edição 214
|
quinta feira, 26 de julho de 2012
|
www.placar.com.br
Este é o valor médio que o COB investiu em cada atleta olímpico arqueiro
Atleta do tiro com arco é o primeiro brasileiro a lutar por medalha
Ronaldinha
Olímpica A atacante Cristiane fez seu 11º gol em Olimpíadas nos 5 a 0 do Brasil sobre Camarões. Tornou-se a maior artilheira da história dos Jogos e igualou o feito do Fenômeno em Copas do Mundo
é hoje
Neymar lidera a seleção de futebol na estreia dos Jogos, às 15h45, em busca do sonhado ouro olímpico
Photo by Michael Regan/Getty Images
R$ 3 mi
Photo by Julian Finney/Getty Images
LONDRES 2012
jornal placar | quinta-feira, 26 de julho de 2012
Aquecimento frases
Editorial Por Miguel Icassatti
O
De presente, quero que a Seleção faça uma boa estreia e conquiste a medalha de ouro nas Olimpíadas”,
Brasil estreou com os 11 pés direitos da seleção feminina de futebol em Londres 2012. A fácil goleada de 5 a 0 sobre Camarões é só mais um atestado de que Marta, Cristiane e companhia devem alcançar o pódio olímpico mais uma vez. E o JORNAL PLACAR Especial Londres 2012 esteve lá no Millennium Stadium, em Cardiff, acompanhando esta primeira etapa vencida. Ao longo de toda a Olimpíada, aliás, nossos correspondentes na Grã-Bretanha e a equipe aqui no Brasil trarão diariamente os principais acontecimentos do maior evento esportivo do planeta. No site www.abrilemlondres.com.br, que já está no ar!, é possível acompanhar os Jogos em tempo real e conferir o desempenho dos 259 atletas que estão representando o Brasil.
O atacante Hulk, que ontem completou 26 anos
Várias lendas vieram antes de mim. Mas esta é a minha hora, vai ser o meu momento e este vai ser o ano que vou me destacar sobre os outros atletas do mundo”
Os destaques e o melhor conteúdo exclusivo www.abrilemlondres.com.br Destaques do Site sobre Londres 2012 na internet
Infográfico animado mostra a evolução dos recordes nos 100 metros rasos De Alex Morgan a Stephanie Rice: conheça as musas dos Jogos Olímpicos de Londres Previsões: os palpites internacionais para medalhas e pódios em Londres 2012 Registre e compartilhe momentos olímpicos através do canal Você em Londres Consulte a agenda olímpica e programe-se para acompanhar as disputas dos brasileiros nos Jogos
Agenda olímpica
A
JULHO
corrida pelas medalhas em Londres só começa para valer neste sábado. Mas uma velha polêmica sobre elas já começou: o número de medalhas é mesmo reflexo direto do poderio de cada país? Desde a primeira Olimpíada da Era Moderna (Atenas 1896), 132 nações já ganharam ao menos uma medalha de bronze nos Jogos. Mas o ranking dos países pode mudar dependendo da forma (e do interesse) de como se interpreta o quadro. Apesar de o Comitê Olímpico Internacional dizer que quantificar vitórias vai contra o espírito esportivo, ninguém resiste a dar uma espiada no quadro de medalhas.
n Historicamente, os Estados
n Mesmo após sua dissolução,
Unidos estão disparados na frente (932 ouros). Mas o mundo sofreu muitas mudanças políticas nestes 116 anos de Jogos. Imagine como estaria a disputa se alguns países não tivessem se separado, dividindo suas conquistas olímpicas.
n Com menos países ostentando medalha, até o Brasil subiria na tabela, saindo do 36º lugar para o 32º
a União Soviética ainda é a segunda nação mais vitoriosa. Somados, os ouros de todas as ex-repúblicas soviéticas chegariam a 582 e encostariam mais nos americanos. Mas a URSS ficaria ameaçada pela Alemanha, caso as medalhas germânicas fossem unificadas após a queda do Muro de Berlim. Juntos, alemães orientais e ocidentais teriam
398 ouros (veja na tabela abaixo, em vermelho).
n Para algumas novas nações, o preço pela independência foi abrir mão das glórias do passado e começar do zero. É o caso dos tchecos e eslovacos, que estariam mais bem colocados se ainda existisse a Tchecoslováquia. Assim como a Iugoslávia, dividida em vários países.
Quadro histórico de medalhas País
Ouro
Prata
Bronze
Total
Estados Unidos
932
725
637
2294
397 (582)
323 (515)
301 (578)
1021 (1675)
2 (2)
União Soviética
3 (4)
Grã Bretanha
211
258
253
722
4 (5)
França
192
210
235
637
5 (6)
Itália
6 (3)
Alemanha
7 (7) 8 (8)
Dias de competição
28
29
30
31
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
SEX
SÁB
DOM
SEG
TER
QUA
QUI
SEX
SÁB
DOM
SEG
TER
QUA
QUI
SEX
SÁB
DOM
CA
•
CE 1
•
•
••
•
•
•
•
•
•
•
1
1
Boxe
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
3
•
5
5
•
•
1
1
2
•
•
4
4
•
4
2
2
2
1
1
1
3
•
•
2
1
1
2
1
1
1
1
•
•
•
•
•
•
1
•
1
•
•
1
1
•
1
1
2
2
3
2
•
1
1
1
1
•
Canoagem Ciclismo
1
Esgrima
1
•
•
Ginástica
•
•
1
1
1
1
1
1
3
4
4
Handebol
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
2
•
•
•
•
1
1
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
1
1
1
1
Lutas
2
3
2
Nado sincronizado
•
•
1
Hóquei Hipismo
Levantamento de peso
Natação
130
128
411
10 (9)
Suécia
140
158
172
470
11 (10)
Austrália
131
138
169
438
12 (11)
Japão
123
112
127
362
Rússia
109
96
113
318
Tiro esportivos
17 (14)
Coréia do Sul (como Coréia)
68 (78)
74 (86)
73 (92)
215 (256)
18 (17)
Cuba
66
63
60
189
19 (18)
Polônia
63
81
119
263
20 (19)
Canadá
56
94
104
254
Alemanha Ocidental
56
67
82
205
Brasil
20
27
47
94
1
•
153
248
1
•
Futebol
Alemanha Oriental
95
1
•
460
80
8
•
159
73
6
•
141
Holanda
5
•
160
16 (15)
4
Basquete
Hungria
292
4
2
391
298
5
2
106
117
7
1
122
115
5
•
163
83
2
•
China
89
1
•
523
86
1
•
646 (1262)
100
•
•
175
Romênia
•
•
239 (449)
Finlândia
•
Badminton
157
14 (12)
1
Arco-e-flecha
218 (415)
36 (32)
27
QUI
Atletismo
191
21
26
QUA
Cerôminias
189 (398)
15 (13)
AGOSTO
25
•
Judô
1 (1)
13
Ele é um ídolo nacional. Eu pensei que Beckham seria a primeira escolha devido à sua grande contribuição para conseguir as Olimpíadas. Mas algum idiota decidiu o contrário” Do ex-Beatle Paul McCartney, ao “The Sun”, criticando o técnico da Grã-Bretanha, Stuart Pearce, por não ter convocado o meia David Beckham
O jamaicano Usain Bolt, em entrevista ao jornal britânico ‘’The Guardian’’
Ouro, prata, bronze...e polêmica
9
Chris Jackson/Getty Images
02
1
4
Polo aquático
2
4
4
4
4
4
4
4
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
2
•
Pentatlo moderno
•
•
3
•
1
1
1
1
2
2
1
1
1
Tênis de mesa
•
•
•
•
Tênis
•
•
•
•
Saltos ornamentais
3
4
4
•
•
1
•
1
2
2
1
2
1
1
•
•
•
•
•
•
•
2
3
1
•
1
1
Taekwondo Triatlo
1
Vôlei de praia
1
•
1
2
2
2
2
1
1
•
•
•
•
•
•
•
2
2
2
1
1
1
1
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
1
•
1
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
1
Vela Vôlei
1 1
•
Remo
1
1
jornal placar | quinta-feira, 26 de julho de 2012
Aquecimento
03
Os jogos que você não vê
Por Antonio Milena, da VEJA
FURANDO O CERCO CAMARONÊS Meio time de Camarões tenta parar a lateral Fabiana, uma das protagonistas da goleada de 5 a 0 imposta pelo Brasil, na estreia do futebol feminino
Twitadas olÍmpicas
papo triplo
“Obs: achei leite de arroz no refeitório. Já amo essa vila, pra sempre”, da nadadora Joanna Maranhão (@Jujuca1987), descobrindo as delícias locais
Três perguntas para Servílio de Oliveira, dono da única medalha do boxe brasileiro até hoje, o bronze nos Jogos do México 1968
1 2
Qual é a sua expectativa em relação aos boxeadores brasileiros nos Jogos de Londres? Eu acredito que é a melhor oportunidade do Brasil desde que eu ganhei a medalha, em 1968. A equipe é homogênea e tem grandes chances de quebrar esse longo jejum.
3
O que você acha da entrada do boxe feminino nos Jogos Olímpicos? Já não era sem tempo. Essa questão da minoria ganhar posição na sociedade, como os negros e as próprias mulheres já conquistaram, é muito importante. Era uma restrição sem sentido e os Estados Unidos mostram como isso que digo é verdade: mais da metade da delegação americana é composta por mulheres.
Rogerio Albuquerque
Você é o único brasileiro a conquistar uma medalha no boxe olímpico. Quem você acha que tem mais chances de igualar o seu feito agora? Quase todos os atletas têm chances, mas vou citar três nomes: Everton Lopes, campeão do mundo na categoria até 64kg e melhor pugilista brasileiro, Robson Conceição, na categoria até 60kg, e Esquiva Falcão, que luta na categoria até 75kg.
“Boa tarde braza, o treino rendeu hoje, to dolorido, logo mais uma pisina prarelaxar...”, Diogo Silva (@diogotaekwondo), do taekwondo, analizando o dia “Obrigada Deus pela vitoria. Foi maravilhoso, mas pra quem quer ser campea sabemos que a cada jogo temos que ser melhor cada vez mais” da jogadora de futebol Maurine Dorneles (@MaurineDorneles), depois da goleada contra Camarães “Hoje o treino foi ao som de uma banda marcial tocando Beatles... Londres já está no clima, e nós animadas para a estreia!”, a dupla de vôlei de praia Talita e Maria Elisa (@TalitaeMElisa), animadas pelo quarteto de Liverpool “Último amistoso antes de começar de verdade os jogos, foi contra Suécia ganhamos de 30 x 25... Vamos Brasillllll...”, a jogadora de handebol Deonise Cavaleiro (@Deonisehand), feliz pela vitória no amistoso
jornal placar | quinta-feira, 26 de julho de 2012
04
aquecimento
O preço de uma medalha O COB gastou R$ 790 milhões para levar 259 atletas a Londres 2012. Espera alcançar 15 pódios. Se for assim, cada uma dessas conquistas vai custar R$ 52,6 milhões desconsiderados esses dois pódios, o valor de cada medalha em Londres saltaria para R$ 60,7 milhões. Em comparação com o valor investido nos Jogos de Pequim, R$ 580 milhões, nota-se que as subidas ao pódio devem ficar bem mais caras. As 15 medalhas obtidas na China tiveram um custo médio de R$ 38,6 milhões. Logo, a medalha em terras inglesas teria, confirmadas as previsões, um acréscimo de R$ 14 milhões por unidade. A entidade vê o desempenho da delegação em Londres apenas como um estágio para as Olimpíadas do Rio de Janeiro 2016. Por isso, diz estar focada em chegar entre os dez primeiros países daqui a quatro anos. Além disso, para o comitê nacional, não é preciso apenas dinheiro para formar novos medalhistas, mas também tempo; por isso a meta parece mo-
desta para este ano. O COB frisa que esse número ainda não é exato, pois o ciclo olímpico ainda não terminou. Os valores precisos somente serão revelados depois do fim dos Jogos, quando a entidade fizer um balanço oficial da participacão brasileira. Até lá, oficialmente, não fala em dinheiro nem valida essa matemática que avalia o preço de uma medalha. Quando comparados com os de outros países, os investimentos brasileiros não chegam a ser tão significativos. “Ainda há uma enorme diferença entre o valor que o Brasil investe e o que outras potências, como Austrália (R$1,5 bilhão), China (R$ 5,8 bilhões) e Alemanha (R$3,8 bilhões)
NOSSOS PÓDIOS
15 medalhas? ministro do esporte acha pouco
Os palpites do JORNAL PLACAR para as 15 medalhas do Brasil em Londres 2012
Leandro Guilheiro (judô)
Tiago Camilo (judô)
Juliana e Larissa (vôlei de praia)
fotos Julian Finney; Joern Pollex; Marc Piasecki; Paolo Bruno; Lintao Zhang; Mike Ehrmann; Adam Pretty; Clive Mason; Nick Laham; Harry How; Dennis Grombkowski; Paul Gilham/Getty Images
Robert Scheidt e Bruno Prada (iatismo – classe star)
O
ministro do Esporte, Aldo Rebelo, não ficou nada satisfeito com as metas estabelecidas pelo COB na luta por medalhas em Londres 2012. Como o governo tem investido fortemente nos esportes, ele acha que 15 medalhas é pouco e acredita que um total de 20 pódios seria mais condizente com os esforços financeiros feitos nessa área. “Com os investimentos públicos que foram aportados nos esporte de alto rendimento e na infraestrutura esportiva ao longo dos últimos quatro anos, nós podemos sim sonhar com vinte medalhas”, disse o ministro, terça-feira, em Brasília. Segundo Aldo Rebelo, desde 2009, a pasta sob seu comando investiu R$ 1 bilhão em esportes (não necessariamente voltados para o alto rendimento).
Marta (futebol feminino) Giba (vôlei masculino)
Paula Pequeno (vôlei feminino)
Rodrigo Pessoa (hipismo) Maurren Maggi (atletismo – salto em distância)
destinaram no mesmo período”, diz Cláudio Motta, coordenador de comunicação do COB. Carmen de Oliveira, presidente da Federação de Atletismo do Distrito Federal e recordista sul-americana na maratona (2h27min41s, em 1994), disse não acreditar que o país chegará ao Top 10 em 2016, como imagina a direção do COB. “Não vejo um projeto de captação e descoberta de talentos consistente. Os atletas recebem mais apoio quando estão no auge. Ainda não há projetos claros para a formação dos campeões”, analisa a ex-fundista.
Neymar (futebol masculino) Everton Lopes (boxe)
Arthur Zanetti (ginástica)
César Cielo (natação: 50 e 100m nado livre; revezamento 4x100 livre)
Glauber Queiroz/ME
O
Comitê Olímpico Brasileiro estima ter gastado aproximadamente R$ 790 milhões durante o atual ciclo olímpico (de 2009 a 2012), R$ 210 milhões a mais do que foi investido nos Jogos de Pequim. O COB está levando 259 atletas brasileiros aos Jogos de Londres e prevê a conquista de 15 medalhas, mesmo número alcançado na edição da China. Com isso, o custo de cada atleta nos últimos 4 anos terá sido de pouco mais de R$ 3 milhões e cada medalha que vier a ser conquistada, dentro da previsão de 15 pódios, sairá por R$ 52,6 milhões. Vale ressaltar, contudo, que entre essas 15 medalhas estão inseridas as duas prováveis conquistas do futebol (feminino e masculino), modalidade comandada pela CBF, uma entidade privada, que não entrou no repasse dos R$ 790 milhões. Se forem
n OTIMISTA Aldo espera 20 pódios em Londres 2012
jornal placar | quinta-feira, 26 de julho de 2012
06
Boxe
n Irmãos Esquiva
Boxe feminino estreia em Olimpíadas
Florentino e Yamaguchi Falcão tentam trazer a medalha para o esporte, que não vem desde 1968
Com três representantes, o Brasil chega forte na disputa de medalhas
fotos divulgação/ cob
P
Irmãos lutam em nome do pai Filhos de folclórico pugilista buscam medalha que não vem há 44 anos
U
m dos mais icônicos boxeadores brasileiros, Adgar Florentino, mais conhecido como Touro Moreno, terá dois representantes nos Jogos Olímpicos de Londres: seus filhos Yamaguchi Falcão e Esquiva Florentino. Os irmãos pugilistas buscam a primeira medalha brasileira no esporte desde que Servílio de Oliveira levou o bronze em 1968, na Cidade do México. “Realizamos o maior sonho de um pai de filhos atletas. Estamos os dois nos Jogos Olímpicos e já disse em casa que viemos buscar a medalha para ele”, afirmou Esqui-
va. “A equipe já é uma família, mas o fato de ter meu irmão aqui deixa tudo ainda melhor. Agora meu pai tem duas cartas em Londres e uma delas há de render uma medalha”, completou Yamaguchi. Esquiva, o mais novo dos irmãos, com 22 anos, garantiu sua vaga nos Jogos em outubro do ano passado, após a conquista da medalha de bronze no Mundial de Baku, no Azerbaijão, lutando na categoria até 75kg. Yamaguchi Falcão, 24, se classificou no PréOlímpico das Américas, em maio deste ano. “Ele (Touro Moreno) comemorava o fato de ter um atleta nos Jogos e acabou com dois.
Ficou explodindo de felicidade quando veio a confirmação (da classificação de Yamaguchi)”, disse Esquiva. Falcão está aumentando de peso para lutar na categoria até 81kg e, por isso, está liberado na questão da alimentação. “Com a mudança de categoria, tenho dificuldade para chegar aos 81kg, então não tenho que abrir mão de nada. Muito pelo contrário, posso comer de tudo e ainda assim vou ter que ver se chego lá na hora da pesagem. Enquanto todo mundo está se sacrificando para não comer tanta coisa gostosa, eu posso abusar”.
ela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, o boxe vai ser disputado também pelas mulheres. E o Brasil já contará com três representantes em Londres: Adriana Araujo, Érika Mattos e Roseli Feitosa. "Várias vezes, eu ouvi essas histórias de que boxe não é esporte para mulher e que a gente tinha que pilotar fogão", disse a baiana Adriana, que lutará na categoria até 60kg e garantiu não se abalar com os comentários. "Antigamente, existia mais discriminação, mas hoje, principalmente depois de o boxe feminino ter entrado nas Olimpíadas, a aceitação tem sido bem melhor", contou durante entrevista coletiva no Crystal Palace, em Londres. Ela afirmou que está tranquila e encarando os jogos como um torneio qualquer. "Eu sei que é uma competição de suma importância para a minha vida, mas estou tentando não levar para este lado, até para não pesar para mim. São 12 anos esperando por esse momento", completou.
handebol
n Jéssica Quintino em ação no treino.
Seleção feminina de handebol vence Suécia em último amistoso antes de Londres Com a defesa forte e veloz transição para o ataque, equipe do técnico Morten Soubak ganhou de 30 a 25
N
o último amistoso antes da estreia nos Jogos de Londres, a seleção brasileira feminina de handebol venceu a Suécia ontem, já na capital inglesa, por 30 a 25. O ponto forte da equipe comandada pelo técnico Morten Soubak foi a defesa e a veloz transição nos contraataques. O primeiro tempo terminou com parcial de 18 a 10 para as brasileiras. Na outra metade, no entanto, a Suécia melhorou, mas não conseguiu tirar a diferença. "Foi uma boa partida, ainda mais sendo a última antes de estrearmos nos Jogos. Eu, particularmente, estou um pouco ansiosa por ser minha primeira Olimpíada. Estamos totalmente focadas, confiantes no trabalho que vem sendo realizado e fazendo tudo como o Morten pede", disse a ponta Fernanda. A seleção brasileira de handebol chegou a Londres na última segunda-feira e seguem treinando no Crystal Palace até sexta. O time estreia nos Jogos no próximo sábado, às 10h30 (de Brasília), quando enfrenta a Croácia.
jornal placar | sexta-feira, 26 de julho de 2012
08
vôlei ginástica
Dores atormentam Diego Hipolyto às vésperas da competição
n Nátalia salta para a cortada e prova que está recuperada da lesão68
A apenas dois dias do início das provas de ginástica, o Brasil vê seu principal nome sacrificar-se nos treinos. Ontem, o bicampeão mundial Diego Hipolyto estaria reclamando de dores nos dois pés para o técnico Renato Araújo. No dia anterior, ele nem teria treinado para se poupar. Durante toda a preparação, as dores o acompanharam. Não é raro ver o treinador Araújo massageando seus pés para minimizar seu sofrimento. Além de já ter operado os pés, ele chegou a se contundir há três meses e ficou um bom tempo parado. Por meio da página do Comitê Olímpico Brasileiro, o ginasta avisou que o incômodo não será um obstáculo para ele durante as competições. Na quarta, sua apresentação prévia aos juízes recebeu a nota de 16,7 pontos. E ele nem incluiu o movimento que leva seu nome, com um nível de dificuldade maior. O Hipolyto só será executado se o brasileiro chegar à final. “Hoje foi minha melhor prova desde que voltei a treinar. Estou muito satisfeito. Foi minha melhor prova do ano”, disse ele. Os homens já enfrentam a fase classificatória no sábado (28) e disputam as primeira medalhas na segunda (30).
n Diego Hipolyto é massageado pelo têcnico em treino
Natália, de bem com o chefe
Técnico José Roberto Guimarães opta por atacante do Rio de Janeiro e Camila Brait diz adeus a Londres após recuperação da amiga
O
treinador da seleção feminina de vôlei, José Roberto Guimarães, preferiu não fazer mais suspense e anunciou ontem qual jogadora seria finalmente cortada da equipe às vésperas da estreia nos Jogos de Londres. Como esperado, ele optou por manter Natália, ponta do Unilever/Rio de Janeiro e dispensou Camila Brait. Natália, a bem da verdade, sempre foi sua favorita para a vaga, mas estava lesionada e era dúvida até ontem. Com a reabilitação da jogadora, o técnico precisou abrir mão de Camila Brait. Apesar de atuar como líbero no Sollys/ Osasco, ela era alternativa para substituir Natália caso a jogadora do time carioca não se recuperasse a tempo de uma cirurgia na canela. A indefinição levou cerca de um ano. Ontem, a atleta já treinou normalmente. “Conto com ela”,
enfatizou Zé Roberto. As duas jogadoras têm 23 anos e são muito amigas. Tanto que, no sábado, embarcaram juntas para Londres, mesmo sabendo que havia a possibilidade de uma delas voltar mais cedo para casa. No treino, Natália ainda demonstra não estar tão segura para forçar a perna, mas garantiu que está bem e vai para o jogo se o técnico precisar. Natália sofreu uma lesão na canela esquerda que a obrigou a ficar um ano afastada das quadras. Nesse meio-tempo, foi submetida a duas cirurgias, ficou dois meses e meio sem andar e passou por sessões de fisioterapia. Ela nutria o sonho de disputar uma Olimpíada e ficou muito feliz ao ser informada (pelos jornalistas) de que disputaria os Jogos: "Não tenho nem como falar da minha alegria. O sonho de todo atleta é estar nas Olimpíadas, então posso dizer que meu sonho está enfim realizado", disse a ponteira.
vôlei de praia
Dupla americana quer final contra Juliana e Larissa
A dupla de vôlei de praia feminino Walsh e May, dos Estados Unidos, campeã nas edições de Atenas e Pequim, quer conquistar o tricampeonato (que seria um feito inédito no vôlei de praia) diante da dupla brasileira Juliana e Larissa. “Eu sonho em derrotá-las na final olímpica. Kerri e eu queremos o terceiro ouro olímpico. Ninguém conseguiu isso antes. São as minhas últimas Olimpíadas, então vou curtir cada treino, cada momento. Estarei na areia. Vou me dedicar ao máximo”, declarou May, que se recuperou de uma lesão no tendão de Aquiles para disputar o torneio em Londres.
jornal placar | quinta-feira, 26 de julho de 2012
Basquete
10
Com 12 anos de seleção, ala Alex vive ponto alto da carreira Com a chegada do técnico Magnano jogador se tornou peça-chave
getty images
n Alex fez marcação cerrada até contra o Dream Team americano
H
á 12 anos na seleção brasileira de basquete, o ala Alex Garcia, enfim, tem motivos para comemorar. O jogador acompanhou de perto as frustradas campanhas para se classificar para os jogos de Sydney, Atenas e Pequim. Mas a espera foi recompensada. Em Londres, ele é peça essencial no esquema tático do técnico Ruben Magnano. Alex vê a etapa atual como o ponto alto de sua carreira. “Estou trabalhando duro para tentar fazer uma boa Olim-
píada e conquistar uma medalha com a seleção, para que eu possa consagrar de vez esse momento maravilhoso”, diz. Ele também está ciente da responsabilidade que assume ao vestir camisa amarela. “Um erro na seleção tem um peso muito maior do que em um clube”. A chegada do treinador argentino, defensor da forte marcação, foi importante para consagrar o estilo de jogo do atleta. “Quando ele assumiu, ficou claro que o papel de parar os adversários era meu”, explica. “Se tivermos uma boa defesa, rebote dominante e sairmos rápido
para o contra-ataque, pontuamos mais facilmente”. Com as boas apresentações nos recentes amistosos, em especial na honrosa derrota para o Dream Team americano, o Brasil começou a ser citado pelos adversários entre os favoritos. Os jogadores já disseram estar à vontade com isso, mas mantendo o pé no chão. “A ansiedade é enorme, mas só até a bola subir”, garante. “Depois de vivenciar a emoção da Cerimônia de Abertura, que é a que mais espero, tudo passa e os Jogos passam a ser como outros jogos.”
Rainha Hortência festeja renovação no basquete feminino divulgação/ COB
n Hortência, no treino de ontem, ao lado de Érika Souza
D
as 11 atletas que compõem a seleção brasileira feminina de basquete nos Jogos de Londres 2012, seis participarão pela primeira vez de uma edição dos Jogos Olímpicos: Tássia, Joice (armadoras), Chuca (ala-armadora), Damiris, Nádia e Clarissa (pivôs). Segundo Hortência, diretora de seleções da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), o novo ciclo já começou. “Fizemos uma antecipação deste processo trazendo o Tarallo para que ele pudesse ter uma experiência olímpica antes de chegar a 2016”, afirma a ex-jogadora. “Estamos antecipando um ano deste ciclo, que começaria depois dos Jogos de Londres”. Ao falar da renovação no grupo, Hortência citou o exemplo da pivô Damiris, de apenas 20
anos, eleita a melhor jogadora do Mundial sub-19 disputado no ano passado. “Ela está desde os 16 anos com a gente e sabe como é o nosso trabalho”, diz. Por trás existe uma estrutura enorme e desde cedo estas meninas já encaram este espírito que estamos implementando”. A jovem Damiris ressaltou a importância dos conselhos recebidos das jogadoras mais experientes do elenco, como as “tias” Adrianinha e Erika. Ela confessa que ficou extasiada quando entrou na Vila Olímpica pela primeira vez. “Ao sair do elevador, dei de cara com Varejão, Nenê e Leandrinho e fiquei paralisada porque são jogadores que até outro dia via na TV e agora tenho a oportunidade do convívio diário”, conta.
jornal placar | quinta-feira, 26 de julho de 2012
12
jornal placar | quinta-feira, 26 de julho de 2012
Futebol feminino
Cristiane imita Ronaldo e entra para a história
13
Escoladas com a prata, Marta & Cia. evitam chuteira de salto alto
Em ritmo de treino, seleção goleia por 5 a 0 e dá primeiro passo rumo ao sonhado ouro
n é gol Cristiane (à esq.)
A
s jogadoras da seleção brasileira de futebol se mostraram contentes depois de goleada de 5 a 0, na estreia dos Jogos Olímpicos, em Camarões. Mas, escaldadas por duas medalhas de prata consecutivas, elas sabem que ainda há um longo caminho a ser percorrido para evitar nova frustração. “O nosso time quer chegar à medalha de ouro. Demos um passo importante, a equipe de Camarões é muito forte fisicamente. Mas sabemos que precisamos melhorar”, disse a zagueira Renata Costa, autora do segundo gol. A ala-esquerda Maurine adotou o mesmo discurso conserva-
comemora seu gol, o 11º que marca em Olimpíadas. Ela é a maior artilheira da história
Atacante comanda goleada de 5 a 0 do Brasil sobre Camarões na estreia em Londres, marca seu 11º gol em Jogos Olímpicos e se torna a maior artilheira do torneio
S
e Ronaldo é o maior artilheiro da história das Copas, com 15 gols, no futebol olímpico feminino a honra da chuteira de ouro é da paulista Cristiane, de 27 anos. Com o gol anotado na goleada por 5 x 0 diante de Camarões, ontem, na estreia das duas equipes nas Olimpíadas de Londres, a atacante, que só entrou no decorrer da segunda etapa, chegou ao número de 11 gols marcados em Olimpíadas e se tornou a maior artilheira da história do torneio. Cristiane enfim ultrapassou a alemã Birgit Prinz, autora de 10 gols, que já pendurou as chuteiras e não ameaça mais o reinado da brasileira. Cristiane marcou cinco gols nos Jogos de Atenas, em 2004, quando também foi artilheira do torneio. E repetiu a dose nos Jogos de Pequim, em 2008. É curioso que, em ambas as edições, a atleta tenha feito os cinco gols em dois jogos. Na Grécia, foram três contra as anfitriãs, em partida válida pela fase de grupos, e dois contra o México, pelas quartas-de-final. Já na China, a brasileira fez mais um hat-trick contra a Nigéria e ainda anotou dois gols diante da Alemanha, nas semifinais.
gafe do placar troca bandeiras e revolta seleção da coreia do norte
Dessa forma, caso mantenha a média de gols feitos nas Olimpíadas anteriores, ela poderá alcançar o mesmo número de gols que Ronaldo em Copas do Mundo. O Fenômeno, por sua vez, marcou 4 gols no Mundial de 1998, 8 na Copa de 2002 e mais três no torneio de 2006. A diferença entre os goleadores é que Ronaldo, além da artilharia, conseguiu dois títulos mundiais, em 1994 e 2002. Já Cristiane chegou perto do ouro olímpica duas vezes, mas em ambas as ocasiões teve que se contentar com a medalha de prata. Em comum com o maior artilheiro das Copas, Cristiane tem o fato de ambos terem jogado pelo Corinthians. Cristiane foi da equipe de futebol feminino do Timão no segundo semestre de 2008, enquanto Ronaldo defendeu as cores do clube entre 2009 e janeiro de 2011. Porém, o grande momento de Cristiane vestindo a camisa de um clube brasileiro foi em 2009, quando venceu a Taça Libertadores da América de futebol feminino, jogando pelo Santos, junto com sua companheira de seleção Marta. Ronaldo nunca conseguiu esse troféu. Atualmente, a atacante atua no Roosiyanca, equipe do futebol russo.
Brasil atropela Camarões
I
magina se fosse no Brasil! Torcida em seus lugares, equipes prontas para subirem ao gramado, hinos nacionais de Coreia do Norte e Colômbia na ponta da agulha e milhões de pessoas em todo o mundo à espera de mais um jogo da rodada de abertura do torneio de futebol feminino dos Jogos Olímpicos. De repente, o placar eletrônico, que exibia as escalações das duas seleções, comete uma gafe histórica, difícil de acreditar. Enquanto listava as jogadoras norte-coreanas, o placar exibia, ao lado do rosto de cada atleta a imagem da bandeira da... Coreia do Sul! O erro foi mesmo imperdoável. Tanto que a delegação da Coreia do Norte se recusou a iniciar a partida. Depois de muita discussão, pedidos de desculpas e intervenção diplomática, um acordo decidiu que o jogo seria iniciado com uma hora de atraso, no estádio Hampden Park, em Glasgow, na Escócia. A organização das Olimpíadas precisou formalizar um pedido de desculpas à delegação norte-coreana para que a partida enfim pudesse começar. Com a bola rolando, a Coreia do Norte deu sua resposta a tanta indignação e derrotou a Colômbia por 2 a 0. O jogo complementou a primeira rodada no grupo G, no qual, antes, os Estados Unidos haviam vencido a França por 4 a 2.
Geopolítica Brasil
Em ritmo de treino, seleção goleia por 5 a 0 e dá primeiro passo rumo ao sonhado ouro
S
em precisar suar a camisa, a seleção brasileira feminina de futebol estreou nos Jogos de Londres com o pé direito na tarde desta quarta-feira. Em jogo disputado no Millennium Stadium, em Cardiff, País de Gales, o Brasil venceu Camarões por 5 a 0, com gols de Francielle, Renata Costa, Marta (duas vezes) e Cristiane, que se tornou a maior artilheira da história dos Jogos Olímpicos, com 11 tentos. O time do técnico Jorge Barcellos começou pressionando as adversárias e abriu o placar logo aos 6 minutos, em cobrança de falta de Francielle. Em seguida, aos 10 minutos, Francielle cobrou escanteio e a zagueira Renata Costa cabeceou para ampliar o marcador. O Brasil seguiu melhor no jogo, com mais posse de bola e levando perigo nas
ações ofensivas. Na segunda etapa, Marta foi derrubada na área e marcou o terceiro do Brasil em cobrança de pênalti, aos 27 minutos. Sete minutos depois, após ótima troca de passes da equipe brasileira, Cristiane ficou cara a cara com a goleira de Camarões e teve tranquilidade para driblar e completar para o fundo do gol. Um gol para a história dos Jogos Olímpicos. Para acabar com o baile, aos 42 minutos, Cristiane ainda teve tempo de limpar três marcadoras, tirar a goleira da jogada e bater cruzado para a craque Marta apenas completar para o fundo das redes: Brasil 5 a 0 e fim de papo. Com a vitória, o Brasil divide a liderança do Grupo E com a Grã-Bretanha, que venceu a Nova Zelândia por 1 a 0, próxima adversária da seleção brasileira, que volta a campo no sábado.
dor de sua companheira de equipe: “Valeu a estreia, mas quem quer ser campeã tem de sempre querer melhorar”. A capitã e principal estrela do time, Marta, não quer que o favoritismo recaia sobre a seleção e nem que os jogadores se deslumbrem com essa condição: Todo mundo está achando que somos as favoritas, mas acho que nesse momento temos que deixar as especulações de lado para não interferir de maneira negativa. O importante era ganhar hoje (ontem), para afastar o fantasma da estreia. Só demos o primeiro passo. Faltam mais cinco para o ouro”, disse a estrela da companhia, que mesmo sem dar espetáculo marcou dois gols diante de Camarões.
5
Camarões
0
Andreia Fabiana Bruna Erika Maurine Renata Costa Formiga (Grazielle) Ester Francielle (Daiane) Marta Thais Guedes (Cristiane).
Ngo Ndom Manie Ejangue Meffoumetou Nchout (Enganamount) Bella Feudjio (Zouga) Beyene Yango Ngono Mani Onguene.
T. Jorge Barcellos
T. Enow Nagatchu
Gols Francielle, aos 6 minutos do primeiro tempo e Renata Costa, aos 9 do primeiro tempo; Marta, aos 26 e aos 42, e Cristiane, aos 33 minutos do segundo tempo
Para entender a extenssão da gafe do placar eletrônico, vale lembrar que as duas Coreias, apesar da proximidade, são históricos rivais políticos. As duas nações se enfrentaram na Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953. O conflito é considerado um dos expoentes da Guerra Fria, já que os sul-coreanos fo-
ram apoiados pelos Estados Unidos e os norte-coreanos, pela então União Soviética. Após inúmeros entraves políticos, o cessar-fogo foi assinado, mas a guerra já havia resultado em 4 milhões de mortos. E deixado como herança uma tensão que não poderia aceitar com naturalidade a troca de bandeiras.
grã-bretanha vence, mas não mete medo
E
m partida que marcou o início das competições dos Jogos Olímpicos de Londres antes mesmo da abertura oficial, a Grã-Bretanha venceu, para felicidade da torcida local. A seleção da casa fez 1 a 0 sobre a Nova Zelândia no Millenium Stadium, em Cardiff, com gol de Steph Houghton e saiu na frente no grupo E da competição, o mesmo do Brasil. Pelo futebol apresentado pelas duas equipes, no entanto, dá para dizer que a classificação do Brasil para a próxima fase não corre perigo. Tecnicamente, as duas seleções mostraram muita dificuldade para chegar ao gol. A vitória do time britânico parecia óbvia desde o início da partida, mas a pressão do primeiro tempo resultou apenas em gols perdidos. Anita Asante, jogadora do Gotemburgo, da Suécia, foi o principal destaque da equipe, aparecendo diversas vezes na área para finalizar. Só faltou mais pontaria. Por conta disso, a superioridade só se concretizou aos 18 minutos do segundo tempo, quando Houghton, do Arsenal, abriu o placar. Em falta frontal, a meio campista cobrou forte, no canto da goleira e fez um belo gol.
Resultados da 1ª rodada do futebol feminino grupo - e
Grã Bretanha Camarões
1 x 0 Nova Zelândia 0 x 5 Brasil
grupo - f
Japão Suécia
2x1 4x1
Canadá África do Sul
grupo - g
Estados Unidos 4 x 2 França 0 x 2 Coreia do Norte Colômbia
jornal placar | quinta-feira, 26 de julho de 2012
Futebol Masculino
14
A medalha que falta
Oscar é vendido ao Chelsea
Brasil enfrenta dois adversários na estreia: a seleção do Egito e a pressão por uma conquista que já virou obrigação
“O Chelsea Football Club está imensamente feliz de anunciar Oscar como seu mais novo reforço”, afirmou o site do clube londrino em sua homepage ontem.O camisa 10 da seleção brasileira olímpica foi vendido aos Blues por R$ 80 milhões. Formado nas categorias de base do São Paulo, Oscar saiu de lá após litígio com o clube e foi para o Internacional. Pelo Colorado foram 70 partidas, 19 gols e três títulos (Campeonato Gaúcho 2011 e 2012) e Recopa Sul-Americana (2011).
n Neymar dribla Thiago Silva em treino
divulgação/ cbf
Marcelo não tem medo de pressão
H
oje, às 15h45, no Millennium Stadium, em Cardiff (País de Gales), o Brasil começa sua caminhada para conquistar o título que falta à galeria de conquistas nacional: o ouro olímpico. O país foi prata em 1984 e 1988 e bronze em 1996 e 2008. Os amistosos realizados antes dos jogos (vitórias sobre Dinamarca e México e derrotas diante de México e Argentina) deixaram Mano Menezes otimista em relação às Olimpíadas. Mas ele faz questão de tirar a pressão de seus jogadores: “Essa seleção não tem nada a ver com medalhas que não foram conquistadas, pois ela só pode conquistar uma. É
um grupo de qualidade e pode jogar um futebol capaz de nos colocar nesse momento final”, declarou o treinador. As maiores esperanças estão depositadas nos pés do meia Oscar, que teve ótima atuação nos amistosos, e do atacante Neymar. A seleção ainda contará com a experiência do zagueiro Tiago Silva (PSG), do lateral Marcelo (Real Madrid) e do atacante Hulk (Porto), todos maiores de 23 anos. “É uma experiência que vamos levar para o resto de nossas vidas”, declarou Neymar. O atacante Alexandre Pato, presente na eliminação para a Argentina de Aguero nas semifinais dos Jogos de 2008 é outro que não esconde a ansiedade. “É
FUTEBOL MASCULINO – LONDRES 2012 grupo - A hora
13h 16h
Local
jogo
grupo - b hora
10h30 13h
Local
jogo
México x Coreia do Sul Gabão x Suíça
Newcastle Newcastle
grupo - C hora
15h45 15h45
Local
Coventry Cardiff
Triste, Rafael desembarca em São Paulo Após ser cortado da seleção por uma lesão no cotovelo direito, o goleiro Rafael Cabral chegou a São Paulo ontem demonstrando tristeza e resignação. “São coisas da vida. Agora, o sonho se renova”, disse o goleiro, ontem ao desembarcar no aeroporto de Cumbica. O goleiro, que seria titular nos Jogos Olímpicos se reapresentará ao Santos na segunda-feira. “Vou tratar para voltar o mais rápido possível a jogar, ajudar o Santos e buscar um retorno para a Seleção”, disse ele.
HOJE qBAÚ OLíMPICO EUA X Uruguai Grã Bretanha x Senegal
Mancherster Mancherster
a segunda vez que vou aos Jogos. Quem sabe não é a hora do ouro?”, torce Pato, de 22 anos, referindo-se a Pequim 2008. O time titular já foi definido por Mano, com Neto; Rafael, Thiago Silva, Juan e Marcelo; Rômulo, Sandro e Oscar; Hulk, Neymar e Leandro Damião. Pato e Lucas ficam no banco e devem ser opções para o segundo tempo. Depois do Egito, o Brasil vai para a Inglaterra medir forças contra a Bielorrúsia às 15h deste domingo, 29 de julho, no Old Trafford, em Manchester; e contra a Nova Zelândia, dia 1º de agosto, às 10h30, no St. James’ Park, em Newcastle. A seleção só jogará em Londres caso chegue à final.
Outro remanescente da seleção olímpica de 2008, o lateral esquerdo Marcelo, do Real Madrid, tem a chance de disputar sua segunda Olimpíada, algo raro entre jogadores de futebol. Ele pretende usar sua experiência para conter a ansiedade e obter um resultado melhor do que o bronze de Pequim. “No Brasil, sempre existe pressão. Mas é uma cobrança boa, de entrar como favorito em todos os torneios. Estamos encarando isso bem. Estamos muito focados e bem preparados para fazer um bom papel no campeonato”, afirmou o lateral.
jogo
Bielorrússia x Nova Zelândia Brasil x Egito
A primeira vez do futebol brasileiro futebol masculino entrou OOlímpicos oficialmente para os Jogos em 1908, também em
Londres. Porém, apenas em 1952, nas Olimpíadas de Helsinque, Finlândia, o Brasil se classificou para os Jogos. No dia 6 de julho de 1952, em Turku, o Brasil goleou a Holanda 5 a 1. A equipe holandesa saiu na frente, com um gol de Jan van Roessel, jogador do Willen II. O meia-esquerda Humberto Tozzi, do São Cristóvão, foi o autor do primeiro gol brasileiro na história olímpica, aos 25 do primeiro tempo. Oito minutos
depois, Larry, que jogava no Fluminense, virou o jogo, após cobrança de pênalti, e, aos 36, marcou seu segundo gol, o terceiro do Brasil. Já na etapa final, Jansen e Vavá, ambos do Vasco – o último, bicampeão do mundo em 1958 e 1962 com a seleção –, fecharam a conta da goleada.
jornal placar | quinta-feira, 26 de julho de 2012
16
Outros palcos
Pelo reino afora Interior da Inglaterra, País de Gales e Escócia também recebem competições de Londres 2012
Especial de Conservação e Local Especial de Interesse Científico (SSSI, na sigla em inglês). O percurso das competições de bicicletas na estrada começa em Londres e vai em direção a Surrey. No circuito montado em Box Hill, os homens deverão dar nove voltas e as mulheres, duas voltas antes de pegarem de novo a pista que os faz retornar à capital inglesa.
ESCÓCIA
[país de gales]
10
[Inglaterra] 1
Coventry
Distância de Londres: 157 km Modalidade: futebol Local: City of Coventry Stadium
9
Salvação. Para receber as provas de mountain bike, parte da área deu lugar a um circuito de 5 km, desenvolvido em uma encosta sem árvores, tornando a pista diferente das que tradicionalmente recebem competições da modalidade. Rubens Donizeti representará o Brasil pela segunda Olimpíada consecutiva — em Pequim 2008, terminou na 21ª colocação. 4
7
6
Hertfordshire
Distância de Londres: 30 km Modalidades: canoagem slalom Local: Lee Valley White Water Centre
INGLATERRA
Casa do Coventry City Football Club, time da segunda divisão inglesa, o estádio local foi inaugurado oficialmente em 2007 e não precisou de nenhuma reforma para a Olimpíada. A arena recebeu duas partidas no primeiro dia de competição do futebol feminino. A seleção brasileira feminina jogará aqui se disputar o terceiro lugar. 2
Dorset
Distância de Londres: 197 km Modalidade: vela Local: Weymouth & Portland National Sailing Academy
Localizada na costa sul da Inglaterra, a escola de vela Weymouth & Portland, na região costeira de Dorset, já recebia provas de nível mundial, mas foi reformada para atender às exigências do Comitê Olímpico. Ali o Brasil competirá em sete das dez classes. Nossas principais esperanças de medalha estão em Robert Scheidt e Bruno Prada, da classe Star, tricampeões mundiais e prata em Pequim 2008. 3
1
PAÍS DE GALES 4 5
A Hadleigh Farm é uma fazenda que fica em um terreno do Exército da
3
londres
9
O complexo que vai receber as competições de canoagem slalom, em Waltham Cross, começou a ser construído em julho de 2009 e foi inaugurado em dezembro de 2010. Para criar a correnteza artificial, bombas de propulsão enviam ao trajeto 15000 litros de água por segundo. O Lee Valley White Water Centre também será sede do Mundial de Canoagem Slalom, em 2015. Na Olimpíada, a jovem brasileira Ana Sátila Vieira Vargas, de 15 anos, representará o país no caiaque feminino. 5
8
2
6
Manchester
Distância de Londres: 313 km Modalidade: futebol Local: Old Trafford
James’ Park recebe jogos desde 1880. A seleção feminina só atuará aqui caso fique na terceira colocação na primeira fase e se classifique para o mata-mata na repescagem. Em 2015, será uma das sedes da Copa do Mundo de Rúgbi.
Lago Dorney
Estádio da estreia das seleções brasileiras feminina e masculina, nos dias 25 e 26 de julho, respectivamente, o Millennium é a casa da equipe do País de Gales de rúgbi. Em 1999, recebeu a final da Copa do Mundo de Rúgbi. Nesta Olimpíada, foi o palco do primeiro evento dos Jogos, antes mesmo da abertura oficial (no dia 27 de julho). Além disso, receberá 12 partidas nos 13 dias em que a bola rola. [escócia] 10
Glasgow
Distância de Londres: 648 km Modalidade: futebol Local: Hampden Park
Distância de Londres: 40 km Modalidades: canoagem de velocidade e remo Local: Eton College
essex
Distância de Londres: 75 km Modalidade: mountain bike Local: Hadleigh Farm
Cardiff
Distância de Londres: 246 km Modalidade: futebol Local: Millennium Stadium Datas: 25/7, 26/7, 28/7, 31/7, 1º/8, 3/8, 4/8 e 10/8
Considerado um dos melhores lugares para a prática do remo, o Eton Dorney Rowing Centre funciona na tradicionalíssima Eton College. Fabiana Beltrame, campeã mundial no esquife simples, em 2011, na Eslovênia, é a esperança brasileira na modalidade. Ao lado de Luana Bertholo, disputa o esquife duplo. As competições de canoagem de velocidade acontecem entre 6 e 11 de agosto, e os brasileiros Erlon Silva e Ronilson Oliveira estão na categoria de canoas duplas 1000m.
O “Teatro dos Sonhos”, como é chamado o centenário estádio Old Trafford, é casa de um dos maiores clubes de futebol do mundo, o Manchester United. Neymar, Ganso e Lucas fazem o segundo jogo da seleção no campo dos diabos vermelhos no dia 29 de julho. Marta e as craques brasileiras jogarão aqui se chegarem à semifinal classificadas na segunda colocação de seu grupo. 7
8
Surrey
Distância de Londres: 9 km Modalidades: ciclismo na estrada (contra o tempo e corrida) Local: montanhas de Surrey e Box Hill
N ewcastle upon Tyne
Distância de Londres: 455 km Modalidade: futebol Local: St. James’ Park Os brasileiros encerram a participação na primeira fase do torneio de futebol contra a Nova Zelândia jogando no estádio mais antigo do nordeste da Inglaterra — o St.
Box Hill é o ponto mais alto dos morros North Downs, que fazem parte da cadeia montanhosa de Surrey — considerada Área de Destacada Beleza Natural (AONB, na sigla em inglês) desde 1958 e Área
O estádio, administrado pela Associação Escocesa de Futebol, é considerado um dos templos do esporte no mundo. Com mais de 100 anos de existência, Hampden Park já teve capacidade para 125000 pessoas, mas desde 1999 recebe pouco mais de 52000 espectadores por partida. Sediará três jogos na competição masculina e cinco na feminina. A equipe feminina dos Estados Unidos, atual campeã olímpica, faz seus dois primeiros jogos na maior cidade da Escócia nos dias 25 e 28 de julho e, caso fique em segundo no grupo, também joga as quartas de final aqui, em 3 de agosto.
jornal placar | quinta-feira, 26 de julho de 2012
18
London Calling
TIRO COM ARCO
Por Giancarlo Lepiani, da VEJA
N
Brasileiro estreia no embalo de Robin Hood O arqueiro Daniel Xavier será o primeiro brasileiro a competir em Londres nas provas individuais, amanhã
O
principal compromisso da maioria dos atletas amanhã será o desfile na cerimônia de abertura dos Jogos. Mas o mineiro Daniel Xavier, de 29 anos, terá outras preocupações. Às 5h da manhã desta sexta (27), ele já compete como o único representante brasileiro no tiro com arco. Em sua primeira Olimpíada, ele almeja ficar entre os 15 melhores, o que já seria a melhor posição do Brasil na modalidade em todas as edições dos Jogos. “Chego a estes Jogos Olímpicos na melhor forma da minha vida”, diz Xavier. Por causa do lendário herói inglês Robin Hood, a modalidade ganha um charme especial nos Jogos de Londres 2012. Na Inglaterra há muitos clubes tradicionais, alguns com mais de 200 anos de tradicão. Até integrantes da família real já praticaram o tiro com arco, um esporte que faz parte da cultura do país. O próprio Daniel
admite que sua paixão pelo esporte foi influenciada pelas histórias do personagem. O filme “Robin Hood, o Príncipe dos Ladrões”, com Kevin Costner no papel do herói, fez sucesso justamente no período em que o arqueiro mineiro começou a treinar.
Treino à coreana
Na fase inicial, os 64 competidores são ranqueados conforme suas melhores performances nas duas rodadas desta sexta. Os 32 mais precisos avançam para a etapa seguinte e passam a se enfrentar em confrontos diretos eliminatórios. Por isso, um início positivo pode fazer a diferença. Se for bem, Xavier terá um adversário teoricamente fácil pela frente. O arqueiro de Belo Horizonte começou a praticar aos 11 anos, por influência do pai, José Maurício Xavier, ex-competidor e atual presidente da Federação Mineira de Arco e Flecha. No ano passado,
o rapaz foi o primeiro brasileiro a passar dos 1300 pontos em uma prova internacional. Ele também se destacou no Panamericano de Guadalajara 2011 ao conquistar o quinto lugar. A vaga para Londres 2012 veio em junho, ao ser o melhor brasileiro entre os três que foram para a Copa do Mundo de Odgen, nos Estados Unidos. Xavier aposta na experiência de seu técnico, o sul-coreano Lim Hee Sik. No Brasil desde 2010, ele trouxe a metodologia de treinamento de seu país, uma das potências no esporte, aliando a parte técnica e a concentração do atleta. “Apesar de o Lin ser o coreano mais brasileiro que já vi, ele está me passando muita coisa boa, experiências incríveis está sendo muito proveitoso para os arqueiros do Brasil ter contato com ele”, explica o atleta. A competição individual masculina já conhecerá seus medalhistas no sábado (28).
Daniel Ramalho/AGIF/COB
para estabelecer a melhor marca brasileira na história da modalidade
Campeão do Tour de France, Bradley Wiggins é o atleta mais admirado entre os britânicos
bryn lennon/getty images
n O arqueiro Daniel Xavier treina
a terça-feira, a delegação da Grã-Bretanha foi oficialmente recebida na Vila Olímpica. A apresentação que acolhe cada país, ao som de músicas do Queen, não poderia ter sido mais adequada. Os artistas da trupe encarregada de entreter os atletas e dirigentes iniciam seu número com “Bicycle Race” – e é justamente a bicicleta a grande estrela do país nos Jogos disputados em casa. O atleta mais admirado entre os britânicos hoje é Bradley Wiggins, o londrino que no domingo conquistou pela primeira vez a Volta da França para o país. E o esportista escolhido para carregar a bandeira britânica no desfile das delegações na cerimônia de abertura, na sexta-feira, é sir Chris Hoy, ciclista dono de quatro medalhas de ouro e uma de prata, que chega à sua quarta Olimpíada como a maior esperança de medalha do time da casa. Numa sondagem realizada pela BBC com a delegação britânica, a maioria dos atletas aponta o ciclismo como a principal modalidade do país nos Jogos. Hoy pode ser o favorito a puxar a fila de medalhistas britânicos sobre duas rodas, mas o favorito da torcida é, desde o último domingo, o campeão Wiggins. As fotos de sua comemoração diante do Arco do Triunfo depois da conquista da Volta da França estamparam as primeiras páginas de todos os jornais — não só por sua façanha, mas também pela admiração que desperta. Nascido na Bélgica, filho de um australiano, Wiggins, de 32 anos, veio para Londres na infância, com a mãe, após o divórcio dos pais. É um herói bem ao gosto dos ingleses – um super-homem meio improvável, com suíças ruivas fora de moda, jeitão modesto e costumes extremamente comuns. No dia seguinte à vitória em Paris, Wiggins voltou para casa, levou o filho no treino de rúgbi e saiu para pedalar de novo, mesmo com o cansaço acumulado após os mais de 3.000 quilômetros da prova francesa. Costuma deixar o celular desligado e gosta de sumir do mapa por alguns dias, para limpar a mente e recuperar o fôlego. Na terra dos boleiros milionários e encrenqueiros, cujo estilo de vida desperta a ira do torcedor comum, Wiggins é visto como um londrino legítimo — e, na disputa da Olimpíada, o representante mais fiel da maneira britânica de lidar com a vida.
n pedalar e relaxar Um dia depois de vencer a Volta da França, Wiggins levou o filho ao treino de rúgbi e deu um passeio de bicicleta
jornal placar | quinta-feira, 26 de julho de 2012
20
time brasil
Um conto de duas cidades
Delegação brasileira promove encontro de L várias gerações A canoísta Ana Sátila e o cavaleiro Serguei Fofanoff são a mais nova e o mais velho entre os 259 atletas
H
á espaço tanto para a experiência quanto para a renovação na delegação do Brasil. Entre os 259 atletas que o país está levando a Londres, estão a jovem revelação
da canoagem Ana Sátila, de 16 anos, a caçula e estreante nos Jogos, e o veterano cavaleiro Serguei Fofanoff, de 43 anos, o mais velho, em sua quarta olimpíada. Primeira brasileira a pisar na Vila Olímpica, a canoísta mato-
n juventude A canoísta Ana Sátila, de 16 anos, é a caçula da delegação brasileira. Ansiosa por competir, foi a primeira atleta do país a desembarcar na Vila Olímpica
grossense desembarcou empolgada, 12 dias antes da abertura. “Quando eu cheguei já queria ver tudo, mas agora estou mais tranquila”, confessou a adolescente. A partir de segunda (30), ela compete no slalom K1 1000 m e está confiante de conseguir chegar às semifinais. “Acho que vou estar bem tranquila, porque já venho participando de competições internacionais este ano e venho me preparando bastante”. Filha do ex-boxeador Claudio Vargas, conheceu a canoagem aos nove anos e, aos 15, já era convocada pela seleção brasileira. A classificação veio no Panamericano de Foz do Iguaçu, onde vive e treina atualmente. Ela venceu a competição dois dias antes de seu aniversário. Quem a treina é o italiano Ettore Ivaldi, que esteve presente nos Jogos de Barcelona, em 1992. Se a novata Ana tenta manter a tranquilidade, o experiente Fofanoff curte ainda um frio na barriga. “Para mim, cada Olimpíada é como se fosse a primeira”, explica o cavaleiro, conhecido pelos colegas como Guega. E Londres tem um gostinho especial para ele. Primeiro, porque representa sua volta aos Jogos após 12 anos. Presente em Barcelona 1992, Atlanta 1996 e Sydney 2000, ele ficou de fora das duas últimas edições. Na viagem à Inglaterra, sentiuse praticamente em casa, lembrando do tempo em que viveu no país, há 20 anos. “Foi onde eu mais aprendi sobre o esporte”, analisa. Ele já está em solo britânico há três meses e vai competir na modalidade CCE, que combina salto, adestramento e cross-country. O fato de ser o “ ancião” da delegação não o impressiona. “Nosso esporte permite que os mais velhos pratiquem de igual para igual com os mais novos”, afirma. “A experiência dos veteranos combina com o arrojo da juventude”.
Por Jonas Oliveira
ondres 2012 tinha tudo para ser a primeira edição dos Jogos Olímpicos a incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte. É difícil imaginar um cenário mais favorável, a começar pelo fato de que o comitê organizador (Locog) alardeou desde a candidatura que pretendia realizar a Olimpíada mais sustentável da história. Londres está longe de ser uma cidade plenamente amigável para ciclistas, como Amsterdã ou Copenhague, mas o uso de bicicletas por aqui é bastante difundido. A cidade é plana e muitos motoristas respeitam os ciclistas. E o que é mais importante, Londres tem um eficiente serviço público de aluguel de bicicletas – o Barclays Cycle Hire, inaugurado há dois anos. Com 8000 bicicletas espalhadas pela cidade, o sistema rapidamente caiu nas graças de londrinos e turistas, principalmente pela facilidade em utilizá-lo. Não é preciso cadastro prévio, e basta um cartão de crédito para efetuar o pagamento do aluguel – que não passa de 1 libra para quem o utiliza por até uma hora. Pode-se devolver a bicicleta em qualquer uma das 570 estações espalhadas por toda a cidade. No Parque Olímpico de Londres, que ocupa uma área de 200 hectares, leva-se facilmente meia hora deslocando-se de um local de competição a outro. É fácil chegar à conclusão de que tratava-se da oportunidade perfeita para introduzir o serviço público de bicicletas no Parque Olímpico. Visitantes poderiam alugá-las em outras partes da cidade e utilizá-las para chegar ao local. Dentro do parque, ciclovias poderiam encurtar distâncias entre os locais de competição. As bicicletas serviriam ainda para reforçar o grande objetivo estabelecido pelos Jogos de Londres 2012 – inspirar a população a praticar atividades físicas. Mas as bicicletas públicas de Londres não chegarão ao Parque Olímpico. Todo o vento a favor encontrou resistência em um entrave comercial: um dos patrocinadores oficiais dos Jogos de 2012 é o banco Lloyds TSB, que não ficaria satisfeito em ver bicicletas com a marca do concorrente Barclays circulando pelo local. Se as bicicletas não tiveram vez em Londres 2012, a ideia pode ser adotada pelo comitê organizador do Rio 2016. A cidade já tem 235 quilômetros de ciclovias e também seu serviço público de aluguel de bicicletas – o BikeRio, de funcionamento parecido com o de Londres. O problema é que, a exemplo do que ocorre na capital inglesa, o sistema carioca é patrocinado por um banco concorrente ao patrocinador oficial dos Jogos.
Em Londres, o aluguel de bikes sai por 1 libra a hora e pode ser pago com cartão de crédito
n Bikes Londres perdeu a chance de levá-las ao Parque Olímpico
jornal placar | quinta-feira, 26 de julho de 2012
22
radar olímpico n Carlos Paro representando o Brasil nas Olimpíadas de 2000
Cachorro come passagem de atleta americana
O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Londres recusou credenciamento do presidente da Bielorrússia, o general Aleksander Lukashenko, que tencionava comparecer ao torneio como presidente do Comitê Olímpico de seu país. No poder há 12 anos, Lukashenko está proibido de entrar em países da União Europeia devido à repressão de oposições que caracteriza o seu governo. O Comitê não suavizou a restrição ao chefe de estado nem mesmo nos Jogos Olímpicos.
Paul McCarteney chama técnico de idiota Em entrevista à revista inglesa Short List, o ex-Beatle reclamou da ausência do meio-campista David Beckham, de 37 anos: “Ele é um ídolo nacional. Eu pensei que Beckham seria a primeira escolha devido à sua grande contribuição para conseguir as Olimpíadas. Mas algum idiota decidiu o contrário”. O idiota em questão é Stuart Pearce, que preferiu Ryan Giggs (Manchester United), Craig Bellamy (Liverpool) e Micah Richards (Manchester City) como atletas acima de 23 anos.
Cavalo se machuca e cavaleiro sai dos Jogos
o
Brasil sofreu uma inusitada baixa ontem: Kenny, o cavalo do cavaleiro paulista Renan Guerreiro, sofreu uma lesão de ligamento. Por causa do acidente, Renan está fora das Olimpíadas. Ele compunha a equipe brasileira de CCE (Concurso Completo de Equitação), modalidade que mescla provas de adestra-
mento, cross-country e salto. Seria a primeira vez que o cavaleiro de 27 anos, que fizera parte da equipe brasileira que ganhou o bronze no Pan de Guadalajara, disputaria as Olimpíadas. Quem deu sorte com isso foi Carlos Paro, até então reserva da equipe, que completará a equipe de hipismo do Brasil, e que também participou da equipe que ganhou o bronze no Pan do Rio.
medalha de ouro
Vai para a IAAF - a Associação Internacional de Atletismo, que suspendeu nove atletas por doping. Entre eles, a fundista Mariem Alaoui Selsouli, do Marrocos, a búlgara Inna Eftimova, as ucranianas Nataliya Tobias e Antonina Yefremova, o maratonista marroquino Abderrahim Goumri, as russas Svetlana Klyuka, Yevgenina Zinurova e Nailiya Yulamanova e Meryem Erdogan, da Turquia, foram punidos.
Usain Bolt mostra confiança e esnoba adversários
Montando Political Mandat, ele vai se juntar a Serguei Fofanoff (montando Barbara TW), Ruy Fonseca (Tom Bombadil Too), Marcio Jorge (Josephine MCJ) e Marcelo Tosi (Eleda All Black). Paro não terá muito tempo para assimilar a surpresa, pois o Concurso Completo de Equitação já se iniciará neste sábado, dia 28, o primeiro dia de competições oficiais dos Jogos.
medalha de lata
Vai para a saltadora Paraskevi Papachristou, da Grécia. Conhecida como Voula, de 23 anos, ela foi cortada após publicar declarações racistas em seu Twitter. “Com muitos africanos na Grécia... pelo menos os mosquitos do Nilo ocidental vão comer comida caseira!”, escreveu a saltadora. De nada adiantou pedir desculpas. O Comitê Olímpico da Grécia decidiu pela exclusão da atleta.
Um dos grandes nomes do atletismo Mundial, Usain Bolt, favorito nas provas de 100 m e 200 m, tem se mostrado satisfeito com seu resultado nos treinos e não parece preocupado com a concorrência. “A cada sessão estou ficando melhor e melhor. Não tenho outras tarefas ou preocupações, agora é só treinar, comer e dormir. Sei o que quero e sei do que sou capaz”, afirmou o corredor jamaicano. O principal rival de Bolt será o seu compatriota Yohan Blake, que fez os melhores tempos nessas duas distâncias neste ano. Tendo, inclusive, deixado o prórpio Bolt para trás.
Dominicamos vão faturar alto por medalhas REUTERS/ICON
Presidente tem credenciamento negado
O ex-goleiro Gordon Banks, campeão mundial pela Inglaterra em 1966, foi responsável por carregar a tocha olímpica, na escala que o objeto fez no lendário Estádio de Wembley, que fica no norte de Londres. Na sequência, o ator Rupert Grint, que interpretou o bruxo Rony na série “Harry Potter”, levou a tocha à Middlesex University. Após isso, Daley Thompson, medalhista do ouro no decatlo nos Jogos de 1980 e de 1984, fez o último revezamento do dia, indo até Alexandra Palace, onde foi feita a primeira transmissão de TV, em 1936.
Shaun Botterill /Allsport
O Reino Unido destacou 1200 soldados para trabalharem no esquema de proteção dos Jogos Olímpicos de Londres. A decisão foi tomada após uma reunião entre o primeiro-ministro James Cameron e o ministro dos Esportes, Jeremy Hunt. Esse contingente estava sendo mantido em espera depois que a empresa privada G4S não conseguiu enviar todos os 10 400 soldados que havia prometido. Hunt frisou que a opção por usar o contingente não tem mais relação com o problema.
Ex-goleiro Gordon Banks leva a tocha em Wembley
REUTERS/Gonzalo Fuentes
Grã Bretanha reforça segurança
LOCOG/Getty Images
Kim Rhode, competidora do tiro esportivo dos Estados Unidos, sofreu para chegar a Londres. Segundo ela, seu poodle toy de apenas quatro meses comeu seu bilhete de embarque. Para completar, o marido ainda perdeu sua passagem. Isso fez com que ela não conseguisse embarcar na sexta-feira e conseguisse chegar a Londres somente na terça-feira.“Vim direto de Los Angeles para Londres, então, basicamente, eu não tive como me adaptar ao fuso. Estou com um pouco mais de jet-lag que os outros, mas, tirando isso, está tudo bem”, disse a atiradora.
O vice-presidente da República Dominicana, Rafael Albuquerque, anunciou uma premiação de R$ 517 mil para cada medalha de ouro que os atletas de seu país conquistarem nos Jogos de Londres. Já aqueles que obtiverem medalhas de prata receberão R$ 310 mil, e os que ficarem com o bronze serão contemplados com R$ 207 mil, nos esportes individuais. Nos esportes coletivos, os valores variam um pouco: R$ 621 mil para ouro, R$ 310 mil para a prata, e R$ 103 mil caso venha a medalha de bronze. Ao longo da história, o país conquistou apenas 4 medalhas (dois ouros, uma prata e um bronze).
jornal placar | qinta-feira, 26 de julho de 2012
radar olímpico
23
Abertura reúne Shakespeare, Beatles e Harry Potter
Cerimônia de abertura evoca passado da Grã-Bretanha e ícones da cultura local. Diretor geral da festa já ganhou até Oscar
I
nspirada na peça “A tempestade”, de William Shakespeare, um dos maiores nomes da literatura inglesa, a festa de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, intitulada Ilha das Maravilhas, terá como tema um lugar que tenta se recuperar da herança deixada pela revolução industrial. Com início previsto para as 21 horas (17 horas de Brasília) de sexta (27) e com a participação de cerca de 10 mil voluntários, o espetáculo terá início com as badaladas de um sino de 27 toneladas. No início, o espetáculo mostrará camponeses e terá muito verde para representar o Reino Unido antes das indústrias. Depois, serão exibidas imagens de prédios escuros e chaminés às margens do Rio Tâmisa, tão características do boom industrial que viveu a Terra da Rainha. Os organizadores também vão retratar manifestantes da era da Grande Depressão, enfermeiras (numa homenagem ao Sistema Nacional de Saúde, criado em 1948) mineiros e operários. A festa contará com canções dos Beatles e do Sex Pistols. Uma das grandes estrelas da parte musical será Sir Paul McCartney, que vai cantar o clássico “Hey Jude”. Personagens criados por escritores ingleses, como Harry Potter, Peter Pan e Alice (de Alice no País das Maravilhas) também deverão aparecer. Além da parte artística, o evento terá também o desfile das delegações, o discurso de abertura
n FESTA Expectativa é de 80 mil pessoas na cerimônia de abertura (acima). Segurança na capital inglesa tem sido reforçada no período dos Jogos Olímpicos (à esquerda).
Dilma se junta a políticos e personalidades na tribuna vip
A
da rainha Elizabeth II e o acendimento da pira olímpica (a organização mantém em segredo a personalidade designada para este ato). A cerimônia, que terá 3 horas de duração, deverá ser vista por 80mil pessoas ao vivo e por milhões ao redor do mundo, pela TV. O custo de produção está orçado em 27 milhões de libras (R$
85,7 milhões). A direção geral do espetáculo será de Danny Boyle, famoso por ter dirigido o filme “Quem quer ser um milionário”, ganhador de sete Oscars, incluindo o de melhor diretor. “Tentaremos mostrar o nosso melhor, mas também muitas coisas diferentes sobre o nosso país”, antecipa o cineasta.
presidente Dilma Rousseff estará presente na cerimônia de abertura dos Jogos. Além dela, Angela Merkel, chanceler alemã, Yoshihiko Noda, primeiro-ministro japonês, Michelle Obama, primeira dama dos Estados Unidos, Jean-Marc Ayrault, primeiro ministro francês, e muitos outros chefes de Estado e de governo também acompanharão a festa. Serão mais de cem políticos presentes. As atrizes Angelina Jolie e Catherine Zeta Jones, o piloto inglês Lewis Hamilton, o jogador de futebol David Beckham (que fez ostensiva campanha para Londres ser escolhida como sede dos Jogos de 2012, mas que não foi convocado para a modalidade) e o ex-boxeador Mohammed Ali também marcarão presença.
VICTOR CIVITA (1907-1990) Presidente e Editor: Roberto Civita Vice-Presidente Executivo: Jairo Mendes Leal Conselho Editorial: Roberto Civita (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente), Elda Müller, Fábio Barbosa, Giancarlo Civita, Jairo Mendes Leal, José Roberto Guzzo, Victor Civita Diretor de Assinaturas: Fernando Costa Diretor Geral Digital: Manoel Lemos Diretor Financeiro e Administrativo: Fabio Petrosi Gallo Fundador:
Diretora Geral de Publicidade:
Thaís Chede Soares
Diretor de Planejamento Estrateegico e Novos Negócios:
Daniel de Andrade Gomes
Diretora de Recursos Humanos: Paula Traldi Diretor de Serviços Editoriais: Alfredo Ogawa Diretora Superintendente: Claudia Giudice Diretor de Núcleo: Sérgio Xavier Filho
Diretor de Redação: Maurício
Barros
Editor-chefe: Miguel Icassatti Coordenação: Silvana Ribeiro Colaboradores: Nelson Nunes (edição), Alex Xavier, Pedro Proença
(reportagem), Olavo Guerra (repórter estagiário), Michel Spitale (edição de arte), Leonardo Eschinger, Marcos Vinícius Rodrigues (designers), Eduardo Blanco e equipe (tratamento de imagem) PLACAR Online: Marcelo Neves (editor) www.placar.com.br Em São Paulo: Redação e Correspondência: Av. das Nações Unidas, 7221, 14º andar, Pinheiros, CEP 05425-902, tel. (11) 3037-2000, fax (11) 3037-5597 Publicidade São Paulo www.publiabril.com.br Classificados tel. 0800-7012066, Grande São Paulo tel. (011) 3037-2700 JORNAL PLACAR Especial Olimpíadas Londres 2012 é uma publicação diária da Editora Abril com distribuição gratuita entre os dias 26/07/2012 a 13/08/2012, em São Paulo, pela distribuidora Logway. PLACAR não admite publicidade redacional. IMPRESSO NA TAIGA Gráfica e Editora Ltda.
Av. Dr. Alberto J. Byington, 1808, Cep 06276-000, Ossaco, SP TIRAGEM 50.000 EXEMPLARES
Presidente do Conselho de Administração:
Roberto Civita
Presidente Executivo:
Fábio Colletti Barbosa Vice-Presidente:
Giancarlo Civita Esmaré Weideman, Hein Brand, Victor Civita www.abril.com.br