Jornal Placar Londres 2012 Ed 15

Page 1

edição 15

|

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

|

www.placar.com.br

LONDRES 2012 BRONZE!

GETTY IMAGES

REUTERS

Adriana Araújo (boxe) e Juliana e Larissa (vôlei de praia) vão ao pódio e Brasil chega à 100ª medalha na história

n EN LAS SEMIS Hermanos seguem e estão entre os 4

n NAS SEMIS Brasil agora encara Itália

fotos reuters

Brasil 1 x Argentina 1 Nos dois duelos das quartas, fácil vitória brasileira no vôlei e derrota doída no basquete


jornal placar | QUINTA-FEIRA, 9 de AGOSTO de 2012

Aquecimento frases

Editorial Por Miguel Icassatti

“Para a história minha e da Larissa, voltar para o Brasil com o bronze era uma questão de dignidade”

“Eu fui humilhada pelo presidente da Confederação e essa medalha cala a boca dele. Eu não caí de paraquedas aqui”

A jogadora Juliana, que faz dupla com Larissa no vôlei de praia. Favoritas ao ouro, elas só ganharam o bronze, ontem

A pugilista Adriana Araújo, logo após conquistar a medalha de bronze, criticando o dirigente Mauro Silva, que disse que ela não tinha condições de estar nos Jogos

As melhores imagens do 12º dia oficial de competições nos Jogos de Londres Acesse o conteúdo exclusivo do Abril em Londres e divirta-se com vídeos e jogos online Veja o quadro de medalhas e conheças as possibilidades brasileiras de melhorar o desempenho do país Releia as edições já publicadas do Jornal Placar durante os Jogos Olímpicos de Londres Em Berlim 1936, o handebol foi disputado ao ar livre; acesse mais curiosidades olímpicas

para ver na tv

Total

1

China

36

22

19

2

estados unidos

34

22

25

81

grã Bretanha

22

13

13

48

4

Coreia do sul

12

6

6

24

5

Rússia

11

19

22

52

6

França

8

9

11

28

7

alemanha

7

15

10

32

8

Itália

7

6

4

17

9

Hungria

6

2

3

11

10

Cazaquistão

6

0

2

8

11

Austrália

5

12

9

26

12

Holanda

5

4

6

15

13

Japão

4

13

14

31

14

irã

4

3

1

8

15

Coreia do norte

4

0

1

5

24

Brasil

2

1

7

10

n Quadro de medalhas atualizado até as 23h (horário de Londres). Confira o quadro atualizado em tempo real no site www.abrilemlondres.com.br

qbaú olímpico Por Olavo Guerra

Brasil no taekwondo taekwondo se tornou um esporte olímpico apenas em Sydney 2000. Antes disso, ele havia sido disputado em Seul 1988 e Barcelona 1992, mas apenas como esporte demonstração — o que não conta medalhas para o quadro. Hoje, às 7h45, o brasileiro Diogo Silva, campeão do Panamericano do Rio 2007, estreia em Londres 2012, na categoria até 68kg. Nesta categoria, o primeiro medalhista de ouro foi o americano Steven López, que repetiria a dose em Atenas 2004, mas na categoria até 80kg, além de ter ficado com o bronze em Pequim 2008. López estreia amanhã na Olimpíada.

n O bicampeão Lopez em ação em Sydney 2000

Esporte

Sexo

Disputa

Etapa

Brasileiros na disputa

5h15

Tae kwon do

M

68kg

Eliminatórias

Diogo Silva

5h30

Canoagem velocidade

M

C2 1 000m

Final

5h30

Atletismo

F

Salto em altura

Eliminatórias

7h35

Atletismo

M

4x400m

1ª rodada

8h00

Natação

F

Maratona aquática 10 km

8h30

Hipismo

9h00

Futebol

F

9h00

Luta livre

F

55kg

Eliminatórias

11h00 Ciclismo

M

BMX

Quartas de final

11h00 Vôlei

F

12h45 Boxe

F

13h00 Basquete

F

Semifinal

13h00 Handebol

F

Semifinal

13h15

F

Peso médio

Final

14h15 Luta livre

F

55kg

Final

15h20 Atletismo

M

Salto triplo

Final

15h30 Atletismo

F

800m rasos

Semifinais

15h00 Vôlei de praia

M

Decisão do bronze

15h30 Vôlei

F

Semifinal

15h45 Futebol

F

Final

16h00 Atletismo

M

800m rasos

Final

16h20 Atletismo

F

4x100m

1ª rodada

16h30 Handebol

F

16h55 Atletismo

M

200m rasos

Final

17h00 Atletismo

F

Lançamento de dardo

Final

17h00 Basquete

F

Semifinal

17h00 Vôlei de praia

M

Final

18h30 Tae kwon do

M

77

3

O

Hora

Boxe

Adestramento individual

Poliana Okimoto Grand Prix Freestyle Decisão do bronze

Semifinal Peso leve

Final

Semifinal

68kg

Final

Joice Silva

FOTO: GETTY IMAGES

País

Huang Yubin, técnico da equipe chinesa de ginástica, que não sabe perder, sobre a vitória do brasileiro Arthur Zanetti nas argolas

Os destaques e o melhor conteúdo www.abrilemlondres.com.br exclusivo sobre Londres 2012 na internet Destaques do Site

JORNALPLACAR@abril.com.br

q Quadro de medalhas

“Eu só posso dizer que esta medalha não foi conquistada de maneira honrosa pelo Brasil. 6 de agosto de 2012 é uma noite obscura na história da ginástica”

FOTOS GETTY IMAGES

O

Brasil é o país das oportunidades. “Em se plantando tudo dá”, já escrevia Pero Vaz de Caminha à Sua Majestade o Rei de Portugal, em 1500, relatando o que acabara de encontrar na nova terra. Sim, é o país das oportunidades e das chances perdidas. Anteontem, Chana & cia. tinham nas mãos a vaga para as semifinais do handebol feminino, mas durante 8 minutos chutaram várias bolas para fora. Viram a Noruega virar, fechar o jogo por 21 x 19, e carimbar a vaga às semis dos Jogos. Ontem, foi a vez de Nenê, Huertas e seus colegas desperdiçarem 12 dos 24 lances livres na derrota para a Argentina por 82 x 77 no basquete masculino. Se tivessem perdido apenas a metade disso, teriam virado uma inédita página na história. Mas o final foi infeliz, de novo.

Adam Pretty/Getty Images

PAULO VITALE

02


jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Aquecimento

03

Os jogos que você não vê

Por Alexandre Battibugli, de Londres

Fundador:

terrinha A amazona brasileira Luciana Diniz compete na final de saltos pela equipe de Portugal

VICTOR CIVITA (1907-1990) Presidente e Editor:

Roberto Civita

Vice-Presidente Executivo:

Jairo Mendes Leal Conselho Editorial:

Roberto Civita (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (VicePresidente), Elda Müller, Fábio Barbosa, Giancarlo Civita, Jairo Mendes Leal, José Roberto Guzzo, Victor Civita Diretor de Assinaturas: Fernando Costa Diretor Geral Digital: Manoel Lemos Diretor Financeiro e Administrativo:

Fabio Petrosi Gallo

Diretora Geral de Publicidade:

Thaís Chede Soares

Diretor de Planejamento Estrateegico e Novos Negócios: Daniel de Andrade Gomes Diretora de Recursos Humanos: Paula Traldi Diretor de Serviços Editoriais:

Alfredo Ogawa

Diretora Superintendente: Claudia Giudice Diretor de Núcleo: Sérgio Xavier Filho

Diretor de Redação: Maurício

Barros

Editor-chefe: Miguel Icassatti Coordenação: Silvana Ribeiro Colaboradores: Nelson Nunes (edição), Alex

Xavier, Marcelo Goto, Pedro Proença, Simone Tobias (reportagem), Olavo Guerra (repórter estagiário), Michel Spitale (edição de arte), Leonardo Eichinger, Marcos Vinícius Rodrigues (designers), Eduardo Blanco e equipe (tratamento de imagem) PLACAR Online: Marcelo Neves (editor) www.placar.com.br ABRIL EM LONDRES Online: Alexandre Ciszewski, Filipe Prado, Marília Passos, Thiago Sagardoy (colaboradores) www.abrilemlondres.com.br

Em São Paulo: Redação e Correspondência: Av. das Nações Unidas, 7221, 14º andar, Pinheiros, CEP 05425-902, tel. (11) 3037-2000, fax (11) 30375597 Publicidade São Paulo www.publiabril.com.br Classificados tel. 0800-7012066, Grande São Paulo tel. (011) 3037-2700 JORNAL PLACAR Especial Olimpíadas Londres 2012 é uma publicação diária da Editora Abril com distribuição gratuita entre os dias 26/07/2012 a 13/08/2012, em São Paulo, pela distribuidora Logway. PLACAR não admite publicidade redacional. IMPRESSO NA TAIGA Gráfica e Editora Ltda.

Av. Dr. Alberto J. Byington, 1808, Cep 06276-000, Osasco, SP TIRAGEM 50.000 EXEMPLARES

Presidente do Conselho de Administração:

Rober­to Civi­ta

Presidente Executivo:

Fábio Colletti Barbosa Vice-Pre­si­den­te:

Giancarlo Civita Esmaré Weideman, Hein Brand, Victor Civita www.abril.com.br

papo triplo - Três perguntas para Magic Paula Ex-jogadora de basquete, 50 anos. Em quadra, Paula conquistou muitos títulos durante os 22 anos que esteve em quadra defendendo o Brasil. Atualmente, ela se dedica a um projeto de apoio a atletas de várias modalidades, de olho no Rio 2016. Em Londres, ela comentou os jogos da seleção feminina para a televisão e não está surpresa com o resultado.

1

O que você está achando da participação da equipe masculina de basquete? Não é surpresa para mim que a equipe iria bem, eu confio muito nesta seleção. É muito difícil um grupo chegar equilibrado física e mentalmente num esporte de alto nível e manter a harmonia em quadra. Há quem jogue na NBA, fique no sentado no banco sem reclamar e, quando joga, faz o melhor. Isso é um diferencial.

2 3

O que faltou à equipe feminina de basquete? Estamos numa entressafra de atletas. O Brasil não preparou bem as peças de reposição. Há meninas com pouca experiência e houve uma fragilidade na preparação final que deveria ter sido realizada com mais antecedência.

Como mudar essa realidade para Rio 2016? O Brasil precisa ter consciência que o esporte precisa de um investimento na base para que tenhamos bons resultados. Se isso não mudar, vamos fazer a decoração da casa, mas não vai ter gente para colocar na festa. Hoje, estamos nos escorando em atletas que estão jogando há mais de duas olimpíadas, já garantiram resultados, mas não temos novas promessas. Esse leque precisa ser ampliado.

Twitadas olÍmpicas “Vou fazer uns exames! Vamos torcer! Obrigado pelas mensagens!” Leandro Vissotto (@leandrovissotto), do vôlei, que sofreu uma pequena lesão na partida de ontem, contra a Argentina “Hoje, às 16 horas, no Brasil, jogo contra a Argentina... VAMOS BRASIL. #unidosporumsonho” O americano naturalizado brasileiro, Larry Taylor (@BrasiLarry), do basquete, antes da decisiva partida contra a Argentina “Ae, galera! Estou feliz demais! Obrigado a todos pela torcida!” Renato Rezende (@RezendeBMX), após garantir a 8ª colocação no primeiro dia de competições do BMX “Estou simplesmente com o sentimento de perda. Como dói :-(“Daniela Piedade (@Danao05hypo), do handebol, triste com a eliminação brasileira contra as norueguesas “A luta continua... E a energia de vocês é essencial! Vamos juntos!!!” Bruninho (@brunorezende1), levantador do vôlei, após a vitória do Brasil nas quartas-de-final


jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

04

vôlei n contrates

Deu samba!

REUTERS/Ivan Alvarado

Enquanto os brasileiros vibram (ao lado), adversários ficam desolados após vitória do Brasil pelas quartas-de-final

n sheilla amiga A oposto foi bem nas quartas contra a Rússia

Feminino faz jogo da paciência

fotos REUTERS/Ivan Alvarado

reuters

D

Time de Bernardinho atropela argentinos e avança às semis. Itália será o adversário Da redação

A

Argentina dançou seu último tango no torneio de vôlei masculino, ontem, nos Jogos Olímpicos 2012. O Brasil não teve dificuldades para fazer 3 a 0 (25/19, 25/17 e 25/20) nos “hermanos” em partida válida pelas quartasde-final do vôlei, em Londres. O triunfo permitiu ao Brasil avançar para as semifinais, quando vai enfrentar a Itália, que bateu os Estados Unidos pelo mesmo placar. O confronto com os italianos é uma

reedição da semifinal dos Jogos de Pequim 3008, vencida pelo Brasil por 3 sets a 1. A rápida vitória sobre os argentinos foi construída graças a uma grande atuação de pelo menos três jogadores: Murilo, que fez 12 pontos de ataque e dois de bloqueio; Sidão, que virou 12 bolas (duas das quais no saque e uma no bloqueio); e Wallace, autor de 11 pontos (três deles no bloquio). Além deles, a vitória também passou pelas mãos do levantador Bruninho, que confirmou a boa fase e cansou de mandar bolas azeitadas para os atacantes.

O primeiro set não foi difícil. Começou com as equipes se estudando, mas o Brasil logo passou a defender bem e a explorar a fragilidade do bloqueio argentino, fazendo 14/8 com facilidade. O bloqueio do time de Bernardinho também funcionava bem e a Argentina passou a esmorecer. E o Brasil fechou em 25/19. No segundo set, o Brasil decidiu forçar o saque, mas a estratégia não foi inteligente, uma vez que a seleção concedeu cinco pontos nos erros do fundamento aos inimigos. O equilíbrio inicial

desapareceu na reta final do segundo set, quando o Brasil abriu 17/13 e, sem maiores dificuldades, fechou em 25/17. Na etapa final, já com o pé no freio, a seleção fechou em 25/20. “Gostei do jogo. O Brasil foi taticamente bem, mostrou frieza, teve poucos erros. Foi um bom jogo”, analisou o treinador Bernardinho, em entrevista ao SporTv ao fim do duelo. Já os argentinos deixaram a quadra cabisbaixos, com lágrimas nos olhos, certos de que perderam mais uma para um rival que não é qualquer um.

A

pesar da vitória sobre a Argentina, uma importante baixa deixou a seleção apreensiva: o oposto Leandro Vissotto sentiu uma lesão muscular na coxa direita. Os médicos da seleção ainda não sabem se o atleta estará recuperado a tempo para ajudar o time na fase decisiva dos Jogos Olímpicos de Londres. Ele será avaliado, mas Bernardinho está cético quanto à sua recuperação. “Se realmente confirmarem que ele não joga mais,

é uma perda significativa. Tenho esperança, mas é muscular, é difícil. E o Vissotto não é um jogador de rápida recuperação. Estou mais pessimista do que otimista. Mas a gente tem que jogar com o que tem. O time todo confia no Wallace, é um garoto que está entrando bem. É um peso grande, mas ele tem se saído bem e pode trazer coisas positivas. Hoje à noite já vou fazer um trabalho com o Thiago”, revelou o treinador e comandante brasileiro.

REUTERS/Ivan Alvarado

Vissotto sente lesão na coxa e pode ficar fora da semifinal

Vissotto também demonstrou apreensão e receio de ficar fora da reta final.“Estou arrasado e com muito dor, nunca senti isso antes. É como se estivesse rompendo o músculo”, desabafou o jogador entrevista à TV Record. “Agora é esperar os exames para ver o que aconteceu e torcer para que não tenha sido nada grave”, acrescentou. Apesar da trsiteza e tensão do momento, Lucão, ao final do jogo, deu um conselho para o amigo, em tom de brincadeira: “Você tem que tomar um banho de sal grosso”.

epois de despachar a Rússia de Gamova e Sashklova, o Brasil não deve esperar vida fácil contra o Japão, na batalha semifinal de hoje, às 15h30 (horário de Brasília). Se já não bastasse a velha tradição de ter uma das melhores defesas do mundo, a atual equipe janponesa leva para quadra o handicap de ter o saque mais eficiente da competição, com nada menos que 29 pontos até aqui, com destaque para a central e capitã Erika Araki, que já anotou 7 pontos neste fundamento. Além dela, as nipônicas contam com a oposto Saori Kimura em estado de graça. Ela já fez 117 pontos no torneio. Somente na partida contra a China, anotou 33 pontos, mesma marca da ponteira Yukiko Ebata. No Pré-Olímpico do ano passado, disputado no Japão, as orientais venceram as brasileiras com relativa facilidade, por 3 sets a 0 (26/24, 25/19 e 25/23). “Do ponto de vista físico, as japonesas sempre foram ágeis e velozes. Porém, no último ciclo olímpico, vêm desenvolvendo um trabalho de força para aprimorar a potência e isso se reflete no estilo de jogo”, analisa José Elias de Proença, preparador físico da seleção brasileira. Além de terem desenvolvido o ataque, as japonesas vão muito bem na defesa. “Será um jogo de paciência”, prevê Sheilla, destaque do Brasil na emocionante vitória sobre a Rússia.Leia-se, por paciência, um jogo de muitos ralis, com pontos de longa duração. Para neutralizar o ataque japonês, será imprescindível que o Brasil mantenha o bom nível defensivo demonstrado na partida contra a Rússia e que continue eficiente no ataque, especialmente pelo meio de rede, onde tem se destacado Thaísa. Contra a Rússia, ela fez 19 pontos de ataque e 5 no bloqueio.



jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

06

Basquete

n paredão argentino Marcelinho para na mrcação dupla de Scola e Gutierrez

alexandre battibugli

Deu tango... Em jogo equilibrado, Brasil perde por 82 x 77 para a Argentina e diz adeus ao sonho de medalha Por Marcos Sergio Silva, De Londres

O

Brasil deu adeus ontem ao torneio de basquete dos Jogos Olímpicos de Londres ao perder por 82 x 77 para a Argentina. A seleção agora disputa o torneio de consolação. O maior duelo das Américas, só que no basquete. Não era a mesma rivalidade do futebol, mas o clima na arena de North Greenwich, para onde migrou o esporte nas quartas de final, era de clássico. E foi assim, com gritos ouvidos no

gramado, que o jogo começou. Valia vaga na semifinal. Era a chance de o Brasil conquistar uma medalha que não vinha entre os homens desde a Olimpíada de 1964, em Tóquio. Para os argentinos, a chance de consolidar uma hegemonia continental, ouro em Atenas 2004 e bronze em Pequim 2008. Era a hora de confirmar em quadra a recuperação do basquete brasileiro, justamente pelas mãos do técnico que deu o primeiro ouro ao vizinho, o argentino Ruben Magnano. Marcelinho Huertas mais uma vez comandou a seleção no primei-

Quem pega quem nas semifinais R

ússia e Espanha fazem o primeiro confronto das semifinais do basquete masculino, amanhã, na arena North Greenwich. Ontem os russos bateram a Lituânia por 83 a 74, pelas quartas-de-final, em um jogo relativamente tranquilo. O mesmo não aconteceu no outro duelo, entre Espanha e França. Em um jogo nervoso, que teve até empurra-empurra no final, o time espanhol despachou os adversários por 66 a 59. A Argentina, que eliminou o Brasil, encara os EUA, que passaram pela Austrália por 119 a 86 sem dificuldade. Horas antes do jogo, Lebron James, Kobe Bryant e cia. seguiam de trem para a arena North Greenwich. A caminho da nova casa do torneio olímpico, jogadores norteamericanos chamavam a atenção de quem cruzasse o caminho deles. Esbanjando simpatia, os gigantes de uniforme azul distribuíam brindes e trocavam tapinhas com as mãos, como um divertido grupo de universitários curtindo férias de verão.

ro quarto, acertando três cestas de três e outras duas de dois pontos. A vantagem, de 26 x 23, pequena, era boa para o início do jogo, mas expunha falhas. Quando Nenê errou dois lances livres, a Argentina virou, com duas três pontos de Delfino. Magnano trocou Varejão por Larry Taylor e acertou a marcação. Mas o segundo quarto... Com erros de finalização, o time brasileiro deixou os argentinos virarem. Quando Magnano pediu tempo pela primeira vez, faltando 4min43 para o fim da etapa, a Argentina já dominava o placar por 35 x 34. O retorno, no entanto, não foi nada bom. A Argentina abriu seis pontos de vantagem e fechou em 46 x 40 a primeira metade do jogo graças ao aproveitamento nas bolas de três pontos (cinco acertos em 13 arremessos) e nos erros brasileiros em lances livres — acerto de apenas cinco dos 12 tiros diretos concedidos. O Brasil deveria mudar a postura, se quisesse sair com a vaga, quem sabe inspirar-se nos acrobatas que divertiram a plateia no intervalo com um show de enterradas. Mas foi a Argentina quem

voltou mais elétrica, com Scola e Ginobili acertando suas cestas. Faltando seis minutos, a vantagem adversária já era de dez pontos, e Magnano pediu mais uma vez tempo. E nada de acertar. A Argentina chegou a abrir 14 pontos. No final do terceiro quarto, o Brasil chegou a baixar para oito pontos a vantagem, mas a etapa terminou em 64 x 54, com um lance curioso: o arremesso do platino Leonardo Gutierrez parou entre a cesta e o garrafão. O último quarto deu esperança. Principalmente quando, faltando quatro minutos para o fim do período, Alex Vieira enterrou e deixou o Brasil a apenas dois pontos dos argentinos. Foi um lapso do rival. Em pouco tempo, eles retomariam a vantagem de seis pontos, mas Leandrinho, o melhor da segunda etapa, acertou uma cesta de três pontos e colocou a seleção no jogo. Não foi o suficiente. A Argentina domou os nervos e parou a reação. Terminou com 82 x 77. Ao Brasil, resta disputar o quinto lugar, um prêmio de consolação para o novo basquete nacional.

“Nosso futuro tem que estar além de 2016”, diz Magnano

S

entado à mesa da sala de imprensa da North Greenwich Arena, o técnico Rubén Magnano levantou-se e cumprimentando os dois argentinos que o cercavam, o técnico Julio Lamas e jogador Andres Nocioni. “Parabéns, vocês foram melhores.” É parte do caráter de Magnano, argentino como eles, reconhecer acertos e erros. Ontem, preferiu enxergar os acertos da preparação em detrimento dos erros do jogo. “Não estou feliz em relação a uma partida, mas sim a um trabalho.” O treinador disse que só com uma reforma estrutural é possível brigar por posições melhores no basquete. “Para ter jogadores na seleção é preciso ter quantidade de atletas, e para isso é preciso ter também clubes. No Brasil não existe isso. É preciso dar espaço nas escolas, nos clubes, nas igrejas para que joguem basquetebol. Nosso futuro tem que estar além de 2016”, disse Magnano. (M.S.S.)



jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

08

futebol

Mano bate recorde de vitórias... só falta o ouro Depois de cinco triunfos seguidos, técnico exalta trabalho do grupo e sabe que medalha pode garantir seu emprego na CBF Da Gazeta Press

Stanley Chou/Getty Images

S

n INVICTO Se ganhar o ouro, equipe de Mano terá 100% de aproveitamento

O xerifeThiago Silva, líder do time dentro de campo, diz que a seleção melhorou com a entrada de Alex Sandro no lugar de Hulk e espera sair de campo, sábado, com a medalha de ouro no peito Por Marcos Sergio Silva, de Londres

T

hiago Silva é o líder do time que disputa, no sábado, a final olímpica do futebol, a terceira da história da Seleção Brasileira. Capitão do time, é ele quem dá a cara a tapa. Com o desempenho irregular do jovem Juan na zaga, o defensor do Paris Saint Germain tem segurado as pontas da defesa. É um tipo diferente de jogador — aquele que não se esconde, que aponta defeitos e os corrige. Um sucessor natural para Lúcio, o zagueiro campeão mundial em 2002 e o melhor jogador brasileiro nas duas Copas seguintes. Contando as horas

para botar a medalha de ouro no peito, Thiago Silva falou com o JORNAL PLACAR sobre a perspectiva para a final de sábado, contra o México, em Wembley. Como você analisa o desempenho deste grupo na Olimpíada? Trabalhamos de uma forma legal, todo mundo se ajudando. Nos momentos de dificuldades, todo mundo tá correndo para ajudar na parte defensiva. Falta a final, né? Nós sonhamos tanto com esse momento, e chegamos. Agora é ter respeito com o adversário, que chegou aqui com os mesmos méritos que a gente. Vai ser jogo bom. Por-

A formação da semifinal, com o Alex Sandro e sem o Hulk, é a ideal? Não posso falar que é a ideal, porque a gente tem muito respeito (pelo grupo). Desde o momento que o Mano anunciou o Alex Sandro

n XERIFE Thiago Silva está de olho em Giovanni, do México

Em defesa de Neymar

Criticado pelo individualismo em alguns momentos, Neymar vem se destacando nas Olimpíadas também ao oferecer assistências para seus companheiros, como no primeiro gol de Leandro Damião diante da Coreia do Sul. Mano Menezes apontou a evolução do santista no time olímpico. “Às vezes, a necessidade te obriga a achar outras soluções. Enfrentar times que não oferecem tantos espaços obriga o Neymar a jogar de forma diferente. Não é possível pegar a bola, colocar o pé em cima e esperar 10 segundos. Toda vez que você parte para o drible, que é tão bonito e gostamos tanto, perde de 30% a 40% da capacidade de passar”, disse Mano.

como titular, eu olhava na cara do Hulk e não via um semblante de preocupação. O Hulk sabe que as coisas mudam o tempo todo. É difícil se colocar no lugar do treinador e saber que ele tem que colocar só 11 em campo e tem sete com a mesma qualidade no banco.

que os dois jogam para a frente. Espero que essa partida possa mostrar que vai ser uma final de Olimpíada. Na semi, não foi fácil.

Stanley Chou/Getty Images

Palavra de capitão

e Mano Menezes sofreu uma série de críticas no ano passado em função da eliminação na Copa América e chegou a ficar pendurado no cargo de técnico da Seleção Brasileira, a disputa em Londres já lhe garantiu um feito inédito antes mesmo da disputa pela sonhada medalha de ouro. O comandante bateu o recorde de vitórias seguidas pelo país nos Jogos Olímpicos. Anteriormente, o Brasil tinha como melhor marca na competição uma sequência de quatro vitórias, obtidas em Seul 1988 e Pequim 2008. Desta vez, Mano chega à decisão com 100% de aproveitamento, com vitórias sobre Egito, Bielorrússia, Nova Zelândia, Honduras e Coreia do Sul. Os rivais não carregam grande tradição, mas o técnico valoriza a marca. “O mais importante é que a Seleção volta a uma final olímpica depois de 24 anos, o que mostra que não é fácil porque não faltava qualidade nas outras equipes que ficaram pelo caminho”, compara. O recorde é um importante cartão de visitas à atual comissão técnica, mas a medalha de ouro seria a conquista perfeita para Mano Menezes seguir sem críticas pelos próximos meses. E o principal: ganhar definitivamente a confiança

do novo presidente da CBF, José Maria Marin, para comandar o time no Mundial de 2014. O jogo que pode mudar a vida de Mano está marcado para as 11 horas (de Brasília) de sábado, em Wembley, contra o México. “O grupo tem um grande mérito por alcançar esse resultado, mas ainda é só uma final, agora teremos a parte mais importante”, alerta Mano Menezes, que, por enquanto, ganhou apenas o simbólico Superclássico das Américas contra a Argentina, no comando do time pentacampeão mundial.

Mas a seleção não sofreu gols justamente nos jogos em que o Alex Sandro entrou... A gente tem um comportamento muito diferente. Porque o Marcelo tem muito mais liberdade para jogar. Quando o Marcelo vai para frente, o Alex Sandro fica, já tem característica de lateral. Quando o Alex vai, o Marcelo fica atrás. O jeito que jogamos contra Nova Zelândia e a Coreia do Sul deu uma sustentação muito grande, principalmente na esquerda, onde jogam o Neymar, Marcelo e o Alex Sandro. É um equilíbrio que a gente espera manter para a final.

Qual a diferença daquele México que venceu o Brasil, nos Estados Unidos, e o de hoje? Os jogadores podem ser diferentes, mas a formação tática é a mesma. Eles têm um jogador com muita inteligência no meio-campo, que é o Giovanni dos Santos. A gente sabe o ponto principal do nosso adversário, e eles o nosso. Vai ser um jogo decidido no detalhe. Espero que a gente possa errar um pouco menos. Deu para perceber que o México trabalha melhor a bola que os adversários que o Brasil enfrentou até agora, concorda? É um time que gosta de jogar muito com a bola no pé, não tem muito lançamento. E o lançamento que tem que passar pelo meio-campo, com o Giovanni. Acredito que, para o público, vai ser muito interessante esse jogo. E que esse sonho nosso seja cumprido.



jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

10

FUTEBOL

um conto de duas cidades Por Jonas Oliveira, de Londres

Uma chance de ouro (24 anos depois)

S

ediar a Olimpíada logo após Londres não será uma tarefa fácil para o Rio de Janeiro. A lembrança de tudo o que tem funcionado bem na capital inglesa fará constante sombra à organização carioca, que em muitos casos não terá como concorrer com os londrinos. Mas há um aspecto em que o Rio de Janeiro pode superar os britânicos com facilidade: a mascote das Olimpiadas. Londres é, na minha opinião, uma das edições dos Jogos com as mascotes mais insossas de todos os tempos: Wenlock, para os Jogos Olímpicos, e Mandeville para os Paralímpicos. Ambos são animações definidas pela organização como “gotas de aço que possuem uma câmera como olho”. Não me surpreende que a procura por visitas das mascotes em escolas britânicas tenha sido baixa. Na verdade, foram poucas as mascotes ao longo da história que de fato tiveram algum destaque. A primeira Olimpíada a contar com mascotes foi a da Cidade do México 1968 — uma pomba e um jaguar que sequer ganharam nomes. A mais bem-sucedida nesse critério foi Moscou 1980, com seu ursinho Misha. Animal símbolo da União Soviética, o urso teve participações marcantes nas cerimônias de abertura e encerramento, quando um mosaico o fez chorar ao fim dos Jogos. A ultima mascote a experimentar certa fama foi o cãozinho desenhado em estilo cubista Cobi, de Barcelona 1992, que ganhou até seu próprio desenho animado. Em Atlanta 1996, a mascote foi uma forma abstrata chamada Izzy, e desde Sidney 2000, todas as cidadessede decidiram ter múltiplas mascotes — em Pequim 2008 foram cinco. Alguém se lembra o nome de algum deles? Acho improvável. A mascote olímpica do Rio 2016 ainda não foi escolhida, mas já existe campanha para que seja um macaco da espécie muriqui, que esta ameaçada de extinção – o que me parece uma boa escolha. A decisão pode parecer algo secundário perto de outras prioridades das quais a organização tem que dar conta, mas uma boa mascote pode garantir que os Jogos tenham maior apelo junto as crianças e ajudem a criar uma memória positiva do evento. O Rio 2016 poderá ser lembrado como a Olimpíada que salvou as mascotes da extinção.

RODOLPHO MACHADO

Geração de Neymar e Lucas busca superar atletas que ganharam a prata em Los Angeles 1984 e Seul 1988

Mascote em extinção

A mascote Wenlock foi definida como ‘gota de aço com uma câmera no olho’

Da Gazeta Press

C

Quatro anos depois, o time já contava com jogadores considerados mais promissores, mas a falta de dinheiro era a mesma. Enquanto futuros tetracampeões como Romário, Bebeto e Taffarel começavam a aparecer para o mundo dentro de campo, fora dele a delegação precisava se desdobrar, recorrendo a em-

n SEUL 1988 Taffarel (gol), Bebeto e Romário (agachados à esq.) no time préstimos com dirigentes sulamericanos, para conseguir dinheiro a fim de realizar tarefas simples, como lavar a roupa. Com a bola rolando, o Brasil, comandado por Carlos Alberto Silva, encontrou poucas dificuldades na primeira fase, marcando nove gols em três jogos e sofrendo apenas um. Os jogos ficaram mais difíceis a partir das quartas de final, quando a Seleção venceu a arquirrival Argentina por um apertado 1 a 0. Depois, na semifinal, após um empate por 1 a 1 com a Alemanha no tempo regulamentar. Nos pênaltis, Taffarel deu os primeiros indícios do que seria uma de suas maiores qualidades como goleiro, salvando dois e levando o Brasil à final.

Com o moral alto pelas dificuldades superadas, a Seleção chegou confiante ao jogo decisivo, contra a União Soviética. Quando Romário abriu o placar aos 30 minutos do primeiro tempo, de cabeça, o inédito primeiro lugar do pódio parecia cada vez mais perto. Aos 17 minutos do segundo tempo, no entanto, Dobrovolski empatou. Savichev, já no final da prorrogação, marcou o segundo dos soviéticos, selando a segunda prata do Brasil. De lá para cá, foram apenas dois bronzes, em Atlanta 1996 e Pequim 2008. Tabu que finalmente pode cair às 11 horas (de Brasília) do próximo sábado, quando o Brasil enfrenta o México no Estádio de Wembley, em Londres.

Streeter Lecka/Getty Images

Geração do Tetra

n LOS ANGELES 1984 Equipe-base foi o Internacional (RS) PEDRO MARTINELLI

om a vitória de terça por 3 a 0 sobre a Coreia do Sul, o Brasil terá a sua terceira chance de conquistar o “Eldorado” do futebol nacional: a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos. Em Los Angeles 1984 e Seul 1988, a Seleção fez campanhas consistentes nas primeiras etapas e chegou às finais, mas acabou com a prata em ambas as ocasiões. Em Los Angeles, diante da dificuldade para conseguir a liberação de atletas que disputavam o Campeonato Brasileiro, o técnico Jair Picerni optou por montar um time cuja base era o Internacional, já eliminado da competição. Figuravam na equipe brasileira jogadores que mais tarde teriam destaque no futebol nacional, como Dunga, Mauro Galvão e Gilmar Rinaldi, todos oriundos do Colorado. A fórmula deu certo. Nas cinco partidas até a final, o Brasil manteve 100% de aproveitamento, marcando oito gols, sofrendo dois, e derrotando forças do futebol como Alemanha e Itália. Na final contra a França, a falta de experiência pesou, nas palavras do próprio Jair Picerni, e a Seleção foi derrotada por 2 a 0 diante do maior público olímpico de todos os tempos, no Rose Bowl: 101.799 pessoas.

n bolt e a mascote Sem apelo popular, a mascote teve pouco impacto entre as crianças britânicas



jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

12

Boxe

Mulheres de bron

Adriana perde luta e nocauteia cartola do boxe Lutadora diz que presidente da Confederação Brasileira de Boxe não acreditava nem mesmo na classificação dela para a Olimpíada

MEDAL CENTEN

A luta

Em um ritual diferente, Adriana ontem entrou primeiro no ringue e de vermelho. A russa Sofia Ochigova, de azul, vestia uma touca rosa. A brasileira estudou a adversária e acertou o primeiro golpe. A luta foi equilibrada até o final do round, com empate em 3 x 3. No segundo assalto, Sofia avançou mais e rompeu a guarda da brasileira. Acertou mais golpes e pontuou, terminando a etapa com 5 x 3. No penúltimo round, Ochigova permaneceu dando poucos espaços para a brasileira. Aos 30 segundos, o técnico Cláudio Aires pediu tempo. Adriana voltou à luta, mas continuou em desvantagem: vitória russa novamente por 5 x 3. Era preciso tirar quatro pontos no último round. Mas Adriana levou um direto no rosto que desfez suas chances. No final foi abraçada pela russa, e juntas as duas caminharam até o juiz. Adriana levantou os braços para a torcida. Era a hora de esperar o resultado final. E séria viu os jurados darem a vitória a Ochigova por 17 x 11.

desabafo Adriana Araújo aproveita momento de glória olímpica e dá cala-boca em dirigente

Filhos de Touro Moreno garantem duas medalhas

O Brasil chegou em Lond (20 ouros, 25 pratas e 46 bron nos Jogos Olímpicos. Se já não b meira mulher a conquistar uma m lha no boxe, a pugilista Adriana A entra para a história por ser tamb ganhadora da centésima medalh Brasil na história das Olimpíad contagem não para. Ontem mes país já faturou a 101ª, com a Larissa/Juliana, no vôlei de pr já há mais pódios garantid vôlei de praia masculin futebol, no boxe

O

ex-boxeador Touro Moreno deve estar saltitante. Seus dois filhos cumpriram a promessa e vão voltar de Londres com medalhas para presenteá-lo. Depois do médio Esquiva Falcão garantir um bronze na categoria até 75 kg, ontem, foi a vez do irmão, o meio-médio Yamaguchi Falcão, seguir mesmo caminho. Na categoria até 81 kg, ele venceu o cubano campeão mundial Julio La Cruz Peraza e segue na disputa pelo ouro. No boxe, não há disputa de terceiro lugar. O adversário, que eliminou Yamaguchi no Pan de Guadalajara, era favorito. E atacou mais. Mas o brasileiro cuidou da defesa, foi paciente e encaixou os golpes na hora certa. Vernceu por 18 a 15 e volta ao ringue na sexta pela semifinal. n sem dó Yamaguchi enche o cubano de golpes e ganha mais uma

rEUTERS/Murad Sezer

A

driana Araújo, a primeira mulher medalhista olímpica do boxe brasileiro, saiu com raiva ontem do ringue montado no centro de convenções ExCel, em Londres. E não era por ter perdido a luta para a russa Sofia Ochigova. A boxeadora, medalha de bronze na categoria peso leve em Londres, disparou contra o presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Mauro José da Silva. Antes da Olimpíada, o cartola questionou o rendimento da atleta, que não queria treinar no Centro de Treinamento do Clube Escola Santo Amaro, em São Paulo, e sim na Bahia, com seu técnico Luís Dórea. Silva proibiu que a equipe treinasse em um lugar diferente do indicado pela confederação. “O presidente da confederação menospreza o boxe feminino. Fui muito mais vezes humilhada por ele. Agora mesmo ele disse que eu não tinha condição nenhuma de classificar. Mas, para calar a boca dele, classifiquei e fui medalha de bronze”, disse, logo depois da luta. Nervosa, prosseguiu: “O povo brasileiro não sabe o que a gente passa. Não dou ouvidos para o que ele fala. Muitas vezes me tirou da seleção, dizendo que não tinha nível. Mas não caí de paraquedas. Meu currículo mostra que há 12 anos eu trago resultados para a seleção.”

Por meio da Confederação Brasileira de Boxe, Mauro justificouse, dizendo que a “seleção trabalha com alto rendimento” e por isso era preciso que os atletas ficassem concentrados em São Paulo. Sobre as demais críticas de Adriana, ele não comentou.

REUTERS/Damir Sagolj

Por Marcos Sergio Silva, de Londres


jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

nze

vôlei de praia

13

Claro que todo mundo sonha com o lugar mais alto do pódio, mas nem tudo o que reluz é ouro na vida de um atleta olímpico. Por isso, Adriana Araújo pode se orgulhar da medalha de bronze de ontem, a primeira do boxe feminino do Brasil. Da mesma forma, a dupla Juliana e Larissa não tem por que deixar que a tristeza do ouro perdido tire a alegria do bronze conquistado no vôlei de praia

Medalha com raça e sabor de ouro Juliana e Larissa espantam o baixo astral, derrotam chinesas na raça e festejam como se fossem campeãs Da Redação

ALHA NÁRIA

dres com 91 medalhas nzes) em 20 participações bastasse o fato de ser a primedaAraújo bém a Jogos Ouro ha do 1 Antuérpia 1920 das. A Londres 1948 smo o Helsinque 1952 1 dupla raia. E Melbourne 1956 1 dos no Roma 1960 no, no Tóquio 1964 e....

superação Juliana e Larissa ganham decisão do bronze e acabam nos braços da galera

AS 101 MEDALHAS DO BRASIL

México 1968

Prata

Bronze

Total

1

1

3

1

1

2

3 1

1

2

2

1

1

2

3

Munique 1972

2

2

Montreal 1976

2

2

2

4

92º Sarah Menezes / judô

Ouro

Moscou 1980

2

Los Angeles 1984

1

5

2

8

93º Felipe Kitadai / judô

Bronze

Seul 1988

1

2

3

6

94º Thiago Pereira / 400 m medley

Prata

Barcelona 1992

2

1

3

95º Mayra Aguiar / judô

Bronze

Atlanta 1996

3

3

9

15

96º Cesar Cielo / natação

Bronze

6

6

12

97º Rafael Baby Silva / judô

Bronze

Sidney 2000 Atenas 2004

5

2

3

10

98º Robert Scheidt e Bruno Prada / iatismo

Bronze

Pequim 2008

3

4

8

15

99º Arthur Zanetti / ginástica

Ouro

Londres 2012

2

1

7

10

100º Adriana Araújo / boxe

Bronze

22

26

53

101

101º Juliana e Larissa / vôlei de praia

Bronze

Totais

Daniel Ramalho/AGIF/COB

J

uliana e Larissa conseguiram a 101ª medalha do Brasil em Olimpíadas, ontem, em Londres. A dupla brasileira virou o jogo contra as chinesas Xue e Zhang e conquistou o bronze do torneio feminino de vôlei de praia, com parciais de 11/21, 21/19 e 15/12. Na disputa da medalha de ouro, num confronto entre americanas, as favoritas Walsh/May ganharam de Kessy/Ross por 2 a 0 (21/16 e 21/16). Juliana e Larissa iniciaram o jogo com dificuldades de colocar a bola no chão e viram as chinesas serem mais efetivas no contragolpe. Além disso, as brasileiras pareciam apáticas, errando lances bobos e entregando de graça diversos pontos para as asiáticas, que fecharam em 21/11. No segundo set, o único jeito era

vencer. Pressionada, a dupla brasileira voltou mais ligada e vibrante. O Brasil chegou a abrir 12 a 9, mas permitiu às chinesas que virassem para 13 a 9 e encaminhassem a vitória com um 19 a 16. Porém, Larissa foi para o saque e engatou uma sequência de cinco pontos para fechar em 21 a 19. “Manter a tranquilidade é difícil, mas a gente conseguiu”, disse Larissa após o jogo. As asiáticas sentiram o revés e voltaram para o tie-break com pouca confiança. Juliana e Larissa, por seu turno, estavam com o moral elevado e decididas a não deixar a medalha escapar. Elas erraram pouco e fecharam a partida em 15 a 12, numa largadinha de Larissa. “Foi um momento de celebração. Essa medalha teve a sensação de ouro, foi na superação, tem a nossa cara, porque viramos um jogo que estava praticamente perdido”, disse Juliana.

Fã e ídolo lutam pelo ouro hoje C

onsagrado na areia olímpica, Emanuel volta à arena do vôlei de praia de Londres hoje, às 17h (Brasília), na busca por um feito inédito, o bicampeonato do torneio. Os adversários desta vez são os alemães Brink e Reckermann, que despacharam Ricardo, parceiro de Emanuel nas conquistas do ouro em Atenas 2004 e do bronze em Pequim 2008, nas quartas de final. Na busca pela segunda medalha dourada, o curitibano de 39 anos conta agora com um fã declarado, Alison, 13 anos mais novo. “Vi pela tevê a conquista do Emanuel na Grécia e foi ali que escolhi ir para a areia. É maravilhoso vê-lo novamente numa final, só que agora dentro de quadra, ao lado dele. Tenho o ‘Pelé’ do vôlei de praia do meu lado para essa decisão, não poderia estar melhor acompanhado. Vamos para a quadra com tudo, com força máxima”, garantiu Alison, que treina com Ricardo desde janeiro de 2010 e faz sua estreia em Olímpiadas. Apesar da experiência, Ricardo não nega o nervosismo diante do duelo final. “Esta é uma final olímpica. Não é qualquer jogo, não é qualquer final”, garantiu.


jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

iatismo

14

loja de antiguidades Por Fábio Altman, de Londres

n medal race

A saudita fez história

Fernanda Oliveira corre pela sua segunda medalha

Após dez regatas, dupla brasileira termina em quinto e vai pra Medal Race pensando em repetir pódio de Pequim Por Olavo Guerra

A

s brasileiras Ana Barbachan e Fernanda Oliveira, da classe 470 feminina, melhoraram seu desempenho ontem, ficando na quinta e quarta colocações nas duas últimas regatas de Londres 2012. Agora, elas se classificaram para a Medal

Race, com quatro adversárias à frente no ranking e chances de ficar com a medalha de bronze. Fernanda e Ana estão com 75 pontos, contra 72 das holandesas Lobke Berkhout e Lisa Westerhof e das francesas Camille Lecointre e Mathilde Geron. Para a Medal Race, as dez melhores duplas da competição disputam a regata que tem a pontuação valendo em

Clive Mason/Getty Images

Classe 470 pode trazer o bronze para o Brasil

O

brasiliense Joaquim Cruz tem 48 anos de idade. Se houvesse uma Olimpíada de discrição e modéstia, certamente ele estaria sempre no pódio. Nada faz crer, ao vê-lo em Londres, a não ser pela altura (1,88 metro), e pelo fato de ser reconhecido por um ou outro inglês, que aquele mulato elegante e de voz pausada, com leve sotaque americano, é um dos maiores atletas da história olímpica — e certamente um dos grandes do Brasil. Joaquim ganhou a medalha de ouro nos 800 metros de 1984, em Los Angeles. Em 1988, em Seul, levaria a prata. Na prova americana estavam na pista o marroquino Said Aouita e o britânico Sebastian Coe, dois monstros sagrados. Coe é o presidente do Comitê Organizador de Londres 2012. Joaquim cruzou a linha de chegada com 1m43s00, recorde olímpico. Até hoje, a inteligência com a qual ele deu as duas voltas na pista são reverenciadas por quem gosta de atletismo. O próprio Coe tem aquela jornada como uma das mais espetaculares do atletismo. “Era um menino, estava com apenas 21 anos, mas sabia das minhas capacidades, tinha ótimo tempo, cheguei a Los Angeles como favorito”, diz o brasileiro, hoje morador de San Diego, na Califórnia, pai de dois filhos que gostam de basquete e mal sabem do significado imenso da trajetória do pai. Joaquim, que nos últimos anos dedicou-se ao nobre trabalho de treinar atletas paralímpicos dos Estados Unidos, desembarcou em Londres ancorado em um novo feito histórico — ainda que ele o diminua, por modéstia. Joaquim é o treinador de Sarah Attar, representante da Arábia Saudita nos 800 metros rasos. Ela é uma das duas únicas esportistas do país a competir na atual Olimpíada. A outra é a judoca Wojdan Shaherkani, que na sexta-feira da semana passada fez apenas uma luta, perdeu, mas ganhou respeito mundial. A presença da dupla saudita em Londres é uma das marcas indeléveis dos Jogos de 2012. Sarah, a pupila de Joaquim, corria provas de longa distância. Vive desde pequena nos Estados Unidos, com os pais. Leva uma vida ocidental mas segue os preceitos religiosos muçulmanos. “Tive de treiná-la para os 800 metros, não é uma transição fácil, mas o mero fato de ela estar na Olimpíada já é magnífico”, afirma. Sarah, por imposição comportamental de seu país, teve de competir, nas eliminatórias dos 800 metros — não passou para a outra fase — de calça e um discreto hijab a cobrir-lhe a cabeça. Quando a saudita entrou na pista do Estádio Olímpico houve uma chuva de aplausos como a que recebeu o amputado das duas pernas, Oscar Pistorius.

Joaquim Cruz, ouro nos 800m em Los Angeles, é o treinador de Sarah Attar

dobro — ou seja, a primeira, ganha dois ao invés de um ponto. A diferença entre as brasileiras e as holandesas era de 21 pontos antes das regatas de ontem, mas um 20º lugar de Lobke e Lisa, na nona corrida, fez com que Ana e Fernanda colassem na terceira colocação e que as francesas empatassem. A medalha de ouro será disputada entre as duplas Saskia Clark e Hannah Mills, da Grã-Bretanha, e Jo Aleh e Olivia Powrie, da Austrália. As britânicas lideram com 41 pontos, dez a mais que as australianas. A Medal Race acontece amanhã, às 11h.

hipismo

Brasileiros vão mal e suíço leva o ouro no salto lvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, e Rodrigo Pessoa não foram bem na final individual do salto no hipismo e terminaram a competição na 12ª e 22ª colocações, respectivamente. O suíço Steve Guerdat ficou com a medalha de ouro, o holandês Gerco Schroder levou a prata, e o irlandês Cian O’Connor — que perdeu a medalha de ouro em Atenas 2004 para Rodrigo Pessoa, por doping do cavalo —, o bronze. Além de Doda e Pessoa, outros dois brasileiros montaram nesta final: os paulistano Cassio Rivetti e Luciana Diniz. Eles se naturali-

n pessoa Apenas a 22ª colocação na final individual de saltos

n ovação Stu Forster/Getty Images

Á

zaram por outros países — Ucrânia e Portugal, respectivamente. Ele por causa de um milionário patrocinador do setor de gás e ela após um desentendimento com a equipe brasileira de hipismo, em 2006. Rivetti terminou empatado com Doda, na 12ª colocação, enquanto Luciana ficou em 17º lugar, à frente de Pessoa. O medalhista de ouro, Steve Guerdat, tem 30 anos, e conquistou sua segunda medalha olímpica. A primeira foi há quatro anos, em Pequim, quando ganhou um bronze por equipes com a Suíça.

alexandre battibugli

Por Olavo Guerra

Quando a saudita entrou na pista houve uma chuva de aplausos como a que recebeu Oscar Pistorius



jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

16

Boxe

brasileiro do dia Por Alexandre Salvador, de Londres

Taekwondo vai à luta

A

medalha? Diogo Silva tenta o pódio hoje

Da redação

Scott Heavey/Getty Images

D

e origem coreana, o taekwondo ainda é pouco conhecido no Brasil. Apesar de a luta marcial ainda desfrutar de certo anonimato por aqui — em meio à febre do UFC —, o país chega, em Londres, à sua quarta participação olímpica na modalidade. E os representantes brasileiros, Diogo Silva (até 68 kg) e Natália Falavigna (acima de 67 kg) são experientes candidatos ao pódio. Em sua segunda participação consecutiva em Olimpíadas, Silva, de 30 anos, detém dois títulos mundiais, conquistados nos últimos quatro anos, além de duas medalhas pan-americanas (bronze em Santo Domingo 2003, e ouro, no Rio 2007). Em Londres, ele diz conhecer bem seus adversários, que já enfrentou em diversos campeonatos. “Estou aqui confiante com a preparação que fiz. Como me classifiquei com antecedência, tive um período longo para ali-

nhar meu corpo. Com certeza, é a competição para a qual me preparei melhor”, explica. Silva estreia hoje no dojan, às 7h45, diante do uzbeque Dmitriy Kim. Já Natália, que soma três campanhas olímpicas (incluindo o bronze em Pequim 2008), garante que está em sua melhor forma física e técnica para o torneio. “Pos-

so garantir que chego mais madura, confiante e 100 por cento preparada. Minha paixão é trabalhar e o meu destino é estar aqui”, diz. “Eu e minha equipe de trabalho nos dedicamos muito para tornar esse momento uma realidade”, confia a atleta paranaense, que enfrenta a coreana In Jong Lee, às 5h30 do sábado (11).

luta livre

J

oice Silva é uma das atletas da delegação brasileira que mais interage nas redes sociais, desde que chegou à Vila Olímpica, no dia 5. Em sua conta no Twitter há fotos com colegas mais famosos, como os jogadores Anderson Varejão (basquete) e Giba (vôlei) e o nadador Cesar Cielo; além de celebridades como o corredor jamaicano Usain Bolt, ouro nos 100 m rasos. Quem vê tanta descontração deve imaginar que a participação dela nos Jogos já tenha se encerrado. Ao contrário, Joice sequer estreou, o que acontece hoje, às 9h (Brasília), nas oitavas de final da luta livre feminina, categoria até 55

kg. E a jornada da carioca de 29 anos não será fácil. Ela enfrenta a vencedora do combate entre a venezuelana Marcia Mendoza e a russa Valeria Zholobova. Seja quem for a oponente, Joice não terá refresco. Mendoza venceu a brasileira na disputa pelo bronze no Pan de Guadalajara2011 e Valeria é a atual campeã mundial da categoria. A russa, 19 anos, conquistou o título sobre a japonesa Saori Yoshida, bicampeã olímpica e nove vezes campeã mundial. Saori é outra provável rival. Na rota da brasileira também está a sueca Sofia Mattsson, campeã mundial da categoria até 59 kg, em 2009.

Washington Alves/AGIF/COB

Brasileira se diverte na Vila Olímpica

n twitgirl Joice tirou foto de vários atletas e postou no seu perfil

ssistir às eliminatórias das provas de velocidade no atletismo é constatar um enorme abismo entre os corredores jamaicanos e os demais. Usain Bolt, atual campeão da prova, e Yohan Blake, o amigo/rival do campeão olímpico, passam pela linha de chegada com o freio de mão completamente puxado. Chega a beirar falta de educação a vantagem desses atletas frente aos demais. Ontem, não foi diferente. Os dois dominaram suas baterias. Mas foi um dia diferente foi para o Brasil. Tivemos dois velocistas disputando raia com os jamaicanos. Embora tenham ficado bem atrás nas duas baterias semifinais, a participação de Bruno Lins e Aldemir Gomes já uma evolução. Em Pequim, apenas Sandro Viana disputou as eliminatórias da prova, sem sequer ter se classificado às semis. Em Londres, tanto Bruno quanto Aldemir foram muito bem em suas baterias iniciais. Ficaram atrás apenas de Bolt e Blake. Tanto é que os brasileiros largaram na raia 5, logo ao lado dos dois jamaicanos. Mas foi só no balizamento que os atletas ficaram lado a lado dos melhores do mundo. Logo na passagem pelos primeiros 100 metros, era nítida a diferença. Bruno, que correu ao lado de Blake, ficou em sexto na sua bateria, com o tempo de 20,55 segundos. Aldemir, que disputou a semifinal com Bolt, ficou uma posição acima do outro brasileiro, mas com um tempo pior: 20,63 segundos. O melhor tempo de um brasileiro em 2012 é de Bruno, com a marca de 20,32 segundos. Mesmo se repetisse sua melhor performance aqui em Londres, Bruno não conseguiria se classificar — o último corredor que passou a final, o equatoriano Alex Quiñonez, percorreu os 200 metros em 20,37 segundos. Na sexta-feira, os brasileiros voltam a pista em Londres, dessa vez pelas eliminatórias do revezamento 4x100. O Brasil tem o sexto melhor time do mundo. Esperemos que o conjunto dos brasileiros se inspire com os medalhistas de prata em Sydney e consiga uma vaga na final. Chegar na frente dos jamaicanos, porém, só na próxima encarnação.

Os brasileiros Bruno e Aldemir largaram na raia 5, ao lado dos dois jamaicanos

n bruno Rumo à clasificação para a final do revezamento 4 x 100

Streeter Lecka/Getty Images

Diogo Silva é o primeiro a entrar no dojan. Bronze em Pequim, Natália Falavigna luta no sábado (11)

Um abismo de velocidade



jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Atletismo

18

Marcha à ré nos 200 metros Por Maurício Barros, de Londres

A

ldemir Gomes e Bruno Lins precisavam melhorar, nas semifinais dos 200 metros, os ótimos resultados que haviam obtido um dia antes, nas séries eliminatórias. Ambos tinham chegado em segundo lugar em suas baterias, e avançado com tranquilidade ao lado de Usain Bolt e Yohn Blake, respectivamente. Mas, ontem, os dois foram mais lentos e deram adeus ao sonho de fazer uma final olímpica. Bruno, com 20s55 (três cenésimos a mais do que fez na véspera), foi o sexto colocado na série vencida por Blake. Aldemir, com 20s63 (1 décimo mais lento que nas elimi-

natórias), chegou em quinto lugar na série comandada por Bolt. “Estou chateado. Eu procurei dormir bem, me alimentar bem, mas infelizmente não foi dessa vez”, disse Bruno. “A série foi muito forte, mas se eu quisesse estar na final não tinha que escolher adversário. Só que não posso ficar chateado porque temos o revezamento 4 x 100 pela frente”. Aldemir acredita ter exagerado no início. “Por ter forçado muito na curva, eu não tive perna para sustentar no final. Fiz força onde não devia e na reta não tinha de onde tirar”, disse. A final dos 200 metros acontece hoje às 16h55. O favorito Usain Bolt tenta o segundo dos três ouros que quer conquistar em

Streeter Lecka/Getty Images

Dupla brasileira anda pra trás no tempo e fica fora da final da prova, que tem Bolt e Blake como favoritos

Londres. Ao lado de Nilson André e Sandro Viana, Aldemir e Bruno disputam na sexta-feira uma vaga na final do revezamento.

200 m feminino

comendo poeira Brasileiro Aldemir Gomes fica longe de Bolt na semifinal

Nas finais dos 200 m feminino, ontem, a norte-americana Allyson Felix quebrou o domínio da

fotos REUTERS/Phil Noble ; Michael Steele/Getty Images; Alexander Hassenstein/Getty Images

Hoje tem revezamento limitar o sonho brasileiro no máximo à medalha bronze. A não ser que aconteça um desastre como o de Pequim, quando as duas equipes favoritas cometeram erros na passagem Por Maurício Barros, de Londres de bastão e não concluíram a prova (os Estados Unidos falharam logo na o Pan de Guadalajara, em primeira eliminatória, e a Jamaica, 2011, a medalha de ouro veio na final). Mas vale lembrar que, fácil. A equipe feminina do reveza- mesmo com os tropeços das favorimento 4 x 100 metros do Brasil se tas, o Brasil não conseguiu o pódio aproveitou do fato de que Estados em Pequim. Chegou em quarto luUnidos e Jamaica, as duas maiores gar, atrás de Rússia (ouro), Bélgica potências mundiais da velocidade, (prata) e Nigéria (bronze). competiram com equipes secundáO treinador Katsuhico Nakaya rias e venceu a prova. Ana Cláudia acredita que este quarteto é superior Lemos, Vanda Gomes, Franciela ao de Pequim. “É o melhor grupo de Krasucki e Rosângela Santos ainda velocistas que o Brasil já teve. As mebateram o recorde ninas precisam estar sul-americano, com bem concentradas na 42s85. troca de bastão e corNa Olimpíada, a hisrer. Elas treinaram tória é diferente. Hoje muito bem”, disse acontecem as eliminaNakaya. Ele escalou tórias da prova a parRosângela, Ana Cláutir das 16h20 (horário dia, Franciela e Evelyn de Brasília), e nomes Santos para formar a como as norte-ameriequipe brasileira. Vancanas Carmelita Jeter da Gomes e Tamiris de e Allyson Felix e as jaLiz são as reservas. A maicanas Shelly-Ann final do revezamento 4 Fraser-Pryce e Verox 100 metros feminino ESCALADA Rosângela está programada para nica Campbell- Brown devem elevar o nível e vai correr nos 4x100m amanhã , às 16h40.

Meninas do Brasil tentam garantir hoje vaga na final da prova dos 4 x 100 metros

No decatlo, brasileiro se recupera no final Ao vencer os 400 m, Luiz Alberto de Araújo fechou o primeiro dia em 14º lugar

C

onsiderada a competição dos super-homens no atletismo, o decatlo começou ontem, com cinco provas e a participação do brasileiro Luiz Alberto de Araújo. No primeiro dia, foram somados os pontos obtidos no 100 m rasos, salto em distância, arremesso de peso, salto em altura e 400 m rasos. As últimas cinco – 110 m com barreiras, arremesso de disco, salto com vara, arremesso de dardos e os 1.500 m – serão disputadas hoje, a partir das 5h. Pela manhã, Araujo começou

bem, correndo os 100 m rasos em 10s70 e conquistando 929 pontos, que o deixaram na sexta posição. Nas duas provas seguintes, porém, o brasileiro não foi tão bem e caiu feio na classificação. No salto em distância, marcou apenas 7,16 m e ganhou 852 pontos. A situação piorou no arremesso de peso. Com a fraca marca de 13,52 m, ele ganhou 699 pontos e foi para a 17ª posição, com 2625 pontos totais. “Não foi a média que esperava no salto e no arremesso de peso”, lamentou. “Porém, faltam mais

sete provas e não posso perder o foco. O objetivo é me esforçar ao máximo para melhorar as marcas e buscar uma boa posição”, analisou no intervalo das competições. À noite, no salto em altura, o brasileiro também não se saiu bem e caiu ainda mais. Mas na última prova de ontem, os 400 m rasos, Araújo acabou surpreendendo. Venceu sua bateria, com seu melhor tempo na carreira (48min25) e encerrou o dia em 14º, com 4117 pontos. O líder é o americano Ashton Eaton, com 4661.

alterci Santos/AGIF/COB

N

saldo positivo Dia de altos e baixos para o Araújo

jamaicana Veronica CampbellBrown e finalmente se sagrou campeã. Prata em Atenas-2004 e Pequim-2008 atrás da atleta do Caribe, ela venceu a prova em Londres com o tempo de 21s88. A jamaicana Shelly-Ann Fraser e a norte-americana Carmelita Jeter completaram o pódio.



jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

20

GIRO

London Calling Por Giancarlo Lepiani, de Londres

Money (That’s What I Want)

A previsão do crescimento do PIB britânico foi rebaixada para zero

Lucas Landau

Atletas e celebridades se encontram no espaço da torcida brasileira em Londres

Acima, os convidados da Vila Placar acompanham a semifinal entre Brasil e Coreia do Sul no futebol. Ao lado, o campeão olímpico Arthur Zanetti exibe sua medalha no local. Abaixo, as jogadoras da seleção Dionise (à esquerda) e Dara, ao redor do técnico Morten Soubak

M

Tomás Arthuzzi

Tomás Arthuzzi

ais um grupo de torcedores vips do Brasil chegou a Londres. Empresários, publicitários e executivos, na terça-feira (7), assistiram ao jogo de futebol do Brasil contra a Coreia do Sul pelas semifinais na Vila Placar, com a exclusiva narração de Nivaldo Prieto. E mostraram que são pé-quente, com a vitória de 3 a 0 da nossa Seleção. Ontem, a animação continuou em alta, durante um passeio de barco pelo rio Tâmisa rumo à arena Greenwich, onde curtiram as quartas-de-final do basquete masculino. A semana continuará cheia de atrações nos estádios e na Vila, com direito a — mais — uma festa da MTV para encerrar a Olimpíada no domingo (12). Confira quem passou por lá:

BALADA MTV No domingo à noite, a Vila Placar recebeu uma megafesta organizada pela MTV. Estiveram lá o trio de VJs Marcelo Adnet, Dani Calabresa e Bento Ribeiro (à esquerda), o casal Luana Piovani e Pedro Scooby (acima), além do ex-nadador Fernando Scherer e do ex-jogador e atual deputado federal Romário (ao lado), ambos medalhistas olímpicos no passado

Pascal Le Segretain/Getty Images

Lucas Landau

VIPs na Vila

Tomás Arthuzzi

Embalos da Vila Placar

Lucas Landau

A

euforia olímpica dos britânicos sofreu um baque ontem — e não foi por causa de uma decepção nos Jogos, em que o país-sede segue fazendo ótimo papel. Pela primeira vez em quase duas semanas, a imprensa do país deslocou seu foco das pistas, quadras e piscinas do Parque Olímpico para a Threadneedle Street, na sede do Banco da Inglaterra, o BC dos britânicos. Ao invés de Usain Bolt e Michael Phelps, os holofotes estavam sobre Sir Mervyn King, o governador da autoridade monetária, que revelaria novas projeções para a economia do país. E elas não foram nada animadoras: a previsão de crescimento do PIB foi rebaixada para zero. Mostrando que também foi contagiado pela vírus olímpico, King usou o exemplo dos atletas britânicos para fazer sua avaliação do cenário econômico. “Ao contrário dos atletas que tanto nos emocionaram nesses últimos dias, nossa economia ainda não recuperou sua melhor forma. Mas ela vem se curando aos poucos”, explicou, numa tentativa meio desajeitada de falar a língua do povo. “Essa recuperação será um processo longo. E é na equipe olímpica britânica que devemos nos inspirar. Esses atletas mostraram a todos a importância de um comprometimento total em busca de um objetivo que pode estar anos à frente.” Mas e o papel da Olimpíada nessa recuperação? O assunto é sempre polêmico. Para alguns economistas, sediar os Jogos é uma armadilha: são gastos exagerados que acabam jamais sendo recuperados. Para outros especialistas, uma Olimpíada pode, se bem feita, dar dinheiro a longo prazo. É cedo para saber o que acontecerá com os britânicos. Mas a avaliação do BC local é de que o primeiro efeito benéfico dos Jogos sobre a economia será sentido já nos números do PIB do terceiro trimestre, principalmente em função dos montantes movimentados pela venda de ingressos e direitos de exibição de TV. Seja como for, a divulgação dos dados desta quarta tiraram o sorriso que estampou o rosto do primeiro-ministro David Cameron desde o primeiro dia de Olimpíada. Ele teve de interromper suas atividades de torcedor (estava na arena em que a brasileira Adriana Araújo, do boxe, disputou sua semifinal) para dar satisfações sobre a situação nebulosa da economia. Com seu estilo almofadinha e meio sem sal, disse apenas que os dados eram “decepcionantes” e que era hora de “arregaçar as mangas” para fazer o país dar a volta por cima. Coincidência ou não, quase ao mesmo tempo, o outro grande líder do Partido Conservador britânico era entrevistado por uma emissora local, e tinha de responder aos comentários cada vez mais frequentes sobre uma possível mudança de emprego. Boris Johnson, o popularíssimo e excêntrico prefeito de Londres, ainda tem quatro anos de mandato, pois acabou de ser reeleito. Diante dos tropeços da economia mesmo em tempos de bonança olímpica, cada vez mais gente acha que ele deve mudar de gabinete, passando a ocupar a residência de 10 Downing Street, n cameron Más notícias em Westminster. para a economia britânica



jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

22

radar olímpico

Sem pódio, atleta quis ficar careca de raiva

Espectador é detido por não sorrir

F

A

O

ouro inédito do sul-coreano Yang Hak-Seon, na ginástica artística, rendeu a ele um apartamento novo em folha. O presente foi dado pelo presidente de uma construtora de seu país, que se comoveu ao ver onde o atleta morava com a família, uma antiga estufa convertida em casa. Hak-Seon, de 19 anos, revelou em uma entrevista que usaria o prêmio pela conquista da medalha para comprar uma casa nova para os pais. O apartamento de 116 m quadrados ficará pronto até o fim do ano e vale pouco mais de US$ 200 mil.

Liu Xiang pode operar tendão em Londres

Ciclista belga bebe e sai carregado de boate n susto Borges foi eliminado no desempate, devido à falha no equipamento

Fora da validade

Vara quebra em três pedaços em salto de cubano

H

á problemas maiores que o vento forte no salto com vara. Um dos favoritos na modalidade, o cubano Lázaro Borges protagonizou uma cena impressionante ontem, nas classificatórias. Em uma das tentativas de passar por 5,35 m, seu ins-

O

Canoísta francesa disputa final grávida

L

ogo após cruzar a chegada da final do K4 (caiaque para 4 pessoas) de 500 metros, ontem, a francesa Marie Delattre-Demory revelou às colegas que estava grávida. O anúncio, porém, não causou surpresa. Segundo as companheiras, elas já aguardavam a notícia. “Esperávamos (a notícia) porque vivemos juntas há alguns meses. Pensamos em comprar um teste de gravidez”, brincou Gabrielle Tuleu, outra integrante da equipe. Com dois meses de gestação, Marie confessou que, durante os treinos, chegou a enjoar algumas vezes.

medalha de ouro

REUTERS/Lucy Nicholson

corredor chinês Liu Xiang pode estender sua estada em Londres por causa da contusão que sofreu nas eliminatórias dos 110 m com barreiras. O atleta deve passar por uma cirurgia no tendão de aquiles, que já havia se rompido nos Jogos de Pequim 2008. Ouro em Atenas 2004, Xiang teria sofrido a lesão na largada, momento em que o tendão precisa suportar muita pressão.

trumento de trabalho se partiu simultaneamente em dois pontos durante seu impulso. Foi apenas um susto. O vice-campeão mundial e ouro no Pan de Guadalajara no ano passado caiu no colchão e olhou assustado para os três pedaços da vara. En-

n Vai para a corredora turca Merve Aydin. Durante as eliminatórias dos 800 metros rasos, ontem, ela caiu na pista, sentindo dores no pé direito. A atleta, de 22 anos, levantou-se e, chorando muito, continuou a prova. Mancando, cruzou a linha de chegada em 3min24s35, mais de um minuto depois da penúltima colocada. E desabou no chão, aos prantos. O público a aplaudiu de pé. Na mesma eliminatória, outras corredoras chamaram a atenção: a sul-africana Caster Semenya, que precisou fazer testes de DNA para provar que é mulher, e as muçulmanas Woroud Sawalha (Palestina) e Sarah Attah (Arábia Saudita), que entraram na pista com o corpo todo coberto, como reza a tradição do islã. Caster se classificou em terceiro, mas Woroud e Sarah, não conseguiram vaga nas semifinais.

tretanto, o acidente parece ter afetado sua performance. Depois de passar por 5,50m na segunda vez, ele foi eliminado no critério de desempate. Justamente por causa de sua tentativa frustrada decorrente da vara com defeito de fabricação.

medalha de lata

REUTERS/Mike Blake

Ouro de sul-coreano rende apartamento

polícia britânica protagonizou mais um episódio constrangedor nestes Jogos Olímpicos. Desta vez, a vítima foi o soldado aposentado Mark Worsfold, de 54 anos, que sofre de mal de Parkinson. Ele foi detido enquanto assistia à prova de ciclismo de estrada, pois não sorria e estava vestido com roupas suspeitas, segundo os policiais que o prenderam. Segundo Worsfold, a doença impede que ele mova alguns músculos da face. Ele foi algemado no momento da prisão, mas acabou sendo liberado duas horas depois. O ex-soldado espera que a polícia lhe envie uma carta de retratação e desculpas.

Quinn Rooney/Getty Images

rustrada pela perda do pódio olímpico pela segunda vez consecutiva, a norte-americana Lolo Jones postou no Twitter que pensou em raspar a cabeça após a final dos 100 m com barreiras. “Quase fiz como @ britneyspears e raspei minha cabeça, até ler todos os tuítes de vocês. Obrigada por me animarem durante estas horas”, postou a atleta, cotada como favorita ao ouro da prova e que acabou com o 4º lugar. Pouco antes do início da Olimpíada, Lolo provocou muita discussão ao assumir ser virgem aos 29 anos de idade.

n Vai para o técnico chinês de ginástica artística, Yubin Huang, que pediu uma investigação sobre a conquista da medalha de ouro pelo brasileiro Arthur Zanetti, nas argolas. O pupilo dele, Chen Yibing, ficou com a medalha de prata. Campeão olímpico das argolas em Pequim 2008, Yibing recebeu 15.800 pontos, 100 pontos a menos que Zanetti. O treinador chinês acusou os juízes da competição de manipularem as notas a favor do brasileiro. Hyuang chegou a enviar um comunicado à imprensa britânica acusando a arbitragem de roubo. Para o técnico, “o brasileiro usou recursos com pouca variação e o passo dado na aterrissagem foi uma falha clara. Mas os juízes pediu ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e à Federação Internacional de Ginástica que revisem o resultado.

A

lguns atletas que disputaram a Olimpíada vem ignorando as recomendações do Comitê Olímpico Internacional (COI) de beber com moderação. Um deles foi o ciclista belga Gijs Van Hoecke, que disputou o omnium (competição que reúne seis provas) e terminou sua participação com um modesto 15º lugar. Hoecke celebrou o fim das competições de ciclismo com uma noitada em Londres e encerrou a balada sendo carregado pelos companheiros na volta para a Vila Olímpica.

Bêbado em 2008, russo leva ouro no salto

C

onhecido mundialmente por ter disputado uma competição de salto em altura bêbado, em 2008, o russo Iván Ukhov deu a volta por cima e conquistou o ouro da modalidade em Londres. Mas, desta vez, outro fato pôs em risco a participação do atleta. A camiseta que o russo utilizou nas provas sumiu e ele teve de competir com uma emprestada do colega e campeão olímpico Andréi Sinov. “Acho que Andréi, ao ser campeão, me trouxe muita sorte”.

Pentatleta brasileira é retida no aeroporto

A

brasileira Yane Marques, do pentatlo moderno, foi barrada na alfândega do aeroporto de Heathrow, em Londres, e teve seus equipamentos de competição apreendidos pelas autoridades britânicas por cerca de duas horas. Yane portava uma pistola para competições esportivas, que dispara feixes de laser e é inofensiva aos humanos, e uma espada para duelos de esgrima. A brasileira só foi liberada após a chegada de um fiscal.


jornal placar | quinta-feira, 9 de agosto de 2012

torre de londres

maratona aquática

23

Por Carlos Maranhão, de Londres

Chegou a hora de jogar bem

n OTIMISMO Poliana festeja o fato de a prova ser no lago e não no mar

E

Luiz Pires Dias

gito, Bielorússia, Nova Zelândia, Honduras e Coreia do Sul. Nenhum bicho-papão. Nenhuma grande força internacional. Aqui entre nós, a seleção brasileira de futebol tinha mesmo que vencê-los. E foi o que fez, marcando três gols em cada um deles. Não chegou, por enquanto, a dar uma exibição de fato brilhante e nem mesmo convincente. Exceto no encontro com os neozelandeses, que não têm qualquer intimidade com a bola redonda — seu negócio é a oval, do rúgbi —, o time enfrentou dificuldades, às vezes mais, às vezes menos, e passou por alguns assustadores, inesperados momentos de sufoco. Foi o que se viu no final da primeira partida, no início da segunda, durante boa parte do jogo das quartas-de-final e na meia hora inicial da semifinal diante dos sul-coreanos. Em termos de resultados, porém, conseguiu até agora alcançar o objetivo a que se propunha: veio vindo, veio vindo, deu sustos, tomou cinco gols, quase todos evitáveis, mas enfim se credenciou para disputar a medalha de ouro em Wembley. Reconheça-se que não é pouca coisa e, mesmo para quem é pentacampeão mundial e o maior colecionador de glórias nos gramados do planeta, ir a uma finalíssima não acontece todos os dias. Para não recuar muito no tempo, basta lembrar que, na nossa história olímpica, a última decisão ocorreu em Seul, há longos 24 anos. Na Copa do Mundo, há dez. Depois disso, a seleção caiu logo no segundo mata-mata. Nos Jogos Olímpicos, após a medalha de prata de 1988, perdida para os russos, duas vezes não se classificou e em três ocasiões foi alijada da luta antes da hora. Em termos práticos, no entanto, a verdade é que para ser campeão em competições curtas e intensas, como a Copa e a Olimpíada, basta jogar bem — ou melhor, vencer — duas ou três partidas importantes, como sempre observou o técnico Carlos Alberto Parreira. O treinador Mano Menezes adota mais ou menos esse pragmatismo. “Não é porque você esteja sendo dominado que deve perder”, ele afirmou após a vitória de 3 a 0 contra a Coreia do Sul em Manchester. “É o que sempre digo para os jogadores.” A questão é que em Londres o Brasil terá pela frente o México, que vem preparando sua equipe para os Jogos Olímpicos desde o Pan-Americano do ano passado. Não é um simples participante, ao contrário dos nossos cinco adversários anteriores. Trata-se de um rival respeitável. O sábado promete grandes emoções. Vamos torcer juntos.

Aqui entre nós, a seleção brasileira de futebol não pegou nenhum bicho-papão

Desafio no Hyde Park Num dos cartões postais de Londres, a brasileira Poliana Okimoto cai no lago para uma maratona de 10km de natação — com chances de medalha Da Redação

O

Hyde Park, um dos mais tradicionais pontos turísticos de Londres, conhecido pelo “speakers corner” (espaço no qual as pessoas se reúnem aos sábados de manhã para debater livremente sobre os mais diversos assuntos), recebe hoje, às 8h da manhã, uma das provas mais novas das Olimpíadas: a maratona aquática, cuja estreia se deu em Pequim. A despeito do nome, que remete aos 42 km da corrida a pé, a prova na água tem 10km.

O fato de ser disputada num lago e não no mar aberto pode ser positivo para Poliana Okimoto, a representante do Brasil na modalidade, acredita seu treinador e marido, Ricardo Cintra. “Se a Poliana estivesse disputando a prova no mar, com muita marola, ela iria sentir demais por conta das suas braçadas, que são de piscina. Essa dificuldade é uma coisa que não vamos encontrar por aqui, o que é muito bom”, explica ele. A preparação de Poliana foi feita na piscina do Crystal Palace, com duas sessões diárias de

teinamento de longa distância. O maior temor da atleta é a temperatura da água, que costuma ser baixa na capital britânica. “A temperatura me preocupa. Espero que esteja na casa dos 20 graus no mínimo”, disse ela. Poliana vai para sua segunda Olimpíada, com chances de medalha. Na China, ela ficou com a sétima posição na classificação geral. Suas grandes concorrentes em Londres serão a britânica Keri-Anne Payne (prata em Pequim 2008) e a italiana Martina Grimaldi (campeã mundial em 2010).

BMX

Agora é para valer

n pragmatismo Na semi não teve show, mas o time marcou 3 gols

ntem, os ciclistas do BMX entraram na pista apenas para fazer o tempo de qualificação. No masculino, o Brasil foi bem. Entre 32 competidores, Renato Ferreira foi o oitavo mais rápido a completar o percurso, com 38s628. Larga hoje, às 11h, na segunda posição da bateria 1, tentando ficar entre os semifinalistas.

Bryn Lennon/Getty Images

alexandre battibugli

O

n ferreira Com o 2º melhor tempo, tenta vaga na semifinal

“Pensei que meu tempo fosse ser o décimo logo de cara e ainda saí da pista como segundo, não esperava”, confessa. “Acho que agora vão ficar de olho em mim, mostrei que sou um deles”. O mais rápido do dia foi o holandês Raymon van der Biezen, com 37s779, seguido do francês Joris Daudet, com 38s221. Entre as mulheres, a brasileira Squel Stein teve menos sorte. Entre 16 competidoras, ela foi a penúltima (isso porque uma adversária, a americana Brooke Crain, caiu e ficou na lanterna). Seu tempo foi de 42s995. Amanhã, já na semifinal, ela participa da segunda bateria, largando do portão 8.


Estamos juntos na torcida pElo Brasil Em londrEs Presença lado a lado com o esporte brasileiro

A Sadia apoia o esporte para inspirar você a praticar uma vida mais gostosa

Patrocinador da beleza, também no esporte

Desenvolvido com dentistas. Ajudando a melhorar a saúde bucal de atletas

Em cada movimento. Em cada conquista

Vem ser [Optimus] com a gente

Compartilhe cada conquista. Compartilhe cada momento

Na torcida pelo Brasil em Londres 2012


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.