Planeta revista 1

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Distrituição gratuita Março de 2016 - Edição 01



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LANETA

O que é a Revista PLANETA COLORIDO

A revista "Planeta Colorido", publicação eletrônica com acesso e gratuito, voltada às questões sócio-ambientais. É uma publicação da Planeta Verde Amarelo Azul e Branco, organização não governamental (ONG), sem fins lucrativos, que tem a missão de promover a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente, através do exercício da educação ambiental, para assegurar às futuras gerações, melhor qualidade devida. Compreende, como Meio Ambiente, o desenvolvimento sustentável, política ambiental, gestão ambiental, impactos sócioambientais e participação da sociedade. Incentiva projetos e articulações que promovam a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. Planeta tem como atuar com atividades junto à rede de ensino, promovendo ações em parceria com Governos, órgãos públicos, indústrias, empresas e demais gestores da educação ambiental. Para tanto, promove atividades científicas e educacionais e estimula o intercâmbio entre pesquisadores e a sociedade. Ao mesmo tempo, subsidia a atuação de movimentos sociais e ambientais e a formulação de políticas públicas nas interfaces entre desenvolvimento, população e meio ambiente. Executa projetos e campanhas com a mídia impressa e eletrônica, voltadas exclusivamente para o meio ambiente. Para atingir seus objetivos o Planeta recebe doações e realiza convênios ou contratos com fundações, organizações não governamentais, órgãos de Governo e organismos internacionais.

5 - Informar, sensibilizar, conscientizar e mobilizar a opinião pública sobre a problemática do Meio Ambiente.

A edição desta revista teve a colaboração de pessoas voluntárias que participam, desde a elaboração de textos a sua divulgação, por entenderem da necessidade de fazer alguma ação objetiva em prol do planeta. Agradecimento especial para os jornalistas Ivan Lopes da Silva e Aninha Carolina Silva que, voluntariamente, editaram este número, através da Editora Exxtra Com Dois Xis e Multimídia Ltda. Também o agradecimento as seguintes pessoas, que também estiveram envolvidas nesta edição: Luciane Junqueira, Patrícia Junqueira, Luciana Lacerda, Vera Silva Silveira, Solange Trindade, Paloma Manteli, Viviane Silva, Gilberto Silveira, Cyntia Silveira, Mônica Pereira e Juliana Caldas.

6 - Fornecimento de subsídios à formulação de propostas para a ação política dos diversos níveis de governo e dos movimentos sociais e ambientais.

Para sugestões ou colaboração, use o endereço oplanetacores@gmail.com

OBJETIVOS 1- Promover e desenvolver projetos e ações de educação ambiental. 2 - Ampliação do conhecimento científico e tecnológico sobre as relações entre desenvolvimento, população e meio ambiente e suas implicações para as políticas públicas. 3 - Apoiar a formação de políticas públicas de saneamento e de educação ambiental. 4 - Disseminação e intercâmbio de conhecimentos entre pesquisadores, planejadores, executores, legisladores, imprensa e outros atores políticos e sociais.

7 - Estimular e alimentar estudos de impacto ambiental decorrente de atividades que interfiram no Meio Ambiente. Entre outras ações.


Água

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gua é sinônimo de vida para os homens, animais e plantas, mas é necessário buscar o equilíbrio entre a falta e o excesso, igualmente prejudiciais. Água é fundamental para as plantas, sem ela os vegetais não conseguem absorver nutrientes do solo para o seu crescimento. A umidade deve atingir a raiz dos vegetais, encarregadas de enviar o líquido para as folhas, através do caule. Na sua falta, as plantas murcham, fechando os poros em sinal de alerta. Hortaliças são muito exigentes em umidade. Uma hortaliça pode ter até 98% de água em sua composição. Sua falta pode retardar o crescimento, acelerando a maturação e diminuindo a produtividade. Por outro lado, o excesso pode levar os nutrientes para o fundo, ficando inacessíveis para as raízes, provocar erosão, impedir o arejamento da terra, favorecendo a proliferação de doenças e alterando o sabor do vegetal. Em dois momentos não pode faltar água: após a semeadura e depois do transplante. Após a semeadura porque a umidade é o principal fator de germinação das sementes e depois do transplante porque a planta está estressada e sensível pois foi retirada de seu local e mesmo com muito cuidado, as pequenas raízes rompem ou se ressentem da mudança. A líquido absorvido pelas raízes vai em direção às folhas e volta como seiva. A irrigação deve ser feita da forma mais suave possível. Jatos fortes podem estragar as plantas, retardando seu crescimento. Algumas técnicas podem diminuir a necessidade de água como por exemplo coberturas mortas, feitas com folhas, restos de podas, cascas ou serragem. A cobertura morta diminui a evaporação, mantendo a umidade e fornecendo matéria orgânica para as plantas ao simular um ambiente de floresta. Uma terra bem arejada e porosa retém mais a umidade, como uma esponja. Solo com muita matéria orgânica é sempre poroso e fértil.

A chuva é a melhor opção para irrigação das plantas pois contém substâncias nutritivas, temperatura e pureza certas. Água muito fria pode provocar choque térmico nas plantas, portando nunca irrigue suas plantas com sol a pino. Irrigue sempre nas horas em que a temperatura é mais amena, no início da manhã ou no final da tarde. A irrigação por gotejamento ou vaporização são as melhores opções pois além de não ferirem as plantas não desmoronam os canteiros ou agridem o solo, além de permitir uma umidade mais uniforme. Um sistema antigo e muito eficiente são os potes de barro, parcialmente enterrados nos canteiros. Esse sistema pode ser usado em pequenas áreas, permitindo uma economia bastante significativa do líquido precioso, baixo custo, eficiência e independência tecnológica. potesirrigacao A diferença de pressão entre o pote e o solo faz com que o líquido flua do pote para o solo, sem esgotamento de fluxo. São usados para essa técnica potes porosos e rústicos, de forma cônica, feitos e queimados em fornos caseiros. Os potes devem ter em média 30cms de diâmetro e 50cms de altura, enterrados em buracos circulares de 60cms de profundidade. Apenas o gargalo do pote fica sobressalente ao solo. Os potes são tampados com madeira, tijolos ou pedras para evitar a evaporação, entrada de bichos e desenvolvimento de algas. O abastecimento é feito de forma manual. Os potes liberam em média 3,5 litros por dia no solo, com exceção do primeiro dia, quando podem liberar até 20 litros. Com esse sistema, as raízes das plantas conseguem absorver bem a umidade. O sistema tem ainda a vantagem de empregar mão de obra familiar, possibilitar plantios sucessivos, sempre em torno dos potes, em terra adubada e rica em matéria orgânica. Sistemas de gotejamento em menor escala podem ser feitos usando garrafas pet. Após o enchimento das garrafas, tampar e enterrar parcialmente fazendo um pequeno furo na parte que fica enterrada ou ainda simplesmente deixar a garrafa cheia com um ou mais furos, ao lado da planta. Lembrando que pode não funcionar bem para solos muito arenosos e com pouca matéria orgânica.


País descuida da água Falta de tratamento da água utilizada, poluição dos mananciais, alteração no regime de chuvas e maior disponibilidade do recurso longe dos grandes aglomerados populacionais são desafios para o país, que tem grandes reservas hídricas


A água é um re

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m termos de água, o Brasil é privilegiado. Não tem nem 3% da população mundial, mas abriga 12% da água doce disponível no globo. Essa participação sobe para 18% quando se considera apenas a água de superfície - excluindo-se as reservas em aquíferos subterrâneos, os lençóis freáticos. As reservas superficiais nacionais somam vazões médias de quase 180 milhões de litros por segundo. Onze dos 50 rios mais caudalosos do mundo estão aqui. O Brasil também aparece bem no subsolo: metade do território nacional acomoda 20 bacias que garantiriam uma vazão de 42,3 milhões de litros por segundo. E, como são mais bem distribuídos pelo país do que os rios e lagos, os aquíferos se revelam cruciais para abastecer mais de metade da população.


Seria um cenário perfeito, não fossem os enormes problemas de saneamento básico que o Brasil enfrenta. Em termos nacionais, três em cada dez domicílios urbanos ainda não são abastecidos com água potável. Nas regiões com menor acesso a rios, nascentes e aquíferos, o atendimento é precário. Nas áreas e bairros mais pobres, o mesmo cenário. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), órgão federal que regula o setor, em 2015 só 29% dos brasileiros contaram com um abastecimento satisfatório. Parte da responsabilidade é da diversidade de climas e relevos, que influencia a distribuição dos recursos hídricos pelo país. Na maior parte do Nordeste, ela é de menos de 100 mil litros por segundo. Na Amazônia (com 45% do território e 80% da disponibilidade hídrica nacionais, mas apenas 7% da população), a vazão chega a 74 milhões de litros por segundo. Ou seja, nem sempre a água abundante está onde há mais gente, o que é o primeiro e mais complexo desafio no abastecimento. Afinal, além de captar a água, é preciso transportá-la.


Poluição e estiagem

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m geral, a poluição e a redução da vazão dos mananciais em épocas de estiagem são os principais fatores responsáveis pela escassez de água na maior parte do mundo (há regiões onde a única solução é dessalinizar a água, por exemplo). Num ranking de saneamento básico elaborado pelo Banco Mundial, o Brasil é apenas o 112º lugar entre 200 nações. Estatísticas como a que

A água é um re

aponta que, na Região Norte, somente 13% dos domicílios têm acesso a rede coletora de esgoto reforçam essa convicção. A ANA, em pesquisa divulgada no ano passado, disse ter encontrado água de qualidade "ruim" ou "péssima" em 44% dos pontos urbanos de coleta no país, contaminada, principalmente, por esgoto doméstico. Por causa da poluição, mesmo um rio com boa vazão pode se tornar impróprio para o uso humano. Um bom exemplo é o Rio Tietê (SP), que, em seus

piores momentos, ainda produz uma vazão de 60 mil litros por segundo. Acontece que, de toda essa vazão, apenas um terço é água natural; o resto é produto de efluentes domésticos e industriais não tratados, que são despejados no rio. Já sem a necessária proteção vegetal ao seu redor, reservatórios e represas sofrem mais com seca e se veem mais expostos ao assoreamento, que é o acúmulo de sedimentos no fundo.


Castigadas por períodos prolongados de seca, famílias nordestinas migraram para o sul do país no século 20 Para piorar, desde o ano passado o país padece, em diversas regiões, de uma preocupante falta de chuvas, que colocou boa parte do país em risco real e imediato de racionamento, segundo alertaram os especialistas convidados pela Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado para um debate. Faltar água nas áreas semiáridas do Nordeste já é fenômeno secular - a região viveu sua pior seca em 50 anos entre 2012 e 2013, afetando quase 10 milhões de pessoas e mais de 1,2 mil municípios. Com a mais baixa precipitação pluviométrica em décadas na Região Sudeste como um todo, não só o desabastecimento de água virou ameaça na maior cidade do país, São Paulo, como também há o temor de crise elétrica. A Agência Nacional de Águas monitora, com os estados, 507 reservatórios no semiárido, quase todos voltados para o abastecimento. Desses, quase 50% apresentavam, em meados deste ano, menos de 30% da capacidade, uma situação pior do que no ano passado. Os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por cerca de 70% da geração de eletricidade, registravam, em meados de outubro, a pior situação desde 2001, quando o Brasil enfrentava racionamento de energia, apontou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS): armazenamento médio de água de 21,11% da capacidade total, contra 21,39% naquele ano.


Águas de reúso podem ser utilizadas para limpar ruas, irrigar jardins, lavar carros e combater incêndios A estiagem prolongada deixou à mostra a incapacidade do país em prover segurança hídrica abastecimento regular e satisfatório de água - à população e às atividades econômicas, principalmente agropecuária e indústria, que respondem por 90% da demanda. O consumo, em meio a todas essas dificuldades, seguiu em curva ascendente. Em 2010, comparativamente a 2006, a retirada total de água das fontes de abastecimento subiu 29%, chegando a 2,3 milhões de litros por segundo, muito em função do aumento da demanda de água para irrigação, para viabilizar o crescimento da produção agrícola. O Atlas Brasil abastecimento urbano de água, publicado pela ANA em 2011, apontou aumento no consumo de 7,1% entre 2009 e 2010, alcançando 159 litros per capita por dia. Outras fontes especulam que já poderia estar em 187 litros, chegando a 320 nos grandes centros urbanos. Não é problema exclusivo do Brasil. Os países ricos têm um altíssimo grau de consumo e lideram a classificação em termos globais. Por exemplo, um americano gasta, em média, três vezes mais água que um brasileiro e duas vezes mais que um francês.


Além de, na média, o país consumir água além daquilo que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (100 litros por dia), há muitas disparidades regionais. Se o índice nacional de abastecimento é de 82,7%, no Norte e no Nordeste o atendimento é bem inferior: quatro em cada cinco pessoas moram em cidades que necessitam de ampliação do sistema de água. Nas 100 maiores cidades, a disponibilidade hídrica é satisfatória em apenas 28%; 72% precisam de investimentos; 39%, de ampliar os sistemas, e 33%, de agregar novos mananciais, de acordo com a publicação Perdas Físicas em Sistemas de Abastecimento de Água, divulgado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) em 2013.

Uso de água tratada para lavar carros e calçadas é considerado insustentável do ponto de vista ambiental


Cenário ideal Para enfrentar esses problemas, o governo federal anunciou, em 2013, um novo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), que projetava a universalização dos serviços de água e esgoto até 2033. Porém, a proposta traçou cenários que dificilmente se materializarão. No mais pessimista dos quadros desenhados pelo Plansab, o Brasil cresceria naquelas duas décadas a 3% ao ano, atividade capaz de viabilizar os investimentos de R$ 508 bilhões no setor. Ao governo federal, caberiam investimentos a partir de R$ 13,5 bilhões por ano, quando a média em 2012 e 2013 foi de R$ 8,2 bilhões. O senador Jorge Viana (PT-AC), um dos autores do pedido de debate sobre as estiagens no país, acha inadmissível as crises de abastecimento ainda acontecerem. "Parece que o Brasil foi pego de surpresa com a crise de São Paulo. A ANA tem sistemas de previsão. Ela não é capaz de mudar o curso da natureza, mas tem bases capazes de prever se vai haver uma situação mais grave de abastecimento, inclusive por conta do regime de chuva", observou. Soluções existem, diz o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu Guillo. Mas nem sempre elas vêm sendo adotadas a tempo, o que causa a insegurança hídrica. "Para a vontade política existir, é necessário o envolvimento da sociedade. Não há uma intensa mobilização social em relação a esse tema, proporcional ao risco que ele representa. Se a água não entrar na agenda política da sociedade, isso não vai virar realidade", alertou.

Lavouras irrigadas, como as plantações de tomate em Goiás, respondem pelo maior consumo de água do Brasil


Distantes da meta Os especialistas defendem, porém, que o enfoque deve se voltar não só para o aumento da oferta, com a construção e a ampliação de reservatórios e adutoras. Além de investimentos nas empresas prestadoras para modernizar os sistemas e reduzir as perdas, é preciso conscientizar a população sobre o desperdício. Estamos, porém, ainda distantes de atingir essa meta. O ranking de saneamento básico divulgado pelo Instituto Trata Brasil em agosto mostrou que, em 62 das 100 cidades analisadas, as perdas ficaram entre 30% e 60% da água tratada para consumo. Noventa delas não conseguiram reduções significativas (superiores a 10%) nas perdas de água entre 2011 e 2012.

Usina de Itaipu, na fronteira com o Paraguai - setor elétrico é o gestor prioritário das águas no Brasil


O estudo estimou que uma diminuição de 10% em termos nacionais agregaria R$ 1,3 bilhão à receita operacional com a água, equivalente a 42% do investimento no setor em 2010 para todo o país. A insegurança hídrica que a Região Sudeste experimenta agora é quase rotina no Nordeste. Preocupado com os impactos que a seca prolongada na região atendida pelo Rio São Francisco trouxe sobre a disponibilidade de água para consumo humano e atividades produtivas, o então senador Kaká Andrade (PDT-SE) cobrou engajamento do governo federal na solução do problema. "Não são raros relatos de cidades com problemas no abastecimento de água e prejuízos de agricultores que dependem de irrigação ou do transporte hidroviário, de aquicultores e empresários do ramo do turismo", disse o parlamentar.

Na Amazônia, a grande quantidade de recursos hídricos torna inconcebível a cobrança pelo uso da água

"Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem." Pero Vaz de Caminha, em 1º de maio de 1500


Plano de Recursos Hídricos está em consulta Por: Luciene de Assis

E

stá aberta, até o dia 1º de maio, a consulta pública destinada à segunda revisão do Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) referente ao período 2016-2020. Os membros dos colegiados de recursos hídricos, e pessoas da sociedade em geral podem apresentar sugestões sobre as prioridades do Plano ou propor novos temas que mereçam atenção no próximo ciclo. A consulta pública, organizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU), está aberta no portal Participa.br, com informações adicionais, um manual explicativo sobre a participação e dois questionários específicos, um para a sociedade em geral, e outro destinado aos atores do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Aprovado em 2006 e revisado pela primeira vez em 2011, o Plano Nacional de Recursos Hídricos visa orientar a implementação da política nacional e do gerenciamento dos recursos hídricos, nas esferas federal e estaduais, para os próximos cinco anos.

Bacia Hidrográfica do São Francisco Plano de Recursos Hidricos está em consulta pública PARTICIPAÇÕES O questionário azul, dirigido à sociedade em geral, tem o objetivo de coletar informações sobre temas considerados relevantes e relacionados às ações prioritárias do PNRH, a serem consideradas no próximo ciclo de implementação 2016-2020. O questionário verde é destinado aos membros dos colegiados de recursos hídricos, para que proponham uma hierarquização das prioridades do PNRH. A finalidade é orientar as ações dos próximos cinco anos ou, ainda, receber indicações de novos temas que mereçam atenção neste novo ciclo. Após preenchidos e devidamente identificados, os formulários online devem ser enviados conforme indicação no final da página eletrônica. "Por ser um guia para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e orientar a elaboração dos Planos Plurianuais dos governos federal e dos estados, a PNRH deve ser flexível e ajustada à realidade", avalia o diretor de Recursos Hídricos da SRHU, Sérgio Gonçalves. Os resultados desta segunda revisão serão consolidados em um documento final, a ser encaminhado para deliberação do

Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). "Busca-se, no ciclo atual, articular melhor as necessidades dos governos federal e estaduais, e melhorar a capacidade de enfrentar os desafios hídricos em diferentes níveis, por meio de uma resposta coordenada com o alinhamento das prioridades políticas", explica Sérgio Gonçalves. INDICADORES Após a consulta pública, será, também, definido um conjunto de indicadores para avaliar a funcionalidade do PNRH e avançar no monitoramento de sua implementação. Segundo o diretor de Recursos Hídricos, o processo de revisão do PNRH está focado na definição das diretrizes e ações prioritárias para 2016-2020. Todo esse processo resultará na proposição de diretrizes e de um conjunto de prioridades para o próximo ciclo de implementação, a serem fomentadas e monitoradas, com a adoção de indicadores selecionados e o estabelecimento de metas para sua aferição. O objetivo é permitir que o PNRH possa, cada vez mais, influenciar nos processos de gestão dos recursos hídricos em âmbito nacional, estadual e das bacias hidrográficas.


Projeto mostra o caminho das águas Por: Marta Moraes "Estávamos ocupados sendo telespectadores de secas em lugares muito longe e a gente não se dava conta de que isso está muito próximo da gente. O Projeto Água em Foco abre tanto os nossos olhos, nos sensibiliza tanto e faz a gente perceber que a realidade que vemos na TV está muito mais perto do que podemos imaginar". O depoimento de Maria Eduarda Santos, 12 anos, aluna do 7º ano do Instituto Menino Deus, em Passo Fundo (RS), estimula e fortalece o trabalho do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo, responsável pelo projeto. Desenvolvido pelo Comitê desde o início de 2015, em parceria com o colégio Instituto Redentorista Menino Deus, o projeto "Água em foco: em busca da preservação dos recursos hídricos" concentra esforços na educação ambiental de crianças e adolescentes da cidade de Passo

Fundo - localizada a 229 km de Porto Alegre, na região Norte do Estado - e busca, também, a sensibilização da comunidade para o uso consciente da água e um maior cuidado com os recursos naturais. SISTEMA NACIONAL Os comitês de bacias são organismos colegiados que fazem parte do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh), do qual o Ministério do Meio Ambiente (MMA) faz parte, e existem no Brasil desde 1988. A composição diversificada e democrática desses "parlamentos das águas" contribui para que todos os setores da sociedade com interesse sobre a água na bacia hidrográfica tenham representação e poder de decisão sobre a gestão. Os membros do colegiado são escolhidos entre seus pares,

sejam eles dos diversos setores usuários de água, das organizações da sociedade civil ou dos poderes públicos. Entre as principais competências estão a aprovação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia; arbitrar conflitos pelo uso da água, em primeira instância administrativa; estabelecer mecanismos e sugerir os valores da cobrança pelo uso da água. O PRIMEIRO DE MUITOS O projeto, pioneiro para o Comitê e para o colégio, foi desenvolvido com duas turmas do sétimo ano do Instituto, e envolveu 44 crianças - entre 12 e 13 anos - que, desde março deste ano, estão imersas em atividades que vão além da sala de aula. As ações envolvem o apoio dos membros do Comitê na explicação teórica e prática dos conceitos a serem estudados.


Segundo Claudir Luiz Alves, presidente do Comitê, a crise hídrica no País tem trazido à tona a questão da gestão das águas e, por isso, é importante a população debater e levar o tema para dentro de casa. A boa aceitação do projeto nos meios de comunicação e os resultados obtidos motivaram a procura de outras escolas para a realização do projeto no próximo ano. ATIVIDADES Através de diferentes atividades - realizadas mensalmente e baseadas em datas que relembram os aspectos ecológicos, tais como o Dia da Água e o Dia do Solo -, o projeto vem estimulando a formação de cidadãos críticos e ativos na sociedade com as questões ambientais, buscando a mudança de atitudes e mobilização social. No Dia Mundial do Meio Ambiente, por exemplo, comemorado no dia 5 de junho, os estudantes participaram de um passeio guiado que os levou da nascente do Rio Passo Fundo às estações de tratamento de água e esgoto da cidade. "Achei muito legal conhecer coisas que não sabíamos. Descobrimos muita coisa nova. Pudemos interagir uns com os outros e vimos que o ecossistema depende de cada coisa que existe nele", afirmou Eduarda de Oliveira, de 12 anos. A agenda do projeto incluiu apresentações sobre o cenário atual da água e o papel do Comitê; visita técnica ao Museu Zoobotânico Augusto Ruschi (da Universidade de Passo Fundo) para compreender a biodiversidade; e atividades práticas, como o Caminho das Águas. ESCLARECIMENTO Para o secretário substituto de Recursos Hídricos do MMA, Marcelo Medeiros, essa iniciativa é uma boa maneira de os alunos se envolverem com a questão ambiental de forma mais próxima e consciente. "É fundamental esclarecermos crianças e adolescentes a respeito do

Instituto Menino Deus, em Passo Fundo planeta em que vivem e sobre o papel de cada um na preservação do meio ambiente", destacou Marjulie Gregoris, professora de Língua Portuguesa do colégio, concorda com ele. "A iniciativa foi muito gratificante e produtiva, pois levou para nossas crianças o conhecimento sobre as bacias e a gestão da água, valorizando a importância que a água tem para o nosso planeta", afirmou. Além das atividades, a proposta do projeto compreende, também, a produção de spots gravados pelos alunos e a elaboração de um livro que reúne todo o material produzido durante as atividades. Depois de cada encontro, os alunos foram desafiados a produzir textos, desenhos e poemas que retratassem o aprendizado da atividade. A obra será lançada no final do ano. O CAMINHO DAS ÁGUAS A atividade "Caminho das Águas" cresceu e se transformou num projeto para outros públicos além do infantil, desenvolvido em parceria com a Companhia Rio Grandense de Saneamento (Corsan) e a Companhia de Desenvolvimento de Passo Fundo (Codepas). Nessa ação, grupos de diferentes idades tomam conhecimento da relação do rio com a sociedade, e todo o caminho das águas. "É explicado o processo pelo qual a água passa até chegar à torneira

das casas, e também, depois que ela se transforma em esgoto, instigando os participantes para o uso racional e consciente desse recurso", explicou o presidente do Comitê. No ano de 2015, entre os meses de março e a primeira quinzena de setembro, já foram realizadas 21 expedições com alunos de ensino fundamental, médio e superior, contando com a participação de mais de 1.100 pessoas. Durante a atividade os participantes são instigados a observarem o cenário ao seu entorno e a visualizar as coisas boas ou ruins presentes nos locais visitados, estimulando processos de ensinoaprendizagem, e firmando valores e ações que contribuam para a preservação através da sensibilização de uma sociedade justa e ecologicamente equilibrada. Segundo Margarete Zanon, diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Salomão Iochpe, o Caminho das Águas valeu muito mais do que a aula numa sala porque, além de ouvir, os alunos puderam ver, observar e sentir o caminho. "É importante ressaltar que o interesse dos alunos foi essencial para que o aprendizado fizesse sentido. Eles aprenderam na prática e isso valeu muito para que eles pudessem compreender a importância de cuidar do nosso rio. É um aprendizado para a vida toda", afirmou.


Recursos hídricos sob o olhar infantil Por Marta Moraes

N

as páginas coloridas do livro Água em Foco, a sensibilidade da criança que vê com olhos preocupados a proximidade do futuro. Em cada palavra, o desejo de mais atenção para o uso da água é expresso com delicadeza. No traço de quem conheceu a realidade dos recursos hídricos em Passo Fundo (RS) é possível identificar a angústia de quem busca fazer a sua parte, ainda que pequena, pela preservação ambiental. É, justamente, esse olhar de 45 meninos e meninas que, em 2015, participaram do projeto "Água em foco: em busca da preservação dos recursos hídricos", realizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo, que guia as quase cem páginas da obra. Produzido pelo Comitê em parceria com o Instituto Rogacionista Menino Deus, o livro foi lançado no dia 19 de fevereiro. É resultado do projeto desenvolvido na escola, de março a julho de 2015, e reúne trabalhos confeccionados

O livro reúne trabalhos confeccionados pelos alunos do Instituto

pelos alunos que, a cada mês, receberam um novo desafio. Convidados a refletir sobre temas relacionados ao meio ambiente e, mais diretamente, à água, os alunos participaram de atividades teóricas e práticas que abordaram o solo, a biodiversidade, a mata ciliar e a importância da água para a vida e, mais especificamente, o Rio Passo Fundo e seu percurso e qualidade dentro da cidade. Ao fim de cada encontro, as crianças produziram textos, poesias, desenhos com a técnica do giz pastel, propagandas e participaram da montagem de um boneco capaz de representar as ações de cada um na preservação ambiental. No final do projeto, os trabalhos foram reunidos e selecionados pelo Comitê Rio Passo Fundo e se transformaram no livro.

O PROJETO Desenvolvido pelo Comitê Rio Passo Fundo, o projeto concentrou esforços na educação ambiental de crianças e adolescentes da cidade de Passo Fundo - localizada a 229 km de Porto Alegre, na região Norte do Estado. Também buscou a sensibilização da comunidade para o uso consciente da água e um maior cuidado com os recursos naturais. O projeto, pioneiro para o Comitê e para o colégio, foi desenvolvido com duas turmas do sétimo ano do Instituto, e envolveu 45 crianças - entre 12 e 13 anos que, durante o projeto ficaram imersas em atividades que foram além da sala de aula. As ações envolveram o apoio dos membros do Comitê na explicação teórica e prática dos conceitos estudados.


FELICIDADE Para o presidente do Comitê Rio Passo Fundo Claudir Luiz Alves, o resultado é motivo de felicidade. "Cada um pensa e entende a água de uma forma diferente. E tudo isso está nas páginas desse livro. Não sabíamos qual seria a reação dos alunos e dos professores e, por isso, estamos felizes com o resultado, agradecemos quem nos ajudou e temos agora força para engatar uma segunda edição do Água em Foco. O Comitê está satisfeito com aquilo que conseguiu realizar ao lado desses alunos", enfatizou. O sentimento se reflete na escola. "Estamos muito felizes. Colhemos frutos de etapas plantadas. Temos, agora, a conclusão de um trabalho sobre a água. Para aprender a valorizar e trabalhar a questão da água contamos com a colaboração do Comitê Rio Passo Fundo que nos acompanhou o ano todo", destacou a diretora da escola, Márcia Muccini. APROXIMAÇÃO Para os alunos que se

engajaram na causa, a percepção é de que é preciso olhar para o lado. "Quando vemos algo que passa na TV, não percebemos o que está acontecendo perto de nós. Eu me pergunto se a água vai ser suficiente para todas as pessoas que precisam dela. Ao participarmos desse projeto, vimos que a água não é ilimitada, não dura para sempre, um dia vai acabar. Será que as pessoas vão perceber que estão erradas ao não cuidar da água?", questionou Luísa Rodrigues. Ao que parece, os questionamentos, dúvidas e apreensões serão carregados pelos alunos. O conhecimento e o aprendizado obtidos a partir dos encontros também. "Conscientes todos nós já estamos, o que falta é a sensibilidade com a causa, uma vez que o problema, em si, não é uma seca que nos atinge. Eu creio que a sensibilização foi o diferencial do projeto", afirmou a aluna Maria Eduarda dos Santos. Segundo ela, a total sensibilização só é alcançada quando se passa da teoriapara a prática, de forma dinâmica. "Certamente vou levar adiante o conhecimento que adquiri", conclui. O livro Água em foco está disponível

para a comunidade e pode ser encontrada, de forma gratuita, na sede do Comitê Rio Passo Fundo, ou em versão digital. COMITÊS - Os comitês de bacias são organismos colegiados que fazem parte do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh), do qual o Ministério do Meio Ambiente (MMA) faz parte, e existem no Brasil desde 1988. A composição diversificada e democrática desses "parlamentos das águas" contribui para que todos os setores da sociedade com interesse sobre a água na bacia hidrográfica tenham representação e poder de decisão sobre a gestão. Os membros do colegiado são escolhidos entre seus pares, sejam eles dos diversos setores usuários de água, das organizações da sociedade civil ou dos poderes públicos. Entre as principais competências estão a aprovação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia; arbitrar conflitos pelo uso da água, em primeira instância administrativa; estabelecer mecanismos e sugerir os valores da cobrança pelo uso da água.


Artigo de limpeza alertará sobre uso de água Por: Paulenir Constancio

O

s equipamentos e produtos de limpeza que gastam água para sua utilização têm um ano para incluírem em seus rótulos e embalagens a expressão: "Água pode faltar. Não Desperdice". A nova lei (13.233/2015), que tramita no Congresso Nacional desde 2005, foi sancionada no ano passado pela presidenta Dilma Rousseff. A medida assegura que o alerta estará em local visível, em destaque e com impressão em letras de tamanho apropriado. Produtos colocados à venda sem a recomendação estarão sujeitos à multa, apreensão e inutilização. A indústria poderá ter sua fabricação suspensa e até a cassação do registro da produção em desacordo com a norma. As punições estão previstas pelo Código de Defesa do Consumidor e podem ser aplicadas administrativamente pelos órgãos de vigilância. De acordo com o diretor da área de hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), Ney Maranhão, vem em boa hora. "É uma medida educativa, que deverá contribuir para sensibilizar o consumidor a economizar água e ajudar a reduzir riscos de novos desabastecimentos."

Qual é o impacto das embalagens no meio ambiente?

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oje, um terço do lixo doméstico é composto por embalagens. Cerca de 80% das embalagens são descartadas após usadas apenas uma vez! Como nem todas seguem para reciclagem, este volume ajuda a superlotar os aterros e lixões, exigindo novas áreas para depositarmos o lixo que geramos. Isso quando os resíduos seguem mesmo para o depósito de lixo... Recentemente, foi descoberta uma enorme quantidade de lixo boiando no meio do oceano Pacífico - uma área igual a dois Estados Unidos. Esse grande depósito de entulho se formou com o lixo jogado por barcos, plataformas petrolíferas e vindos dos continentes, sendo reunido devido às correntes marítimas. Acredita-se que lá exista algo em torno de 100 milhões de toneladas de detritos .Uma boa quantidade é composta de embalagens e sacolas plásticas. Estima-se que resíduos plásticos provoquem anualmente a morte de mais de um milhão de aves e de outros 100 mil mamíferos marinhos (Fonte: Revista Istoé, edição 1997 - "A sopa de lixo no Pacífico"). No Brasil, aproximadamente um quinto do lixo é composto por embalagens. São 25 mil toneladas de embalagens que vão parar, todos os dias, nos depósitos de lixo. Esse volume encheria mais de dois mil caminhões de

lixo, que, colocados um atrás do outro, ocupariam quase 20 quilômetros de estrada. Ou seja, as embalagens, quando consumidas de maneira exagerada e descartadas de maneira regular ou irregular - em lugar de serem encaminhadas para reciclagem - contribuem e muito para o esgotamento de aterros e lixões, dificultam a degradação de outros resíduos, são ingeridos por animais causando sua morte, poluem a paisagem, causam problemas na rede elétrica (sacolas que se prendem em fios de alta tensão), e muitos outros tipos de impactos ambientais menos visíveis ao consumidor final (o aumento do consumo aumenta a demanda pela produção de embalagens, o que consome mais recursos naturais e gera mais resíduos). Tempo de decomposição na natureza dos seguintes materiais: Papel - de 3 a 6 meses Tecidos - de 6 meses a 1 ano Metal - mais de 100 anos Alumínio - mais de 200 anos Plástico - mais de 400 anos Vidro - mais de 1000 anos Fonte: "Manual de Educação Consumo Sustentável" - MMA e IDEC.


Ministério do Meio Ambiente divulga guia para gestores municipais Por Marta Moraes

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om o intuito de orientar melhor técnicos de p e q u e n o s municípios na elaboração de planos de gestão de resíduos sólidos, em 2013, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) elaborou um manual com sugestões metodológicas, cujo conteúdo norteou as três edições de um curso de Educação à Distância, promovidos pelo MMA desde 2013. Agora está disponível a terceira edição do manual, com atualizações do conteúdo, que pode ser acessada aqui. E ainda neste ano, o Ministério pretende lançar a 4ª edição do curso, com o material atualizado. A terceira edição do manual atualiza e expõe os entendimentos da equipe técnica do Departamento de Ambiente Urbano do MMA sobre a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), incluindo exemplos e iniciativas inovadoras na gestão de resíduos no país. "Sabemos que uma das principais dificuldades dos pequenos municípios é a disponibilidade de recursos. Esperamos que o manual possa

guiá-los na elaboração de seus próprios planos de resíduos, juntamente com o aprendizado via Educação à Distância, evitando, assim, custos com contratação de um serviço que pode ser realizado dentro do próprio órgão", destacou Eduardo Rocha, gerente de Resíduos Sólidos do MMA. O Manual de Orientações para a Elaboração de Planos Simplificados de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PSGIRS) para municípios com menos de 20 mil habitantes conta com quatro capítulos que agrupam o conteúdo mínimo exigido por regulamento, como diagnóstico, programas e metas. Contém também orientações sobre cálculo para taxa de resíduos sólidos, fontes para obtenção de recursos, e responsabilidades, entre outros. Segundo Eduardo, as orientações também podem ser utilizadas por municípios maiores. PLANOS DE RESÍDUOS Os planos são instrumentos definidos pela PNRS, que auxiliam a tomada de decisão dos gestores municipais quanto às melhores alternativas para a gestão de resíduos. Permitem ainda a redução do consumo de recursos naturais, abertura de novos mercados,

geração de trabalho e renda, inclusão social e diminuição dos impactos ambientais por meio da destinação adequada dos resíduos. Seu conteúdo mínimo encontra-se definido no artigo 19 da Lei 12.305/2010. No caso dos municípios com menos de 20 mil habitantes, a Lei prevê que o Plano poderá ser elaborado de forma simplificada. Segundo levantamento realizado pelo Departamento de Ambiente Urbano, em 2015, dos 3.842 municípios com menos de 20 mil habitantes, 1.606 elaboraram seus planos de gestão de resíduos (41,8%). EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Em 2013 e 2014, o Departamento de Ambiente Urbano ofereceu três edições do Curso de Educação à Distância Orientações para elaboração de Plano Simplificado de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, com duração de cinco semanas. A tutoria realizada pela equipe técnica do MMA na resposta às dúvidas e moderação dos fóruns ampliou o conhecimento dos participantes, que lidam diretamente com a Política Nacional. Concluíram essas três edições do curso 472 alunos, distribuídos por 25 estados e no Distrito Federal.


Horta Sadia

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olo sadio é sinônimo de plantas sadias. Cultivando junto plantas companheiras e fazendo a rotação de culturas em solo vivo e rico em matéria orgânica, a incidência de doenças e o ataque de pragas diminui, até que se consiga o equilíbrio entre todos os fatores. Numa horta sadia, quando esse equilíbrio é alcançado, as pragas e doenças podem desaparecer ou se tornarem insignificantes. O primeiro remédio para prevenção de pragas e doenças é o permanente cuidado com o solo, desde a preparação até a cobertura morta, depois que as plantas já estão crescendo. Para chegar ao equilíbrio, não abuse de nenhum elemento, coloque sempre a quantidade indicada para a área cultivada, de acordo com a necessidade de cada cultura. A matéria orgânica deve ser abundante desde o início, solos descobertos e pobres em matéria orgânica atraem pragas e propiciam o aparecimento de doenças na cultura. Excesso e falta de água também desequilibram, assim como adubação química e o uso de agrotóxicos de qualquer tipo. Alguns Coleópteros, mais conhecidos como besouros, vaquinhas e joaninhas, são aliados pois controlam pulgões, lagartas e gafanhotos. Outros da mesma ordem, se alimentam de vegetais, danificam raízes e entram nos galhos, caules e frutos, como é o caso das brocas. Caso haja infestação, podem ser controlados com extrato de fumo. Ferva 100 gramas de fumo de rolo em 2 litros de água e aplique nos furos das brocas ou pulverize as plantas

afetadas. O cravo-de-defunto deve ser plantado nas bordas dos canteiros pois funciona como repelente de nematoides. Os caracóis comem folhas das hortaliças, podem ser controlados em pequenas hortas, com a catação manual. Em hortas maiores, faça uma faixa de aproximadamente 15 cms de cinza ou cal em volta dos canteiros ou da horta. A cinza ou a cal aderem ao corpo do caracol, provocando sua morte. Outra técnica para o controle dos moluscos é colocar sacos de estopa úmidos em volta dos canteiros. De manhã é só olhar na parte de baixo que os moluscos estarão grudados no saco. Fazer a catação manual, repetindo durante alguns dias, dependendo da quantidade para eliminar a praga. Lesmas podem ser controladas da mesma forma que os caracóis. As lesmas deixam uma substância brilhante nas folhas das hortaliças ao se deslocarem. As folhas com essa substância devem ser muito bem lavadas pois nela pode se encontrar um verme que ataca o intestino humano. Cochonilhas, conhecidas também como escamas, piolho branco ou farinha, sugam a seiva das plantas, enfraquecendo-as. Secretam substâncias doces que atraem fungos. Podem ser controladas com emulsão saponácea: três litros de querosene, meio quilo de sabão e 50 litros de água.

Corte o sabão em fatias finas, dissolva em 1,5 litros de água quente. Vá agitando e despejando o querosene e o restante da água, mexendo sempre, até misturar toda a água e todo o querosene ao sabão diluído. Dissolva 3 quilos de farinha de trigo em água fria e adicione à mistura, mexendo sempre para não criar pelotas. Pulverize o local da infestação, repetindo a cada 15 dias até o desaparecimento das cochonilhas. hortasadiacinco Formigas cortadeiras atacam plantas estrangeiras em solo desprotegido. À medida que a cultura vai se diversificando com uma maior quantidade de espécies vegetais e o solo enriquece em matéria orgânica e vida, elas tendem a desaparecerem. Hortelã (Mentha piperita) e atanasia (Tanacetum vulgare) plantados nas bordas dos canteiros e em volta das covas das frutíferas afastam as formigas. O gergelim plantado na borda da horta também ajuda no controle das formigas cortadeiras. As formigas cortam as folhas do gergelim, levam para dentro do formigueiro e essas folhas envenenam o bolo alimentar, provocando muitas baixas. Uma horta diversificada, com muitas espécies plantadas em solo rico em matéria orgânica, sem químicos, com cobertura morta e bom teor de umidade dificilmente será prejudicada por pragas e doenças. Elas podem atacar algumas plantas, mas terão pouco efeito no todo da produção orgânica.


Plantas Companheiras

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iferentes espécies de hortaliças, quando plantadas juntas, embelezam o canteiro, se ajudam e se completam. Os cheiros se misturam, trocam substâncias entre si pela ação da água da chuva. As raízes também fazem trocas de substâncias que protegem as plantas companheiras de pragas e doenças. As plantas são naturalmente seletivas, escolhem companhias para se relacionar. Essa associação traz um crescimento saudável, na defesa contra pragas e doenças e melhor aproveitamento dos nutrientes disponíveis. Essa ciência do relacionamento entre plantas é chamada de consorciação. Essa prática ancestral usada por antigas civilizações é agora retomada pelos adeptos da agricultura orgânica, com fartos resultados. Nas florestas e campos, plantas de diferentes tamanhos e espécies vivem juntas, cada uma explorando o solo a seu modo e também disponibilizando substâncias que são aproveitadas pelas plantas vizinhas, com uma micro vida bastante diversificada. Se uma espécie é retirada do ambiente, todo o conjunto é alterado. Antes de modificar um ecossistema natural para a produção

de alimentos, devemos tentar reconstituir a biodiversidade para resultados a curto, médio e longo prazo. Numa horta, é preciso descobrir quais as relações dão certo, mapeando as plantas companheiras. O pepino e o girassol, por exemplo, não devem ser plantados juntos pois competem pelos mesmos micronutrientes como o boro. O dente de leão exala etileno que inibe o crescimento de suas vizinhas e provoca o amadurecimento precoce de flores e frutos. As influências recíprocas determinadas através de odores exalados pelas plantas podem atrair ou afastar insetos. Há ainda efeitos invisíveis aos olhos que ocorrem na área das raízes, a chamada rizosfera, onde são exaladas substâncias que selecionam a microvida no solo e podem ter efeitos positivos ou negativos nas plantas vizinhas. Assim, plantas que precisam de muita luz, como o milho, abrigam plantas que gostam de sombreamento parcial como a abóbora, pepino e melancia, que por sua vez, fazem uma cobertura viva que melhora as condições do milho. canteiros Plantas com raízes fundas fazem uma boa parceria com plantas de raízes curtas, explorando diferentes nutrientes do solo. Num

canteiro, é conveniente misturar hortaliças de folhas, exigentes em nitrogênio com hortaliças de raízes, exigentes em potássio. Da mesma maneira, plantas com ciclos diferentes se ajudam, para melhor aproveitamento e cobertura do terreno. O rabanete tem o ciclo curto, por volta de 30 dias, quando for colhido, a alface que foi plantada ao mesmo tempo estará no ponto em que precisará de mais espaço aéreo para abertura de suas folhas. Como as pragas e doenças costumam atacar sempre as plantas da mesma família, no consórcio é bom plantar famílias diferentes. A consorciação bem feita é uma das mais eficazes medidas contra pragas e doenças. As plantas aromáticas são muito eficazes no controle dos insetos, que são sensíveis a odores. Ervas aromáticas repelentes, como a arruda, distribuídas pelos canteiros ao lado das plantas que precisam de proteção são eficazes para manter os insetos longe do cultivo. Outra boa medida é plantar grupos daquelas plantas que os insetos gostam, para que se concentrem facilitando a catação manual, se for o caso. tudojunto Bordaduras de hortas podem ser feitas também com plantas do gênero Allium (alho, cebola, cebolinha, alho-poró) por suas propriedades repelentes. Esse gênero repele não só os insetos, como pequenos animais roedores, como coelhos. Outra pesquisa consolidada diz respeito ao consórcio do gênero Allium com as roseiras. O resultado são cabeças maiores de alhos e cebolas e rosas com perfume mais intenso. O gênero Allium não deve ser plantado junto com a ervilha e o feijão pois esse consórcio provoca um retardo mútuo no crescimento. Ao mesmo tempo, é sabido que o capim limão melhora o sabor e o crescimento dos tomates. A hortelã mantém a borboleta longe da couve e melhora as condições dos tomateiros. Para finalizar, a camomila melhora o gosto e o crescimento das cebolas.


Mais vida e saúde com alimentos orgânicos Por: Letícia Verdi

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ouve, cenoura, banana, brócolis, pimentão, mato, laranja, vagem, salsinha, berinjela, mato, couve-flor, manga, cebolinha, cebola, abobrinha, nirá, mexerica, mato, batata, hortelã, melão, jiló, menta, alho-poró, mato, ervilha torta e galinhas para "postura" (só para colocar ovos). Tudo isso junto e misturado. Assim é a cultura de consórcio praticada pelos agricultores do Assentamento Colônia I, que comercializam orgânicos em frente ao Ministério do Meio Ambiente e em outros locais de Brasília há 13 anos. O mercado de orgânicos cresce 20% ao ano no Distrito Federal, segundo dados atuais da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan).

"Aqui fazemos o manejo da terra, não precisa capinar tudo, deixar tudo limpinho. Fazemos um controle natural. O mato ajuda a equilibrar, a despistar os insetos", conta o agricultor José Vitorino Barros, 54, um dos oito produtores do Colônia I. "A ideia nossa é produzir qualidade de vida. O segredo é: quanto mais você olha, mais bonito fica", revela. CULTIVO ORGÂNICO O amor à terra vai aliado a muita prática, conhecimento e manejo. Hoje, o solo ácido do Cerrado, no entorno de Brazlândia (DF), a 65 km da capital federal, se tornou uma terra trabalhada onde tudo dá. "Quando eu era do convencional, 20 anos atrás, o que eu vendia deixava na agropecuária para comprar sementes e aditivos químicos", explica Vitorino sobre a dependência de agrotóxicos que a

agricultura convencional gera nos agricultores. Orientado por profissionais da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater) e professores da Universidade de Brasília (UnB), o grupo de agricultores vem aprimorando, ao longo dos anos, o cultivo orgânico. "Antes uma folha de couve furadinha do que recheada de veneno" é a máxima de José Vitorino. A água que irriga a plantação, diariamente, vem de um poço artesiano de 130 metros, cavado por meio de uma "venda solidária". O agricultor explica: "Meu filho, Watila, teve a ideia de uma venda antecipada para nossos clientes. Cada um colaborou com o que pôde, 100, 200, até 500 reais. Em 90 dias, devolvemos o dinheiro em produtos e, quando o poço ficou pronto, fizemos um almoço para eles".


QUALIDADE Anualmente, os agricultores do Assentamento Colônia I produzem 40 variedades de verduras e frutas, sendo 25 semanais, além de bolos, biscoitos e queijos feitos pelas mulheres da Associação dos Produtores do Projeto Colônia 1 (APPC). O que cada um produz é vendido por todos. Levantam uma média de R$ 1,5 mil por feira. "Dá para ter qualidade de vida, não para enricar", comenta Watila José dos Santos. A APPC surgiu em 1996, com 24 famílias beneficiadas pelo programa de reforma agrária do Incra. Hoje, oito dessas famílias trabalham com a produção de orgânicos. A APPC é considerada uma instituição importante para a concretização das propostas de desenvolvimento e proteção ambiental da Área de Proteção Ambiental (APA) do Lago Descoberto.

Orgânica (Planapo).

PERIGO

AGROECOLOGIA

Cebolinha: proteção do matoDesde 2008, o Brasil é campeão mundial no uso de agrotóxicos. Ainda hoje pulverizados por via aérea nas plantações no país (prática proibida na Europa), os pesticidas afetam negativamente tanto os seres humanos, gerando desde alergias a câncer, como o meio ambiente. A alarmante extinção das abelhas, responsáveis pela polinização de diversas espécies de plantas, é umas das graves consequências. O veneno também penetra no lençol freático e contamina as águas. E assim por diante. A produção orgânica tem crescido no país com o aumento da demanda. Consumidores conscientes dos benefícios à saúde e ao meio ambiente se multiplicam, assim como os produtores. Atento a essa demanda social, o governo criou a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) e, em 2013, o Plano Nacional de Agroecologia e Produção

"O Planapo é, também, um reconhecimento da viabilidade econômica, social e ambiental da agroecologia e da produção orgânica. Já iniciamos a elaboração da sua segunda fase", destacou a gerente de Políticas Agroambientais da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Roseli Bueno de Andrade. Em fase de conclusão, o Programa Nacional de Redução do Uso de Agrotóxico (Pronara), parte do Planapo, foi aprovado em 2014 pela Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO). Trata-se de uma comissão paritária, composta por membros do governo e da sociedade civil. Com foco na produção saudável de comida, na primeira semana de novembro, aconteceu, em Brasília, a V Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Destacou-se, no evento, a importância vital dos agricultores familiares, que produzem 70% dos alimentos consumidos no país.

O QUE É PRODUTO ORGÂNICO O alimento orgânico vegetal é aquele obtido sem a utilização de agrotóxicos, pesticidas, adubos químicos ou sementes transgênicas. O de origem animal deve ser produzido sem o uso de hormônios de crescimento, anabolizantes ou drogas, como antibióticos, que favoreçam o seu crescimento de forma não natural. Os orgânicos são considerados mais saborosos e saudáveis, além de terem alto teor de antioxidantes, vitaminas, minerais, fósforo, fibras e outros nutrientes que beneficiam o equilíbrio do organismo. ONDE ENCONTRAR Sempre às quintas-feiras, das 6h às 13h, em frente ao Ministério do Meio Ambiente, no bloco B da Esplanada dos Ministérios; no MMA da 505 Norte; na entrada do ICC Norte, na UnB (também às terçasfeiras); em frente ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, bloco C da Esplanada dos Ministérios; e em frente à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).


Hidroponia

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ceitar novas idéias é fácil, mas como se livrar de velhos hábitos? Os que nunca tentaram sempre ficarão na dúvida: como serão os resultados? Em primeiro lugar, é preciso traçar os objetivos: consumo, hobby ou produção comercial? Se a pretensão é uma produção hidropônica comercial é necessário um planejamento e investimento que permita uma ampliação a médio e longo prazo. A hidroponia orgânica é uma atividade que exige organização, estabelecimento de rotinas e acompanhamento diário. Possibilita a produção de alimentos livres de químicos, de melhor qualidade e economia de recursos

naturais pois não desgasta nem polui o solo e a água potável pode ser reutilizada em sistema de circulação. O elemento fundamental na hidroponia é a água de boa qualidade. Essa água irá hidratar e nutrir o vegetal ao mesmo tempo, sendo possível produzir frutos, flores, hortaliças e ervas medicinais fora do solo. hidroponiatres Para produção comercial é preciso ter em mente que o preço de frutas, verduras e ervas é variável, então a diversificação é uma das boas práticas pois quando um determinado produto está muito barato, outros estão com o preço médio e há sempre um que está com o preço alto. A cultura em estufa

possibilita a produção de hortaliças em períodos que estão com preços altos por conta do clima e intempéries. Vale a pena estabelecer um calendário e escolher bem as culturas, racionalizando o investimento com excelentes retornos. A hidroponia se sobressai por se tratar de cultivo não dependente da água da chuva ou de irrigações e o nível de adubação é bem menor que o usado em cultivos no solo. Mas antes de fazer qualquer investimento, uma pesquisa por mercados consumidores é fundamental. Quem comprará o produto? Quanto e como paga? De grande importância estabelecer um ou mais contatos comerciais que absorverão a produção antes de iniciá-la. Vegetais são perecíveis, no dia da colheita devem ser entregues para o comprador, caso contrário, passarão do ponto e serão descartados.


Alguns autores sugerem uma área mínima de 2.000 m2 para o cultivo hidropônico comercial, com planejamento para ampliação. Algumas plantas que podem ser cultivadas nesse sistema são: almeirão, agrião, rúcula, alface, salsa, cebolinha, coentro, brócolis, pepino, rabanete, cenoura, beterraba, carqueja, alfavaca, erva doce, poejo, losna, hortelã, boldo, babosa, marcela, erva cidreira, orquídea, crisântemo, cravo e rosa. hidroponiaseis O cultivo hidropônico não funciona com plantio direto (sementes). Também é necessário fazer um suporte para amarrar e segurar algumas plantas que ficam com suas raízes na água. Esse suporte pode ser feito de qualquer material disponível como madeiras diversas, eucalipto, bambu, ferro ou arame. As mudas podem ser preparadas em bandejas com algodão e solução nutritiva ou bandejas de isopor próprias para mudas, com substrato. Entre os investimentos na estrutura, estão as coberturas com polietileno (estufas), bandejas, tubos de PVC, registros, tanques, caixas e bancadas de

trabalho. No cultivo hidropônico a assepsia deve ser feita e vigiada diariamente para que não haja contaminação. Para a produção de plantas saudáveis as condições essenciais são a qualidade da água, luz, ar, nutrientes e sustentação para as raízes. Além dos nutrientes entregues pela natureza como o carbono e o oxigênio, fornecidos pelo ar, o hidrogênio fornecido pela água, as fontes de nutrientes devem ser adicionadas à água circulante. Faça uma boa pesquisa e busque orientação técnica adequada para utilizar o nutriente líquido orgânico mais adequado para sua produção. Existem vários adubos orgânicos líquidos ou solúveis, nacionais e importados disponíveis no mercado. hidroponiadois Entre os sistemas hidropônicos mais usados estão o sistema de tanque de areia e cascalho, tanque de água aberto, tanque fechado, cultura aérea e sistemas circulantes em tubos de PVC. Plantas cultivadas na água tem

maior durabilidade que as cultivadas no solo mas não toleram vento, ressecando rapidamente quando expostas. Devem ser transportadas em caixas fechadas e protegidas do vento. Entre as vantagens da técnica estão a sazonalidade, produção em pequenas áreas, baixo consumo de água, diminuição dos riscos pela variação climática, intempéries e retorno mais rápido. Não é necessário fazer rotação de culturas, produzindo plantas de melhor qualidade no mesmo local em menor espaço de tempo. Racionalização e diminuição de tarefas de produção como irrigação, preparação de covas, capinas, adubações volumosas e tratos, inexistentes na cultura hidropônica. É necessário investimento em treinamento especializado para funcionários e aplicação de tecnologias mais adequadas, evitando erros na instalação e no cultivo. O passo final mas não menos importante é a embalagem adequada e a criação de uma marca para comercialização da produção orgânica feita na água.


Os dados do Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil, lançado no final de 2015, estão disponíveis na internet para consulta

Brasil tem mais de 116 mil espécies da fauna Por: Lucas Tolentino e Luciene de Assis

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governo federal produziu, em uma iniciativa inédita, a comprovação de que o Brasil possui a maior biodiversidade do Planeta. Foi lançado, no dia de 21 de dezembro de 2015, o primeiro Catálogo Taxonômico da Fauna Brasileira. O estudo lista as mais de 116 mil espécies de animais encontradas em território nacional, o que representa 9% da fauna mundial. Ao todo, 500 cientistas de diversos países catalogaram 28 ramos de

categorias de seres vivos em um processo que durou mais de dois anos para a construção do sistema e levantamento e organização dos dados. É a primeira vez que o governo brasileiro, em um esforço conjunto dos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), disponibiliza uma lista com a enumeração de todas as espécies conhecidas da fauna nativa do Brasil. Nas fases subsequentes do projeto, a relação será revisada e ampliada com informações sobre as sinonímias, distribuição, habitats e outros dados relacionados à ecologia de cada espécie, além de imagens e ferramentas para

identificação das linhagens. CONVERGÊNCIA O catálogo possibilitará um novo patamar para as medidas de preservação das espécies encontradas nos ecossistemas brasileiros. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou a importância da integração das agendas ambientais do País. "É uma busca por uma nova visão política para que a conservação da biodiversidade dialogue com a questão das áreas protegidas", afirmou Izabella. "Há um interesse de conciliação em um momento de convergência entre fauna, flora e territórios."


O Catálogo Taxonômico da Fauna Brasileira foi Foi lançado, no dia de 21 de dezembro de 2015 O secretário da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Bráulio Dias, ressaltou os avanços trazidos pelo Acordo de Paris, estabelecido há uma semana por 195 países com o objetivo de conter o aquecimento global. "As interfaces de clima e biodiversidade nunca estiveram tão presentes", analisou Bráulio. Segundo ele, as metas nacionais de redução de emissões de carbono apresentadas para o protocolo contemplam a proteção da fauna e da flora mundial. "A maior parte dá a devida atenção para a questão do uso da terra, no sentido de evitar o desmatamento e promover a restauração", comemorou. REGISTROS Com o material, o Brasil atende à meta nacional de biodiversidade de número 19, prevista para ser alcançada até 2017, com a compilação completa dos registros já existentes da fauna, flora e microbiota (conjunto dos microorganismos que habitam um ecossistema, como as bactérias e alguns protozoários que atuam na

decomposição da matéria orgânica e na reciclagem dos nutrientes), aquáticas e terrestres, disponibilizadas em bases de dados permanentes e de livre acesso, contribuindo com as metas Aichi de biodiversidade, estabelecidas pela CDB. O projeto é apoiado financeiramente pelo MMA e MCTI e prevê a divulgação das informações por meio de uma plataforma com identidade própria. O desenvolvimento do catálogo foi coordenado pelos professores Hussam Zaher (responsável pela organização geral do catálogo e pela categoria dos vertebrados), Walter Boeger (responsável pelos invertebrados não-hexapoda), Michel Valim (responsável pelos Arthropoda não-hexapoda) e José Albertino Rafael (responsável pelos invertebrados hexapoda), além de 58 coordenadores de grupos taxonômicos e 502 pesquisadores brasileiros e internacionais. A pesquisa também contou com o apoio da Sociedade Brasileira de Zoologia, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia,

Universidade Federal do Paraná, Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) e Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A função de organização de um sistema que permita o levantamento e a catalogação das espécies da fauna existentes no país e o trabalho cooperativo entre todos os especialistas espalhados pelo Brasil e pelo mundo, além da elaboração de uma lista unificada, ficou a cargo do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por meio do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação. Trata-se de uma ferramenta online, com enfoque acadêmico e que dispõe de uma área destinada à consulta pública. Essa iniciativa se alinha ao Portal da Biodiversidade, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e ao Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBRMCTI), a partir do qual o catálogo também poderá ser acessado.


Descarte correto de pneus elimina criadouros do Aedes aegypti Por: Luciene de Assis e Fernanda Ramalho

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governo federal está mobilizado para combater o Aedes aegypti, mosquito transmissor do zika vírus. A doença, em geral, é leve, mas capaz de gerar malformações congênitas nos bebês quando a gestante é picada pelo inseto infectado. Dados do Ministério da Saúde mostram que há 3.448 casos suspeitos de microcefalia em todo o país. É uma situação inédita no mundo, que reforça a importância de eliminar os criadouros do Aedes, que também transmite dengue e chikungunya - além da febre amarela, para a qual existe vacina. Essas doenças têm vitimado

milhares de brasileiros em todas as regiões da país. Nesse sentido, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) alerta para a necessidade de se fazer o descarte correto de resíduos, especialmente materiais recicláveis como pneus e tudo o mais que possa armazenar água. Isso porque o Aedes aegypti prolifera-se dentro ou nas proximidades de habitações, em recipientes onde se acumula água limpa: vasos de plantas, pneus velhos, cisternas.

GERENCIAMENTO DE PNEUS Entre os criadouros mais combatidos estão os pneus descartados incorretamente. A destinação de pneus está determinada desde 1999, quando foi publicada a primeira resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Trata-se da Resolução

Conama número 258/99, atualizada pela 416/2009. Essa Resolução estabelece que os fabricantes e importadores devem recolher os pneus inservíveis. Na proporção de novo pneu colocado no mercado de reposição, o fabricante tem que recolher um pneu inservível, considerando o desgaste do pneu, e entregar, anualmente, o Plano de Gerenciamento de Pneus com um conteúdo mínimo. O plano prevê a descrição das estratégias para coleta desses pneus, acompanhada de cópia de eventuais contratos, convênios ou termos de compromisso para este fim. Também a indicação das unidades de armazenagem, informando as correspondentes localização e capacidade instalada. Deve prever, ainda, a descrição dos programas educativos a serem desenvolvidos junto aos consumidores, entre outros aspectos.


DICAS PARA ELIMINAR CRIADOUROS - Mantenha a caixa d'água sempre fechada com tampa adequada. - Remova as folhas, galhos e tudo o que impeça a água de correr pelas calhas - Não deixe água da chuva acumulada sobre a laje - Lave, semanalmente, por dentro, com escova e sabão, os tanques usados para armazenar água - Mantenha bem tampados os tonéis e barris de água - Encha de areia, até a borda, os pratinhos dos vasos de plantas

CONVÊNIOS Para atender aos termos da Resolução do Conama, os fabricantes se uniram e fundaram a Reciclanip para compartilhar as responsabilidades. "Neste momento, devido ao aumento dos casos de dengue e zika, a Reciclanip está chamando os responsáveis pelos 5.570 municípios brasileiros para participarem do processo de recolhimento de pneus por meio de convênios", esclarece a diretora de Ambiente Urbano substituta e gerente de Resíduos Perigosos do MMA, a analista ambiental Sabrina Andrade. Ela explica, ainda, que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) elabora, anualmente, um relatório sobre pneus, com cumprimento da meta definida pela Resolução do Conama, dados de coleta, recolhimento e tratamento final. Veja os relatórios aqui. ORIENTAÇÕES PARA GESTANTES Com o crescente aumento das

ocorrências de microcefalia, o Ministério da Saúde declarou situação de emergência em saúde pública e criou o Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e à Microcefalia. Está dividido em três eixos: mobilização e combate ao mosquito Aedes aegypti; atendimento às pessoas; e desenvolvimento tecnológico, educação e pesquisa. O Ministério da Saúde recomenda que as gestantes adotem medidas para reduzir a presença de mosquitos transmissores dessas doenças. Além de eliminar criadouros, é importante se proteger da exposição ao mosquito, mantendo portas e janelas fechadas ou teladas, usando calça e camisa de manga comprida e utilizando repelentes permitidos para gestantes. Mobilizações e capacitações de agentes comunitários de saúde, agentes de combate a endemias, e profissionais de educação, saúde, assistência social, defesas civil e militar fazem parte da estratégia do Ministério da Saúde para reforçar a orientação à população. As Forças Armadas e a Defesa Civil darão apoio logístico para transporte e distribuição de inseticidas, e de profissionais de saúde.

- Troque a água e lave os vasos de plantas aquáticas, principalmente por dentro, com escova, água e sabão pelo menos uma vez por semana - Guarde latas garrafas sem tampa com a boca voltada para baixo - Entregue pneus velhos ao Serviço de Limpeza Urbana. Se quiser guardá-los, faça em local coberto e abrigado da chuva - Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira bem fechada - Não jogue lixo em terrenos baldios - Use telas protetoras para evitar que os mosquitos entrem na casa - Cuidado com as piscinas, cuja água deve ser tratada com cloro e outros desinfetantes, e cobertas com lona quando não estiverem em uso - Jogue, quinzenalmente, desinfetante nos ralos externos das edificações e nos internos pouco utilizados.


Banners viram sacolas ecológicas Por: Marta Moraes

O

banner pode virar nécessaire, ecobag, jogo americano, cachepô para plantas, avental ou lixeira de carro. O fundo de palco pode se transformar em capa para notebook e ipad, bolsa, carteira, sacola e estojo. Da próxima vez que olhar para esses materiais de publicidade, vale a pena enxergar além deles. Isso é o que tem feito algumas empresas públicas e privadas, cooperativas de catadores de lixo e associações de artesãos no Brasil. É difícil imaginar um evento de médio ou grande porte que não utilize a conhecida lona vinílica em seus materiais promocionais. Mas quando termina o evento, todo esse material normalmente vai parar no lixo. Milhares de toneladas de lonas usadas em eventos vão se acumulando, de ano em ano, nos lixões das grandes cidades. A lona vinílica, principal item utilizado em banners, fundos de palco e outdoors, painéis, pórticos e outros materiais promocionais, vem ganhando uma nova cara nas mãos de costureiras e artesãos. Pelo fato de serem confeccionadas com uma mistura de substâncias diferentes, entre as quais PVC e fibra de nylon, essas lonas não podem ser facilmente recicladas, mas podem muito bem ser reutilizadas. Esse material, que demora 400 anos para

Banners viram sacolas ecológicas e são comercializadas no Brasil se decompor naturalmente, está ganhando nova utilidade. Segundo a Diretora de Ambiente Urbano da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (SRHU/MMA), Zilda Veloso, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê que os produtos possam ser reaproveitados, antes mesmo de serem reciclados. "Este processo diminui o impacto sobre a obtenção de novas matériasprimas, conferindo sustentabilidade aos produtos feitos com o que foi descartado", destaca. TEM QUEM QUEIRA No Rio de Janeiro, a ONG Tem Quem Queira utiliza a lona como matéria prima para bolsas e acessórios. A loja online tem peças divididas por Linha Casa, Linha Estilo e Linha Corporativa e oferece mais de 40 opções de produtos. Algumas foram criadas inclusive pela estilista

Isabela Capeto e a designer Ju Vidreiro. As peças são produzidas por presidiários e moradores de comunidades pacificadas no Rio de Janeiro. Atualmente são três oficinas que empregam 40 pessoas e produzem aproximadamente 3 mil peças por mês reutilizando mais de 4.000 m² de lonas, reduzindo o impacto ambiental dos materiais que geralmente são descartados após o uso. MÃOS QUE CRIAM Em Brasília, quem desenvolve um trabalho similar é a Associação Mãos que Criam, localizada na Estrutural, antiga invasão da cidade transformada em região administrativa. A Associação é composta por mulheres de baixa renda que buscam capacitação empresarial por meio do reaproveitamento de materiais recicláveis.


A Mãos que Criam existe desde 2003 e começou com 25 mulheres que faziam crochês e bordados. Mas, com o tempo, a produção, a oferta de produtos e o número de associados foram ampliados. Hoje são 225 associados, a maioria composta por mulheres, que trabalham em forma de revezamento, a cada produção, para que todos possam ser beneficiados. Num galpão que ocupa o terreno de 1.000 metros da associação, hoje em dia já são dezenas de equipamentos: 35 máquinas de costura, duas mesas de serigrafia, uma bordadeira, duas prensas, entre outros. Com o trabalho, os associados ganham uma renda extra que varia entre 500 a 800 reais por mês. Segundo Sônia Mendes, presidente da associação, essa renda extra traz um retorno real para a vida delas e de suas famílias. "Além disso, ajuda na autoestima delas, na participação delas na educação dos filhos e no próprio empoderamento dessas mulheres. Esse é um trabalho que a gente acredita e preza muito por ele", afirma. Integram a associação, mulheres de 20 a 90 anos. "No caso da nossa associada mais velha, ela contribui na etapa de virada das bolsas", conta Sônia que se orgulha da produção das ecobags. "A lona é um bom material para costura, é maleável e serve muito bem para ser transformado em bolsas. Nosso trabalho é gratificante", afirmou. Segundo Valter Mendes, coordenador da associação, os principais objetivos do trabalho de produção de sacolas ecológicas com a lona é geração de renda e formação profissional da comunidade local, além de contribuir para a proteção do meio ambiente. PARCERIA COM EMPRESAS O Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) vem desenvolvendo uma parceria de sucesso com a associação Mãos que Criam desde 2013. As lonas

utilizadas em murais, outdoors e banners são encaminhadas para as costureiras e transformadas em ecobags, gerando emprego para quem precisa e produzindo um produto que pode ser usado em várias ocasiões. O UniCEUB é exemplo de instituição de ensino superior que segue as normas da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Dentro do campus, diversas medidas foram tomadas para redução, reutilização e reciclagem dos resíduos gerados dentro da universidade. O projeto de reciclagem das lonas faz parte do Programa de Gestão Ambiental do UniCEUB. Carlos Alberto da Cruz Junior, presidente da Comissão de Gestão Ambiental, explica que o trabalho já rendeu 5 mil sacolas retornáveis, provenientes de dez toneladas de material. "Tudo começou quando realizamos o mapeamento dos resíduos sólidos gerados pela instituição. Resolvemos então fazer parceria com um espaço que transformasse a lona em um produto novo, e passamos a investir nessa reciclagem", contou Carlos Alberto. Ele acrescenta que, no caso das sacolas produzidas para o UniCEUB, até o acabamento das alças é feito com tecido de algodão, mesma matéria prima utilizada na linha de costura. "As ecobags são

nossos brindes a alunos do primeiro semestre, palestrantes e outros visitantes dos campi da instituição, mostrando a conscientização que temos sobre a importância da proteção do meio ambiente para todos nós", conta. Quando chegam na associação, banners, outdoors, fundos de palco e outras peças de todos os tamanhos são lavadas e higienizadas. Depois são cortadas, de acordo com os modelos demandados pelos clientes, e costurados. CAPACITAÇÕES A associaçãovem capacitando moradores da Estrutural para o artesanato, entre eles a produção das bolsas de lona.O foco maior é fazer com que os moradores da região possam desenvolver seus trabalhos de forma profissional. Para isso, é feito um acompanhamento e encaminhamento para emprego em entidades e empresas parceiras. Além disso, a associação mostra ao morador que tem dificuldades de sair que ele pode trabalhar em casa. SERVIÇO Para doar lonas vinílicas, entrar em contato com a Associação Mãos que Criam. Telefone (61) 3465-5764.


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