Jornal Placar Londres 2012 Ed 17

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edição 17

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SÁBADO, 11 de agosto de 2012

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www.placar.com.br

VÔLEI

Seleção feminina pega hoje EUA em busca do bi olímpico. Time masculino pega Rússia rumo ao tri

futebol

Em Wembley, geração de Neymar e Ganso joga pelo ouro inédito, às 11h

ALEXANDRE BATTIBUGLI

Esquiva Falcão vai à final do boxe olímpico, hoje, às 17h45

Na luta pelo ouro

ALEXANDRE BATTIBUGLI

GETTY IMAGES

LONDRES 2012


jornal placar | SÁBADO, 11 de AGOSTO de 2012

Aquecimento frases

Editorial Por Miguel Icassatti

JORNALPLACAR@abril.com.br

q Quadro de medalhas País 1

estados unidos

26

27

94

2

China

37

25

19

81

3

grã Bretanha

25

15

17

57

4

Rússia

15

21

27

63

5

Coreia do sul

13

7

7

27

6

alemanha

10

18

14

42

7

França

9

9

12

30

8

Hungria

8

4

3

15

9

Austrália

7

14

10

31

10

Itália

7

6

8

21

12

Cazaquistão

6

0

3

9

13

Japão

5

14

16

35

11

Holanda

6

5

8

19

14

irã

4

5

1

10

15

Nova zelândia

4

3

5

12

28

Brasil

2

2

8

12

n Quadro de medalhas atualizado até as 21h30 (horário de Londres). Confira o quadro atualizado em tempo real no site www.abrilemlondres.com.br

qbaú olímpico Por Olavo Guerra

Volta olímpica

A

seleção brasileira de futebol tem grandes chances de dar a volta olímpica no lendário Estádio Wembley, caso conquiste, pela primeira vez, a medalha de ouro, contra o México. Mas o termo “volta olímpica” não começou com o futebol, mas com o atletismo. Nos Jogos Olímpicos de Helsinque 1952, o brasileiro Adhemar Ferreira da Silva conquistou a primeira de suas duas medalhas de ouro, no salto triplo. Enquanto os torcedores do Estádio Olímpico de Helsinque estavam extasiados, Adhemar dava a volta na pista de corrida ao redor do gramado, saldando os torcedores. Estava criada a volta olímpica.

n O bicampeão olímpico Adhemar Ferreira da Silva, saltando para sua primeira medalha de ouro

Quero voltar para o Brasil com a única medalha que eu nunca tive” O rei Pelé, ao ser

homenageado na Universidade de Edimburgo, torcendo Bolt, medalha de ouro nos 100m e pelo ouro do futebol masculino, sem dar bola 200 m, mostrando que adora para sua fama de pé-frio correr e criar polêmica

Meu desejo já está realizado. Eu só queria ver os meus meninos entre os 10 melhores lutadores do mundo” O ex-pugilista Touro Moreno, pai de Esquiva Falcão e Yamaguchi Falcão, brasileiros que ganharam medalhas no boxe em Londres

Os destaques e o melhor conteúdo www.abrilemlondres.com.br exclusivo sobre Londres 2012 na internet Destaques do Site

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para ver na tv

Total 41

Por Jesse Owens eu sinto um grande respeito. Foi um grande atleta, fez coisas boas por seu país. Mas não tenho o menor respeito por Carl Lewis” O jamaicano Usain

Hora

Esporte

Sexo

Disputa

5h00

Atletismo

M

Marcha de 50km

5h00

Tae kwon do

F

67kg

7h30

Vôlei

F

Etapa

Brasileiros na disputa

Eliminatórias

Natália Falavigna

Decisão do bronze

11h00 Futebol

M

Brasil x México

13h00 Atletismo

F

Marcha de 20km

13h00 Basquete

F

Decisão do bronze

13h00 Handebol

F

Decisão do bronze

14h30 Vôlei

F

Brasil x EUA

Final

15h00 Atletismo

F

Salto em altura

Final

15h20 Atletismo

M

Lançamento de dardo

Final

15h30 Atletismo

M

5 000m

Final

16h00 Atletismo

F

800m rasos

Final

16h25 Atletismo

F

4x400m

Final

16h30 Saltos ornamentais

M

Plataforma 10 metros

Final

16h30 Handebol

F

16h30 Boxe

M

Peso-mosca ligeiro

Final

16h45 Boxe

M

Peso-galo

Final

17h00 Atletismo

M

4x100m

Final

17h00 Basquete

F

17h15

Boxe

M

Peso meio-médio ligeiro

Final

17h45 Boxe

M

Peso médio

Final

18h15 Boxe

M

Peso pesado

Final

18h15 Taekwondo

F

67kg

Final

FOTO: GETTY IMAGES

E

esquiva está para o boxe assim como o drible, o chapéu e o toque de letra estão para o futebol. Assim como Touro Moreno batizou seu filho com o nome da Esquiva, já pensou que lindo seria se, por exemplo, Neymar desse o nome de “Golaço” a um próximo rebento? Que linda homenagem não seria ao esporte mais querido pelos brasileiros? Pois hoje, mais do que nunca, Esquiva terá de driblar o seu rival na final olímpica do boxe, terá de ser um craque, um Neymar, no ringue na ExCel Arena. E Neymar, contra o México, terá de driblar, de se esquivar, com a mesma agilidade com que Esquiva escapa dos golpes de seus adversários, para trazer mais um ouro inédito para o país. Esquiva é o drible no boxe. É o jeitinho brasileiro de lutar e de vencer.

Keystone/Hulton Archive/Getty Images

fotos getty images

02

Final

Ezra Shaw/Getty Images

Final REUTERS/Murad Sezer

Final

Esquiva Falcão


jornal placar | sábado, 11 de agosto de 2012

Aquecimento

03

Os jogos que você não vê

Por Alexandre Battibugli, de Londres

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balé de mãos Na final do revezamento 4 x 100 metros, atletas aguardam o momento de dar sua arrancada

Alfredo Ogawa

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papo triplo - Três perguntas para VIRNA Esta é a segunda olimpíada em que a ex-jogadora de vôlei trabalha como comentarista. Por duas vezes, ela garantiu medalhas de bronze nos Jogos Olímpicos, em Atlanta 1996 e em Sidney 2000. Hoje Virna torce para a seleção feminina atual, que segundo ela, leva o ouro para o Brasil.

1

O que você tem achado do desempenho dos atletas do vôlei no Jogos? A equipe feminina não começou bem, mas renasceu das cinzas e agora acho que vai dar a terceira medalha da história do José Roberto (Guimarães, treinador). No geral, estava dentro da minha expectativa, mas fiquei muito triste por causa do Emanuel que, jogando com o Alison, merecia ouro.

2 3

O que te surpreendeu na competição? Os atletas que conquistaram de medalha de ouro, novos atletas. O Brasil precisa ver isso para que exista um incentivo maior da prática de esportes nos clubes brasileiros. O que você diria hoje para as meninas, antes da final? Que estou muito confiante e que, além da tática, técnica e orientação, elas precisam ter sangue nas veias e se entregar como se fosse o último jogo da vida. Elas têm que se esforçar ao máximo. Mas vai ser ouro, tenho certeza.

Twitadas olÍmpicas “Estádio da final, Wembley! Muito louco! Que Deus nos ilumine amanhã e que dê tudo certo! Vamos Brasil! #EmBuscadoOuro” Lucas (@LucasnaRede_), da seleção brasileira de futebol, no reconhecimento do gramado no lendário Wembley “@Gustavollei mais uma meu rei! Tenho certeza que deve estar suando de vontade de estar aqui! Estamos juntos! ABRAÇOS” Giba (@Giba7Oficial), do vôlei, conversando com seu ex-colega de seleção, Gustavo, antes da semifinal de ontem “Assistindo a Medal Race da Fernanda e Ana! Bons Ventos pra elas” Robert Scheidt (@robert_scheidt), da vela, na torcida por Fernanda Oliveira e Ana Barbachan na classe 470 “Agora, de volta ao objetivo… #Goin4Gold” Andre Iguodala (@mindofAI9), americano do basquete, após ter anunciado a sua transferência do Philadelphia 76ers para o Denver Nuggets “Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, mas ainda não acbou. Tem a última luta ainda, vamos com tudo pra cima dele. Obrigado, Brasil!” O boxeador Esquiva Falcão (@esquivafalcao), antes de vencer o inglês Anthony Ogogo e se classificar para a final olímpica


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04

BOXE menino de ouro Esquiva Falcão celebra vitória na semifinal e entra para a história do boxe brasileiro

Na briga pelo ouro Esquiva arrasa britânico e vira o primeiro brasileiro finalista do boxe em olimpíadas Da Marcos Sergio Silva, de Londres

N

a luta anterior, era o ucraniano Denys Berinchyk quem tinha dançado (no bom sentido) depois de vencer, em uma virada espetacular no terceiro round, o mongol Munkh-Erdene Uranchimeg. Mas, na que importava para o Brasil, quem iria dançar? Anthony Ogogo ou o brasileiro Esquiva Falcão? Valia vaga na final dos pesos médios. E foi o rival quem dançou. O britânico entrou ovacionado pela plateia. Já Esquiva contemplou o silêncio. Era preciso vencer o público, e não só o rival. Nos alto-falantes, o hit de Michael Jackson “Don’t Stop Till Get Enough” (em tradução livre, “não pare até achar que deu”). E Esquiva seguiu à risca a orien-

tação do rei do pop. Não sentiu o peso do público e, com perdão do trocadilho, soube se esquivar dos golpes de Ogogo. O brasileiro partia para cima e era agarrado. Ogogo agia defensivamente, esperando o bote. O primeiro assalto terminou com empate em 3 x 3, ainda que dois jurados tenham dado vantagem para o brasileiro. “Fiquei com o receio de os árbitros segurarem o placar”, disse Esquiva, depois da luta. No segundo round, o brasileiro fez valer a vantagem de seus golpes mais certeiros e técnicos, contra o estilo brigão de Ogogo. Os jurados deram vitória para o brasileiro por 6 x 3. No round final, o britânico foi ao chão no primeiro golpe brasileiro. Ogogo procurava avançar e acertou um golpe. Defendeu-se e caiu mais uma vez. A

arena incendiava a cada ataque do dono da casa. Esquiva precisava segurar a vantagem. Faltando dez segundos, o britânico, mais uma vez beijou o solo. Fim da luta e Esquiva correu para abraçar a equipe. O técnico João Costa comemorava ainda antes de o resultado ser anunciado. O round mais agressivo fez Esquiva vencer por 7 x 3. A luta terminava com 16 x 9 para o brasileiro. Esquiva garantia uma final inédita para o Brasil. “Consegui encaixar o meu estilo”, afirmou Esquiva. Hoje, às 17h45, terá que encaixá-lo novamente, pelo ouro, contra o japonês Ryota Murata para quem perdeu no Mundial do Azerbaijão, no ano passado. “O Esquiva de 2011 foi para buscar a classificação para a Olimpíada. Esse aqui é para o ouro”, garante confiante.

Yamaguchi perde semifinal e confirma o bronze T alvez fosse pedir muito ver dois brasileiros disputando o ouro em suas respectivas categorias hoje. Afinal, outro dia mesmo o boxe nacional já comemorava o fim da fila de 44 anos sem medalha. Mas o dia havia começado com a vitória esmagadora do peso médio Esquiva Falcão, que o levou para a final da categoria até 75 kg. Seria perfeito se, na noite de ontem,

seu irmão Yamaguchi Falcão (até 81 kg), seguisse pelo mesmo caminho. Do outro lado do ringue, porém, havia o russo Egor Mekhontcev. Mais alto e rápido, ele castigou o brasileiro nos três assaltos. Pelo placar de 23 a 11, Yamaguchi deu adeus ao sonho dourado. Mas já pode voltar para casa satisfeito. Seu bronze basta para colocá-lo na história ao lado do irmão.

Yamaguchi e Esquiva foram ensinados pelo pai

Touro Moreno ensinou estilo cubano e os treinou na bananeira

O

ex-pugilista Touro Moreno gosta de ensinar os fundamentos básicos do boxe aos seus rebentos. “A preparação é uma das fases mais importantes do boxe. Eu ensino os fundamentos, o estilo de luta. Depois, quando eles chegam aos 14 ou 15 anos, mando para a seleção brasileira, onde terão a chance de desenvolver o seu talento”, diz Touro. A fórmula parece ter dado certo, uma vez que dois de seus filhos, Esquiva e Yamaguchi são medalhistas olímpicos. “Não tive chance de lhes dar educação, mas esportivamente ensinei tudo. Sou um bom treinador. Prego a tradição cubana, de deixar o pé direito na frente e encaixar o cruzado de esquerda. Meus meninos são bons nisso”, relata Touro, sem modéstia. O objeto usado para preparar os meninos é uma bananeira no quintal de sua casa, em Serra (ES). Foi nessa árvore que Esquiva e Yamaguchi deram seus

primeiros socos. Ontem, ele aplicou seus últimos no britânico Anthony Ogogo, o que lhe garantiu uma vaga na final da categoria peso médio, o maior resultado da história do boxe brasileiro. Ao final da luta, ele fez um “T” com os braços para homenagear o pai, um coração em alusão à mãe e depois declarou que seus genitores deveriam estar “pulando feito pipoca”. Emocionados, os pais de Touro vertiam lágrimas em entrevista à TV. “Essa medalha é a maior invenção desde Santos Dumont. O bronze já era uma invenção, a prata então. Esse menino é especial, foi Deus que mandou para mim. Acredito no ouro do meu filho”, disse Touro, no momento de emoção. Já a mãe, Maria Olinda, que já não continha as lágrimas antes da luta, sequer conseguia falar após ver seu menino na final. “Filho, você não sabe o quanto eu te amo...”, disse com a voz embargada.



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06

VÔLEI

n na raça

reuters

Bruninho comemora com raiva mais uma vitória sobre o aquirrival

Rumo ao tri Time de Bernardinho vence por 3 sets a 0 e agora enfrenta a Rússia em mais uma final olímpica Por Marcos Sergio Silva, de Londres

A

té o placar parecia zonzo. Ele demorou a decidir quem estava na frente na semifinal do vôlei masculino, na Earls Court Arena, em Londres. Era o Brasil, não a Itália. E foi assim o jogo todo. Com a vitória por 3 sets a 0, a seleção tenta, amanhã, às 9h, o terceiro ouro na modalidade — já ganhou em 1992 e 2004. Os adversários serão os russos, que passaram pela Bulgária por 3 a 1 (25 x 21, 25 x 15, 23 x 25 e 25 x 23). No primeiro set, depois de um início cheio de perde e ganha — sobretudo nos pontos tomados toda vez que os italianos forçavam o saque — a seleção consolidou uma vantagem que levou até o final do período. Era a potência dos ataques de Wallace quem ditava o rumo do jogo. Saíram de suas mãos seis dos 25 pontos do Brasil no pri-

meiro set. O Brasil atacava melhor: cortou 15 vezes contra 11 dos italianos. No bloqueio, éramos quase infalíveis com Murilo e Lucas. A Itália colecionava pontos nos saques, mas foi em um deles, de Savani, forçado, que fechou o set em 25 x 21. O segundo set começou ainda melhor. Com dois minutos, o Brasil já tinha aberto 4 x 1. O time

havia melhorado no saque, com Lucão acertando aces e forçando o erro na recepção italiana. Sidão dava suas viradas e o placar ficava mais dilatado. A Itália ensaiava uma reação, mas Wallace estava impossível. Acertou o sétimo, o oitavo pontos dele no jogo e estendeu a vantagem para 12 x 6. Dante, no meio de rede, também ajudava o Brasil a crescer.

Com Bruno no saque, o Brasil foi a 18 x 8, e a Itália pediu tempo. Mas havia tempo para reagir? Depois de uma jogada incrível, que envolveu praticamente os seis homens em quadra, Dante cravou o vigésimo ponto e avisou que, naquele set, não. Sidão, em uma cravada de meio de rede, e Wallace, em bela diagonal, deixaram o Brasil a um ponto de en-

“O segundo set foi um dos melhores que já vi” O

técnico Bernardinho não poupou elogios ao desempenho dos atletas no jogo de ontem contra a Itália. Elogiou o novato Wallace (“foi importante”) e Bruno (“melhor partida da vida”) e disse que a vitória contra a Rússia na primeira fase não quer dizer absolutamente nada. “Esqueçam o jogo que vencemos. É outra Rússia, com mais continuidade, menos erros. Mudou o levantador, mudou muita coisa”, disse. Mas Bernardinho gostou especialmente do segundo set. Para ele, em 12 anos como treinador da seleção, nunca o Brasil jogou tão bem. “O segundo set foi um dos melhores dos 12 anos em que dirijo a equipe. Tática, técnica e em termos de postura. Mas isso agora é passado”, disse, já mirando a partida contra a Rússia.

Os jogadores também concordam que o Brasil foi quase perfeito. “Foi um segundo set atípico”, disse Wallace, um dos destaques do jogo. Para Lucas, tudo funcionou bem: saque, bloqueio e defesa, como aconteceu contra a Argentina, nas quartas. “Nosso contra-ataque foi muito efetivo. E talvez tenha sido a melhor partida do Bruno em questão de distribuição.” O chefe — e pai de Bruno — concorda, mas estende o mérito para Ricardinho, que viu o jogo do banco. “A participação do Ricardo tem sido excepcional. O Bruno fez uma das melhores partidas dele na seleção. Mas a postura do Ricardo, de orientar, tem sido especial. Isso ajudou a construir o grupo, que estava esfacelado há dois meses”, destacou o treinador. (M.S.S.)

cerrar o set. E ele veio em mais um erro de saque. O Brasil melhorava o que já estava bom e abria 2 a 0 com 25 x 12. A Itália veio para cima no terceiro set. Afinal, era a chance de estender a partida e tentar a virada. Pela primeira vez, ficou à frente de um set, abrindo 9 x 6. Mas o Brasil reagiu e, no bloqueio de Murilo, empatou em 11 x 11. E ele mesmo, em jogada de meio de rede, virou. No erro da recepção italiana, em que o árbitro marcou condução, o resultado já era de 18 x 13. A Itália não estava morta. Soube superar o bloqueio brasileiro e acertar os pontos. Apenas três pontos separavam as seleções, com vantagem para quem vestia amarelo. Bernardinho pediu tempo. Era voltar e marcar os pontos que faltavam. E eles vieram, sobretudo no ace de Murilo que garantiu o Brasil em sua quinta final olímpica, em busca do seu terceiro ouro.



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VÔLEI

Brasil aposta em “jogo de xadrez” para faturar o bi Americanas, adversárias de hoje, já bateram a seleção na primeira fase

n yes, we can! Depois da emocionante vitória sobre o Japão, jogadoras do Brasil estão confiantes para a final

meira fase, no jogo contra a China. “Os Estados Unidos têm um time que está um pouco acima de todas as equipes. Mas final é final”, diz Fernandinha. “A gente

sabe como ganhar delas. Mas o jogo ainda não entrou. Se conseguir jogar com determinação e taticamente perfeitos, como temos feito, sai um ouro.” E se vier

apenas a prata, é pouco? Zé Roberto não sabe responder. “Não dá para dizer. A gente tem uma nova chance de pegar os EUA. Quem sabe não acertamos?”

VÔLEI DE PRAIA

Duplas brasileiras têm futuro nebuloso

n dúvida Emanuel já tem cinco Olimpíadas na carreira e não sabe se estará nos Jogos do Rio

E

Ezra Shaw/Getty Images

B

rasil e Estados Unidos repetem hoje a final olímpica de 2008, em Pequim, do vôlei feminino. Não que os times sejam os mesmos. Em quatro anos, as americanas evoluíram e viraram a melhor equipe do mundo. Para alcançarem o bicampeonato olímpico — feito que só o triplista Adhemar Ferreira da Silva conseguiu para o Brasil, nos Jogos de 1952 e 1956 —, as brasileiras precisarão dobrá-las e domar sobretudo a oposto Hooker, a melhor jogadora do torneio até agora. “A Hooker está sobrando”, afirma o técnico José Roberto Guimarães, que pode ser o primeiro treinador brasileiro a ganhar três medalhas de ouro. “Todas as bolas difíceis são para ela. A gente tem que parar mais nela”, diz. Vale como lição para o Brasil a derrota por 3 sets a 1 na primeira fase, quando o time errou 15 saques. “O número que a gente tem errado, de 6 a 8 saques, é a nossa média. Contra os EUA, erramos

15 saques. Isso é uma quantidade enorme. A gente precisa ser mais agressivo”, diz o treinador. “Os Estados Unidos defendem bem e erram muito pouco. A Hooker, muito alta, é difícil de bloquear”, diz Sheilla. “É lógico que ela vai virar algumas bolas, mas a gente precisa corrigir isso.” É justamente esse posicionamento da defesa norte-americana que o Brasil tentará superar. Para o técnico, é quase um jogo de xadrez. “As americanas têm força na defesa, mas noos time precisa ter mais paciência. Todos os jogos que a gente fez contra elas a gente perdeu a paciência. Nós sabemos que o bloqueio é forte, a defesa é forte. É um time extremamente experiente. A gente precisa melhorar o passe para jogar um pouco mais com o bloqueio quebrado do outro lado.” Falar que os Estados Unidos são superiores à seleção brasileira não ofende as jogadoras. Para elas, é evidente que o nível do adversário de hoje subiu nos últimos quatro anos. A vantagem, no entanto, é o ganho moral que o Brasil teve desde a pri-

Daniel Ramalho/AGIF/COB

Por Marcos Sergio Silva, de Londres

m meio às comemorações da prata, nas duplas masculinas, e do bronze, nas femininas, os atletas brasileiros fazem coro quando o assunto é a participação nos Jogos do Rio 2016. Tanto Alison e Emanuel, quanto Juliana e Larissa, desconversam sobre o futuro das duplas. Emanuel, que acaba de encerrar sua quinta participação olímpica e volta para casa trazendo na bagagem sua terceira medalha, não garante sua presença na primeira Olimpíada brasileira. “Eu sou um atleta que gosta muito das Olimpíadas, mas não sei se vou

ter saúde. É um momento tão diferente na vida do atleta, para o qual você precisa se preparar. Talvez eu não seja capaz de suportar mais quatro anos nesse ritmo. Vamos conversar isso depois”, despista Emanuel, de 39 anos de idade. Já Alison nem quer pensar em ficar longe do parceiro. “Quero aproveitar essa medalha ao lado dele a cada dia. Ele não é mais meu parceiro, mas sim um grande irmão. O ano que vem será de mudanças para quem não está nas Olimpíadas. A gente está e saímos como medalhistas.

No ano que vem, continuo com ele de forma competitiva. Se ele quiser, vamos até 2016”. A dupla feminina também tem futuro incerto. De volta ao Brasil, logo após desembarcarem ontem em Fortaleza, Larissa revelou que ainda não começou a pensar na próxima edição dos Jogos. “A gente não está pensando nisso ainda. Queremos curtir essa medalha, pensar no que temos pra fazer ainda e fechar esse ciclo. Temos etapas do Circuito Mundial e do Brasileiro. A gente quer curtir esse momento especial”, disse Larissa.



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10

TAEKWONDO

um conto de duas cidades Por Jonas Oliveira, de Londres

O som da Olimpíada

além do bronze Natália terá dificuldades para repetir Pequim 2008 e ganhar uma medalha

E

A

2008, é a cabeça de chave número 8. Caso vença a oponente, Falavigna deve encarar a francesa Anne-Caroline Graffe, a atual campeã mundial da modalidade, nas quartas de final. As candidatas à adversária de Falavigna na fase seguinte são a cubana Glenhis Hernandez ou a ucraniana Maryna Konieva. Na outra chave, a grande favorita à disputa pela medalha de ouro é a mexicana Maria del Rosario Espinoza, de 24 anos, e atual campeã olímpica. Espinoza também

Diogo lutou no sacrifício Mesmo lesionado, brasileiro não desistiu do bronze iogo Silva passou a manhã de ontem realizando exames no pé direito, lesionado durante a luta contra o iraniano Mohammad Motemed, pelas semifinais do torneio. Os resultados não apontaram nenhuma contusão grave e o atleta foi liberado pela comissão médica da delegação brasileira que está em Londres. Diogo aproveitou o intervalo entre as avaliações para agradecer o apoio da torcida brasileira pelas redes sociais e comentar sobre seu esforço em vencer os confrontos mesmo lutando no sacrifício. “Obrigado Brasil pela energia positiva no momento da minha luta. Estava tão determi-

paulo vitale

D

n guerreiro Brasileiro não trouxe medalha mas fez bonito

nado a vencer que levei meu corpo à exaustão extrema”, postou o lutador, em sua conta pessoal no Twitter. Diogo Silva terminou a disputa da categoria até 68kg sem subir ao pódio olímpico. Nos dois últimos confrontos do torneio, o brasileiro demonstrou uma grande capacidade de recuperação e acreditou na vitória até os últimos instantes. Na semifinal, contra o iraniano Motamed, o lutador foi derrotado na decisão dos árbitros (bandeiras), depois de ele ter conseguido empatar a luta nos últimos minutos do tempo normal, quando o adversário estava vencendo por 5 a 1. Na disputa pelo bronze, encontrou o norte-americano Terrence Jennings e acreditou na vitória até o fim. Mas terminou superado, por 8 a 3.

Laurence Griffiths/Getty Images

detém o título do Mundial de Pequim de 2007 e a medalha de ouro do Campeonato Pan-Americano de Monterrey (2010), conquistada diante de sua torcida. E para enfrentar esta turma, Falavigna investiu parte de sua preparação em treinos nos Estados Unidos com o técnico norteamericano Jean Lopez, irmão do pentacampeão mundial e bicampeão olímpico Steven Lopez. Falavigna viajou várias vezes para os EUA para aprimorar seus golpes na academia de Jean em Sugarland, no Texas. Para surpresa de todos, Lopez acabou sendo derrotado pelo lutador do Azerbaijão, Ramin Azizov, na primeira rodada do torneio olímpico.

Lutadora brasileira estreia hoje, já contra uma das favoritas o lado do maratonista Marilson dos Santos, a lutadora de taekwondo Natália Falavigna é um dos últimos atletas brasileiros que ainda não atuaram nestes Jogos de Londres. A estreia acontece hoje, às 5h30, véspera do encerramento do evento, diante da sul-coreana In Jong Lee, de 30 anos e dona das medalhas de prata nos Mundiais de 2007 e 2009. Ao todo 16 atletas participam do torneio, na categoria até 67 kg, e a brasileira, bronze em Pequim

“We will rock you”, do Queen, é a música que mais se repete nas arenas olímpicas

Alaor Filho/AGIF/COB

Falavigna não terá refresco

ra só haver uma pausa nas partidas de vôlei de praia para que os voluntários encarregados de ajeitar a areia próximo às linhas entrassem em quadra. Era a senha para que o DJ da arena colocasse a música “Mr. Sandman”, do quarteto The Chordettes, ou “Enter Sandman”, da banda Metallica, arrancando risos da plateia. Nos intervalos, um grupo de jovens com trajes (não tão) mínimos faziam performances para o público. Na arena de basquete, a bola mal para e os alto-falantes começam a tocar um repertório variado, de músicas presentes em qualquer balada a clássicos do rock. “We will rock you”, do Queen, é a que mais se repete — por causa da interação que promove com o público. Em alguns momentos, cheguei a achar que as intervenções do DJ eram excessivas — gostaria de ouvir a opinião dos atletas a respeito. Para o público, não tenho dúvida de que é divertido. O fato de a cultura musical inglesa ter se expandido por todo o mundo contribui para que espectadores de toda parte se identifiquem com o som das cerimônias e competições de Londres 2012. E em 2016, qual será a estratégia do Rio de Janeiro? Temos uma cultura extremamente rica e diversa, grandes nomes de nossa música, mas nenhum da envergadura de um Paul McCartney. Aliás, como ele ninguém além dos britânicos tem. Quem representaria melhor a cultura brasileira numa cerimônia de abertura? Caetano Veloso ou Ivete Sangalo? Zeca Pagodinho ou Roberto Carlos? Da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, veio um bom exemplo de como a seleção musical pode se tornar uma questão espinhosa. Muitos sul-africanos ficaram insatisfeitos com o fato de a música oficial do torneio ter ficado a cargo da colombiana Shakira, e não de um artista africano. O álbum oficial da Copa tentava conciliar artistas internacionais e locais. Esta muito provavelmente será a solução adotada em 2016, uma vez que nossa música ainda não tem uma estrela de brilho global. A não ser, é claro, que Michel Teló prove nos próximos quatro anos que seu sucesso internacional não era tão passageiro como se imaginava.

n símbolo Zeca ou Caetano? Quem será o Paul brasileiro?



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joia

futebol

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A

da

coroa a bola da vez Neymar tem hoje a chance de faturar o tão sonhado ouro

Na terra da rainha, geração de Neymar tenta hoje, em Wembley, o ouro que falta na coleção de títulos do país pentacampeão mundial Por Marcos Sergio Silva, de Londres

C

opa Mundo: cinco. Copa das Confederações: três. Copa América: oito. Olimpíada: zero. Entre os países campeões mundiais, o Brasil é um dos dois que ainda não venceram o torneio olímpico — o outro é a Alemanha, mas mesmo eles, representados pela antiga parte oriental e comunista, já venceram o torneio olímpico, em 1976. Para encerrar esse jejum, a geração de Neymar terá que fazer o que a de Dunga, em 1984, e a de Bebeto e Romário, em 1988, não conseguiram: vencer hoje a final contra o México, e subir ao lugar mais alto do pódio. Não será fácil. Afinal, do outro lado está um time encaixadinho, bem diferente dos cinco adversários que o Brasil enfrentou até agora. “Falei desde o início que o México foi a seleção que melhor fez a preparação para a Olimpíada”, disse Mano Menezes, que demorou a reunir os olímpicos, mesmo sem precisar disputar as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014. A seleção mexicana, de fato, estabeleceu uma base forte. Passou por pedreiras na fase mata-mata que o Brasil não precisou enfrentar. Nas quartas de final, venceu, no sufoco da prorrogação, o surpreendente Senegal, que havia eliminado os uruguaios na fase de grupos. Na semifinal, saiu

atrás, mas se recuperou e bateu o Japão. “Eles jogam juntos há muito tempo”, afirma Mano. “Na Copa América, levaram a seleção sub-23 e sem a necessidade de ganhar.” De fato, a participação mexicana foi pífia: não passou da primeira fase, quando até dois terceiros colocados avançavam. Os resultados apareceram nos confrontos seguintes. O México chegou em Londres depois de vencer o tradicional Torneio de Novos de Toulon, na França, onde bateu cinco adversários que estiveram na Olimpíada. Mano prossegue: “Eles passaram por todas as etapas de preparação e depois ainda ganharam o acréscimo dos jogadores acima de 23 anos”. Parte desse time venceu o Brasil em maio, nos Estados Unidos, por 2 x 0. “Os jogadores podem ser diferentes, mas a formação tática é a mesma. É um time que gosta de jogar com a bola no pé. Vai ser um jogo definido no detalhe”, diz o capitão Thiago Silva. Mas há uma voz que destoa. É a de Neymar, nossa maior esperança. “A gente tem que pensar que foi uma outra ocasião. Quando pegamos o México, nosso time estava desentrosado. É só jogar fechadinho e marcar os gols, como fizemos contra a Coreia do Sul na semifinal.” Ontem, na decisão da medalha de bronze, a Coreia do Sul venceu o Japão por 2 a 0.

Arriba, México! Adversários reconhecem que Brasil é favorito, mas prometem brigar pelo ouro de igual para igual Da redação

Q

uem ninguém se arrisque a dizer, perto do técnico Luis Fernando Tena, que a medalha de prata já está de bom tamanho para os bravos meninos do México. O treinador até vai dizer que já está muito contente com ela, mas não admite que ela seja o máximo que a equipe pode alcançar. Mesmo reconhecendo no Brasil um adversário duro de matar, Tena quer o ouro como prêmio. "Nos sentimos felizes em poder proporcionar uma grande alegria ao nosso povo, que é apaixonado por futebol. Já temos a prata garantida, mas é claro que vamos

lutar pelo ouro", reconheceu o treinador, que, em cima da hora, perdeu sua maior arma. O brasileiro Giovani, estrela da seleção mexicana, sentiu uma lesão muscular e foi vetado pelos médicos. O zagueiro Meza, que participou da vitória de 2 a 0 do México sobre o Brasil no amistoso em Dallas, destaca o ponto fraco do time de Mano a ser explorado no jogo de hoje. “Pelo que vimos no amistoso, os brasileiros se desperam quando encontram um time bem organizado pela frente. Nós sabemos jogar assim e precisamos tirar proveito disso."

Brasil

MÉXICO

Gabriel Rafael Silva Thiago Silva Juan Marcelo Sandro Rômulo Alex Sandro Oscar Neymar Leandro Damião

Jesús Corona Israel Jiménez Hiram Mier Diego Reyes Dárvin Chávez Jorge Enríquez Carlos Salcido Javier Aquino Marco Fabián Raúl Jiménez Oribe Peralte

T. Mano Menezes Hoje: Estádio de Wembley,

(Londres, Inglaterra) Horário: 11 horas de Brasília


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Wembley Craques vivem dia de turista em

Opinião PLACAR Por Sérgio Xavier Filho, de Londres

Torneio Menor fotos Michael Regan/Getty Images/; Rafael Ribeiro/CBF

Jogadores da seleção fazem treino de reconhecimento de gramado e se encantam com as maravilhas do templo do futebol inglês

recordação Na véspera da partida decisiva do torneio olímpico, jogadores do Brasil posam para fotos no lendário estádio de Wembley, palco da decisão de hoje

Da Gazeta Press

A

Seleção Brasileira finalmente pisou ontem no templo sagrado do futebol, o lendário Estádio de Wembley, palco da decisão da medalha de ouro do torneio de Londres. olímpico. Durante os cerca de 30 minutos em que permaneceram no campo, os jogadores e a comissão técnica se renderam à mística do estádio e abusaram

das fotos. Mais pareciam turistas em visita a um dos principais pontos turísticos de Londres. Mano Menezes caminhou até o gramado de braços cruzados e, assim que pisou no campo, ficou impressionado com o gigante de 90 mil lugares. “Se quiséssemos escrever o enredo de um filme para tentar ganhar o ouro, não poderíamos escolher um local melhor”, disse o treinador. De tênis, os atletas apenas cir-

Faltam um jogo e um dia Por Thiago Silva, capitão da seleção brasileira

“N

ão dá para não fazer a contagem regressiva. O dia da final está chegando e, por mais que sejamos profissionais, está todo mundo no grupo ansioso pelo jogo contra o México. Penso na final sem parar, afinal chegamos a ela por merecimento e depois de cinco vitórias.

cularam pelo gramado, com as traves removíveis ainda não posicionadas. Com suas máquinas digitais pessoais, eles tiraram uma série de fotos. O meia Paulo Henrique Ganso abusou dos registros e posou ao lado de diferentes companheiros. Os membros da comissão técnica comandada por Mano Menezes também aproveitaram a rápida passagem pelo lendário Estádio de Wembley, palco da

final da Copa do Mundo de 1966 e totalmente remodelado em 2007, para tirar fotos em diferentes ângulos. Andrés Sanchez, diretor de seleções da CBF, entrou no gramado 15 minutos após o início das atividades. No centro do campo, ele conversou com integrantes da comissão técnica e, já na saída, falou com o atacante Neymar e com o zagueiro Thiago Silva.

Agora só falta um jogo. O mais importante, o que vai decidir as Olimpíadas. Temos a chance de ganhar a medalha de ouro e vamos dar tudo, e mais um pouco, para subir no lugar mais alto do pódio. Respeito muito o time do México. É uma boa seleção, vem se formando há algum tempo para as Olimpíadas e igualmente chegou à final com justiça. Mas a Seleção Brasileira está preparada para conquistar seu objetivo. Tenho certeza de que o

time vai jogar o que sabe para ficar com a medalha. É o nosso sonho e o sonho do torcedor brasileiro. Não podemos desperdiçar essa oportunidade. Estamos na final depois de 24 anos em uma Olimpíada. A oportunidade surgiu para essa geração e no momento certo, em que o time vem evoluindo a cada partida. No início eram seis jogos. Agora, falta um.” Texto extraído do BLOG DO CAPITAO, hospedado no site da cbf (http://olimpiadas.cbf.com.br/Blog+do+Capitao)

O

ouro olímpico no futebol é nossa obsessão. Quando conversamos com jornalistas dos outros países eles não entendem muito bem porque o Brasil leva tão a sério uma conquista que não tem grande importância, sobretudo na Europa. A maior prova disso é a maneira que os próprios donos da casa encaram o futebol nas Olimpíadas. Os jogadores ingleses que participaram da Eurocopa agora em julho foram vetados de jogar nas Olimpíadas para ter o período de férias. Se eles levasse mais a sério, é claro que os melhores iriam participar dos Jogos. No Brasil não. Tratamos Olimpíada como se fosse Copa do Mundo. Só nós, para o resto do planeta, o futebol nas Olimpíadas é um torneio de jovens, de aspirantes, não da seleção principal. Mas nós, brasileiros, temos essa espécie de dívida, precisamos botar logo o maldito ouro no peito. Que seja assim. Só é preciso deixar claro que se a conquista vier hoje contra o México não nos tornaremos os melhores de uma hora para a outra. Nossa Seleção continua com problemas, não consegue se impor nem engatar dois bons jogos em sequência. O título olímpico dá alguma confiança para o futuro, não nos torna em um passe de mágica os bambambans. Agora, se não vencer, bem, aí não tem jeito. Deveremos ter, logo, logo, um novo treinador.


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iatismo

Brasil acaba sem A medalha da classe 470

Após Medal Race, Ana e Fernanda terminam na sexta posição

fotos Daniel Ramalho/AGIF/COB; Clive Mason/Getty Images

s brasileiras Ana Barbachan e Fernanda Oliveira terminaram a Medal Race da classe 470 feminina na sétima posição e ficaram sem a medalha de bronze no final da competição. Fecharam na sexta colocação geral, com 11 pontos a mais que as holandesas Lobke Berkhout e Lisa Westerhof, que ficaram em terceiro. As neozelandesas Jo Aleh e Olivia Powrie terminaram na primeira colocação da Medal Race e garantiram a medalha de ouro. A prata ficou com as britânicas Hannah Mills e Saskia Clark, que tiveram um mau re-

dupla ao vento Ana e Fernanda tentaram mas ficaram só com o sexto lugar na classe

sultado na última regata, terminando na nona colocação. O bronze da dupla holandesa foi garantido após terminarem a regata final em sexto. Além das brasileiras, as francesas Camille Lecointre e Mathilde Geron também tinha chance do bronze. Terminando na frente da das holandesas, no quinto lugar, ficaram um ponto atrás, no geral. Depois da medalha de bronze de Robert Scheidt e Bruno Prada, na classe Star, Ana e Fernanda tiveram o melhor desempenho entre os brasileiros que competiram na vela nas Olimpíadas de Londres 2012.

Molecagem de campeões No 470 masculino, a dupla australiana Malcolm Page e Mathew Belcher foi medalha de ouro. Eles comemoraram escalando os anéis olímpicos no meio da água.

canoagem

Para o Brasil, só sobrou a final B

mudança de planos Roni pensa em treinar mais nos 200m

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ora da final principal, o canoísta brasileiro Ronílson Oliveira conseguiu se classificar para a final B da canoagem C1 200m, ontem, após terminar as semifinais na quinta colocação de sua bateria. Ele cumpriu o percurso em 42s56. A decisão, que não vale medalha, será realizada hoje, no lago Dorney, a partir das 5h47, e define o ranking entre o nono e o 16º colocados. “Minha especialidade é os 1.000m, e a prova dos 200m é muito diferente, da preparação à estratégia. É como se um fundista no atletismo

fosse correr uma prova de sprint. Por isso fiquei muito feliz com a oportunidade e confesso que me deu até vontade de investir um pouco mais nos 200m. É animador pensar que consegui um resultado desses logo de primeira”. Oliveira, que também disputou a prova de duplas do C2 1.000m, ao lado do companheiro Erlon de Souza, encerra sua primeira participação em Olimpíadas satisfeito com seu desempenho e fazendo planos para 2016. “Vamos treinar muito, mas a gente sai daqui satisfeito e animado”.

Alaor Filho/AGIF/COB

Sem chance de medalha, Ronílson Oliveira volta a competir hoje



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Atletismo

brasileiro do dia Por Alexandre Salvador, da VEJA

Revezamento oito por zero

A reinvenção de Natália

Brasil passa longe da medalha no revezamento 4 x 100m. Feminino derrapou na final e masculino nem chegou lá...

alexandre battibugli

desapontamento Equipe do Brasil terminou a prova em 7º lugar

Por Maurício Barros, de Londres

E

m uma final na qual os Estados Unidos venceram com novo recorde mundial (40s82), a Jamaica foi vice e a Ucrânia terceiro com novas marcas nacionais (41s41 e 42s04) e até a quarta colocada Nigéria teve do que se orgulhar (42s64, melhor tempo na temporada), a equipe feminina do Brasil no revezamento 4 x 100 metros desapontou. Ana Cláudia Lemos, Franciela Krasucki, Evelyn Santos e Rosangela Santos marcaram 42s91 e chegaram em 7º lugar, à frente apenas de Trinidad e Tobago, que não completou a prova. O abatimento das atletas ontem contrastava com a satisfação da noite anterior, quando haviam garantido a vaga na final estabelecendo um novo recorde sul-ame-

ricano, 42s55. Na final, o quarteto foi 36 centésimos mais lento. “Todas deram o seu melhor, mas não foi suficiente para subir ao pódio. Temos consciência que precisamos correr na casa dos 41 segundos”, disse Ana Cláudia. “Os outros países melhoraram a passagem de bastão e são rápidos. A forma de a gente chegar junto a eles é melhorar o individual”.

Homens de fora

Na prova masculina, bater o próprio recorde da temporada não bastou para o quarteto do Brasil chegar à final do revezamento 4 x 100 metros. Os 38s35 obtidos na primeira série de ontem, 28 centésimos mais rápido que o melhor tempo da equipe até então, deixaram o país apenas em 10º lugar, contando as duas séries eliminatórias. Só as oito melhores equipes passaram para a final de hoje.

A sorte também não bastou para Aldemir Gomes, Sandro Viana, Nilson André e Bruno Lins. O Brasil ganhou um “presente” ao final da sua série: a Grã-Bretanha, um dos três primeiros da eliminatória que garantem vaga automática para a final, foi desclassificada por um erro na passagem de bastão. O Brasil, assim, passou de 5º para 4º em sua série, e ficou esperando o resultado da segunda eliminatória. Mas a bateria vencida pelos Estados Unidos foi ainda mais forte, e seis equipes fizeram tempo melhor que os brasileiros. “Com 38s35, nós ganhávamos medalha de bronze no Mundial do ano passado. Agora não deu nem final”, disse Bruno. “Mas a gente sente que a Olimpíada é prioridade para os atletas, que chegam com tudo. Foi um banho de água fria em todos nós”.

Etiópia e Quênia dominam 5000m

Dobradinha turca Pistorius fica em nos 1500m feminino 8º no revezamento

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A

etíope Meseret Defar ficou com o ouro nos 5000m ao correr a distância em 15min04s25. Ela chegou apenas 48 centésimos a frente da queniana Vivian Cheruyivot, que ficou com a prata. O bronze também foi da Etiópia, com Tirunesh Dibaba 15min05s15. O Quênia e a Etiópia ficaram também com o quarto, quinto e o sexto lugares na prova.

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turca Asli Alptekin conquistou a medalha de ouro nos 1500m rasos. Ela percorreu a distância em 4min10s23. Sua compatriota, Gamze Bulut, que liderou boa parte da prova, ficou com a segunda posição, 4min10s40 e conquistou a prata. Completou o pódio Maryam Jamal, de Bahrein,que correu em 4min10s74 e ficou com o bronze.

ara qualquer atleta, a conquista de uma medalha olímpica, seja ela de qualquer cor, é motivo de orgulho e satisfação para o resto da vida. Mas para a maioria deles, quando o tão sonhado ouro não vem e existe uma segunda chance, eles não sabem pensar em outra coisa a não ser nessa oportunidade. E como já disse Albert Einstein, “nosso maior erro é fazer sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes”. Para a disputa dos Jogos de Londres, a lutadora de taekwondo Natália Falavigna mudou muita coisa na sua preparação. Tudo para não repetir o mesmo resultado de quatro anos atrás, quando a brasileira levou o bronze, mesmo tendo chegado à China como candidata ao ouro. As mudanças começaram na comissão técnica. Natália trocou de treinador e buscou alguns períodos de estágio nos Estados Unidos para pegar mais experiência internacional. Além disso, logo após Pequim, a paranaense de 27 anos teve um problema de lesão no joelho direito, com direito a duas cirurgias. “Me disseram que era um procedimento que, depois de tê-lo feito, o joelho ficava tão bom que era como se nunca tivesse operado”, disse Natália, em entrevista recente. Mas não foi isso que aconteceu, a taekwondista não recuperou a confiança no seu corpo e decidiu refazer a operação, o que acabou se provando uma estratégia acertada. Outra mudança foi o isolamento. As viagens e o período de recuperação serviram para a atleta sair do centro das atenções. Depois de um período de uma semana “internada” no centro de treinamentos de Crystal Palace, quartel-general brasileiro, Natália deu algumas entrevistas. Depois da sua entrada na Vila Olímpica, o pouco contato foi cortado. “São orientações do técnico dela”, disse Rodrigo Barbosa, chefe da equipe brasileira de taekwondo. O único confidente da atleta é um caderno de anotações. O conteúdo é segredo. “São alguns planos para o futuro”, diz. Sua campanha pelo ouro começa neste sábado, contra a sul-coreana In Jong Lee, na categoria acima de 67 quilos. Espera-se que com todas as mudanças, a brasileira consiga finalmente seu objetivo mais nobre: o ouro olímpico.

O confidente da atleta é um caderno de anotações. O conteúdo é segredo

N

uma corrida emocionante, e de final surpreendente, a equipe das Bahamas conquistou o ouro na prova do revezamento 4 x 400m, deixando os EUA com a prata. Trinidad e Tobago levou o bronze. A equipe sul-africana, com o biamputado Oscar Pistorius, ficou em penúltimo lugar, a frente apenas dos cubanos, que não concluíram a prova.

n nova chance Natália Falavigna muda rotina de treinos para vencer



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ATLETISMO

Marilson corre a maratona com “doping natural” Por Maurício Barros, de Londres

M

arilson Gomes dos Santos decidiu so­ nhar alto. Literal­ mente. Ele fez sua preparação final para a maratona olímpica, que acontece amanhã, na pacata Paipa, cidade de 30.000 habitantes en­ cravada nos Andes colombianos. Marilson não foi até lá apenas em busca de sossego. Desde os anos 90, corredores brasileiros treinam na cidade num período que antecede competições importantes. O lugar reúne algumas características con­ sideradas ideais por técnicos e atle­

tas: a temperatura fica entre 10 e 15 graus na maior parte do ano, as chuvas não costumam castigar a região por dias seguidos, a hospe­ dagem e o transporte são baratos, há uma grande variação de terre­ nos e, o mais importante, é um lu­ gar alto. E isso faz toda a diferença. O conceito por trás do treina­ mento em altitude é simples: ensi­ ne o corpo a se exercitar em condi­ ções adversas e ele surpreenderá em condições ideais. Nas monta­ nhas, a condição adversa ao exer­ cício se dá pela menor pressão do ar. Ao inspirarmos, entra menos ar nos pulmões — daí os enjoos, as

dores de cabeça (veja no quadro abaixo). Depois de alguns dias nas alturas, o organismo começa a se adaptar, e passa a produzir mais hemácias, que têm a missão de transportar oxigênio para os mús­ culos. Com mais “transportado­ res”, o organismo passa a compen­ sar a menor entrada de ar nas alti­ tudes elevadas. Após um ciclo de algumas semanas, os atletas “des­ cem” para as competições mais próximas ao nível do mar, como é Londres. E aí, com mais volume de oxigênio e transportadores de so­ bra, têm ganhos de performance. É em busca dessa espécie de “do­

ping natural” que corredors e ci­ clistas passam temporadas regula­ res em Paipa. Mas apesar do reforço na capa­ cidade aeróbica, Marilson evitou falar em medalha na última entre­ vista que deu antes da prova, e jo­ gou a responsabilidade para os fa­ voritos quenianos e etíopes. “Em cada Olimpíada a maratona está se tornando mais dificil, há um domí­ nio de africanos, em especial que­ nianos e etíopes. Mas como já vi em outras competições que parti­ cipei, pode acontecer de tudo e é preciso estar preparado para isso, pois é uma prova aberta.”

Mike Hewitt/Getty Images

Maratonista brasileiro foi buscar um gás extra na altitude da Colômbia

n em forma Marilson pronto para lutar por medalha

altos efeitos Cada atleta reage de um jeito. Mas alguns estudiosos falam em “picos de performance”, tendo como base o dia em que o atleta volta da altitude. Para Suslov (1994), o primeiro pico estaria entre o 3º e o 7º dia. Para Popov (1994), ocorre entre o 18º e o 21º dia. Outros apontam um último pico entre o 36º e o 48º dia.

evolução gradual

Ao nível do mar 1 Quanto mais perto do mar estamos,

maior a pressão do ar (pressão barométrica) sobre nossas cabeças. Pense na água em um prédio. O jato que sai do chuveiro no 1º andar tem muito mais força do que no 18º andar, porque a pressão que a coluna d’água exerce lá embaixo é muito maior. Ao nível do mar, o fluxo de ar que entra nos pulmões (e o volume de oxigênio que vai para os músculos) é também maior a cada inspirada.

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PERÍODO DE TREIN A MENTO

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altitude 2 na Nas alturas, quando inspiramos, a

hemácias

PERÍODO DE B ENEFÍCIO

Após uma semana de aclimatação à altitude, com sessões leves de exercícios onde podem aparecer efeitos como dores de cabeça e enjoos, os atletas retomam a plena capacidade e passam a intensificar o treinamento, até retornar ao mesmo nível de esforço de seus locais habituais de treino. semana

Veja como o treino na altitude turbina a performance de corredores de longa distância

Picos de performance

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menor pressão faz “descer” menos ar para os pulmões. O sangue acaba levando menos oxigênio aos músculos, que sofrem para executar suas funções. Qualquer trotinho deixa um forasteiro ofegante, com ritmo de respiração acelerado. O corpo precisa encontrar um jeito de levar mais oxigênio aos tecidos musculares.

hemácias

nas alturas 3 adaptação Aos poucos, o corpo começa a se adaptar

a essa realidade de “ventilação deficiente”. Para tanto, o organismo libera uma quantidade maior do hormônio eritropoietina (EPO), o que ajudará a produzir mais hemácias (glóbulos vermelhos). As hemácias têm a missão de transportar oxigênio para os músculos. Com mais “transportadores”, o organismo passa a compensar a menor entrada de ar. A Falácia — Muita gente acha que, em altitudes elevadas, a oferta de oxigênio é menor. Bobagem. Seja no Everest ou no Rio de Janeiro, o ar que respiramos tem, basicamente, 20% de oxigênio e 79% de nitrogênio (e um residual de outros gases). O que varia (e faz muita diferença) é a pressão do ar.

hemácias

4 Após um período de quatro a cinco de volta ao “térreo”

semanas de treinamento na altitude, os atletas voltam para competir perto do nível do mar. Com mais ar nos pulmões (por causa da pressão maior do ar) e mais transportadores no sangue, turbinam o rendimento e obtêm uma vantagem competitiva em relação aos demais, que não treinaram na altitude.



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basquete

London Calling Por Giancarlo Lepiani, de Londres

EUA x Espanha, de novo!

Iron Man

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Principais forças do basquete mundial repetem final de Pequim. EUA são favoritos para conquistarem sua 14ª medalha de ouro

Por Marcos Sergio Silva, de Londres

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SOBERANO Kevin Durant vibra com mais um passeio americano

REUTERS/Mike Segar

ais uma vez, Estados Unidos e Espanha se encontrarão na final do torneio olímpico de basquete masculino. Em Pequim 2008, o Dream Team levou a melhor e voltou para casa com o ouro no peito. Os espanhóis alimentam um desejo de vingança, mas reconhecem que a vitória é quase uma missão impossível. Favoritos, os EUA têm tudo para somar seu 14º título na modalidade. A decisão da medalha de ouro acontece amanhã, às 11h. A disputa pelo bronze, entre Argentina e Rússia, será às 7h. Para garantir a vaga na decisão, os norte-americanos derrotaram ontem a Argentina por 109 a 83, em um jogo amplamente dominado pelos atuais campeões. E, assim como ocorreu no primeiro encontro, ainda pela fase de grupos, os argentinos ficaram atrás do placar desde o início do primeiro quarto. O destaque, mais uma vez, foi o trio Kevin Durant, Lebron James e Carmelo Anthony, pelos EUA. Já a Espanha superou a Rússia em uma partida eletrizante. A equipe dos irmãos Pau e Marc Gasol despachou os russos por 67 a 59, com direito a uma virada surpreendente na metade do segundo tempo do jogo. Foi o segundo embate entre os dois times nos Jogos de Londres. No primeiro, ainda na fase preliminar, a Rússia conseguiu fazer quatro pontos e superar a seleção ibérica no último minuto, fechando o marcador em 77 a 74.

EUA x França na final feminina A

final do torneio de basquete feminino não podia ser outra. Estados Unidos e França não perderam um jogo sequer durante toda a olimpíada. Mas hoje, às 17h, uma das duas seleções precisa perder a invencibilidade para a outra levar a medalha de ouro. As duas equipes tem a melhor média de pontos da competição: 91,3 para as americanas e 72,6 para as francesas. Está é a quinta final consecutiva dos Estados Unidos e elas não perderam nenhuma até agora. Elas tiveram sua última derrota na semifinal de Barcelona 1992, contra a Equipe Unificada – que reuniu 12 países da antiga União Soviética para competir. A disputa do bronze também acontece hoje, entre Austrália e Rússia, às 13h. As duas equipes se enfrentaram na primeira fase: vitória das australianas por 70 a 66. O destaque da partida foi a ala Elizabeth Cambage, com 17 pontos.

saltos ornamentais

Brasileiro fica fora das semifinais

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brasileiro Hugo Parisi não conseguiu avançar às semifinais nos saltos ornamentais (plataforma de 10m). Ele ficou na 30º posição dentre 32 atletas. Apenas os 18 primeiros se classificam para a etapa seguinte. O melhor salto de Parisi foi o primeiro, no qual obteve a média de 76.50; o pior foi o terceiro, quando recebeu 39.60. No total, ele somou 363.70 pontos. A China fez uma dobradinha nas primeiras posições. O primeiro colocado foi Bo Qiu, que somou 563.70 pontos. Seu compatriota Yue Lin ficou em segundo, com 532.15.

a primeira Olimpíada de Londres, em 1908, ele era integrante do Parlamento e apresentou um projeto de lei para estabelecer, pela primeira vez, o salário mínimo na Grã-Bretanha. Nos segundos Jogos londrinos, em 1948, era líder da oposição — mesmo depois de conduzir o país ao triunfo na II Guerra Mundial, tinha perdido a cadeira de primeiroministro, numa amostra de como os britânicos são implacáveis ao cobrar seus políticos. Em 2012, quase meio século depois de sua morte, apareceu só nos efeitos especiais do vídeo que uniu James Bond à rainha, na cerimônia de abertura — quando o helicóptero de Elizabeth II sobrevoou Westminster, sua estátua, colocada entre a abadia e o Big Ben, acenou para a monarca e o agente 007. Ainda hoje, porém, as marcas deixadas por Winston Churchill estão por toda a parte — na capital olímpica, no país-sede dos Jogos e no modo britânico de viver. O maior primeiro-ministro da história britânica tem sua memória preservada a uma curta caminhada do Parlamento, num museu que permite aos visitantes conhecer o enorme bunker de onde Churchill capitaneou a vitória militar britânica sobre Hitler. O local exibe relíquias do rotundo estadista – um tufo de seus cabelos ruivos, seus chapéus e gravatas-borboleta, a porta negra de 10 Downing Street dos tempos em que estava no poder – e conta, com extraordinária atenção aos detalhes, todas as passagens de sua fabulosa biografia. A entrada ao museu fica colada à quadra olímpica do vôlei de praia. A música alta, os biquínis diminutos e as coreografias das cheerleaders no torneio da modalidade, encerrado na noite de quinta, certamente teriam deixado o ex-primeiro-ministro intrigado. Mas essa proximidade física entre seu antigo gabinete e uma das arenas mais movimentadas destes Jogos não é o que liga Churchill à Olimpíada. O legado de sua era turbulenta e heroica é notado em muitos dos aspectos bem sucedidos da festa esportiva. O espírito de luta e união da delegação da casa, refletido na conquista de 56 medalhas até esta sexta-feira, é um deles. O pragmatismo e a praticidade do projeto olímpico, com suas excelentes (e mais baratas) arenas temporárias, são outros. Mas a imagem deixada pelo país sede depois de duas semanas de Olimpíada, com seu retumbante sucesso até aqui, certamente é o maior deles. “Fui uma cria da era Vitoriana, quando a percepção da grandeza do nosso império e nosso dever de preservá-la eram muito fortes”, explicou ele certa vez, conforme mostra um dos painéis de seu museu. A Grã-Bretanha sai dos Jogos do jeito que Churchill gostava de vê-la: brava, forte, unida e ambiciosa, uma inspiração para o resto do mundo e uma referência para o Ocidente.

Ainda hoje, as marcas deixadas por Winston Churchill estão por toda parte

n SIR n DEU ÁGUA Hugo Parisi fica apenas em 30º lugar

Churchill foi de primeiro-ministro a opositor do governo



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Radar olímpico

Brasileiros duelam no polo aquático

Musa do heptatlo pode batizar estádio

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O

mbora o jogo fosse entre Espanha e Estados Unidos, dois brasileiros estiveram em lados opostos, ontem, numa das partidas semifinais do torneio olímpico de polo aquático. A partida terminou com vitória apertada da Espanha por 8 a 7, onde jogou o crioca Felipe Perrone, de 26 anos. Na equipe perdedora estava outro carioca, Tony Azevedo, de 30, que inclusive é o capitão do time americano. Esta é a segunda participação de Azevedo em Olimpíadas representando os EUA. Em Pequim 2008, ele ficou com a prata, após sua equipe perder para a seleção da Hungria, na final, por 14 a 10.

estádio Don Valley, em Sheffield, local de treinos da britânica Jessica Ennis, pode ser rebatizado com o nome dela. A ideia é do ex-ministro de esportes britânico, Richardo Caborn, que quer homenagear a queridinha da Grã-Bretanha, medalha de ouro no heptatlo. “Sugeri às autoridades locais que o estádio seja renomeado como Jessica Ennis Stadium, uma vez que ela passou tanto tempo ali, e isso certamente encorajaria os jovens a procurarem o esporte, já que fariam a conexão entre o estádio e uma figura tão importante como Ennis”, destacou Caborn ao jornal Daily Mail.

n no chão

Rússia fatura o tetra no nado sincronizado

A

Rússia conquistou ontem sua quarta medalha de ouro consecutiva na competição por equipes do nado sincronizado, confirmando seu domínio no esporte, já que o país também faturou seu quarto ouro seguido nas duplas, em Londres. As russas somaram 98.930 pontos ante 97.010, da China, que ficou com a medalha de prata. A Espanha fechou o pódio. Nas duplas, por sua vez, as espanholas ficaram com a prata e as chinesas, com o bronze.

Quedas tiraram o país da competição nas provas masculina e feminina

O

s brasileiros têm frequentado bastante o hospital nesses últimos dias dos Jogos. Na quinta, Poliana Okimoto, da maratona aquática, sofreu princípio de hipotermia, desistiu e foi socorrida quase desacordada. Depois, foi o ciclista Renato Rezende, do BMX, com uma luxação no ombro após cair na sinuosa pista. Além de Diogo

Silva, do taekwondo, que lutou a semifinal no sacrifício e ontem fazia uma radiografia do pé direito. Ontem, foi a vez da ciclista Squel Stein protagonizar uma queda perigosa, também no BMX. Logo no início da primeira bateria da semifinal, ela foi para o chão, bateu a cabeça e não levantou. Mesmo protegida pelo capacete, a atleta precisou ser

medalha de ouro

n Vai para as filhas do saltador australiano George Avery, morto em 2006. Elas homenagearam o pai, medalhista de prata no salto triplo nos Jogos Olímpicos de Londres de 1948, jogando as cinzas dele na pista de atletismo do Estádio Olímpico, durante a final do salto triplo, vencida pelo americano Christian Taylor (foto). De acordo com Robyn Glynn, filha do atleta, Avery tinha o sonho de voltar a Londres para ver a Olimpíada de 2012. “Depois das Olimpíadas de Sydney, em 2000, decidimos que íamos trazer meu pai de volta aqui, mas infelizmente ele morreu anos atrás”, revelou Robyn.

imobilizada e retirada de maca. Segundo o COB, foi uma precaução apenas, pois ela foi levada para a policlínica da Vila Olímpica já andando e estava apenas em observação. Ela repete assim seu desempenho no Pan de Guadalajara, no ano passado, quando também precisou ser hospitalizada. Na ocasião, Squel sofreu lesão cervical e ficou afastada das pistas por três meses, retornando a tempo para conquistar a vaga olímpica na Copa do Mundo de BMX Supercross, em Birmingham, na Inglaterra.

medalha de lata

Coe não acredita em doping de jamaicanos

O

chefe do comitê organizador dos Jogos de Londres, o ex-corredor britânico Sebastian Coe, descartou a possibilidade de os atletas jamaicanos, incluindo o astro Usain Bolt, estarem sendo favorecidos por não terem sido submetidos a exames antidoping. Coe descartou qualquer suspeita em relação aos jamaicanos e disse que está satisfeito que Usain Bolt e os demais atletas tenham comprovado estarem limpos, depois de exames antidoping realizados fora das competições. Em Londres, Bolt sagrou-se bicampeão das provas dos 100 m e 200 m rasos.

Brasil de olho nas lições de Londres

A

utoridades e empresários britânicos querem oferecer sua expertise na organização da Olimpíada a outros países, principalmente ao Brasil, a próxima sede dos Jogos. Representantes dos dois países estão participando de vários eventos em Londres sobre o assunto e cerca de 20 empresas britânicas já fecharam contratos para fornecimento de produtos e serviços para os Jogos do Rio 2016 e para a Copa do Mundo de 2014.

Havelange e Teixeira provocam polêmica

Matthew Lewis/Getty Images

I

rreverente e simpático, Usain Bolt fez mais uma das suas. Após a conquista do ouro nos 200 m, o jamaicano pegou a câmera do fotógrafo sueco Jimmy Wixtr, que cobria o evento, e a apontou na direção de seu compatriota Yohan Blake, segundo colocado da prova. Após fazer algumas imagens do companheiro, Bolt foi elogiado por Wixtr. Essa não foi a primeira vez que Bolt tomou a câmera do fotógrafo. Na etapa da Liga de Diamante de Roma, no mês passado, e no Mundial de Atletismo de Daegu (2011), Bolt fez a mesma brincadeira e tirou fotos de si mesmo. O homem é tão rápido na pista que, enquanto os outros ainda estão correndo, ele já está brincando de fotógrafo. Clic!

BMX leva atleta do Brasil para o hospital outra vez

REUTERS/Pawel Kopczynski

“Fotógrafo” Bolt é rápido no clique

Harry How/Getty Images

Clive Brunskill/Getty Images

Squel Stein sofreu queda violenta na primeira bateria da semifinal

U n Vai para o britânico Sebastian Coe e o belga Jacques Rogge, respectivamente, presidentes do comitê organizador dos Jogos de Londres 2012 e do Comitê Olímpico Internacional (COI). Os dois insistem em minimizar grandes feitos, principalmente de Usain Bolt e Michael Phelps, estrelas dos Jogos. Na opinião de Rogge, Bolt só poderá ser considerado um mito quando se aposentar das pistas. “Deixe que Bolt fique livre de lesões, mantenha sua motivação e participe de três ou quatro Jogos Olímpicos e aí ele poderá ser considerado uma lenda”, disse o dirigente. Para Rogge, hoje Bolt não passa de um ícone.

ma coletiva de imprensa realizada pelo Comitê Organizador dos Jogos de 2016, ontem em Londres, acabou em polêmica quando jornalistas estrangeiros citaram a condenação do ex-presidente da Fifa, o brasileiro João Havelange. Ele foi acusado em um processo na justiça suíça de ter recebido propina de uma empresa de marketing esportivo ligada à Fifa na década de 1990. Leonardo Gryer, CEO do comitê, ficou aborrecido quando um repórter insistiu em questionar se a imagem de Havelange poderia ser danosa aos Jogos do Rio 2016.


jornal placar | sábado, 11 de agosto de 2012

atletismo

23

Bolt diz que não respeita Carl Lewis Ex-atleta americano insinua que jamaicanos podem correr dopados e a resposta vem rápida como um raio

Michael Steele/Getty Images

U

sain Bolt chegou a Londres disposto a virar uma lenda, prometendo vitória nos 100 m e 200 m. Depois de alcançar os objetivos na pista, com relativa facilidade diante dos oponentes, o jamaicano deixa claro que não vai aceitar desaforo. Nem mesmo de antigos campeões olímpicos como ele. Que o diga o norte-americano Carl Lewis, que virou centro da mais nova polêmica criada por Bolt. ele é o cara Usain Bolt não engole insinuação de Carl Lewis e dá o troco

Do alto de sua condição de um dos maiores velocistas da história, Lewis insinuou a possibilidade de que Usain Bolt pode ter tido uma “ajudinha extra” para ser bicampeão olímpico dos 100 e 200m rasos, ao criticar o controle de doping feito com os atletas da Jamaica. Como quem fala o que quer ouve o que não quer, a resposta de Bolt veio rápida como um raio. “Por Jesse Owens sinto um grande respeito. Foi um grande atleta, fez coisas boas por seu país (...) mas vou dizer algo polêmico neste momento. Não tenho o menor respeito por Carl Lewis. Diz coi-

sas sobre outros atletas e acredito que é algo degradante um atleta falar mal de outros esportistas”. O jamaicano ainda considera que talvez, por estar longe dos holofotes da mídia, o ex-velocista americano queira voltar a aparecer, como fazia em seus tempos de atleta. “Na realidade, acho que ele quer apenas chamar a atenção porque ninguém fala mais dele”, cutucou Bolt. O recordista mundial ainda fez questão de frisar que suas conquistas nas pistas são fruto de exaustivas sessões de treinamento e não da ajuda de substâncias proibidas. “Para mim foi muito triste quando soube o que o Lewis estava dizendo. Foi muito desconcertante. Agora perdi todo o respeito por ele”.

torre de londres Por Carlos Maranhão, de Londres

O que a Jamaica, um país de 2,7 milhões de habitantes, tem que nós não temos?

E

o Quênia? E a Grã-Bretanha, o Reino Unido, a Inglaterra, como se preferir? O que os ingleses fazem para que o trem com saída marcada para as 10h35 parta da estação às 10h35? Por que todos os estádios, ginásios e pistas de Londres são virtualmente impecáveis? Mas por que a BBC, durante o dia inteiro, da manhã à noite, com raras exceções, só transmite as provas em que os britânicos estão competindo? Por que, em qualquer evento olímpico, há sempre alguém uniformizado para ajudá-lo a encontrar o seu lugar, mesmo que para isso tenha que caminhar por longos corredores, descer uma escada, subir outra e abrir três portas, ao invés de dizer vá em frente, vire à esquerda, depois a segunda à direita e então volte a perguntar para alguém? E por que tanta gente, de terno, gravata e nariz empinado, ou de regata, bermuda, havaiana e corpo tatuado, faz a mesma coisa na rua? Por que nos supermercados quem quer comprar cigarro precisa pedir que um funcionário abra o armário em que ficam trancados sem que se possa vê-los, como se fossem veneno escondido, um maço de Marlboro custa o equivalente a 25 reais e é proibido fumar em praticamente qualquer lugar, até nos quartos de hotel? Mas por que jogam tanto toco de cigarro na rua? Por que a rede de metrô londrina tem onze linhas, 268 estações e 408 quilômetros de extensão? Por que as crianças de até 10 anos não pagam passagem? Mas por que há tantos ratinhos serelepes ao lado dos trilhos em certas estações, sem que ninguém pareça ligar para eles? E por que é tão quente lá dentro? Por que os ônibus vermelhos de dois andares são tão bons e confortáveis, embora o trânsito com frequência os torne irritantemente lerdos? Por que há cada vez mais ciclistas nas ruas e os motoristas os respeitam, embora no ano passado tenham morrido dezesseis deles em acidentes?

Por que os pedestres sempre atravessam na faixa? Por que todos os motoristas de táxi conhecem todas as ruas de Londres, limitam-se a falar o essencial, não reclamam do troco e agradecem se você deixar uma moeda de gorjeta? A propósito, por que nenhum balconista faz cara feia quando se paga uma despesa de 1,76 libra com uma nota de 20? Por que as pessoas dizem em qualquer situação “please”, “thank you” e “no problem”? Por que elas acreditam na sua palavra? Por que há tamanha multidão de turistas nas ruas, chineses, japoneses, coreanos, americanos, alemães, franceses, argentinos, brasileiros? Por que fotografam tudo com o celular? Por que eles e os próprios ingleses saem das lojas de Oxford Street carregados de sacolas que mal conseguem segurar? Por que um grupelho de gaúchos barrigudos faz tamanha algazarra nas partidas de futebol da seleção brasileira, com bumbos estridentes e cantos desafinados, sem que lhes chamem a atenção? Por que os hooligans desapareceram? Por que o prefeito nunca mudou de partido? Por que ele é popular e acabou de ganhar a reeleição, embora seja uma figura extravagante, fale besteiras sem parar e tenha tomado medidas impopulares, como aumentar as tarifas do transporte público e mantido a cobrança de pedágio urbano no centro da cidade para a circulação de carros particulares, implantada por seu antecessor, que pertence ao partido rival? Por que a grande maioria dos súditos venera sua rainha? Por que os jornais, incluindo os tabloides considerados sensacionalistas, que adoram escândalos e denúncias, não noticiaram durante a Olimpíada um único caso conhecido de corrupção ou de desvio de verbas públicas? Será que isso não acontece na Inglaterra ou eles são bobos e não percebem? Por que não somos assaltados na rua? E não fazem arrastões nos prédios?

E não há chacinas na periferia? Nem zumbis queimando crack na calçada? Por que nenhum atleta britânico se queixou do vento? E não confessou que amarelou? E não se queixou da prata nem do bronze? Por que apenas os americanos e chineses ganham deles em número de medalhas? Por que há tanta gente obesa? Inspirados pela Olimpíada, será que eles tentarão entrar em forma depois dos Jogos? Ou continuarão devorando ovos fritos, bacon, salsicha e feijão no café da manhã? E, enquanto andam, comendo sanduichões transbordantes de gordura e bebendo copázios de refrigerante? Por que eles acham uma delícia fish’n’chips e cerveja quente? Por que na National Gallery, onde se pode ver quadros de Giotto, Rafael, Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Van Gogh e Renoir, a entrada é gratuita? E no Museu Britânico também? O que eles fizeram para que o Rio Tâmisa, conhecido como o “Grande Fedor” no século XIX, quando as sessões do Parlamento chegaram a ser suspensas por causa do mau cheiro intolerável que exalava, fosse despoluído, virasse cenário de regatas e passasse a abrigar em suas águas 121 espécies de peixe? Por que ele não transborda depois que chove? Aliás, por que durante os Jogos choveu menos do que o previsto e, passado o frio do verão, tivemos nesta semana dias maravilhosos, ensolarados e com elevadíssimas temperaturas que chegaram na quinta-feira a inacreditáveis 27 graus à sombra? Como eles conseguiram fazer uma Olimpíada como essa? E a anterior, em 1948, mal saídos de uma guerra que os devastou? Como construíram uma nação assim? My God, será eles têm algum motivo para serem orgulhosos desse jeito?

Por que os estádios, ginásios e pistas são impecáveis?


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jornal placar | domingo, 12 de agosto de 2012

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Vôlei Sheilla A maior pontuadora brasileira no torneio, com 140 bolas no chão das adversárias. Também foi a melhor sacadora das Olimpíadas

Meninas poderosas Fabiana, Fabi, Sheilla, Dani Lins e Natália fazem a festa no pódio com o medalha de ouro na mão

Thaísa Foi a jogadora mais regular do Brasil na competição. Terminou como a melhor bloqueadora do torneio, com 24 pontos nesse fundamento Fabiana Começou irregular, mas cresceu junto com o time e anotou simplesmente 42 pontos na fase final do torneio Dani Lins A levantadora assumiu o papel de liderar o time a partir do jogo contra a Sérvia e deu um show de eficiência Jaqueline A ponteira foi um monstro na defesa no jogo contra a Rússia. E ainda fez 87 pontos no torneio (18 só na final) FÊ Garay Foi a jogadora mais decisiva na reta final do torneio. Fez o ponto que deu a medalha de ouro contra os EUA. Na dúvida, joga pra Garay. Tandara Entrou pouco no time. Como tem apenas 23 anos, aproveitou os Jogos para ganhar experiência para as Olimpíadas de 2016, no Rio. Adenizia Diante da eficiência de Thaísa no meio da rede, a reserva da posição praticamente não jogou. Natália Sua dedicação inspirou as colegas. Passou por duas cirurgias na perna, mas esteve sempre pronta para entrar e jogar pelo time. Fabi A líbero foi um dos pilares da defesa brasileira. Depois de ir mal nos três primeiros jogos, foi um monstro contra Rússia e Japão. Paula Pequeno Jogou muito pouco. Participou dos primeiros jogos e chegou a fazer 26 pontos no torneio, boa média para uma reserva. Fernandinha A levantadora foi titular nos primeiros jogos, mas perdeu espaço para Dani Lins. Foi para o banco sem chiar e não criou clima ruim

SALVADORAS DA PÁ Meninas do vôlei compensam o fiasco da seleção de futebol e faturam o ouro na raça. Bicampeonato olímpico, repete feito de Adhemar Ferreira da Silva em 1952 e 1956 Da redação

A

partida contra os Estados Unidos pode ser vista como uma metáfora da campanha do Brasil nas Olimpíadas. Depois de um começo horrível, no qual perderam o primeiro set por inacreditáveis 25 a 11, as brasileiras mudaram a história do jogo virando muitas bolas no ataque com Jaqueline (18 pontos

na partida) e Sheila (15 pontos no jogo), além de defesas impossíveis. No final da partida, uma vitória incontestável por 3 x 1 (11/25, 25/17, 25/20 e 25/17) repetiu o placar da decisão de Pequim 2008 e deu o bi olímpico para o time de José Roberto Guimarães.|Na disputa da medalha de bronze, o Japão ganhou da Coreia do Sul por 3 a 0 (25/22, 26/24 e 25/21) e voltou ao pódio depois de 28 anos.

O primeiro set foi horrível para o Brasil. Errando muito e virando apenas 5 bolas no ataque, as brasileiras foram presas fáceis para as americanas, que não tiveram dificuldades para fazer 25 a 11 em apenas 21 minutos. “Quando acabou o primeiro set, falamos uma com a outra que não tínhamos saído do buraco à toa, que tínhamos que lutar”, disse a líbero Fabi, ao final do jogo, revelando como o time foi

buscar forças para virar o jogo. Muito concentradas e com Fe Garay inspirada, as brasileiras voltaram para o jogo ao fechar o segundo set em 25/17.As americanas, que pensavam numa vitória tranquila, começaram a perceber que teriam que jogar mais para sair da quadra com o ouro no peito. A partir daí, o Brasil deu um show de raça, técnica e eficiência. No terceiro set, embora a americana Destinee Hooker conseguisse virar algumas bolas, o bloqueio brasileiro funcionava muito bem, fazendo pontos ou amortecendo, sobretudo com Fabiana. Jogando consistentemente, o Brasil fechou em 25 a 20. No quarto set, a história

fotos reuters; getty images

caminho para o ouro

Brasil 3 x 2 Turquia

Brasil 1 x 3 Estados Unidos

Brasil 0 x 3 Coreia do Sul

Brasil 3 x 2 China

Já na estreia, as brasileiras não tiveram vida fácil, numa vitória após cinco sets. Depois de abrir 2 a 0, a seleção quase entregou o ouro por puro nervosismo.

A primeira derrota veio contra o time que viria a ser o adversário da final, em um jogo de muitos erros do Brasil. O resultado deixou a classificação ameaçada.

A pior partida do Brasil em toda a campanha olímpica. Para se classificar às quartas de final, as brasileiras começam a fazer contas.

Jogo sofrido, pois a derrota tiraria o Brasil de Londres 2012. Time superou a pressão e chegou à vitória, que manteve as esperanças na classificação.


jornal placar | domingo, 12 de agosto de 2012

13 filme repetido Jogadoras do Brasil jogam o técnico Zé Roberto para o alto, repetindo gesto da vitória de Pequim 2008

Fabi

“A gente sabia que ia ganhar. Muitos duvidaram, mas a gente calou a boca de muita gente. Ser campeã olímpica é algo indescritível” Campeão no masculino e no feminino, técnico conduz vôlei ao terceiro título olímpico REUTERS/Olivia Harris

REUTERS/Ivan Alvarado

“Cala a boca, isso aqui é Brasil, cala a boca. Precisa ter muita lucidez e consciência porque a gente joga por amor, a gente vive de vôlei”

ÁTRIA se repetiu. Confiantes, as brasileiras continuaram defendendo bem e virando muitas bolas no ataque. As americanas, por seu turno, mostravam abatimento, parecendo não acreditar na virada. No final,o placar de 25 a 17 selou uma vitória histórica para o vôlei brasileiro. E mostrou que o esporte tem lá seus requintes de crueldade. Afinal, nunca é demais lembrar, que na fase de classificação as americanas poderiam ter eliminado o Brasil caso não vencessem a Turquia na última rodada. Como venceram, tiraram o Brasil do fundo do poço. E o conduziram para a glória do bicampeonato olímpico. Thank you!

Prazer, José Roberto "Trimarães"!

Sheilla

“A gente estudou muito os Estados Unidos e conseguiu vencer taticamente. Não vou chorar, porque o momento é de alegria, é de aproveitar. Curtam vocês aí no Brasil” José Roberto Guimarães

e entra para a história como o maior ganhador de ouros do esporte brasileiro

O

treinador José Roberto Guimarães pode ser considerado o maior treinador do vôlei brasileiro de todos os tempos: ele foi o comandante do ouro do masculino em 1992 e das conquistas olímpicas do feminino em 2008 e 2012. Entretanto, ele não tem nenhuma medalha: técnicos não sobem ao pódio, e quando era jogador obteve um discreto 7º lugar nas Olimpíadas de Montreal, em 1976. Zé Roberto não é daqueles técnicos que se sentem maiores do que o time. Ele orienta com calma. Quando pede tempo, olha nos olhos das atletas e explica calmamente o que deseja que a jogadora faça. “O Zé tem um talento muito grande para lidar com mulheres. Ele sabe administrar muito bem as situações”, disse a psicóloga do esporte Kátia Rúbio. Nas Olimpíadas, Zé Roberto só perdeu a calma uma vez: quando o Brasil perdeu para os Estados

Unidos por 3 x 1 na primeira fase. Ele gritou palavrões à beira da quadra e, no vestiário, a bronca foi ainda pior. “Não dá para dizer o que ele falou. É impublicável”, disse Sheilla. Na vitória sobre as russas, o técnico voltou a sair de seu padrão de comportamento. Só que, desta vez, ao invés dos palavrões, ele se permitiu dar um peixinho na quadra em comemoração a um resultado que parecia impossível. Ontem, depois da consagração, o técnico fez questão de pedir reconhecimento pela vitória. "Os Estados Unidos são o melhor time, o primeiro set mostrou como elas jogam. Mas a partir do momento que a gente entrou no jogo, abalou um pouco as estruturas. Nosso bloqueio, defesa e saque foram excepcionais. A gente estava esperando esse momento”, afirmou. “Não vou chorar, porque o momento é de alegria, é de aproveitar. Curtam vocês aí no Brasil”.

Brasil 3 x 0 Sérvia

Brasil 3 x 2 Rússia

Brasil 3 x 0 Japão

Brasil 3 x 1 Estados Unidos

O Brasil entrou em quadra com a obrigação de vencer. Os EUA haviam dado uma mãozinha, ao tirar a Turquia do caminho.

Nas quartas de final, um dos melhores jogos da história de todas as Olimpíadas, contra as grandes rivais. No tie-break (set desempate), as brasileiras salvaram seis match points e deslancharam.

Na semifinal, o jogo mais tranquilo e o passaporte garantido para a final. Time fez grande exibição e anulou os pontos fortes das adversárias.

Depois de um horroroso primeiro set, o Brasil acertou defesa e saque no segundo set e não deu mais chances para as americanas. Garantiu o bicampeonato olímpico


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