. Poucos minutos depois, Caleb desceu segurando uma pequena sacola de presente vermelha e verde. "Para você." Ele sorriu quando me entregou. Depois de levantar o papel de seda e colocá-lo de lado, tirei um pequeno golfinho de pelúcia. Eu sorri. Tão fofo e atencioso. Então notei uma corrente de prata pendurada nela. Anexado, havia um pingente. Após uma inspeção mais detalhada, percebi que era um pequeno caracol espreitando de sua concha. Eu olhei para ele. "Isso é tão fofo." "Você provavelmente está se perguntando... Por que um caracol?" Ele riu. “Vi isso e queria comprá-lo para você, porque você realmente saiu da sua concha desde que eu te conheci, como um caracol. Isso me lembrou de você. Espero que quando você o usar, depois que eu for embora, você lembre de mim.” Eu duvidava que precisaria de um lembrete dele depois que ele se fosse. “Eu não sei o que dizer. Esta é a coisa mais significativa que alguém já me deu.” "Estou feliz que você gostou."


Ele ficou inquieto. Caleb parecia quase... tímido com a coisa toda. "Você estava nervoso em me dar isso?" "Um pouco. Eu nem tenho certeza do porquê.” Olhando para ele, sorri. “Eu realmente amei isso. Obrigada." "De nada." "Meu presente para você não é tão bom quando o seu," eu avisei. Andando até a minha mesa, peguei o presente de Caleb da pilha. Com um enorme sorriso no rosto, ele rasgou o jornal. Seu sorriso só cresceu quando ele percebeu o que era. "Você está brincando comigo? É brilhante! Eu nem sabia que isso existia.” Eu havia comprado para o Caleb um eletrodoméstico de aço inoxidável que fazia s’mores. Apresentava um aquecedor elétrico sem chama para os marshmallows no meio e uma bandeja ao redor para os biscoitos e outros acompanhamentos. “Imaginei que você poderia usá-lo quando voltar para casa. Você mencionou que não podia acender fogueiras lá fora, onde mora. Dessa forma, você pode fazer s’mores sempre que quiser. Pode ser um saco para levar na mala embora.”


“Vou encontrar uma maneira de caber, não se preocupe. Esta é a melhor coisa que você poderia me dar.” Ele olhou para mim. "Obrigado." "De nada." Ele examinou meu rosto. "O que você está pensando agora? Você parece triste." Eu decidi ser honesta. “Estou triste, um pouco. Este ano letivo já está pela metade. Antes que você perceba, estará fazendo as malas e indo para casa. Eu me acostumei a ter você por perto. E eu só... Vou sentir sua falta.” Ele balançou sua cabeça. “Eu realmente não suporto pensar em sair. Aqui me sinto como em casa agora. O tempo aqui está passando muito rápido.” Eu desviei o olhar, mas senti a mão de Caleb no meu queixo, levantando-o para encontrar seus olhos antes de soltar. Meu corpo se arrepiou. "Com quem eu vou estudar?" Ele perguntou. "Quem eu vou provocar?" Minha

respiração

acelerou.

"Tenho

certeza

que

você

encontrará alguém." "Não será o mesmo," ele sussurrou. “Não há chance de você ficar, certo? Até mesmo mais um ano?”


Eu imediatamente quis me dar um tapa por perguntar. Ele soltou um longo suspiro. "Acho que não. Eu não perguntei, mas o programa de intercâmbio deve durar apenas um ano. Mas mesmo que eles me deixassem ficar, eu me sentiria um pouco culpado por deixar minha mãe. A situação com meu pai não é boa. Prometi a ela que voltaria.” "Sim. Eu sinto muito. Foi uma pergunta estúpida.” “Não, não foi. Isso passou pela minha cabeça muitas vezes.” Seu tom era insistente. “E não é que eu não queira. Eu daria tudo para ficar.” Tomando o colar que ele me deu em minhas mãos, perguntei: "Você vai colocar isso em mim?" Ele sorriu. "Claro." Eu levantei meu cabelo e virei as costas para ele. O calor de suas mãos quando ele colocou o colar fez meu corpo formigar com uma excitação que eu tentei não sentir. Eu me virei para ele e esfreguei meus dedos sobre o pingente. "Parece bonito em você," disse ele. "Obrigada novamente." “Agradeço a você novamente pela minha máquina de s'mores. Não se surpreenda se eu o incluir na nossa sessão de estudos.” “Oh Deus. O que eu comecei?”


Nós dois estávamos rindo quando Maura espiou a cabeça na minha porta parcialmente aberta. Por alguma razão, pulei ao vê-la — como se ela tivesse nos pego fazendo algo errado. Definitivamente parecia que estávamos nos escondendo de todos aqui embaixo. "Ah, aí está você." Ela fez uma pausa. "Nós... Temos alguns presentes para vocês abrirem no andar de cima." Caleb assentiu. “Desculpe, Maura. Acabamos de vir aqui para trocar nossos presentes.” Ele foi em direção à escada e saiu sem dizer mais uma palavra. Os olhos de Maura permaneceram nos meus, uma mistura de suspeita e diversão em suas profundezas. Ela podia ser a única nesta casa que realmente sabia sobre meus sentimentos por Caleb.


O mês seguinte ao Natal passou. As coisas estavam mais movimentadas do que nunca. Eu passei horas extras servindo mesas no restaurante, e o novo semestre estava me chutando na bunda. Como resultado, eu tinha certeza de que o resto do meu tempo aqui evaporaria antes que eu percebesse. Ainda havia tanta coisa que eu queria fazer e ver em Boston, que mal sabia o que fazer comigo mesmo. Eu não aguentava pensar nisso. Mas o pensamento de deixar os Carrolls me deixava ainda mais ansioso. Eu não estava pronto para esse alívio da vida real acabar. Foi realmente incrível ver isso com bondade e respeito, em vez de ressentimento. Mas o que mais mexeu com minha cabeça foram meus sentimentos por Teagan, que estavam evoluindo em uma queima lenta e não conseguia descobrir como extinguir. Desde que terminei com Veronica, eu não namorei mais ninguém. Eu jurei não cometer o mesmo erro novamente – levando alguém, apenas para dar a


notícia de que não poderia ir a lugar algum porque eu estava saindo. Entre o trabalho e a faculdade, eu passava algum tempo livre estudando com Teagan ou, ocasionalmente saindo com Archie, cuja companhia eu podia desfrutar agora que ele não estava morando sob nosso teto. Ele começou a namorar Angela, a garota com quem ele morava em Dorchester. Ele também passava muito tempo imaginando o que aconteceria quando o tempo nos Estados Unidos acabasse. Mas Archie tinha mais liberdade do que eu para mudar. Ele terminou a faculdade e não tinha uma mãe dependente dele para o seu bem-estar mental. Eu não dei à Teagan nenhuma ideia de que meus sentimentos por ela haviam ultrapassado a linha além da amizade, mas isso não me impediu de pensar nela quando me deitei na cama à noite ou enquanto

tomava

banho.

Isso

não

me

impediu

de

querê-

la. Basicamente, sempre que eu tinha um momento para respirar, minha mente vagava para pensamentos proibidos sobre Teagan, e como seria tê-la apenas uma vez.

Meu pequeno problema tornou-se impossível de ignorar uma noite quando Teagan pulou o jantar. Isso não era tão incomum. Ela


nem sempre estava nas refeições da família, eu também não. Mas nessa noite em particular, a razão por trás de sua ausência chamou minha atenção. "Teagan está em um encontro," anunciou Shelley. Parei de mastigar meu frango e, talvez com muita urgência, perguntei: "Como você sabe?" “Eu a vi se preparando para sair. Ela não me disse para onde estava indo, então fiquei desconfiada. Olhei pela janela e a vi entrar em um carro com um cara.” Um cara? "Interessante," disse Maura. "Sim, interessante," eu murmurei. Lorne suspirou. “Bem, Teagan não precisa nos contar tudo. Só espero que ela não esteja entrando em carros com as pessoas erradas.” Maura me deu um olhar um pouco compreensivo. Suspeitei que ela percebeu meus sentimentos por sua enteada há algum tempo. Que eu saiba, Teagan não esteve em um encontro pelo tempo que eu a conhecia, além da noite de boliche com Archie – se isso contava. Não deveria ter me surpreendido que ela tivesse saído. Você sabe, por toda a coisa dela saindo da casca dela e tudo mais.


Isso certamente saiu pela culatra, não foi? Enfim, eu precisava superar isso. Minha cadeira derrapou no chão de madeira quando me levantei. “O jantar estava delicioso. Obrigado, Maura,” eu disse antes de me desculpar. No meu quarto, fiz várias repetições de flexões para tentar gastar minha energia nervosa – qualquer coisa, em vez de ter que lidar com meus sentimentos. Meu telefone tocou, interrompendo meu treino. Era minha mãe. Limpei o suor da testa com uma toalha enquanto pegava o telefone. “Ei mãe. É tarde aí. Está tudo bem?” Houve um pequeno atraso em sua resposta. Comecei a entrar em pânico. "Mãe?" "Oi, querido," ela finalmente disse. "O que está acontecendo?" Depois de outro pequeno atraso, ela disse: “Seu pai voltou a beber.” Meu estômago parecia ter levado um soco. Meu pai estava sóbrio nos últimos dez anos. Ele começou a beber depois da morte de Emma, e o problema piorou progressivamente até que minha mãe e seus irmãos fizeram uma intervenção. Todos na família haviam economizado dinheiro para mandá-lo para a reabilitação e,


por algum milagre, depois de alguns meses, ele parecia ter deixado a bebida para trás por todos esses anos. "Como você descobriu?" “Ele estava ficando na rua muito mais do que o habitual, e hoje à noite ele chegou em casa cheirando à cerveja e enrolando suas palavras. Foi a primeira vez que notei, mas tenho certeza de que já dura algum tempo.” Sentado na minha cama, descansei a cabeça na mão. “Sinto muito, mãe. O que eu posso fazer? Você precisa que eu volte para casa?” “Não se atreva. Eu vou lidar com isso daqui. Não estou lhe dizendo isso para interromper nada. Você voltará para casa antes que perceba. Eu só precisava que você soubesse.” “Se as coisas derem errado, você tem que me dizer. Preciso que você me mantenha atualizado.” “Bem, agora, ele está dormindo. Portanto, nada está fora de controle ainda. Mas imagino que vou ter que descobrir uma maneira de colocá-lo de volta em um programa.” "Eu vou lhe enviar dinheiro." "Não," ela insistiu. "Vou ver se seus tios podem ajudar." Quando o problema com a bebida de papai surgiu, eu era obviamente jovem demais para ganhar a vida. Mas lembro-me de me sentir impotente, porque acreditava que tudo era minha culpa.


Se Emma não tivesse morrido, meu pai não teria começado a beber. Agora que eu era mais velho, eu tinha que encontrar uma maneira de ajudar a pagar por isso. “Não ligo para o que você diz, mãe. Vou pedir mais horas ou conseguir outro emprego para que eu possa lhe enviar alguma coisa.” “Você precisa pagar pela faculdade. Seus empréstimos já são grandes o suficiente. Vamos dar um jeito.” Eu não sabia mais o que dizer, exceto: "Sinto muito.” Ela sabia que minhas desculpas tinham mais de um significado. “Caleb, eu não quero que isso te tire dos trilhos. Não é por isso que estou lhe dizendo. Por favor, mantenha o foco na faculdade. É assim que você pode ajudar – mantenha o foco, para não me preocupar com os meus dois meninos ao mesmo tempo. OK?" "Ok," eu disse com relutância. Depois que desliguei com minha mãe, não consegui me livrar do terrível sentimento que suas notícias me trouxeram. Eu queria que Teagan estivesse em casa. Mas é claro que ela estava em um encontro – onde deveria estar. Emoções correram através de mim: ciúme, culpa por meu pai. No momento, eu não queria sentir nada. Mas recorrer ao álcool não era uma opção. Minha mãe também não precisava que eu desenvolvesse um problema com a bebida.


Finalmente tomei um banho para acalmar meus nervos, e depois me aventurei no quarto de Teagan para ver se, por um acaso, ela havia retornado de seu encontro. Ela não tinha. Soltando um longo suspiro, deitei-me na cama dela e chutei meus pés para cima. Eu ansiava pela companhia dela. Eu sabia que ela teria dito algo para me fazer sentir melhor, pelo menos por um momento. Agarrando seu travesseiro, respirei fundo seu perfume — uma mistura de chuva e alguma coisa dela mesma. Fiquei ali por vários minutos, desejando uma garota que nunca poderia ter. Patético, Caleb. Peguei meu telefone e rolei para o número de uma colega de trabalho, uma garçonete chamada Simone. Ela era mais velha, com mais de vinte anos, e havia deixado claro para mim uma noite depois do meu turno que ela estava interessada. Eu disse a ela que não queria me envolver com ninguém enquanto estava aqui nos Estados Unidos, e ela insistiu que se envolver também não era algo que ela queria. Basicamente, ela queria transar, e ela me convidou para sua casa. Na época, eu dei de ombros para sua proposta, fazendo algum tipo de piada, embora eu soubesse que ela estava falando sério. Ela então decidiu inserir seu número no meu telefone. Até esse momento, eu não tinha pensado em usá-lo. Eu mandei uma mensagem para ela.


Caleb: Me perguntando se você está livre hoje à noite.

Ela respondeu quase imediatamente, alguns segundos depois.

Simone: Que surpresa. E para você sim.

Caleb: Você está em casa?

Simone: Sim. Quer passar por aqui?

Embora não parecesse certo, digitei as palavras de qualquer maneira.

Caleb: Sim. Envie-me seu endereço.


Fiquei aliviada por estar em casa. Jacob me levou para comer sushi e um filme – não do tipo assustador e desolado que eu normalmente gosto, mas do tipo comercializável em massa e no cinema lotado. Foi uma noite agradável, mas não senti nada além de amizade por Jacob. Essa foi provavelmente a razão pela qual eu concordei em sair com ele. Como Kai havia apontado, esse era o meu modus operandi. Ele estava seguro e não exigia nenhum trabalho emocional – ou trabalho sexual, para esse assunto. Eu só queria tanto tirar Caleb da minha cabeça. Quanto mais cedo eu fizer isso, melhor. Então eu tive que fazer um esforço para me colocar lá fora. Não parecia natural, mas eu tentei. Ainda assim, eu não conseguia parar de pensar em Caleb. Talvez ele precisasse ir embora para que isso acontecesse. Eu odiava o fato de que sair com Jacob só me deixou mais focada em Caleb. Eu estava a caminho de ser esmagada quando ele saísse para voltar para a Inglaterra. Tirando os sapatos, deitei-me na cama e me enrolei no travesseiro. Meu batimento cardíaco acelerou quando percebi que estava respirando seu perfume, forte e masculino. Tão Caleb.


Espera. Caleb? Caleb esteve na minha cama? Acabei de mudar meus lençóis na noite anterior. Portanto, não havia como isso ser residual em uma de nossas sessões de estudo. Abraçando o travesseiro com mais força, continuei a enterrar o nariz nele, dominada pelo desejo e pela confusão. O que ele estava fazendo na minha cama? Ele veio aqui para me procurar? Peguei meu telefone e mandei uma mensagem para ele.

Teagan: Você está em casa?

Vários minutos se passaram e não houve resposta. Decidi subir as escadas para ver se ele estava em seu quarto. Maura estava na sala, assistindo a um de seus programas. Ela me pegou antes que eu tivesse a chance de subir as escadas. "Ei! Como foi seu encontro?" Eu parei logo antes do primeiro passo. "Como você sabia que eu estava em um encontro?" Ela abaixou o volume na TV. “Acho que não sabia. Eu apenas aceitei a palavra da Shelley. Ela mencionou ter visto você entrar em um carro com um cara.”


Suspirei. “O nome dele é Jacob. Ele trabalha no aquário comigo. Nós apenas fomos para sushi e um filme. Foi tudo bem. Nada sobre o que falar.” Olhei para as escadas e depois para ela. "Você viu Caleb?" "Ele não está aqui. Eu o vi sair há um tempo.” Meu coração afundou. "Ele disse para onde estava indo?" “Não. Ele meio que saiu às pressas daqui, na verdade.” "Droga," eu murmurei. Um olhar de preocupação cruzou seu rosto. "Está tudo bem?" “Sim. Eu só precisava perguntar uma coisa a ele.” Ela fez uma pausa. “Você deveria saber que Caleb estava na mesa de jantar quando Shelley anunciou que você estava com um cara. Eu não tinha certeza se você estava escondendo isso dele intencionalmente ou não. Ele não parecia saber.” Merda. Não era que eu tivesse planejado mentir para Caleb se ele me perguntasse para onde eu fui hoje à noite. Eu simplesmente escolhi não anunciar. Eu sabia que ficaria com ciúmes se os papéis fossem revertidos. Desejei boa noite à Maura e voltei para o meu quarto. Ainda não recebi resposta de Caleb, e eu suspeitei que ele estivesse com uma garota. Isso me deu uma dor de estômago.


Um pouco mais tarde, chequei meu telefone novamente. Uma hora se passou desde que eu mandei uma mensagem para ele. Não era normal ele não responder. Eu estava desesperada para saber onde ele estava, para perguntar por que ele estava na minha cama, mas enviar-lhe outro texto teria sido insistente. Eu sabia que não lhe devia uma explicação pelo meu paradeiro. Mas normalmente contávamos nossos planos se um de nós não estivesse em casa à noite. Com o passar do tempo, percebi que Caleb talvez não estivesse voltando para casa. Eu estava prestes a desligar as luzes e me arrumar para dormir quando houve uma batida na porta do lado de fora do meu quarto. Eu pulei. "Quem está aí?" Sua voz era baixa. "É Caleb." Quando abri a porta, ele parecia cansado, e seu cabelo estava um pouco desgrenhado. Ele ainda estava bonito como sempre, só um pouco cansado. "Você está bem?" Ele balançou sua cabeça. "Na verdade, não." Eu segui meu instinto e o puxei para um abraço. Ele me agarrou com força, quase como se estivesse me segurando pela vida. Estar em seus braços assim, poder segurá-lo assim, era tão diferente dos abraços casuais que tivemos no passado. Seu coração batia tão rápido na minha bochecha. O calor de seus músculos


duros me consumiu, e eu não queria nada além de ficar assim a noite toda. Mesmo com medo, perguntei: "Onde você estava?" Ele se afastou de mim para olhar meu rosto. "Como foi seu encontro?" Havia uma pitada de desdém em seu tom. "Foi tudo bem." Engoli. "Você costuma me contar seus planos se não planeja ficar em casa." Seus olhos permaneceram nos meus por alguns segundos. "Mas eu entendo por que você não fez desta vez." Ele fez? "Você entende?" Após um longo silêncio, ele disse: "Nosso relacionamento é complicado, não é, Teagan?" Suspirei. "Por que você estava na minha cama hoje à noite?" Sua sobrancelha se levantou. "Como você sabia que eu estive na sua cama?" "Eu posso sentir seu cheiro por todos os meus lençóis." Em vez de responder, Caleb subiu na minha cama e colocou a cabeça no travesseiro. Eu estava tentada demais para não me juntar a ele. Deitamo-nos em cima da colcha da cama de frente para o outro. Ele descansou a cabeça na mão enquanto continuava a olhar para mim.


"Eu estava preocupada com você hoje à noite," eu disse. "Por que você não respondeu minha mensagem?" “Eu não recebi imediatamente. E quando eu recebi, decidi voltar para casa.” Ele soltou um suspiro que senti em minhas bochechas. “Você perguntou por que eu estava na sua cama. Eu precisava falar com você, e desci para ver se por algum motivo você chegaria em casa mais cedo. Eu sabia que era um tiro no escuro. Quando percebi que você ainda não tinha voltado, fiquei deitado por um tempo.” "Sobre o que você precisava falar comigo?" "Eu estava chateado depois de conversar com minha mãe." Ele exalou. “Acho que nunca te contei, mas meu pai é um alcoólatra em recuperação. Ele não bebia há mais de uma década.” Caleb suspirou. "Mas ele teve uma recaída." Apertei a mão dele. “Ah não. Sinto muito por não estar aqui.” “Não é sua responsabilidade estar à minha disposição. Eu só precisava conversar. Foi um momento e passou.” "Sua mãe está bem?" “Parece que ela acha que pode lidar com isso. Mas não tenho tanta certeza. Ela vai precisar dos irmãos do meu pai como apoio. Se eu estivesse em casa, seria diferente, mesmo que ela insista que minha volta mais cedo não ajude.”


A dor em seus olhos era transparente. Caleb se culpa por tudo isso, e isso me matou. Tudo voltava para o que havia acontecido com sua irmã. Ele brincou com algum fiapo no meu edredom. “Enfim... Eu realmente não quero entrar nesse assunto agora. Já pensei muito sobre isso hoje à noite, e minha necessidade de conversar já passou. Mas é por isso que eu estava na sua cama.” “Bem, mesmo que eu não deva me desculpar, eu realmente sinto muito por não estar aqui. Eu preferiria estar aqui hoje à noite.” Minhas emoções borbulharam dentro de mim e senti meus olhos começarem a lacrimejar. Isso não foi bom. Eu apenas sentia muito por ele agora. Não só por causa de sua dor, mas porque meu encontro com Jacob esta noite não tinha sido como nada que era com Caleb. Aquilo me assustou. "Quem era esse cara, e para onde ele levou você?" Caleb perguntou. “O nome dele é Jacob. Eu o conheci no aquário. Ele trabalha na loja de presentes. Ele me levou para comer sushi e ver um filme. Foi bom... Mas não havia nada lá. Tenho certeza que sabia disso antes de aceitar o encontro. Mas eu fui assim mesmo, porque eu realmente queria... Tirar minha mente das coisas.”


Minhas palavras me colocaram contra a parede. Eu estava dividida entre querer contar a Caleb como me sentia sobre ele e querer manter para mim. Ele inclinou a cabeça para o lado. "Tirar sua mente de que coisas?" Eu levei um momento para procurar as palavras. “Sinto que posso falar com você sobre qualquer coisa... Exceto meus sentimentos por você. Eu me sinto idiota por deixar isso chegar a esse ponto.” Isso foi demais. Agora ele está olhando para mim como se não soubesse como responder – até que ele fez. E suas palavras me abalaram completamente. “Você me perguntou onde eu estava hoje à noite, e a razão pela qual hesitei em lhe dizer é que, para explicar adequadamente, tenho que falar sobre meus sentimentos por você. E como você, não é fácil para eu fazer isso... Porque nunca quero fazer ou dizer algo que possa mudar o que temos, que é o tipo de amizade rara.” Minhas mãos ficaram suadas enquanto ele continuava. “Quando Shelley disse que você estava em um encontro, fiquei extremamente ciumento – e um pouco zangado. Eu sei que isso é ridículo. Mas, no entanto, é difícil controlar suas emoções. No começo, subi para o meu quarto e malhei para gastar um pouco dessa energia negativa. Mas nada estava ajudando. Então minha


mãe ligou e me deu a notícia sobre a recaída de meu pai. Foi quando desci para ver se você estava em casa.” Enquanto ouvir que ele estava com ciúmes fez meu coração cantar, eu não pude apreciá-lo completamente, porque estava com medo do que ele diria a seguir. Eu me preparei. "E depois? Onde você foi?" “Eu não queria ficar sozinho, então eu... Mandei uma mensagem para essa garota com quem trabalho. Ela deixou claro que queria transar, sem compromisso.” Suas palavras cortaram através de mim, e eu empurrei um pouco para trás. Ele fodeu com alguém hoje à noite? “Teagan, tudo o que importava hoje à noite era esquecer tudo: meu ciúme irracional por você, a recaída de meu pai e a culpa que eu coloquei em mim mesmo – tudo isso. Então fui ao apartamento daquela garota... Esperando... Esquecer.” “Você não precisa me contar o resto. Eu realmente...” "Sim, eu sei," disse ele. Ele respirou fundo. "Uma coisa levou à outra. Essa garota estava praticamente me atacando – arrancando minhas roupas, cravando as unhas em mim – e, em vez de me sentir excitado, senti o contrário. Eu me sinto doente. Eu não conseguia nem ficar duro. Foi a experiência quase sexual mais bizarra da minha vida.”


Quase? "Você não transou com ela?" Ele balançou sua cabeça. "Não. Eu só queria voltar para casa. E é isso que eu fiz. Vi o seu texto no meu caminho de volta e decidi que, em vez de responder, precisava vê-la. Então aqui estou." Estendi a mão e passei os dedos pelos cabelos sedosos dele. Foi a primeira vez que eu o toquei, e era ainda mais suave e mais espesso do que eu imaginava. Observar o modo como sua respiração mudou enquanto eu fazia isso me deu uma sensação de poder. Esse movimento simples pode ter sido a coisa mais descarada que eu já fiz na minha vida. Caleb fechou os olhos e eu continuei massageando seus cabelos – até que ele adormeceu na minha cama. E foi ali que ele ficou.


A vibração entre Teagan e eu definitivamente mudou depois da noite que passei na cama dela. E eu não sabia como lidar com isso. Nós não ficamos sozinhos desde então, mas a única vez que nós dois estávamos no jantar, Teagan me pegou olhando para ela. Em vez de desviar o olhar, ela manteve os olhos nos meus e sorriu. Eu

sorri

de

volta

e

amaldiçoei

interiormente

por

ser

tão

transparente. Eu estava fantasiando sobre o gosto de seus lábios durante toda a refeição. Foi bom dormir ao lado dela, embora nunca tivéssemos conversado sobre isso. Na manhã seguinte, ela ainda estava dormindo quando eu saí da cama. Esta noite seria a nossa primeira sessão de estudo desde então. Por mais que eu desejasse repetir – deitar-me ao lado dela novamente – planejava repetir meu mantra: protegê-la era mais importante do que quaisquer desejos egoístas que eu tivesse. Boa sorte com isso.


Mais tarde, tudo parecia normal lá embaixo no quarto de Teagan – pelo menos a princípio. Não houve menção de nossa noite juntos, nenhuma discussão sobre o que isso significava, ou se o faríamos novamente. Em vez disso, concentramo-nos em nossa lição de casa. Escrevi algumas fórmulas matemáticas enquanto Teagan estudava para seu teste de fisiologia. A certa altura, ergui os olhos para dar uma olhada nela. E eu a encontrei já olhando para mim. Devemos parar de nos encontrar assim, Teagan. Gostaria de saber quanto tempo seus olhos estavam em mim e não em seu computador. "Você está atraído por mim?" Ela perguntou. Ela disse tão baixo que mal se registrou. Eu ouvi isso certo? Engoli em seco e tentei ganhar algum tempo. "Hmm?" Ela fechou os olhos, balançando a cabeça. "Deixa pra lá." Ela enterrou o rosto no computador novamente, as bochechas ficando vermelhas. Porra. Como eu poderia ignorar essa pergunta? Eu precisava admitir que ouvi na primeira vez. "Você perguntou se eu estava atraído por você..."


Ela levantou a cabeça. "Então você me ouviu." "Demorou um momento para processar." "Ou você tinha que pensar em como me decepcionar com facilidade." Ela está brincando? Eu não tinha conseguido me concentrar em nada além da minha atração por ela ultimamente. “Foda-se, não, Teagan. Você entendeu errado.” O rosto dela ficou ainda mais vermelho. “Esquece que eu perguntei. Por favor. Isso foi um erro.” Coloquei meu caderno de lado e fui até a cama dela, sentada na beira – perto, mas longe o suficiente para estar fora de alcance em

segurança.

Ela

cruzou

as pernas e

lambeu

os lábios

nervosamente. Meu pau estremeceu. Porra. Eu era uma causa perdida. A verdade era perigosa. Mas eu estava cansado de negar as coisas. Tinha sido tanto trabalho maldito por tanto tempo. "Vamos ser reais por alguns minutos," eu disse. “Vou te contar meus pensamentos e você me conta os seus. Seja brutalmente honesta. OK?" O peito dela arfava. "OK…" "Estou extremamente atraído por você, Teagan," eu disse suavemente. "Essa é a verdade." Soltei um suspiro trêmulo. “Não foi instantaneamente tão forte como é agora. Quando nos conhecemos,


eu definitivamente olhei para você de forma mais platônica. Mas algo mudou ao longo do caminho. E agora sonho constantemente em como seria estar com você.” Ela lambeu os lábios novamente, e meu pau endureceu ainda mais. “Mas você sabe por que eu não fiz nada sobre isso, certo? Só existe um motivo, e não quero machucá-la quando partir.” "Entendi." Ela se mexeu na cama. “Ultimamente eu tenho pego você me encarando. Também não posso deixar de encará-lo. Eu sempre tive uma queda por você, mas recentemente também não consigo parar de pensar em como seria.” Frustrado, peguei a folha de papel. Ela deixou sua posição clara, mas eu ainda precisava confirmar exatamente o que ela queria dizer. “Você quer dizer, você não pode parar de pensar sobre o que seria como estar comigo... Sexualmente?” Ela mordeu o lábio e assentiu. Eu estava prestes a me desfazer. Teagan parecia atormentada. "Não gosto de me sentir assim — muito fora de controle," disse ela. “Sempre que você está perto de mim, meu corpo reage. Às vezes sinto que vou explodir se você não me tocar.” Ela fechou os olhos. "Oh meu Deus. Não acredito que acabei de dizer isso.”


Meu coração disparou, e levou tudo em mim para não pular para frente e pegar seus lábios. Ainda assim, consegui força de vontade suficiente para me impedir. Eu queria saber algo que não conseguia descobrir sem perguntar diretamente a ela. “Posso te perguntar uma pergunta pessoal? E sinta-se livre para me dizer para me foder.” "Sim, ok." "Você já fez sexo antes?" Ela assentiu. Por alguma razão, pensei que ela pudesse ser virgem. Agora que eu sabia que ela não era, fiquei muito curioso sobre as circunstâncias. "Apenas uma vez," ela esclareceu. “Eu fiz sexo na minha noite de formatura. Eu basicamente planejei perder minha virgindade – acabar logo com isso. Foi estúpido, e eu nem... Gostei.” Gostei. "Você não gozou..." Ela balançou a cabeça. "Não. Isso machuca. E foi rápido e terminou antes que eu percebesse. Ele basicamente rompeu meu hímen, e foi isso.” Sua terminologia me fez rir. "O rompedor de hímen tinha um nome?" "Zach."


“Zach é péssimo. Um idiota de duas estocadas.” Ela riu. "Não tenho certeza se isso realmente contava." "Não conta," eu insisti. “Com quantas garotas você dormiu?” Soltando

um

suspiro

exasperado,

fechei

os

olhos,

genuinamente tentando me lembrar. “Não ria. Mas esta é minha melhor estimativa.” "OK…" "Quinze." Os olhos dela se arregalaram. "Wow." “Aproximadamente duas por ano desde o ensino médio. Algumas eram namoradas. A maioria era apenas de uma noite, no entanto. E eu usava camisinha toda vez, mesmo com minhas namoradas, porque não confio em ninguém.” "Bom saber." Ela sorriu. "Acho que ainda tenho um longo caminho a percorrer." "Não, não, não, não, você não tem." O pensamento dela "me alcançando" me deixou doente. "Mas estou curioso para saber por que nunca houve mais ninguém depois do rompedor de hímen." Teagan ficou olhando. “Eu tenho a tendência de escolher pessoas que eu sei que não vou perder a cabeça. Isso garante que eu realmente nunca me machuque. Mas, por sua vez, não sou


atraída o suficiente para dormir com ele. É um resultado fodido dos meus antecedentes – de alguma forma, não quero ser como minha mãe depravada, ou pior, acabar machucada como meu pai. Eu estraguei todo relacionamento normal que eu já tive porque não estava atraída pela pessoa. E sempre me esquivei de pessoas pelas quais sou sexualmente atraída.” Ela piscou algumas vezes. "Caras como você." Merda. Eu tentei acalmar, apesar de estar enlouquecendo por dentro. "Torno difícil me evitar." “Essa é a diferença. Eu não quero te evitar. Você me faz sentir segura, Caleb – como se eu pudesse me deixar ir com você, como se você não me julgasse se eu tivesse essa chance e estragasse tudo.” Teagan revirou os olhos para o teto. "Não acredito que estou admitindo tudo isso." Seus segredos eram como uma droga. Ela me deu uma coisinha e eu queria mais. Precisava de mais. Minha voz estava rouca. “Não tenha medo de me dizer o que você está pensando. Quero saber tudo, mesmo que não possa fazer nada a respeito.” Inclinei-me para mais perto dela na cama. “Adoro quando você se abre para mim, conta coisas que não conta a mais ninguém. Contamos alguns segredos importantes. E acho que nossa atração mútua pode ser o maior segredo que mantemos um do outro.” Ela assentiu. “Estou perdendo a cabeça um pouco quando se trata de você, Caleb. Essa é a verdade. Você me faz sentir todas as


coisas que eu tento não fazer. Coisas emocionais. Coisas sexuais. Eu só sinto muito. É algo que sempre trabalhei duro para evitar.” Eu deixei meus pensamentos me escaparem. “Eu também sinto isso, Teagan. Toda a maldita coisa.” "Então, o que agora?" Ela perguntou. "O que fazemos com isso?" Essa é a questão. "Eu não sei." A tristeza tomou conta de seu rosto e ela desviou o olhar. "Olhe para mim," insisti. "Deixe-me explicar." Eu parei. “Com você... É muito mais que uma atração sexual. Eu te admiro e tenho muito respeito por você. Eu sei como é raro você se abrir para alguém, dar seu coração. Não consigo imaginar deixar você me dar qualquer parte de você para mim, porque vou embora daqui a alguns meses – não seu coração ou seu corpo. Não é justo. Então, senti que precisava resistir ao que está acontecendo entre nós com todas as minhas forças.” Meu controle estava desaparecendo. “O problema é que não sei se isso é realista. Porque tão rapidamente quanto três meses passam, também é uma eternidade quando cada segundo que eu não posso beijar você parece uma tortura.” O peito dela subiu e desceu. A próxima coisa que eu soube foi que ela se inclinou e seus lábios estavam nos meus – lábios úmidos, carnudos e bonitos que tinham um sabor mais doce que o açúcar, os lábios que eu fantasiava por tanto tempo. E agora suas mãos estavam passeando pelo meu cabelo.


Gemendo em sua boca, eu deixei ir, consumindo cada pedaço de seu gosto, não me importando com mais com nada além deste momento. Por outro lado, eu teria dito a mim mesmo qualquer coisa apenas para poder continuar. Contanto que você não a foda, Caleb, tudo ficará bem. Que mal fará beijá-la? Beijar nunca matou ninguém. Qual é o perigo de tocá-la, prová-la? Eu estava mentindo para mim mesmo, mas não dava a mínima agora. Nem um pouco, agora que eu sabia como era. Empurrando minha língua mais fundo em sua boca, eu não conseguia o suficiente. Eu precisava provar cada centímetro dela. Esse pensamento me preocupou que sua família pudesse nos encontrar. Mas isso não era motivo suficiente para recuar. Passando as mãos pelo cabelo dela, percebi em primeira mão o quanto disso ela tinha. Eu queria enterrar meu rosto nele. Eu queria enterrar meu rosto em muitos lugares agora. Sempre que eu diminuía o ritmo do nosso beijo, Teagan gemia e acelerava, como se dissesse que é melhor eu não parar. Então eu a beijava mais rápido e empurrei minha língua com mais força. Fiz com a minha boca o que desejava poder fazer com o meu corpo. Isso teria que ser o limite. Assim que eu tive esse pensamento, eu me encontrei em cima dela, prendendo-a embaixo de mim enquanto nosso beijo se tornou ainda mais profundo, mais intenso. Meu pau estava tão duro que parecia que poderia quebrar ao meio. Os gemidos de prazer de Teagan estavam me fazendo perder a cabeça.


Então a perna dela acidentalmente bateu na mesa. O barulho me assustou muito, porque por um segundo, pensei que alguém tivesse entrado. Isso foi o suficiente para me forçar a trancar a porta. Não sei como explicaríamos a porta trancada se alguém viesse aqui embaixo, mas era melhor do que ser pego. Quando voltei para a cama, meu pau estava enfiado duro nas minhas calças de moletom cinza, ainda mais duro do que uma porra de pedra. Os olhos de Teagan estavam fixos firmemente na minha virilha, e isso certamente não estava ajudando a situação. O que quer que fôssemos fazer, eu estava determinado a manter meu pau nas calças – onde pertencia até eu voltar para a Inglaterra. Teagan ofegou, parecendo faminta por mim. Por mais que eu quisesse retomar a devorar os lábios dela – e passar para outras coisas – esse quase acidente foi um alerta. E se tivesse sido Maura? Ela e o marido tinham sido tão bons comigo, abrindo a casa deles e me fazendo sentir parte da família deles. E era assim que eu agradecia? Brincando com a filha deles? Eu precisava dar um passo atrás. Voltei para a cama, recostando-me na cabeceira da cama antes de me virar para ela. "Nós cruzamos uma linha perigosa." A expressão de Teagan sangrou decepção. “Eu sou uma garota grande. Eu dou conta disso." Passando as mãos pelos cabelos, eu disse: “Sim. Bem, não tenho certeza se posso.”


Os olhos dela estavam cheios de confusão. "O que você está dizendo?" "Só que precisamos ter cuidado." Puxei meu cabelo. “Eu nem sei o que isso significa. Só não quero estragar tudo levando as coisas longe demais.” Parecia que ela poderia chorar. Eu estava fazendo um trabalho horrível explicando isso. “Teagan, você é a melhor amiga que eu já tive. Eu nunca te disse isso, mas agora você sabe. E está prestes a haver um oceano entre nós. Não posso complicar sua vida e depois sair. Eu não vou fazer isso com você. Você significa muito para mim.” Essa foi a afirmação mais ridícula que eu já pronunciei, porque isso já estava complicado. O rosto dela enrugou em tormento. "O que fazemos com o tempo que nos resta?" “Eu não sei. Estou muito confuso. Só precisamos ter cuidado.” "O que isso significa?" Ela repetiu. Foda-se, se eu soubesse. "Talvez estudar no andar de cima, em vez de aqui embaixo," eu disse, embora isso me matasse. Nossas sessões de estudo eram minha parte favorita da semana. Mesmo quando eu disse isso, minha mão viajou para tocar seu cabelo. Passei minhas mãos pelos fios quando ela fechou os olhos.


Isso me lembrou o que ela fez na noite em que dormi em sua cama. Eu adormeci quando ela massageou meu cabelo. Eu

queria

puxá-la

para

mim

e

reivindicar

sua

boca

novamente, mas em vez disso me inclinei e dei um único beijo em sua testa antes de me forçar a sair da cama. Pode ter sido a decisão mais madura que eu já tomei. "Eu deveria ir lá para cima." Ela não olhou para mim quando disse: "Ok.” Teagan parecia completamente arrasada, e não havia ninguém para culpar por isso, exceto eu. Eu a beijei, provoquei-a e disse a ela que não havia chance para nós. Bom trabalho, idiota.


Acredito que a única coisa boa de evitar ficar sozinha com Caleb era que estávamos fazendo questão de sair mais juntos fora de casa. Ele me encontrava no aquário depois do meu estágio e caminhávamos pelo centro da cidade, navegando pelas lojas ou comprando algo para comer. Quanto às nossas sessões de estudo, transferimos para o andar de cima para a sala de estar, um espaço que ninguém jamais usou porque não havia televisão ali. Finalmente teve um uso — como bloqueador de pênis. Caleb também estava pegando horas extras no restaurante. Ele não disse o porquê, mas eu suspeitei que fosse para enviar dinheiro à sua mãe. Eu sabia que ele sentia que precisava ajudar com os custos de reabilitação de seu pai. Pelo que ele me disse, sua mãe estava tendo problemas para convencer seu pai a obter ajuda dessa vez, então ele ainda não havia entrado em um programa. Em uma tarde de sábado, pensei que Caleb estava no trabalho, mas ele veio me encontrar lá embaixo. Ele ficou no espaço seguro da porta e perguntou: “Tem algum interesse em ir a Harvard


Square hoje à tarde? Eu tenho o dia de folga. Archie e Ângela querem se encontrar lá.” Eu não tive que pensar sobre isso. Com os dias até a partida de Caleb diminuindo, eu aproveitava a oportunidade para sair com ele, especialmente fora da casa onde as coisas estavam "seguras". “Sim. Isso parece incrível. Não estive lá em algum um tempo.” "Legal. Vamos sair às três, então?” "Parece bom." Uma excitação vertiginosa tomava conta de mim sempre que eu sabia que estaria passando um tempo com ele. Embora tivéssemos discutido estabelecer um limite claro entre nós, sair juntos sempre parecia um encontro – sem o contato físico. Ultimamente, vi-me muito passiva agressiva. Eu usava roupas grudadas no meu corpo, colocava um pouco de maquiagem nos olhos e fazia o cabelo para que ficasse longo e elegante. Eu joguei com a minha sexualidade, porque, por mais que eu soubesse que ele estava indo embora, ainda queria que ele me quisesse, e ainda tinha esperança de que ele me beijasse novamente. Essa era uma maneira imatura e egoísta de pensar, mas eu não pude evitar. Eu estava completamente apaixonada. Fiquei tentada a dizer que o queria de qualquer maneira, mesmo que ele estivesse indo embora. Faria me parecer barata admitir uma coisa dessas? Talvez eu estivesse me enganando, pensando que seria capaz de sobreviver ao resultado disso.


Os olhos de Caleb se arregalaram quando ele entrou no saguão onde eu estava esperando às 15:00. "Você está realmente linda," disse ele. Um calafrio percorreu minha espinha. "Obrigada." Seu olhar aquecido percorreu meu corpo, depois subiu novamente e permaneceu nos meus olhos. "Podemos ir?" "Sim." Mesmo andando ao lado dele fez meu corpo reagir. Durante todo o caminho até a parada do bonde, tive o desejo de agarrar sua mão. Mas eu não fiz. Independentemente de como eu estava me sentindo, nunca faria o primeiro movimento novamente. Afinal, fui eu quem o beijou naquela noite. Tecnicamente, ele nunca havia iniciado nada. Estava mais frio do que eu esperava. Previa-se que as temperaturas estivessem mais quentes do lado de fora, mas aparentemente não eram quentes o suficiente para ficar sem uma jaqueta. Eu não usava uma porque não queria estragar o visual que eu tinha trabalhado tão duro para conseguir – você sabe, o visual que eu estupidamente esperava que fizesse Caleb perder o controle. Enquanto esperávamos na plataforma do bonde, ele tirou seu moletom e o colocou em volta dos meus ombros. "Você não precisa fazer isso." “Você está tremendo. Claro que eu faço.”


"Mas agora você vai sentir frio." “Vou comprar algo em um desses estandes de Cambridge. Talvez uma camiseta que diga Harvard, para que as pessoas pensem que eu sou Ivy Leaguer.” Devo contar a ele? "Entrei para Harvard." Ele balançou a cabeça com um sorriso. “Isso não me surpreende nem um pouco. Você é um gênio. Por que você não foi?” “O programa de biologia marinha no Norte foi mais adequado para mim. Além disso, eu não recebi nenhuma ajuda financeira e teria que morar lá. Era muito caro. No final, tomei a decisão mais prática.” "Ainda é impressionante poder dizer que você entrou." Ele puxou os cordões do capuz que eu estava usando agora. “Uma das coisas que eu admiro em você é que você sabe o que quer e não toma decisões apenas porque elas parecem corretas no papel. Você vai com seu instinto e sua paixão. Você sempre soube que queria ser uma bióloga marinha, mesmo que isso não seja uma escolha comum. Eu invejo isso.” Vou com meu instinto. Suas palavras foram irônicas, porque me lembraram o que eu sentia por ele. Ele estava saindo, e não estava certo para mim no papel, mas cada momento que eu estava com ele parecia certo, apesar das probabilidades contra nós.


"Você vai descobrir o que quer fazer," eu disse a ele. "Muitas pessoas mudam de ideia depois da faculdade e muitas não acabam usando seus diplomas para a carreira escolhida." Ele riu. “Você sempre tem um jeito de me fazer sentir melhor quando estou me sentindo uma merda. Como você faz isso?” Eu balancei minha cabeça. “Você não é uma merda. Antes de você vir, eu mal saía do meu quarto. Você me fez querer sair e viver. Eu diria que você é uma boa influência.” “Não posso dizer que já fui chamado de uma boa influência antes. Geralmente é o contrário.” Ele olhou para mim intensamente por um tempo. "Eu preciso de mais tempo aqui," ele sussurrou. "Mas se eu tivesse isso, seria apenas mais difícil de ir embora." Eu entendi isso no meu âmago. O bonde chegou, interrompendo nossa conversa. Não havia assentos e estava bastante lotado, o que fazia sentido, pois era um dia ensolarado. Isso significava que mais pessoas estariam viajando pela cidade para aproveitar o clima agradável. Enquanto estávamos juntos em um canto do bonde, lembreime novamente do meu plano de comprar a colônia dele depois que ele fosse embora e borrifa-la nos meus lençóis. A certa altura, o bonde parou, enviando-me direto para o peito dele. Ele me segurou lá por um momento, colocando a mão firmemente nas minhas costas, por cima da alça do meu sutiã. Aqueles segundos em seus


braços pareceram incríveis. Eu olhei para cima e ele olhou para mim. A tensão sexual entre nós era particularmente alta hoje. Por favor, beije-me. Mas ele não fez. Depois que ele me soltou, mesmo que o momento tivesse passado, a dor do desejo permaneceu no meu peito.

Quando chegamos a Harvard Square, Caleb fez o que havia prometido, comprando um moletom com capuz de Harvard, embora aparentemente não fosse para ele, foi para mim. “Você é quem deveria estar vestindo isso com orgulho. A garota que recusou Harvard. Fodona.” Embora eu tenha apreciado o gesto, relutei em me separar do meu casaco com capuz com cheiro de Caleb atual. Mas quando ele me entregou, coloquei o novo branco e bordô com o logotipo de Harvard. Ele fechou, seus dedos longos e lindos roçando meu peito como choques elétricos. "Parece bom para você," disse ele.


Encontramo-nos com Archie e Angela em um restaurante chinês na Harvard Square. Eu sabia que Archie estava chegando ao fim de sua estadia de três meses em Boston e, dado meu interesse em tais assuntos, fiquei curiosa sobre o que a partida dele poderia significar para eles. Archie e Caleb compartilharam uma Scorpion bowl8 e eu tomei uma Coca-Cola. Angela tomou um copo de vinho branco. Enquanto

esperávamos

nossa

comida,

finalmente

reuni

coragem para perguntar a ela. “Então, eu sei que Archie vai embora em breve. O que vocês dois vão fazer?” Angela escovou os longos cabelos negros para o lado e pareceu encolher os ombros. “Vamos deixar rolar. Não sabemos se vai funcionar à longa distância, mas gostaria de tentar.” Ela olhou para Caleb e de volta para mim. "E vocês dois?" Eu me senti corada. "Oh... Não estamos juntos." Eu olhei para Caleb nervosamente. "Você está de brincadeira?" Ela se virou para Archie. "Eu pensei que você disse que eles estavam namorando." "Não, eu disse que Caleb a queria." Juro que ouvi um som de guinchar. Ela se encolheu. “Desculpe. Vocês são tão fofos juntos. E a maneira como vocês se olham... eu assumi...”

8

Uma bebida típica da cultura Tiki


Eu não tinha certeza se era o álcool subindo para sua cabeça ou o quê, mas em vez de ignorar o comentário dela, Caleb decidiu abordá-la de frente. “Você está certa, Angela. Não escondi meus sentimentos em relação à Teagan. A cada momento que estamos juntos, estou me esforçando mais para não a querer. Mas tomei a decisão de não fazer nada sobre isso, porque vou embora em breve. Ela está ciente disso.” Eu

estava

formulando

minha

resposta

quando

ele

acrescentou: "Mas muitos dias – especialmente hoje – eu sinto vontade de dizer foda-se, porque..." Ele se virou para encontrar meu olhar. "Bem, olhe para ela." Meu corpo inteiro se encheu de calor quando eu olhei em seus olhos, querendo-o. Ela suspirou. “Uau. Sentimentos reprimidos são tão quentes. Eu colocaria meu dinheiro em você perdendo a batalha, Caleb.” Coloquei minha mão embaixo da mesa e encontrei a dele. Ele enlaçou seus dedos com os meus e apertou. Ficamos de mãos dadas pelo resto do tempo no restaurante. Eu não sabia se a admissão de Caleb mudou alguma coisa, mas enquanto caminhávamos pela Harvard Square naquela noite, eu estava meio que atordoada, ainda pensando no que ele havia dito no restaurante.


Era perto das onze horas quando Caleb e eu pegamos o trem e depois mudamos para o bonde que nos levaria para casa. Havia muitos assentos, mas Caleb escolheu ficar no canto, então eu fiquei na frente dele, em vez de me sentar. Nós nos encaramos mais descaradamente do que o normal. Seus olhos pareciam quase doloridos, exibindo o conflito girando em sua mente. "Eu quero te beijar tanto agora," ele finalmente sussurrou. Agarrei a camisa dele quando nos balançamos com o movimento

do

trem.

Quando

olhei

para

ele,

implorei

silenciosamente que ele cedesse à sua necessidade. Ele se inclinou e soltou um suspiro frustrado antes de tomar minha boca com a dele. Agarrando sua camisa para me equilibrar, senti minhas pernas enfraquecerem quando sucumbi aos seus lábios. Nossas línguas colidiram e nossos corpos se pressionaram juntos. Suas mãos estavam enterradas no meu cabelo, o que provavelmente era a única coisa que me impedia de cair como um mingau no chão do Bonde. Suas mãos deixaram meu cabelo e deslizaram pelas minhas costas, pousando na minha bunda. Os músculos entre minhas pernas pulsaram quando senti sua ereção pressionada contra mim através de seu jeans. Eu nunca estive mais excitada na minha vida. Minha calcinha já estava molhada. A maneira como ele trabalhou a língua em volta da minha boca me fez pensar no que mais ele poderia fazer com ela. E isso só me deixou mais molhada.


"Você está me deixando louco, Teagan," ele falou nos meus lábios. Eu empurrei minha boca contra a dele, ansiosa para provar ainda mais dele, se isso fosse possível. O calor de sua respiração, a sensação de seu corpo contra o meu era quase demais para suportar. Meia hora deve ter passado antes de percebermos que perdemos completamente nossa parada. Acabamos no final da linha do bonde, exatamente quando o condutor anunciava que era o último carro da noite. Portanto, não poderíamos nem voltar atrás. "Eu levei as coisas longe demais em mais de uma maneira hoje à noite," disse Caleb com uma risada. Depois que descemos do bonde, eu nem tinha certeza de onde estávamos. Sentamo-nos juntos em um banco do parque próximo e de mãos dadas, olhando para as estrelas. Maura mandou uma mensagem para ter certeza de que eu estava bem, e eu disse a ela que estava segura com Caleb. Ela não perguntou nada mais do que isso. Caleb me notou olhando para o meu telefone. "Era Maura?" “Sim. Eu disse a ela que estava com você e estava a salvo.” Ele balançou a cabeça no céu noturno. "Ela vai me odiar." "Isso não é verdade. Ela ama você." Eu também poderia te amar.


Eu me mudei para montá-lo no banco, e ele se ajustou para que não estivesse mais pressionando em mim. Mas eu ainda podia sentir o quão duro ele estava entre as minhas pernas. Ele enterrou o rosto no meu pescoço e sussurrou sobre a minha pele: "Eu nunca me senti assim por alguém, Teagan." Suas palavras tocaram meu coração. "Nem eu," eu ofeguei, beijando seu pescoço. Ele me empurrou um pouco para trás para poder olhar para mim. “Estou aterrorizado com as próximas semanas. Eu tentei tanto não me apaixonar por você. Mas quanto mais eu tento evitála, pior é.” Eu me afastei dele, optando por me sentar ao lado dele, e coloquei minha cabeça em seu ombro. "Sinto falta de ficar sozinha com você," eu disse. “Estudando com você no meu quarto, bate-papo tarde da noite – tudo porque você está evitando a possibilidade de atravessarmos a linha. Mas, enquanto isso, estamos perdendo um tempo precioso juntos antes de você ir.” Eu me virei para ele e coloquei minhas mãos em seu rosto, trazendo seus olhos para os meus. “Eu não vou quebrar, você sabe. Mesmo se perdermos o controle, eu ficarei bem.” Ele colocou as mãos sobre as minhas, abaixando-as no seu colo. “Como você pode dizer isso? Você é realmente tão forte? Porque eu sei que, porra, não vou ficar bem, Teagan.”


Eu me sinto doente. “Neste ponto, eu já vou ser esmagada quando você sair. Estou apaixonada por você há muito tempo, mesmo quando você estava com Veronica.” "Sim?" Ele sorriu, parecendo um pouco surpreso. "Sim." “Nunca pensei em ficar por ela. Mas para você, eu quero ficar para sempre. Antes de minha mãe me contar sobre a recaída de meu pai, fui à faculdade para ver se havia uma maneira de prolongar minha estadia. Mas eles me disseram que não era possível, que o programa deveria durar apenas um ano. Eles confirmaram que tenho que voltar.” "Eu não sabia que você fez isso." “Bem, mesmo que eles me dissessem que eu poderia ficar, provavelmente teria que voltar agora. Não posso deixar minha mãe para lidar com isso sozinha.” Ele soltou um longo suspiro. "É apenas uma merda." Colocando minha cabeça em seu ombro novamente, eu disse: "Sim." “Eu quero ficar aqui. Por favor, entenda isso.” "Eu sei," eu sussurrei. “Eu não quero mais ficar longe de você. Mas não podemos dormir juntos. Tudo bem? Eu tenho que desenhar uma linha em algum lugar. Mas eu cansei de evitar você. Quero passar todo o


tempo livre que me resta com você. E quero beijar você em todas as chances que tiver.” Eu olhei para ele e sorri. "É um acordo." Caímos em outro beijo naquele banco do parque e ficamos lá por pelo menos uma hora. Finalmente ligamos para um Uber para nos levar para casa. Eu não entendia completamente que diferença faria se tivéssemos relações sexuais a essa altura. Meu coração já estava tão fundo que estava partindo. Não importava se Caleb estivesse fisicamente dentro de mim. Ele já estava dentro do meu coração e alma.


Todo dia eu me sentia mais apegado à Teagan, e mesmo que estivéssemos gastando cada momento que pudéssemos encontrar, beijando e tocando, eu não tinha ousado me aventurar abaixo da cintura. Havia muita coisa que poderíamos fazer no quarto dela de qualquer maneira com a família lá em cima. Consequentemente, meu pau estava tão duro na maioria das vezes que eu tinha certeza de que iria entrar em combustão. Eu tinha que suportar e continuava me convencendo de que estava fazendo a coisa certa, mas a cada momento que passávamos juntos, parar parecia cada vez menos natural. Eu passava mais horas no restaurante, mas hoje eu tive uma rara noite de sexta-feira de folga. E eu realmente queria gastá-lo com Teagan. Ela normalmente voltava do estágio por volta das cinco e meia nas noites de sexta-feira. Eram cinco e quarenta e cinco, então desci para o quarto dela. Estava vazio, então eu me deitei na cama dela e liguei para ela. "Ei," ela respondeu.


"Onde você está?" “Eu tenho que ficar até tarde esta noite – até as sete. Eu tenho que ajudar a limpar alguns tanques.” "Só você ficaria animada em limpar a merda dos peixes." "Eu nunca disse que isso me excita, mas você me conhece tão bem." "De fato eu faço." Suspirei, imaginando o jeito que ela provavelmente estava sorrindo agora. “Então você volta por volta das sete e meia? Sinto falta do seu rosto.” "Sim, mais algumas horas." "Merda. Bem. Acho que posso esperar aqui em sua cama.” "Você está no meu quarto?" "Sim. É como eu soube que você não estava aqui.” "Não vá fuçar nas minhas gavetas ou qualquer coisa." “Bem, agora que você disse isso, me deixou curioso. Por favor, diga-me que você tem um vibrador ou pornô aqui em algum lugar.” “De que outra forma você acha que eu lido com a minha constante frustração sexual reprimida? Tem que ser liberada de alguma forma.” Cristo. Eu não estava falando sério, mas agora eu poderia andar duro a noite toda.


"Eu tenho que ir," disse ela. "Você não pode simplesmente dizer algo assim e desligar." Eu ri. "Adeus, Caleb."

Inquieto

e

pensando

em

nada

além

de

Teagan

se

masturbando, não tinha vontade de esperar que ela voltasse para casa. Então eu peguei o trem para o aquário para surpreendê-la. Imaginei que talvez pudéssemos comer algo no centro depois do seu turno. Quando entrei no prédio, fiquei surpreso ao vê-la parada no balcão da loja de presentes. Um cara que eu assumi que fosse Jacob, o cara que a levou uma vez para sair, inclinou-se para ela, chegando muito perto para o meu conforto. Uma onda de adrenalina percorreu minhas veias, embora ela estivesse apenas conversando com ele. Num piscar de olhos, vi o futuro em que eu não estaria por perto para Teagan, um futuro em que ela namoraria outros caras, apaixonar-se-ia e faria muito sexo – não comigo. Eu não conseguia controlar nada disso de um oceano distante.


Ela ainda não tinha me visto. Talvez eu devesse me virar e ir para casa. Mas isso não parecia certo. O que parecia certo foi interrompido. "Você está fazendo hora extra não remunerada?" Eu perguntei quando me aproximei. Teagan se virou ao som da minha voz. "Caleb." O sorriso em seu rosto tirou muito do meu desconforto. Ela parecia feliz em me ver. "Oi," eu disse, mudando para encarar Jacob. "Jacob, este é Caleb." "Ei," disse ele, parecendo que eu tinha arruinado o seu negócio. Talvez eu tenha estragado isso para ele. De qualquer maneira, foi um prazer. "Oi," eu murmurei antes de voltar para ela. "Você terminou?" "Sim. Terminou mais cedo. Deixe-me pegar minhas coisas.” Enquanto eu esperava por ela, Jacob e eu nos entreolhamos. Isso alimentou as chamas do meu ciúme. Quando Teagan se juntou a mim, peguei a mão dela e dei a Jacob um olhar convencido antes de sairmos. Não foi o meu momento mais maduro, mas eu não estava pensando claramente.


Esperei até que estivéssemos do lado de fora para fazer o que realmente queria. Apoiei Teagan contra a parede do prédio e devorei sua boca, empurrando minha língua para dentro de maneira não tão graciosa, mais possessiva. Ela não questionou, no entanto. Em vez disso, ela se abriu e me deixou ter o caminho com ela. Ela puxou meu cabelo e gemeu na minha boca. E agora, finalmente, eu tinha o que precisava para acalmar meus malditos nervos. Depois de alguns minutos, eu relutantemente me afastei. Ela cobriu a boca. "Para o que foi aquilo?" Eu cerrei os dentes. "Isso foi eu sendo ciumento como o inferno." "Você sabe que eu não gosto de Jacob." “Não é realmente ele que está me incomodando – mais a ideia dele, futuros caras dos quais não poderei protegê-la, porque não estarei aqui.” Fechei os olhos na tentativa de me orientar. “Você merece o mundo, Teagan. Alguém que aprecia o quão incrivelmente inteligente, engraçada, espirituosa e carinhosa você é. Você vai fazer alguém tão feliz algum dia.” Eu não esperava dizer isso, e não gostei do gosto amargo que essas palavras deixaram em mim. Não era natural dizê-las, porque eu não a queria com mais ninguém. Eu a queria comigo. Seus olhos brilhavam com lágrimas e ela ecoou exatamente o que eu estava sentindo por dentro. “Não quero mais ninguém. Eu quero você.”


O que eu deveria dizer sobre isso? Desculpe? Você não pode me ter? Eu a queria tanto agora, em todos os sentidos. "Eu só queria que pudéssemos ir a algum lugar agora," disse ela. Eu tirei um cabelo do rosto dela. "Algum lugar?" “Em algum lugar longe de todos. Em algum lugar que poderíamos ficar sozinhos.” Meu coração batia mais rápido a cada segundo, porque eu sabia que estava me preparando para dar a ela o que ela queria. “Se estivéssemos totalmente sozinhos, isso seria muito ruim. Você sabe disso, certo?” "Sim, eu sei," ela respondeu imediatamente. A fome sexual bruta em seus olhos provavelmente espelhava a minha. Às vezes, tratava Teagan como uma garota inocente quando ela era muito mulher – pelo menos, naquele momento, ela parecia ser. Ela precisava de mim tanto quanto eu precisava dela. Puxando-a pelos cabelos suavemente em minha direção, eu rosnei sobre seus lábios. “Você quer isso, não é? Você quer que eu perca o controle.” Os sons da cidade desapareceram. "Sim. Muitíssimo." Teagan tremeu.


Esfreguei minhas mãos sobre seus braços. “Jesus. Você está tremendo.” “Você está com tanto medo de me tocar, Caleb. Estou com medo de nunca saber como é estar com você, que sempre vou me perguntar. Estamos ficando sem

tempo e

não consigo me

concentrar em mais nada. Sinto como se estivesse ficando louca.” Tomando o rosto dela em minhas mãos, eu trouxe sua boca à minha novamente quando meu coração bateu contra o meu peito. Quando nossas línguas colidiram, eu sabia que finalmente cheguei ao meu ponto de ruptura. Pela primeira vez desde que eu desenvolvi sentimentos por ela, deixar ir era a única escolha. Quando soltei seus lábios, peguei sua mão. "Vamos." "Onde estamos indo?" "Você verá," eu disse. Ela me seguiu pela rua, nosso ritmo apressado. Foi apenas uma curta caminhada até o Marriott Long Wharf Hotel. Quando chegamos, empurrei as portas giratórias em uma névoa. Meu coração bateu no peito quando nos aproximamos da recepção. Meus ouvidos batiam junto com ele. "Você tem um quarto disponível?" Agora era para o destino decidir. Se eles não tivessem um quarto, isso seria um sinal do universo de que tudo isso era um erro.


O funcionário clicou em algumas teclas. "Apenas uma noite?" Thump. Thump. Thump. Essa era minha cabeça ou meus ouvidos? Eu limpei minha garganta. "Sim. Uma noite." "Uma cama ou duas?" Eu olhei para Teagan. "Uma." Quando ela sorriu para mim, eu me acalmei um pouco. Ele bateu mais um pouco no computador e depois olhou para cima. "Cartão e identificação, por favor." Está acontecendo. Apertei a mão de Teagan, ainda incapaz de acreditar no quão imprudentes estávamos sendo agora. Como a vida era. Em um momento, eu estava pegando Teagan para talvez um jantar rápido ou um filme, e no próximo estávamos prestes a ir para um quarto de

hotel

e

transar.

Parecia

terrivelmente

errado

mas

estranhamente certo ao mesmo tempo. Não havia como voltar agora. "Aqui está, senhor." Ele me entregou um cartão-chave e falou sobre uma senha de WiFi e outras coisas que estavam entrando completamente em um ouvido e saindo pelo outro. Quem poderia se


concentrar em informações sem sentido em um momento como este? "Obrigado," eu disse enquanto nos afastávamos. Meu sangue vibrou no meu corpo. Você pensaria que eu estava prestes a mergulhar em um trampolim nas Olimpíadas. Jesus. Por que eu estava tão nervoso? Eu já fiz sexo várias vezes. Mas nunca tinha importado da maneira que parecia importar agora. Nunca tinha importado antes. Teagan me seguiu até o elevador, que estava vazio. Quando as portas se fecharam e estávamos sozinhos, eu sussurrei em seu ouvido. "Você tem certeza de que quer fazer isso?" Tão nervoso quanto eu estava, implorei silenciosamente que ela dissesse sim. Ela me olhou diretamente nos olhos. "Tenho certeza, Caleb." Apertei sua mão. Bem, parece que finalmente perdemos o controle. Mas pelo menos nós tínhamos perdido isso juntos. Eu sempre carregava dois preservativos na minha carteira. Eu nunca tive que usá-los tão inesperadamente, mas agradeci a Deus por tê-los comigo agora. Quando as portas do elevador se abriram no nosso andar, Teagan pegou minha mão enquanto descíamos o corredor. Duas


crianças enroladas em toalhas passaram por nós, voltando da piscina. O tapete laranja brilhante com desenhos azuis quase parecia psicodélico no meu nevoeiro contínuo. Talvez todos os meus sentidos elevados estivessem causando uma distorção. Pressionei o cartão chave na porta e a abri. Teagan estava tão perto, praticamente presa nas minhas costas quando entramos. A pesada porta do hotel trancou-se atrás de nós. Então, tudo aconteceu em rápida sucessão. Caímos juntos na cama, uma confusão de hormônios que deu errado. Nunca estive mais excitado em toda a minha vida, eu estava tão duro que pensei que poderia explodir no meu jeans. "Faça o que você quiser comigo..." Ela falou nos meus lábios. "Só não pare." A necessidade bruta em sua voz me levou ainda mais a um frenesi. Teagan estava em cima de mim enquanto eu trabalhava para puxar a blusa dela por cima da cabeça, o que não é tarefa fácil quando duas pessoas se recusam a quebrar o beijo por um milissegundo. Minha língua estava tão profunda em sua garganta, eu esperava não estar sufocando-a. Teagan estava moendo sua boceta sobre meu pau com tanta força que eu fiquei com medo de gozar só por esse atrito. Eu precisava estar dentro dela antes que isso acontecesse. Levantando sua blusa, eu não queria nada mais do que sentir seus belos seios pressionados contra a minha pele nua. Seus olhos


caíram no meu peito, e eu amei o jeito que ela olhou para mim, como se quisesse me devorar. Soltando o sutiã, joguei-o pelo quarto. Então eu desabotoei suas calças. Eu usei meus pés para deslizá-las para baixo antes de arrancar sua calcinha. Ela estava encharcada. “Você está tão molhada,” eu murmurei. "Eu mal posso esperar para sentir essa linda boceta em volta do meu pau." Eu precisava colocar a camisinha antes de ser tentado a deslizar dentro dela sem nada. Alcançando o bolso de trás, tirei os pacotes de preservativos antes de soltar o cinto e jogá-lo de lado. Tirei minha calça e deslizei minha boxer para baixo. Meu pau balançou para frente, e a próxima coisa que eu soube, eu podia sentir sua boceta molhada sobre o meu eixo latejante. Rasguei o pacote de camisinha com os dentes. Comecei a rolá-lo sobre meu pau, mas Teagan terminou o trabalho, deslizando seus dedinhos pelo meu eixo. Era surreal senti-la me tocando. "Eu preciso de você, Teagan." "Por favor," ela ofegou antes de me montar. Alguém gosta disso por cima. Em segundos, eu empurrei profundamente dentro dela, sua boceta tão quente e molhada – acolhedora. Ela se inclinou para me


beijar, e nós continuamos presos nos lábios um do outro quando eu comecei a fodê-la. Eu não pretendia ser tão agressivo, mas não conseguia controlar meu ritmo quando me sentia tão bem. E ela não parecia se importar. Alguém me acorda desse sonho em que Teagan está em cima de mim enquanto eu estou dentro dela. Então ela interrompeu o beijo, passando para a posição vertical. Ela começou a me montar. Teagan está me montando. Ela me montou como se não houvesse amanhã, enquanto seus lindos seios cheios balançavam. Eu poderia ter morrido neste momento e estava perfeitamente bem. Ela estava completamente desinibida, o oposto do que eu esperava com base em sua falta de experiência. Eu olhei para ela enquanto ela empurrava seus quadris, e era quase impossível me impedir de gozar. Por algum milagre, eu fui capaz de controlá-lo. "Você é tão bonita," murmurei, olhando-a com reverência. Eu, porra, amava-a no comando. Provavelmente foi, de fato, a melhor coisa que já me aconteceu. Não, foi definitivamente a melhor coisa que já me aconteceu. Ela acelerou seus movimentos, e eu quase gozei. “Porra, Teagan. Calma, baby.” Minhas mãos foram para cada lado dela, tentando diminuir o ritmo para que eu não gozasse antes dela. Então a coisa mais incrível aconteceu. Os olhos de Teagan começaram a rolar para trás quase no mesmo momento em que pude sentir os músculos entre


as pernas dela apertarem em volta do meu pau. Eu podia sentir o orgasmo dela em mim. Era tão intenso que não havia dúvida do que estava acontecendo. E eu simultaneamente me deixei ir, gozando com tanta força no preservativo que me perguntei se a borracha poderia conter tudo. Quando Teagan entrou em colapso em mim, sua respiração estava irregular. Nós dois estávamos completamente sem fôlego. "Eu não posso acreditar que isso aconteceu," disse ela contra o meu pescoço. Eu a puxei contra mim. "Você é tão linda quando goza, Teagan." “Eu nunca gozei assim. Foi incrível.” Ouvir isso absolutamente me emocionou. Apertei sua bunda grande possessivamente. "Para alguém que evitou sexo, você definitivamente parece saber o que está fazendo, amor." "Você é a primeira pessoa que já me fez querer deixar ir assim." Eu segurei seu rosto. "Obrigado por confiar em mim o suficiente para deixar ir." Depois que eu saí cuidadosamente dela, levantei-me para descartar a camisinha. Eu tomei um momento para olhar para o seu belo corpo nu espalhado na cama enquanto ela esperava que eu


voltasse. Seus longos cabelos praticamente cobriam metade dela. Ela parecia uma obra de arte exibida no melhor museu – maravilhosamente cheio de curvas, elegante. "Você é surpreendentemente linda nua." Seus olhos vagaram pelo meu corpo, imediatamente me deixando duro novamente. “Você é tão sexy, Caleb. Eu sempre quis você. Eu sonhei com esse corpo. Eu me sinto tão feliz agora.” E com isso, meu pau estava oficialmente pronto novamente. Eu me arrastei até ela e beijei seus lábios. "E agora? Diga-me o que você quer." "Eu quero você de novo," disse ela corando. "Desta vez eu quero você debaixo de mim." De quatro, eu a prendi embaixo de mim enquanto posicionava minha ereção. Fodemos várias vezes naquele quarto de hotel. A certa altura, tive que correr para o balcão da portaria no térreo, que felizmente vendia preservativos. Pedimos serviço de quarto e conversamos a noite toda – sobre nossos medos e sonhos, misturados com um pouco de bobagem. Eu sempre me senti perto de Teagan, mas agora ela se infiltrou em minha alma de uma maneira que era irreversível.


Foi o pior momento possível para ele me enviar uma mensagem.

Caleb: Eu quero comer sua boceta novamente. Caleb: Eu quero comer sua boceta novamente. Caleb: Eu quero comer sua boceta novamente.

Os textos não paravam de chegar. A parte horrível? Eu estava na igreja com meus pais e Shelley. Era Páscoa, a única vez que eu vinha com eles. O telefone de Caleb estava fazendo aquela coisa onde ele enviava o mesmo texto repetidamente, mesmo que ele tivesse enviado apenas uma vez. Graças a Deus eu tinha protegido a tela quando chequei pela primeira vez. Dado onde eu estava, eu senti que deveria ter acendido em chamas ou algo assim. Depois de nossa noite no hotel na cidade, Caleb e eu continuamos a fazer sexo, embora mais silenciosamente por causa


da necessidade de nos esgueirarmos pelo meu quarto. Fazia algumas semanas agora. Nós dois decidimos que era melhor aproveitar o tempo que nos restava, em vez de nos afastarmos um do outro. E nós estávamos viciados. Eu sabia que as chances de me machucar eram muito maiores dessa maneira, mas eu gostava muito dele para parar. Nós gostamos um do outro. Foi o mais feliz que eu já estive na minha vida. Caleb entrava furtivamente no meu quarto quase todas as noites e voltava para o quarto dele antes que alguém acordasse de manhã. Havia uma chance de sermos pegos, mas eu não tinha certeza de que meus pais se importariam se soubessem – melhor Caleb do que alguém que eles não conheciam e não confiavam. Não é como se eu não estivesse fazendo sexo se estivesse morando no dormitório. Mas isso era muito mais que sexo.

Caleb lentamente saiu de mim. No segundo em que eu não o sentia mais, uma frieza tomou conta de mim. De repente, senti as últimas semanas desabando sobre nós, enquanto estávamos deitados na minha cama naquela noite.


Ele deve ter visto que eu estava saindo da minha névoa. Ele me puxou em sua direção e sussurrou sobre meus lábios. "Fale comigo, Teagan." Olhando nos olhos dele, balancei minha cabeça. "Eu só... Não sei o que estamos fazendo." Ele assentiu, como se isso não fosse surpresa para ele. "Você está começando a se arrepender." "Arrepender não é a palavra certa." Caleb balançou a cabeça. "Eu sabia que isso poderia acontecer. Não foi o suficiente para impedir que ficássemos juntos, mas eu sabia que a realidade se instalaria. Era inevitável.” “Você tem pouco mais de um mês. Eu pensei que poderia fazer isso com você até o fim, mas sinto que estou me aprofundando demais. Talvez seja hora de parar.” Ele parecia magoado. “Não quero deixar você, Teagan. Espero que você perceba isso.” "Eu sei que você não." Eu considerei uma proposta de última hora que eu sabia que provavelmente me arrependeria. Saiu antes que eu pudesse mudar de ideia sobre a proposta. "Ainda não há como você ficar, certo?" Caleb enterrou o rosto na dobra do meu pescoço e falou sobre a minha pele. “Eu quero... Tanto. Eu só me preocupo com minha mãe. Suponho que poderia desistir e encontrar uma maneira de


obter um visto de trabalho ou algo assim – ou talvez tentar me inscrever em outro programa em outro lugar. Mas não tenho certeza absoluta de que posso fazer isso, ou que seria capaz de fazer isso acontecer a tempo.” O fato de ele estar pensando em ficar me encheu com o que provavelmente era uma falsa esperança. "Temos outras opções?" "Eu deveria ter a resposta, mas não tenho," disse ele. "Eu simplesmente não consigo imaginar nunca mais te ver," eu chorei. "Às vezes sinto que preciso fazer algo drástico para não termos que nos separar, mas..." Suas palavras sumiram. Meu coração bateu mais rápido enquanto eu continuei sua declaração por ele. "Mas?" "Quanto mais eu penso sobre isso, mais inseguro fico que... Estar comigo seria a melhor decisão para você agora." Meu estômago se encheu de pavor. "A decisão certa para mim?" Ele colocou a mão do meu lado e apertou. “Você é tão jovem, Teagan. Nós dois somos. E se virarmos nossas vidas de cabeça para baixo e descobrirmos que foi um erro?” O que eu estava pensando? Eu realmente me arrependi de ter proposto que ele ficasse. Caleb não voltar para a Inglaterra era uma fantasia. Ele tinha


muita responsabilidade em casa e nós dois precisávamos terminar a faculdade. Isso sempre foi claro para mim. Acabara de ficar nublado pelos meus sentimentos crescentes. “Isso não precisa ser o fim para nós, Teagan. Precisamos leválo um dia de cada vez. Talvez você possa fazer uma viagem à Inglaterra ou eu possa voltar e visitar.” Visitar? O pensamento de apenas vê-lo para visitas curtas parecia miserável. Já era difícil o suficiente quando ele simplesmente voltava para casa tarde do restaurante. Eu sabia no fundo que nunca poderia lidar com um relacionamento de longa distância. Eu não queria colocar esse fardo em nenhum de nós. Isso é péssimo. "Se duas pessoas estão destinadas a ficarem juntas, elas encontram uma maneira de ficar juntas," disse ele. “Mesmo que não imediatamente. Mas não acho prudente que nenhum de nós faça promessas.” Eu senti meu coração partir. Ele não parecia confiante de que iríamos dar certo. Eu sabia que precisava tomar uma decisão madura antes de me machucar. "Talvez precisemos diminuir isso agora, então." Ele engoliu em seco. "Você quer dizer, parar de dormir juntos?" "Tudo."


Enquanto ele parecia desapontado, Caleb assentiu. "Se você acha que é melhor." “Não é o que eu quero, Caleb. Mas estamos em um beco sem saída. Se você sabe que não há chance de você ficar por aqui, devemos começar a nos afastar um do outro.” "Porra." Ele se virou para encarar o teto. “Isso soa doloroso. Mas entendi. Eu nunca quis te machucar, e eu tenho medo que eu já tenha. Então, se eu posso evitar causar mais danos, é o que preciso fazer.” Eu virei o rosto dele para o meu. “Eu não quero que você pense que eu vou me arrepender de ter experimentado tudo com você. Eu absolutamente não vou. Teria me assombrado se não tivéssemos esse tempo juntos.” "Eu precisava ouvir isso." Ele se inclinou para beijar a nuca do meu pescoço. "Este último mês vai ser difícil." “Vamos levá-lo dia após dia, ok? Tentaremos passar por isso sem machucar um ao outro.” Sua voz estava tensa. "Eu não quero nunca machucar você." Eu forcei um sorriso patético. "Eu sei." A sobrancelha de Caleb se levantou. "Suponho que isso significa que vou para o meu quarto." Eu assenti tristemente. "Sim. Eu acho que é melhor se você for.”


Caleb roubou um beijo casto final antes de se levantar da cama. Mesmo que meu coração estivesse partido, eu sabia que isso estava certo. Depois que ele saiu, eu não consegui dormir. Eu estava devastada.

Maura me pegou na cozinha depois que subi para tomar café na manhã seguinte. "Você tem um segundo?" Abrindo a geladeira, eu disse: “Claro. E aí?" “Eu estava pensando em planejar algo para a despedida do Caleb. Talvez uma festa ou um jantar fora? O que você acha?” Fiz uma pausa no caminho para a caixa de leite. Algo sobre a palavra adeus me atingiu com força. Eu sabia que ele estava saindo, é claro, mas ouvir essa palavra real me fez chorar. Eu só queria que isso não tivesse acontecido na frente de Maura. Ela já vinha me observando, e agora não havia como negar o que estava acontecendo. Eu limpei meus olhos. "Tanto faz."


"Teagan, eu sei que você está dormindo com ele." Fechei os olhos e continuei a limpar o rosto. "Eu o ouço saindo do seu quarto de manhã cedo, quando ele pensa que estamos dormindo." Não sei por que senti vontade de ser sincera de repente. Talvez porque não fazia sentido negar algo tão óbvio. Mas eu também precisava divulgar para alguém. “Nós não estamos... Fazendo mais isso. Decidimos parar, para que nenhum de nós se machuque mais do que precisamos quando ele sair.” "Vocês se importam um com o outro." Ela sorriu com simpatia. "Eu sempre soube disso." “Eu me importo com ele. Muito. Mas estamos tentando ser maduros. Ele tem que voltar para a Inglaterra. Esse é o fim da história.” Ela se sentou e apontou para a cadeira na frente dela. Por mais que eu realmente não quisesse, sentei-me. "Eu sei que ele não quer voltar," disse ela. “Ele não quer, mas isso não vai mudar nada. Ele precisa. As coisas não estão ótimas em casa. A mãe dele precisa dele, e ele têm motivos para se sentir responsável.” De jeito nenhum eu violaria a confiança de Caleb, contando a ela sobre sua vida em casa. Mas eu queria que ela entendesse.


"Eu sempre suspeitei que houvesse algo na casa dele que não estava certo." “De qualquer forma, não pretendo deixar de lado sua ideia sobre uma festa de despedida. Só não sei se consigo lidar com isso.” Ela olhou para a mesa. “Talvez seu pai e eu o levemos para um bom jantar. Dessa forma, pode ser discreto e você pode decidir se deseja vir. Nenhuma grande festa de despedida.” Havia aquela palavra novamente. Despedida. Cortou como uma faca. Eu balancei a cabeça, mas duvidava que eu fosse capaz de participar de qualquer tipo de evento que comemorasse sua partida. "Você sabe..." ela disse. “Quando eu tinha mais ou menos a sua idade, antes de conhecer seu pai, eu tive um namorado que precisava se mudar para o exterior para um emprego. O nome dele era Alvin.” "Nome interessante." "Sim. Ele também era um cara interessante”. Ela sorriu. “De qualquer forma, tentamos fazê-lo funcionar, mas acabou se tornando muito difícil. Foi difícil perdê-lo. Lembro-me de sentir como se ele tivesse escolhido o emprego em vez de mim e, em última análise, esse ressentimento foi o que nos levou a terminar.” Ela suspirou. "Ele foi meu primeiro amor, então eu posso entender com o que você deve estar sentindo."


Eu queria estar irritada com Maura agora por bisbilhotar, mas suas palavras tiveram um efeito calmante. Seu relacionamento com esse cara havia terminado e, eventualmente, ela conheceu meu pai, por quem eu sabia que ela estava apaixonada. Não precisa ser o fim do mundo quando um relacionamento termina. "Obrigada por compartilhar isso comigo." Ainda assim, eu me recusei a me abrir mais.

Meus

sentimentos eram tão crus. Eu me apaixonei por Caleb e não pude deixar de sentir que sua partida foi um abandono, mesmo que isso não fosse justo e eu soubesse melhor.

Caleb: Esse negócio de ficar longe é muito difícil. (E eu também.)

Caleb e eu estávamos fazendo um ótimo trabalho nos distanciando. Então, eu não tinha certeza de como responder ao seu texto aleatório sem dizer a ele como eu estava triste. Eu escolhi não responder nada. Então ele mandou uma mensagem novamente.


Caleb: Eu sinto sua falta, Teagan. Nem responda, está bem? Eu sei que isso não está ajudando. Mas estou me sentindo muito fraco agora, porque estou aqui em cima e não posso te ver, te tocar, te beijar, estar dentro de você. Então, como não posso fazer essas coisas, aqui estou enviando uma mensagem para você. Que eu odeio. Porque eu não consigo parar de pensar em você. Se você pode tirar algo do nosso tempo juntos, quero que saiba disso: você, Teagan Carroll, é a pessoa mais inteligente, engraçada e única que já conheci. As semanas em que deixamos de lado nossos medos e nos permitimos experimentar um ao outro ao máximo foram as melhores semanas da minha vida. Quero que você saiba o quanto significa que você se entregou a mim. Me desculpe que eu tenho que ir embora. Você não tem ideia de quanto.

O texto dele machucou meu coração. Porque por mais bonitas que fossem suas palavras, elas não mudaram o fato de que ele estava saindo. Quanto mais minutos se passavam, porém, mais antinatural era não devolver seus sentimentos, então eu cedi. Eu larguei tudo. As comportas se abriram.

Teagan: Essa é a parte em que eu fico brava com você por escrever seus sentimentos ao invés de falar comigo quando estou aqui embaixo? Você não me disse para nunca fazer isso? (Brincadeira.) Estou feliz que você não veio aqui, porque eu não seria capaz de me controlar. E nós sabemos como isso teria terminado.


Não sei o que dizer para suas amáveis palavras, exceto que o prazer de conhecê-lo e experimentar estar com você foi todo meu. Não me arrependo de nada, Caleb. Nada.

Alguns minutos depois, ele enviou mais uma mensagem de texto.

Caleb: <3 <3 <3


Meus últimos dias passaram em um borrão. Muito rápido. Com apenas mais três noites, os Carrolls deveriam me levar para jantar. Eu sabia que Teagan estava trabalhando até tarde no aquário e não planejava se juntar a nós. E eu estava bem com isso. Ou, pelo menos, eu disse a mim mesmo que estava. Porque eu sabia que seria difícil para ela. Cerca de uma hora antes de sairmos para o restaurante, Maura me pegou olhando fixamente pela janela da sala. Ela veio atrás de mim. "Como você está indo?" Eu me virei e forcei um sorriso, certo de que ela podia ver através de mim. Então eu apenas admiti a verdade. "Nada bem." Maura colocou a mão no meu braço. “Eu sinto muito. Eu sei. Sua partida será difícil para todos nós. Eu realmente gostaria que houvesse uma maneira de você ficar.” Lorne correu para a loja com Shelley, e eu sempre fui tentado a me abrir com Maura sobre o meu passado. Parecíamos estar em


casa sozinhos no momento, então talvez agora fosse uma boa hora para fazer isso. Provavelmente seria minha última chance. Preparando-me para as emoções que eu sabia que se seguiriam, eu disse: "Não falo sobre isso com muita frequência, e presumo que Teagan nunca tenha lhe contado como minha irmã morreu?" "Não," ela respondeu, com o rosto gentil. “Ela nunca diria nada se você dissesse a ela para não mencionar. Ela é muito protetora para você.” Fomos para o sofá e nos sentamos em frente um do outro. Com a cabeça nas mãos metade do tempo, passei vários minutos contando à Maura o que havia acontecido com minha irmã e como isso se referia ao meu relacionamento com meu pai. "Isso explica muito," disse ela, colocando a mão no meu joelho. "Entendo melhor agora por que você não quer voltar para casa, mas também por que sente que precisa." "Durante toda a minha vida, senti uma dívida com minha família pelo que fiz." Os olhos de Maura estavam úmidos. “Sinto muito, Caleb. É devastador ouvir isso.” Soltei um suspiro exasperado. "Enfim, eu apenas... Acho que estou lhe dizendo, porque preciso que você saiba o quanto isso significa me sentir amado e respeitado aqui."


Maura enxugou os olhos. "Nada do que você me disse muda o que sinto por você – nem um pouco." "Você soa como Teagan." “Bem, ela se importa muito com você. E você também se importa com ela, não é?” "Eu a amo." Essas palavras saíram tão facilmente, sem sequer pensar nelas. Eu senti essas palavras tentando explodir de mim por muito tempo. Maura parecia atordoada. Mas era a verdade. Eu me apaixonei por Teagan. "Por favor, não diga a ela que eu disse isso," acrescentei. “Isso só vai piorar a partida. Eu não disse essas palavras para ela porque, por mais que sejam verdadeiras, não sinto que sou a pessoa certa para ela neste momento. Tenho muitos problemas que preciso resolver dentro de mim e da minha família. Eu já tenho muita bagagem agora.” “Tenho certeza de que ela tem sentimentos fortes por você. Uma coisa a ter em mente, quando alguém te ama, leva cada parte de você, bagagem e tudo.” Eu lutei em aceitar sua declaração. “Mas também sinto que às vezes uma pessoa precisa respeitar a pessoa com quem se importa o suficiente para deixá-la ir, para não a trazer ao sofrimento. Eu


preciso trabalhar muito antes que eu possa ser a pessoa que Teagan merece.” Eu olhei pela janela. “Ela é incrivelmente inteligente, especial e única em todos os aspectos. Teagan precisa de alguém com suas coisas juntos. E ainda não sou essa pessoa, Maura.” "Eu realmente espero que as coisas te surpreendam quando você chegar em casa," disse ela depois de um momento. Eu sabia melhor. As coisas em casa seriam tão ruins quanto sempre foram, talvez até piores. "Obrigado por ouvir," eu disse. “A qualquer momento. E espero que você volte e nos visite. Sempre haverá um lugar para você nesta família.”

Pouco tempo depois, Lorne, Maura, Shelley e eu nos empilhamos no Subaru e dirigimos até o jantar. O restaurante Harbourside, no centro, era o mais elegante possível. Havia tanques de peixes por toda parte, e cheirava a frutos do mar – frutos do mar frescos, mas, no entanto, era picante. O restaurante tinha vista para o porto de Boston.


Eu usava as calças mais bonitas que possuía, mas ainda me sentia mal vestido. Eu pedi a lagosta porque, bem, quando se está em Roma... Shelley, que não era uma grande amante de frutos do mar, pediu bife, enquanto Lorne e Maura pediram o alabote recheado. A comida ainda não havia chegado, e eu estava passando manteiga em um pedaço de pão, quando olhei para cima e a vi parada ali. Ela parecia corada, mas linda. Absolutamente linda. Teagan. "Você veio!" Shelley gritou. Teagan deu um sorriso trêmulo. "Sim, eu não poderia faltar." Nós olhamos nos olhos um do outro e senti meu coração apertar. O fato de ela aparecer, mesmo sabendo que era doloroso para ela, significava muito para mim. Talvez eu não tenha percebido o quanto até que aconteceu. Teagan assumiu a cadeira ao meu lado. Era como se tivéssemos guardando para ela, mesmo que estivesse claro pelo olhar de todo mundo que ninguém esperava que ela aparecesse. "É bom que tenha conseguido vir, querida," disse Lorne. Ela olhou para mim. "Trouxe uma muda de roupa para o aquário para o caso de conseguir sair a tempo."


Maura sinalizou para a garçonete trazer um cardápio para Teagan. Assim como ela fez quando fomos jantar no North End, ela pediu a cavala, que eu achei louco, porque mais uma vez era isso que os golfinhos comem. "Minha golfinha," eu murmurei. Ela sorriu e estendeu a mão por baixo da mesa para pegar minha mão. Liguei meus dedos com os dela. Era tão incrivelmente bom tocá-la novamente depois de vários dias de distância — doloroso, mas bom. Quando a comida chegou, fomos forçados a nos soltar. Suponho que teria sido difícil separar uma lagosta com uma mão só, mas eu estava disposto a tentar. Durante a refeição, todo mundo comeu em silêncio. Então, enquanto esperava a sobremesa, Lorne perguntou: "Então, pode haver até uma pequena parte de você feliz em voltar para casa, Caleb?" Dei de ombros. “Sinto falta da minha mãe. Vai ser bom vê-la. E eu sei que ela está ansiosa para me receber de volta. Mas não sinto falta de casa e não estou ansioso para voltar.” "Qual tem sido sua parte favorita de Boston?" Shelley perguntou. Essa seria sua irmã. “Essa é uma pergunta difícil, porque tem havido muitas coisas. Mas vocês definitivamente foram a melhor


parte do meu tempo aqui. Seus jantares em família, sua hospitalidade geral – não esquecerei nada disso.” Para meu choque total, Shelley começou a chorar. Levantei-me da cadeira e dei-lhe um abraço. Ela era uma garota tão doce, e eu realmente a amava. Aparentemente, ela também me amava. Teagan parecia que estava segurando lágrimas. Felizmente, a sobremesa chegou naquele momento. Depois que saímos do restaurante, todos passeamos pelo rio Charles. Eu mal podia acreditar que estava a poucos dias de deixar minha nova família para trás.

Na noite seguinte, com mais duas noites sobrando, decidi me certificar de que estava tudo empacotado. Eu não pensei que teria energia mental para lidar com a organização de última hora no meu último dia, então eu precisava arrumar tudo antes disso. Eu queria uma memória que me lembrasse de Teagan, então peguei o livro Dez Segredos dela e coloquei na minha mala. Eu não tinha trazido muito comigo, mas estava voltando com uma mala extra, cheia de coisas que havia comprado aqui. O aparelho de fazer


s’mores que Teagan havia me comprado para o Natal também foi embalado com segurança. Eu sabia que Teagan estava em casa hoje à noite e não queria nada além de sair com ela, mas estava aterrorizado com o que aconteceria se o fizéssemos – que poderíamos desfazer qualquer progresso que pudéssemos ter feito, evitando um ao outro recentemente. Então a ideia perfeita me atingiu, uma maneira de estarmos juntos em um ambiente menos íntimo. Meia hora depois, depois de voltar da loja, aventurei-me ao quarto de Teagan, parando antes de entrar. Ela estava lendo um livro e o fechou quando me notou. Eu levantei o saco de papel que estava segurando. "É a minha penúltima noite, e não há como sair sem fazer s’mores mais uma vez com você." Eu nunca esperei que ela começasse a chorar. Ela conseguiu manter a compostura – na minha frente, pelo menos – até esse momento. Meu coração estava pesado. Larguei a bolsa e passei meus braços em volta dela. Eu a segurei e sussurrei: "Vou sentir tanto a sua falta." Depois de alguns segundos, ela se afastou e enxugou os olhos. "Vamos fazer isso." "Sim?"


"Sim." Ela forçou um sorriso. "Vamos assar a merda desses s'mores."

Querendo que durasse cada segundo desta noite, levei um tempo para acender o fogo no quintal. Teagan estava quieta enquanto eu acendia a madeira e preparava as varas. Uma vez que o fogo começou, quase sempre nos olhamos através das chamas enquanto assávamos os marshmallows. Ela foi a primeira a falar. "Parece que ontem nós estávamos aqui fazendo isso pela primeira vez." Entreguei a ela um dos palitos de marshmallow. “Essa foi a primeira noite que você se abriu para mim. Muita coisa mudou desde então. Eu nunca imaginei que parte importante da minha vida você se tornaria.” Ela desviou um pouco. "Qual é a primeira coisa que você fará quando chegar em casa?" Eu olhei para o fogo e sorri. “Abraçar minha mãe. Dependendo de como estou cansado, posso levá-la para um jantar ou café da manhã tarde da noite, contar todas as coisas incríveis que


experimentei em Boston. Então eu vou para o meu quarto quebrar, sem dúvida, pensando em você e desejando estar de volta aqui.” “Eu quero manter contato, ok? Eu sei que não estaremos juntos, mas eu sempre vou me importar com você. Eu sempre vou querer saber que você está bem, mesmo que seja difícil. Acho que não deixei isso claro.” Eu sorri, embora parte de mim se sentisse triste. “Não consigo imaginar um mundo em que nunca mais falaria com você, Teagan. Eu preciso saber que você também está bem. Ok? Pode ser doloroso conversar o tempo todo, mas vamos prometer nunca perder o contato.” Com esse compromisso viria a inevitabilidade de vê-la seguir em frente sem mim. Eu não conseguia pensar nisso agora. Apesar de fazer o primeiro s'more e devorá-lo, eu não tinha apetite por mais. Quando comecei a preparar outro, meu estômago azedou ao pensar em minha partida iminente. Puro e simples, estar aqui fora era sobre passar meus momentos finais com Teagan; não era sobre os malditos s’mores. Deixando de lado a minha merda, eu me movi para envolver meus braços em volta dela enquanto ela inclinava as costas contra o meu peito. Eu beijei o topo de sua cabeça e a respirei. Eu me perguntava se algum dia sentiria essa paz com mais alguém – e me perguntei se, por algum milagre, Teagan e eu poderíamos encontrar o caminho de volta um ao outro um dia.



A noite antes da partida de Caleb parecia um pesadelo. Eu queria passar a última noite com ele, mas seria prejudicial ir para aquele lugar arriscado, sabendo que ele iria embora amanhã? Independentemente disso, eu continuava desejando que ele viesse ao meu quarto. Ele nunca fez. Ao mesmo tempo, eu poderia ter subido facilmente. Mas eu não fiz. Tínhamos feito um trabalho incrível, sem cruzar a linha. Quando fizemos s’mores ontem à noite, ele tinha me abraçado. Depois fomos para os nossos quartos separados. Mas o fato é que eu só tinha essa noite. Eu talvez nunca mais veja Caleb Yates depois de amanhã. Eu estava perdendo a oportunidade de experimentar mais um momento com ele? Devo arriscar me machucar mais para estar com ele mais uma vez? Quanto mais eu me sentava na cama, mais a urgência no meu peito aumentava. No final, eu sabia que não iria embora, a menos que eu fosse até ele. Já passava da 1 da manhã e eu não tinha ideia se ele estava acordado.


Agarrando um robe, subi as escadas na ponta dos pés, desejando ficar em silêncio para não alertar minha família. Meu coração quase parou quando entrei na cozinha. Uma sombra se moveu, mas eu olhei novamente e percebi que era Caleb. Nós nos encontramos no topo da escada. Aparentemente, ele estava vindo me ver assim que eu quebrei e decidi ir até ele. Nós colidimos um com o outro simultaneamente. Não havia palavras, apenas uma onda de emoções que eu podia sentir emanando

dele:

saudade,

tristeza.

Nossos

sentimentos

se

derramaram de cada um de nós para o outro. Caleb colocou as mãos em volta do meu rosto e pegou minha boca na dele. Nossas respirações eram frenéticas, desesperadas. Parecia

diferente

de

qualquer

outro

beijo

que

eu

tinha

experimentado com ele. De repente, ele me levantou e me embalou em seus braços. Então, ele me levou de volta pelas escadas para o meu quarto. Quando ele me colocou na minha cama, ele pairou sobre mim. "Eu realmente tentei ficar longe, Teagan." Praticamente incapaz de falar, assenti. "Eu preciso de você esta noite." Ele enterrou a boca no meu pescoço, beijando-me com tanta força que eu sabia que haveria marcas amanhã. Meus dedos percorreram suas costas musculosas. Ele devorou meu pescoço antes de arrancar minha camisa e chupar com força cada um dos meus seios até meus mamilos ficarem doloridos.


Desesperada por tê-lo dentro de mim, moí meu corpo sobre o calor de seu pênis inchado. Sua respiração ficou irregular antes de ele agarrar meu shorts e puxá-lo para baixo. Eu trabalhei para deslizá-los completamente das minhas pernas. Ele puxou minha calcinha com tanta força que pensei que ela poderia ter rasgado. Ele as tirou antes de inserir dois dedos profundamente dentro de mim. Caleb mordeu meu lábio inferior. Eu estava tão excitada que quase esqueci o quão miserável eu deveria estar. Ele estava mais áspero do que o normal, mas eu me deleitei com a necessidade dele de reivindicar meu corpo. Fiquei dolorosamente triste que esta poderia ser a nossa última vez. Isso significava que esta noite precisava importar. "Por favor, Caleb," implorei. Ele olhou para mim, seus olhos drogados de luxúria. “Eu preciso te foder duro, Teagan. Está tudo bem?” Agarrando sua bunda, eu o empurrei contra mim. "Sim. Por favor." Ele abaixou as calças e, em segundos, senti seu pau quente e escorregadio contra a minha perna. Estava molhado na ponta e minhas pernas tremiam com a necessidade de senti-lo dentro de mim.


"Você mencionou uma vez que toma pílula, apesar de sempre usarmos proteção?" Ele sussurrou. Eu ofeguei. "Sim." "Posso ter você sem camisinha hoje à noite?" O calor passou por mim e eu assenti, abrindo minhas pernas quando ele entrou em mim quase imediatamente. O contato pele a pele me deixou sem fôlego quando ele me encheu. “Teagan... Você... Isso é tão incrível. Cristo. Estar dentro de você assim – é a sensação mais incrível de todas.” Engolindo suas palavras com meu beijo, eu gemi sobre sua boca quando ele entrou e saiu de mim. Eu sabia que estávamos muito barulhentos. Felizmente, minha cama não chiou muito, mas alguém poderia facilmente nos ouvir se chegasse à cozinha. Eu teria que esperar que isso não acontecesse. Estar com ele hoje à noite valia o risco de ser pego. "Eu nunca quero esquecer como é isso," eu respirei. Sua voz estava trêmula. "Por que diabos não fizemos isso mais cedo?" Eu empurrei meus quadris, encontrando seus impulsos. "Porque somos estúpidos?" Nós rimos pelos lábios um do outro, e ele me bateu com mais força, como se nos punisse por perder qualquer oportunidade de fazer sexo incrível como esse.


"Porra, Teagan... Eu estou perdendo," ele gemeu. Eu balancei a cabeça vigorosamente, deixando-o saber que eu estava pronta também. Quase imediatamente, senti seu corpo tremer e o calor de seu esperma me enchendo. Nossos corpos balançavam para frente e para trás juntos até descermos do alto. Ainda dentro de mim, Caleb regou meu pescoço e seios com beijos. Eu nunca me senti mais amada por ninguém na minha vida, embora soubesse que o amor não poderia ser o que isso foi. Isso apenas me enganou no momento. Quando ele finalmente saiu, eu forcei meu aperto nele. "Por favor, não me deixe hoje à noite." “Eu não vou, amor. Eu prometo. Ficarei aqui a noite toda.” Puxando seu cabelo, comecei a beijá-lo novamente e, durante os próximos minutos, pude sentir sua ereção crescendo por uma segunda rodada. Os músculos entre as minhas pernas se contraíram, imediatamente o querendo novamente. E assim fizemos amor a noite toda. Era quase manhã quando adormecemos.


Quando a luz entrou pela minha janela no dia seguinte, parecia intrusiva. Hoje era o dia em que eu perderia Caleb, e o sol era uma visão indesejável. Caleb se mexeu e se virou para mim. Ele me beijou apaixonadamente antes de perguntar: "Você está bem?" "Não,” eu disse. "Nem eu. E essa foi a pergunta mais idiota de todos os tempos, não foi?" Ele suspirou. "Podemos ficar neste local para sempre?" Meu peito apertou. "Eu gostaria." Ficamos juntos até o relógio ditar que precisávamos nos levantar. Para minha surpresa, quando nos aventuramos no andar de cima até a cozinha, ela estava vazia. Suspeitei que Maura soubesse que talvez precisássemos de alguma privacidade e providenciou que todos saíssem de casa por um tempo. Minhas suspeitas foram confirmadas quando ela me enviou uma mensagem.

Maura: Apenas para sua informação, fomos à cidade para o mercado dos fazendeiros. Não voltaremos até pelo menos dez. Amo você.


"Alguém mandou uma mensagem?" Caleb perguntou. “Maura. Ela disse que eles não voltarão antes das dez.” Ele pareceu surpreso. "Realmente..." "Sim." Alguns minutos depois, enquanto eu passava manteiga em um pedaço de torrada no balcão, senti Caleb aparecer atrás de mim. Ele beijou meu pescoço suavemente, e os cabelos da minha pele subiram pela atenção. Sua ereção pressionou contra a minha bunda, e senti a necessidade dele novamente entre as minhas pernas. A próxima coisa que soube foi que ele levantou minha camisa e mudou minha calcinha para o lado. Ele entrou em mim em movimentos ásperos. Eu ofeguei com a sensação dele dentro de mim, e com as duas mãos segurando o balcão, fechei os olhos em êxtase quando Caleb me levou por trás. Nós tiraríamos o melhor proveito desses últimos minutos juntos. Em vez de chafurdar, saímos com um estrondo.


É claro que todas as coisas boas devem terminar e as nossas chegaram. As coisas ficaram quietas e sombrias no resto da manhã, quando minha família reapareceu e Caleb juntou as últimas coisas e as guardou no Subaru de meu pai. Toda a família levaria Caleb ao aeroporto de Logan. Por mais que eu não quisesse me despedir na frente deles, também achei que seria menos doloroso se eu não perdesse totalmente a cabeça. Então, seria melhor que eles estivessem lá. Eu teria que me manter sob controle. A viagem parecia surreal. Caleb e eu provavelmente nunca dissemos menos um ao outro, mas simplesmente não havia palavras para descrever como nos sentíamos. Quando chegamos ao aeroporto, Maura disse: “Por que todos não nos despedimos de Caleb na calçada? E então, Teagan, você pode levá-lo para dentro.” Tanto por usar minha família como escudo. Saí do carro e vi Maura abraçar Caleb com força. Lágrimas escorriam por suas bochechas. Meu pai deu um tapinha nas costas de Caleb. Caleb parecia quase entorpecido, como se ele estivesse apenas passando pelo movimento de dizer adeus a eles. Por último, Shelley, que começou a berrar enquanto ele a pegou nos braços e a levantou. Eu senti minha primeira lágrima cair. Os olhos de Caleb se fecharam, mas ele não chorou.


Eu o segui até a estação do lado de fora, onde ele checou sua bagagem, e então entramos nas portas de vidro deslizantes do aeroporto. De mãos dadas, andamos até chegarmos ao ponto em que eu não podia mais acompanhá-lo. Ficamos de frente um para o outro enquanto ele tirava o cabelo do meu rosto. Ele engoliu em seco. "Este é um dos momentos mais difíceis da minha vida." Fechei os olhos e comecei a chorar. Ele enxugou minhas lágrimas com os polegares. “Teagan, olhe para mim por um momento. Eu preciso que você saiba uma coisa.” Minhas lágrimas borraram minha visão quando eu olhei para ele. “Nunca acredite que você não é digna. Você é, sem exceção, o ser humano mais incrível que eu já conheci. Preciso que você entenda que minha partida não tem nada a ver com você não ser suficiente para me manter aqui. Exatamente o oposto. Eu não sou o suficiente para você agora. Eu tenho tantos pedaços quebrados. Por favor, nunca duvide que você não foi o suficiente para me fazer ficar. Ok?” Eu assenti através das minhas lágrimas. “Eu sei que sua vida em casa é complicada. Eu entendo por que você tem que sair. Eu só espero que você saiba que pode contar comigo se precisar de mim. Sentirei sua falta todos os dias e nunca esquecerei todas as coisas


que você fez por mim – ensinando-me a importância de apreciar minha família, fez-me sentir bonita, ajudou-me a sair da minha concha. Eu cresci muito só por estar perto de você, Caleb. Você pode pensar que está quebrado, mas ajudou a me recompor.” E aí estava. A primeira lágrima caiu de seus olhos, prova de quão difícil foi para ele e talvez a minha maior prova – embora tarde demais – de quanto ele se importava comigo. Limpando a bochecha, ele falou com uma voz tensa. "Cuide-se, Teagan." Ele colocou mais um beijo longo, duro e torturante nos meus lábios antes de se afastar e ir em direção à escada rolante. Eu fiquei no mesmo lugar observando-o até que ele alcançou o topo. Ele se virou uma última vez e me saudou com um beijo. Então ele se foi.


Três meses depois

Embora ainda estivesse quente e verão em Boston, o novo ano letivo havia começado e era estranho não ter mais meu estágio no aquário. Eu estava atualmente solicitando um novo no próximo semestre. Ouvi falar de uma vaga em um projeto de pesquisa que envolvia gerenciar um banco de dados ambientais e criar um catálogo de fotos para vários tipos de baleias e outras formas de vida marinha – não o show mais emocionante, mas seria algo a acrescentar ao meu currículo. Eu estava passando uma tarde típica de volta ao meu quarto depois da aula, quando Kai veio para passar o tempo, como costumava fazer quando chegava da escola. "Você teve notícias de Caleb?" Por que ela tem que trazê-lo à tona? "Não." "Realmente?"


"Não. Nós não falamos muito.” Minha raiva explodiu. Ela não percebeu que esse era um assunto delicado? Caleb e eu não deveríamos estar em contato regular um com o outro. Esse nunca foi o plano. Deveríamos não perder o contato e fazer check-in de tempos em tempos. "Você não acha isso estranho?" Ela perguntou. “Na verdade, não. Não estamos juntos,” falei defensivamente. “Decidimos que seria melhor não sofrer um relacionamento de longa distância. Eu acho que se estivéssemos conversando todos os dias e coisas assim, isso seria estranho.” Ela não parecia comprar isso. “Então é isso? Ele saiu da sua vida?” Suspirei. Enquanto eu sabia que as coisas tinham que ser do jeito que eram, Caleb e eu seguiríamos em frente com nossas vidas, todos os dias que eu não ouvia falar dele, doía. E eu odiava me sentir assim. Mas eu entendi. Eu entendi por que ele estava me dando espaço – e porque eu também tive que dar espaço a ele. Além das duas primeiras semanas depois que ele deixou Boston, eu só tinha falado com ele algumas vezes. Ele sempre parecia meio triste quando conversávamos, como se isso o deixasse triste ou algo assim. Então eu parei de tentar iniciá-lo. "É o melhor," eu disse. Ela inclinou a cabeça, estudando-me. "Você está apenas dizendo isso ou está falando sério?"


"O que isso importa? É assim que tem que ser. Sua partida doeu? Sim. Mas ele se foi. Não há nada que eu possa fazer sobre isso. Então eu tenho que tentar encontrar uma maneira de seguir em frente.” Um sorriso travesso se espalhou por seu rosto. "Eu acho que posso ter exatamente a coisa, na verdade." “Uh-oh. O quê?” “O irmão de Luke voltou a morar em casa. Ele se formou no ano passado e fica com os pais por um tempo até encontrar seu próprio lugar. Ele é realmente fofo e solteiro.” Luke era um cara com quem Kai namorou há alguns meses. Esta foi a primeira vez que ouvi dizer que ele tinha um irmão. "Qual o nome dele?" "Ethan." “OK. Bom nome,” falei, ainda desinteressada. "Por que nós quatro não saímos neste fim de semana?" Eu sabia que isso provavelmente seria bom para mim, mas hesitei. "Não tenho certeza." "Por que a relutância?" "Só não tenho certeza se estou pronta para começar a ver alguém." "Ok, mas você está perdendo tempo."


"Eu não quero me apressar em nada." “Você só é jovem uma vez. Você não pode se prender em um cara que partiu para a Inglaterra e nunca mais vai voltar.” “Eu nunca disse que estava presa a Caleb. O que te faz pensar isso?” “São seus olhos. Você não vê, mas sempre que eu o menciono, eles mudam. Não sei explicar, exceto para dizer que posso ver sua tristeza.” Soltando um longo suspiro, percebi que poderia ter sido mais transparente do que pensei. O nome de Caleb parecia uma faca no meu coração, um lembrete de que ele estava lá fora em algum lugar, não fazia mais parte da minha vida, e eu nunca mais o veria. Depois que ele saiu, eu percebi ainda mais o quanto eu me importava com ele. Ela pulou da cadeira. “Tenho que correr. Atrasada para o trabalho. Mas pense neste fim de semana, ok? Vou enviar um link para o perfil de Ethan para que você possa ver as fotos dele e me dizer o que pensa.” De jeito nenhum. Revirei os olhos e fingi jogar junto. "OK."


Não sei o que me fez checar o Instagram de Archie naquela noite. O amigo de Caleb também estava de volta à Inglaterra agora. Meu entendimento era que nunca havia acontecido nada sobre o relacionamento dele com Angela, de Boston. Eles apenas cortaram os laços, aparentemente. Ok, eu sei por que verifiquei o Instagram de Archie. Kai ter trazido Caleb mais cedo havia aberto algum tipo de ferida emocional. Passei o resto do dia pensando nele – mais do que o habitual. Eu sabia que Caleb nunca postou muito em suas próprias contas, além de memes estúpidos. Eu provavelmente veria algo sobre Caleb através da página de Archie. Eu já tinha verificado lá antes, e na maioria das vezes, havia apenas fotos de Archie na cidade ou várias refeições que ele desfrutara. Mas quando eu chequei hoje à noite, eu achei o que estava procurando. Comecei a tremer enquanto olhava para a foto mais recente que ele havia postado. Meu coração. Deus, meu coração. Parecia que poderia sair do meu peito. Ou talvez estivesse quebrando. Meus olhos ardiam de lágrimas. Limpei-os para poder examinar a foto. Ao lado do meu Caleb havia uma morena linda com o braço em volta dele. Ela beijou sua bochecha quando ele deu um sorriso malicioso. Não havia nada de hesitante ou arrependido em sua expressão. Ele não parecia se importar com o mundo. Archie havia legendado: pelo menos alguém está recebendo alguma coisa hoje à noite.


Ciúme misturado com dor, misturada com ódio agitou dentro de mim ok, não foi muito ódio – porque, você pode odiar alguém se ainda os ama? Três meses. Foi só um verão e foi tempo suficiente para lamentar nosso relacionamento? Senti tudo subindo em mim e mal cheguei ao banheiro a tempo de vomitar o que parecia ser minha alma inteira. Depois que puxei o ar, notei que meu telefone ainda estava aberto para a foto. Saindo do Instagram o mais rápido que pude, joguei meu telefone do outro lado da sala. Minhas mãos tremiam. Era uma estranha sensação de desespero, porque no fundo da minha mente eu também sabia que não tinha o direito de ficar chateada. Caleb e eu nunca concordamos em manter nosso relacionamento. Ele era cem por cento livre para perseguir quem quisesse, fazer o que quisesse ou com quem quisesse – e, no entanto, eu esperava que ele ansiasse por me perder um pouco mais. Eu certamente continuaria ansiando por ele. Mas isso parou agora, quer eu quisesse ou não.


Dois meses depois

"Você está bem, querida?" Ethan e eu estávamos brincando na minha cama. Ainda não tínhamos feito sexo, mas tínhamos feito todo o resto. Ao contrário de outros caras que eu namorei antes de Caleb, eu realmente achei Ethan atraente. Tivemos um tempo maravilhoso juntos, na maior parte. Ethan trabalhou como programador de computadores em Cambridge. Ele se mudara da casa de seus pais para seu próprio apartamento, perto do trabalho, mas muitas vezes vinha a Brookline sair comigo quando eu tinha que acordar cedo e não tinha vontade de me aventurar no lado dele da cidade. Ele não era apenas charmoso e engraçado, mas super paciente. Ele tinha tudo sob controle, e eu realmente gostei dele. Mais uma vez, porém, tive que explicar a ele por que me tornei fechada quando parecia natural fazer sexo. “Eu sinto muito. Não sei por que..., mas não estou pronta.”


Ele parecia preocupado. "Você sabe que eu nunca vou pressioná-la, certo?" "Essa é uma das coisas que eu aprecio em você." Suspirei. “Eu quero que você saiba que não é você, ok? O último relacionamento em que estive me machucou bastante, então sinto que preciso ir devagar dessa vez.” Eu contei a Ethan tudo sobre Caleb, então ele sabia exatamente a quem eu estava me referindo. Mesmo que Caleb seguisse em frente, eu ainda não podia. Ethan provavelmente desejou poder estrangular Caleb. Eu tive que dar meu reconhecimento a ele, no entanto. Ethan sempre foi ótimo em seguir em frente com minhas rejeições embaraçosas. Ele mudou de assunto. “Ei, eu queria falar com você sobre uma coisa. Luke e eu estávamos pensando em ir acampar em New Hampshire. O que você acha? Apenas Luke, Kai, você e eu.” "Tipo em tendas ou um trailer?" “O trailer do meu pai. É velho, mas tem um quarto na parte de trás, e nós quatro podemos brigar por isso. Há muito espaço para se aventurar na área principal, no entanto. O que você diz?” Eu não conseguia pensar em um motivo para dizer não. “Isso parece super divertido. Sim. Vamos fazer isso."


"Legal." Ele sorriu. "Vamos tomar muita bebida, e podemos comprar coisas para fazer s'mores no fogo." Assim que ele disse s'mores, eu perdi totalmente minha linha de pensamento. O rosto de Caleb sorrindo através das chamas enquanto fazíamos s'mores no meu quintal nadou diante dos meus olhos. Maldito seja, Caleb, e seu lindo sorriso ainda me assombrando. Jesus. Eu senti como se pudesse chorar. O que estava errado comigo? "Volto já," eu disse enquanto escapava para o meu banheiro, fechando a porta e me encostando nela. Eu me permiti dar um bom choro quando os sentimentos que eu estava suprimindo surgiram por um momento. Peguei meu telefone na pia e fiz algo que sabia que me arrependeria. Procurei no Instagram de Caleb. Mas quando digitei o nome do perfil dele, nada apareceu. O pânico começou. Caleb havia excluído sua conta do Instagram? Ou ele me bloqueou de alguma forma? Por quê? Também verifiquei o Facebook, a única outra conta de mídia social que ele tinha. Essa página também desapareceu totalmente. O que está acontecendo? Por que ele excluiria suas contas de mídia social? Se eu não saísse do banheiro logo, Ethan pensaria que algo estava errado. Então voltei para a cama e me deitei ao seu lado. Quando

ele

adormeceu,

eu

me

virei,

obcecada

com

o


desaparecimento de Caleb e sentindo como se estivesse perdendo a cabeça.

No dia seguinte, tive que me certificar de que Caleb estava bem. Então eu disquei o número dele. Quando não houve resposta, deixei uma mensagem. “Ei... Uh... é Teagan. Muito tempo sem nos falarmos, certo? Pode me chamar de louca, mas preciso saber que você está bem. Eu estava no Insta e notei que sua conta havia sumido. Seu Facebook também. Só queria ter certeza de que tudo estava bem. Você pode me ligar ou mandar uma mensagem para me avisar? Enfim, espero que esteja tudo bem. Tchau.” Meu estômago revirou enquanto falava, mas depois que desliguei, eu me senti muito melhor. Pelo menos eu havia iniciado o contato.


Quando dois dias se passaram e Caleb não me ligou de volta, fiquei um pouco desesperada. Eu também tentei enviar um e-mail para ele, mas a única conta que eu tinha era o e-mail da universidade, e ele pode não ter verificado isso. Eu não queria entrar em contato com Archie, mas enviei a ele um DM no Instagram de qualquer maneira.

Ei, Archie! É Teagan de Boston. Pergunta rápida - eu queria saber se está tudo bem com Caleb. Ele não está atendendo o telefone e notei que ele derrubou suas páginas de mídia

social. Só

queria

saber

se

você

tem

notícias

dele. Obrigado! Espero que esteja tudo bem!

Depois

de

alguns

dias,

minha

mensagem

para

Archie

permaneceu não lida. Eu não tinha certeza se ele checou suas mensagens e percebi que nem sabia o sobrenome dele, então não consegui procurá-lo em nenhum outro lugar para alcançá-lo. Chegara ao ponto em que eu não conseguia comer, nem dormir. Como um esforço de última hora, pesquisei o nome da mãe de Caleb e o endereço que eu tinha dele na Inglaterra. Eu sabia que o nome de sua mãe era Poppy e seu pai era Lionel. Encontrei uma lista de Poppy Yates no endereço que Caleb me dera antes de sair. É isso aí.


Meu coração bateu forte quando eu disquei. No terceiro toque, um homem com um sotaque inglês profundo atendeu. "Olá?" Meu corpo se endireitou e meu coração começou a acelerar. “Oi... Esse é o Sr. Yates? Lionel?” "Sim. Quem é?" Eu limpei minha garganta. “Aqui é Teagan Carroll. Sou amiga de Caleb. Ele ficou com a nossa família quando ele estava nos Estados Unidos. Fiquei imaginando se você poderia me dizer como entrar em contato com ele.” “Caleb não está aqui. Ele está fora para o fim de semana.” Uma mistura de alívio e confusão tomou conta de mim. OK. Ele está vivo. Ele está bem. Isso é tudo que eu precisava saber. “Ah, entendo. Você sabe se ele tem um novo número de telefone?” “Não. Ele tem o mesmo telefone, tanto quanto eu sei.” O pai de Caleb não foi muito sincero. Baseado em como Caleb o descreveu, isso não foi um choque. "Entendo." Sentindo-me impotente, puxei meu cabelo. “Ok... Bem, você se importaria de dizer a ele que Teagan ligou? Pedir que ele me ligue de volta quando tiver uma chance?”


"Tudo bem," disse ele após uma pausa. “Ok... Bem... Obrigada. Espero que você tenha um bom dia.” Quando ele não disse mais nada, eu desliguei. Ele não era a pessoa mais amigável, mas pelo menos eu sabia que Caleb estava vivo e respirando. Essa foi a coisa mais importante, certo? E ele não havia mudado seu número de telefone, então isso significava... Ele escolheu não responder para mim?

Kai abriu uma cerveja enquanto Ethan trabalhava para acender uma fogueira. Era uma linda noite de outono e perfeita para acampar. Passamos boa parte do dia admirando a natureza; era época alta para isso em New Hampshire. Felizmente, o nosso trailer estava aquecido e tinha WiFi, então estávamos definitivamente em um acampamento de luxo. Essa era a maneira de fazer isso, se você me perguntasse. "Então, quem vai ficar no quarto?" Kai perguntou. "Eu digo que jogamos uma moeda," respondeu Luke.


“Eu digo que Teagan e eu temos isso, considerando que sou eu quem vai te levar para casa amanhã. Isso significa que preciso de uma melhor noite de sono.” "De qualquer forma, eu não acho que dormir é o que você tem em mente," Luke rachou. As

bochechas

de

Ethan

realmente

ficaram

um

pouco

vermelhas. Eu percebi que ele pode não ter dito a Luke que ainda não tínhamos feito sexo. Provavelmente não era bom para seu ego admitir que sua namorada estava adiando dormir com ele. Kai sabia o acordo, no entanto, e rapidamente mudou de assunto para o casamento de sua irmã Andrea, que aconteceria em algumas semanas. Eu ajudaria na cerimônia. Ethan iria como meu par. Depois que Ethan acendeu a fogueira, fiquei muito orgulhosa de mim mesma por me manter no lugar enquanto construía meu s'more. Eu aceitei que Caleb estava escolhendo não responder para mim e, portanto, decidi não o considerar com o sentimentalismo que já tive. De qualquer forma, fiquei feliz em apreciar os s'mores em vez de chorar neles. Pequenas vitórias.

No final, Ethan e eu ganhamos o quarto no trailer naquela noite. Acabei dando-lhe uma massagem com as minhas mãos e


fazendo-o gozar antes que ele pudesse tentar fazer sexo comigo. Eu me senti terrível com a coisa toda. Eu estava começando a me odiar por tratá-lo dessa maneira. Um homem aguentava tanto. Mas a grande questão era: por quê? Por que eu não estava pronta? Ele me deu tempo mais que suficiente. Mas eu não poderia fazer isso acontecer. Eu só esperava não perder um cara legal nesse meio tempo.


Apesar de ter ficado mais confortável em expressar meu lado feminino, eu ainda odiava ter que colocar maquiagem completa. Mas Kai me pediu especificamente para usá-lo nas fotos do casamento de sua irmã Andrea. Andrea me pediu para distribuir programas, o que significava que eu teria que sorrir e acenar muito. Esta noite inteira estaria fora da minha zona de conforto. Não só permiti que Kai fizesse meu cabelo com cachos grandes e soltos que não eram o meu estilo, mas também vesti um dos vestidos extravagantes de Maura. Não conseguia me lembrar da última vez que me vesti de verdade. Abri a gaveta onde mantinha minha maquiagem antiga e meu coração quase parou. Havia um envelope amarelo em meio à bagunça de batons e outras porcarias. Na frente, dizia: Golfinha. Há quanto tempo isso está aqui? Eu nunca abri minha gaveta de maquiagem. Eu mantive alguns gloss labiais e um delineador em cima da pia, mas imaginei que não tinha feito nada além disso desde que Caleb saiu.


Meu coração batia forte quando eu cuidadosamente abri o envelope e li o que havia dentro.

Minha linda, Teagan, Primeiro,

olá

novamente.

Você

provavelmente

está

se

perguntando por que deixei isso na sua gaveta de maquiagem, que você nunca abre. Acho que imaginei que isso permitiria tempo suficiente antes que você descobrisse esta nota. Talvez você já tenha superado minha partida agora, e é por isso que é o momento apropriado para lembrá-la de que não importa onde eu esteja, não importa quantos dias, meses ou anos se passaram, posso garantir que não te esqueci. Também posso garantir que ainda penso em você o tempo todo. Se eu fiz algo para fazer você pensar o contrário, tire isso da cabeça. Espero que, quando você estiver lendo isso, você se afaste de mim, da tristeza que minha partida lhe causou. Mas, se por algum motivo você não tiver, pegue esta carta e coloque-a perto do seu coração. Feche os olhos e me sinta com você. Saiba que enquanto escrevo isso, sinto muito em meu coração por você. E não ouso dizer essa palavra de quatro letras, apenas porque não é justo. Isso não significa que eu não sinto isso. Estou confiante de que, não importa onde esteja ou quantos meses ou anos se passem, o que sinto por você não mudará. Nossas vidas podem mudar, mas eu sempre carregarei esses sentimentos em meu coração. Se você abriu essa gaveta para a maquiagem,


talvez esteja indo a algum lugar especial, ou para sair à noite na cidade. Seja o que for, por favor, faça uma coisa para mim: nunca se acomode, Teagan. NUNCA se acomode. Você merece o mundo. Espero que você esteja lendo isso, e não tenha me odiado por sair ou não. Espero que você se lembre de mim de uma maneira positiva. Seja qual for o caso, saiba que onde quer que eu esteja, uma parte de você está comigo.

Com carinho, Caleb

PS: Você realmente não precisa de maquiagem.

Apertei a carta no meu peito, mais uma vez sentindo o que ele havia me dito para sentir. Ele. ISTO – era assim que deveria se sentir. Caleb me disse para não me acomodar. Eu estava tentando descobrir por que não conseguia dormir com Ethan. Puro e simples, estar com Caleb – sabendo como era dar não apenas seu corpo, mas seu coração e alma a alguém – tornara impossível para mim aceitar algo menos. Mesmo se eu não pudesse estar com Caleb, esta carta me lembrou como deveria querer alguém de verdade em todos os sentidos. Só de ler suas palavras havia feito minha alma reviver.


Não era certo continuar amarrando Ethan. Se eu não gostava dele o suficiente ou ainda amava Caleb, eu não conseguia determinar. Mas, de qualquer forma, Caleb estava certo. Eu não deveria me acomodar. Não foi justo comigo ou Ethan.

Obviamente, eu não falei no casamento da irmã de Kai e, nos dias que se seguiram, adiei falar sobre meus sentimentos com meu namorado. Fiz quase tudo o que pude para me distrair de ter que lidar com o inevitável. Não me pergunte por que uma dessas distrações incluía pesquisar minha mãe biológica no Google. Eu nunca pensei em procurá-la, e certamente não me importei em conhecê-la. Mas de repente fiquei curiosa. Não havia dúvida de que desde que Caleb partiu, eu me senti muito perdida. Talvez procurar informações sobre ela fosse uma tentativa de encontrar minha orientação? Não tinha certeza, mas digitei "Ariadne Mellencamp" na barra de pesquisa. Meu pai disse que me apoiaria se eu decidisse encontrar Ariadne. Eu não estava esperando conhecê-la, no entanto, apenas para obter mais detalhes sobre sua vida. Mas o que eu faria com essa informação? Se eu soubesse que ela estava viva ou onde morava, como isso mudaria minha vida? Eu não tinha certeza, mas apertei o botão de pesquisa de qualquer maneira.


Surgiram vários endereços associados a Ariadne: Miami, Flórida, até Los Angeles, Califórnia, para Londres, Inglaterra. Parecia haver apenas uma lista para o nome dela – mesma pessoa, apenas localidades diferentes. Ela era única, tudo bem, e não quero dizer isso de uma maneira boa. Uma pesquisa de imagens tirou uma foto dela há seis anos. Aparentemente, ela fazia parte de uma trupe de dança adulta em Los Angeles. Ela parecia mais abatida do que eu pensaria para alguém na casa dos trinta na época. Ela tinha algumas rugas ao redor dos olhos. Talvez fosse apenas uma foto pouco lisonjeira – ou talvez ela não se importasse mais com ela do que com sua filha abandonada. Meu pai também mencionou que ela adorava fumar. De qualquer forma, vê-la ainda era como olhar para o futuro. Eu pensei que ver o rosto dela depois de todos esses anos poderia ter provocado alguma emoção em mim. Mas tudo que vi quando olhei para a foto dela foi uma pessoa egocêntrica que parecia morta por dentro. Talvez ela tenha vivido com muito arrependimento. Ou, talvez a ideia de ela ter um coração de verdade fosse apenas uma fantasia que eu criei. O único sentimento que surgiu ao olhar para esta foto foi o amor – não pela mulher na foto, mas pela mulher que pegou todas as peças que Ariadne quebrou e deixou para trás. Fechando meu laptop, subi correndo à procura dela. Maura estava sentada na sala, escrevendo algumas notas na mesa do canto. Parei na frente dela e ela olhou para cima.


"O que há, Teagan?" Sem dizer uma palavra, inclinei-me e puxei-a para o abraço mais apertado. "Oh meu..." ela disse, claramente pega de surpresa. "Sinto muito, Maura." "Por quê?" "Por ser um idiota nos últimos quinze anos." Ela me apertou mais forte. “Oh querida. Eu nunca pensei isso.” "Apenas me atingiu." "O quê?" Eu olhei nos olhos dela. “Que você é minha mãe. Você sempre foi minha mãe. Eu resisti porque estava muito ocupada sentindo pena de mim mesma para apreciar o fato de que quando minha mãe biológica foi embora, Deus me enviou alguém melhor.” A boca dela caiu. "Teagan," disse ela. "Eu te amo muito." Eu respondi da única maneira que finalmente parecia natural. "Eu também te amo, mãe."


Meu quarto estava completamente escuro e a janela aberta, deixando

entrar

perfeitamente

uma

calma

brisa abrindo

fresca. uma

Eu

arruinei

lata

de

uma

noite

vermes

que

provavelmente nunca seria capaz de fechar. Por que eu decidi procurá-la? Foi o maior erro que eu poderia ter cometido esta noite. Fazia tanto tempo desde que nos falamos. Eu precisava explicar as coisas para Teagan. Mas antes que eu a alcançasse novamente, eu queria checar o terreno. Eu esperava ver um vislumbre de um sorriso, alguma garantia de que ela estava bem, que estava feliz. Eu recebi muito mais do que esperava. Eu fiquei olhando para a foto. Teagan tinha sido marcada por sua amiga Kai em uma série de fotos tiradas em algum tipo de acampamento. Ela se sentou entre as pernas de um sujeito alto, a quem eu consideraria bonito, mas não o suficiente para ela. Ela estava sorrindo e parecia bastante contente, recostando-se no peito dele. Para adicionar sal ao meu ferimento, em uma das fotos, eles estavam fazendo s’mores. Uau.


Por mais difícil que tenha sido ver essas fotos, uma pequena parte de mim ficou aliviada por Teagan ter seguido em frente. Infelizmente, uma parte maior foi abalada ao ver a prova. É exatamente por isso que eu nunca deveria estar online. Você pensaria que depois de não ter mídias sociais por dois meses, eu teria percebido que não havia nenhum benefício nisso. Minha vida tinha sido muito melhor sem ela. E certamente teria ficado melhor se nunca tivesse voltado. Continuei olhando o lindo rosto de Teagan no escuro até minha mãe interromper meus pensamentos da porta. “Fiz sopa de batata e alho-poró. Quer se juntar a mim para um pouco?” Suas palavras mal foram registradas. "Caleb?" Ela disse depois de um momento. "Está tudo bem?" Com minha cabeça ainda basicamente na minha bunda, eu murmurei, "Hmm?" "Por que você está sentado no escuro?" Fechando o laptop, olhei para as luzes da rua. “Eu pretendia acender a luz. Mas fiquei um pouco distraído e fiquei no escuro.” Ela foi até o pé da minha cama. "Tudo certo?" Eu olhei para ela. "Na verdade, não." "Você quer falar sobre isso?"


Soltando um longo suspiro, debati. Eu nunca disse à minha mãe o quão perto eu e Teagan estávamos. Eu não queria que mamãe se sentisse culpada por eu ter que deixar os EUA. No momento, porém, os sentimentos que perfuravam meu peito precisavam sair de alguma forma. "Lembra da garota mais velha da família com quem eu morava em Boston?" "Certo." Mamãe piscou. "Teagan era o nome dela, certo?" "Sim." "Está tudo bem com ela?" "Ela está indo muito bem, aparentemente." Suspirei. "Sou eu quem não estou tão legal agora." "Aconteceu alguma coisa entre você e ela, enquanto você estava lá?" Eu assenti. "Nós... Estávamos bastante sérios no final." Mesmo no escuro, eu pude ver a surpresa no rosto de minha mãe. “Você nunca mencionou isso. Por quê?” “Qual seria o sentido de lhe contar? Não queria que você se preocupasse ou se sentisse ressentida por eu ter que voltar para casa.” “Lembro-me de você dizendo que ela não se deu muito bem quando você se mudou para lá. Engraçado como as coisas podem mudar.” Ela sorriu.


“Nós nos tornamos muito próximos. Pela primeira vez na minha vida, tive uma conexão com alguém que era muito mais profundo do que físico. Ela e eu nos sentimos muito parecidos com o nosso lugar no mundo. Fomos capazes de ajudar um ao outro através das coisas.” Recostei-me na cabeceira da cama eu cruzei os braços. "Confiei nela sobre Emma." "Realmente?" Os olhos da minha mãe se arregalaram. “Bem, agora eu sei que você confiava nela. Isso não é algo que você abre muito facilmente.” Eu assenti. "Sim." “Bem, eu não tinha ideia, Caleb. Desculpe-me, você teve que terminar as coisas com alguém de quem gostava. Ela não conseguiu vir para a Inglaterra, nem para uma visita?” Eu sempre me perguntava o que Teagan poderia ter dito, se eu pedisse que ela viesse para o Reino Unido. Mas, finalmente, eu sabia por que não tinha. Eu balancei minha cabeça. “Você conhece o espaço mental em que eu estava quando cheguei em casa. Pedir a ela para abandonar sua vida e vir aqui comigo quando eu estava uma bagunça – isso não teria sido justo.” “Justo para quem? Aposto que ela teria ido a qualquer lugar que você perguntasse, se lhe dissesse que estava apaixonado por ela.” Ela inclinou a cabeça. “É isso que estou entendendo? Que você se apaixonou?”


Em silêncio, assenti. "Oh, Caleb." Ela suspirou. "O que você achou online hoje à noite?" Eu exalei um longo suspiro. “Vi algumas fotos de Teagan parecendo feliz com um cara. Parece que ela seguiu em frente. É o que eu esperava que acontecesse e que nunca acontecesse ao mesmo tempo.” "Se você está chateado, por que você não liga para ela?" Eu ri quase com raiva. “Não ousarei fazer isso agora. Eu a deixei em frangalhos. Ela merece felicidade.” "Ela está apenas com ele porque você foi embora." "Exatamente. Eu saí. Nos olhos dela, eu escolhi deixá-la. Isso não é algo que ela deveria esquecer.” “Muita coisa aconteceu nos meses desde que você esteve em casa, filho. Você deveria contar a ela.” "Dizer a ela não vai me tornar mais atraente para ela, exatamente o oposto." “Mas vai explicar por que você perdeu o contato, por que ela não teve notícias suas. Você realmente acha que é tão substituível? Ela provavelmente supõe que a falta de comunicação significa que você não se importava com ela, quando esse não é o caso.” “Qual é o objetivo? Não é como se pudéssemos ficar juntos. É provável que não seja mais capaz de obter aprovação para ir aos


EUA. Ela teria que largar esse novo cara e deixar tudo o que ela conhece para me seguir – um cara que já a abandonou – do outro lado do mar. Como isso faz sentido?" Minha mãe colocou a mão no meu braço. “O amor não faz sentido, meu garoto. As pessoas fizeram coisas mais loucas por amor do que atravessar o oceano.” Pressão construiu no meu peito. Por um lado, eu sabia que ela estava certa e precisava lutar. Mas as sementes da dúvida, da auto preservação, estavam crescendo. "Eu sinto falta dela." "Você a ama?" Fechei os olhos e assenti. "Sim." "Você nunca disse a ela?" "Não com essas palavras, não." Minha mãe parecia magoada. “Você passou boa parte da sua vida tentando se punir pelo que aconteceu com Emma. Está na hora de você parar de se sabotar. Se você está apaixonado por Teagan, deve contar a ela e deixá-la tomar uma decisão sobre se ela gostaria de tentar fazer as coisas funcionarem. É provável que ela nunca tenha sugerido vir para a Inglaterra porque você nunca deu a ela a opção, estou certa?” "Você está certa." "Por que uma garota se ofereceria para se mudar por alguém que nunca disse que a ama?"


Eu não tive uma resposta. Eu sempre disse a mim mesmo que encontraria meu caminho de volta para Teagan. Mas vê-la feliz com outra pessoa me fez adivinhar tudo. Independentemente do que eu quisesse, ou do que minha mãe acreditasse, eu sabia que entrar em contato com Teagan agora e atrapalhar sua felicidade não era a decisão certa. Então eu não faria.


Enquanto olhava para as luzes da árvore, mal podia acreditar que fazia um ano desde o Natal passado. Parecia ontem que Caleb e eu estávamos trocando presentes no meu quarto. Brincando com o colar de caracol no meu pescoço, eu me perguntei o que ele estaria fazendo hoje à noite. Onde quer que Caleb estivesse, eu esperava que ele estivesse feliz. Eu sabia que o Natal era difícil para ele. Eu estava mais tentada hoje à noite do que nunca em contatá-lo novamente – especialmente desde que suas páginas de mídia social estavam de volta. O que o levou a removê-los permaneceu um mistério. A coisa toda parecia bizarra, mas ele tomou a decisão de cortar os laços, e eu tive que confiar que ele tinha um bom motivo. Desde que terminei meu relacionamento com Ethan, eu não namorava mais ninguém. Eu sabia agora que realmente não deveria me acomodar. Por mais difícil que fosse deixar um cara decente, eu sabia que era a melhor decisão para mim e para ele também. Ethan merecia uma namorada que pudesse dar tudo a ele, algo que eu não estava disposta a fazer.


Meu pai estava sentado ao meu lado no sofá enquanto esperávamos os vizinhos chegarem para a nossa festa anual de véspera de Natal. Com uma gemada na mão, ele perguntou: "Como está minha garota?" "Olá pai." Ele inclinou a cabeça. "Você parece para baixo." "Estou bem. Só pensando em coisas.” "As coisas teriam um álter ego chamado Caleb Yates?" Meu pai era definitivamente mais astuto do que eu acreditava. "Ele passou pela minha cabeça hoje à noite, sim." "Maura me disse que você não tem notícias dele há muito tempo." “Sim. No começo, pensei que poderia haver algo errado, mas liguei para a casa dele. Seu pai disse que ele estava ausente no fim de semana. Então todas as páginas de mídia social que ele derrubou reapareceram. Ele ainda não se incomodou em entrar em contato comigo, então acho que ele se sentiu melhor em cortar laços.” "É difícil quando alguém de quem você gosta faz isso." Ah sim. Meu pai poderia se relacionar com esse sentimento. "Eu sei que você entende como é isso."


"Sim." Ele suspirou. “Mas você sabe, uma coisa maravilhosa saiu de Ariadne desaparecendo. Ela não apenas me deixou com o presente mais bonito, você, mas também deixou a porta aberta para eu conhecer o verdadeiro amor da minha vida.” Eu sorri. "Isso é verdade, não é?" "E é claro, Shelley se tornou o outro resultado maravilhoso dessa situação." “É difícil imaginar a vida sem essa ratinha.” Eu ri. "Sim." Ele sorriu. “As coisas vão funcionar como deveriam. Você tem que confiar nisso.” Eu realmente queria acreditar. “Obrigada pai. Vou tentar.” Por mais que eu soubesse que a coisa certa era ficar no andar de cima e me misturar com todos os convidados que chegavam, me vi voltando para o meu quarto por um tempo, apesar de ter dito a mim mesma que iria me juntar a eles mais tarde. Deitada na minha cama, fechei os olhos e tentei limpar minha mente, que tinha sido focada em Caleb a noite toda. Acariciando o colar de caracol, acabei cochilando. Eu não tinha ideia de quanto tempo eu estava dormindo quando meu telefone tocou, me acordando. O

número

na

tela

era

um

que

eu

não

reconhecia.

Normalmente, eu não teria respondido, exceto que esse número era


único: era um número do Reino Unido. Quando isso afundou, meu coração quase pulou uma batida quando eu atendi. "Alô?" Sua voz era baixa e grave. "Teagan..." Demorou alguns segundos para se registrar. Ele apenas pronunciou meu nome, mas era o som mais bonito. "Caleb?" Saiu em um sussurro. Minha voz estava fraca, meu corpo estava fraco – tudo parecia fraco. "Sim, sou eu." “Oh meu Deus. É tão bom ouvir sua voz.” “É bom ouvir a sua também. Feliz Natal.” "Feliz Natal." Eu coloco minha mão sobre o meu coração. “Estou sonhando? É realmente você? Eu estive tão preocupada.” "Você tem?" “Sim, claro. Como eu não poderia? Você desapareceu... exceto que não. Eu sabia que você estava bem, então imaginei que você não queria falar comigo. Mas eu ainda estava preocupada. Eu até liguei para sua casa e...” "Você ligou para minha casa?" "Sim." "Quando?" Sua voz tomou uma ponta.


"Várias semanas atrás." "O que aconteceu quando você ligou?" “Seu pai atendeu. Ele disse que você estava ausente no fim de semana.” Caleb soltou um longo suspiro. “Porra. Eu sinto muito. Há tanta coisa que tenho para lhe dizer, Teagan.” Minha voz falhou. “Por que você não retornou minha ligação para o seu celular? Foi por isso que liguei para a casa dos seus pais.” "Eu não recebi sua ligação, amor." "Não?" “Não. Meu telefone foi perdido depois de uma noite muito bêbado. Eu nunca recebi de volta. Eu nunca soube que você me ligou e meu pai nunca me disse que você ligou para casa.” Eu podia sentir sua frustração acima da linha. “Teagan, sinto muito que você estivesse

preocupada

comigo.

Você

tem

algum

tempo

para

conversar? Eu sei que sua festa de natal deve estar acontecendo.” Era ridículo pensar que eu abandonaria esse telefonema para a festa – ou qualquer outra coisa no mundo. “Caleb, não há nada mais importante agora do que falar com você. Por favor, diga-me o que aconteceu.” "Bem." Ele fez uma pausa. “Quando voltei para o Reino Unido, eu estava em um lugar ruim. Não só estava sentindo sua falta, mas


a bebida de meu pai estava fora de controle. Nós brigamos constantemente. Eu lidei com isso saindo de casa, saindo todas as noites, ficando embriagado e tentando esquecer o que estava acontecendo em casa.” Meu estômago afundou. "Ah não." "Foi a pior coisa possível que eu poderia ter feito, e tão irresponsável." Em silêncio, eu o deixei continuar. “Numa daquelas noites, cheguei em casa e encontrei meu pai agredindo fisicamente minha mãe. Eu perdi minha cabeça e intervi. Os vizinhos chamaram a polícia e meu pai me acusou de agressão. Minha mãe se recusou a contar à polícia que meu pai a estava atacando porque ela não queria que ele fosse preso. Então, ela disse que ele e eu tínhamos discutido que era um problema de família.” "Merda." “As coisas só pioraram depois disso. Eu não poderia viver sob o mesmo teto com ele. Eu estava uma bagunça, e meu próprio consumo de álcool ficou fora de controle, tenho vergonha de dizer. Acabei brigando com alguém de um dos clubes daqui. Fui preso e mantido por alguns dias até minha mãe me resgatar. Esse foi o ponto mais baixo. Percebi então que precisava de ajuda – não apenas por beber, mas para todos os problemas que levaram a isso.” “Espera. Você foi preso?”


“Sim. Mas, em vez de ser preso por agressão, fui sentenciado ao serviço comunitário e a um período de reabilitação. Passei dois meses em uma instalação que não apenas trata o abuso de substâncias, mas também seus problemas subjacentes. Quando você chega lá, eles pegam seu telefone. Acabei de substituir o antigo quando eles levaram o novo. Eles não querem que você tenha distrações externas. Desativei minhas contas de mídia social para facilitar as coisas durante esse período. Tudo aconteceu tão rápido. Como não queria que você se preocupasse, decidi não contar nada do que estava acontecendo. Mas eu esqueci de considerar que você poderia perceber que minhas contas sumiram. Eu não sabia que você estava alarmada. Sinto muito, Teagan.” Puta merda. Ele estava certo que eu teria ficado preocupada, mas aqui estava eu pensando que ele estava tendo o tempo de sua vida e optou por não entrar em contato comigo. “Oh meu Deus, Caleb. Isso explica tudo. Tudo faz sentido agora. Eu pensei que você não queria nenhum contato comigo porque seguiu em frente. Eu vi uma foto sua na página de Archie. Uma garota estava beijando você, e eu apenas pensei...” “O quê? Porra. Teagan, isso não significou nada. Aquela era apenas uma garota no pub. Eu nem sei quem ela era. Eu juro, nada aconteceu. Estávamos fora, e ela estava pendurada em cima de mim. Archie deve ter tirado uma foto. Eu estava bêbado, mas não muito bêbado para perceber onde estava e o que estava fazendo. Eu não estive com ninguém sexualmente desde você, nunca levei as coisas tão longe.”


Ele não dormiu com ninguém? Parecia que eu tinha deixado escapar um suspiro que estava segurando desde que nossa conversa começou. Eu podia sentir as lágrimas se formando nos meus olhos – uma mistura de alívio e tristeza total por tudo o que ele passou. "Uau." "É tão bom ouvir sua voz, Teagan." Eu queria pular o telefone. Minha pele se arrepiou com uma intensa necessidade de vê-lo. “Você está melhor agora? O programa ajudou?” Eu perguntei. “Estou sóbrio, sim. E os terapeutas de lá mergulharam muito no meu passado, em meus problemas com meu pai. Eu não diria que estou consertado, mas conversar sobre coisas com um profissional regularmente ajudou definitivamente. Ainda tenho trabalho a fazer, no entanto.” "Estou tão orgulhosa de você." "Enfim... Minha terapia está relacionada ao motivo pelo qual estou ligando." Meu coração disparou. "Ok…" “Eu precisava trabalhar em mim mesmo antes que eu pudesse realmente me entregar a alguém. Parte do motivo pelo qual não lutei mais por nós, antes de partir, foi porque não sentia que merecia ser feliz, ou que merecia você.” Eu o ouvi respirar fundo.


“Você está feliz, Teagan? Seja honesta. Eu sei que você está com alguém.” Com alguém? “Eu não estou... Com ninguém. O que fez você dizer isso?” "Você não está?" "Não." “Mas você estava. Eu vi uma foto online.” “Por alguns meses, sim. Mas eu terminei com ele depois que encontrei sua carta na gaveta de maquiagem, e isso me lembrou que eu nunca deveria me acomodar. Ele era meu namorado por um tempo, mas nunca fizemos sexo,” acrescentei. “Uau. Eu apenas assumi...” Caleb suspirou. "Então, deixe-me ver se entendi... O cara nas fotos que Kai postou no acampamento – você não está mais com ele?" "Eu terminei com ele." "Você está solteira." "Sim." "Espere um segundo." Houve alguma confusão, e então ouvi Caleb gritando para longe do telefone. "Sim!" Pareceu ecoar. Ele fez isso de novo. "Fodase sim!"


"Oh meu Deus. Você acabou de gritar lá fora? Eu ouvi o eco.” “Absolutamente, Teagan. Se você dissesse que estava feliz com outro cara, talvez eu não estaria a ponto de dizer o que estou prestes a dizer. Eu poderia ter mantido dentro para sempre. E isso poderia ter me matado. Mas a verdade é que agora posso dizer e tenho muito a dizer.” Eu funguei. “Diga, Caleb. Por favor, diga.” “Eu relutei em entrar em contato com você porque, quando entrei em minhas contas e vi você etiquetada nessas fotos, achei que estava feliz. Não queria atrapalhar sua vida, porque isso não teria sido justo. Então eu me controlei para não ligar para você. Mas não a procurar tem lentamente me devorado. Pedi ao universo que me desse um sinal de que eu deveria arriscar. Eu nunca pensei que conseguiria, mas finalmente consegui.” "O que foi isso?" “Bem, resumindo tudo. Meu pai se mudou. Que foi só uma questão de tempo. Ele está morando com um de seus irmãos agora, mas isso é uma história para outro dia. De qualquer forma, recentemente confessei à minha mãe o quão miserável eu sempre estive durante os anos no Natal. Este ano, éramos apenas nós dois, e decidimos fazer algo que nunca fizemos: dirigir até Nottingham e ficar em outro lugar, talvez fazer uma viagem e apreciar a companhia um do outro longe de casa e todas as más lembranças existentes. Estou ligando para você agora de Nottingham, na verdade.”


Isso me fez sorrir. "Sua mãe está com você?" “Ela está lá em cima na sala. Estou do lado de fora do hotel no momento. Eu vim aqui para ligar para você. De qualquer forma, durante todo o dia eu estive pensando no último Natal, como foi incrível gastá-lo com você e sua família. O dia inteiro eu queria ligar para você. Mas eu ainda hesitei.” "O que finalmente fez você fazer isso?" “Minha mãe e eu começamos a olhar para a lista de restaurantes próximos do hotel, e muitos deles nem estavam abertos hoje à noite, mas havia um lugar chinês que era: o Bo Cheng's. Bo. Fodido. Cheng's, Teagan! Eu juro.” "Oh meu Deus." Eu ri histericamente. “Oh meu Deus! Como isso é possível?” “Naquele momento, eu sabia que tinha recebido o sinal de que precisava e tive, que ligar para você, mesmo que isso significasse atrapalhar sua felicidade. Porque há muito que preciso dizer.” Ele exalou. “Primeiro de tudo, eu te amo. Eu te amo muito. Eu nunca disse isso porque estava com medo, mas eu te amo há muito tempo.” Fechei os olhos e deixei que isso afundasse. Minha voz falhou. "Eu também te amo." “Escute, provavelmente estou preso aqui na Inglaterra por causa do meu registro de prisão. Agora vai ser muito difícil


conseguir um visto para os EUA. Então, eu tenho que fazer uma pergunta.” "OK…" “Você estaria disposta a vir aqui? Seja depois do ano letivo, depois de se formar ou sempre que puder – assumindo que eu não posso chegar aí –, não me importo. Vou encontrar uma maneira de pagar sua passagem.” Emoções inundaram-me, mas não tive dúvidas sobre a minha resposta. "Sim! Sim, eu vou. Claro." "Você quer dizer isso?" "Sim. Tudo que você tinha a fazer era perguntar. Nem preciso pensar nisso. Nós vamos descobrir algo.” Nós estaríamos juntos novamente. E lá estava: o melhor maldito presente de Natal que eu poderia ter recebido.

Agora que sabia que Caleb me queria na Inglaterra, não consegui chegar lá rápido o suficiente. No dia seguinte ao nosso


telefonema, contei à Maura e a papai tudo o que Caleb havia me dito e meus planos de viajar para Londres no final do ano letivo. Na semana seguinte, fui ao escritório de serviços estudantis para perguntar sobre a transferência do meu último ano para a universidade parceira em Londres. Eu definitivamente teria que terminar

meu

primeiro

ano

aqui,

mas

eles

disseram

que

procurariam por mim. Basicamente, seria o oposto do que Caleb havia feito. Se não fosse possível, eu tiraria uma folga ou descobriria outra coisa. Não importava, desde que pudéssemos ficar juntos. Não havia nada que eu quisesse mais do que estar com Caleb. Caleb queria pagar para eu chegar lá, mas ele e sua mãe haviam esgotado seus fundos pagando pela reabilitação. Eu não queria que ele tivesse que vender sua alma pela minha passagem. De qualquer forma, eu precisava não apenas de dinheiro para viajar, mas de um meio para ficar na Inglaterra. E eu estava determinada a conseguir os dois. A partir de agora, eu poderia permanecer no Reino Unido por até seis meses sem qualquer tipo de visto especial. Teríamos que descobrir as coisas além disso. Eu tinha algumas economias, mas isso nem sequer cobriria o custo da minha passagem de avião. Eu comecei a gastar meu tempo livre pesquisando possibilidades de trabalho on-line no Reino Unido. Maura veio me encontrar no meu quarto depois que voltei da faculdade.


“Ei. Eu vim para uma atualização,” ela disse. "Você teve alguma sorte em conversar com o Northern sobre a transferência no próximo ano?" “Eles disseram que precisavam conversar com algumas pessoas da universidade na Inglaterra, para ver se isso seria uma possibilidade. Então eu tenho que esperar.” "Você acha que vai embora mesmo que não possa se transferir?" “Sim. Eu sei disso de fato. Eu só tenho um ano, e sempre posso voltar e terminar mais tarde ou descobrir outra coisa. Não posso durar mais um ano longe dele, agora que sei que ele me quer lá.” "Isso é muito romântico." Maura sorriu. "E há algo que eu gostaria de lhe dar, Teagan, para tornar isso mais fácil." Sentei-me ao lado dela. "OK…" "Planejei esperar até que você ficasse um pouco mais velha, mas sinto que é a hora certa." Maura puxou uma pequena caixa do bolso do suéter. “Antes de mostrar para você, eu deveria começar isso dizendo que acho que seu pai ficou completamente louco quando ele comprou isso. Mas tudo funciona por uma razão.” "O que é isso?"


Maura abriu a caixa, revelando um grande diamante quadrado que parecia adequado para uma rainha. Tinha diamantes menores ao redor da pedra central. Foi de tirar o fôlego. "Meu pai comprou isso para você?" Ela balançou a cabeça e riu. "Não." "Não?" Minha testa enrugou em confusão. "Ele comprou para a Ariadne." Meu queixo caiu. "O quê?" "Sim. Foi um esforço de última hora para fazê-la ficar. Ela usou por um tempo, mas devolveu a ele antes de sair. Pelo menos ela teve a decência de fazer isso. Até hoje, ainda estou chocada que ela não tenha guardado.” Minha boca caiu. “Você quer me dar isso? Não tenho certeza se posso ter isso.” "Oh, sim, você pode." Ela olhou para o anel. “Ouça, depois que seu pai e eu estávamos apaixonados, ele me mostrou esse anel e me disse que o venderíamos e escolheríamos outra coisa. Naquela época, tínhamos acabado de nos levantarmos financeiramente, então não fazia sentido gastar esse dinheiro comigo mesma. Ainda assim, também não parecia correto trocá-lo por dinheiro. Por isso, perguntei-lhe se tudo estaria bem se eu o guardasse – para você, ou para um dia necessário, se a família precisar.” "Ele estava bem com isso?"


“Você conhece seu pai. Enquanto eu estivesse feliz... Ele me deixou ficar com ele. Eu sempre soube em meu coração que daria a você porque foi a última coisa que Ariadne deixou para você – a única coisa que ela deixou. Esse anel nunca pareceu meu. Na minha cabeça, sempre foi seu.” Eu olhei para o diamante brilhante. "Uau." Ela sorriu. “Então, o que eu gostaria que você fizesse é vendêlo e usar o dinheiro para pagar sua passagem para a Inglaterra e as despesas de vida enquanto o dinheiro durar. Um anel como este deve representar amor. Ao vendê-lo, você poderá estar com quem você ama e ter dinheiro para se sustentar por um tempo.” Tão cheia de emoção, eu mal conseguia falar. "Você tem certeza?" "Não há nada que eu tenha mais certeza." Peguei o diamante e segurei-o entre o polegar e o indicador. As luzes do teto refletiram na pedra. Foi lindo. Mas foi tão... louco. Tão louco. Eu precisava desse dinheiro e não lutaria contra isso. Eu devo muito à Maura. Eu passei meus braços em volta dela. "Eu nunca serei capaz de pagar você por isso." “Não há necessidade. Como eu disse, isso sempre foi seu de qualquer maneira. Saber que você estará com Caleb, deixa-me muito feliz. Vale mais do que esse anel jamais poderia valer.”


Embora Caleb e eu conversássemos ao telefone quase todos os dias agora, não era o mesmo que estar com ele. O restante do ano letivo progrediu lento e dolorosamente. O que nos fez passar por ele foi saber que a cada dia que passava nos aproximava mais de estarmos juntos. Mas isso finalmente acabou. Eu não consegui entrar em um programa de intercâmbio pela Northern University, então decidi tirar o próximo ano para descobrir minha vida. Isso começou pulando no primeiro avião para o Reino Unido quando as aulas terminaram. "Você pode me levar na sua mala?" Shelley perguntou. Faltavam dois dias para eu partir para a Inglaterra e eu ainda tinha um longo caminho a percorrer com minhas malas. Eu sorri. "Sabe, eu nunca pensei em dizer isso, mas eu realmente queria poder." Às vezes você não aprecia algo até estar prestes a perdê-lo. Minha irmã e eu ficamos muito mais próximas no ano passado. Ela veio ao meu quarto para conversar sobre garotos por quem estava


apaixonada. Eu a ajudei com a lição de casa. Às vezes, ela e eu conversávamos sobre coisas aleatórias. Mas fazíamos parte da vida uma da outra. E agora, depois que finalmente encontramos um ritmo, eu estava me mudando para a Inglaterra por, pelo menos, seis meses. "Eu vou sentir muito a sua falta." Shelley tentou enfiar alguma coisa na minha bagagem de mão. "O que você acabou de colocar dentro da minha bolsa?" Eu perguntei a ela. "Era para ser uma surpresa." Ela pescou e entregou para mim. Era uma pulseira de prata que dizia irmã e tinha um pingente de dois corações entrelaçados. Meu coração inchou. “Você sabe, deveria ser eu te dando um presente, não o contrário. Muitas vezes você tem sido uma irmã melhor do que eu.” Eu disse a ela. "Devo-lhe muito tempo perdido e agora estou indo embora." Ela me abraçou. “Está tudo bem, Teagan. Apenas me envie fotos e doces especiais que não podemos encontrar aqui, ou algo assim.” Apertei-a e ri. "Isso deveria compensar anos de ser uma irmã mais velha ruim?" Ela encolheu os ombros. "Você vai voltar?"


“Acredito que sim. Mas não sei o que a vida tem reservado agora. Eu só vou ver o que acontece.”

Meu voo era um voo noturno, então estava chegando na hora de dormir de todos quando entramos no carro para ir ao aeroporto. Meus

pais

tinham

sido

incrivelmente

solidários,

então

me

surpreendeu quando meu pai parecia nervoso no caminho. "Não acredito que estou apoiando minha filha a abandonar a faculdade," disse ele. "Eu devo estar louco." Maura colocou a mão no joelho dele enquanto ele dirigia. “Não. Você não é louco, apenas um velho romântico.” "Eu prometo terminar a faculdade, pai," eu disse no banco de trás. "Eu só preciso fazer isso agora." "Você me promete que se as coisas não estiverem indo bem lá, você voltará logo?" Ele perguntou. “Sim. Claro. Não vou ficar em nenhum lugar que esteja infeliz.” Eu não tinha ideia de como as coisas seriam no território do Caleb. Meus pais proporcionaram um ambiente seguro e amoroso, sem fator de estresse. Em Londres, eu moraria com Caleb e sua


mãe. Eu não tinha ideia se ela iria gostar de mim. Eu só falei brevemente com Poppy Yates por telefone. Havia tantas incógnitas. Mas essa viagem faria Caleb e eu dar certo ou não. Quando chegamos ao aeroporto, meus pais e irmã saíram do carro para se despedir de mim da plataforma de desembarque. "Você dá um grande abraço em Caleb por nós, ok?" Maura disse, lágrimas enchendo seus olhos. "Eu vou. Obrigado por tudo, mãe. Eu te amo." Ela me apertou com força. "Eu também te amo." Em seguida, meu pai me abraçou. “Querida, lembre-se de que estou a apenas um telefonema de distância. Você entra no próximo avião para casa, se você for qualquer coisa menos que a lua lá. OK?" “Ok pai. Prometo que não hesitarei em voltar.” Shelley estava chorando quando nos abraçamos. "Eu te amo, Teagan." "Eu também te amo, Shell Belle." Durante o nosso abraço, enfiei a mão no bolso e peguei algo que havia comprado para ela. Era a mesma pulseira que ela me deu, exceto em seu metal favorito, o ouro. "Agora temos as mesmas pulseiras para sempre olhar para baixo e pensar uma na outra."


Ela a colocou no pulso. “Obrigada, Teagan. Queria comprar uma para mim quando consegui a sua, mas não podia pagar.” Eu toquei o pingente na minha pulseira correspondente. “Obrigada pela minha. Vou usar o tempo todo.” "Eu também," disse ela quando nos abraçamos novamente. Eu soprei para minha família um último beijo antes de atravessar as portas de vidro deslizantes. Enquanto eu subia a escada rolante até o portão, borboletas enxameavam na minha barriga. Era só eu agora. Uau. Estou realmente fazendo isso.

Depois de passar pela alfândega em Heathrow, procurei freneticamente sinais de Caleb. Quando finalmente o encontrei, ele estava segurando um buquê de... eu não tinha certeza. O que é isso? Corremos para frente como se estivéssemos em uma corrida para nos encontrarmos. Caleb passou os braços em volta de mim antes que eu pudesse descobrir o que ele estava segurando. Não que isso importasse. Eu queria estar envolvida nele assim para sempre. Seu cheiro familiar


me envolveu, e ele me apertou com tanta força que pensei que poderia quebrar. Era tão bom estar em seus braços novamente. "Sinto como se estivesse prendendo a respiração por um ano," disse ele contra o meu ouvido. Quando ele finalmente me soltou, dei uma olhada no que ele estava segurando. Eu cobri minha boca. "Ó meu Deus. O que você fez?" "É um buquê de marshmallow carbonizado." Ele deu um sorriso torto. Ele enrolou uma fita roxa em torno de um monte de marshmallows torrados em palitos. "Essa deve ser a coisa mais criativa que já vi há muito tempo." "Apenas o melhor para você, meu amor." Ele me entregou o buquê antes de me puxar para um beijo profundo. Ficamos por um período indeterminado no meio do aeroporto lotado, chupando o rosto um do outro, completamente alheio à multidão de pessoas ao nosso redor. "Posso te dizer uma coisa?" Ele sussurrou. "Sim?" "Eu estou tão fodidamente nervoso." "Por quê?"


"Porque quero que as coisas sejam absolutamente perfeitas para você aqui, e sei que não serão." "O que você quer dizer?" “Quero que você se sinta confortável. Nosso apartamento é pequeno, Teagan. Não é nada como sua casa nos EUA.” “Por favor, não se preocupe com isso. Você sabe que isso não importa para mim.” “Eu sei. Só não tenho certeza de que você percebe como as coisas serão diferentes.” Sem saber como convencê-lo, falei mais alto. “Eu não ligo para isso, Caleb. Eu vim aqui por você, não pelo teto sobre minha cabeça, ou qualquer outra coisa. Não quero nada além de você.” Ele soltou um longo suspiro antes de estender a mão para colocar mais um beijo nos meus lábios. Eu pensei que nunca mais estaria com ele assim. Isso parecia insondável agora.

O bairro de Caleb em Stratford era realmente fofo. Era uma cidade mercantil com mais de oitocentos anos de história e era onde William Shakespeare nasceu. Aparentemente, era fácil ir e vir de


Londres de onde ele morava. A desvantagem foi que não era a área mais segura à noite. Caleb deixou claro que não confiaria em mim andando sozinha depois do anoitecer. Eu queria dizer a ele que suas

preocupações

provavelmente

eram

injustificadas,

mas,

novamente, eu não ouvi Maura quando ela me avisou sobre o cinema Syd e veja o que aconteceu. O apartamento do segundo andar de Caleb e Poppy ficava dentro de uma casa estreita de tijolos. Meu coração batia forte quando Caleb me ajudou a carregar minhas malas pelas escadas até o lugar deles. Assim que a porta se abriu, a mãe de Caleb veio correndo em nossa direção. “Meu Deus, você voltou mais rápido do que eu pensava. Eu queria botar um pouco de maquiagem.” Ela estendeu a mão para mim. "Teagan, bem-vinda." Quando nos abraçamos, eu disse: "É tão incrível finalmente conhecê-la, senhora Yates." "Por favor, me chame de Poppy," disse ela. Caleb parecia um pouco nervoso enquanto ele estava com as mãos nos bolsos, observando minha interação com sua mãe. Alguns momentos de silêncio constrangedor se seguiram quando a mãe dele me levou. Eu não sabia o que ela estava pensando.


Garota americana estúpida? Rapaz, eu acho que meu filho poderia fazer melhor? Então, essa é a garota que queria roubar meu filho e mantê-lo nos EUA? Então ela finalmente disse: “Posso ver por que meu filho está tão apaixonado por você. Você é absolutamente adorável.” Caleb sorriu para mim. Eu não sabia o que dizer, mas o alívio me inundou. "O sentimento é mútuo," eu disse. "E você é adorável também." "Eu fiz comida, se você estiver com fome," disse ela. A única coisa que eu realmente estava com fome neste momento era Caleb. Mas como agora estávamos em casa com a mãe dele, eu não fazia ideia de quando poderíamos nos reunir adequadamente. Mas eu sabia que deveria comer e não havia como recusar a oferta dela. "O almoço parece maravilhoso." Eu segui Caleb e sua mãe até a pequena cozinha. Uma panela grande de algo estava fervendo no fogão. Através de uma janela que dava para uma escada de incêndio, eu podia ver uma linha de roupas com vários shorts e camisas ao vento. Depois, ao lado da pia, estava a lavadora. “Aqui, a famosa máquina de lavar roupa na cozinha que eu ouvi tanto falar.”


A mãe dele parecia confusa. "O que é isso?" “Mãe, você acreditaria que nos Estados Unidos eles têm um quarto designado para lavar roupa? É brilhante.” Ela riu. "Espero que estar aqui não seja um despertar rude para você, Teagan." “Seu lugar é aconchegante e íntimo. Eu passo a maior parte do meu tempo no quarto do porão em casa, então essa é apenas a minha coisa.” Caleb parecia incapaz de parar de me encarar. É claro que notei isso porque não conseguia parar de encará-lo. Quando sua mãe se virou para cuidar da sopa, ele murmurou: “Eu quero você.” Ele parecia pronto para me devorar, o que causou um rebuliço no meu corpo. "Eu também quero você," eu sussurrei, certa de que meu rosto devia ter ficado cinquenta tons de vermelho com a sua mãe ali. Ela interrompeu nosso flerte quando se aproximou da mesa segurando duas tigelas fumegantes. "Cheira delicioso." "É a famosa sopa de batata e alho-poró da minha mãe." "Mal posso esperar para experimentar."


Depois que terminamos a sopa maravilhosa, a mãe de Caleb ferveu um pouco de chá e colocou biscoitos. Ela estava fazendo tudo ao seu alcance para me fazer sentir confortável, o que eu apreciei. O assunto da conversa ficou sério durante o chá. “Você percorreu um longo caminho, Teagan — arriscou muito. Isso é uma prova de quanto você realmente se importa com o meu filho.” "Não há lugar que eu preferiria estar," eu disse a ela. “Caleb causou uma grande impressão na minha vida em pouco tempo — não apenas no que ele me ensinou sobre apreciar o que tenho, mas na maneira como ele perseverou em muitas coisas difíceis, sempre sorrindo quando sei que nem sempre é fácil para ele." A mãe dele assentiu. “Foi um ano difícil nesta casa. Meu marido e eu estamos separados pela primeira vez em anos, e Caleb ir à reabilitação não era algo que vimos chegando. Tem sido muito difícil. Mas ver o olhar dele quando descobriu que você estava vindo para a Inglaterra – é algo que nunca esquecerei.” Peguei a mão de Caleb debaixo da mesa. “Obrigada por compartilhar isso. Apenas solidifica para mim que estar aqui é certo. Tudo o que ele precisava fazer era pedir, honestamente.” Eu não esperava me sentir tão em casa aqui, e devo ter ficado mais relaxada do que percebi quando um enorme bocejo me tomou. "Você deve estar cansada da viagem," observou Poppy.


"Sim, eu definitivamente estou." Eu não tinha ideia de onde eu iria dormir. Caleb e eu não tínhamos discutido isso. O apartamento era pequeno, então não havia muitas opções. Eu decidi arrancar o band-aid. "Onde eu vou dormir?" Caleb olhou para sua mãe e de volta para mim. "Comigo." "Não temos muito espaço," acrescentou Poppy. "E eu não nasci ontem pra pensar que Caleb dormindo no sofá mudará tudo o que vai acontecer quando eu não estou aqui." Ela sorriu. "Apenas tenha cuidado e segure meu garoto à noite, se ele tiver um pesadelo." Uau. "Eu prometo que vou." Quando comecei a limpar, Poppy me enxotou. “Você vai descansar. Eu tenho isso. Você terá tempo de sobra para ajudar nos próximos seis meses.” Ela piscou. Caleb me pegou pela mão e me levou para o quarto dele, que felizmente estava do lado oposto da casa do quarto de sua mãe. Isso tornaria as coisas um pouco menos estranhas. A decoração do quarto de Caleb era simples e estava limpa. Como em seu quarto em Boston, ele tinha equipamentos de ginástica por aí. A janela que dava para a rua estava aberta. A cama era grande, com um cobertor cinza em cima e um tapete cor de vinho no chão.


Caleb sentou-se em sua cama e gesticulou para eu ir em sua direção.

Ele

enterrou

o

rosto

no

meu

abdômen,

beijando

suavemente sobre a minha blusa antes de tirá-la de mim e voltar com sua boca para a pele nua do meu estômago. "Eu senti tanto a falta deste corpo." A sensação de suas palavras vibrando contra a minha pele enviou ondas de choque através de mim. Olhando para a protuberância massiva em seu jeans, senti os músculos entre minhas pernas se contorcerem em antecipação. Eu mal podia esperar para senti-lo dentro de mim novamente. Caleb continuou a me despir lentamente, levando seu tempo tanto quanto eu queria que ele se apressasse. "Precisamos ficar muito quietos," ele sussurrou. A última coisa que eu queria era a mãe dele nos ouvir fazer sexo. Já era ruim o suficiente ela saber muito bem o que estava acontecendo aqui. Mas nada poderia ter me impedido de tê-lo agora. Quando Caleb abaixou minhas calças, ele notou minha calcinha rendada. Ele nunca me viu em algo assim, mas eu as comprei caso acabasse nessa mesma situação quando chegasse. “Porra, Teagan. Você está tentando me matar aqui e agora com essas calcinhas?”


Ele se sentou na beira da cama e soltou suas calças antes de tirá-las, junto com sua roupa de baixo. Seu belo e duro pênis saltou livre. Brilhava na ponta, tão pronto. Eu tinha vontade de lambê-lo, então me ajoelhei e o peguei em minha boca. Caleb soltou o som da fome sendo satisfeito, um gemido baixo e sexy. "Porraaaa," ele acrescentou depois de um momento. "Você precisa parar com isso." Eu sabia que se continuasse, ele ia gozar, então eu o deixei ir, porque eu realmente precisava dele dentro de mim. Fiquei maravilhada com seu corpo perfeito, que estava ainda mais esculpido do que antes. Eu ainda não conseguia acreditar que ele era meu. Quando eu conheci Caleb, ele parecia tão fora do meu alcance, a ideia de estar com ele era como um sonho. Ele me virou e descansou seu peso sobre mim. Tínhamos feito sexo de várias maneiras diferentes no passado, mas Caleb parecia gostar de ser dominante, o que tornou essa a minha posição favorita também. Ele abriu minhas pernas e empurrou dentro de mim lentamente até que ele estava profundamente dentro de mim, até as bolas. O som que eu fiz deve ter sido um pouco alto demais, porque ele colocou a boca sobre a minha. “Shh, querida. Shhh.” "Desculpe," eu sussurrei.


Caleb começou a se mover lentamente. Era intenso, e eu poderia dizer que ele queria se mover mais rápido e mais forte, mas a cama definitivamente faria muito barulho. Ter que segurar era torturante. Com cada impulso em mim, eu o queria mais e mais, mais duro e mais duro. Depois que comecei a moer meus quadris de uma certa maneira, Caleb perdeu o controle. "Merda," ele gemeu, e senti seu esperma quente derramar dentro de mim. "Cristo. Eu te amo, Teagan. Eu te amo muito." "Eu também te amo," eu disse quando um orgasmo rasgou através de mim. Foi a primeira vez que ele me disse que me amava pessoalmente, e com isso, eu sabia que estava exatamente onde precisava estar.


Acordar com a visão de Teagan na minha cama era definitivamente estranho – mas de um jeito bom. Ela estava absolutamente exausta ontem à noite, então levantei-me em silêncio sem acordá-la para deixá-la dormir. Minha mãe estava na cozinha, bebendo chá quando entrei. "Bom dia, mãe." Eu cocei abaixo do meu queixo. Ela colocou a xícara para baixo. "Como estão as coisas?" Sua expressão continha um sorriso. Definitivamente, era estranho como ela sabia que Teagan e eu estávamos transando lá na noite passada. Mas suponho que quanto antes nos acostumarmos com esse arranjo, melhor. Ainda assim, eu não conseguia fazer contato visual. "As coisas estão bem." “Ela é muito gentil. Estou ansiosa para conhecê-la melhor – sem sufocá-la. Não se preocupe. Lembro-me do que você disse sobre ela precisar de espaço. Deus sabe que não temos muito disso. Vou deixá-la vir até mim.”


"Obrigado," eu disse. "Eu aprecio isso." Sentei-me, peguei um dos biscoitos de café da manhã que minha mãe tinha assado e servi um pouco de chá do bule sobre a mesa. Por mais feliz que eu estivesse por Teagan estar aqui, tínhamos muito a resolver. Eu estava pronto para me reinscrever nas aulas neste outono, e ela precisava encontrar trabalho, ou pelo menos algo para mantê-la ocupada enquanto ela estava aqui. Um dos meus tios era dono de uma loja de flores e prometera um emprego para ela. Isso estava longe de ser emocionante, mas pelo menos seria alguma coisa. Rezei para que ela não se ressentisse do fato de eu estar voltando para a faculdade enquanto ela não podia agora. Ela essencialmente desligou sua vida por um tempo para estar comigo, e eu esperava que ela não se arrependesse disso. Havia também algo mais me incomodando, algo que eu estava escondendo dela. Eu não sabia quando seria o momento certo para divulgá-lo. Agora era muito cedo. Ela nem tinha se acostumado a estar aqui ainda. Ao mesmo tempo, não podia esperar muito tempo. "Você está estressado?" Minha mãe perguntou. “Apenas tome um dia de cada vez. Ela veio atrás de você, não por qualquer outro motivo.” "Eu ainda luto algumas vezes, mãe – sentindo que não mereço ser feliz."


Ela assentiu. “É difícil abandonar o hábito do pensamento destrutivo. Talvez você precise parar de se preocupar se merece algo e apenas aceitar isso como um presente.” "E se eu escorregar de novo?" "Você quer dizer começar a beber?" “Qualquer coisa... afastá-la, começar a beber novamente, apenas atrapalhar de alguma forma as coisas. Ela veio até aqui. Não quero estragar tudo.” "Você percebe que as perguntas que começam com e se são fúteis, não é?" Eu soltei um suspiro. "Sim." Minha mãe estava tão solidária. Eu sabia que não era fácil para ela viver longe do meu pai depois de todos esses anos, e me perguntei se seria apenas uma questão de tempo até que ele voltasse para casa novamente. Definitivamente, isso não era algo que eu queria enquanto Teagan morava conosco. "Você acha que você e meu pai vão resolver as coisas?" Minha mãe desviou o olhar. “Nos últimos meses, aprendi que é possível amar alguém e não ser capaz de tê-lo em sua vida. As coisas ficaram tóxicas por tanto tempo, e eu simplesmente aceitei isso. No fundo, seu pai tem um bom coração, mas ele não sabe como lidar com seu próprio filho. E, para ser franca, você é mais importante para mim do que ele.” Ela suspirou. “Há muitas outras


coisas que tornaram impossível viver com ele também – como a maneira como ele me tratou. Então, agora, acho melhor se as coisas continuarem do jeito que estão.” A felicidade de minha mãe importava para mim mais do que a minha, mais do que tudo. Se ela estava mais feliz com meu pai não morando aqui, eu precisava aceitar isso – e talvez ser grato por isso. "É uma nova era para nós, Caleb." Minha mãe agarrou minha mão do outro lado da mesa. “Você sabe que está tudo bem se você não é perfeito, certo? Mesmo que você lide com as coisas erradas de vez em quando, contanto que trate as pessoas que ama com respeito, na maioria das vezes elas não vão embora se o amam de volta. Seu pai parou de me respeitar. E foi por isso que tive que deixá-lo.” Eu assenti. "Entendido." Deixou-me orgulhoso que minha mãe tivesse coragem de enfrentá-lo. Depois de tomar meu chá, voltei ao meu quarto para ver se Teagan ainda estava dormindo. Para minha surpresa, ela estava parada no meio do corredor, enrolada em uma toalha depois de aparentemente ter saído do chuveiro. Gotas de água escorriam por seus braços e seus cabelos estavam úmidos. Eu queria arrancar a toalha dela, mas isso não teria sido sábio. Ela estava de pé na frente de uma foto de Emma e eu tirada quando éramos crianças. Minha mãe tirou a maioria das fotos de


Emma ao longo dos anos para não me chatear. Mas, como parte da minha terapia mais recente, fomos aconselhados a colocar um pouco de volta. Teagan manteve a toalha fechada sobre os seios enquanto continuava olhando a foto. "Eu nunca tinha a visto antes." Coloquei minhas mãos em seus ombros enquanto estava atrás dela. Exalando um longo suspiro, eu disse: "Essa é minha linda irmã, Emma Louise." Ela estendeu a mão para tocar minha mão. Minha mãe veio pelo corredor para chegar ao quarto e nos viu ali. "Você encontrou minha Emma," disse mamãe. "Ela é o nosso anjinho, sempre nos guiando." Teagan virou-se para minha mãe. "Ela era tão bonita." Engoli em seco, sentindo a dor subir pela minha garganta para me sufocar. Eu tentei o meu melhor para me manter forte. “Caleb normalmente se recusa a olhar para qualquer foto dela. Acho que você estar aqui está lhe dando força, Teagan.” Minha mãe me deu um tapinha nas costas antes de continuar em direção ao seu quarto.


Segurando a mão de Teagan, eu a conduzi para o nosso quarto. Nosso quarto. Isso ainda parecia estranho. Fechando a porta, pedi que ela se deitasse ao meu lado. Ainda enrolada na toalha, ela se enrolou nos meus braços. “Durante anos, não conseguimos ter as fotos de Emma pela casa. Era demais para mim. Mas recentemente as colocamos de volta, e eu tenho lidado com isso, mas, na verdade, não olhei para o rosto dela, até agora.” Eu beijei o topo da cabeça dela. “Minha mãe está certa. Tê-la aqui é tão bom para mim. É o mais feliz que já estive há muito tempo.” Ela descansou a cabeça no meu peito. “Parece tão surreal estar na Inglaterra com você. Eu sempre tive essa ideia na minha cabeça sobre como era aqui, a dinâmica entre você e sua mãe. Eu sei que as coisas são muito diferentes agora que seu pai está fora, mas há uma serenidade que eu não esperava. Também há muito amor aqui – e muita dor que persiste. Eu posso sentir tudo, tudo o que está dentro dessas paredes. Estou tão feliz por estar aqui, por ter a oportunidade de experimentar uma nova vida, novas aventuras. Mas, sério, não importa onde eu esteja, contanto que eu possa estar com você.” Essa garota – essa linda mulher – respirava vida dentro de mim a cada segundo que estávamos juntos. Eu precisava encontrar uma maneira de ficarmos juntos por mais do que apenas nos próximos seis meses. Eu precisava dela para sempre.


Uma semana após a chegada de Teagan, a informação que eu estava escondendo dela se tornou difícil de conter. Nos meses que antecederam a mudança de Teagan, gastamos muito tempo no telefone. Ela me disse que decidiu procurar no Google sua mãe biológica, Ariadne. Ela explicou como isso a levou a perceber o quão importante Maura era em sua vida. Adorei ouvir que ela finalmente dera à Maura o crédito que merecia. Ela também me disse que, de acordo com os endereços listados, Ariadne viveu por um tempo aqui no Reino Unido. Isso não foi uma surpresa, pois Teagan sempre descreveu sua mãe biológica como uma andarilha e viajante do mundo. Lembrei-me dela me dizendo que Ariadne havia convencido Lorne a deixar o emprego por um tempo e viajar com ela todos esses anos atrás. Eu não tinha pensado muito na conexão Ariadne-Reino Unido até uma noite em que visitei meu tio. Frederick é um policial, e eu sabia que ele tinha acesso a determinadas informações além do que uma pesquisa geral no Google proporcionaria. Entre risadinhas e conversa fiada, eu lhe dei o nome Ariadne Mellencamp e perguntei o que ele poderia descobrir sobre o tempo dela aqui na Inglaterra. Uma lista em Brighton apareceu. Isso foi um pouco menos de três horas daqui. Mais notável foi a informação que veio junto: os


nomes de outras pessoas naquela residência. Eles estavam conectados à Teagan também? Eu imediatamente me arrependi de procurar essas informações, porque agora tinha que compartilhálas com Teagan.


Uma semana depois do meu novo emprego na loja de flores do tio de Caleb, eu senti como se estivesse me adaptando. Demorei um pouco para descobrir a diferença entre gerânios, cravos e outras flores, mas depois que eu estabeleci um sistema de rotulagem, comecei a pegar o jeito nisso. Trabalhando sob a tutela da tia Noreen de Caleb, levei meu tempo para fazer os vários arranjos. Era um trabalho pacífico, em geral; não muito apressado e perfeito para alguém ainda aprendendo as coisas. A loja não estava muito longe de onde morávamos. Minha parte favorita do dia era quando Caleb aparecia para me acompanhar até em casa depois que as aulas de verão terminavam. Eu definitivamente estava com inveja, mas decidi me concentrar em outros tipos de aprendizado durante esse período. Caleb e o mundo ao nosso redor tinham muito a me ensinar, eu sabia. A campainha tocou quando ele entrou na loja. Noreen me deixou sozinha pela última meia hora do meu turno. "Olá, baby." Corri de trás do balcão para envolver meus braços em volta do pescoço de Caleb. "Como foi o seu dia?"


"Bom." Seu sorriso parecia forçado e um pouco... Fora. Meu coração bateu forte. "Está tudo bem?" “Sim. Mas há algo sobre o qual quero falar com você. Mamãe está trabalhando até tarde, para que possamos ficar sozinhos um pouco. Vamos para casa, está bem?” Uma onda de adrenalina me atingiu. "É algo ruim?" “Não. Por favor, não se preocupe. É apenas algo que preciso falar com você.” A caminhada para casa foi estranha, para dizer o mínimo. Caleb olhou para a calçada o tempo todo, e eu me senti enjoada. As coisas estavam indo tão bem aqui. Eu deveria saber que o pior ia chegar. Uma vez dentro do apartamento, Caleb sentou-se no sofá e eu me plantei ao lado dele. Suas pernas saltaram para cima e para baixo. "O quê?" Eu insisti, incapaz de aguentar mais. "Eu fiz uma coisa estúpida." Meus nervos fizeram minha garganta secar. "Certo... O quê?" "Minha curiosidade tomou conta de mim e investiguei algo que não tinha o direito de fazer." Depois de uma longa pausa, ele continuou. “Quando você me disse que sua mãe biológica morara aqui uma vez, pedi ao meu tio, que é policial, que investigasse


melhor. Ele encontrou o endereço onde ela morava e algumas outras informações.” Eu senti meus olhos se arregalarem. “Eu sei... foi estúpido da minha parte. Eu nunca pensei que algo resultaria disso.” Eu respirei fundo. “Resultaria disso? O que você achou?” “Um homem chamado Stuart Erickson e uma garota chamada Emma Erickson foram listadas no mesmo endereço que Ariadne. Claro, isso naturalmente me deu calafrios porque Emma era o nome da minha irmã. Stuart foi listado como quarenta e quatro anos e Emma como dez.” O choque me consumiu quando eu não disse nada. “Não precisamos fazer nada com essa informação, Teagan. Pesquisar o nome dela foi estúpido. E agora descobri algo que não precisa significar nada, se você não quiser.” O que eu deveria dizer? Eu respirei outra vez. "Eu concordo que era desnecessário você procurar o nome dela." “Claro. Eu sei. Foi apenas uma curiosidade idiota. Eu nunca quis te machucar. Por favor, diga-me que não me odeia por isso.” Claro que eu não poderia odiá-lo por isso. Ele procurou impulsivamente o nome dela e encontrou informações inesperadas que não deveriam ser prejudiciais. Mas agora que eu sabia disso,


não era algo que eu pudesse apagar, nem sabia como lidar com isso. Eu exalei. “Eu não te odeio. Estou apenas um pouco perplexa... E sem saber o que fazer com isso.” "Não precisamos fazer nada com isso." Ele examinou meu rosto. “Ou, se você quiser, eu posso pegar o carro da mamãe quando ela chegar em casa, e podemos dar uma volta lá, dar uma olhada. Brighton fica a apenas algumas horas daqui.” Agora minha curiosidade começou a se agitar também. Quem eram Stuart e Emma? Ariadne ainda estava morando na Inglaterra? Com base no número de endereços que eu encontrei listados para ela ao longo dos anos, meu instinto dizia que ela se foi há muito tempo. Mas eu era tão impulsiva, quanto Caleb.

Quando chegamos ao endereço em Brighton e batemos à porta, ninguém estava em casa. Era uma pequena casa de pedra e impossível de ver por dentro, porque as persianas estavam abaixadas.


"Parece que não tem ninguém aqui," disse Caleb. “Vamos embora. Não era para ser.” Eu poderia dizer que ele se sentia culpado por me arrastar para isso. Assim que voltamos para dentro do nosso carro, luzes se aproximaram à distância. Nós congelamos, esperando para ver o que aconteceria. Meu pulso disparou quando vi um homem e uma garota saírem do carro que havia estacionado na calçada bem na nossa frente. Ao ver seu rosto, percebi que ela não apenas se parecia com Ariadne, mas também comigo. Eu soube imediatamente. Eu me virei para Caleb. "Ela é minha irmã."

Eram quase 20 horas e Caleb e eu ainda estávamos estacionados do lado de fora da casa, sem saber o que fazer. "Olhe para mim," ele finalmente disse. “Precisamos tomar uma decisão. Você não precisa entrar. Mas se você fizer, eu estarei bem aqui ao seu lado. Esta é sua escolha. Você não precisa fazer nada que não queira.”


“Eu tenho certeza que se eu me virar e sair agora, isso vai me assombrar. Eu tenho que confirmar.” “Então você tem sua resposta. Nós devemos entrar.” Soltando um suspiro trêmulo, abri a porta do lado do passageiro. Caleb seguiu e subimos o pequeno lance de escada até a porta da frente. Com a mão trêmula, toquei a campainha. O homem abriu. "Posso ajudar?" Ele tinha cabelos castanhos grisalhos nas laterais. "Oi... Uh... Eu estou procurando por Ariadne Mellencamp." Sua expressão mudou e seus olhos se estreitaram lentamente. "Quem é você?" “Meu nome é Teagan Carroll. Estou visitando dos Estados Unidos. Ariadne é minha mãe biológica, embora nunca a tenha conhecido. Entendo que ela possa morar neste endereço?” Eu sabia que ela não estava aqui. Se ela estivesse, eu provavelmente não teria chegado à porta. Esta visita não foi sobre Ariadne. Era sobre a garotinha. Levou alguns segundos para responder. "Quantos anos você tem?" "Vinte." Caleb pegou minha mão e a apertou. O homem saiu do caminho para nos deixar passar. "Entre."


O cheiro de algo torrando foi registrado. Normalmente, isso teria me deixado com fome, mas eu estava muito nervosa. A garota apareceu atrás dele. "Quem é você?" Seus olhos verdes eram os mesmos que os meus. Seu cabelo castanho claro e grosso – também o mesmo que o meu – estava preso em um rabo de cavalo lateral. “Meu nome é Teagan. Prazer em conhecê-la.” "Esse é um bonito nome." "Qual o seu nome?" Eu perguntei. "Emma". Engoli. "Olá Emma." O pai dela virou-se para ela. "Emma, você pode ir para o seu quarto por um momento?" Ela protestou. "Por quê?" "Eu preciso discutir algo com nossos convidados." "Mas..." “Emma, faça o que eu pedi. Por favor.” Depois que ela relutantemente desapareceu em seu quarto, Stuart nos levou até o sofá na sala de estar. Caleb se sentou ao meu lado e segurou minha mão enquanto o homem se sentava à nossa frente.


"Você está procurando por Ariadne?" Ele perguntou. "Não realmente," eu disse a ele. “Acidentalmente, tropecei neste endereço como uma de suas residências anteriores. Quando vi que havia uma criança morando aqui, fiquei curiosa e vim vê-la. Não tenho nenhum interesse em encontrar Ariadne.” Ele assentiu. “Ariadne não mora aqui há muito tempo. Não a vemos há anos.” Essa história parecia familiar. Um sentimento de pavor cresceu no meu peito. Quando ele parecia hesitar em continuar, eu decidi contar a ele a minha história. “Meu pai era professor universitário de Ariadne há duas décadas. Ele se apaixonou por ela. Ela o convenceu a viajar pelo mundo com ela, pagando por tudo. Ela ficou grávida de mim e queria terminar, mas meu pai a convenceu a ficar tempo suficiente para ter o bebê. Ela saiu logo depois que eu nasci e nunca a conheci. Não que eu me importe.” Stuart olhou para mim por um momento. "Você se parece com ela." "Eu sei. Eu também pareço como a Emma. Ela é... " “Sim. Ariadne é a mãe dela.” Meu coração inchou no meu peito. Emma era minha irmã. Minha irmã. Eu tinha outra irmã e não fazia ideia o tempo todo. Eu me preparei. "O que aconteceu?"


Ele balançou a cabeça e riu um pouco. “Bem, como seu pai, fui atraído por seu charme, seu mistério, sua beleza. Ariadne estava viajando sozinha quando a conheci em um banco do parque. Naquela noite, eu a levei para casa comigo e moramos juntos por dois anos. Abrimos um café que vendia chá orgânico, café e lanches no caminho. Ficamos felizes até ela engravidar. Ela admitiu naquele momento que não estava pronta para se acalmar. E, como seu pai, aparentemente, eu fiz tudo ao meu alcance para convencê-la a ficar com o bebê, a ficar e criá-lo comigo.” Sentindo uma mistura de nojo e tristeza, eu disse: “Eu sei para onde esta história vai.” “Você sabe. Porque você a viveu, minha querida.” "Ela saiu depois que Emma nasceu?" “Logo depois, sim. Acordei uma manhã para encontrar uma nota dela. Ela pediu desculpas por ter que sair, dizendo que Emma seria melhor sem ela em nossas vidas.” "Foi a última vez que a viu?" Ele assentiu. “Eu não me incomodei em persegui-la. Ela sabia onde nos encontrar se mudasse de ideia, mas nunca mais voltou.” O horror correu através de mim quando pensei em outra garotinha experimentando o mesmo abandono que eu, nas mãos da mesma pessoa. "O que Emma sabe sobre sua mãe?" Caleb perguntou.


"Eu nunca tive coragem de dizer a ela que sua mãe escolheu sair." “Meu pai se sentiu da mesma maneira por um longo tempo. Nunca quis me machucar,” falei. "Como você explicou isso a ela?" “Eu disse a ela que Ariadne estava doente e teve que sair para melhorar. Tecnicamente, essa é a verdade. Eu acredito que a mulher é doente mental de alguma forma.” "Você vai contar a história toda, um dia?" Eu perguntei. Ele parecia em conflito. “Sim. Acho que sim. Eu só estava esperando a hora certa. Mas nunca parece certo colocar isso sobre ela.” "Compreendo. Meu pai escolheu me contar a verdade quando eu era um pouco mais velha que Emma. Eu definitivamente apreciei sua honestidade, e isso ajudou a explicar muito. Tive a sorte de ter uma madrasta realmente solidária.” “Essa é a única coisa que definitivamente estamos perdendo aqui. Já tive mulheres indo e vindo, mas ninguém disposto a assumir a responsabilidade de cuidar da minha filha.” Ele suspirou. “A partida de Ariadne também nos deixou em ruínas financeiras. Sem ela por perto para ajudar com o café, ele inevitavelmente fechou. Eu tive que encontrar outro trabalho e uma creche para Emma. Foram dez anos difíceis, mas não me arrependo de um segundo. Minha filha é a melhor coisa que já aconteceu comigo.” Eu não pude deixar de sorrir com isso. "Você parece meu pai."


“Ele e eu certamente temos mais em comum do que sabemos. E devo dizer que não te conheço muito bem, mas está claro que ele e sua madrasta fizeram um trabalho maravilhoso.” "Obrigada." Eu sorrio com orgulho. Ele se virou para Caleb. "Eu sinto muito. Nós estamos ignorando você.” "Não precisa se desculpar. Estou feliz por termos tido a oportunidade de conhecê-lo. Minha garota viveu muito tempo sentindo que estava sozinha em sua situação. Acredito que estávamos destinados a encontrar vocês. É engraçado como as coisas funcionam às vezes.” Caleb virou-se para olhar para mim. “Eu pensei que a vinda de Teagan para o Reino Unido fosse apenas para me beneficiar, mas agora vejo que é maior que isso. O destino tinha outros planos.” Stuart esfregou a mão no rosto. “Eu adoraria que você conhecesse Emma, mas não tenho certeza do que quero dizer sobre quem você é ainda. Talvez pudéssemos ir levando isso por um tempo até eu descobrir. Eu gostaria de contar a verdade sobre a mãe dela antes de explicarmos sua relação com ela, se estiver tudo bem.” Eu

sorri,

esperando que

ele

soubesse

que

não havia

ressentimentos sobre essa decisão. “Claro. Não há pressa. Contanto que ela possa descobrir a verdade em algum momento, eu estou bem com isso.”


"Há quanto tempo você está aqui na Inglaterra?" Essa pergunta me deu ansiedade. Mas eu respondi com o que sabia. “Estou aqui há algumas semanas. Meu plano é ficar nos seis meses que me são permitidos e depois descobrir a partir daí. Eu vim para ficar com Caleb. Ainda tenho mais um ano de faculdade para terminar, mas estar com ele por enquanto é mais importante.” "O amor jovem é definitivamente poderoso." Ele sorriu. "Talvez possamos vir aqui nos fins de semana – ou em todos os outros – se você permitir," sugeriu Caleb. "Poderíamos pegar Emma para tomar sorvete, ou nós quatro podíamos sair de vez em quando." Uma voz veio atrás de nós. "Posso sair agora?" Stuart olhou para ela. "Com certeza meu amor." Ela apontou para Caleb. "Eu sei que ela é Teagan, mas qual é o seu nome?" “Caleb. Prazer em conhecê-la, querida.” "Quem são vocês?" Caleb riu. "Somos novos amigos do seu pai." "Teagan pode ser alguém que possa cuidar de você quando eu tiver negócios para cuidar de tempos em tempos," acrescentou Stuart. "Como você se sentiria sobre isso?"


Os olhos dela se arregalaram. "Como uma nova babá?" "Sim. Ocasionalmente." Em vez de responder, Emma se aproximou e passou as mãos em volta das minhas bochechas. "Você é tão bonita." Eu pensei que poderia quebrar. Ela não tinha ideia de quem eu era, mas com base em como ela estava olhando para mim, talvez houvesse algum tipo de conexão inata. Era como se olhar no espelho – não apenas por causa de nossa aparência, mas por causa de nossas experiências compartilhadas. Eu finalmente encontrei as palavras. "Você é muito bonita também." Naquele momento, eu sabia que recebera outro objetivo na vida: garantir que Emma se sentisse menos sozinha – amada – para entender que ela não era culpada por sua mãe partir. Crescendo, eu sempre desejei uma irmã mais velha. Deus sabe que eu fiz um trabalho de merda com a irmãzinha que tive por tantos anos. Mas eu mudei. Aqui estava minha chance de ser a irmã mais velha que eu sempre quis. Eu nunca tomaria a família como garantida novamente – nenhum deles.


Eram nove da manhã quando o telefone tocou. Caleb e eu tivemos o dia de folga das aulas e do trabalho, então dormimos. Surpreendida pelo toque, eu o peguei. "Olá?" “Olá... Teagan? É o Stuart.” O pai de Emma não tinha me contatado desde a nossa visita há mais de uma semana. Minha família ficou pasma quando contei a eles sobre Emma. Meu pai ficou particularmente emocionado com a história se repetindo, com Ariadne abandonando outra filha. Mas, no geral, eles pareciam felizes por eu ter encontrado minha irmã há muito perdida. Eu ainda não tinha certeza se celebraria a descoberta, pois Stuart não deixara claro quando planejava contar a verdade a Emma. Pelo que eu sabia, isso poderia levar anos. Sentei-me contra a cabeceira da cama. “Oh, olá. Como estão as coisas?" “Bom. Bem. Eu queria que você soubesse que falei com Emma.”


“Falou com ela? Você quer dizer sobre Ariadne?” “Sim. Tomei cuidado para não contar que sua mãe a abandonara por si só, mas expliquei que havia descoberto recentemente que sua mãe teve uma filha há vinte anos. Então ela sabe que tem uma irmã.” Peguei os lençóis. "Qual foi a reação dela?" “Ela chorou, na verdade. Ela disse que nunca sonhou que teria uma irmã.” Fechei os olhos. Então os abriu. “Espere, você disse a ela que era eu? A garota que ela conheceu semana passada?” "Sim! Eu disse a ela que era você. Ela sabe, Teagan. Essa percepção a deixou ainda mais feliz.” Calor tomou conta de mim. "Estou tão feliz que ela se sentiu assim." "Quando você pode vir aqui de novo?" "Quando você me quiser," respondi. "Este fim de semana?" Caleb começou a se mexer ao meu lado. "Espere um segundo." Eu sussurrei, "Caleb... Alguma razão para não podermos ir a Brighton neste fim de semana?" Ele piscou os olhos abertos. "Não há uma razão que eu possa pensar."


Voltei para o telefone. "Nós podemos ir!" “Brilhante então. Te vejo em breve.”

Emma estava sentada na cama lendo um livro quando Caleb e eu nos aproximamos do quarto dela no fim de semana seguinte. Bati na porta. "Ei, Emma." Ela largou o livro e olhou para cima. "Você é realmente minha irmã?" Assentindo, sentei-me na beira da cama dela. "Eu sou." Caleb sorriu e sentou-se no chão no canto do quarto para nos dar algum espaço. "Por que você não me contou antes?" Emma perguntou. “Porque pensamos que seria melhor você me conhecer primeiro e depois conversar com seu pai. Espero que esteja tudo bem.” Ela encolheu os ombros. "Tudo bem." Então um sorriso iluminou seu rosto, e tudo parecia certo no mundo. Essa garota era essencialmente eu, uma década atrás. Mas ela não tinha uma


figura materna como eu. Isso me agradeceu mais uma vez por Maura. Pegando algum fiapo na colcha, perguntei: "Você tem alguma pergunta para mim?" "Caleb é seu namorado?" Eu olhei para ele e ri. “Sim, ele é. É por isso que estou aqui na Inglaterra. Eu estou visitando-o.” A expressão dela diminuiu. "Você está saindo?" "Talvez eu precise por um tempo, mas voltarei." Algo sobre o olhar em seu rosto me disse que ela tinha pouca confiança nisso. Afinal, como eu, essa era uma garota treinada por Ariadne para esperar o abandono. "Como sei que você voltará?" Ela perguntou. "Minha mãe saiu e nunca mais voltou." Apertei a mão dela, sem saber o que dizer. Quando Caleb percebeu minha luta para responder, ele entrou na conversa. “Teagan é uma mulher de palavra, Emma. Ela me disse que viria me visitar, e ela o fez. Ela nunca diria nada que não quis dizer. Ela não é sua mãe. Ela é sua irmã. E ela entende mais do que ninguém neste mundo como é não ter sua mãe por perto. Você pode confiar nela, ok?”


Ela sorriu para ele e depois para mim. "OK." Eu a trouxe para um abraço. "Venha aqui." Ao longo dos anos, eu nunca fui uma pessoa de abraços. Eu podia contar com meus dedos o número de vezes que iniciei esse contato com minha família. Mas quando se tratava dessa menina, parecia certo. "Não acredito que tenho uma irmã mais velha." Quando a soltei, ela perguntou: "Você tem outras irmãs e irmãos?" "Eu tenho uma irmã. Ela é filha do meu pai e da minha madrasta. Ela é muito legal e vai querer reivindicar você como sua. Eu acho que você vai se tornar a nova favorita dela.” "Qual é o nome dela?" "Shelley." Sua próxima pergunta me pegou de surpresa. "Você sabe por que nossa mãe foi embora?" Eu balancei minha cabeça tristemente. "Não, querida, eu não." "Papai diz que ela está doente, mas eu não sei se ele está apenas dizendo isso." “Existem todos os tipos de doenças, Emma. Eu sinto que nossa mãe está doente na cabeça. E foi por isso que ela foi embora. Ao longo dos anos, aprendi a não levar para o lado pessoal. Mas é difícil. Eu sei. Eu sei exatamente o que você está passando.”


Caleb se levantou e caminhou até a cama. Ele se sentou ao meu lado. “Emma, quando conheci sua irmã, ela estava lutando com os mesmos pensamentos e sentimentos que você. Vocês duas têm muita sorte de ter uma a outra agora. Porque uma experiência compartilhada é sempre mais fácil do que passar por ela sozinha. Não importa onde esteja Teagan, você nunca mais precisará se sentir sozinha.” Emma sorriu timidamente. "Estou tão feliz que ela me encontrou." "Na verdade..." eu corrigi. "Caleb encontrou você." Os olhos dela se arregalaram quando ela se virou para ele. "Você fez?" "Sim." Ele olhou para mim e sorriu. "Como?" “A Internet mágica, querida. Estou tão feliz que deu certo.” "Obrigada, Caleb, por me encontrar." Ele parecia um pouco engasgado. "Claro." Eu peguei a mão dele. “Você tem muita sorte de ter um bom pai também, Emma. Assim como eu fiz. Nós duas temos sorte.” "Qual é o nome do seu pai?" Ela perguntou. "Lorne."


“Esse é um nome engraçado. Teagan também é um pouco, embora eu goste.” "Bem, Emma é um nome bonito." Eu olhei para Caleb. "O nome da minha irmã era Emma," ele disse a ela. "Ela morreu quando éramos pequenos." "Realmente? Isso é tão triste." "Sim. Eu sinto muito a falta dela." Ele respirou fundo e disse: "Você e sua irmã têm muita sorte de ter uma a outra." "Eu posso ser sua nova irmã Emma, se você quiser." Meu coração derreteu, e Caleb sorriu de orelha a orelha. "Eu adoraria isso." Ele olhou para mim. “Nós três podemos ser como uma família. Seu pai incluído, é claro.” “Você não é como uma família. Você é minha família,” ela disse, estendendo a mão para mim. Eu a segurei por um longo tempo. “Sabe o que mais, Emma? Algum dia você encontrará alguém, como eu fiz com Caleb, e o fato de nossa mãe não estar por perto significa menos ainda. Porque essa pessoa vai te amar o suficiente para compensar tudo. Enquanto isso, você terá a nós para compensar isso para você, ok? Não mais passar por isso sozinha. Somos uma equipe agora.” "Você gosta de s'mores?" Caleb perguntou.


Emma torceu o nariz. "O que são s'mores?" "Ah, eu esqueci... você é inglesa como eu," ele disse com uma risada. "S'mores são um deleite incrível," expliquei. "As pessoas acendem um fogo lá fora e as fazem." Caleb nunca perdeu uma oportunidade. “Por que não vou à loja e compro as coisas para fazê-los agora? Vou verificar primeiro com seu pai para ver se ele nos permitirá acender uma fogueira.” E então, naquela noite, apresentamos minha irmãzinha aos s'mores. Foi o começo do que eu sabia que se tornaria uma tradição familiar, e o começo de um futuro inteiramente novo que eu nunca poderia ter previsto.


Eu estava chegando no meio do caminho da minha estadia na Inglaterra. Agora que o verão acabou, a realidade que meus dias aqui estavam contados começou a aparecer. O início do semestre de outono significava que o horário das aulas de Caleb era mais pesado, então ele estava menos por perto. Isso só me deu mais tempo para me preocupar com o futuro. Caleb teve que ficar no Reino Unido para terminar a faculdade, mas eu tinha algumas opções a fazer. Eu poderia voltar para os EUA e terminar meu último ano de faculdade lá, ou poderia descobrir uma maneira de voltar aqui mais cedo. De qualquer forma, parecia haver um consenso de que eu voltaria aos Estados Unidos, pelo menos por um tempo, após o término desta viagem. Infelizmente, apesar de sentir falta dos meus pais e Shelley, isso não era o que eu queria. Eu adorava passar um tempo com Emma, e até o trabalho na loja de flores estava começando a crescer em mim. Organizar buquês teve um efeito meditativo que eu não esperava. Eu sentiria falta disso.


Mas, acima de tudo, eu estava profundamente apaixonada por Caleb e não podia imaginar ter que me separar dele. Eu me sentia em casa aqui com ele e Poppy. Sua mãe se tornou uma das minhas pessoas favoritas. Caleb frequentemente precisava estudar, então sua mãe e eu nos sentávamos na cozinha e conversávamos ou nos aventurávamos a fazer compras juntos. Ela me ensinou a cozinhar algumas coisas que Caleb amava. Por mais que eu odiasse ficar longe da minha própria família, Caleb e Poppy se tornaram minha família também. O pensamento de deixá-los – e especialmente agora, Emma – deixou-me em pânico. Mas Caleb e eu estávamos lidando com o desconhecido da minha partida iminente, muito como lidamos com as coisas por um tempo antes de ele deixar os EUA. Estávamos fazendo muito sexo e não conversando sobre nada perturbador, como se o inevitável não estivesse se aproximando. Enquanto isso nos ajudou a aproveitar cada momento, não nos preparou para o desgosto de outra separação. Um

dia,

Caleb

me

surpreendeu

com

uma

viagem

a

Nottingham, um lugar que ele sempre disse que queria me mostrar antes de eu sair. Passamos o dia andando pelo castelo de Nottingham e pela grande catedral. Também visitamos a Cidade das Cavernas, um tipo de submundo histórico sob a cidade.


Então Caleb parou na frente do Bo Cheng's, o restaurante que ele me ligou no último Natal, aquele que o sinalizou para finalmente me alcançar de novo. "Eu esqueci completamente deste lugar," eu disse quando saímos do carro para um almoço tardio. "Nós não poderíamos ir a Nottingham sem comer no Bo Cheng's, amor." Caleb e eu entramos e saboreamos a comida chinesa mais deliciosamente decadente que comi há muito tempo. Quando estávamos pagando a conta, ele anunciou: "Tenho uma surpresa para você.” Eu me animei. "O quê?" Ele estendeu a mão sobre a mesa para minhas mãos. "Nós não vamos para casa hoje à noite." "Não vamos?" “Reservei uma noite em uma casa de campo local. Eu tenho um bom negócio.” "Oh meu Deus. Realmente?" Ficaríamos sozinhos à noite pela primeira vez desde a minha chegada. "Nós podemos gritar tão alto quanto queremos!" Ele torceu as sobrancelhas. "Muito certo."


Chegamos à cabana, vinte minutos depois. Era apenas uma curta distância do centro da cidade e superou totalmente minhas expectativas. A pequena estrutura vitoriana tinha um charme do velho mundo por fora e apresentava um encantador pátio nos fundos, mas era mais moderno por dentro. A sala era iluminada e convidativa, com paredes amarelas e móveis aconchegantes. Caleb não perdeu tempo e acendeu a lareira, a casa logo ficou quente e íntima. Parecia um sonho ficar neste oásis com ele durante a noite. Além de nossa noite no hotel em Boston, nunca estávamos totalmente sozinhos. Nós nos plantamos no chão em frente às chamas. Descansando minha cabeça no peito de Caleb, deixei escapar os pensamentos que estavam em minha mente o dia todo. "Estou com tanto medo de deixar você." Eu me virei para avaliar sua reação. Ele parecia realmente... tenso, como se algo estivesse em sua mente. Levou quase um minuto inteiro para ele responder. "Eu... Acho que devemos nos casar." "O quê?" “Acho que devemos nos casar em breve. Em seguida, podemos começar a papelada para mudar seu status para um visto conjugal. É a única maneira de garantir que será fácil para nós.” Ele passou


as pernas em volta de mim enquanto olhava nos meus olhos. “Mas aqui está a questão: eu gostaria de me casar com você, mesmo que a distância não estivesse nos separando. Porque não há mais ninguém com quem eu prefira passar minha vida. Você é tudo para mim. Não quero te perder por causa de regras e regulamentos estúpidos. A vida é muito curta. Fique comigo. Case comigo, Teagan.” Meu coração bateu tão forte. Ele não tinha ideia de que eu tinha rezado para que ele chegasse a essa conclusão. Na minha cabeça, parecia uma possibilidade extrema. Mas no meu coração, eu sabia que era a única maneira de termos uma chance de ficar juntos sem complicações. Eu apenas nunca pensei que ele iria fazer isso tão cedo. Mas não havia parte de mim que não se sentisse pronta para se comprometer com ele. "Eu vou me casar com você." Ele sorriu. "Sim?" "Eu posso dizer que você estava nervoso em me perguntar, mas eu estava esperando que você perguntasse." Ele enfiou a mão no bolso de trás e pegou uma caixa de anel. Sua proposta parecia tão impulsiva, mas aparentemente ele planejara isso. “Eu tinha medo de tirar isso. Eu senti que precisava sentir você primeiro, para confirmar que você não achou minha sugestão


muito louca. Mas agora que sei que estamos na mesma página, sou eu que vou descer em um joelho.” Tecnicamente, desde que estávamos deitados no chão, ele se levantou sobre um joelho. Sentei-me e coloquei minha mão sobre meu coração. “Teagan, você tornou minha vida mais brilhante desde o momento em que você gritou comigo pelo seu teclado. E só foi melhor a partir daí. Você é a melhor amiga e amante que alguém poderia pedir.” Ele abriu a caixa e olhou para o diamante redondo e brilhante colocado sobre o anel de ouro. “Esse anel era da minha avó. Ela deu à minha mãe alguns anos atrás e pediu que ela me desse apenas quando mamãe tivesse certeza de que eu encontrara a escolhida. Minha mãe não hesitou em entregar isso quando percebeu o quanto eu estava preocupada por você deixar a Inglaterra. Ela me ajudou a chegar à conclusão de que eu deveria correr o risco de pedir que você se casasse comigo, que o pior que poderia acontecer era você dizer não.” Ele olhou para mim. "Teagan, meu amor, mais uma vez, você será minha esposa?" "Sim!" Caímos em um longo beijo, rolando no tapete em êxtase. "Quando isso vai acontecer?" Eu perguntei. “Quanto antes melhor. Podemos marcar uma consulta no Cartório amanhã para ver o que precisamos fazer. Se tudo correr bem, podemos organizar tudo antes dos seis meses.”


A esperança me encheu. "E então eu nunca vou precisar sair?" "Essa é a ideia." Minha mente começou a girar. "Temos um pequeno casamento para planejar!" "Vai ser divertido. Emma pode ser sua garota das flores – dama de honra, que seja. Vamos mantê-lo pequeno. Algum dia, teremos um em Boston com toda a sua família e amigos. Talvez leve a mamãe também.” Meu coração pulou de alegria. "Isso soa como um plano. Eu não preciso de um grande casamento. Prefiro usar o dinheiro para a nossa futura casa, onde quer que seja. E eu meio que quero que esteja aqui. Eu quero estar aqui para Emma, morando aqui.” Caleb sorriu largamente. “Isso me deixa incrivelmente feliz. Você sabe que eu não quero deixar minha mãe. Mas quero deixar algo muito claro. Se você não quer ficar aqui para sempre, você vem primeiro. Eu iria a qualquer lugar que você quisesse, porque não posso viver sem você.”

Na manhã seguinte, tomando café da manhã e chá na adorável cozinha da casa, Caleb teve uma ideia brilhante.


"Gostaria de saber se eu poderia ligar para Bo Cheng." Eu ri. "Por que você gostaria de fazer isso?" “Quero agradecer a ele. Se ele não tivesse desistido de seu quarto em sua casa, eu não estaria feliz agora. Deus sabe onde eu estaria sem você, Teagan.” Caleb me abraçou e beijou atrás da minha orelha. "Você ainda tem acesso ao diretório de estudantes da Northern?" "Sim, desde que minha participação está em espera, ainda sou considerado ativa." Entrei no portal do aluno pelo telefone e procurei o nome de Bo Cheng. Achei e recitei o número para Caleb quando ele o inseriu no telefone. Ele colocou a ligação no viva-voz. Alguém respondeu. "Olá?" "Bo?" "Sim." "Bo Cheng?" "Sim." Ele parecia que talvez o tivéssemos acordado de uma soneca. “Você não me conhece. Meu nome é Caleb Yates, mas lhe devo um grande obrigado por... Bem, por suas alergias.” Cobrindo minha boca, eu ri enquanto ele continuava.


“Se você não fosse muito alérgico à Catlin Jenner, eu nunca conheceria minha garota, Teagan. Não estaríamos na Inglaterra agora planejando um futuro juntos. Ela não teria encontrado sua irmã há muito perdida, e eu nunca poderia ter provado s'mores ou Hot Cheetos na minha vida. Você, Bo Cheng, e suas alergias são mágicas, meu amigo. Você mudou o nosso mundo.” A próxima coisa que ouvimos foi... um clique. Minha boca caiu. "Bo Cheng acabou de desligar na nossa cara?" Caleb bufou. "Parece que ele fez."


Os Carroll se reuniram, em volta da tela do computador, enquanto Shelley falava com Emma no Skype. “Estou tentando fazer meus pais virem para a Inglaterra no próximo verão. Então finalmente podemos nos encontrar!” Maura se inclinou sobre o ombro e entrou na conversa. “Ainda não está definido. Mas é muito provável, querida. Mal podemos esperar para conhecê-la.” Emma pulou para cima e para baixo em seu assento. "Yay! Eu estou tão animada!" Stuart espiou por trás de Emma ao fundo. "Adoraria ver todos vocês aqui." Não apenas a irmã mais nova da minha esposa ganhou uma irmã mais velha, mas parecia que toda a família Carroll havia aceitado Emma como um deles. Eles costumavam usar o Skype com ela, mesmo quando não estavam conosco. E Emma parecia muito feliz por ter uma família americana adotada.


Emma também passou bastante tempo em casa conosco, em Stratford, sempre que Stuart tinha planos. Minha mãe realmente a levou. Dado que ela tinha o nome da minha irmã, eu sabia que passar um tempo com Emma também estava curando mamãe. Foi tudo muito cósmico. Eu sempre soube que Teagan e eu fomos feitos um para o outro, mas encontrar Emma fez parecer muito maior do que isso – maior que nós – como se tudo isso acontecesse exatamente da maneira que precisava. Teagan e eu estávamos no meio da nossa primeira visita juntos a Boston desde que nos casamos há quase um ano. Algumas semanas após nosso noivado na casa de campo em Nottingham, Teagan e eu tivemos uma pequena cerimônia civil com apenas minha mãe, Stuart e Emma. Teagan usava uma única flor, em seus longos cabelos esvoaçantes e um simples vestido branco. Eu peguei emprestado um terno do meu tio, que por acaso se encaixava. Não era o material mais extravagante, mas não precisava ser. Stuart havia conectado os Carrolls ao vivo, via seu computador para que eles pudessem assistir a coisa toda dos EUA. Passamos as semanas após o casamento lidando com a papelada que permitiria que Teagan ficasse no Reino Unido como minha esposa. Entre encontrar Emma e se casar, o ano passado foi um turbilhão da melhor maneira possível. As coisas estavam melhores do que nunca, mas certamente não perfeitas. Meu relacionamento com meu pai permaneceu distante, embora quando eu trouxe Teagan para encontrá-lo, na casa de meu tio, depois que nos casamos, ele tinha sido pelo menos


cordial com ela. Mamãe continuou forte e não pegou meu pai de volta. Por enquanto, parecia que seu vício por bebida estava sobre controle, mas sem viver sob o mesmo teto com ele, não tínhamos certeza. Eu estava indo bem desde meus dias na reabilitação, mas reconheci minha necessidade de continuar a terapia. Então, voltei a ver alguém a cada duas semanas. De fato, ter essa coerente saída e ver todo o bem que era possível por causa disso, ajudou-me a decidir sobre uma carreira. Eu mudei meu curso para psicologia e esperava me tornar conselheiro. Teagan finalmente começaria seu último ano de faculdade assim que voltássemos para a Inglaterra. Seu plano era continuar trabalhando na loja de flores enquanto ela terminava o curso de biologia marinha na minha universidade. Apesar de ter ajudado mamãe um pouco com o aluguel, ela não teve que gastar todo o dinheiro do anel que Maura lhe deu, então ela colocou o restante no banco para usar na faculdade. Com sorte, depois da formatura, encontraria um emprego adequado razoavelmente perto de casa. Sim,

ainda

morávamos

com

minha

mãe,

mas

estávamos

economizando para o nosso próprio lugar. Como Teagan havia proposto

originalmente,

optamos

por

renunciar

ao

grande

casamento em Boston para usar esse dinheiro em nossa futura casa. Estávamos pensando em possivelmente nos estabelecermos próximos de Brighton, perto de Emma e Stuart. Tantas decisões a serem tomadas, mas nós as tomaríamos juntos.


Por mais agradável que tenha sido estar na casa dos Carroll em Brookline, recebemos tanta atenção aqui que sentia falta do meu tempo sozinho com Teagan. A família dela sentia tanto a falta dela, que eles queriam passar cada minuto acordado conosco. De volta para casa, minha mãe manteve distância, mesmo em nossa pequena casa. Depois que desligamos a ligação do Skype da família com Emma, Maura anunciou: "O jantar é daqui a dez minutos, pessoal.” Sussurrei no ouvido de Teagan: “Na verdade, temos dez minutos sozinhos? Vamos escapar." Puxando-a pela mão, eu a conduzi até o porão, onde estávamos dormindo. "Dez minutos não são tanto tempo," disse ela. "Garanto-lhe, dez minutos é tudo que preciso." Eu pisquei. "Talvez cinco." Sempre que Teagan e eu estávamos sozinhos juntos no andar de baixo, isso me fazia sentir nostálgico. Nossas vidas mudaram muito desde os dias em que estudamos juntos neste quarto. Se você me perguntasse se eu acreditava que Teagan moraria na Inglaterra comigo, eu pensaria que você era louco. Mas se você me perguntasse se eu achava que acabaríamos juntos algum dia, de alguma forma a resposta teria sido sim. Eu não sabia como isso iria acontecer, mas quando eu deixei Boston, eu sabia no meu coração que não era o fim. E eu estava prestes a provar isso para ela.


"Se eu te dissesse que sempre soube que acabaríamos juntos, você acreditaria em mim?" "Você quer dizer a partir do momento que você me conheceu?" Teagan passou a mão pelos cabelos do meu braço enquanto nos deitávamos na cama. “Não desde esse tempo. Mas quando eu deixei Boston para ir para casa, eu sabia que estaríamos juntos novamente. Na época, eu simplesmente não sabia como fazer isso acontecer.” Ela enlaçou os dedos com os meus e olhou para os nossos anéis de casamento. “Acho que não tive tanta fé quanto você. Mas eu definitivamente estava apaixonada por você quando você saiu, e isso não ia mudar.” “Você disse que encontrou a carta que eu deixei na gaveta de maquiagem. Presumo que você nunca encontrou a outra.” Os olhos dela se arregalaram. "Havia outra?" “Sim. Mas você não deveria encontrá-la.” Levantei-me e fui até o canto da sala. Mudei o tapete e levantei uma das tábuas do assoalho. Lá estava – a carta que eu escondi no dia anterior à minha saída de Boston. Teagan estava tomando banho quando eu enfiei a carta em seu esconderijo, mas passei a semana anterior vasculhando a sala em busca de um local secreto. Quando encontrei a tábua solta, achei que era minha melhor aposta.


Acenei o envelope no ar. "Oh meu Deus. Isso esteve aqui o tempo todo? Debaixo do chão?" "Sim. Acho que escolhi um bom lugar para isso, hein?” Ela pulou e correu para mim. "O que diz?" Abri o envelope e desdobrei o papel antes de ler o que eu havia escrito.

Querida Teagan, Se você está lendo isso, uma das duas coisas aconteceu. Ou estamos juntos novamente e estou pessoalmente entregando esta carta (que é minha esperança), ou por alguma reviravolta do destino você a encontrou antes de eu chegar até você. Se for o último, desculpe-me. Isso significa que eu não encontrei o meu caminho de volta para você. Essa não era minha intenção. É claro que sempre há a chance de meu plano ser frustrado talvez algo tenha acontecido comigo e alguém esteja descobrindo isso anos depois, depois que você se mudar. Isso seria lamentável. Se você está lendo isso e não é Teagan Carroll, verifique se ela consegue receber isso, onde quer que esteja. Ela precisa saber que eu sempre a amei e nunca pretendi que nos separássemos para sempre. Se tiver a sorte de estar com você agora, Teagan, espero que consiga ver esta carta como prova de que, mesmo quando eu estava


me preparando para partir seu coração e voltar para a Inglaterra, de alguma forma eu sabia que estaríamos juntos novamente. Eu só precisava consertar minhas partes bagunçadas antes que eu pudesse te dar tudo de mim, porque você merece cada parte de mim. Espero que você veja esta carta como prova de que sempre acreditei em nós. E eu nunca vou parar. Enquanto escrevo isso, posso estar prestes a me aventurar em “casa”. Mas provavelmente desde o momento em que você segurou minha mão enquanto eu enlouquecia naquele cinema desonesto, eu sabia que o meu lar sempre estaria onde você estivesse.

Com amor, Caleb

PS Nada mal para uma história de amor que começou no banheiro.


Eu me considero a garota mais sortuda do mundo por ter leitores em todo o mundo que continuam a apoiar e promover meus livros. Seu entusiasmo e desejo pelas minhas histórias é o que me motiva todos os dias. E para todos os blogueiros que trabalham incansavelmente para me apoiar, saiba o quanto eu aprecio vocês. Para Vi – Para sempre minha parceira no crime. Espero que você não se canse de eu cantar seus louvores. A cada ano nossa amizade se torna mais valiosa para mim. Eu não poderia fazer nada disso sem você. A melhor parte dessa carreira foram nossas colaborações e o trabalho com minha amiga todos os dias. Para Julie – meu cão de guarda tarde da noite. Obrigado por sua amizade e por sempre me inspirar com sua incrível escrita e atitude. A Luna – Obrigado por estar lá todos os dias e especialmente este ano por ser uma inspiração. O melhor está por vir. A Erika – Obrigado por sempre alegrar meus dias com seus check-ins diários e sorrisos virtuais. Será sempre uma coisa E! Ao meu grupo de leitores do Facebook, Penelope's Peeps – eu adoro todos vocês. Você é minha casa e lugar favorito para estar.


Ao meu agente extraordinário, Kimberly Brower – obrigado por tudo o que faz e por acreditar em mim muito antes de ser meu agente, quando você era blogueiro e eu era a primeira autora. Para minha editora Jessica Royer Ocken – É sempre um prazer trabalhar com você. Estou ansiosa para muitas outras experiências por vir. Para Elaine, da Allusion Book Formatting and Publishing – Obrigado por ser a melhor revisora, formatadora e amiga que uma garota poderia pedir. Ao meu assistente Brooke – Obrigado pelo trabalho duro em lidar com a Vi e meus lançamentos e muito mais. Agradecemos muito a você! To Letitia da RBA Designs – Minha incrível designer de capa. Esta capa é uma das minhas favoritas que você criou. Obrigada por sempre trabalhar comigo até o produto final ser exatamente perfeito. Ao meu marido – obrigado por sempre dedicar muito mais do que deveria para que eu possa escrever. Eu te amo muito. Para os melhores pais do mundo – tenho muita sorte de ter vocês! Obrigada por tudo que vocês já fizeram por mim e por sempre estarem lá. As minhas melhores amigas: Allison, Angela, Tarah e Sonia – Obrigada por aturar aquela amiga que de repente se tornou uma escritora maluca.


Por último, mas não menos importante, para minha filha e filho – mamãe ama você. Vocês são minha motivação e inspiração!


Penelope Ward é uma autora de best-sellers do New York Times, USA Today e nº 1 do Wall Street Journal. Ela cresceu em Boston com cinco irmãos mais velhos e passou a maior parte dos seus vinte anos como âncora de notícias de televisão. Penélope reside em Rhode Island com seu marido, filho e linda filha com autismo. Com

mais de

dois milhões de

livros vendidos, ela

é

21 vezes best-seller do New York Times e autora de mais de vinte romances. Os livros de Penelope foram traduzidos para mais de uma dúzia de idiomas e podem ser encontrados nas livrarias de todo o mundo.


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