Jornal Placar Londres 2012 Ed 16

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edição 16

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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

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www.placar.com.br

raios!

Usain Bolt varre final dos 200m, que tem pódio somente de jamaicanos na final!

Seleção feminina de vôlei arrasa japonesas e pega EUA pelo ouro

n EM EQUIPE

GETTY IMAGES

Alison e Emanuel, ao fim do jogo

Favoritos no vôlei de praia, Alison e Emanuel param na dupla alemã

Valeu pela prata!

ALEXANDRE BATTIBUGLI

GETTY IMAGES

LONDRES 2012


jornal placar | sexta-feira, 10 de AGOSTO de 2012

Aquecimento frases

Editorial Por Miguel Icassatti

JORNALPLACAR@abril.com.br

q Quadro de medalhas

O ginasta Arthur Zanetti, medalha de ouro nas argolas, incrédulo diante da recepção de celebridade que teve ontem ao desembarcar em Cumbica

A gente fica ansioso, mas o sono eu não perco. Estamos preparados e esperamos merecer a medalha de ouro” O craque Neymar, assumindo a responsabilidade de levar o futebol do Brasil ao fim do tabu olímpico, amanhã

Quem é que não fica abalado? Ela me abraçou e chorou. Foram quatro anos de trabalho... não tem o que falar muito nessa hora" Igor Souza, diretor de águas abertas da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, comentando a situação de Poliana Okimoto, que sofreu hipotermina na maratona aquática

Os destaques e o melhor conteúdo www.abrilemlondres.com.br exclusivo sobre Londres 2012 na internet Destaques do Site Veja as melhores imagens do 13º dia oficial de competições em Londres Faltando apenas três dias de disputas, saiba quais brasileiros ainda competem nos Jogos Olímpicos Acesse o quadro de medalhas e saiba o que o Brasil precisa fazer para superar a meta de 15 medalhas conquistadas Em Atlanta 1996, Jaqueline e Sandra foram responsáveis pela 1ª medalha de ouro para as mulheres brasileiras nos Jogos Tóquio 1964: Lars Kall e Stig Kall, remadores suecos, socorreram adversários que viraram o barco; conheça a história

para ver na tv Hora

Esporte

Sexo

Disputa

Etapa

Brasileiros na disputa

9h00

Vela

F

470

Final

Ana Barbachan e Fernanda Oliveira

11h00 Vôlei

M

12h30 Ciclismo

F

BMX

Final

12h40 Ciclismo

M

BMX

Final

15h00 Atletismo

M

Salto com vara

Final

15h00 Basquete

M

15h00 Saltos ornamentais

M

Plataforma de 10 metros

Eliminatórias

15h10

F

4x400m

1ª rodada

Total

1

estados unidos

39

25

26

90

2

China

37

24

19

80

3

grã Bretanha

25

13

14

52

4

Rússia

12

21

23

56

5

Coreia do sul

12

7

6

25

6

alemanha

10

16

11

37

7

França

8

9

12

29

8

Hungria

8

4

3

15

9

Itália

7

6

6

19

10

Austrália

6

13

10

29

11

Cazaquistão

6

0

3

9

12

Japão

5

14

14

33

13

Holanda

5

5

6

16 9

14

irã

4

4

1

15

Coreia do norte

4

0

1

5

26

Brasil

2

2

7

11

n Quadro de medalhas atualizado até as 21h30 (horário de Londres). Confira o quadro atualizado em tempo real no site www.abrilemlondres.com.br

qbaú olímpico Por Olavo Guerra

Atletismo

Semifinal

Semifinal

15h30 Vôlei

M

Repeteco na semifinal

15h35 Atletismo

F

Lançamento de martelo

Final

B

15h45 Atletismo

M

4x100m

1ª rodada

15h45 Futebol

M

16h05 Atletismo

F

5000m

Final

16h40 Atletismo

F

4x100m

Final

16h55 Atletismo

F

1 500m

Final

17h00 Basquete

M

17h20 Atletismo

M

rasil e Itália são duas das grandes potências do vôlei mundial. Hoje, pela segunda vez consecutiva, decidirão uma vaga na final olímpica, entre os homens. Em Pequim 2008, muitos dos jogadores que estarão em quadra daqui a pouco, às 15h30, jogaram aquela partida que os italianos começaram ganhando por 25 a 19. Os brasileiros Giba e Murilo foram dois dos melhores jogadores naquela partida. O Brasil virou para 3 a 1 e se classificou para sua segunda final em seguida. Em 2004, a mesma Itália perdeu a final para os brasileiros, também por três sets a um. Nota honrosa: ontem celebramos 20 anos da vitória do Brasil na final olímpica contra a Holanda, em Barcelona 1992.

n PEQUIM 2008 Os irmãos Murilo e Gustavo pararam a Itália nas semis

FOTO: GETTY IMAGES

País

Nunca tinha visto uma coisa assim na minha vida. Até fiquei assustado.”

Semifinal

Decisão do bronze

Semifinal

4x400m

Final

Hugo Parisi

fotos GETTY IMAGES

A

tletas olímpicos são geralmente fortes e extremamente bem preparados fisicamente para as competições que vão disputar. Lutam contra seus próprios fantasmas e, muitas vezes, triunfam graças ao seu poder psicológico. Vencem. Mas também perdem, fraquejam, sucubem porque são humanos. A nadadora Poliana Okimoto, representante brasileira na maratona aquática em Londres 2012, provou ontem desta falibilidade. Por mais que tenha se preparado durante quatro anos, que tenha treinado em águas geladas, em represas e no mar, não conseguiu terminar os 10km da prova disputada no Lago Serpentine. Mas Poliana venceu. Afinal, você conseguiria nadar quase 7 quilômetros sob uma temperatura de 19 graus, durante uma hora e meia?

GETTY IMAGES

Stanley Chou/Getty Images

02


jornal placar | sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Aquecimento

03

Os jogos que você não vê

Por Paulo Vitale, de Londres

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VICTOR CIVITA (1907-1990) Presidente e Editor:

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Jairo Mendes Leal Conselho Editorial:

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vem lutar comigo A brasileira Joice Souza da Siva tentou encarar a russa Valerilia Zhobolova pelas oitavas-de-final da luta livre, categoria até 55kg. Não deu

Diretor de Redação: Maurício

Barros

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Twitadas olÍmpicas

papo triplo - Três perguntas para Rosângela Santos Velocista, 21 anos. Medalhista de ouro nos 100m rasos do Pan de Guadalajara 2011, fez em Londres seu melhor tempo, (11s17), mas não foi à final individual. Hoje ela participa da equipe brasileira na final do revezamento 4x100.

2 3

“Gostaria de agradecer a todas as mensagens de apoio, muito legal ter essa torcida de vocês!! Infelizmente não deu, mas o trabalho continua!” O ala do basquete, Guilherme Giovannoni (@giovannoni12), após a derrota para a Argentina divulgação

1

Qual o significado desta Olimpíada para você? Ficou evidente que estou no caminho certo. Mudei de treinador e isso fez diferença para que eu conquistasse um bom resultado, que foi o melhor alcançado por mim. É uma motivação a mais para meus treinos futuros.

“Partindo para o Jogo! Que Deus nos acompanhe em mais essa batalha! #EuSempreAcredito” Fernanda Garay (@fegaray16), indo para a semifinal da seleção de vôlei, que venceu o Japão

Qual sua opinião sobre a Londres 2012? Os ingleses dão show de organização, não tenho do que reclamar. Em viagens, eu sempre sofro com a comida. Desta vez a comida servida é brasileira, muito boa. O clima entre os atletas está uma delícia, todos se encontram na vila e se falam, é divertido. Eu tive oportunidade de conversar com vários atletas, como Cielo e o Giba, do vôlei. Quais os próximos passos para sua carreira? Pretendo batalhar para chegar ao Mundial de Atletismo e quero representar o Brasil no Rio de Janeiro em 2016. Quero chegar lá e, para isso, em breve vou retomar os treinos.

“Estou na torcida por todos os atletas brasileiros nos Jogos Olímpicos Londres 2012! #Londres2012 @timebrasil” O atleta do taekwondo, Diogo Silva (@diogotaekwondo), que lutou ontem, na torcida por todos os brasileiros que ainda disputam a olimpíada “Obrigado RT @TrackStarBeezy: Parabéns, @TysonLGay!!!!” O aniversariante de ontem, Tyson Gay (@TysonLGay) ,agradece o carinho dos fãs “Boa Yamaguchi!!! Boxe brasileiro trazendo 3 medalhas pro Brasil! Parabéns” Bruninho (brunorezende1), levantador da seleção, comemorando a vitória do boxeador Yamaguchi Falcão


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04

Vôlei de praia

Brasileiros Emanuel e Alison, grandes favoritos ao título olímpico, são surpreendidos por dupla alemã e saem de Londres apenas com a prata

O

sonho brasileiro do segundo título olímpico no vôlei de praia masculino esbarrou nos alemães Julius Brink e Jonas Reckermann, ontem à noite. Em um jogo emocionante, a dupla Alison Cerutti e Emanuel Rego foi derrotada por 2 sets a 1, com parciais de 21/23, 21/16 e 14/16, em pouco mais de uma hora de partida e diante de 15 mil pessoas que lotaram as arquibancadas da Arena Horse Guards Parade, no centro de Londres. Com o resultado, o Brasil volta para casa com a segunda medalha de prata consecutiva nos Jogos Olímpicos. Emanuel, veterano de Olimpíadas, com cinco participações no currículo, agora soma sua terceira medalha olímpica ao bronze obtido em Pequim 2008 e ao ouro em Atenas 2004, ambos conquistados com o excompanheiro Ricardo. Emanuel perdeu ontem uma ótima chance de ingressar em um seleto grupo de brasileiros com dois ouros olímpicos, galeria que conta com o triplista Adhemar Ferreira da Silva, com os jogadores de vôlei Maurício e Giovane e com os velejadores Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira. O veterano de 39 anos conquista sua terceira medalha, pois também conta no currículo com o bronze de Pequim 2008. Apesar do revés, Emanuel soube encarar a derrota com desportividade. E comemorou mais uma medalha na sua coleção. “É muita alegria. É muito gratificante ver todo o Brasil torcendo enquanto nós lutamos para uma medalha para o nosso país. Esses 20 dias aqui na Inglaterra foram maravilhosos. A arena lotada, esse espetáculo, lutamos até o fim. A medalha não é a que gente esperava. Queríamos o ouro, mas você vê, pelo nível, que em final qualquer resultado vale”, afirmou Emanuel Emanuel e Alison encerraram sua trajetória no torneio de vôlei de praia de Londres com uma campanha quase perfeita. Foram três vitórias na fase de grupos e apenas um set perdido, diante dos austríacos Doppler/Horst.

Nas quartas de final, eles despacharam a dupla polonesa Fijalek/Pudel, por 2 a 1, e em seguida, bateram os letões Plavins/ Smedins, por 2 a 0, garantindo a vaga na decisão. O duelo de ontem foi muito equilibrado desde o primeiro saque, com as duplas se alternando na liderança do placar e sem que abrissem uma diferença acima de dois pontos. Os brasileiros garantiram o primeiro set point, mas Reckermann conseguiu igualar o marcador. A dupla verde amarela ainda desperdiçou outra chance de fechar o set e permitiu que a dupla alemã abrisse vantagem, fechando a parcial com um ataque de Reckermann. Alison e Emanuel começaram o segundo set concentrados e conseguiram abrir vantagem no marcador mais de uma vez, mas erros deixaram os alemães encostar no placar. Esse ritmo mudou na metade do set, quando Alison subiu ao bloqueio e garantiu mais dois pontos à frente. A dupla verde amarela embalou e conseguiu ampliar a vantagem, controlando a parcial e fechando o segundo set para empatar a partida e levar a decisão ao tie-break. Os brasileiros começaram bem o set decisivo, mas Brink e Reckermann igualaram novamente a disputa. Os brasileiros voltaram a cometer erros em lances decisivos. Mais efetivos nos ataques, os alemães abriram frente. Os brasileiros conseguiram salvar três match points. A dupla alemã teve a quarta chance de fechar a partida, Emanuel e atacou para fora. REUTERS/Dominic Ebenbichler

Da redação

REUTERS/Dominic Ebenbichler

Sonho do ouro morre na praia

n foi por pouco Estreante em Olimpíada, Alison teve toda sua raça compensada pela prata

AS 11 MEDALHAS DO BRASIL em londres 1ª Sarah Menezes / judô

Ouro

2ª Felipe Kitadai / judô

Bronze

3ª Thiago Pereira / 400 m medley

Prata

4ª Mayra Aguiar / judô

Bronze

5ª Cesar Cielo / natação

Bronze

6ª Rafael Baby Silva / judô

Bronze

7ª Robert Scheidt e Bruno Prada / iatismo

Bronze

8ª Arthur Zanetti / ginástica

Ouro

9ª Adriana Araújo / boxe

Bronze

10º Juliana e Larissa / vôlei de praia

Bronze

11ª Alisson e Emanuel / vôlei de praia

Prata



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06

vôlei

O campeão voltou... Por Marcos Sergio Silva, de Londres

O

clima da arena montada no Earls Court, um imenso centro de convenções na zona oeste de Londres, conspirava a favor. A torcida era maciçamente brasileira e o time parecia ligado — tanto quanto na incrível vitória por 3 sets a 2 sobre a Rússia na terça-feira. Foi assim que o time brasileiro entrou em quadra ontem, para o duelo semifinal contra o Japão. Suportou a pressão japonesa de início, quando os pontos teimavam em não sair sucessivamente depois que Thaísa, com uma cortada, fez o primeiro. Sheilla estava afiada no bloqueio, Fê Garay continuava com suas cortadas potentes em diagonal. Era preciso ter calma para abrir vantagem, e o técnico Zé Roberto pediu tempo. E ela começou a acontecer depois de dois bloqueios incríveis de Thaísa e Dani Lins. Thaísa puxou o saque e abriu pela primeira vez dois pontos. Estava pavimentado o caminho para a vitória no primeiro set. Dani Lins virou duas vezes na rede e deu ao Brasil a oportunidade de fechar o set. Não veio no saque de Fê Garay, mas veio no seguinte, quando Fabiana acertou uma cortada em diagonal, fechando em 25 a 18. O Brasil impôs mais o jogo no

começo do segundo set, embora a torcida japonesa começasse a acordar. Não foi o suficiente. Com Jaque em dia inspirado (tinha acertado até ali sete pontos), a seleção chegou a abrir dez pontos de vantagem. Havia felicidade no rosto das seis jogadoras de quadra e nas que restavam no banco. Thaísa, na rede, deu ao Brasil a chance do set point, referendado pela diagonal de Fe Garay e pelo posterior bloqueio de Sheilla, um monstro na partida. Estava fácil: 25 x 15, 2 sets a 0. Falta vencer mais um set para selar a segunda final olímpica consecutiva. E ele começou tão equilibrado quanto o primeiro. Mas o bloqueio de Sheilla (1,87 metro) e Thaísa (1,94 metro) não era páreo para o baixo time japonês, em que três jogadoras mediam apenas 1,59 metro. Fabiana cravou o 24º ponto, e Jaque fez o que encerrou o jogo. No terceiro set, 25 x 18. No jogo, 3 sets a 0. “O campeão voltou”, gritava a torcida na arena. Talvez a equação não seja tão simples, porque falta os Estados Unidos, considerada por jogadoras e técnico a melhor seleção do mundo. Impossível, não é. Mas ontem já dormimos com pelo menos a prata no bolso. A final repete a decisão do ouro em Pequim 2008, batalha vencida pelas meninas do Brasil por 3 a 1.

ALEXANDRE BATTIBUGLI

Brasila tropela Japão, empolga torcida e avança em busca do bicampeonato

n rumo à final Fabi, Dani Lins, Sheilla & cia. ressurgiram nos Jogos e massacraram o Japão na semifinal

“A gente foi ao fundo do poço e voltou” de moral “Umnãohomem fica no chão”, já

disse Paulo Vanzolini. Mulheres de moral também não. Depois do início ruim no torneio olímpico, as meninas do vôlei reuniram-se antes do jogo contra a China e colocaram a casa em ordem, com a ajuda do técnico José Roberto Guimarães. “A gente começou mal a primeira fase, estava pesada, muito nervosa. Estava em um buraco, com todo mundo junto. Para sair, tinha que fechar o grupo. Desde a China a gente cresceu. A gente não merecia estar passando por aquilo”, disse Fernandinha. A primeira fase realmente não foi um conto de fadas. Derrotas para os Estados Unidos e para a

Coreia do Sul e classificação como o quarto colocado da chave – e graças à vitória dos EUA, adversários da final, sobre a Turquia na última rodada da fase de grupos. “A gente corria o risco de não classificar. Estávamos desesperados. Não dava para voltar para o Brasil daquela maneira”, disse Zé Roberto. “Iriam arrebentar com a gente, e a gente não merecia. Pelo menos a classificação para as quartas a gente tinha que ter.” E como consertar a rota? Com conversa, muita conversa. “Havia muita cobrança. Eu me cobro muito”, diz Thaisa, uma das melhores do jogo de ontem. “Achava que tinha que acertar todas, e quando errava, ficava de cabeça

baixa. O time de 2008 não é o que está agora, é diferente, e todo mundo jogava isso em cima da gente, como se tivesse que ser 25 x 0 tudo.” Contra a China, na penúltima rodada, o time se reuniu e tratou de colocar as coisas no lugar. “Ninguém acreditava que a gente iria ganhar. Antes do jogo, a gente começou a conversar. ‘Vamos nose cobrar menos. Cara, a gente joga pra caralho, vamos jogar soltas, alegres, como a gente joga no clube. Vamos pro pau.’ E aconteceu”, diz Thaisa. “A gente foi ao fundo do poço muito rápido, e voltou do fundo do poço muito rápido”, diz um aliviado e finalista Zé Roberto. (M.S.S.)

Decisão no masculino: Brasil pega Itália de olho no saque P

ara vencer a Itália amanhã, o Brasil vai ter que preparar a sua bateria antiaérea. Afinal, os italianos já fizeram nada menos que 37 pontos de saque. O principal sacador da equipe é o ponteiro Cristian Savani, autor de 11 pontos em Londres.s Olimpíadas (4 contra os Estados Unidos). “A Itália é uma equipe que saca muito bem, é a melhor arma do time deles. Mas, quando o saque não entra, eles se tornam um time comum. Contra os EUA entrou”, avalia o ex-treinador da seleção brasileira Radamés Lattari. Até aqui, o Brasil já sofreu 19 pontos de saque. Na partida contra a Rússia, que tradicionalmente tem um saque violento a equipe foi bem: apenas 1 ponto. Contudo, no jogo contra os Estados Unidos, os defensores brasileiros viram os americanos fazerem 9 pontos no fundamento. É verdade que esses números não chegam a ser assustadores; o Brasil costuma ter uma boa consistência defensiva, graças à segurança de Serginho e ao talento de Murilo, Dante e sobretudo de Bruninho. “Ele (Bruninho) é um jogador muito inteligente, tem uma leitura tática excelente e manda muitas bolas em velocidade para os opostos e ponteiros atacarem”, analisa Radamés. O levantador vai ser fundamental para a partida contra a Itália. Isso porque a recepção de saques violentos pode não ser tão boa e caberá a ele mandar bolas azeitadas, em velocidade para que o Brasil vença o também forte bloqueio italiano, que at’e aqui fez 51 pontos nos Jogos de Londres.



jornal placar | sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Futebol Atacante quer honrar gerações de craques

ALEXANDRE RIBEIRO/CBF

08

N

destaque O santista pode ser eleito o melhor dos Jogos

Orgulho de estar na final É uma honra gigantesca estar numa final de Olimpíadas, disputando o ouro. Sabemos que é difícil vencê-la. Se não fosse, o Brasil já teria umas 20 medalhas de ouro, porque já tivemos diversos craques que não conseguiram. Estamos representando todas as gerações, todos os brasileiros. Espero que, no sábado, nós possamos dar essa alegria para todo mundo.

A reinvenção de Neymar Aos 20 anos, santista fará sua primeira final com a seleção brasileira. Se vencer, terá o título que Pelé, Romário e Ronaldo não conseguiram Por Marcos Sérgio Silva, de Londres

N

eymar da Silva Santos Júnior, 20 anos, fará amanhã sua primeira final com a seleção brasileira. Em Londres, contra o México, tentará o que Romário, com 22 anos, não conseguiu em Seul. Um título que Pelé nem sequer disputou e que Ronaldo, aos 19 anos, nem mesmo chegou à final. A exceção do Rei, eles se contentaram com medalhas que não eram a de ouro. Perseguido pela torcida inglesa, sobretudo por aquilo que eles classificam como “diving” — a nossa popular falta cavada —, o menino enfim parece grande na seleção. Grande como no Santos campeão da Libertadores. Grande como o Bola de Ouro de PLACAR do Brasileirão 2011. O santista chegou em má fase no grupo olímpico, questionado pelo desempenho nos amistosos da seleção olímpica pelos Estados Unidos, em maio, e pelo fraco rendimento no Santos a partir das quartas de final da Libertadores deste ano. Precisou se

reinventar. Quem acompanha o seu futebol sabe que ele hoje, ao final da Olimpíada, é ainda mais completo. “Uma vez eu falei que a necessidade te obriga a encontrar outras soluções. O fato de jogar com equipes que não oferecem tantos espaços obrigaria o Neymar a se comportar de outro jeito. É isso que está acontecendo”, disse o técnico Mano Menezes, que bancou Neymar desde a primeira convocação, logo depois do fracasso da equipe de Dunga na Copa da África do Sul. Durante o torneio olímpico, Neymar cresceu. Deixou de ser o atacante que atuava apenas pela esquerda contra o Egito para virar o homem das trocas constantes com Oscar na segunda partida, contra a Bielorrússia. De lá saiu a receita para o Brasil continuar bem na competição. Mas como tirar do atacante uma palavra, que seja, sobre essa evolução? Para Neymar, tudo está do jeito que sempre esteve. Ele não mudou, continua o mesmo. A diferença é que antes criticavam. Agora o saú-

dam. “Estou jogando o meu futebol, ajudando a seleção. Não mudei meu estilo. Nunca fui individualista, sempre procurei acionar meus companheiros.” Só que mudou, Neymar, mudou sim. O menino da Vila não é o principal goleador da seleção (perde para o colorado Leandro Damião), mas é fundamental nas investidas de ataque. Deve sair da Inglaterra como o melhor jogador do torneio. Mas o santista se esquiva, talvez ressabiado pelas vaias que recebeu na partida das quartas de final, contra Honduras — passou a ser hostilizado logo depois da expulsão de Crisanto. “Foi a única vez que caí naquela partida. Não jogo para as pessoas, jogo para o meu time. E ele tem confiança no que eu faço.” O Neymar da Olimpíada é um jogador mais objetivo que o do Santos. Não que, no clube da Vila Belmiro, ele não tenha sido. Mas, na seleção, é menos comum vê-lo partir para o drible que nos jogos no Brasil. Mano Menezes compreende a mudança. “Não dá para pegar a bola,

a entrevista coletiva que concedeu ontem na concentração da seleção, em Saint Albans, Neymar admitiu que está ansioso para a disputa da final olímpica, amanhã, às 11 horas, contra o México. Mas, seguro, disse que não perde o jogo com a pressão de ter que sair de campo com a medalha de ouro no peito. Ciente das tentativas frustradas no passado, ele espera poder honrar todas as gerações de craques brasileiros que tentaram e não conseguiram a medalha de ouro. Veja a seguir os principais trechos da entrevista.

colocar o pé em cima, ficar esperando dez segundos e não ter mais opções. Toda vez que você parte, o drible reduz a sua capacidade de passar em 30%, 40%. Não tem mais o passe, porque escolheu o drible. Achar o equilíbrio disso é que torna um jogador ainda melhor do que já é.” Esse equilíbrio, mostrado na Olimpíada, já rendeu a primeira final de Neymar na seleção. E justamente na mais desejada das competições, o único título importante que o Brasil ainda não tem. “Pois é, é uma sensação diferente, nova. É uma Olimpíada, depois de 24 anos o Brasil está numa final. É uma alegria grande, mas não tem mistério. É entrar e ir para a vitória”, diz. “Neymar tem todas as ferramentas para ficar ainda melhor”, acredita Mano. “Porque dribla em velocidade, tem capacidade para fazer assistências, é um dos maiores goleadores que surgiram nos últimos tempos, gosta de jogar, não se esconde no momento mais difícil.” Pois o momento mais difícil chegou. E Neymar não tem por quê se esconder.

A busca do ouro Perder a final não será uma frustração. Mas ficaríamos muito tristes porque é uma final de campeonato. Não estamos ali para buscar a medalha de prata. Vamos em busca do ouro. Mas em finais, só um leva o ouro. Vamos correr para sair de lá felizes e, de preferência, com o título. Nova geração Sei que é uma chance de colocar nossos nomes na história do futebol brasileiro. Estamos preparados para esses 90 minutos. Nós passamos dois anos trabalhando e agora temos 90 minutos para fazer história. Sobre o México “Aquele jogo (derrota de 2 a 0 para o México em Dallas, em julho) não foi só um problema meu. O time não conseguiu jogar. Mas vamos ver o que o professor Mano vai passar para o nosso time e o futebol que apresentamos encaixar. Agora é outro jogo, outra história, uma competição diferente”. Elogios a Giovani “O Giovani é um craque, já falei isso, um gênio do futebol, mais um. Mas com o Giovani ou sem o Giovani o México é forte, não somos favoritos”. Jogar em Wembley É uma honra jogar nesse estádio. Infelizmente, o Pelé, o maior jogador de todos os tempos, não jogou ali. No sábado, estaremos representando não só o Pelé, mas todos os brasileiros.



jornal placar | sexta-feira, 10 de agosto de 2012

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Taekwondo

um conto de duas cidades Por Jonas Oliveira, de Londres

Diogo Silva cai de pé

Londres: os jogos das mídias sociais

H

Guerreiro, lutador brasileiro esteve muito próximo de faturar uma medalha, mas caiu na repescagem

O

brasileiro Diogo Silva ficou sem medalha, mas não fugiu da luta. Com muita raça, ele esteve muito perto ao menos da medalha de bronze na categoria até 68kg do taekwondo, mas caiu no último combate, já na fase de repescagem. O que pode servir de consolo é que, mesmo assim, Diogo Silva obteve o melhor resultado brasileiro no taekwondo em Olimpíadas. O brasileiro fez sua estreia contra o uzbeque Dmitriy Kim e venceu por 3 a 2, com o último ponto marcado no golden score. A luta seguinte foi contra o jordaniano Mohammad Abulibdeh, e também acabou com vitória de Diogo, por 7 a 5.

O duelo seguinte, contra o iraniano Mohammad Bagheri Motamed, válido pelas semifinais, foi o mais emocionante. Depois de um primeiro assalto de estudos, o asiático abriu 2 x 0. Diogo então teve que abrir a guarda e partir para o ataque. Tal atrevimento fez com que a vantagem do iraniano aumentasse para 5 x 1. Contudo, a seis segundos do fim, ele aplicou um golpe giratório com a sola do pé na cabeça do adversário e forçou o Golden Score. No desempate, ambos receberam uma advertência, mas ninguém pontuou. A decisão dos árbitros foi favorável ao iraniano. “Se eu fosse americano teria vencido, mas como sou brasileiro,

á muito existia a expectativa de que os Jogos de Londres 2012 fossem os primeiros em que as mídias sociais desempenhassem um papel importante. Não que elas não existissem em Atenas 2004 ou Pequim 2008, mas seguramente ainda não tinham o mesmo alcance e relevância. A previsão se cumpriu, como era de se esperar. Em Londres 2012 as mídias sociais têm ocupado um espaço importante do noticiário, muitas vezes pautando outros veículos de comunicação. Na semana que antecedeu a cerimônia de abertura, um usuário relatou ter passado por um protesto de taxistas próximo à Tower Bridge. Em alguns minutos, equipes de TV foram deslocadas até o local. Ainda antes do início dos Jogos, a atleta Voula Papachristou foi excluída de Londres 2012 pelo Comitê Olímpico Grego por ter feito uma piada de conotação racista. O pedido de desculpas veio tarde demais. Na primeira semana de competições, quando o britânico Tom Daley e seu parceiro ficaram em quarto lugar no salto sincronizado, um usuário fez um comentário de mau gosto sobre o pai do atleta, que morreu no ano passado. Não demorou para que ele fosse identificado. Os exemplos são inúmeros, e nem é preciso ir tão longe. A judoca brasileira Rafaela Silva discutiu com usuários que a ofenderam após sua desqualificação. Há também quem atribua o mau desempenho de Diego Hypólito ao fato de que ele estaria dedicando tempo demais às redes sociais. A grande ironia é que o Comitê Olímpico Internacional tem feito esforços para limitar ao máximo as interações entre atletas e usuários. Há regras explícitas que proíbem a publicação de fotos e vídeos por parte de voluntários e até da torcida, mas é praticamente impossível manter o controle sobre tamanha produção de conteúdo. O Rio 2016 será mais bem sucedido se entender que o desafio não será desenvolver estratégias mais eficientes para conter o uso das redes sociais, e sim pensar em estratégias para usálas a favor dos Jogos.

a gente tem que engolir isso e lutar pelo bronze”, disse Diogo bastante irritado ao fim da luta com a decisão dos juízes. Ele chegou até a pensar em entrar com recurso, mas desistiu da hipótese. A disputa pelo bronze foi contra o americano Terrence Jennings, que começou melhor, acertando um chute quatro pontos. Diogo, mesmo com dores no pé, conseguiu reagir e, no terceiro round, empatou em 5 x 5. Contudo, no segundo final tomou um chute de três pontos, que foi computado pelos árbitros e rendeu ao americano o bronze.

A judoca brasileira Rafaela Silva foi ofendida por seguidores no Twitter

n BRIGADOR

REUTERS/Toby Melville

Dan Kitwood/Getty Images

Diogo Silva (de azul) encarou todos os adversários com muita garra

n Tom Daley Atleta britânico dos saltos ornamentais



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Atletismo

Bolt vira

len

REUTERS/Lucy Nicholson

Bicampeão olímpico nos 100 m, homem-raio repete a façanha nos 200 m em noite de pódio jamaicano

n insuperável Velocista mostra que seu reinado nas pistas ainda está longe de acabar

Os dez desafios de Luiz Araújo

S

e há uma modalidade olímpica que mereça chamar seus atletas de super-heróis, essa modalidade é o decatlo. O sujeito precisa desenvolver múltiplas habilidades, exigindo excelência de todos os músculos do corpo. Tem que ser rápido para correr curtas distâncias, como os 100 metros rasos, os 110 metros com barreira e os 400 metros, mas ter resistência para encarar os 1.500 metros. Os músculos superiores precisam ser

fortes, para arremessar o peso e lançar o disco e o dardo. Os quadríceps e arredores devem estar em dia para o salto em distância. E ele precisa também gostar de altitude — dominar o salto em altura e o salto com vara. O brasileiro Luiz Alberto Araújo, 1,88 metro de altura e 88 quilos, é um desses super-heróis. Está em Londres porque venceu o Troféu Brasil quebrando um recorde sul-americano que já durava 25 anos. Seus maiores poderes estão nas

P

or um breve momento, o Estádio Olímpico engoliu seco. Será que o jamaicano Usain Bolt seria surpreendido na final dos 200 metros rasos? Depois de largar bem, melhor do que está acostumado, o fenomenal velocista fez a curva em primeiro, com uma vantagem bem segura. De repente, viu, à esquerda, seu compatriota Yohan Blake empolgado, tentando estragar sua festa. Mas foi apenas um susto, claro. Bolt garantiu seu posto de homem mais veloz do mundo, disparando na reta final e fechando o

percurso em 19s32. Bem no finalzinho, Bolt ainda segurou. Deu a impressão de só não ter batido o recorde olímpico porque não quis. Talvez por ser uma marca sua mesmo (19s30), conquistada em Pequim 2008. Pela primeira vez, um corredor é bicampeão olímpico tanto nos 100 metros quanto nos 200 metros, as duas provas mais rápidas do atletismo. E ele tem apenas 25 anos. E já chegou pedindo silêncio, como se quisesse saborear o momento. Mas, a essa altura, o Estádio Olímpico já vinha abaixo, com a

Bom de corrida mas ruim nas outras provas, brasileiro tem mau resultado no decatlo pernas. Ele corre bem: ganhou os 400 metros, chegou em 6º lugar nos 100 metros rasos e nos 110 metros com barreiras e foi 3º no 1500 metros. Mas suas fraquezas nos arremessos e saltos dissolveram o sonho de uma boa colocação. Terminou em 19º, com 7849 pontos. O campeão foi o americano Ashton Eaton, que já havia dominado o primeiro dia e, ontem, fechou a série de provas com 8869 pontos no total.

100 m

Salto em distância

Arremesso de peso


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No tapetão, Pistorius ganha chance de medalha

Brasileiras do 4x100 com a faca nos dentes

Trombada na eliminatória desclassifica Quênia e põe a África do Sul na final do revezamento 4 x 400 metros

nda

torcida eufórica aclamando a lenda viva. Carismático, ele ainda brincou fazendo flexões em plena pista. Clicou, também, a plateia usando a máquina de um dos fotógrafos que o cercavam. E também apontando três dedos ao alto, referência à tripla vitoriosa da Jamaica. Pois Blake não ficou muito atrás, com 19s44. E Warren Weir cruzou em terceiro, com 19s84, a melhor marca de sua carreira. A escola de velocistas da ilha caribenha consolidase como insuperável atualmente. Blake, de 22 anos, foi um real oponente ao homem-raio. Tinha chegado a Londres com o melhor tempo do ano nos 200 m (19s80). Mas ainda não é sua vez. Já tinha ficado com a prata nos 100 metros, atrás do astro. E pode se orgulhar de ser o primeiro... depois de Bolt. Quem sabe no Rio 2016.

Chris McGrath/Getty Images

O

scar Pistorius, o “Blade Runner”, tenta hoje, às 17h20, ganhar sua primeira medalha olímpica. O corredor sulafricano, que usa próteses de fibra de carbono abaixo dos joelhos, já havia feito história no último sábado ao pisar na pista de Londres e se tornar o primeiro atleta a participar de edições de Paralimpíada e Olimpíada. Na prova individual dos 400 metros, Pistorius avançou apenas até as semifinais. No revezamento 4 x 400, entretanto, a África do Sul é uma das nove equipes que fazem hoje a final. Deveriam ser oito. Mas a Federação Internacional de Atletismo (Iaaf ) decidiu atender à apelação dos sul-africanos, entendendo que eles foram prejudicados nas eliminatórias de ontem, e incluiu-os na raia 1, que normalmente ficaria vazia. Tudo porque Ofentse Mogawane, o segundo sul-africano a correr e que passaria o bastão a Pistorius, trombou com o queniano

Como nós não sabemos com certeza se ele obtém vantagem das próteses que usa, é injusto com os outros competidores.” Michael Johnson, ex-campeão olímpico dos 200 e 400 metros

Ele fez história. Tenho muito respeito por esse cara. É preciso ter muita coragem e confiança para fazer o que ele fez.” Kirani James, atual campeão mundial dos 400 metros Vincent Kiilu e foi ao chão. Kiilu se levantou e seguiu, mas Mogawane ficou no chão. A Iaaf decidiu que Mogawane fora bloqueado por Kiilu, e a manobra ilegal prejudicou a África do Sul. Como resultado da decisão, o Quênia foi desclassificado e os sul-africanos avançaram à final, mesmo sem terem terminado a prova. LJ van Zyl tomará o lugar de Mogawane, que se lesionou no ombro com a queda. “Obrigado, meu Deus. Montanha-russa emocional”, escreveu Pistorius

Lecka/Getty Images

Por Maurício Barros, de Londres

A

n BLADE RUNNER Pistorius volta à pista hoje para o revezamento

no Twitter, após saber da decisão da Iaaf. No Mundial de Atletismo em Daegu, na Coreia do Sul, em 2011, a África do Sul, com Pistorius na pista, ganhou a medalha de prata. Nas eliminatórias de ontem, Bahamas e Estados Unidos foram as equipes mais rápidas, com exatamente o mesmo tempo: 2min58s87.

Músculo x Fibra: até onde vai essa polêmica?

O

homem que inspira milhões de pessoas no mundo todo é o mesmo que intriga os cientistas do esporte. Ao correr com as próteses de fibra de carbono, Oscar Pistorius leva vantagem ou desvantagem em relação aos atletas com pernas de carne e osso? O estudo sobre Pistorius que foi conduzido pela IAAF, e que teve a participação de cientistas ligados ao próprio staff do atleta, apontou dados que, para Ross Tucker, doutor em medicina esportiva e pesquisador da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, são irrefutáveis. Segundo o estudo, quando está em alta velocidade, Pistorius gasta 25% menos oxigênio que atletas com as duas pernas. Outro achado diz que as próteses retornam 92% da energia que Pistorius empreende quando toca o solo. Tucker diz que tendões e músculos humanos são capazes de retornar apenas 41% desse energia. “Portanto, as próteses são uma mola melhor do que os

tendões humanos”, escreveu o pesquisador em artigo para a edição sul-africana da revista RUNNER’S WORLD, da qual é editor científico. “Traduzindo: as pernas humanas perdem 59% da energia em cada aterrissagem, enquanto a fibra de carbono perde apenas 8%”. Outra conclusão é que Pistorius consegue mexer suas pernas mecânicas 21% mais rápido que outros velocistas com pernas humanas. Músculos e ossos imporiam limites que não existiriam nas chitas. O resultado é menos fadiga para Pistorius. Tucker reconhece o enorme poder de inspiração do atleta, mas procura lançar um olhar estritamente científico ao caso. Para ele, não resta dúvida de que as próteses conferem ao “Blade Runner” uma vantagem competitiva em relação aos demais corredores. Ao revogar a decisão da IAAF, a Corte Arbitral do Esporte teria, para Tucker, negligenciado essas descobertas do estudo.

na Claudia Lemos, Franciela Krasucki, Evelyn dos Santos e Rosângela Santos tentam hoje uma medalha na final do revezamento 4 x 100 metros feminino. O quarteto brasileiro teve ontem no Estádio Olímpico um bom desempenho na série mais forte das eliminatórias. Com a quarta colocação e o tempo de 42s55, pulverizou em 30 centésimos o recorde sul-americano. A marca foi a sexta mais rápida, considerando as duas séries. “Nosso objetivo é correr mais rápido do que hoje (ontem) para buscar algo melhor”, disse Ana Claudia. Os Estados Unidos e a Jamaica não entraram na série com o time titular, poupando as estrelas. Mas isso não parece amedrontar as brasileiras. “Pra gente vai ser melhor, quanto mais forte, melhor”, disse Franciela Krasucki. “Na final não tem favorito, qualquer um pode ganhar medalha”. Franciela disse que as brasileiras tiraram um peso das costas, que era a classificação. “Tem uma tensão do primeiro tiro do revezamento. As passagens têm que ser seguras, a gente entra um pouco nervosa. Mas na final a gente tira esse nervosismo”. Rosângela Santos crê que as chances de melhora estão na passagem do bastão. “Elas podem ser um pouco mais rápidas. Porque o percurso de todas já foi muito forte”, disse. O técnico Katsuhico Nakaya confirmou que vai manter a mesma formação do quarteto para a final de hoje.

Masculino

Como as mulheres, o quarteto masculino do Brasil tenta hoje chegar a mais uma final olímpica no revezamento 4 x 100 metros. O país tem tradição nessa prova. Conquistou uma medalha de bronze em Atlanta 1996 e uma de prata em Sidney 2000. O quarteto brasileiro deve entrar nas pistas com Aldemir Gomes, Sandro Viana, Nilson André e Bruno Lins.

fotos cob, reuters e getty images

Salto em altura

400 m

110 m com barreiras

Arremesso de disco

Salto com vara

Arremesso de dardo

1500 m


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maratona aquática

loja de antiguidades Por Fábio Altman, de Londres

Os jogos familiares

n água fria Poli não resistiu ao esforço e desistiu antes de completar os 10km

Washington Alves/AGIF/COB

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Brasileira deixa prova na cadeira de rodas

Sem resistir ao frio do lago do Hyde Park, em Londres, Poliana Okimoto tem crise de hipotermia, desmaia e desiste da prova

Da Redação

P

oliana Okimoto, um dos grandes nomes da maratona aquática mundial na atualidade, e uma das maiores esperanças brasileiras de medalhas, não resistiu à baixa temperatura da água do Lago Serpentine, no Hyde Park, e abandonou a maratona aquática de 10 km, ontem. A nadadora chegou a completar quatro voltas do percurso — de um total de seis —, mas não suportou a água em torno de 19°C e pediu ajuda aos fiscais da prova, quando ocupava a 20ª colocação. Foi retirada da água ainda consciente, mas desmaiou logo depois. De cadeira de rodas, foi levada para um centro médico. De acordo com o chefe da equipe brasileira, Igor Souza, Poliana sofreu um choque térmico. “Essa temperatura é a mesma do mar de Copacabana em janeiro. Ela já nadou e ganhou em temperaturas mais frias. Aqui mesmo, participou de um evento-teste e ficou em terceiro. Mas cada dia é um dia: o organismo hoje reagiu diferente”, explicou Souza. “É difícil levar um golpe desses. Ela estava cotada entre as favoritas”.

n resgate Imagens reproduzidas da TV mostram o drama da nadadora, que ficou desacordada logo depois de sair da água do Lago Serpentine

ois pares de irmãos fizeram da Olimpíada de Londres uma festa em família. Alistair Brownlee, de 24 anos, ganhou a medalha de ouro no triatlo — seu irmão caçula, Jonathan, ficou com o bronze. Os brasileiros Yamaguchi Falcão e Esquiva Falcão, do boxe, semifinalistas hoje, já sabem que subirão ao pódio, na pior das hipóteses com um bronze. É comum, em Jogos Olímpicos, irmãos disputarem juntos as provas (e lembre-se aqui de Pau e Marc Gasol, da seleção espanhola de basquete). Menos comum é têlos com medalhas no pescoço. Usa-se, com frequência, nos Jogos, a expressão “família olímpica” para designar os atletas, autoridades e jornalistas — quem compete, quem manda e quem conta aquilo que os esportistas e os chefões andam fazendo. Family, familia, famiglia e familie — as famílias ajudam a contar a alegria das vitórias e a tristeza das derrotas olímpicas. Esta Loja de Antiguidades foi procurar a família mais premiada de todos os tempos. Encontrou um casal de nadadores da extinta Alemanha Oriental, eles também já um extinto casal, após o divórcio. Roland Matthes tinha apenas 16 anos quando bateu seu primeiro recorde mundial, no nado de costas, em 1967. Nos seis anos seguintes fez pó das marcas dos 100 e dos 200 metros nado de costas em dezesseis oportunidades. Ganhou quatro medalhas olímpicas de ouro, duas de prata e duas de bronze colecionadas em dois Jogos, de 1968 e 1972. Em 1978, ele se casou com a também alemã oriental Kornelia Ender, dona de quatro ouros e quatro pratas colhidas em 1972 e 1976. Juntos, portanto, Roland e Kornelia, somavam oito ouros, seis pratas e dois bronzes. Depois da denúncia, feita em meados dos anos 80, pouco antes da queda do Muro de Berlim, de que treinadores de natação da Alemanha Oriental davam substâncias químicas proibidas aos nadadores sem que eles soubessem, os títulos foram manchados. As acusações, nunca negadas com veemência, comprovadas pelo exagerado tamanho do corpo dos campeões, apagaram o sorriso totalmente anos 70 da loira e do bigodudo que marcaram uma era do esporte.

Kornelia e Roland Ender somaram oito ouros, seis prats e dois bronzes

Hipotermia persegue nadadora E

sta não é a primeira vez que a hipotermia, queda repentina da temperatura corporal, prejudica Poliana Okimoto em competições internacionais. Em agosto de 2010, a brasileira abandonou a disputa da prova dos 10 km, nos Jogos Pan Pacíficos de Irvine, nos Estados Unidos, pelo mesmo problema. Poliana não suportou a baixa temperatura da água, em torno de 16°C — mínimo permitido pela Federação Internacional de Natação (Fina) — e chegou ser levada para o pronto-socorro. No lago do Hyde Park, local das provas da maratona aquática, apesar do céu aberto e do calor, a água estava em torno de 19°C. De acordo com o fisiologista do esporte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Turíbio Leite de Barros, nesses casos, o maior problema enfrentado pelos atletas é a chamada falência energética, que ocorre quando o corpo não consegue produzir energia para se movimentar. “Com a temperatura baixa, os vasos sanguíneos se contraem, reduzindo a circulação de oxigênio nos músculos e, consequentemente, acelerando a perda de calor”, explicou Souza. O fisiologista também destacou a importância da gordura corporal para impedir a fuga de calor. “A gordura funciona como isolante térmico, diminuindo a queda da temperatura do corpo”. Poliana mede 1,65 metro de altura, pesa cerca de 54 kg e, praticamente, não tem gordura no organismo.

n SORRISO MANCHADO Os resultados de Kornelia Ender e Roland Matthes nos anos 70 foi apagado pelas denúncias de doping



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GIRO

Lucas Landau

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vip london

Da Vila ao Tâmisa

Além de terem assistido ao emocionante jogo entre Brasil e Argentina, anteontem, pelas quartas-de-final do basquete masculino, os empresários, executivos e publicitários que visitaram a Vila Placar fizeram um passeio de barco pelo Rio Tâmisa. Não é exagero dizer que foi graças ao seu alto astral que São Pedro colaborou e espantou o mau tempo. De volta à Vila, o espaço da torcida brasileira, o grupo curtiu a exposição de fotos PLACAR e as demais atrações do local.

em família FOTOS Lucas Landau

Dois medalhistas olímpicos do passado aproveitaram os intervalos dos Jogos para curtir a capital britânica. Acima, o ex-levantador Maurício (ouro no vôlei em Barcelona 1992) flanou com a mulher e os filhos pela cidade. Ao lado, a ex-jogadora Virna (bronze em Sydney 2000, no vôlei), com o marido e do filho, posam diante do Parlamento Britânico.

BMX

BASQUETE

Brasileiro acaba no hospital Renato Rezende caiu na segunda bateria e não pode disputar vaga nas semifinais

Sergio Perez - IOPP Pool /Getty Images

n que pena! Renato (à dir.) estava bem na prova até cair

P

n freguesas Australianas se esforçam, mas perdem outra dos EUA

EUA chegam à quinta final A Valterci Santos/AGIF/COB

arecia que o dia seria de sorte para o ciclista Renato Rezende. Na primeira prova classificatória do BMX, ele partiu bem, colocou-se em terceiro e, no final do circuito ganhou a segunda posição de um adversário que caiu. Faltavam ainda quatro largadas para se confirmar entre os quatro primeiros de seu grupo e passar para as semifinais. Mas logo ele também veria o chão da sinuosa pista mais de perto e colocaria um fim em sua participação nos jogos. Na segunda bateria, ao tentar se recuperar de uma saída ruim, derrapou e sofreu uma queda em uma das primeiras curvas. Ainda foi atropelado pelo equatoriano Emilio Buchely, que vinha logo atrás. Não completou a série e ficou sem condições de continuar. Sentiu o ombro, provavel-

mente, uma luxação no ombro. Rezende foi conduzido à policlínica da Vila Olímpica. E sem poder participar das baterias seguintes, acabou eliminado. Disputado pela segunda vez em Jogos, o BMX prega bastante

sustos no público, com um festival de quedas. Muitas vezes, mais de um competidor acaba no chão no mesmo lance. No feminino, Squel Stein representa o Brasil nas quartas, disputadas ontem, a partir das 11h.

seleção feminina de basquete dos Estados Unidos está mais uma vez na decisão pela medalha de ouro do torneio olímpico. É a quinta vez consecutiva que os EUA chegam a uma final, sendo que nas três anteriores a adversária foi a Austrália, que jamais venceu os confrontos. Desta vez, o confronto com as australianas veio antes, na semifinal. Antes dissso, os EUA já haviam sido campeãs nos Jogos de Seul (1988) e de Los Angeles (1984), incluindo um bronze na Olimpíada de Barcelona 1992. No confronto de ontem, o Dre-

am Team de saias despachou as arquirrivais por 86 a 73. A Austrália até conseguiu manter o placar emparelhado nos dois primeiros quartos da partida, fechando o primeiro tempo em 47 a 43. Mas antes de voltarem do intervalo, as jogadoras americanas levaram uma bronca do técnico Geno Auriemma, em razão da queda de rendimento do time. E deu resultado. No terceiro quarto, os EUA anotaram 22 pontos contra 12 das australianas, e 21 pontos contra 14, na etapa final. As americanas agora enfrentam a França, que ontem derrotou a Rússia por 81 a 64.



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boxe

Irmãos brasileiros tentam final inédita no boxe Com bronze garantido, Esquiva e Yamaguchi Falcão lutam hoje para chegar até o ouro Por Marcos Sergio Silva, de Londres

S

ão quatro irmãos da família Falcão lutando boxe pelo Brasil. O pai, Touro Moreno, aos 75 anos, ainda disputa suas lutinhas. E dois deles, filhos desse capixaba, já conseguiram nesta Olimpíada o que só 57 países podiam superar até a noite de ontem: duas medalhas de bronze. Medalhas que, a partir de hoje, podem virar prata ou ouro. Às 11h (horário de Brasília), Esquiva Falcão disputará contra o britânico Anthony Ogogo, em Londres, um lugar na final na categoria peso médio (até 75 kg). Mais tarde, em horário ainda não definido, seu irmão, Yamaguchi Falcão, tenta a mesma proeza nos meio-pesados (até 81 kg), contra russo Egor Mekhontcev. Se vencerem, terão alcançado um feito que o boxe brasileiro jamais conheceu: uma medalha de prata ou de ouro em uma Olimpíada. Uma tarefa complicada, sobretudo para Esquiva, que enfrenta um atleta britânico com o peso da

Enfim, medalha no peito

empolgada torcida da ExCel Arena a favor. “Eu lutei com ele no Mundial e ganhei. Ele está em casa, e a torcida vai estar com ele. A arbitragem pode influir. Um golpe, a plateia grita, e ela pode dar um ponto. Preciso tomar cuidado, porque eu quero essa medalha de ouro”, disse o brasileiro, que acredita que “99% da torcida” estará contra ele. “É estar preparado para não tomar esse baque de entrada.” Falcão descreve o estilo do britânico como “raçudo e brigão, do tipo que empolga a torcida.” Além da preparação habitual, Esquiva viu também imagens da luta contra o britânico no Mundial de 2011. “Vou tentar ganhar o primeiro round para estabelecer o meu estilo.” A medalha de bronze para Esquiva não importa. Sua meta é terminar a competição como campeão olímpico. “Vou em buscar o ouro. Bronze, eu já tenho o do Mundial. Incomodava esse tempo todo

brothers Esquiva (foto maior) e Yamaguchi lutam hoje pelo direito de disputar o ouro

do Brasil sem medalha. Toda entrevista que a gente dava, alguém falava disso. Então o boxe estava sumido. Aí veio o UFC e sumiu ainda mais.” Yamaguchi, mais tarde, tentará bater o russo Mekhontcek. O brasileiro foi a surpresa das quartas de final, ao eliminar o campeão mundial dos meio-pesados, o cubano Julio la Cruz Perazza. Seu estilo é menos técnico e mais agressivo que o do irmão. “Meu pai tinha duas cartas na manga”, diz Esquiva. “Já conseguiu duas medalhas”, diz. Esquiva, aliás, tem esse nome porque o pai o imaginava como boxeador desde que nasceu. “Antigamente, no boxe, o treinador não podia falar ‘jab direto’. Meu pai então pensou: vou botar o nome dele de Esquiva, assim, se gritar ‘esquiva’, é o nome dele.”

Esquiva e Yamaguchi podem repetir Spinks

E

squiva e Yamaguchi Falcão têm a chance de escrever seu nome na história do boxe olímpico como os segundos irmãs a serem campeões em categorias diferentes. Os primeiros a fazerem isso foram os irmãos Michael e Leon Spinks, campeões na categoria médio e meio pesado, respectivamente, nas Olimpíadas de Montreal, em 1976. O desempenho do boxe americano nessa Olimpíada é tido como histórico. À época os países que compunham a União Soviética e Cuba estavam habituados a levar ouros por atacado nas Olimpíadas. Em Montreal, foram 6 finais e 5 medalhas de ouro (além de um bronze) para os americanos. Michael (hoje, com 56 anos) derrotou o soviético Rufat Riskiev e Leon Spinks (atualmente com 59 anos) venceu o cubano Sixto Sorias. Para os americanos foi como um nocaute no comunisno. Riskiev era o campeão mundial e já havia derrotado Micheal meses antes. Entretanto, o americano começou a luta agressivo, encurralando o adversário nas cordas e não deixando o russo respirar. Com 1min54s do terceiro round, Riskiev abandonou a luta e permitiu ao americano ficar com o ouro. Leon, por seu turno, derrotou o cubano por nocaute técnico no terceiro assalto e levou a medalha dourada.

bronze Adriana posa no pódio

m dia depois de conquistar, no ringue, a primeira medalha da história do boxe brasileiro nas Olimpíadas, a baiana Adriana Araújo finalmente colocou o prêmio no peito. Isso porque ele teve que esperar até ontem pela luta que definiu a campeã da categoria leve (até 60kg). Katie Taylor (Irlanda), ficou com o ouro. Sofya Ochigava (Russia), levou a prata. Mavzuna Chorieva (Tajiquistão) e Adriana dividiram o bronze (no boxe nnão há disputa do terceiro lugar).

REUTERS/Murad Sezer

U

dourados Michael e Leon Spinks, em Montreal



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Ginástica

London Calling Por Giancarlo Lepiani, de Londres

Zanetti está em casa

Won’t Get Fooled Again

O

ciclista Chris Hoy é o maior atleta olímpico britânico. Dono de sete medalhas, seis delas de ouro, subiu duas vezes ao topo do pódio em Londres 2012, a última Olimpíada de sua carreira. Aos 36 anos, o supercampeão, que já tem o título de “sir”, não irá ao Rio em 2016. Antes de encerrar a carreira, porém, Hoy sonha com um último grande evento: os Jogos da Comunidade Britânica, em 2014. O motivo: a competição acontecerá em Glasgow, Escócia, a cerca de 80 quilômetros de sua cidade natal, Edimburgo. O escocês voador do Velódromo de Stratford fez história na pista, não restam dúvidas. Mas igualmente significativa foi uma posição adotada depois de seu triunfo olímpico, num momento em que vinha sendo usado de forma oportunista pela autoridade máxima do governo autônomo escocês. Alex Salmond é o primeiro-ministro da Escócia — e também o líder máximo do Partido Nacional Escocês, que defende a independência do território do Reino Unido. Salmond tentou aproveitar a popularidade de Hoy para reforçar sua campanha separatista. Antes mesmo da Olimpíada, ele vinha dizendo que estes seriam os últimos Jogos em que os escoceses defenderiam a bandeira britânica — porque até 2016, acredita ele, a independência já terá sido conquistada. Salmond também foi ridicularizado ao propor uma torcida apenas para os escoceses em Londres, ignorando os atletas da Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte. Seu principal trunfo na inusitada tentativa era justamente Hoy, com sua imagem vencedora e reputação irretocável. Quando o ciclista foi escolhido para ser o porta-bandeira britânico na abertura, Salmond divulgou uma tola nota oficial parabenizando Hoy sem citar o nome da Grã-Bretanha. O ídolo, no entanto, estragou a festa do político. Hoy avisou publicamente que era “frustrante” perceber que estava sendo arrastado para uma briga ideológica contra sua vontade. E mais: deixou claro que prefere ser integrante da delegação olímpica britânica, e não apenas da escocesa. “É um grande orgulho fazer parte do time ao lado dos ingleses, galeses e norte-irlandeses. Sou escocês, sim, mas também sou britânico. E penso que uma coisa não anula a outra”, avisou, minando a desonesta estratégia de Salmond de usar o esporte para fins políticos. O prefeito Boris Johnson, um dos líderes do Partido Conservador, vibrou. “Uma das melhores coisas destes maravilhosos Jogos foi a certeza de que eles retardaram a campanha de Alex Salmond para acabar com a União.” Mais uma medalha, portanto, para a coleção de triunfos de Sir Chris.

Atleta é recebido com festa em sua cidade natal e volta aos treinos hoje, pensando no Rio 2016

casal Arthur e Zanetti, no desembarque

Sou escocês, sim, mas também sou britânico, disse o campeão Chris Hoy

olavo guerra

carreata Já em São Caetano do Sul, Arthur desfila em carro aberto

em família Ao lado, o campeão reencontra a avó e, acima, exibe mais uma vez a conquista

Bryn Lennon/Getty Images

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ginasta brasileiro Arthur Zanetti, medalhista de ouro em Londres, foi recebido com festa em São Caetano do Sul (SP), onde nasceu e pela qual compete. Antes de ir “para casa”, ele concedeu uma entrevista coletiva de imprensa em um hotel bem próximo ao Aeroporto de Guaru-

lhos, logo após desembarcar ontem pela manhã. “Volto a treinar amanhã (hoje) e esse já é o começo da minha preparação para 2016”, disse. Marcada para às 9h, a passeata em carro de bombeiro pelas ruas de São Caetano não teve a pontualidade britânica e atrasou em uma hora. Mas reuniu anônimos e companheiros de treino de Zanetti, como Hudson Kaique Miguel,19, que pratica gi-

fotos REUTERS/Nacho Doce

Por Olavo Guerra

nástica com Arthur desde os sete anos. “Sou muito amigo e parceiro de treino do Tutu”, disse, citando o apelido carinhoso pelo qual o campeão é conhecido. Miguel torce para que, no Rio 2016, ele e seu parceiro estejam juntos em busca de uma medalha. “Trabalhamos pra isso. Se Deus quiser, se correr tudo certo e eu traçar meu objetivo, acho que tudo pode dar certo”. Ele também revela traços da personalidade do amigo. “O Arthur é meio estressadinho”, diz. E também confessa outro apelido: anão. “Mas ele leva tudo na brincadeira”, completou. O desfile durou cerca de duas horas e meia e, em seguida, o medalhista de ouro foi para o Clube Agith (Associação de Ginástica di Thiene). Lá, os pequenos ginastas recepcionaram Zanetti, ao lado de alunos de escolas municipais de São Caetano.

n SIR Contra a separação da Escócia e o oportunismo político



jornal placar | sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Radar olímpico Christian Petersen/Getty Images

Salto de qualidade

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brasileira Joice Silva perdeu estreia da luta livre, ontem, pela categoria até 55 kg, e acabou sendo eliminada da competição. Ela foi derrotada pela russa Valeriia Zhobolova, por 3 rounds a 1, e precisava torcer pela adversária nos combates seguintes, para ir para a repescagem da medalha de bronze. Valeriia, dona do título da Copa do Mundo de Tóquio, neste ano, até passou pela sueca Sofia Mattsson, nas quartas-de-finais, mas acabou sendo batida pela bicampeã olímpica Saori Yoshida, do Japão. Saori, que havia sido derrotada pela russa na Copa do Mundo por Valeriia, obteve sua revanche.

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três dias do encerramento dos Jogos de Londres, a Rússia quer dobrar a quantidade de ouros conquistados. Até agora, os russos faturaram 11 medalhas douradas e querem mais 15, para superar a meta estabelecida pelo governo Putin, de 25 ouros. Os russos ainda têm chances no nado sincronizado, na ginástica rítmica, no boxe e no pentatlo. O baixo desempenho da Rússia até agora se deve, em parte, ao enfraquecimento da natação, que não conquista um ouro desde o bicampeonato de Alexander Popov, nos 100 m e 50 m, em Atlanta 1996.

Brasil termina em 10º na canoagem

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pesar de não ser nenhuma potência nos saltos ornamentais, o Brasil costuma sempre enviar representantes aos Jogos. Em Londres, depois de Juliana Veloso e César Castro no trampolim de 3 metros, hoje, a partir das 11h, é a vez do carioca Hugo Parisi, na plataforma de 10 metros. Em sua terceira Olimpíada, aos 28 anos, ele tenta superar sua melhor colocação, um 19º lugar em Pequim 2008. “Estou mais maduro, mais experiente e sabendo o que preciso fazer para alcançar o meu objetivo. Não vai ser uma tarefa tão fácil porque tenho pela frente excelentes competidores, mas estou cumprindo à risca o planejamento traçado pelo meu técnico Ricardo Moreira”, garante. Em 2009, o brasileiro chegou a ser o nono no ranking mundial, posição que ele espera recuperar agora. A ideia é manter a rotina que sabe realizar bem, em vez de se arriscar em movimentos complexos demais.

n maduro Hugo Parisi quer superar o 19º lugar obtido em Pequim

medalha de ouro Alexander Hassenstein/Getty Images

Russos com fome de ouros

uro nos 200 m borboleta e recordista olímpica, a chinesa Liuyang Jiao acaba de ser nomeada integrante da Assembleia Nacional Popular, órgão legislativo da China. Liuyang, que também é soldado do Exército de Libertação Popular, vai participar do grupo que vai escolher o presidente e o primeiroministro chineses, em março de 2013.

Richard Heathcote/Getty Images

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s Estados Unidos conquistaram a medalha de ouro, mais uma vez, no futebol feminino. Com dois gols da camisa 10 Llloyd e grande atuação da goleira Hope Solo, uma das musas dos Jogos de Londres, a seleção americana se vingou da derrota na Copa do Mundo do ano passado e bateu as japonesas por 2 a 1, onem, no histórico estádio de Wembley. Foi a quarta medalha dos EUA em cinco Olimpíadas. Na dispua do bronze, o Canadá venceu a França por 1 a 0 e ficou com a medalha.

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Objetivo de brasileiro dos saltos ornamentais é ficar entre os dez primeiros

Joice Silva perde na estreia da luta livre

EUA levam ouro no futebol feminino

Nadadora chinesa vira parlamentar

n Vai para o queniano David Rudisha, que acabou com o jejum de recordes mundiais do atletismo em Londres, ontem. Rudisha, natural de uma tribo massai, estabeleceu a nova marca para os 800 metros rasos, com 1min40s91. Favorito para a medalha de ouro da prova, ele era dono do recorde anterior, de 1min41s01, estabelecido em 2010. O meio-fundista, de 23 anos, foi descoberto por um padre irlandês em 2004, quando disputava um torneio escolar. Impressionado com as pernas longas e a concentração do jovem queniano durante as provas, o reverendo o convidou para participar de treinamentos em 2005.

medalha de lata

dupla brasileira Erlon Silva e Ronilson Oliveira terminou o torneio de canoagem, na categoria C2 1.000m, na 10ª colocação geral, ontem. Fora da briga por medalhas, os brasileiros disputaram a final B, que definiu as posições entre nono e 12º lugares, e chegaram na segunda posição, atrás apenas da dupla polonesa Grzybowski/Kaczor. O ouro ficou com os alemães Kretschme/Kuschela.

Dívidas fecham casa da África em Londres

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torcida africana nos Jogos Olímpicos está sem casa. A Vila África, sede social de 53 comitês olímpicos do continente, montada no Hyde Park, oeste de Londres, foi fechada por falta de pagamento a fornecedores. Rumores dão conta de que a dívida é de mais de R$ 1,2 milhão. Desde o dia 28 de julho, quando foi inaugurada, a Vila África recebeu cerca de 80 mil visitantes.

Catalina Ponor se aposenta

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bela romena Catalina Ponor, uma das grandes estrelas da ginástica artística mundial, anunciou sua aposentadoria ontem, aos 24 anos de idade. Dona de três medalhas de ouro olímpicas, conquistadas em Atenas 2004, Catalina encerrou sua participação em Londres, com uma prata, no solo, e um bronze, na trave. A romena, que retornou às competições no ano passado, após quatro anos longe do esporte, revelou que pretende tirar férias e depois tentar trabalhar como treinadora.

David Cameron cutuca franceses

olavo guerra

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n Vai para os oportunistas da classe política nacional, que não perdem uma chance de pegar uma carona no sucesso de um esportista. Aconteceu de novo ontem com o ginasta Arthur Zanetti, medalha de ouro nas argolas. Na carreata realizada pela cidade de São Caetano do Sul, para receber o campeão, lá estavam os bicões. Empunhando cartazes com os nomes, números, e principalmente, as fotos de si mesmos, candidatos a prefeito ou vereador da cidade desfilaram em vários veículos atrás do caminhão do Corpo de Bombeiros no qual estava Zanetti, sua equipe técnica e familiares. Coisa feia!

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primeiro-ministro David Cameron aproveitou a rivalidade histórica entre britânicos e franceses para cutucar os vizinhos, rivais no ciclismo. “Acho que está difícil de aceitar as bandeiras britânicas na Champs-Élysées”, brincou Cameron, referindo-se à conquista da Volta da França pelo ciclista britânica Bradley Wiggins, no mês passado. O ciclismo da casa faturou 12 medalhas no ciclismo dos jogos, sendo oito de ouro, duas de prata e duas de bronze, , contra apenas três pratas dos franceses.


jornal placar | sexta-feira, 10 de agosto de 2012

cenas olímpicas fotos getty images; reuters

23 n A chinesa Zhao Yunlei tenta recuperar uma bola na partida de badminton contra o Japão. Valeu o esforço: ela e a parceira ganharam o ouro

n Na raça, Marie Mavers, da Alemanha, tenta impedir ataque australiano na derrota por 3 x 1 em partida do hóquei

n Ginasta britânica Jennifer Pinches cai da trave na competição de ginástica artística

a d o t m e N . . . l a t a f é queda eza, todas são

chegar om cert ...mas, c s. Porém, paraaber se doloridapo, é preciso s eda. Em ao Olim após cada qu ir levantarlguns casos, ca . Em a rço nta esfofeição. e s e r p e r imper outros,

n O australiano Clayton Fredericks cai de seu cavalo Bendigo na prova de cross-country do hipismo

n A portuguesa Clarisse Cruz cai no meio do bolo de competidores durante a prova dos 3000 metros com obstáculos

n Algoz de Thomaz Bellucci, Tsonga, ao tentar recupear bola, cai na famosa grama de Wimbledon. Francês foi eliminado por Djokovic

n Touché! O esgrimista egípcio Alaaeldin Abouelkassem é atingido pelo sul-coreano Byungchul Choi nas semifinais do torneio


Estamos juntos na torcida pElo Brasil Em londrEs Presença lado a lado com o esporte brasileiro

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Na torcida pelo Brasil em Londres 2012


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