edição 5
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SEGUNDA FEIRA, 30 de julho de 2012
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www.placar.com.br
LONDRES 2012 bons ventos
Scheidt e Prada já lideram na classe star após duas regatas Rafaela Silva tenta igualar Sarah Menezes e trazer medalha
ALEXANDRE BATTIBUGLI
Getty Images
judô
Tarefa
cumprida
Neymar vira o jogo contra a Bielorrússia, dá passe para golaço de Oscar e classifica o Brasil para as quartas no futebol
Aquecimento frases
Editorial Por Miguel Icassatti
Total
1
China
6
4
2
12
2
ESTADOS UNIDOS
3
5
3
11
3
ITÁLIA
2
3
2
7
4
COREIA DO SUL
2
1
2
5
5
frança
2
1
1
4
6
corEia do norte
2
0
1
3
7
Cazaquistão
2
0
0
2
8
brasil
1
1
1
3
8
austrália
1
1
1
3
8
hungria
1
1
1
3
11
holanda
1
1
0
2
12
rússia
1
0
3
4
13
África do sul
1
0
0
1
13
Geórgia
1
0
0
1
15
japão
0
2
3
5
16
grã-Bretanha
0
1
1
2
17
Colômbia
0
1
0
1
17
CUBA
0
1
0
1
17
polônia
0
1
0
1
n Quadro de medalhas atualizado até as 22h (horário de Londres). Confira o quadro atualizado em tempo real no site www.abrilemlondres.com.br
n Sexto Ouro As chinesas Zi He e Minxia Wu, dos saltos ornamentais, garantem China na liderança do quadro
“Não soubemos aproveitar a vantagem, jogar com inteligência emocional. “Minha atuação foi ótima! Fiz um gol, Isso permitiu que a participei das outras jogadas e Austrália crescesse. Eles fiquei feliz” A brasileira Maureen inclusive poderiam ter Maggi, campeã olímpica O atacante Neymar, após a vitória ganho o jogo” do salto em distância em Pequim, ao chegar ontem em Londres
sobre a Bielorrúsia, mandando um recado para quem já começava a criticar suas atuações na Seleção
O técnico Rubén Magñano, comentando a dramática estreia da seleção brasileira
Os destaques e o melhor conteúdo www.abrilemlondres.com.br exclusivo sobre Londres 2012 na internet Destaques do Site
Veja as melhores imagens do segundo dia oficial de competições em Londres Acesse o quadro de medalhas e conheça a posição brasileira em tempo real Consulte a agenda olímpica para acompanhar as próximas provas dos brasileiros já classificados Antes das piscinas, a natação era disputadas nos mares; acesse outras curiosidades olímpicas
para ver na tv
Quadro de medalhas País
“Hoje estou 95% preparada para a prova. 100% eu vou estar no dia 7. E 110% no dia 9”
Hora
Esporte
Sexo
Etapa
Brasileiros na disputa
5h00
Vôlei de praia
F
Disputa
1ª fase
Juliana e Larissa
5h00
Vôlei de praia
M
1ª fase
Ricardo e Pedro Cunha
5h30
Judô
M
Peso leve
Eliminatórias
Bruno Mendonça
5h30
Judô
F
Peso leve
Eliminatórias
Rafaela Silva
6h00
Tênis de mesa
M
Individual
3ª rodada
6h00
Natação
F
200m livre
Eliminatórias
6h20
Remo
F
Double skiff
Eliminatórias Eliminatórias
6h38
Natação
M
200m borboleta
7h30
Tênis
M
Simples e duplas
2ª rodada 2ª rodada
FOTO: GETTY IMAGES
N
um domingo para esquecer e fazer a torcida e delegação brasileiras caírem na real, muitos dos nossos atletas em ação tiveram um desempenho pífio. A começar pelo vexame da equipe masculina de natação, que ficou fora da final do revezamento 4 X 100 metros livres - numa estratégia errada, César Cielo foi poupado da disputa nas eliminatórias e os adversários é que foram poupados de desafiar o nadador mais rápido do mundo. Nossos judocas passaram em branco, a ginástica artística feminina também amarelou e o tenista Thomaz Bellucci, embora tendo jogado muito bem, não conseguiu passar pelo francês Tsonga, 6º do mundo. Ainda bem que Neymar resolveu mostrar o que sabe e classificou a seleção de futebol às quartas. É isso aí, vida que segue.
Leonardo de Deus e Kaio Márcio
7h30
Tênis
F
Simples e duplas
8h00
Vela
M
Star
Regatas
Bruno Prada e Robert Scheidt
8h00
Vela
F
Laser radial
Regatas
Adriana Kostiw
8h00
Vela
M
Laser
Regatas
Bruno Fontes
8h00
Vela
M
Finn
Regatas
Jorge Zarif
8h30
Hipismo
CCE Equipes
Cross country
Equipe brasileira
M
Peso-mosca
Eliminatórias
Julião Neto
F
K1 1 000m
Eliminatórias
Ana Sátila Yamaguchi Falcão
9h30 10h12
Boxe Canoagem slalom
10h45
Boxe
M
Peso meio-pesado
Eliminatórias
11h30
Tênis de mesa
F
Individual
4ª rodada
12h00
Judô
F
Peso leve
Final
12h10
Judô
M
Peso leve
Final
12h45
Basquete
F
Brasil x Rússia
1ª fase
12h45
Vôlei
F
Brasil x EUA
1ª fase
15h00
Tênis de mesa
M
Individual
4ª rodada
15h30
Handebol
F
Brasil x Montenegro
1ª fase
15h30
Natação
F
200m livre
Semifinais
15h50
Natação
F
100m costas
Final
15h58
Natação
M
100m costas
Final
FOTOs: GETTY IMAGES
02
FOTO: GETTY IMAGES
FOTO: REUTERS
jornal placar | segunda-feira, 30 de julho de 2012
jornal placar | segunda-feira, 30 de julho de 2012
Aquecimento
03
Os jogos que você não vê Por Paulo Vitale, da VEJA
Fundador:
consolo A técnica Rosicléia Campos conforta a judoca Érika Miranda, que perdeu logo a primeira a luta e deu adeus à medalha
VICTOR CIVITA (1907-1990) Presidente e Editor:
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Barros
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Alex Xavier, Pedro Proença, Simone Tobias (reportagem), Olavo Guerra (repórter estagiário), Michel Spitale (edição de arte), Leonardo Eichinger, Marcos Vinícius Rodrigues (designers), Eduardo Blanco e equipe (tratamento de imagem) PLACAR Online: Marcelo Neves (editor) www.placar.com.br Em São Paulo: Redação e Correspondência: Av. das Nações Unidas, 7221, 14º andar, Pinheiros, CEP 05425-902, tel. (11) 3037-2000, fax (11) 30375597 Publicidade São Paulo www.publiabril.com.br Classificados tel. 0800-7012066, Grande São Paulo tel. (011) 3037-2700 JORNAL PLACAR Especial Olimpíadas Londres 2012 é uma publicação diária da Editora Abril com distribuição gratuita entre os dias 26/07/2012 a 13/08/2012, em São Paulo, pela distribuidora Logway. PLACAR não admite publicidade redacional. IMPRESSO NA TAIGA Gráfica e Editora Ltda.
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Twitadas olÍmpicas
papo triplo - Três perguntas para Mauro Vinicius, o “Duda”
“Boa estreia do basquete masculino... Bom ver nossa seleção de volta aos Jogos Olímpicos com uma vitória #VamosTimeBrasil” Da dupla do vôlei de praia, Talita e Maria Elisa (@TalitaeMElisa), após a vitória brasileira no basquete
Paulista, 25 anos, Duda se dedica ao atletismo há apenas cinco anos. Esse curto período já lhe rendeu bons saltos na carreira, como a participação dos Jogos Olímpicos de Pequim, 2008. Mas a notoriedade veio este ano ao se tornar campeão mundial indoor do salto em distância, na Turquia, com a marca de 8,28m. Ele é primo do cantor Thiaguinho, do Exaltasamba, de quem sempre canta músicas em seu cavaquinho.
Como vai ser a comemoração caso você atinja uma boa marca na disputa? Vai ser em ritmo em samba, mas por enquanto estou focado, espantando o nervosismo, e ainda não saí da concentração sequer para conhecer a cidade. Quero tirar muitas fotos, pois vai fazer parte da minha história. Você trouxe o seu cavaquinho? Não trouxe o cavaco. Até pensei em trazer, mas acabei resolvendo deixar em casa para não desconcentrar. Tomara que depois daqui eu possa curtir um samba com a minha família em São José do Rio Preto.
simone tobias
1 2 3
O seu primo Thiaguinho vem a Londres torcer por você? Ele está fazendo muitos shows e ainda não tive a oportunidade de falar com ele depois que cheguei aqui no Crystal Palace, mas devo falar antes de competir. Vamos ver se ele vem ou não.
“@ClaroRonaldo muito obrigado, Ronaldo, pela mensagem! Grande abraço!” O nadador Thiago Pereira (@pereirathiago86) agradece o apoio de Ronaldo Fenômeno após a conquista da medalha de prata “Estreia é sempre difícil, mas o importante é a vitória!!! Valeu torcida brasileira!!! #unidosporumsonho” O ala do basquete Guilherme Giovannoni (@giovannoni12), depois de ganhar o jogo contra a Austrália “Saindo para o estádio aqui em Manchester em busca de mais uma vitória! Um passo de cada vez, obrigado pela torcida de todos!” O zagueiro Bruno Uvini (@brunouvini34), a caminho de Old Trafford para o jogo da seleção contra a Bielorrússia “Bom dia, amigos! Vamos lá, torcer para Leandro Cunha (Coxa) e pra Erika Miranda... Vamo que vamo, Brasil!” O judoca Daniel Hernandes (@HERNANDESJUDO), torcendo para os brasileiros que competiram ontem (29)
jornal placar | segunda-feira, 30 de julho de 2012
04
Judô
n SURPRESA Leandro Cunha se dá mal e perde o duelo para o polonês Pawel Zagrodnik
Judocas passam o dia em branco
REUTERS/Darren Staples
Brasil não repete performance da estreia e fica sem medalhas no segundo dia de competições
A
pós uma excelente estreia no judô, sábado, com uma medalha de ouro e um bronze, a equipe de judô decepcionou ontem. Erika Miranda (categoria até 52kg) e Leandro Cunha (até 66kg) não foram capazes sequer de chegar às quartas-definal das Olimpíadas, tendo sido eliminados logo na primeira luta.
A brasiliense Erika (3ª colocada na ranking mundial) dera sorte no chaveamento e estreou somente na segunda rodada de lutas, contra a sul-coreana Kyung-Ok Kim (23ª do mundo). Apesar da diferença entre ambas no ranking, a asiática se mostrou uma oponente bastante difícil. Logo no início da luta, Kim obteve um yuko. A brasileira, no entanto, não desanimou e foi para cima da adversária, que
n doce reompensa Sarah Menezes ganha um prato de brigadeiro pelo ouro
acabou punida por falta de combatividade, o que levou ao empate na contagem. Com isso, a luta precisou ser decidida no golden score (uma espécie de morte súbita). Kim conseguiu estrangular Erika, que foi eliminada do certame e saiu do tatame às lágrimas. Leandro Cunha, vice-campeão mundial em 2010 e 2011 foi eliminado pelo polonês Pawel Zagrodnik. A diferença no ranking mun-
Alaor Filho/AGIF/COB
Por Pedro Proença
dial entre eles é abissal: o brasileiro é o 6º em sua categoria, já o polonês, apenas o 48º. Porém, estatísticas não ganham luta e, ignorando os números, a dois minutos do fim do confronto, o polonês aplicou um yuko em Leandro e o brasileiro não conseguiu reagir. Hoje o Brasil volta ao tatame com Bruno Mendonça (categoria até 73kg) e Rafaela Silva (até 57kg), com chances de brigar por
mais medalhas. Bruno (15º no ranking), teoricamente, tem uma luta fácil na estreia: o ruandês Fred Uwase (número 277 no ranking), às 6h47 (horário de Brasília). Caso passe para a segunda rodada, enfrenta o vice-líder do ranking na categoria, o holandês Dex Elmont. Já Rafaela (3ª do ranking em sua categoria) enfrentará a alemã Miryam Roper (12ª do ranking), às 5h51.
Medalhistas passam a noite sem dormir Felipe Kitadai e Sarah Menezes vivem maratona fora do tatame após conquista de medalhas
F
elipe Kitadai e Sarah Menezes não dormiram de sábado para domingo. Requisitados para entre entrevistas, autógrafos e comemorações, eles ficaram acordados por mais de 30 horas. Apesar da maratona, Sarah, que acompanhou as derrotas dos judocas brasileiros ontem, disse que quer mais festa quando voltar ao Piauí: “Há 20 anos o Brasil não ganhava o ouro no judô. Estava fal-
tando essa medalha. Espero uma festa gigante. A maior que tiver, e bem merecida”, disse a judoca. Um dos primeiros prêmios pela medalha foi um prato de brigadeiro para ambos, já que, por agora, não precisam se preocupar com a balança e podem concentrar todos os esforços em comemorar. Kitadai, por outro lado, demonstrou menos animação. Pudera, depois de dois golden scores,
ele estava completamente exausto. Ele, inclusive, só tirou a medalha do bolso a pedido dos fotógrafos. Ambos concordaram com o fato de que ainda terão mais Olimpíadas nas quais poderão brilhar. “Para muita gente, as Olimpíadas são o ponto final. Para mim, está sendo o início. Em 2016 vai ser melhor”, projetou o judoca. Sarah acredita que, por ser jovem, ainda terá mais dois ciclos olímpicos.
jornal placar | segunda-feira, 30 de julho de 2012
06
Basquete
Deu pro gasto n focados
Rob Carr/Getty Images
O pivô Tiago Splitter diz que time não pensou nos 16 anos sem Olimpíadas
No retorno às quadras após 16 anos, Brasil sofre mas passa pela Austrália
N
ão deu para esconder o nervosismo na volta do basquete masculino aos Jogos Olímpicos. Contra a Austrália, rival que muitas vezes complicou para o Brasil em estreias, a equipe de Rubén Magnano passou sufoco,
mas venceu por 75 a 71. O desempenho instável dos jogadores tirou o técnico Ruben Magnano do sério — ele próprio também cometeu seus vacilos, ao mexer muito no time, algumas vezes sem necessidade. A última vez que a seleção en-
trou em quadra em Olimpíadas havia sido em Atlanta 1996, na despedida de Oscar Schimdt. A geração de Tiago Splitter, Nenê e Anderson Varejão parece ter começado o jogo de ontem com esse peso de anos sobre as costas. A primera parcial terminou
com o Brasil na frente, mas dominado pelos adversários. A forte marcação em cima de Marcelinho Huertas e a impaciência de Leandrinho no ataque levaram a muitos erros. No segundo quarto, as broncas do treinador surtiram efeito e Nenê entrou bem, mas a
Dream Team confirma status com boa apresentação
Erika atesta individualismo do time feminino
A
Kobe Bryant, destaques: 30 a 15 no segundo quarto (52 a 36). No início do terceiro quarto, os americanos continuaram dominando as ações, mesmo com a França mais atenta e organizada. Fecharam em 26 a 15 (78 a 51). No fim, a seleção dos EUA fez uma partida bastante sólida também na defesa, impedindo cestas dos franceses e fazendo com que a vantagem aumentasse para quase 30 pontos. Kevin Durant foi o cestinha da partida, com 22 pontos. Os norte-americanos, com a vitória praticamente garantida, acabaram diminuindo um pouco o ritmo no último quarto. Na terça (31), eles enfrentam a Tunísia.
Christian Petersen/Getty Images
Equipe americana não vê dificuldade na estreia contra a França seleção de basquete masculino dos EUA entrou em quadra contra a França e confirmou o status de “Dream Team” herdado do time de Magic Johnson, Michael Jordan & cia., que foi a Barcelona 1992. Apesar do início equilibrado, os craques da NBA logo embalaram para vencer por 98 a 71. O primeiro quarto, vencido pelos norte-americanos, foi o mais disputado do jogo: 22 a 21. A França tentou diminuir a vantagem dos Estados Unidos no segundo quarto, mas sem sucesso. A defesa da seleção comandada por Vincent Collet foi superada facilmente por Kevin Durant e
equipe dos armadores Patrick Mills (cestinha da partida, com 20 pontos) e Matt Delladevoda também foi agressiva. No segundo tempo, o Brasil abriu 11 pontos de vantagem sobre o adversário, mas teve uma forte queda no rendimento e viu a Austrália se aproximar do placar no fim de jogo. Principalmente, com bolas de três pontos. Quando o marcador dava 73 a 71, a 29 segundos do final, a pressão australiana foi sufocante. Mas Huertas, o melhor em quadra, conseguiu segurar bem a posse de bola, recebeu falta e ainda fez mais dois pontos para a seleção em lances livres. O armador terminou a partida com 15 pontos e 10 assistências. Leandrinho, com ótimas infiltrações, foi o cestinha do Brasil, com 16 pontos. Varejão somou 12 pontos. O resultado, apesar de apertado, justifica as expectativa criada em torno do time brasileiro. Os bons resultados na fase de preparação valeram elogios rasgados de rivais nas últimas semanas. Um dos amistosos foi justamente contra a Austrália, também vencido pelo Brasil, por 87 a 71. “Começamos perdendo muito a bola, mas corrigimos isso e mostramos um time mais fechado que o deles”, analisou o pivô Splitter após a partida. Segundo ele, os jogadores preferiram no peso de voltar às Olimpíadas depois de 16 anos. “Nosso único objetivo no dia era vencer a Austrália”. No próximo jogo, terça (31), às 12h45, o Brasil joga contra a Grã-Bretanha.
n cestinha Kevin Durant anotou 22 pontos e foi o grande destaque do time americano
No sábado, contra a França, as meninas do Brasil desandaram em quadra, principalmente no último quarto, e acabaram sendo facilmente batidas. Cestinha do time brasileiro, Érika já constatou o que causou a queda de rendimento da equipe: o individualismo. “Deixamos de acreditar em nós e elas, percebendo isso, começaram a jogar. Cada uma tentou fazer por si e não dá para vencer assim no basquete”, cobrou a pivô. Érika anotou 17 pontos, quatro a menos que Karla. Para ela, a disputa dos Jogos Olímpicos continua em aberto. Apesar das reclamações, a jogadora segue confiante na recuperação nesta segunda-feira, diante da Rússia. “São mínimos detalhes que ainda temos que por em prática”, disse.
jornal placar | segunda-feira, 30 de julho de 2012
08
Natação
Revezamento: tiro n’água
n pesada Forma de Leisel Jones recebeu críticas em seus país
Sem Cielo na equipe, Brasil fica fora da decisão no revezamento 4x100 livre nona colocação geral, com o tempo de 3m16s14, apenas alguns centésimos de segundo atrás do time italiano, último país a se classificar para a decisão. A ausência do campeão olímpico Cesar Cielo nesta fase, poupado pela comissão técnica para a disputa da final, pesou na eliminação. Ouro em Pequim 2008 e principal nome da natação brasileira, Cielo vai nadar os 50m livres e os 100m livres em Londres. Nicholas Santos tentou explicar a eliminação: “Na verdade, era uma estratégia que a gente já
tinha pensado. Pelo tempo deles e pelo tempo que a gente estava fazendo, dava para conseguir classificar. É complicado o Cielo nadar três vezes cada prova, por isso a Confederação quis adotar essa estratégia”, disse. E completou: “a ideia realmente era conseguir esse lugar na final e o Cielo entrar para brigar por medalha, mas outros países surpreenderam nessas eliminatórias, como a África do Sul. Mas nos Jogos Olímpicos é assim mesmo: é frustrante para todo mundo, mas agora é colocar a ca-
beça no lugar, conversar e ver o que saiu errado”. Nicolas Oliveira começou bem a prova para a equipe brasileira, virando os primeiros 50 metros em quarto, mas foi ultrapassado pouco antes de Bruno Fratus pular na água. O Brasil retomou a 4ª posição, mas Nicholas Santos não conseguiu manter o ritmo e acabou caindo para sexto. Marcelo Chierighini, que substituiu Cielo, fez uma prova de recuperação e pôs o Brasil de novo em quarto, terminando atrás da França, África do Sul e Itália.
Al Bello/Getty Images
U
m dia após a euforia da medalha de prata de Thiago Pereira nos 400 metros medley, a natação brasileira não conseguiu manter o ritmo e viveu um domingo de frustrações. Quem acordou cedo para ver o quarteto brasileiro, formado por Nicolas Oliveira, Bruno Fratus, Nicholas Santos e Marcelo Chierighini, brigar por uma vaga no revezamento 4x100m livre se decepcionou. A maior esperança de medalhas do Brasil no dia terminou a eliminatória apenas na
Gordinha cala a boca dos críticos Num universo marcado por corpos perfeitos , a nadadora australiana Leisel Jones não é, digamos, uma sereia. Visivelmente fora de forma, ela chegou a Londres criticada por seus quilinhos a mais. Ontem, calou seus críticos. Ao passar pela fase classificatória da prova, foi à forra com os corneteiros. “Sou daquelas pessoas que, sob pressão, mostram do que são capazes”, alfinetou.
n decepção Aos 37 anos, Fabíola Molina perde o que pode ter sido sua última chance de conquistar uma medalha olímpica
Jovem prodígio
Nadadores dos 100 metros costas decepcionam e caem nas eliminatórias
A
A veterana Fabíola Molina também perdeu sua chance de redenção nos Jogos de Londres. Após cumprir seis meses de suspensão por doping, antes de conseguir a vaga olímpica, em abril, a brasileira não conseguiu a sonhada vaga na final dos 100m costas, ontem. Em sua terceira participação em Olimpíadas, Fabíola ficou na sé-
tima e penúltima colocação de sua bateria, com o tempo de 1m01s40, obtendo apenas o 24º lugar geral. As 16 melhores nadadoras avançaram para a próxima fase. A decisão acontece amanhã, no Centro Aquático de Londres. A etapa ainda contou com uma quebra de recorde olímpico, com a australiana Emily Seebohm, que completou
a prova em 58s23. Após a eliminação, Fabíola não poupou críticas ao seu próprio desempenho. “Queria ter feito a melhor prova da minha vida. Em termos gerais esse é um tempo fraco para mim. Estava bem preparada e esse tempo não representa o melhor de mim”, desabafou a nadadora, que atribuiu parte do resultado à mudança para os Es-
tados Unidos, há sete meses, e de treinador. Fabíola detém cinco medalhas em Jogos PanAmericanos. Minutos após Fabíola deixar a piscina, Daniel Orzechowski tentou uma vaga na final da prova masculina, mas sem sucesso. Ele terminou a bateria em último lugar, com o tempo de 55s16. No geral, ficou na 28ª colocação.
Adam Pretty/Getty Images REUTERS/Tim Wimborne
Fabíola e Daniel dão adeus a Londres
Com apenas 15 anos, a nadadora lituana Ruta Meilutyte fez o melhor tempo na classificação para as semifinais dos 100 metros peito. Ao bater na parede da piscina e ver seu tempo, a jovem se emocionou e não conteve as lágrimas. Com o tempo de 1min06s56, ela superou a atual tricampeã olímpica na prova, a australiana Leisel Jones, além da favorita para a conquista da medalha de ouro em Londres 2012, a americana Rebecca Soni. A final da modalidade acontece hoje, às 16h15.
n caçulinha Ruta Meilutyte , de apenas 15 anos, dá show na piscina
jornal placar | segunda-feira, 30 de julho de 2012
10
Natação
um conto de Duas cidades Por Jonas Oliveira
Thiago Pereira quer mais uma medalha
A beleza da racionalidade
É
inevitável que se comparem as instalações olímpicas de Londres 2012 com as de Pequim 2008, edição dos Jogos que não poupou recursos para impressionar o mundo com construções como o Ninho do Pássaro e o Cubo d’Água. Comparados aos locais de competições chineses, os de Londres parecem bem modestos. Mas na verdade nem é preciso atravessar o mundo para encontrar estádios e ginásios mais belos que os do Parque Olímpico. Quem assistir às competições de futebol em Wembley ou ginástica na O2 Arena poderá notar a diferença. Mesmo o Estádio Emirates, do Arsenal, que não será utilizado nos Jogos, tem um aspecto superior ao Estádio Olímpico. O que, na minha opinião, não é demérito algum para os Jogos Olímpicos de Londres. Pelo contrário, o fato de a cidade ter planejado instalações mais modestas ou temporárias é adequado não apenas ao momento de recessão vivido pelo país, como ao de qualquer edição dos Jogos Olímpicos. No sábado, visitei pela primeira vez a Arena de Basquete, uma das instalações temporárias do Parque Olímpico. Com um custo total de 42 milhões de libras (130 milhões de reais), a arena será inteiramente desmontada após os Jogos Olímpicos — e poderá ser comprada pela organização do Rio 2016. O que seria uma excelente aquisição. A arena cumpre seu papel sem ser desconfortável para os espectadores — só mesmo um olhar mais cuidadoso é capaz de notar que a construção é temporária (confira na imagem abaixo). Instalações temporárias evitariam vexames como o do velódromo construído para o Pan de 2007, que poderá ser demolido por não se adequar às necessidades dos Jogos de 2016. As construções temporárias podem não ser marcantes no que diz respeito à arquitetura, mas são certamente mais racionais. E quando se trata de dinheiro público, que me perdoem as belas, mas racionalidade é fundamental.
Nadador brasileiro, que superou Michael Phelps nos 400, acredita em mais um pódio, agora nos 200 metros medley Da redação
P
Só um olhar mais cuidadoso é capaz de notar que a construção da arena é temporária
n esperança Nadador crê em bom desempenho em sua prova predileta
Al Bello/Getty Images
ronto para nadar sua prova preferida, os 200 metros medley, Thiago Pereira acredita na conquista da sua segunda medalha olímpica. As eliminatórias desta competição acontecem na próxima quarta-feira (a final está programada para o dia seguinte), no Centro Aquático de Londres. Como tem tempo até lá, o nadador mineiro agora quer se dedicar a uma fase de concentração e descanso. Chega de badalação pela medalha. “A receita é descansar nesses dias que antecedem os 200 metros medley”, disse Pereira. “Eu estava brigando, batendo na trave em Olimpíadas, mas o pódio veio agora. Nado uma prova por vez, então meu foco agora está nos 200 metros”, completou o “Mr. Pan”, como ficou conhecido depois de ganhar 18 medalhas — 12 de ouro —, nas três últimas edições dos jogos do continente. Thiago reconhece que sua primeira medalha olímpica, a prata nos 400 metros medley, é fruto do comprometimento e de um pouco de estratégia. Ao longo da preparação, priorizou um trabalho físico que lhe deu mais resistência. Passou os últimos três anos nos EUA e só voltou ao Brasil no ano passado, quando disputou o Mundial de Xangai e terminou na decepcionante sexta colocação nos 200 metros medley. “Pensei até em parar quando não consegui uma medalha nessa prova”, disse.
Phelps ganha a prata no revezamento E
xtenuado com a medalha de ouro nos 400 medley, o nadador americano Ryan Lochte entornou o caldo da equipe de revezamento 4 x 100 livre dos Estados Unidos. Os três primeiros nadadores, Nathan Adrian, Phelps e Jones Cullen, garantiam a liderança dos americanos. Contudo, Lochte não manteve o ritmo dos seus compatriotas e permitiu que os franceses
o vencessem por 30 centésimos (3min12s29 a 3min12s59). Como prêmio de consolação, Michael Phelps ficou a uma medalha de igualar o recorde de 18 medalhas da ginasta russa Larisa Latynina. Ele ainda terá mais três chances para isso. Lochte também terá outras chances de pódios. Ele chegou à final dos 200m, com o tempo de
1m46s45 nas eliminatórias (atrás apenas do chinês Sun Yang, que fez 1m46s24) e, na semifinal, nadou 7 centésimos acima desse tempo e ficou com a quinta melhor marca. Apesar de estar na final, ele não gostou muito da atuação: “Os 400 medley tiraram muito de mim. Fiz o que deu agora. Espero ser mais forte e veloz na próxima etapa.”
Christian Petersen/Getty Images
Vacilo do compatriota Ryan Lochte, campeão dos 400 medley, tira o ouro dos EUA
n arena do basquete Inteiramente desmontada após os Jogos, poderá ser comprada pela organização do Rio 2016
jornal placar | SEGUNDA FEIRA, 30 de julho de 2012
FUTEBOL Por Marcos Sergio Silva, de Manchester
alexandre battibugli
O
brasileiro que ajudou a encher o imenso Old Trafford, em Manchester, foi abatido por duas surpresas logo de início. A primeira foi Alexandre Pato no lugar de Leandro Damião, autor de um gol na estreia. A outra foi saber que o brasileiro autor do primeiro gol, na verdade, jogava pela Bielorrússia, a adversária da fria tarde de ontem. Renan Bressan, um catarinense de Tubarão rejeitado na peneira do Corinthians, escorou de cabeça para marcar o primeiro gol bielorrusso — nacionalidade que adquiriu apenas no início deste ano. O brasileiro que vestia vermelho aproveitou o cochilo de outro, do lado amarelo. Marcelo, o mesmo lateral que havia sido criticado por Mano Menezes e pelos colegas por abusar
13 das subidas ao ataque e esquecer da parte defensiva, havia deixado uma avenida para que os bielorrussos pudessem avançar — e nos surpreender com o primeiro gol. Mas Pato, cuja habilidade e senso de colocação de área já não surpreende, tratou de colocar as coisas no lugar. Também com a cabeça, acertou cruzamento preciso de Neymar aos 14 minutos. O empate não era o melhor dos mundos, mas era o que merecíamos até ali, mesmo com a Bielorrússia não incomodando. Não foi um primeiro tempo dos sonhos, sobretudo para Mano Menezes, que usou muito a área técnica. A preocupação era com os buracos nas laterais. Rafael Silva era quem mais ouvia o treinador. E o que mais reclamava em campo. Se deslocava pela direita, sem receber a bola. A cada chance perdida, abaixava a cabeça e voltava para ajudar a defesa.
Era o retrato de um time cujo lado esquerdo se comunicava pouco com o direito. Neymar acionava pouco Oscar, e viceversa. O primeiro preferia as jogadas com Marcelo; o outro, as com Hulk. Pato era o único entendimento entre os dois. No segundo tempo, Oscar aproximou-se mais de Neymar, que revezou com Marcelo nas jogadas de linha de fundo. Em uma delas, o lateral cruzou, e Pato cabeceou, na linha de escanteio, para achar dentro da área Oscar, que dividiu com a zaga. A mudança tática surtiu efeito, e Oscar ganhou mais movimentação. Se a marcação caía em Neymar, era o meia quem aproveitava. A chatice do primeiro tempo parecia equacionada. Aos 18 minutos, Mano tirou o volante Sandro e colocou Ganso. Na jogada seguinte, em cobrança de falta no canto esquerdo do goleiro Gutar, Neymar virou para o
Brasil. A partir daí, Mano passou a chamar mais Marcelo para corrigir a cobertura pelo lado esquerdo. E o lateral passou a jogar mais recuado, sem tantos avanços, mas sem esquecer dos seus vacilos de sempre. Pato ainda daria o lugar para Lucas — o reserva preferido da torcida, que gritou por ele o tempo todo. Hulk foi substituído por Danilo. Mano não queria mais surpresas indesejáveis pela esquerda. Neymar ainda daria uma assistência, de calcanhar, para Oscar marcar o terceiro gol, já nos acréscimos do segundo tempo. Assim, sem mais sobressaltos, o Brasil cozinhou o jogo e trouxe na bagagem a vaga para as quartas de final, com um primeiro lugar quase certo. Para a Bielorrússia, não havia mais o que fazer. Aquele gol de um brasileiro achado em Santa Catarina era só uma surpresa indesejável — para a seleção, claro. Que felizmente foi corrigida. no capricho Neymar participa dos principais lances e tem participação decisiva no jogo
Brasil
3
Bielorrusia
1
Neto Rafael Thiago Silva Juan Marcelo Sandro (Ganso) Romulo Oscar Neymar Hulk (Danilo) Pato (Lucas)
Gutor Kuzmenok Politevich Kozlov Polyakov Dragun (Gavrilovich) Baga Renan Bressan Aleksievich (Voronkov) Gordeichuk Kornilenko (Zubovich)
T. Mano Menezes
T. Georgy Kondratyev
Gol: Renan Bressan, aos 7 minutos e Alexandre Pato, aos 14 do primeiro tempo. Neymar aos 19 e Oscar aos 47 minutos do segundo tempo
Estádio: Old Trafford, em Manchester. Público: 66.212 torcedores Árbitro: Yuichi Nishimura (JAP) Auxiliares: Toru Sagara (JAP) e Toshiyuki Nagi (JAP)
“Passei por uma roubada no Corinthians”, diz brasileiro autor de gol bielorrusso P
razer, Renan Bressan. Para quem acompanha o futebol europeu, ele é o brasileiro do Bate Borisov, da Bielorrússia. Lembra do gol de empate contra o Milan, em Minsk, pela Liga dos Campeões? Então, foi dele. “Eu já tinha enfrentado ele na Champions no ano passado, e foi o Renan justamente que fez o gol de empate. Então, eu estou um pouco chateado com ele (risos)”, disse o zagueiro Thiago Silva enquanto concedia entrevista justamente ao lado do agora bielorrusso. A história de Renan é repleta de caminhos tortos. Começa com uma cotovelada que tomou na cabeça em um treino, aos 16 anos. “Fiquei com
um coágulo no cérebro. Corri o risco de nem jogar mais futebol”, lembra o brasileiro, que fez o gol contra a seleção justamente de cabeça. “Fico com um pouco de receio de cabecear, mas eu não podia desperdiçar.” Alguma sensação especial de marcar contra o Brasil? “Até me arrepiei na hora”, diz. Renan chegou à Bielorrússia com 18 anos — tem hoje 24. no Brasil, jogou pelo Atlético Tubarão e por pouco não acertou com o Corinthians. “Fiz um teste no começo de 2006. Falaram que iriam assinar contrato mas o empresário mentiu. Fiquei três dias dormindo no CT”, diz. “Foi uma roubada para mim.”
EMOÇão especial Renan ficou arrepiado ao marcar gol no Brasil
REUTERS/Andrea Comas
12
jornal placar | SEGUNDA FEIRA, 30 de julho de 2012
Mais uma gafe: telão põe volante inglês no Brasil
outros jogos
P
elo grupo A, o Senegal ganhou do Uruguai por 2 a 0, enquanto a Grã-Bretanha venceu os Emirados Árabes por 3 a 1. No grupo B, na cidade de Coventry, o México passou pelo Gabão, 2 a 0, e a Coreia do Sul derrotou a Suíça por 2 a 1. Pelo grupo C, o do Brasil, Egito e Nova Zelândia empataram em 1 a 1. O Japão venceu Marrocos por 1 a 0 e a favorita Espanha perdeu de Honduras, 1 a 0, pelo grupo D, e foi eliminada dos Jogos de Londres 2012.
A
Mano: “Subestimamos a Bielorrússia” Técnico admite falhas, mas exalta recuperação: “Pela primeira vez viramos um jogo”
Na rota do ouro
Seleção toma susto no início do jogo, mas atuação inspirada de Neymar, Oscar e Pato garante vitória que coloca o Brasil na próxima fase
M
ano Menezes não esperava que fosse tomar um gol da Bielorrússia, ainda mais aos 8 minutos do primeiro tempo. Logo após o jogo, o técnico da seleção assumiu que subestimou a capacidade de criar da equipe do leste europeu, mas que o time soube se recuperar do vacilo. “É sempre difícil enfrentar uma linha de cinco homens atrás, como eles fizeram. Tomamos o gol porque subestimamos a capacidade de a Bielorrússia criar”, disse o treinador. Foi o jogo para corrigir erros — da estreia e de hoje. “Tivemos inteligência para reencontrar espaços, era importante ajustar o atacante de lado. É a primeira vez que a seleção olímpica sai atrás e consegue virar”, avaliou o técnico. “Ajustamos a marcação”, ressaltou o capitão Thiago
Silva, que criticou o posicionamento no lance do gol. “Demos uma vacilada em termos de comunicação. Mas conseguimos equilibrar o jogo, com as jogadas individuais.” Por jogadas individuais, entenda a participação de Neymar e Oscar. O santista cruzou na medida para que Alexandre Pato fizesse o gol de empate, aos 14 minutos. “Quando saímos atrás, sabíamos que seria difícil. Fizemos o que o Mano pediu, saindo pelos lados. Quando o Ney pegou na lateral e veio pela direita, eu falei: ‘é agora’ e cabeceei”, disse o atacante do Milan. No segundo tempo, por orientação de Mano, Neymar e Oscar começaram a trocar constantemente de posição. “O time deles estava muito fechado. Na etapa final, procuramos jogar juntos”, disse Oscar. Neymar enxergou o mesmo:
“Nosso time passou a se aproximar mais, a tocar a bola rápido e a inverter o lado do campo, achando os espaços. Isso foi fundamental”. Neymar fez o gol da virada, de falta, depois de prestar a atenção na saída do goleiro Gutor em uma cobrança anterior, de Hulk. “Eu olhei a saída dele e quis colocar ali, no canto”, disse. Time reserva Com a vaga garantida — e o primeiro lugar praticamente assegurado —, Mano Menezes pode colocar os reservas para atuar contra a Nova Zelândia, na quarta-feira, em Newcastle. Apenas uma derrota para os neozelandeses e uma vitória da Bielorrússia sobre o Egito que elimine o saldo positivo brasileiro pode tirar a liderança do grupo da seleção. (M.M.S)
s 66.212 pessoas que estiveram no Old Trafford, em Manchester, para o jogo de seleção olharam para o telão do estádio e não entenderam. Afinal, quem era aquele James Tomkins que colocaram entre os reservas do Brasil? A falha no sistema — a segunda no torneio de futebol — fez com que o volante inglês, integrante do time da Grã-Bretanha na Olimpíada, aparecesse por engano na escalação. Tomkins, na verdade, joga no West Ham e participa das seleções de base da Inglaterra. E nunca pensou em se naturalizar brasileiro.
Olimpíada vazia, estádio lotado
T
eve até quem aplaudisse quando o sistema de som de Old Trafford anunciou o público do jogo entre Brasil e Bielorrússia. Eram 66.212 espectadores, mais do que o dobro dos 30.000 que assistiram à estreia contra o Egito. A maior parte era brasileira, que incentivou a seleção, sem deixar de cornetar o técnico Mano Menezes. Um dos torcedores, que pedia a saída de Hulk, recebeu de volta um gesto do treinador pedindo calma. “O torcedor precisa ter mais paciência. Se o jogador não está bem para ele, quem sabe não é a hora de tirá-lo de campo. Até o Lula ligou para o José Maria Marin para dar parabéns pelo resultado”, disse Mano.
jornal placar | SEGUNDA FEIRA, 30 de julho de 2012
FUTEBOL Por Marcos Sergio Silva, de Manchester
alexandre battibugli
O
brasileiro que ajudou a encher o imenso Old Trafford, em Manchester, foi abatido por duas surpresas logo de início. A primeira foi Alexandre Pato no lugar de Leandro Damião, autor de um gol na estreia. A outra foi saber que o brasileiro autor do primeiro gol, na verdade, jogava pela Bielorrússia, a adversária da fria tarde de ontem. Renan Bressan, um catarinense de Tubarão rejeitado na peneira do Corinthians, escorou de cabeça para marcar o primeiro gol bielorrusso — nacionalidade que adquiriu apenas no início deste ano. O brasileiro que vestia vermelho aproveitou o cochilo de outro, do lado amarelo. Marcelo, o mesmo lateral que havia sido criticado por Mano Menezes e pelos colegas por abusar
13 das subidas ao ataque e esquecer da parte defensiva, havia deixado uma avenida para que os bielorrussos pudessem avançar — e nos surpreender com o primeiro gol. Mas Pato, cuja habilidade e senso de colocação de área já não surpreende, tratou de colocar as coisas no lugar. Também com a cabeça, acertou cruzamento preciso de Neymar aos 14 minutos. O empate não era o melhor dos mundos, mas era o que merecíamos até ali, mesmo com a Bielorrússia não incomodando. Não foi um primeiro tempo dos sonhos, sobretudo para Mano Menezes, que usou muito a área técnica. A preocupação era com os buracos nas laterais. Rafael Silva era quem mais ouvia o treinador. E o que mais reclamava em campo. Se deslocava pela direita, sem receber a bola. A cada chance perdida, abaixava a cabeça e voltava para ajudar a defesa.
Era o retrato de um time cujo lado esquerdo se comunicava pouco com o direito. Neymar acionava pouco Oscar, e viceversa. O primeiro preferia as jogadas com Marcelo; o outro, as com Hulk. Pato era o único entendimento entre os dois. No segundo tempo, Oscar aproximou-se mais de Neymar, que revezou com Marcelo nas jogadas de linha de fundo. Em uma delas, o lateral cruzou, e Pato cabeceou, na linha de escanteio, para achar dentro da área Oscar, que dividiu com a zaga. A mudança tática surtiu efeito, e Oscar ganhou mais movimentação. Se a marcação caía em Neymar, era o meia quem aproveitava. A chatice do primeiro tempo parecia equacionada. Aos 18 minutos, Mano tirou o volante Sandro e colocou Ganso. Na jogada seguinte, em cobrança de falta no canto esquerdo do goleiro Gutar, Neymar virou para o
Brasil. A partir daí, Mano passou a chamar mais Marcelo para corrigir a cobertura pelo lado esquerdo. E o lateral passou a jogar mais recuado, sem tantos avanços, mas sem esquecer dos seus vacilos de sempre. Pato ainda daria o lugar para Lucas — o reserva preferido da torcida, que gritou por ele o tempo todo. Hulk foi substituído por Danilo. Mano não queria mais surpresas indesejáveis pela esquerda. Neymar ainda daria uma assistência, de calcanhar, para Oscar marcar o terceiro gol, já nos acréscimos do segundo tempo. Assim, sem mais sobressaltos, o Brasil cozinhou o jogo e trouxe na bagagem a vaga para as quartas de final, com um primeiro lugar quase certo. Para a Bielorrússia, não havia mais o que fazer. Aquele gol de um brasileiro achado em Santa Catarina era só uma surpresa indesejável — para a seleção, claro. Que felizmente foi corrigida. no capricho Neymar participa dos principais lances e tem participação decisiva no jogo
Brasil
3
Bielorrusia
1
Neto Rafael Thiago Silva Juan Marcelo Sandro (Ganso) Romulo Oscar Neymar Hulk (Danilo) Pato (Lucas)
Gutor Kuzmenok Politevich Kozlov Polyakov Dragun (Gavrilovich) Baga Renan Bressan Aleksievich (Voronkov) Gordeichuk Kornilenko (Zubovich)
T. Mano Menezes
T. Georgy Kondratyev
Gol: Renan Bressan, aos 7 minutos e Alexandre Pato, aos 14 do primeiro tempo. Neymar aos 19 e Oscar aos 47 minutos do segundo tempo
Estádio: Old Trafford, em Manchester. Público: 66.212 torcedores Árbitro: Yuichi Nishimura (JAP) Auxiliares: Toru Sagara (JAP) e Toshiyuki Nagi (JAP)
“Passei por uma roubada no Corinthians”, diz brasileiro autor de gol bielorrusso P
razer, Renan Bressan. Para quem acompanha o futebol europeu, ele é o brasileiro do Bate Borisov, da Bielorrússia. Lembra do gol de empate contra o Milan, em Minsk, pela Liga dos Campeões? Então, foi dele. “Eu já tinha enfrentado ele na Champions no ano passado, e foi o Renan justamente que fez o gol de empate. Então, eu estou um pouco chateado com ele (risos)”, disse o zagueiro Thiago Silva enquanto concedia entrevista justamente ao lado do agora bielorrusso. A história de Renan é repleta de caminhos tortos. Começa com uma cotovelada que tomou na cabeça em um treino, aos 16 anos. “Fiquei com
um coágulo no cérebro. Corri o risco de nem jogar mais futebol”, lembra o brasileiro, que fez o gol contra a seleção justamente de cabeça. “Fico com um pouco de receio de cabecear, mas eu não podia desperdiçar.” Alguma sensação especial de marcar contra o Brasil? “Até me arrepiei na hora”, diz. Renan chegou à Bielorrússia com 18 anos — tem hoje 24. no Brasil, jogou pelo Atlético Tubarão e por pouco não acertou com o Corinthians. “Fiz um teste no começo de 2006. Falaram que iriam assinar contrato mas o empresário mentiu. Fiquei três dias dormindo no CT”, diz. “Foi uma roubada para mim.”
EMOÇão especial Renan ficou arrepiado ao marcar gol no Brasil
REUTERS/Andrea Comas
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jornal placar | SEGUNDA FEIRA, 30 de julho de 2012
Mais uma gafe: telão põe volante inglês no Brasil
outros jogos
P
elo grupo A, o Senegal ganhou do Uruguai por 2 a 0, enquanto a Grã-Bretanha venceu os Emirados Árabes por 3 a 1. No grupo B, na cidade de Coventry, o México passou pelo Gabão, 2 a 0, e a Coreia do Sul derrotou a Suíça por 2 a 1. Pelo grupo C, o do Brasil, Egito e Nova Zelândia empataram em 1 a 1. O Japão venceu Marrocos por 1 a 0 e a favorita Espanha perdeu de Honduras, 1 a 0, pelo grupo D, e foi eliminada dos Jogos de Londres 2012.
A
Mano: “Subestimamos a Bielorrússia” Técnico admite falhas, mas exalta recuperação: “Pela primeira vez viramos um jogo”
Na rota do ouro
Seleção toma susto no início do jogo, mas atuação inspirada de Neymar, Oscar e Pato garante vitória que coloca o Brasil na próxima fase
M
ano Menezes não esperava que fosse tomar um gol da Bielorrússia, ainda mais aos 8 minutos do primeiro tempo. Logo após o jogo, o técnico da seleção assumiu que subestimou a capacidade de criar da equipe do leste europeu, mas que o time soube se recuperar do vacilo. “É sempre difícil enfrentar uma linha de cinco homens atrás, como eles fizeram. Tomamos o gol porque subestimamos a capacidade de a Bielorrússia criar”, disse o treinador. Foi o jogo para corrigir erros — da estreia e de hoje. “Tivemos inteligência para reencontrar espaços, era importante ajustar o atacante de lado. É a primeira vez que a seleção olímpica sai atrás e consegue virar”, avaliou o técnico. “Ajustamos a marcação”, ressaltou o capitão Thiago
Silva, que criticou o posicionamento no lance do gol. “Demos uma vacilada em termos de comunicação. Mas conseguimos equilibrar o jogo, com as jogadas individuais.” Por jogadas individuais, entenda a participação de Neymar e Oscar. O santista cruzou na medida para que Alexandre Pato fizesse o gol de empate, aos 14 minutos. “Quando saímos atrás, sabíamos que seria difícil. Fizemos o que o Mano pediu, saindo pelos lados. Quando o Ney pegou na lateral e veio pela direita, eu falei: ‘é agora’ e cabeceei”, disse o atacante do Milan. No segundo tempo, por orientação de Mano, Neymar e Oscar começaram a trocar constantemente de posição. “O time deles estava muito fechado. Na etapa final, procuramos jogar juntos”, disse Oscar. Neymar enxergou o mesmo:
“Nosso time passou a se aproximar mais, a tocar a bola rápido e a inverter o lado do campo, achando os espaços. Isso foi fundamental”. Neymar fez o gol da virada, de falta, depois de prestar a atenção na saída do goleiro Gutor em uma cobrança anterior, de Hulk. “Eu olhei a saída dele e quis colocar ali, no canto”, disse. Time reserva Com a vaga garantida — e o primeiro lugar praticamente assegurado —, Mano Menezes pode colocar os reservas para atuar contra a Nova Zelândia, na quarta-feira, em Newcastle. Apenas uma derrota para os neozelandeses e uma vitória da Bielorrússia sobre o Egito que elimine o saldo positivo brasileiro pode tirar a liderança do grupo da seleção. (M.M.S)
s 66.212 pessoas que estiveram no Old Trafford, em Manchester, para o jogo de seleção olharam para o telão do estádio e não entenderam. Afinal, quem era aquele James Tomkins que colocaram entre os reservas do Brasil? A falha no sistema — a segunda no torneio de futebol — fez com que o volante inglês, integrante do time da Grã-Bretanha na Olimpíada, aparecesse por engano na escalação. Tomkins, na verdade, joga no West Ham e participa das seleções de base da Inglaterra. E nunca pensou em se naturalizar brasileiro.
Olimpíada vazia, estádio lotado
T
eve até quem aplaudisse quando o sistema de som de Old Trafford anunciou o público do jogo entre Brasil e Bielorrússia. Eram 66.212 espectadores, mais do que o dobro dos 30.000 que assistiram à estreia contra o Egito. A maior parte era brasileira, que incentivou a seleção, sem deixar de cornetar o técnico Mano Menezes. Um dos torcedores, que pedia a saída de Hulk, recebeu de volta um gesto do treinador pedindo calma. “O torcedor precisa ter mais paciência. Se o jogador não está bem para ele, quem sabe não é a hora de tirá-lo de campo. Até o Lula ligou para o José Maria Marin para dar parabéns pelo resultado”, disse Mano.
jornal placar | segunda-feira, 30 de julho de 2012
14
Vôlei de praia
loja de antiguidades Por Fábio Altman, de Londres
Três segundos de guerra fria
n recuperação Emanuel precisou se superar para salvar jogo de estreia
O
Dupla Alison e Emanuel virou após perder 1º set para austríacos
C
onsiderados os melhores do vôlei de praia na atualidade, Alison e Emanuel tiveram uma estreia mais complicada do que podiam esperar. Ontem, na arena montada no Horse Guard Parade, os brasileiros enfrentaram a dupla da Áustria, perderam o primeiro set e precisaram suar bastante para virar a partida. Com os favoritos dispersos, Doppler e Horst dominaram a primeira etapa, que acabou em 21 a 19 para os austríacos. Mas a dupla brasileira voltou mais forte no se-
gundo, com Alison mais ligado no bloqueio, e conseguiram manter uma pequena vantagem durante o set, encerrado em 21 a 17. O set decisivo foi de pura tensão. Alison e Emanuel abriram vantagem, mas os austríacos alcançaram no fim do set, fazendo 14 a 14. A dupla brasileira partiu para cima e fez 15/14. Um erro da equipe adversária rendeu a vitória para os brasileiros. “Cada Olimpíada tem uma historia diferente, mas, ao longo desses anos, aprendi que o primeiro jogo é sempre complicado.
A dupla da Áustria foi brilhante no primeiro set, errando pouco e sacando muito bem. Usamos a experiência que temos para manter a energia legal em todo o jogo”, disse Emanuel, que disse estar tão focado que nem percebeu quando começou a chover. Na próxima rodada do Grupo A, os brasileiros vão enfrentar Heuscher e Bellaguarda, da Suíça, na terça (31), às 10h. O grupo tem, ainda, a dupla Lupo e Nicolai, da Itália. As duas melhores se classificam para as oitavas-de-final.
Ryan Pierse/Getty Images
Favoritos ao ouro levam susto na areia
s Estados Unidos de Kevin Durant, LeBron James e Kobe Bryant estrearam na Olimpíada de Londres com uma vitória tranquila (98 a 71) contra a forte seleção da França. Em dezessete edições do basquete olímpico, o escrete montado pelas estrelas da NBA não levou o ouro apenas em quatro ocasiões: em 2004 (deu Argentina), em 1988 (a campeã foi a União Soviética), em 1980 (os Estados Unidos boicotaram os Jogos de Moscou) e em 1972 (novamente a União Soviética). Aquela final de 1972 entre Estados Unidos e União Soviética é a mais dramática partida de um esporte coletivo na história olímpica. Os americanos vestiam branco. Os soviéticos, vermelho. As cores das camisas foram os únicos elementos de pureza primária daquela noite de setembro em Munique. Todo o resto permaneceu cinza. São três segundos que já duram quarenta anos. Era o apogeu da Guerra Fria. Supunha-se que poderia haver confusão. Houve. Restando três segundos para o término do jogo, os americanos venciam por 50 a 49 e recuperaram a posse de bola. O técnico soviético reclamou com o juiz, o brasileiro Renato Righetto, que supostamente não atendera seu pedido de tempo. O sinal de fim de partida soou e a seleção dos Estados Unidos comemorava na quadra como se tivesse atirado uma bomba no Kremlin. Presente ao ginásio, o secretário-geral da Federação Internacional de Basquete, o inglês William Jones, interveio, aceitando o protesto comunista. Na nova oportunidade, com os três míseros segundos de bola rolando, a União Soviética marcou com Aleksander Belov. Resultado final: 51 a 50 para alegria de Leonid Brejnev e suas espessas sobrancelhas. Choro, desespero. Os americanos entraram com recurso, na hora, mas a revisão foi rejeitada por 3 votos a 2 – os representantes de Cuba, Polônia e União Soviética, claro, votaram pela manutenção do resultado. E o muro que dividia o mundo rachou também a final de basquete. No pódio, havia apenas os campeões e Cuba, medalha de bronze — os Estados Unidos se recusaram a comparecer à cerimônia de premiação. As medalhas até hoje estão em um cofre do Comitê Olímpico Internacional em Lausanne, Suíça. Aleksander Belov morreu de câncer em 1978, aos 26 anos. O juiz Renato Righetto — que nunca assinou a súmula — foi-se em 2001, aos 80 anos. A União Soviética também pereceu. Os EUA dominam o basquete. Em tempo: o árbitro de EUA e França, na abertura da Olimpíada de Londres, ontem, foi também um brasileiro, Cristiano Maranho, a quem não coube os três segundos de martírio indelével.
51 x 50: a final do basquete de 1972, entre EUA e URSS, foi a mais dramática da história
Getty Images
susto da dupla Maria Elisa e Talita foi bem menor que o da masculina. Mesmo assim, após o passeio do primeiro set (21 a 10), elas foram envolvidas pelas holandesas Madelein Mappelink e Sophie Van Gestel no início do segundo. Só no saque, elas abriram vantagem de três pontos. As brasileiras precisaram reforçar a defesa e investir em contra-ataques para empatar e fechar em 21 a 19.
Marcelo del Pozo/ reuters
Maria Elisa e Talita fazem 2 a 0 na estreia O
n polêmica O jogo que não terminou: Belov (de vermelho) garantiu o ouro no final
jornal placar | SEGUNDA FEIRA, 30 de JULHO de 2012
16
Vôlei
brasileiro do dia Por Alexandre Salvador, da VEJA
Brasil arrasa Tunísia e Bernardinho elogia
Gracias, señor
D
eve ser ironia dos deuses, só pode. Se existe uma pessoa a agradecer o fato de estarmos de volta a uma Olimpíada com o basquete masculino, esse alguém é um argentino: o técnico Rubén Magnano. O experiente treinador foi o responsável pela restauração do time brasileiro, que antes era um catado de jogadores habilidosos e/ou sem grande identificação com a seleção. Um argentino recuperou o orgulho de ser brasileiro, veja você. Mas não foi só isso, é claro. Magnano é um treinador muito atento a parte tática do jogo e sua contribuição para o jeito de jogar é que devolveu o time brasileiro ao patamar de forte concorrente nos torneios por aí a fora. Ontem, contra a Austrália, o Brasil retornava ao torneio olímpico de basquete após 16 anos de ausência. Na cabeça dos jogadores, a ansiedade estava a mil. Teve gente, como o pivô Nenê, que recorreu aos sedativos para dormir. Apesar de ter criado uma folgada vantagem no início do terceiro quarto, o time brasileiro permitiu que os australianos encostassem no placar no último período. Foi aí que se fez presente o dedo de Magnano. “Ele viu que era necessário colocar uma formação diferente na quadra, que garantiria a vitória”, disse o pivô Tiago Splitter. A vitória de 75 a 71 deve soltar mais os atletas brasileiros, mas o estilo de jogo não deve mudar. Para Magnano, o importante é pontuar: “Para mim, tanto faz ser uma cesta de bandeja ou uma enterrada. São os mesmos dois pontos”, diz o treinador. O foco na defesa o fez famoso. Enquanto foi técnico da seleção argentina, ele instaurou seu estilo de jogo baseado no coletivo e foi vitorioso: além dos soviéticos em Munique 1972, ele e seus comandados foram a única equipe a parar os americanos em uma Olimpíada, em Atenas 2004. Foi dessa forma também que o Brasil conquistou a vaga olímpica. Apesar da linha dura, os jogadores compraram o sonho do técnico argentino e, se seguirem a cartilha do treinador, têm reais chances de recolocar o basquete brasileiro na disputa por um lugar no pódio.
Seleção não dá bola para o fantasma da estreia e chega fácil à vitória de 3 a 0. Próximo jogo será contra a Rússia Da redação
n passeio Jogadores do Brasil festejam mais um ponto sobre a fraca seleção da Tunísia
A
seleção brasileira de vôlei não teve dificuldade para derrotar a Tunísia por 3 a 0 (25/17, 25/21 e 25/18) ontem, na estreia dos dois países no torneio olímpico. O técnico Bernardinho gostou do jogo e admitiu que o time pode brigar por medalha. "A gente só precisa de foco e determinação", resumiu. O próximo duelo será amanhã, contra a forte Rússia, que ontem bateu a Alemanha por 3 a 0. Logo de cara, ficou claro que a Tunísia não meteria medo. Com muitos erros de ataque e saque, os tunisianos permitiram que o Brasil abrisse logo uma vantagem de nove pontos. Com boa atuação de Lucão e Vissotto, o Brasil fechou em 25 a 17. No início do segundo set, a defesa do Brasil relaxou e os tunisianos equilibraram a partida, não o bastante para evitar que o adversário fechasse em 25/21. O set final foi mais tranquilo, e o Brasil consumou a vitória sem muito trabalho.
Ivan Alvarado/ reuters
O técnico Magnano, argentino, recuperou o orgulho de ser brasileiro
Doping, a eterna praga dos jogos faz outra vítima
n memória
Doping mortal O
ntem (29), os Jogos Olímpicos de Londres 2012 registraram o segundo caso de doping. A ginasta Luiza Galiulina, do Uzbequistão, está provisoriamente suspensa por conta do teste realizado na última quarta-feira (25), que apontou a substância proibida furosemida. O outro atleta foi o halterofilista albanês Hysen Pulaku, banido dos jogos por ser flagrado com o esteroide estanozolol. O primeiro caso de doping da história das
Na queda, Enemark sofreu fratura no crânio e morreu no hospital
Olímpiadas terminou em tragédia. O ciclista dinamarquês Knud Enemark desmaiou no meio da prova de 100m em equipe dos Jogos de Roma 1960, por causa de um ativador da circulação sanguínea, sofreu um grave acidente e morreu no hospital. A autópsia revelou o uso da substância ilegal e o treinador da equipe da Dinamarca confirmou, dizendo que os outros dois atletas dinamarqueses também estavam dopados.
Christian Petersen/Getty Images
om o aumento do controle, crescem também os casos de doping no esporte mundial. Os Jogos de Londres mal começaram e já há diversas punições. A nova vítima é a ginasta uzbeque Luiza Galiulinawas, que foi suspensa pelo uso do diurético furosemida. O primeiro caso de doping em Londres foi o do albanês Hysen Pulaku, cujo exame deu positivo para o esteróide estanozolol. Ele se junta a Dimitris Chonrokoúkis (saltador grego), Zoltan Kövago (lançador de disco húngaro, que se recusou a fazer o exame) e aos halterofilistas turcos Fatih Baydar e Ibrahim Arat, que foram expulsos da competição antes que ela começasse. A comissão médica do COI deve realizar em Londres cerca de 5.000 exames, 3.000 dos quais apenas com os atletas medalhistas.
Por Olavo Guerra
n alívio Após passarem sufoco, brasileiras cumprimentam a torcida
Central Press/Hulton Archive/Getty Images
C
BAÚ OLíMPICO
n hermano O argentino Rubén Magnano: seja de bandeja ou em uma enterrada, para ele não importa. Quer os 2 pontos
jornal placar | segunda-feira, 30 de julho de 2012
18
figurinhas carimbadas n Equilíbrio nos pés da ginasta italiana Vanessa Ferrari
n Nadadora canadense expõe amor pela pátria e pelos Jogos Olímpicos
n O ginasta inglês Louis Smith destaca o merecimento em suas costas
à a d a í p Olim le e p a d r o fl
eus mas de s no le b m e s o ampam exibirem ores est id t Além do e p m porte. uitos co o pelo es m traço países, m ã ix a p a hos u corpo m desen e m la e v e Confira Outros r alidade. n o s r e p tas de sua e os atle u q s n e g . as tatua Londres m e m la fi des
n Citação bíblica na mão do arqueiro americano Brady Ellison
n Detalhe meigo nas costas da gigante Erika, do basquete brasileiro
n O nadador Brent Hayden, outro canadense ufanista
jornal placar | segunda-feira, 30 de julho de 2012
20
ginástica
London Calling Por Giancarlo Lepiani, da VEJA
Heroes
n bye bye
P
Ginastas brasileiras decepcionam
Dylan Martinez/ REUTERS
Daiane fracassa e se aposenta Equipe feminina de ginástica se despede de forma melancólica dos Jogos de Londres. Daiane dos Santos anuncia que vai parar no fimdo ano
A
equipe feminina de ginástica artística se despediu dos Jogos de Londres, ontem, com um melancólico abraço entre as atletas. Com desempenho aquém do esperado, as brasileiras terminaram a competição por equipes na décima colocação, com 161.295 pontos. Nenhuma das atletas se classificou para a final individual geral ou para a disputa por medalhas em algum aparelho. Nem a boa apresentação da veterana Daiane dos Santos no solo foi suficiente para levar garantir o Brasil entre os oito fi-
nalistas. Esta, aliás, foi a última participação de Daiane pela seleção brasileira, que encerra sua carreira olímpica sem medalhas — favorita em Atenas 2004, ela terminou em quinto; em Pequim 2008, ficou em sexto. “Eu vou parar sim. Não tem nenhuma chance (de disputar os Jogos do Rio de 2016). Eu vou até o fim do ano com o (clube) Pinheiros porque tenho contrato e preciso cumpri-lo, mas ano que vem eu vou colocar ‘desempregada’ no meu currículo”, disse a ginasta de 29 anos, campeã mundial da modalidade em 2003. Esta é a primeira vez que o país ficou fora da decisão por
medalhas por equipe desde 2000. Pesou a fraca atuação das ginastas nas exibições individuais. Na primeira rodada de apresentações por aparelhos, na Arena de North Greenwich, Danielle Hypólito vacilou no solo (leia abaixo). Desfalcada da experiente Jade Barbosa, que ficou fora do time por causa de problemas contratuais com a confederação, o Brasil foi representado pela novata Harumi de Freitas, que falhou na trave, e Bruna Leal, que não foi bem nas barras assimétricas. Lais Souza chegou a viajar para Londres, mas sofreu uma lesão e acabou cortada. Ela foi substituta por Ethiene Franco.
amarelão e amarelinha Daniele Hypólito repete irmão e cai no solo
n quedas Irmãos Hypólito: de volta para casa Dylan Martinez/ REUTERS
ina de família? Daniele Hypólito não nega. Um dia após a queda de Diego, no solo individual, a ginasta repetiu o desempenho do irmão e caiu na prova feminina, ontem. Diego reconheceu a falha, pediu desculpas ao povo brasileiro e admitiu que amarelou. Dani foi pelo mesmo caminho. Durante sua apresentação, ela chegou a se desequilibrar no primeiro salto, mas não caiu. Porém, no último, o desequilíbrio foi irremediável e ela acabou no chão. A brasileira admitiu que a eliminação de Diego, no sábado, mexeu com sua cabeça. "Claro que a gente sabe o como é importante se concentrar, mas eu e meu irmão somos muitos ligados. Foi difícil", desabafou a ginasta.
Mike Blake/ REUTERS
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Crítico, o torcedor britânico leva seus ídolos ao Olimpo ou ao inferno
Charlie Riedel - IOPP Pool Getty Images
Da redação
ara um atleta, disputar os Jogos Olímpicos em seu próprio país é uma honra — e, às vezes, uma grande fria, como podem testemunhar alguns dos maiores ídolos britânicos depois dos dois primeiros dias de competições em Londres. Secundado pelo campeão da Volta da França, Bradley Wiggins, o ciclista Mark Cavendish arrastou uma multidão de torcedores às ruas do percurso de sua prova, ontem. Era favorito ao ouro, mas passou de estrela a fiasco em 40 segundos, o tempo que o separou do vencedor da prova. “Demos nosso melhor, mas não sobrou combustível no tanque. Somos seres humanos”, lamentou, aparentemente em referência às manchetes de jornais que tratavam os ciclistas do país como super-heróis após a vitória na França. Se no sábado a imprensa destacava o orgulho local por causa da belíssima cerimônia de abertura de sexta, no dia seguinte a notícia já era a apreensão pela falta de medalhas conquistadas logo no primeiro dia dos Jogos. A cobrança foi amenizada na manhã de ontem, quando, também no ciclismo, Lizzie Armitstead foi prata na prova de estrada, colocando, enfim, os britânicos no quadro de medalhas. Lizzie, de 23 anos, perdeu o ouro no sprint final, diante do Palácio de Buckingham, depois de um exaustivo caminho de 140 quilômetros — a holandesa Marianne Vos foi a ganhadora. Ainda assim, virou uma heroína instantânea. Fanático e extremamente crítico, o torcedor britânico — como quase qualquer outro, com raríssimas exceções — eleva seus ídolos ao olimpo ou o lança nas profundezas do inferno num piscar de olhos. Uma diferença, porém, chama atenção quando se observa a relação do público local com seus atletas favoritos. Para um britânico, a derrota é tolerada — porque, é claro, ninguém gosta de perder — desde que o desempenho tenha sido bravo e honroso. Pense na imagem de um leão, o animal a que os britânicos mais recorrem na hora de representar seu próprio país. Pois bem: é assim que um atleta precisa se comportar para merecer o status de ídolo no país desta Olimpíada. Na festa de abertura que tanto apelou ao orgulho da nação, a delegação da casa desfilou ao som de “Heroes”. Na letra da canção, David Bowie, londrino do distrito de Brixton, fala em “roubar o tempo por apenas um dia” para “ser um herói para todo o sempre”. Para os 541 atletas britânicos que formam a maior equipe nacional destes Jogos, é disso que se tratam essas duas semanas.
n fanatismo O desempenho da delegação do país, que não ganhou nenhuma medalha no primeiro dia, deixou os britânicos apreensivos
jornal placar | segunda-feira, 30 de julho de 2012
radar olímpico
Brasileiros lideram o primeiro dia da classe Star
Renzo Agresta dá adeus na esgrima
A
terceira participação em Olimpíadas do sabrista brasileiro Renzo Agresta terminou ontem, logo na estreia. Agresta, de 27 anos, foi derrotado pelo alemão Wagner Benedikt, o 16º colocado no ranking mundial, pelo placar de 15 a 6. “Tive muita dificuldade com a distância que ele pôs no jogo. Eu estava perto demais quando atacava, e longe demais quando defendia. Na esgrima, o ideal é o contrário, que foi o que ele conseguiu fazer”, explicou .
n bons ventos
Peter Macdiarmid/Getty Images
Scheidt e Prada voltam ao mar hoje buscando manter a liderança
pesar de não ter se classificado para a Olimpíada de Londres, a velejadora Isabel Swan, 28 anos, está na torcida pelo Brasil na capital britânica. “Lógico que preferia estar competindo, só que não dei sorte com o vento na classificação. Mas fico feliz por estar aqui vendo por outra ótica”, contou Isabel, que é embaixadora da Rio 2016. “A evolução do esporte brasileiro deve-se muito a essa candidatura. Pretendo competir na minha cidade em 2016 e só me aposentar depois de 2020”, emendou. Além de assistir a algumas competições, como a de judô, Isabel está fazendo turismo por Londres. “Fui assistir a Billy Eliot e passeei em Covent Garden. E pegar chuva aqui faz parte, estou gostando até disso”, concluiu.
Remador brasileiro nas quartas
Após duas regatas, dupla começa a caminhada em busca do ouro olímpico Por Olavo Guerra
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s velejadores Robert Scheidt e Bruno Prada começaram bem sua participação no primeiro dia de regatas da classe Star nos Jogos Olimpícos de Londres 2012. Lideram a disputa após as duas pri-
meiras corridas. Na primeira, os brasileiros chegaram em quarto, 43 segundos depois dos franceses Xavier Rohart e Pierre-Alexis Ponsot. A segunda colocação ficou com os irlandeses Peter O’Leary e David Burrows, seguidos pela dupla grega Emilios Papathanasiou e Adonis Tsotras.
medalha de ouro
Clive Rose/Getty Images
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remador Anderson Nocetti assegurou uma vaga nas quartas de final do Single Skiff ao terminar a repescagem na 1ª colocação de sua bateria. Ele cruzou a linha de chegada com o tempo de 7m07s17. A repescagem seleciona os seis atletas mais rápidos entre três baterias. O brasileiro, de 38 anos, briga amanhã por um lugar na próxima fase. Esta é a quarta participação de Nocetti em Olimpíadas e o país ainda não conquistou medalhas na modalidade. Já a dupla Fabiana Beltrame e Luana de Assis caiu para a repescagem do Double Skiff, na fase classificatória realizada ontem, no Lago Dorney. As brasileiras ficaram em último lugar na segunda bateria, com o tempo de 7min34s37, atrás das outras cinco duplas. Elas voltam à raia na terça-feira para tentar a vaga nas semifinais. Fabiana e Luana treinam juntas desde fevereiro.
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brasileira Ana Luiza Ferrão ficou fora da decisão do torneio de Tiro, na categoria pistola de ar de 10 metros, ontem. Ela obteve a 43ª colocação, com 367 pontos. “Senti bastante a prova e vi como é difícil disputar os Jogos”, desabafou Ana, de 38 anos e estreante em Olimpíadas. A prova foi vencida pela chinesa Wenjun Guo. As medalhas de prata e bronze ficaram com a francesa Celine Goberville e com a ucraniana Olena Kostevych, respectivamente. A brasileira volta ao estande de tiro da Royal Artillery Barracks na quarta-feira para a disputa de Pistola de 25 metros. No dia 2, o brasileiro Filipe Fuzaro fará sua estreia nos Jogos na Fossa Olímpica Dublê.
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n Vai para a Rainha Elizabeth II, pela sua solicitude e disponibilidade. A monarca abandonou a fleuma inglesa e tem marcado presença em diversos eventos olímpicos, além de ter participado do filme da cerimônia de abertura. Outros nobres integrantes da Família Real também têm se divertido para valer no meio do povo.
Os brasileiros venceram a segunda regata em 1h13’39”, mas os britânicos Ian Percy e Andrew Simpson — atuais campeões olímpicos e mundiais — cravaram o mesmo tempo de Scheidt e Prada. Eles são os principais adversários da dupla brasileira. Na classificação geral, a liderança é dos brasileiros, seguidos pelos irlandeses, poloneses noruegueses e britânicos. Hoje, os barcos voltam às águas de Dorset para mais duas corridas, às 10h05 e às 11h20.
medalha de lata
Sergio Moraes/ REUTERS
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Brasileira erra o alvo no tiro
Maurren bota fé no bi olímpico
Clive Mason/Getty Images
A musa da vela faz turismo
Daniel Ramalho/AGIF/COB
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n Vai para Aldo Rebelo, o nosso Ministro dos Esportes, que parece não estar muito por dentro do que acontece na sua pasta. Ele perguntou à goleira da seleção brasileira de handebol, Chana, se havia uma liga do esporte no Brasil. A goleira foi compreensiva, mas não perdeu a chance de lamentar a falta de divulgação da modalidade por aqui.
campeã olímpica do salto em distância, Maurren Maggi, chegou a Londres consciente de que terá de se superar para conquistar o bi da medalha de ouro. Sem saltar acima de 7 metros desde a China, ela se diz confiante para alcançar a marca e recuperar a soberania no salto em distância. Mesmo com a série de problemas que teve nos últimos anos. “Eu sou uma campeã olímpica. Não treino para qualquer competição, eu treino só para as Olimpíadas. No Pan (em Guadalajara), eu queria ser tricampeã e alcancei a minha meta. Eu sou campeã olímpica e estou aqui para repetir isso”, disse a atleta, no desembarque em Londres, neste domingo.
Róbson Conceição é eliminado no boxe
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enos um brasileiro no boxe. Ontem, o baiano Robson Conceição perdeu para o britânico Josh Taylor por 13 a 9, na categoria até 60 kg. Medalhista de bronze no Pan de Guadalajara no ano passado, ele sentiu a pressão das arquibancadas, toda a favor do lutador da casa, e foi derrotado nos três rounds (3 a 2, 6 a 4 e 4 a 3). Quando o resultado foi anunciado pelo juiz, Robson sorriu ironicamente, discordando, pois achava que alguns golpes seus foram erroneamente desconsiderados. Presente em Pequim 2008, ele também deixou a competição na primeira rodada. Taylor terá pela frente agora o italiano Domenico Valentino, campeão mundial de 2009.
jornal placar | segunda-feira, 30 de julho de 2012
Radar olímpico
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Feng Li/Getty Images
Bellucci empolga, mas é eliminado Polonesa sem braço joga tênis de mesa
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ma deficiência no braço direito não impediu a boa participação da mesa-tenista polonesa Natalia Partyka nos Jogos de Londres. Medalha de ouro nas Paraolimpíadas de Atenas, em 2004, Natalia venceu a dinamarquesa Mie Skov por 4 sets a 3, ontem, no Complexo Excel, mas acabou sendo derrotada pela chinesa naturalizada holandesa Jie Li, na segunda rodada do torneio, por 4 a 2. A polonesa, de 23 anos, nasceu sem a mão e parte do antebraço direito.
Brasileiro vende caro a derrota para Jo-Wilfried Tsonga, 6º do mundo
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brasileiro Thomaz Bellucci bem que tentou, jogou bem, mas não o suficiente para bater o francês Jo-Wilfried Tsonga, o número 6 do ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). Tsonga despachou ontem o brasileiro, 40º da lista e o melhor brasileiro, por 2 sets a 1, com parciais de 6/7 (5-7), 6/4 e 6/4. O duelo, válido pela primeira rodada do torneio de simples masculino, sofreu atraso de algumas horas por causa da chuva que atingiu Wimbledon. Com a derrota de sábado, nas duplas — ao lado de André Sá —, Bellucci encerrou sua
segunda participação em Olimpíadas. Desde o começo do jogo, Tsonga fez valer sua característica marcada por saques possantes e tranquilidade em momentos de pressão. O brasileiro respondia encaixando boas paralelas, bolas de fundo de quadra e saques eficientes. Ambos conseguiram manter seus serviços sem sustos até chegar ao tie-brake. No desempate, o francês chegou a abrir 3 a 1, mas Bellucci conseguiu virar e fechou com 6/5, com direito a um erro do rival. O brasileiro, no entanto, não conseguiu repetir a boa atuação do primeiro set e, pressionado, acabou cometendo erros, sendo batido por 6/4. O último e decisivo set foi parelho e rendeu lances empolgantes, até o último game, quando Bellucci chegou a salvar três match
n quase Depois de vencer o primeiro set, o paulista permitiu virada do francês
points. Bellucci acabou tombando diante de Tsonga, que pega o vencedor da partida entre o canadense Milos Raonic e o japonês Tatsuma Ito. Nos outros confrontos válidos pela primeira rodada, o britânico Andy Murray jogou diante de sua torcida e venceu o suíço Stanislas Wawrinka, por 2 a 0, com duas parciais de 6/3.
O sérvio Novak Djokovic, segundo melhor do mundo, chegou a perder o primeiro set para o italiano Fábio Foginini, mas venceu de virada por 2 a 1 (7/6 e duplo 2/6). A russa Maria Sharapova, que ocupou a mesma quadra do duelo de Bellucci, bateu sem dificuldades a israelense Shahaar Peer, por 2 a 0 (6/2 e 6/0).
torre de londres Por Carlos Maranhão, da VEJA
Um trem para Manchester
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trem anterior havia partido dez minutos antes. Lotado. O que saiu pontualmente às 8h20 também da estação Euston, na região norte de Londres, neste domingo frio do verão britânico, estava ainda mais cheio. Todos os lugares ocupados. E com passageiros em pé ou sentados nos corredores. “Pedimos desculpas a todos”, repetiam pelos alto-falantes a cada parada. “Quem se sentir incomodado ou sofrer de claustrofobia poderá descer na próxima estação e aguardar na plataforma a composição seguinte, que provavelmente estará mais vazia.” Mas as pessoas não desciam. Queriam mesmo que passassem logo as pouco mais de duas horas e meia de viagem para desembarcar em Manchester. Tudo por causa do velho futebol inventado na Inglaterra que teima, apesar da eterna má vontade do Comitê Olímpico Internacional, em ser há mais de 100 anos uma das maiores atrações de público — se não a maior — nos Jogos criados pelos gregos e ressuscitados pelos franceses. Havia um séquito de brasileiros, formado pelos que estudam ou trabalham na Inglaterra, moradores de outros países europeus e turistas que travessaram o Atlântico para acompanhar a Olimpíada. Jovens, casais, mulheres em grupo e aqueles inevitáveis barrigudos, de bigode, boné amarelo, bermuda e corneta. Uns gatos pingados da Bielorrússia, país que a imensa maioria não seria capaz de localizar no mapa e cuja seleção enfrentaria a nossa. E muitos, muitos fãs do mais popular dos esportes que queriam simplesmente presenciar ao vivo a segunda exibição da seleção pentacampeã mundial em sua campanha pela jamais alcançada medalha de ouro.
Poucos lugares seriam mais adequados para isso. O Old Trafford, local da partida, não é apenas um majestoso estádio. É um santuário da bola. Dono da casa, o Manchester United tornou-se um dos mais ricos, organizados e bem sucedidos clubes do planeta. A coleção de suas láureas é de tirar o fôlego. Só para citar algumas: já foi dezenove vezes campeão inglês, onze vezes campeão da Copa da Inglaterra, três vezes campeão europeu, duas vezes campeão mundial. Quem ama o futebol fica arrepiado ao cruzar seus portões. Quem são os três heróis imortalizados lado a lado na escultura intitulada The United Trinity? A santíssima trindade George Best, Dennis Law e Bobby Charlon. E aquela outra figura imponente, de terno e gravata, no lado oposto? Sir Matt Busby, que treinou o time de 1945 a 1969. Ele é igualmente o nome de uma rua ao lado. E quem aparece em uma placa enorme em cima das arquibancadas que foram batizadas em sua homenagem? Sir Alex Ferguson, técnico da equipe desde 1986. Sim, um ficou no cargo por 24 anos. O outro está há 26. Por aí se vai entendendo uma das razões do poderio dos Diabos Vermelhos, como são conhecidos. Para ir de um lado a outro do estádio é preciso atravessar o longo Túnel Munique. Trata-se de um comovente memorial da tragédia ocorrida em 6 de fevereiro de 1958, quando a delegação do Manchester United, ao voltar de Belgrado, capital da extinta Iugoslávia, fez uma escala na cidade alemã, onde aconteceria o triste acidente com o avião que a transportava. Fotos, documentos, reproduções de jornais da época e inscrições lembram que morreram 22 pessoas, entre os quais oito jogadores e sete outros membros da equipe. Sobreviveram 21 passageiros, incluindo
Old Trafford não é apenas um majestoso estádio. É um santuário da bola
Bobby Charlton, que jogaria 909 partidas com a camisa rubra e ganharia a Copa do Mundo de 1966, e o treinador Matt Busby, que chegou a receber a extrema-unção. Perto de tais legendas, tratamento com o qual são sempre reverenciados, Beckham, Cantona, Cristiano Ronaldo e Rio Ferdinand, que defenderam o clube, entre inúmeros craques famosos, tornam-se coadjuvantes de sua história gloriosa. Um de seus atuais jogadores é o jovem Rafael, lateral-direito da seleção brasileira. Depois de Cardiff, cidade do rúgbi, com seu gramado que se desfazia em tufos, o cenário foi perfeito para a segunda vitória canarinha na Olimpíada e para que Neymar, passado um bom tempo, voltasse a ser protagonista de um encontro importante. Fez um belíssimo gol ao cobrar maravilhosamente uma falta, antes havia cruzado na medida para Alexandre Pato marcar e depois daria um passe fulminante de calcanhar que permitiu a Oscar liquidar o jogo com um chutaço. Sir Matt Busby aplaudiria. “Viu o menino? Com calma, ele vai acertando”, comentou comigo o técnico Mano Menezes ao deixar a sala de entrevistas e passar perto de todas aquelas estátuas dos deuses vermelhos no caminho no ônibus. O público já se dispersara. Era uma plateia do tamanho que hoje em dia raramente se vê nas nossas arenas. “Hoje vocês são 66 212 espectadores”, anunciou a locutora em francês, com indisfarçável orgulho na voz, informação repetida a seguir em inglês. (Rituais olímpicos: primeiro na língua de Proust, depois no idioma de Shakespeare.) E olha que até não era tanta gente assim. Com seus 150 000 sócios que ficam até quatro anos na fila para comprar o season ticket, ingresso válido para a temporada inteira, o clube costuma ter uma média de 75 000 pagantes nos jogos que realiza no Old Trafford. É por tudo isso que os trens partem tão lotados para Manchester.