Jornal Placar Londres 2012 Ed. 09

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edição 9

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sexta-FEIRA, 3 de agosto de 2012

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www.placar.com.br

FOTOCOM.NET

ATLETISMO

Keila Costa, no salto triplo, e Rosângela Santos, nos 100 metros rasos, são as primeiras brasileiras a competir no Estádio Olímpico, HANDEBOL hoje, na estreia Invicta, seleção feminina enfrenta a forte Rússia da modalidade

Feliz

ippon! Um dia antes de completar 21 anos, a judoca Mayra Aguiar conquista o bronze e dá a quarta medalha para o Brasil

n Mayra Aguiar venceu a adversária com um ippon, em menos de 2 minutos de luta

Jeff Gross/Getty Images

Andy Lyons/Getty Images

LONDRES 2012


jornal placar | SEXTA-feira, 3 de AGOSTO de 2012

Aquecimento frases

Editorial Por Miguel Icassatti

JORNALPLACAR@abril.com.br

q Quadro de medalhas Total

China

18

11

5

34

2

estados unidos

18

9

10

37

Coreia do sul

7

2

5

14

França

6

4

6

16

5

grã Bretanha

5

6

4

15

6

alemanha

4

8

5

17

4

7

Itália

4

5

2

Os destaques e o melhor conteúdo www.abrilemlondres.com.br exclusivo sobre Londres 2012 na internet Destaques do Site Assista aos vídeos e conteúdos exclusivos do Abril em Londres Veja a galeria com as melhores imagens do 10º dia de competições nos Jogos Olímpicos Saiba quais brasileiros já deram adeus aos Jogos e os que ainda continuam na disputa por medalhas Acesse o quadro de medalhas e confira o desempenho do Brasil na colocação geral da Olimpíada Nas provas de saltos do hipismo, o cavalo deve ter, no mínimo, nove anos de idade; acesse mais curiosidades olímpicas

11

Hora

Esporte

5h00

Vôlei de praia

Sexo F

Disputa

Etapa

Brasileiros na disputa

Oitavas de final

5h00

Vôlei de praia

M

5h30

Remo

M

Skiff

Oitavas de final Final

5h30

Judô

M

Peso pesado

Eliminatórias

Rafael Silva

5h30

Judô

F

Peso pesado

Eliminatórias

Maria Suelen Altheman

5h30

Vôlei

F

Brasil x China

1ª fase

6h00

Atletismo

M

Arremesso de peso

Eliminatórias

6h00

Natação

F

50m livre

Eliminatórias

Gracielle Herrmann Lígia Silva, Caroline Kumahara e Gui Lin

8

Coreia do norte

4

0

1

5

6h00

Tênis de mesa

F

Equipe

1ª rodada

9

Rússia

3

6

8

17

6h20

Remo

F

Double skiff

Final

10

Cazaquistão

3

0

0

3

6h25

Atletismo

F

Salto triplo

Eliminatórias

Keila Costa

10

áfrica do sul

3

0

0

3

6h40

Atletismo

F

100m rasos

Eliminatórias

Rosângela Santos

7h15

Atletismo

M

400m com barreiras

1ª rodada

7h20

Atletismo

M

Lançamento de martelo

Eliminatórias

8h00

Tênis

M

Simples

Semifinal

8h00

Tênis

F

Simples

Semifinal

8h00

Futebol

F

8h00

Vela

M

Star

Regatas

Bruno Prada e Robert Scheidt

8h00

Vela

F

470

Regatas

Ana Barbachan e Fernanda Oliveira

12

japão

2

6

11

19

13

Holanda

2

1

3

6

14

Hungria

2

1

2

5

15

ucrânia

2

0

4

6

18

Brasil

1

1

2

4

n Quadro de medalhas atualizado até as 21h30 (horário de Londres). Confira o quadro atualizado em tempo real no site www.abrilemlondres.com.br

Quartas de final

8h00

Atletismo

F

400m rasos

1ª rodada

8h00

Vela

F

Laser radial

Regatas

8h00

Vela

M

Laser

Regatas

Bruno Fontes

8h00

Vela

M

Finn

Regatas

Jorge Zarif

8h30

Levantamento de peso

F

9h00

Atletismo

M

3 000m com obstáculos

1ª rodada

9h45

Boxe

Peso mosca

Oitavas de final

10h30

Futebol

F

10h30

Saltos ornamentais

F

10h30

Basquete

F

11h21

Tiro com arco

M

12h00

Judô

F

Peso pesado

Final

12h10

Judô

M

Peso pesado

Final

12h15

Handebol

F

1ª fase

13h00

Futebol

F

Quartas de final

Brasil x Japão

15h00

Tênis de mesa

M

Equipe

1ª rodada

Gustavo Tsuboi, Hugo Hoyama e Thiago Monteiro

15h05

Atletismo

F

100m rasos

1ª rodada

15h10

Atletismo

F

Lançamento de disco

Eliminatórias

15h30

Futebol

F

15h37

Natação

M

100m borboleta

Final

15h50

Atletismo

M

Salto em distância

Eliminatórias

16h05

Atletismo

M

1 500m

1ª rodada

16h06

Natação

M

50m livre

Final

n Robert Garret foi o primeiro vencedor do

16h30

Atletismo

M

Arremesso de peso

Final

arremesso de peso e de disco dos Jogos Olímpicos

17h25

Atletismo

F

10 000m

qbaú olímpico Por Olavo Guerra

Medalha de peso

GETTY IMAGES

H

oje começam as competições de atletismo nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. A primeira medalha será dada ao vencedor do arremesso de peso, prova que sempre esteve nas Olimpíadas. O americano Robert Garrett foi o campeão da prova em Atenas 1896 e também venceu no arremesso de disco. Nos Jogos de Estocolmo 1912, aconteceram duas competições: o arremesso de peso tradicional, vencido pelo americano Patrick McDonald, e o arremesso de peso com as duas mãos, em que o também americano Ralph Rose foi o campeão.

Fernando Suárez, técnico da seleção hondurenha de futebol, animado para o duelo contra o Brasil de Neymar e cia., amanhã

para ver na tv

1

3

após conquistar a medalha de bronze do judô na categoria até 78kg

Japão na prova de adestramento

Acreditem em mim: Honduras quer mais. Mesmo sendo o Brasil, estou otimista.”

FOTO: GETTY IMAGES

País

Prefiro estar sentado em um cavalo Uma medalha olímpica não tem preço, do que sentado em independentemente da cor, vou levar uma cadeira em casa.” para minha vida. Eu queria o ouro, O cavaleiro Hiroshi entrei para ser campeã, mas faz Hoketsu, atleta de 71 parte.” A brasileira Mayra Aguiar, logo anos que defendeu o

Adriana Kostiw

Jaqueline Ferreira

Julião Henriques Neto

Quartas de final Trampolim de 3 metros

Individual

Eliminatórias

Juliana Veloso

1ª fase

Barsil x Canadá

Final

Brasil x Rússia

Andressa Oliveira de Morais

Quartas de final

Mauro Vinícius da Silva FOTO: REUTERS

U

ma semana atrás, ainda que as competições de futebol e de tiro com arco já tivessem começado, o mundo via a cerimônia de abertura dos Jogos de Londres 2012 e já vivia a expectativa da conquista de medalhas por alguns dos grandes esportistas em ação. Ao fim desta primeira etapa dos Jogos, muita coisa já aconteceu. Michael Phelps tornou-se o maior medalhista da história e quatro modalidades já terão se despedido do programa — tiro com arco, canoagem slalom, ciclismo de estrada e judô. O judô brasileiro, aliás, tem a chance de trazer mais medalhas ao Brasil hoje, assim como Cesar Cielo pode cravar o bicampeonato olímpico. E o Estádio Olímpico, com o atletismo, finalmente assume seu protagonismo. Que venham recordes e medalhas!

reuters

02


jornal placar | SEXTA-feira, 03 de AGOSTO de 2012

Aquecimento

03

Os jogos que você não vê

Por Alexandre Battibugli, de Londres

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touché! Há algo de balé nos precisos movimentos da esgrima, tão velozes quanto o bater de asas de um beija-flor

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Twitadas olÍmpicas

Ela já fez a alegria dos brasileiros na areia de vôlei de praia, quando foi prata em Sydney em 2000 e Atenas 2004 ao lado de Shelda. Desde 2008 deixou as competições, mas não o esporte. Hoje está trabalhando na área de alto rendimento do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

1 2 3

Você acompanha os atletas na Vila, centro de treinamento e instalações. Dá vontade de voltar a competir? Essa vontade sempre bate. Dá muita saudade. A fase de atleta é maravilhosa, mas torcer é pior que jogar. Quando eu jogava, estava envolvida na partida, com toda aquela adrenalina. Na torcida, o coração quase sai pela boca. Você já esteve na arena de vôlei criada para a Olimpíada? Ainda não tive tempo, estou curiosa, mas sei que os atletas estão gostando. O tempo aqui, nem tão quente, nem tão frio, ajuda também.

Você percebe uma mudança dos atletas da sua geração para a atual? O acesso a informações é muito diferente. Há estudos para o desenvolvimento dos atletas, para a recuperação após um jogo para a próxima partida, algo que não existia quando eu jogava, pois chegar ao ápice é um desafio. E para manter requer muito trabalho. Hoje existe análise da técnica do atleta, do adversário, não é somente “achismo”, mas tudo calculado com dados específicos e isso é a evolução do esporte — um controle que minimiza riscos.

Darren McNamara/Getty Images

papo triplo - Três perguntas para Adriana Behar

“Parabéns Mayra pela medalha de bronze! #VamosTimeBrasil” As jogadoras de vôlei de praia Talita e Maria Elisa (@TalitaeMElisa) parabenizando o bronze da judoca Mayra Aguiar “A derrota de hoje não interfere no nosso objetivo olímpico. Tem muito chão e estamos no caminho certo!” O armador da seleção brasileira de basquete, Marcelinho Huertas (@ Huertas09) após a derrota contra os russos no último minuto “Já já, piscina! Regenerativo” Neymar (@Njr92) se recupera do jogo contra a Nova Zelândia com um treino regenerativo na piscina do hotel “Não deu pessoal, perdemos 6/4, 6/2. Eles jogaram muito bem não deixando a nossa dupla entrar em jogo. Valeu pela forca de todos vocês.” O tenista Marcelo Melo (@marcelomelo83), após a derrota sofrida em companhia do parceiro, Bruno Soares, para a dupla francesa “Olha ai, o samba que fizeram pra gente! A vela nunca foi tão brasileira! Obrigado Brasil pelo apoio! vimeo.com/46758531” O iatista Robert Scheidt (@robert_scheidt) postou um samba que um torcedor brasileiro fez em sua homenagem


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Judô n aniversário Pouco depois de perder a semi, a judoca sorri ao aplicar um ippon e vencer a disputa pela medalha

A judoca começou bem e não teve dificuldades para vencer a tunisiana Hana Mareghini e a polonesa Daria Pogorzelec nas duas primeiras lutas. Nas semifinais houve o duelo mais esperado das Olimpíadas, contra a americana Kayla Harrison, a nº 2 do mundo. As duas já haviam se enfrentado em outras 9 ocasiões (com 4 vitórias para a brasileira). A americana controlou a agressividade de

REUTERS/Kim Kyung-Hoon

da emocionada pelo resultado. Ao recolocar o judô no pódio olímpico, Mayra achou espaço para rebater as críticas que os atletas brasileiros vinham sofrendo pelos quatro últimos dias sem medalhas em Londres. Em tom de desabafo: “O povo brasileiro tem essa mania de pisar nos seus heróis. Não é por não ganhar medalha que o atleta é menos merecedor”, disse.

o caminho para o bronze

Jeff J Mitchell/Getty Images

N

úmero 1 do ranking mundial da categoria meio-pesado (até 78kg) e favorita nos prognósticos de todos os especialistas, a gaúcha Mayra Aguiar não decepcionou e conquistou a terceira medalha para o judô brasileiro, ontem, em Londres: um bronze por ippon diante da holandesa Marhinde Verkerk. A ocasião não poderia ter sido melhor. Hoje ela completa 21 anos e reconhece que a medalha é um grande presente. Poderia ter sido de ouro, que esteve bem próxima dela, mas não há o que lamentar. Medalha é medalha. “Não tem presente melhor. Estou muito feliz com a conquista. Toda batalha, as dores, tudo que tive que abrir mão até aqui, valeu a pena”, festejou a judoca. Após a derrota para a americana Kayla Harrison, o jeito foi pegar a trilha da repescagem mirando a medalha de bronze. Ao contrário de Tiago Camilo e Leandro Guilheiro, ela não sentiu o peso da eliminação nas se-

mifinais e demonstrou agressividade na hora de lutar pela medalha. O apoio que recebeu do ex-campeão Aurélio Miguel e da técnica Rosicléia Campos foi fundamental. “Eu falei o seguinte para ela: ‘Mayra, nossa briga pelo ouro acabou aqui, agora é pelo bronze. Vamos lá! Medalha olímpica é medalha olímpica!’”, disse a treinadora logo após a luta, ain-

Alaor Filho/AGIF/COB

Por Pedro Proença

Mayra e começou a impor seu estilo de lutar. Faltando 14 segundos, a gaúcha foi imobilizada e deu adeus ao ouro. A derrota, pela forma como foi, não foi capaz de derrubar Mayra, que foi para a disputa do bronze com a faca nos dentes e, com 1min29s conseguiu um ippon no melhor estilo japonês, ao aplicar a técnica ko-soto-gari na holandesa Verkerk, que lhe valeu o bronze. “Ninguém iria tirar essa medalha de mim”, comentou Mayra, em meio ao choro da vitória.

REUTERS/Toru Hanai

A gaúcha Mayra Aguiar, que hoje faz 21 anos, ganha bronze olímpico na raça e pede mais respeito aos heróis do esporte brasileiro

alexandre battibugli

Parabéns a você!

Contra:

Contra:

Contra:

Contra:

Hana Mareghni

Daria Pogorzelec

Kayla harrison

Marhinde Verkerk

Superior tecnicamente e com mais ímpeto, Mayra acua a tunisiana Mareghini. A brasileira não tem dificuldade para aplicar um wazari e forçar três punições para a adversária.

A polonesa Daria Pogorzelec recebe dois wazaris poucos segundos depois de a luta chegar à metade. Mayra não dá chances para a oponente.

Encardida, a americana impede que a brasileira encaixe a pegada e toma as rédeas do confronto. Ela consegue um yuko e depois imobiliza a brasileira, que pede arrego.

Mayra absorve a derrota e quem paga o pato é a holandesa Verkerk, que é derrotada com um belo ippon.



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Judô Marcio Rodrigues/MPIX

06

Última chance para cumprir o objetivo

n na briga Maria Suelen (à esquerda) vai pegar francesa na primeira luta

A

s últimas esperanças do judô são Maria Suelen Altheman (categoria pesado, acima de 78kg e 8ª no ranking mundial) e Rafael Silva (mesma categoria, mas acima de 100kg e 3º no ranking mundial) vão subir ao tatame para tentar cumprir a meta de 4 medalhas estabelecida pela Confederação Brasileira de Judô antes do início dos Jogos de Londres. “Os dois têm chances de obter medalha”, acredita Ney Wil-

son, coordenador técnico da CBJ. Maria estreia contra a francesa Anne Mondiere (11ª no ranking), uma adversária forte e difícil de ser batida. O treinador da brasileira, Ivo Nascimento, acredita que a chave da vitória está nesse primeiro combate. “Vai ser uma luta dura, difícil, essa francesa é chata. Mas, caso passe, enfrenta a tunisiana Mihel Cheikh, que é mais fácil. Com isso, já dá para pensar pelo menos em bronze”. O caminho para vitória passa

n em alta Rafael Silva está subindo no ranking

por uma luta em pé, com postura ereta, mão esquerda na gola e a direita na manga, como manda a escola japonesa de judô. “O que vimos nas últimas lutas foi que os brasileiros não estavam conseguindo encaixar sua pegada na

Marcio Rodrigues/MPIX

Maria Suelen e Rafael Silva lutam hoje. Um deles precisa subir ao pódio para atingir a meta da Confederação

gola e na manga. Os europeus neutralizaram isso e, muitas vezes, levaram a luta para o chão, que não é a especialidade dela. Nós já conversamos sobre como encaixar a pegada”, analisou Ivo. Já Rafael terá pela frente o islandês Thormodur Jonsson (nº 58 do mundo). Assim como os demais judocas brasileiros, Rafael é adepto do estilo japonês, que foi anulado por muitos europeus ao longo das Olimpíadas. “No pesado, o estilo de luta é mais lento, porque os atletas têm um elevado percentual de gordura. Mas o Rafael, apesar de ter 160kg, é um

atleta rápido para a categoria e isso pode fazer a diferença na hora de encaixar a pegada”, explica o treinador Sérgio Baldijão. Outro aspecto que deixa Baldijão esperançoso é o fato de que, nos últimos dois anos e meio, Rafael subiu muitas posições no ranking mundial. “No início de 2010, nós começamos a fazer com que ele participasse de mais campeonatos internacionais. Ele estava lá pela 120ª posição e hoje é o terceiro. Essa evolução nos deixa muito confiantes, mas, por outro lado, faz com que o Rafael seja muito estudado”, avalia Baldijão.

Arena do judô parece feira de utilidades domésticas A ExCel Arena, local das lutas de judô, funciona como centro de convenções, como o Anhembi e o Riocentro, nos outros dias do ano Por Marcos Sérgio Silva, de Londres A multidão se espalha pelos locais de competições, principalmente pelo judô. A velocidade com que as torcidas mudam durante elas é impressionante. Muitos pagam o ingresso para permanecer apenas os cinco minutos da luta que o interessam. As filas para as barracas de comida podem demorar até meia hora, mesmo que você queira uma simples Coca-Cola. Cada torcida tem uma característica. A brasileira, por exemplo, encaixa entre os gritos conjuntos de “Brasil, Brasil” outros esparsos por quem está lutando. Quase toda ela é identificada com a cidade de quem está competindo. Na luta de Leandro Guilheiro, na terça-feira, havia uma multidão uniformizada com a camisa e até bandeiras do São José. Guilheiro é natural da cidade do Vale do Paraíba. Na de Tiago Camilo, os gritos eram pelo lutador.

n pavilhão A ExCel Arena é um dos mais movimentados locais de competição

Jamie Squire/Getty Images

N

ão parece um complexo de ringues ou tatames, mas um shopping. A ExCel Arena, onde são disputadas as competições de judô, levantamento de peso, esgrima, boxe, luta greco-romana, taekwondo e tênis de mesa, é a maior e mais movimentada das praças de competição em Londres. Nos outros dias do ano, o ExCel funciona como um centro de convenções, como o Anhembi em São Paulo e o Riocentro, no Rio. Situada no extremo leste da cidade, ao lado do aeroporto London City, ela lembra as quilométricas filas das feiras de utilidades domésticas (UD) nos anos 80 e 90. À saída das estações de DLR (um monotrilho, que sai do Parque Olímpico até o local das competições), milhares de pessoas se espremem e caminham por cerca de um quilômetro.

O público, em si, é majoritariamente japonês, também o mais ruidoso. Mas são as pequenas torcidas quem chamam mais a atenção. A sul-coreana Ye-Sul Hwang recebia, aos gritos, as orientações de três integrantes da delegação das arquibancadas. Elas gritaram duran-

te os cinco minutos de luta. Um cubano era a única voz em espanhol ouvida empurrando o compatriota Asley Gonzalez, que chegou à final da categoria peso médio (até 90 kg). No tatame, não raro o árbitro lateral levanta da cadeira ao perceber a aproximação dos lutadores.

Mas o grande momento talvez tenha sido a vitória da francesa Lucile Perrotte, na categoria até 70 kg. A ala francesa a levanta. Grita Lucile o tempo todo, sobretudo na final, contra a alemã Kerstin Thiele. Perrotte vence. Desaba no chão. Levanta, sorri e vai até a plateia. Público de fato ganha lutas.



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08

NATAÇÃO n duelo Bruno Fratus e Cesar Cielo vão juntos para a final dos 50m nado livre hoje

Atrás do bicampeonato olímpico, o recordista mundial da prova compete com o colega de equipe Bruno Fratus Por Marcos Sergio Silva, de Londres

A

noite mal dormida não foi desculpa para que Cesar Cielo voltasse a reinar nos 50 metros livres. O brasileiro voltou a dominar a distância, como já havia feito nas competições dos 100 metros livres, em que liderou a primeira metade da prova. Cravou na semifinal 21s54, o melhor tempo do dia, ao lado do norte-americano Cullen Jones. Hoje, a partir das 15h30 (horário de Brasília), retornará às piscinas do Aquatic Center, em Londres, para tentar o bicampeonato olímpico — levou o ouro na prova em 2008. O tempo foi melhor que os 21s80 da manhã, mas pior que os 21s36 conseguidos em 24 de abril no Rio de Janeiro, marca que ainda não foi batida nos 50 metros livres neste ano. “Nos 50 não dá para poupar não. Acho que dá para tirar um pouco os detalhes. Agora é baixar um pouco a pilha que eu estava

na hora da prova. Vejo eu, o Bruno, o Jones e o Erwin como os favoritos para o ouro. Mas, para garantir essa medalha, tenho que nadar melhor que hoje.” Bruno Fratus, o outro brasileiro da prova, também conseguiu classificação para a final dos 50 metros livre. Pela manhã, ficou apenas 0s02 atrás de Cielo, depois de disputar a bateria braçada a braçada com o campeão olímpico. “Adorei o tempo. Chegou ali por volta dos 30, 35m e vi que estava bem confortável e aí dei uma respirada. Vou dar uma olhada na prova com o biomecânico e ver o que posso melhorar”, disse a surpresa do dia depois da eliminatória. Mais tarde, depois da semifinal, cobrou um resultado melhor. “Esperava fazer algo em torno de 21s6 mesmo, mas, se quiser medalha, tenho que nadar melhor que isso. O tempo de ontem, 21s63, foi o melhor de Bruno no ano. Já Cielo disse que foi econômico na eliminatória. “Fiz o suficiente para passar. Concentrei

para classificar, porque sabia que avançavam 16.” O nadador disse que demorou a pegar no sono depois da prova dos 100 metros livres, na quarta, em que terminou apenas em sexto lugar. “Chegar 10h da noite para dormir, depois de disputar uma prova... A gente chega com a adrenalina voando. É difícil recuperar. O importante agora é dormir direito.” A surpresa foi a ausência do australiano James Magnussen, considerado um dos favoritos para a prova. “Ele não classificou?”, surpreendeu-se Fratus. Magnussen, normalmente falastrão, estava cabisbaixo. “Estava física e emocionalmente mal”, reconheceu o australiano. Cielo e Fratus, adversários de hoje na final, são nadadores que mantêm apenas o contato profissional — não vai além das piscinas. “A gente se cumprimenta. ‘Boa sorte, boa sorte.’ Tomara que a molecada se espelhe nisso e dê mais valor para a natação”, disse Fratus.

alexandre battibugli

Dobradinha à moda brasileira Thiago Pereira “cansa” e perde medalha nos 200m

Nadador repete quarto lugar de Pequim, com o mesmo trio à frente

P

elo desempenho até os primeiros 150 metros do nado medley, parecia que viria a segunda medalha do nadador Thiago Pereira. Parecia. O brasileiro cansou no último quarto da prova e deixou a medalha escapar. “Cansei. Dei uma morrida no final. Talvez tenha queimado um pouco no início, onde tinha que ter nadado um pouco mais no chão o nado de costas”, reconheceu depois da prova. Thiago foi o quarto melhor na competição. Perdeu para o megamedalhista norte-americano Michael Phelps (seu 16º ouro) e seu compatriota Ryan Lochte (prata). O húngaro Lazlo Cseh ficou com o bronze. “Nós quatro terminamos entre os primeiros na última olimpíada. Isso mostra que a competitividade nessa prova é muito alta”, analisou o brasileiro. A esperança de medalha per-

maneceu durante toda a prova. Thiago fez a melhor largada e terminou em segundo nos 100 metros e nos 150 metros — Phelps liderou toda a prova. Mas o brasileiro não segurou o ritmo no último quarto, quando foi ultrapassado por Lochte e Cseh. O nadador fez a distância em 1min56s74, seu melhor tempo no ano. Em abril, no Rio, nadou o medley na mesma distância em 1min57s11. Sua melhor marca, ainda com o supermaiô, é a de Roma, em 2009, quando cravou 1min55s55. “Fiz o meu melhor tempo fora da era traje.” Mesmo com a derrota, esta é a Olimpíada em que Thiago Pereira conquistou sua primeira medalha. Ele foi prata nos 400 metros medley, quando deixou Phelps para trás. “Estou satisfeito com o que tive nesta Olimpíada. Meu grande sonho foi realizado aqui”.



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10

iatismo

DIÁRIO OLÍMPICO Por Jonas Oliveira

O legado esportivo dos jogos

n vento em popa Os brasileiros continuam bem na classificação geral

Scheidt e Prada mantêm segundo lugar Britânicos abriram a diferença para sete pontos e lideram com mais tranquilidade

A

dupla brasileira da classe Star, Robert Scheidt e Bruno Prada, manteve a segunda colocação geral, mas viram a distância para a dupla britânica Iain Percy e Andrew Simpson aumentar de dois para sete pontos. Na sétima corrida da classe Star, os brasileiros ficaram na terceira colocação, e na oitava, terminaram na quinta. São mais três regatas até o fim das Olimpíadas, duas amanhã, e a final, no domingo. Os outros brasileiros que competiram ontem mantiveram a média de posições. Na classe

Finn, Jorge Zarif ficou na 14ª posição na sétima corrida e no 21º lugar na oitava. No geral, terminou o dia na 19ª colocação. Assim como na classe Star, faltam apenas três regatas para o fim da disputa, duas amanhã e uma no domingo. Patricia Freitas segue no bloco intermediário na classe RS-X feminina. Ficou em 13º na quinta e em 17º lugar na sexta regata. Terminou o dia na 14ª colocação geral. A líder é a polonesa Zofia Noceti-Klepacka. Esta classe ainda tem cinco corridas, mas hoje, os iatistas descansam.

Na mesma classe de Patricia, mas entre os homens, Ricardo Santos terminou a quinta regata na 14ª colcação e a sexta no 22º lugar. O holandês Dorian van Rijsselberge continua na liderança. A próximas regatas da classe RS-X acontecem amanhã, a partir das 10h. Entre as mulheres, duas classes vão à água pela primeira vez, às 8h da manhã, com participação brasileira: no 470, as representantes são Fernanda Oliveira (bronze em Pequim 2008 ao lado de Isabel Swan) e Ana Barbachan. Adriana Kostiw compete na laser radial.

O LOCOG queria tornar 2 milhões de britânicos mais ativos com a Olimpíada

Quinn Rooney/Getty Images

Richard Langdon/Getty Images

U

ma frase está estampada em toda parte nas instalações olímpicas de Londres 2012: “Inspire a generation”. Escolhido 100 dias antes do início dos Jogos, o slogan reflete uma das justificativas que o comitê organizador (LOCOG) utilizou para investir bilhões de libras no evento. Além de recuperar a região leste de Londres, os Jogos Olímpicos serviriam para inspirar os britânicos a praticarem mais esportes. As imagens de atletas conquistando medalhas levariam as crianças a querer imitá-los. Não há nenhum estudo, porém, que comprove que receber os Jogos Olímpicos torne a população da cidade ou país sede mais fisicamente ativa. Em alguns casos, como Sideny 2000, registrou-se o contrário: a grande oferta de competições na TV faz com que a população troque atividades físicas por mais tempo no sofá de casa. Havia a expectativa que os Jogos ajudassem a tornar esportes como o handebol mais popular entre os australianos. O interesse, porém, acabou com o fim dos Jogos. No caso de Londres 2012, o comitê organizador chegou a quantificar seu objetivo: tornar 2 milhões de britânicos mais ativos com a Olimpíada. Meses antes da abertura, porém, admitiu-se que a meta era demasiadamente ambiciosa. Ainda assim, chamou-me a atenção o discurso afinado de vários atletas com o slogan dos Jogos. Em entrevistas após suas competições, vários deles têm usado o discurso de que o mais importante é inspirar futuras gerações. A quatro anos do início dos Jogos de 2016, é improvável que o Rio de Janeiro utilize o legado esportivo como justificativa para receber o evento. Até aqui, o desempenho dos atletas brasileiros em Londres não pode ser considerado muito diferente que o das últimas edições dos Jogos. A meta do COB de igualar as 15 medalhas de Pequim 2008 não será facilmente atingida, apesar do maior investimento que o esporte brasileiro tem recebido desde então. Por ora, nada indica que a performance brasileira em 2016 será espetacular.

n inspiração O Comitê Local espera que as crianças imitem os atletas e passem a praticar esportes



jornal placar | sexta-feira, 3 de AGOSTO de 2012

atletismo

Colocação em Pequim 2008

Recorde pessoal

13

Recorde mundial

Façam suas apostas

7,75

10º

26º

4,85

8,27

2011

2011 (Outdoor)

5,06

As competições do atletismo começam hoje. Saiba quem são os favoritos nas principais provas e conheça as chances dos brasileiros

8,95

Y. Isinbaeva (2009)

Por Leandro Bittar e Maurício Barros, da Runner’s World

Mike Powell (1991)

7,04

d

1º pierre duarte

7,26 1999

salto em distância Alexandre Battibugli

7,52 Galina Chistyakova (1988)

Renato pizzutto

salto em distância

Maurren Maggi

“S

ou a campeã olímpica e não vou abrir mão fácil desse posto. Será muito difícil me derrubar”, desafia Maurren Maggi, primeira mulher a conquistar uma medalha de ouro individual para o Brasil em Pequim 2008. Hoje, aos 36 anos, a

vencedora da prova de salto em distância conviveu com a desconfiança no começo desta temporada. Nem o ouro pan-americano em Guadalajara, em 2011, com um salto de 6,94 metros, parecia reverter uma possível decadência na carreira. Mas, com um salto de 6,85m no GP Brasil de Atletismo de São Paulo, em maio, Maurren conquistou a confiança de quem mais precisa: dela mesma. Vibrou

com a marca obtida. “Fiz a terceira melhor marca de 2012 e sou a segunda melhor saltadora do ano. Neste momento da temporada, esse resultado não poderia me deixar mais animada com o que posso fazer na Olimpíada”, diz. Para Nélio Moura, treinador de Maurren, um salto de 7 metros é sinônimo de medalha. “É o que eu chamo de número mágico”, afirma ele. A americana Brittney

Reese tem um salto muito mais significativo nesta temporada, de 7,12m. “Em 2008, a portuguesa Naide Gomes também tinha uma marca muito melhor [os mesmos 7,12 de Reese], mas no dia quem saltou mais longe fui eu. A Olimpíada é diferente”, diz Maurren Maggi, que saltou 7,04m. Para chegar ao bi, ela sabe que precisa evoluir em algun spontos, como na velocidade de partida.

17,39

salto c om vara

Fabiana Murer

D

esde a frustração em 2008, por causa do sumiço das varas que escolheu para a final, não é só o cuidado com a logística de seu equipamento que melhorou. Fabiana Murer evoluiu, tornou-se campeã mundial em 2010 (indoor) e 2011 (outdo-

or) e provou ser possível vencer a maior rival, a russa bicampeã olímpica Yelena Isinbaeva. Fabiana Murer convive bem com a pressão por um bom resultado. “Vou buscar uma medalha. Não me considero favorita, mas tenho chance. Vou enfrentar pelo menos seis outras boas atletas. Não penso: ‘É ouro ou nada’. Quero o bronze, a prata, o ouro...” A consistência da brasileira no

último ciclo olímpico é sua principal arma. “Acho que tenho de saltar acima de 4,80 metros: 4,90, talvez 4,95 metros”, afirma Fabiana, que tem 4,85 metros como melhor salto. “Fiz seis meses de treinos até a estreia na temporada, em maio, e abri mão de defender o título mundial indoor para me concentrar na preparação olímpica. Estou me sentindo mais veloz”, afirma a atleta.

38’’24

43’’14

10º

38’’18

42’’85

2011*

2011*

Para apimentar um pouco mais a disputa, Yelena Isinbaeva saltou 5,01 metros em 2012 e retomou o título mundial indoor que pertencia à brasileira. “A Fabiana é grande candidata a medalha. Mas acho difícil que seja de ouro”, afirma o treinador e comentarista de atletismo Lauter Nogueira, que esteve na Olimpíada de Sydney, em 2000, no comando da equipe brasileira de triatlo.

Abandono

2012

2h06’34’’

18,29

2h03’38’’

salto triplo

Jonathan Henrique Silva

U

m mineiro que come pelas beiradas pode ser a grande surpresa brasileira em Londres. Apesar de ter a segunda melhor marca de 2012 (17,39m), ele ainda não tem consistência para ser considerado favorito. O crescimento de Jonathan, porém, é

impressionante. Em 2010, sua melhor marca era de 16,07 metros. “É preciso que ele demonstre um padrão, ou esse grande salto pode ser apenas um feito fugaz”, diz o treinador Katsuhico Nakaya. A expectativa é que Jonathan chegue à final em Londres. “Ele tem potencial para saltar mais de 17,50 metros. Mas o futuro dele está no Rio, em 2016”, afirmao técnico Nélio Moura.

marcos ribolli

37’’04

Patrick Makau (2011)

maratona

Marílson dos Santos

“S

e meus adversários fizerem os melhores tempos deles, não tenho chance. Mas nem sempre é isso que acontece na Olimpíada”, afirma Marílson dos Santos, deixando claro seu papel em Londres: “Corro por fora”.

Os quenianos dominam nessa distância, tendo os etíopes como principais rivais. “Com três vagas por país, é uma luta cruel. Ele pode correr o melhor tempo da vida dele e terminar em 12º. Ao mesmo tempo, pode lutar por uma medalha”, diz Adauto Domingues, treinador de Marílson, bicampeão da Maratona de Nova York. “As chances dele aumentam se a prova for mais cadenciada.”

Jamaica (2011)

reve z amento

4 x 100 m Masculino

C

om uma prata em 2000 e um bronze em 1996, o 4 x 100 verde-amarelo amargou um quarto lugar em Pequim 2008. Renovado e motivado pelo ouro no Pan de 2011, o time do Brasil espera retornar ao pódio em Londres. “Temos condições de dispu-

alexandre battibugli

2011 Jonathan Edwards (1995) Renato pizzutto

o pasto montado no Estádio Olímpico pelo cineasta Danny Boyle para a festa de abertura, só sobrou um baixo e perfeito gramado central. E é ao redor dele que devem acontecer, a partir de hoje, algumas das maiores emoções destes Jogos de Londres. Do tiro que dá início à primeira eliminatória dos 400 metros com barreiras feminino, perto das 10 da manhã (6h no horário de Brasília), até a última prova no dia 11, desfilarão pela pista as maiores estrelas mundiais do atletismo. Dois desses astros fazem um duelo fratricida nos 100 e nos 200 metros rasos: o jamaicano Usain Bolt (recordista mundial de ambas as provas, foi desclassificado no Mundial da Coreia do Sul, após queimar a largada) e o compatriota Yohan Blake, que o venceu nas seletivas jamaicanas das duas provas. Nos 400 metros (na prova individual e no revezamento), as atenções estarão voltadas para a equipe sul-africana. Entre os quatro integrantes do time está Oscar Pistorius. Ele se tornará o primeiro atleta a disputar a Olimpíada e a Paralimpíada. Pistorius corre com duas próteses na altura dos joelhos, e conseguiu o índice para os Jogos em meio a muita polêmica — alguns dizem que as próteses lhe conferem uma vantagem mecânica em relação aos outros corredores. Nomes como Yelena Isinbayeva (salto com vara), o americano Christian Taylor (salto triplo) e a russa Svetlana Shkolina (salto em altura) também devem fazer história na competição. O Brasil participa com 36 atletas, 18 deles estreantes em Olimpíadas. A seguir, confira quem são os destaques da delegação brasileira e suas respectivas chances.

4,45

tar o bronze. Jamaica e EUA devem brigar pelo ouro, afirma o técnico Katsuhico Nakaya. A equipe é composta por Sandro Viana, Bruno Lins, Aldemir Gomes da Silva Junior, Carlos Roberto Pio de Moraes Junior, Nilson André e José Carlos Gomes Moreira. Se ficar entre os oito melhores e ir à final, o Brasil pode contar com os quatro titulares e dois reservas.

41’’37 Alemanha Oriental (1985)

reve z amento

4 x 100 m Feminino

A

melhor marca individual nos 100 metros em 2012 é da brasileira Rosângela Santos (11s24), que corre o revezamento. Por isso, o time pode surpreender em Londres. “Brigamos pelo bronze, é onde está nossa chance real. Estados Unidos e Jamaica

alexandre battibugli

12

jornal placar | SEXTA-feira, 3 de AGOSTO de 2012

são as favoritas ao ouro e à prata”, diz Ana Claudia Lemos. “Todas estão melhorando os tempos e podemos acreditar em uma marca melhor nos Jogos”, diz Rosângela. Para compor a equipe de Londres foram conovcadas também Franciela das Graças Krasucki, Evelyn Santos (o terceiro melhor tempo do ano entre as brasileiras), Tamiris de Liz e Vanda Ferreira Gomes.

Mauro Vinícius da Silva

O

título mundial indoor conquistado em março deste ano em Istambul, na Turquia, foi a credencial de Mauro para entrar de vez na lista de candidatos a uma medalha em Londres. Duda, como é conhecido, tem a melhor marca do mundo em pista coberta do ano, 8,28 metros (1 centímetro a mais que sua melhor marca outdoor). “Poderia ter saltado melhor no Mundial. Na hora eu não percebi, mas o vídeo da prova mostra que saltei muito longe da tábua. Isso me permite acreditar em um salto na casa de 8,40 metros em Londres”, afirma Duda, que em Pequim ficou fora da final ao saltar apenas 7,75 metros. “A chance de medalha é real, mas a Olimpíada é um dia só. Ele precisa acertar lá”, afirma Aristides Junqueira, o Tide, seu treinador, que estima um salto superior a 8,50 metros. Duda sabe que a ansiedade pode ser sua principal rival. “Eu durmo e acordo pensando nisso. Quero muito uma medalha e acho que posso sonhar com isso. ”, afirma. No Mundial da Turquia, Duda venceu no desempate (análise do segundo melhor salto) o australiano Henry Frayne e com apenas 1 cm de vantagem sobre o bronze, Aleksandr Menkov, da Rússia. Os dois são — ao lado do sul-africano Godfrey Khotso Mokoena e do britânico Greg Rutherford — os principais rivais.


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atletismo

Colocação em Pequim 2008

Recorde pessoal

13

Recorde mundial

Façam suas apostas

7,75

10º

26º

4,85

8,27

2011

2011 (Outdoor)

5,06

As competições do atletismo começam hoje. Saiba quem são os favoritos nas principais provas e conheça as chances dos brasileiros

8,95

Y. Isinbaeva (2009)

Por Leandro Bittar e Maurício Barros, da Runner’s World

Mike Powell (1991)

7,04

d

1º pierre duarte

7,26 1999

salto em distância Alexandre Battibugli

7,52 Galina Chistyakova (1988)

Renato pizzutto

salto em distância

Maurren Maggi

“S

ou a campeã olímpica e não vou abrir mão fácil desse posto. Será muito difícil me derrubar”, desafia Maurren Maggi, primeira mulher a conquistar uma medalha de ouro individual para o Brasil em Pequim 2008. Hoje, aos 36 anos, a

vencedora da prova de salto em distância conviveu com a desconfiança no começo desta temporada. Nem o ouro pan-americano em Guadalajara, em 2011, com um salto de 6,94 metros, parecia reverter uma possível decadência na carreira. Mas, com um salto de 6,85m no GP Brasil de Atletismo de São Paulo, em maio, Maurren conquistou a confiança de quem mais precisa: dela mesma. Vibrou

com a marca obtida. “Fiz a terceira melhor marca de 2012 e sou a segunda melhor saltadora do ano. Neste momento da temporada, esse resultado não poderia me deixar mais animada com o que posso fazer na Olimpíada”, diz. Para Nélio Moura, treinador de Maurren, um salto de 7 metros é sinônimo de medalha. “É o que eu chamo de número mágico”, afirma ele. A americana Brittney

Reese tem um salto muito mais significativo nesta temporada, de 7,12m. “Em 2008, a portuguesa Naide Gomes também tinha uma marca muito melhor [os mesmos 7,12 de Reese], mas no dia quem saltou mais longe fui eu. A Olimpíada é diferente”, diz Maurren Maggi, que saltou 7,04m. Para chegar ao bi, ela sabe que precisa evoluir em algun spontos, como na velocidade de partida.

17,39

salto c om vara

Fabiana Murer

D

esde a frustração em 2008, por causa do sumiço das varas que escolheu para a final, não é só o cuidado com a logística de seu equipamento que melhorou. Fabiana Murer evoluiu, tornou-se campeã mundial em 2010 (indoor) e 2011 (outdo-

or) e provou ser possível vencer a maior rival, a russa bicampeã olímpica Yelena Isinbaeva. Fabiana Murer convive bem com a pressão por um bom resultado. “Vou buscar uma medalha. Não me considero favorita, mas tenho chance. Vou enfrentar pelo menos seis outras boas atletas. Não penso: ‘É ouro ou nada’. Quero o bronze, a prata, o ouro...” A consistência da brasileira no

último ciclo olímpico é sua principal arma. “Acho que tenho de saltar acima de 4,80 metros: 4,90, talvez 4,95 metros”, afirma Fabiana, que tem 4,85 metros como melhor salto. “Fiz seis meses de treinos até a estreia na temporada, em maio, e abri mão de defender o título mundial indoor para me concentrar na preparação olímpica. Estou me sentindo mais veloz”, afirma a atleta.

38’’24

43’’14

10º

38’’18

42’’85

2011*

2011*

Para apimentar um pouco mais a disputa, Yelena Isinbaeva saltou 5,01 metros em 2012 e retomou o título mundial indoor que pertencia à brasileira. “A Fabiana é grande candidata a medalha. Mas acho difícil que seja de ouro”, afirma o treinador e comentarista de atletismo Lauter Nogueira, que esteve na Olimpíada de Sydney, em 2000, no comando da equipe brasileira de triatlo.

Abandono

2012

2h06’34’’

18,29

2h03’38’’

salto triplo

Jonathan Henrique Silva

U

m mineiro que come pelas beiradas pode ser a grande surpresa brasileira em Londres. Apesar de ter a segunda melhor marca de 2012 (17,39m), ele ainda não tem consistência para ser considerado favorito. O crescimento de Jonathan, porém, é

impressionante. Em 2010, sua melhor marca era de 16,07 metros. “É preciso que ele demonstre um padrão, ou esse grande salto pode ser apenas um feito fugaz”, diz o treinador Katsuhico Nakaya. A expectativa é que Jonathan chegue à final em Londres. “Ele tem potencial para saltar mais de 17,50 metros. Mas o futuro dele está no Rio, em 2016”, afirmao técnico Nélio Moura.

marcos ribolli

37’’04

Patrick Makau (2011)

maratona

Marílson dos Santos

“S

e meus adversários fizerem os melhores tempos deles, não tenho chance. Mas nem sempre é isso que acontece na Olimpíada”, afirma Marílson dos Santos, deixando claro seu papel em Londres: “Corro por fora”.

Os quenianos dominam nessa distância, tendo os etíopes como principais rivais. “Com três vagas por país, é uma luta cruel. Ele pode correr o melhor tempo da vida dele e terminar em 12º. Ao mesmo tempo, pode lutar por uma medalha”, diz Adauto Domingues, treinador de Marílson, bicampeão da Maratona de Nova York. “As chances dele aumentam se a prova for mais cadenciada.”

Jamaica (2011)

reve z amento

4 x 100 m Masculino

C

om uma prata em 2000 e um bronze em 1996, o 4 x 100 verde-amarelo amargou um quarto lugar em Pequim 2008. Renovado e motivado pelo ouro no Pan de 2011, o time do Brasil espera retornar ao pódio em Londres. “Temos condições de dispu-

alexandre battibugli

2011 Jonathan Edwards (1995) Renato pizzutto

o pasto montado no Estádio Olímpico pelo cineasta Danny Boyle para a festa de abertura, só sobrou um baixo e perfeito gramado central. E é ao redor dele que devem acontecer, a partir de hoje, algumas das maiores emoções destes Jogos de Londres. Do tiro que dá início à primeira eliminatória dos 400 metros com barreiras feminino, perto das 10 da manhã (6h no horário de Brasília), até a última prova no dia 11, desfilarão pela pista as maiores estrelas mundiais do atletismo. Dois desses astros fazem um duelo fratricida nos 100 e nos 200 metros rasos: o jamaicano Usain Bolt (recordista mundial de ambas as provas, foi desclassificado no Mundial da Coreia do Sul, após queimar a largada) e o compatriota Yohan Blake, que o venceu nas seletivas jamaicanas das duas provas. Nos 400 metros (na prova individual e no revezamento), as atenções estarão voltadas para a equipe sul-africana. Entre os quatro integrantes do time está Oscar Pistorius. Ele se tornará o primeiro atleta a disputar a Olimpíada e a Paralimpíada. Pistorius corre com duas próteses na altura dos joelhos, e conseguiu o índice para os Jogos em meio a muita polêmica — alguns dizem que as próteses lhe conferem uma vantagem mecânica em relação aos outros corredores. Nomes como Yelena Isinbayeva (salto com vara), o americano Christian Taylor (salto triplo) e a russa Svetlana Shkolina (salto em altura) também devem fazer história na competição. O Brasil participa com 36 atletas, 18 deles estreantes em Olimpíadas. A seguir, confira quem são os destaques da delegação brasileira e suas respectivas chances.

4,45

tar o bronze. Jamaica e EUA devem brigar pelo ouro, afirma o técnico Katsuhico Nakaya. A equipe é composta por Sandro Viana, Bruno Lins, Aldemir Gomes da Silva Junior, Carlos Roberto Pio de Moraes Junior, Nilson André e José Carlos Gomes Moreira. Se ficar entre os oito melhores e ir à final, o Brasil pode contar com os quatro titulares e dois reservas.

41’’37 Alemanha Oriental (1985)

reve z amento

4 x 100 m Feminino

A

melhor marca individual nos 100 metros em 2012 é da brasileira Rosângela Santos (11s24), que corre o revezamento. Por isso, o time pode surpreender em Londres. “Brigamos pelo bronze, é onde está nossa chance real. Estados Unidos e Jamaica

alexandre battibugli

12

jornal placar | SEXTA-feira, 3 de AGOSTO de 2012

são as favoritas ao ouro e à prata”, diz Ana Claudia Lemos. “Todas estão melhorando os tempos e podemos acreditar em uma marca melhor nos Jogos”, diz Rosângela. Para compor a equipe de Londres foram conovcadas também Franciela das Graças Krasucki, Evelyn Santos (o terceiro melhor tempo do ano entre as brasileiras), Tamiris de Liz e Vanda Ferreira Gomes.

Mauro Vinícius da Silva

O

título mundial indoor conquistado em março deste ano em Istambul, na Turquia, foi a credencial de Mauro para entrar de vez na lista de candidatos a uma medalha em Londres. Duda, como é conhecido, tem a melhor marca do mundo em pista coberta do ano, 8,28 metros (1 centímetro a mais que sua melhor marca outdoor). “Poderia ter saltado melhor no Mundial. Na hora eu não percebi, mas o vídeo da prova mostra que saltei muito longe da tábua. Isso me permite acreditar em um salto na casa de 8,40 metros em Londres”, afirma Duda, que em Pequim ficou fora da final ao saltar apenas 7,75 metros. “A chance de medalha é real, mas a Olimpíada é um dia só. Ele precisa acertar lá”, afirma Aristides Junqueira, o Tide, seu treinador, que estima um salto superior a 8,50 metros. Duda sabe que a ansiedade pode ser sua principal rival. “Eu durmo e acordo pensando nisso. Quero muito uma medalha e acho que posso sonhar com isso. ”, afirma. No Mundial da Turquia, Duda venceu no desempate (análise do segundo melhor salto) o australiano Henry Frayne e com apenas 1 cm de vantagem sobre o bronze, Aleksandr Menkov, da Rússia. Os dois são — ao lado do sul-africano Godfrey Khotso Mokoena e do britânico Greg Rutherford — os principais rivais.


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boxe

14

loja de antiguidades Por Fábio Altman, de Londres

A uma luta da medalha

Dos oito aos oitenta

Brasil já tem dois pugilistas nas quartas de final

n vIBRAÇÃO Alex Livesey/Getty Images

Esquiva Falcão solta o grito na vitória em Londres

A 56 kg ) anteontem, ontem foi a vez do médio Esquiva Falcão (até 75 kg). Ele já estreou nas oitavas por estar bem ranqueado e não teve dificuldades contra Soltan Migitinov, do Azerbaijão. O brasileiro dominou a luta inteira e venceu os 3 rounds (8/3, 7/5 e 9/3), finalizando o placar em arrasadores 24 a 11. Agora, volta ao ringue da Arena ExCeL na segunda (6), e enfrenta o húngaro Zoltan Harcsia. Com apenas 22 anos, o lutador mostrou muita

agilidade para se defender e sangue frio para aguentar as provocações do adversário, que chegou a empurrá-lo para o chão. Agressivo, ele também encaixou seus golpes. É, desde já, uma grandes das promessas de medalha do Brasil. Hoje, o mosca Julião Neto (até 9h45), o “Vovô do Boxe”, sobe ao ringue às 9h45. Amanhã, o meio-pesado Yamaguchi Falcão (até 81 kg), irmão de Esquiva, luta às 11h45. Ambos também tentam chegar às quartas.

handebol

n Otimista Dani quer mais visibilidade para o handebol

Jeff Gross/Getty Images

Brasileiras enfrentam a Rússia hoje, de olho na liderança H oje, às 12h15, a seleção feminina de handebol encara as russas na condição de única invicta da fase de grupos. Empolgadas, as meninas tentam manter a boa fase para fugir do confronto com as favoritas francesas já nas quartas de final. “Queremos a liderança”, diz a pivô Dani Piedade. “Todo jogo, a gente almeja a vitória, pois sabe que a briga no outro grupo também é dura”, explica. No último mundial, em dezembro, o Brasil conquistou a quinta colocação batendo equipes tradicionais da Europa, como

a França (que foi vice-campeã) e a própria Rússia. Com esse retrospecto recente, a jogadora diz que o bom desempenho em Londres não chega a surpreender. Nos Jogos, as três vitórias sobre Croácia, Montenegro e GrãBretanha deixaram claro a garra das meninas, que sempre vibram muito juntas. “É uma equipe muito alegre e a maioria das jogadoras já se conhecia muito bem”, lembra. “Esperamos que, com um bom desempenho aqui, o handebol tenha mais visibilidade no Brasil”.

A ATLETA MAIS VELHA 70 anos, 6 dias LORNA JOHNSTONE (Grã-Bretanha) Hipismo Jogos de Munique 1972 O MAIS VELHO MEDALHISTA DE OURO 64 anos, 258 dias OSCAR SWAHN (Suécia) Tiro Jogos de Estocolmo 1912 A MAIS VELHA MEDALHISTA DE OURO 53 anos, 274 dias Sybil Newall (Grã-Bretanha) Tiro com arco Jogos de Londres 1908 O ATLETA MAIS JOVEM 10 anos, 216 dias Dimitrios Loundras (Grécia) Ginástica Artística Jogos de Atenas 1896

Topical Press Agency/Getty Images

C

rescem as esperanças do boxe brasileiro sair da fila de 44 anos sem medalha em Olimpíadas. O país já garantiu dois pugilistas nas quartas de final e tem boa chance de colocar mais dois nessa fase, hoje e amanhã. Chegando às semifinais, qualquer um deles já pode comemorar o bronze, pois não há disputa de terceiro lugar na modalidade. Depois da vitória do galo Robenílson de Jesus (na categoria até

O ATLETA MAIS VELHO 72 anos, 281 dias OSCAR SWAHN (Suécia) Tiro Jogos de Antuérpia 1920

A ATLETA MAIS JOVEM 11 anos, 297 dias Yip Tsz W (Hong Kong) Natação Jogos de Atenas 2004

Central Press/Getty Images

Daniel Ramalho/AGIF/COB

estreia do cavaleiro japonês Hiroshi Hoketsu, de 71 anos, na Olimpíada de Londres, foi um momento de emoção. Ele não se saiu bem no primeiro dia da prova de adestramento. Pouco importa. “Prefiro estar sentado em um cavalo do que sentado numa cadeira em casa”, disse Hoketsu. Ele participou pela primeira vez dos Jogos Olímpicos em 1964, no Japão, aos 23 anos. Seu feito, extraordinário, pede um passeio histórico pelo ranking dos atletas mais velhos e mais jovens a participar das Olimpíadas.

O MAIS JOVEM MEDALHISTA DE OURO 13 anos, 282 dias Klaus Zerta (Alemanha) Remo Jogos de Roma 1960 A MAIS JOVEM MEDALHISTA DE OURO 13 anos, 267 dias Marjorie Gestring (Estados Unidos) Saltos Ornamentais Jogos de Berlim 1936



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vôlei

Brasil erra e perde de virada para os EUA

vôlei de praia n invictas Talita e Maria Elisa ganha de virada da dupla australiana

n seguuura¡

REUTERS

Nem o bloqueio triplo foi capaz de parar Stanley

G

anhou quem errou menos. Essa frase pode definir o que foi o duelo entre Brasil e Estados Unidos, ontem. Apesar do equilíbrio nos dois primeiros sets, os americanos levaram a melhor e venceram por 3 a 1, com parciais de (23x25, 25x27, 25x19 e 25x 17). O que pode ajudar a explicar o resultado é o bom aproveitamento de ataque do time americano, em contraposição aos erros de saque e bloqueio da seleção brasileira. O primeiro set foi bastante equilibrado, com as seleções jogando seu melhor vôlei, virando muitas bolas. O Brasil demonstrou mais poder de concentração e fechou em 25 a 23, deixando no ar a perspectiva de uma grande vitória. O

segundo set, vencido pelos EUA, foi o mais emocionante. Os americanos começaram mais ligados e, aproveitando-se dos erros dos brasileiros, abriram seis pontos, 19 x 13. Com Dante no saque e as entradas de Wallace e Ricardinho, a equipe de Bernardinho fez sete pontos consecutivos, virando para 20 x 19. Mas não foi capaz de fechar a parcial, permitindo que os Estados Unidos recuperassem o placar e vencessem por 27 x 25, num erro de ataque de Sidão. O terceiro set seguiu equilibrado. O problema é que o Brasil não mais encaixava o saque como fizera na partida diante da Rússia. O time chegou a errar quatro saques seguidos. Sem retribuir os erros, os Estados Unidos abriram cinco

pontos num momento crucial do jogo (20 x 15) e levou o set para um tranquilo final em 25 a 19. Com a derrota, o nervosismo tomou conta dos jogadores brasileiros no início do quarto set, a ponto dos inimigos abrirem 7 a 3. O Brasil chegou a empatar em 9 a 9, mas permitiu que os Estados Unidos fechassem o set e o jogo, liderados por uma grande atuação do experiente atacante Stanley, de 34 anos, destruidor no saque e no ataque, com 19 pontos. Completaram a rodada de ontem Alemanha 3 x 2 Sérvia e Rússia 3 x 0 Tunísia. O próximo adversário do Brasil será a Sérvia, sábado, às 18 h (Brasília). No mesmo dia, os Estados Unidos enfrentam a Rússia e a Alemanha pega a Tunísia.

Zé Roberto cobra reação no duelo com a China A

cabou a paciência. Conhecido por seu jeito calmo e cortês no trato com as jogadoras, o técnico José Roberto Guimarães chegou ao limite depois das duas derrotas da seleção feminina de vôlei. Além das broncas que já distribui para as jogadoras na quadra, o treinador passou a exigir uma reação imediata do grupo.

Medalhista de ouro em Pequim 2008, o Brasil ocupa a quinta colocação do Grupo B, ficando à frente apenas da Sérvia, que não pontuou. Os EUA ocupam a liderança, seguidos de China, Coreia do Sul e a Turquia. Por isso, o duelo contra a China, amanhã, às 5h30 (horário de Brasília), passa a ser fundamental para garantir a classificação às

quartas de final sem depender de outros resultados. Zé Roberto sabe que, além do aspecto técnico, precisa trabalhar o lado psicológico do time. Em alguns momentos é visível que algumas jogadoras acabam errando por sentirem a pressão. E, a partir de agora, ainda que a pressão se eleve, é proibido errar.

GETTY IMAGES

Seleção de Bernardinho, que vinha de duas vitórias, tropeça mais uma vez no poderio de ataque dos americanos

Brasil vai às oitavas invicto

Todas as duplas passaram para a fase que começa hoje

O

vôlei de praia brasileiro fechou sua participação nas eliminatórias do torneio olímpico ontem com uma atuação irrepreensível. Todas as quatro duplas do país nos Jogos de Londres terminaram na liderança de seus grupos, com apenas três sets perdidos. A próxima fase será disputada hoje e amanhã. No torneio masculino, Alison e Emanuel bateram a dupla italiana Nicolai e Lupo por 2 sets a 0 (26/24 e 21/18). O destaque foi a bela atuação de Alison na rede. O primeiro set foi equilibrado e marcado por muitos erros para os dois lados. Os brasileiros até se deram ao luxo de ter quatro set points a favor, mas após uma breve reação dos

italianos, Alison acertou três bloqueios, fechando o set em 26/24. A boa atuação do brasileiro seguiu na etapa seguinte e contou com defesas importantes de Emanuel, liquidando o duelo. Horas depois, Maria Elisa e Talita comemoravam a vitória de virada sobre as australianas Bawden e Palmer, por 2 a 1 (18/21, 21/16 e 15/9). Assim como no masculino, as brasileiras erraram muito no início do jogo. Mais tranquilas, Bawden e Palmer fecharam o primeiro set em 20 minutos. Na etapa seguinte, a dupla brasileira reagiu, surpreendendo as adversárias. Elas mantiveram o foco e precisaram de 12 minutos para fechar o tie-brake.



jornal placar | SEXTA-feira, 3 de AGOSTO de 2012

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basquete

Brasil perde a 4 segundos do fim

n jogaço Anton Ponkrashov parte para cima de Nenê na emocionante vitória da Rússia

Por Marcos Sergio Silva, de Londres

A

Rússia era um rival a temer. E foi contra ela que o Brasil fez ontem o seu terceiro jogo no torneio olímpico de basquetebol. Perdeu, mas vendeu caro a derrota por 75 x 74. Os russos vinham com um histórico de pontos incontestável. A média era de 84 por partida, bem superior aos 71 dos brasileiros. Trituraram os dois primeiros adversários, Grã-Bretanha e China, com vantagens de 20 e 19 pontos, respectivamente. O do Brasil era mais tímido: vitórias por quatro pontos contra a Austrália e cinco pontos diante da Grã Bretanha. Os brasileiros tinham uma característica bem diferente da dos russos, ancorados em Andrei Kirilenko, maior pontuador e líder em assistência do time. O Brasil, duas vitórias na bagagem, era um distribuidor de pontos, que tinha em Marcelinho Huertas o seu motor. O jogo começou melhor para o Brasil, embora a bola demorasse a entrar. Foram necessários mais de dois minutos para que Marcelinho fizesse os dois primeiros pontos da partida. Com três cestas de três

pontos, a seleção fechou o primeiro quarto à frente da Rússia: 20 x 15. O segundo quarto já foi diferente, com os russos dominando e o Brasil abusando dos erros de conclusão. Tentativas de cestas de três pontos eram desperdiçadas. Era a opção para que desarmar a defesa russa. A cada bola perdida, contraataque dos russos. Dessa maneira, conseguiram fechar a primeira metade do jogo com vantagem de oito pontos, com 40 x 32. O destaque era Kirilenko. Ele, que já havia feito 51 pontos nos dois primeiros jogos, manteve a boa mira. Fechou o primeiro tempo com 14 pontos. No Brasil, os pontos continuavam bem distribuídos, com Tiago Splitter pontuando mais (fez 6 pontos), mas nem tanto. O Brasil voltou melhor para o terceiro quarto. Ou a Rússia voltou pior, já que eles começaram a errar muito as jogadas de ataque. Duas investidas de Leandrinho recolocaram o Brasil no jogo. Só era preciso tirar a vantagem de seis pontos dos russos. O placar então era de 59 x 53. Foi o que Larry Taylor fez, ao marcar os dois primeiros pontos

Christian Petersen/Getty Images

Time tirou desvantagem de 11 pontos, mas última cesta de três pontos matou o jogo

do último quarto. E de novo, quando converteu um lance de dois pontos, sofreu a falta e somou o lance livre. A torcida se inflamava. O Brasil estava a apenas dois pontos dos russos, faltando seis minutos. Logo depois, Leandrinho, em jogada individual, empatava o jogo. Nenê, ao converter dois lances livres, recolocou a seleção na frente. Fal-

tavam apenas três minutos. Pontos importantes de Leandrinho e Larry Taylor, os dois homens do jogo, fizeram a esperança renascer. Eles conseguiram, respectivamente, 16 e 12 pontos. mas uma cesta de três pontos de Mozgov, a 26 segundos do fim, esfriou os ânimos. Como reverter? Na retomada, Marcelinho Huertas segurou a bola, es-

perou o tempo passar e acertou uma bandeja. Faltavam seis segundos. Aí o russo Fridson acertou mais três pontos a 4 segundos do fim e o sonho acabou. Rússia 75 x 74. O Brasil enfrenta amanhã a mediana China e depois a temida Espanha, medalha de prata em Pequim 2008 e atual campeã europeia de seleções.

Timaço dos EUA bate recorde Femino joga sua última cartada olímpico de pontos: 156 a 73 Contra o Canadá, meninas lutam pela sobrevivência Massacre sobre a Nigéria, ontem, em Londres, supera placar da vitória brasileira sobre o Egito nos Jogos de Seul, em 1988

Por Marcelo Goto

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em querer, a Nigéria entrou para a história do basquete olímpico, ontem, em Londres. Ao perder para os EUA por 156 a 73, a seleção africana foi a protagonista da maior “encestada” da história das Olimpíadas. Os 156 pontos que os americanos fizeram superam o recorde anterior, que pertencia ao jogo Brasil 138 x 85 Egito, registrado nos Jogos de Seul em 1988. O placar de ontem também supera o da maior vitória da sele-

ção americana em Jogos Olímpicos, que pertencia ao selecionado que disputou os Jogos de Atlanta, em 1996, e derrotou a China por 133 a 70. Os americanos estiveram impecáveis em todos os fundamentos, sobretudo nos arremessos de 3 pontos, tendo acertado nada menos que 29 chutes. Só o ala Anthony Carmelo, do NY Nicks, fez 30 pontos em dez arremessos de 3 pontos, e acabou como cestinha do jogo com 37 pontos.

seleção feminina joga hoje, contra o Canadá, sua sobrevivência no torneio de basquete dos Jogos Olímpicos. Na lanterna do Grupo B, sem um triunfo sequer, as meninas precisam vencer seus dois últimos confrontos para avançar à fase dos mata-matas. Outra derrota acaba com as chances das brasileiras em Londres e promete repetir o fiasco do Brasil na Olimpíada de Pequim, em 2008, quan-

do o país se despediu da competição na 10ª colocação, com apenas uma vitória, sobre as bielorrussas, na última rodada. Desde 1992, em Barcelona, o Brasil nunca havia ficado abaixo da sétima colocação. Apesar da pressão psicológica, o técnico Luis Cláudio Tarallo negou que a equipe esteja abatida e garantiu que o astral melhorou desde a derrota para a Austrália, por 67 a 61, na quarta-feira. “Elas estão jogando no máximo, no 100%, querendo acertar. Elas estão brigando, lutando por um resultado positivo. É claro que quando isso não acontece, demora um pouco para assimilar, mas elas estão trabalhadas

para encarar essa situação. Elas sabem que essa chave é difícil e uma vitória é muito importante”, explicou Tarallo, que elogiou o adversário de hoje. “O Canadá vem crescendo na competição. É uma equipe renovada e que está jogando junto faz algum tempo. Mas estamos estudando o jogo delas e vamos brigar pela vaga”. Questionado sobre a influência que a falta da ala Iziane estaria tendo no desempenho da equipe, Tarallo desconversou. “Não tem como mensurar por enquanto, mas tive de me adaptar a essa situação”. A jogadora foi cortada do time por indisciplina.



jornal placar | SEXTA-feira, 3 de agosto de 2012

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FUTEBOL

London Calling

Seleção feminina encara O favoritas japonesas

Por Giancarlo Lepiani, de Londres

Back in the U.S.S.R.

Atuais campeãs mundiais e com a melhor jogadora do mundo, orientais “não são bicho papão”, diz Cristiane

“N

ão existe bicho papão”. Cristiane, assim, procura acalmar aqueles que veem a parada mais dura da seleção brasileira de futebol feminino no torneio olímpico. A derrota para a Grã Bretanha na terça-feira, em Londres, colocou o Brasil no caminho do Japão, atual campeão mundial, e da meia Homare Sawa, eleita melhor jogadora de futebol do mundo em 2011. O Brasil tem Marta e Cristiane, que estiveram apagadas no último jogo, em Wembley. Marta, que depois de vencer o prêmio de melhor jogadora do mundo por cinco anos consecutivos o deixou escapar justamente para a japonesa, vê a partida como a oportunidade de a seleção voltar a jogar do seu jeito. Na terça, a seleção abusou de chutões e chuveirinhos. Mas mudar? Não é a hora, diz Marta. “Deveria mudar se a gente estivesse arrumando as malas para ir para o Brasil, mas a gente vai jogar as quartas de final”, afirmou Marta. Um reforço deve ser a comunicação entre o meio e o ataque, que funcionou pouco contra a GrãBretanha. “Nós, atacantes, dependemos muito do meio-campo, da saída de bola bem feita. Mas as adversárias não são bobas, elas têm marcado muito bem. É diferente Brasil

você ter a bola no pé e partir para cima e ter adversárias perto de você. E a nossa característica é a bola no pé. Isso pode ocorrer se a gente errar menos passes. E eu me coloco nessa lista aí”, disse, fazendo um mea-culpa pela atuação na última partida da primeira fase. A aposta no jogo das japonesas é o maior trunfo da seleção. Por ser mais baixa que as britânicas, as atuais campeãs do mundo jogam com a bola no chão, facilitando o jogo brasileiro. Um futebol mais rápido, como o nosso, segundo o técnico Jorge Barcellos. “O Japão é o atual campeão mundial, mas não é um bicho de sete cabeças”, afirma Cristiane, que, contra Camarões, atingiu o recorde de 11 gols em uma Olimpíada – marca semelhante à de Ronaldo em Copas do Mundo. “A desatenção que a gente teve contra a Grã Bretanha não p o d e mais

acontecer. Mas o Japão é um time que deixa jogar mais do que os outros, toca mais, não dá chutões e não é tão alto. É uma característica mais próxima da nossa.” No torneio, o Japão teve resultados apenas modestos, embora tenha terminado em primeiro na chave. Venceu na estreia o Canadá por 2 x 1 e depois teve dois empates sem gols contra Suécia e África do Sul. Terminou em segundo na chave, como o Brasil. “A gente está tranquila, sabe que o Japão é uma ótima equipe. Mas não há nada que faça com que a gente tenha medo. No último jogo, elas empataram com a África do Sul. Futebol não dá para dizer quem é o melhor e quem é o pior”, diz Cristiane. “É procurar acertar e corrigir. Não pode acontecer o que aconteceu com a Grã Bretanha. Foi um lembrete de que essa equipe pode perder. E perdemos na hora certa. Agora é mata-mata. Se perder, cai fora”.

Cameron seguiu ontem com sua maratona diplomática

GETTY IMAGES

Por Marcos Sergio Silva

Japão

n a fera Homare Fukumoto Kinga Iwashimizu Kumagai Sameshima Sakaguchi Miyama Kawasumi Homare Sawa Ohno Ogimi

T. Jorge Barcellos

T. Norio Sasaki

Local: Millennium Stadium (Cardiff) Horário: 13h (Brasília) Árbitra: Kirsi Heikkinen (Finlândia)

Sawa cruza o caminho das brasileiras na busca do ouro

paulo vitale

Andreia Fabiana Erika Renata Costa Maurine Ester Francielle Formiga Bruna Marta Cristiane

homem mais poderoso do mundo não veio à Olimpíada de Londres — a poucos meses de sua tentativa de reeleição, Barack Obama mandou a mulher, Michelle, em seu lugar. O presidente dos EUA não tem concorrentes quando se trata de influência e força política e diplomática. Mas se existe um outro cargo público no planeta que também carrega um peso histórico incomum, esse cargo é o de primeiro-ministro da GrãBretanha. Seu poder na esfera internacional é difícil de calcular. Desde o primeiro dono da cadeira, Sir Robert Walpole, em 1721, o ocupante do cargo ajudou a moldar o mundo. E desde que Winston Churchill comandou a derrota da tirania nazista na II Guerra Mundial — e, de quebra, elevou para sempre o padrão pelo qual um estadista é avaliado —, o morador do número 10 de Downing Street é cercado por um fascínio único, ainda que o seu emprego seja menos estável e muito mais complexo do que se costuma pensar, em função do sistema de governo que vigora na terra da rainha. Como anfitrião dos Jogos Olímpicos, David Cameron, londrino de 45 anos, integrante do Partido Conservador e primeiroministro desde maio de 2010, assumiu um papel ainda maior que o de costume — e teve de exercitar ao máximo seu espírito esportivo em algumas ocasiões. A primeira delas, antes mesmo que a Olimpíada começasse, foi ter de saber lidar com as deselegantes e desnecessárias declarações do rival de Obama na eleição americana de novembro, o republicano Mitt Romney — que, ao visitar Londres, colocou em dúvida o sucesso dos Jogos. Cameron driblou a situação bem: evitou entrar num bate-boca e ainda recebeu, sorridente, o americano mal-educado em Downing Street. A rotina na residência oficial do primeiro-ministro, aliás, também teve de se adequar aos Jogos: o vôlei de praia, uma das competições mais concorridas na cidade olímpica, acontece a poucos metros dali (e foi preciso erguer uma lona para obstruir a visão privilegiada da arquibancada sobre o jardim da casa). O barulho e a agitação na arena montada em Horse Guards Parade, porém, é o de menos — duro mesmo é o premiê ter de ciceronear tantos convidados ilustres enquanto se preocupa com o funcionamento perfeito dos Jogos. Ontem, Cameron seguiu com sua interminável maratona diplomática. Tinha de discutir a gravíssima crise na Síria com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Mas não houve muito tempo para tratar do assunto: Cameron precisou acompanhar o chefão do Kremlin, fanático por judô, em sua torcida por uma medalha do russo Tagir Khaibulaev. Cameron e Putin conversaram cordialmente enquanto a brasileira Mayra Aguiar conquistava um bronze — mas o britânico escapou da tribuna pouco antes que Putin saltasse da cadeira, com os braços erguidos e um raríssimo sorriso de orelha a orelha, para festejar o ippon que deu à Rússia o ouro na categoria meio-pesado. Cameron pelo menos também teve sua chance de comemorar enquanto ciceroneava o russo: n dupla Putin e viu a britânica Gemma Cameron viram Gibbons faturar uma Mayra Aguiar ganhar inesperada prata no o bronze, ontem feminino.



jornal placar | SEXTA-feira, 3 de AGOSTO de 2012

radar olímpico

Michael Regan/Getty Images

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Mano avisa: “ainda não é hora de falar em ouro”

Kissya disputa 13º lugar no remo

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remadora brasileira Kissya Cataldo garantiu ontem uma vaga na final C do skiff simples, que será disputada amanhã, às 5h30 (Brasília). Fora da briga por medalhas, Kissya vai competir na bateria que define a posição da atleta entre a 13ª e a 18ª colocação. A brasileira, que é estreante em Olimpíadas, se classificou, com o tempo de 8min01s64, terminando no segundo lugar das semifinais, ficando atrás apenas da irlandesa Sanita Puspure. A tcheca Miroslava Knapkova foi a mais rápida entre as 24 competidoras, terminando a fase com o tempo de 7min42s57.

Treinador não quer que o favoritismo vire uma armadilha contra a Seleção

Chinesa expulsa vai se aposentar

A

chinesa Yu Yang (foto), atleta de badminton desclassificada dos Jogos Olímpicos por fazer “corpo mole” em uma partida, anunciou ontem que decidiu se aposentar do esporte. De acordo com a atleta, seus sonhos foram “destruídos” com a exclusão em Londres. “Essa foi minha última competição. Adeus Federação Internacional de Badminton, adeus meu amado badminton”, escreveu a jogadora de 26 anos na rede social Weibo.

Brasileiro fica fora dasatirador finais do t iro Filipe Fuzaro foi eliminado

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Australiano quebra vitrine e vai preso

O

remador australiano Joshua Booth jamais vai esquecer os Jogos de Londres, mas não será por causa de medalhas, até porque ele acabou em sexto lugar na prova do oito com. Após passar a noite bebendo em pubs britânicos, ele foi detido pela polícia ontem por ter danificado a vitrine de uma loja em Londres. O chefe de missão do país, Nick Green, confirmou a detenção do remador, mas negou que ele estivesse bêbado.

Vovô do hipismo fora da Rio 2016

M

ais velho atleta dos Jogos de Londres, o japonês de Hiroshi Hoketsu, de 71 anos, deixou a arena de Greenwich ontem, irritado com as falhas na sua apresentação, na disputa da primeira etapa da prova do adestramento de cavalo. O cavaleiro descartou a possibilidade de estender sua carreira olímpica até os Jogos do Rio em 2016 porque vai permitir que a égua Whisper (hoje com 15 anos) procrie depois da competição em Londres.

N

ão falem em ouro perto de Mano Menezes — pelo menos por enquanto. Apesar dos 100% de aproveitamento na fase de grupos e da queda de rivais favoritos, como Espanha e Uruguai, o treinador da Seleção Brasileira não quer cair na armadilha de contar com a medalha antes da hora. Precavido, vacinado pelas peças que o futebol costuma pregar, Mano rebate de pronto todos aqueles que dizem sentir o cheiro do ouro no ar. É difícil não olhar para o Brasil como o maior favorito. Mas Mano

prefere exaltar os adversários e pedir cautela aos jogadores na fase de mata-mata da competição. “Não tenho intimidade com o ouro. Não sei qual é o seu cheiro. Mas penso que está distante ainda. Disse aos jogadores que precisaríamos pensar jogo a jogo. Vamos pensar a partir de agora nas quartas de final e respeitar o nosso adversário na próxima partida. Só podemos pensar no cheiro do ouro quando chegarmos à decisão do torneio para disputá-la” – disse o treinador. A fase de mata-mata começa amanhã. O Brasil enfrenta Hondu-

medalha de ouro

n Vai para a judoca húngara Abigel Joo, que, mesmo sentindo fortes dores na perna esquerda, conseguiu derrotar a polonesa Daria Pogorzelec com um belo ippon, na repescagem pela disputa da medalha de bronze da categoria até 78 kg do torneio feminino. Após a vitória, ela foi ovacionada pelo público que assistia à luta no Complexo Excel. Abigel venceu a polonesa com um uchi-mata perfeito, no fim do combate, e que acabou lhe rendendo o golpe perfeito, após estar em desvantagem no placar com dois yukos de punição. A húngara sofreu a lesão ao cair com a perna imobilizada durante a luta contra a norteamericana Kayla Harrison, pelas quartas de final.

ras, às 13h (de Brasília), em Newcastle. Apesar do bom rendimento de alguns jogadores considerados reservas na partida contra a Nova Zelândia, a tendência é que o técnico mande a campo a equipe que ele considera titular. Uma única dúvida está no comando de ataque, entre Alexandre Pato e Leandro Damião. O atacante do Inter era o preferido até o início da competição, mas o goleador do Milan entrou bem no time na segunda partida da fase de grupos. Os dois disputam a posição na camaradagem e prometem aceitar qual fora a opção do treinador.

medalha de lata

Darren Staples/ reuters

n Vai para o judoca cubano Oreydi Despaigne, que deu uma de Mike Tyson e abocanhou o dedo de seu oponente, o uzbeque Ramziddin Sayidov, pelas oitavas de final da categoria até 100 quilos. Despaigne, que vencia o combate pelo placar de um wazari contra dois yukos do rival, mordeu a mão direita de Sayidov faltando menos de um minuto para zerar o cronômetro. No momento da mordida, os judocas seguravam um no quimono do outro. Ao sentir a dentada de Despaigne o uzbeque avisou o árbitro, que teve de recorrer ao vídeo para analisar o lance. Na sequência, o cubano foi desclassificado por atitude antidesportiva em decisão unânime dos juízes.

Rafael Ribeiro / CBF

atleta Tianwei Feng sai de Londres como a nova heroína nacional de Cingapura. Ao conquistar a medalha de bronze na categoria individual feminina no tênis de mesa, ela quebrou um jejum que já durava 52 anos. “Estamos todos orgulhosos de você”, afirmou o primeiro-ministro Lee Hsien Loong, em mensagem dirigida a atleta, que foi reproduzida pelos principais jornais do país. O detalhe é que a atleta, de 25 anos, na verdade nasceu na China e se naturalizou em 2008. Mas tá valendo...

respeito ao time de Honduras

Kim Kyung-Hoon/ reuters

A

n sem euforia Menezes pede

divulgação

Cingapura: fim de jejum após 52 anos

ontem na disputa por uma vaga nas finais do torneio de Tiro, na categoria fossa double. O brasileiro acumulou 131 pontos na eliminatória, terminando sua primeira participação em Jogos Olímpicos, na 17ª colocação. Na primeira rodada de disparos, Fuzaro acumulou 44 pontos, mesma pontuação da segunda etapa e um ponto a menos do que na terceira. A medalha de ouro foi para o britânico Peter Russel Wilson, com um total de 188 pontos. A prata foi para o sueco Hakan Dahlby e o bronze, conquistado pelo russo Vasily Mosin.

Herdeira da Velho Barreiro vai mal

O

Brasil não teve um dia muito feliz ontem nas provas de hipismo dos Jogos de Londres. A amazona Luiza Almeida (foto) estreou mal e só obteve a 22ª colocação na prova de adestramento, com 65.866 pontos. Agora, a brasileira precisará torcer contra os rivais para garantir a classificação para a próxima fase. De acordo com o regulamento olímpico, os 50 conjuntos se apresentam divididos em dois dias (25 ontem e mais 25 hoje) e classificam os conjuntos das sete melhores equipes e os 11 conjuntos que competem individualmente ou que fazem parte de equipes que não conseguiram avançar. A participação em Londres é a segunda de Luiza em Jogos Olímpicos. A amazona também esteve presente em Pequim 2008, quando tinha apenas 16 anos. Ela é a herdeira do grupo Tavares de Almeida, dono da cachaça Velho Barreiro e do Banco Luso Brasileiro.


jornal placar | SEXTA-feira, 3 de AGOSTO de 2012

Tênis Melo e Soares dão adeus a Wimbledon Dupla masculina do Brasil foi eliminada ontem ao perder por 2 a 0 para os franceses Tsonga-Llodra

M

arcelo Melo e Bruno Soares foram eliminados nas quartas de final do torneio de duplas dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. JoWilfried Tsonga foi, novamente, o carrasco dos brasileiros. O francês, que havia derrotado Thomaz Bellucci no torneio de simples, agora, ao lado de Michael Llodra, venceu Melo e Soares por dois sets a zero (6/4 e 6/2), em 1h01 de jogo. Agora, os franceses encaram pela

semifinal os espanhóis David Ferrer e Feliciano López. Na outra semi, mais franceses: Richard Gasquet e Julien Benneteau pegam a dupla número 1 do mundo, os irmão Bob e Mike Brian (EUA). Dez minutos antes de iniciar a partida contra os brasileiros, Tsonga jogou e perdeu para o sérvio Novak Djokovic por dois sets a zero (6/1 e 7/5), no torneio de simples. Djoko vai enfrentar na semifinal o britânico Andy Murray, que

eliminou o espanhol Nicolas Almagro, também por 2 a 0 (6/4 e 6/1). Na outra parte da chave, o número um do mundo, Roger Federer passou pelo americano John Isner por dois sets a zero (6/4 e 7/6) e agora encara o argentino Juan Martín Del Potro, que ganhou do japonês Kei Nishikori, também, por 2 a 0 (6/4 e 7/6). Hoje serão disputadas as duas duas semifinais: Federer x Del Potro (a partir das 8 h) e Djokovic x Murray (às 12h).

Duelo de Marias No torneio de simples feminino, uma das semifinais reserva um clássico duelo de russas: Maria Sharapova x Maria Kirilenko. Elas passaram por Kim Clijsters e Kvitova, respectivamente, ambas por 2 a 0, e disputam hoje uma vaga na final a partir das 10 horas. No mesmo horário acontece a outra semifinal, com a americana bicampeã olímpica das duplas, Serena Williams – que venceu a dinamarquesa Caroline Wosniack por dois sets a zero (6/0 e 6/3) –, contra a bielorrussa, Victoria Azarenka, que ganhou da alemã Angelique Kerber, também por 2 a 0 (6/4 e 7/5).

Clive Brunskill/Getty Images

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n outra vez Azarenka enfrenta Serena Williams hoje na semifinal

torres de londres Por Carlos Maranhão, de Londres

Um trem para Londres

-J

ogo fácil, né? — Foi um treino. — Quase três horas e meia de trem de Londres para Newcastle. Agora temos outras tantas de Newcastle até Londres. Sete horas de viagem e umas quatro na cidade, entre a chegada, o jogo e a saída. Valeu a pena ver ao vivo os 3 a 0 contra a Nova Zelândia? — Olha, a gente poderia ter assistido pela televisão. Não aconteceu grande coisa. Depois ligaríamos para alguém perguntando se o Mano Menezes e os jogadores disseram algo importante. Nunca dizem. Pronto, dava para escrever. — É, mas… — Pois é. De repente, tem uma frase. Uma observação. Uma cena. Uma historinha. Faz toda a diferença para o leitor. Ei, olha a Lua Cheia ali à esquerda. Linda! Está vendo São Jorge? É o padroeiro da Inglaterra. — E do Corinthians… Mas como descrever o que acontece numa Olimpíada se você não vê com seus olhos, não ouve os personagens com seus ouvidos? — Que personagens? Os jogadores passam rápido por essa zona mista mais de meia hora depois da partida. Todos com fone amarelo pendurado no pescoço. Reparou nos anéis de brilhante e no Rolex de ouro do Thiago Silva? Dizem uns clichês decorados e vão apressados para o ônibus. O Neymar é sempre o último, vem vindo devagar, como uma estrela. É o único que aparece de fone preto. Onde o Marcelo arranja lugar no corpo para tanta tatuagem? Joga um bolão, mas que máscara, hein? O Oscar é bonzinho, só que fica assustado quando qualquer repórter liga o gravador. Cadê o Ganso? Mesmo antes dessa nova

contusão (como o cara se machuca…) andava esquivo, triste. Alguém triste consegue jogar bom futebol? E o Pato, todo apressado para falar com o jornalista italiano que o espera? Alguns deles parecem mais preocupados em falar para os jornais dos países em que jogam do que para os brasileiros, não parecem? Enfim, qual é a ligação do Pato com o Brasil? Ele nunca jogou no Maracanã. — Não aguento mais o empurra-empurra dos repórteres na cerquinha da zona mista. É horrível, não quero parecer saudosista, mas… Ah, aí vem a mocinha com o carro de bebidas. Vou pedir uma taça de vinho para relaxar. Humm, horrível. Quente, sem graça… Saúde! — Saúde! Boa sorte para o Brasil no futebol e na Olimpíada. — O trem deu uma parada. Que estação é essa? — York. — Ah, Nova York não tem esse nome por causa dela? Trem também é cultura… — Eu estava falando que não quero ser saudosista. Mas em coberturas como esta lembro de minha época de repórter de esportivo. Você sabe, eu fazia matérias no Corinthians, no Palmeiras, no São Paulo, no Santos. Nunca, nunca na minha vida conheci um assessor de jogador de futebol. Nenhum tinha. Você queria entrevistar o Ademir da Guia – o Ademir da Guia, um

monumento palmeirense, um dos maiores jogadores que o Brasil conheceu! –, e fazia o quê? Ia ao treino no Parque Antártica, dava boa tarde para o Oswaldo Brandão, que fumava seu cigarrinho sentado no banco, ficava na porta do vestiário, às vezes até entrava, e esperava ele sair do banho. Sentávamos num canto para conversar, sem pressa. Se fosse uma reportagem maior, ele convidava para ir em casa. Era a mesma coisa com o Rivellino, com o Pedro Rocha… — E com o Pelé. — Com o Pelé. O Pelé! Para entrevistálo, bastava esperar sua chegada na Vila Belmiro. Será que o Neymar sabe disso? O Crioulo aparecia sozinho, dirigindo seu carro, sem ninguém ao lado. Sim, nós o chamávamos de Crioulo. Era um apelido carinhoso. Ele gostava. — Gostava. Não existia o politicamente correto. — “Vamos lá no vestiário”, dizia o Crioulo. Se não me engano, o armário dele ficava no canto esquerdo. Enquanto tirava a roupa e colocava o uniforme de treino, respondia as perguntas. Atencioso, gentil. Como era atencioso e gentil com os torcedores. Jamais vi o Pelé negar um autógrafo, um sorriso. Nem o Zico. Nem o Falcão. Ou o Sócrates. Acompanhei os três em muitos países, do Paraguai à Alemanha, além do Brasil inteiro. — É, a seleção jogava no Brasil. Como eles, aliás. — Se o repórter de uma rádio do Mato Grosso ou do

O Pelé! Para entrevistá-lo, bastava esperar sua chegada na Vila Belmiro. O Neymar sabe disso?

interior do Paraná pedia uma entrevista, eles atendiam com paciência. Era uma deferência para o radialista? Não, era um carinho para o ouvinte e o admirador do Mato Grosso ou do interior do Paraná. Outro dia, um colega que esteve com o Santos no Japão me contou como o Neymar tratava os fãs que tentavam se aproximar. Mas vamos deixar isso para lá. — Hoje qualquer jogador tem assessor de imprensa, assessor de marketing, assessor financeiro, assessor de imagem… São verdadeiras empresas. Para falar com um deles, é preciso passar por todas as barreiras. No máximo, depois de uma boa canseira, dão uma entrevista com tempo contado, dez, quinze minutos, e ficam olhando o relógio. — Relógio reluzente, por sinal. Parecem iguais: o mesmo fone, que colocam nos ouvidos para não escutar nada quando descem do avião ou saem do ônibus, um ou dois celulares na mão, os anelões, a correntona, nécessaire de grife, nariz levantado e, já sentiu?, o mesmo perfume. — Acha que vão ganhar a medalha de ouro? — Se não ganharem agora, sem a Argentina, sem a Alemanha, sem a Itália, sem a Nigéria e Camarões, com a Espanha e o Uruguai eliminados, não vão ganhar nunca. — Quer saber? Estou sinceramente torcendo por eles. — Eu também. Bola rolando, é a seleção brasileira. E o sucesso desse time pode ser a arrancada para nossa Copa do Mundo. — Finalmente! Estamos chegando a Londres. Viagenzinha demorada. — Bem, até sábado. Que venha Honduras. E que Atlanta, Sydney e Pequim não se repitam. — Combinado. Nos encontramos no próximo trem.


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